PORT.COM - Edição nº 1 - Junho/Julho de 2014

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JOANA VASCONCELOS IMPRENSA DE LÍNGUA PORTUGUESA DIETA MEDITERRÂNICA 10 DE JUNHO A PORTUGALIDADE NO MUNDO Visite o site www.revistaport.com e fique mais perto de Portugal + PORT .COM 2014 . Nº 1 . JUNHO/JULHO . REVISTA BIMESTRAL . PREÇO: 1€ REVISTA DE PORTUGAL E DAS COMUNIDADES 10 perguntas à artista plástica Património Imaterial da Humanidade Vivido pelos emigrantes e luso-descendentes Um jornalismo para a emigração

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JOANA VASCONCELOS

IMPRENSA DE LÍNGUA PORTUGUESA

DIETA MEDITERRÂNICA

10 DE JUNHO

A PORTUGALIDADENO MUNDO

Vis i te o s i te www. rev i s tapo r t .co m e f i que m a i s pe r to de Por t ug a l+

PORT.COM2014 . Nº 1 . JUNHO/JULHO . REVISTA BIMESTRAL . PREÇO: 1€

R E V I S T A D E P O R T U G A L E D A S C O M U N I D A D E S

10 perguntas à artista plástica Património Imaterial da HumanidadeVivido pelos emigrantes

e luso-descendentes

Um jornalismo para a emigração

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SUMÁRIO4 ESTATUTO EDITORIAL

5 EDITORIAL . O mundo inteiro para ser português

6 DESTAQUE . Camões, o poeta da portugalidade

. O dia em que o mundo inteiro comemora Portugal

12 CULTURA . 10 perguntas a Joana Vasconcelos . O imenso património da dieta mediterrânica

22 NEGÓCIOS . Uma roulote com tempero português . Gabinete de apoio ao investidor da diáspora

. O negócio de uma família (bem) portuguesa

27 COMUNIDADES . Ei-los que partem. Quem são?

38 RAÍZES . Associações de portugueses no estrangeiro . Jornais da emigração

42 POLÍTICA . Luso-descendentes ao poder

44 DESPORTO . Guia de sobrevivência para o mundial

34 ROTASPortugal é cool!

48 OPINIÃOPortugal e o Mundo A Ciência feita

em Português já é "re"conhecida há mais de 500 anos!

ONÉSIMO TEOTÓNIO DE ALMEIDA ELVIRA FORTUNATO

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4 PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES

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FICHA TÉCNICA

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EDITORIAL

O MUNDO INTEIRO PARA SER

PORTUGUÊS

Ser português é uma marca de identidade composta por muitas coisas. O território, o fado, os sabores e os cheiros e, claro, a Língua. Não se nasce portu-guês, nem alemão. A identidade nacional, como as outras identidades, vai-se adquirindo ao longo da vida. É cultural e vai ganhando forma à medida que

as nossas próprias vivências ganham corpo. E, neste caso, cenário. Mapa. Localização. Não se nasce português. Mas quem o é, morre português. E tem o mundo inteiro para sê-lo. Porque se há caracte-rística que nos distingue como povo é esta capacidade, ancestral, de ir em busca de outros territórios para exploração. A busca do novo, do desconhecido, da aventura, a procura de uma vida melhor é algo que sempre caracterizou o povo luso. Por terra, com Afonso Henriques; por mar, com Vasco da Gama; ou pelo ar, com Gago Coutinho e Sacadura Cabral, sempre soubemos partir. Guiados pela musicalidade da Língua de Camões e embalados pelas ondas do mar imenso que nos guiam os sonhos, os portugueses põem o coração na mala e partem. Porque sabem que têm o mundo inteiro para sê-lo. E que ser português cabe em cada canto dos quatro que o mundo tem. Que este projeto que hoje aqui nasce possa ser mais um especial cantinho de portugalidade. Dessa, que nos faz especiais. Em qualquer lugar do mundo.

MARTHA MENDES

Direção Editorial

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6 PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES

DESTAQUE

Morreu há 434 anos mas continua a ser um dos maiores símbolos da Língua Portuguesa. É una-nimemente considerado uma das maiores figuras da nação e um dos maiores poetas do Ocidente. Mas afinal o que é que faz de Luís Vaz de Camões

uma figura tão marcante da história de Portugal? O professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (UC) e Diretor da Biblioteca Geral da mesma Universidade, José Bernardes, arrisca uma explicação: “Camões deixa-nos uma reflexão ques-tionadora sobre a identidade de Portugal e dos portugueses. Falando apenas em "Os Lusíadas", repare-se na tensão que se estabelece entre os ideais puros que se deviam perseguir e a am-bição que se lhes sobrepõe, a grandeza de espírito que mandava

perdoar e a razão fria que impede o perdão, a coragem de avançar no desconhecido e a prudência ou o medo que o impedem. As histórias contadas na epopeia camoniana, tornaram-se repre-sentativas de uma certa maneira de ser português”.A história da vida de Camões continua, apesar dos vários estu-dos, envolta em algum mistério, mas pensa-se que o poeta terá nascido em Lisboa, no seio de uma família da pequena nobreza que lhe possibilitou uma educação clássica. Alguns especulam que terá passado pela Universidade de Coimbra mas a vida aca-démica do poeta não está documentada.Sabe-se que Luís Vaz de Camões terá tido uma vida boémia e apaixonada, características que também contribuem para uma certa identificação com a figura do poeta. “Existe em Camões, na sua obra e na sua vida, uma tónica de marginalidade e resis-tência, que os portugueses acarinham de forma particular. Tal como Camões, os portugueses foram, e continuam a ser, muitas vezes testados na resistência a muitas adversidades”, frisa o especialista. Supõe-se que terá sido por causa de um amor não correspondido que o poeta terá tomado a decisão de ir, como militar, para África, onde perdeu um olho durante uma batalha.Uma boa parte da sua vida foi passada no Oriente, onde se debateu com várias dificuldades, tendo, inclusivamente, sido preso várias vezes. Foi, no entanto, durante os seus anos de Oriente que escreveu a sua obra mais conhecida, a famosa epopeia “Os Lusíadas”.

A obraApesar de Luís de Camões se ter sentido injustiçado ao longo da vida, pelo fraco interesse que o seu trabalho parecia despertar, depois de morto a sua obra lírica foi reunida numa coletânea e começou a ser reconhecida como uma obra de elevado padrão

CAMÕES, O POETA DA PORTUGALIDADE

POR MARTHA MENDES

É tido como um símbolo da Portugalidade e da Língua Portuguesa. Nasceu há quase 500 anos mas a sua obra continua a ser estudada e citada, um pouco por todo o mundo. A Port.Com foi tentar perceber o que

é que faz com que Luís Vaz de Camões permaneça vivo dentro de cada falante de Língua Portuguesa.

DE TODOS OS ESTEREÓTIPOS POSSÍVEIS, A CONDIÇÃO DE POVO QUE VIAJA NA BUSCA DE ÍNDIAS NOVAS PARECE SER AQUELA QUE MAIS SE COLA AOS PORTUGUESES DE QUALQUER TEMPO”.

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estético por vários especialistas europeus em Literatura. “Ca-mões situa-se num plano de grandeza especial. Lemos hoje a sua poesia lírica e, para além de uma intensa harmonia estética, encontramos uma análise de sentimentos, emoções e valores, em níveis de profundidade que ninguém tinha alcançado nas Letras portuguesas. Nos seus sonetos ou nas suas canções estabelecem-se confrontos decisivos que, sendo do tempo de Camões, continuam ainda vivos: o confronto entre a liberdade individual e os desígnios do transcendente, entre os impulsos naturais e as conveniências sociais. Não existem propriamente formas objetivas de medir a grandeza dos escritores. O critério menos inseguro acaba por ser o da resistência ao tempo. E não há dúvida de que Camões tem vindo a sair-se bem dessa prova máxima, conser vando uma atualidade inegável”, considera José Bernardes.Camões é, até hoje, um dos mais importantes símbolos da por-tugalidade e da identidade nacional, sendo uma referência maior para toda a comunidade lusófona internacional: “Camões está no centro da sensibilidade nacional, abrangendo as camadas cultas mas também aquelas que não sendo tão cultas, têm por Camões o respeito e a admiração que se tem por Portugal e pela sua história”, salienta o professor universitário.

O Poeta Herói“Não é normal um povo tomar um poeta por seu herói, o mais indiscutível de todos os heróis. É certo que em algumas figura-ções - na estátua que se encontra em Lisboa, na zona do Chiado, por exemplo - Luís de Camões surge com uma espada à cinta, fazendo jus à sua condição de soldado. Mas não se lhe conhe-cem façanhas bélicas significativas. É como criador de poesia que Camões vive na imaginação dos portugueses, desde há mais de quatro séculos”, recorda o Diretor da Biblioteca Geral da UC. “Os Lusíadas”, obra maior do autor, é a grande respon-sável por este estatuto de “poeta herói”: “um poema épico que demorou cerca de duas décadas a escrever e que, para além de traços marcantes de subjetividade, constitui também uma re-f lexão profunda sobre a identidade dos portugueses enquanto povo, desde o momento da independência até praticamente à data da publicação do poema, que ocorre em 1572. Quando se pensa num livro que possa servir de retrato dos portugueses, a epopeia camoniana sobressai sempre”, sublinha. A f inal, o tema central da narrativa de “Os Lusíadas” é a viagem de descoberta que Vasco da Gama empreendeu em 1497 em dire-

ção às costas do Malabar e, como recorda José Bernardes, “de todos os estereótipos possíveis, a condição de povo que viaja na busca de Índias novas parece ser aquela que mais se cola aos portugueses de qualquer tempo”.Vasco Graça Moura af irmou, em tempos, que Camões é o maior vulto de toda a história portuguesa e o professor José Bernardes parece concordar: “até hoje, nenhum português inf luenciou de forma tão duradoura e intensa a forma de sentir e de agir dos seus compatriotas”.

NENHUM PORTUGUÊS INFLUENCIOU DE FORMA TÃO DURADOURA E INTENSA A FORMA DE SENTIR E DE AGIR DOS SEUS COMPATRIOTAS”.

Luís de Camões foi o pri-meiro autor português a ser traduzido na China.

"Os Lusíadas" foram traduzidos para castelha-no logo no ano da morte do autor, estando hoje traduzidos em todas as grandes Línguas cultas do mundo.

Existe um "Dicionário de Luís de Camões", obra dirigida pelo camonista Vítor Aguiar e Silva com a colaboração de 68 estu-diosos, em boa parte estrangei-ros.

Recentemente foi inaugu-rada uma estátua de Luís Vaz de Camões no centro da cidade de Havana, em Cuba. A estátua foi coloca-da junto do Hotel Ambos Mundos, onde se costu-mava hospedar Ernest Hemingway, e o café La Columnata Egipciana, onde existe um painel de Almada

Negreiros, e que costuma-va ser frequentado pelo escritor Eça de Queirós, que foi cônsul em Havana.

O Jardim Horto de Ca-mões, em Constância, no Ribatejo, desenhado pelo arquiteto Gonçalo Ribeiro Teles, congrega toda a flora referida por Camões na sua obra, num total de 52 espécies identificadas com os versos que as referem.

CURIOSIDADES

Hotel Ambos Mundos, em Havana, o preferido de Ernest Hemingway

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8 PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES

DESTAQUE

O DIA EM QUE O MUNDO INTEIROCOMEMORA PORTUGAL

POR MARIA SILVA

O dia 10 de junho assinala o dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em Portugal mas também em cada canto do mundo onde há um português. Fomos procurar saber como é que algumas das nossas comunidades festejam este dia, mais português do que todos os

outros, e por isso mesmo, o mais saudoso do ano inteiro.

A mor te de Lu ís Va z de Camões, o grande poe-ta da portugalidade, terá ocorrido a 10 de junho de 1580 e é por isso que é neste dia que se come-

mora a nação portuguesa. Até à Revolu-ção de Abril, este dia era festejado como o “Dia da Raça” - a raça portuguesa ou os

portugueses – e foi, de facto, com o Estado Novo que a data ganhou especial dimen-são e importância e que se instituiu a sua celebração a nível nacional: foi Salazar que oficializou o nome “Dia da Raça” na inauguração do Estádio Nacional do Ja-mor, em 1944. Nos anos sessenta, o 10 de junho começou a ser utilizado, também, como uma forma de homenagear as Forças

Armadas Portuguesas, numa exaltação da guerra e do poder colonial. Depois do 25 de abril, em 1978, o Dia de Portugal passou a ser comemorado nos moldes em que se mantém até hoje, como Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.As comemorações deste dia, dedicado a todos os portugueses e a todos os heróis e importantes personalidades nacionais,

Em Toronto, jovens luso-descendentes desfilam na parada do dia de Portugal

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decorrem um pouco por todo o país mas todos os anos o Presidente da República elege uma cidade para ser a sede das co-memorações oficiais, que englobam várias cerimónias militares, exposições, concer-tos, cortejos e desfiles, e uma cerimónia de condecorações feita pelo Chefe de Estado. Este ano as comemorações oficiais vão decorrer na Guarda, que as recebe pela segunda vez depois de também ter sido es-colhida por Ramalho Eanes para o mesmo efeito. Os festejos vão incluir, além das tra-dicionais cerimónias militares e da sessão solene, um almoço com personalidades que se destacaram no último ano e uma prova desportiva. A tradicional sessão de cumprimentos do corpo diplomático acre-ditado em Portugal também faz parte da agenda nacional.E lá fora? Como é que as comunidades fes-tejam este dia?

CanadáEm Toronto, Ontário, uma série de even-tos de comemoração do Dia de Portugal chegam a reunir mais de 200.000 portu-gueses, luso-canadianos e luso-descen-dentes. Há sempre uma variada agenda de eventos que se distribuem ao longo de uma semana. Os festejos encerram com a Parada do Dia de Portugal em Toronto, numa zona conhecida como “Little Por-tugal”. O "The Parade Day Portugal" é o terceiro maior festival de rua de Toronto, tendo ocorrido pela primeira vez em 1966.

BrasilEste ano a Casa de Portugal em São Pau-lo vai aproveitar a data para homenagear Fernando Henrique Cardoso. No dia 10 de junho, o ex-presidente brasileiro vai re-ceber, na Casa de Portugal, a Comenda da

Ordem do Mérito Infante D. Henrique. A Casa de Portugal em São Paulo foi fundada em julho de 1935 e instituiu a Comenda da Ordem do Mérito Infante D. Henrique, em 1944, para distinguir personalidades que tenham desempenhado uma ação notá-vel em prol da valorização da imagem de Portugal, dos portugueses e das relações entre Portugal e o Brasil. Fernando Hen-rique Cardoso, vai ainda inaugurar uma exposição fotográfica sobre a sua traje-tória política. Recorde-se que Fernando Henrique Cardoso manteve ligações com Portugal mesmo depois de abandonar a presidência do Brasil, tendo, em 2007, en-trado para o Conselho Geral da Fundação Champalimaud, e em 2012 recebido uma medalha da Câmara Municipal de Lisboa,

que se veio juntar à Ordem Militar da Tor-re e Espada (2002) e ao Grande Colar da Ordem do Infante D. Henrique (2000).

MacauJoão Pedro Pais será o responsável por levar, este ano, a música portuguesa até às comemorações do Dia de Portugal em Macau. O músico vai atuar, acompanha-do pela sua banda, no dia 13 de junho, no Grande Auditório do Centro Cultural de Macau. A organização é do consulado, da Casa de Portugal e do Instituto Portu-guês do Oriente (IPOR). Este ano as co-memorações tiveram início a 30 de maio, terminando a 26 de junho. A 8 de junho, a Fundação Oriente leva ao Teatro D. Pedro V, monumento do conjunto do Património

No Brasil, a Casa de Portugal em São Paulo vai homenagear o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso

Em Macau, o cantor João Pedro Pais é o cabeça de cartaz das comemorações do Dia de Portugal

Em Ontário, Canadá, o bairro "Little Portugal" recebe as come-morações do Dia

de Portugal

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10 PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES

DESTAQUE

Mundial da Unesco, um trio que junta os portugueses Jorge Correia e Paulo Car-valho e o chinês Shao Xiao Ling. A par-te institucional das comemorações será cumprida a 10, tendo início com o hastear da bandeira portuguesa no consulado, seguindo-se a caminhada até à gruta de Camões, no jardim com o mesmo nome, e uma missa, num programa que encerra com a recepção à comunidade e autorida-des locais na Residência de Portugal.

AlemanhaEste ano, às comemorações oficiais do Dia de Portugal junta-se também o 50º Ani-versário da Comunidade Portuguesa na Alemanha, que será festejado em Hambur-go, entre 6 a 8 de junho. Hamburgo foi a ci-dade escolhida para as comemorações por ser considerada “a cidade mais portuguesa da Alemanha, onde Portugal está presente desde o século XVI e onde existem múl-tiplos símbolos da presença portuguesa, histórica e contemporânea, desde Vasco da Gama a Amália Rodrigues”, explica-

ram os responsáveis pela organização, em nota de imprensa. Hamburgo tem a comunidade portuguesa mais numerosa do país, sendo a única cidade alemã que tem um “bairro português” (“Portugie-senviertel”), situado no coração da zona portuária e conhecido pelos seus popula-res restaurantes e cafés portugueses.

Reino UnidoApesar de este país ter uma comunidade de portugueses que cresce de dia para dia, este ano, ao contrário do que é habitual, o modelo tradicional das comemorações não se vai realizar. No entanto, estão pre-vistos alguns festejos, em moldes distin-tos, descentralizando o evento por vários pontos e com sensibilidades diferentes em cada local. Este ano será a primeira vez ao fim de quase trinta anos que a co-munidade não vai realizar a tradicional festa nos parques do Sul de Londres. Se-gundo a organização a decisão resulta de constrangimentos financeiros. Em 2013, contudo, as celebrações do Dia de Por-

tugal decorreram normalmente, com a participação de vários artistas e ranchos regionais, apresentações e exibições de arte, livros e cultura.

Estados Unidos da AméricaEm New Jersey, onde vive uma numerosa comunidade de portugueses, as comemo-rações do Dia de Portugal vão ter lugar no fim de semana de 6,7 e 8 de junho, no Parque Peter Francisco. Um concurso de beleza para crianças, uma homenagem aos militares portugueses, um concer-to da jovem fadista Gisela João, o sorteio de um carro topo de gama, e um prémio de “jovem do ano” são alguns dos eventos previstos. A já tradicional Gala realizou-se a 29 de maio. Este ano as comemorações do Dia de Portugal na cidade de Newark, em New Jersey, vão ser transmitidas pela SIC Internacional, para Portugal. A grande pa-rada, que vai ser transmitida em direto, terá início pelas 14 horas no dia 8. A tradicional Missa do Dia de Portugal será realizada na Catedral de Newark, no dia 3.

A grande parada do Dia de Portugal em Newark, Estados Unidos da América, será, este ano, transmitida pela SIC Internacional

Em Hamburgo, Alemanha, o bairro português "Portugiesenviertel", no Dia de Portugal

A fadista Gisela João estará em Newark, (EUA) para as comemorações do Dia de Portugal

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10 PERGUNTAS AJOANA VASCONCELOS

POR MARTHA MENDES

“Os portugueses têm-me apoiado muito a levar a minha obra para o mundo”

Podia ter sido profissional de Karaté, arte marcial que praticou durante muitos anos, “de forma séria e competitiva”, mas a primeira obra que assinou deu--lhe “a certeza de que era possível ser artista e viver desse trabalho”. Estávamos em 1996: Joana pediu 240 euros [na altura, 48 contos] ao pai, fotógrafo profissional, para comprar 280 espanadores com penas lilás. Foi com este material que construiu a obra “Flores do Meu Desejo”, que logo na altura fez furor, tendo sido comprada pelo escultor Pedro Cabrita Reis. Dezasseis anos depois, em 2012, Joana Vasconcelos consagrou-se como a primeira e mais jovem mulher a expor no Palácio de Versalhes, em França, onde superou recordes de visitas. No ano seguinte, a mostra que concebeu para o Palácio Na-

cional da Ajuda tornava-se na exposição individual mais vista de sempre em Portugal. Pelo meio, criou várias obras, fortemente marcadas pela portuga-lidade e pelo orgulho nacional, e gerou algumas polémicas no meio artístico que não lhe perdoa a fama. Nasceu em Paris, onde os pais estavam como exilados políticos, e da experiência de emigração destaca um bem maior: a língua francesa e o esta-tuto de bilingue que, garante, tem sido uma grande mais-valia profissional. A ambição do momento é expor no Guggenheim de Nova Iorque com uma obra especificamente criada para o espaço e a artis-ta garante-nos que, na sua cabeça, a obra já existe. A Port.Com foi ouvir Joana Vasconcelos. Em dez respostas.

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14 PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES

CULTURA

É autora da exposição indivi-dual mais visitada de sempre em Portugal. Como é que explica

este interesse das pessoas pela sua obra?JV: Recorro frequentemente a objetos e sím-bolos familiares, capazes de ativar a memó-ria coletiva e também por isso, mas não só, é natural que as obras se assumam próximas do público. Aproprio-me, subverto e reapre-sento esses elementos de forma a permitir um novo olhar sobre a realidade. As pessoas reconhecem de imediato certos elementos que compõem as minhas peças. Mas também são obras muito sensoriais, que convidam à proximidade física entre o espetador e a obra. O meu trabalho tem um forte caráter interativo, tornando o papel do público muito importante. Mais do que um mero recetor, o público é um interveniente no discurso da obra. E é sempre muito interessante ter a per-ceção de como as pessoas reagem às peças e de compreender as diversas leituras que podem ser feitas.

Apesar do seu sucesso, a escolha para representante de Portugal na Bienal de Veneza não foi con-

sensual. Como é que encara isso?JV: Encaro a crítica, de um modo geral, com muita naturalidade porque nunca é possível agradarmos a todos. O convite veio do antigo secretário de estado da Cultura, Francisco José Viegas, e eu nunca iria recusar represen-tar o meu país numa das maiores plataformas internacionais de arte contemporânea. A ver-dade é que apesar da minha obra poder não ser uma escolha consensual entre o meio da arte nacional, é-o pelo público português (e não só). Basta pensar nos números atingidos pela minha exposição no Palácio Nacional da Ajuda que se tornou na exposição temporária individual mais vista de sempre, com mais de 235 mil visitantes. Mais: a minha obra é suficientemente reconhecida junto da cena internacional e é uma obra de impacto certo, como ficou provado pelos resultados da ex-posição em Versailles. Por isso, este convite faz todo o sentido.

O que responde aos que lhe cha-mam uma “artista-empresa” ou “pop star” e a acusam de se

preocupar demasiado com o marketing?JV: Sou uma artista que tem tido a sorte de conseguir expandir de forma bastante au-tónoma. Quando iniciei a minha carreira, há

cerca de 18 anos, éramos três pessoas a traba-lhar neste projeto – eu, o meu marido Duarte Ramirez, arquiteto, e a Clara Vicente, uma pessoa excecional em trabalhos manuais, especialmente em crochet. Agora somos 45 pessoas de diversas áreas, todas a trabalhar para o mesmo objetivo: levar a minha obra a bom porto. Arquitetos, costureiras, artesãs, carpinteiros, restauradores, engenheiros, eletricistas, produtores; pessoas formadas em História de Arte, Comunicação, Gestão, Contabilidade, etc. Apostei na constituição de uma equipa e em condições logísticas de excelência, que proporcionassem a capacida-de de produção. Ao atingir o reconhecimento do público sou, de certo modo, rejeitada pelo sistema da arte porque este deixou de con-seguir gerir a minha carreira e, assim, fixar o meu valor. Criei um modelo alternativo de produção e distribuição das minhas obras, tornando-me independente desse sistema da arte dominante. Há muito tempo que qual-quer artista com circulação de obras a nível internacional tem um atelier com uma equi-pa. Alguns até têm atelier em várias cidades/países. Desde sempre que a arte se faz assim. Não compreendo a polémica.

Tem também uma post ura muito própria no que diz res-peito ao f inanciamento das

suas obras. Acha que falta aos artistas a capacidade de procurar financiamento? O artista pode e deve ser um empreen-dedor?JV: Eu compreendi, há uns anos, que o mer-cado português, do qual se alimenta a maior parte dos artistas nacionais, não tem capaci-dade para absorver toda a produção existen-te e que só através da internacionalização poderia continuar a trabalhar. Sempre fui trabalhadora e focada e compreendo que, especialmente quando o país atravessa um dos seus piores momentos financeiros, haja dificuldade por parte do Estado em finan-ciar as Artes e a Cultura. Aceito e procuro resolver essa situação porque tenho difi-culdade em aceitar contrariedades. O meu modo de encarar a vida leva-me a procurar sempre soluções para os problemas. Nós, artistas, temos das profissões mais difíceis do mundo, e cumpre-nos resolver os obstá-culos que nos são impostos da melhor for-ma possível. Felizmente, dado o impacto da minha obra há uma forte disponibilidade de privados para apoio.

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" (...)PRECISAMOS DE MOSTRAR QUE SOMOS TÃO BONS QUANTO OS OUTROS. TEMOS DE SAIR DA NOSSA FRONTEIRA E COMUNICAR COM O ESTRANGEIRO (...)

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15www.revistaport.com

Costuma ser reconhecida na rua, o que é raro no universo dos ar-tistas plásticos. Isso é um bom

ou um mau sinal? JV: Ser reconhecida pelo público significa que atingi o terceiro estádio de reconhe-cimento para os artistas. Primeiro vem o reconhecimento dos pares, depois passa pelo do sistema da arte e, por fim, conquis-ta-se o reconhecimento do público. E este reconhecimento advém não só das qualida-des da minha obra, que chega a um público maior que o da arte contemporânea, como também do facto de nunca me esconder ou afastar-me do público. Ao contrário de ou-tros artistas, assumo uma posição de figura pública também.

É verdade que compra os mate-riais para a sua obra na feira da ladra ou na loja do chinês?

JV: Depende das peças que estou a criar. Mas sim, compro bastante em retrosarias, mer-cados dos vários pontos no mundo por onde passo, e também nas ditas lojas do chinês. Contudo, apesar de utilizar frequentemente materiais considerados banais ou do quoti-diano, estes são trabalhados sob o conceito de ‘luxo’. Interesso-me por demonstrar que é possível criar luxo a partir de materiais simples. O luxo é uma forma de fazer as coisas com exigência, sejam elas feitas com talheres de plástico, tampões ou frascos de perfume. É tudo uma questão de conceito e de trabalho, não importa o material.

A presença de marcas da identi-dade nacional na sua obra são o desejo de querer dar a conhecer

o património histórico e contemporâneo dos portugueses?JV: O meu recurso a aspetos locais é espe-cialmente um ponto de partida. O meu ob-jetivo fundamental é a criação de obras ca-pazes de comunicar além das fronteiras que me rodeiam. Ser portuguesa condiciona, na-turalmente, a minha perceção e forma de me relacionar com o mundo. É relevante como um princípio para endereçar assuntos uni-versais. Interessa-me o confronto entre tra-dições, entre aquilo que é português e o que é feito pelo mundo fora, e a possibilidade de as articular num diálogo. Embora estas marcas de identidade nacional acabem por passar, de certo modo, por um processo de revita-lização cultural quando apresentadas na

minha obra, trata-se antes de uma alquimia de signos, experiências, ideias e realidades. Aproprio-me desses signos, reformulo-os e reapresento-os com novos significados, promovendo novos discursos. É claro que tenho muito orgulho nas minhas raízes e no nosso património, e certamente que uma vantagem deste uso de marcas nacionais é a sua perpetuação e o enriquecimento da memória. Estas acabam por ser expandidas, através do tempo, e também são imbuídas de um novo espírito, renovadas e repensadas.

Disse em tempos que só conse-guiu chegar a Versalhes porque Portugal a apoiou e porque levou

consigo o melhor de Portugal. Ser portu-guesa foi importante no seu percurso?JV: Claro que sim. Faz parte todo o meu mo-do de ser e de ver o mundo, porque é cá que cresci, vivo e trabalho. Faz parte da minha linguagem plástica e também conceptual, embora as minhas obras falem uma lingua-gem bastante global. Mais: os portugueses - como os vários privados que investiram no meu projeto Trafaria-Praia para a Bienal de Veneza - têm-me apoiado muito a levar a minha obra para o mundo. Eu acredito que precisamos de ser internacionais, profis-sionais. Precisamos de mostrar que somos tão bons quanto os outros. Temos de sair da nossa fronteira e comunicar com o estran-geiro, e eu procuro mostrar o que se faz bem em Portugal, mostrar que o nosso país está

vivo, que tem qualidade e excelência e que esta não deverá desaparecer. Devemos manter as nossas tradições e técnicas vi-vas. A minha relação com Portugal e os portugueses é também uma troca – sou apoiada pelo meu país e também o apoio, ajudando pessoas e lugares onde estas tra-dições ainda existem, e contribuindo para a continuação da sua prática e memória.

A sua obra tem um lado de críti-ca à sociedade contemporânea. A Arte não deve ser asséptica?

JV: Eu pretendo que o meu trabalho seja inquiridor. A minha criação baseia-se no meu modo crítico de olhar o mundo, o mundo que me rodeia, e, quando tra-ba lho essas questões, procu ro ajuda r a a la rg a r a perceção e con hecimento que temos do mu ndo. Mas as m in has obras não se encerram numa só inter-pretação. São a mbíg uas e pa radoxa is e a r iqueza está na mu lt iplicidade de discu rsos e inter pretações possíveis. Contudo, a Arte, por si só, é sempre um ato político no sentido em que ref lete sempre um modo de ver os tempos que habitamos.

O que é que lhe falta fazer?J V: Fa lta-me ex por no Gugge-nheim de Nova Iorque e intervir

com uma obra criada especificamente pa-ra o espaço. E já sei, exatamente, qual.

Para a artista "o luxo é uma forma de fazer as coisas com exigência, sejam elas feitas com talheres de plástico, tampões ou frascos de perfume"

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16 PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES

CULTURA

O IMENSO PATRIMÓNIO

DA DIETA MEDITERRÂNICA

POR MARTHA MENDES

Depois do fado, em 2011, a dieta mediterrânica foi o segundo motivo para a UNESCO inscrever Portugal na lista do Património Imaterial da Humanidade. Fomos descobrir quais são as principais vantagens desta

dieta, seguida por milhões de pessoas um pouco por todo o mundo, e quais as mais-valias deste reconhecimento para Portugal.

A região mediterrânica é responsável

por 95% da atual produ-ção mundial

de azeite

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17www.revistaport.com

A distinção da dieta mediter-rânica como Património Imaterial da Humanidade chegou no final de 2013 e foi o resultado de uma

candidatura plurinacional partilhada com o Chipre e a Croácia; e a Espanha, Marrocos, Itália e Grécia que, apesar de já terem a sua dieta mediterrâni-ca incluída nos bens patrimoniais da UNESCO desde 2010, se quiseram juntar a esta candidatura, renovada e mais ampla. Esta classificação comprova que a UNESCO reconhece as especificidades únicas desta dieta, resultantes da união da gastronomia e cultura ancestrais da bacia do mediterrâneo. Para o chefe de cozinha Henrique Sá Pessoa, “a varie-

dade e riqueza dos ingredientes que a compõem e os sabores que estes trans-mitem” são os fatores distintivos da dieta mediterrânica. Já a nutricionista Paula Simões, define-a como “um conjunto de hábitos alimentares saudáveis. É uma dieta equilibrada e variada. É fácil de confecionar, saborosa e ajustada às necessidades atuais. É ainda económica e ecológica, uma vez que utiliza alimentos frescos e sazonais. A nível científico, são vários os estudos que apontam para os seus benefícios na prevenção de doenças como a obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares”.A dieta mediterrânica consagra um padrão alimentar comum às diferentes

regiões do Mediterrâneo, com vários be-nefícios culturais, sociais e de saúde, ten-do um alicerce histórico complexo. Uma parte dos alimentos utilizados foi trazida dos países descobertos por portugueses e espanhóis, durante os Descobrimentos, sobretudo na América do Sul. A batata é um bom exemplo. Para além disso, a dieta mediterrânica evoluiu muito, uma vez que a alimentação sempre divergiu entre as diferentes classes sociais. Na Idade Média, por exemplo, as classes tra-balhadoras pouco mais comiam do que pão, azeitonas e vinho. Como recorda Paula Simões, “a alimentação é influen-ciada por fatores físicos, económicos e políticos que se conjugam com fatores culturais, religiosos, sociais e psicoló-

gicos. Embora exista uma necessidade biológica que nos leva a comer, esta não define quais os alimentos a ingerir, nem como os combinar, preparar e cozinhar, ou quando, com quem e em que circuns-tâncias sociais os devemos comer. É uma questão de cultura, de herança cultural”.

“Daiata”, um estilo de vidaNo documento de decisão da UNESCO é salientado que “a dieta mediterrânica en-volve uma série de competências, conhe-cimentos, rituais, símbolos e tradições ligadas às colheitas, à safra, à pesca, à pecuária, à conservação, processamento, confeção e, em particular, à partilha e ao

consumo dos alimentos. Comer em con-junto é a base da identidade cultural e da sobrevivência das comunidades por toda a bacia do Mediterrâneo. É um momento de convívio social e de comunicação, de afirmação e renovação da identidade de uma família, grupo ou comunidade”. A transmissão destes saberes e práticas, de geração em geração, na criação de uma identidade cultural e social, a sensibili-zação para a necessidade de consumir produtos saudáveis, a salvaguarda desta cultura através de medidas e legislação adequada foram outros dos fatores deter-minantes na decisão da UNESCO. Por-que a dieta mediterrânica é muito mais do que comida: o próprio termo “dieta”, com origem no termo grego “daiata”,

significa “estilo de vida”. A este estilo de vida está ligado o convívio em torno da refeição mas também um conjunto ancestral de saberes, técnicas e práticas de produção, agricultura e pescas; festas gastronómicas, tradições e até expres-sões artísticas.Para o chefe Henrique Sá Pessoa não restam dúvidas: “a gastronomia in-fluencia muito o nosso modo de vida, e cada vez mais. Principalmente pelo protagonismo que os chefs e a cozinha ganharam na sociedade e a forma como esta influencia o que as pessoas comem e como comem; seja num restaurante ou em casa, o prazer de estar à mesa é, hoje, um elemento fundamental da vida em so-

A sardinha é um peixe rico em Ómega 3, que se acredita ser benéfico para o coração

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18 PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES

CULTURA

ciedade”. Paula Simões parece concordar com o chefe: “a dieta não é só um regime nutricional. É um estilo de vida que com-bina ingredientes da agricultura local, receitas e formas de cozinhar próprias de cada lugar. É uma partilha de refeições, celebrações, tradições. É um modo de estar na vida”.

A trilogia sagrada da dieta mediterrânicaCereais, vinho e azeite. É esta a santíssi-ma trindade dos alimentos que compõem a dieta mediterrânica e que todos os paí-ses da bacia do Mediterrânico partilham em abundância. “São ingredientes base para uma refeição equilibrada e comple-mentam-se muito bem. O azeite é a base de quase toda a nossa cozinha salgada, e o vinho é um acompanhamento quase obrigatório numa refeição, ótimo e sau-

dável”, sublinha Sá Pessoa. No entanto, esta dieta não tem um roteiro único e inviolável. Cada país tem a sua própria versão da dieta mediterrânica. Em Portu-gal a preferência vai para as sopas, as sa-ladas, e o peixe, como as características “sardinhadas” que todos os portugueses apreciam. Portugal é o maior consumi-dor mundial de peixe, a seguir ao Japão e à Islândia, e o chefe considera mesmo que “a riqueza do nosso peixe é sem dúvida o que mais nos distingue relativamente a outros países com a mesma dieta. Não há limite nas combinações e variedade de pratos que podemos fazer com peixe, nomeadamente peixes gordos como o atum, a cavala ou a sardinha e Portugal é um país privilegiado porque os tem em grande qualidade e abundância”. Já Paula Simões destaca o pão: “o pão existe em variadas formas por todo o país. Temos o

pão alentejano, de centeio, de trigo; é ainda um alimento que está presente em diversos pratos gastronómicos como as migas, a açorda, as rabanadas”. Mas não só: “as sopas e os cozidos têm também intrínsecas as características desta dieta, sendo confe-ções tipicamente portuguesas. A utilização do azeite como principal gordura de confe-ção e tempero é também um hábito muito português e a base da dieta mediterrânica”, explica a nutricionista.No entanto, e como bem recorda Paula Simões, se, por um lado, é evidente que esta distinção constitui uma mais-valia para a afirmação da cultura de Portugal e da sua cultura gastronómica e de bem--receber à mesa, também traz algumas responsabilidades acrescidas. “A distin-ção é justa mas é também um ato com responsabilidades acrescidas para o país, que abrirá novas oportunidades para a

A DIETA É UM ESTILO DE VIDA QUE COMBINA INGREDIENTES DA AGRICULTURA LOCAL, RECEITAS E FORMAS DE COZINHAR PRÓPRIAS DE CADA LUGAR"."

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www.revistaport.com

dinamização dos produtos locais e do turismo cultural. Permitirá aprofundar conhecimentos, tradições, práticas culturais e expressões artísticas e possibilitará uma maior divulgação das vantagens para a saúde pública deste regime alimentar, reconhecido como de alto valor nutricional e preventivo pela Organização Mundial de Saúde”, conclui a especialista.

Turismo gastronómico“A Dieta Mediterrânica pode ser uma poderosa ferramenta de internacio-nalização, através do acesso a novos mercados, de produtos portugueses, como por exemplo, do vinho, do peixe ou do azeite, entre outros, constituindo ao mesmo tempo um elemento agre-gador dos interesses de vários secto-res – turismo, comércio, restauração, saúde, educação e cultura – em torno da fileira agroalimentar nacional”. Quem o afirma é o Presidente do Turismo de Portugal, João Cotrim de Figueiredo, salientando a importância de proteger e divulgar esta valência: “a salvaguar-da da Dieta Mediterrânica é, pois, de grande interesse para a notoriedade e promoção internacional de Portu-gal como um destino que prossegue elevados padrões de desenvolvimento sustentável e de preservação do seu Ovos mexidos

com espargos

VINHOO tinto tem compostos vegetais que apresentam benefícios para a saúde. Entre eles os flavonói-des, antioxidantes que ajudam ao aumento do colesterol HDL

(bom) e à diminuição do risco da aterosclerose.

Aconselha-se a ingestão de um (mulheres) a dois (homens) copos de vinho tinto por dia.

sugestãorelevante património social, histórico, cultural e gastronómico”.Apesar de reconhecer que o turismo gastronómico é um turismo de nicho, João Cotrim de Figueiredo, considera que “os festivais gastronómicos nacio-nais, nomeadamente o Peixe em Lisboa ou a Rota das Estrelas, são eventos com potencial para atrair público estrangeiro específico”. O responsável salienta que “o produto turístico gastronomia e vinhos é transversal em termos de território e complementar a todas as motivações, e tem vindo a ser referenciado como algo diferenciador e positivo na avaliação da satisfação da estadia em Portugal”. O facto é que, atualmente, a experiência em restaurantes, mais típicos ou mais sofisticados, e as festividades gastro-nómicas, que ocorrem um pouco por todo o país, ao longo do ano, são fatores de atração turística. A gastronomia e os vinhos possibilitam, ainda, atrair públi-cos para regiões menos massificadas e contribuir para complementar outras atividades económicas como o Enoturis-mo, associado à produção de vinho, ou a venda de produtos agroalimentares locais e regionais.

Fator distintivoOs resultados do inquérito de satisfação do turista (Março 2014), evidenciam que

Um dia de sabores

mediterrânicos

Sugestões do Chef Henrique Sá Pessoa

Pequeno-almoçoOvos mexidos com espargos silvestres

AlmoçoAtum grelhado com

salada niçoise e molho de azeitonas pretas

LanchePão com tomate, presunto

fino e azeite

JantarBochechas de porco preto estufadas em vinho tinto

com puré de batata

A TRILOGIA SAGRADA DA DIETA

MEDITERRÂNICACereais, vinho e azeite. É esta a

santíssima trindade dos alimentos que compõem a dieta mediterrâni-ca e que todos os países da bacia

do Mediterrânico partilham em abundância.

CEREAISSão a maior fatia diária de uma alimentação saudável.

Fonte de hidratos de carbo-no complexos, vitaminas e

minerais.

Os integrais são mais ricos em fibras e nutrientes como

o magnésio e o potássio.

AZEITEPossui grande quantidade de

gordura monoinsaturada, o tipo de gordura mais saudável.

Rico em vitamina E e antio-xidantes, sendo por isso um protetor de doenças cardio-vasculares e fortalecedor do

sistema imunitário.

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20 PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES

CULTURA

91% dos turistas classificaram-se como “Muito Satisfeitos” com a gastronomia e vinhos (91%), bem como com a simpa-tia dos profissionais (91%) e beleza das paisagens (94%). No mesmo inquérito, a gastronomia e vinhos experienciada du-rante a estadia em Portugal excedeu as expectativas para 60% dos inquiridos (e para 38% correspondeu às expectativas).Invariavelmente outro resultado dos inquéritos de satisfação do turista indica que há uma evolução positiva entre o an-tes e o depois da viagem para o item “gas-tronomia e vinhos”: o inquérito de Março não é exceção, sendo que antes da viagem a boa comida/gastronomia é referida como algo que carateriza Portugal para 25% dos inquiridos, aparecendo logo após clima/bom tempo, e após a viagem mantendo o mesmo segundo lugar sofre, no entanto, um aumento de 2 pontos percentuais.Para o Presidente do Turismo de Portugal, “a constância verificada ao longo do tempo nestes dados, nomea-damente com o ultrapassar das expec-tativas e com uma melhor avaliação da gastronomia e vinhos após a viagem como algo que carateriza Portugal, indicam a existência de um potencial de crescimento na valorização de Por-tugal como destino de gastronomia e vinhos”.

Mas nem só de pãovive o turistaApesar de reconhecer que a gastrono-mia, os vinhos e os produtos endó-genos, são uma forte mais-valia para o poder de atração turística do país, João Cotrim de Figueiredo, sublinha que Portugal tem “muitas outras” características que fazem com que um turista se sinta atraído pelo país: “características intrínsecas que lhe conferem qualidades únicas, como o clima e a luz e a grande diversidade natural e cultural, concentradas num território pouco vasto”, exemplifica.Na lista dos elementos de maior potencial turístico do nosso país o responsável elenca ainda “as tra-dições e monumentos que teste-munham a nossa história e cultura diversas, bem como um conjunto de infraestruturas e ser viços que atestam o elevado nível de moderni-dade do país e que fazem de Portugal um dos principais destinos turísti-cos do mundo”. No entanto, para o Presidente do Turismo de Portugal, o factor principal, “porque distintivo”, são mesmo “as qualidades únicas dos portugueses no contato e recepção aos turistas, marcando-os pela posi-tiva e motivando-os quase sempre a regressar”.Salmão grelhado com

salada de alface e tomate

sugestão

Um dia de sabores

mediterrânicos

Sugestões da nutricionista Paula Simões

Pequeno-almoço1 chávena de chá verde, 1 pão de mistura com um queijinho fresco,

1 fruta

Almoço1 sopa de espinafres, jardineira,

1 copo de vinho tinto

Lanche1 a 2 iogurtes sólidos

de aromas, 4 colheres de sopa de flocos

de aveia, 1 fruta

Jantar1 sopa de legumes, salmão

grelhado com salada de alface e tomate,

1 fruta

A PIRÂMIDE DOS ALIMENTOS DA DIETA

MEDITERRÂNICA

Os hidratos de carbono têm um papel de destaque, seguindo-se

as frutas, os legumes, os vegetais e os frutos secos. Tão importante como a alimentação é a atividade

física diária e a hidratação. Carnes vermelhas e doces só em

dias de festa.

Pão integral, massas, arroz, couscous, quinoa, grão e batatas

Atividade física diária

Beber água

Diá

rioSe

man

alM

ensa

l

Beber vinhomodera-damente

Frutas Legumes e nozes Vegetais

Azeites

Queijos e Iogurtes

Peixes e Mariscos

Carnes de aves

Ovos

Doces

CarnesVermelhas

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22 PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES

NEGÓCIOS

POR MARTHA MENDES

ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

Ali, tudo é nacional: “os papo secos vêm de uma padaria portuguesa, as carnes de um talho português e a maior parte dos restantes produ-

tos da Portugália”, um exportador de arti-gos nacionais. Quando ao final da manhã Levi liga a roulotte leva a mala recheada de iguarias. Mas também da sua própria identidade. Porque ali cabe um bocadinho de Portugal.O sonho de ter um negócio de restauração era antigo. “Sempre quis ter um negócio na área da alimentação e há alguns anos comecei a pensar na possibilidade de um ‘restaurante móvel’ porque não havia ne-

nhuma roulotte de comida portuguesa em Rhode Island”, explicou, em conversa com a Port.Com. “Eu sinto-me cem por cento português e a comunidade local de portu-gueses ajudou-me muito na divulgação do

meu trabalho”. De facto, a tendência para elevar as roulottes-restaurantes é hoje uma realidade nos EUA, desde que um grupo de restaurantes de reconhecida qualidade de Los Angeles (Califórnia) decidiram abrir

roulottes, desmistificando assim a ideia de pouca qualidade destes negócios. A Portu-Galo é um ótimo exemplo: já tem tantos clientes portugueses, como de ou-tras nacionalidades e é um sucesso. "De-pende muito do lugar onde estamos esta-cionados. Às vezes estacionamos perto da Universidade de Brown e nesses dias ser-vimos a clientes de várias nacionalidades. Especialmente a asiáticos que, apesar de não estarem familiarizados com o tempero português, adoram os nossos petiscos”, conta o empresário.A bifana e o prego no pão são as sanduíches com mais saída. As “batatas bravas” – uma adaptação da receita original espanhola ao

Bifana

UMA ROULOTTE COM TEMPERO PORTUGUÊS

A correr as estradas da Nova Inglaterra (EUA) há quase um ano, a Portu-Galo é já um incontestável êxito que atrai centenas de clientes por dia, e não apenas portugueses.

“QUEREMOS LEVAR OS SABORES DE PORTUGAL PELA AMÉRICA FORA.”"

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23www.revistaport.com

Levi Medina é filho de açorianos que chegaram aos EUA nos anos 70. Apesar de ser americano, Medi-na garante que se sente “100% portu-guês” e que na sua casa sempre reinaram os sabores nacionais. Tinha apenas 12 anos quando começou a cozinhar e nunca mais parou. “Sou um verdadeiro ‘foodie’”, garante. Com uma licenciatura em Marketing que, segundo o próprio, “foi fundamental para criar a marca”, o sonho de se dedicar à restau-ração era antigo. “Fui eu que criei todas as receitas; mesmo nas mais tradicio-nais modifico sempre alguma coisa”. Quando lhe perguntam se gosta do que faz, a resposta sai-lhe pronta: “é preciso muito trabalho para gerir uma empresa destas. Não é fácil. Mas chego ao fim do dia feliz porque amo o que faço. E estou sempre ansioso para ir trabalhar”.

UM LUSO-AMERICANO “100% PORTUGUÊS”

MAIS

‘Comme à Lisbonne’ é o nome da loja portuguesa, em Paris, famosa, entre outras coisas, pelos pastéis de nata. O sucesso é tal – a loja vende cerca de mil pastéis de nata por dia - que os proprietários decidiram, recente-mente, aumentar o negócio e abrir um novo espaço no centro da capital francesa. O conceito é simples e foi o proprietário, Víctor Silveira, que o definiu, à Lusa: uma típica tasca por-tuguesa, mas do Portugal moderno. A

‘Comme à Lisbonne’ nasceu em 2011, no Marais, e pretende levar até Paris uma imagem do “Portugal moderno e gourmet”. Do menu fazem parte vinhos charcutaria, queijos, tostas de filetes de sardinha fumada, saladas frescas ou sopas do dia, sempre tudo confecionado com produtos portu-gueses. Ali, é o próprio ambiente que nos faz viajar até Lisboa: a música portuguesa a tocar ao fundo, os azu-lejos na parede, a bica e o galão. Para já a loja só serve almoços mas tendo em conta a boa recetividade dos clientes o proprietário já pensa come-çar a servir também aperitivos, ao fim da tarde, numa esplanada, assim que chegar o bom tempo.

tempero português – também têm muitos adeptos. Seguem-se os “pastéis de chouri-ço” e os rissóis de camarão na lista das pre-ferências. Nas sobremesas, a preferência vai para um doce à base de bolacha maria e café que faz as delícias dos clientes. “Te-mos tantas encomendas desse doce que já é raro conseguir apanhá-lo para venda na roulotte”.O segredo do sucesso? O tempero. “Usamos muito alho, cebola e pimenta nos cozinha-dos e as pessoas adoram”, conta Levi. “Há alguém que não goste do sabor do alho?”. A Portu-Galo circula, essencialmente, pelo estado de Rhode Island, na cidade e nos arredores de Providence mas está disponí-vel para alargar o perímetro de circulação: “queremos levar os sabores de Portugal pela América fora”. E não é só na estrada que o sucesso se faz sentir. A roulotte recebe cada vez mais con-vites para participar em festas e festivais. “Temos feito desde pequenas festas em casas particulares, com 50 convidados, até festivais com dez mil pessoas”. Ponto de paragem obrigatório são as comemorações do Dia de Portugal, “que atrai milhares de pessoas”. Aí, a roulotte preta decorada com as cores do galo de Barcelos estaciona sem-pre. Com aquela familiar sensação de ter chegado a casa.

CANADÁ

OS RESTAURANTES ONDE É (MESMO) TUDO PORTUGUÊS

Helena Loureiro nasceu em Alcane-na, Santarém, há 47 anos, mas vive há mais de dez no Canadá, em Montreal. Tem dois restaurantes portugueses: o Portus Cale, que abriu há 11 anos, e o Helena, com menos de dois anos. A particularidade destes restaurantes? É que aqui é mesmo tudo português. O restaurante Helena foi decora-do exclusivamente com materiais e produtos portugueses e tudo o que é consumido é português. Mas mesmo tudo: até a água. O sal, o azeite, o vinho, as azeitonas e até o peixe que Helena recebe duas vezes por semana, de Peniche e da Nazaré. Os objetivos são claros: tornar tudo mais genuíno e ajudar Portugal, em tempo de crise. E é com estes dois objetivos em mente que a empresária se prepara para abrir

o “Cantinho de Lisboa”, uma loja de produtos tradicionais portugueses, com espaço para servir pratos típicos em refeições ligeiras, tipo tapas espa-nholas. Aqui, como é hábito de Helena, só entram produtos portugueses.

São cada vez mais os que veem no tempero luso uma oportunidade e o sucesso costuma ser o de-nominador comum dos negócios de restauração

portugueses espalhados pelo mundo.

FRANÇA

UMA LISBOA FRANCESA

+

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24 PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES

NEGÓCIOS

O Governo lançou no final do ano passa-d o o G a b i n e t e d e Apoio ao Investidor da Diáspora (GAID), cujo objetivo princi-pal é a “promoção,

apoio e facilitação do investimento em Por-tugal originário das comunidades portu-guesas e luso-descendentes”. O gabinete, que trabalha em articulação com a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), procura beneficiar o investidor com informação e esclareci-mentos adequados, bem como de melhores condições, dentro do quadro legal aplicável, à realização de negócios em território por-tuguês.“Atendendo à dimensão da comunidade por-tuguesa e luso-descendente espalhada pelas diversas latitudes, entre os 4,5 e 5 milhões de pessoas, bem como à respetiva importância na área empresarial nos países de acolhi-mento, facilmente se deduz que há um ele-vado potencial de intensificação dos laços comerciais com Portugal, quer através de trocas comerciais com empresas portugue-sas, quer por meio de investimento direto, que urge ser dinamizado e adequadamente apoiado” e é com esse objetivo que nasceu o GAID, explica Mário Miranda Duarte, coor-denador do gabinete.O gabinete oferece acompanhamento per-manente dos projetos de investimento, ain-da em fase de preparação ou já em curso, para tentar assegurar uma “via verde” para os investimentos. No fundo, trata-se de “fa-cilitar e agilizar” os processos de realização dos investimentos: “[tentamos] assegurar

que o potencial investidor da Diáspora possa beneficiar da adequada informação, bem como das melhores condições, dentro do quadro legal aplicável, à realização do seu negócio em Portugal”, explicou.Ao gabinete compete, ainda, promover con-tatos e parcerias entre os investidores e en-tidades nacionais, tais como municípios, gabinetes de apoio ao emigrante das câma-ras municipais, câmaras de comércio e asso-ciações empresariais. Como explica Mário Miranda Duarte, “o GAID apresenta um va-lor específico que se traduz na sua reforçada capacidade de ação interna mercê da estreita colaboração com a AICEP, bem como com outros organismos e instituições nacionais, tais como municípios e associações empre-sariais. Por outro lado, no plano externo o gabinete beneficia do apoio proporcionado pela rede de Embaixadas e Consulados. De certa forma, funciona como o elo de ligação entre uns e outros. Pretendemos constituir uma importante ferramenta no reforço da aproximação entre o tecido empresarial da Diáspora e de Portugal”.

Emigrantes são embaixadores do paísMário Miranda Duarte considera “determi-nante” o papel dos emigrantes como embai-xadores de Portugal. “Conhecem melhor do

que ninguém a realidade dos países onde se encontram radicados e é lá que produzem riqueza. Aos agentes diplomáticos cabe pro-mover, incentivar, dar a conhecer, mas nun-ca substituírem-se ao empresário. Aliás, a diplomacia económica apenas poderá vingar se tiver em conta a capacidade de interven-ção da nossa gente além-fronteiras, o que felizmente se tem verificado”, considera.O responsável reconhece o importante con-tributo das comunidades portuguesas para a prosperidade dos países de acolhimento, “seja através de negócios próprios seja por via da sua ativa participação no mercado de trabalho”, uma realidade que, considera, “tem desde sempre merecido um reconhe-cimento unanime”.Outro dos objetivos do GAID é a possibili-dade de realização de parcerias de negócios com Portugal, “ao nível da promoção do investimento e trocas comerciais”. “Orga-nizamos, em parceria com entidades públi-cas e privadas nacionais, designadamente câmaras municipais e associações de setor - como câmaras de comércio ou associações comerciais, por exemplo - seminários e en-contros com a participação de empresários portugueses e luso-descendentes radicados no estrangeiro, permitindo não só a troca de experiências, mas também abrindo a porta à realização de parcerias de negócios com

GABINETE DE APOIO

AO INVESTIDOR DA DIASPORA

“Via verde” para o investimento e empreendedorismo dos emigrantes

aicep

comunidades

POR MARIA SILVA

Page 25: PORT.COM - Edição nº 1 - Junho/Julho de 2014

empresas portuguesas”, explica Miran-da Duarte, exemplificando: “os negócios que têm sido gerados por estes encontros estendem-se desde a exportação de produ-tos alimentares, de matérias-primas, até ao investimento direto em unidades fabris em Portugal, originando a criação de postos de trabalho”. O coordenador garante, ainda, que “por regra, tem sido privilegiada uma abordagem regional na identificação dos

parceiros”.

Turismo é setor prefe-rencial para investi-mento

Segundo um estudo de-senvolvido pela investi-gadora da Universidade de Aveiro, Rossana Ne-ves dos Santos, sobre "O

regresso dos emigrantes portugueses e o desen-

volv imento do turismo em Portugal", “cerca de me-

tade dos emigrantes portugueses em idade ativa gostaria de regressar a Portugal para desenvolver projetos de turismo nas suas regiões natais”.O setor da hotelaria e alojamento está no topo da preferência para investimento, se-guido da restauração e serviços recreativos e de lazer.Segundo a investigadora, o emigrante em idade ativa e com residência numa área ru-ral e mais carenciada é aquele com "maior propensão para o regresso, investimento e emprego no setor do turismo".

Plataforma “560 Portugal em Negócios”Ainda ligada ao Gabinete está a Plataforma “560 Portugal em Negócios”, organizada em conjunto com a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e o Polo de Competitividade das Tecnologias de Informação, Comunicação e Electrónica (TICE). A plataforma pretende armazenar uma mostra de empresas, soluções e produ-

tos nacionais, a que acresce uma base de da-dos das comunidades portuguesas contendo empresários, políticos e outros portugueses que se distinguem no estrangeiro, nos mais variados ramos de atividade.A plataforma pretende agilizar e dinamizar a internacionalização das empresas portu-guesas e promover o papel das comunidades enquanto agentes do processo de dinamiza-ção, reunindo num objetivo comum empre-sas, produtos portugueses e empresários.Está previsto que a plataforma possa vir a englobar, no futuro, outras áreas, como a cultura, a economia, o desporto, a atividade cívica, social e política.Criar oportunidades de negócio para os em-presários portugueses nos mais diversos ra-mos, na Diáspora, e mecanismos de aproxi-mação de portugueses e luso-descendentes, que contribuam para divulgar e promover a imagem do País e a prossecução do interes-se de Portugal e das suas Comunidades no mundo, são algumas das principais finali-dades da plataforma.

PT

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26

NEGÓCIOS

Três gerações de uma família inteiramente dedicada ao negócio do Licor Beirão

O Licor Beirão tem uma re-lação de quase um século com os portugueses. Co-meçou por ser um remédio peitoral, mas através da

visão comercial de José Carranca Redon-do, acabaria por se transformar numa das empresas mais empreendedoras e inova-doras de Portugal, sendo hoje marca líder no mercado dos licores em Portugal, com uma notoriedade de 100%, sendo apon-tada em 39% dos casos como marca Top of Mind. O Licor Beirão é o resultado do trabalho da família Redondo que, desde sempre, manteve a marca original. A bebi-da está hoje espalhada um pouco por todo o mundo, com fortes ligações à diáspora.José Carranca Redondo, considerado o pai do conceito português de outdoor, desejoso de publicitar a sua marca pelo país, muniu-se de cola, cartazes, latas de tinta e uma trincha, e começou a espalhar o nome do Licor Beirão pelas estradas do país, aproveitando as viagens comerciais que fazia de Norte a Sul. A ideia de publi-citar o licor à beira da estrada acabaria

por marcar o grande ponto de viragem na história da empresa, tirando a bebida do anonimato. É a partir daqui que o negócio começa a florescer - logo no primeiro ano de divulgação as vendas duplicam. O filho, José Redondo, foi o criador do slogan “O Licor de Portugal”. Na altura, estudante de engenharia na Universida-de de Coimbra, foi muito criticado pelos colegas porque o que estava na moda era marcas com nomes estrangeiros. A visão do jovem revelou-se crucial para a iden-tidade da marca e o tempo acabou por lhe dar razão: atualmente todas as empresas procuram associar os seus produtos ao país de origem.Desde sempre a criatividade, a inovação e o empreendedorismo, fazem parte do ADN da empresa e têm mantido o Licor Beirão como um ícone da publicidade em Portugal. “Fui criado no mundo da publi-cidade e do marketing. Durante quaren-ta e tal anos era tudo executado por nós, aqui na empresa. Agora trabalhamos com as melhores agências do país”, frisa José Redondo.

O NEGÓCIO DE UMA FAMÍLIA (BEM) PORTUGUESA

José Carranca RedondoFundou a J. Carranca Redondo Lda quando comprou uma pequena fá-brica de licor na Lousã. Dotado de uma extraordinária visão para os ne-gócios, foi um dos percursores da publicidade nacional.Desenvolveu a empresa vendendo o licor em todo o país e inundando as estradas com os célebres cartazes Licor Beirão.

José RedondoAtual Administrador, desde muito cedo começou a ajudar o pai, conci-liando a escola com a fábrica. É au-tor do slogan “Licor Beirão, o Licor de Portugal”, que lhe valeu críticas dos colegas, pois na altura, o que era bom era estrangeiro. Consolidou o negócio e abriu as portas à interna-cionalização do Licor Beirão.

Daniel RedondoAtual Diretor-geral começou, des-de cedo, a conhecer os cantos à casa, adquirindo um conhecimento profundo do negócio. Dedicado ao marketing e mais tarde à exporta-ção, consegue manter o Licor Beirão fortemente implantado e em cresci-mento em mais de 80 países. Hoje, o Licor Beirão chega até às Bahamas.

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27www.revistaport.com

COMUNIDADES

EI-LOS QUE PARTEM. QUEM SÃO?

POR MARTHA MENDES

A emigração dos últimos três anos provocou a maior quebra demográfica desde há 100 anos. Estima-

-se que desde 2011 tenham saído, para trabalhar no estrangeiro, entre 150 a 200 mil portugueses. Só na área da saúde, por exemplo, Portugal terá perdido um terço dos seus profissionais de enfermagem. A falta de confiança no futuro e no país, o desempre-go e as dificuldades de subsistência são alguns dos principais motivos que conduziram a esta situação. Mas quem são, afinal, este “novos” emigrantes por-

tugueses à procura de um mundo novo?

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28 PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES

COMUNIDADES

No g r u p o d o s q u e s a e m h á d e t u d o um pouco: desem-pre g ados ou com um emprego pou-c o s a t i s f a t ó r i o e sem perspectivas de progressão, jo-

vens e menos jovens, homens e mulhe-res, com filhos e sem filhos, licenciados, mestrados, doutorados ou operários com profissões qualificadas. A verdade é que a emigração tem atingido todas as camadas sociais. E estamos a falar de emigração permanente: pessoas que vão à procura de trabalho no estrangeiro sem perspec-tivas de retorno rápido ao país de origem. Mas não são apenas os portugueses que estão a abandonar o país: os imigrantes, sobretudo brasileiros e de leste, que há uns anos chegavam a Portugal à procura de uma vida melhor, estão agora também a deixar o país.Em 2012 , o saldo migratório alcançou números negativos históricos. Portugal “perdeu” 37.352 indivíduos. Já em 2011, os registos apontavam para um saldo mi-gratório negativo de 24.300 indivíduos. Atualmente, e segundo dados of iciais, Portugal já é, a seguir a Malta, o segundo país da União Europeia, com mais emi-grantes em percentagem da população: 28,8%.

O perfil dos “novos” emigrantes lusos

É difícil traçar um perfil geral do “novo” emigrante português. No entanto, exis-tem alguns dados factuais que ajudam a delinear um retrato. Há mais emigran-tes qualificados – os enfermeiros, na área da saúde, são um bom exemplo - mas a maioria continua a ser de trabalhadores desqualificados. Os destinos dividem-se entre Brasil e Angola, fora da Europa; e, especialmente, entre Alemanha, Suíça e, cada vez mais, o Reino Unido, dentro da Europa. Saem, essencialmente, os jovens em início de vida profissional, os desem-pregados, mas também os que, tendo tra-balho, não vêm perspectivas de progressão profissional ou de melhoria das condições de vida.Má r io Miranda Duar te, Coordenador

do Gabinete de Apoio ao Investidor da Diáspora, considera que “pela variedade de geografias onde residem e trabalham torna-se difícil traçar um perfil único do ‘nosso emigrante’. Cada país tem o seu sistema politico, económico e social pró-prio que influencia a forma como cada um exerce a sua atividade”. No entanto, o responsável considera “ine-gável que o português e o luso-descenden-te se encontra presente em praticamen-te todos os setores de atividade, desde a banca à finança, passando pela indústria, a construção, o turismo e até o pequeno comércio”.

Rostos da emigração

Catarina Frias, natural de Viseu, chegou a Malta no dia 19 de Fevereiro para trabalhar na empresa iGaming Elite, que recruta para a área do gaming. Jornalista de forma-ção, o seu trabalho consiste essencialmente na gestão/manutenção das redes socais e na gestão da comunicação da empresa. Com 28 anos e “depois de várias experiências de trabalho na área do jornalismo online, sempre com o sentimento de que o trabalho não era valorizado”, Catarina optou por uma experiência de trabalho no estrangei-ro. “Reflexo das condições de trabalho e de salário, decidi apostar numa experiência

internacional. Daí ter recorrido ao programa europeu de intercâmbio cultural/laboral Leonardo Da Vinci. Estou a tentar adquirir experiência fora do jornalismo propriamente dito, melhorar o meu nível de inglês - o programa inclui preparação linguística -, e conhecer me-lhor o mercado de trabalho internacional, para depois, quem sabe, emigrar defini-tivamente ou simplesmente aproveitar a experiência para reentrar no mercado de trabalho português com uma nova roupa-gem”, explica, acrescentando que “o senti-mento de aventura, o desejo de conhecer uma nova cultura, e o precisar de “parar para pensar”, no sentido em que me sinto um pouco decepcionada ao nível laboral, foram determinantes para a minha opção”.Cláudio Moreira, de 39 anos, está há dois anos e meio em Angola, Benguela. O en-genheiro mecâ nico, com um MBA em Gestão, trabalha para a Direção Nacional de Águas, que pertence ao Ministério de Energia e Águas do país, como consultor da rede pública de abastecimento de água. Porque é que emigrou? “Estagnação pro-fissional. Procura de novos desafios pro-fissionais e desejo de contato com outras culturas. O facto de sairmos da nossa zona de conforto, obriga-nos a adaptar a novas realidades e a crescer e era disso que eu estava à procura”, afirma.Catarina Paulino tem 23 anos e é enfer-meira, profissão que desempenha desde o final do ano passado no Reino Unido. Foi “a quase inexistência de oportunidades de trabalho na área, principalmente para recém licenciados, e as condições precá-rias de trabalho” que a fizeram emigrar. Nascida e criada no Ribatejo, Catarina não esconde que sente saudades de casa: “da comida, de sair do trabalho e poder ir para uma esplanada, de ligar aos meus amigos e combinar, sem nenhuma antecedência, um jantar ou uma saída para daí a 2 horas”. Lamenta que Portugal se tenha tornado

num país “triste e pesaroso” mas “tem esperança” e acredita que as coisas

vão melhorar. “O nosso país nun-ca perde o brilho. Já viu bem

o nosso sol? A força com que brilha? E não é só no céu, é também no calor e na capacidade de acolhi-

mento da nossa gente, que não existe igual!”, remata.

Emigração Portuguesa

AMÉRICACom luso descendentes

EUA 1.471.549Brasil 801.104Venezuela 550.076Canadá 415.820Resto América 24.776

ÁFRICARegistos consulares

África do Sul 300.724Angola 21.724Moçambique 13.299Resto África 8.965

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www.revistaport.com

Só na área da saúde, por exemplo, Por-tugal terá perdido um terço dos seus profissionais de en-fermagem, grande parte para o Reino Unido

“Fui muito bem recebida em Malta. Desde o pri-meiro instante senti que tudo era valorizado de outra forma. Profissionalmente, aquilo que em Portugal não tem signifi-cado por não ser a nossa área de formação ou por não ser aparen-temente relevante para o trabalho a que nos estamos a candidatar, em Malta é valorizado. Todos os pormenores do CV são apreciados e considerados relevantes na tua experiência profissional”.

Catarina Frias, Jornalista, 28 anos, Emigrante em Malta

vox pop“É uma expe-riência positiva. Estou a aprender coisas novas e, sendo o Reino Unido tão multicultural, estou a evoluir e a mudar a minha maneira de ver o mundo. O facto de estar longe, por si só, já ajuda a crescer. O lado mau é que quando algo não corre bem, não temos a família nem os amigos à distância de uma viagem de carro, mas é nesses momentos que percebe-mos que no estrangeiro também é possível criar uma segunda família e que temos uma força que não imaginávamos”.

Catarina Paulino, Enfermeira, 23 anos, emigrante no Reino Unido

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30 PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES

COMUNIDADES

E o regresso?

De forma geral, quem recruta quadros de topo não receia o aumento da emigração de profissionais portugueses qualificados porque, de acordo com o discurso domi-nante, há know-how a circular no mundo inteiro. O mercado é, hoje, global. O campo de trabalho expandiu fronteiras e o destino diverge de acordo com as oportunidades profissionais. Mas como é que Portugal vai conseguir recuperar estes talentos que deixaram o país aos milhares nos últimos anos?

Catarina Frias quer tentar mais uma vez. Uma última vez. “Vou regressar a Portu-gal porque tenho pessoas à minha espera e também por mim, pelos meus, e porque quero acreditar que Portugal tem futu-ro. Mas regresso com a certeza de que se voltar a correr mal, fica um país à minha espera: Malta”. No entanto, são mais as ra-zões emocionais do que a racionalidade que fazem a jornalista optar por regressar porque as incertezas em relação a Portugal permanecem. “Vejo Portugal como um país sem oportunidades, estagnado no tempo. Sei que temos muito para mudar, para tra-balhar e sobretudo que todas as mudanças têm que ser de base, na política, na educa-ção, na justiça. Caso contrário não haverá futuro, ou pelo menos, um futuro susten-tável que crie simultaneamente trabalho, desenvolvimento e bem-estar”.José Carlos Rosas, vive em New Bedford, Massachusetts, uma cidade conhecida pela grande comunidade de portugueses. Ca-pitão de barcos rebocadores na Marinha Mercante Americana vê cada vez mais dis-tante o sonho de regressar ao país natal: “as minhas filhas já nasceram nos EUA e estão a ser criadas e educadas como americanas, não creio que elas queiram voltar comigo e

com a mãe para Portugal. A minha esposa também já vive há 36 anos neste país; viveu quase toda a vida como americana. Regres-sar a Portugal seria uma grande mudança. Com as minhas filhas cá, e com a eventual chegada de netinhos, penso que vamos aca-bar por fazer uma opção mista: passamos uma parte do ano em Portugal e outra parte nos EUA. Mas regressar definitivamen-te será complicado”. A situação de grande instabilidade que o país vive também não o motiva ao regresso. “Pelo que vejo e ouço, tanto na televisão como nas redes sociais, Portugal está numa situação quase carica-ta. Os emigrantes não têm muita alternati-va. É quase impossível viver aqui e pensar em regressar pois não sentimos segurança para isso. Habituámo-nos a uma vida de muito trabalho mas também de estabilida-de e algum conforto. Estive em Portugal no último ano e o que vi nas pessoas foi uma enorme desesperança”, conta.Cláudio Moreira sonha com o regresso mas ainda sem certezas: “Portugal é um exce-lente país para viver, e sendo a minha “casa” naturalmente que conto regressar. Mas neste momento tenciono adquirir mais va-lências fora de portas, colhendo várias ex-periências internacionais. Desejo que Por-tugal recupere e possa oferecer condições para aproveitar também o conhecimento adquirido de quem saiu”. Para o engenhei-ro, “Portugal é um país adormecido. Tem de levar uma reforma na sua estrutura, e na sua mentalidade, para poder reter o conhe-cimento que gerou e potenciar o interesse

exterior, caso contrário, passa de adorme-cido a velho, no pior sentido da expressão”.Catarina Paulino é das que não hesita quan-to ao desejo de regressar. “Quero voltar ao meu país, principalmente para que os meus filhos cresçam na minha cultura, e próxi-mos da restante família. E também porque acredito que Portugal ainda tem muito para dar, que vamos conseguir dar a volta, e eu vou poder trabalhar e ajudar aqueles que fizeram sacrifícios para que eu seja quem sou atualmente”, afirma.

As atuais comunidadesportuguesas

Carlos de Jesus, Diretor do jornal Luso-Press do Canadá, destaca os seguintes pon-tos da comunidade portuguesa: “é gente bem integrada. Quase todos falam as lín-guas do país e há mais proprietários que inquilinos. Embora existam alguns bairros de predominância portuguesa, no coração de Montreal, não há guetos portugueses. São excecionais os casos de miséria ou iti-nerância”. O jornalista sublinha, ainda, que há uma “classe empresarial recente mas conceituada socialmente, por exemplo, na restauração onde há um extraordinário êxito da gastronómica portuguesa de alta gama no Canadá, sobretudo em Montreal”.França tem uma comunidade portuguesa de grandes dimensões. Os dados oficiais da Embaixada de Portugal - que apenas contabilizam os mono-nacionais e os luso--descendentes da primeira geração - apon-tam para mais de 1,2 milhões de pessoas. Mas a estes números, frisa Carlos Pereira, Diretor do LusoJornal, “devíamos ainda acrescentar as segundas e terceiras gera-ções, assim como os muitos franceses lu-sófilos, muitas vezes por ‘aliança’, já que há um grande número de casamentos mistos”. Apesar da assumida “heterogeneidade” da comunidade portuguesa em França, o jornalista garante que “é uma comunidade integrada, trabalhadora e sem problemas particulares”. “Os portugueses que vieram ‘a salto’ nos anos 60, que trabalharam mui-to e hoje estão bem na vida, têm filhos cujo nível de formação académica é superior à média dos franceses”, afirma.Na Venezuela, assegura Sérgio Ferreira Soares, Editor-chefe do Correio da Vene-zuela, “a comunidade é conhecida por ser muito trabalhadora e proativa”, acrescen-

DESEJO QUE POR-TUGAL RECUPERE E POSSA OFERECER CONDIÇÕES PARA APROVEITAR TAM-BÉM O CONHECI-MENTO ADQUIRIDO DE QUEM SAIU."

"

O destino de emigração diverge de acordo com as oportunidades profissionais

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31www.revistaport.com

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“As diferenças en-tre Portugal e os EUA são tantas que era preciso um dia inteiro para as enumerar. A maior diferença é a simplicidade de pen-samento: em Portugal é tudo mais complicado. Nos EUA a burocracia é quase inexistente. Não precisa-mos de preencher milhares de pa-péis e andar de guiché em guiché para conseguir qualquer coisa. E há um grande respeito pelo traba-lho. Quem trabalha acaba por ser recompensado e consegue levar a vida direitinho. Infelizmente, hoje em dia, em Portugal, nem sempre assim acontece”

José Carlos Rosas, Capitão de barcos rebocadores na Marinha Mercante Americana, 50 anos, Emigrante nos EUA

vox pop

Bélgica38.801

Alemanha172.920

Espanha129.901

Reino Unido105.314

Luxemburgo67.848

França867.906

Suíça680.734

EUROPAPrincipais origens

de remessas de emigrantesMilhares euros / Fonte: BP

França 867.906Suíça 680.734Alemanha 172.920Espanha 129.901Reino Unido 105.314Luxemburgo 67.848Belgica 38.801

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32 PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES

COMUNIDADES

Remessas de emigrantesEuro – Milhares

Fonte: Banco de PortugalÚltima atualização: 2014-02-21

1975 1980 1990 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013+ + +

104.623

731.183

3.011.412

3.458.121

2.817.885

2.433.777 2.442.1642.277.248

2.420.2672.588.417

2.484.6802.281.866

2.425.899 2.430.491

3.736.820

3.015.7772.749.461

tando que “ao longo dos últimos sessenta anos os portugueses emigrados uniram-se e criaram mais de cem clubes, instituições, associações e grupos folclóricos para pro-mover a ligação às raízes e à portugalidade; e este esforço de preservação das marcas identitárias é bem visto socialmente”. Sér-gio Ferreira Soares garante que “as novas gerações estão muito bem inseridas na so-ciedade venezuelana” e a comunidade por-tuguesa é muito bem aceite “porque os por-tugueses sacrificaram-se e trabalharam duramente para trazer as famílias inteiras e proporcionar-lhes uma melhor qualidade de vida, alcançando uma boa posição eco-nómica, e um estatuto que é respeitado. A tal ponto que hoje é comum dizer-se que os portugueses desempenharam um papel fundamental na construção de Venezuela”.Mário dos Santos, Diretor do jornal Por-tugal Post, não tem dúvidas que “a comu-nidade portuguesa está socialmente bem integrada na Alemanha, onde é bem vista e rotulada de ‘gente pacata e trabalhado-ra’”, mas lamenta o facto de “a participação cívica na vida política não ser ainda a que seria desejável”. Para o jornalista, “falta à comunidade construir uma rede forte”.O Reino Unido tem vindo a ser, cada vez mais, um destino preferencial para a emi-gração portuguesa, mas como refere Alcino Francisco, Diretor do Palop News, “é uma

vox pop“Tive a sorte de não ficar apenas numa cidade de Angola e poder percorrer o país, algumas vezes de carro, o que deu para o conhecer um pouco melhor. As maiores diferenças são as culturais, clima-téricas, a forma de trabalhar, a se-gurança, a forma como as pessoas vivem e querem viver, as oportu-nidades de negócio, os serviços (ou a falta deles) e os preços das coisas. Costumo dizer, por graça, que as únicas coisas baratas em Angola são a gasolina e o tabaco”.

Cláudio Moreira, Engenheiro mecânico, 39 anos, Emigrante em Angola

REMESSAS AUMENTAMHÁ CINCO ANOS CONSECUTIVOS

Desde 2009, as remessas de dinheiro que os emigrantes enviam para Portugal têm vindo a aumentar, tendo contabilizado no último ano um total de 3.015.777 euros.

comunidade em crescimento e ainda em processo de amadurecimento. Continua muito distante dos fatores associativos”. Já João de Noronha, diretor do jornal As Notí-cias, do Reino Unido, define a comunidade como “trabalhadora, dedicada e lutadora”, composta, na sua maioria por “indivíduos da classe trabalhadora, com escassa escola-ridade, que não falam a língua inglesa e têm dificuldades de integração”. O jornalista sublinha, ainda, que “nos primeiros anos, a comunidade vive uma realidade saudosista ligada ao país de origem; e depende da lín-gua materna para sobreviver e comunicar, estando muitas vezes dependente dos ser-viços de variadas instituições, associações, agências, empresas e negócios, que os man-têm ligados à cultura, língua, dieta, e tra-dições portuguesas”. Francisco Resendes, Diretor do The Portuguese Times, identi-fica esta mesma necessidade de ligação às raízes na sua comunidade. “A comunidade portuguesa da Nova Inglaterra [EUA] con-tinua profundamente ligada às suas ori-gens, tradições e cultura portuguesas e isso manifesta-se em várias situações porque as pessoas celebram Portugal nas mais di-versas manifestações socioculturais, com grande adesão não apenas dos imigrantes mas também dos luso-descendentes, atra-vés de ranchos folclóricos, bandas filarmó-nicas, associações e outras instituições que têm por lema a divulgação e promoção da nossa cultura e da portugalidade”, explica.José Rocha Dinis, Diretor do Jornal Tribu-

na de Macau, considera que a comunidade de portugueses local é de “complexa de-finição, porque é constituída pelos por-tugueses naturais de Macau, os chineses aculturados portugueses e os portugueses vindos de Portugal - quase todos técnicos superiores. As gerações são muito vincadas pois a maior parte dos jovens já estudaram fora, nomeadamente em Taiwan, ou EUA, o que lhes dá maior visão do mundo”. Para o jornalista certo é que “a comunidade por-tuguesa tem um papel importante no dia a dia de Macau”.

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33www.revistaport.com

Qu a s e 8 0 % d a e m i -gração europeia que viaja, para férias, por via terrestre até Por-tugal entra pelo país na fronteira de Vilar

Formoso. Para receber, logo “à porta” de casa, os nossos emigrantes, a Revista de Portugal e das Comunidades Port.Com está a preparar uma calorosa receção em que equipas devidamente identificadas darão as boas-vindas aos portugueses que vivem no estrangeiro e regressam ao nosso país para usufruir do merecido descanso.A oferta de lembranças e da edição es-pecial de agosto da revista fazem parte desta ação, por isso mesmo, o próximo número da Port.Com está a ser edito-rialmente preparado com conteúdos

que ajudam as famílias de emigrantes no reencontro com Portugal. Sol, praias, destinos, petiscos e festivais, entre ou-tros, ajudarão a preencher as páginas da próxima edição.Esta mesma revista, com uma tiragem es-pecial de 75.000 exemplares, será distri-buída também em Fátima, nos dias 12 e 13 de agosto, durante a grande peregrinação anual que, como é sabido, atrai milhares de emigrantes ao santuário. Para chegar ao maior número de pessoas possível, a revista vai estar em hotéis, restaurantes, cafés, museus e lojas de artesanato.

A ação de receção será divulgada no site e redes sociais da revista. Acompanhe aqui:www.revistaport.comwww.facebook.com/revistaportcom

PORT.COM VAI RECEBER OS EMIGRANTES À FRONTEIRA

DE VILAR FORMOSOA revista Port.Com vai receber os emigrantes que entram em Portugal

pela fronteira de Vilar Formoso e dar-lhes as boas-vindas no seu regres-so ao país, para férias. As ações vão ser noticiadas no site www.revista-

port.com

CALENDÁRIO DAS AÇÕES27 de julho (Fronteira de Vilar Formoso). Início da ação de boas-vindas com a pre-sença do Secretário de Estado das Comu-nidades, José Cesário, autoridades locais e representantes dos sponsors da ação;. Receção e boas-vindas com oferta de lembranças e revista PORT.COM.

1 e 2 de agosto (Fronteira de Vilar Formoso). Recepção e boas-vindas com oferta de lembranças e revista PORT.COM.

12 e 13 de agosto (Fátima). Oferta da revista em locais de destaque;. Oferta de lembranças e da revista aos pe-regrinos por equipas devidamente identifi-cadas, em zonas permitidas.

PORT.COMN.º 2 AGOSTO 2014

REVISTA DE PORTUGAL E DAS COMUNIDADES

Bem-Vindosa

Portugal

JOANA VASCONCELOS

10 PERGUNTAS A

DIETA PORTUGUESAPATRIMÓNIO IMATERIAL

DA HUMANIDADE

FELIX BRAZ MINISTRO DA JUSTIÇA

DO LUXEMBURGO

PAULO BENTO SELECIONADOR

NACIONAL

INVESTIMENTO GOVERNO CRIA NOVO

GABINETE DE APOIO

COIMBRA ROTEIRO PELA CIDADE

PATRIMÓNIO DA UNESCO

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34 PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES

ROTAS

PORTUGAL É COOL!

POR MARTHA MENDES

As praias e a gastronomia, a hotelaria de luxo e o golfe, o Gerês e as ilhas e, claro, Lisboa e o Porto. São mil e uma as razões para Portugal ser cada vez mais um destino turístico de eleição e o mundo inteiro

começa a reconhecê-las: a bússola global está apontada para o nosso cantinho à beira-mar plantado.

Lisboa foi eleita a cidade mais 'cool' da Euro-pa pela cadeia de televisão norte-americana CNN. Porquê?A jornalista Fiona Dunlop afirmou mesmo que a capital portuguesa é “um ponto de visita obrigatório”, destacando locais como o Bairro Alto, o Cais do Sodré, ou as ruas de Alfama e da Mouraria. Para a jornalista, a noite de Lisboa chega a suplantar a de Ma-drid e culturalmente é a coleção Berardo e os museu da Gulbenkian, de Arte Antiga

e do Oriente que merecem mais destaque. Para além da CNN, também o guia turístico Fodor's elegeu Lisboa, no início deste ano, como uma das 10 melhores cidades euro-peias para visitar na primavera. Já em 2013 Lisboa tinha sido considerada pelo site de viagens Urban City Guides a quarta cidade mais bonita do mundo, apenas suplantada por Veneza, Paris e Praga. O site referia-se à cidade do Tejo como sendo de “uma beleza sem esforço com detalhes cativantes”. Ainda no ano passado, Lisboa conseguiu o segundo lugar, de entre vinte cidades candidatas, na lista European Best Destinations 2013.

LISBOA MENINA E MOÇA

Os elétricos são um dos símbolos mais caraterísticos da capital portuguesa

COLINASRAZÕES:

• “Ruas Fascinantes”.• Vida Noturna • A Arte• “Design Fabuloso”• Cozinha experimental• As Praias e os Castelos• A Ironia

7

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35www.revistaport.com

PORTO SENTIDOA cidade do Porto foi eleita, pela segunda vez, o melhor destino europeu na compe-tição European Best Destinations, promo-vida pela European Consumers Choice, “organização sem fins lucrativos de con-sumidores especialistas”, com sede em Bruxelas, tendo destronado uma respei-tável concorrência: Viena (Áutria), Nicósia (Chipre) e Budapeste (Hungria). No total somaram-se 228.688 votos, naquele que é considerado atualmente o maior evento de e-turismo europeu. O segundo desti-no português do ranking é a Madeira que conseguiu um honroso 6º lugar, com 6,9% dos votos.

“PROVAVELMENTE A PRAIA MAIS BONITA DO MUNDO” É EM LAGOSPara o Huffington Post a Praia Ponte da Piedade, em Lagos, no Algarve, é "prova-velmente a praia mais bonita do mundo". De entre os vários encantos, a jornalista Suzy Strutner, do famoso jornal, elogiou as for-mações rochosas, as grutas, a possibilidade de conviver com os pescadores que por ali andam e a água pura e fresca. “As rochas são tão altas que parece que tocam no céu e pare-ce que estamos a navegar no barco em água cristalina. É tão bela que se torna difícil olhar para ela”, descreveu a jornalista.

ALENTEJO: DEVAGAR, DEVAGARINHO

A reputada revista de viagens National Geographic considerou o Alentejo um dos 21 destinos obrigatórios para 2014. Para a publicação internacional o lugar-comum da calma e tranquilidade alentejanas é mes-mo uma das grandes mais-valias turísticas da região: "relaxe, pratique a paciência e não olhe para o relógio", aconselham. A revista destaca a Costa Vicentina que considera “realmente selvagem” e impressiona pela variedade: “da acidentada costa ao campo, onde as cegonhas fazem ninhos e plantas endémicas florescem".

11 DOS MELHORES HOSTELS DO MUNDO

Os “Hoscares”, distinção mundial que ga-lardoa hostels (tipo de acomodação low coast, que se caracteriza pela socializa-ção, partilha de espaços e proximidade entre os hóspedes) considerou, este ano, que os segundo e terceiro melhores hos-tels da Europa estão em Portugal. Lisboa destaca-se ao nível dos hostels médios e o Porto dos grandes. A votação ficou a cargo dos utilizadores do portal Hostelworld, considerado o maior portal mundial pa-ra reservas deste tipo de hotéis. Portugal foi o país que esteve presente no maior

número de categorias, 19 no total. Ao to-do, viu 11 hostels serem premiados, um feito de que só a Itália, EUA e Espanha se conseguiram aproximar, com seis hostels vencedores cada. Recorde-se que o Hostel mais premiado do mundo é português. O Home Lisbon, localizado no coração da baixa lisboeta, conta já com cinco dis-tinções, incluindo a de segundo melhor hostel europeu.

DESTINO BBB: BONITO, BOM E BARATO

O guia anual Best in Travel, da conceituada editora Lonely Planet, considera que Portu-gal é um dos dez destinos no mundo com me-lhor relação qualidade-preço. O Guia incluiu Portugal na lista Best Value, e destaca desti-nos como o Algarve, em especial a cidade de Albufeira, e Lisboa que, segundo o guia, “tem cafés maravilhosos e delícias doces por pou-cos euros", para além de "elétricos baratos" que permitem ficar a conhecer toda a cidade, de forma barata. O roteiro destaca, ainda, as condições privilegiadas para a prática do surf, exemplificando com as ondas de Peniche.

Seja nos destinos urbanos, de praia ou de campo, Portugal começa a ser conhecido

como um país de grande potencial turístico

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36 PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES

ROTAS

MAIS DE 40 NOMEAÇÕES PARA OS “ÓSCARES” DO TURISMO EUROPEUEstão a decorrer até 23 de junho as votações para os World Travel Awards (WTA). À se-melhança do que tem vindo a acontecer, este ano, Portugal é nomeado em várias categorias com candidatos como a TAP, a capital lisboeta, a Madeira, os Açores e hotelaria de luxo. O ano passado Portugal conseguiu arrecadar nove galardões, entre os quais se destacaram o golfe, as praias algarvias, a Madeira como melhor destino insular e Lisboa como destino privilegiado para turismo urbano. Este ano Lisboa des-taca-se, novamente e o Algarve volta à luta por um lugar ao sol como detentor das me-

lhores praias. A Madeira quer continuar a ser o melhor destino insular. O Turismo de Portugal pode vir a ser o melhor organis-mo oficial de turismo europeu e a TAP está nomeada para melhor companhia aérea e melhor classe executiva. A DouroAzul é este ano candidata a melhor companhia de cruzeiros fluviais. Na hotelaria estão a concurso espaços como os algarvios Vila Joya ou Conrad Algarve ou os madeiren-ses Choupana Hills e Pestana Carlton. Os Açores fazem este ano a sua estreia: o Terra Nostra Garden está nomeado para melhor boutique hotel. Os WTA, votados pelo público e por profissionais, existem há mais de 20 anos e são considerados dos mais importantes prémios da indústria do Turismo.

DESTINOS MENOS EVIDENTES COMO O ALENTEJO, O GERÊS OU AS ILHAS COMEÇAM A DESPERTAR INTERESSE TURÍSTICO

NOTAS SOLTASNo final de 2013, o motor de busca TRIVAGO, que compara preços de milhares hotéis, em todo o mundo, entre mais de 200 sites de reserva, publicou uma lista, a nível mundial, dos lugares com a relação qualidade--preço mais interessante e incluiu nos dez primeiros lugares da lista o Parque Nacional Peneda-Gerês.

O Europe’s Best Big-Time Small Destinations – galardão que pre-meia lugares com menos de 100 mil habitantes, por todo o mundo, organizado pelo site independente Globalgrasshopper - colocou ÓBIDOS no segundo lugar da lista dos melhores pequenos destinos europeus. A Ericeira também teve lugar no top 10, em oitavo lugar.

É a oitava vez consecutiva que o VILA JOYA (Guia, Albufeira, Algarve) é considerado o Melhor Boutique Resort do Mundo na cerimó-nia dos World Travel Awards. Dentro do hotel está um dos mais reputados restaurantes do país, o Vila Joya, do chefe Dieter Koschina, que tem duas estrelas Michelin.

Em 2012 a oferta turística nacional teve quase 9000 REFERÊNCIAS em meios de comunicação social internacionais, um aumento de 22% em relação ao ano anterior. Fizeram--se mais de 60 reportagens televisivas internacionais sobre os atrativos turís-ticos portugueses, com destaque para o património cultural, a gastronomia e vinhos e o touring cultural e paisagís-tico. A TVE (Espanha), TF1 (França), dk4 (Dinamarca), NBC (EUA), Travel Channel (Reino Unido) e RAI1 (Itália) fo-ram alguns dos canais estrangeiros que dedicaram tempo de antena a Portugal como destino turístico.

Em 2013 cerca de 14 MILHÕES de turistas visitaram Portugal, provo-cando um aumento das receitas do turismo e um crescimento de 5,4% nas receitas em relação a 2012. No total, os estabelecimentos hoteleiros receberam 14,4 milhões de hóspedes, contabilizan-do 41,7 milhões de dormidas.

A Douro Azul nasce para explorar a beleza do Douro

Nos Açores o Terra Nostra Garden está nomeado para melhor boutique hotel

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F U N D A Ç Ã O B I S S A Y A B A R R E T O

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38 PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES

RAÍZES

Estão espalhadas pelos quatro cantos do mundo e têm um ob-jetivo comum: contribuir para o enraizamento da Língua e Cul-tura lusófonas e para a inclusão

social, cultural e laboral das comunidades portuguesas. Trabalham em prol da Língua e da Cultura nacionais, quase sempre com poucos meios e muito boa-vontade. São as associações de portugueses no estrangei-ro. Um pequeno porto de abrigo luso, para quem chega a um país novo. A PORT.COM traça aqui um breve perfil de seis dessas instituições.

Fundação Luso-americana(The Portuguese American His-torical & Reserach Foundation, Inc. – PAHRF)A Fundação Luso-americana foi criada, em 1996, para apoiar a investigação da His-tória dos pioneiros na América do Norte e Canadá na sua constituição, estudar a presença dos diferentes grupos e etnias e a sua eventual ligação aos Portugueses. Com três livros publicados (dois em inglês e um em português), que descrevem a presença

dos Portugueses no continente Norte--Americano desde o século XV, a Fundação Luso-americana está classificada pelo Go-verno Federal como uma instituição sendo de utilidade pública. “Todos os jovens de descendência portuguesa devem terminar o Liceu e seguir para as Universidades”. É desta forma que a própria instituição define a sua missão.

Associação Cultura Portuguesa d’Aulnay sous Bois (França)Criada em 1973 , a Associação Cultura Portuguesa d’Aulnay sous Bois, tem como objetivos principais o fortalecimento dos laços entre as famílias portuguesas resi-dentes em Aulnay sous Bois, a cerca de 20 quilómetros de Paris. A associação nasceu com pequenos encontros de portugue-ses residentes no Bairro Rosa dos Ventos, que se começaram a reunir para combater

em, juntas, os sentimentos de isolamento e falta de apoio e informação em Língua Portuguesa – essenciais, sobretudo, para as famílias que tinham filhos em idade es-colar. Atualmente, a associação tem tam-bém como objetivos a necessidade urgente de constituir meios para aprendizagem da Língua e cultura portuguesas entre os luso-descendentes, tendo sido esta associa-ção uma das grandes impulsionadoras dos primeiros cursos de Língua Portuguesa a abrirem em Aulnay sous Bois.

Associação Portuguesa de ZuriqueCom mais de meio século, fundada a 14 de junho de 1962, a Associação Portuguesa de Zurique foi criada por um grupo de portu-gueses residentes em Zurique, que estando socialmente bem inseridos manifestavam preocupações com os restantes elementos da comunidade. Nos anos 60 a comunidade era muito reduzida e não beneficiava de qualquer acordo bilateral entre Estados, ao contrário das comunidades mais nu-merosas, a italiana, espanhola, austríaca e alemã. As suas atividades eram desenvolvi-

ASSOCIAÇÕES DE PORTUGUESES NO

ESTRANGEIRO

POR MARIA SILVA

Porto de abrigo luso para quem chega a um mundo novo

POUCOS MEIOS E MUITO BOA VONTADE EM PROL DA DEFESA DA LÍNGUA E DA CULTURA LUSAS.

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39www.revistaport.com

das através de trabalho voluntário dos seus ativistas. Ao longo dos anos a associação evoluiu consideravelmente, sendo hoje um importante apoio para os portugueses resi-dentes em Zurique, mas continua a defen-der os valores gerais do direito à dignidade por parte dos emigrantes. A APZ fundou a primeira escola de língua e cultura portu-guesa na Suíça, dois anos após o 25 de abril e foi responsável por várias iniciativas para a divulgação da cultura portuguesa, como exposições na universidade, conferências, teatro, concertos de música com nomes como Carlos do Carmo, Paulo de Carvalho ou Sérgio Godinho. O ensino básico do Ale-mão para adultos foi outra das iniciativas de grande importância a favor dos associados e seus familiares.

Federação de Empresários Portugueses na AlemanhaFundada em 1996 a Federação de Empre-sários Portugueses (VPU) na Alemanha é uma plataforma para as relações e contatos económicos luso-alemães de empresas, profissionais independentes e profissionais liberais. A associação tem como objetivo a internacionalização da economia portu-guesa na Alemanha e estimular a colabora-ção com os parceiros de Língua Portuguesa na Europa, África, Ásia e América Latina. Entre os vários sócios destacam-se em-presas com vasta experiência nas relações comerciais luso-alemãs; representantes de empresas portuguesas na Alemanha; dirigentes portugueses de empresas in-ternacionais; ou organizações económicas portuguesas e alemãs. A VPU - federação creditada no Parlamento Alemão como representante da economia portuguesa - disponibiliza uma rede de contatos para troca de experiências e aquisição de novos parceiros comerciais.

Confederação da Comunidade Portuguesa no LuxemburgoFundada a 25 de Maio de 1991, no 1° Con-gresso das Associações Portuguesas do Luxemburgo, a Confederação da Comuni-dade Portuguesa no Luxemburgo – CCPL tem como principais objetivos a integração dos portugueses, das suas organizações e da comunidade portuguesa enquanto en-tidade coletiva na sociedade luxemburgue-sa. Segundo nota da própria instituição, “a integração significa a plena participação

GOVERNO DESAFIA ASSOCIAÇÕES DE EMIGRANTESA CRIAREM ORGANISMO PRÓPRIO

O secretário de Estado das Comu-nidades Portuguesas, José Cesário, desafiou, em Março deste ano, as as-sociações de emigrantes a fundarem uma associação que possibilite fazer a ponte entre Portugal e as estrutu-ras representativas dos portugueses na diáspora. O responsável “gosta-ria” de ver criada “uma estrutura que seja um elemento não para dirigir as associações, mas de ligação entre Portugal e as associações espalha-das pelo mundo”, “inter-geracional” e com “uma representação global, com gente com mais experiência e com menos experiência e represen-

tativa dos vários continentes”. Ape-sar dos números apontarem para a existência de três mil associações de emigrantes José Cesário garante que, na prática, só cerca de mil estão ativas.

em todos os setores da sociedade luxem-burguesa, mas também o direito de manter a língua e a cultura de origem, não como fatores de exclusão mas de afirmação de uma identidade portuguesa na diversidade cultural da Europa”. Congregar a ação de toda a comunidade no Luxemburgo no de-bate, definição e defesa dos seus interesses coletivos; constituir-se como interlocutor central porta-voz da comunidade junto das autoridades luxemburguesas e portugue-sas; favorecer os contatos e a colaboração entre todas as componentes da comunida-de e a sociedade luxemburguesa; promover a coordenação, a informação, a formação e a ajuda às organizações filiadas no domínio social, cultural, educativo, recreativo e des-portivo e o combate em todas as formas de racismo e xenofobia; têm sido os principais desafios da CCPL.

Centro Português de Apoio à Comunidade Lusófona (Reino Unido)O Centro Português de Apoio à Comuni-dade Lusófona nasceu de uma iniciativa proposta ao London Borough of Lambe-th pelo atual Conselheiro da Comunida-de Portuguesa no Reino Unido, António

Cunha, e é hoje um projeto vocacionado para trabalhar com toda a comunidade Lusófona em Londres. Sendo um projeto muito recente, o Centro ainda está a dar os primeiros passos mas para já as prioridades são realizar um estudo sobre as verdadeiras necessidades da comunidade Lusófona, a criação de uma pagina web e de um plano de implementação do centro comunitá-rio. A sua equipa inclui colaboradores das comunidades Portuguesa, Brasileira, An-golana e Moçambicana, técnicos da Active Communities Team do London Borough of Lambeth, e a gestão técnica de um con-sultor especialista em desenvolvimento comunitário. Este é o primeiro centro de atividades de e para Lusófonos do Reino Unido e o seu principal objetivo é criar con-dições para o desenvolvimento da parti-cipação ativa destas comunidades unidas por um idioma e valores comuns, na vida do Reino Unido, contribuindo para o seu enriquecimento através do património so-cial e cultural e do potencial dos residentes de Língua Portuguesa.

José Cesário, secretário de Estado das Comunidades Portuguesas

CONTRIBUTO PARAA INCLUSÃO SOCIAL, CULTURAL E LABORAL DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS

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40 PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES

RAÍZES

A geografia da imprensa de Língua Portuguesa no mundo é tão diver-sa com as comunida-des às quais se dirige cada uma das publica-ções. Menos variável

é a reconhecida importância da imprensa lusófona para as comunidades: o seu papel na valorização da cultura e da Língua por-tuguesas; a sua relevância na promoção da economia nacional no estrangeiro, através, por exemplo, da divulgação de produtos nacionais; o seu papel no fortalecimento dos laços dentro das comunidades.No entanto, há um aspeto que todos os jor-nalistas que trabalham para a emigração fazem questão de sublinhar. Estes não são

jornais sobre Portugal. São jornais em Lín-gua Portuguesa, dirigidos aos portugueses e luso-descendentes, com informação so-bre as comunidades de emigrantes. Carlos de Jesus, Diretor do canadiano LusoPress garante que “o conteúdo do jornal é sempre composto por mais de 80 por cento de ‘ma-téria’ local, produzido ou escrito por cola-boradores locais; mais de 90 por cento das notícias são sobre política local”. Francisco de Resendes, Diretor do norte-americano Portuguese Times, também considera que “a função primeira do jornal é divulgar o que se passa nos EUA, com grande desta-que para as notícias que tenham impacto direto na comunidade”, mas sublinha que “o reforço dos laços afetivos com Portugal” é uma preocupação para o Portuguese

Times, motivo pelo qual “o jornal dedica amplo espaço a notícias de Portugal ou a eventos que envolvam a visita de repre-sentantes portugueses aos EUA, contando também com a colaboração de cronistas de Portugal”. O jornalista descreve mesmo a sua publicação como “um jornal português para a comunidade portuguesa, que tenta incutir nos luso-descendentes orgulho pela cultura e Língua portuguesas”. Carlos Pereira, diretor do LusoJornal, único semanário franco-português editado em França, sublinha que a sua publicação tem “a particularidade de apenas abordar assuntos que dizem respeito à comunidade portuguesa de França e à relação entre os dois países. É assumidamente um "jornal local", mesmo se o ‘local’ é do tamanho da

DA EMIGRAÇÃOJORNAIS

Veículos da Língua, montra das comunidades

Num mundo em crescente e acelerada globalização os jornais de Língua Portuguesa espalhados pelo mundo continuam a assegurar a manutenção dos laços com as raízes e, acima de tudo, com a Língua. Que jornais são estes que

se mantêm, apesar das dificuldades, no contexto das novas tecnologias de informação e das redes sociais? O que esperam de Portugal? Como são acolhi-dos nos países de origem? Quais os principais desafios do seu trabalho? Foram

estas perguntas que a Port.Com foi fazer aos diretores dos principais jornais das comunidades.

POR MARTHA MENDES

Jornal Tribuna de MacauData de fundação: 1982Diretor (e administrador): José Rocha DinisPeriodicidade:Diário (de 2.ª a 6.ª)Sede: Macau, China

The Portuguese TimesDiretor: Francisco de ResendesPeriodicidade: SemanárioSede: New Bedford, Massachusetts, EUA.

Gazeta LusófonaAno de fundação: 1998Diretor: Adelino SáPeriodicidade: mensalSede: Luzerna, Suíça

LusoPresseAno de fundação: 1992Diretor: Carlos de JesusPeriodicidade: QuinzenalSede: Montreal, QC, Canadá

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41www.revistaport.com

França. Damos informação que mais ne-nhum jornal dá, nem os de Portugal, nem os franceses”.Situação particular vive o Jornal Tribuna de Macau (JTM), fundado e dirigido por José Rocha Dinis: “O Jornal Tribuna de Macau é um jornal de Macau em língua Portuguesa, e não um jornal português em Macau. Deste modo, a maioria das suas páginas são dedicadas aos assuntos locais. Mas Macau, como Região Adminis-trativa Especial de Macau, tem ainda uma forte componente portuguesa que aqui se encontra há mais de 500 anos. Há aqui uma simbiose das cultura portuguesa e chinesa e o jornal presta especial atenção a essas duas componentes”. No entanto, quando é para falar de Portugal, o JTM mantém a mesma isenção que é marca da publi-cação no tratamento das notícias sobre Macau. “Falamos de Portugal numa visão pluralista, mas sem restrições. Não apoio um jornal que divulgue apenas as ‘boas notícias’ de Portugal, esquecendo os erros e defeitos. O JTM defende um Portugal em todas as dimensões”, remata. Veículos da Língua-Mãe“O Portuguese Times tem incentivado a aprendizagem da Língua Portuguesa junto dos luso-descendentes, quer através de artigos de opinião, quer na elaboração de suplementos especiais dedicados às escolas comunitárias de Português que existem nas organizações portuguesas da Nova Inglaterra”. Mas não é apenas dentro da comunidade que a publicação divulga a Língua: “o jornal tem servido de instru-mento de aprendizagem do Português também junto de outras nacionalidades que procuram, não apenas inteirar-se das vivências da comunidade portuguesa,

como veem no Portuguese Times uma excelente ferramenta de aprendizagem da Língua”. Francisco sublinha que “a importância do jornal para a divulgação do idioma é uma realidade consensual e re-conhecida pela maioria das pessoas, tendo isso sido até publicamente reconhecido, em 1996, aquando da atribuição de uma placa de mérito ao Portuguese Times pelo Secretário de Estado das Comunidades da altura, José Lello”. José Rocha Dinis des-creve uma experiência semelhante: “o JTM apoia e ajuda à aprendizagem da Língua Portuguesa nos vários estabelecimentos de ensino superior onde existem cursos de Português, cada vez mais procurados nes-tes países que estão secularmente ligados a Portugal”.Carlos de Jesus, no entanto, não é tão entusiasta no que diz respeito à divulgação da Língua Portuguesa fora do círculo dos que já são falantes: “a nossa influência para além das fronteiras da comunidade lusó-fona é praticamente nula. Pregamos aos convertidos, com exceção de alguns alunos universitários que estudam Português e encontram no nosso jornal uma forma de avaliarem os seus conhecimentos”.No caso do LusoJornal, em França, a situação é particular, pois a publicação é bilíngue. “Nem todos os nossos leitores dominam a língua Portuguesa e nós com-preendemos as razões que levaram a esta situação”, afirma Carlos Pereira, acres-centado que “mais do que lamentar esta realidade, consideramos que o bilinguismo é uma mais-valia. Por isso o LusoJornal fala as duas línguas, sem qualquer regra: depende de quem escreve os artigos, dos entrevistados, e até da disposição com que nos levantamos de manhã”. O jornalista considera que, assim, o jornal assume um

duplo papel de cidadania: “estamos a con-tribuir para que muitos nos nossos leitores mantenham uma prática de leitura em Português, mas também ajudamos outros a melhorarem os seus conhecimentos em língua francesa, para se integrarem mais facilmente em França”.Sérgio Correia Soares, Editor-chefe do Correio da Venezuela, considera que “os jornais têm um papel importante de divulgação da Língua no exterior. Muitas pessoas que não têm acesso a aulas de Língua Portuguesa utilizam o jornal para aprenderem o idioma. Os jornais portu-gueses provam a aceitação da nossa Língua no contexto global”. Também Mário dos Santos, Diretor do Portugal Post (PP), da Alemanha, garante que “o PP é utilizado em escolas, para trabalhos dos alunos, e em academias de ensino de línguas estrangei-ras onde se ensina Língua Portuguesa”. Para o jornal é uma preocupação a “cola-boração com escolas, professores e alunos - através de uma página publicada com a coordenação do ensino na embaixada”. João Noronha, jornalista do As Notícias, do Reino Unido, vai mais longe: “o facto de o jornal existir em português é condição suficiente para manter a ligação entre a Língua e os emigrantes”, conclui.

Consulte o Dossier Especial Jornais de Língua Portuguesa no Mundo no site: www.revistaport.com

Mais informação

LusoJornalAno de fundação: 2004Diretor: Carlos PereiraPeriodicidade:Edição França: Semanal, sai à 4.ª-feiraEdição Bélgica: Mensal (dia 1 de cada mês)Sede: Paris, França

Correio da VenezuelaAno de fundação: 1999Diretor: Aleixo Vieira/Sergio FerreiraPeriodicidade: SemanalSede: Caracas, Venezuela

Portugal PostAno de fundação: 1993Diretor: Mário dos SantosPeriodicidade: MensalSede: Dortmund, Alemanha

As NotíciasAno de fundação: 2006Diretor: Daniel SantosPeriodicidade: Bi- MensalSede: Thetford, Norfolk, Reino Unido

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42 PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES

POLÍTICA

É físico, especialista em Física Nuclear, professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e tem vasta experiência política acumulada em cargos-chave no Governo dos Estados Unidos da América (EUA): durante a administração de Clin-ton foi diretor associado do Gabinete de Políti-cas para a Ciência e Tecnologia (de 1995 a 1997),

secretário-adjunto para a Energia (de 1997 a 2001) e vice-presidente do departamento de Energia. Fez parte, desde 2009, do grupo de aconselhamento de Obama para a Ciência e Tecnologia. E é luso-descendente.Moniz foi descrito pelo cônsul-geral de Portugal em Boston, Paulo Cunha Alves, como uma pessoa “afável e bem-humorada, que nunca escondeu as suas raízes portuguesas”. À Agência Lusa, o diplomata sublinhou, ainda, que "é uma grande honra para Portu-gal e para a comunidade luso-americana de Massachusetts poder contar com o professor Ernest Moniz em tão importantes funções na administração norte-americana".Barack Obama, salientou em comunicado, "a experiência num amplo leque de fontes de energia" do cientista, que conseguiu "atrair inovadores para avançar em novas soluções energéticas". O Presidente norte-americano frisou ainda que o novo governante "partilha" a sua "convicção de que os EUA devem liderar o desen-volvimento de fontes sustentáveis de energia, que criem empregos e indústrias, ao mesmo tempo que respondem aos desafios das alterações climáticas".Moniz foi diretor do Projeto Iniciativa da Energia do MIT, centra-do na investigação de formas inovadoras de produção de energia com diminuição dos gases com efeito de estufa. Grande defensor da energia nuclear, que considera mais versátil para além de mais barata e segura, e de um futuro com baixas emissões de carbono, é também adepto da energia renovável de gás de xisto produzido por fraturamento hidráulico e do gás natural que, segundo defendeu num relatório publicado pelo MIT em 2010, será essencial para alcançar diminuições substanciais nas emissões poluentes.A propósito da nomeação de Moniz, o Governo Regional dos Aço-res, na pessoa de Vasco Cordeiro, afirmou que “o trajeto coletivo da comunidade açoriana e açor-descendente nos EUA” é, “desde há muito, motivo de grande orgulho para todos os açorianos”.

“Grande orgulho para todos os açorianos”

ERNEST MONIZ nasceu em 1944, em Fall River, no Es-tado do Massachusetts. Filho de emigrantes açorianos da ilha de São Miguel, cresceu no seio da comunidade portuguesa e açoriana local e nunca escondeu as suas raízes lusas. Estudou no Boston College, onde se espe-cializou em Física Nuclear e tem vindo a desempenhar vários cargos políticos na área do ambiente, tanto no governo de Clinton, como no de Obama. A propósito da vida política, Ernest Moniz chegou a afirmar que “a Físi-ca, por vezes, é fácil em comparação com os negócios dos assuntos do povo».

POR MARIA SILVA

LUSO-DESCENDENTES

AO PODEROs emigrantes portugueses estão cada vez mais integrados nos países de origem.

E agora, até no poder.

O LUSO-DESCENDENTE QUE “MANDA” NA ENERGIA AMERICANA

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43www.revistaport.com

Apesar de ser o primeiro luso-descendente a chegar a um cargo político de relevo no Lu-xemburgo, Félix Braz garante que há mui-tos exemplos de integração da comunidade portuguesa no país. «Nunca é fácil tentar integrar-se noutro país, e as pessoas que vão para outro país para melhorar as suas vidas

são verdadeiros heróis. A integração não se mede só em termos de cargos políticos. Há muitos portugueses, e eu conheço muitos, que têm conseguido coisas valiosas, aqui, no Luxemburgo», afirmou à Lusa o Ministro, nomeado no final do ano passado. Braz pertence ao partido Os Verdes e tomou posse no Governo de coligação liderado por Xavier Bettel e constituído pelo Partido Liberal, so-cialistas e ecologistas.Frequentou Direito na Sorbonne, em Paris, mas não chegou a concluir o curso porque em 1990 recebeu um convite para fazer o primeiro programa de rádio em Língua Portuguesa na RTL (Radio Lëtzebuerg), o que acabaria por afastá-lo da vida académica. Entre 1990 e 1991 conduziu um programa que era ouvido por milhares de emigrantes, numa época em que não existiam rádios em português legalizadas no país, só rádios piratas - a legalização das rádios em Língua Portuguesa só viria em 1992. O programa tinha milhares de fãs entre a comunidade portuguesa.Mais tarde convidaram-no para secretário do grupo parlamentar de Os Verdes, cargo que ocupou até 2000. Em 1994 foi eleito para a autarquia de Esch-sur-Alzette, tendo mantido as responsabilida-des de vereador até 1999.Em 2004, tornou-se o primeiro deputado luso-descendente algu-ma vez eleito no Luxemburgo. Na Câmara de Deputados do Grão Ducado do Luxemburgo, integrou entre outras, a Comissão de Ne-gócios Estrangeiros e Europeus, Defesa, Cooperação e Imigração. Em 2006, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, atribuiu--lhe a Medalha de Comendador da Ordem de Mérito.Félix fala perfeitamente português e até se expressa com sotaque algarvio. Das férias de verão de dois meses que passou em Portugal, entre 1975 e 1985, em Monte Gordo, uma vila do concelho de Vila Real de Santo António, guarda várias memórias. “Tem uma praia bonita, grande, e come-se bem lá”, recordou em tempos, numa entrevista. Mas atualmente e, em resultado da intensa atividade política que exerce, as visitas ao Algarve são cada vez mais breves.Recorde-se que o Luxemburgo é independente desde 1867, tendo sido um dos seis Estados fundadores da Comunidade Económica Europeia. Tem cerca de meio milhão de habitantes e os portugueses são a maior comunidade imigrante do país.

Há 24 anos a defender a Ecologia

FÉLIX BRAZ tem 47 anos, é ecologista, casado, pai de dois filhos e filho de emigrantes algarvios. Os pais, naturais de Castro Marim, no Algarve, a poucos quiló-metros de Vila Real de Santo António e do rio Guadiana, emigraram para o Luxemburgo nos anos 60 do século passado. O pai, António Braz, manteve durante vários anos uma escola de condução em Esch-sur-Alzette, on-de vários portugueses obtiveram a carta de condução. Apesar de Félix já ter nascido em Differdange, no sul do Luxemburgo, só aos 18 anos, em 1984, conseguiu a nacionalidade luxemburguesa. Na altura, a naturalização implicava renunciar à nacionalidade de origem. A sua carreira política conta já com 24 anos.

ERNEST MONIZ, é filho de aço-rianos e foi o homem que Barack Obama escolheu, há cerca de um ano, para o cargo de Secretário de Estado da Energia. O Senado norte--americano aprovou a escolha por unanimidade, com 97 votos a favor. Moniz veio substituir Steven Chu, Prémio Nobel da Física em 1997.

MINISTRO DA JUSTIÇA DO LUXEMBURGOTEM RAÍZES PERTO DO GUADIANA

FÉLIX BRAZ, primeiro Ministro de origem portuguesa do Luxemburgo,

já tinha “conquistado”, em 1994, o título de único deputado luso-des-

cendente alguma vez eleito no país, onde 13% da população é de origem portuguesa. Com uma carreira polí-

tica de 24 anos, é apontado pelo seu partido, Os Verdes, como “o futuro”.

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DESPORTO

GUIA DE SOBREVIVÊNCIAPARA O MUNDIAL

Se vai apoiar a seleção nacional, vá em segurança. A Port.Com recolheu algumas informações úteis para quem vai até ao Brasil torcer por Ronaldo e companhia.

Para que todos os portugueses ou lusodes-cendentes possam permanecer em segu-rança no Brasil, o gabinete do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas lan-çou o "Portal das Comunidades Portuguesas - Campeonato do Mundo de Futebol 2014" onde pode encontrar contactos e informa-ções úteis relativas a números de emergên-cia, contactos consulares ou outras infor-mações que se prestam a proporcionar uma estadia e diversão tranquila e em segurança.Na Embaixada de Portugal em Brasília foi criado um serviço de emergência consular exclusivamente vocacionado para o Cam-peonato do Mundo FIFA 2014, que poderá ser contactado através do número: (00 55) 61 9823 4983 A primeira linha do apoio consular começa no adepto, informando as autoridades por-tuguesas da sua viagem ao Brasil através de um email para o Gabinete de Emergência do

Ministério dos Negócios Estrangeiros ( [email protected] ), onde deverá fornecer detalhes da sua viagem e, entre outros dados, indicar o nome de um familiar ou amigo a ser contatado em situação de emergência. Este procedimento destina-se a facilitar a loca-lização de cidadãos portugueses e é aconse-lhável que todos os adeptos que viajam para o Brasil o façam. Será distribuído o tríptico ‘Guia do Adepto’ nos balcões de check in e voos da TAP, com informações importan-tes a considerar antes da partida e durante a estadia no Brasil. O mesmo Guia poderá ser consultado na página de Internet da Embai-xada, dos postos consulares e no Portal das Comunidades Portuguesas.Elementos das forças de segurança portu-guesas (PSP) foram destacados para, em coordenação com as autoridades locais, e devidamente identificados, envergando uni-forme da corporação de origem, assegurar o

apoio e segurança dos adeptos nacionais que se desloquem aos estádios nos dias dos jogos da Seleção Portuguesa.Equipas de voluntários da comunidade por-tuguesa residente nas cidades-sede onde a Seleção portuguesa vai jogar a primeira fase estarão presentes nos aeroportos (para pres-tarem informações essenciais e orientações aos adeptos à chegada ao Brasil) e nas áreas de concentração de adeptos nas cidades onde Portugal irá treinar e/ou jogar.Haverá equipas móveis de apoio consular, devidamente identificadas, nos principais locais de concentração de público (estádios, áreas de hotelaria e restauração e áreas des-tinadas à FIFA FanFest).O portal aconselha, ainda, a consulta das informações relativas às precauções a tomar numa viagem para o Brasil, disponíveis em http://www.secomunidades.pt/web/guest/listapaises/BR.

POR MANUEL LEMOS

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45www.revistaport.com

Já conhece a Brazuca?

A nossa seleção!

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A expressão ‘brazuca’ significa ‘brasileiro’ e descreve o modo de vida do país e a paixão e alegria associadas ao futebol no Brasil.

O nome Brazuca venceu com quase 78% dos votos, destronando nomes como Bossa Nova e Carnavalesca.

A bola pode gabar-se de ser a que tem no seu currículo mais provas, tendo já enfrentado pés como os de Messi, Casillas, Schweinstei-ger e Zinedine Zidane.

600 dos melhores jogadores do mundo e 30 equipas de dez países de três continentes testaram a bola antes de ser apresentada.

A Adidas diz que a nova estrela dos relvados passou por um proces-so de testes que demo-rou dois anos e meio.

Os convocados pelo treinador da Selecção Nacional, Paulo Bento:

Guarda-redes: Beto (Sevilha), Eduardo (Sp. Braga) e Rui Patrício (Sporting);

Defesas: André Almeida (Benfica), Bruno Alves (Fenerbahçe), Fábio Coentrão (Real Madrid), João Pereira (Valência), Neto (Zenit), Pepe (Real Madrid), Ricardo Costa (Valência)

Médios: João Moutinho (Mónaco), Miguel Veloso (D. Kiev), Raul Meireles (Fenerba-hçe), Rúben Amorim (Benfica) e William Carvalho (Sporting);

Avançados: Cristiano Ronaldo (Real Madrid), Éder (Sp. Braga), Hélder Postiga (Lazio), Hugo Almeida (Besiktas), Nani (Manchester United), Rafa (SC Braga), Va-rela (FC Porto) e Vieirinha (Wolfsburgo).

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DESPORTO

MUNDIAL 2014CALENDÁRIO DE JOGOS

Obs.: Horário de Brasília. *O estádio de Recife fica na

cidade de São Lourenço da Mata

GRUPO A 12 junho 21h São Paulo

BRASIL x CROÁCIA

13 junho 17h Natal

MÉXICO x CAMARÕES

17 junho 20h Fortaleza

BRASIL x MÉXICO

18 junho 23h Manaus

CAMARÕES x CROÁCIA

23 junho 21h Brasília

CAMARÕES x BRASIL

23 junho 21h Recife

CROÁCIA x MÉXICO

GRUPO B 13 junho 20h Salvador

ESPANHA x HOLANDA

13 junho 23h Cuiabá

CHILE x AUSTRÁLIA

18 junho 20h Rio de Janeiro

ESPANHA x CHILE

18 junho 17h Porto Alegre

AUSTRÁLIA x HOLANDA

23 junho 17h Curitiba

AUSTRÁLIA x ESPANHA

23 junho 17h São Paulo

HOLANDA x CHILE

GRUPO C 14 junho 17h Belo Horizonte

COLÔMBIA x GRÉCIA

15 junho 02h Recife

COSTA MARFIM x JAPÃO

19 junho 17h Brasília

COLÔMBIA x C. MARFIM

19 junho 23h Natal

JAPÃO x GRÉCIA

24 junho 21h Cuiabá

JAPÃO x COLÔMBIA

27 junho 21h Fortaleza

GRÉCIA x C. MARFIM

GRUPO D 14 junho 20h Fortaleza

URUGUAI x COSTA RICA

14 junho 23h Manaus

INGLATERRA x ITÁLIA

19 junho 20h São Paulo

URUGUAI x INGLATERRA

20 junho 17h Recife

ITÁLIA x COSTA RICA

24 junho 17h Natal

ITÁLIA x URUGUAI

24 junho 17h Belo Horizonte

COSTA RICA x INGLATERRA

GRUPO E 15 junho 17h Brasília

SUÍÇA x EQUADOR

15 junho 20h Porto Alegre

FRANÇA x HONDURAS

20 junho 20h Salvador

SUÍÇA x FRANÇA

20 junho 23h Curitiba

HONDURAS x EQUADOR

25 junho 21h Manaus

HONDURAS x SUÍÇA

23 junho 21h Rio de Janeiro

EQUADOR x FRANÇA

GRUPO F 15 junho 23h Rio de Janeiro

ARGENTINA x BÓSNIA

16 junho 20h Curitiba

IRÃO x NIGÉRIA

21 junho 17h Belo Horizonte

ARGENTINA x IRÃO

21 junho 23h Cuiabá

NIGÉRIA x BÓSNIA

25 junho 17h Porto Alegre

NIGÉRIA x ARGENTINA

25 junho 17h Salvador

BÓSNIA x IRÃO

GRUPO G 16 junho 17h Salvador

ALEMANHA x PORTUGAL

16 junho 23h Natal

GANA x E.U.A.

21 junho 20h Fortaleza

ALEMANHA x GANA

22 junho 23h Manaus

E.U.A. x PORTUGAL

26 junho 17h Recife

E.U.A. x ALEMANHA

26 junho 17h Brasília

PORTUGAL x GANA

GRUPO H 17 junho 17h Belo Horizonte

BÉLGICA x ARGÉLIA

17 junho 23h Cuiabá

RÚSSIA x COREIA DO SUL

22 junho 20h Portalegre

COREIA DO SUL x ARGÉLIA

22 junho 17h Rio de Janeiro

BÉLGICA x RÚSSIA

26 junho 21h São Paulo

COREIA DO SUL x BÉLGICA

26 junho 21h Curitiba

ARGÉLIA x RÚSSIA

1

9 11 13 15

3 5 7

2

10 12 14 16

4 6 8

17

25 27 29 32

19 21 23

18

26 28 30 31

20 22 24

33

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35 37 39

34

42 44 46 48

36 38 40

QUARTOS QUARTOSOITAVOS OITAVOSSEMIFINAIS SEMIFINAISFINAL28 junho | 17h

1.º A x 2.º BBelo Horizonte

12 julho | 21h

D61 x D62Brasília

28 junho | 21h

1.º C x 2.º DRio de Janeiro

30 junho | 17h

1.º E x 2.º FBrasília

30 junho | 21h

1.º G x 2.º HPorto Alegre

3.º E 4º

04 julho | 21h

V49 x V50Fortaleza

04 julho | 17h

V53 x V54Rio de Janeiro

13 julho | 20h

V61 x D62Rio de Janeiro

08 julho | 21h

V57 x V58Belo Horizonte

09 julho | 21h

V59 x V60São Paulo

05 julho | 21h

V51 x V52Salvador

05 julho | 17h

V55 x V56Brasília

29 junho | 17h

1.º B x 2.º AFortaleza

29 junho | 21h

1.º D x 2.º CRecife

01 julho | 17h

1.º F x 2.º ESão Paulo

01 julho | 21h

1.º H x 2.º GSalvador

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48 PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES

OPINIÃO

PORTUGAL E O MUNDO

PERFIL

Onésimo Teotónio Almeida

Portugal não é um país pequeno”, gritava al-to na minha menini-ce escolar um mapa faustoso dependura-

do na parede diante de nós. Nele, as províncias ultramarinas ocu-pavam grande parte da Europa e a intenção surtia efeito porque o objetivo era mesmo incutir na pequenada a sensação de perten-ça a algo que ultrapassava larga-mente o diminuto rectângulo na cauda da Europa. Para não falar dos minúsculos pontos que no mapa representavam as ilhas onde me diziam que eu estava. No mapa, parecia até que o mar nos afogava, mas na realidade ele ficava bem longe da minha casa e da escola.

Não sei se é algum duradouro efeito dessa educação, mas a verdade é que Portugal ainda hoje, perdido o que restava das aventuras ultramarinas de Qua-trocentos e Quinhentos, vive obcecado com a sua dimensão e com a sua visibilidade. Põe-se em permanentes bicos de pés, não propriamente para contemplar o mundo, mas para ver se o mundo está a reparar nele.

Deve ser algo humano (ou nacio-nal) que nasce com as nações e se incrusta mais fortemente nas pequenas, porque as grandes, es-sas nem reparam nas demais. É assim com os EUA, com o Brasil, com a China. Sim, têm nações à volta, mas é quase como se não tivessem.

Um país como Portugal acar-

reta um paradoxal problema de imagem. Ninguém dá nada por ele devido à sua pequenez, à sua história longínqua e pouco co-nhecida, e que agora até nem cai bem nas febres pós-coloniais dos tempos de hoje. Nem ajuda nada o enxovalhamento resultante da associação recente aos PIGS e aos países às trelas com a Troika. Daí as comparações perenes com a Grécia - essa ao menos teve um período histórico que, se foi bem mais remoto que o nosso, salva--se por não se ter dado a colonia-lismos. Quer dizer, mesmo com a atual publicidade adversa, a Gré-cia (e até a Itália), soam atraentes, charmosas. Na Ibéria, charmosa é, apesar de tudo, a Espanha, que também fabricou conquistado-res e inquisidores, mas tem gar-bo, aquele hombre! que agarrou Hemingway. Portugal não tem. E no entanto o paradoxo é este: toda a gente que, por acaso, por erro, ou por qualquer razão for-tuita lá vai, fica apanhado.

É assim: visto e sentido de den-tro, o país tem mel que deixa os olhos dos visitantes docemente pegajosos de modo a sairem de lá tocados por aquilo de que há muito os portugueses se querem libertar – a saudade. Lançam-se então a espalhar a boa nova da sua descoberta, a de um belo cantinho à beira-mar plantado. Ou seja, acabam cantando a letra da música que me ensinaram na minha infância escolar.

Um raio de paradoxo jaz no âma-go do meu país!

ONÉSIMO TEOTÓNIO ALMEIDA nasceu em 1946 nos Açores. É doutorado em Filosofia pela Brown University e dá aulas nessa mesma universidade desde 1975, no Centro de Estudos Portugueses e Brasileiros, que ajudou a criar. É autor de vários livros e artigos científicos. Fundou e dirige a edi-tora Gávea-Brown, que edita obras de literatura e cultura portuguesas em inglês e a revista Gávea--Brown – a Bilingual Journal of Portuguese Ame-rican Letters and Studies, que fundou e co-dirige. É co-editor do e-Journal of Portuguese History e da revista Pessoa Plural. É colaborador regular da revista LER, da PNETLiteratura e do Jornal de Letras. É membro da Academia Internacional de Cultura Portuguesa.

(...) A VERDADE É QUE PORTUGAL AINDA HOJE, (...) VIVE OB-CECADO COM A SUA DIMENSÃO E COM A SUA VISIBILIDADE.

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50 PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES

OPINIÃO

A CIÊNCIA FEITA EM PORTUGUÊS JA É

(RE)CONHECIDA HA MAIS DE 500 ANOS!

PERFIL

Elvira Fortunato

Aciência feita em portug uês tem um reconheci-mento com mais d e 5 0 0 a n o s ,

estampados na criatividade e inovação que demonstramos na cartografia e na criação de uma industria naval disrupti-va e não seria agora em pleno século XXI que os portugueses de agora deveriam ser diferen-tes. É assim que penso e é desta forma que vejo a ciência feita com muito talento e transpira-ção em Portugal e por muitos investigadores Portugueses es-palhados por esse mundo fora, pois a ciência não tem frontei-ras, é global e hoje, mais do que nunca.

Sem falsas modéstias podemos dizer que Portugal, muito em-bora ainda esteja a criar raízes (o 25 de Abril tem só 40 anos) e a consolidar algumas áreas científicas, tem áreas que são bandeira a nível internacional e essas deveriam ser acarinhadas e incentivadas.

Seria “cientificamente incor-reto” dizermos que somos ou pretendemos ser excelentes em todas as áreas científicas, não só por falta de massa critica, mas também ninguém no mun-do o é, de forma global. Temos é de saber identificar os nossos pontos fortes e canalizar si-nergias de forma a tornar essas áreas competitivas em termos

internacionais, para sermos cada vez mais competitivos no mercado global onde o conheci-mento é base de todo o sucesso.

Não podemos, e em especial face aos tempos em que vive-mos, desperdiçar recursos. Os tempos de crise muito embora afectem muitas pessoas e neste caso em particular a investiga-ção que é feita em português, não podem afectar o sonho que temos em fazer um mundo ca-da vez melhor e, invocando o Presidente John F. Kennedy dos Estados Unidos da América: “... não perguntem o que o país po-de fazer por vocês - mas o que vocês podem fazer pelo país“. É isto que TODOS temos como tarefa pois nós não herdámos a terra dos nossos antepassados, pedimo-la emprestada aos nos-sos filhos...

Não podia terminar este pe-queno testemunho sem recor-dar um dos mais bonitos poe-mas de Fernando Pessoa e que no fundo verbaliza esta forma de estar:

Põe quanto És no Mínimo que Fazes

Para ser grande, sê inteiro: nadaTeu exagera ou exclui.Sê todo em cada coisa. Põe quanto ésNo mínimo que fazes.Assim em cada lago a lua todaBrilha, porque alta vive.

Ricardo Reis, 14-2-1933

ELVIRA FORTUNATO (Almada, 1964) dirige o Centro de Investigação de Materiais da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (Cenimat) que produziu, pela primeira vez, em todo o mundo, transístores de papel, uma descoberta com aplicações tão variadas como écrans de papel, chips de identificação ou aplica-ções médicas. Esta invenção valeu-lhe, em 2008, o maior reconhecimento de sempre dado a um investigador português: o primeiro prémio na área da Engenharia do European Research Council - os prémios Nobel da ciência europeia - traduzido monetariamente em 2,5 milhões de euros. A distin-ção incluiu Elvira Fortunato no Top 5 mundial dos investigadores em electrónica transparente.

PORTUGAL (...) TEM ÁREAS QUE SÃO BANDEIRA A NÍVEL INTERNACIONAL E ESSASDEVERIAM SER ACARINHADAS E INCENTIVADAS.

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