POTENCIALIDADE DO NORDESTE PARA O SETOR DE … · Ramos, Isadora Carletti, Stephanie Matos, Isabela...

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CURSO DE ESCOLOGIA, BACHARELADO POTENCIALIDADE DO NORDESTE PARA O SETOR DE BIOCOMBUSTÍVEL: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. Clarissy Diniz de Melo Natal/RN 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CURSO DE ESCOLOGIA, BACHARELADO

POTENCIALIDADE DO NORDESTE PARA O SETOR DE BIOCOMBUSTÍVEL:

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.

Clarissy Diniz de Melo

Natal/RN

2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CURSO DE ECOLOGIA, BACHARELADO

POTENCIALIDADE DO NORDESTE PARA O SETOR DE BIOCOMBUSTÍVEL:

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.

CLARISSY DINIZ DE MELO

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, como requisito parcial para

sua conclusão.

Orientadora: Profª. Dra. Juliana Espada Lichston

Natal/RN

2016

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CLARISSY DINIZ DE MELO

Potencialidade do Nordeste para o setor de biocombustível: Revisão

Bibliográfica.

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, como requisito parcial para

sua conclusão.

Natal, 24 de maio de 2016

BANCA EXAMINADORA

__________________________

Orientadora: Profª. Dra. Juliana Espada Lichston

__________________________

Profª. Dra.: Cristiane Macêdo

__________________________

Mª.: Émile Rocha

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Agradecimentos

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte, seu corpo docente, pelos

ensinamentos e oportunidade de poder concluir a graduação do curso de Ecologia.

A Profa. Dra. Juliana Espada Lichston, pela sua disponibilidade, orientação, pela

oportunidade de concluir essa graduação com uma excelente orientadora e pelo

apoio na elaboração deste trabalho.

Aos meus amigos, Bruna Caroline, Huanna Godeiro, Gabrielle Pereira, Micarla

Ramos, Isadora Carletti, Stephanie Matos, Isabela Guimarães, a turma da “Área

Vip”, que sempre estiveram e estão ao meu lado em todos os momentos. Obrigada

por fazerem parte da minha formação, pelas boas risadas e pelas preocupações.

Obrigada por todos ocuparem um espaço especial na minha vida.

Em especial,

Aos meus pais Ely Cristina e Eduardo, pela educação, amor, paciência, carinho,

incentivo e acima de tudo por nunca me deixarem fraquejar nas horas mais difíceis.

Aos meus irmãos Larissy e Lucas, que sempre estão ao meu lado em todos os

momentos de descontração e de dificuldades.

Ao meu noivo Cleiton Brito, por toda paciência, amor, carinho, incentivo e toda

preocupação durante esses anos de curso. Obrigada por, mesmo distante, estar ao

meu lado em todos os momentos da minha vida.

Aos meus tios (as) e primos (as) pelas palavras amigas, por todos os momentos que

nos divertimos juntos e que ajudaram direta ou indiretamente na minha formação.

A Deus, por me dar discernimento e permitir que tudo isso acontecesse, ao longo da

minha vida.

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Resumo

Potencialidade do Nordeste para o setor de biocombustível: Revisão

bibliográfica.

Considerado como um dos grandes marcos da sociedade, o processo de geração de

energia é uma referência da história da humanidade. Os biocombustíveis são temas

que, na atualidade, geram grandes expectativas, tanto na população quanto na

comunidade científica. O Brasil é considerado e reconhecido como um país

amplamente diverso, líder com potencial de produção mundial de biocombustíveis

de origem vegetal. Com características vantajosas a seu favor, os biocombustíveis

são tidos como ecologicamente favoráveis. Como incentivo para inserir os pequenos

agricultores na cadeia produtiva do setor e para que existisse a inclusão social,

foram criados o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) e o

Selo de Combustível Social. O Nordeste brasileiro, mesmo sendo limitado em

recursos naturais para agricultura, é rico quanto a grande diversidade de solo,

vegetação e clima. Apresenta condições adequadas para o desenvolvimento de

diversas plantas oleaginosas com importância econômica, não só para a indústria

alimentícia, mas também para produção de biodiesel. Com isso, o cultivo das

matérias-primas que participam da produção industrial do biodiesel tem um elevado

potencial para geração de emprego. Sendo um dos poucos países do mundo, capaz

de abranger sua produção para vários fins, incluindo as oleaginosas, o Brasil se

encontra em segundo lugar, tanto como produtor, quanto como consumidor mundial

de biodiesel. Por mais que a região Nordeste obtenha suas limitações referentes a

solo e clima acentuadas, sua oferta e demanda referente a espécies de oleaginosas

ajuda a região para que seja possível obter potencial para entrar na cadeia produtiva

de biodiesel. Neste presente trabalho foi realizada uma revisão bibliográfica,

contemplando dados a partir do ano de 2005 a 2015, com o objetivo de analisar a

potencialidade do Nordeste brasileiro para o setor de biodiesel.

Palavras-chaves: biocombustível, biodiesel, oleaginosa, Nordeste brasileiro,

potencial, Semiárido;

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Abstract

Potentiality of the Northeast to the biofuels sector: Literature review.

Regarded as one of the greatest land marks of society, the process of power

generation is a reference in the history of mankind. Biofuels are a topic that currently

generates high expectations, both in population and in the scientific community.

Brazil is considered and recognized as a widely diverse country, being the leader in

global production potential of plant-based biofuels. With advantageous features in

their favor, biofuels are considered environmentally friendly. As an incentive to enter

smallholders in the production chain and for there to have social inclusion, it was

established the Programa Nacional de Produção e Uso do Biodisel (PNPB) [National

Program for Production and Use of Biodiesel] and the Selo de Combustível Social

[Social Fuel Label]. The Brazilian Northeast, even being limited in natural resources

for agriculture, is rich when it refers to the great diversity of soil, vegetation and clime.

It presents adequate conditions for the development of several oil plants with

economic importance, not only for the food industry but also for the production of

biodiesel. Therefore, the cultivation of raw materials that participate in the industrial

production of biodiesel has a high potential for job creation. Being one of the few

countries in the world able to cover its production for many purposes, including

oilseeds, Brazil is the second in the world, both as produce rand as consumer of

biodiesel. As much as the Northeast has its limitations regarding oil and accentuated

climate, its supply and demand related to oilseed species help the region to be able

to get potential to enter the supply chain of biodiesel. In this work, a literature review

was conducted covering data from 2005 to 2015, in order to identify the potential of

the Brazilian Northeast to the biodiesel industry.

Keywords: biofuel, biodiesel, oilseed, Brazilian Northeast, potential, Semiarid;

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Sumário

Introdução ------------------------------------------------------------------------ 8

Objetivo Geral ------------------------------------------------------------------- 11

Metodologia ---------------------------------------------------------------------- 11

Revisão Bibliográfica --------------------------------------------------------- 12

Biocombustível e seu derivado: o biodiesel------------------ 12

Semiárido e Nordeste Brasileiro --------------------------------- 17

Oleaginosas indicadoras de potencialidade ----------------- 21

Considerações Finais --------------------------------------------------------- 34

Referências ----------------------------------------------------------------------- 35

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Introdução

Considerado como um dos grandes marcos da sociedade, o processo de

geração de energia é uma referência na história da humanidade. O tema

biocombustível tem sido muito explorado na atualidade, gerando grandes

expectativas, tanto na população quanto na comunidade científica. Nas energias

renováveis e no uso do transporte, os biocombustíveis possuem papel especial, isso

acontece por consequência da ligação direta aos objetivos modernos do

desenvolvimento sustentável (Kohlhepp, 2010). Com características vantajosas ao

seu favor (ganhos ambientais, aspectos econômicos, fonte renovável e aspectos

sociais), os biocombustíveis são tidos como ecologicamente favorável.

Em 2004, o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB),

lançou objetivos que, segundo César e Batalha (2010), têm como base o

desenvolvimento social dos pequenos agricultores familiares.

Para isso, o PNPB estabeleceu um conjunto de políticas de incentivo que

visam inserir a agricultura familiar no processo produtivo, de forma sustentável

(César e Batalha, 2011). O Programa Brasileiro Nacional de Produção e Uso de

Biodiesel (PNPB) proporcionou uma grande demanda para o biodiesel no Brasil

(César e Batalha, 2010).

Após a introdução do PNPB, foi autorizada a mistura do biodiesel ao diesel

fóssil, entrando em vigor em janeiro de 2008 a mistura obrigatória de 2% (B2) em

todo o país. Então com a melhoria do mercado brasileiro o Conselho Nacional de

Política Energética (CNPE) ampliou essa porcentagem, em janeiro de 2010, para 5%

(B5) (APROBIO, 2015).

Lima, (2005) afirma que o biodiesel é uma designação genérica para

combustíveis derivados a partir de fontes renováveis, como óleos vegetais e

gorduras animais, que podem ser utilizados em motores de ignição por compressão,

sendo conhecidos como motor diesel. Podendo ser usado também para geração de

energia, em substituição ao óleo diesel e ao óleo combustível.

O Brasil tem destaque em sua ampla diversidade e também na produtividade

de grãos, que a partir desses pode ser feita a fabricação de óleos vegetais,

apresentando uma grande abertura para uma nova alternativa de fonte energética

renovável, substituindo o diesel por biocombustíveis produzidos a partir de óleos

vegetais (Bilich e Silva, 2006).

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Mostrando ter alto potencial mundial para a produção de espécies de plantas

oleaginosas como matéria-prima para a produção do biodiesel, o Brasil, possui o

óleo de soja como a matéria-prima mais utilizada para produção de biodiesel (75%),

seguido de sebo bovino (17%) e caroço de algodão (5%) (Prado, 2015).

Cada região do Brasil apresenta matérias-primas específicas para a produção

de biodiesel, na região Norte, as palmeiras, com destaque para o dendê. Na região

semiárida do Brasil, que abrange quase todos os estados do Nordeste, a mamona e

o algodão. Na região Centro-Oeste e Sudeste, pode-se utilizar soja, algodão e

girassol, e na região Sul o cultivo de soja, girassol e canola (Trzeciak, et al., 2008).

Até 2013 a região Centro Oeste apresentava uma capacidade nominal de

10.256,3 mil m³, com produção de 1.183,1mil m³, sendo a região que mais tinha

capacidade e mais produzia no Brasil. Seguida da região Sul, com capacidade de

7.300,3 mil m³ e produção de 1.132,4 mil m³; região Sudeste, com capacidade de

2.596,1 mil m³ e produção de 261,4 mil m³; região Nordeste, com capacidade de

1.265,1 mil m³ e produção de 278,4 mil m³; e por fim, a região Norte, com

capacidade de 540,0 mil m³ e produção de 62,2 mil m³ (Boletim Mensal dos

Combustíveis Renováveis, 2015).

Segundo Filho, et. al (2015) o Brasil vem se preocupando em investir em

pesquisas para ampliar a diversificação do óleo usado na produção de biodiesel, e

também para acrescer valor aos produtos e reduzir as diferenças econômicas,

especialmente no Nordeste do Brasil.

A região Nordeste é rica quando se remete a diversidade de plantas

oleaginosas, sendo muitas dessas espécies de grande importância para o homem,

não só para a indústria voltada para os alimentos, mas também como matéria-prima

produtora de biodiesel. Os óleos vegetais podem ser encontrados em uma

diversidade grande de sementes das plantas e em algumas polpas de frutos (Bilich e

Silva, 2006).

Segundo Vianna et al., (2010), a região Nordeste possui um grande potencial

de consumo de biodiesel. Em 2008 a região consumiu 7 milhões de m³ de diesel.

César e Batalha, (2011), dizem que entre as variadas espécies de

oleaginosas que estão disponíveis para o uso na produção de biodiesel, a mamona

(Ricinus communis) foi eleita como a principal pelo governo brasileiro, mostrando

que o baixo custo de instalação e produção dessa oleaginosa, bem como sua

relativa adaptação ao estresse hídrico, permite que a mamona cresça em condições

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adversas de solo e clima, condições características de grande parte do Nordeste

brasileiro.

Com isso, o Brasil é um dos poucos países do mundo, capaz de abranger sua

produção para vários fins, incluindo as oleaginosas para produção de biodiesel.

Então, neste presente estudo será feito uma revisão bibliográfica, contemplando

dados a partir do ano de 2005, com o objetivo de analisar as potencialidades do

Nordeste brasileiro para o setor de biocombustível. A hipótese desse estudo

apresenta que a região Nordeste brasileira é considera promissora para a produção

no setor de biocombustível.

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Objetivo Geral

Analisar as potencialidades do Nordeste brasileiro para o setor de

biocombustível.

Metodologia

Nessa pesquisa, a revisão bibliográfica em análise é referente à

potencialidade do Nordeste brasileiro para o setor de biocombustível. Inicialmente foi

realizado um levantamento na internet como ferramenta de busca, em quatro sites

de periódicos: Web Of Science, Science Direct, Scielo, Google Scholar. Os artigos

selecionados para uso deste estudo foram os que apresentaram as palavras-chave:

- biocombustível; biodiesel; oleaginosa; Nordeste brasileiro; potencial; e Semiárido

(havendo combinações entre as mesmas). A escolha desses periódicos deve-se ao

fato de serem considerados os mais citados para a busca referente ao estudo deste

trabalho. Os periódicos foram coletados a partir do ano de 2005. Após o

levantamento da bibliografia, o próximo estágio foi realizar uma organização em

forma de fichamento com o material coletado.

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Revisão Bibliográfica

Biocombustível e seu derivado: o biodiesel

Grande parte da energia consumida no mundo provém a partir do petróleo,

carvão e gás natural, que são fontes de energia com previsão para o fim de suas

reservas. A procura por novas fontes de energia, renováveis e ecologicamente

corretas, é de suma importância (Trzeciak et al., 2008).

Segundo Suarez e Meneghetti (2007), o início da história do aproveitamento

de óleos e gorduras e seus derivados teve uma concretização no final do século XIX,

quando o inventor do motor a combustão interna, Rudolph Diesel, o qual leva seu

nome, utilizou em seus ensaios petróleo cru e óleo de amendoim.

O alto custo de produção de sementes desde aquela época foi uma

dificuldade para utilização do motor Diesel. A riqueza do petróleo desde o início do

século XX e o baixo custo para refino do seu óleo fez com que os óleos vegetais

fossem substituídos pelo óleo refinado de petróleo, que a partir disso foi chamado de

“óleo diesel” (Silva e Freitas, 2008). Porém, os combustíveis fósseis são grandes

poluidores do meio ambiente e também possuem consumo que excede sua

produção constantemente. Como foi nítido, começou a surgir grande dificuldade com

o uso dos combustíveis fósseis como fonte de energia, com isso esses combustíveis

enfrentam uma forte crise.

Então, os combustíveis fósseis deixaram de ter o papel que tiverem durante o

século passado, e medidas serão tomadas para buscar novas fontes de energias

limpas e renováveis, garantindo o desenvolvimento econômico e social, e também a

estabilidade entre as nações.

Entre elas encontram-se os biocombustíveis, que, podem ser líquidos,

gasosos ou sólidos, gerados a partir dos mais diversos tipos de matéria-prima, como

a cana-de-açúcar, plantas oleaginosas, biomassa de florestas, e outras fontes de

matéria orgânica (Nass et al., 2007), incluindo extração de óleos de microalgas. Eles

podem ser utilizados tanto isolados quanto somados a combustíveis convencionais.

Como exemplos de derivados dos biocombustíveis têm-se o bioetanol, biodiesel,

biometanol, biogás e bio-hidrogênio (Pompelli et. al., 2011). Os biocombustíveis são

ecologicamente favoráveis, além de biodegradáveis e não tóxicos.

De acordo com Leite e Leal, (2007):

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“as razões para o interesse pelos biocombustíveis são muitas e variam de um país para outro e também ao longo do tempo, sendo as principais as seguintes: - Diminuir a dependência externa de petróleo, por razões de segurança de suprimento ou impacto na balança de pagamentos; - Minimizar os efeitos das emissões veiculares na poluição local, principalmente nas grandes cidades; - Controlar a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera”.

Pompelli e colaboradores (2011), dizem que outros indicadores, como

exemplo, o potencial de substituição dos combustíveis fósseis e a relação “energia

fóssil/renovável” para matérias-primas divergentes, também podem ser utilizados

para caracterizar as vantagens dos biocombustíveis.

No geral, a produção mundial de biocombustíveis tem como base atualmente,

as chamadas tecnologias de primeira geração, o que significa que a produção de

etanol é realizada a partir de açúcares ou amidos (cana, beterraba, milho, trigo,

mandioca) e o biodiesel a partir de óleos vegetais ou gordura animal (soja, mamona,

dendê, sebo, óleo de fritura). Estão em desenvolvimento várias tecnologias que

utilizam os materiais lignocelulósicos (processo químico que quebra a celulose que

constituem a estrutura fibrosa dos vegetais) como matérias-primas (resíduos

agroflorestais, madeira de florestas plantadas, culturas energéticas de curto ciclo,

lixo urbano), que são mais baratos, mais abundantes e podem ser produzidos nas

mais diversas condições de solo e clima (Leite e Leal, 2007).

Sendo uma fonte de energia renovável, o biodiesel é um combustível

biodegradável, produzido a partir de óleos vegetais e gorduras animais, que incitado

por um catalisador reage com o álcool ou com o metanol.

A produção do biodiesel a nível mundial, em 2006, foi de 4,1 milhões de

toneladas (Pompelli et al., 2011). Já em 2014, a produção mundial de

biocombustíveis foi de 123,7 milhões de m³, com o biodiesel produzindo 29,7

milhões de m³ (Boletim Mensal dos Combustíveis Renováveis, 2015).

Em nível nacional, até o ano de 2013, o Brasil teve como capacidade nominal

e como produção em cada região do país o seguintes números (figura 1):

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Figura 1. Capacidade Nominal e Produção a nível nacional (2013). Fonte:

Boletim Mensal dos Combustíveis Renováveis, 2015

Sendo a região Centro-Oeste com maior capacidade nominal e como maior

produtora e a região Norte com menor capacidade nominal e com menor

produtividade.

No ano de 2014, o Brasil foi considerado o segundo maior consumidor de

biodiesel, com 3,4 milhões de m³, ficando atrás dos Estados Unidos, com 5,3

milhões de m³. No gráfico 1, a seguir é possível observar a colocação do Brasil em

termos de consumo, o comparando com os Estados Unidos, Alemanha e Argentina

(Boletim Mensal dos Combustíveis Renováveis, 2015).

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Gráfico 1. Consumo de Biodiesel. Fonte: MME, 2015.

Segundo o Boletim Mensal dos Combustíveis Renováveis (2015), em 2014, o

maior produtor de biodiesel mundial (gráfico 2), tendo em número 4,7 milhões de m³,

foi os Estados Unidos, vindo em segundo lugar o Brasil e a Alemanha com números

de produção iguais (3,4 milhões de m³).

Gráfico 2.Produção de Biodiesel Mundial. Fonte: MME, 2015.

A Emerging Markets Online (2008) mostra que é possível que o biodiesel

possa representar até 20% do diesel utilizado em estradas no Brasil, Europa, China

e Índia, até o ano de 2020.

Em 2014 entrou em vigor a última autorização de mistura do biodiesel ao

diesel fóssil, ampliando a porcentagem para 7% (B7). Porém, dia 02 de março de

2016 foi aprovado pelo Plenário da Câmara dos Deputados o aumento progressivo

do percentual do biodiesel adicionado ao diesel (Ubrabio, 2016).

Essa mistura obrigatória é uma discussão positiva para o Brasil, sendo

refletida na economia, na sociedade e no meio ambiente. A Lei estabelece que a

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mistura obrigatória passe de 7%, para 8%, com previsão para implantação dos 10%

(B10) até o ano de 2020 (Ubrario, 2016).

A introdução do biodiesel no mercado brasileiro tem gerado uma expressiva

economia para o país, pois reduz as importações do diesel e do petróleo, e também

contribui para a preservação e promoção da inclusão social de vários brasileiros.

Com isso, atualmente, esse tipo de energia renovável tem obtido grande

destaque na imprensa internacional, admitindo suas vantagens, segurança

energética, redução com as perturbações ambientais e vantagens socioeconômicas

e ambientais são inúmeras (Pompelli et al., 2011).

Porém, mesmo sendo provado as suas vantagens, esse assunto também trás

suas desvantagens para serem debatidas. Como frisam Masiero e Lopes (2008),

umas dos principais pontos negativos do assunto é o aumento dos preços dos

produtos agrícolas e o impacto na alimentação da parte mais pobre da população.

Outro ponto que foi destacado no estudo de Masiero e Lopes (2008) é que a

limitada poupança de energia e ganhos ambientais com a expansão da produção

dos biocombustíveis chama atenção, pois se o manejo não for adequado para o

plantio isso acarretará na degradação do solo e na destruição de ecossistemas.

E por fim, outra desvantagem é que existe uma baixa taxa de retorno

energético de algumas plantas que são utilizadas no processo de produção de

biodiesel (Masiero e Lopes, 2008).

O gráfico 3, abaixo, mostra que existiu no Brasil um progresso anual quanto a

produção, demanda e capacidade do produto, autorizada pela ANP (Agência

Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), observando que a produção

anual em 2006 era de 0 mil m³ e em 2015 passou a ser 4.000 mil m³; a demanda

compulsória em 2008 era um pouco mais de 1.000 mil m³ e em 2015 passou a ser

de 4.000 mil m³; e a capacidade nominal acumulada era em 2006 de

aproximadamente 500 mil m³ e em 2015 passou a ser um pouco mais de 7.000 mil

m³ (Pinto, 2016).

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Gráfico 3. Evolução anual da produção, da demanda compulsória e da capacidade

nominal autorizada pela ANP no país. Fonte: Pinto, 2016, Boletins ANP.

Semiárido e Nordeste Brasileiro

No Brasil, o Nordeste, particularmente o Semiárido Nordestino, é uma das

regiões que apresentam condições de seca que restringe a agricultura. A região

Nordeste representa 18% do território nacional (cerca de 1,5 milhões de km2), sendo

60% dessa área localizada no Semiárido (Monteiro, 2007). A região é composta por

nove Estados e quatro sub-regiões (Figura 2).

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Figura 2. Região Nordeste do Brasil (Estados e Sub-regiões) Fonte: Monteiro, 2007.

Monteiro (2007) observa que em 2000 o IBGE apontava que a região

Nordeste abrigava 48 milhões de habitantes, cerca de um terço da população

brasileira, sendo uma parte considerável desses habitantes residindo no semiárido,

com isso registrando os maiores índice de pobreza.

Então, diante da vulnerabilidade da região, programas de incentivos e ações

do Governo foram executados com o objetivo de combater a pobreza da região,

visando seu desenvolvimento.

Com isso, Suarez e Meneghetti (2007), destaca que em 4 de dezembro de

2004 foi lançado o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB),

tendo como objetivo obter uma produção econômica viável do setor de

biocombustível, possibilitando a inclusão social e o desenvolvimento da região.

Sendo das inúmeras vantagens a inserção do pequeno agricultor do semiárido na

cadeia de produção do biodiesel.

De acordo com Monteiro (2007), as principais diretrizes do programa são:

- Introdução do biodiesel na matriz energética brasileira de forma sustentável; - Geração de emprego e renda, especialmente no campo, com a produção de matérias-primas oleaginosas (inclusão social); - Atenuar disparidades regionais; - Reduzir as emissões de poluentes; - Reduzir a importação de diesel de petróleo; - Não privilegiar rotas tecnológicas; -Conceder incentivos fiscais e implementar políticas públicas (financiamento,assistência técnica) para conferir sustentabilidade econômica, social e ambiental do biodiesel.

A tabela 1 a seguir mostra a evolução entre os anos de 2008 a 2011 na

participação de estabelecimentos de agricultores familiares por região, que fizeram

parte do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), tendo

destaque o número de estabelecimentos participantes na região Nordeste (35,7%) e

Sul (58,5%) que contribuíram para o ano de 2011 (Pedroti, 2013).

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Tabela 1. Participação de estabelecimentos de agricultores familiares envolvidos no

PNPB (2008-2010). Fonte: MDA, 2012 a.

Após a introdução do programa, alguns indicadores notaram o sucesso do

PNPB, tendo um salto na produção de 69 milhões de litros, em 2006, para 2,7

bilhões de litros em 2012 (APROBIO, 2015).

Então, de um modo geral na produção do biodiesel, desde o lançamento do

programa até o final do ano de 2014, o Brasil teve uma produção de 17,4 bilhões de

litros. E em 2014, 3,42 bilhões de litros produzidos evitaram 2,6 bilhões de dólares

em importação, reduzindo a importação do diesel e contribuindo para a Balança

Comercial Brasileira (APROBIO, 2015).

Pompelli e colaboradores (2011) afirmam que a inclusão social continua

sendo uma situação mais urgente, nas regiões áridas e semiáridas do mundo, e

especialmente em solos brasileiros. O uso do biocombustível serviu através do

cultivo de espécies vegetais, para auxiliar a promover a inclusão social nessas

regiões.

Com isso, Silva (2013), afirma que o MDA ficou sendo responsável por

operacionalizar a estratégia social inserindo a agricultores familiares na cadeia

produtiva do biodiesel. Então, foi criada a ideia do “Selo de Combustível Social”, que

segue os seguintes critérios propostos pelo PNPB:

1. Estabelecer contratos com os agricultores familiares e/ou com entidade

representativa destes, como sindicatos e federações.

2. Providenciar assistência técnica aos agricultores contratados sem custo para

estes.

3. Estimular o plantio de oleaginosas em áreas com zoneamento agrícola para a

oleaginosa em questão.

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4. Adquirir da agricultura familiar percentual mínimo de matéria-prima. Esse

percentual mínimo varia conforme a região: Nordeste e Semiárido (50%), Sul e

Sudeste (30%) e Norte e Centro-Oeste (10%).

Por fim, com a proposta do Selo Combustível Social os produtores de

biodiesel terão acesso à participação na negociação dos leilões públicos de

biodiesel da ANP; terão melhorias com financiamento pelos bancos que operam o

PNPB; uso do Selo Combustível para se promover no mercado e diferenciação ou

isenção nos tributos do PIS/PASEP e Confins (Silva, 2013).

A ANP (2015) constatou em seu anuário estatístico que no ano de 2013 a

região Nordeste do Brasil sofreu uma queda, porém sendo compensada pelas altas

registradas nas regiões Norte (35,9%), Centro-Oeste (24,4%), Sul (20%) e Sudeste

(3,6%).

Na região Nordeste do Brasil, a produção de biodiesel a partir da mamona,

surgiu há pouco tempo, sendo considerada como uma promissora alternativa para

os produtores de pequeno porte da região (Amorim, 2005).

Amorim, (2005) mostra que na safra 2004/2005 o Nordeste chegou a uma

produção de 143,3 mil toneladas, e que o Brasil produziu 147,9 mil toneladas,

observando que o nordeste produziu aproximadamente 97% da safra nacional.

Sendo a produção baiana neste período de 129 mil toneladas, o que significa 87%

da produção nacional.

Já Castro (2011), observa que dentro do país a região Nordeste possui o

maior destaque, pois produziu 83,8 mil toneladas de sementes de mamona em

2007, o que significa 85,4% da produção brasileira, sendo o protagonista dessa

alavancada o Estado da Bahia (75,7 mil toneladas), que sozinho produziu 90% do

total da região e 77% do volume nacional na safra de 2007. As demais regiões,

historicamente, apresentam baixas demandas se comparadas à região nordestina.

Em setembro de 2003 a Embrapa observou que 448 municípios são aptos

para o cultivo da mamona na região Nordeste do Brasil. E foram identificados nove

municípios no Estado de Alagoas, 189 na Bahia, 74 no Ceará, 12 no Maranhão, 48

na Paraíba, 45 em Pernambuco, 42 no Piauí, 26 no Rio Grande do Norte e 3 em

Sergipe (Amorim, 2005).

O Nordeste brasileiro possui uma imensa diversidade de plantas oleaginosas

que em sua maior parte ainda precisam ser estudadas com mais ênfase,

conservadas e, em alguns casos, preservadas (Beltrão e Oliveira, 2007).

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As condições de clima e solo que o Nordeste possui determinam associações

florísticas ou vegetações típicas, sobressaindo-se várias espécies e plantas de

grande valor econômico (Beltrão e Oliveira, 2007).

Hoje em dia, o semiárido brasileiro possui poucas opções de variedades no

cultivo de espécies oleaginosas compatíveis com as limitações do solo e clima. A

demanda de matéria-prima para que o biodiesel seja produzido, pode aumentar as

oportunidades de seleção e melhoramento de oleaginosas adaptadas às condições

restritas do semiárido. Além disso, a própria cadeia produtiva do biodiesel pode se

tornar um vetor para o desenvolvimento da região, gerando mais empregos e

dinamizando a economia local (Monteiro, 2007).

Sendo assim, a região Nordeste do Brasil, mesmo sendo uma região um

pouco mais limitada, se tratando de disponibilidade de seus recursos, é considerada

uma região com grande diversidade de solo, vegetação e clima e também é onde se

encontram condições adequadas para o desenvolvimento de diversas oleaginosas.

Oleaginosas indicadoras de potencialidade

O Semiárido brasileiro, que abrange grande parte da região Nordeste, possui

uma ampla diversidade de espécies de plantas oleaginosas, sendo boa parte do seu

cultivo utilizado para fins alimentícios.

O plantio de oleaginosas, feito pelos pequenos agricultores do semiárido, para

a produção de biodiesel abre um horizonte para uma cadeia de produção agrícola da

região.

Existem diversas espécies de plantas oleaginosas disponíveis para o uso no

programa nacional do biodiesel e várias outras estão sendo estudadas como fontes

de potenciais desse biocombustível no Brasil.

Dentre as culturas potenciais destacam-se: dendezeiro (Elaeis guineensis

Jacq.), babaçu (Attalea speciosa), pinhão manso (Jatropha curcas L.), amendoim

(Arachis hypogaea), coco (Cocos nucifera), mamona (Ricinus communisL.),

algodoeiro (Gossypium hirsutum latifolium Hutch LR), canola (Brassica napus L),

girassol (Helianthus annuus), soja (Glycine Max (L) Merrill), milho (Zea mays) (

(tabela 2).

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Tabela 2. Rendimento de óleo anual 2010. Fonte: Luz, et al. 2015.

A seguir serão apresentadas algumas espécies de oleaginosas e suas

principais características das utilizáveis na produção dos biocombustíveis no

Nordeste brasileiro.

Mamona (Ricinus communis L.)

A principal cultura utilizada na região citada em algumas literaturas é a da

mamona (Ricinus communis L.) (Figura 3). Oleaginosa que pertence à família

Euphorbiaceae se fixou no Brasil devido ao clima favorável, podendo ser encontrada

em boa parte do território brasileiro (Mascareno, 2007). É uma espécie resistente à

seca, tendo cultura de sequeiro e com altura que pode variar até 3 m e raízes que

podem atingir até 3 metros de profundidade. É uma espécie arbustiva, com

variações de cores no caule, folhas e racemos, possui frutos e geralmente apresenta

espinhos (Monteiro, 2007).

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Figura 3. Plantação de Mamona. Fonte: EMBRAPA, 2015.

Seu rendimento de óleo cultivado por hectare possui os valores variados,

sendo entre 460 a 2000 kg de óleo/ha¹, de acordo com as práticas de cultivos e

extração, o que faz com que seja a oleaginosa mais produtiva (Araújo, 2010/2011).

Lima e colaboradores (2007) afirmam que entre os anos 2000 a 2004, a

produção da mamona chegou a um milhão de toneladas e cerca de 400 mil

toneladas de óleo, mundialmente. Essa espécie tem seu cultivo em expansão no

Brasil e boa parte sua produção é industrializada.

Já o Ministério da Agricultura (2012), observa que durante o ano de 2004 a

mamona tinha produção de 210 mil toneladas e que durante o período até o ano de

2012 a produção sofreu uma oscilação, por fim tendo uma queda, chegando a 73 mil

toneladas produzidas.

Dentre as diversas espécies disponíveis para a produtividade do biodiesel, a

mamona foi escolhida pelo governo brasileiro como a principal cultura para essa

produção no Nordeste, possuindo baixo custo de introdução e produção da espécie,

tem como característica sua resistência ao estresse hídrico, permitindo que seu

desenvolvimento em solos e clima com limitações característicos da região (César e

Batalha, 2011).

Pinhão Manso (Jatropha curcas L.)

O pinhão manso (Jatropha curcas L.) (figura 4) pertence à família

Euphorbiaceae possui distribuição nas áreas tropicais e subtropicais (Oliveira et al.,

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2010). Segundo Monteiro (2007), possui aparência arbustiva, com ramificação

partindo de sua base, tem crescimento rápido atingindo de 3 a 5 m de altura.

A espécie do pinhão manso, assim como a mamona, é considerada uma

opção agrícola para o Nordeste, pois é também resistente a seca e embora for

exigente em insolação (Oliveira et al., 2010). Seu óleo pode ser usado como

lubrificante e também na fabricação de tinta e sabão (Sluszz e Machado, 2006).

Figura 4. Sementes e plantação do Pinhão Manso (Jatropha curcas L.). Fonte: EMBRAPA –

Laviola, 2011.

Pode ser considerada uma espécie oleaginosa para agricultura do semiárido

do Nordeste, por causa de suas características como a resistência a seca e

possibilidade de uso das suas sementes na produção do biodiesel, além disso,

produz 4mil kg/ha com rendimento médio de 1,3 t de óleo/ha (Monteiro, 2007; Sluszz

e Machado, 2006).

O rendimento do pinhão-manso para a produção de biodiesel possui ampla

variação biológica para produção de grãos e óleo, e que em avaliação de campos

foram encontrados genótipos com rendimentos superiores a 1.500 kg/ha de óleo

(Laviola et al., 2015)

Porém, Monteiro (2007), observa que ainda faltam estudos e informações

tecnológicas para confirmar que essa cultura serve definitivamente como uma

oleaginosa promissora para a produção de óleo no semiárido.

Algodão (Gossypium hirsutum L.)

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Não é de hoje que o algodoeiro (Gossypium hirsutum L.) (figura 5) possui

reconhecimento no Brasil, principalmente na região Nordeste do país, pois essa

espécie é fonte de geração de emprego e renda para região (Pompelli et al., 2011).

Figura 5. Algodão (Gossypium hirsutum L.) Fonte: EMBRAPA- Corrêa e Aguiar, 2003.

Glovatski e Raiher, (2013) afirmam que, em números, a quantidade de

produção dessa espécie no Brasil cresceu uma taxa anual de 6,44%, entre os anos

de 1991 e 2010. E considerando esse intervalo de tempo (1991 para 2010), a taxa

de crescimento na produção foi de 44,52%, indicando crescimento na oferta do

produto.

A produção do algodão tem por objetivo principal a obtenção de fibra através

do seu plantio, porém seu caroço é usado para produção de óleo, sendo retirado a

partir do seu esmagamento e, como consequência dessa extração, é considerada

uma alternativa para a produção de biodiesel (Sluszz e Machado, 2006).

Em números o caroço do algodão teve um crescimento na sua produção

durante os anos de 2004 e 2012, sendo em 2004 uma produção de 2.019 mil

toneladas e em 2012 passando para 3.222 mil toneladas (Ministério da Agricultura,

2012).

De acordo com Pompelli e colaboradores (2011), resultados prévios de uma

pesquisa, levou em consideração os custos da produção e manutenção do meio

ambiente, mostram que o cultivo da espécie sendo utilizado na produção de

biodiesel se torna uma opção para os agricultores e produtores das regiões áridas e

semiáridas do Brasil.

Sluszz e Machado (2006) mostram que a produção do algodão , realizada

pela agricultura familiar em regiões que já se produz a fibra, é considerada com uma

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agricultura alternativa, podendo gerar uma renda extra para aqueles que

comercializam e trabalham com o esmagamento do caroço para extração do óleo e

produção do biodiesel, permitindo que existam duas cadeias produtivas diferentes,

mas que são complementares.

De acordo com Monteiro (2007) diversas espécies de oleaginosas que são

adaptadas a climas e solos brasileiros têm sido estudadas e citadas como espécies

promissoras para produção do biodiesel, dentre essas a oiticica, a macaúba, o

pequi, o buriti, o licuri, o babaçu e a moringa possuem destaque e serão detalhadas

mais abaixo.

Oiticica (Licania rígida Benth)

Pertencente à família Crysobalanaceae, a oiticica (Licania rígida Benth)

(figura 6) é uma espécie típica da caatinga do sertão, das matas ciliares da caatinga,

do Seridó, do agreste piauiense e dos litorais cearenses e norte rio-grandense

(Beltrão e Oliveira, 2007). É uma espécie arbórea, encontrada nas margens de rios e

riachos na caatinga, ocorrendo nas bacias hidrográficas no Ceará, Piauí, Paraíba e

Rio Grande do Norte (Monteiro, 2007).

Figura 6. Oiticica (Licania rígida Benth) com frutos. Fonte: Embrapa Algodão - Beltrão e

Oliveira, 2007.

O IBGE (2013), afirma que em 2012 a oiticica produziu 401 toneladas e em

2013 produziu 15 toneladas, sofrendo uma queda brusca na sua produção. Sendo

15 toneladas produzidas na região Nordeste.

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Sua semente contém amêndoa rica em óleo, com aproximadamente 54% de

óleo na amêndoa (Vieira et al., 2010). O óleo da espécie é utilizado na fabricação de

tintas para automóveis, vernizes e tintas para impressoras (Beltrão e Oliveira, 2006).

Além de ser importante para produção do biodiesel, é também importante para

sustentabilidade da produção do biodiesel na região, ajudando na agricultura

familiar.

Macaúba (Acrocomia aculeata)

A espécie da macaúba (Acrocomia aculeata) (figura 7)é uma palmeira que

pertence à família Arecaceae (Palmae), ocorrendo aqui no Brasil em vários estados,

mas no Nordeste ocorre só nos estados do Maranhão, Piauí e Ceará (Beltrão e

Oliveira, 2007).

Figura 7. Macaúba (Acrocomia aculeata) com frutos. Fonte: Embrapa Algodão - Beltrão e

Oliveira, 2007.

Os frutos da macaúba são oleaginosos e possuem um teor de óleo na base

seca com faixa de 50-60%, e em base úmida com faixa de 20-25%, tendo um

potencial na produtividade do seu óleo de até 6000 kg/ha (Pereira et al., 2014).

De acordo com Beltrão e Oliveira (2007) seu óleo pode ser retirado da polpa

quando o fruto já está velho, sendo usado em diversas aplicações. E o mesmo,

ainda afirma que os resultados os biodieseis etílicos são mais satisfatórios que os

biodieseis metílicos, comprovando que o uso do biodiesel por via etílica é um meio

promissor.

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Pequi (Caryocar brasiliense Camb.)

O pequi (Caryocar brasiliense Camb.) (figura 8) é uma espécie originária do

território brasileiro, possui porte arbóreo, ramos grossos, casca cinzenta com

fissuras longitudinais e cristas descontínuas e faz parte da família Caryocaraceae

(Camargo et al., 2014; Beltrão e Oliveira 2007).São encontradas em áreas de

Cerrado e no Nordeste é uma espécie vista nos estados Piauí e Maranhão

(Camargo et al., 2014).

Figura 8. Pequi (Caryocar brasiliense Camb.) com frutos. Fonte: Embrapa Algodão – Beltrão

e Oliveira, 2007.

Segundo Vieira et al. (2014), é uma espécie com condições adaptadas para

solos pobres, arenosos e resistentes a baixa disponibilidade de água, e além disso,

também produz óleo.Produzindo em média cerca de 45% de óleo em seus frutos.

Em 2012 foram produzidas 939 toneladas de amêndoas, já em 2013 essa

produção obteve um crescimento e passou a produzir 1.544 toneladas de

amêndoas. E desse valor, 739 toneladas foram produzidas na região Nordeste

(IBGE, 2013).

O óleo é fornecido pelas amêndoas que ficam concentradas nas sementes e

pode ser utilizado para diversos fins, como por exemplo, cosméticos, indústrias

farmacêuticas e produtos alimentícios (Beltrão e Oliveira, 2007).

Buriti (Mauritia flexuosa L.)

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O buriti (Mauritia flexuosa L.) (figura 9) possui de 20 a 25 m de altura e tem de

30 a 50 cm de diâmetro, possui frutos com coloração castanho-avermelhado e

pertence a família Arecaceae, sendo de origem Amazônia, mas encontrada também

no Nordeste em boa parte da Bahia, no Piauí e no Maranhão (Beltrão e Oliveira,

2006). Suas folhas são utilizadas para fazer cobertura de casas e suas fibras

utilizadas na fabricação de produtos artesanais (Passos e Mendonça, 2006).

Figura 9. Buriti (Mauritia flexuosa L.) com frutos. Fonte: Embrapa Algodão – Beltrão e

Oliveira, 2007.

Em 2012 foram produzidas 469 toneladas de buriti, já em 2013 foram

produzidas 466 toneladas da espécie, sendo produzidas no Nordeste 207 toneladas

(IBGE, 2013).

Por causa de suas propriedades e de suas características físico-químicas, o

seu óleo se torna rico e de grande interesse. Com isso, estudos apontaram que o

óleo é rico em ácidos graxos monoinsaturados (oléico) servindo para o consumo

alimentício e é apresentado como um grande fornecedor de matéria-prima para a

produção do biodiesel (Beltrão e Oliveira, 2006).

Licuri (Syagrus coronata)

O licuri (Syagrus coronata) (figura 10) é uma palmeira típica da região

semiárida do Nordeste, pertencente à família Arecaceae, é uma espécie que se

adapta fácil as regiões secas e áridas da caatinga, mede de 8 a 11 cm e pode ser

usada na industria alimentícia, ornamental e forrageiro, possui solos com boa

fertilidade e no Nordeste ocorre em boa parte da Bahia, Pernambuco, Sergipe e

Alagoas (Monteiro, 2007; Beltrão e Oliveira, 2006).

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Figura 10. Licuri(Syagrus coronata). Fonte: Embrapa Algodão – Beltrão e Oliveira, 2007.

O licuri no ano de 2013 produziu 3.760 toneladas, movimentando a economia

num total de 4.75 milhões de reais, tendo concentração da produção no Nordeste

(IBGE, 2013).

O óleo possui sabor e aromas agradáveis, é comestível, utilizados na

indústria alimentícia e também na fabricação de sabão (em pó, em barra),

detergentes e sabonetes finos. E apresenta vantagem de ter frutificação num longo

período do ano (Beltrão e Oliveira, 2007).

Babaçu (Orbignya phalerata)

A espécie do babaçu (Orbignya phalerata) (figura 11) é uma palmeira que

possui tronco simples, robusto, com até 20 m de altura e possui frutos. Pertence à

família Arecaceae (Palmae) e no Nordeste ocorre na maior do estado do Maranhão

e também no estado do Piauí (Beltrão e Oliveira, 2007).

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Figura 11. Babaçu (Orbignya phalerata) com frutos. Fonte: Embrapa Algodão – Beltrão e

Oliveira, 2007.

O IBGE (2013) afirma que a produção total de amêndoas da espécie apontou

uma queda, quando comparado o ano de 2012 com o ano de 2013, constatando que

a produção em 2013 foi calculada em de 89 739 toneladas.

Devido as suas características, o óleo do babaçu é excelente para a produção

do biodiesel. São extraídos amêndoas do babaçu, por mês, cerca de 140 mil

toneladas, sendo utilizado na produção de óleo combustível, carvão, gás,

lubrificante, e óleo comestível (Lima et al., 2007).

Moringa (Moringa oleifera)

A moringa (Moringa oleifera) (figura 12) foi introduzida no Brasil como planta

ornamental, é uma espécie de arbusto perene, crescimento rápido e chega até 12

metros de altura (Pompelli et al., 2011; Monteiro, 2007).

Figura 12. Planta de Moringa (Moringa oleifera). Fonte: Mathur, 2005, www.treesforlife.org

É encontrada em toda a região Nordeste e concentrada no estado do Ceará,

vivendo em condições de plantio de sequeiro e também em condições de plantio

irrigado (Monteiro, 2007).

Pompellie colaboradores (2011) afirmam que estudos que foram realizados

com a espécie, mostraram que a moringa produz 3t de sementes por hectare,

rendendo 39% de óleo rico em ácido oléico (78%), contendo um grande potencial

para utilização na produção do biodiesel na região.

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O teor de óleo médio calculado para as sementes de moringa foi de 40%,

excedendo sensivelmente o teor encontrado na literatura para outras oleaginosas

como soja e algodão (Oliveira et al., 2012).

E por fim, além das espécies citadas acima, temos mais duas espécies

oleaginosas promissoras para a produção do biodiesel, que são o cártamo

(Carthamus tinctorius L.) e a faveleira (Cnidosculus quercifolius).

Cártamo(Carthamus tinctoriusL.)

A espécie do cártamo (Carthamust inctorius L.) (figura 13) faz parte da família

Asteraceae, com 150 cm de altura, contém raízes profundas (ajuda na absorção de

água), sendo originária da Ásia (Pereira, 2013; Carneiro et al., 2012). Esse vegetal

tem resistência a estresse hídrico, a altas temperaturas, ao frio e a baixa umidade

relativa do ar e também tolerante a solos salinos (Pereira, 2013).

Figura 13. Cártamo (Carthamus tinctoriusL.) Fonte: Gárcia, 2010.

http://www.oleaginosas.org/art_351.shtml

É uma espécie promissora para a região semiárida do Nordeste, com

potencial para a produção de biodiesel na região (Pereira, 2013). Carneiro e

colaboradores (2012) observam também que suas sementes possuem cerca de 30%

de óleo. É uma cultura utilizada para fins medicinais, cosméticos e alimentícios.

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Faveleira (Cnidosculus quercifolius)

A favaleira (Cnidosculus quercifolius) (figura 14) é uma árvore da caatinga

que pertence à família Euphorbiaceae, possui de 3 a 5 metros de altura, vegeta na

caatinga e no sertão. Vegetal resistente à seca possui rápido crescimento e pode ser

utilizada na recuperação de áreas degradadas (Beltrão e Oliveira, 2007). É típica do

sertão e da caatinga e é encontrada no Nordeste nos estados do Ceará, Rio Grande

do Norte, Piauí, Paraíba, Alagoas, Bahia e Sergipe.

Figura 14. Faveleira (Cnidosculus quercifolius) com flores. Fonte: Embrapa Algodão –

Beltrão e Oliveira, 2007.

O biodiesel produzido a partir do óleo da “faveleira” apresenta bons resultados

para o uso de combustível, contribuindo os agricultores na geração de renda e

também na economia da região Nordeste (Bezerra, 2011).

São utilizadas como planta medicinal, suas folhas são forrageiras para

bovinos, caprinos, ovinos e suínos (Beltrão e Oliveira, 2007). A semente desta

espécie contém teores de óleos significativos, tonando-a como uma alternativa para

a produção do biodiesel sustentável, contribuindo para a melhoria socioeconômica

dos agricultores familiares.

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Considerações Finais

O Brasil apresenta condições reais para se tornar um dos maiores produtores

de biodiesel do mundo; principalmente por dispor de solo e clima adequados ao

cultivo de diversas oleaginosas.

Com o passar dos tempos, nosso país vem se adequando cada vez mais na

cadeia produtiva do biodiesel, chegando a ser o segundo lugar, em comparação a

países selecionados, referente a maior produção e maior consumo mundial.

A produção de biodiesel tem ajudado a socioeconomia do país, porém

existem desvantagens principalmente no uso inadequado do manejo.

Notou-se que o PNPB está melhorando e ajudando na renda de agricultores

familiar, por mais que seja algo incerto. E que o Selo de Combustível Social foi uma

boa estratégia para poder incluir os agricultores familiares na cadeia produtiva do

biodiesel.

Existem diversas espécies de oleaginosas disponíveis para o uso na

produção do biocombustível no programa nacional do biodiesel no Brasil e também

na região Nordeste. Com esse trabalho pôde-se visualizar que a oferta e demanda

das matérias-primas na utilização para extração do óleo vegetal na região é muito

grande.

Porém, existe certa dificuldade na inserção da oferta e demanda na cadeia

produtiva do biodiesel na região, por isso, o Nordeste possui todos os requisitos para

tornar-se um grande potencial no setor do biocombustível, mas por causa da

dificuldade existente essa potencialidade acaba se tornando uma ideia incerta.

É de suma importância que mais pesquisas possam ser realizadas referentes

ao assunto, pois o material disponível para estudo, principalmente os que são

direcionados a região Nordeste, ainda é muito escasso. O aprimoramento da ciência

dos biocombustíveis no Nordeste poderá alavancar a produção e consumo nacional

de biodiesel, sendo que esta região apresenta ampla diversidade biológica e grande

potencial para o cultivo de oleaginosas.

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Referências

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