Antecedentes da Semana de Arte Moderna: a visualidade brasileira no início do século XX
POSSIBILIDADES DE IDENTIFICAÇÃO DE SITUAÇÕES DE …...fotojornalismo ao inaugurar um regime de...
Transcript of POSSIBILIDADES DE IDENTIFICAÇÃO DE SITUAÇÕES DE …...fotojornalismo ao inaugurar um regime de...
Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) | Mariana/MG | 10 e 11 de outubro 2019
POSSIBILIDADES DE IDENTIFICAÇÃO DE SITUAÇÕES DE CONFLITO EM
PUBLICAÇÕES DE IMAGENS1
Possibilities of identifying conflict situations in images publication
Nádia Nunes Lage2
Universidade Federal de Ouro Preto
Resumo
O impacto das fotografias mais compartilhadas do menino sírio Aylan Kurdi, que se tornaram
algumas das imagens mais icônicas e noticiadas da atualidade, foram objeto de estudo de
pesquisadores da Universidade de Sheffield em 2015. A pesquisa constatou a inauguração de
um novo regime de visualidade e de criação de significado por meio das imagens; que de forma
não institucionalizada, a mídia pode influenciar ou mesmo determinar mudanças. Além disso,
constatou que seguir a difusão da imagem de Aylan nas plataformas de mídia social significa
entender uma mudança de opinião na mídia e na sociedade civil.
Com base no relatório o presente trabalho busca esboçar a trajetória, na internet, de três imagens
amplamente mobilizadas e reproduzidas. O trabalho busca também encontrar hashtags em
comum incorporadas nas principais publicações dessas três imagens. As hashtags encontradas
serão usadas como referência na tentativa de encontrar imagens que possuam o corpo-criança
em situações de conflito, sobretudo de migração e/ou refúgio na rede social Instagram.
Palavras-chave: Imagem; Corpo-criança; Visualidade; Hashtags; Conflito.
Abstract
The impact of the most shared photographs of a Syrian kid, Aylan Kurdi, which became some
of today's most iconic and reported images, it were the subject of a study by researchers at
Sheffield University in 2015. Their work had found: the unveiling of a new regime of visuality
and creation of meaning by using images; how non institutionalized media can influence or
even determine changes. Moreover, following Aylan's image spread across social media
platforms means an understanding of a change of opinion in the media and civil society. Based
on the report, the present research seeks to delineate a trajectory in the Internet using three
widely mobilized and reproduced images. It also tries to find common hashtags in major image-
related publications of these three images. The found hashtags will be used as a reference trying
to find Instagram's images of children's bodies in conflict situations, especially of migration
and/or refuge.
Keywords: Image; Child body; Visuality; Hashtags; Conflict.
Introdução
Em 2015 pesquisadores do Laboratório de Mídias Sociais Visuais da Universidade de
Sheffield investigaram o impacto e desdobramentos das fotografias mais compartilhadas da
1 Trabalho apresentado no Grupo de Trabalho 1 - Linguagens e Narrativas, do XII Encontro dos Programas de
Pós-Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais - Ecomig 2019, 11 e 12 de outubro de 2019. 2 Mestranda PPGCOM – UFOP sob orientação da professora doutora Ana Carolina Lima Santos. Contato:
Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) | Mariana/MG | 10 e 11 de outubro 2019
série registrada pela fotógrafa Nilüfer Demir, do menino sírio Aylan Kurdi, encontrado sem
vida em uma praia da Turquia no ano de 2015, que se tornaram algumas das imagens mais
icônicas e noticiadas da atualidade. A investigação resultou no relatório The iconic image on
social media: a rapid research response to the death of Aylan kurdi3, com 17 artigos e
contribuição de 18 autores. Constatou-se a inauguração de um novo regime de visualidade e de
criação de significado por meio das imagens, que juntamente com o poder das mídias sociais e
seu papel na publicação, propiciou o surgimento de uma narrativa visual4 acoplada à viralidade
da era digital. Constatou-se que em 12 horas as imagens viajaram para as telas de quase 20
milhões de pessoas em todo o mundo e geraram, nesse período, mais de trinta mil tweets.
O trabalho apontou também como a partir dessas fotografias a linguagem dos debates
foram modificadas em plataformas de mídia social, revelando mudanças na forma como as
pessoas se referiam sobre a questão da migração (de hostil a 'migrantes' para empáticos com
'refugiados'). Jim Aulich (2015) no texto The Life of Images: The Iconography of the
Photograph of Aylan Kurdi’s body and the Turkiskiskish Policeman, para o relatório, argumenta
que tal tragédia se tornou visível porque, de certa forma, seu retrato se encaixa em nosso
treinamento visual por entendermos o mundo com a ajuda de imagens impregnadas de
interpretações e referências, que auxiliam na atribuição de significado.
The iconic image on social media: a rapid research response to the death of Aylan kurdi
constatou ainda que seguir a difusão da imagem de Aylan nas plataformas de mídia social
significa entender uma mudança de opinião na mídia e na sociedade civil. A pesquisa
identificou, assim como Trevor Pinch e Wiebe E. Bijker (1993) observaram, que, ainda que de
forma não institucionalizada, a mídia, pela interação humana, por meio de tecnologias que
abrangem o tempo e o espaço, pode influenciar ou mesmo determinar mudanças cognitivas,
atitudinais e comportamentais.
Quando pensamos em imagens de crianças em situação de conflito, muitas são as que
nos vem à mente, algumas mais marcantes, tanto, que acabam impressas no coletivo social,
3 O relatório informou a ciência de que o nome da criança é Alan e não Aylan. Decidiu-se usar Aylan pelo fato
de ser o nome com o qual a imagem circulou globalmente e era identificada. (The iconic image on social media: a
rapid research response to the death of Aylan kurdi, 2015, p.02) 4 “uma narrativa visual surgiu à medida que as imagens que se tornaram virais mudavam ao longo do tempo.
Enquanto as imagens originais de Aylan Kurdi dominaram as primeiras 48 horas do ciclo de difusão, a partir de 4
de setembro foram substituídas por variações geradas pelos usuários nas imagens originais projetadas por
ilustradores e designers gráficos. A necessidade de compartilhar imagens impactantes e as preocupações de
prejudicar a sensibilidade do público levaram, nas primeiras 12 horas, à criação e difusão de imagens substitutas
de Aylan Kurdi, projetadas para mitigar a brutalidade das imagens originais, a fim de sustentar a narrativa visual
da história e sua difusão” ( D’Orazio Francesco, 2015, p.18)
Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) | Mariana/MG | 10 e 11 de outubro 2019
como a foto feita por Nick Ut da menina Kim Phuc correndo com o corpo queimado durante a
Guerra do Vietnã, por exemplo. Variados também são os meios de difusão, uma hipótese é o
poder de circulação e pregnancia desse tipo de fotografia que facilmente é replicada pelos
dispositivos midiáticos, talvez porque nessas imagens o corpo “se destaca como personagem
central que tensiona formas estéticas e forças sociais e políticas que se conjugam nas dinâmicas
de uma sociedade cada vez mais mediada pelas imagens e demarcada pelos movimentos de uma
cultura propriamente visual” (BIONDI, 2013, p. 6).
Nesse sentido o presente trabalho parte do relatório The iconic image on social media:
a rapid research response to the death of Aylan kurdi para considerar imagens enquanto
vestígios/rastros, no sentido benjaminiano, que indiciam o que foi e carregam potencialidades
não construídas historicamente. A pretensão é identificar a trajetória, na internet, de três
imagens amplamente mobilizadas e reproduzidas de diversas formas:
Figura 1: menino sírio Aylan Kurdi 1: fotógrafo - Nilüfer Demir; disponível em: https://www.reuters.com/article/us-europe-
migrants-turkey-idUSKCN0R20IJ20150902. Acesso em 12 de julho de 2019
Figura 2: Garotinha hondurenha chorando no controlo de fronteiras no Texas em 2018: fotógrafo - JOHN MOORE; disponível
em: https://twitter.com/jbmoorephoto/status/1006962031281360896. Acesso em 13 de julho de 2019
Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) | Mariana/MG | 10 e 11 de outubro 2019
Figura 3: Imigrantes, pai e filha, encontrados mortos na fronteira dos EUA com o México: fotógrafo - Julia Le Duc; Disponível
em: www.jornada.com.mx/ultimas/2019/06/24/padre-e-hija-mueren-ahogados-en-su-intento-por-llegar-a-eu-9550.html.
Acesso em 12 de julho de 2019
E, a partir de hashtags incorporadas nas principais publicações dessas imagens, encontrar outras
imagens que possuam o corpo-criança como elemento e que referenciem situações de conflito,
sobretudo de migração e/ou refúgio na rede social Instagram, a fim de compreender se algum
desses termos são adequados, ou não, para busca. A escolha das imagens se deu pelo fato de
apresentarem as seguintes semelhanças: são fotos de migrantes; possuem crianças; foram
vastamente reproduzidas; deram visibilidade a contextos de conflito. A imagem do menino sírio
Aylan Kurdi se tornou símbolo do drama de refugiados de guerra que tentam chegar à Europa
via oceano, ela mudou a forma como o mundo enxerga essas pessoas. As duas últimas se
aproximam em objetivo de jornada, que seria chegar nos Estados Unidos, mas foram tratadas
pela mídia e pela sociedade como drama de migrantes e não de refugiados.
Metodologia
A pesquisa foi realizada a partir das fotos que acreditamos ter sido a primeira a ser
publicada na internet, identificadas por meio de dados referenciais como data e autoria, por
exemplo. Também buscou-se encontrar a publicação que fez com que a primeira imagem
publicada fosse realmente repercutida e compartilhada a ponto de se tornar viral. As
informações iniciais foram procuradas na plataforma de pesquisa do Google e sites auxiliares
encontrados pela pesquisa na plataforma. Em seguida foram procurados perfis e engajamento
no Twitter que podem ter contribuído para viralidade de cada uma das imagens. A partir das
descobertas identificamos as hashtags que foram mais utilizadas em compartilhamentos e
hashtags em comum para identificar as três fotografias. As hashtags selecionadas foram
Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) | Mariana/MG | 10 e 11 de outubro 2019
enviadas para o Instagram a fim de identificarmos outras imagens que possuam crianças e
referenciem situações de conflito, sobretudo de migração e/ou refúgio.
É importante salientar que a análise utiliza ferramentas abertas e gratuitas sem a
formalização de parcerias com empresas de raspagem de dados e/ou mapeamento. Também não
foi possível encontrar ferramentas gratuitas que dessem conta da tarefa de raspagem de dados
e mapeamento das imagens escolhidas desde seu aparecimento, identificando precisamente a
evolução e disseminação na internet, por esse motivo, talvez não seja possível indicar com total
garantia de certeza os dados de origem e disseminação das imagens de 2018 e 2019, já que para
imagem de Aylan tomamos com referência o relatório The iconic image on social media: a
rapid research response to the death of Aylan kurdi.
Êxodo
A dinâmica que a fotografia pode estabelecer de acordo com o uso que é feito dela é
importante para percebermos as imagens enquanto rastros, indícios, dialéticas, que resistem ao
tempo segundo a noção Benjaminiana.
De acordo com Vicent Lavoi (2018) as fotografias que retratam guerra e migração não
são novidade, mas levantam o que ele considera como meritocracia do fotojornalismo ao
sentimentalizarem evidencias visuais. Sobretudo a migração, ou melhor, o êxodo em massa,
para utilizar o termo de Lavoi, teria trazido para o fotojornalismo contemporâneo aspirações
substanciais, que na visão do autor, teve como grandes precedentes as experiências de Robert
Capa e Dorothea Lange.
Robert Capa cobriu a Guerra Civil Espanhola e se tornou um dos grandes expoentes do
fotojornalismo ao inaugurar um regime de visualidade que deu a ver o contexto da migração
com fortes imagens que retratam desde deslocamentos e colunas de refugiados à campos de
concentração, passando por suas infraestruturas sanitárias, entre outras.
Dorothea Lange é considerada pioneira da fotografia social americana. Dorothea e Paul
Taylor publicaram An American Exodus, um livro que documenta o deslocamento de cerca de
trezentos mil americanos para a costa oeste dos Estados Unidos durante o período da Grande
Depressão.
De acordo com Lavoi (2018) as imagens de Capa e Lange teriam instituído modelos
figurativos e posturas éticas, além de atribuírem papéis às imagens da imprensa, ligando a
Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) | Mariana/MG | 10 e 11 de outubro 2019
migração às origens históricas do fotojornalismo social e humanitário, que a partir de 2016
ressurge com força por
reprises mais ou menos literais dos motivos primários do êxodo - migrantes escoltados
pelas forças da ordem (Sergey Ponomarev), famílias de refugiados que vivem em
acampamentos temporários, grupos de pessoas concentradas em uma passagem
fronteiriça (Petros Giannakouris). São acrescentados assuntos mais específicos à atual
crise migratória - migrantes que desembarcam nas costas das ilhas de Lesbos ou
Lampedusa (Antonio Masiello), corpos sem vida na praia (Mauricio Lima), pilhas de
coletes salva-vidas abandonados. (LAVOI, Vicent, 2018, p. 03. Tradução nossa)
A fotografia se traduziria assim como atestado de autenticidade e assinatura visual do
envolvimento com outro, estabelecendo o fotógrafo como testemunha do evento, pela
proximidade física desse com o acontecimento:
Pó e contratempos que afetam o artesanato das imagens fotográficas estão no arsenal
de artifícios retóricos usados em abundância pelos fotógrafos de imprensa. Eles são
destinados a revestir as fotos com o verniz de autenticidade. Capa compreendeu isso
perfeitamente: "Se você deseja obter boas fotos de ação, elas não devem estar em foco
real (LAVOI, Vicent, 2018, p. 04. Tradução nossa)
Mas a crise migratória contemporânea acabou por atualizar o formato de produção e
distribuição iconográfica. Não apenas fotógrafos profissionais associados à grandes instituições
-que detinham o poder quase soberano de mediar o processo de distribuição de tais fotografias-
mas os próprios fotógrafos, assim como amadores e os migrantes, têm realizado e distribuído
imagens, geralmente por meio de dispositivos móveis, o que garante um vasto repertório visual
disseminado com ajuda da internet.
Dessa forma analisar imagens que retratam conflitos humanitários, amplamente
difundidas e seus elementos agregados, pode colaborar na compreensão das condições visuais,
técnicas, sociais e políticas, nas quais os eventos se manifestam e são recrutados para atuar hoje
(GORIUNOVA, Olga, 2015, p. 05).
Aylan Kurdi:
De acordo com Francesco D’orazio, pesquisador que mapeou a trajetória da imagem de
Aylan Kurdi por meio da plataforma de análise social da empresa Pulsar para o artigo Journey
of an Image: From a Beach in Bodrum to Twenty Million Screens Acrossss the World, parte do
relatório The iconic image on social media: a rapid research response to the death of Aylan
kurdi, a fotografia foi publicada pela primeira vez às 8:42 pela agência de notícias turca DHA5
5 Para essa pesquisa foram realizadas buscas na plataforma google durantes os meses de julho, agosto e setembro
de 2019 a fim de encontrar as correspondências citadas no trabalho usado como referência, mas não encontramos
as imagens no site das agências DHA e Diken. Foi encontrado um post no Facebook da agencia DHA:
Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) | Mariana/MG | 10 e 11 de outubro 2019
que relatou a morte por afogamento de 12 refugiados sírios enquanto tentavam chegar à ilha
grega de Kos em um barco bote. A notícia apresentava uma galeria de fotos registradas pela
fotógrafa Nilüfer Demir na manhã do dia 02 de setembro de 2015, na praia de Bodrum, das
quais quatro eram do menino Aylan Kurdi:
Figura 4: Galeria Nilüfer Demir em Getty Imagens em 02/09/2015. Disponível em:
https://www.gettyimages.pt/search/photographer?photographer=Nilufer%20Demir&assettype=image&family=editorial&so
rt=mostpopular#license . Acesso em 13 de julho de 2019
O evento não teve maior repercussão até Michelle Demishevich6 , jornalista turca,
carregar o primeiro post no twitter com uma das imagens de Nilüfer às 10h23. 12h49 a chefe
de redação do Washington Post em Beirute7, Liz Sly (@Lizsly, também compartilhou um tweet8
com a foto de Aylan.
De acordo com D’orazio (2015) Liz Sly mudou a escala de difusão da imagem no
mundo, seu post gerou, apenas nos primeiros 30 minutos após a postagem, a mesma quantidade
de tweets que foram gerados nas duas horas anteriores, tornando o fato realmente global.
www.facebook.com/dha/photos/a.181942658532017/950424851683790/?type=3&theater que está ilustrado com
outra imagem de Aylan da fotógrafa Nilüfer Demir com a seguinte legenda: “Ege Denizi Bodrum açıkları.Umut
Yolculuğu'nda can veren bir göçmen çocuğu..” e um link que deveria levar a notícia, mas estava indisponível:
www.dha.com.tr/dhaalbumdetay.asp?kat=61249 6 Encontramos o perfil: https://twitter.com/demishevich , mas não conseguimos encontrar a publicação 7 “Liz Sly é a chefe do bureau do Washington Post em Beirute, cobrindo o Líbano, a Síria e toda a região. Ela
passou mais de 17 anos cobrindo o Oriente Médio, incluindo a primeira e a segunda guerra do Iraque. Outras
publicações incluem Washington, África, China, Afeganistão e Itália”. Disponível em
https://www.washingtonpost.com/people/liz-sly/. Acesso em 13 de julho de 2019. 8 Disponível em https://twitter.com/LizSly/status/639042438984699904 Acesso em 13 de julho de 2019.
Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) | Mariana/MG | 10 e 11 de outubro 2019
Figura 5: Gráfico de difusão 3 horas após o aparecimento da primeira foto no Twitter. O tamanho dos nós indica impacto na
audiência (Pontuação de visibilidade). Cor dos nós e arestas indica o país do usuário (PULSAR, apud The Iconic Image on
Social Media:A Rapid Research Response to the Death of Aylan Kurdi*, 2015, pág. 14)
A pesquisa percebeu que o Twitter conseguiu ampliar o acontecimento atuando como
um catalisador descentralizado que enviou a notícia a um grupo altamente relevante de pessoas,
que possuíam a demarcação de interesse no assunto em suas margens de gráficos, dinâmica que
faz parte da taxa de engajamento dessa plataforma de mídia social. Percebeu também que,
apesar da imprensa turca ser a única, até esse momento, a cobrir oficialmente a história, os
jornalistas foram responsáveis por liderar e projetar a propagação viral das imagens, por meio
de publicações pessoais em seus perfis no Twitter.
A primeira publicação oficial de um veículo de comunicação internacional sobre Aylan
Kurdi só aconteceu às 13h pelo Daily Mail9. Apesar de ser publicado depois do evento já ter se
tornado viral e circular pelo mundo, o conteúdo do Daily Mail é essencial porque demarca o
envolvimento da imprensa internacional com o assunto. A partir desse momento é que começam
a ser publicadas as notícias on-line e seus respectivos desdobramentos e compartilhamentos,
9Disponível em https://www.dailymail.co.uk/news/article-3219553/Terrible-fate-tiny-boy-symbolises-
desperation-thousands-Body-drowned-Syrian-refugee-washed-Turkish-beach-family-tried-reach-Europe.html .
Acesso em 13 de julho de 2019.
Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) | Mariana/MG | 10 e 11 de outubro 2019
que vão servir de conteúdo complementar para abastecer os eventos noticiosos dos próximos
dias.
O grande fluxo de notícias leva ao pico das menções e alcança entre 21h e 22h (6 mil
tweets / hora com uma imagem relevante e 20 mil tweets / hora falando sobre a história
como um todo). Mas também muda radicalmente o formato da difusão das imagens,
apresentando relatos oficiais de editores e publicações, impulsionando um ângulo
próprio para a história, em vez de simplesmente compartilhar as imagens.
Comparado à fase anterior da difusão, o público exposto à história, compartilhando as
imagens e falando sobre elas é agora 25 vezes maior. No entanto, até o final do dia, é
o ecossistema de notícias que possui a história e a usa para transportar seu próprio
conteúdo, e não apenas as imagens. (D’ORAZIO, Francesco, 2015, p.15/116.
Tradução nossa)
O trabalho realizado pelo Laboratório de Mídias Sociais Visuais da Universidade de
Sheffield demonstra, não apenas a importância da(s) mídia(s) como componente motivador de
ações, mas como o jornalismo ainda é influente nos espaços de circulação e na disponibilização
do que será desenvolvido pelo social. É nesse sentido que buscamos conhecer a trajetória de
imagens que tiveram enorme repercussão nas redes sociais e encontrar elementos que possam
nortear a demarcação do assunto.
Figura 6: Imagem repercutida/ fotógrafo: Nilüfer Demir 02/09/2015; (re-)Tweet by Twitter user Liz Sly on 2 September 2015.
Disponível em: https://twitter.com/LizSly/status/639042438984699904. Acesso em 15 de julho de 2019.
No caso da imagem de Aylan as hashtags identificadas pelo relatório como as mais
representativas foram: #kiyiyavuraninsanlik · #humanitywashedashore · #refugeeswelcome ·
#refugeecrisis · #refugeescrisis · #aylankurdi · #alankurdi · #aylan · #nomoredrownings ·
#dyingtogethere · #syriaboy · #syrianboy · #syriachild · #syrianchild · #syrianboy · #migrants
Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) | Mariana/MG | 10 e 11 de outubro 2019
Ao serem buscadas no Instagram percebemos que as hashtags #syrianboy #syriaboy
praticamente não referenciaram o assunto no e para hashtag #dyingtogethere, até o dia 17 de
novembro de 2019, foram encontradas apenas nove publicações sem qualquer relação com a
criança ou com situação de conflito/migração/refugio.
Crying Girl on the Border:
Menina hondurenha de 2 anos chora enquanto mãe é revistada por agente de segurança
americano na fronteira entre México e Texas. Foto: JOHN MOORE / fotografada em 12 de
junho de 2018.
Figura 7: Imagem repercutida/ fotógrafo: JOHN MOORE 12/06/2018. Disponível em:
https://twitter.com/jbmoorephoto/status/1006962031281360896. Acesso em 13 de julho de 2019
A pesquisa para encontrar a primeira imagem publicada na internet se seu da seguinte
maneira: foi realizada pesquisa no Google com o termo “mãe filha controlo fronteira texas”
que encontrou aproximadamente 167.000 resultados (0,44 segundos)10. Escolheu-se o link do
veículo The Guardian11, cujo crédito é referido a John Moore / Getty Images. No link do
veículo é possível saber que a imagem fora compartilhada originalmente pelo fotógrafo.
10 Disponível em:
https://www.google.com/search?q=mae+filha+controlo+fronteira+texas&oq=mae+filha+controlo+fronteira+texas&aqs=chro
me..69i57.7474j1j9&sourceid=chrome&ie=UTF-8. Acesso em 13 de jul. 2019. 11 Disponível em: https://www.theguardian.com/global-development/2018/jun/19/image-sobbing-toddler-us-border-it-was-
hard-for-me-to-photograph-john-moore?CMP=share_btn_fb&fbclid=IwAR0x2TFiq3gcyXG4IJXeQy4bc-
1mURzHAH3t2jDbtMJJp7lstsPW1AcSYvw. Acesso em 13 de jul. 2019.
Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) | Mariana/MG | 10 e 11 de outubro 2019
Escolheu-se também link do wikipedia12 onde foi possível encontrar links de direcionamento
de alguns locais de publicação, tais como da publicação original13.
A imagem é publicada originalmente pelo próprio John Moore em seu perfil do Twitter
@jbmoorephoto, no dia 13 de junho de 2018 às 15:1014. A publicação chama atenção para
política “zero tolerance” do presidente Donald Trump, contabilizou 9,4k retweets e publicada
com as seguintes hashtags: #gettyimages #undocumented #gettyimagesnews. A publicação
também foi realizada na rede social Instagram no mesmo dia. Moore fez uma série de fotos da
mãe e da garotinha que também tiveram grande repercussão. No Instagram essa imagem
considerada a primeira teve 5.616 curtidas, mas publicações com outras imagens da série
tiveram até mais, a de maior curtidas obteve, até o dia 15 de julho de 2019, 12.400 curtidas e
publicada no dia 19/06/2018 acesso em 12/07/2019.
Moore é fotógrafo da agencia Getty Images e cobre o conflito dos migrantes que tentam
chegar aos Estados Unidos pelo México há mais de 10 anos. A pesquisa no Google da imagem
considerada a primeira publicada na internet encontrou aproximadamente 25.270.000.000
resultados (1,91 segundos)15 e o termo relacionado a ela foi: “john moore crying girl”, referente
título atribuído à fotografia pelo fotógrafo no Twitter.
Pelas análises o post de maior disseminação foi o de Moore e mesmo existindo
incontáveis publicações e notícias confiáveis, não foi possível encontrar dados concretos sobre
o compartilhamento e trajetória dessa imagem.
No Instagram a primeira publicação encontrada em que Moore é marcado relacionando-
o a imagem ocorreu no dia 14 de junho de 2018. As primeiras notícias na internet encontradas
datam de 13 de junho nos veículos: Think Progress16 às 17:04; elsalvador.com17 às 19:30 e
BuzzFeed18 às 22:02.
12 Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/John_Moore_photograph_of_Honduran_child. Acesso em 13 de jul. 2019. 13 Disponível em: https://twitter.com/jbmoorephoto/status/1006962031281360896. Acesso em 13 de jul. 2019. 14 A publicação também foi realizada na rede social Instagram no mesmo dia https://www.instagram.com/p/Bj-Us3Fn_IS/
Moore fez uma série de fotos da mãe e da garotinha que também tiveram grande repercussão, essa imagem considerada
originária teve 5.616 curtidas, mas outras tiveram mais, a de maior curtidas obteve 12.400 curtidas e foi publicada no dia
19/06/2019 acesso em 12/07/2019. 15 Disponível em :https://www.google.com/search?tbs=sbi:AMhZZiuu4aHtEVj_1UkyRlXKEVP4MKfLu7kYlGB-N-
YOMu18ju9hZt1CdMx04LzyUQK0UOwpzsNBOPP15qj8UIyXO3ruMxBmW89mASYU6P8JLzWNp9gOpfH5ROW6nXT
aKRzlKvzoNHtuWeTFxU7XYKhWITn58ntQ-
5nHq8ShjkRRDdcoxMCq7ISC71PP3WIyeRzJkl7dxxgJZ79y9B0fqtni9SoWwTAFuc4zKOkteA4bwEDPKKq56Yo3xl43sUj
04yV9GcSLQg97KWmV53XZVkn2HERmUNL7VJEWgKj8FOlgCHrtTO0vX5I5JfswYN1pDHr4--
W7cvk35kYtHlwbgf4P5wHMQZrYWyg. Acesso em 12 de jul.2019. 16 Disponível em: https://thinkprogress.org/breastfeeding-child-taken-from-mother-28c390d7e6d3/. Acesso em 13 de jul.
2019. 17 Disponível em: https://www.elsalvador.com/fotogalerias/noticias-fotogalerias/el-drama-durante-la-captura-de-migrantes-
indocumentados-centroamericanos/490370/2018/. Acesso em 13 de jul. 2019. 18 Disponível em: https://www.buzzfeednews.com/article/briannasacks/mother-baby-separated-breastfeeding-texas-detention.
Acesso em 12 de jul. 2019.
Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) | Mariana/MG | 10 e 11 de outubro 2019
Os únicos dados de compartilhamento no Facebook encontrados foram a notícia do The
Guardian que contabilizou 2,6K19 compartilhamentos, sendo a maioria na Europa e América do
Norte; e do ThinkProgress20, que contabilizou 276 compartilhamentos, maioria na América do
Norte:
Figura 8: prints informações adicionais The Guardian e ThinkProgress
Das imagens dessa série, duas em especial, são consideradas símbolo da situação que
envolve os migrantes que tentam chegar aos Estados Unidos e da intolerância política adotada
pelo governo Trump com relação à questão. A primeira é a fotografia que publicada
19 No link da publicação no facebook é possível encontrar um link de informações com mapeamento com a
quantidade total de compartilhamentos e locais: Disponível em
https://www.facebook.com/theguardian/posts/10156953519726323 . Acesso em 13 de julho de 2019. 20 No link da publicação no facebook é possível encontrar um link de informações com mapeamento com a
quantidade total de compartilhamentos e locais: Disponível em
https://www.facebook.com/thinkprogress/posts/2116324231712369 . Acesso em 13 de julho de 2019.
Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) | Mariana/MG | 10 e 11 de outubro 2019
originalmente no Twitter, que além de recompartilhada muitas vezes, foi usada em montagens
como a da capa da revista norte-americana Time:
Figura 9: Figura 8: TIME Photo-Illustration. Photographs by Getty Images. Disponível em: https://time.com/5317522/donald-
trump-border-cover/ . Acesso em 13 de julho de 2019.
A segunda recebeu o prêmio de foto do ano do World Press Photo 2019:
Figura 9: Figura 9: Crying Girl on the Border. 2019 Photo Contest, World Press Photo of the Year Nominee, Singles
Disponível em https://www.worldpressphoto.org/collection/photo/2019/37620/1/John-Moore . Acesso em 13 de julho de 2019.
Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) | Mariana/MG | 10 e 11 de outubro 2019
Outras hashtags utilizadas pelo fotógrafo para referenciar a situação dos migrantes que
tentam chegar aos Estados Unidos pelo México em outras imagens e por outros perfis que
republicaram a imagem considerada originária são: #undocumented #border #migrants
#immigration #BorderCrisis #migration #BorderWall #CaravanaMigrante #BorderPatrol
#caravanadelmigrante #migrantcaravan #forcedfromhome #ImmigrantChildren
#familyseparations #Immigrant #migrant
Salvadoreño y su hija mueren ahogados en intento por llegar a EU:
Pai e filha salvadorenhos. Fotografia com data do dia 24 de junho de 2019, de Julia Le Duc
para o veículo de comunicação La Jornada – México; veiculada às 11:31 horário do México
Figura 10: El migrante salvadoreño Óscar Alberto Martínez Ramírez, y su hija Valeria, de un año año y 11 meses, Imagem
repercutida/ fotógrafo: Julia Le Duc 24/06/2019. Disponível em: www.jornada.com.mx/ultimas/2019/06/24/padre-e-hija-
mueren-ahogados-en-su-intento-por-llegar-a-eu-9550.html. Acesso em 12 de julho de 2019.
A imagem retrata um salvadorenho e sua filha, de aproximadamente dois anos de idade,
afogados no Rio Bravo, em Tamaulipas. Segundo relato da esposa e mãe, sobrevivente -ao
jornal que publicou a imagem considerada a primeira publicada na internet- durante dois meses
a família esperava em um acampamento de New Bridge para tentar marcar consulta de
solicitação de asilo político nos EUA, desesperados com a demora de agendamento decidiram
atravessar o rio.
Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) | Mariana/MG | 10 e 11 de outubro 2019
A pesquisa para encontrar a primeira imagem publicada se deu da seguinte maneira: a
partir da pesquisa no Google com o termo “pai e filha afogados” que encontrou
aproximadamente 4.670.000 resultados em 0,32 segundos21, escolheu-se um link de veículo de
comunicação oficial22 brasileiro em que foi possível encontrar o crédito da imagem: Julia Le
Duc, reprodução AP. Realizou-se então pesquisa com o nome da fotógrafa, que encontrou
14.200.000 resultados em 0,38 segundos, escolhemos o link do wikipedia23; do veículo The
Guardian24; e do jornal Estadão25. Ambos forneceram a informação que Julia era
correspondente do Jornal La Jornada, veículo que teria publicado a imagem pela primeira vez.
Realmente a notícia do jornal La Jornada26 tem publicação referente ao assunto datada no dia
24 de junho, enquanto a maioria das veiculações aconteceram entre os dias 25 e 26 de junho.
A métrica desse link pelo facebook mostra que o link considerado original foi
compartilhado 24 mil vezes, sobretudo na América do Norte e América Central.
A pesquisa, no Google, da imagem publicada no site La Jornada, encontrou 25.270.000.000
resultados (1,26 segundos)27 e o termo relacionado a ela foi “Rio Grande”, nome do rio que as
vítimas foram encontradas, o termo dessa maneira é provavelmente pelo fato desse rio ser
chamado de “Rio Grande” nos EUA e devido configurações de navegador estarem ajustadas
para português e localização Brasil. A notícia original mexicana trata o rio como “Rio Bravo”.
Com os links dos veículos de comunicação foi possível era encontrar palavras chaves
no idioma original e em inglês. Foram escolhidas para serem pesquisadas no Twitter, “Julia Le
Duc”; “La Jornada”; “AP”, para saber se existem perfis oficiais e informações de
compartilhamento desses locais oficiais.
Julia Le Duc:
21 Disponível em:
https://www.google.com/search?q=pai+e+filha+afogados&oq=pai+e+filha+afogados&aqs=chrome..69i57j69i60j69i59j69i60
l2.925j0j4&sourceid=chrome&ie=UTF-8. Acesso em 12 de jul. 2019. 22 Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/06/25/internacional/1561496912_818134.html. Acesso em 12 de jul.
2019. 23 Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Julia_Le_Duc . Acesso em 12 de jul. 2019. 24 Disponível em: https://www.theguardian.com/us-news/2019/jun/25/they-wanted-the-american-dream-reporter-reveals-
story-behind-tragic-photo. Acesso em 12 de jul. 2019. 25 Disponível em: https://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,imagem-de-pai-e-filha-afogados-no-rio-grande-reflete-
drama-dos-que-se-arriscam-para-chegar-aos-eua,70002888092. Acesso em 12 de jul. 2019. 26 Disponível em: www.jornada.com.mx/ultimas/2019/06/24/padre-e-hija-mueren-ahogados-en-su-intento-por-llegar-a-eu-
9550.html. Acesso em 12 de jul. 2019. 27 Disponível em:
https://www.google.com/search?tbs=sbi:AMhZZiuU5HIA0xVX6LS8UHzNjBP_1drFKCJtkoiVjp3k_1K_17LN8CryMRAT
YoQ1gZZjMMFJWauP9ysuxhMhFkVLNJEO1Msq6Huo1ONFQwfsyUjMd4zZvejH6hvlAsa0pVDZlAm2SwXdfnBxmkfog
TG9uwyQkxvscqfttOi8ExkNgE82vDC2z06ZRsW8LMB5sRE6CviV0jol3U87kEA-eyJguhGSnEwn-
QXMYFMfRFlqU9QoZFZ4p9pBCqYQmGR_1EzvtDv-5M6W8OnDzIv9O2n-bmnXhL1gANii5fVw1-
vfXkqrzQnBziLbGVVHiDq_1Z8kPt7ovcDOAGUOkWqJclnNuME-AWTf98bA. Acesso em 12 de jul. 2019.
Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) | Mariana/MG | 10 e 11 de outubro 2019
Foi encontrado o perfil no Twitter de Julia Le Duc como @julialeduc, não foi
encontrado a publicação no seu perfil, mas publicações referentes à foto mencionando Le Duc
foram encontradas no Twitter a partir do dia 25 de junho. As publicações com maior número
de compartilhamento nessa rede foram de @jamieleecurtis, na madrugada de 26 de junho, com
1,2K retweets; @Breznican, no dia 25 de junho às 8:49, que apesar de ter tido 411 retweets,
teve 3,5k curtidas e @nytimes, dia 26 de junho, às 8:30, com 1,3k.
Hashtags encontradas:
#children #American #ImmigrationCrisis #ResistersForum #AsylumIsAHumanRight
#StopTheBorderSadism #USConcentrationCamps #CBPIsCrueltyPersonified
#OscarAlbertoMartinezRamirez #Valeria
Julia possui perfil no facebook, mas não publicou a imagem nessa rede, nem foram encontradas
referencias com seu nome.
Para La Jornada e AP foi necessário delimitar um período de tempo, porque devido
volume de publicações mencionando tais perfis, inclusive publicações dos próprios veículos, o
twitter limitou a pesquisa, não sendo encontrada nenhuma menção ao ocorrido. O período
escolhido foram os dias 24 a 27 de junho de 2019.
La Jornada:
Foi encontrado o perfil no Twitter @lajornadaonline, foram encontradas duas
publicações do perfil, a primeira, dia 25 de junho com 78 retweets e uma segunda em 26 de
junho com 160 retweets. Também não foram encontradas publicações referenciando
@lajornadaonline amplamente retweetadas, em compensação muitas publicações que
mencionaram @lajornadaonline incluíram hashtags: #immigration; #RioGrande;
#BorderCrisis; #Migrants; #ImmigrationCrisis; #ICE; #MAGA; #MonerosLaJornada; #Trump
#GuardiaNacional #Frontera #FronteraSur #Migración #MigrantChildren
#MigrationIsAHumanRight #RíoBravo #México #ElSalvador #migrantes #RioBravo
O perfil desse veículo publicou a imagem da capa de seu jornal impresso contendo a
imagem no dia 25 de junho. Houveram 60 compartilhamentos.
AP:
Em relação à Agencia The Associated Press, @AP, os resultados também não foram
expressivos, uma diferença significativa é o perfil @RAICESTEXAS que marcou @AP e teve
2,6k retweets. Foram encontradasas seguintes hashtags referenciando @AP com relação à
imagem: #migrant #Migrants #ImmigrationCrisis #ICE #MAGA; #WEEGEE
Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) | Mariana/MG | 10 e 11 de outubro 2019
Hashtags:
Foram utilizadas hashtags incorporadas nas imagens de Aylan Kurdi para encontrar
assimilações, uma vez que o trabalho buscou analisar elementos que possam ter impulsionado
a viralidade das imagens e essa é a mais antiga.
No Google Imagens não foram encontradas equivalências. Já no Instagram as hashtags
que referenciaram a imagem de Aylan #refugeeswelcome #refugee #crisis #refugeecrisis
#migrants referenciou as três fotografias, sendo #migrants a que relacionou mais vezes as
imagens.
Uma tendência percebida é o fato de os usuários utilizarem hashtags como localização
do contexto publicado. Essa tendência colabora e atrapalha ao mesmo tempo. Algumas hashtags
como #crisis abrangem uma infinidade de ocorrências que não referenciam as situações diversas
que não são relevantes para este estudo, #migrants e variações da palavra migrant referenciam
mais os contextos de migração para os EUA, enquanto hashtags que levam a palavra refugee e
suas variações contextualizam mais circunstancias de migração para Europa. Hashtags
incorporadas nas divulgações das imagens de 2018 e 2019 puderam ser encontradas em
compartilhamentos da imagens de Aylan, mas são publicações mais novas, que não referenciam
o contexto da viralidade da fotografia em 2015. De toda forma se mostram importantes para
atualização das variáveis que contextualizam situações de conflito mundo afora.
Imagens encontradas:
A busca por imagens utilizando as hashtags no Instagram foi realizada pela última vez
em 09 de outubro de 2019. As imagens são atualizadas constantemente e aparecem no feed ou
por ordem decrescente, com as imagens mais recentes aparecendo primeiro, ou de acordo com
a relevância determinada pela plataforma. Em ambos os casos, para encontrar as imagens
trabalhadas nessa pesquisa, é preciso rolar exaustivamente o feed e o print não dá conta de
mostrar que a imagem foi buscada por meio de determinado termo. Então, optou-se por realizar
três prints das opções que aparecem como “mais relevantes” em que a primeira linha da próxima
imagem é a extensão da última linha da imagem anterior:
Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) | Mariana/MG | 10 e 11 de outubro 2019
A #refugeeswelcome encontrou mais de 570 mil publicações com o termo:
Figura 11: Print da página de hashtag no Instagram. Disponível em:
https://www.instagram.com/explore/tags/refugeeswelcome/ Acesso em 09 de outubro de 2019.
A #refugee encontrou mais de 280 mil publicações:
Figura 12: Print da página de hashtag no Instagram. Disponível em: https://www.instagram.com/explore/tags/refugee/ Acesso
em 09 de outubro de 2019.
Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) | Mariana/MG | 10 e 11 de outubro 2019
A #refugees mais de 830 mil publicações:
Figura 13: Print da página de hashtag no Instagram. Disponível em: https://www.instagram.com/explore/tags/refugees/
Acesso em 09 de outubro de 2019.
A #crisis mais de 540 mil publicações:
Figura 14: Print da página de hashtag no Instagram. Disponível em https://www.instagram.com/explore/tags/crisis/ Acesso
em 09 de outubro de 2019.
Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) | Mariana/MG | 10 e 11 de outubro 2019
A #refugeecrisis não chegou a 100 mil publicações:
Figura 15: Print da página de hashtag no Instagram. Disponível em https://www.instagram.com/explore/tags/refugeecrisis/
Acesso em 09 de outubro de 2019.
#migrants encontrou pouco mais de 150 mil publicações:
Figura 16: Print da página de hashtag no Instagram. Disponível em https://www.instagram.com/explore/tags/migrants/ Acesso
em 09 de outubro de 2019.
Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) | Mariana/MG | 10 e 11 de outubro 2019
Considerações:
Percebemos que as hashtags, apesar de referenciarem contextos a cerca do termo,
encontram motivos visuais utilizados também para outros fins, além de referenciarem um
volume de dados tão grande que inviabiliza uma análise mais profunda e pormenorizada. No
entanto é possível observar que as hashtags #refugee #refugees #refugeecrisis encontram mais
imagens com crianças em situação de conflito. Entretanto, como dito anteriormente, os termos
são mais localizados, referenciando uma quantidade maior de situações de migração para o
continente europeu. Até julho de 2019, quando esse trabalho começou a ser escrito, o termo
#migrants referenciava bastante crianças e contextualizava situações mais ligadas à tentativa de
migração para os Estados Unidos. De outubro até 17 de novembro, período que demarca o fim
do presente estudo exploratório, percebemos uma mudança de contextualização em que o termo
tem referenciado com frequência imagens de crianças em situação de migração para Europa.
Dessa forma apesar das hashtags não deixarem de referenciar situações de migração e
encontrar fotografias de crianças em situação de conflito, não parece ser o elemento mais eficaz
por encontrar imagens demais e de todos os tipos e por localizar contextos de acordo com uma
tendência momentânea. Mas é importante para percebermos as atualizações dos termos mais
utilizados em publicações e a forte volatilidade presente nas redes sociais.
Referências:
AULICH, Jim. The Life of Images: The Iconography of the Photograph of Aylan Kurdi’s body and the
Turkiskiskish Policeman. The iconic image on social media: a rapid research response to the death of
Aylan kurdi. Visual Social Media Lab, University of Sheffield, 2015. Disponível em:
<http://visualsocialmedialab.org/projects/the-iconic-image-on-social-media>. 2015. P. 50-52,
BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas I. São Paulo: Brasiliense, 1985.
CAMPOS, Daniela Queiroz. Atlas Mnemosyne – uma nova proposta para a pesquisa visual.
Educação Gráfica (Online), v. 19, 2015. P. 50-61.
D’ORAZIO, Francesco. Journey of an Image: From a Beach in Bodrum to Twenty Million Screens
Acrossss the World. The iconic image on social media: a rapid research response to the death of Aylan
kurdi. Visual Social Media Lab, University of Sheffield, 2015. Disponível em:
<http://visualsocialmedialab.org/projects/the-iconic-image-on-social-media>, 2015. P. 11-18.
LAVOIE, Vicent. Visualizing Mass Exodus », Focales n° 2 : Le recours à l’archive, mis à jour le
13/06/2018, URL: https://focales.univ-st-etienne.fr/index.php?id=2225.
MENDONÇA, Carlos Magno Camargos; BIONDI, Angie. Dublê de corpo: a retórica do sofrimento
no fotojornalismo. Contracampo (UFF), v. 22, 2011. P. 16-30
Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) | Mariana/MG | 10 e 11 de outubro 2019
VIS, Farida; GORIUNOVA, Olga. The Iconic Image on Social Media: A Rapid Research Response
to the Death of Aylan Kurdi*. Visual Social Media Lab, University of Sheffield, 2015. Disponível em:
<http://visualsocialmedialab.org/projects/the-iconic-image-on-social-media>.
Wiebe E. Bijker, Thomas P. Hughes, and Trevor Pinch, eds., The Social Construction of
Technological Systems. Cambridge: MIT Press, 1993.