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Língua Portuguesa - FCC
Prof. Daniel Araújo
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AULA ZERO DEMONSTRATIVA
APRESENTAÇÃO
Olá, amig@. Tudo bem?
É com grande prazer que inicio nosso curso escrito de Língua Portuguesa preparatório para os concursos da Fundação Carlos Chagas -‐ FCC. Este material faz parte do nosso novo projeto, o PDF Amigo, aqui no Olá Amigos.
Quero, primeiramente, agradecer ao meu mestre e amigo Sérgio Carvalho a oportunidade de integrar essa maravilhosa equipe, que tem como desígnio maior oferecer o que há de melhor em material preparatório para concursos a um preço realmente acessível. É isto que o Olá é para mim: uma Casa de Amigos em busca da democratização do conhecimento.
Bem, agora é hora de eu me apresentar, né não?
Eu sou Daniel Araújo, graduado em Letras (Português/Inglês e suas Literaturas) e especialista em Ensino da Língua Inglesa pela Universidade Regional do Cariri -‐ URCA (aqui, no extremo sul do Ceará). Tenho 8 anos de experiência no ensino de línguas (portuguesa, inglesa e espanhola) e já lecionei desde o 1º ano do Ensino Fundamental até cursos de pós-‐graduação lato sensu (todas as etapas do sistema da educação formal!), passando por cursos de idiomas e preparatórios para vestibulares e concursos. Já fui aprovado em alguns concursos públicos dos governos federal e estadual e atualmente sou professor efetivo do Instituto Federal.
"O que eu trago para você"?
Bem, pode ter certeza de que não será uma "formação completa em Linguística". Um dos meus princípios é o de que o maior objetivo do professor deve ser simplificar para @ estudante; jamais tentar introduzir "conceitos teóricos altamente complexos e desnecessários". Não estou dizendo que não vamos usar a linguagem técnica aqui: ela é indispensável, até mesmo para você conseguir entender o que quer o elaborador; porém, só na medida do estritamente necessário. Não estou aqui para exibir conhecimento; estou aqui para ajudá-‐l@.
E então? Quer vir comigo? Então, vamos nessa!
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SUMÁRIO
01. Análise do programa ............................................................................................. 03 02. Cronograma do curso .......................................................................................... 06 03. O que é um texto? ................................................................................................. 07 04. Compreensão/Intelecção e Interpretação de Textos ......................................... 08 04.1. Tipologia Textual ......................................................................................... 11 04.2. Gêneros Textuais ........................................................................................ 16 04.3. Coesão e Coerência .................................................................................... 18 05. Questões ................................................................................................................. 21 06. Gabarito ................................................................................................................. 42 07. Resolução comentada das questões .................................................................... 43 08. Dever de casa ........................................................................................................ 76 09. Bibliografia ............................................................................................................ 88
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01. ANÁLISE DO PROGRAMA
Antes de irmos à batalha, precisamos "conhecer o inimigo", certo? Por isso, fiz um trabalho (exaustivo) de análise de editais e provas da banca, principalmente, de 2009 a 2012. Cheguei a esta síntese (os números entre parênteses indicam, de 1 a 5, o grau de frequência e, portanto, relevância de cada tópico):
1. Tipologia Textual (1); 2. Compreensão/Intelecção e Interpretação de textos (5); 3. Ortografia oficial e acentuação gráfica (5); 4. Crase (5); 5. Emprego das classes de palavras (2); 6. Emprego dos tempos e modos verbais (3); 7. Vozes do verbo (3); 8. Flexão verbal e nominal (2); 9. Concordância verbal e nominal (5); 10. Regência verbal e nominal (4); 11. Emprego de tempos e modos verbais (4); 12. Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação (3); 13. Emprego das conjunções e locuções conjuntivas (1); 14. Pontuação (3); 15. Redação (confronto e reconhecimento de frases corretas e incorretas) (3); 16. Redação Oficial (3);
Outros pontos menos frequentes incluem: i. Significação das palavras; ii. Homônimos e parônimos; iii. Sintaxe da oração e do período;
Vamos falar um pouquinho destes três últimos, então...
O ponto (iii) acima é demasiado abrangente, pois envolve vários tópicos já enumerados mais acima, tais como: concordância, regência e flexão verbal e nominal; vozes verbais; emprego das classes de palavras; pontuação etc.
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O ponto (i), acredito, é autoexplicativo. Estamos falando de sinônimos, antônimos, polissemia (palavras com mais de um significado), sentido próprio e figurado, e conotação e denotação.
O (ii) é, na verdade, um subtópico do (i) e refere-‐se a palavras iguais na pronúncia, ou na escrita, ou em ambas (homo-‐) ou parecidas (paro-‐), mas que têm significados diferentes. Não tem segredo.
HOMÔNIMOS PARÔNIMOS
são (sadio) ≠ são (verbo ser)
jogo (ô) (subst.) ≠ jogo (ó) (verbo)
aço (subst.) ≠ asso (verbo assar)
descrição ≠ discrição
soar ≠ suar
osso ≠ ouço
LEMBRE-‐SE!
PARônimos são PARecidos
Vixe! Só com isso já dá pra você resolver esta:
FCC 2012 -‐ TRE/PE -‐ Técnico Judiciário
O par grifado que constitui exemplo de parônimos está em:
(A) No pomar atrás da casa havia frutas, entre elas, mangas e cajus. Em mangas de camisa, homens tentavam salvar o que as águas levavam.
(B) No espaço de uma noite, o rio havia transbordado e inundado o quintal da casa. Pela manhã, foi possível constatar a força destrutiva das águas.
(C) O rio se convertera em um caudaloso fluxo de águas sujas. O menino se assustou com a violência barrenta das águas.
(D) Famílias eminentes podiam ir para o campo, fugindo do bulício da cidade. Eram iminentes os riscos causados pela inundação das águas barrentas do rio.
(E) Era urgente a necessidade de obras para a contenção do rio. Havia heroísmo na concentração dos homens que lutavam contra a corrente.
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O ponto 16, acima, Redação Oficial, também merece um destaque agora (não quer dizer que não vamos estudá-‐lo adiante). É altamente recomendável que você faça o download do Manual de Redação Oficial da Presidência da República. Basta clicar neste link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/ManualRedPR2aEd.PDF.
O que você precisa estudar está entre o início e a página 27 (mel na chupeta, né?), porque o resto é gramática e nós vamos esmiuçá-‐la aqui para você, combinado?
As provas que vamos trabalhar neste curso serão, pelo menos, estas listadas abaixo, TODAS da FCC, realizadas neste triênio 2010-‐1012. Mas isso não quer dizer que eu não possa incluir outras questões de outras provas, e até de outras bancas, sempre que oportuno ao melhor entendimento e fixação.
1. Metrô/SP 2010 -‐ Secretário Pleno 2. Nossa Caixa 2011 -‐ Advogado 3. TRE/TO 2012 -‐ Técnico Judiciário 4. TRE/PE 2012 -‐ Técnico Judiciário 5. INSS 2012 -‐ Técnico do Seguro Social 6. TRE/CE 2012 -‐ Analista Judiciário 7. TRE/SP 2012 -‐ Analista Judiciário 8. TRF 2ª Região 2012 -‐ Analista Judiciário
Meu/Minha amig@, serão em torno de DUZENTAS questões pra você ficar tarimbad@ e "cair matando" na prova de Português da FCC! Só nesta primeira aula, eu lhe trago 40 Questões, 25 das quais já se encontram resolvidas neste material. As outras 15 são o nosso "Dever de Casa": questões que você deve resolver e aguardar o gabarito e a resolução na Aula 01, OK?
Que tal a proposta?
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02. CRONOGRAMA
DATA AULA CONTEÚDO
21/11/12 00 Compreensão/intelecção e interpretação de textos Tipologia e gêneros textuais Coesão e coerência
26/11/12 01 Significação das palavras Homônimos e parônimos
03/12/12 02 Ortografia Oficial Acentuação Gráfica
10/12/12 03 Emprego das classes de palavras Emprego dos tempos e modos verbais Vozes verbais
17/12/12 04 Sintaxe da oração e do período
24/12/12* 05 Flexão verbal e nominal Concordância verbal e nominal
31/12/12* 06 Regência verbal e nominal Crase
07/01/13* 07 Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação Emprego das conjunções e locuções conjuntivas
14/01/13* 08 Pontuação
21/01/13* 09 Redação (confronto e reconhecimento de frases corretas e incorretas)
28/01/13* 10 Redação Oficial *Isso se o mundo não acabar! (Eh-‐eh! Piada velha e besta... Foi mal...)
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03. O QUE É UM TEXTO?
A resposta para a pergunta acima pode parecer demasiado óbvia, mas minha intenção é instigá-‐l@ a uma reflexão que muito vai ajudá-‐l@ a refletir sobre esse fenômeno social e, assim, ter uma visão crítica para lidar melhor com eles.
A palavra texto vem do latim textus, que significa... tcham, tcham, tcham, tcham! TECIDO. Isso mesmo! Agora, pegue qualquer tecido que esteja perto de você e examine-‐o bem de perto, com uma lupa, se possível. O que você vê?
Um monte de fios, Professor.
Beleza. Mas, diga-‐me: se alguém tivesse pegado esses fios e tivesse-‐os aglomerado de forma aleatória, não estruturada, você teria um tecido agora?
Não, Professor.
Certamente que não!
Então temos que um texto ("tecido") não é um amontoado de palavras ou frases ("fios"), mas uma unidade linguística com elementos estruturados, que o tornam algo organizado, analisável -‐-‐ como o trançado do tecido.
Todas as partes do texto estão interligadas por mecanismos textuais como a coesão e coerência, por exemplo.
Bem, poderíamos discorrer por mais cinquenta páginas sobre o assunto. Porém, para o seu objetivo, isso já basta.
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04. COMPREENSÃO/INTELECÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Primeiro, vamos entender a diferença entre compreensão e intelecção de textos, que é... Nenhuma!
Vamos ao dicionário:
compreensão substantivo feminino ato ou efeito de compreender
(...) 2 faculdade de entender, de perceber o significado de algo;
entendimento (...)
7 Rubrica: linguística. na comunicação, qualidade de coerência na resposta do interlocutor (enunciado ou ato) à mensagem emitida pelo locutor intelecção substantivo feminino 1 ação ou processo de entender
2 fato de entender; compreensão, entendimento
(HOUAISS, 2010)
O primeiro verbete (compreensão) é mais polissêmico. Porém, analisando as acepções que nos interessam, percebemos que são sinônimas. Podemos, pois, concluir que os elaboradores de editais e provas usam essas palavras sem distinção, porque esta não existe. Por isso, venho usando a barra (/) para separá-‐las.
OK, Professor. Mas... O que é compreensão/intelecção de textos mesmo?
Podemos usar a definição do Houaiss mesmo: é entender, perceber o significado do que está escrito.
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E essa já é nossa "deixa" para explicar o que é interpretação: é perceber o que não está necessariamente escrito, o que @ autor/a "quis" dizer; é inferir, deduzir, tirar conclusões; "ir além do óbvio".
Veja um exemplo de enunciado de uma questão de compreensão/intelecção: O texto informa claramente que...
Agora um exemplo de uma questão de interpretação: Das informações do texto, pode-‐se concluir que...
Olhe esta assertiva, retirada da prova para Agente da Polícia Federal, elaborada pelo Cespe, neste ano:
A informação que inicia o texto é suficiente para se inferir que Freud conheceu Marx, mas o contrário não é verdadeiro, visto que esses pensadores não são contemporâneos (grifei).
Bem, sabendo que o texto não fala de que época foram os intelectuais citados, fica fácil perceber que essa é uma questão de interpretação, pois você terá de ler o texto com atenção especial e, através das informações lá contidas, concluir se a assertiva é verdadeira ou falsa.
Agora veja esta, da mesma prova:
A expressão “dessas duas palavras” (l.11), como comprovam as ideias desenvolvidas no parágrafo em que ela ocorre, remete não aos dois vocábulos que imediatamente a precedem — “mais-‐valia” (l.8) e “inconsciente” (l.9) —, mas, sim, a “fetichismo” (l.7) e “alienação” (l.8).
Aqui se percebe que o elaborador até mesmo se utilizou de mecanismos coesivos (calma, ainda vamos estudar isso) do próprio texto para verificar o entendimento.
RESUMINDO... COMPREENSÃO/INTELECÇÃO INTERPRETAÇÃO
• perceber o que está escrito • entender o texto • "mais objetividade"
• perceber o subentendido • inferir, concluir, deduzir • mais atenção às inter-‐relações entre
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• atenção às estruturas • atenção às relações textuais • O texto diz... • Segundo o texto... • @ autor/a diz/afirma/defende...
as ideias • Pode-‐se concluir/inferir/deduzir do
texto... • @ autor/a sugere... • A intenção d@ autor/a é...
ATENÇÃO! É importantíssimo salientar que, nem na compreensão/intelecção, nem na interpretação, poder-‐se-‐á ir além das informações efetivamente CONTIDAS no textos, mesmo que de forma subentendida (interpretação). ATENHA-‐SE, DETENHA-‐SE ao que diz/sugere o texto. Fugir a essa regra é um erro comum entre candidat@s.
Por último, quero chamar-‐lhe a atenção para as váááááárias dicas de compreensão/intelecção e interpretação textual que estão espalhadas pelas resoluções das questões. Leia-‐as, se possível, com o mesmo carinho com o qual as escrevi.
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04.1. TIPOLOGIA TEXTUAL
Ainda uso esse termo pela tradição e por ser isso que aparece no seu edital, mas prefiro o termo padrões retóricos (MAGALHÃES), por ser autoexplicativo.
"Tipologia textual" são padrões retóricos da linguagem que usamos quando narramos, descrevemos, expomos (como estou fazendo agora), argumentamos ou injungimos (damos instruções ou comandos). Daí, temos estes "tipos de texto":
• Narração • Descrição • Exposição (ou dissertação expositiva) • Argumentação (ou dissertação argumentativa) • Injunção
Você narra e descreve, por exemplo, quando está contando a um/a amig@ uma piada ou fazendo um relato pessoal.
Esses dois tipos (narração e descrição), provavelmente os mais antigos da história da humanidade, são fáceis de se diferenciar.
Imagine que agora você esteja olhando para uma foto. Como você a descreveria para mim? Com certeza iria usar estes recursos:
• predominância de elementos caracterizadores: adjetivos e termos com essa função;
• o tempo é parado, estático; por isso, predominam o presente do indicativo (João está... Maria parece...) e o pretérito imperfeito do indicativo (Pedro caminhava... O ônibus ia...);
• Perceba também, nos exemplos logo acima, que há uma predominância de verbos de ligação (ser, estar, parecer etc.);
• É comum aparecer uma descrição dentro de uma narração.
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Bem, agora imagine que você vai descrever (narrar) uma cena de um filme para mim. Com certeza identificaremos estas características no seu texto:
• predominância do movimento (Ele foi até a porta.);
• verbos no passado (João estava dormindo quando Maria chegou.);
• narrador em 1ª pessoa (Eu estava estudando quando...), ou em 3ª pessoa (Ela chegou atrasada.);
• enredo (o que aconteceu), personagem(ns) (com quem aconteceu), conflito (o que faz a narração ser interessante) e clímax (o ponto crucial da narração);
• tempo -‐-‐ o quando (Às duas horas,...) e espaço -‐-‐ o onde (... ele chegou à estação.);
• Citações diretas e indiretas (ou discurso direto e discurso indireto): o Na citação direta, "cita-‐se diretamente" o que alguém disse. Exemplo:
Ângela disse: -‐-‐ Com este material eu passo. o Na citação indireta, "cita-‐se indiretamente" o que alguém disse.
Exemplo: Ângela disse que com este material ela passaria.
Veja um excerto de texto (do gênero relato pessoal) que, no mesmo parágrafo, narra e descreve:
Conheci o último bufarinheiro de verdade, e comprei dele um espelhinho que tinha no lado oposto a figura de uma bailarina nua. Que mulher! Sorria para mim como prometendo coisas, mas eu era pequeno, e não sabia que coisas fossem. Perturbava-‐me.
(Carlos Drummond de Andrade. Contos plausíveis, in Prosa Seleta. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003, p.89)
Observe o movimento do primeiro trecho (em azul) e a "parada" no restante (em verde, depois de espelhinho) para descrever o espelhinho.
Assim, podemos perceber que os "tipos textuais" (ou padrões retóricos) podem aparecer bem "entrelaçados" no mesmo texto.
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PARE! Tente resolver as questões 15, pág. 31, e 20, pág. 36. O tipo expositivo costuma aparecer em aulas (como esta), reportagens, textos técnico-‐científicos etc. Exemplo:
O documentário E Agora? pretende revelar detalhes do tráfico de aves silvestres no Brasil. Segundo o produtor Fábio Cavalheiro, o longa-‐metragem apresentará cenas de flagrantes de tráfico, as rotas do comércio ilegal e entrevistas com autoridades e representantes de ONGs.
A Agência Nacional de Cinema (Ancine) aprovou o projeto e, agora, busca-‐se patrocínio. A ONG SOS Fauna, especializada em resgates, foi uma das orientadoras para a produção do filme.
O longa também se propõe a discutir outro problema: o fato de que, mesmo quando salvas das mãos dos traficantes, muitas aves não são reintroduzidas na natureza.
Além da versão final editada para o cinema, as entrevistas e materiais pesquisados estarão disponíveis para pesquisadores que queiram se aprofundar no tema. A intenção é a de que o filme contribua para a educação – e, por isso, será oferecido para estabelecimentos de ensino.
Entre as espécies mais visadas pelos traficantes estão papagaios, a araponga, o pixoxó, o canário-‐da-‐terra, o tico-‐tico, a saíra-‐preta, o galo-‐de-‐campina, sabiás e bigodinho.
(O Estado de S. Paulo, A30 Vida, Planeta, 21 de novembro de 2010)
A argumentação -‐-‐ geralmente cobrada nas provas discursivas dos concursos -‐-‐ visa "convencer" alguém de alguma coisa, demonstrar a validade de uma tese, defender um ponto de vista. Exemplo:
Dizem que Karl Marx descobriu o inconsciente três décadas antes de Freud. Se a afirmação não é rigorosamente exata, não deixa de fazer sentido, uma vez que Marx, em O Capital, no capítulo sobre o fetiche da mercadoria, estabelece dois parâmetros conceituais imprescindíveis para explicar a transformação que o capitalismo produziu na subjetividade. São eles os conceitos de
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fetichismo e de alienação, ambos tributários da descoberta da mais-‐valia — ou do inconsciente, como queiram.
A rigor, não há grande diferença entre o emprego dessas duas palavras na psicanálise e no materialismo histórico. Em Freud, o fetiche organiza a gestão perversa do desejo sexual e, de forma menos evidente, de todo desejo humano; já a alienação não passa de efeito da divisão do sujeito, ou seja, da existência do inconsciente. Em Marx, o fetiche da mercadoria, fruto da expropriação alienada do trabalho, tem um papel decisivo na produção “inconsciente” da mais-‐valia. O sujeito das duas teorias é um só: aquele que sofre e se indaga sobre a origem inconsciente de seus sintomas é o mesmo que desconhece, por efeito dessa mesma inconsciência, que o poder encantatório das mercadorias é condição não de sua riqueza, mas de sua miséria material e espiritual. Se a sociedade em que vivemos se diz “de mercado”, é porque a mercadoria é o grande organizador do laço social.
Maria Rita Kehl. 18 crônicas e mais algumas. São Paulo: Boitempo, 2011, p. 142 (com adaptações)
DISSERTAÇÃO EXPOSITIVA ARGUMENTATIVA
• não existe pessoalidade, opinião d@ autor/a;
• não há intenção de convencer, mas apenas expor ideias;
• @ autor/a posiciona-‐se, opina diante de ideias expostas;
• há argumentação, debate;
Deparamo-‐nos com um tipo injuntivo quando lemos um manual de instruções, uma receita culinária, ou uma lei. Exemplo:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) (grifei)
Constituição Federal do Brasil de 1988
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Características:
• é um tipo também chamado instrucional, ou seja, visa dar instruções, comandos, ordens;
• predominância de verbos no imperativo ou futuro do presente do indicativo (como nas leis: veja o exemplo acima);
• frases claras e concisas (Insira o disco no aparelho.)
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04.2. GÊNEROS TEXTUAIS
São padrões de estruturação textual que dependem de fatores determinantes como:
• o contexto -‐-‐ você não vai escrever uma carta de amor no serviço público, vai?
• o destinatário -‐-‐ é, no mínimo, estranho escrever um ofício para @ namorad@, não acha?
• a finalidade -‐-‐ já pensou se eu estivesse escrevendo uma crônica para lhe passar estas informações?
• o contexto de circulação -‐-‐ os Ministros de Estado utilizam o gênero de documento oficial chamado aviso para comunicar-‐se entre si.
Existem tantos gêneros textuais quanto forem as necessidades de comunicação humana: charges, tiras de quadrinhos, resenhas, artigos, receitas culinárias, contos, depoimentos, piadas, anúncios, cartas, bilhetes etc.
PARE! Se você não conseguiu da primeira vez, tente novamente resolver as questões 15, pág. 31, e 20, pág. 36.
Agora vamos relacionar esses dois conceitos (tipologia textual e gênero textual).
Um gênero textual (ou seja, um texto) pode, e geralmente o faz, reunir mais de um tipo textual, mais de um padrão retórico. Veja esta questão do Cespe para o cargo de Analista Judiciário do TRE/RJ, aplicada este ano:
As mulheres sabem que a participação democrática é o principal meio de defesa de seus interesses e de conquista de representação política, tal como a implantação do sistema de quotas para aumentar o número de representantes eleitas.
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O número reduzido de mulheres que ocupam cargos públicos — atualmente, uma média mundial de 19% nas assembleias nacionais — constitui um déficit a corrigir. A participação das mulheres em todos os níveis do governo democrático — local, nacional e regional — diversifica a natureza das assembleias democráticas e permite que o processo de tomada de decisões responda a necessidades dos cidadãos não atendidas no passado.
Internet: <http://www.unric.org/pt/> (com adaptações).
Identifica-‐se no texto ambivalência estrutural, evidenciada pela presença de trechos tipicamente dissertativos e outros marcadamente narrativos (grifei).
Não é o caso (a assertiva é falsa, pois o texto é tipicamente dissertativo argumentativo), mas a citada ambivalência estrutural existe. Ou seja, um único texto pode apresentar elementos narrativos e descritivos (eu já disse e mostrei isso acima), expositivos e argumentativos, expositivos e injuntivos etc.
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04.3. COESÃO E COERÊNCIA
COESÃO
Na Física, coesão é
a força de atração entre átomos e moléculas que constituem um corpo, e que resiste a que este se quebre (grifei).
(HOUAISS, 2010)
"Por que usei um conceito de outra ciência"? Porque é da Física que vem esse conceito; além de que ele é claro e ilustrativo o suficiente para que entendamos seu sentido figurado, o qual usamos ao falar de textos:
unidade lógica, coerência de um pensamento, de uma obra. Ex.: o autor demonstrou com clareza a c. de suas ideias (grifei)
(Idem)
Simplificando, a coesão é o que "amarra" as partes de um texto -‐-‐ palavras, frases, orações, períodos e parágrafos, transformando-‐os nessa unidade lógica.
Exemplos mais claros de elementos coesivos são os pronomes demonstrativos. Veja:
Roma e Grécia foram duas importantíssimas civilizações antigas.
Aquela, pelo seu poder bélico; esta, pela sua contribuição cultural.
Veja como os períodos se "amarram" através dos pronomes. Além disso, perceba que até mesmo elementos omitidos fazem a coesão: as vírgulas estão substituindo "... foi importante...", que se refere, também, ao período anterior.
COERÊNCIA
Você já ouviu alguém dizer a outrem que está tendo um piti: "Seja coerente!"?
Bem, ter coerência é, grosso modo, fazer sentido. É fácil de notar-‐se quando falta coerência, sentido, a um texto. Veja este exemplo de Platão & Fiorin (2012):
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Havia um menino muito magro que vendia amendoins numa esquina de uma das avenidas de São Paulo. Ele era tão fraquinho, que mal podia carregar a cesta em que estavam os pacotinhos de amendoim. Um dia, na esquina em que ficava, um motorista, que vinha em alta velocidade, perdeu a direção. O carro capotou e ficou de rodas para o ar. O menino não pensou duas vezes. Correu para o carro e tirou de lá o motorista, que era um homem corpulento. Carregou-‐o até a calçada, parou um carro e levou o homem para o hospital. Assim, salvou-‐lhe a vida.
Sentiu o absurdo? Como é que, segundo o mesmo texto, o menino que mal podia carregar a cesta em que estavam os pacotinhos de amendoim, sem nenhuma explicação ou justificativa verossímil, consegue carregar o homem corpulento que sofreu o acidente.
Claro. Os mestres citados, com a didática que lhes é inerente, usaram um exemplo fácil. Há casos de incoerência textual que exigem do leitor um pouco mais de juice, de habilidade com textos, e isso, minha/meu amig@, vem com a prática.
Vejamos uma questão da FCC 2012 para cargo de Analista Judiciário do TRF 2:
Aqui, nesta casa, criamos projetos e atividades que mantenham o tecido urbano e social de Paraty em harmonia.
A frase acima foi reelaborada, sem prejuízo para a correção e a coerência, nesta nova redação:
(A) É para manter em harmonia o tecido urbano e social de Paraty que se criam projetos e atividades nesta casa.
(B) A fim de que se mantenham o tecido urbano e social de Paraty em harmonia que criamos nesta casa projetos e atividades.
(C) São projetos e atividades que criamos nesta casa com vistas a harmonia aonde se mantenha o tecido urbano e social de Paraty.
(D) Nesta casa, cria-‐se projetos e atividades visando à manter-‐se o tecido urbano e social de Paraty de modo harmonioso.
(E) Os projetos e atividades criados nesta casa é para se manter em harmonia tanto o tecido urbano quanto o social de Paraty.
Veja que somente a letra A mantém a correção e a coerência!
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Mas nossa "parte teórica" não acaba aqui! Há muitas "dicas", as quais acabam sendo suporte teórico, na seção RESOLUÇÃO COMENTADA DE QUESTÕES, a partir da pág. 20.
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05. QUESTÕES
Agora, uma das partes mais importantes: A PRÁTICA! Sugiro que tente resolver estas questões sozinh@ e, somente depois, confira o gabarito e os comentários que as seguem. O gabarito encontra-‐se na pág. 41 e as resoluções comentadas, a partir da pág. 43. FCC 2010 -‐ Metrô/SP -‐ Secretário Pleno
Atenção: As questões abaixo referem-‐se ao texto seguinte.
Estradas e viajantes
A linguagem nossa de cada dia pode ser altamente expressiva. Não sei até quando sobreviverão expressões, ditados, fórmulas proverbiais, modos de dizer que atravessaram o tempo falando as coisas de um jeito muito especial, gostoso, sugestivo. Acabarão por cair todas em desuso numa época como a nossa, cheia de pressa e sem nenhuma paciência, ou apenas se renovarão?
Algumas expressões são tão fortes que resistem aos séculos. Haverá alguma língua que não estabeleça formas de comparação entre vida e viagem, vida e caminho, vida e estrada? O grande Dante já começava a Divina Comédia com “No meio do caminho de nossa vida...”. Se a vida é uma viagem, a grande viagem só pode ser... a morte, fim do nosso caminho. “Ela partiu", “Ele se foi”, dizemos. E assim vamos seguindo...
Quando menino, ouvia com estranheza a frase “Cuidado, tem boi na linha”. Como não havia linha de trem nem boi por perto, e as pessoas olhavam disfarçadamente para mim, comecei a desconfiar, mas sem compreender, que o boi era eu; mas como assim? Mais tarde vim a entender a tradução completa e prosaica: “suspendamos a conversa, porque há alguém que não deve ouvi-‐la”. Uma outra expressão pitoresca, que eu já entendia, era “calça de pular brejo” ou “calça de atravessar rio”, no caso de pernas crescidas ou calças encolhidas, tudo constatado antes de pegar algum caminho.
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Já adulto, vim a dar com o termo “passagem”, no sentido fúnebre. “Passou desta para melhor”. Situação difícil: “estar numa encruzilhada”. Fim de vida penoso? “Também, já está subindo a ladeira dos oitenta...” São incontáveis os exemplos, é uma retórica inteira dedicada a imagens como essas. Obviamente, os poetas, especialistas em imagens, se encarregam de multiplicá-‐las. “Tinha uma pedra no meio do caminho”, queixou-‐se uma vez, e para sempre, o poeta Carlos Drummond de Andrade, fornecendo-‐nos um símbolo essencial para todo e qualquer obstáculo que um caminhante fatalmente enfrenta na estrada da vida, neste mundo velho sem porteira...
(Peregrino Solerte, inédito)
01. A frase de abertura do texto – A linguagem nossa de cada dia pode ser altamente expressiva – corresponde a uma tese
(A) cuja contestação é coerentemente desenvolvida, concluindo-‐se com a referência a Carlos Drummond de Andrade.
(B) cujo desenvolvimento se faz com a multiplicação de exemplos, relativos a um mesmo campo de expressão simbólica.
(C) cujo desenvolvimento acaba por comprovar a ineficiência da linguagem simbólica, se comparada com a rotineira.
(D) cuja comprovação se dá pelo fato de que, na evolução de uma língua, as expressões simbólicas se mantêm sempre as mesmas.
(E) cuja contestação é encaminhada mediante a comparação entre a linguagem antiga e a linguagem contemporânea.
02. Atente para as seguintes afirmações:
I. No 1º parágrafo, expressa-‐se a convicção de que os modos de dizer mais expressivos não sobreviverão nos tempos modernos, por serem avaliados como ineficazes nos processos de comunicação.
II. No 3º parágrafo, a impossibilidade de o menino compreender a frase ouvida aos adultos deveu-‐se ao fato de estar traduzida em linguagem prosaica.
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III. No 4º parágrafo, reconhece-‐se nos poetas a capacidade de enriquecimento expressivo da linguagem, especialistas que são na criação de imagens.
Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em
(A) I.
(B) II.
(C) III.
(D) I e II.
(E) II e III.
03. As expressões E assim vamos seguindo e neste mundo velho sem porteira
(A) devem ser tomadas como exemplos do mesmo tipo de repertório de imagens enumeradas no texto.
(B) constituem mais exemplos da tradução prosaica que se faz de bem conhecidas expressões simbólicas.
(C) remetem ao mesmo significado que se atribuiu ao verso “Tinha uma pedra no meio do caminho”.
(D) assumem a mesma significação melancólica de expressões como “grande viagem”ou “passagem”.
(E) significam, no âmbito das expressões simbólicas, que já não há mais nada de novo que se deva conhecer nesta vida.
04. Funcionam como marcas temporais, dentro de uma sequência histórica, as expressões
(A) Não sei até quando e algumas expressões são tão fortes.
(B) Como não havia linha de trem e São incontáveis os exemplos.
(C) Já adulto e fornecendo-‐nos um símbolo essencial.
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(D) Quando menino e Mais tarde vim a entender.
(E) Uma outra expressão pitoresca e já está subindo a ladeira dos oitenta.
05. Está correta a seguinte afirmação sobre um procedimento construtivo do texto:
(A) O segmento ou apenas se renovarão? expressa uma concomitância em relação ao segmento Acabarão por cair todas em desuso.(1º parágrafo)
(B) A construção Algumas expressões são tão fortes que resistem aos séculos expressa uma comparação. (2º parágrafo)
(C) No segmento ouvia com estranheza a frase, o elemento sublinhado está empregado com a significação sentindo-‐me estranho. (3º parágrafo)
(D) No segmento vim a dar com o termo “passagem”, o elemento sublinhado tem o sentido de passei a me valer. (4º parágrafo)
(E) A construção Queixou-‐se uma vez, e para sempre, afirma a permanência que uma expressão confere a um incidente. (4º parágrafo)
Atenção: A questão abaixo refere-‐se ao texto seguinte.
Metrô: próxima parada
Não fique com medo de embarcar caso chegue à plataforma de uma das estações do Metrô em São Paulo e veja um trem sem condutor. Os novos vagões da linha amarela dispensam o profissional a bordo. Esse é apenas um detalhe de uma lista de recursos tecnológicos que estão sendo implementados para transportar os paulistas com mais eficiência. Escadas rolantes com sensores de presença, câmeras de vídeo que enviam imagens para a central por Wi-‐Fi, comunicação com os passageiros por VoIP e freios inteligentes são outras novidades.
O Metrô está passando por uma modernização que não é só cosmética. Com ar condicionado, os novos trens não precisam de muitas frestas para entrada de ar. Não é só uma questão de conforto térmico, mas acústico. Nas novas escadas rolantes, sensores infravermelho detectam a presença de pessoais; não havendo ninguém, a rolagem é mais lenta, e economiza-‐se energia elétrica.
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(Adaptado de Kátia Arima, da INFO. http://info.abril.com.br/noticias)
06. Deve-‐se entender, dado o contexto, que o título do texto refere-‐se, precisamente,
(A) ao anúncio de estações mais modernas e mais bem equipadas, cujo avanço eletrônico não deve causar temor entre os futuros usuários do Metrô.
(B) ao planejamento de linhas de Metrô que, sob novas condições, tornarão mais rápido e eficaz o transporte dos passageiros paulistas.
(C) às novidades tecnológicas que representarão considerável economia de tempo e manutenção mais barata.
(D) ao provimento de novos recursos eletrônicos, que têm reflexo na operação do Metrô paulista e redundam em maior conforto e segurança aos usuários.
(E) às conquistas da tecnologia que, uma vez adotadas pelo Metrô paulista, significarão cortes em gastos e alterações menos cosméticas.
07. Atente para as seguintes afirmações:
I. A autora do texto trabalha com a suposição de que o leitor conhece suficientemente termos técnicos associados a recursos tecnológicos.
II. Na frase O Metrô está passando por uma modernização que não é só cosmética subentende-‐se que algumas transformações não são essenciais.
III. Subentende-‐se que, nas novas viagens do Metrô, o conforto térmico deixou de ser tão importante quanto o conforto acústico.
Em relação ao texto, está correto o que se afirma em
(A) I, II e III.
(B) I e II, apenas.
(C) II e III, apenas.
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(D) I e III, apenas.
(E) II, apenas.
Atenção: As questões abaixo referem-‐se ao texto seguinte.
Apoio ao transporte urbano
O BNDES tem um programa de apoio a projetos de transportes públicos, abrangendo todos os investimentos necessários à qualificação do espaço urbano no entorno do empreendimento. O apoio pode se dar visando a forma de operação específica, sempre com a preocupação de mirar os seguintes objetivos: a) racionalização econômica, com redução dos custos totais do sistema; b) privilégio do transporte coletivo sobre o individual; c) integração tarifária e física, com redução do ônus e do tempo de deslocamento do usuário; d) acessibilidade universal, inclusive para os usuários com necessidades especiais; e) aprimoramento da gestão e da fiscalização do sistema; f) redução dos níveis de poluição sonora e do ar, do consumo energético e dos congestionamentos; g) revalorização urbana do entorno dos projetos.
O BNDES admite um nível de participação em até 100%, no caso de municípios de baixa renda ou de média renda inferior localizados nas regiões Norte e Nordeste.
(Baseado em informações do site oficial do BNDES)
08. Para apoiar projetos de transportes públicos, o BNDES considera, antes de mais nada, a
(A) viabilidade operacional, já demonstrada, de projeto similar ao oferecido.
(B) repercussão positiva do empreendimento sobre aspectos de seu entorno.
(C) recuperação tecnológica e financeira de empreendimentos onerosos.
(D) formulação de objetivos ordenados segundo sua prioridade.
(E) integração do sistema de transporte com equipamentos de lazer e cultura.
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09. Considerando-‐se o conjunto dos objetivos relacionados no texto, identificados pelas letras correspondentes, é correto afirmar que os objetivos
(A) a) e b) são alternativos entre si, pela impossibilidade do duplo atendimento.
(B) c) e d) são complementares, já que ambos cuidam de casos excepcionais.
(C) e) e f) estão diretamente voltados para a preservação ambiental.
(D) a) e c) estão intimamente associados, quanto ao aspecto econômico.
(E) f) e g) são alternativos entre si, pela impossibilidade do duplo atendimento.
10. Traduz-‐se de forma correta e coerente o sentido do parágrafo final em:
No caso de municípios de baixa renda ou de renda média inferior localizados nas regiões Norte e Nordeste,
(A) admite-‐se que 100% dos empreendimentos podem pleitear a participação do BNDES.
(B) o nível de 100% de resultados é a condição participativa do BNDES.
(C) a participação do BNDES pode chegar ao patamar da plena integralidade.
(D) será mais que satisfatória a implementação complementar do BNDES.
(E) o BNDES arcará com a responsabilidade integral pelo sucesso do empreendimento.
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Atenção: As questões de abaixo referem-‐se ao texto seguinte.
Pós-‐11/9
Li que em Nova York estão usando “dez de setembro” como adjetivo, significando antigo, ultrapassado. Como em: “Que penteado mais dez de
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setembro!”. O 11/9 teria mudado o mundo tão radicalmente que tudo o que veio antes – culminando com o day before [dia anterior], o último dia das torres em pé, a última segunda-‐feira normal e a véspera mais véspera da História – virou preâmbulo. Obviamente, nenhuma normalidade foi tão afetada quanto o cotidiano de Nova York, que vive a psicose do que ainda pode acontecer. Os Estados Unidos descobriram um sentimento inédito de vulnerabilidade e reorganizam suas prioridades para acomodá-‐las, inclusive sacrificando alguns direitos de seus cidadãos, sem falar no direito de cidadãos estrangeiros não serem bombardeados por eles. Protestos contra a radicalíssima reação americana são vistos como irrealistas e anacrônicos, decididamente “dez de setembro”.
Mas fatos inaugurais como o 11/9 também permitem às nações se repensarem no bom sentido, não como submissão à chantagem terrorista, mas para não perder a oportunidade do novo começo, um pouco como Deus – o primeiro autocrítico – fez depois do Dilúvio. Sinais de revisão da política dos Estados Unidos com relação a Israel e os palestinos são exemplos disto. E é certo que nenhuma reunião dos países ricos será como era até 10/9, pelo menos por algum tempo. No caso dos donos do mundo, não se devem esperar exames de consciência mais profundos ou atos de contrição mais espetaculares, mas o instinto de sobrevivência também é um caminho para a virtude. O horror de 11/9 teve o efeito paradoxalmente contrário de me fazer acreditar mais na humanidade.
A questão é: o que acabou em 11/9 foi prólogo, exatamente, de quê? Seja o que for, será diferente. Inclusive por uma questão de moda, já que ninguém vai querer ser chamado de “dez de setembro” na rua.
(Luis Fernando Veríssimo, O mundo é bárbaro)
11. Já se afirmou a respeito de Luis Fernando Veríssimo, autor do texto aqui apresentado: "trata-‐se de um escritor que consegue dar seriedade ao humor e graça à gravidade, sendo ao mesmo tempo humorista inspirado e ensaísta profundo". Essa rara combinação de planos e tons distintos pode ser adequadamente ilustrada por meio destes segmentos do texto:
I. Que penteado mais dez de setembro! e Os Estados Unidos descobriram um sentimento inédito de vulnerabilidade.
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II. um pouco como Deus – o primeiro autocrítico – fez depois do Dilúvio e o instinto de sobrevivência também é um caminho para a virtude.
III. fatos inaugurais como o 11/9 também permitem às nações se repensarem e não se devem esperar exames de consciência mais profundos.
Em relação ao texto, atende ao enunciado desta questão o que se transcreve em
(A) I, II e III.
(B) I e II, apenas.
(C) II e III, apenas.
(D) I e III, apenas.
(E) II, apenas.
12. Ao comentar a tragédia de 11 de setembro, o autor observa que ela
(A) foi uma espécie de prólogo de uma série de muitas outras manifestações terroristas.
(B) exigiria das autoridades americanas a adoção de medidas de segurança muito mais drásticas que as então vigentes.
(C) estimularia a população nova-‐iorquina a tornar mais estreitos os até então frouxos laços de solidariedade.
(D) abriu uma oportunidade para que os americanos venham a se avaliar como nação e a trilhar um novo caminho.
(E) faria com que os americanos passassem a ostentar com ainda maior orgulho seu decantado nacionalismo.
FCC 2011 – TRE/TO – Técnico Judiciário
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Atenção: As questões abaixo referem-‐se ao texto abaixo.
O documentário E Agora? pretende revelar detalhes do tráfico de aves silvestres no Brasil. Segundo o produtor Fábio Cavalheiro, o longa-‐metragem apresentará cenas de flagrantes de tráfico, as rotas do comércio ilegal e entrevistas com autoridades e representantes de ONGs.
A Agência Nacional de Cinema (Ancine) aprovou o projeto e, agora, busca-‐se patrocínio. A ONG SOS Fauna, especializada em resgates, foi uma das orientadoras para a produção do filme.
O longa também se propõe a discutir outro problema: o fato de que, mesmo quando salvas das mãos dos traficantes, muitas aves não são reintroduzidas na natureza.
Além da versão final editada para o cinema, as entrevistas e materiais pesquisados estarão disponíveis para pesquisadores que queiram se aprofundar no tema. A intenção é a de que o filme contribua para a educação – e, por isso, será oferecido para estabelecimentos de ensino.
Entre as espécies mais visadas pelos traficantes estão papagaios, a araponga, o pixoxó, o canário-‐da-‐terra, o tico-‐tico, a saíra-‐preta, o galo-‐de-‐campina, sabiás e bigodinho.
(O Estado de S. Paulo, A30 Vida, Planeta, 21 de novembro de 2010)
13. O assunto do texto está corretamente resumido em:
(A) Um longa-‐metragem, em forma de documentário, abordará o tráfico de aves silvestres no Brasil, e terá objetivos educativos.
(B) A Ancine deverá escolher e patrocinar a realização de alguns projetos de filmes educativos, destinados às escolas brasileiras.
(C) ONGs voltadas para a proteção de aves silvestres buscam a realização de novos projetos, como a de filmes educativos.
(D) Várias espécies de aves silvestres encontram-‐se em extinção, apesar dos constantes cuidados de ONGs destinadas à sua proteção.
(E) Apesar das intenções didáticas, filme sobre tráfico de aves silvestres não atinge sua finalidade educativa.
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14. O texto informa claramente que
(A) o produtor do documentário sobre aves silvestres baseou-‐se em entrevistas com pesquisadores para desenvolver o roteiro do filme.
(B) as discussões referentes aos diversos problemas que colocam em perigo as aves silvestres já estão em andamento na Ancine.
(C) algumas Organizações Não Governamentais estão se propondo a proteger aves silvestres capturadas e a preparar seu retorno à natureza.
(D) o objetivo principal do documentário será oferecer subsídios a pesquisadores interessados em estudos sobre aves silvestres brasileiras.
(E) o projeto do documentário sobre o tráfico de aves silvestres já foi aprovado, mas ainda não há patrocinador para sua produção.
Atenção: As questões abaixo referem-‐se ao texto abaixo.
A bailarina
A profissão de bufarinheiro está regulamentada; contudo, ninguém mais a exerce, por falta de bufarinhas*. Passaram a vender sorvetes e sucos de fruta, e são conhecidos como ambulantes.
Conheci o último bufarinheiro de verdade, e comprei dele um espelhinho que tinha no lado oposto a figura de uma bailarina nua. Que mulher! Sorria para mim como prometendo coisas, mas eu era pequeno, e não sabia que coisas fossem. Perturbava-‐me.
Um dia quebrei o espelho, mas a bailarina ficou intata. Só que não sorria mais para mim. Era um cromo como outro qualquer. Procurei o bufarinheiro, que não estava mais na cidade, e provavelmente teria mudado de profissão. Até hoje não sei qual era o mágico: se o bufarinheiro, se o espelho.
* bufarinhas − mercadorias de pouco valor; coisas insignificantes.
(Carlos Drummond de Andrade. Contos plausíveis, in Prosa Seleta. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003, p.89)
15. O texto se desenvolve como
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(A) depoimento de uma criança sobre o espelhinho que tinha no lado oposto a figura de uma bailarina nua, registrado em sua memória.
(B) discussão em torno da importância de certas profissões, ainda que se destinem ao comércio de bufarinhas.
(C) crítica a um tipo de vendedores que não se preocupa com valores morais, como no caso da figura da bailarina nua vendida a uma criança.
(D) relato de caráter pessoal, em que o autor relembra uma situação vivida quando era pequeno e reflete sobre ela.
(E) ensaio de caráter filosófico, em que o autor questiona o dilema diante de certos fatos da vida, apontado na dúvida final: Até hoje não sei qual era o mágico.
16. É incorreto afirmar que:
(A) A exclamação Que Mulher! cria uma incoerência no contexto, por referir-‐se a uma figura feminina que era, na verdade, um cromo como outro qualquer.
(B) Percebe-‐se, na fala do contista, certa nostalgia em relação aos bufarinheiros, que vendiam sonhos, embutidos nas pequenas coisas.
(C) Bufarinheiro é uma palavra atualmente em desuso no idioma, porém é possível entender seu sentido no decorrer do texto.
(D) Uma possível conclusão do texto é a de que a verdadeira mágica estava no encanto da criança, quebrado com o espelho partido.
(E) No 1º parágrafo o autor constata mudança de hábitos na substituição das bufarinhas por sorvetes e sucos de fruta.
Atenção: As questões abaixo baseiam-‐se no texto abaixo.
Na Academia Brasileira de Letras, há um salão bonito, mas um pouco sinistro. É o Salão dos Poetas Românticos, com bustos dos nossos principais românticos na poesia: Castro Alves, Gonçalves Dias, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Álvares de Azevedo.
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Os modernistas de 22, e antes deles os parnasianos, decidiram avacalhar com essa turma de jovens, que trouxe o Brasil para dentro de nossa literatura. Foram os românticos, na prosa e no verso, que colocaram em nossas letras as palmeiras, os índios, as praias selvagens, o sabiá, as borboletas de asas azuis, a juriti − o cheiro e o gosto de nossa gente. Não fosse o romantismo, ficaríamos atrelados ao classicismo das arcádias, à pomposidade do verso burilado. Sem falar nos poemas-‐piadas, a partir de 1922, todos como vanguarda da vanguarda.
Foram jovens. Casimiro morreu com 21 anos, Álvares de Azevedo com 22, Castro Alves com 24, Fagundes Varela com 34. O mais velho de todos, Gonçalves Dias, mal chegara aos 40 anos. O Salão dos Poetas Românticos é também sinistro, pois é de lá que sai o enterro dos imortais, que morrem como todo mundo.
(Adaptado de Carlos Heitor Cony "Salão dos românticos". FSP, 16/12/2010)
17. No 2º parágrafo, identifica-‐se
(A) aceitação, com ressalvas, do fato de a escola romântica ser considerada superior à parnasiana por esta última não ter sido produzida por jovens talentos.
(B) elogio à produção literária dos autores parnasianos, cujas obras clássicas teriam inspirado o modernismo de 22.
(C) comparação do movimento de 22 com o romantismo, e conclusão de que o primeiro, mais ousado, é superior ao segundo.
(D) reflexão a respeito do valor dos poetas românticos brasileiros, que teriam sido injustamente criticados por parnasianos e modernistas.
(E) constatação dos inúmeros defeitos da produção literária modernista, com base na falta de seriedade de seus autores.
18. ... pois é de lá que sai o enterro dos imortais, que morrem como todo mundo. (final do texto)
A frase acima
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(A) aponta a desvalorização dos escritores que já foram considerados os melhores do país.
(B) produz efeito humorístico advindo do paradoxo causado por um jogo de palavras com os conceitos de mortalidade e imortalidade.
(C) conclui que apenas os autores românticos merecem ser chamados de imortais.
(D) repudia com sarcasmo o privilégio oferecido aos autores da Academia, pois são mortais como os demais escritores.
(E) estabelece oposição à ideia de que o Salão dos Poetas Românticos teria algo de fúnebre.
FCC 2011 – TRE/PE – Técnico Judiciário Atenção: A questão abaixo baseia-‐se no texto seguinte. Antes de vitoriosa a colonização portuguesa do Brasil, não se compreendia outro tipo de domínio europeu nas regiões tropicais que não fosse o da exploração comercial através de feitorias ou de pura extração de riqueza mineral. Em nenhum dos casos se considerara a sério o prolongamento da vida europeia ou a adaptação dos seus valores materiais e morais a meios e climas tão diversos; tão mórbidos e dissolventes.
O colonizador português do Brasil foi o primeiro, dentre os colonizadores modernos, a deslocar a base da colonização tropical da pura extração de riqueza mineral, vegetal ou animal – o ouro, a prata, a madeira, o âmbar, o marfim – para a de criação local de riqueza. Ainda que riqueza – a criada por eles sob a pressão das circunstâncias americanas – à custa do trabalho escravo: tocada, portanto, daquela perversão de instinto econômico que cedo desviou o português da atividade de produzir valores para a de explorá-‐los, transportá-‐los ou adquiri-‐los.
Semelhante deslocamento, embora imperfeitamente realizado, importou numa nova fase e num novo tipo de colonização: a “colônia de plantação”, caracterizada pela base agrícola e pela permanência do colono na terra, em vez do
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seu fortuito contato com o meio e com a gente nativa. No Brasil iniciaram os portugueses a colonização em larga escala dos trópicos por uma técnica econômica e por uma política social inteiramente novas: apenas esboçadas nas ilhas subtropicais do Atlântico. [...]
A sociedade colonial no Brasil, principalmente em Pernambuco e no Recôncavo da Bahia, desenvolveu-‐se patriarcal e aristocraticamente à sombra das grandes plantações de açúcar, não em grupos a esmo e instáveis; em casas-‐grandes de taipa ou de pedra e cal, não em palhoças de aventureiros. Observa Oliveira Martins que a população colonial no Brasil, “especialmente ao Norte, constituiu-‐se aristocraticamente, isto é, as casas de Portugal enviaram ramos para o ultramar, e desde todo o princípio a colônia apresentou um aspecto diverso das turbulentas imigrações dos castelhanos na América Central e ocidental”.
(Fragmento extraído de Gilberto Freyre. Casa grande & senzala. v.1. 14. ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 1969, pp.22-‐3)
19. O texto estabelece uma clara oposição entre dois tipos de colonização nos trópicos: a colonização
(A) em que colonos castelhanos se dedicaram à verdadeira produção de valores, e aquela em que colonos portugueses trataram apenas de explorá-‐los ou adquiri-‐los.
(B) realizada pelos portugueses, com base no trabalho escravo, e a que foi levada a cabo por outros povos europeus, em que o trabalho era realizado pelos próprios colonos.
(C) baseada na pura extração das riquezas, sem a fixação do explorador, e a que empreende a criação de riquezas e o estabelecimento do colono na terra conquistada.
(D) bem que o domínio europeu se dava pelo estabelecimento de feitorias, e aquela outra em que havia tão somente a exploração da riqueza mineral da colônia.
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(E) ultrapassada das ilhas subtropicais do Atlântico, de um lado, e a do Brasil pelos portugueses, de outro, em que foi empregada uma técnica econômica e uma política social inovadoras.
Atenção: As questões de abaixo baseiam-‐se no texto seguinte.
Meu avô Costa Ribeiro morava na Rua da União, bairro da Boa Vista. Nos meses de verão, saíamos para um arrabalde mais afastado do bulício da Cidade, quase sempre Monteiro ou Caxangá. Para a delícia dos banhos de rio no Capiberibe. Em Caxangá, no chamado Sertãozinho, a casa de meu avô era a última à esquerda. Ali acabava a estrada e começava o mato, com os seus sabiás, as suas cobras e os seus tatus. Atrás de casa, na funda ribanceira, corria o rio, à cuja beira se especava o banheiro de palha. Uma manhã, acordei ouvindo falar de cheia. Talvez tivéssemos que voltar para o Recife, as águas tinham subido muito durante a noite, o banheiro tinha sido levado. Corri para a beira do rio. Fiquei siderado diante da violência fluvial barrenta. Puseram-‐me de guarda ao monstro, marcando com toquinhos de pau o progresso das águas no quintal. Estas subiam incessantemente e em pouco já ameaçavam a casa. Às primeiras horas da tarde, abandonamos o Sertãozinho. Enquanto esperávamos o trem na Estação de Caxangá, fomos dar uma espiada ao rio à entrada da ponte. Foi aí que vi passar o boi morto. Foi aí que vi uns caboclos em jangadas amarradas aos pegões da ponte lutarem contra a força da corrente, procurando salvar o que passava boiando sobre as águas. Eu não acabava de crer que o riozinho manso onde eu me banhava sem medo todos os dias se pudesse converter naquele caudal furioso de águas sujas. No dia seguinte, soubemos que tínhamos saído a tempo. Caxangá estava inundada, as águas haviam invadido a igreja...
(Manuel Bandeira. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993, v. único, p. 692)
20. Identifica-‐se no texto
(A) opinião, baseada em fatos, sobre como se defender das forças da natureza.
(B) manifestação de apoio a decisões tomadas por famílias em situação de risco.
(C) depoimento pessoal, em que transparecem lembranças familiares.
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(D) desenvolvimento objetivo a respeito da ocorrência de catástrofes.
(E) discussão de ideias sobre acontecimentos naturais, como a cheia de rios.
21. Talvez tivéssemos que voltar para o Recife, as águas tinham subido muito durante a noite, o banheiro tinha sido levado.
O segmento grifado atribui ao contexto a noção de
(A) causa determinante da hipótese apresentada antes dele.
(B) ressalva a partir da afirmativa feita anteriormente.
(C) condição para a realização de uma ação anterior.
(D) consequência das observações a respeito de um fato natural.
(E) proporcionalidade entre dois fatos mutuamente relacionados.
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Em vida, Gustav Mahler (1860-‐1911), tanto por sua personalidade artística como por sua obra, foi alvo de intensas polêmicas – e de desprezo por boa parte da crítica. A incompreensão estética e o preconceito antissemita também o acompanhariam postumamente e foram raros os maestros que, nas décadas que se seguiram à sua morte, se empenharam na apresentação de suas obras. Durante os anos 60, porém, uma virada totalmente inesperada levou a obra de Mahler ao início de uma era de sucesso sem precedentes, que perdura até hoje. Intérpretes conhecidos e pesquisadores descobriram o compositor, enquanto gravações discográficas divulgavam uma obra até então desconhecida do grande público.
Há uma série de fatores envolvidos na transformação de Mahler em figura central da história da música do século XX. A visão de mundo de uma geração mais jovem certamente teve influência central aqui: o dilaceramento interior de Mahler, seu interesse pelos problemas fundamentais da existência humana, seu pacifismo, seu engajamento contra a opressão social e seu posicionamento em favor do respeito à integridade da natureza – tudo isso se tornou, subitamente, muito atual para a geração que nasceu nos pós-‐guerra.
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O amor incondicional de Mahler pela a natureza sempre esteve presente em sua obra. O compositor dedicava inteiramente à criação musical os meses de verão, recolhendo-‐se em pequenas cabanas na paz dos Alpes austríacos. Em Steinbach, Mahler empreendia longas caminhadas, que lhe proporcionaram inspiração para sinfonias.
Comparar a simplicidade espartana dessas casinhas com a enorme complexidade das obras ali criadas diz muito sobre a genialidade do compositor – e, sobretudo, sobre a real origem de sua genialidade. Totalmente abandonadas e esquecidas na Áustria do pós-‐guerra, essas casinhas de Mahler hoje se transformaram em memoriais, graças à ação da Sociedade Internacional Gustav Mahler. O mundo onírico dos Alpes do início do século XX certamente voltará à memória de quem, tendo a imagem desses despojados retiros musicais de Mahler, voltar a ouvir sua música grandiosa.
(Adaptado: Klaus Billand, Gustav Mahler: a criação de um ícone. Revista 18. Ano IV, n. 15, março/abril/maio de 2006, p. 52-‐53. Disponível em: <http.//WWW.cebrap.org.br/v1/upload/biblioteca_virtual/GIANNOTTI_Tolerancia%20maxima.pdf> Acesso em: 22 dez. 2011)
22. Segundo o autor, o reconhecimento da grandeza artística de Mahler deve-‐se, em larga medida
(A) ao advento de uma geração cujos valores, apesar da distância temporal, correspondiam aos defendidos pelo compositor.
(B) ao reconhecimento, ainda que tardio, de sua originalidade por maestros e grandes intérpretes da música clássica com quem o compositor convivera.
(C) à ação de organizações culturais que se dispuseram a divulgar a obra do autor, mesmo correndo o risco de sofrer represálias por parte do público.
(D) à beleza única de suas obras, para a qual contribuíram largamente o amor incondicional do compositor pelos sons e pela musicalidade da natureza.
(E) à harmonia do conjunto de sua obra, que, por sua simplicidade intrínseca, pôde ser amplamente compreendida pelas gerações seguintes.
FCC 2012 -‐ TRE/CE -‐ Analista Judiciário
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Atenção: As questões a seguir referem-‐se ao texto abaixo. O tempo, como o dinheiro, é um recurso escasso. Isso poderia sugerir que ele se presta, portanto, à aplicação do cálculo econômico visando o seu melhor proveito. O uso racional do tempo seria aquele que maximiza a utilidade de cada hora do dia. Diante de cada opção de utilização do tempo, a pessoa delibera e escolhe exatamente aquela que lhe proporciona a melhor relação entre custos e benefícios.
Ocorre que a aplicação do cálculo econômico às decisões sobre o uso do tempo é neutra em relação aos fins, mas exigente no tocante aos meios. Ela cobra uma atenção alerta e um exercício constante de avaliação racional do valor do tempo gasto. O problema é que isso tende a minar uma certa disposição à entrega e ao abandono, os quais são essenciais nas atividades que envolvem de um modo mais pleno as faculdades humanas. A atenção consciente à passagem das horas e a preocupação com o seu uso racional estimulam a adoção de uma atitude que nos impede de fazer o melhor uso do tempo.
Valéry investigou a realidade dessa questão nas condições da vida moderna: “O lazer aparente ainda permanece conosco e, de fato, está protegido e propagado por medidas legais e pelo progresso mecânico. O nosso ócio interno, todavia, algo muito diferente do lazer cronometrado, está desaparecendo. Estamos perdendo aquela vacuidade benéfica que traz a mente de volta à sua verdadeira liberdade. As demandas, a tensão, a pressa da existência moderna perturbam esse precioso repouso.” O paradoxo é claro. Quanto mais calculamos o benefício de uma hora “gasta” desta ou daquela maneira, mais nos afastamos de tudo aquilo que gostaríamos que ela fosse: um momento de entrega, abandono e plenitude na correnteza da vida. Na amizade e no amor; no trabalho criativo e na busca do saber; no esporte e na fruição do belo −as horas mais felizes de nossas vidas são precisamente aquelas em que perdemos a noção da hora. (Adaptado de Eduardo Giannetti. O valor do amanhã.São Paulo, Cia. das Letras, 2005, p.206-‐209)
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23. O posicionamento crítico adotado pelo autor em relação ao emprego do cálculo econômico sobre a utilização do tempo está em:
(A) O uso racional do tempo seria aquele que maximiza a utilidade de cada hora do dia.
(B) Diante de cada opção de utilização do tempo, a pessoa delibera e escolhe exatamente aquela que lhe proporciona a melhor relação entre custos e benefícios.
(C) A atenção consciente à passagem das horas e a preocupação com o seu uso racional estimulam a adoção de uma atitude que nos impede de fazer o melhor uso do tempo.
(D) Isso poderia sugerir que ele se presta, portanto, à aplicação do cálculo econômico visando o seu melhor proveito.
(E) O lazer aparente ainda permanece conosco e, de fato, está protegido e propagado por medidas legais e pelo progresso mecânico.
24. O paradoxo a que o autor se refere está corretamente resumido em:
(A) O tempo despendido na busca de conhecimento é recompensado pelo saber.
(B) Os momentos de relaxamento pleno advêm do bom planejamento do uso do tempo.
(C) A criatividade confere maior qualidade ao tempo despendido com o trabalho.
(D) O controle do uso do tempo compromete o seu aproveitamento prazeroso.
(E) As horas de maior prazer são aquelas empregadas em atividades bem planejadas.
25. Leia atentamente as afirmações abaixo.
I. O problema é que isso tende a minar...(2º parágrafo)
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O pronome grifado se refere a decisões sobre o uso do tempo.
II. ... os quais são essenciais nas atividades que envolvem de um modo mais pleno as faculdades humanas. (2º parágrafo) O segmento grifado na frase acima se refere aos termos
III. Os segmentos vacuidade benéfica (3º parágrafo) e fruição do belo (4º parágrafo) estão corretamente traduzidos, respectivamente, por esmorecimento revigorante e deleite venturoso.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) II.
(B) I e III.
(C) I.
(D) II e III.
(E) I e II.
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06. GABARITO
01 B 06 D 11 B 16 A 21 A 02 C 07 B 12 D 17 D 22 A 03 A 08 B 13 A 18 B 23 C 04 D 09 D 14 E 19 C 24 D 05 E 10 C 15 D 20 C 25 A
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07. RESOLUÇÃO COMENTADA DAS QUESTÕES
Em compreensão/intelecção e interpretação de textos, a PRÁTICA é mais importante que a TEORIA. Peço-‐lhe, suplico: leia, com o máximo de atenção as dicas que estão espalhadas abaixo em azul e vermelho.
FCC 2010 -‐ Metrô/SP -‐ Secretário Pleno
Atenção: As questões abaixo referem-‐se ao texto seguinte.
Estradas e viajantes
A linguagem nossa de cada dia pode ser altamente expressiva. Não sei até quando sobreviverão expressões, ditados, fórmulas proverbiais, modos de dizer que atravessaram o tempo falando as coisas de um jeito muito especial, gostoso, sugestivo. Acabarão por cair todas em desuso numa época como a nossa, cheia de pressa e sem nenhuma paciência, ou apenas se renovarão?
Algumas expressões são tão fortes que resistem aos séculos. Haverá alguma língua que não estabeleça formas de comparação entre vida e viagem, vida e caminho, vida e estrada? O grande Dante já começava a Divina Comédia com “No meio do caminho de nossa vida...”. Se a vida é uma viagem, a grande viagem só pode ser... a morte, fim do nosso caminho. “Ela partiu", “Ele se foi”, dizemos. E assim vamos seguindo...
Quando menino, ouvia com estranheza a frase “Cuidado, tem boi na linha”. Como não havia linha de trem nem boi por perto, e as pessoas olhavam disfarçadamente para mim, comecei a desconfiar, mas sem compreender, que o boi era eu; mas como assim? Mais tarde vim a entender a tradução completa e prosaica: “suspendamos a conversa, porque há alguém que não deve ouvi-‐la”. Uma outra expressão pitoresca, que eu já entendia, era “calça de pular brejo” ou “calça de atravessar rio”, no caso de pernas crescidas ou calças encolhidas, tudo constatado antes de pegar algum caminho.
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Já adulto, vim a dar com o termo “passagem”, no sentido fúnebre. “Passou desta para melhor”. Situação difícil: “estar numa encruzilhada”. Fim de vida penoso? “Também, já está subindo a ladeira dos oitenta...” São incontáveis os exemplos, é uma retórica inteira dedicada a imagens como essas. Obviamente, os poetas, especialistas em imagens, se encarregam de multiplicá-‐las. “Tinha uma pedra no meio do caminho”, queixou-‐se uma vez, e para sempre, o poeta Carlos Drummond de Andrade, fornecendo-‐nos um símbolo essencial para todo e qualquer obstáculo que um caminhante fatalmente enfrenta na estrada da vida, neste mundo velho sem porteira...
(Peregrino Solerte, inédito)
01. A frase de abertura do texto – A linguagem nossa de cada dia pode ser altamente expressiva – corresponde a uma tese
OK! O autor abre o texto com uma tese, que pode ser desenvolvida, comprovada, detalhada, demonstrada, contestada etc. ao longo do texto. Saca só:
(A) cuja contestação é coerentemente desenvolvida, concluindo-‐se com a referência a Carlos Drummond de Andrade.
ERRADA. O autor não contesta sua tese; pelo contrário, ele a sustenta e a desenvolve.
(B) cujo desenvolvimento se faz com a multiplicação de exemplos, relativos a um mesmo campo de expressão simbólica.
CORRETA. O autor desenvolve, por meio de vários exemplos, sua tese.
(C) cujo desenvolvimento acaba por comprovar a ineficiência da linguagem simbólica, se comparada com a rotineira.
ERRADA. A eficiência da linguagem simbólica é enfatizada, sobretudo, no 2º e 3º parágrafos.
(D) cuja comprovação se dá pelo fato de que, na evolução de uma língua, as expressões simbólicas se mantêm sempre as mesmas.
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ERRADA. O 1º parágrafo coloca uma questão que é retomada no 2º. Então, o autor afirma que Algumas expressões são tão fortes que resistem aos séculos.
(E) cuja contestação é encaminhada mediante a comparação entre a linguagem antiga e a linguagem contemporânea.
ERRADA. Vale o mesmo comentário da letra A, acrescendo-‐se que o 1º parágrafo compara, sim, a linguagem mais antiga com a contemporânea, mas de forma alguma contesta a tese posta.
GABARITO: B
02. Atente para as seguintes afirmações:
I. No 1º parágrafo, expressa-‐se a convicção (não há tal convicção; há dúvida, questionamento) de que os modos de dizer mais expressivos não sobreviverão nos tempos modernos, por serem avaliados como ineficazes (ele não diz isso em parte alguma do texto; pelo contrário) nos processos de comunicação. ERRADÍSSIMA! (Eliminemos logo as letras A e D.)
II. No 3º parágrafo, a impossibilidade de o menino compreender a frase ouvida aos adultos deveu-‐se ao fato de estar traduzida em linguagem prosaica (au contraire, mon ami(e): prosaico, aqui, significa comum, trivial. O menino não entendia o que se dizia justamente porque se estava usando a linguagem simbólica, não prosaica). ERRADA. (Eliminamos as letras B e E; sobrou a C -‐-‐ o GABARITO. E VOCÊ, na hora da prova NÃO deve ler o resto -‐-‐ marca e vai-‐se embora!)
III. No 4º parágrafo, reconhece-‐se nos poetas a capacidade de enriquecimento expressivo da linguagem, especialistas que são na criação de imagens. ("Isso, isso, isso". Vide último parágrafo, do 6º período em diante.) CORRETA!
Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em
(A) I.
(B) II.
(C) III.
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(D) I e II.
(E) II e III.
GABARITO: C
03. As expressões E assim vamos seguindo e neste mundo velho sem porteira
(A) devem ser tomadas como exemplos do mesmo tipo de repertório de imagens enumeradas no texto.
CORRETA. Concorde comigo: essa foi de graça, não foi? Imagens, aqui, são as várias metáforas e outros simbolismos que o autor usa como exemplo em todo o texto.
(B) constituem mais exemplos da tradução prosaica que se faz de bem conhecidas expressões simbólicas.
ERRADA. Pelo dito em A, não, né?
(C) remetem ao mesmo significado que se atribuiu ao verso “Tinha uma pedra no meio do caminho”.
ERRADA. Cuidado! Ao mesmo significado, não! Este verso remete-‐nos ao repertório (conjunto) de expressões que comparam a vida a uma estrada.
(D) assumem a mesma significação melancólica de expressões como “grande viagem”ou “passagem”.
ERRADA. As expressões do enunciado e "grande viagem" não têm o referido tom melancólico.
(E) significam, no âmbito das expressões simbólicas, que já não há mais nada de novo que se deva conhecer nesta vida.
ERRADA. Absurda! Se vamos seguindo nesse mundo velho sem porteira, é porque ainda temos o que ver, não?
GABARITO: A
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04. Funcionam como marcas temporais, dentro de uma sequência histórica, as expressões
(A) Não sei até quando e algumas expressões são tão fortes.
ERRADA. A 1º marca um futuro incerto; mas a 2º nada tem de temporal: é uma constatação de um fato.
(B) Como não havia linha de trem e São incontáveis os exemplos.
ERRADA. A 1º é causal e a segunda também é uma constatação de fato.
(C) Já adulto e fornecendo-‐nos um símbolo essencial.
ERRADA. A 1ª é um marcador temporal, mas a 2ª expressa uma consequência da ação do poeta Drummond.
(D) Quando menino e Mais tarde vim a entender.
CORRETA. As expressões marcam dois momentos da vida do narrador: a infância e a fase adulta.
(E) Uma outra expressão pitoresca e já está subindo a ladeira dos oitenta.
ERRADA. A 1º inicia uma exemplificação e a segunda é um exemplo de expressão simbólica. Leia o enunciado novamente!
GABARITO: D
05. Está correta a seguinte afirmação sobre um procedimento construtivo do texto:
(A) O segmento ou apenas se renovarão? expressa uma concomitância em relação ao segmento Acabarão por cair todas em desuso.(1º parágrafo)
ERRADA. Concomitância é simultaneidade; essas orações estão numa relação de alternância, exclusão: vai acontecer isso ou aquilo?
(B) A construção Algumas expressões são tão fortes que resistem aos séculos expressa uma comparação. (2º parágrafo)
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ERRADA. Quando uma oração inicia-‐se por que, tendo na oração principal tão, a relação é de causa e consequência: por serem muito fortes, resistem ao tempo.
(C) No segmento ouvia com estranheza a frase, o elemento sublinhado está empregado com a significação sentindo-‐me estranho. (3º parágrafo)
ERRADA. Ele não "se sentia estranho"; apenas desconhecia a expressão.
(D) No segmento vim a dar com o termo “passagem”, o elemento sublinhado tem o sentido de passei a me valer. (4º parágrafo)
ERRADA. Vir a dar com significa deparar-‐se com, encontrar. Passei a me valer (de) significa comecei a usar.
(E) A construção Queixou-‐se uma vez, e para sempre, afirma a permanência que uma expressão confere a um incidente. (4º parágrafo)
CORRETA. Refere-‐se à metáfora que Drummond fez com a "pedra" e o "caminho".
GABARITO: E
Atenção: As questões abaixo referem-‐se ao texto seguinte.
Metrô: próxima parada
Não fique com medo de embarcar caso chegue à plataforma de uma das estações do Metrô em São Paulo e veja um trem sem condutor. Os novos vagões da linha amarela dispensam o profissional a bordo. Esse é apenas um detalhe de uma lista de recursos tecnológicos que estão sendo implementados para transportar os paulistas com mais eficiência. Escadas rolantes com sensores de presença, câmeras de vídeo que enviam imagens para a central por Wi-‐Fi, comunicação com os passageiros por VoIP e freios inteligentes são outras novidades.
O Metrô está passando por uma modernização que não é só cosmética. Com ar condicionado, os novos trens não precisam de muitas frestas para entrada de ar. Não é só uma questão de conforto térmico, mas acústico. Nas novas escadas rolantes,
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sensores infravermelho detectam a presença de pessoais; não havendo ninguém, a rolagem é mais lenta, e economiza-‐se energia elétrica.
(Adaptado de Kátia Arima, da INFO. http://info.abril.com.br/noticias)
06. Deve-‐se entender, dado o contexto, que o título do texto refere-‐se, precisamente,
Muita atenção! Uma boa leitura do enunciado é imprescindível à boa interpretação. Veja que a banca quer saber qual parte do texto está PRECISAMENTE, DIRETAMENTE, relacionada ao título.
(A) ao anúncio de estações mais modernas e mais bem equipadas, cujo avanço eletrônico não deve causar temor entre os futuros usuários do Metrô.
ERRADA! Não tem como encontrar nenhuma relação entre a evolução dos metrôs e o fato de que o avanço eletrônico não deve causar temor.
(B) ao planejamento de linhas de Metrô que, sob novas condições, tornarão mais rápido e eficaz o transporte dos passageiros paulistas.
ERRADA. A "parada" nada tem a ver com "planejamento de linhas". Aliás, o texto nem menciona isso!
(C) às novidades tecnológicas que representarão considerável economia de tempo e manutenção mais barata.
ERRADA. O texto não menciona "custo de manutenção". Chega a falar em economia de energia elétrica, mas isso, de qualquer forma, não está precisamente relacionado ao título.
(D) ao provimento de novos recursos eletrônicos, que têm reflexo na operação do Metrô paulista e redundam em maior conforto e segurança aos usuários.
CORRETA. A metáfora com a expressão "próxima parada" está diretamente relacionada com o investimento que tem sido feito no metrô paulista.
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(E) às conquistas da tecnologia que, uma vez adotadas pelo Metrô paulista, significarão cortes em gastos e alterações menos cosméticas.
ERRADA. Não há referência direta às "conquistas da tecnologia", mas ao emprego destas no metrô.
GABARITO: D
07. Atente para as seguintes afirmações:
I. A autora do texto trabalha com a suposição de que o leitor conhece suficientemente termos técnicos associados a recursos tecnológicos.
CORRETA. Pois ela não explica o que é Wi-‐Fi, VoIP, infravermelho etc. Eliminemos as letras C e E.
II. Na frase O Metrô está passando por uma modernização que não é só cosmética subentende-‐se que algumas transformações não são essenciais.
CORRETA. Transformações que são só cosméticas não são essenciais. Eliminemos a letra D; temos duas alternativas, ainda...
III. Subentende-‐se que, nas novas viagens do Metrô, o conforto térmico deixou de ser tão importante quanto o conforto acústico.
ERRADA. Leia o meio do 2º parágrafo.
Em relação ao texto, está correto o que se afirma em
(A) I, II e III.
(B) I e II, apenas.
(C) II e III, apenas.
(D) I e III, apenas.
(E) II, apenas.
GABARITO: B
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Atenção: As questões abaixo referem-‐se ao texto seguinte.
Apoio ao transporte urbano
O BNDES tem um programa de apoio a projetos de transportes públicos, abrangendo todos os investimentos necessários à qualificação do espaço urbano no entorno do empreendimento. O apoio pode se dar visando a forma de operação específica, sempre com a preocupação de mirar os seguintes objetivos: a) racionalização econômica, com redução dos custos totais do sistema; b) privilégio do transporte coletivo sobre o individual; c) integração tarifária e física, com redução do ônus e do tempo de deslocamento do usuário; d) acessibilidade universal, inclusive para os usuários com necessidades especiais; e) aprimoramento da gestão e da fiscalização do sistema; f) redução dos níveis de poluição sonora e do ar, do consumo energético e dos congestionamentos; g) revalorização urbana do entorno dos projetos.
O BNDES admite um nível de participação em até 100%, no caso de municípios de baixa renda ou de média renda inferior localizados nas regiões Norte e Nordeste.
(Baseado em informações do site oficial do BNDES)
08. Para apoiar projetos de transportes públicos, o BNDES considera, antes de mais nada, a
(A) viabilidade operacional, já demonstrada, de projeto similar ao oferecido.
ERRADA. A viabilidade operacional é visado pelo Banco, sim (vide 2º período, item "a"), mas a informação tachada acima não tem nada a ver.
(B) repercussão positiva do empreendimento sobre aspectos de seu entorno.
CORRETA. Confirma-‐se essa resposta já no primeiro período, principalmente na parte que sublinhei para você.
(C) recuperação tecnológica e financeira de empreendimentos onerosos.
ERRADA. Não obstante os itens "a" e "c" do texto, não há menção direta ou indireta a este aspecto. Tentaram "misturar alhos com bugalhos" nessa.
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(D) formulação de objetivos ordenados segundo sua prioridade.
ERRADA. A informação tachada não se encontra no texto.
(E) integração do sistema de transporte com equipamentos de lazer e cultura.
ERRADA. A informação tachada não se encontra no texto.
GABARITO: B
09. Considerando-‐se o conjunto dos objetivos relacionados no texto, identificados pelas letras correspondentes, é correto afirmar que os objetivos
(A) a) e b) são alternativos entre si, pela impossibilidade do duplo atendimento.
ERRADA. Não é impossível atender, simultaneamente, a a) racionalização econômica, com redução dos custos totais do sistema e b) privilégio do transporte coletivo sobre o individual.
(B) c) e d) são complementares, já que ambos cuidam de casos excepcionais.
ERRADA. Apenas "d" cuida de casos excepcionais.
(C) e) e f) estão diretamente voltados para a preservação ambiental.
ERRADA. "E" não está diretamente voltado para a preservação ambiental.
(D) a) e c) estão intimamente associados, quanto ao aspecto econômico.
CORRETA. A a) racionalização econômica, com redução dos custos totais do sistema e a c) integração tarifária e física, com redução do ônus e do tempo de deslocamento do usuário estão, no aspecto econômico, intimamente associadas.
(E) f) e g) são alternativos entre si, pela impossibilidade do duplo atendimento.
ERRADA. Mesmo comentário da letra (A): f) redução dos níveis de poluição sonora e do ar, do consumo energético e dos congestionamentos e g) revalorização urbana do entorno dos projetos não são incompatíveis.
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GABARITO: D
10. Traduz-‐se de forma correta e coerente o sentido do parágrafo final em:
No caso de municípios de baixa renda ou de renda média inferior localizados nas regiões Norte e Nordeste,
(A) admite-‐se que 100% dos empreendimentos podem pleitear a participação do BNDES.
NÃO é 100% dos "empreendimentos"; é 100% de participação do BNDES.
(B) o nível de 100% de resultados é a condição participativa do BNDES.
NÃO tem nada a ver com resultados.
(C) a participação do BNDES pode chegar ao patamar da plena integralidade.
CORRETA. A banca colocou uns óculos escuros, um chapéu e um sobretudo na redação para confundir você. Compare as redações.
(D) será mais que satisfatória a implementação complementar do BNDES.
NÃO se falou em implementação apenas complementar, mas que poderá ser integral.
(E) o BNDES arcará com a responsabilidade integral pelo sucesso do empreendimento.
ERRADA. O BNDES poderá financiar o projeto integralmente, não "se responsabilizar pelo seu sucesso". Uma possível conclusão é a de que essa responsabilidade é do Governo.
GABARITO: C
FCC 2011 -‐ Nossa Caixa -‐ Advogado
Atenção: As questões de abaixo referem-‐se ao texto seguinte.
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Pós-‐11/9
Li que em Nova York estão usando “dez de setembro” como adjetivo, significando antigo, ultrapassado. Como em: “Que penteado mais dez de setembro!”. O 11/9 teria mudado o mundo tão radicalmente que tudo o que veio antes – culminando com o day before [dia anterior], o último dia das torres em pé, a última segunda-‐feira normal e a véspera mais véspera da História – virou preâmbulo. Obviamente, nenhuma normalidade foi tão afetada quanto o cotidiano de Nova York, que vive a psicose do que ainda pode acontecer. Os Estados Unidos descobriram um sentimento inédito de vulnerabilidade e reorganizam suas prioridades para acomodá-‐las, inclusive sacrificando alguns direitos de seus cidadãos, sem falar no direito de cidadãos estrangeiros não serem bombardeados por eles. Protestos contra a radicalíssima reação americana são vistos como irrealistas e anacrônicos, decididamente “dez de setembro”.
Mas fatos inaugurais como o 11/9 também permitem às nações se repensarem no bom sentido, não como submissão à chantagem terrorista, mas para não perder a oportunidade do novo começo, um pouco como Deus – o primeiro autocrítico – fez depois do Dilúvio. Sinais de revisão da política dos Estados Unidos com relação a Israel e os palestinos são exemplos disto. E é certo que nenhuma reunião dos países ricos será como era até 10/9, pelo menos por algum tempo. No caso dos donos do mundo, não se devem esperar exames de consciência mais profundos ou atos de contrição mais espetaculares, mas o instinto de sobrevivência também é um caminho para a virtude. O horror de 11/9 teve o efeito paradoxalmente contrário de me fazer acreditar mais na humanidade.
A questão é: o que acabou em 11/9 foi prólogo, exatamente, de quê? Seja o que for, será diferente. Inclusive por uma questão de moda, já que ninguém vai querer ser chamado de “dez de setembro” na rua.
(Luis Fernando Veríssimo, O mundo é bárbaro)
11. Já se afirmou a respeito de Luis Fernando Veríssimo, autor do texto aqui apresentado: "trata-‐se de um escritor que consegue dar seriedade ao humor e graça à gravidade, sendo ao mesmo tempo humorista inspirado e ensaísta profundo". Essa rara combinação de planos e tons distintos pode ser adequadamente ilustrada por meio destes segmentos do texto:
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I. Que penteado mais dez de setembro! e Os Estados Unidos descobriram um sentimento inédito de vulnerabilidade.
SIM. A primeira oração tem o tom humorístico, enquanto a segunda tem o analítico. Eliminemos as letras C e E.
II. um pouco como Deus – o primeiro autocrítico – fez depois do Dilúvio e o instinto de sobrevivência também é um caminho para a virtude.
SIM. A primeira também tem o tom sarcástico: Deus sendo comparado aos EUA e, também, "o primeiro autocrítico"; a segunda também encerra uma análise profunda. Eliminamos a letra D: ficamos com duas; logo, temos que analisar a (III).
III. fatos inaugurais como o 11/9 também permitem às nações se repensarem e não se devem esperar exames de consciência mais profundos.
NÃO. Esta não ilustra a combinação de planos e tons distintos. Em nenhuma das duas percebe-‐se o humor, apenas a análise crítica.
Em relação ao texto, atende ao enunciado desta questão o que se transcreve em
(A) I, II e III.
(B) I e II, apenas.
(C) II e III, apenas.
(D) I e III, apenas.
(E) II, apenas.
GABARITO: B
12. Ao comentar a tragédia de 11 de setembro, o autor observa que ela
(A) foi uma espécie de prólogo de uma série de muitas outras manifestações terroristas.
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NÃO há essa observação. No último parágrafo, o autor questiona esse "prólogo".
(B) exigiria das autoridades americanas a adoção de medidas de segurança muito mais drásticas que as então vigentes.
Alternativa perigosa! Cuidado quando a banca "coloca palavras na boca do autor"! A afirmação, apesar de coerente, NÃO é sugerida pelo autor, que apenas comenta que os Estados Unidos descobriram um sentimento inédito de vulnerabilidade e reorganizam suas prioridades para acomodá-‐las (...)
(C) estimularia a população nova-‐iorquina a tornar mais estreitos os até então frouxos laços de solidariedade.
Absurda! Nenhuma referência no texto.
(D) abriu uma oportunidade para que os americanos venham a se avaliar como nação e a trilhar um novo caminho.
CORRETA. Isso fica bem claro no início do 2º parágrafo. Releia.
(E) faria com que os americanos passassem a ostentar com ainda maior orgulho seu decantado nacionalismo.
"Forçaram a barra" nessa. O comentário do autor é: No caso dos donos do mundo, não se devem esperar exames de consciência mais profundos ou atos de contrição mais espetaculares (...). Daí para o que afirma a letra E...
GABARITO: D
FCC 2011 – TRE/TO – Técnico Judiciário
Atenção: As questões abaixo referem-‐se ao texto abaixo.
O documentário E Agora? pretende revelar detalhes do tráfico de aves silvestres no Brasil. Segundo o produtor Fábio Cavalheiro, o longa-‐metragem apresentará cenas de flagrantes de tráfico, as rotas do comércio ilegal e entrevistas com autoridades e representantes de ONGs.
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A Agência Nacional de Cinema (Ancine) aprovou o projeto e, agora, busca-‐se patrocínio. A ONG SOS Fauna, especializada em resgates, foi uma das orientadoras para a produção do filme.
O longa também se propõe a discutir outro problema: o fato de que, mesmo quando salvas das mãos dos traficantes, muitas aves não são reintroduzidas na natureza.
Além da versão final editada para o cinema, as entrevistas e materiais pesquisados estarão disponíveis para pesquisadores que queiram se aprofundar no tema. A intenção é a de que o filme contribua para a educação – e, por isso, será oferecido para estabelecimentos de ensino.
Entre as espécies mais visadas pelos traficantes estão papagaios, a araponga, o pixoxó, o canário-‐da-‐terra, o tico-‐tico, a saíra-‐preta, o galo-‐de-‐campina, sabiás e bigodinho.
(O Estado de S. Paulo, A30 Vida, Planeta, 21 de novembro de 2010)
13. O assunto do texto está corretamente resumido em:
(A) Um longa-‐metragem, em forma de documentário, abordará o tráfico de aves silvestres no Brasil, e terá objetivos educativos.
CORRETA. Fala-‐se de um longa-‐metragem (o documentário E Agora?) que abordará o problema do tráfico de aves no Brasil e terá objetivos educativos. Veja que são duas ideias que, de fato, são centrais ao texto. Os parágrafos 1 a 3 e 5 descrevem o problema apresentado pelo filme e trazem informações acessórias (parágrafo 2º). O aspecto educacional é abordado no 4º parágrafo.
(B) A Ancine deverá escolher e patrocinar a realização de alguns projetos de filmes educativos, destinados às escolas brasileiras.
ERRADA. A Ancine aprovou o projeto, mas o texto não diz que esta agência deverá “patrocinar” nada. Ademais, não se fala em “filmes”; o texto só se refere ao documentário citado. Enfim, esta assertiva é só para encher linguiça ou pegar os candidatos mais desatentos.
(C) ONGs voltadas para a proteção de aves silvestres buscam a realização de novos projetos, como a de filmes educativos.
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ERRADA. De quantas ONGs, especificamente, fala o texto? Só uma: a SOS Fauna (2º parágrafo). E o que diz o texto sobre ela? Que ela foi uma das orientadoras para a produção do filme. Leia o texto. Ele não fala nada sobre “a realização de novos projetos”.
(D) Várias espécies de aves silvestres encontram-‐se em extinção, apesar dos constantes cuidados de ONGs destinadas à sua proteção.
"Assertiva correta"! Mas não resume o assunto do texto. Veja bem: não é o que você sabe; é o que o texto diz! Raciocínio e conhecimento prévio são essenciais a uma boa leitura, mas, se mal usados, podem levá-‐lo ao erro. ERRADA.
(E) Apesar das intenções didáticas, filme sobre tráfico de aves silvestres não atinge sua finalidade educativa.
ERRADA. O 4º parágrafo diz que a intenção é a de que o filme contribua para a educação – e, por isso, será oferecido para estabelecimentos de ensino. Somente isso. Não sabemos, através do texto, se essa intenção logrou êxito ou não.
GABARITO: A
14. O texto informa claramente que
(A) o produtor do documentário sobre aves silvestres baseou-‐se em entrevistas com pesquisadores para desenvolver o roteiro do filme.
ERRADA. O 1º parágrafo fala de entrevistas “com autoridades e representantes de ONGs”. O que os “pesquisadores” têm a ver com isso? Ah! O 4º parágrafo diz que eles poderão se beneficiar do documentário em suas pesquisas. Só isso!
(B) as discussões referentes aos diversos problemas que colocam em perigo as aves silvestres já estão em andamento na Ancine.
ERRADA. A Ancine é a Agência Nacional de Cinema. O que tem ela a ver com este problema das aves? Tudo bem. Acho que nada impede que Ancine se envolva com questões ambientais. Mas o que importa é que o texto não fala
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dessas “discussões” e que a Ancine apenas aprovou o projeto do documentário.
(C) algumas Organizações Não Governamentais estão se propondo a proteger aves silvestres capturadas e a preparar seu retorno à natureza.
O documentário apresenta entrevistas com representantes de ONGs. A ONG SOS Fauna foi uma das orientadoras para a produção do filme. Só isso? Não. Desta última frase, eu retirei o aposto (explicação) que diz que a SOS Fauna é “especializada em resgate (certamente, de animais)”. Ah! Então aqui está a assertiva! Não. Leia bem a assertiva. O texto não fala claramente de “algumas” ONGs, nem de elas estarem se “propondo a preparar o retorno das aves à natureza”. Veja também o 3º parágrafo. ERRADA.
(D) o objetivo principal do documentário será oferecer subsídios a pesquisadores interessados em estudos sobre aves silvestres brasileiras.
Tópico frasal do 1º parágrafo: O documentário E Agora? pretende revelar detalhes do tráfico de aves silvestres no Brasil. Este é o objetivo principal do documentário. Como se vê no 4º parágrafo, ele também servirá para pesquisadores e para a educação. ERRADA.
(E) o projeto do documentário sobre o tráfico de aves silvestres já foi aprovado, mas ainda não há patrocinador para sua produção.
CORRETA. É exatamente o que diz a primeira frase do 2º parágrafo.
GABARITO: E
Atenção: As questões abaixo referem-‐se ao texto abaixo.
A bailarina
A profissão de bufarinheiro está regulamentada; contudo, ninguém mais a exerce, por falta de bufarinhas*. Passaram a vender sorvetes e sucos de fruta, e são conhecidos como ambulantes.
Aqui o autor faz uma breve introdução ao seu relato pessoal (a seguir: Conheci..., referindo-‐se a uma profissão extinta para contextualizar o leitor.
Conheci o último bufarinheiro de verdade, e comprei dele um espelhinho que tinha no lado oposto a figura de uma bailarina nua. Que mulher! Sorria para mim
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como prometendo coisas, mas eu era pequeno, e não sabia que coisas fossem. Perturbava-‐me.
Clímax da estória, este parágrafo traz o tema de interesse central no texto.
Um dia quebrei o espelho, mas a bailarina ficou intata. Só que não sorria mais para mim. Era um cromo como outro qualquer. Procurei o bufarinheiro, que não estava mais na cidade, e provavelmente teria mudado de profissão. Até hoje não sei qual era o mágico: se o bufarinheiro, se o espelho.
O autor narra, em tom nostálgico, o desfecho desse episódio de sua vida.
* bufarinhas − mercadorias de pouco valor; coisas insignificantes.
(Carlos Drummond de Andrade. Contos plausíveis, in Prosa Seleta. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003, p.89)
15. O texto se desenvolve como
(A) depoimento de uma criança sobre o espelhinho que tinha no lado oposto a figura de uma bailarina nua, registrado em sua memória.
O autor não está “depondo” (veja as aspas!), testemunhando sobre algum fato, mas apenas relatando um episódio de sua infância.
(B) discussão em torno da importância de certas profissões, ainda que se destinem ao comércio de bufarinhas.
Apenas no 1º parágrafo ele comenta, não discute, a extinta profissão de uma profissão: a de bufarinheiro.
(C) crítica a um tipo de vendedores que não se preocupa com valores morais, como no caso da figura da bailarina nua vendida a uma criança.
É impossível marcar essa, amig@! Não há no texto qualquer julgamento moral!
(D) relato de caráter pessoal, em que o autor relembra uma situação vivida quando era pequeno e reflete sobre ela.
É isso aí!
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(E) ensaio de caráter filosófico, em que o autor questiona o dilema diante de certos fatos da vida, apontado na dúvida final: Até hoje não sei qual era o mágico.
De forma alguma! Trata-‐se de um simples relato pessoal envolvendo um encantamento desses que nós temos quando criança.
GABARITO: D
16. É INCORRETO afirmar que:
(A) A exclamação Que Mulher! cria uma incoerência no contexto, por referir-‐se a uma figura feminina que era, na verdade, um cromo como outro qualquer.
A expressão apenas mostra o deslumbramento do infante, NÃO “incoerência textual”. ESSA É O GABARITO!!!
(B) Percebe-‐se, na fala do contista, certa nostalgia em relação aos bufarinheiros, que vendiam sonhos, embutidos nas pequenas coisas.
Sentimento presente, principalmente, no 2º e 3º parágrafos.
(C) Bufarinheiro é uma palavra atualmente em desuso no idioma, porém é possível entender seu sentido no decorrer do texto.
No 1º parágrafo, a comparação com os atuais “ambulantes”; no 2º, um exemplo do que eram as “bufarinhas”.
(D) Uma possível conclusão do texto é a de que a verdadeira mágica estava no encanto da criança, quebrado com o espelho partido.
O deslumbramento já mencionado pode justificar esta ilação.
(E) No 1º parágrafo o autor constata mudança de hábitos na substituição das bufarinhas por sorvetes e sucos de fruta.
Correto. Ninguém exerce a tal profissão porque agora estão vendendo sorvetes e sucos de fruta e são chamados “ambulantes”.
GABARITO: A
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Atenção: As questões abaixo baseiam-‐se no texto abaixo.
Na Academia Brasileira de Letras, há um salão bonito, mas um pouco sinistro. É o Salão dos Poetas Românticos, com bustos dos nossos principais românticos na poesia: Castro Alves, Gonçalves Dias, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Álvares de Azevedo.
Os modernistas de 22, e antes deles os parnasianos, decidiram avacalhar com essa turma de jovens (Que turma? Os românticos, citados no 1º parágrafo. Aqui está a resposta da 18ª questão), que trouxe o Brasil para dentro de nossa literatura. Foram os românticos, na prosa e no verso, que colocaram em nossas letras as palmeiras, os índios, as praias selvagens, o sabiá, as borboletas de asas azuis, a juriti − o cheiro e o gosto de nossa gente. Não fosse o romantismo, ficaríamos atrelados ao classicismo das arcádias, à pomposidade do verso burilado. Sem falar nos poemas-‐piadas, a partir de 1922, todos como vanguarda da vanguarda.
Todo o resto do parágrafo é uma reflexão sobre o valor, o mérito dos românticos na Literatura Brasileira.
Foram jovens. Casimiro morreu com 21 anos, Álvares de Azevedo com 22, Castro Alves com 24, Fagundes Varela com 34. O mais velho de todos, Gonçalves Dias, mal chegara aos 40 anos. O Salão dos Poetas Românticos é também sinistro, pois é de lá que sai o enterro dos imortais, que morrem como todo mundo.
Sentiu o sarcasmo e a ironia aqui? A “imortalidade” refere-‐se à memória das obras e seus autores que sempre sobreviverão na memória dos homens; porém, o autor satiriza com o sentido denotativo, literal, da palavra – “aquele que morre”.
(Adaptado de Carlos Heitor Cony "Salão dos românticos". FSP, 16/12/2010)
17. No 2º parágrafo, identifica-‐se
Observe que cada assertiva começa com uma palavra-‐chave.
(A) aceitação, com ressalvas, do fato de a escola romântica ser considerada superior à parnasiana (dos versos burilados) por esta última não ter sido produzida por jovens talentos.
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O texto se refere à juventude dos românticos no 2º e 3º parágrafos, mas isso não seria o motivo para declarar a superioridade destes em relação aos parnasianos; aliás, o autor nem declara a suposta superioridade: apenas atesta a valiosa contribuição daqueles poetas.
(B) elogio à produção literária dos autores parnasianos, cujas obras clássicas teriam inspirado o modernismo de 22.
Nenhum dos dois elementos tachados é encontrado no texto. Faz-‐se referência à “pomposidade” dos versos parnasianos no 2º parágrafo e aos poemas-‐piadas modernistas, no final deste parágrafo. Sem elogios, nem a mencionada relação de “inspiração”.
(C) comparação do movimento de 22 com o romantismo, e conclusão de que o primeiro, mais ousado, é superior ao segundo.
Pode haver uma comparação implícita sim, mas não há julgamento de “superioridade”, como disse na letra “a”, acima.
(D) reflexão a respeito do valor dos poetas românticos brasileiros, que teriam sido injustamente criticados por parnasianos e modernistas.
CORRETA. É exatamente o que diz o início do 2º parágrafo, com ideias desenvolvidas no decorrer deste.
(E) constatação dos inúmeros defeitos da produção literária modernista, com base na falta de seriedade de seus autores.
Quantos defeitos dos modernistas você vê citados no texto? Nenhum. A menção aos “poemas-‐piadas” é um mero comentário a um dos estilos peculiares destes autores.)
GABARITO: D
18. ... pois é de lá que sai o enterro dos imortais, que morrem como todo mundo. (final do texto)
A frase acima
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(A) aponta a desvalorização dos escritores que já foram considerados os melhores do país.
Não. Apenas os modernistas e parnasianos avacalharam – ridicularizaram – os românticos.
(B) produz efeito humorístico advindo do paradoxo (algo que contraria a lógica humana) causado por um jogo de palavras com os conceitos de mortalidade e imortalidade (em seu sentido literal, que NÃO é o do texto).
CORRETA. Veja comentário no final do texto.
(C) conclui que apenas os autores românticos merecem ser chamados de imortais.
O final do texto refere-‐se aos românticos como “imortais”, mas não afirma que “apenas” eles merecem este “atributo”.
(D) repudia com sarcasmo o privilégio oferecido aos autores da Academia, pois são mortais como os demais escritores.
Como vimos na letra “b”, o sarcasmo é apenas um recurso estilístico usado pelo autor; mas, de forma alguma, chega a ser um repúdio a este privilégio.
(E) estabelece oposição à ideia de que o Salão dos Poetas Românticos teria algo de fúnebre.
Pelo contrário: o aspecto funéreo do Salão concatena com a ideia do trecho em destaque.
GABARITO: B
FCC 2011 – TRE/PE – Técnico Judiciário Atenção: A questão abaixo baseia-‐se no texto seguinte. Antes de vitoriosa a colonização portuguesa do Brasil, não se compreendia outro tipo de domínio europeu nas regiões tropicais que não fosse o da exploração
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comercial através de feitorias ou de pura extração de riqueza mineral. Em nenhum dos casos se considerara a sério o prolongamento da vida europeia ou a adaptação dos seus valores materiais e morais a meios e climas tão diversos; tão mórbidos e dissolventes.
IMPORTANTE! O primeiro parágrafo é, quase sempre, o mais importante do texto, pois é ele que introduz o leitor ao assunto principal, integra-‐o no processo de leitura, com informações que, dependendo do conhecimento do leitor, irá iniciar uma série de operações cognitivas determinantes na compreensão e interpretação do texto. Esse parágrafo refere-‐se à colonização do Brasil, durante a qual o tipo de domínio era a de exploração comercial, sem se considerar o estabelecimento dos colonos em nossa terra, devidos às diferenças ambientais deste país tropical em relação ao clima temperado da Europa.
O colonizador português do Brasil foi o primeiro, dentre os colonizadores modernos, a deslocar a base da colonização tropical da pura extração de riqueza mineral, vegetal ou animal – o ouro, a prata, a madeira, o âmbar, o marfim – para a de criação local de riqueza. Ainda que riqueza – a criada por eles sob a pressão das circunstâncias americanas – à custa do trabalho escravo: tocada, portanto, daquela perversão de instinto econômico que cedo desviou o português da atividade de produzir valores para a de explorá-‐los, transportá-‐los ou adquiri-‐los.
Aqui se destaca o pioneirismo do português em romper com a tradição exposta no 1º parágrafo. Estabelece-‐se também uma dicotomia: “extração de riqueza mineral, vegetal ou animal” versus “criação local de riqueza”, esta última sendo explorada pelos portugueses.
Semelhante deslocamento, embora imperfeitamente realizado, importou numa nova fase e num novo tipo de colonização: a “colônia de plantação”, caracterizada pela base agrícola e pela permanência do colono na terra, em vez do seu fortuito contato com o meio e com a gente nativa. No Brasil iniciaram os portugueses a colonização em larga escala dos trópicos por uma técnica econômica e por uma política social inteiramente novas: apenas esboçadas nas ilhas subtropicais do Atlântico. [...]
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Este parágrafo oferece mais informações acerca de como o os colonos portugueses aqui se estabeleceram.
A sociedade colonial no Brasil, principalmente em Pernambuco e no Recôncavo da Bahia, desenvolveu-‐se patriarcal e aristocraticamente à sombra das grandes plantações de açúcar, não em grupos a esmo e instáveis; em casas-‐grandes de taipa ou de pedra e cal, não em palhoças de aventureiros. Observa Oliveira Martins que a população colonial no Brasil, “especialmente ao Norte, constituiu-‐se aristocraticamente, isto é, as casas de Portugal enviaram ramos para o ultramar, e desde todo o princípio a colônia apresentou um aspecto diverso das turbulentas imigrações dos castelhanos na América Central e ocidental”.
Essa “conclusão” serve para arrematar a ideia da relativamente organizada colonização portuguesa, quando comparada, por exemplo, com a castelhana, no mesmo continente.
(Fragmento extraído de Gilberto Freyre. Casa grande & senzala. v.1. 14. ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 1969, pp.22-‐3)
19. O texto estabelece uma clara oposição entre dois tipos de colonização nos trópicos: a colonização
a) em que colonos castelhanos se dedicaram à verdadeira produção de valores, e aquela em que colonos portugueses trataram apenas de explorá-‐los ou adquiri-‐los.
ERRADA. Veja os comentários dos parágrafos 2 e 4.
b) realizada pelos portugueses, com base no trabalho escravo, e a que foi levada a cabo por outros povos europeus, em que o trabalho era realizado pelos próprios colonos.
ERRADA. A informação tachada aqui não consta do texto.
c) baseada na pura extração das riquezas, sem a fixação do explorador, e a que empreende a criação de riquezas e o estabelecimento do colono na terra conquistada.
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CORRETA. Informação apresentada no parágrafo 2 e reiterada nos 2 seguintes.
d) em que o domínio europeu se dava pelo estabelecimento de feitorias, e aquela outra em que havia tão somente a exploração da riqueza mineral da colônia.
ERRADA. Na verdade, esta foi a forma de colonização “mais primitiva” destacada no 1º parágrafo.
e) ultrapassada das ilhas subtropicais do Atlântico, de um lado, e a do Brasil pelos portugueses, de outro, em que foi empregada uma técnica econômica e uma política social inovadoras.
ERRADA. Esta assertiva é a mais perigosa! De fato, o 3º parágrafo compara as inovações coloniais no Brasil com aquelas apenas esboçadas nas ilhas subtropicais, mas leia o enunciado e veja que o examinador refere-‐se a tal oposição ocorrida nos trópicos, o que exclui tais ilhas.
GABARITO: C
Atenção: As questões de abaixo baseiam-‐se no texto seguinte.
Meu avô Costa Ribeiro morava na Rua da União, bairro da Boa Vista. Nos meses de verão, saíamos para um arrabalde mais afastado do bulício da Cidade, quase sempre Monteiro ou Caxangá. Para a delícia dos banhos de rio no Capibaribe. Em Caxangá, no chamado Sertãozinho, a casa de meu avô era a última à esquerda. Ali acabava a estrada e começava o mato, com os seus sabiás, as suas cobras e os seus tatus. Atrás de casa, na funda ribanceira, corria o rio, à cuja beira se especava o banheiro de palha. Uma manhã, acordei ouvindo falar de cheia. Talvez tivéssemos que voltar para o Recife, as águas tinham subido muito durante a noite, o banheiro tinha sido levado. Corri para a beira do rio. Fiquei siderado diante da violência fluvial barrenta. Puseram-‐me de guarda ao monstro, marcando com toquinhos de pau o progresso das águas no quintal. Estas subiam incessantemente e em pouco já ameaçavam a casa. Às primeiras horas da tarde, abandonamos o Sertãozinho. Enquanto esperávamos o trem na Estação de Caxangá, fomos dar uma espiada ao rio à entrada da ponte. Foi aí que vi passar o boi morto. Foi aí que vi uns caboclos em
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jangadas amarradas aos pegões da ponte lutarem contra a força da corrente, procurando salvar o que passava boiando sobre as águas. Eu não acabava de crer que o riozinho manso onde eu me banhava sem medo todos os dias se pudesse converter naquele caudal furioso de águas sujas. No dia seguinte, soubemos que tínhamos saído a tempo. Caxangá estava inundada, as águas haviam invadido a igreja...
(Manuel Bandeira. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993, v. único, p. 692)
COMENTÁRIOS: Primeiro de tudo, compreenda o texto em seus aspectos macrotextuais, quero dizer, como um todo, uma unidade de sentido, um “tecido” (este é significado da palavra latina textus) que o autor “teceu” com um objetivo específico.
Aqui temos uma pequena narrativa de apenas um parágrafo. A linguagem não é coloquial, mais tem leveza, de forma que podemos “deslizar” com suavidade pelo texto. Manuel Bandeira narra um episódio trágico de sua infância, com descrições pitorescas (= que nos lembram uma “pintura”) – a delícia dos banhos de rio, a estrada e (...) o mato, com seus sabiás, as suas cobras e os seus tatus... E também suas emoções diante do evento (siderado, isto é, atordoado; o monstro... riozinho manso... furioso). Enfim, perceba o tom narrativo e subjetivo do texto e já teremos a questão 20, abaixo.
20. Identifica-‐se no texto
a) opinião, baseada em fatos, sobre como se defender das forças da natureza. ERRADA. Veja que o texto não é opinativo, nem dá sugestões.
b) manifestação de apoio a decisões tomadas por famílias em situação de risco. ERRADA. Pelos comentários que fiz abaixo do texto, acredito que você percebeu o quanto esta assertiva é absurda.
c) depoimento pessoal, em que transparecem lembranças familiares. CORRETA. De acordo com os comentários ao texto.
d) desenvolvimento objetivo a respeito da ocorrência de catástrofes.
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ERRADA. A objetividade seria mais característica de um texto jornalístico, que descreve fatos sem muito envolvimento pessoal – hoje em dia, nem tanto. Ademais, apontei, acima, algumas expressões de subjetividade.
e) discussão de ideias sobre acontecimentos naturais, como a cheia de rios. ERRADA. Não há ideias em discussão e não se tratam de acontecimentos naturais em geral, mas, especificamente, sobre um: uma enchente presenciada pelo autor.
GABARITO: C
21. Talvez tivéssemos que voltar para o Recife, as águas tinham subido muito durante a noite, o banheiro tinha sido levado.
O segmento grifado atribui ao contexto a noção de
Temos um período composto por 3 orações (= ideias):
o banheiro tinha sido levado
Talvez tivéssemos que voltar para o Recife,
Eu que pergunto a você agora: qual a causa desses dois fatos acima?
as águas tinham subido muito durante a noite
Olhe as palavras-‐chaves destacadas abaixo:
(A) causa determinante da hipótese apresentada antes dele. CORRETA! (B) ressalva a partir da afirmativa feita anteriormente. (C) condição para a realização de uma ação anterior. (D) consequência das observações a respeito de um fato natural. (E) proporcionalidade entre dois fatos mutuamente relacionados.
É isso mesmo, amig@. Algumas questões podem ser simples assim. Você leva menos de 30 segundos para resolver e sobra tempo para as mais complexas.
GABARITO: A
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Compreenda o texto.
Em vida, Gustav Mahler (1860-‐1911), tanto por sua personalidade artística como por sua obra, foi alvo de intensas polêmicas – e de desprezo por boa parte da crítica. A incompreensão estética e o preconceito antissemita também o acompanhariam postumamente e foram raros os maestros que, nas décadas que se seguiram à sua morte, se empenharam na apresentação de suas obras. Durante os anos 60, porém, uma virada totalmente inesperada levou a obra de Mahler ao início de uma era de sucesso sem precedentes, que perdura até hoje. Intérpretes conhecidos e pesquisadores descobriram o compositor, enquanto gravações discográficas divulgavam uma obra até então desconhecida do grande público.
Esse 1º parágrafo apresenta Mahler, um incompreendido compositor do século XIX que só veio a ganhar visibilidade no século XX – o próximo parágrafo revela como.
Há uma série de fatores envolvidos na transformação de Mahler em figura central da história da música do século XX. A visão de mundo de uma geração mais jovem certamente teve influência central aqui: o dilaceramento interior de Mahler, seu interesse pelos problemas fundamentais da existência humana, seu pacifismo, seu engajamento contra a opressão social e seu posicionamento em favor do respeito à integridade da natureza – tudo isso se tornou, subitamente, muito atual para a geração que nasceu nos pós-‐guerra.
Como dito acima, este parágrafo nos revela os fatores que levaram o compositor à fama, dentre os quais o principal foi “a visão de mundo de uma geração mais jovem”, que correspondia à defendida por Mahler.
O amor incondicional de Mahler pela a natureza sempre esteve presente em sua obra. O compositor dedicava inteiramente à criação musical os meses de verão, recolhendo-‐se em pequenas cabanas na paz dos Alpes austríacos. Em Steinbach, Mahler empreendia longas caminhadas, que lhe proporcionaram inspiração para sinfonias.
Comparar a simplicidade espartana dessas casinhas com a enorme complexidade das obras ali criadas diz muito sobre a genialidade do compositor – e,
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sobretudo, sobre a real origem de sua genialidade. Totalmente abandonadas e esquecidas na Áustria do pós-‐guerra, essas casinhas de Mahler hoje se transformaram em memoriais, graças à ação da Sociedade Internacional Gustav Mahler. O mundo onírico dos Alpes do início do século XX certamente voltará à memória de quem, tendo a imagem desses despojados retiros musicais de Mahler, voltar a ouvir sua música grandiosa.
(Adaptado: Klaus Billand, Gustav Mahler: a criação de um ícone. Revista 18. Ano IV, n. 15, março/abril/maio de 2006, p. 52-‐53. Disponível em: <http.//WWW.cebrap.org.br/v1/upload/biblioteca_virtual/GIANNOTTI_Tolerancia%20maxima.pdf> Acesso em: 22 dez. 2011)
22. Segundo o autor, o reconhecimento da grandeza artística de Mahler deve-‐se, em larga medida
(A) ao advento de uma geração cujos valores, apesar da distância temporal, correspondiam aos defendidos pelo compositor.
Esta informação está no 2º parágrafo. Confira! GABARITO.
(B) ao reconhecimento, ainda que tardio, de sua originalidade por maestros e grandes intérpretes da música clássica com quem o compositor convivera.
Pelo destacado no 1º parágrafo, vemos que Mahler só foi reconhecido pelos intérpretes dos anos 60 do século seguinte em diante.
(C) à ação de organizações culturais que se dispuseram a divulgar a obra do autor, mesmo correndo o risco de sofrer represálias por parte do público.
O texto cita, no último parágrafo, a Sociedade Internacional Gustav Mahler, a qual foi responsável pela transformação das casinhas onde o compositor compunha em memoriais. Além disso, a informação tachada aqui não pode ser encontrada de forma alguma no texto.
(D) à beleza única de suas obras, para a qual contribuíram largamente o amor incondicional do compositor pelos sons e pela musicalidade da natureza.
Acredito que muitos marcaram esta, porque a informação é verdadeira, mas NÃO é DIRETAMENTE a isto que se deve, “em larga medida”, o reconhecimento de
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Mahler, e sim a uma nova mentalidade que estava em sintonia com os ideais aqui expressos.
(E) à harmonia do conjunto de sua obra, que, por sua simplicidade intrínseca, pôde ser amplamente compreendida pelas gerações seguintes.
Esta está errada porque estabelece uma relação de causa e efeito equivocada: não foi por causa da simplicidade da obra de Mahler que as gerações o puderam compreender, embora esta seja uma característica do compositor. Fique atent@!
GABARITO: A
FCC 2012 -‐ TRE/CE -‐ Analista Judiciário Atenção: As questões a seguir referem-‐se ao texto abaixo. O tempo, como o dinheiro, é um recurso escasso. Isso poderia sugerir que ele se presta, portanto, à aplicação do cálculo econômico visando o seu melhor proveito. O uso racional do tempo seria aquele que maximiza a utilidade de cada hora do dia. Diante de cada opção de utilização do tempo, a pessoa delibera e escolhe exatamente aquela que lhe proporciona a melhor relação entre custos e benefícios.
Ocorre que a aplicação do cálculo econômico às decisões sobre o uso do tempo é neutra em relação aos fins, mas exigente no tocante aos meios. Ela cobra uma atenção alerta e um exercício constante de avaliação racional do valor do tempo gasto. O problema é que isso tende a minar uma certa disposição à entrega e ao abandono, os quais são essenciais nas atividades que envolvem de um modo mais pleno as faculdades humanas. A atenção consciente à passagem das horas e a preocupação com o seu uso racional estimulam a adoção de uma atitude que nos impede de fazer o melhor uso do tempo.
Valéry investigou a realidade dessa questão nas condições da vida moderna: “O lazer aparente ainda permanece conosco e, de fato, está protegido e propagado por medidas legais e pelo progresso mecânico. O nosso ócio interno, todavia, algo muito diferente do lazer cronometrado, está desaparecendo. Estamos perdendo aquela
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vacuidade benéfica que traz a mente de volta à sua verdadeira liberdade. As demandas, a tensão, a pressa da existência moderna perturbam esse precioso repouso.” O paradoxo é claro. Quanto mais calculamos o benefício de uma hora “gasta” desta ou daquela maneira, mais nos afastamos de tudo aquilo que gostaríamos que ela fosse: um momento de entrega, abandono e plenitude na correnteza da vida. Na amizade e no amor; no trabalho criativo e na busca do saber; no esporte e na fruição do belo −as horas mais felizes de nossas vidas são precisamente aquelas em que perdemos a noção da hora. (Adaptado de Eduardo Giannetti. O valor do amanhã.São Paulo, Cia. das Letras, 2005, p.206-‐209)
23. O posicionamento crítico adotado pelo autor em relação ao emprego do cálculo econômico sobre a utilização do tempo está em:
Observe que o autor apresenta, logo no início, uma tese, a qual podemos resumir no ditado popular "Tempo é dinheiro". O desenvolvimento dessa tese culmina no paradoxo que constitui o posicionamento crítico do autor, que nos é apresentado já no final do primeiro parágrafo e mais claramente defendido no último parágrafo. Isso nos leva à letra C.
(A) O uso racional do tempo seria aquele que maximiza a utilidade de cada hora do dia.
(B) Diante de cada opção de utilização do tempo, a pessoa delibera e escolhe exatamente aquela que lhe proporciona a melhor relação entre custos e benefícios.
(C) A atenção consciente à passagem das horas e a preocupação com o seu uso racional estimulam a adoção de uma atitude que nos impede de fazer o melhor uso do tempo.
(D) Isso poderia sugerir que ele se presta, portanto, à aplicação do cálculo econômico visando o seu melhor proveito.
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(E) O lazer aparente ainda permanece conosco e, de fato, está protegido e propagado por medidas legais e pelo progresso mecânico.
GABARITO: C
24. O paradoxo a que o autor se refere está corretamente resumido em:
Essa questão dá uma continuidade lógica à anterior. A resposta também está no último parágrafo. Além disso, mesmo sem ler o texto, percebemos que a única alternativa que apresenta um paradoxo é a letra D.
(A) O tempo despendido na busca de conhecimento é recompensado pelo saber.
(B) Os momentos de relaxamento pleno advêm do bom planejamento do uso do tempo.
(C) A criatividade confere maior qualidade ao tempo despendido com o trabalho.
(D) O controle do uso do tempo compromete o seu aproveitamento prazeroso.
(E) As horas de maior prazer são aquelas empregadas em atividades bem planejadas.
GABARITO: D
25. Leia atentamente as afirmações abaixo.
I. O problema é que isso tende a minar...(2º parágrafo) O pronome grifado se refere a decisões sobre o uso do tempo.
O pronome isso, usado dentro do texto, geralmente se refere à última ideia apresentada. Neste caso, é ideia de que "a aplicação do cálculo econômico às decisões sobre o uso do tempo (...) cobra uma atenção alerta e um exercício constante de avaliação racional do valor do tempo gasto. ERRADA. Eliminemos as letras B, C e D.
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II. ... os quais são essenciais nas atividades que envolvem de um modo mais pleno as faculdades humanas. (2º parágrafo) O segmento grifado na frase acima se refere aos termos '
O relativo qual normalmente se refere a termos imediatamente anteriores. Logo, assertiva CORRETA. Ainda sobraram duas alternativas... Temos que ver a 3ª.
III. Os segmentos vacuidade benéfica (3º parágrafo) e fruição do belo (4º parágrafo) estão corretamente traduzidos, respectivamente, por esmorecimento revigorante e deleite venturoso.
Já começa ERRADA! Vacuidade vem de vácuo e significa vazio, com significado que, neste contexto, é positivo; ao passo que esmorecimento tem a denotação negativa de abandono, desalento.
Benéfica, neste contexto, pode-‐se traduzir por revigorante, sim.
Deleite é satisfação; fruição é aproveitamento. Venturoso é feliz, ditoso. Logo, o último par também não corresponde.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) II.
(B) I e III.
(C) I.
(D) II e III.
(E) I e II.
GABARITO: A.
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08. DEVER DE CASA Agora é só com você! Não dei a esta seção o nome de "dever" à toa. Resolva estas quinze questõezinhas e aguarde o gabarito e os comentários na Aula 01. Estou fazendo a minha para garantir o seu sucesso: não deixe de fazer a sua!
FCC 2012 -‐ TRE/SP -‐ Analista Judiciário
Atenção: As questões a seguir referem-‐se à crônica abaixo, publicada em 28/08/1991.
Bom para o sorveteiro
Por alguma razão inconsciente, eu fugia da notícia. Mas a notícia me perseguia. Até no avião, o único jornal abria na minha cara o drama da baleia encalhada na praia de Saquarema. Afinal, depois de quase três dias se debatendo na areia da praia e na tela da televisão, o filhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar. Até a União Soviética acabou, como foi dito por locutores especializados em necrológio eufórico. Mas o drama da baleia não acabava. Centenas de curiosos foram lá apreciar aquela montanha de força a se esfalfar em vão na luta pela sobrevivência. Um belo espetáculo.
À noite, cessava o trabalho, ou a diversão. Mas já ao raiar do dia, sem recursos, com simples cordas e as próprias mãos, todos se empenhavam no lúcido objetivo comum. Comum, vírgula. O sorveteiro vendeu centenas de picolés. Por ele a baleia ficava encalhada por mais duas ou três semanas. Uma santa senhora teve a feliz ideia de levar pastéis e empadinhas
para vender com ágio. Um malvado sugeriu que se desse por perdida a batalha e se começasse logo a repartir os bifes.
Em 1966, uma baleia adulta foi parar ali mesmo e em quinze minutos estava toda retalhada. Muitos se lembravam da alegria voraz com que foram disputadas as toneladas da vítima. Essa de agora teve mais sorte. Foi salva graças à religião
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ecológica que anda na moda e que por um momento estabeleceu uma trégua entre todos nós, animais de sangue quente ou de sangue frio.
Até que enfim chegou uma traineira da Petrobrás. Logo uma estatal, ó céus, num momento em que é preciso dar provas da eficácia da empresa privada. De qualquer forma, eu já podia recolher a minha aflição. Metáfora fácil, lá se foi, espero que salva, a baleia de Saquarema. O maior animal do mundo, assim frágil, à mercê de curiosos. À noite, sonhei com o Brasil encalhado na areia diabólica da inflação. A bordo, uma tripulação de camelôs anunciava umas bugigangas. Tudo fala. Tudo é símbolo.
(Otto Lara Resende, Folha de S. Paulo)
26. O cronista ressalta aspectos contrastantes do caso de Saquarema, tal como se observa na relação entre estas duas expressões:
(A) drama da baleia encalhada e três dias se debatendo na areia.
(B) em quinze minutos estava toda retalhada e foram disputadas as toneladas da vítima.
(C) se esfalfar em vão na luta pela sobrevivência e levar pastéis e empadinhas para vender com ágio.
(D) o filhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar e lá se foi, espero que salva, a baleia de Saquarema.
(E) Até que enfim chegou uma traineira da Petrobrás e Logo uma estatal, ó céus.
27. Atente para as seguintes afirmações sobre o texto:
I. A analogia entre a baleia e a União Soviética insinua, entre outros termos de aproximação, o encalhe dos gigantes.
II. As reações dos envolvidos no episódio da baleia encalhada revelam que, acima das diferentes providências, atinham-‐se todos a um mesmo propósito.
III. A expressão Tudo é símbolo prende-‐se ao fato de que o autor aproveitou o episódio da baleia encalhada para também figurar o encalhe de um país imobilizado pela alta inflação.
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Em relação ao texto, está correto o que se afirma em
(A) I, II e III.
(B) I e III, apenas.
(C) II e III, apenas.
(D) I e II, apenas.
(E) III, apenas.
28. Foram irrelevantes para a salvação da baleia estes dois fatores:
(A) o necrológio da União Soviética e os serviços da traineira da Petrobrás.
(B) o prestígio dos valores ecológicos e o empenho no lúcido objetivo comum.
(C) o fato de a jubarte ser um animal de sangue frio e o prestígio dos valores ecológicos.
(D) o fato de a Petrobrás ser uma empresa estatal e as iniciativas que couberam a uma traineira.
(E) o aproveitamento comercial da situação e a força descomunal empregada pela jubarte.
29. Considerando-‐se o contexto, traduz-‐se adequadamente o sentido de um segmento em:
(A) em necrológio eufórico (1º parágrafo) = em façanha mortal.
(B) Comum, vírgula (2º parágrafo) = Geral, mas nem tanto.
(C) que se desse por perdida a batalha (2º parágrafo) = que se imaginasse o efeito de uma derrota.
(D) estabeleceu uma trégua entre todos nós (3º parágrafo) = derrogou uma imunidade para nós todos.
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(E) é preciso dar provas da eficácia (4º parágrafo) = convém explicitar os bons propósitos.
Atenção: As questões a seguir referem-‐se ao texto abaixo.
A razão do mérito e a do voto
Um ministro, ao tempo do governo militar, irritado com a campanha pelas eleições diretas para presidente da República, buscou minimizar a importância do voto com o seguinte argumento: −Será que os passageiros de um avião gostariam de fazer uma eleição para escolher um deles como piloto de seu voo? Ou refeririam confiar no mérito do profissional mais abalizado?
A perfídia desse argumento está na falsa analogia entre uma função eminentemente técnica e uma função eminentemente política. No fundo, o ministro queria dizer que o governo estava indo muito bem nas mãos dos militares e que estes saberiam melhor que ninguém prosseguir no comando da nação.
Entre a escolha pelo mérito e a escolha pelo voto há necessidades muito distintas. Num concurso público, por exemplo, a avaliação do mérito pessoal do candidato se impõe sobre qualquer outra. A seleção e a classificação de profissionais devem ser processos marcados pela transparência do método e pela adequação aos objetivos. Já a escolha da liderança de uma associação de classe, de um sindicato deve ocorrer em conformidade com o desejo da maioria, que escolhe livremente seu representante. Entre a especialidade técnica e a vocação política há diferenças profundas de natureza, que pedem distintas formas de reconhecimento.
Essas questões vêm à tona quando, em certas instituições, o prestígio do "assembleísmo" surge como absoluto. Há quem pretenda decidir tudo no voto, reconhecendo numa assembleia a "soberania" que a qualifica para a tomada de qualquer decisão. Não por acaso, quando alguém se opõe a essa generalização, lembrando a razão do mérito, ouvem-‐se diatribes contra a "meritocracia". Eis aí uma tarefa para nós todos: reconhecer, caso a caso, a legitimidade que tem a decisão pelo voto ou pelo reconhecimento da qualificação indispensável. Assim, não elegeremos deputado alguém sem espírito público, nem votaremos no passageiro que deverá pilotar nosso avião.
(Júlio Castanho de Almeida, inédito)
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30. Deve-‐se presumir, com base no texto, que a razão do mérito e a razão do voto devem ser consideradas, diante da tomada de uma decisão,
(A) complementares, pois em separado nenhuma delas satisfaz o que exige uma situação dada.
(B) excludentes, já que numa votação não se leva em conta nenhuma questão de mérito.
(C) excludentes, já que a qualificação por mérito pressupõe que toda votação é ilegítima.
(D) conciliáveis, desde que as mesmas pessoas que votam sejam as que decidam pelo mérito.
(E) independentes, visto que cada uma atende a necessidades de bem distintas naturezas.
31. Atente para as seguintes afirmações:
I. A argumentação do ministro, referida no primeiro parágrafo, é rebatida pelo autor do texto por ser falaciosa e escamotear os reais interesses de quem a formula.
II. O autor do texto manifesta-‐se francamente favorável à razão do mérito, a menos que uma situação de real impasse imponha a resolução pelo voto.
III. A conotação pejorativa que o uso de aspas confere ao termo "assembleísmo" expressa o ponto de vista dos que desconsideram a qualificação técnica.
Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se afirma em
(A) I.
(B) II.
(C) III.
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(D) I e II.
(E) II e III.
32. Considerando-‐se o contexto, são expressões bastante próximas quanto ao sentido:
(A) fazer uma eleição e confiar no mérito do profissional.
(B) especialidade técnica e vocação política.
(C) classificação de profissionais e escolha da liderança.
(D) avaliação do mérito e reconhecimento da qualificação.
(E) transparência do método e desejo da maioria.
FCC 2012 -‐ TRF 2ª Região -‐ Analista Judiciário
Atenção: As questões a seguir referem-‐se ao texto abaixo.
Divagação sobre as ilhas
Minha ilha (e só de a imaginar já me considero seu habitante) ficará no justo ponto de latitude e longitude que, pondo-‐me a coberto de ventos, sereias e pestes, nem me afaste demasiado dos homens nem me obrigue a praticá-‐los diuturnamente. Porque esta é a ciência e, direi, a arte do bom viver: uma fuga relativa, e uma não muito estouvada confraternização.
E por que nos seduz a ilha? As composições de sombra e luz, o esmalte da relva, a cristalinidade dos regatos − tudo isso existe fora das ilhas, não é privilégio delas. A mesma solidão existe, com diferentes pressões, nos mais diversos locais, inclusive os de população densa, em terra firme e longa. Resta ainda o argumento da felicidade −“aqui eu não sou feliz”, declara o poeta, para enaltecer, pelo contraste, a sua Pasárgada, mas será que se procura realmente nas ilhas a ocasião de ser feliz, ou um
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modo de sê-‐lo? E só se alcançaria tal mercê, de índole extremamente subjetiva, no regaço de uma ilha, e não igualmente em terra comum?
Quando penso em comprar uma ilha, nenhuma dessas excelências me seduz mais do que as outras, nem todas juntas constituem a razão do meu desejo. A ideia de fuga tem sido alvo de crítica severa e indiscriminada nos últimos anos, como se fosse ignominioso, por exemplo, fugir de um perigo, de um sofrimento, de uma caceteação. Como se devesse o homem consumir-‐se numa fogueira perene, sem carinho para com as partes cândidas ou pueris dele mesmo. Chega-‐se a um ponto em que convém fugir menos da malignidade dos homens do que da sua bondade incandescente. Por bondade abstrata nos tornamos atrozes. E o pensamento de salvar o mundo é dos que acarretam as mais copiosas e inúteis carnificinas.
A ilha é, afinal de contas, o refúgio último da liberdade, que em toda parte se busca destruir. Amemos a ilha.
(Adaptado de Carlos Drummond de Andrade, Passeios na ilha)
33. Em suas divagações sobre as ilhas, o autor vê nelas, sobretudo, a positividade de
(A) um espaço ideal, cujas características naturais o tornam uma espécie de reduto ecológico, que faz esquecer os artifícios urbanos.
(B) um repouso do espírito, de vez que não é possível usufruir os benefícios do insulamento em meio a lugares povoados.
(C) um sucesso pessoal, a ser obtido pela paz de espírito e pela concentração intelectual que somente o pleno isolamento garante.
(D) uma libertação possível, pois até mesmo os bons homens acabam por tolher a prática salvadora da verdadeira liberdade.
(E) uma solidão indispensável, pois a felicidade surge apenas quando conseguimos nos distanciar dos nossos semelhantes.
34. Atente para as seguintes afirmações:
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I. A expressão fuga relativa, referida no 1º parágrafo, diz respeito ao equilíbrio que o autor considera desejável entre a conveniente distância e a conveniente aproximação, a se preservar no relacionamento com os semelhantes.
II. No 2º parágrafo, todas as razões aventadas para explicar a irresistível sedução de uma ilha são consideradas essenciais, não havendo como entender essa atração sem se recorrer a elas.
III. No 3º parágrafo, o autor se vale de amarga ironia quando afirma que o exercício da liberdade pessoal, benigno em si mesmo, é a causa da falta de liberdade dos povos que mais lutam por ela.
Em relação ao texto está correto SOMENTE o que se afirma em
(A) I.
(B) II.
(C) III.
(D) I e II.
(E) II e III.
35. Quando afirma, no início do 3º parágrafo, que nenhuma dessas excelências me seduz mais do que as outras, o autor deprecia, precisamente, estes clássicos atributos das ilhas:
(A) a hostilidade agreste, a solidão plena e a definitiva renúncia à solidariedade.
(B) a poesia do mundo natural, o exclusivo espaço da solidão e a realização do ideal de felicidade.
(C) a monotonia da natureza, o conforto da relativa solidão e a surpresa da felicidade.
(D) a sedução mágica da paisagem, a valorização do espírito e a relativização da felicidade.
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(E) a fuga da vida urbana, a exaltação da bondade e o encontro da liberdade verdadeira.
36. Considerando-‐se o contexto, traduz-‐se adequadamente o sentido de um segmento em:
(A) pondo-‐me a coberto de (1º parágrafo) = recobrindo-‐me com
(B) estouvada confraternização (1º parágrafo) = insensível comunhão
(C) se alcançaria tal mercê (2º parágrafo) = se granjearia essa graça
(D) crítica severa e indiscriminada (3º parágrafo) = análise séria e circunstanciada
(E) acarretam as mais copiosas e inúteis carnificinas (3º parágrafo) = induzem as exemplares mortalidades
Atenção: As questões abaixo referem-‐se ao texto que segue.
Paraty
É do esquecimento que vem o tempo lento de Paraty.
A vida vagarosa −quase sempre caminhando pela água −, o saber antigo, os barcos feitos ainda hoje pelas mãos de antepassados, os caminhos de pedra que repelem e desequilibram a pressa: tudo isso vem do esquecimento. Vem do dia em que Paraty foi deixada quieta no século XIX, sem razão de existir.
Até ali, a cidade fervia de agitação. Estava na rota do café, e escoava o ouro no lombo do burro e nas costas do escravo. Um caminho de pedra cortava a floresta para conectar Paraty à sua época e ao centro do mundo.
Mas, em 1855, a cidade inteira se aposentou. Com a estrada de ferro criada por D. Pedro II, Paraty foi lançada para fora das rotas econômicas. Ficou sossegada em seu canto, ao sabor de sua gente e das marés. E pelos próximos 119 anos, Paraty iria formar lentamente, sem se dar conta, seu maior patrimônio.
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Até que chegasse outro ciclo econômico, ávido por lugares onde todos os outros não houvessem tocado: o turismo. E assim, em 1974, o asfalto da BR-‐101 fez as pedras e a cal de Paraty virarem ouro novamente. A cidade volta a conviver com o presente, com outro Brasil, com outros países. É então que a preservação de Paraty, seu principal patrimônio e meio de vida, escapa à mão do destino. Não podemos contar com a sorte, como no passado. Agora, manter o que dá vida a Paraty é razão de muito trabalho. Daqui para frente, preservar é suor.
Para isso existe a Associação Casa Azul, uma organização da sociedade civil de interesse público. Aqui, criamos projetos e atividades que mantenham o tecido urbano e social de Paraty em harmonia. Nesta casa, o tempo pulsa com cuidado, sem apagar as pegadas.
(Texto institucional-‐ Revista Piauí, n. 58, julho 2011)
37. Paraty é apresentada, fundamentalmente, como uma cidade
(A) cuja vocação turística se manifestou ao mesmo tempo em que foi beneficiada pelos ciclos econômicos do café e do ouro.
(B) que se beneficiou de dois ciclos econômicos do ouro, muito embora espaçados entre si por mais de um século.
(C) cuja história foi construída tanto pela participação em ciclos econômicos como pela longa inatividade que a preservou.
(D) cujo atual interesse turístico deriva do fato de que foi convenientemente remodelada para documentar seu passado.
(E) que sempre respondeu, com desenvoltura e sem solução de continuidade, às demandas econômicas de várias épocas.
38. Atente para as seguintes afirmações:
I. A frase É do esquecimento que vem o tempo lento de Paraty faz alusão ao período em que a cidade deixou de se beneficiar de sua importância estratégica nos ciclos do ouro e do café.
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II. O texto sugere que o mesmo turismo que a princípio valoriza e cultua os espaços históricos e naturais preservados traz consigo as ameaças de uma séria degradação.
III. Um longo esquecimento, condição em princípio negativa na escalada do progresso, acabou sendo um fator decisivo para a atual evidência e valorização de Paraty.
Em relação ao texto, está correto o que se afirma em
(A) I, II e III.
(B) I e II, somente.
(C) II e III, somente.
(D) I e III, somente.
(E) II, somente.
39. A informação objetiva contida numa expressão ou frase de efeito literário está adequadamente reconhecida em:
(A) os barcos feitos ainda hoje pelas mãos de antepassados (2º parágrafo) =os barcos que lá se encontram foram herdados dos antecessores
(B) escoava o ouro no lombo do burro e nas costas do escravo (3º parágrafo) = dava embarque ao ouro trazido por muares e cativos
(C) em 1855, a cidade inteira se aposentou = ano em que se decretou a inatividade de todos os seus funcionários
(D) Ficou sossegada em seu canto, ao sabor de sua gente e das marés (4º parágrafo) = acomodou-‐se ao ritmo das canções de seu povo e aos sons da natureza
(E) o asfalto da BR-‐101 fez as pedras e a cal de Paraty virarem ouro novamente (5º parágrafo) = a valorização imobiliária reviveu a pujança dos antigos ciclos econômicos
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40. Articulam-‐se como uma causa e seu efeito, respectivamente, os seguintes elementos:
(A) É do esquecimento que vem o tempo lento / Estava na rota do café
(B) a cidade fervia de agitação / foi lançada para fora das rotas econômicas
(C) estrada de ferro criada por D. Pedro / Um caminho de pedra cortava a floresta
(D) A cidade volta a conviver com o presente / o asfalto da BR-‐101
(E) Nesta casa, o tempo pulsa com cuidado / sem apagar as pegadas
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09. BIBLIOGRAFIA
ABAURRE, Maria Luiza M.; ABAURRE, Maria Bernadete M.; PONTARA, Marcela. Português: contexto, interlocução e sentido. São Paulo: Ed.Moderna, 2010.
CEREJA, William Roberto e MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: linguagens. 2.ed. São Paulo: Atual Ed., 2005.
CIPRO NETO, Pasquale & INFANTE, Ulisses. Gramática da Língua Portuguesa. 3.ed. São Paulo: Ed. Scipione, 2010.
DICIONÁRIO Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 2009.
FIORIN, José Luiz e SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e redação. 17.ed. São Paulo: Ed. Ática, 2012.
GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. 27.ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2010.
MAGALHÃES, Célia. Estratégias de análise macrotextual: gênero, texto e contexto. in Traduzir com autonomia: estratégias para o tradutor em formação. São Paulo: Ed. Contexto, 2000.
SACCONI, Luiz, Antonio. Nossa gramática completa: teoria e prática. 31.ed. São Paulo: Ed. Nova Geração, 2011.