Portfólio 2015 Edivânia
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Transcript of Portfólio 2015 Edivânia
Universidade Estadual da Paraíba
Centro de Ciências Humanas e Exatas – Poeta Pinto do Monteiro
Programa Interinstitucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID
Curso de Licenciatura Plena em Letras – Língua Portuguesa
Coordenador de área: Prof. Dr. Marcelo Medeiros da Silva
PIBID – UEPB – CAMPUS VI – LETRAS – LÍNGUA PORTUGUESA
Subprojeto: A leitura literária em sala de aula: do sabor ao saber sobre a língua(gem)
Introdução:
Para o ano de 2015 no projeto Escritores do Futuro com apoio do PIBID desenvolvemos um trabalho com o gênero conto cuja extensão já nos era um elemento favorável em nosso projeto de formar leitores, visto que o conto, em geral, é uma narrativa breve e, por isso, mesmo pode ser lida na íntegra com sujeitos que têm tempo cronometrado para os momentos de leitura. Além disso, optamos também por trabalharmos com contos cujo enredo girasse em torno de uma temática específica a fim de que pudéssemos ampliar o repertório de leitura dos alunos e instigássemo-los a estabelecer as relações entre os textos, percebendo com um determinado tema é apresentando por um/a autor/a ou reaproveitado por outro/a, a fim de que eles pudessem desenvolver melhor as suas capacidades leitoras.
Em virtude disso, e considerando os argumentos expostos, escolhemos textos que tematizassem as relações
de gênero entre masculino e feminino ou que tivessem temas correlatos a essa temática, tais como:
sexualidade, desejo, violência sexual. Para tanto, dentro dessa perspectiva, os contos escolhidos para o nosso
trabalho no clube Escritores do Futuro foram estes:
a) Obscenidades para uma dona de casa, de Ignácio Loyola Brandão;
b) I love my husband, de Nélida Piñon;
c) Flor de cerrado, de Maria Amélia Mello;
d) Triunfo dos Pelos, Aretusa Von;
e) As Estudantes Aplicadas, de Henriqueta Belminda.
Todos os contos acima possuem enredos que gravitam em torno de uma personagem feminina cuja vida,
sentimentos e desejos constituem o motor que alimenta a diegese narrativa. Podemos dizer que as narrativas
escolhidas apresentaram aos alunos um mosaico acerca da imagem da mulher na literatura problematizando o
lugar destinado ao feminino em nossa sociedade bem como as políticas de silenciamento e de repressão
engrendradas contra as mulheres.
Se algumas das narrativas falaram de mulheres que “sucumbiram” diante dos valores patriarcais, fazendo
do próprio corpo espaço de encarceramento de seus desejos, da sua sexualidade, enfim, do seu próprio ser;
outros textos nos trouxeram personagens que procuraram romper com um modelo asfixiante que traçava
como destino para as mulheres a maternidade e o casamento, punindo, às vezes, simbolicamente, aquelas
que não se enquadravam nesse destino. Tais personagens, ao transgredirem, mostraram que havia para as
mulheres a possibilidade de outros enredos que não os escritos pela pena do patriarca.
A metodologia que utilizamos em todos os nossos encontros foi, salvo algumas eventualidades, a
mesma e consistiu, primeiro, na leitura integral do conto a fim de que os alunos pudessem ter esse
primeiro contato com o texto. Essa leitura era feita em voz alta por um dos integrantes ou
colaborativamente com todos eles que se alternavam para dar conta da leitura integral do texto. Segundo,
após esse primeiro momento, abrimos espaço para as discussões sobre o texto lido. Esse era o momento de
instigarmos os alunos a falarem de suas impressões de leitura e exporem os pontos de vista deles acerca
do texto e da temática por ele aborda. Era um momento que visava, na troca de experiências das
impressões de leitura, confrontar os horizontes de nossos alunos e ver até que ponto eles seriam
provocados pelos textos seja porque se sentiram estranhados, seja porque conformados
Após as leituras e discussões sobre os contos anteriormente comentados, passamos a uma fase
em que a escrita era o nosso escopo, visto que aos alunos foi sugerida a atividade de, diante das
personagens femininas dos textos lidos, como poderíamos descrevê-las, trançando o perfil físico e
psicológico de cada uma delas. Além disso, os alunos foram desafiados a elaborar esse perfil não só
levando em conta o que já está posto nas narrativas lidas, mas, sobretudo, a partir do que se pode
depreender delas. Pensar sobre cada uma dessas personagens individualmente era a primeira ação a
ser realizada a fim de que pudéssemos, depois, dar início à elaboração de um texto dramático que,
sob o título de Conversas de Mulher, reuniria todas essas personagens.
As ideias de cada aluno foram apresentadas e discutidas por todos. Neste momento, pudemos
perceber o quanto as discussões aguçaram o senso crítico-reflexivo dos alunos e como cada um deles
foi assumido o lugar de sujeito diante da atividade proposta e diante das possibilidades apresentadas
pelos integrantes do clube, ora concordando, ora discordando das propostas que foram surgindo,
mas, sobretudo, sabendo argumentar porque concordavam, discordavam ou porque estavam
apresentando aquela e não outras possibilidades de perfis.
Uma vez delineados os perfis, os alunos começaram a pensar em outros
aspectos que irão compor o texto dramático que devemos elaborar. Assim, eles
começaram a escrever a estrutura do enredo, os eventos e pontos de virada de cada ato,
o clímax, a resolução, o diálogo das personagens dentre outros aspectos importantes na
composição da sintaxe do texto dramático.
Por fim, reiteremos que se deu de forma lenta esse processo em que o exercício da escrita, para atender aos objetivos traçados, foi permeado pela retomada das leituras, discussões e, sobretudo, reescrita dos textos elaborados. Com isso, pretendíamos fazer com que os alunos percebessem que, como um processo, o domínio da escrita vai além da aprendizagem de algumas poucas formas textuais e que a escrita, assim como a leitura, só pode fazer sentido para o aluno se estiverem relacionadas a uma intenção comunicativa ou a um contexto de uso, razão por que as situações de escrita, em âmbito escolar, devem ser constantes e diversificadas.
Mesmo não tendo concluídas as nossas intervenções de 2015,
percebemos o desenvolvimento das competências e habilidades dos/as
alunos/as participantes a partir dos modos de eles lerem os textos indicados e
de escreverem os próprios texto após tais leitura. Notamos também certa
maturidade frente à discussão acerca das temáticas trabalhadas – sexo,
sexualidade, desejo, corpo, violência, repressão sexual. A interação entre
texto/leitor já tem tido um resultado positivo de modo que os/as alunos/as
envolvidos/as em situações reais de leitura e escrita foram instigados a
trabalharem em grupo, a explorarem a própria criatividade, bem como
despertarem maior criticidade diante das temática exploradas no projeto. Dessa
forma, pouco a pouco, eles/as vão se tornando não só escritores/as do futuro,
mas, sobretudo, cidadãos e cidadãs de e com futuro.