Português Lingua Materna e Não Materna: Ensino-Aprendizagem de Expressões Idiomáticas

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Encontro Nacional de Professores de Português e Francês Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, 22-24 de julho de 2015 Português Língua Materna e Não Materna: Ensino-Aprendizagem de Expressões Idiomáticas António da Costa Pereira (Doutorando da UM / Professor do A. E. Trigal de Santa Maria )

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Encontro Nacional de Professoresde Português e Francês

Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, 22-24 de julho de 2015

Português Língua Materna e Não Materna:

Ensino-Aprendizagem de Expressões Idiomáticas

António da Costa Pereira

(Doutorando da UM / Professor do A. E. Trigal de Santa Maria )

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Objetivos

1. Conhecer a situação do Português no Mundo. 2. Distinguir Português Língua Materna (PLM) de

Português Língua Não Materna (PLNM).3. Definir Fraseologia, Unidade Fraseológicas (UF) e

Expressão Idiomática (EI).4. Relevar a importância das EI no Ensino-

Aprendizagem de PLM/PLNM. 5. Analisar a presença das EI nos materiais didáticos:

dicionários, manuais, rádio, televisão e internet.6. Produzir materiais para o Ensino-Aprendizagem de

EI em PLM/PLNM.7. Reconhecer a especificidade e universalidade das EI.

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1. Origens do Português

1.1. Como muitas outras línguas europeias (Espanhol, Francês, Italiano, Romeno…), o Português resultou da expansão e fragmentação da língua falada no Império Romano: latim vulgar.

1.2. O texto mais antigo escrito em português que se conhece é de 1175 – a “Notícia de Fiadores”.

1.3. Nos princípios do séc. XVI a população portuguesa pouco ultrapassava 1 milhão. Era também este o n.º de falantes.

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2. O Português no Mundo: aspetos gerais

2.1. N.º de Línguas no Mundo: entre 6 e 7 mil (para uma população

que ultrapassa os 6 biliões).

2.2. N.º de Línguas na Europa: cerca de 200.

2.3. Línguas mais faladas no Mundo (N.º de falantes em milhões):

Chinês (Mandarim) – 845 Espanhol (Castelhano) – 329 Inglês – 328 Português – 244 […]

(Observatório da Língua Portuguesa, http://www.observalinguaportuguesa.org/pt, 20/07/2015)

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3. O Português no Mundo: n.º de falantes

Portugal: 11 milhões; Brasil: 195 milhões; Angola: 19 milhões;

Cabo Verde: 0,51 milhões; Macau: 0,54 milhões; Moçambique: 23 milhões; Guiné-Bissau: 1,64 milhões; S. Tomé e Príncipe: 0,16 milhões; Timor-Leste: 1,17 milhões

(Observatório da Língua Portuguesa, http://www.observalinguaportuguesa.org/pt, 20/07/2015)

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4. Português: uma língua com futuro

1. Língua com 8 séculos.2. 4.ª ou 5.ª língua mais falada no mundo.3. 3.ª língua mais falada entre as línguas

europeias.4. 3.ª língua mais falada no Parlamento Europeu.5. 5.ª língua mais falada na internet.6. 4.ª língua mais falada no Twitter7. 6.ª língua mais usada em negócios.8. Em 2050, 335 milhões de pessoas falarão

português.

(Estante, Revista Fnac, N.º 1, 2014 e Observatório da Língua Portuguesa)

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5. Português Língua Materna e Não Materna

5.1. Língua Materna (LM)

“Língua com a qual um falante entra em contacto na infância, e que adquire em ambiente natural.”

(Dicionário Terminológico, disponível em http://dt.dge.mec.pt/, consultado em 20/07/2015)

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5. Português Língua Materna e Não Materna

5.2. Língua Não Materna (LNM)

“ Língua segunda, L2Língua materna de uma comunidade que, sobretudo por razões

de imigração ou de multilinguismo, é aprendida por outros falantes da mesma comunidade a um nível secundário em relação à sua primeira língua.

É frequente o uso do termo “língua não materna” como equivalente de língua segunda, sobretudo quando refere uma língua que é aprendida em contexto escolar por falantes que não a têm como língua materna.”

(Dicionário Terminológico, disponível em http://dt.dge.mec.pt/, consultado em 20/07/2015)

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5. Português Língua Materna e Não Materna

5.2. Língua Não Materna (LNM)

“ Língua estrangeira Língua que, tomado determinado país, não é 

língua materna de nenhuma comunidade antiga, nem tem, nesse país, um reconhecimento oficial. Por vezes, este termo é usado como sinónimo de língua segunda ou L2.”

(Dicionário Terminológico, disponível em http://dt.dge.mec.pt/, consultado em 20/07/2015)

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5. Português Língua Materna e Não Materna

5.3. PLM e PLNM: Conclusão

Preferimos a terminologia simplificada PLNM para

todas as situações em que o Português não é

Língua Materna:

P = PLM + PLNM (PLS ou PL2, PLE)

.

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6. Cursos de Português para Estrangeiros (IC)

6.1. Em Portugal: Universidades (Algarve, Açores, Aveiro, Coimbra, Porto, Lisboa, Minho, etc.), Escolas e Centros Associados Camões, Cursos de PLE para Professores, etc.

6.2. No Estrangeiro: Ensino Básico e Secundário (África do Sul, Alemanha, Austrália, Canadá, França, Suíça, etc.), Ensino Superior (207 universidades, em 61 países).

(http://www.instituto-camoes.pt/, 22/07/2015)

.

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7. Fraseologia: aspetos gerais

“Phraseology is a branch of linguistics with a significant tradition reaching back to Charles Bally’s” (Traité de stilistique française, 1909) e V. V. Vinogradov (déc. 40, séc. XX)

“In the 70’s and 80’s various scholars (…) gave an overview of phraseology for that era from very different perspectives.”

“1999 saw the establishment of the “European Society for Phraseology” (EUROPHRAS)

“today there is a general consensus that phraseology encompasses a very broad palette of linguistic phenomena and issues.”

(Burger et al. 2007: XII. Phraseologie/Phraseology)

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8. Fraseologia e Unidades Fraseológicas

“las unidades fraseológicas (UFS) – objeto de estudio de la fraseología – son unidades léxicas formadas por más de dos palabras gráficas en su límite inferior, cuyo límite superior se sitúa en el nivel de la oración compuesta. Dichas unidades se caracterizan por su alta frecuencia de uso, y de coaparición de sus elementos integrantes; por su institucionalización, entendida en términos de fijación y especialización semántica; por su idiomaticidad y variación potenciales; así como por el grado en el cual se dan todos estos aspectos en los distintos tipos.” (p. 20)

“Exemplos de UF: colocações (visita relámpago), locuções (más papista que el Papa) e enunciados fraseológicos (Por la boca muere el pez).” (pp. 270-271)

(Corpas Pastor, 1996. Manual de Fraseología Española)

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9. Unidades Fraseológicas e Expressões Idiomáticas

1. “allá de UF sensu strictu, es decir, céntricas y prototípicas caracterizadas por su significado idiomático, existem UF no idiomáticas que pueden considerarse como expresiones fijas y no menos lexicalizadas, no menos unidades polilexemáticas o plurimembres y que pertenecen a la periferia de la fraseología” (Wotjak, 1998: 9. Estudios de fraseología y fraseografía del español actual).

2. EIS – combinações restritas/unidades pluriverbais lexicalizadas e habitualizadas/frasemas completos (Iriarte Sanromán, 2001/Mel’čuk, 1995).

3. Traços da fraseologia ou expressão idiomática: idiomaticidade (o seu significado global não é o equivalente à soma dos conteúdos dos seus elementos), invariabilidade (relativa), caráter marcadamente figurado, etc. (Vilela, 2002: 34)

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10. Expressões Idiomáticas

“Expressão idiomática Expressão constituída por mais do que uma palavra, cujo

significado não pode ser inferido a partir do significado das partes que a constituem.

Exemplos: ir desta para melhor; tal pai tal filho; andar na lua; ter macaquinhos no sótão

Notas: “O termo “fraseologia” é, por vezes, utilizado como

sinónimo de expressão idiomática.”

(Dicionário Terminológico, disponível em http://dt.dge.mec.pt/, consultado em 20/07/2015)

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11. EI no Ensino-Aprendizagem: QECR (2001)

1. Competências do utilizador/aprendente (cap. 5): (i) gerais e (ii) comunicativas.

1.1. Competências comunicativas em língua: linguísticas (lexical, gramatical, semântica, fonológica, etc.), sociolinguísticas e pragmáticas.

1.2. Competência lexical - conhecimento e capacidade de utilizar o vocabulário de uma língua: elementos lexicais (expressões fixas e palavras isoladas) e gramaticais (classes fechadas de palavras).

1.3. Expressões fixas: expressões feitas (provérbios, etc.), expressões idiomáticas (metáforas cristalizadas e semanticamente opacas , como bater a bota=morrer; e intensificadores, como branco como a neve=puro), outras expressões fixas (sonhar com) e combinatórias fixas (cometer um erro).

2. De acordo com quadros “Amplitude do Vocabulário” (p. 160) e “Adequação Sociolinguística” (p. 173), o utilizador só conhece/utiliza EI no nível C (Utilizador proficiente).

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12. Análise de Materiais Didáticos

1. Dicionários: generalistas (Academia, Houaiss, Caldas Aulete, Aurélio, Machado, Morais, Porto Editora, etc.) e idiomáticos (Orlando Neves, Nogueira Santos, Hans Schemann, etc.).

2. Manuais: PLM (do 1.º ao 12.º ano, um de cada) e PLNM (do A1 ao nível C1, um de cada).

3. Rádio (Lugares Comuns, Antena1), Televisão (Cuidado com a Língua, RTP) e Internet (Ciberdúvidas da Língua Portuguesa e Centro Virtual Camões).

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13. Produção de Materiais Didáticos

1. 20 Atividades + Soluções (vd.)2. Base de Dados Fraseológica do Português Europeu (BADAF-

PE): Jornais e RevistasLivros/Textos Literários (Garrett, Falar Verdade a Mentir; Saramago, Memorial do Convento; Lobo Antunes, Terceiro Livro de Crónicas)Rádio e TelevisãoCinema (A canção de Lisboa; Aniki-Bóbó; Capitães de Abril; O Crime do Padre Amaro)Publicidade, Cartoons, Música (Youtube), Varia (Blogues, Facebook, etc.)

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14. Especificidade e Universalidade das EIExample 1: to swim against the tide/stream (“to have opinions or ideas that are opposite to most people’s at the

time; to go against public opinion”)

A. Languages of Europe:I. Indo-Euopean languages in Europe: 1. Germanic (English: “to swim

against the tide/stream; Dutch: “tegen de stroom (in) zwemmen”; German: “gegen den Strom schwimmen; …) / 2. Celtic (Irish: “dul in aghaidh an tsrutha; …) / 3. Romance (French: “nager/aller contre le courant/à contre-courant”; Italian: “andare/remare/ nuotare contro corrente”; Spanish: “nadar/ir/navegar contra corriente/a contracorriente”; Catalan: “nedar a contracorren/nedar contra la corrent”; Galician: “nadar/ir contra corrente”; Portuguese: “ir contra a corrente/remar contra a maré”; Romanian: “a înota împotriva curentului”; Provençal: (no equivalent); …) / 4. Baltic (Latvian; Lithuanian) / 5. Slavonic (Russian; Belorussian; Ukrainian; Czech; Slovakian; Polish; …) / 6. Albanian / 7. Greek / II. Uralic (finno-ugric) languages in Europe: 1. Ugric languages (Hungarian); 2. North-Finnic languages; 3. Permic languages; 4. Volgaic languages; 5. Saami languages. / III. Altaic languages in Europe: 1. Turkic languages / IV. (Autochthonous) Caucasian languages: 1. Caucasian languages (Georgian) / V. Semitic languages in Europe: 1. Semitic languages / VI. Basque: 1. Basque

B. Non-European languages (by way of comparison): 1. Non-European languages (Chinese; Japanese; Korean; …)

C. Esperanto: 1. Esperanto”

Widespread Idioms in Europe and Beyond, Elisabeth Piirainen (coord.), in

http://www.widespread-idioms.uni-trier.de/, consultado em 22/07/2015)

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Conclusões

Português Língua Materna e Não Materna:

Ensino-Aprendizagem de Expressões Idiomáticas

“Muito mais é o que nos une que aquilo que nos separa…”

(Rui Veloso/Carlos Tê)