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Exercícios propostos Português capítulo 4 253 46. (Ime) Nas frases a seguir há erros ou improprie- dades. Reescreva-as e justifique a correção. a) “A situação dos aposentados ficará resolvida atravéz do decreto ora em discussão na Câmara.” b) “O mau das pesquisas é que não são feitas por meio de perguntas realmente adequadas.” 47. (IFSC) Assinale a alternativa na qual está correta a grafia de todas as palavras. a) Caso eles viagem em novembro, deicharão o carro conosco. b) A demição do xerife causou grande estranhesa no povoado. c) Com excessão dos arquitetos, todos os proficionais tinham contrato temporário. d) Por causa de uma distensão no ombro, era incapaz de grandes esforços. e) Eles foram avizados de que a greve traria graves prejuísos ao paíz. Texto para a próxima questão: Quando a rede vira um vício Com o título “Preciso de ajuda”, fez-se um desabafo aos integrantes da comunidade Viciados em Inter- net Anônimos: “Estou muito dependente da web. Não consigo mais viver normalmente. Isso é muito sério”. Logo obteve resposta de um colega de rede. “Estou na mesma situação. Hoje, praticamente vivo em frente ao computador. Preciso de ajuda.” O diálogo dá a dimensão do tormento provocado pela dependência em Internet, um mal que começa a ganhar relevo esta- tístico, à medida que o uso da própria rede se disse- mina. Segundo pesquisas recém-conduzidas pelo Cen- tro de Recuperação para Dependência de Internet, nos Estados Unidos, a parcela de viciados representa, nos vários países estudados, de 5% (como no Brasil) a 10% dos que usam a web — com concentração na faixa dos 15 aos 29 anos. Os estragos são enormes. Como ocorre com um viciado em álcool ou em drogas, o doente desenvolve uma tolerância que, nesse caso, o faz ficar on-line por uma eternidade sem se dar conta do exa- gero. Ele também sofre de constantes crises de absti- nência quando está desconectado, e seu desempenho nas tarefas de natureza intelectual despenca. Diante da tela do computador, vive, aí sim, momentos de rara euforia. Conclui uma psicóloga americana: “O viciado em internet vai, aos poucos, perdendo os elos com o mundo real até desembocar num universo paralelo — e completamente virtual”. Não é fácil detectar o momento em que alguém deixa de fazer uso saudável e produtivo da rede para estabelecer com ela uma relação doentia, como a que se revela nas histórias relatadas ao longo desta repor- tagem. Em todos os casos, a internet era apenas “útil” ou “divertida” e foi ganhando um espaço central, a ponto de a vida longe da rede ser descrita agora como sem sentido. Mudança tão drástica se deu sem que os pais atentassem para a gravidade do que ocorria. “Como a internet faz parte do dia a dia dos adolescen- tes e o isolamento é um comportamento típico dessa fase da vida, a família raramente detecta o problema antes de ele ter fugido ao controle”, diz um psiquiatra. A ciência, por sua vez, já tem bem mapeados os primei- ros sintomas da doença. De saída, o tempo na internet aumenta — até culminar, pasme-se, numa rotina de catorze horas diárias, de acordo com o estudo ame- ricano. As situações vividas na rede passam, então, a habitar mais e mais as conversas. É típico o apare- cimento de olheiras profundas e ainda um ganho de peso relevante, resultado da frequente troca de refei- ções por sanduíches — que prescindem de talheres e liberam uma das mãos para o teclado. Gradativa- mente, a vida social vai se extinguindo. Alerta outra psicóloga: “Se a pessoa começa a ter mais amigos na rede do que fora dela, é um sinal claro de que as coisas não vão bem”. Os jovens são, de longe, os mais propensos a extra- polar o uso da internet. Há uma razão estatística para isso — eles respondem por até 90% dos que navegam na rede, a maior fatia —, mas pesa também uma expli- cação de fundo mais psicológico, à qual uma recente pesquisa lança luz. Algo como 10% dos entrevistados (viciados ou não) chegam a atribuir à internet uma maneira de “aliviar os sentimentos negativos”, tão típicos de uma etapa em que afloram tantas angús- tias e conflitos. Na rede, os adolescentes sentem-se ainda mais à vontade para expor suas ideias. Diz um outro psiquiatra: “Num momento em que a própria personalidade está por se definir, a internet propor- ciona um ambiente favorável para que eles se expres- sem livremente”. No perfil daquela minoria que, mais tarde, resvala no vício se vê, em geral, uma combina- ção de baixa autoestima com intolerância à frustra- ção. Cerca de 50% deles, inclusive, sofrem de depres- são, fobia social ou algum transtorno de ansiedade. É nesse cenário que os múltiplos usos da rede ganham um valor distorcido. Entre os que já têm o vício , a maior adoração é pelas redes de relacionamento e pelos jogos on-line, sobretudo por aqueles em que não existe noção de começo, meio ou fim. Desde 1996, quando se consolidou o primeiro estudo de relevo sobre o tema, nos Estados Unidos, a dependência em internet é reconhecida — e tratada — como uma doença. Surgiram grupos especializados por toda parte. “Muita gente que procura ajuda ainda resiste à ideia de que essa é uma doença”, conta um psicólogo. O prognóstico é bom: em dezoito semanas de sessões individuais e em grupo, 80% voltam a níveis

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Exercícios propostosPortuguês capítulo 4

253

46. (Ime) Nas frases a seguir há erros ou improprie-dades. Reescreva-as e justifique a correção.

a) “A situação dos aposentados ficará resolvida atravéz do decreto ora em discussão na Câmara.”

b) “O mau das pesquisas é que não são feitas por meio de perguntas realmente adequadas.”

47. (IFSC) Assinale a alternativa na qual está correta a grafia de todas as palavras.

a) Caso eles viagem em novembro, deicharão o carro conosco.

b) A demição do xerife causou grande estranhesa no povoado.

c) Com excessão dos arquitetos, todos os proficionais tinham contrato temporário.

d) Por causa de uma distensão no ombro, era incapaz de grandes esforços.

e) Eles foram avizados de que a greve traria graves prejuísos ao paíz.

Texto para a próxima questão:

Quando a rede vira um vício

Com o título “Preciso de ajuda”, fez-se um desabafo aos integrantes da comunidade Viciados em Inter-net Anônimos: “Estou muito dependente da web. Não consigo mais viver normalmente. Isso é muito sério”. Logo obteve resposta de um colega de rede. “Estou na mesma situação. Hoje, praticamente vivo em frente ao computador. Preciso de ajuda.” O diálogo dá a dimensão do tormento provocado pela dependência em Internet, um mal que começa a ganhar relevo esta-tístico, à medida que o uso da própria rede se disse-mina. Segundo pesquisas recém-conduzidas pelo Cen-tro de Recuperação para Dependência de Internet, nos Estados Unidos, a parcela de viciados representa, nos vários países estudados, de 5% (como no Brasil) a 10% dos que usam a web — com concentração na faixa dos 15 aos 29 anos. Os estragos são enormes. Como ocorre com um viciado em álcool ou em drogas, o doente desenvolve uma tolerância que, nesse caso, o faz ficar on-line por uma eternidade sem se dar conta do exa-gero. Ele também sofre de constantes crises de absti-nência quando está desconectado, e seu desempenho nas tarefas de natureza intelectual despenca. Diante da tela do computador, vive, aí sim, momentos de rara euforia. Conclui uma psicóloga americana: “O viciado em internet vai, aos poucos, perdendo os elos com o mundo real até desembocar num universo paralelo — e completamente virtual”.

Não é fácil detectar o momento em que alguém deixa de fazer uso saudável e produtivo da rede para estabelecer com ela uma relação doentia, como a que se revela nas histórias relatadas ao longo desta repor-

tagem. Em todos os casos, a internet era apenas “útil” ou “divertida” e foi ganhando um espaço central, a ponto de a vida longe da rede ser descrita agora como sem sentido. Mudança tão drástica se deu sem que os pais atentassem para a gravidade do que ocorria. “Como a internet faz parte do dia a dia dos adolescen-tes e o isolamento é um comportamento típico dessa fase da vida, a família raramente detecta o problema antes de ele ter fugido ao controle”, diz um psiquiatra. A ciência, por sua vez, já tem bem mapeados os primei-ros sintomas da doença. De saída, o tempo na internet aumenta — até culminar, pasme-se, numa rotina de catorze horas diárias, de acordo com o estudo ame-ricano. As situações vividas na rede passam, então, a habitar mais e mais as conversas. É típico o apare-cimento de olheiras profundas e ainda um ganho de peso relevante, resultado da frequente troca de refei-ções por sanduíches — que prescindem de talheres e liberam uma das mãos para o teclado. Gradativa-mente, a vida social vai se extinguindo. Alerta outra psicóloga: “Se a pessoa começa a ter mais amigos na rede do que fora dela, é um sinal claro de que as coisas não vão bem”.

Os jovens são, de longe, os mais propensos a extra-polar o uso da internet. Há uma razão estatística para isso — eles respondem por até 90% dos que navegam na rede, a maior fatia —, mas pesa também uma expli-cação de fundo mais psicológico, à qual uma recente pesquisa lança luz. Algo como 10% dos entrevistados (viciados ou não) chegam a atribuir à internet uma maneira de “aliviar os sentimentos negativos”, tão típicos de uma etapa em que afloram tantas angús-tias e conflitos. Na rede, os adolescentes sentem-se ainda mais à vontade para expor suas ideias. Diz um outro psiquiatra: “Num momento em que a própria personalidade está por se definir, a internet propor-ciona um ambiente favorável para que eles se expres-sem livremente”. No perfil daquela minoria que, mais tarde, resvala no vício se vê, em geral, uma combina-ção de baixa autoestima com intolerância à frustra-ção. Cerca de 50% deles, inclusive, sofrem de depres-são, fobia social ou algum transtorno de ansiedade. É nesse cenário que os múltiplos usos da rede ganham um valor distorcido. Entre os que já têm o vício , a maior adoração é pelas redes de relacionamento e pelos jogos on-line, sobretudo por aqueles em que não existe noção de começo, meio ou fim.

Desde 1996, quando se consolidou o primeiro estudo de relevo sobre o tema, nos Estados Unidos, a dependência em internet é reconhecida — e tratada — como uma doença. Surgiram grupos especializados por toda parte. “Muita gente que procura ajuda ainda resiste à ideia de que essa é uma doença”, conta um psicólogo. O prognóstico é bom: em dezoito semanas de sessões individuais e em grupo, 80% voltam a níveis

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aceitáveis de uso da internet. Não seria factível, tam-pouco desejável, que se mantivessem totalmente dis-tantes dela, como se espera, por exemplo, de um alcoó-latra em relação à bebida. Com a rede, afinal, descor-tina-se uma nova dimensão de acesso às informações, à produção de conhecimento e ao próprio lazer, dos quais, em sociedades modernas, não faz sentido se privar. Toda a questão gira em torno da dose ideal, sobre a qual já existe um consenso acerca do razoá-vel: até duas horas diárias, no caso de crianças e ado-lescentes. Quanto antes a ideia do limite for sedimen-tada, melhor. Na avaliação de uma das psicólogas, “Os pais não devem temer o computador, mas, sim, orien-tar os filhos sobre como usá-lo de forma útil e saudá-vel”. Desse modo, reduz-se drasticamente a possibili-dade de que, no futuro, eles enfrentem o drama vivido hoje pelos jovens viciados.

Silvia Rogar e João Figueiredo, Veja, 24 de março de 2010. Adaptado.

48. (Col.Naval) Marque a opção cuja grafia de todas as palavras está correta.

a) Um sinal claro de nossa evazão social é termos mais amigos na rede do que fora dela.

b) A proposta do texto não parece estravagante. Há, de certa forma, a necessidade de se chegar a uma dose ideal no uso da internet.

c) Se uma vida mais consciente nos restitui a quase extinta vida social, que empecilhos mais fortes nos impediriam de desfrutá-la?

d) O fato de a dependência em internet ser uma doença não exclue, é obvio, o empenho de encorporarmos formas razoáveis de utilização da web.

e) Quem vive de forma mais displiscente não é capaz de perceber a drástica situação vivida pelos jovens na era digital. Mas aquele que atribue importância a essa realidade procura analisar tudo com cuidado. Texto para a próxima questão:

Os ideais da nossa Geração Y

Uma pesquisa inédita mostra como pensam os jovens que estão entrando no mercado de trabalho. Eles são bem menos idealistas que os americanos.

Daniella Cornachione

Quando o jornalista Otto Lara Resende, diante das câmeras de TV, pediu ao dramaturgo Nelson Rodri-gues que desse um conselho aos jovens telespectado-res, a resposta foi contundente: “Envelheçam!”. A reco-mendação foi dada no programa de entrevistas Pai-nel, exibido pela Rede Globo em 1977. Pelo menos no quesito trabalho, os brasileiros perto dos 20 anos de idade parecem dispensar o conselho. Apesar de come-çarem a procurar emprego num momento de oti-mismo econômico, quase eufórico, os jovens brasilei-ros têm expectativas de carreira bem menos idealis-tas que os americanos e europeus — e olha que por lá

eles estão enfrentando uma crise brava. É o que revela uma pesquisa da consultoria americana Universum, feita em 25 países. (...). No estudo, chamado Emprega-dor ideal, universitários expressam seus desejos em relação às empresas, em diversos quesitos. O Brasil é o primeiro país sul-americano a participar -- foram entrevistados mais de 11 mil universitários no país de fevereiro a abril.

De acordo com o estudo, dois em cada três univer-sitários brasileiros acham que o empregador ideal oferece, em primeiro lugar, treinamento e desenvol-vimento — quer dizer, a possibilidade de virar um profissional melhor. A mesma característica é valo-rizada só por 38% dos americanos, que colocam no topo das prioridades, neste momento, a estabilidade no emprego. Os brasileiros apontaram como segundo maior objetivo a possibilidade de empreender, criar ou inovar, numa disposição para o risco que parece estar diminuindo nos Estados Unidos.

O paulista Guilherme Mosaner, analista de negó-cios de 25 anos, representa bem as preocupações bra-sileiras. “O trabalho precisa ser desafiador. Tenho de aprender algo todo dia.” Mosaner trabalha há um ano e meio em uma empresa de administração de patri-mônio, mas acha improvável construir a carreira numa mesma companhia, assim como metade dos estudantes brasileiros entrevistados pela Universum. Entre as boas qualidades de um empregador, os uni-versitários incluem seu sucesso econômico e a valori-zação que ele confere ao currículo. “A gente sabe que não vai ficar 40 anos em um mesmo lugar, por isso já se prepara para coisas novas”, diz Mosaner.

Apesar de mais pragmáticos, os universitários bra-sileiros, assim como os americanos e europeus, consi-deram como objetivo máximo equilibrar trabalho e vida pessoal. Quem pensa em americanos como vicia-dos em trabalho e em europeus como cultivadores dos prazeres da vida talvez precise reavaliar as cren-ças diante da geração que está saindo da faculdade: o bom balanço entre trabalho e vida pessoal é a meta número um de 49% dos brasileiros, 52% dos europeus e... 65% dos americanos.

(ÉPOCA, 21 de junho de 2010)

49. (Epcar (Afa)) Assinale a alternativa em que confi-gura incorreção ortográfica.

a) ... um de quarenta e nove por cento dos brasileiros, cinquenta e dois por cento dos europeus e ... sessenta e cinco por cento dos americanos.

b) Os ideais de nossa geração ípsilon... c) .... uma pesquisa da consultoria americana

Universum, feita em vinte e cinco países e publicada...

d) ... exibido pela Rede Globo em mil novecentos e cetenta e sete.

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50. (CFTSC) Os substantivos abstratos terminados em “-ão”, geralmente derivados de verbos, costumam causar confusões ortográficas, porque alguns são escritos com final “-ção”, outros com “-são” e outros com “- ssão”. Ajudam-nos a decidir a grafia desses substantivos algumas regras simples, como estas:

I. Quando o radical verbal não sofre alteração, usa-se “-ção”.

Ex.: falar → falação;II. Quando um “d” no radical transformar-se no

fonema /s/, este será representado com “s” (entre consoante e vogal) ou “ss” (entre duas vogais).

Ex.: apreender → apreensão; conceder → concessão;III. Quando um “d” no radical transformar-se no

fonema /z/, este será representado com “s”. Ex.: confundir → confusão;

IV. Quando um “g” no radical transformar-se no fonema /s/, este será representado com “ç”.

Ex.: eleger → eleição. (Cuidado: emergir → emer-são; imergir → imersão).V. Quando o “t” dos verbos terminados em “tir” e

“meter” transformar-se no fonema /s/, este será representado com “ss”.

Ex.: permitir → permissão.

Observação: Não se deve esquecer também que, em derivações subsequentes, mantém-se o “ç”, “s” ou “ss”. Ex.: conceder → concessão → concessionária.

Com base nessas regras, assinale a única alterna-tiva na qual a grafia de ambas as palavras em desta-que está CORRETA: a) O caso teve grande REPERCUÇÃO e causou a

DEMIÇAO do secretário. b) Ainda que Olavo se mostrasse PRETENCIOSO às

vezes, jamais fazia ALUZÃO aos bens do pai. c) Chamavam-no REACIONÁRIO porque utilizava,

nas DISCUSSÕES do grupo, argumentos baseados em valores tradicionais.

d) A certeza da REPREENÇÃO paterna causava-lhe grande AFLISSÃO.

e) Casas de DIVERÇÃO muito suspeitas convidavam os jovens à TRANSGREÇÕES.

51. (UEL) Assinale a alternativa que preenche corre-tamente as lacunas da frase apresentada.

...... de corretas, respostas ...... e apressadas ...... os examinadores. a) Apesar - suscintas - decepicionaram b) Apesar - sucintas - decepcionaram c) Apezar - suscintas - decepcionaram d) Apesar - suscintas - decepcionaram e) Apezar - sucintas - decepicionaram

Texto para as próximas 2 questões:

Para Quem Quer Aprender a Gostar

01 “Talvez seja tão simples, tolo e natural que você nunca tenha parado para pensar: aprenda a fazer bonito o seu amor. Ou fazer o seu amor ser ou ficar bonito. Aprenda, apenas, a tão difícil arte de amar bonito. Gostar é tão fácil que ninguém aceita aprender.

02 Tenho visto muito amor por aí. Amores mesmo, bravios, gigantescos, descomunais, profun-dos, sinceros, cheios de entrega, doação e dádiva. Mas esbarram na dificuldade de se tornar bonitos. Ape-nas isso: bonitos, belos ou embelezados, tratados com carinho, cuidado e atenção. Amores levados com arte e ternura de mãos jardineiras.

03 Aí esses amores que são verdadeiros, eternos e descomunais de repente se percebem ameaçados apenas e tão-somente porque não sabem ser bonitos: cobram, exigem; rotinizam; descuidam; reclamam; deixam de compreender; necessitam mais do que ofe-recem; precisam mais do que atendem; enchem-se de razões. Sim, de razões. Ter razão é o maior perigo do amor. Quem tem razão sempre se sente no direito (e o tem) de reivindicar, de exigir justiça, equidade, equi-paração, sem atinar que o que está sem razão talvez passe por um momento de sua vida no qual não possa ter razão. Nem queira. Ter razão é um perigo: em geral enfeia o amor, pois é invocado com justiça, mas na hora errada. Amar bonito é saber a hora de ter razão.

04 Ponha a mão na consciência. Você tem cer-teza de que está fazendo o seu amor bonito? De que está tirando do gesto, da ação, da reação, do olhar, da saudade, da alegria do encontro, da dor do desen-contro a maior beleza possível? Talvez não. Cheio ou cheia de razões, você espera do amor apenas aquilo que é exigido por suas partes necessitadas, quando talvez dele devesse pouco esperar, para valorizar melhor tudo de bom que de vez em quando ele pode trazer. Quem espera mais do que isso sofre, e sofrendo deixa de amar bonito. Sofrendo, deixa de ser alegre, igual, irmão, criança. E sem soltar a criança, nenhum amor é bonito.

05 Não tema o romantismo. Derrube as cer-cas da opinião alheia. Faça coroas de margaridas e enfeite a cabeça de quem você ama. Saia cantando e olhe alegre. Recomendam-se: encabulamentos, ser pego em flagrante gostando; não se cansar de olhar, e olhar; não atrapalhar a convivência com teorizações; adiar sempre, se possível com beijos, ‘aquela conversa importante que precisamos ter’; arquivar, se possível, as reclamações pela pouca atenção recebida. Para quem ama, toda atenção é sempre pouca. Quem ama feio não sabe que pouca atenção pode ser toda a aten-ção possível. Quem ama bonito, não gasta o tempo dessa atenção cobrando a que deixou de ter.

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06 Não teorize sobre o amor (deixe isso para nós, pobres escritores que vemos a vida como a criança de nariz encostado na vitrina cheia de brinquedos dos nossos sonhos); não teorize sobre o amor; ame. Siga o destino dos sentimentos aqui e agora.

07 Não tenha medo exatamente de tudo o que você teme, como: a sinceridade; não dar certo; depois vir a sofrer (sofrerá de qualquer jeito); abrir o coração; contar a verdade do tamanho do amor que sente.

08 Jogue por alto todas as jogadas, estratage-mas, golpes, espertezas, atitudes sabidamente efica-zes (não é sábio ser sabido): seja apenas você no auge de sua emoção e carência, exatamente aquele você que a vida impede de ser. Seja você cantando desafi-nado, mas todas as manhãs. Falando besteira, mas criando sempre. Gaguejando flores. Sentindo o cora-ção bater como no tempo do Natal infantil. Revivendo os carinhos que intuiu em criança. Sem medo de dizer eu quero, eu gosto, eu estou com vontade.

09 Talvez aí você consiga fazer o seu amor bonito, ou fazer bonito o seu amor, ou bonitar fazendo o seu amor, ou amar fazendo o seu amor bonito (a ordem das frases não altera o produto), sempre que ele seja a mais verdadeira expressão de tudo o que você é, e nunca: deixaram, conseguiu, soube, pôde, foi possível, ser.

10 Se o amor existe, seu conteúdo já é manifesto. Não se preocupe mais com ele e suas definições. Cuide agora da forma. Cuide da voz. Cuide da fala. Cuide do cuidado. Cuide do carinho. Cuide de você. Ame-se o suficiente para ser capaz de gostar do amor e só assim poder começar a tentar fazer o outro feliz.”

(TÁVOLA, Arthur da. “Para quem quer aprender a amar”. In: COSTA, Dirce Maura Lucchetti et al. “Estudo de texto: estru-

tura, mensagem, re-criação”. Rio, DIMAC, 1987. P. 25-6)

52. (UECE) Do mesmo modo que “rotinizam”, pará-grafo 3, também se escreve com z:

a) anarqui_ar b) catali_ar c) eletroli_ar d) parali_ar

53. (UECE) Como “reivindicar”, parágrafo 3, e “estra-tagemas”, parágrafo 8, estão corretas as grafias das palavras:

a) aborígine, coxichar b) aquiecência, ressurreição c) assensorista, teimozice d) candeeiro, sucinto

Texto para a próxima questão:

Paranaguá, PR 1854AO BARATOSOARES & MAVIGNIER

RUA DA ORDEM N0. 1 EM PARANAGUÁEsta nova loja de fazendas acaba de receber pelo

vapor Maracanã o seguinte: Chales de touquim; leques de madreperola e de marfim, bengallas d’ unicorne;

mantelletes guarnecidas de filó e rendas de seda; pale-tós de cassa e filó bordado, para sras. e meninas; cami-sinhas inteiramente modernas, infeitadas com ren-das de seda; sedas lavradas e de xadrês; nobrezas fur-ta-cores e preta; tapetes para shopás; chapéos de sol; ditos de mollas para cabeça; toucados para sras; gri-naldas francezas; camisas ditas, peitos para cami-sas; merinós setins de cores; gravatinhas de touquim para sras; panno de linho para lencóes com 10 palmos de largura; véos pretos, sarja espanholla e franceza. Além d’ estas fazendas, encontra-se na mesma casa um extraordinário e variado sortimento de fazendas grossas e de gosto; chapéos e calçados para homens e sras. e artigos de armarinho.

(Fonte: O 19 de dezembro, 22 de abril de 1854)

54. (Pucpr) “Sophás”, “chapéos”, “franceza” e “panno” são palavras do vocabulário atual, mas que sofre-ram modificação ortográfica, isto é, tiveram sua gra-fia reformulada.

Selecione a alternativa FALSA em relação ao que se afirma sobre ortografia: a) A ortografia é uma convenção que não obedece a

regras. b) A forma ortográfica das palavras é uma convenção

para seu registro escrito, porém, não impede certas variações para pronunciá-las. Por exemplo, a palavra TOMATE só tem essa forma gráfica, mas sua pronúncia pode variar.

c) Dicionários são fontes de referência para se buscar a ortografia das palavras.

d) A palavra “franceza” passou a ser registrada com S (francesa) atendendo à regra que determina que os adjetivos empregados para indicar lugar de origem se escrevem com -ESA, no final.

e) Existem muitas regras que uniformizam a grafia de conjuntos de palavras; portanto, saber o modo de registrar inúmeras palavras não é conhecimento que depende exclusivamente de memorização.

55. (FGV) Assinale a alternativa em que todas as pala-vras estão escritas de acordo com a ortografia oficial do Brasil.

a) A Volks ainda está em acensão no país, apesar do excesso de concorrentes.

b) A obsessão pelo contexto faz do problema, quase sempre, uma solução privilegiada.

c) O viez do mercado é importante, porque qualidade é percepção de mercado.

d) As montadoras não conseguem esvasiar os páteos, por maiores descontos que deem.

e) Super-homem nasceu digitalizado, mas vêm sendo projetado em modo analógico.

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Texto para a próxima questão:

Quem é o criminoso?

“Outro dia, durante uma conversa despretensiosa, um dos líderes da Central Única de Favela (Cufa), entidade surgida no Rio de Janeiro para representar os favelados do país, descrevia uma cena que presen-ciou durante anos a fio em sua vida: ‘É o bacana da Zona Sul estacionar seu Mitsubishi no pé do morro e comprar cocaína de um garotinho de 12 anos’. Em seguida, fez uma pergunta perturbadora: ‘Quem é o criminoso? O bacana da Zona Sul ou o garoto de 12 anos?’ E deu a resposta: ‘Para vocês, o garoto de 12 anos tem de ser preso porque ele é um traficante de drogas. Para nós, tem de prender o bacana da Zona Sul porque ele está aliciando menores para o crime’. Não resta dúvida de que a situação retrata um dilema poderoso: de um lado, tem-se uma vítima do vício induzida ao crime de comprar drogas e, de outro, tem-se uma vítima da pobreza e da desigualdade 5indu-zida ao crime de vendê-las. Na cegueira legal em que vivemos, a solução é simples: prendem-se vendedor e comprador.

(...)Começa agora a surgir uma alternativa mais rea-

lista com a intenção do governo federal de implantar a chamada 1’política de redução de danos’. Ou seja: em vez de punir os 3usuários, tratando-os como crimino-sos, passa-se a encará-los como doentes e atendê-los de modo a reduzir os riscos a que estão 4expostos - como a overdose, aids, hepatite e outras doenças. É mais realista porque 6a repressão do uso de drogas é uma política bem-intencionada, na qual se pretende a purificação pela via da punição, mas que tem se mos-trado sistematicamente falha. A ideia brasileira - já em uso em outros países, e não apenas na Holanda - é um pedaço de bom senso e humildade. 2Encarar um viciado como doente é um enfoque justo e generoso.”

André Petry. Revista VEJA, 24 de novembro de 2004, p. 50.

56. (CFTCE) Como “expostos” (ref. 4), escrevem-se com “x”:

a) engra__ate; fa__ina; ori__á; __ereta b) coquelu__e; pi__aim; __ícara; col__a c) __arope; lu__o; apetre__o; co__i__o d) en__urrada; bo__e__a; en__ente; e__ato e) __acal; __eque; __á (bebida); __ale

Texto para a próxima questão:

COTAS E NADA MAIS

A simplicidade com que alguns formuladores de política pública .....1..... o mundo às vezes leva a situa-ções inusitadas. É o caso da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, que implantou um sistema de cotas para a admissão de candidatos que .....2..... de escola pública e/ou que se autodeclararem negros ou pardos.

A Uerj não se apercebeu de que, sem uma estrutura de apoio aos estudantes mais carentes, o sistema de cotas corre o risco de se tornar um factoide que ali-menta os fenômenos de evasão escolar e deficiência de aprendizado.

No Brasil, a política pública para inclusão social por vezes prefere .....3..... de maior impacto midiático .....4..... de base. Cotas não vão sanar o déficit de for-mação acumulado pelo aluno. Tampouco garantirão a permanência do estudante em cursos que não raro exigem dedicação integral. É como se o problema de consciência dos legisladores estivesse revolvido com a presença de alunos pobres na lista de aprovados do vestibular.

Uma política efetiva para o ingresso de jovens carentes nas boas universidades deveria começar no Ensino Médio, com a melhoria de sua qualidade e a disseminação de cursos pré-vestibulares para esta faixa de renda. (...) Mas começou-se a construir a casa pelo telhado, com uma política de cotas malajam-brada, o que avilta o princípio do mérito, que deveria nortear a vida universitária. (...)

É preciso agregar mais racionalidade ao debate sobre cotas, por mais que alguns defensores do poli-ticamente correto não hesitem em tachar de racista qualquer crítica ao sistema.

Folha de São Paulo (editorial) 11/02/03.

57. (Pucrs) As palavras que preenchem correta-mente as lacunas 1 e 2 do primeiro parágrafo são, respectivamente:

a) enxergam / provirem b) enchergam / provirem c) enxergam / provissem d) enxergam / provierem e) enchergam / provierem

Texto para a próxima questão:

Como Será a Vida Daqui a Mil Annos?

[Publicado na Folha da Manhã, em 7 de janeiro de 1925. A grafia original foi mantida.]

Dentro de mil annos todos os habitantes da terra, homens e mulheres, serão absolutamente calvos. A differença entre o vestir do homem e da mulher será insignificante, vestindo ambos quasi pela mesma forma: uma especie de malha, feita de materiais syn-theticos, acobertada por um metal ductil e flexivel, que servirá de antena receptora de mensagens radio-telephonicas e outros usos scientificos da época. O homem não mais perderá um terço da sua existencia dormindo, como actualmente, facto aliás incommodo para os homens de negocios e, especialmente, para os moços.

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Ao simples contacto de um botão electrico, a raça humana se alimentará por um tubo conductor de ali-mentos syntheticos. Esta especie de alimentos artifi-ciaes terá a vantagem de ser adquirida com abundan-cia, a preços baixos. Não se terá, tambem, necessidade de pensar no inverno, nem nas altas contas de con-sumo do carvão, porque a esse tempo o calor atmos-pherico será produzido artificialmente e enviado em derredor do planeta por meio de estações gera-trizes, eliminando, entre outras molestias, os catar-ros e pneumonias, posto que, de primeiro de Janeiro a 31 de Dezembro, a temperatura seja a mesma - 70 gráos Fharenheit.

Um sabio professor inglez, o sr. A. M. Low, refe-rindo-se a estes phenomenos no seu recente e inte-ressante livro “Futuro”, afirma: “estas previsões não constituem sonho, pois que se baseam na ‘curva civi-lizadora’, que demonstra graphicamente a impres-sionante velocidade com que caminha a sciencia hodierna. Há poucos annos, as communicações sem fio alcançavam poucos metros. Hoje, attingem a lua.”

Este novo Julio Verne affirma, em seu livro, que as formigas, como as abelhas, não dormem. E pergunta: - por que não póde fazer o mesmo a humanidade? O somno não é sinão uma fucção physiologica que car-rega de energia as cellulas cerebraes. E as experien-cias do dr. Crile, e de outros sabios, induzem a possi-bilidade de fazer-se esta carga artificialmente. A ener-gia vital, que conserva o funccionamento do corpo, é, não há de negar, uma fucção eletrica. Si se pudesse obter um systhema pelo qual o corpo absorvesse essa eletricidade da atmosphera, certo não seria necessa-rio o somno para que se recuperassem as energias dis-pendidas e se continuasse a viver.

O professor Low acredita na proximidade dessa invenção, que evitaria ao homem, cançado pelo traba-lho ou pelo prazer, a necessidade de um somno restau-rador, effeito que elle obteria directamente do ether, por intermedio de suas vestes, perfeitamente appa-relhadas com um metal conductor e ondas de radio que lhe proporcionariam a parte de energia necessa-ria para continuar de pé, por mais um dia. Dess’arte, nas farras ou defronte á mesa de trabalho, receber-se-ia, através das vestes, a energia reparadora, suffi-ciente para que o prazer ou a tarefa continuassem por tempo indefinido, sem o menor cançaço.

Referindo-se á queda do cabello, o professor Low affirma que, dentro de mil annos, a raça humana será absolutamente calva. E attribue estes effeitos aos constantes cortes de cabello, tanto nos homens como as mulheres e aos ajustados chapéos, que farão cahir a cabelleira que herdamos dos monos - doadores liberaes do abundante pelo que nos cobre da cabeça aos pés, mas que a pressão occasionada pelos vesti-dos e calçados fará desapparecer totalmente. Affirma ainda o sabio professor que, por essa occasião, o espaço estará crivado de aeronaves, cujo aperfeiçoa-mento garantirá um minimo de accidentes, consti-tuindo grande commodidade sem ameaça de perigo. E as aeronaves não terão necessidade de motor por-

que receberão a energia de que carecem do calor solar, concentrado em gigantescas estações receptoras.

O aeroplano de 2.926 será manufaturado de mate-rial synthetico, recoberto por uma rêde de fios que, como o nosso systema nervoso, permittirá o controle das forças naturaes, hoje vencidas, em parte, mas que arrastam, constantemente, espaço em fóra, os pesa-dos passaros de aço dos nossos dias. Os relogios sof-frerão, egualmente, uma grande transformação: assingnalar com tres e quatro dias de antecedencia as mudanças atmosphericas que se realizarão. Mas, este phenomeno não terá importancia alguma, pois que a luz e o calor solar, transmitidos á distancia por gigantescas estações, estrategicamente collocadas no planeta, não sómente darão uma temperatura fixa e permanente durante o anno, como tambem torna-rão habitaveis regiões hoje desoladas, como os polos Norte e Sul, necessidade inadiavel então, em virtude da superpopulação do mundo.

O sabio inglez prevê ainda o desapparecimento dos grande diarios, que serão substituidos por livros, magazines illustrados e revistas especiaes, porque - continua Low, dentro de mil annos, pouco mais ou menos, com o premir de um simples botão elec-trico, receber-se-ão informações de todas as partes do mundo, o que não impedirá que, ao contacto de outro, se veja na tela-visão, que cada casa possuirá, ao mesmo tempo, uma corrida de cavallos em Bel-mont-Park, Longchamps ou Paris, ainda que se resida numa villa da America ou da Africa.

Quanto á maternidade, haverá um perfeito con-trole, não somente para evitar que o planeta se povoe de uma quantidade de gente superior a que póde conter commodamente, como tambem para impe-dir o nascimento dos feios e aleijões, ainda que este controle tenha que se tornar inusitado, por isso que, mais adeante, a producção se fará em laboratorios, a carga dos homens de sciencia. Desta sorte, obter-se-ão mulheres e homens perfeitos, possuidores de mara-vilhosos cerebros, pois que, sob a égide dos sabios, a maternidade tornar-se-á profissional, permittindo o cruzamento scientifico cujos resultados serão a trans-formação das mulheres em Venus de Milo, com bra-ços, e dos homens em super-homens de cerebração superior aos maiores genios que existiram.

Assim diz o sabio professor A. M. Low, que termina o seu interessante e sensacional livro afirmando: “recordae que faz poucos annos que Galileu foi sen-tenciado a perder a vida ou a negar as leis da gra-vitação”... É lastimavel que não possamos alcançar essa época!

Disponível em: www.folha.ad.uol.com.br/click.ng. Acesso em: 5 set. 2007. [Adaptado].

58. (UFGV) Explique por que, quanto à composi-ção ortográfica, o texto integra a memória da língua portuguesa escrita. Justifique sua resposta apresen-tando dois exemplos retirados do texto.

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59. (Unicamp) Reportagem da “Folha de São Paulo” informa que o presidente do Brasil assinou decreto estabelecendo prazos para o país colocar em prática o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que unifica a ortografia nos países de língua portuguesa. Na matéria, o seguinte quadro comparativo mostra alterações na ortografia estabelecidas em diferen-tes datas:

Após as reformas de 1931 e 1943

Êles estão tranqüilos porque provàvelmente não crêem em fantasmas

Após as alterações de 1971

Eles estão tranqüilos porque provavelmente não crêem em fantasmas

Após o novo acordo, a vigorar a partir de

janeiro de 2009

Eles estão tranquilos porque provavelmente não creem em fantasmas

Sobre o acordo, a reportagem ainda informa:As regras do Novo Acordo Ortográfico da Língua

Portuguesa, que entram em vigor no Brasil a partir de janeiro de 2009, vão afetar principalmente o uso dos acentos agudo e circunflexo, do trema e do hífen. Cui-dado: segundo elas, você não poderá mais dizer que foi mordido por uma jibóia, e sim por uma jiboia. (...)

Adaptado de E. Simões, Que língua é essa? “Folha de S. Paulo”, Ilustrada, p. 1, 28/09/2008.

a) O excerto acima supõe que alterações ortográficas modifiquem o modo de falar uma língua. Mostre a palavra utilizada que permite essa interpretação. Levando-se em consideração o quadro comparativo das mudanças ortográficas e a suposição expressa no excerto, explique o equívoco dessa suposição.

Ainda sobre a reforma ortográfica, Diogo Mai-nardi escreveu o seguinte:

Eu sou um ardoroso defensor da reforma ortográ-fica. A perspectiva de ser lido em Bafatá, no interior da Guiné-Bissau, da mesma maneira que sou lido em Carinhanha, no interior da Bahia, me enche de entu-siasmo. Eu sempre soube que a maior barreira para o meu sucesso em Bafatá era o C mudo [como em facto na ortografia de Portugal] (...)

D. Mainardi, Uma reforma mais radi-cal. Revista VEJA, p. 129, 8/10/2008.

b) O excerto acima apresenta uma ironia. Em que consiste essa ironia? Justifique.

60. (Fuvest) O Autoclismo da Retrete

RIO DE JANEIRO - Em 1973, fui trabalhar numa revista brasileira editada em Lisboa. Logo no primeiro dia, tive uma amostra das deliciosas diferenças que nos separavam, a nós e aos portugueses, em matéria de língua. Houve um problema no banheiro da reda-ção e eu disse à secretária: “Isabel, por favor, chame o bombeiro para consertar a descarga da privada.” Isa-bel franziu a testa e só entendeu as quatro primeiras palavras. Pelo visto, eu estava lhe pedindo que cha-masse a Banda do Corpo de Bombeiros para dar um concerto particular de marchas e dobrados na reda-ção. Por sorte, um colega brasileiro, em Lisboa havia algum tempo e já escolado nos meandros da língua, traduziu o recado: “Isabel, chame o canalizador para reparar o autoclismo da retrete.” E só então o belo rosto de Isabel se iluminou.

Ruy Castro, “Folha de S. Paulo”.

a) Em São Paulo, entende-se por “encanador” o que no Rio de Janeiro se entende por “bombeiro” e, em Lisboa, por “canalizador”. Isto permitiria afirmar que, em algum desses lugares, ocorre um uso equivocado da língua portuguesa? Justifique sua resposta.

b) Uma reforma que viesse a uniformizar a ortografia da língua portuguesa em todos os países que a utilizam evitaria o problema de comunicação ocorrido entre o jornalista e a secretária. Você concorda com essa afirmação? Justifique.

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Exercícios propostosPortuguês capítulo 5

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Texto para as próximas 2 questões:

Recordações do escrivão Isaías Caminha

Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa espécie de animal. O que observei neles, no tempo em que estive na redação do O Globo, foi o bastante para não os amar, nem os imitar. São em geral de uma lasti-mável limitação de ideias, cheios de fórmulas, de recei-tas, só capazes de colher fatos detalhados e impotentes para generalizar, curvados aos fortes e às ideias ven-cedoras, e antigas, adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guiados por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo critério de beleza. Se me esforço por fazê-lo literário é para que ele possa ser lido, pois quero falar das minhas dores e dos meus sofrimentos ao espí-rito geral e no seu interesse, com a linguagem acessí-vel a ele. É esse o meu propósito, o meu único propó-sito. Não nego que para isso tenha procurado mode-los e normas. Procurei-os, confesso; e, agora mesmo, ao alcance das mãos, tenho os autores que mais amo. (...) Confesso que os leio, que os estudo, que procuro descobrir nos grandes romancistas o segredo de fazer. Mas não é a ambição literária que me move ao pro-curar esse dom misterioso para animar e fazer viver estas pálidas Recordações. Com elas, queria modificar a opinião dos meus concidadãos, obrigá-los a pensar de outro modo, a não se encherem de hostilidade e má vontade quando encontrarem na vida um rapaz como eu e com os desejos que tinha há dez anos passados. Tento mostrar que são legítimos e, se não merecedores de apoio, pelo menos dignos de indiferença.

Entretanto, quantas dores, quantas angústias! Vivo aqui só, isto é, sem relações intelectuais de qual-quer ordem. Cercam-me dois ou três bacharéis idiotas e um médico mezinheiro, repletos de orgulho de suas cartas que sabe Deus como tiraram. (...) Entretanto, se eu amanhã lhes fosse falar neste livro - que espanto! que sarcasmo! que crítica desanimadora não fariam. Depois que se foi o doutor Graciliano, excepcional-mente simples e esquecido de sua carta apergami-nhada, nada digo das minhas leituras, não falo das minhas lucubrações intelectuais a ninguém, e minha mulher, quando me demoro escrevendo pela noite afora, grita-me do quarto:

– Vem dormir, Isaías! Deixa esse relatório para amanhã!

De forma que não tenho por onde aferir se as minhas Recordações preenchem o fim a que as destino; se a minha inabilidade literária está prejudicando completamente o seu pensamento. Que tortura! E não é só isso: envergonho-me por esta ou aquela passagem em que me acho, em que me dispo em frente de des-conhecidos, como uma mulher pública... Sofro assim

de tantos modos, por causa desta obra, que julgo que esse mal-estar, com que às vezes acordo, vem dela, unicamente dela. Quero abandoná-la; mas não posso absolutamente. De manhã, ao almoço, na coletoria, na botica, jantando, banhando-me, só penso nela. À noite, quando todos em casa se vão recolhendo, insen-sivelmente aproximo-me da mesa e escrevo furiosa-mente. Estou no sexto capítulo e ainda não me preo-cupei em fazê-la pública, anunciar e arranjar um bom recebimento dos detentores da opinião nacional. Que ela tenha a sorte que merecer, mas que possa tam-bém, amanhã ou daqui a séculos, despertar um escri-tor mais hábil que a refaça e que diga o que não pude nem soube dizer.

(...) Imagino como um escritor hábil não saberia dizer o que eu senti lá dentro. Eu que sofri e pensei não o sei narrar. Já por duas vezes, tentei escrever; mas, relendo a página, achei-a incolor, comum, e, sobre-tudo, pouco expressiva do que eu de fato tinha sentido.

LIMA BARRETO

Recordações do escrivão Isaías Caminha. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2010.

61. (UERJ) O personagem Isaías Caminha faz críti-cas àqueles que ele denomina “literatos”. No primeiro parágrafo, podemos entender que os chamados litera-tos são escritores com a característica de:

a) carecer de bons leitores b) negar o talento individual c) repetir regras consagradas d) apresentar erros de escrita

62. (UERJ) O emprego de sinais de pontuação con-tribui para a construção do sentido dos textos. O emprego de exclamações, no segundo parágrafo, reforça o seguinte elemento relativo ao narrador:

a) ironia b) mágoa c) timidez

d) insegurança

63. (UEPG) Prova de amor

“Meu bem, deixa crescer a barba para me agradar”, pediu ele.

E ela, num supremo esforço de amor, começou a fiar dentro de si e a laboriosamente expelir aqueles novos pelos, que na pele fechada feriam caminho.

Mas quando, afinal, doce barba cobriu-lhe o rosto, e com orgulho expectante entregou sua estranheza àquele homem: “Você não é mais a mesma”, disse ele.

E se foi.Adaptado de: COLASANTI, Marina. Contos de amor

rasgados. Rio de Janeiro, Rocco, 1986. p.165.

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Com relação ao texto, assinale o que for correto. 01) Por meio da linguagem literária, a autora cria

uma situação fictícia para analisar as relações humanas.

02) O texto é um exemplo de texto literário em prosa. 04) Com o desfecho, mostra-se a decepção do homem

com a falta de amor da mulher por ele. 08) Pela característica idealizada das personagens

do texto, pode-se afirmar que a autora Marina Colasanti foi uma das principais autoras do Romantismo brasileiro. Textos para a próxima questão:

Soneto

Os teus olhos gentis, encantadores,Tua loira madeixa delicada,Tua boca por Vênus invejada,Onde habitam mil cândidos amores:

Os teus braços, prisão dos amadores ,Os teus globos de neve congelada,Serão tornados breve a cinza!... a nada!...Aos teus amantes causarão horrores!...

Céus! e hei-de eu amar uma beleza,Que à cinza reduzida brevementeHá-de servir de horror à Natureza!...

Ah! mandai-me uma luz resplandecente,Que minha alma ilumine, e com purezaSó ame um Deus, que vive eternamente.

(José da Natividade Saldanha. Poemas ofe-recidos aos amantes do Brasil. 1822.)

Soneto

Podre meu Pai! A Morte o olhar lhe vidra.Em seus lábios que os meus lábios osculamMicro-organismos fúnebres pululamNuma fermentação gorda de cidra.

Duras leis as que os homens e a hórrida hidraA uma só lei biológica vinculam,E a marcha das moléculas regulam,Com a invariabilidade da clepsidra!...

Podre meu Pai! E a mão que enchi de beijosRoída toda de bichos, como os queijosSobre a mesa de orgíacos festins!...

Amo meu Pai na atômica desordemEntre as bocas necrófagas que o mordemE a terra infecta que lhe cobre os rins!

(Augusto dos Anjos. Eu. 1935.)

64. (Unesp) Ao abordarem o tema da morte, os dois poemas transcritos, de José da Natividade Saldanha e Augusto dos Anjos, se identificam pelo mesmo sen-timento inicial de horror à corrupção do corpo cau-sada pela morte. Leia com atenção os dois sonetos e, a seguir,

a) aponte a solução encontrada pelo eu-poemático, no poema de Saldanha, ante o horror que a corrupção do corpo da mulher lhe causa;

b) explique em que medida, no soneto de Augusto dos Anjos, é diferente o sentimento final do eu-poemático ante a pessoa morta.

Textos para a próxima questão:

Texto ILíngua portuguesa

Olavo Bilac

Última flor do Lácio, inculta e bela,És, a um tempo, esplendor e sepultura:Ouro nativo, que na ganga impuraA bruta mina entre os cascalhos vela (...)

Observação: Última flor do Lácio = Lácio é uma região na Itália central onde se falava latim. Muitas línguas derivam do latim, como o francês, o espanhol e o italiano; a última delas foi a língua portuguesa, conforme diz o poema, que também a caracteriza como inculta, ou seja, não lapidada, em comparação às outras também formadas a partir do latim.

Vocabulárioganga = matéria inútil que se separa dos mineraisvela = permanece de vigia

(Olavo Bilac. Tarde. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Adaptado)

Texto II[…] Fiquei pensando: “Mas o poeta disse sepul-

tura?! O tal de Lácio eu não sabia onde ficava, mas de sepultura eu entendia bem, disso eu entendia!”, repen-sei baixando o olhar para a terra. Se eu escrevia (e já escrevia) pequenos contos nessa língua, quer dizer que era a sepultura que esperava por esses meus escri-tos? Fui falar com meu pai. […] Olha aí, pai, o poeta escreveu com todas as letras, nossa língua é sepultura mesmo, tudo o que a gente fizer vai pra debaixo da terra, desaparece!

Calmamente ele pousou o cigarro no cinzeiro ao lado. Pegou os óculos. O soneto é muito bonito, disse-me encarando com severidade. Feio é isso, filha, isso de querer renegar a própria língua. Se você chegar a escrever bem, não precisa ser em italiano ou espanhol ou alemão, você ficará na nossa língua mesmo, está me compreendendo?

(Lygia Fagundes Telles. Durante aquele estranho chá: perdi-dos e achados. Rio de Janeiro: Rocco, 2002. p. 109-111. Adaptado)

65. (IFSP) No trecho – “O tal de Lácio eu não sabia onde ficava, mas de sepultura eu entendia bem”,... – a expressão “O tal de Lácio” revela um uso de lingua-gem apropriado

a) às situações de emprego da norma-padrão. b) às situações de fala, em conversas. c) à manifestação de respeito pelo local indicado. d) aos autores de literatura clássica. e) a um discurso em situação de extrema

formalidade.

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Texto para a próxima questão: Miguilim espremia os olhos. Drelina e a Chica

riam. Tomezinho tinha ido se esconder.— Este nosso rapazinho tem a vista curta. Espera

aí, Miguilim...E o senhor tirava os óculos e punha-os em Migui-

lim, com todo o jeito.— Olha, agora!Miguilim olhou. Nem não podia acreditar! Tudo

era uma claridade, tudo novo e lindo e diferente, as coisas, as árvores, as caras das pessoas. Via os grão-zinhos de areia, a pele da terra, as pedrinhas menores, as formiguinhas passeando no chão de uma distância. E tonteava. Aqui, ali, meu Deus, tanta coisa, tudo... O senhor tinha retirado dele os óculos, e Miguilim ainda apontava, falava, contava tudo como era, comotinha visto. Mãe esteve assim assustada; mas o senhor dizia que aquilo era do modo mesmo, só que Miguilim tam-bém carecia de usar óculos, dali por diante. O senhor bebia café com eles. Era o doutor José Lourenço, do Curvelo. Tudo podia. Coração de Miguilim batia des-compassado, ele careceu de ir lá dentro, contar à Rosa, à Maria Pretinha, a Mãitina. A Chica veio correndo atrás, mexeu: — “Miguilim, você é piticego...” E ele res-pondeu: — “Donazinha...”

Quando voltou, o doutor José Lourenço já tinha ido embora.

(Guimarães Rosa. Manuelzão e Miguilim. “Campo Geral”)

66. (Ita) Os diminutivos do segmento contribuem para criar uma linguagem

a) afetada. b) afetiva. c) arcaica. d) objetiva. e) rebuscada.

67. (Insper) Da fala ao grunhido

Outro dia, ouvi um professor de português afir-mar que, em matéria de idioma, não existe certo nem errado, ou seja, tudo está certo. Tanto faz dizer “nós vamos” como “nós vai”. Ouço isso e penso: que sujeito bacana, tão modesto que é capaz de sugerir que seu saber de nada vale.

Mas logo me indago: será que ele pensa isso mesmo ou está posando de bacana, de avançadinho? (...) A conclusão inevitável é que o professor deveria mudar de profissão porque, se acredita que as regras não valem, não há o que ensinar.

Mas esse vale-tudo é só no campo do idioma, não se adota nos demais campos do conhecimento. Não vejo um professor de medicina afirmando que a tuber-culose não é doença, mas um modo diferente de saúde, e que o melhor para o pulmão é fumar charutos.

É verdade que ninguém morre por falar errado, mas, certamente, dizendo “nós vai” e desconhecendo as normas da língua, nunca entrará para a universi-dade, como entrou o nosso professor.

Ferreira Gullar, Folha de S. Paulo, 25/03/2012.

Ao se manifestar quanto ao que seja “correto” ou “incorreto” no uso da língua portuguesa, o autor a) mostra que inexistem critérios para definir graus

de superioridade entre linguagens. b) defende que as aulas de Português sejam abolidas

nas escolas. c) compara a normatividade das gramáticas à

objetividade da ciência. d) julga igualmente válidas todas as variedades da

língua portuguesa. e) ironiza pessoas que corrigem formas condenáveis

de linguagem. Texto para a próxima questão:

O tempo em que o mundo tinha a nossa idade5Nesse entretempo, ele nos chamava para escu-

tarmos seus imprevistos improvisos. 1As estórias dele faziam o nosso lugarzinho crescer até ficar maior que o mundo. Nenhuma narração tinha fim, o sono lhe apagava a boca antes do desfecho. 9Éramos nós que recolhíamos seu corpo dorminhoso. 6Não lhe deitáva-mos dentro da casa: ele sempre recusara cama feita. 10Seu conceito era que a morte nos apanha deitados sobre a moleza de uma esteira. Leito dele era o puro chão, lugar onde a chuva também gosta de deitar. Nós simplesmente lhe encostávamos na parede da casa. Ali ficava até de manhã. Lhe encontrávamos coberto de formigas. Parece que os insectos gostavam do suor docicado do velho Taímo. 7Ele nem sentia o corrupio do formigueiro em sua pele.

− Chiças: transpiro mais que palmeira!Proferia tontices enquanto ia acordando. 8Nós lhe

sacudíamos os infatigáveis bichos. Taímo nos sacudia a nós, incomodado por lhe dedicarmos cuidados.

2Meu pai sofria de sonhos, saía pela noite de olhos transabertos. Como dormia fora, nem dávamos conta. Minha mãe, manhã seguinte, é que nos convocava:

− Venham: papá teve um sonho!3E nos juntávamos, todos completos, para escu-

tar as verdades que lhe tinham sido reveladas. Taímo recebia notícia do futuro por via dos antepassados. Dizia tantas previsões que nem havia tempo de pro-var nenhuma. Eu me perguntava sobre a verdade daquelas visões do velho, estorinhador como ele era.

− Nem duvidem, avisava mamã, suspeitando-nos.E assim seguia nossa criancice, tempos afora.

4Nesses anos ainda tudo tinha sentido: a razão deste mundo estava num outro mundo inexplicável. 11Os mais velhos faziam a ponte entre esses dois mundos. (...)

Mia Couto

Terra sonâmbula. São Paulo, Cia das Letras, 2007.

68. (UERJ) Este texto é uma narrativa ficcional que se refere à própria ficção, o que caracteriza uma espé-cie de metalinguagem.

A metalinguagem está melhor explicitada no seguinte trecho:

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a) As estórias dele faziam o nosso lugarzinho crescer até ficar maior que o mundo. (ref. 1)

b) Meu pai sofria de sonhos, saía pela noite de olhos transabertos. (ref. 2)

c) E nos juntávamos, todos completos, para escutar as verdades que lhe tinham sido reveladas. (ref. 3)

d) Nesses anos ainda tudo tinha sentido: (ref. 4). Texto para a próxima questão:

O constante diálogo

Há tantos diálogos

Diálogo com o ser amadoo semelhanteo diferenteo indiferenteo opostoo adversárioo surdo-mudoo possessoo irracionalo vegetalo mineralo inominado

Diálogo consigo mesmocom a noiteos astrosos mortosas ideiaso sonhoo passadoo mais que futuro

Escolhe teu diálogo etua melhor palavraouteu melhor silêncioMesmo no silêncio e com o silênciodialogamos.

(Carlos Drummond de Andrade. Discurso de pri-mavera e algumas sombras, 1977.)

O silêncio é a matéria significante por excelência, um continuum significante. O real da comunicação é o silêncio. E como o nosso objeto de reflexão é o dis-curso, chegamos a uma outra afirmação que sucede a essa: o silêncio é o real do discurso.

O homem está “condenado” a significar. Com ou sem palavras, diante do mundo, há uma injunção à “interpretação”: tudo tem de fazer sentido (qualquer que ele seja). O homem está irremediavelmente consti-tuído pela sua relação com o simbólico.

Numa certa perspectiva, a dominante nos estudos dos signos, se produz uma sobreposição entre lingua-gem (verbal e não verbal) e significação.

Disso decorreu um recobrimento dessas duas noções, resultando uma redução pela qual qual-quer matéria significante fala, isto é, é remetida à

linguagem (sobretudo verbal) para que lhe seja atri-buído sentido.

Nessa mesma direção, coloca-se o “império do ver-bal” em nossas formas sociais: traduz-se o silêncio em palavras. Vê-se assim o silêncio como linguagem e perde-se sua especificidade, enquanto matéria signi-ficante distinta da linguagem.

(Eni Orlandi. As formas do silêncio, 1997.)

69. (Unifesp) A ideia comum entre o poema de Drum-mond e o texto de Eni Orlandi diz respeito ao fato de que o silêncio

a) consiste em repressão ao diálogo. b) é sinônimo de ausência de sentido. c) é também uma forma de comunicação. d) permite a interpretação mais objetiva. e) reconstrói a comunicação verbal.

70. (ENEM) E como manejava bem os cordéis de seus títeres, ou ele mesmo, títere voluntário e consciente, como entregava o braço, as pernas, a cabeça, o tronco, como se desfazia de suas articulações e de seus refle-xos quando achava nisso conveniência. Também ele soubera apoderar-se dessa arte, mais artifício, toda feita de sutilezas e grosserias, de expectativa e opor-tunidade, de insônia e submissão, de silêncios e rom-pantes, de anulação e prepotência. Conhecia a pala-vra exata para o momento preciso, a frase picante ou obscena no ambiente adequado, o tom humilde diante do superior útil, o grosseiro diante do inferior, o arro-gante quando o poderoso em nada o podia prejudicar. Sabia desfazer situações equivocadas, e armar intri-gas das quais se saía sempre bem, e sabia, por expe-riência própria, que a fortuna se ganha com uma frase, num dado momento, que este momento único, irrecuperável, irreversível, exige um estado de alerta para sua apropriação.

RAWET, S. O aprendizado. In: Diálogo. Rio de janeiro: GRD, 1963 (fragmentado).

No conto, o autor retrata criticamente a habili-dade do personagem no manejo de discursos diferen-tes segundos a posição do interlocutor na sociedade. A crítica à conduta do personagem está centrada a) Na imagem do títere ou fantoche em que o

personagem acaba por se transformar, acreditando dominar os jogos de poder na linguagem.

b) Na alusão à falta de articulações e reflexos do personagem, dando a entender que ele não possui o manejo dos jogos discursivos em todas as situações.

c) No comentário, feito em tom de censura pelo autor, sobre as frases obscenas que o personagem emite em determinados ambientes sociais.

d) Nas expressões que mostram tons opostos nos discursos empregados aleatoriamente pelo personagem em conversas com interlocutores variados.

e) No falso elogio à originalidade atribuída a esse personagem, responsável por seu sucesso no aprendizado das regras de linguagem da sociedade.

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71. (Fuvest) Leia o texto.

Ditadura / Democracia

A diferença entre uma democracia e um país tota-litário é que numa democracia todo mundo reclama, ninguém vive satisfeito. Mas se você perguntar a qual-quer cidadão de uma ditadura o que acha do seu país, ele responde sem hesitação: “Não posso me queixar”.

Millôr Fernandes, Millôr definitivo: a bíblia do caos.

a) Para produzir o efeito de humor que o caracteriza, esse texto emprega o recurso da ambiguidade? Justifique sua resposta.

b) Reescreva a segunda parte do texto (de “Mas” até “queixar”), pondo no plural a palavra “cidadão” e fazendo as modificações necessárias.

Texto para a próxima questão:

O coração roubado

Eu cursava o último ano do primário e como já estava com o diplominha garantido, meu pai me deu um presente muito cobiçado: Coração, famoso livro do escritor italiano Edmondo de Amicis, bestseller mun-dial do gênero infantojuvenil. Na página de abertura lá estava a dedicatória do velho, com sua inconfun-dível letra esparramada. Como todos os garotos da época, apaixonei-me por aquela obra-prima e tanto que a levava ao grupo escolar da Barra Funda para reler trechos no recreio.

Justamente no último dia de aula, o das despedidas, depois da festinha de formatura, voltei para a classe a fim de reunir meus cadernos e objetos escolares, antes do adeus. Mas onde estava o Coração? Onde? Desa-parecera. Tremendo choque. Algum colega na certa o furtara. Não teria coragem de aparecer em casa sem ele. Ia informar à diretoria quando, passando pelas carteiras, vi a lombada do livro, bem escondido sob uma pasta escolar. Mas... era lá que se sentava o Plí-nio, não era? Plínio, o primeiro da classe em aplicação e comportamento, o exemplo para todos nós. Inclu-sive o mais limpinho, o mais bem penteadinho, o mais tudo. Confesso, hesitei. Desmascarar um ídolo? Podia ser até que não acreditassem em mim. Muitos inveja-vam o Plínio. Peguei o exemplar e o guardei em minha pasta. Caladão. Sem revelar a ninguém o acontecido. Lembro do abraço que Plínio me deu à saída. Pare-cia segurando as lágrimas. Balbuciou algumas pala-vras emocionadas. Mal pude retribuir, meus braços se recusavam a apertar o cínico.

Chegando em casa minha mãe estranhou que eu não estivesse muito feliz. Já preocupado com o giná-sio? Não, eu amargava minha primeira decepção. Afinal, Plínio era um colega que devíamos imitar pela vida afora, como costumava dizer a professora. Seria mais difícil sobreviver sem o seu exemplo. Por outro lado, considerava se não errara em não delatá-lo. “Vocês estão todos enganados, e a senhora tam-bém, sobre o caráter de Plínio. Ele roubou meu livro. E depois ainda foi me abraçar...”.

Curioso, a decepção prolongou-se ao livro de Ami-cis, verdadeira vitrina de qualidades morais dos alu-nos de uma classe de escola primária. A história de um ano letivo coroado de belos gestos. Quem sabe o autor não conhecesse a fundo seus próprios persona-gens. Um ingênuo como nossa professora. Esqueci-o.

Passados muitos anos reconheci o retrato de Plí-nio num jornal. Advogado, fazia rápida carreira na Justiça. Recebia cumprimentos. Brrr. Magistrado de futuro o tal que furtara meu presente de fim de ano! Que toldara muito cedo minha crença na humani-dade! Decidi falar a verdade. Caso alguém se referisse a ele, o que passou a acontecer, eu garantia que se tra-tava de um ladrão. Se roubava já no curso primário, imaginem agora... Sempre que o rumo de uma con-versa levava às grandes decepções, aos enganos de falsas amizades, eu contava, a quem quisesse ouvir, o episódio do embusteiro do Grupo Escolar Conselheiro Antônio Prado, em breve desembargador ou secretá-rio de Justiça.

− Não piche assim o homem – advertiu-me minha mulher.

− Por que não? É um ladrão!− Mas quando pegou seu livro era criança.− O menino é o pai do homem – rebatia,

vigorosamente.Plínio fixara-se como um marco para mim. Toda

vez que o procedimento de alguém me surpreendia, a face oculta de uma pessoa era revelada, lembrava-me irremediavelmente dele. Limpinho. Penteadinho. E com a mão de gato se apoderando de meu livro.

Certa vez tomara a sua defesa:− Plínio, um ladrão? Calúnia! Retire-se da

minha presença!Quando o desembargador Plínio já estava aposen-

tado mudei-me para meu endereço atual. Durante a mudança alguns livros despencaram de uma estante improvisada. Um deles, Coração, de Amicis. Saudades. Havia quantos anos não o abria? Quarenta ou mais? Lembrei da dedicatória de meu falecido pai. Ele tinha boa letra. Procurei-a na página de rosto. Não a encon-trei. Teria a tinta se apagado? Na página seguinte havia uma dedicatória. Mas não reconheci a caligra-fia paterna.

“Ao meu querido filho Plínio, com todo amor e cari-nho de seu pai”.

REY, Marcos. O coração roubado. In: MACEDO, Adriano (org.). Retratos da escola. Belo Horizonte: Autêntica. 2012. p. 69-71.

72. (CFTMG) O título do texto produz um efeito de sentido gerado pela

a) omissão de um termo. b) ambiguidade da expressão. c) organização dos vocábulos. d) uso denotativo das palavras.

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265

Texto para a próxima questão:

Bruxos, vampiros e avatares

Lya Luft

“A tecnologia abre territórios fascinantes, e ameaça nos controlar: se pensarmos um pouco, sen-tiremos medo”

19Cibernéticos e virtuais, 15nadamos num rio de novidades e nos consideramos moderníssimos. Um turbilhão de recursos trazidos pela ciência, pela tecnologia, nos atrai ou confunde. 13Se somos mais velhos, nos faz crer que jamais pegaremos esse bonde - embora ele seja para todos os que se dispuserem a nele subir, não necessariamente para ser campeões ou heróis.

11A tecnologia abre territórios fascinantes, e ameaça nos controlar: se pensarmos um pouco, senti-remos medo. O que mais vem por aí, quanto podemos lidar com essas novidades, sem saber direito quais são as positivas, quanto servem para promover pro-gresso ou 16para nos exterminar ao toque do botão de algum demente no poder? Exageradamente entregues a esses jogos cada dia inovados, vamos nos perder da nossa natureza real, o instinto? 6Viramos homens e mulheres pós-modernos, sem saber o que isso signi-fica; 1somos cibernéticos, somos twitteiros e bloguei-ros, mas não passamos disso. E, se não formos muito equilibrados, vamos nos transformar em hackers, e o mundo que exploda.

14Sobre a sensação de onipotência que esse mundo novo nos confere, lembro a história deli-ciosa do aborígine que, contratado para guiar o cien-tista carregado de instrumentos refinados, disse-lhe: 20“Você e sua gente não são muito espertos, porque precisam de todas essas ferramentas simplesmente para andar no mato e observar os animais”.

9Não vamos regredir: a civilização anda segundo seu próprio arbítrio. Mas, como quase todas as coisas, 3seus produtos criam ambiguidade pelo excesso de aberturas 17e pelo receio diante do novo, que precisa ser domesticado, para se tornar nosso servo útil. As possibilidades do mundo virtual são quase infinitas. Sua sedução é intensa. 8Tão engana-dor quanto fascinante, no que tange à comunicação. 21Imenso, variado, assustador, rumoroso, ameaçador e frio, porque impessoal. 4Nesse mundo difuso, somos quase onipotentes, sem maior responsabilidade, pois cada ação nem sempre corresponde a uma conse-quência - e ainda podemos nos esconder no anoni-mato. Criam-se sérias questões morais e éticas não resolvidas nesse território: através da mesma ferra-menta que nos abre universos e nos comunica com o outro, caluniamos e somos caluniados, ameaçamos e somos ameaçados, nos despersonalizamos, nos entre-gamos a atividades estranhas, algumas perversas; espiamos, espreitamos, maldizemos amigos e desco-nhecidos, odiamos celebridades, cortamos a cabeça

de quem se destaca porque se torna objeto de inveja e ressentimento, escutamos mensagens sombrias e cumprimos, talvez, ordens sinistras.

18Relacionamentos pessoais começam e ter-minam, bem ou mal, nesse campo virtual – não muito diferente do mundo dito real, dos bares, festas e tra-balho, faculdade e escola. 12Para as crianças, esse uni-verso extenso e invasivo pode ser uma grande escola, um mestre inesgotável, 5um salão de jogos divertido em que elas imediatamente se sentem à vontade, sem os limites dos adultos. Mas pode ser a estrada dos pedófilos, a alcova dos doentes, ou a passagem sobre o limite do natural e lúdico para o obsessivo e perverso.

7Como quase tudo neste mundo nosso, duplo é o gume: comunicar-se é positivo, mas sinais feitos na sombra, sem verdadeiro nome nem rosto, podem aca-bar em fantasmáticas perseguições e males.

Singularmente, mas de maneira muito sig-nificativa, enquanto 2estamos velozes e espertos no computador, criando mundos virtuais, e jogando jogos cada vez mais complexos, buscamos o nevoeiro desse anonimato e, na época das maiores inovações, curtimos voar com bruxos em suas vassouras, namo-rar vampiros e inventar avatares que vão de engraça-dos a sinistros.

10Estimulante, múltiplo, tão rico, resta saber o que vamos fazer nesse novo mundo - ou o que ele vai fazer de nós. Quando soubermos, estaremos afixa-dos nele como borboletas presas com alfinete debaixo da tampa de vidro ou vaga-lumes em potes de geleia vazios, naquelas noites de verão quando a infância era apenas aquela, inocente, que ainda espia sobre nossos ombros.

(Revista Veja, 17 de fevereiro de 2010)

73. (Epcar (Cpcar)) Assinale a alternativa em que a substituição do elemento coesivo altera o sentido das frases.

a) “Cibernéticos e virtuais, nadamos num rio de novidades e nos consideramos moderníssimos.” (ref. 19)

Cibernéticos e virtuais, nadamos num rio de novida-des, mas também nos consideramos moderníssimos. b) “Você e sua gente não são muito espertos,

porque precisam de todas essas ferramentas simplesmente para andar no mato...” (ref. 20)

Você e sua gente não são muito espertos, porquanto precisam de todas essas fermentas simplesmente para andar no mato. c) “Imenso, variado, assustador, rumoroso,

ameaçador, e frio, porque impessoal.” (ref. 21)Imenso, variado, assustador, rumoroso, ameaçador, e frio, conquanto impessoal. d) “Não vamos regredir: a civilização anda segundo

seu próprio arbítrio.” (ref. 9)Não vamos regredir: a civilização anda em consonân-cia com seu próprio arbítrio.

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266

Texto para a próxima questão:

EU VEJO UMA GRAVURA

Descrição de gravuras - Seis

EU VEJO uma gravuragrande e rasa.No primeiro planoUma casa.À direita da casaoutra casa.À esquerda da casaoutra casa.Lá no fundo da casaoutra casa.Em frente da casauma vala:onde escorre a lamadoutra casa.E no chão da casaoutra vala:onde escorre o esgotodoutra casa.Esta casa que eu vejonão se casacom o que chamamosuma casa.Pois as paredes sãoEsburacadasonde passam aranhase baratas.E os telhados sãofolhas de zinco.E podem caira qualquer vento.E matar a mulherque mora dentro.E matar a criançaque está dentroda mulher que moranessa casa.Ou da mulher que moranoutra casa.É preciso pintaroutra gravuracom casas de argamassana paisagem.Crianças cantandoa segurançada vida construídaà sua imagem.

JOANA EM FLOR, Reynaldo Jardim.

74. (UFF) A repetição do pronome indefinido “outra”, no poema “Eu Vejo uma Gravura”, enfatiza a ideia de:

a) isolamento b) conglomerado c) repulsão d) concórdia e) ambiguidade

75. (ENEM) Lusofonia

rapariga: s.f., fem. de rapaz: mulher nova; moça; menina; (Bra-sil), meretriz.

Escrevo um poema sobre a rapariga que está sentadano café, em frente da chávena de café, enquantoalisa os cabelos com a mão. Mas não posso escrever estepoema sobre essa rapariga porque, no brasil, a palavrarapariga não quer dizer o que ela diz em portugal. Então,terei de escrever a mulher nova do café, a jovem do café,a menina do café, para que a reputação da pobre raparigaque alisa os cabelos com a mão, num café de lisboa, nãofique estragada para sempre quando este poema atravessar oatlântico para desembarcar no rio de janeiro. E isto tudosem pensar em áfrica, porque aí lá tereide escrever sobre a moça do café, paraevitar o tom demasiado continental da rapariga, que éuma palavra que já me está a pôr com doresde cabeça até porque, no fundo, a única coisa que eu queriaera escrever um poema sobre a rapariga docafé. A solução, então, é mudar de café, e limitar-me aescrever um poema sobre aquele café onde nenhuma rapa-

riga sepode sentar à mesa porque só servem café ao balcão.

JÚDICE, N. Matéria do Poema. Lisboa: D. Quixote, 2008.

O texto traz em relevo as funções metalinguística e poética. Seu caráter metalinguístico justifica-se pela a) discussão da dificuldade de se fazer arte inovadora no mundo

contemporâneo. b) defesa do movimento artístico da pós-modernidade, típico do

século XX. c) abordagem de temas do cotidiano, em que a arte se volta para

assuntos rotineiros. d) tematização do fazer artístico, pela discussão do ato de

construção da própria obra. e) valorização do efeito de estranhamento causado no público, o

que faz a obra ser reconhecida.

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Exercícios propostosPortuguês capítulo 6

267

76. (Espcex (Aman)) São palavras primitivas:

a) época – engarrafamento – peito – suor b) sala – quadro – prato – brasileiro c) quarto — chuvoso — dia — hora d) casa – pedra – flor – feliz e) temporada – narcotráfico – televisão – passatempo

Texto para a próxima questão: Leia o texto:Ora nesse tempo Jacinto concebera uma ideia...

Este Príncipe concebera a ideia de que o “homem só é superiormente feliz quando é superiormente civili-zado”. E por homem civilizado o meu camarada enten-dia aquele que, robustecendo a sua força pensante com todas as noções adquiridas desde Aristóteles, e multiplicando a potência corporal dos seus órgãos com todos os mecanismos inventados desde Terame-nes, criador da roda, se torna um magnífico Adão, quase onipotente, quase onisciente, e apto, portanto a recolher [...] todos os gozos e todos os proveitos que resultam de Saber e Poder... [...]

Este conceito de Jacinto impressionara os nossos camaradas de cenáculo, que [...] estavam largamente preparados a acreditar que a felicidade dos indiví-duos, como a das nações, se realiza pelo ilimitado desenvolvimento da Mecânica e da erudição. Um des-ses moços [...] reduzira a teoria de Jacinto [...] a uma forma algébrica:

suma ciÍnciax

suma potÍncia= suma felicidade

E durante dias, do Odeon à Sorbona, foi louvada pela mocidade positiva a Equação Metafísica de Jacinto.

Eça de Queirós, A cidade e as serras.

77. (Fuvest) Sobre o elemento estrutural “oni”, que forma as palavras do texto “onipotente” e “onisciente”, só NÃO é correto afirmar:

a) Equivale, quanto ao sentido, ao pronome “todos(as)”, usado de forma reiterada no texto.

b) Possui sentido contraditório em relação ao advérbio “quase”, antecedente.

c) Trata-se do prefixo “oni”, que tem o mesmo sentido em ambas as palavras.

d) Entra na formação de outras palavras da língua portuguesa, como “onipresente” e “onívoro”.

e) Deve ser entendido em sentido próprio, em “onipotente”, e, em sentido figurado, em “onisciente”.

Texto para a próxima questão: _________ dois meses, a jornalista britânica

Rowenna Davis, 25 anos, foi furtada. Só que não leva-ram sua carteira ou seu carro, mas sua identidade vir-tual. Um hacker invadiu e tomou conta de seu e-mail e – além de bisbilhotar suas mensagens e ter acesso a seus dados bancários – passou a escrever aos mais de 5 mil contatos de Rowenna dizendo que ela teria sido assaltada em Madri e pedindo ajuda em dinheiro.

Quando ela escreveu para seu endereço de e-mail pedindo ao hacker ao menos sua lista de contatos profissionais de volta, Rowenna teve como resposta a cobrança de R$ 1,4 mil. Ela se negou a pagar, a polícia não fez nada. A jornalista só retomou o controle do e-mail porque um amigo conhecia um funcionário do provedor da conta, que desativou o processo de verifi-cação de senha criado pelo invasor.

(Galileu, dezembro de 2011. Adaptado.)

78. (Unifesp) Assinale a alternativa em que, na rees-crita do trecho, houve alteração da classe gramatical da palavra em destaque.

a) ... mas sua identidade virtual. = mas sua identificação virtual.

b) ... que desativou o processo de verificação de senha... = ... o qual desativou o processo de verificação de senha...

c) Só que não levaram sua carteira... = Só que não levaram a carteira dela...

d) ... a jornalista britânica Rowenna Davis, 25 anos, foi furtada. = a britânica Rowenna Davis, 25 anos, foi furtada.

e) ... e ter acesso a seus dados bancários... = ... e ter acesso a seus dados do banco... Texto para a próxima questão: No século XV, viu-se a Europa invadida por uma

raça de homens que, vindos ninguém sabe de onde, se espalharam em bandos por todo o seu território. Gente inquieta e andarilha, deles afirmou Paul de Saint-Vic-tor que era mais fácil predizer o 1........ das nuvens ou dos gafanhotos do que seguir as pegadas da sua inva-são. Uns risonhos despreocupados: passavam a vida esquecidos do passado e descuidados do futuro. Cada novo dia era uma nova aventura em busca do escasso alimento para os manter naquela jornada. Trajo? No mais completo 2........4: 3........ sujos e 7puídos cobriam-lhes os corpos queimados do sol. Nômades, aventurei-ros, despreocupados – eram os boêmios.

Assim nasceu a semântica da palavra 13boêmio. O nome gentílico de 9Boêmia passou a aplicar-se ao 8indivíduo despreocupado, de existência irregu-lar, relaxado no vestuário, vivendo ao 11deus-dará, à toa, na vagabundagem alegre. 12Daí também o subs-

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tantivo boêmia. Na definição de Antenor Nascen-tes5: vida despreocupada e alegre, vadiação, estúrdia, vagabundagem. 14Aplicou-se depois o termo, especia-lizadamente, à vida desordenada e sem preocupações de artistas e escritores mais dados aos prazeres da noite que aos trabalhos do dia. Eis um exemplo clás-sico do que se chama degenerescência semântica. De limpo gentílico – natural ou habitante da Boêmia – boêmio acabou carregado de todas essas conotações desfavoráveis.

A respeito do substantivo 15boêmia, vale dizer que a forma de uso, ao menos no Brasil, é boemia, acento tônico em -mi-. E é natural que assim seja, conside-rando-se que -ia é sufixo que exprime condição, estado, ocupação. Conferir6: 16alegria, 18anarquia, barba-ria, 17rebeldia, tropelia, 20pirataria... Penso que sobre-tudo palavras como folia e 19orgia devem ter influído na fixação da tonicidade de boemia. Notar também o par abstêmio/abstemia. Além do mais, a prosódia boê-mia estava prejudicada na origem pelo nome 10pró-prio Boêmia: esses boêmios não são os que vivem na Boêmia...

Adaptado de: LUFT, Celso Pedro. Boêmios, Boêmia e boemia. In: O romance das palavras. São Paulo: Ática, 1996. p. 30-31.

79. (UFRGS) Considere as seguintes afirmações sobre as relações morfológicas que se estabelecem com palavras do texto.

I. alegria (ref. 16) e rebeldia (ref. 17) são palavras derivadas de adjetivos, assim como valentia.

II. anarquia (ref. 18) e orgia (ref. 19) são palavras que, apesar de apresentarem a terminação -ia, não derivam de outras palavras.

III. pirataria (ref. 20) é palavra derivada de substantivo, assim como chefia.

Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas III. c) Apenas I e II. d) Apenas II e III. e) I, II e III.

80. (Fuvest) Leia a seguinte fala, extraída de uma peça teatral, e responda ao que se pede.

“Odorico - Povo sucupirano! Agoramente já inves-tido no cargo de Prefeito, aqui estou para receber a confirmação, ratificação, a autenticação e, por que não dizer, a sagração do povo que me elegeu.”

Dias Gomes. “O Bem-Amado: farsa sócio-político--patológica em 9 quadros”.a) A linguagem utilizada por Odorico produz efeitos

humorísticos. Aponte um exemplo que comprove essa afirmação. Justifique sua escolha.

b) O que leva Odorico a empregar a expressão “por que não dizer”, para introduzir o substantivo “sagração”?

81. (Unicamp) Leia os seguintes artigos do Capí-tulo VIII do novo Código Civil (Lei no. 10.406, de 10 de janeiro de 2002):

Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:I - pelo enfermo mental sem o necessário discerni-

mento para os atos da vida civil;II - por infringência de impedimento.(...)Art. 1.550. É anulável o casamento:I - de quem não completou a idade mínima

para casar;(...)VI - por incompetência da autoridade celebrante.

a) Os enunciados que introduzem os artigos 1.548 e 1.550 têm sentido diferente. Explique essa diferença, comparando, do ponto de vista morfológico, as palavras NULO e ANULÁVEL.

b) Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2001), INFRINGÊNCIA vem de INFRINGIR (violar, transgredir, desrespeitar) “+ência”. Compare o processo de formação dessa palavra com o de incompetência, indicando eventuais diferenças e semelhanças.

82. (FGV) “Há anos o Itaú investe na cultura brasi-leira e é desse compromisso com o país que nasceu o Itaúbrasil”.

(“Veja”, 09.07.2008)

Assinale a alternativa CORRETA. a) Considerando os sentidos da frase, está correto

quanto à concordância o enunciado: “Muitos bancos, como o Itaú, veem investindo na cultura brasileira”.

b) A expressão “Itaúbrasil” funciona sintaticamente como objeto direto do verbo “nascer”.

c) Na frase, poder-se-ia substituir “Há anos” por “Fazem anos”, mantendo-se o registro padrão da língua.

d) Na frase, o pronome esse, em desse “compromisso”, não tem sua referência explícita.

e) O processo de formação de palavras de “Itaúbrasil” é o mesmo que ocorre com “norte-americano”. Texto para a próxima questão:

ÁRIES (21 mar. a 20 abr.)

Lunação em signo complementar destaca impor-tância das relações em sua vida nas próximas sema-nas. Cuide de sua rede social, mostre-se atencioso com as pessoas. Seu sucesso é resultado disso também e agora essa questão tem importância suprema. Cul-tive o tato.

(Folha de S. Paulo, Ilustrada, Astrolo-gia, Barbara Abramo, 29 set. 2008.)

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83. (Ibmecsp) “Lunação”, “atencioso” e “cultivo” sur-gem pelos mesmos processos de formação de pala-vras existentes, respectivamente, em:

a) Cidadão, preconceituoso, jantar. b) Automóvel, inchaço, luta. c) Rejeição, anoitecer, desgaste. d) Burocracia, atraso, atenção. e) Gatinho, cabeçudo, debate.

84. (Espcex (Aman)) Ao se alistar, não imaginava que o combate pudesse se realizar em tão curto prazo, embora o ribombar dos canhões já se fizesse ouvir ao longe.

Quanto ao processo de formação das palavras sublinhadas, é correto afirmar que sejam, respectiva-mente, casos de a) prefixação, sufixação, prefixação, aglutinação e

onomatopeia. b) parassíntese, derivação regressiva, sufixação,

aglutinação e onomatopeia. c) parassíntese, prefixação, prefixação, sufixação e

derivação imprópria. d) derivação regressiva, derivação imprópria,

sufixação, justaposição e onomatopeia. e) parassíntese, aglutinação, derivação regressiva,

justaposição e onomatopeia.

85. (Espcex (Aman)) A alternativa que apresenta vocábulo onomatopaico é:

a) Os ramos das árvores brandiam com o vento. b) Hum! Este prato está saboroso. c) A fera bramia diante dos caçadores. d) Raios te partam! Voltando a si não achou que

dizer. e) Mas o tempo urgia, deslacei-lhe as mãos...

86. (Insper) Paralimpíadas é a mãe

Certamente eu descobriria no Google, mas me deu preguiça de pesquisar e, além disso, não tem impor-tância saber quem inventou essa palavra grotesca, que agora a gente ouve nos noticiários de televisão e lê nos jornais. O surpreendente não é a invenção, pois sempre houve besteiras desse tipo, bastando lembrar os que se empenharam em não jogarmos futebol, mas ludopédio ou podobálio. O impressionante é a quase universalidade da adoção dessa palavra (ainda não vi se ela colou em Portugal, mas tenho dúvidas; os por-tugueses são bem mais ciosos de nossa língua do que nós), cujo uso parece ter sido objeto de um decreto imperial e faz pensar em por que não classificamos isso imediatamente como uma aberração desedu-cadora, desnecessária e inaceitável, além de subser-viente a ditames saídos não se sabe de que cabeça des-miolada ou que interesse obscuro. Imagino que temos

autonomia para isso e, se não temos, deveríamos ter, pois jornal, telejornal e radiojornal implicam deveres sérios em relação à língua. Sua escrita e sua fala são imitadas e tidas como padrão e essa responsabilidade não pode ser encarada de forma leviana.

Que cretinice é essa? Que quer dizer essa palavra, cuja formação não tem nada a ver com nossa língua? Faz muitos e muitos anos, o então ministro do Tra-balho, Antônio Magri, usou a palavra “imexível” e foi gozado a torto e a direito, até porque ele não era bem um intelectual e era visto como um alvo fácil. Mas, no neologismo que talvez tenha criado, aplicou per-feitamente as regras de derivação da língua e o vocá-bulo resultante não está nada “errado”, tanto assim que hoje é encontrado em dicionários e tem uso cor-rente. Já o vi empregado muitas vezes, sem alusão ao ex-ministro. Infutucável, inesculhambável e impaque-rável, por exemplo, são palavras que não se acham no dicionário, mas qualquer falante da língua as entende, pois estão dentro do espírito da língua, expri-mem bem o que se pretende com seu uso e constituem derivações perfeitamente legítimas.

Por que será que aceitamos sem discutir uma excrescência como “paralimpíada”?

(João Ubaldo Ribeiro, O Estado de S. Paulo, 23/09/2012)

O que motivou a indignação do autor com a pala-vra “paralimpíadas” foi o(a): a) imposição da palavra, formada por um mecanismo

que dispensa elementos conhecidos da língua. b) aceitação irrestrita do termo por parte da mídia,

especialmente pela televisão. c) fato de que, ao contrário do neologismo “imexível”,

a palavra não foi incorporada aos dicionários. d) tentativa de resgatar palavras arcaicas tal como se

fossem decretos imperiais. e) recusa à adoção do neologismo pelos portugueses,

cuja atitude revela-se conservadora.

87. (Unifesp) Examine a tira.

É um mundo terrível,as pessoas não sabemmais o que é carinho.

Carinho é odiminutivo de caro.

O efeito de humor na situação apresentada decorre do fato de a personagem, no segundo quadri-nho, considerar que “carinho” e “caro” sejam vocábulos a) derivados de um mesmo verbo. b) híbridos. c) derivados de vocábulos distintos. d) cognatos. e) formados por composição.

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88. (Unicamp) A sobrevivência dos meios de comuni-cação tradicionais demanda foco absoluto na quali-dade de seu conteúdo. A internet é um fenômeno de desintermediação. E que futuro aguardam os meios de comunicação, assim como os partidos políticos e os sindicatos, num mundo desintermediado? Só nos resta uma saída: produzir informação de alta quali-dade técnica e ética. Ou fazemos jornalismo de ver-dade, fiel à verdade dos fatos, verdadeiramente fis-calizador dos poderes públicos e com excelência na prestação de serviços, ou seremos descartados por um consumidor cada vez mais fascinado pelo aparente autocontrole da informação na plataforma virtual.

(Carlos Alberto di Franco, Democracia demanda jornalismo independente. O Estado de São

Paulo, São Paulo, 14/10/2013, p. A2.)

a) “Desintermediação” é um termo técnico do campo da comunicação. Ele se refere ao fato de que os meios de comunicação tradicionais não mais detêm o monopólio da produção e distribuição de mensagens. Considerando esse “mundo desintermediado”, identifique duas críticas ao jornalismo atual formuladas pelo autor.

b) Os processos de formação de palavras envolvidos no vocábulo “desintermediação” não ocorrem simultaneamente. Tendo isso em mente, descreva como ocorre a formação da palavra “desintermediação”.

89. (Espcex (Aman) Assinale a alternativa que con-tém um grupo de palavras cujos prefixos possuem o mesmo significado.

a) compartilhar – sincronizar b) hemiciclo – endocarpo c) infeliz – encéfalo d) transparente – adjunto e) benevolente – diáfano

90. (Unicamp) Reproduzimos abaixo a chamada de capa e a notícia publicadas em um jornal brasileiro que apresenta um estilo mais informal.

Governo quer fazer a galera pendurar a chuteira mais tarde

Duro de parar Como a vovozada vive até mais tarde, a intenção, agora, é criar regra para aumentar a idade mínima exigida para a aposentadoria; obje-tivo é impedir que o INSS quebre de vez Página 12

Descanso mais longe

O brasileiro tá vivendo cada vez mais – o que é bom. Só que quanto mais ele vive, mais a situação do INSS se complica, e mais o governo trata de dificultar a aposentadoria do pessoal pelo teto (o valor integral que a pessoa teria direito de receber quando pendura as chuteiras) – o que não é tão bom.

A última novidade que já tá em discussão lá em Brasília é botar pra funcionar a regra 85/95, que diz que só se aposenta ganhando o teto quem somar

85 anos entre idade e tempo de contribuição (se for mulher) e 95 anos (se for homem).

Ou seja, uma mulher de 60 anos só levaria a grana toda se tivesse trampado registrada por 25 anos (60+25=85) e um homem da mesma idade, se tivesse contribuído por 35 (60+35=95).

Quem quiser se aposentar antes, pode – só que vai receber menos do que teria direito com a conta fechada.

(notícia JÁ, Campinas, 30/06/2012, p.1 e 12.)

a) Retire dos textos duas marcas que caracterizariam a informalidade pretendida pela publicação, explicitando de que tipo elas são (sintáticas, morfológicas, fonológicas ou lexicais, isto é, de vocabulário).

b) Pode-se afirmar que certas expressões empregadas no texto, como “tá” e “botar”, se diferenciam de outras, como “galera” e “grana”, quanto ao modo como funcionam na sociedade brasileira. Explique que diferença é essa.

91. (Unaerp – SP) “Era um burrinho pedrês, miúdo e resignado […]. Chamava-se Sete-de-Ouros, e já fora tão bom, como outro não existiu e nem pode haver igual.” Guimarães Rosa, Sagarana.

A palavra Ouros está no plural, no nome do burrinho, porque:a) não representa o metal precioso e sim um tipo

vulgar de metal sem valor.b) os nomes dos naipes das cartas só podem ser

usados neste número.c) está sendo usada num substantivo próprio.d) tem que concordar com o cardinal sete, que

exige plural.e) trata-se de uma expressão popular sem

preocupações gramaticais.

92. Assinale o par de vocábulos que fazem o plural da mesma forma que as palavras “salários-família” e “guardas-civis”:

a) bem-te-vis e bel-prazeres.b) amores-perfeitos e reco-recos;c) pulas-pulas e elementos-chave;d) girassóis e ex-diretores;e) decretos-lei e lugares-comuns.

93. Relacione as duas colunas de acordo com a classi-ficação dos substantivos.

1. menino ( ) abstrato2. passatempo ( ) composto3. Rio de Janeiro ( ) próprio4. lápis ( ) concreto5. falsidade ( ) simples

a) 5, 2, 3, 4, 1.b) 1, 3, 2, 5, 4.c) 4, 3, 2, 5, 1.d) 2, 5, 3, 4, 1.e) 3, 1, 5, 4, 2.

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94. Marque a alternativa que indica a flexão incor-reta do gênero feminino dos substantivos:

a) duquesa – atriz – maestrina.b) consulina – imperadora – cônega.c) consulesa – imperatriz – profetisa.d) heroína – poetisa – embaixadora.e) madre – amazona – ré.

95. De acordo com as regras que regem o plural dos substantivos compostos, assinale a alternativa cuja sequência esteja incorreta:

a) fidalgos – girassóis - mandachuvas.b) beija-flores – alto-falantes – pontapés.c) furtas-cores – beijas-flor – cidade – satélites.d) elementos-chaves – licenças-prêmio – girassóis.e) amores-perfeitos – guardas-civis –

segundas-feiras.

96. (FUNCAB) Apenas em uma das opções abaixo o substantivo se flexiona no plural da mesma forma que a palavra destacada em: “Haverá telas e botões do Último Computador [...]”. Aponte-a.

a) bênção.b) órfão.c) cristão.d) cidadão.e) melão.

97. Dadas as palavras abaixo, marque a alternativa que possui um substantivo primitivo seguido de um derivado incorreto.

a) jardim – jardineirob) flor – floriculturac) mar – marmotad) livro – livrariae) jornal – jornaleiro

98. Leia o texto abaixo e indique a alternativa que possui apenas substantivos.

Penteado esquisitoformando um bolo redondo,furado no meio,gordo e alto- mamãe diz que é coque.

(Trecho do poema O retrato da bisavó, Elias José)

a) penteado, mamãeb) penteado, esquisitoc) furado, redondod) bolo, gordoe) coque, alto

99. Indique a alternativa em que só aparecem subs-tantivos abstratos.

a) saudade, angústia, medo, ausência, fada, imagemb) angústia, estudo, alegria, dia, amor, inimizadec) bondade, amor, vento, esperança, fada, vingançad) vingança, saudade, ausência, amor, belezae) Deus, amor, flor, lábios, ausência, tristeza, vida

100. Assinale a alternativa incorreta.

a) “Jacaré” é substantivo epiceno.b) “Estudante” é comum de dois gêneros.c) “Cal” é substantivo masculino.d) “Criança” é substantivo sobrecomum.e) “O cabeça” significa líder.

101. O plural diminutivo de “mulher” e “cão” é:

a) mulherzinhas e cãozinhos.b) mulherezinhas , cãezinhos.c) mulherezinhas e cãosinhos.d) mulheresinhas e cãezinhos.e) mulhersinhas e cãesinhos.

102. Assinale a alternativa em que a palavra tem o gênero indicado incorretamente.

a) a grama (unidade de peso)b) o moral (ânimo)c) a moral (bons costumes)d) a rádio (estação emissora)e) o estepe (pneu sobressalente)

103. Marque a alternativa que apresenta o femi-nino incorreto.

a) A foliona dançou toda a noite.b) A cristã obedece às leis de Deus.c) A heroína recebe os aplausos.d) A condessa visitou o Brasil.e) A cavaleira alimentou seu animal.

104. Assinale a alternativa em que os artigos o/a não indicam gênero

a) o homem – a mulherb) o estudante – a estudantec) o médico – a médicad) o moral – a morale) o monge – a monja

105. Assinale a alternativa em que o substantivo em destaque está flexionado no grau aumentativo ou diminutivo.

a) O médico disse-me que o problema era o coração.b) Atendi o vendedor no portão.c) O riacho é límpido.d) O ferrão do marimbondo é sua defesa.e) Muitas cartilhas escolares foram encontradas

no lixo.

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Gabarito 46. a) A situação dos aposenta-dos ficará resolvida ATRAVÉS do decreto ora em discussão na Câmara. (através grafa-se com s).b) O MAL das pesquisas é que não são feitas por meio de perguntas realmente adequadas. (mal, subs-tantivo, grafa-se com l). 47. D48. C49. D 50. C51. B52. A53. D54. A55. B56. A57. D58. O texto integra a memória da língua portuguesa porque apre-senta uma ortografia que expressa padrões de grafia do Português em 1925. OUA composição ortográfica do texto remete a um padrão escrito da língua portuguesa na primeira metade do século XX, época da produção do texto, e traz palavras e expressões cujas grafias foram alteradas ou que estão em desuso no português escrito atual. 59. a) Na frase: “você não poderá mais dizer que foi mordido por uma jiboia, e sim por uma jiboia”, o jornalista usou o verbo “dizer” ao invés de escrever, ao sugerir que a reforma afetaria o modo de falar das pessoas. O quadro compara-tivo apresentado seria suficiente para desmentir a sugestão do jor-nalista, porque nele se vê que não ocorreu alteração na pronúncia das palavras, apenas na grafia.b) A ironia do articulista refere-se à suposição de que pequenas alterações ortográficas sejam sufi-cientes para promover o intercâm-bio cultural entre os países lusó-fonos. Quando se refere a luga-res remotos e, muitas vezes, igno-rados, o escritor sugere que o “atraso” econômico, social, cultural seja o principal problema entre as relações culturais entre os países envolvidos. 60. a) O uso das palavras “encana-dor”, “bombeiro” e “canalizador”,

para designar o mesmo profissio-nal, é um bom exemplo de varian-tes léxicas regionais: empregam-se vocábulos diferentes, em diferen-tes lugares, para designar a mesma realidade, em função da variada gama de possibilidades de apreen-são de um mesmo fenômeno por variados grupos humanos. Isso não é visto como violação de nenhuma das normas admissíveis dentro do sistema da língua em si, nem compromete a sua unidade. b) Resposta pessoal. 61. C62. B63. 01 + 02 = 03. 64. a) Para superar o amor do que é perecível, o poeta deseja o amor como de “um Deus, que é eterno”.b) Augusto dos Anjos afasta-se de qualquer dimensão mística ou transcendentalista. A declaração de amor à figura paterna projeta o sentimento aos elementos bio-lógicos: as “bocas necrófagas” dos vermes que roem o cadáver e a “terra infecta” que cobre o corpo morto. A atração pelo horrendo e a impregnação das ideias cienti-ficistas do Naturalismo colocam a lírica de Augusto dos Anjos na linha oposta à tradição clássica e à romântica, idealizantes ambas, ainda que de forma diversa. 65. B66. B67. C68. A69. C70. A71. a) A frase “Não posso me quei-xar” permite duas interpretações: o cidadão não reclama da situa-ção porque está contente com o sistema ou, então, porque ele está sujeito a um regime totalitarista em que a censura o impede de manifestar a sua insatisfação.b) Mas se você perguntar a quais-quer cidadãos de uma ditadura o que acham do seu país, eles res-pondem sem hesitação: “Não podemos nos queixar”. 72. B73. C74. B75. D76. D77. E

78. D79. E80. a) O emprego do neologismo agoramente, pois, ao acrescentar o sufixo “-mente” ao vocábulo agora, Odorico cria outro advérbio, com a intenção de reforçar o tom per-suasivo de seu discurso pretensa-mente solene.b) Já que a palavra sagração pode ser entendida como “ato ou efeito de sagrar rei, bispo etc., em cerimô-nia religiosa”, ao usar a expressão “por que não dizer” para introdu-zir tal substantivo, Odorico inten-sifica sua pretensão de homem público que se julga digno de rece-ber todas as honras de seu povo. 81. a) Conforme o texto:NULO significa “algo sem valor devido à falta de uma formali-dade fundamental”;ANULÁVEL significa “que pode se tornar nulo”. Diante disso, concluímos que, nos termos do artigo 1.548, não tem efeito o casamento contraído por “enfermo mental sem dis-cernimento para os atos da vida civil” ou por pessoa sob impedi-mento; nos termos do artigo 1.550, entende-se que podem ser anula-dos os casamentos contraídos por menores ou celebrados por pes-soa não autorizada. As duas pala-vras são adjetivos, sendo que “anu-lável” se forma por derivação sufi-xal, a partir do verbo “anular” - por isso com a raiz “nul-” acrescida do prefixo “a-”. O sufixo empregado, “-vel”, significa “passível de”.b) Infringência = “ato de infrin-gir”; incompetência = “falta de competência”.Há o mesmo prefixo (in-) e o mesmo sufixo (-ência) nas duas palavras, mas, no caso da palavra “Infringência”, ocorre derivação sufixal, pois o prefixo faz parte do verbo, “infringir” (“desobedecer, descumprir”), a cujo radical se jun-tou o sufixo “-ência”, formador de substantivo abstrato. Em “incom-petência”, ocorre derivação prefi-xal, pois o prefixo “in-”, de sentido negativo, se junta ao substantivo competência. 82. E83. E84. B

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85. C86. A87. D88. a) O autor faz críticas implíci-tas ao jornalismo atual, quando diz que só resta ao jornalista que con-vive rotineiramente com a inter-net: produzir informação de alta qualidade técnica e ética, fiel à ver-dade dos fatos, verdadeiramente fiscalizadora dos poderes públi-cos e com excelência na prestação de serviços, comentário em que se subentende que na era da frugali-dade virtual, nem todo jornalista produz informações com alto teor ético e de qualidade. O autor alerta que para os dias atuais, a única maneira do jornalismo sobreviver à internet é primando pela fideli-dade da informação e dos fatos, a fim de prestar um serviço confiá-vel e essencial à sociedade.b) O prefixo – des tem o sentido de negação, de ação contrária. O tam-bém prefixo – inter tem o sentido de entre. O radical é – mediar. O sufixo – ção é utilizado para for-mar um substantivo a partir de

um verbo. Sendo assim, o processo de formação é de dois prefixos + radical + sufixo, para a criação do neologismo. 89. A90. a) O texto apresenta várias marcas que caracterizam a infor-malidade pretendida pela publica-ção, relativamente à estrutura das frases (sintáticas), aos fragmentos mínimos capazes de expressar sig-nificado (morfológicas), aos recur-sos que exploram o sistema sonoro (fonológicas) e aos lexicais, relacio-nados com as unidades significati-vas, como nos seguintes casos:Sintáticas: “Quem quiser se apo-sentar antes, pode”, ao invés de quem quiser, pode aposentar-se antes. Morfológicas: “vovozada”, pelo acréscimo do sufixo –ada ao termo vovó.Fonológicas: “tá” e “pra”, em vez de está e para. Lexicais: “galera”, “pendurar a chuteira”, “duro”, “botar pra fun-cionar”, “grana” e “trampado” com valor semântico de grupo de pes-

soas, encerrar atividades, difícil, colocar em prática, dinheiro e tra-balhado, respectivamente.b) Enquanto as expressões “tá” e “botar” configuram marcas de ora-lidade presentes nos mais diver-sos contextos, “galera” e “grana” são gírias, fenômeno de lingua-gem que se origina de um grupo social restrito e alcança, pelo uso, outros grupos, tornando-se de uso corrente. 91. B92. E93. A94. B95. C96. E97. C98. A99. D100. C101. B102. A103. E104. D105. C

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Anotações