Portal Mackenzietede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2893/6... · AGRADECIMENTOS Muitos foram os...
Transcript of Portal Mackenzietede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2893/6... · AGRADECIMENTOS Muitos foram os...
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
ROBERTA BETANIA FERREIRA SQUAIELLA
O DESENVOLVIMENTO DO ENSINO SUPERIOR A DISTÂNCIA NO BRASIL –DIRETRIZES PARA O PROJETO DOS EDIFÍCIOS E REDES ESPACIAIS
São Paulo
2016
ROBERTA BETANIA FERREIRA SQUAIELLA
O DESENVOLVIMENTO DO ENSINO SUPERIOR A DISTÂNCIA NO BRASIL –DIRETRIZES PARA O PROJETO DOS EDIFÍCIOS E REDES ESPACIAIS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito para obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.
ORIENTADOR: Prof. Dr. Roberto Righi
Com apoio: CAPES e MackPesquisa
SÃO PAULO
2016
S773d Squaiella, Roberta Betania Ferreira.
O desenvolvimento do ensino superior a distância no Brasil – diretrizes para o projeto dos edifícios e redes espaciais. / Roberta Betania Ferreira Squaiella - 2016.
239 f. : il. ; 30 cm
Dissertação (mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2015.
Bibliografia: f. 220 – 231.
1. Ensino a distância. 2. Instituições. 3. Ensino superior. 4. Arquitetura. I. Título.
CDD 727
ROBERTA BETANIA FERREIRA SQUAIELLA
O DESENVOLVIMENTO DO ENSINO SUPERIOR A DISTÂNCIA NO BRASIL –DIRETRIZES PARA O PROJETO DOS EDIFÍCIOS E REDES ESPACIAIS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito para obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.
Aprovada em 16/02/2016
BANCA EXAMINADORA
AGRADECIMENTOS
Muitos foram os que contribuíram, de maneira direta ou indireta, para a realização
deste trabalho. A todos manifesto aqui a minha grande gratidão. Gostaria de
expressar minha gratidão em especial:
Ao meu orientador, o Professor Doutor Roberto Righi, que desde o princípio
incentivou a minha pesquisa, conduziu minhas leituras e produções acadêmicas com
muita dedicação. A este excelente profissional, de grande conhecimento, deixo aqui
registrada a minha grande admiração e agradecimento.
À Gilda Collet Bruna e ao Carlos Eduardo Zahn, pela participação e importantes
contribuições nas bancas de examinação.
A todos os profissionais entrevistados, pela atenção disponibilizada e pelas
informações valiosas para este trabalho.
À Eleana Patta Flain, sempre disposta a me ouvir e dar as dicas sobre a vida
acadêmica, uma grande amiga, que me permitiu estar junto na nova experiência de
sua disciplina, com as ferramentas virtuais.
À Maria Victoria Marchelli pelo companheirismo, discussões e produções conjuntas
neste período de estudos. Acima de tudo tornou-se uma grande amiga, que fez esta
jornada ser ainda mais valiosa.
À CAPES e ao Mack Pesquisa pelo incentivo financeiro, fundamental para a
realização deste trabalho.
À minha avó Iris, sempre carinhosa, e ao meu avô Fernando (in memoriam), que
são um grande exemplo de vida. Ao meu pai Roberto e à minha mãe Ivene,
maravilhosos, que me incentivaram e deram apoio para o estudo, além do auxílio
fundamental com os meus filhos nesta jornada. À Edna, uma grande mulher, vovó
que também contribuiu nos cuidados com os netos nos meus períodos de estudos.
Ao meu marido Igor, sempre paciente, carinhoso, um pai zeloso e meu ponto de
equilíbrio, que me dá forças para conquistar meus objetivos. À minha filha Maria Eduarda e ao meu filho Rafael, minhas riquezas, por quem busco fazer sempre o
melhor.
RESUMO O objetivo da presente dissertação é identificar as potencialidades e as
necessidades das redes institucionais de ensino superior a distância no Brasil, sua
sede e os polos de apoio presencial, concentrando-se nos aspectos de infraestrutura
física e de suportes tecnológicos necessários para o apoio e o desenvolvimento de
cursos. Para tal, parte-se do estudo sobre o desenvolvimento recente do ensino
superior brasileiro a distância e, diante da sua enorme expansão nos últimos dez
anos, destacam-se fatores que contribuem para o seu crescimento em exponencial:
1) As mudanças ocasionadas pelas tecnologias da informação e comunicação (TIC);
2) As transformações no ensino superior brasileiro; e 3) As novas legislações, que
buscam um padrão de qualidade. Na era da cibercultura há uma nova forma de
relações e de interações universais, que provocam perturbações na relação com o
saber e motivam as reformas educacionais. Dentre essas reformas, destaca-se a
maior integração do uso das tecnologias no ambiente de aprendizado, o que altera
as concepções pedagógicas e reflete na necessidade de novas configurações no
espaço de aprendizagem. Diante das tendências e perspectivas de uso das
tecnologias da informação e comunicação no ensino superior brasileiro e as
diretrizes das leis vigentes observam-se as reais exigências da demanda
educacional.
Palavras-Chave: Ensino a distância. Instituições. Ensino superior. Arquitetura.
ABSTRACT
The aim of this dissertation is to identify the potencial and the needs of
institutional networks of higher distance education in Brazil, it is headquarters and the
poles of classroom support, focusing on physical infrastructure and technological
support aspects needed for the support and development of courses. To this end, it
is part of the study of the recent development of Brazilian higher distance education
and, in front of their enormous expansion in the past ten years. Factors that
contribute to their growth exponentially are highlited: 1) The changes occasioned by
the information and communication technologies (ICT); 2) Transformations in higher
education; and 3) New legislation, seeking quality standard. In the age of
cyberculture, there is a new form of relationships and interactions, which causes
disturbances in the relation with knowledge and encourage educational renovations.
Among these renovations, the greater integration of the use of technology in the
learning environment stands out, which changes the pedagogical assumptions and
reflects the need for new settings in the learning space. On the trends and prospects
of the use of information and communication technologies in Brazilian higher
education and the guidelines of applicable laws, the actual requirements of
educational demand are noted.
Keyword: Distance education. Institutions. Higher education. Architecture.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – A Gazeta de Boston no século XVIII. ........................................................ 28
Figura 2 – Reprodução da propaganda de Caleb Philipps no jornal "The Boston
Gazette" ..................................................................................................... 29
Figura 3 – Shool of the air, Austrália .......................................................................... 30
Figura 4 – Fred Simmons Keller ................................................................................. 31
Figura 5 – Código Morse ............................................................................................ 31
Figura 6 – Transmissão de curso da Open University ............................................... 33
Figura 7 – Correspondência do Instituto Monitor ....................................................... 38
Figura 8 – Anúncio do Instituto Universal Brasileiro ................................................... 38
Figura 9 – Edgard Roquette-Pinto .............................................................................. 40
Figura 10 – Jornal do Telecurso 1˚ Grau ................................................................... 43
Figura 11 – Telessala para a transmissão do Telecurso ........................................... 44
Figura 12 – Estudantes assistem uma aula virtual em no polo de apoio em
Ribeirão Preto ......................................................................................... 47
Figura 13 – Instrumentos de avaliação para a oferta de educação superior a
distância .................................................................................................. 84
Figura 14 – Sala de aula em 1934 e em 2011. ........................................................ 108
Figura 15 – Auditorium - espaço de aprendizagem ................................................. 114
Figura 16 – Carteiras dispostas em fileiras .............................................................. 118
Figura 17 – Mesas agrupadas .................................................................................. 119
Figura 18 – Disposição em círculo ........................................................................... 119
Figura 19 – Sala de aula contemporânea ................................................................ 120
Figura 20 – Sala de aula colaborativa na Uniamérica .............................................. 122
Figura 21 – Sala de aula interativa na Universidade Metodista ............................... 123
Figura 22 – Sala de aula inteligente ......................................................................... 124
Figura 23 – Fluxo de produção do material didático ................................................ 127
Figura 24 – Linha de produção do material didático ................................................ 128
Figura 25 – Equipe DIPMAD: Produção de Material Didático .................................. 129
Figura 26 – Projeto TEAL no MIT ............................................................................. 135
Figura 27 – Sala para estudo em grupo na biblioteca da Santa Clara University .... 136
Figura 28 – Espaço de uso livre na biblioteca da Santa Clara University ................ 136
Figura 29 – Espaços de leitura e estudos na biblioteca da Santa Clara University . 137
Figura 30 – Fachada do polo de Itapecerica da Serra ............................................. 169
Figura 31 – Identificação do polo UAB ..................................................................... 169
Figura 32 – Laboratório de informática .................................................................... 170
Figura 33 – Salas de aula do polo de apoio ............................................................. 171
Figura 34 – Sala para videoconferência ................................................................... 171
Figura 35 – Fachada e identificação do polo ........................................................... 173
Figura 36 – Recepção e secretaria .......................................................................... 174
Figura 37 – Acesso ao auditório ............................................................................... 175
Figura 38 – Auditório ................................................................................................ 175
Figura 39 – Laboratório de Informática .................................................................... 176
Figura 40 – Sala de aula 02 ..................................................................................... 176
Figura 41 – Sala de tutores ...................................................................................... 177
Figura 42 – Sala da Coordenação ........................................................................... 177
Figura 43 – Sala de reuniões ................................................................................... 178
Figura 44 – Banheiro adaptado aos portadores de necessidades especiais ........... 183
Figura 45 – Sala de equipamentos TIC .................................................................... 183
Figura 46 – Departamento financeiro ....................................................................... 184
Figura 47 – Identificação dos ambientes para as atividades de EAD. ..................... 185
Figura 48 – Sala de aula .......................................................................................... 186
Figura 49 – Lousa interativa ..................................................................................... 186
Figura 50 – Laboratório de Informática .................................................................... 187
Figura 51 – Computadores enfileirados no laboratório de informática ..................... 187
Figura 52 – Biblioteca ............................................................................................... 188
Figura 53 – Acervo físico ..................................................................................... 188
Figura 54 – Estações de consulta ao acervo virtual ................................................. 188
Figura 55 – Sala de estudos .................................................................................... 189
Figura 56 – Sala dos professores ............................................................................ 190
Figura 57 – Sala do tutor .......................................................................................... 190
Figura 58 – Quadra poliesportiva ............................................................................. 191
Figura 59 – Salão multiuso ....................................................................................... 191
Figura 60 – Fundo do salão multiuso ....................................................................... 191
Figura 61 – Sala de aula da ETEC Santa Ifigênia, sem e com televisão. ................ 193
Figura 62 – Auditórios para 350 pessoas. ................................................................ 193
Figura 63 – Auditório para 100 pessoas .................................................................. 193
Figura 64 – Sala para encontro presencial, centro de capacitação de professores 194
Figura 65 – Janela da sala de aula .......................................................................... 194
Figura 66 – Sala de aula .......................................................................................... 196
Figura 67 – Área de convivência coberta ................................................................. 196
Figura 68 – Área de convivência aberta ................................................................... 196
Figura 69 – Auditório ................................................................................................ 197
Figura 70 – Cantina .................................................................................................. 197
Figura 71 – Laboratório de informática (fundo e frente da sala, respectivamente) .. 197
Figura 72 – Biblioteca ............................................................................................... 198
Figura 73 – Biblioteca ............................................................................................... 198
Figura 74 – Biblioteca ............................................................................................... 198
Figura 75 – Sala dos professores ............................................................................ 199
Figura 76 – Sala de conferência no Novotel. ........................................................... 201
Figura 77 – Encontros presenciais: provas, aula expositiva e estudo de caso ........ 202
Figura 78 – Videoconferência .................................................................................. 203
Figura 79 – Sala de convenções do Novotel ............................................................ 204
Figura 80 – Palestra conferida pela AIEC ................................................................ 204
LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Região Metropolitana de São Paulo: Total de viagens diárias por
motivo, 1997 e 2007. ............................................................................... 74
Gráfico 2 – Pessoas que frequentavam escola ou creche fora do município de
residência em relação ao total de pessoas que frequentavam escola
ou creche, segundo os cursos que frequentavam – Brasil, 2010. .......... 75
Gráfico 3 – Evolução de matrículas da educação superior de graduação, por
categoria administrativa – Brasil, 2004 –2014. ....................................... 79
Gráfico 4 – Evolução das matrículas de educação superior de graduação, por
modalidade de ensino – Brasil, 2004-2014 ............................................. 80
Gráfico 5 – Evolução das matrículas de educação superior de graduação a distância,
por categoria administrativa – Brasil, 2004-2014 .................................... 81
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Número de instituições de educação superior e número de
matrículas de gradução, por organização acadêmica, Brasil – 2013 ........ 79
Tabela 2 – Tabela de pesos para credenciamento e recredenciamento de
instituição de ensino superior .................................................................. 147
Tabela 3 – Peso dos indicadores: credenciamento de um polo de apoio ................ 152
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Tendências para o ensino superior ........................................................ 89
Quadro 2 – Tecnologias educacionais para o ensino superior ................................. 90
Quadro 3 – Desafios para o ensino superior ........................................................... 103
Quadro 4 – Relação de equipamentos para o polo de apoio .................................. 150
Quadro 5 – Mobiliários e equipamentos mínimos de um polo UAB ........................ 167
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABED Associação Brasileira de Ensino a Distância
AIEC Associação Internacional de Educação Continuada
AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem
CGIP Coordenação Geral de Infraestrutura de Polos e Núcleos
CNE Conselho Nacional da Educação
CPA Comissão Própria de Avaliação
DED Diretoria de Educação a Distância
EAD Educação a Distância
ECT Empresa de Correios e Telégrafos
ETECs Escolas Técnicas Estaduais
FATECs Faculdades de Tecnologia
FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
GEGRADI Grupo de Estudos do Ensino-Aprendizagem em Gráfica Digital
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IES Instituição de Ensino Superior
IGC Índice Geral de Cursos Avaliados da Instituição
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
LEED do inglês, Leadership in Energy & Environmental Design)
LSRS do inglês, Learning Space Rating System
MEC Ministério da Educação
MIT Massachusetts Institute of Technology
MOOC do inglês, Massive Open Online Course
NMC New Media Consorsium
NTIC Novas tecnologias da informação e comunicação
OCW do inglês, Open Course Ware
ONU Organização das Nações Unidas
OU Open University
PDI Plano de Desenvolvimento Institucional
PUC Pontifícia Universidade Católica
RA Realidade aumentada
REA Recursos Educacionais Abertos
RMSP Região Metropolitana de São Paulo
RV Realidade virtual
SEED Secretaria de Educação a Distância
SEMESP Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino do Estado de
São Paulo
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SINAES Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior
SUNY The State University oh New York
TD Transcrição didática
TEAL Technology Enabled Active Learning
TIC Tecnologia da informação e comunicação
UAB Universidade Aberta do Brasil
UNB Universidade de Brasília
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura
UPIS União Pioneira de Integração Social
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 16
1 O ENSINO SUPERIOR A DISTÂNCIA .......................................................................................... 24
1.1 O QUE É EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA .......................................................................................... 24
1.2 A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO MUNDO .................................................................................... 26
1.2.1 O ensino por correspondência ......................................................................................... 28
1.2.2 Rádio, Televisão e Telefone .............................................................................................. 30
1.2.3 Internet ............................................................................................................................ 35
1.3 A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL ....................................................................................... 36
1.3.1 Ensino por correspondência ............................................................................................. 37
1.3.2 Rádio ................................................................................................................................ 40
1.3.3 Televisão .......................................................................................................................... 42
1.3.4 Internet ............................................................................................................................ 45
1.4 TRANSFORMAÇÕES RECENTES NO ENSINO SUPERIOR .............................................................. 47
1.5 AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO ENSINO SUPERIOR E SUA REPERCURSÃO
NO BRASIL ........................................................................................................................................ 53
1.5.1 Ensino híbrido, ensino on-‐line e semipresencial ............................................................... 56
1.5.2 Vantagens do esino a distância ....................................................................................... 60
1.6 EDUCAÇÃO E CIBERESPAÇO ........................................................................................................... 62
1.6.1 Cibercultura e fluidez ....................................................................................................... 63
1.6.2 Nova Economia ................................................................................................................ 66
1.6.3 Cibercultura e o lugar ...................................................................................................... 70
1.6.4 Educação e Mobilidade .................................................................................................... 72
2 DESENVOLVIMENTO E PERSPECTIVAS DO ENSINO SUPERIOR A DISTÂNCIA NO BRASIL ........... 78
2.1 EXPANSÃO DO ENSINO A DISTÂNCIA NO BRASIL .................................................................... 78
2.2 BASES LEGAIS DO ENSINO A DISTÂNCIA .................................................................................. 83
2.3 LIMITES DA ATUAL REGULAMENTAÇÃO NO EXERCÍCIO DO ENSINO A DISTÂNCIA NO BRASIL 85
2.4 PERSPECTIVAS FUTURAS DO ENSINO SUPERIOR ..................................................................... 87
2.5 NOVO PARADIGMA E AS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS PARA O ENSINO A DISTÂNCIA ............ 93
2.6 DESAFIOS PARA O ENSINO SUPERIOR ............................................................................................. 102
3 AS TRANSFORMAÇÕES NA ARQUITETURA DO ESPAÇO ESCOLAR ........................................... 108
3.1 TEORIAS DE APRENDIZAGEM ....................................................................................................... 110
3.2 USO DE ARTEFATOS EDUCATIVOS ................................................................................................. 113
3.3 OS ESPAÇOS DE APRENDIZAGEM .................................................................................................. 116
3.4 ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO PARA O APRENDIZADO COLABORATIVO ..................................................... 120
3.4.1 Escola Inteligente ........................................................................................................... 123
3.4.2 Ciberarquitetura do espaço escolar ............................................................................... 125
3.4.3 Produção do material didático para EAD ...................................................................... 126
3.5 EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS SOBRE ESPAÇOS EDUCATIVOS ................................................... 130
3.5.1 FLEXspace ...................................................................................................................... 132
3.5.2 Learning Space Rating System -‐ LSRS (Sistema de classificação de espaço de
aprendizagem) ........................................................................................................................... 133
3.5.3 Evolução dos espaços de aprendizagem ........................................................................ 134
3.6 INFRAESTRUTURA FÍSICA, TECNOLÓGICA E SUPORTES PARA AS INSTITUIÇÕES DE EAD ....... 137
3.6.1 Tecnologias de redes utilizadas na educação a distância .............................................. 138
3.6.2 Credenciamento de um polo de apoio presencial .......................................................... 144
3.7 PROGRAMA ARQUITETÔNICO DE UM POLO DE APOIO PRESENCIAL .................................... 153
4 ESTUDOS DE CASOS .............................................................................................................. 165
4.1 POLOS DE APOIO DO SISTEMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL (UAB) ............................ 165
4.1.1 Polo de Itapecerica da Serra .......................................................................................... 168
4.1.2 Polo de Diadema ............................................................................................................ 173
4.2 UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE ........................................................................ 179
4.2.1 Polo de apoio presencial no Brás – Colégio Presbiteriano ............................................. 181
4.3 CENTRO PAULA SOUZA .............................................................................................................. 192
4.3.1 Polo de apoio do Centro Paula Souza – ETEC Guaracy Silveira ...................................... 195
4.4 AIEC (ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO CONTINUADA) ................................................... 200
4.5 UNIVERSIDADE ANHANGUERA ............................................................................................. 205
4.6 UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI ................................................................................... 207
4.7 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO (PUC-‐RIO) ................................................ 209
4.8 PORTAL EDUCAÇÃO .............................................................................................................. 210
4.9 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................................. 212
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................. 218
REFERÊNCIAS .............................................................................................................................. 223
GLOSSÁRIO ................................................................................................................................. 235
16
INTRODUÇÃO
O objeto de estudo da presente dissertação é a infraestrutura física e o
suporte tecnológico necessários para o projeto arquitetônico e de redes, nas
edificações das instituições que implementam o ensino superior a distância no Brasil,
no início do século XXI, e que atendam aos requisitos de qualidade.
A educação a distância, que é uma metodologia de ensino existente
institucionalmente desde o século XIX, apresentou nos últimos quarenta anos um
grande crescimento, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil a
expansão para o ensino superior só ocorreu nos últimos dez anos, após o decreto
5.622 (BRASIL, 2005), que equiparou o ensino a distância ao presencial.
De acordo com Lobo Neto (1998), o primeiro registro da educação a distância
(EAD) foi em 1728, quando o jornal A Gazeta de Boston anunciou um curso de
taquigrafia por correspondência. Inicialmente a EAD estava vinculada a iniciativa de
alguns professores, que divulgavam os seus cursos livres em jornais, e só foi
institucionalizada após a década de 1850 na Europa e nos Estados Unidos, com o
oferecimento de cursos de idiomas e, posteriormente, a criação de departamentos
específicos dentro das universidades.
No século XX novas metodologias e técnicas foram incorporadas ao ensino, o
que possibilitou o desenvolvimento de cursos mais complexos e variados. Houve
também um movimento de consolidação e expansão da educação a distância para
outros países. Embora mantendo a utilização de materiais escritos como apoio
didático, a EAD passou a incorporar os novos processos e produtos que o
desenvolvimento científico e tecnológico colocava a serviço da comunicação e da
informação, como o rádio e a televisão.
No Brasil, o ensino a distância teve seu início oficial apenas em 1922, com a
Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, que utilizava o sistema de radiodifusão como
forma de ampliar o acesso à educação (LOBO NETO, 1998). Outros recursos
tecnológicos foram adotados e vários programas foram difundidos, porém grande
parte deles foram experiências populares e básicas, que infelizmente não tiveram
sucesso ou continuidade.
Com relação ao ensino superior brasileiro, segundo Alves (2011), o marco
inicial foi a criação da Universidade de Brasília, em 1979, que veiculava os cursos
em jornais e revistas. Porém, considerando os seus aspectos históricos e o quadro
17
normativo, a educação a distância foi introduzida no sistema educacional brasileiro a
partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB (Lei nº 9.394, de 20/12/1996),
como atendimento às soluções complementares e emergenciais para suprir a
deficiência na formação de professores, além de jovens e adultos insuficientemente
escolarizados. O grande salto da EAD para o ensino superior ocorreu com a sua
regulamentação pelo Decreto 5.622, de 19/12/2005 (BRASIL, 2005), quando esta
modalidade de ensino foi equiparada ao ensino presencial, da educação básica até
o nível superior.
Recentemente, foram definidas novas legislações que buscam o
estabelecimento de normas para garantir a qualidade do ensino a distância, bem
como definir, dentre outras questões, as necessidades de infraestrutura física e de
suporte tecnológico, que são o foco desta pesquisa. Observa-se que apesar da
existência de uma legislação, ainda em processo de aperfeiçoamento e de
consolidação, há muitas diretrizes que buscam a implantação e a manutenção do
ensino a distância, porém a educação brasileira, como um todo, vivencia um
processo de transformação que gera a necessidade de atualizações, novas
definições e correções, além do que as leis já definiram. Dentro desse quadro,
questiona-se se as exigências das legislações existentes são suficientes para criar
uma estrutura decente e adequada para que o ensino a distância seja capaz de
substituir o ensino presencial, em que o aluno possa desenvolver suas capacidades
cognitivas, sociais, emocionais profissionais e éticas, constituindo-se, assim, em
uma importante ferramenta para a construção do conhecimento na sociedade
contemporânea.
De modo geral, observa-se que a integração da tecnologia na vida cotidiana
faz com que os líderes educacionais repensem a maneira de aprendizado, com a
incorporação inevitável das tecnologias da informação e comunicação no ensino
superior brasileiro. O desenvolvimento e a adoção de equipamentos cada vez mais
acessíveis e conectados, além das ferramentas da Internet, devem possibilitar novas
formas de uso dos ambientes educacionais, como nos modelos de ensino híbrido ou
de sala de aula invertida, em que novos recursos são adotados como táticas para
um aprendizado mais ativo e criativo. Muitas barreiras devem ser superadas para
alcançar o sucesso desta transformação, sendo necessária a evolução de políticas
públicas que contribuam para a expansão do ensino e das tecnologias.
Na era da cibercultura, com a grande utilização dos recursos da informática,
18
aumenta-se a quantidade de informações que podem ser acessadas por todos. O
impacto disso na educação resulta no aumento da velocidade de surgimento e de
renovação dos saberes, fazendo com que a maioria das competências adquiridas
por uma pessoa no início de sua vida profissional fiquem obsoletas no final da
carreira. Na nova natureza do trabalho, a transação de conhecimentos não para de
crescer, isto significa que é necessário aprender, transmitir saberes e produzir
conhecimentos ao longo de toda a carreira profissional. Para tal, as ferramentas e os
dispositivos da EAD devem ser incorporados no cotidiano e o novo estilo de
aprendizagem, favorecendo, ao mesmo tempo, a personalização e a aprendizagem
coletiva em rede. Para o ambiente educacional, busca-se compreender as
necessidades de novas configurações do espaço, que devem ser mais flexíveis e
com infraestrutura adequada ao uso dos equipamentos tecnológicos.
Atualmente, há um grande número de instituições que se lançam no
oferecimento de cursos a distância, a fim de atender a um mercado educacional
crescente. Por meio das mídias, comparecem uma considerável quantidade de
cursos e de espaços de apoio destinados aos alunos – polos de apoio presencial –,
que se espalham pelas mais diversas regiões do país, apontando para a facilidade
de acesso ao ensino. Além disso, o crescimento destes espaços de apoio aos
alunos indica a necessidade de planejamento das redes espaciais das instituições
de ensino, considerando-se os aspectos de infraestrutura física e os suportes
tecnológicos necessários para o apoio e o desenvolvimento dos cursos.
De acordo com os dados do Censo da Educação Superior 2015 (MEC/INEP,
2015), em 2004 haviam 59.611 alunos matriculados em cursos a distância, e em
2014, 1.341.842 alunos matriculados, o que representa um grande crescimento de
2.250% em dez anos. Há vários fatores, a serem analisados nesta dissertação, que
evidenciam esse crescimento em exponencial, como: as transformações no ensino
superior brasileiro, a inserção das tecnologias da informação e comunicação (TIC)
no processo de ensino-aprendizagem, a relação entre as mudanças econômicas e a
necessidade de educação contínua e, a credibilidade deste sistema de ensino.
Somado a estes fatores, há também as mudanças das propostas pedagógicas para
os cursos de EAD, que consideram uma maior autonomia do aluno e a sua
participação mais efetiva no processo de aprendizagem. Acrescentam-se a estas
razões inerentes à EAD aqueles referentes ao ensino presencial atual, que
constituem fatores que explicam a crescente competitividade da modalidade a
19
distância. O ensino presencial passa recentemente por uma crise, que se expressa
por sua estagnação no Brasil, decorrente do alto custo de operação, da redução do
FIES, da falta de interesse da geração de nativos digitais ao paradigma e de outros
fatores que reduzem a sua primazia, levando a soluções híbridas, com a crescente
participação da EAD.
Ressalta-se que o envolvimento com o tema se deve pela formação pessoal
da autora que realizou duas pós-graduações na metodologia a distância, sendo uma
específica sobre a EAD e outra sobre a formação pedagógica para docentes, que
também aborda sobre o uso desta metodologia e, principalmente, sobre as
concepções pedagógicas atuais. Os cursos realizados foram: 1) Planejamento,
Implementação e Gestão de Educação a Distância (PIGEAD), pela Universidade
Federal Fluminense (UFF); e, 2) Formação Pedagógica de Docentes para a
Educação Profissional de Nível Médio pelo Centro Paula Souza.
Diante desse quadro, surgem as seguintes indagações: Como devem ser as
instituições de EAD para atender o aluno do século XXI? O que difere uma
instituição de ensino presencial de uma instituição de ensino a distância,
considerando a infraestrutura física e o suporte tecnológico necessário? Quais são
as diretrizes estabelecidas pelas legislações vigentes para a instituição de ensino a
distância? Tais legislações atendem as reais necessidades do ensino a distância ou
são uma transposição do ensino presencial?
Com a enorme expansão do ensino a distância no Brasil, concentrada na
última década, julga-se necessário identificar as necessidades das instituições de
ensino superior a distância para que estas possam promover um ensino com
qualidade, dentro de uma infraestrutura física e com os suportes tecnológicos
adequados, considerando-se o aluno contemporâneo.
Objetivos
O objetivo geral da presente pesquisa é identificar as diretrizes e as
orientações viáveis para o projeto arquitetônico dos edifícios e das redes de apoio
ao desenvolvimento dos cursos nas instituições de ensino superior a distância no
Brasil, no início do século XXI, concentrando-se nos aspectos de infraestrutura física
e de suportes tecnológicos necessários. Para isso, apoia-se nos seguintes objetivos
específicos: 1. Entender o conceito de educação a distância; 2. Avaliar o estado da
20
arte atual do ensino a distância no Brasil; 3. Compreender o reflexo da cibercultura
no ensino superior; 4. Analisar o uso das tecnologias da informação e comunicação
(TIC) na educação a distância; 5. Identificar os parâmetros de projeto arquitetônico
para os edifícios destinados ao ensino a distância, quanto as necessidades de
infraestrutura física e de suporte tecnológico.
Metodologia da pesquisa
O método de pesquisa adotado no presente estudo, consiste nos processos
de levantamento de fontes documentais, estudos de casos e análise crítica. O
levantamento é realizado com a revisão da literatura, considerando-se
principalmente livros, artigos, dissertações e teses que possibilitaram a
fundamentação dos seguintes temas, no século XXI: o estado da arte atual da
educação a distância, a relação das tecnologias da informação e comunicação no
ensino superior, as tendências, os desafios e as perspectivas para o ensino a
distância. Na sequência, são levantados os elementos definidos nas legislações e
documentos vigentes, que se relacionam a qualidade do ensino superior a distância,
destacando-se a infraestrutura física e os equipamentos necessários. Também são
avaliados os censos do ensino superior brasileiro, a fim de evidenciar o crescimento
em exponencial do número de alunos matriculados no ensino a distância. Em
síntese, um levantamento quali-quantitativo sobre o tema da dissertação.
Como estudos de casos são selecionadas oito instituições de ensino superior
a distância, entre públicas e privadas, a fim de analisar a infraestrutura física e o
suporte tecnológico adotado. Relaciona-se tal infraestrutura com a legislação vigente
e com as necessidades das instituições na prática de suas atividades.
Finalmente, diante da análise das etapas anteriores, são identificados os
parâmetros de projeto arquitetônico para edifícios destinados ao ensino a distância
no Brasil, a fim de oferecer uma proposta de infraestrutura física e uma relação dos
equipamentos necessários que visem um atendimento ao público estudantil com
qualidade.
Estrutura da Dissertação Os quatro capítulos, que compõem a dissertação, estão estruturados da
21
seguinte maneira: O Capítulo 1 destina-se a revisão da literatura sobre o ensino a
distância, a fim de apresentar um levantamento sobre os antecedentes do tema
proposto. Para isso, busca-se compreender a breve evolução histórica da EAD no
Brasil e no mundo, bem como avaliar o fenômeno das tecnologias da informação e
comunicação que geram mudanças culturais, econômicas e sociais e,
consequentemente, interferem no processo de ensino-aprendizagem. Aborda-se o
impacto da cibercultura para a utilização do lugar, considerando-se as questões da
economia, do trabalho, da educação e das cidades. Os principais autores estudados
são: Camila Rodrigues (2012), Carlos Alberto Dantas (1998), Carmem Maia e João
Mattar (2007), David Harvey (2012), IBGE (2012), José Manuel Moran (2005), Kátia
Freitas (2005), Lauro O. Lima (1987), Lucineia Alves (2007), Maria D. J. Peña
(2004), Maria Luiza Belloni (2012), Marshall McLuhan (1974), METRÔ (2007),
METRÔ (2012), Philipe Perrenaud (2000), Pierre Lévy (1999) e Zygmund Bauman
(2000).
No Capítulo 2, com o apoio dos dados do censo da educação superior de
2013 (MEC/INEP), avalia-se o desenvolvimento da EAD, sob os aspectos do
crescimento no número de matrículas nos últimos 10 anos e a participação dos
investidores públicos e privados. Faz-se um levantamento das legislações para EAD
em que se destacam as transformações e diretrizes legais que determinam os
parâmetros de qualidade para as instituições de ensino superior a distância. Por
meio de estudos sobre as tendências tecnológicas apontam-se as perspectivas de
novas configurações para o ensino superior a distância no Brasil, comparando-se ao
cenário global. Os principais autores estudados são: Censo da Educação Superior –
MEC/INEP (2013), Helena Sampaio (2011), João Roberto M. Alves (2007), Johnson
et. al (2014 e 2015), Freeman et. al (2015), Luciano Sathler (2015), Paulo Speller et
al. (2012), Stavros Panagiotis Xanthopoylos (2012) e Vani Kenski (2012). Também
constam as leis, decretos e portarias normativas referentes ao ensino a distância no
Brasil.
No Capítulo 3 descreve-se, brevemente, a evolução dos espaços de
aprendizagem presencial, a interferência de novas propostas pedagógicas e o uso
das novas tecnologias no ensino a distância. Destaca-se a organização da sala de
aula, tendo como base os pressupostos da EAD, com um aprendizado mais
colaborativo. Evidencia-se a infraestrutura física, tecnológica e os suportes
necessários para as instituições de EAD, conforme as diretrizes legais. Os principais
22
autores estudados são: Ana Paula P. Correia (2005), Artemilson Alves De Lima e
Simone Costa Andrade Dos Santos (2012), Cassiano Z. C. Neto (2006), Frago e
Escolano (2001), Frederic Litto (2001), Maria L. I. Forneiro (2008), Marcus Bencostta
(2005), Mark S. Valenti (2015), Mauro C. Pequeno e Henrique Sérgio Pequeno
(2012) e, Teixeira e Reis (2012).
No Capítulo 4, com base no que foi abordado nos capítulos anteriores, são
realizados estudos de casos para compreender as seguintes questões: qual é a
relação entre as diretrizes legais e as reais necessidades das instituições? O que
difere a instituições de ensino presencial e a distância? Como são concebidos os
espaços para as diferentes trocas de relações no processo de ensino-aprendizagem
em EAD? Quais são as potencialidades do objeto estudado, que podem ser
considerados como um bom exemplo prático?
Por fim, nas Discussões dos Resultados, após revisão bibliográfica e análise
dos estudos de casos, são apresentadas as principais ideias sobre o tema,
sintetizando os avanços da teoria e das realizações práticas da EAD e suas
implicações para o projeto arquitetônico e das redes de edificações voltadas ao
ensino superior a distância.
24
1 O ENSINO SUPERIOR A DISTÂNCIA
1.1 O QUE É EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
No Decreto n.º 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, o conceito de educação a
distância foi definido, como:
Art. 1º – Educação a distância é uma forma de ensino que possibilita a autoaprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação (BRASIL, 1998, p. 1).
Com o avanço na disseminação das tecnologias da informação e
comunicação (TIC)1 este conceito foi redefinido pelo decreto 5.622, de 19 de
dezembro de 2005, como:
Art. 1˚ – Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos (BRASIL, 2005, p. 1).
Nas descrições expressas acima, percebe-se que a caracterização do que é
educação a distância pela legislação brasileira tem como principal relevância a
utilização de recursos tecnológicos na intermediação do processo pedagógico, em
que professores e alunos estão distantes um do outro, tanto física, como
temporalmente.
Assim, a educação a distância é entendida como uma modalidade de ensino
em que a relação entre professor e alunos ocorre em espaços distintos, sendo
necessária a utilização de recursos tecnológicos, com um ou mais meios de
comunicação, que possibilitem uma relação de maneira síncrona2 ou assíncrona3.
Essa é uma definição simples, em que a separação espacial é a maior característica
do processo de ensino e aprendizagem. Porém, esse é um processo complexo, que
1 Vide glossário. 2 Vide glossário. 3 Vide glossário.
25
envolve, entre outras questões, as metodologias de ensino e há muitos paradigmas
que estão por trás desse conceito.
Sathler (2015), sugere que o decreto 5.622 seja revisado e que o termo
modalidade seja extinguido, pois entende-se que educação a distância não é
modalidade, é apenas educação. Ou seja, trata-se apenas de uma metodologia de
ensino que não deve receber diferenciação quanto ao ensino presencial4.
Considera-se que são muitos os estudiosos sobre o tema da educação a
distância no Brasil e no mundo, que apontam a sua evolução e os caminhos
traçados por esta metodologia de ensino. Avaliam-se os estudos que contribuem
para a sua expansão, em que a qualidade do ensino se sobressaia à quantidade.
Por muito tempo a EAD foi adotada e entendida como uma forma não
tradicional de atendar as camadas desfavorecidas da sociedade, que não podiam
cursar um ensino presencial, seja por questões de localização, de condições
financeiras ou de idade para completar os estudos.
Historicamente, programas de ensino a distância têm desempenhado um papel social que poderia ser considerado como terapêutico ou complementar. Eles têm ajudado a minorar o elitismo educacional vigente em muitos países e a corrigir algumas das fissuras do sistema tradicional de ensino. Em geral, eles complementam o sistema tradicional e muitas vezes atingem objetivos emergenciais, decorrentes das constantes mudanças sociais e tecnológicas (FREITAS, 2005, p. 57).
Apesar de sua grande disseminação ocorrer nos últimos 40 anos, esse modo
de ensino existe desde o século XVIII e, ao longo de sua história foram adotados
vários meios de comunicação, com diferentes tecnologias, que contribuíram para
definir o suporte para a EAD. Inicialmente adotou-se o uso de livros, apostilas e
cartilhas que eram enviados por correspondência. Posteriormente, foram
incorporados os programas de televisão e rádio, passando para o uso intensivo de
novas mídias, principalmente a Internet, que por meio de suas redes possibilitou a
introdução de cursos on-line em larga escala, responsável por sua expansão atual.
4 Vide glossário.
26
A partir do século XVIII, o meio de comunicação mais utilizado pelo sistema de ensino a distância foi o correio impresso até que o telefone, o computador, a Internet e os e-mails o suplantaram. Durante muitos anos, a comunicação escrita entre estudante e professor tornou-se o símbolo de ensino a distância e esses cursos não eram muito respeitados pelos acadêmicos mais tradicionais, que resistiam às novas possibilidades de ensino e estudos (FREITAS, 2005, p. 59).
Observa-se que, em todas as suas fases, a educação a distância sempre teve
a relação de ensino-aprendizagem apoiada no uso de recursos tecnológicos que,
isoladamente ou associados em mais de um instrumento, configuram a maneira
como ocorre a relação entre professor e aluno, além de apontar características
peculiares do processo de ensino e aprendizagem.
Freitas (2005, p. 57) aponta que "a importância do ensino ou educação a
distância torna-se cada vez mais evidente e vem sendo muito utilizado e aceito em
todo o mundo". Esta metodologia de ensino torna-se cada vez mais relevante devido
a sua incorporação pelas diferentes camadas da população que buscam educar-se
ou atualizar-se profissionalmente, a fim de se adequarem às rápidas transformações
que ocorrem nos dias de hoje.
O ensino a distância nos primeiros formatos descritos, possibilitou a muitos formação e conhecimento técnico, no entanto, com o advento da Internet e o desenvolvimento e aprimoramento de ferramentas e softwares, os cursos superiores a distância ganharam destaque e cada vez mais se tornam realidade (CAPELLETI, 2014, não paginado).
Na intenção de compreender a relação da educação a distância com as
questões atuais que envolvem o ensino superior brasileiro, bem como a relação
espacial necessária para que uma instituição possa oferecer um serviço de
qualidade, avaliam-se os novos conceitos que apontam a sua evolução e os
caminhos traçados por esta metodologia de ensino.
1.2 A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO MUNDO
Considerando os estudos de Franco (2003), sobre o contexto histórico da
EAD, adota-se a divisão de três períodos que têm como marcos referenciais para o
seu avanço a utilização da tecnologia no processo de mediação pedagógica.
27
A primeira fase é vista como a geração textual (1890 a 1960), que se
caracterizou pelo estudo por correspondência, a fim de atingir um setor da
população que não tinha outra forma de acesso à educação por razões geográficas,
por falta de escolas próximas, ou por outras impossibilidades. Destaca-se que a
interatividade era escassa ou não existia entre as partes, pois era baseada numa
atitude isolada de autoaprendizagem apenas com o uso do material impresso.
Geralmente estava orientada em um guia de estudos com exercícios escritos e
tarefas a serem realizadas e enviadas pelo correio. Os países que impulsionaram
esse processo foram os Estados Unidos, a União Soviética, a Alemanha, a Grécia, a
Inglaterra, e, na sequência, a Austrália e os países da América Latina.
A segunda geração, conhecida como geração analógica (1960 a 1980) teve
início com o surgimento das universidades abertas, sendo a primeira no Reino Unido
em 1969, a Open University. Começa-se a compreender a universidade aberta como
um sistema educativo com a intenção de democratizar o saber. Essa geração
fundamentava-se em oferecer uma segunda oportunidade de formação a uma
grande parcela da população adulta, que não teve acesso à educação quando em
idade escolar. A grande contribuição dessa fase da EAD é que o foco não era
apenas no material impresso, mas no trabalho de forma sistêmica, uma vez que se
combinavam encontros presenciais, sessões periódicas com tutor5, transmissão de
material gravado por meio do rádio e da televisão, assim como suporte de áudio e
vídeo. Além desses pontos, essa geração contava com a titulação oficial expedida
por uma instituição pública. O surgimento da Open University influenciou muitos
outros países, que adaptaram o seu modelo institucional e pedagógico. Desse
modo, apareceram outras universidades e centros em países como Alemanha,
Paquistão, Israel, Canadá, Austrália, Costa Rica, Venezuela, Japão, Índia, Irlanda,
França e Espanha (FREITAS, 2005).
A partir da década de 1990 surge a terceira geração de cursos a distância,
caracterizada pela inserção das tecnologias de informação e comunicação baseadas
em redes de computadores, que possibilita a comunicação de forma síncrona ou
assíncrona (chats6, fóruns7, listas de discussão, entre outros). Os trabalhos
desenvolvidos nessa geração, de certa forma, permitem a universalização do
5 Vide glossário. 6 Vide glossário. 7 Vide glossário.
28
aprendizado devido ao advento dos avanços tecnológicos. O baixo custo e o alto
grau de interatividade dos computadores dão um novo ritmo à educação. Vale
ressaltar que estes avanços tecnológicos viabilizam um tipo de interação social entre
alunos e professores, que supera a “distância social” bem como a “distância
geográfica” e o "tempo". Por exemplo, por meio das relações síncronas (chats) ou
assíncronas (e-mails, fóruns, etc) os alunos, distantes fisicamente do seu tutor,
conseguem estabelecer com este uma relação de comunicação, além buscar o
auxílio necessário para o aprendizado. Os tutores podem conduzir o aprendizado
dos alunos e esclarecer as dúvidas de qualquer lugar e momento, desde que
estejam conectados à Internet. As tecnologias da informação e comunicação
possibilitam o acesso a uma educação em escala global e, para isso, a inovação e a
descoberta são etapas fundamentais do processo de aprendizagem.
1.2.1 O ensino por correspondência
Conforme apontado pelos estudiosos de educação a distância, o ensino por
correspondência teve o seu primeiro registro em 1728, no jornal "A Gazeta de
Boston" (título original, The Boston Gazette), quando o professor Caleb Philipps
anunciava o curso de taquigrafia (LOBO NETO, 1998). As figuras 1 e 2 representam,
respectivamente, "A Gazeta de Boston" daquele período e a reprodução do anúncio
de Caleb Philipps.
Figura 1 – A Gazeta de Boston no século XVIII.
Fonte: Wilmington University On-line. Disponível em: <http://blog.wilmu.edu/online/files/2014/04/boston-gazette-18th-century.jpg>. Acesso em 25 ago. 2015.
29
Figura 2 – Reprodução da propaganda de Caleb Philipps no jornal "The Boston Gazette"
Fonte: Folha de S. Paulo, 2015. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2015/07/1662162-prova-de-historia-a-evolucao-do-ensino-a-distancia-da-carta-ao-computador.shtml>. Acesso em 25 ago.2015.
Entretanto, a EAD começa a existir institucionalmente apenas na segunda
metade do século XIX, em função dos meios de transporte e de comunicação. De
acordo com Dantas (1998), as experiências iniciais ocorreram na Europa, dos anos
de 1856 a 1892, com cursos que ofereciam o ensino de línguas, em Berlim,
passando para cursos e departamentos de educação a distância nas universidades
dos Estados Unidos. Em 1910, na Austrália, ocorreu a experiência de instruir
inspetores de educação sanitária destinados às zonas rurais. O sucesso dessa
metodologia de ensino levou a sua aplicação em cursos técnicos e secundários
neste país.
Freitas (2005, p. 59) afirma que "durante a Segunda Guerra Mundial, vários
cursos por correspondência foram criados com objetivos distintos", como por
exemplo, o curso a distância para atender crianças na França, cujas famílias tinham
que se mudar constantemente. Para essa autora, apesar da tendência para a
combinação de vários meios de comunicação, o texto impresso e a comunicação
escrita mantêm-se como meio básico e não devem ser menosprezados nos dias
atuais. Porém, diante dos avanços das tecnologias da informação e comunicação,
acredita-se que a correspondência possa ser usada como função secundária, na
30
distribuição de material escrito que possa dar apoio ao conteúdo veiculado pelas
mídias digitais, ou ser até suprimida.
1.2.2 Rádio, Televisão e Telefone
De acordo com Nunes (2009), a Corporação Britânica de Radiodifusão – BBC
(British Broadcasting Corporation) começou a promover curso para a educação de
adultos, por meio do rádio, em 1928. A partir daí outros países passaram a
incorporar essa tecnologia da comunicação para a educação. O grande impulso, a
partir da metade da década de 1960, ocorreu com a institucionalização de várias
ações no ensino secundário e superior, começando pelos países da Europa e se
expandindo para outros países como o México, a Coréia do Sul e a Austrália.
Dentre essas experiências, destaca-se a School Of the Air, criada em 1956 na
Austrália (NUNES, 2009), para a alfabetização de crianças que moravam em regiões
afastadas, onde não havia demanda suficiente para o estabelecimento de uma
instituição convencional. A Figura 3 representa um aluno que, por volta da década
de 1970, sob a supervisão de um adulto, estudava por meio de aulas transmitidas
pelo rádio e acompanhava o material didático impresso, enviado por
correspondência.
Figura 3 – Shool of the air, Austrália
Fonte: Wikipedia. Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/School_of_the_Air>. Acesso em 15.07.15
31
Como curiosidade, destaca-se que Martin Dougiamas, o fundador e
desenvolvedor da plataforma Moodle, conforme dados obtidos no site dessa
organização, cresceu no interior da Austrália no final dos anos de 1970, e foi
aprendiz da School of the Air, o que lhe deu uma visão sobre o ensino a distância.
Somada à sua experiência profissional com a plataforma WebCT, na Universidade
de Curtin, foi possível desenvolver nos anos 2000, a plataforma virtual de
aprendizagem mais utilizada no mundo atualmente.
Nunes (1993) relata que, durante a segunda guerra mundial, com a
necessidade de rápida capacitação dos recrutas norte americanos, surgiram novos
métodos de ensino, como o que foi criado pelo cientista e educador Fred Simmons
Keller (Figura 4), que por meio de transmissão de rádio ensinava os recrutas a
decifrarem o código morse. Na Figura 5, registra-se uma comunicação por meio do
código morse. Kerbauy (1996) afirma que o método de Keller foi baseado na sua
experiência de telegrafista e no seu conhecimento em aprendizagem. O sucesso do
seu método foi reconhecido e aplicado em tempos de paz, para a integração social
daqueles que foram atingidos pela guerra, e para o desenvolvimento de novas
habilidades e da capacitação rápida de profissionais que migravam do campo para
as cidades em reconstrução na Europa.
Figura 4 – Fred Simmons Keller Figura 5 – Código Morse
Fonte Figura 4: UFRGS. Disponível em: <http://www.if.ufrgs.br/fis/image/photokeller.gif>. Acesso em 02 ago. 2015. Fonte Figura 5: John Roach. Disponível em: <http://johnroach.info/2015/05/11/morse-code-with-python/>. Acesso em 02 ago. 2015.
Freitas (2005, p. 60) reflete que a transmissão pelo rádio é outra possibilidade
de ensino a distância por "um meio de comunicação bastante econômico, eficiente e
com algumas vantagens sobre o correio", pois pode atingir áreas de difícil acesso
32
por terra, além de alcançar longas distâncias. Ela defende a exploração do potencial
do rádio para fins educacionais nos dias de hoje, pois esse é um meio de
comunicação em que a rapidez da propagação das ondas sonoras possibilitam a
transmissão de informações de maneira praticamente instantânea, sendo que o
desenvolvimento do rádio de pilha possibilitou a sua popularização. Apesar disto,
acredita-se que a questão da flexibilidade de tempo, possibilitada pela Internet,
supera a rigidez de horário do rádio. Além disso, a questão visual, com a
incorporação de vídeos na Internet, é mais atrativa e eficiente para o entendimento e
a compreensão dos conteúdos.
Freitas (2005) aponta que o telefone se popularizou como meio instrucional,
principalmente nos países onde tornou-se um meio de comunicação relativamente
barato e acessível à grande maioria da população.
As experiências, realizadas na década de 1960, indicaram que o telefone é um excelente motivador da aprendizagem, seu efeito é superior ao do rádio e ao do material impresso, devido a comunicação de dupla via. Desde então, houve uma verdadeira proliferação de programas educacionais por telefone tanto nos Estados Unidos, como na Europa, embora a oferta de curso por TV e, mais recentemente, por Internet ainda seja maior que por telefone (FREITAS, 2005, p. 61).
É interessante observar, nos apontamentos de Freitas (2005), que a grande
maioria das instituições norte americanas que oferecem cursos por telefone, mantém
números especiais para que os estudantes façam ligações gratuitas, mesmo quando
estão em outras cidades, o que corresponde as chamadas por meio do 0800 no
Brasil.
O telefone possibilita uma comunicação síncrona entre o aluno e o professor
(ou tutor), ou seja, permite o diálogo instantâneo que facilita as discussões e os
esclarecimentos de dúvidas. Quando usado adequadamente em combinação a outro
tipo de material didático, como o material impresso ou as mídias incorporadas ao
computador, torna-se um recurso muito eficiente que eleva a motivação dos alunos e
o consequente sucesso no processo de aprendizagem.
Outro recurso midiático adotado na EAD foi a televisão que, conforme Dantas
(1998), trouxe vantagens por possibilitar a transmissão de imagens e atingir maior
número de pessoas. Seu uso foi potencializado com o advento do videotape e do
33
satélite, que possibilitaram a desvinculação de horários em que os programas eram
transmitidos pelas emissoras, dos horários assistidos pelos alunos. Também, o
vídeo possibilitou a gravação de cópias para distribuição ou venda dos cursos.
Shulman (1981, apud FREITAS, 2005) registrou que na década de 1950
haviam aproximadamente 114 instituições, entre faculdades independentes e
universidades americanas, que mantinham com sucesso as aulas por meio da
televisão e que, em certos momentos, as combinavam com aulas presenciais.
A principal característica da televisão é o poder de combinação entre a
audição, a visão e a emoção, que é vantajosa para o processo de aprendizagem do
aluno, pois se adéqua ao ensino de diversos assuntos. Freitas (2005) exemplifica
que na Flórida há curso de pós-graduação por TV para engenheiros e que no Brasil,
há cursos de ensino médio e de técnico profissionalizante desde o final do século
XX.
Em 1969 foi fundada na Inglaterra a Open University (OU), um grande marco
para EAD (DANTAS, 1998), que desde a sua criação até os dias de hoje é um
exemplo de sucesso, sempre adotando todos os meios tecnológicos disponíveis:
rádio, TV, vídeos, fitas cassetes e centros de estudo, em que se realizaram diversas
experiências pedagógicas. Na Figura 6, registra-se um estudante que aprendia por
meio da transmissão de um curso da Open University na televisão.
Figura 6 – Transmissão de curso da Open University
Fonte: Peter Trulock/Getty Images. Disponível em: <http://www.theguardian.com/education/datablog/2014/jan/30/distance-learning-higher-education-moocs>. Acesso em 15 jul. 2015
34
A partir de 1971, esta instituição passou a fornecer diplomas de graduação.
Seguindo os mesmos padrões das universidades britânicas e avaliada como as
demais pelo Higher Education Funding Council (Conselho de Ensino Superior da
Inglaterra), ela mantém o seu padrão de excelência. É importante atentar que a
associação entre esta instituição e o canal de televisão da BBC – British
Broadcasting Corporation – (DANTAS, 1998) garante até os dias atuais a
transmissão de muitos de seus programas.
Em outras partes do mundo, as transmissões via satélite deram novo impulso
aos programas educacionais pela TV e Internet (FREITAS, 2005), sendo que em
1971, a Universidade de Washington oferecia treinamento médico, via satélite,
atendendo as áreas de Seattle, Alaska, Montana e Idaho. Desde 1977, a
Universidade do Pacífico Sul (University of the South Pacific) ministrava programas
via satélite, para superar sua própria carência de professores. Por volta desse
mesmo período, na Índia também eram transmitidos os programas educacionais via
satélite para cerca de 2.400 vilas, que não tinham acesso à educação por outros
recursos.
Com o desenvolvimento da tecnologia e seu uso para as comunicações de massa, as transmissões via satélite se fizeram, cada vez mais, importantes para vários campos do conhecimento humano (história, geografia, física, química, matemática, desenho e outros) e em todos os níveis, assim como para obter informações imediata e visualmente do que ocorre em todo mundo (FREITAS, 2005, p. 62)
De acordo com Maia e Mattar (2007), após a década de 1970 foi o período de
surgimento das megauniversidades abertas a distância. Destacam-se as maiores
delas, em número de alunos, e seus respectivos países: Centre National
d'Enseignement à Distance (CNED) na França; a Universidad Nacional de
Educación a Distancia (UNED) na Espanha; a Universidade Aberta de Portugal; a
FernUniversität na Alemanha; a Anadolu Oniversitesi na Turquia. Também houveram
importantes experiências na China, Indonésia, Índia, Tailândia, Corea, Irã e África do
Sul. Todas foram importantes exemplos para se repensar a função das universidades
no futuro, porém apenas na década de 1990 as universidades tradicionais, as agências
governamentais e as empresas privadas começaram a se interessar por elas (MAIA;
MATTAR, 2007).
35
É importante destacar que nesta etapa os maiores meios de comunicação
possuíam apenas uma direção. O telefone era uma exceção, mas tinha função
limitada.
1.2.3 Internet
Conforme apontado por Dantas (1998), com o alto desempenho das redes de
computadores é possível que os alunos tenham acesso a cursos ministrados pela
Internet e, que interajam com o professor e com os colegas do curso por meio dos
diversos recursos disponíveis na rede, como os sistemas de videoconferência8,
chats, fóruns, e-mails, etc. Este autor afirma que, em cursos ministrados por meio de
um sistema de videoconferência são reproduzidos os ambientes de sala de aula, em
que os dois locais têm acesso às imagens e ao som provenientes do outro, havendo
comunicação entre o professor e os alunos de modo interativo. Esse sistema exige
uma configuração adequada de equipamentos para a correta transmissão e
recepção da comunicação em tempo real.
Destaca-se que o aumento da capacidade de comunicação e o barateamento
dos computadores deve-se a revolução que vem se operando nas tecnologias de
informação. Esta possibilita maior processamento de um microcomputador de porte
médio, o aumento da capacidade e da velocidade de transmissão de dados, além da
crescente facilidade de acesso às redes da Internet, que ampliam
extraordinariamente a capacidade de comunicação e o número de usuários. "As
implicações disso para o ensino são notáveis e suas consequências são, até certo
ponto, imprevisíveis, provocando polêmica quanto à utilização das novas tecnologias
no ensino" (DANTAS, 1998, p. 49).
De acordo com Maia e Mattar (2007), a introdução do microcomputador, da
tecnologia de multimídia, do hipertexto e das redes de computadores caracterizam a
educação a distância on-line. Há uma integração entre as diferentes mídias, que
convergem para as tecnologias de multimídia e o computador. Por volta de 1995, o
desenvolvimento da Internet propicia uma ruptura na EAD com o surgimento do
ambiente virtual de aprendizagem (AVA)9, digital e baseado na rede. Atualmente, esses
ambientes de aprendizagens são muito desenvolvidos, dinâmicos, possibilitam o
8 Vide glossário. 9 Vide glossário.
36
gerenciamento e a maior interação por meio dos diversos recursos de ensino, como
fóruns, chats, atividades e avaliações, quadro de avisos, calendário de entregas, além da
disponibilização de conteúdo didático em textos, vídeos ou áudios, entre outros.
1.3 A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL
De acordo com Franco (2003), o contexto da educação a distância no Brasil,
tem seu marco inicial com a fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro
(posteriormente rádio do MEC) em 1923, por Roquete Pinto. Para Freitas (2005), os
primeiros programas de rádio que difundiram ensino a distância foram o "Madureza"
e o "Projeto Minerva". Em 1941 foi fundado o Instituto Universal Brasileiro (IUB), que
se tornou o maior difusor de cursos profissionalizantes, assim como foi um dos
pioneiros na EAD em nosso país dedicado, especialmente, a cursos de formação
radio técnicos a distância.
O interesse pela educação a distância também teve destaque no início dos
anos de 1960, quando o Bispo D. Fernandes do Paraná, com a Diocese de Natal
que criou as escolas radiofônicas, deu origem ao "Movimento de Educação de Base
– MEB", cuja preocupação era alfabetizar e dar apoio básico à educação de milhares
de jovens e adultos, principalmente da região Norte e Nordeste do Brasil. Em 1978,
a Fundação Padre Anchieta (TV Cultura) e a Fundação Roberto Marinho, fundaram
o "Telecurso 2º Grau". No ano de 1991, iniciou o programa "Um Salto Para o
Futuro", em parceria com o governo Federal, as Secretarias Estaduais de Educação
e a Fundação Roquete Pinto. Este foi um programa destinado à formação de
professores.
No final da década de 1990, a partir do consenso de que um país, com a
dimensão e as características do Brasil, teria que romper com o sistema
convencional e tentar buscar alternativas de garantir a educação inicial e continuada
como direito de todos, a EAD toma novo fôlego. Para tal, foi definido por meio da Lei
9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) que o poder público
tinha o papel de "incentivar o desenvolvimento de programas de ensino a distância
em todos os níveis e modalidades e de educação continuada" (BRASIL, 1996, p.
27841). Porém, foi apenas com a participação da iniciativa privada, regulamentada
pelo Decreto 5.622, de 2005 (BRASIL, 2005), que ocorreu um grande crescimento
no ensino a distância.
37
Verifica-se que a EAD no Brasil é marcada por grandes programas, como o
projeto "Minerva", o "Movimento de Educação de Base", o "Telecurso" e outros, que
foram criados e deram fortes contribuições para a expansão do ensino. Porém,
muitos destes programas foram experiências mais populares, que infelizmente não
tiveram muito sucesso ou continuidade. Atualmente vive-se num momento de
transição na área da educação, em que a metodologia de ensino a distância é vista
como potencial, com uma dimensão renovada, atingindo maior número de usuários
e ganhando credibilidade (SQUAIELLA; RIGHI, 2005).
1.3.1 Ensino por correspondência
No Brasil, a educação a distância é uma experiência de ensino mais recente,
se comparada aos casos internacionais. De acordo com Torres e Vianney (2010),
ela surgiu no país em 1904, com o ensino por correspondência, quando as
instituições privadas ofereciam cursos profissionalizantes em áreas técnicas, de
maneira informal, sem exigir escolarização anterior. Conforme descrição de Dantas
(1998, p. 46), as instituições que ofereciam o ensino por correspondência
apresentavam-se em duas correntes distintas:
As instituições oficiais buscavam o aperfeiçoamento ou a formação de pessoal especializado, enquanto as particulares procuravam fornecer elementos para a melhoria das pessoas em suas ocupações ou para que pudessem obter novas ocupações melhor remuneradas.
Em 1939 foi fundado o Instituto Monitor e, em 1941 o Instituto Universal
Brasileiro, estas foram as primeiras instituições particulares a oferecerem cursos por
correspondência no país, e permanecem até os dias de hoje no ensino a distância,
com a incorporação das tecnologias da informação. Na Figura 7, registra-se uma
correspondência utilizada pelo Instituto Monitor, para o envio do material didático. Na
Figura 8, tem-se um anúncio do Instituto Universal Brasileiro, com a relação de
cursos oferecidos e o cupom de inscrição.
38
Figura 7 – Correspondência do Instituto Monitor
Fonte: UOL Educação. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/noticias/2012/05/16/cursos-por-correspondencia-hoje-em-desuso-recebiam-mais-de-mil-cartas-por-dia.htm>. Acesso em 15 jul. 2015
Figura 8 – Anúncio do Instituto Universal Brasileiro
Fonte: blog educação a distância. Disponível em:
<http://educdistanciasoc.blogspot.com.br/2012/04/linha-do-tempo-da-
historia-do.html>. Acesso 15 jul. 2015
39
De acordo com a vice-presidente do Instituto Monitor, Elaine Guarisi (apud
RODRIGUES, 2012), em meados de 1985 haviam 10 mil matrículas por mês em
cursos livres nesta instituição. As reservas de vagas eram feitas via cupons de
revistas, sendo que até o início dos anos de 1990 o recebimento de mais de mil
cartas por dia indicava o sucesso do programa.
Nos cursos por correspondência o público-alvo era composto, principalmente,
pelas pessoas que buscavam rápida qualificação, que fosse possível conciliar o
estudo com a sua rotina atribulada. Essas pessoas geralmente viviam em cidades
do interior do país, onde não haviam cursos técnicos, profissionalizantes ou de
aperfeiçoamento. Marques (2004) destaca que a ênfase do Instituto Universal
Brasileiro eram os cursos supletivos, enquanto que no Instituto Monitor, eram os
cursos técnicos.
Rodrigues (2012) apresenta dados interessantes de como funcionava o
ensino por correspondência com relação a matrícula, as provas, os instrutores, os
envios de peças e o pagamento. A dinâmica de funcionamento descrita por esta
autora é a seguir expressa. Assim que os pedidos de matrícula chegavam por
correspondência na instituição, a secretaria abria uma pasta para o estudante e lhe
encaminhava um informativo com o seu número de matrícula e a previsão de datas
das lições, de envio dos exames e das mensalidades. As provas eram realizadas a
distância. Quando compostas por questões de múltipla escolha, eram corrigidas,
com gabaritos, pelos funcionários da secretaria da escola. Os instrutores avaliavam
as demais provas, com questões dissertativas ou desenhos. Lançava-se a nota na
ficha do aluno e quando este não atingia a pontuação suficiente, lhe eram
encaminhadas as recomendações necessárias. Para sanar as dúvidas dos alunos
eram contratados os instrutores que realizavam plantões de algumas horas por
semana, na sede da instituição. Esses instrutores também elaboravam as questões
de avaliação. Dependendo da especificidade do curso, eram previstas as
realizações de atividades práticas a distância, em que os materiais, como
ferramentas e peças, eram enviados para o aluno apenas quando se alcançava as
etapas mais avançadas, que lhe garantisse o conhecimento necessário para
manuseá-los com segurança e com o pagamento suficiente para cobrir os custos. O
serviço de remessa de valores, o vale postal, da Empresa de Correios e Telégrafos
(ECT) era o serviço utilizado para o pagamento das mensalidades. O controle de
aproveitamento do aluno era registrado em sua pasta, sendo avaliados a quantidade
40
de documentos e de atividades que o estudante realizava.
Com o avanço e expansão das tecnologias da informação e comunicação,
nos últimos dez anos, e relatos de experiências nacionais citadas acima, acredita-se
que esse recurso está entrando em desuso, mesmo para as regiões com atraso no
desenvolvimento tecnológico.
1.3.2 Rádio
Relatando alguns programas educacionais por meio do rádio e a respectiva
importância dos mesmos, Alves (2007) aponta que, em 1923, a iniciativa privada,
liderada por Henrique Morize e Edgard Roquette-Pinto (Figura 9), fundou a Rádio
Sociedade do Rio de Janeiro, com a função de possibilitar a educação popular e que
teve pleno êxito, porém trouxe preocupação aos governantes pela possibilidade de
transmitir conteúdos considerados subversivos, no período revolucionário da década
de 1930. De acordo com Franco (2003), em sua programação eram transmitidos os
programas de literatura, de radiotelegrafia, de telefonia, de línguas, de literatura
infantil e sobre outros assuntos de interesse comunitários.
Figura 9 – Edgard Roquette-Pinto
Fonte: O Globo. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/posts/2014/11/16/o-pai-do-radio-defensor-da-mistura-de-racas-554836.asp>. Acesso em 15 jul. 2015.
41
Para Alves (2007, não paginado), "os programas educativos, a partir dessa
época, se multiplicavam e repercutiam em outras regiões, não só do Brasil, como em
diversos países do continente americano". Após a criação do Serviço de
Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação, em 1937, foram criados diversos
programas, especialmente os privados, destacando-se: a Escola Rádio-Postal "A
Voz da Profecia", criado pela Igreja Adventista em 1943, com o objetivo de oferecer
aos ouvintes os cursos bíblicos; a "Universidade do Ar", criada pelo SENAC (Serviço
Nacional de Aprendizagem Comercial) em 1946, com atividades em 318 localidades
no Rio de Janeiro e em São Paulo; o "Movimento de Educação de Base", criado pela
Diocese de Natal (igreja católica) em 1959, tendo grande importância no Rio Grande
do Norte. Além desses programas, houveram projetos como o "Mobral" (Movimento
Brasileiro de Alfabetização), de 1967 a 1985, que vinculado ao Governo Federal
tiveram abrangência nacional (ALVES, 2007).
Nos anos de 1970, o governo federal implementou o "Projeto Minerva", que
era transmitido obrigatoriamente pelas emissoras de rádio em rede nacional.
Vinculado ao Ministério da Educação, à Fundação Padre Anchieta e à Fundação
Padre Landell de Moura (FEPAM), estava fundamentado na Lei nº 5.692/1971 e
enfatizava a educação de adultos, com o objetivo de preparar alunos para os
exames supletivos de capacitação e madureza ginasial. Exibido também pela
televisão, contava com o apoio de material didático impresso. Este programa foi
implementando como uma solução a curto prazo aos problemas de desenvolvimento
econômico do país, já que visava preparar mão-de-obra para fazer frente ao
desenvolvimento e à competição internacional. No entanto, teve severas críticas
devido ao baixo índice de aprovação, pois cerca de 77% dos inscritos não
conseguiam obter o diploma. O projeto foi mantido até o início da década de 1980
(PINTO, 2013).
De acordo com Faria e Salvadori (2010), o Sistema Nacional de Radiofusão
se fortaleceu, em 1981, com a criação do Fundo de Financiamento da Televisão
Educativa – Funtevê, que passou a transmitir programas educativos em parceria
com diversas rádios educativas e canais de TV. No final da década de 1990, ocorreu
um grande retrocesso desses programas educativos, pois o governo isentou a
obrigação das emissoras em transmiti-los. Em 1994, houve uma reformulação do
sistema nacional de radiodifusão e a Fundação Roquete Pinto ficou responsável
42
pela coordenação dos programas educativos transmitidos pelo rádio (FARIA;
SALVADORI, 2010).
1.3.3 Televisão
Com a transmissão via satélite para as televisões, ocorreram programas
educacionais como o “Logus II”, desenvolvido pelo Ministério da Educação. Esse foi
o primeiro projeto de grande abrangência nacional, com a proposta de oferecer
treinamento para os professores leigos de primeira a quarta séries do primeiro grau,
visto que os dados de um levantamento realizado em 1975 apontavam a situação
precária desses docentes. "De um total de 287.942 professores de primeira a quarta
séries, 166.693, ou seja, 58%, não haviam completado a habilitação do magistério;
98.758, ou seja, 34% do total, não tinham completado sequer o primeiro grau"
(DANTAS, 1998, p. 48). Posteriormente, o projeto “Um Salto para o Futuro”, foi realizado em parceria
entre a Secretaria Nacional de Educação Básica do MEC, a Fundação Roquete
Pinto e as Secretarias de Educação dos Estados, que também ofereceram
treinamento para os professores de primeira a quarta séries do primeiro grau,
podendo atender aos docentes da pré-escola. Os programas educativos eram
transmitidos pela televisão em telepostos espalhados pelos municípios dos estados.
Um boletim diário impresso era distribuído aos alunos e a interação era
complementada pelo uso de fax e de um canal de áudio. Assim, os meios utilizados
eram o vídeo, o áudio e o texto. Dantas (1998, p. 48) aponta que "o programa atingiu
13.362 alunos no primeiro semestre de 92, sendo que 45,8% eram do Piauí e 16,6%
do Ceará", entretanto, apresentava falhas por adotar excesso de explicações
verbais, não explorando o potencial visual da televisão.
Em 1981 foi fundado o Centro de Estudos Regulares (C.E.R.) com o objetivo
de dar continuidade aos estudos, pelo sistema educacional brasileiro, para as
crianças cujas famílias se mudavam temporariamente para o exterior (FREITAS,
2005). Segundo esta autora, em 1978 foi criado o programa "Telecurso 2º Grau",
pela parceria entre a Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura e a
Fundação Roberto Marinho, mantenedora da TV Globo. De grande disseminação
pelo país, esse programa passou por transformações e ampliações, sendo que em
1981 foi criado o "Telecurso 1º Grau", voltado para as quatro últimas séries do
43
ensino fundamental. De acordo com o site da Fundação Roberto Marinho, esse
programa recebia apoio técnico e financeiro do MEC, e a avaliação do conteúdo era
realizada pela Universidade de Brasília. A Figura 10 representa um jornal deste
programa, que estimulou a pesquisa, a leitura, o debate e integrou o rádio, a TV e o
material impresso.
Figura 10 – Jornal do Telecurso 1˚ Grau
Fonte: Fundação Roberto Marinho. Disponível em: <http://www.robertomarinho.com.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A70B4943FD52AC3013FDD3853E56538&inline=1>. Acesso em: 15 jul. 2015.
Em 1986 a Fundação Roberto Marinho inaugurou o "Novo Telecurso 2º Grau"
em parceria com a Fundação Bradesco. Nesse último houve uma autorização inédita
de avaliação e certificação do curso com validade para prosseguimento de estudos
em todo território nacional.
Em 1995, a Fundação Roberto Marinho se uniu a Federação das Indústrias
44
do Estado de São Paulo (FIESP) e lançaram o “Telecurso 2000” e o "Telecurso 2000
– Profissionalizante”, que ofereciam cursos em telessalas, com capacidade para 30
alunos, e eram equipadas com aparelhos de televisão e de videocassete. Na Figura
11 é registrada a transmissão do Telecurso em uma sala de aula, onde os alunos se
organizam de modo circular para assistirem ao programa na televisão. Destinado
aos alunos que não tiveram a oportunidade de completar seus estudos básicos na
época apropriada, os cursos eram ministrados por meio da televisão em circuito
aberto, do material impresso, da monitoria e da prática de oficina.
Figura 11 – Telessala para a transmissão do Telecurso
Fonte: Globo. Disponível em: <http://educacao.globo.com/telecurso/noticia/2014/11/metodologia-telessala.html>. Acesso em 15 jul. 2015.
De acordo com dados obtidos no site do próprio programa, o formato
"Telecurso 2000" ficou no ar até 2007, quando passou por um processo de
reciclagem devido ao desgaste das aulas originais e pela desatualização em alguns
de seus conteúdos. Tal reformulação deu origem ao "Novo Telecurso" que inclui
programas do "Telecurso 2000" e novas disciplinas como filosofia, artes plásticas,
música, teatro e sociologia. Em 2009, a parceria com o Serviço Nacional de
45
Aprendizagem Industrial (SENAI-SP) trouxe nova série do "Telecurso
Profissionalizante de Mecânica".
Assim, observa-se que esse foi um dos programas de maior repercussão em
nível nacional, em que seus idealizadores acreditavam na televisão como
instrumento para levar educação ao maior número de brasileiros. Tendo passado
por transformações, reformulações e o estabelecimento de novas parcerias, os
cursos ainda são amplamente disseminados por algumas emissoras de TV,
possuindo o reconhecimento do MEC. Adotado por políticas públicas e por órgãos
não governamentais mantém-se o objetivo de compartilhar metodologias e
processos, difundindo conhecimento em diferentes localidades e ampliando o
número de beneficiados.
1.3.4 Internet
O início da informatização no ensino brasileiro ocorreu na década de 1970,
quando os primeiros computadores – equipamentos grandes e de alto custo – foram
instalados nas universidades, conforme apontado por Alves (2007). Com a evolução
da informática, os equipamentos foram barateados e miniaturizados, tornando-se
acessíveis à população. Aliado a isto, a rede propiciada pela Internet viabilizou o uso
dos computadores no sistema educativo, porém o seu custo ainda é elevado e
inacessível para regiões mais afastadas, sendo importante a intervenção de políticas
públicas que possibilitem a disseminação da banda larga, visto que a Internet por
meio de acesso discado é muito onerosa e limitada.
De acordo com Maia e Mattar (2007), o grande avanço da EAD no final da
década de 1980 e início da década de 1990 se deve aos projetos de informatização
e de difusão das línguas estrangeiras.
Atualmente, com o alto desempenho das redes de computadores é possível
que os alunos tenham acesso aos cursos ministrados por meio da Internet, e que
interajam com o tutor e com os colegas do curso, por meio dos diversos recursos
disponíveis na rede, como os sistemas de videoconferência, chats, fóruns, e-mails,
etc.
Freitas (2005) aponta que após as experiências bem-sucedidas de
universidades abertas como a Open University (Inglaterra), ocorreram no Brasil,
durante a década de 1970, várias tentativas frustradas para a criação de uma
46
Universidade Aberta a Distância. Alves (2006), relaciona algumas ações do Governo
Federal que corroboram com esta afirmação. Segundo este autor, em 1972, um
grupo de educadores, liderados por Newton Sucupira, foram para Inglaterra estudar
a experiência da Open University e apresentaram um relatório em que julgaram
quais eram os pontos positivos e negativos desse modelo. Alves (2006) acredita que
tal relatório foi o primeiro grande obstáculo para a implantação da Universidade
Aberta e a Distância, no Brasil, pois apresentava uma posição contraria às
mudanças no sistema educacional brasileiro e influenciou os deputados
responsáveis pela autorização dos projetos, mesmo que experimentais. Ele cita
vários projetos de lei que não tiveram a aprovação na câmara dos deputados, como
por exemplo: em 1972, o Projeto de Lei n. 962-A, que propunha a frequência livre
para os cursos superiores e dava condições para a implementação da EAD; em
1974, o Projeto de Lei n. 1.878, que fundava a Universidade Aberta, com base nas
experiências das universidades estrangeiras; em 1977, sob o n. 3.700, este projeto
foi reapresentado e, como outros que também existiram, não teve êxito no
Congresso Nacional.
De acordo com Freitas (2005), o grande avanço ocorreu na década de 1980,
com a criação de um centro para desenvolver cursos de extensão sob a modalidade
a distância pela Universidade de Brasília (UNB). Na década de 1990 a Universidade
Federal da Bahia também iniciou algumas experiências de ensino a distância em
várias de suas unidades de ensino, porém poucas destas experiências tiveram
sucesso e existem até os dias de hoje (FREITAS, 2005).
Assim, no final da década de 1980 e início da década de 1990, houve um
avanço do ensino a distância no Brasil, sendo de grande importância o seu
reconhecimento pela legislação brasileira, em 1996. Porém, esta metodologia de
ensino só passou a ter um crescimento exponencial após o ano de 2005, quando a
legislação o equipara ao ensino presencial. Tal reconhecimento possibilitou que,
após três décadas de planos, fosse implantada Universidade Aberta do Brasil (UAB),
em 2005, visando inicialmente oferecer educação de qualidade para as regiões
brasileiras onde as oportunidades educativas são limitadas ou inexistentes. Na
prática, a UAB não chega a ser uma Universidade, mas um consórcio de instituições
públicas de ensino superior, que se articula com os governos municipais e
estaduais. Sua ação prioritária é a formação inicial e continuada de professores para
a educação básica.
47
Na Figura 12, tem-se o exemplo de uma aula virtual exibida no polo de apoio
da UAB em Ribeirão Preto. Observa-se nessa situação, que a configuração da sala
de aula se mantem como uma sala tradicional, com alunos sentados em carteiras
enfileiradas, porém com a substituição do professor real pelo professor virtual,
projetado na lousa interativa.
Figura 12 – Estudantes assistem uma aula virtual em no polo de apoio em Ribeirão Preto
Fonte: Silva Junior - 20 mar. 2012 / Folhapress. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2015/07/1662162-prova-de-historia-a-evolucao-do-ensino-a-distancia-da-carta-ao-computador.shtml>. Acesso em 25 ago.2015.
Além das instituições públicas, a abertura da educação superior para a
iniciativa privada possibilitou grandes transformações nos cursos a distância, sendo
que atualmente os empresários envolvidos nesta atividade são as grandes
universidades particulares, que oferecem cursos superiores por meio da Internet.
1.4 TRANSFORMAÇÕES RECENTES NO ENSINO SUPERIOR
“O Brasil ainda tem uma escola do século XIX, professores do século XX e
alunos do século XXI”, afirma o integrante do Conselho Nacional de Educação,
48
Mozart Neves Ramos (G1, 2012, p. 1). Refletindo sobre esta afirmação, percebe-se
que há um descompasso entre escola, professores e alunos no processo de
aprendizagem. De maneira sucinta, é possível dizer que a escola se mantém com
uma estrutura rígida, centrada no professor como orador e o aluno como ouvinte. Os
docentes apresentam resistência às novas informações, divulgadas por meio das
mídias, e ao uso das tecnologias comunicacionais para o ensino. Em contraposição,
os discentes, cada vez mais conectados ao mundo virtual por meio da Internet,
apontam que o uso das tecnologias para o aprendizado é inevitável.
Considerando a educação em nível superior, Peña et al. (2005) afirmam que,
a docência universitária está passando por um processo de transformação, pois de
um lado os estudantes se tornam profissionais despreparados para a profissão que
devem exercer e os professores estão presos a modelos pedagógicos
ultrapassados, que não estimulam a participação ativa do aluno no processo de
aprendizagem. Por outro lado, a sociedade toma consciência de que a formação de
nível superior é cada vez mais requerida para a entrada no mercado de trabalho. É
preciso apresentar a certificação requerida e mostrar competência para o trabalho
visado, o que implica articular o conhecimento produzido com as inúmeras situações
do cotidiano.
É preciso pensar o ensino superior em bases totalmente novas, nas quais o
centro seja o aluno, as suas necessidades efetivas e o seu engajamento
profissional, enquanto o professor e o tutor assumem o papel de articuladores e
estimuladores da sua aprendizagem, além de mediarem o saber existente e a
realidade social em que ele vive. Este é um dos princípios muito estudados na
educação a distância, em que a relação entre professor/tutor e aluno passa a ter
nova configuração.
Com base no estudo da obra de Lauro de Oliveira Lima (1987), Mutações em
educação segundo McLuhan, publicada na década de 1970, são analisadas nesta
dissertação as questões sobre as tecnologias e os meios de comunicação na
educação do mundo contemporâneo. Assim, passado mais de quarenta anos de sua
primeira edição percebe-se o quanto é moroso o processo de transformação na
educação e como as visões de Herbert Marshall McLuhan permanecem atuais.
Atualmente a rapidez na aquisição e na substituição do saber fazer e dos
conhecimentos teóricos altera o papel do professor, pois as informações estão
disseminadas por diversos recursos midiáticos e o professor deixa de ser a principal
49
fonte de conhecimentos para o aluno. O professor-informador e o aluno-ouvinte são
substituídos pelo professor-animador e o aluno-pesquisador, pois a velocidade da
substituição do conhecimento elimina a ideia de ensino e desafia a pesquisa em
todos os domínios. Assim, a ideia de ensino é substituída por uma
autoaprendizagem, em que o professor deve criar situações para que os alunos se
disponham a pesquisar, utilizando as informações disponíveis, onde o resultado
pode até superar os conhecimentos do professor.
Como corolário é interessante uma discussão ética da autonomia do aluno em
educação, onde destacam-se as ideias de Paulo Freire, que defende a necessidade
do docente em respeitar a dignidade do educando, sua autonomia e sua identidade.
“É que o trabalho do professor é o trabalho do professor com os alunos e não do
professor consigo mesmo” (FREIRE, 1996, p. 38). Ele afirma que toda prática
educativa demanda a existência de sujeitos, "um que, ensinando, aprende, outro
que, aprendendo, ensina" (FREIRE, 1996, p. 77). Os conteúdos a serem ensinados
e aprendidos envolvem o uso de métodos, de técnicas, de materiais; e implicam
objetivos, sonhos e ideais.
Como consequência da falta de autonomia do aluno, o aprendizado pode ser
prejudicado, pois o aluno pode não incorporar o conhecimento de maneira efetiva
para aplicá-lo adequadamente em uma solução prática e, concordando-se com Lima
(1987), para que o aprendizado ocorra, é necessário que o aluno esteja mobilizado e
engajado na sua tarefa:
Ou aluno está engajado na aprendizagem ou não há ensino possível. Não basta, como supõem os devotos da comunicação de massa, saturar o ambiente de informação: se o aluno não estiver mobilizado para recebê-la é como se a informação não existisse. Um banquete não estimula o apetite se o indivíduo não estiver com fome (LIMA, 1987, p. 37).
O modelo atual de escola que enfatiza a memorização de conteúdos engessa
e produz o enfraquecimento da inteligência, pois esta é uma função que só se ativa
diante da situação problema. Assim, os alunos precisam ser incentivados a pensar, a
produzir conhecimento, a pesquisar e não apenas reproduzir informações e fixar
soluções, que podem não atender às diversas situações. O modelo de professor
recitando textos e escrevendo em um quadro negro, para alunos confinados em uma
sala de aula, foi inventado na Idade Média, quando o professor era o único
informante disponível. Não havia sequer livro. Apesar de esse ser um processo
50
retrógrado, ele ainda permanece nas escolas brasileiras e incrivelmente resiste às
críticas (LIMA, 1987).
Contra o modelo tradicional, de professor recitando textos e escrevendo em
um quadro negro, Lima (1987) propaga no Brasil a dinâmica de grupo. Considera-se
que os padrões atuais levam a individualização e a especialização, quando a
automação faz desmoronar estes conceitos, exigindo cérebros cada vez mais
globalizados, em que o grupo de trabalho se torna uma necessidade. Enquanto
McLuhan (apud LIMA, 1987) supõe o desaparecimento da especialização e da
estandardização, Lima prefere supor que se mantenha o especialista, porém este só
pode funcionar em grupo, o que elimina a competição a favor da cooperação. Dentro
desta visão, Lima (1987) defende a dinâmica de grupo como um processo de
engajamento que altera o papel do aluno como mero espectador de uma aula, em
que a sua participação nem sempre é interessada. Assim, supõe-se que a atividade
educativa, em todos os níveis, seja uma dinâmica de grupo, que tenha a técnica de
engajamento mútuo em vista a um objetivo.
Os novos meios ultrarrápidos de comunicação a grande distância – rádio, telefone, televisão [atualmente a Internet] – estão a ponto de ligar o mundo inteiro numa ampla rede de circuitos elétricos, suscitando uma nova dimensão do engajamento do indivíduo face aos acontecimentos (LIMA, 1987, p. 24).
É importante salientar que, diante dos poderosos recursos tecnológicos
disponíveis, não se justifica mais um professor propagar a informação para uma
pequena turma, quando seu conhecimento poderia ser difundido por meio das
mídias para um grande número de alunos no ensino a distância. Essa questão pode
ser reforçada pelos apontamentos de Tinoco (2014), de que há uma defasagem de
formação de professores brasileiros, o que impacta na qualidade da educação no
país. De acordo com Mozart Neves Ramos (apud TINOCO, 2014) o déficit de
professores, no ensino médio, chega a ser de aproximadamente 250 mil docentes, o
que representa 22% do total. Neste contexto, o ensino a distância mostra-se com
grande potencial para elevar a qualidade da formação e a quantidade de docentes.
No ensino presencial, a própria disposição do mobiliário na sala de aula
deve mudar para incluir a utilização dos recursos eletrônicos, além de proporcionar
as discussões em grupo e a reflexão.
51
Não é compreensível que mudem todas as atividades humanas diante do impacto da tecnologia e uma aula continue, basicamente, o passeio peripatético de Aristóteles...[...] É porque as escolas não respondem às solicitações do contexto social, que está aparecendo um sistema escolar paralelo dentro da área da produção (LIMA, 1987, p. 16).
Dessa forma, Lima (1987) afirma que as publicações periódicas substituirão
o livro didático tradicional e as informações fornecidas pelos meios de massa são
públicas, ou seja, acessada por todos. Além disto, esse autor defende que tudo que
é programável será entregue às máquinas (automação), ficando à inteligência
humana a função indagadora. Tendo que a discussão só é possível pela diversidade
dos participantes e que seu objetivo é criar uma solução original, as fórmulas para as
soluções serão objetos de permanente reformulação, gerando plena criatividade
num processo lúdico coletivo. Acredita-se que a dicotomia entre trabalho e lazer
desaparecerá, pois o engajamento cada vez mais profundo do estudante fará este
processo menos estressante e mais natural.
Deve-se combater a aprendizagem padronizada que priva a necessidade de
comunicação e de reflexão. Quanto maior a diversidade entre os alunos, maior a
possibilidade de transmitir as experiências uns aos outros. O aluno passa a escolher
o que lhe convém. O professor não terá que usar a coação para obter resultados,
mas será um perito que dará assessoria a um grupo de trabalho, motivando os
alunos ao pleno engajamento em suas atividades e a criatividade.
Vive-se num período em que os conhecimentos são substituídos e/ou
atualizados rapidamente. Isto gera o surgimento e o desaparecimento de profissões,
num ciclo de conhecimentos cada vez mais rápido. Corroborando com esta análise,
Pastore (2014) afirma que as tecnologias são evolutivas e que exigem habilidades
ainda não existentes. O autor acredita que, dentro de dez anos, a maior parte dos
seres humanos vai trabalhar com técnicas que ainda não foram inventadas, e só
conseguirão acompanhar a evolução tecnológica os que tiverem bom senso, lógica
de raciocínio, capacidade de transformar informações em conhecimentos e
souberem trabalhar em grupo. Resumidamente, só os que tiverem flexibilidade
mental terão oportunidades, resultado de uma educação de boa qualidade.
Havendo flexibilidade, os trabalhadores conseguirão se ajustar, tirando
proveito inclusive das novas formas de aprendizagem como a oferecida pela enorme
quantidade de cursos a distância viabilizados pela Internet. Visto desta maneira,
52
essa metodologia de ensino constitui uma poderosa resposta para ajudar a superar
as deficiências atuais.
A disseminação do ensino por meio da Internet promove, hoje, além de uma
formação regular, os cursos livres10 e a possibilidade de uma formação contínua.
Conforme apontado por Peña et al. (2005), as condições da vida moderna
pressionam as pessoas no sentido de buscarem uma preparação melhor, que lhes
permita ascender socialmente. Na realidade dos dias atuais, a mobilidade social é
limitada, assim considera-se também importante o preparo intelectual e técnico, mas
como fator de inserção na divisão social do trabalho, que hoje se encontra em forte
mutação. Neste sentido, Peña et al. (2005) acredita que a universidade se torna
cada vez mais atraente e necessária para ingressar e se manter em um mercado
altamente competitivo. Novamente é necessário discutir, pois esta afirmação é
simples e o processo de sincronia científica e técnica é mais complexo, onde as
empresas cada vez mais guardam conhecimentos específicos, distanciando as
estruturas de ensino tradicionais das áreas de fronteira do saber.
Além disto, Peña et al. (2005) afirmam que a consolidação dos ideais
democráticos em todo o mundo amplia a demanda por um ensino de nível superior
pela sociedade, mesmo pelos segmentos que não eram contemplados em épocas
anteriores. Concorda-se com esta constatação e acrescenta-se que este papel da
universidade pode ser atendido caso ela retome sua sincronia com a geração do
conhecimento. Esta produção é hoje muito rápida e até antevê a sua obsolescência.
Para que a universidade faça a atualização contínua do saber é importante
estar compatível com as novas tecnologias da informação e comunicação
disponíveis. Elas trazem uma potente ferramenta para a capacitação profissional.
Nesta perspectiva, a formação superior e contínua passa a ser condição cada vez
mais requerida no mercado de trabalho, e o ensino a distância apresenta-se como
uma alternativa viável e potencial, pois agrega vantagens ligadas, principalmente,
aos menores custos e a maior precisão na transmissão dos conhecimentos. No
ensino presencial é realizado um processo pedagógico que possui ao mesmo tempo
características artesanais e industriais, em pequena escala, com pouco controle
qualitativo e muito dependente do professor. O ensino a distância emprega recursos
computacionais que levam a quase supressão e banalização da distância, com
10 Vide glossário.
53
enormes vantagens em um país continental e de ocupação muito desequilibrada;
escalas diferenciadas de ensino, ao mesmo tempo massivas e individuais, além da
grande homogeneidade de conteúdos e meio de transmissão da mensagem.
Valenti (2015) afirma que a educação está mudando e se adaptando para a
economia digital, assim como o local de trabalho também está mudando. No
passado, era comum um empregador contratar um recém-formado que necessitava
de algum tempo de treinamento e experiência para se tornar produtivo. No ambiente
empresarial de hoje, o ritmo acelerado da produtividade necessita de produção
rápida e as instituições de ensino estão sendo convidadas a preparar os estudantes
com competências e habilidades "instantaneamente produtivas". Atualmente os
empregadores buscam trabalhadores multidisciplinares, capazes de responder de
forma criativa às situações inesperadas (VALENTI, 2015).
1.5 AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO ENSINO SUPERIOR E SUA REPERCURSÃO NO BRASIL
Para o pensador francês Michel Serres (apud ARAGON, 2013), vive-se
atualmente uma terceira revolução mundial na comunicação. A primeira revolução
ocorreu com a transição da comunicação oral para a escrita; a segunda, da escrita
para o impresso; e a terceira, do impresso para o virtual. Como reflexo dessa
transformação, Serres acredita que está sendo construído um novo perfil de
inteligência, mais rápido, múltiplo e intuitivo (ARAGON, 2013).
Nogueira e Gonçalves (2014) afirmam que, o homem busca ao longo dos
anos dominar as tecnologias para facilitar sua vida. O computador, inicialmente
utilizado como recurso bélico, passou por evoluções que possibilitaram a redução do
seu tamanho e a sua maior eficiência, sendo inserido gradativamente nas
instituições e nos lares até tornar-se um instrumento educativo, como recurso
didático no processo de ensino e aprendizagem.
As atuais tecnologias da informação e comunicação (TIC) têm alterado
significativamente a relação entre o ensino e a aprendizagem no mundo
contemporâneo. As informações, antes obtidas diretamente por meio do professor
em sala de aula e pela consulta a livros impressos em papel, disponíveis em
bibliotecas de escolas e universidades, hoje circulam nas redes de computadores
54
por toda a parte. Nesse cenário a instituição de ensino superior assumiu um
importante papel de orientar e conduzir o aprendizado do futuro profissional, dando a
ele, entre outras, habilidades e competências para conviver e solucionar problemas
do cotidiano, por meio da sua inclusão digital e social.
De acordo com Bernini et al. (2009), alunos e professores recebem, no seu
dia-a-dia, informações que não provém dos meios acadêmicos, mas que circulam
nas mídias e nas redes de computadores, sendo acessadas principalmente pela
Internet. Esse fato altera o perfil das pessoas envolvidas na educação e tornam as
informações mais atualizadas. Questões como essas e de como utilizar as TIC em
ambientes de aprendizagem, trazem reflexões entre os profissionais da educação e,
exigem um cuidadoso planejamento para que as informações errôneas não se
tornem verdades acadêmicas, ou para que os recursos de comunicação não sejam
subutilizados como ferramentas na mera exibição da informação, por meio de “aulas
espetáculos” de transmissão de conteúdo. Não basta a instituição de ensino equipar
o seu espaço com os mais modernos recursos tecnológicos se não houver mudança
na prática pedagógica. O uso de tais recursos, por si só, representa apenas uma
mudança de tecnologia para a exibição de um mesmo conteúdo, porém de maneira
mais elucidativa.
Perrenoud (2000) aponta que, devido ao rápido desenvolvimento das TIC, os
alunos mostram-se cada vez mais conectados por meio dos recursos da informática
e, apresentam mudanças nos modos de comunicação, nas formas de trabalhar, de
decidir e até mesmo de refletir sobre os assuntos. A instituição de ensino superior
deve dar o apoio midiático necessário aos professores e aos alunos para que
possam explorar os conteúdos pedagógicos de diversas maneiras, além da
tradicional, possibilitando uma atuação mais participativa e colaborativa no
aprendizado.
Moran (2005) também aponta que os rápidos avanços da tecnologia,
principalmente para os aparelhos móveis, afetam profundamente a educação, porém
esta se transforma lentamente e continua presa a lugares e tempos determinados,
como às escolas, às salas de aula, ao calendário escolar, etc. É necessário manter a
motivação nos alunos para eles que possam se envolver em processos
participativos e afetivos. Esse autor ainda ressalta que os avanços tecnológicos nas
escolas ocorrem de maneira mais intensa na gestão escolar e menos intensa no
processo de aprendizagem. Entretanto, há forte pressão para mudanças na
55
educação e as empresas buscam maior agilidade, flexibilização e rapidez na oferta
de educação continuada pelas universidades (MORAN, 2005).
Para ministrar as aulas teóricas, o professor deve estar atento às
possibilidades geradas pelo uso da Internet, na obtenção ou construção do
conhecimento. De acordo com Perrenoud (2000, p. 129), Passa-se de um universo documental limitado [...] a um universo sem verdadeiros limites, a do hipertexto. [...] Quando o computador está conectado em rede, a relação de hipertexto se amplia para escala mundial.
Assim, é possível que o professor leve aos alunos as referências e os
documentos importantes, utilizando os demais recursos além do textual, para
envolvê-los na produção de conhecimentos.
Também é possível, por exemplo, disponibilizar recursos para que os alunos
tenham contato com um conteúdo previamente ao ingresso na sala de aula, e que
eles explorem outras formas de aprender, discutir ou levantar questionamentos mais
complexos com o professor. Deixa-se de receber passivamente as informações
apenas no momento da sala de aula, para atuar ativamente no processo de
aprendizagem. Cabe à instituição de ensino promover a infraestrutura tecnológica
necessária, com a adequação das salas de aulas e dos equipamentos que atendam
a esta realidade, bem como a formação contínua de docentes, que estejam aptos a
trabalharem com os diversos recursos.
Bernini et al. (2009) concordam que o papel do professor tem que ser alterado
com uso das TIC na educação, saindo do pedestal de detentor de conhecimentos e
transmissor de informações, para orientador de estudos e participante no processo
de construção do saber:
A expressão ensino-aprendizagem passa a ter nova conotação, antes se entendia: “alguém ensina para alguém aprender”, hoje se entende: “alguém organiza atividades e orienta para que alguém interaja com as informações”. Estas mudanças nas práxis podem acontecer por vários motivos, um dos quais é a inserção de novos meios como auxiliares na educação (Bernini et al., 2009, não paginado).
As TIC já estão enraizadas na sociedade de tal maneira que é possível
perceber o seu reflexo na educação, mesmo que seja de maneira indireta ou não
oficial. As conexões via Internet possibilitam uma troca de relações síncronas e
56
assíncronas para além do espaço e do tempo de uma sala de aula. Criam-se grupos
virtuais para a troca de informações e o auxílio mútuo no desenvolvimento das
atividades. Tais grupos podem ser formados apenas por alunos ou podem contar
com a participação do professor/tutor. Ressalta-se que, na ausência do
professor/tutor podem ocorrer desvios no aprendizado, pois há muitas informações
disponíveis nas mídias e os alunos podem não discernir quais delas estão corretas.
Stravos Xanthopoylos (apud PIRES, 2015), destaca que o aluno de ensino a
distância tende a ser mais disciplinado, flexível, com maior aperfeiçoamento na
leitura e escrita, pelo fato de ler e escrever mais. Xanthopoylos ainda afirma que, em
alguns países europeus, as empresas dão prioridade para profissionais que tiveram
a sua formação a distância, pois geralmente apresentam as características de:
flexibilidade, disciplina, domínio no uso das ferramentas tecnológicas, melhor
capacidade de escrever e de interpretar textos.
Atualmente, a metodologia de ensino a distância ocorre de três maneiras:
MOOC, OCW e os cursos regulares. O MOOC significa curso aberto pela Internet
para grande massa (do inglês, Massive Open Online Course) e constitui uma
possível ruptura na educação superior em termos de ensino e aprendizagem on-line.
Suas características essenciais são: cursos abertos em que podem participar os
estudantes não registrados regularmente na instituição promotora, e são apropriados
para atender um crescimento exponencial de matrículas, podendo chegar a
centenas de milhares de estudantes participando em cada oferta de curso
(INAMORATO; MOTA, 2012). De outro lado, o OCW (do inglês, Open Course Ware)
é um termo aplicado aos conteúdos gerados pelas universidades e compartilhados
livremente para todos pela Internet, sendo acessado por professores, alunos e
autodidatas. Em terceiro, têm-se os cursos regulares a distância que devem ter o
seu registro junto ao órgão competente (no caso brasileiro, o MEC) e oferecer
conteúdo similar a um curso presencial, utilizando-se de recursos tecnológicos de
informação e comunicação para vencer as barreiras de tempo e espaço.
1.5.1 Ensino híbrido, ensino on-line e semipresencial
O uso dos recursos informatizados no ensino tem propiciado diferente relação
de frequência dos alunos na instituição de ensino. Além das particularidades de
cada curso ofertado, as legislações vigentes apresentam exigências diversas para
57
os diferentes níveis de cursos superiores, sejam de graduação ou pós-graduação.
Atualmente são consideradas três metodologias de ensino que se apoiam no uso
das tecnologias: híbrido, semipresencial e a distância.
Ensino híbrido
O ensino híbrido (do inglês, blended learning)11 é um método de ensino que
combina o aprendizado on-line e off-line, em que o aluno ora estuda sozinho de
maneira virtual, ora estuda com os seus colegas e professor/tutor em encontros
presenciais (RIBEIRO, ZENTI, 2014). Nesse método, valoriza-se a interação entre
os pares e entre o professor/tutor.
Nos encontros presenciais geralmente não se utiliza tecnologia, pois o
professor ou tutor deve planejar atividades que promovam as interações
interpessoais. Para isto, deve-se propor atividades que envolvam toda a turma, ou a
sua divisão em grupos menores, para a realização de projetos.
No ensino on-line, os recursos digitais possibilitam que o aluno tenha o
controle sobre como e onde estudar. Destaca-se que o uso de dispositivos móveis,
como tablets e celulares, amplia as possibilidades de onde pode ser acessado o
conteúdo de estudo. O objetivo desta medotodologia é aproveitar de maneira
complementar as potencialidades dos diferentes momentos (presencial e on-line)
para se promover um ensino mais personalizado, interessante e eficiente.
Ensino on-line
O ensino on-line12, reconhecido como ensino a distância, é um método em
que o aluno desenvolve o aprendizado em plataformas virtuais. No Brasil, apesar
das atividades ocorrerem prioritariamente de maneira virtual, a legislação exige
encontros presenciais para a realização de avaliações e algumas atividades,
conforme o tipo de curso.
O decreto Nº 5.622/2005 define que os cursos e programas a distância
deverão apresentar qual será o sistema de avaliação do estudante, prevendo
avaliações presenciais e avaliações a distância. É necessário descrever as 11 Vide glossário. 12 Vide glossário
58
atividades presenciais obrigatórias, "tais como estágios curriculares, defesa
presencial de trabalho de conclusão de curso e das atividades em laboratórios
científicos, bem como o sistema de controle de frequência dos estudantes nessas
atividades, quando for o caso" (BRASIL, 2005, p. 1). Para os cursos de pós-graduação a distância, o decreto 5.622 (BRASIL,
2005) define que, além de suas exigências, é necessário seguir os demais
dispositivos da legislação e a normatização pertinentes à educação em geral, quanto
aos exames presenciais e a apresentação presencial de trabalho de conclusão de
curso ou de monografia.
Ensino semipresencial
De acordo com a portaria N. 4.059/2004, temos que:
As instituições de ensino superior poderão introduzir, na organização
pedagógica e curricular de seus cursos superiores reconhecidos, a
oferta de disciplinas integrantes do currículo que utilizem modalidade
semipresencial (BRASIL, 2004, p. 34).
Entende-se por modalidade como a metodologia do ensino semipresencial13,
caracterizado como uma atividade de autoaprendizagem, em que quaisquer
atividades didáticas, módulos ou unidades de ensino-aprendizagem utilizam a
mediação de recursos didáticos organizados em diferentes suportes de informação,
que utilizem tecnologias de comunicação remota. As disciplinas oferecidas nesta
modalidade, integral ou parcialmente, não deverão ultrapassar 20 % (vinte por
cento) da carga horária total do curso. As avaliações e as atividades de tutoria
deverão ocorrer presencialmente (BRASIL, 2004).
De acordo com Alves (2007), o percentual de 20% é aleatório e seria
importante permitir a variação de percentuais conforme a capacidade operacional e
os projetos pedagógicos das instituições e de cada curso, seja de graduação ou de
pós-graduação. Também a obrigatoriedade de comparecimento do aluno à
instituição, para avaliação e defesa de trabalhos de conclusões de cursos, poderia
ser flexibilizado conforme as condições específicas de cada curso e/ou perfil de 13 Vide glossário.
59
aluno, ou até mesmo suprimido visto que, atualmente, as tecnologias já possuem
mecanismos seguros que permitem a aferição, pela Internet, da identidade do aluno.
Nas três metodologias acima citadas observa-se que atualmente são
mantidas as exigências de frequência, com maior ou menor intensidade, dos alunos
na instituição. É possível inferir que as diferentes relações dos alunos com a
instituição física podem impactar na circulação das pessoas na cidade, visto que
grande parte dos deslocamentos diários se deve aos motivos de educação, como
por exemplo na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), em que a educação
representa 35% das viagens, ocupando o segundo motivo de deslocamento, após
44% dos deslocamentos por motivo de trabalho (METRO, 2008). A consequência
prática desta mudança seria a melhora significativa dos graves problemas de trânsito
que sofrem as grandes cidades, além de menor necessidade de investimentos em
mobilidade no futuro.
Os avanços das tecnologias da informação e comunicação, além da
regulamentação do ensino a distância no Brasil, no início do século XXI, dão nova
configuração e maior credibilidade para esta metodologia de ensino. Nesse cenário,
a instituição de ensino superior assume um importante papel de orientar e conduzir o
aprendizado do futuro profissional, dando a ele habilidades e competências para
conviver e solucionar problemas do cotidiano, por meio da sua inclusão digital e
social.
De acordo com Moran (2005), a apropriação das tecnologias pelas
instituições de ensino passa por três etapas. Na primeira, elas são adotadas para se
reduzir os custos, melhorar o desempenho e a gestão dos cursos, com a
automatização dos processos. Na segunda etapa, as tecnologias são inseridas no
projeto educacional, com o desenvolvimento de projetos e atividades em laboratórios
de informática, mas sem a alteração na estrutura das aulas, das disciplinas e dos
horários. Na terceira etapa, com o avanço na integração das tecnologias e o
amadurecimento para a sua implantação, as instituições repensam o projeto
pedagógico, o plano estratégico, e introduzem mudanças como a flexibilização
parcial do currículo, que combinam atividades a distância com presencial.
De uma maneira geral, e na sociedade acadêmica contemporânea, é
necessário atentar às antigas formas de ensinar e a sua relevância no contexto
atual. Para evoluir neste processo, é necessário o entendimento para a adaptação
de programas previstos às necessidades dos alunos, criando-se conexões com o
60
cotidiano. Ensinar e aprender exigem hoje muito mais flexibilidade espaço temporal,
pessoal e de grupo, menos conteúdos fixos e processos mais abertos de pesquisa e
de comunicação.
1.5.2 Vantagens do esino a distância
Simpson (2013) destaca quatro fatores que devem ser considerados em uma
análise sobre o ensino a distância: custo, sustentabilidade, acesso e retenção. Com
relação aos custos, este autor afirma que o ensino a distância parece ser muito
promissor, visto que essa metodologia de ensino é menos dispendiosa do que a
educação tradicional, tanto para o governo, quanto para as instituições e para os
alunos. Para o governo, destaca-se que a falta de necessidade de se construir
instalações caras para abrigar os alunos ou o não comprometimento de um grande
número de funcionários, para dar apoio aos cursos, representa grande ganho
financeiro. O fato de muitos alunos de cursos a distância continuarem trabalhando
enquanto estudam contribui muito com a economia, tanto em termos de PIB (produto
interno bruto), quanto em termos de imposto de renda (SIMPSON, 2013). Também
deve-se destacar a imediata incorporação do conhecimento à produção.
As instituições de ensino que já oferecem curso presencial, terão custo
adicional relativamente pequeno para implementação de um curso a distância, de
modo que o modelo presencial subsidia o modelo a distância. Para as instituições
que oferecem os cursos exclusivamente a distância, os custos são mais baixos
devido a reduzida necessidade de manter a infraestrutura presencial para os alunos
(SIMPSON, 2013).
Para os alunos, além do valor das mensalidades de um curso a distância ser
geralmente menor, é mais fácil conciliar o estudo com o trabalho. Simpson (2013)
aponta que, no caso da Open University, na Inglaterra, a estimativa é que o custo de
uma graduação a distância seja apenas um quinto de uma graduação presencial.
Além disto, o retorno do investimento educacional é muito maior, considerando-se a
renda obtida como resultado de uma formação superior em relação ao investimento
aplicado na obtenção do título. Em contraposição, devido ao alto índice de
desistência no curso a distância, avalia-se que o risco de o aluno perder seu
investimento, por não prosseguir o curso, é maior. Porém, a melhoria educacional e
pedagógica destes cursos deve diminuir o insucesso.
61
É possível também relacionar a educação a distância com a sustentabilidade
ambiental, visto que "educação é uma atividade que precisa de energia, tão
suscetível à necessidade de redução do processo de aquecimento global quanto
qualquer outra indústria" (SIMPSON, 2013, p.457). Este autor afirma que foram
feitas tentativas de estudos que pudessem estimar o consumo relativo de energia e
a produção de CO2, comparando-se o modelo de ensino presencial, com o modelo
de ensino a distância. Apesar de não ser possível identificar o processo que levou
aos resultados divulgados por Simpson, verifica-se que tanto a produção de CO2,
quanto o uso de energia no ensino a distância é menor que 20% do que é utilizado
no ensino presencial, ou seja, mais do que cinco vezes menor. Isto se deve ao fato
de que os alunos de ensino a distância estudam predominantemente em casa e não
dispendem energia substancial. A energia necessária para a manutenção dos
computadores e Internet representa economia frente a produção gráfica e a
postagem de materiais físicos aos alunos e vice-versa (SIMPSON, 2013). Além
disso, como consequência do ensino a distância, há diminuição de frequência do
aluno na instituição que promove melhorias na mobilidade urbana, visto que a
educação é um dos maiores motivos de deslocamento nas grandes cidades. O mais
importante é a enorme economia de energia representada pela supressão de
viagens, geralmente por automóveis, para o acesso às escolas presenciais. Também
são muito importantes a economia de tempo e a melhoria de qualidade de vida, na
medida que o aluno estuda em casa, onde consome as refeições e descansa.
Outro fator apontado por Simpson (2013) é a grande oportunidade que a
metodologia a distância proporciona, com relação ao acesso ao ensino, para uma
parcela populacional não atingida pelo ensino presencial. Destacam-se nesta
parcela os seguintes perfis de alunos: os que moram em cidades distantes, onde
não há instituições para todos os níveis de ensino; os que apresentam dificuldades
para estudar em tempo integral; os que possuem dificuldades físicas para a
mobilidade; os de baixo poder aquisitivo e as mulheres. No EAD todos são
favorecidos por estudar em local e horário flexíveis. Hoje a grande limitação de
acesso se dá para aqueles que não possuem computador e/ou possibilidade de se
conectar à Internet por meio da banda larga. Com o grande desenvolvimento dos
smartphones estima-se que no Brasil, onde foi registrado 275,89 milhões de linhas
ativas na telefonia móvel – o que representa 1,34 acessos por habitante em 2015
62
(ANATEL, 2015) –, mais pessoas acessem a Internet por meio dos dispositivos
móveis do que por computadores.
O último fator que Simpson (2013) relaciona ao EAD é a retenção do aluno,
como medida importante para conter a evasão no ensino. Destaca-se que a
facilidade de acesso e o custo, apontados acima, são fatores importantes para que o
aluno possa se manter nos estudos. Também, o potencial de melhoria na qualidade
técnica do EAD, possibilitado pelos avanços tecnológicos, devem aproximar esta
metodologia ao ensino presencial. Considerando os dados do Censo EAD.BR:
Relatório analítico da aprendizagem a distância no Brasil, apresentado pela ABED –
Associação Brasileira de Educação a Distância, a evasão é o maior obstáculo
enfrentado pelas instituições de ensino. Em 2014, a taxa média de evasão foi de
25% nas diferentes modalidades de EAD e as instituições apontaram como maiores
causas para a evasão: a falta de tempo para estudo e participação nos cursos, a
falta de adaptação à metodologia de ensino e, o acumulo de atividades do trabalho
(ABED, 2015).
Acredita-se que o grande potencial do EAD depende da sua melhoria de
qualidade técnica e a adoção de tecnologias mais sincrônicas, que aproximem esta
metodologia ao ensino presencial. As diversas ferramentas do EAD, possibilitadas
pelo uso das tecnologias da informação e comunicação, devem permitir maior
personalização do ensino e a superação das dificuldades no acesso e
acompanhamento dos cursos. Destaca-se que para as gerações mais velhas as
novas tecnologias apresentam-se como barreiras que dificultam a adaptação à esta
metodologia de ensino. Já para os nativos digitais, habituados ao uso das
tecnologias em seu cotidiano, o processo de adaptação é mais imediato.
1.6 EDUCAÇÃO E CIBERESPAÇO
Segundo Lévy, o neologismo cibercultura14 abrange um conjunto de técnicas
materiais e intelectuais, que se desenvolve com o ciberespaço15, considerado como
"o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos
computadores" (LÉVY, 1999, p. 17). A assimilação da nova forma de relações,
possibilitada pelo ciberespaço, deve ocorrer com o desenvolvimento simultâneo da
14 Vide glossário. 15 Vide glossário.
63
sociedade, da cultura e da técnica. A velocidade de transformação que caracteriza a
cibercultura, explica a sensação de impacto, de exterioridade e de estranheza que a
cerca e, faz com ela seja vista como algo ameaçador. Porém o impacto das
mudanças é positivo para a sociedade, quando apropriadamente utilizado.
As implicações culturais do desenvolvimento do ciberespaço geram nova
forma de universalidade e de movimento social, criando reformas e revoluções
educacionais, com novas ferramentas educativas, transformando a maneira de
aprendizado. Novas construções de linguagem são apresentadas ao homem por
meio de diferentes mídias incorporadas no ciberespaço (televisão, rádio, jornais,
Internet, etc), com novas interfaces entre o homem e as máquinas: computador,
tablet, smartphone, etc.
De forma mais específica, o impacto da cibercultura na sociedade se reflete
na concepção de educação condicionada pelos seguintes fatores: a) a velocidade de
mudança do conhecimento faz com que a formação se torne obsoleta no decorrer da
carreira; b) o trabalho atual exige aprender e produzir conhecimentos; c) as novas
tecnologias alteram funções, como: a memória, a percepção e o raciocínio; d) o
aprendizado deixa de ser planejado com antecedência e rigidez (LÉVY,1999).
Diante desse cenário, Lévy (1999) aponta que são necessárias duas grandes
reformas na educação. A primeira é a incorporação das ferramentas tecnológicas e
dos dispositivos da EAD no cotidiano, que explore as hipermídias, as redes de
comunicação interativa e todas as tecnologias intelectuais da cibercultura. Isto deve
favorecer a personalização e a aprendizagem coletiva em rede ao mesmo tempo e,
o professor passa a ser um incentivador da inteligência coletiva e não um fornecedor
direto de conhecimentos. A segunda reforma é o respeito ao reconhecimento das
experiências adquiridas, onde as universidades deveriam contribuir para o incentivo
de uma nova economia do conhecimento, em que as ferramentas do ciberespaço
possibilitam a transação entre a oferta e a procura de competência. Nisto, o
conhecimento deixa de ser privativo das instituições educacionais. O papel das
universidades do futuro será incitar a nova economia do conhecimento.
1.6.1 Cibercultura e fluidez
Em pleno século XXI, a sociedade está em constante transformação devido
ao dinamismo provocado pelos fenômenos da globalização e das tecnologias da
64
informação e comunicação. Isto tem refletido diretamente nas relações sociais e
possibilitado uma acentuada interação entre as pessoas, o que proporciona rápidas
mudanças na utilização do espaço e, consequentemente, na arquitetura e no
desenvolvimento das cidades. Na busca por um conceito que represente esse
dinamismo, atenta-se que os termos "fluidez" e "cibercultura" tem se tornado cada
vez mais emergentes e são apropriados por autores contemporâneos para analisar
as novas relações sociais que surgem com o advento da tecnologia e que, por sua
vez, promovem modificações nas relações estabelecidas com os espaços físicos da
cidade. A rápida velocidade com que essas transformações vêm ocorrendo,
apontam para a emergência do que é mutável, permeável, transitório, moldável,
entre outras características.
Inicialmente, para compreender a questão da fluidez, avalia-se que "fluido" é
um adjetivo adotado para caracterizar os estados físicos de gases e líquidos, quanto
a sua possibilidade de se deformar facilmente quando recebem qualquer força ou
pressão externa. Esse termo é apropriado pelo sociólogo polonês, Zygmunt
Bauman, que em sua obra Modernidade Líquida (BAUMAN, 2000), expõe a fluidez
por meio da metáfora entre os estados físicos, sólidos e líquidos, relacionando-os
aos atuais fenômenos da cidade, da sociedade e suas respectivas comunidades. Os
fluidos não possuem formas definidas, eles são moldados pelo espaço que ocupam
em um período e logo se esvaem, se transformam em outra forma. Por tais
características, o autor faz uma associação dos fluidos com a ideia de leveza, de
ausência de peso, à mobilidade e à inconstância, que são relacionadas à presente
fase na história da humanidade.
Associando os fluidos com a relação entre espaço e tempo, Bauman (2000)
avalia que os sólidos têm dimensões espaciais definidas, que resistem ou tornam
irrelevante a questão do tempo. Os líquidos, ao contrário, não se mantêm em uma
forma por longo período e estão propensos a mudá-la a qualquer instante. Sendo
assim, o tempo passa a ser mais relevante para o fluido do que o espaço que ele
ocupa por um determinado momento. Para Bauman, é da separação entre esses
dois elementos, como duas categorias distintas e independentes da estratégia e da
ação, que surge a transformação da modernidade.
Sob esta visão, a modernidade é uma era em que os sólidos – considerados
como os costumes, as grandes instituições como a família e a religião, as antigas
relações sociais e de trabalho e, as ordens econômicas – são diluídos para dotar a
65
sociedade atual com grande mobilidade, sem limites, controles e fronteiras
geográficas. Este conceito é bem expresso por:
Trata-se [...] de um processo de descorporificação e desterritorialização, no qual o tempo adquire instantaneidade e urgência, e os espaços de trabalho e de relações pessoais perdem o imperativo da proximidade física, multiplicando-se e interagindo-se em distintos lugares físicos. Ocorreria, desse modo, um processo de “virtualização” da vida cotidiana nos diferentes ambientes de interação humana, sejam os direcionados ao trabalho, a moradia ou ao puro convívio social (ROCHA JÚNIOR, 2014, p. 21).
Considerando-se a aceleração do movimento e o acesso aos meios mais
rápidos de mobilidade, observa-se uma mudança nas ferramentas de poder e de
dominação, que podem mover-se na velocidade do sinal eletrônico, o que
representa a quase instantaneidade (BAUMAN, 2000). Isto corresponde, na era
moderna, às rápidas mudanças na sociedade, em que tudo é efêmero e está em
constante transformação, tornando-se leve e disforme como o líquido.
Estas mudanças na sociedade vão refletir na área da educação, gerando a
necessidade de constante atualização e renovação de valores que não se justificam
mais. O professor recitando uma aula, apoiado em um quadro negro, para alunos
que estão desconexos com aquele contexto, faz do aprendizado algo
desinteressante e improdutivo. O aluno, com posse de um dispositivo móvel nas
mãos, pode estar mais atento e conectado aos seus interesses e relações pessoais,
do que ao conteúdo que o professor tenta apresentar. Assim, é preciso pensar o
ensino com bases renovadas, inseridas dentro do contexto atual, com conteúdos e
didática que estimulem o aprendizado de maneira efetiva. Isto pode exigir novas
configurações de espaços para o ensino, bem como uma infraestrutura e um suporte
tecnológico adequados a nova dinâmica, necessitando de reformulações nos
espaços das instituições de ensino. Ainda, é preciso ter um ambiente educacional
flexível, que se adeque às futuras mudanças.
De acordo com Lévy, devido ao seu crescimento explosivo e caótico, as
telecomunicações geram um dilúvio de informações, que se multiplicam de maneira
vertiginosa por meio dos links nos bancos de dados, nos hipertextos e nas redes. As
telecomunicações também possibilitam o "contato amigável, as transações
contratuais, as transmissões de saber, trocas de conhecimentos e descoberta
pacifica das diferenças" (LÉVY, 1999, p. 14). Na era da cibercultura as práticas, as
66
atitudes, o modo de pensamento e os valores se desenvolvem juntamente com o
crescimento do ciberespaço, que é o universo oceânico de informações no qual os
seres humanos navegam e, o ao mesmo tempo, o alimentam. Assim, as rápidas
transformações que ocorrem no ciberespaço, vão impactar em mudanças na
sociedade.
1.6.2 Nova Economia
Os investimentos na descoberta, na fabricação e na difusão das tecnologias
da informação e comunicação têm sido cada vez maiores para o atendimento da
demanda capitalista e, geram mudanças marcantes nas relações sociais, culturais,
políticas e econômicas da sociedade contemporânea, que se conecta por meio de
grandes redes. Apesar de terem sido criadas no contexto capitalista, as tecnologias
podem trazer modificações a esse sistema, como ocorre com a revolução que
vivencia-se atualmente, em que elas tornaram-se parte da condição humana e estão
presentes nas diferentes instâncias sociais, incluindo a educação, em que são
atendidos os mais diversos grupos. Por meio das tecnologias digitais é possível
superar e transformar os modos de processo, de produção e de socialização dos
conhecimentos, pois as informações podem ser manipuladas de maneira muito
rápida e flexível, envolvendo as diversas áreas do conhecimento.
O capitalismo é por necessidade tecnologicamente dinâmico, devido às leis
coercitivas da competição e das condições de luta de classes endêmicas (HARVEY,
2012). Como resultado da inovação contínua, há a desvalorização ou destruição de
valores do passado, como garantia da circulação do capital. Em contraposição, a
inovação exacerbada gera instabilidade e insegurança que podem provocar crise no
capitalismo. Na educação, a velocidade das transformações e das disseminações
das informações ocorre de maneira muito acelerada com o uso das tecnologias,
podendo levar a uma crise no ensino devido ao descompasso entre o ensino e a
necessidade da aprendizagem.
Atualmente, a rápida disseminação da informação, por meio da codificação
digital utilizada nos processos de comunicação, produziu modificações profundas
nos conceitos de tempo e espaço. O espaço não tem mais como única referência a
distância geográfica e, a percepção do tempo não está subordinada apenas ao fuso
horário. Como consequência, a comunicação é facilitada, resultando na ampliação
67
do campo das comunicações, com relações síncronas e assíncronas.
A organização industrial do tempo compensou insensivelmente o esvaziamento dos territórios rurais. No final do século XX o espaço urbano perde sua realidade geopolítica para os sistemas instantâneo de deportação. [...] A extensão física mais vasta se contrai, se concentra. Na interface da tela tudo já se encontra lá, tudo se mostra na imediatez de uma transmissão instantânea. Se o espaço é aquilo que impede que tudo esteja no mesmo lugar, o confinamento possibilitado pela transmissão via satélite possibilita que tudo retorne a este "lugar", a esta localização sem localização...o esgotamento do relevo natural e das distâncias de tempo achata toda a localização e posição (VIRILIO, 1999, p. 12 e 13).
A representação da cidade contemporânea relaciona-se com um espaço-
tempo tecnológico. A telemática sucede com a imaterialidade de suas redes, cujas
tramas não são do espaço construído, mas da interface homem e máquina. De
acordo com McLuhan (1974), com o advento da luz elétrica se alterou a relação de
tempo e possibilitou-se a ocorrência de atividades independentes do período, do dia
ou da noite, e do local, interno ou externo. Os meios, como extensões dos sentidos
humanos, estabelecem novas relações entre os sentidos particulares e entre si, na
medida em que se inter-relacionam. Assim, o meio, geralmente tido como o canal de
transmissão da mensagem, é um elemento determinante do próprio conteúdo da
comunicação. Na cultura eletrônica, a instantaneidade e possibilidade de utilização
dos vários sentidos faz apelo à percepção global dos dados, à simultaneidade
sensorial e à integração intelectual.
No final do século XX, o espaço urbano perde sua realidade geopolítica para
os sistemas eletrônicos instantâneos. De forma idealizada o ciberespaço tende a
universalidade e a sistematicidade, com a mídia levando à interconexão geral das
informações, das máquinas e dos homens. A cibercultura constrói o laço social, que
não é fundado nem sobre os links territoriais, as relações institucionais e de poder,
mas sim sobre os processos abertos de colaboração, com a relação humana não
territorial, transversal e livre (LÉVY, 1999).
Com a evolução da Internet ocorreram mudanças na manipulação dos dados,
informações e conhecimentos. Na geração da Web 1.0, estes elementos eram
transmitidos apenas em um sentido – de um para um ou de um para todos – sem a
interação e colaboração de seus usuários. Já na geração atual da Web 2.0 prioriza-
se a comunicação entre todos e todos, em ambos os sentidos. Isso representa uma
68
grande mudança na transmissão e formulação de conteúdo de informação e
comunicação, que não é mais considerado como um produto acabado, mas como
matéria-prima que pode ser usada e retrabalhada de acordo com o interesse de
cada um, num todo intertextual (VOIGT, 2007). Desta forma, a Web 2.0 aumentou a
possibilidade de sociabilização e de expressão por meio das ferramentas de
comunicação mediadas pelo computador. Há maior aproveitamento da inteligência
coletiva, com a interação entre os usuários que podem, além de acessar os
conteúdos, ajudar a criar, a compartilhar e a organizar as informações disponíveis
nas redes (ROZESTRATEN et al., 2010). Assim, o produto final de um determinado
assunto pode ser construído por meio da troca de conhecimentos e de informações
entre emissores e receptores. Esses avanços tecnológicos, que se disseminam
rapidamente na sociedade, estendem-se para o processo de educação e exigem a
necessidade de flexibilidade dos recursos oferecidos pelas instituições de ensino
superior, que se veem em um mercado cada vez mais competitivo e em expansão.
Nas Universidades, o uso das TIC permite ampliar os limites de sua atuação,
superando as dificuldades de natureza espacial e temporal. As comunidades
universitárias podem, por meio das redes, se limitarem ao ambiente interno ou se
expandirem para o meio externo, projetando a instituição para comunidades
próximas ou distantes. Para isto, é necessário um processo de mudança, de maneira
que a instituição possa conduzi-lo de forma autônoma, com a clareza quanto às
possibilidades, de acordo com os limites das tecnologias, tendo-se em conta as
circunstâncias em que elas são utilizadas e, também as competências necessárias
para a sua utilização eficiente.
A luta pela manutenção da lucratividade faz com que os capitalistas explorem
todos os tipos de novas possibilidades, sendo necessário criar novas necessidades
nos outros em que o resultado é a exacerbação da insegurança e da instabilidade
(HARVEY, 2012). No ensino, as tecnologias devem se apresentar como atrativas
para os alunos, com inovações no conteúdo e na maneira de acessá-los. As
instituições investidoras no ensino a distância devem avaliar as perspectivas e
tendências tecnológicas para o ensino, na busca de não apresentarem soluções que
já estejam entrando em desuso. Desta forma, não é possível prever um curso em
EAD com muita antecedência, pois a velocidade das transformações pode tornar os
recursos e, até mesmo o conteúdo, obsoletos em pouco tempo.
Com a criação de novos desejos e necessidades pode surgir novas
69
possibilidades culturais e uma mudança nas relações de trabalho, com fluência de
função e mobilidade do trabalhador. Com isto, o trabalhador fragmentado pode ser
substituído pelo: Indivíduo plenamente desenvolvido, apto para uma variedade de trabalhos, pronto para enfrentar qualquer mudança da produção e para quem as diferentes funções realizadas são modalidades que dão livre curso aos seus próprios poderes naturais adquiridos (MARX, 1967 apud HARVEY, 2012, p. 105).
Com a redução das barreiras espaciais e a formação de um mercado global, é
possível ter acesso aos produtos diversificados de diferentes climas e regiões, além
do contato com pessoas de diversas regiões da Terra. Para Harvey (2012), a queda
de barreiras espaciais não implica o decréscimo da significação do espaço. Ao
contrário, há evidências de que o capitalismo sabe identificar as diferenciações
espaciais para poder explorá-las. Segundo o autor, “[...] com a redução das barreiras
espaciais, aumenta muito mais a nossa sensibilidade ao que os espaços do mundo
contêm” (HARVEY, 2012, p. 265).
As novas formas de aprendizagem de cursos a distância, viabilizadas pela
Internet, devem permitir a superação das deficiências atuais no ensino,
especialmente no nível superior. De acordo com Harvey (2012), a relação entre o
ensino superior privado e o mercado funciona como a produção just in time do
capitalismo contemporâneo, com o deslocamento da esfera da produção para a de
consumo. Com as invenções tecnológicas numa sociedade, criam-se novos desejos
e necessidades que levam ao surgimento de novas possibilidades culturais e
mudanças nas relações de trabalho, em que o trabalhador pode ter alterações de
função e mobilidade na carreira.
Atualmente ocorrem profundas mudanças nas relações de trabalho. De forma
crescente, o trabalho não é mais a execução repetitiva de uma tarefa atribuída, mas
uma atividade complexa voltada à resolução inventiva de problemas por meio da
coordenação de equipes e a gestão de relações humanas, com intercâmbio de
informações e conhecimentos. Para tanto há hipermídias, sistemas de simulação e
redes de aprendizagem cooperativa e, formação profissional integrados com a
produção. Assim, comparecem aprendizagens permanentes e personalizadas feitas
por meio da navegação, orientação e aprendizagens cooperativas, inteligência
coletiva em comunidades virtuais e gerenciamento dinâmico das competências em
70
tempo real (LÉVY, 1999). A inteligência coletiva permite o compartilhamento de
mundos virtuais de grande complexidade.
O ciberespaço tende a tornar-se a mais importante infraestrutura de
produção, transação e gerenciamento econômicos, principal equipamento coletivo
internacional da memória, pensamento e comunicação, com novos atores na
produção e tratamento do conhecimento, essencial para qualquer política de
educação. Apesar do seu grande crescimento não há descentralização dos grandes
centros urbanos, pois "o estudo das estatísticas mostra que as maiores densidades
de acesso ao ciberespaço e de uso das tecnologias digitais coincidem com os
principais núcleos mundiais de pesquisa científica, de atividade econômica e de
transações financeiras" (LÉVY, 1999, p. 185).
O crescimento do ciberespaço aumenta a capacidade de controle dos centros
de poder tradicional sobre as redes tecnológicas, econômicas e humanas cada vez
maiores e distantes. Ele também minimiza a separação física entre os interlocutores,
com uma nova forma de organização cooperativa da comunicação, que valoriza e
compartilha inteligência entre as comunidades conectadas simultaneamente.
Os trabalhadores que muito utilizam a informática permanecem hoje, onde
estiverem, em contato constante com seus escritórios, laboratórios, clientes e
empregadores. O ciberespaço, conexão dos computadores e dispositivos de
comunicação, é coletivo e interativo, social e técnico. É a participação em um
processo social de inteligência coletiva, uma nova forma de urbanismo ou de
arquitetura, não física.
1.6.3 Cibercultura e o lugar
Recorrendo-se ao dicionário adota-se o significado do termo lugar como uma
localização, um espaço ocupado ou que pode ser ocupado por um corpo
(FERREIRA, 2010). Assim, busca-se compreender o lugar do ensino a distância,
com o sentido do espaço ocupado para a realização de atividades presenciais
obrigatórias, de acordo com as suas necessidades dentro das instituições de ensino
e, o seu impacto para a cidade.
Associando o espaço de estudo ao espaço de trabalho, é possível fazer a
analogia com os pensamentos de Virilio (1999, p. 58), que afirma:
71
O novo "escritório" não é mais o cômodo à parte, este aparato arquitetural, tendo se tornado uma simples tela. O espaço reservado ao trabalho e ao estudo no apartamento burguês passou a ser o terminal de um escritório-visor em que aparecem instantaneamente os dados de uma tele-informação na qual as três dimensões do espaço são transferidas às duas dimensões de uma tela, ou , antes, de uma interface que não somente substitui o volume do antigo cômodo, com sua mobília, sua arrumação, seus documentos e plano de trabalho, mas que economiza também o deslocamento mais ou menos distante de seu ocupante. Esta transformação da qual o confinamento inercial do novo escritório tornou-se o polo de gravidade, centro nodal de nossa sociedade (tecnoburocratica), explica, se necessário, o atual remanejamento "pós-industrial".
Observa-se que o lugar para o aprendizado passa por grandes
transformações. Desde a instituição de ensino, que necessita de novas
configurações nas salas de aula, a fim de propiciar um ambiente de aprendizado
colaborativo, interativo e informatizado, alcançando o lugar de estudo do aluno a
distância, que pode ser em seu trabalho, em sua residência, num polo de apoio de
estudo ou qualquer outro lugar, tendo que as suas necessidades espaciais se
resumem a uma infraestrutura mínima, sendo a peça fundamental o aparato
eletrônico (computador, notebook, tablet ou smartphone), que lhe possibilita a
conexão com a Internet.
A demanda pela formação educacional cresce no mundo inteiro, tanto nas
universidades, quanto na formação profissional contínua. A forma tradicional de
ensino não é capaz de responder a esta situação, pois a escola como um recinto
confinado é incompatível com os meios de comunicação modernos, onde é
necessária a troca entre as experiências polivalentes. A velocidade das
transformações das práticas profissionais e dos conhecimentos teóricos alteram o
papel do professor, pois as informações são disseminadas por diversos recursos
midiáticos e o resultado das pesquisas exige novas reformulações.
Valenti (2015) afirma que, com o grande avanço no desenvolvimento de
conteúdos a partir da Internet, por meio dos recursos como o Netflix, o Google, o
YouTube, o Yahoo e outros, os modelos tradicionais de distribuição de conteúdo de
entretenimento, como a produção de uma série de televisão, estão passando por
mudanças bruscas.
Na aprendizagem cooperativa eletrônica há o ensino em grupo projetado para
o compartilhamento dos recursos computacionais e dos meios de comunicação do
72
hiperespaço, permitindo a discussão coletiva, a difusão de conhecimentos, a troca
de saberes, o acesso a tutores on-line, o acesso a base de dados, os
hiperdocumentos e as simulações. O hipertexto, constituído por nós e por links, torna
toda a leitura uma escrita potencial (LÉVY, 1999).
O professor torna-se um incentivador da inteligência coletiva dos grupos,
centrado no acompanhamento e na gestão das aprendizagens. A criação coletiva
distribuída, a aprendizagem cooperativa e a colaboração em rede oferecida pelo
ciberespaço orientam o funcionamento das instituições e a divisão do trabalho, tanto
nas empresas como nas escolas. A grande questão é a transição de uma educação
de formação estritamente institucionalizada para a troca de saberes, na educação
superior e na formação profissional. Nova é a questão entre campus universitário e
tele universidades com sistemas de aprendizagem interativos e cooperativos
acessíveis de qualquer ponto do território, representando uma infraestrutura material
e de custos de funcionamento nas escolas e nas universidades muito menor (LÉVY,
1999). A transição do ensino a distância é inevitável, pois um setor estratégico como
a educação não pode ficar defasado da sociedade da informação.
Finalmente, é importante inferir algumas transformações que a transição para
o ensino a distância pode gerar na organização dos espaços das escolas, tais como:
a) novas configurações das salas de aula; b) otimização da infraestrutura
institucional (maior uso do mesmo espaço em diferentes momentos); c) flexibilidade
de horário no uso da instituição; d) diferentes horários na circulação e menor
deslocamento de alunos.
1.6.4 Educação e Mobilidade
Como corolário sobre a utilização das tecnologias no ensino e o avanço no
uso do ciberespaço, acredita-se que os possíveis efeitos decorrentes do crescimento
da EAD possam influenciar a mobilidade na estrutura urbana. Compreende-se que
as questões de mobilidade urbana se tratam de assuntos mais amplos e que devem
ser aprofundados em estudos mais específicos, porém aqui destaca-se que o
impacto do uso das tecnologias da informação e comunicação no ensino podem
interferir na frequência e na utilização do espaço escolar e, desta forma, resultar em
uma nova dinâmica urbana, resultante da diminuição das viagens com objetivo de
educação.
73
De acordo com Matta (2002), desde os primórdios da civilização, as cidades
se consolidaram como centro de convivência da humanidade, onde ocorrem as
manifestações de interesse e das inter-relações coletivas, para as construções
sociais, as disputas e a observação da história comunitária.
De acordo com os dados da Organização das Nações Unidas (ONU, 2007),
metade da população mundial reside nas cidades, o que confirma o grande
crescimento da população urbana, a partir do século XX. Novas centralidades e
suburbanização foram formadas nas metrópoles contemporâneas, em contraposição
às cidades tradicionais, que possuíam uma estrutura monocêntrica, com polarização
e concentração das funções urbanas pelo núcleo central. As centralidades de uma
estrutura policêntrica, decorrentes da descentralização de empregos, de educação,
de moradias, de comércios e de outras funções, são resultantes das iniciativas
privadas, das políticas públicas, do desenvolvimento dos transportes e das
comunicações.
As cidades evoluem de acordo com as mudanças técnicas e sociais da
sociedade. A interferência das tecnologias da informação e comunicação ocorre na
reconfiguração dos espaços urbanos e das práticas sociais, regidos pelo tempo real
e imediato no mundo global. Novos estilos de vida e funções cada vez mais ligadas
às redes telemáticas, emergem numa maior velocidade.
Dentre as funções destinadas às cidades, como a administração econômica e
política, Matta (2002) destaca que, a reprodução e a produção do conhecimento
passou a ser um dos serviços e uma das funções mais importantes das cidades.
Isso contribuiu para o desenvolvimento das escolas e da educação presencial, pois
a posição de convivência e decisões só era tida como possível no meio urbano.
Apenas no final do século XX, com o surgimento da sociedade informatizada foi
possível construir um convívio em centros virtuais e ambientes eletrônicos, que
criaram comunidades trans-urbanas (MATTA, 2002). Nesse cenário, a EAD surge
como opção de formação, produção e reprodução de conhecimento trans-urbano,
atuando de maneira ativa no processo de transformação da sociedade atual.
Matta (2002) ressalta que, a emergência das tecnologias e técnicas de
comunicação estão possibilitando novas formas alternativas de construção e debate
social, capazes de gerar diferentes ambientes de construção social supraurbana e
supralocais, mesmo que continuem influentes em cada localidade. A sociedade em
rede consegue produzir o debate urbano necessário para a construção social, o que
74
torna possível a trans-urbanidade, "formada por comunidades compostas por
identidades não territoriais, que permitem o debate e as construções sociais em
outros níveis" (MATTA, 2002, p.3).
Com base na Pesquisa Origem e Destino, da Companhia Metropolitana de
São Paulo (METRO, 2008), verifica-se que em 2007 a educação foi o segundo
motivo de viagem na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), considerando-se
a seguinte ordem decrescente de importância: trabalho, 44%; educação, 35%;
outros motivos referentes a assuntos pessoais, 9%; lazer, 4%; saúde, 4% e
compras, 4% (Gráfico 1).
Gráfico 1 – Região Metropolitana de São Paulo: Total de
viagens diárias por motivo, 1997 e 2007.
Fonte: Pesquisa origem e destino 2007 (METRO, 2008, p.47).
Observa-se que a educação é o principal motivo para deslocamento a pé,
devido a pequena distância a ser percorrida, sendo que em 2007 representava 59%
do total de viagens a pé e em 1997, 61% (METRO, 2008).
Conforme a análise do Censo Demográfico 2010: Educação e Deslocamento
(IBGE, 2012), o conhecimento da intensidade de fluxos no deslocamento diário das
pessoas na cidade facilita a racionalização dos sistemas de transportes, para a
melhoria na qualidade de vida das populações, com a redução dos custos de
transporte e do tempo gasto nos deslocamentos, além da diminuição da poluição e
outros fatores. Na escala intermunicipal essa análise é fundamental para o
planejamento das grandes cidades.
Destaca-se que o deslocamento entre municípios, por motivo de estudo,
relaciona-se a distribuição desigual das unidades de ensino no Território Nacional e
às grandes concentrações urbanas, vizinhas das Regiões Metropolitanas. Conforme
expresso no Gráfico 2, com base nos dados do IBGE (2012), avalia-se que:
75
os cursos mais básicos tendem a ser realizados mais próximos do local de residência, pois apresentam uma maior capilaridade em sua distribuição no território, constituindo, inclusive, obrigação constitucional da esfera municipal. Além disso, a baixa idade de seus frequentadores torna menos prováveis deslocamentos mais longos. Assim, apenas 2,0% das pessoas que frequentavam creche e 2,1% das pessoas que cursavam o pré-escolar e classes de alfabetização o faziam em outro município. Por outro lado, tais percentuais eram bem mais elevados para os cursos superiores de graduação (29,2%) e para os cursos de especialização de nível superior, mestrado ou doutorado (32,6%), indicando maior raridade destes serviços no território e consequente necessidade de deslocamento para outros municípios para se ter acesso ao curso desejado (IBGE, 2012, p.82).
Gráfico 2 – Pessoas que frequentavam escola ou creche fora do município de residência em relação ao total de pessoas que frequentavam escola ou creche, segundo os cursos que frequentavam – Brasil, 2010.
Fonte: Censo Demográfico 2010 – Educação e Deslocamento (IBGE, 2012, p.82).
Para Stravos Xanthpoylos (apud PIRES, 2015), um dos principais atrativos
do curso a distância, principalmente no nível de pós-graduação, é a questão da
mobilidade. O perfil atual de estudante e trabalhador necessita de maior flexibilidade
para os estudos. Nos grandes centros urbanos, o deslocamento do trabalho para a
instituição de ensino pode representar em um grande fator de desmotivação para os
estudos, enquanto que o ensino a distância possibilita a flexibilidade necessária. O
aluno não precisa sair mais cedo do trabalho para conseguir chegar na instituição.
Ele pode estudar de qualquer lugar, até mesmo no seu local trabalho.
De acordo com a pesquisa da agência de comunicação empresarial Central
Press (MAIS, 2015), a mobilidade urbana é uma das grandes questões de discussão
nas grandes capitais de todo o Mundo. Nos maiores eventos sobre inovações, são
discutidas soluções que possam auxiliar na questão da mobilidade, sendo que
alguns especialistas, como o André Telles (apud MAIS, 2015), acreditam que a
76
economia colaborativa tende a mudar a realidade do trânsito nas grandes cidades.
Com a grande inserção dos recursos tecnológicos é possível compartilhar os meios
de transporte, como carros e bicicletas, além de inserir soluções inteligentes, como
sinais de trânsito que são sincronizados em tempo real, de acordo com o tráfego.
Assim, observa-se que a inserção da tecnologia comunicacional possibilita
alternativas que podem contribuir para o trânsito nos grandes centros urbanos,
desde o simples uso de aplicativos, que indicam rotas alternativas, até o uso
compartilhado de espaços, como os escritórios compartilhados (em inglês,
coworking) e os sistemas de transporte. Além disto, a agência Central Press afirma
que outras medidas estão sendo tomadas para contribuir com a melhoria da
mobilidade, como o incentivo às empresas em implantarem o horário de entrada e
de saída alternativos para os seus funcionários (MAIS, 2015).
Somado a tudo isto, instituições de ensino investem em tecnologias de ensino
a distância que possibilitam aos alunos reduzirem a sua frequência nas instituições
para cada 15 dias, como é o caso da Universidade Positivo, em Curitiba. De acordo
com Carlos Longo (apud MAIS, 2015), a previsão é que a maior implantação de
cursos a distância possa reduzir 6% do trânsito em horários de pico, ao redor desta
universidade. Isto representa uma redução de aproximandamente 10.000 carros em
circulação durante os 14 dias de aulas on-line.
Destaca-se que a interferência das tecnologias da informação e comunicação
na sociedade contemporânea devem atingir, de forma cada vez mais intensa, o
desenvolvimento das cidades. Os recursos informatizados podem trazer melhorias
para o espaço urbano, principalmente na mobilidade urbana, com o
compartilhamento de informações, possível em uma sociedade mais equipada e
consequentemente mais conectada, ativa e participativa. Atualmente, há uma clara
tendência pela Internet móvel, acessível por equipamentos como os smatphones.
A interferência das tecnologias impacta em mudanças no uso dos bens,
serviços e na mobilidade urbana, visto que a utilização do ciberespaço propicia o
compartilhamento de dados e informações que contribuem para a economia de
energia e a preservação dos recursos naturais. A mobilidade urbana, para tornar-se
sustentável, deve ser desregulamentada progressivamente de forma a potencializar
as tecnologias referidas, conjugando o privado, mantendo os interesses públicos, de
maneira a permitir melhores deslocamentos, com menores impactos ambientais.
78
2 DESENVOLVIMENTO E PERSPECTIVAS DO ENSINO SUPERIOR A DISTÂNCIA NO BRASIL
2.1 EXPANSÃO DO ENSINO A DISTÂNCIA NO BRASIL
Um dos principais fatores para a expansão do ensino a distância no Brasil,
nos últimos dez anos, foi a abertura da educação superior para a iniciativa privada.
De acordo com Sampaio (2011), esse fato está relacionado, dentre outras questões,
com um processo de transformação do ensino superior presente desde o final do
século XX, quando a Constituição Brasileira de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases
(LDB) de 1996, a fim de enfrentar a crise na demanda do ensino superior,
possibilitaram que as instituições privadas se transformassem em universidades,
conferindo a estas, maior autonomia (SAMPAIO, 2011).
Em análise ao Censo da Educação Superior 2014 (MEC/INEP, 2015),
elaborado pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), são apresentados os dados entre os
anos de 2004 a 2014, com a participação das instituições privadas, por meio do
número de matrículas. Em 2004, 29% dos alunos (1.214.317) estavam matriculados
em instituições públicas, enquanto 71% (3.009.027) estavam matriculados em
instituições privadas. Em 2014, 25% (1.961.002) estavam matriculados em
instituições públicas e 75% (5.867.011), em instituições privadas. Esses dados
apontam para a maior participação percentual das instituições privadas nos últimos
anos.
Os dados do Censo da Educação Superior 2014 (MEC/INEP, 2015) também
possibilitam avaliar que o aumento no número total de matrículas foi de 3.604.669 no
período de 10 anos, sendo que em 2004 haviam 4.223.344 matrículas e em 2014
esse número saltou para 7.828.013, o que representa um crescimento de 85%,
conforme apontado no Gráfico 3. Houve, em 10 anos, um crescimento forte das
matrículas no ensino superior, que foi acompanhado por uma discreta privatização.
Sampaio (2011) afirma que a abertura para as instituições privadas se
transformarem em universidades possibilitou a grande expansão destas. Verifica-se,
no Gráfico 3, que em 2014 a situação já estava consolidada. Destaca-se, ainda, que
o crescimento do número de matrículas entre os anos de 2013 e 2014 foi de 7,1%,
sendo 1,5% na rede pública e 9,2% na rede privada.
82
tempo, condições de estudo no local de trabalho, dificuldades financeiras e de
deslocamento até́ o local destinado aos encontros presenciais, falta de habilidade
para administrar o tempo de estudo, entre outros.
Tendo em consideração a dimensão geográfica do Brasil, que apresenta
grandes diversidades entre suas diferentes regiões, a região Sudeste é a mais
populosa e desenvolvida economicamente. Consequentemente, é a que detém a
maior quantidade de cursos de graduação do país 45,4% (MEC/INEP, 2014).
Destaca-se o estado de São Paulo que, em 2013, atingiu o maior número de
matrículas no total (1.643.925), sendo que apenas 15,8% destes alunos estão em
instituições públicas. Desta forma, o Censo do Ensino Superior 2013 (MEC/INEP,
2014) aponta que são mais de 1,38 milhões de estudantes em instituições privadas
só no Estado de São Paulo.
Deccacche (2015) relata, sobre a pesquisa realizada pelo Sindicato das
Entidades Mantenedoras de Ensino do Estado de São Paulo (SEMESP), que a
lentidão da burocracia para o processo de aprovação da abertura de cursos a
distância no Brasil pode levar de 2 a 3 anos. Este autor afirma, ainda, que os
especialistas defendem a necessidade de desburocratização do processo para que
o sistema brasileiro possa oferecer mais vagas. Destaca-se que, além das questões
burocráticas, as instituições também passam por um lento processo cultural interno
de transformação, o que desestimula a abertura de novas vagas no ensino a
distância. Mesmo diante destas barreiras, o crescimento do ensino a distância é
muito promissor (DECCACCHE, 2015).
De acordo com Sathler (2015), sobre o marco regulatório da EAD, a ser
votado pelo senado federal até o final do ano de 2015, será necessário rever as
questões burocráticas para a abertura de novos cursos e instituições de ensino a
distância, pois o crescimento da educação a distância será a alternativa que
viabilizará a meta 12 do Plano Nacional da Educação/PNE 2014-2024 (BRASIL,
2015). Esta meta consiste na elevação da taxa bruta de matrículas (total de
matrículas) para 50% e a taxa líquida (população entre 18 e 24 anos) para 33% até
o ano de 2024. Ressalta-se que deve ser assegurada a qualidade da oferta e
expansão para, pelo menos, 40% das novas matrículas, no segmento público
(BRASIL, 2015). Em 2012, a taxa líquida foi de 15,9%, o significa que a taxa de
matrícula no ensino superior deverá ser praticamente duplicada para alcançar a taxa
líquida de 33%, conforme o PNE (SATHLER, 2015).
83
2.2 BASES LEGAIS DO ENSINO A DISTÂNCIA
Apesar da forte expansão do ensino a distância no Brasil nos últimos dez
anos, ele ainda possui em sua legislação questões que devem ser discutidas e
avaliadas, necessitando de aprimoramentos em suas diretrizes e na sua qualidade.
Considerando os seus aspectos históricos e o quadro normativo, a educação a
distância foi introduzida no sistema educacional brasileiro com a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação – LDB (Lei nº 9.394, de 20/12/1996), em especial nos artigos 80
e 87 (BRASIL, 1996). Essa metodologia de ensino apresenta-se como atendimento
às soluções complementares e emergenciais para suprir a deficiência na formação
de professores e de jovens e adultos, insuficientemente escolarizados.
Para a valorização do ensino a distância foi essencial a sua regulamentação
pelo Decreto 5.622 de 19/12/2005 (BRASIL, 2005), quando ele foi equiparado ao
ensino presencial, da educação básica até o nível superior, conforme já citado.
Aprofundando, destaca-se que, conforme o Art. 9, o credenciamento de instituições
públicas ou privadas para a oferta de cursos e programas de nível superior na
metodologia a distância, destina-se para aquelas que possuem comprovada
excelência e relevante produção em pesquisa. Diante da necessidade de se manter
a qualidade do ensino, julga-se que a necessidade de credenciar o ensino a
distância para instituições já experientes em ensino presencial é uma medida
coerente e adequada.
É relevante destacar o decreto nº 5.773 de 09/05/2006 (BRASIL, 2006a), que
dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de
instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e sequenciais
no sistema federal de ensino. Nele, descreve-se que a avaliação é realizada pelo
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES, sendo este o
referencial para os processos de regulação e supervisão da educação superior, a fim
de promover a melhoria de sua qualidade.
Na Portaria n˚ 1.047, de 08/11/2007 (BRASIL, 2007a), definida pelo Ministério
da Educação e pelo Conselho Nacional de Educação (MEC/CNE), verifica-se que as
diretrizes para a elaboração dos instrumentos de avaliação para a oferta de
educação superior a distância, estão organizadas em três documentos básicos: 1)
Avaliação para Credenciamento Institucional; 2) Avaliação para Autorização de
Cursos; 3) Avaliação para Credenciamento de Polos. Para cada um desses três
85
expansão e atualização de equipamentos, além das instalações e acervo da
biblioteca.
Para a Autorização de Cursos, o "Corpo Social" apresenta maior peso (45%),
em que se destaca, dentre os indicadores: o regime de trabalho, a titulação e
formação do corpo docente, a relação de tutores/alunos, a produção intelectual e a
qualificação/experiência em EAD. A "Organização Didático-Pedagógica" tem um
peso de 40% e possui o maior número de indicadores, dos quais destacam-se: o
perfil do aluno, as metodologias, os recursos e material utilizado, a avaliação do
material didático e da infraestrutura tecnológica. As "Instalações Físicas", com
apenas 15% do peso nas avaliações, necessitam de: descrição das instalações
físicas da sede quanto às salas de professores, de tutores e de reuniões; gabinetes
de trabalho para professores; instalações para a equipe de tutores; recursos de
audiovisuais e multimídia e, acervo bibliográfico.
Finalizando-se esta descrição sobre a Portaria n˚ 1.047 (BRASIL, 2007a),
tem-se para o credenciamento do Polo de Apoio Presencial, a necessidade de um
projeto único, que contemple em seus indicadores uma descrição completa quanto:
a implantação, as instalações físicas, a equipe de técnico-administrativo, os
coordenadores, os tutores, os recursos tecnológicos, os laboratórios de informática e
especializados, a biblioteca e o seu respectivo acervo.
2.3 LIMITES DA ATUAL REGULAMENTAÇÃO NO EXERCÍCIO DO ENSINO A DISTÂNCIA NO BRASIL
É importante desenvolver, a partir de uma coleta abrangente de dados legais
apoiado nas legislações mais recentes com relação ao ensino a distância no Brasil,
uma análise dos principais decretos e portarias normativas realizadas, por ordem
cronológica.
No Decreto 5.773 (BRASIL, 2006a), verifica-se a relação de elementos
necessários para o credenciamento das instituições no sistema federal de ensino.
Dentre os dez elementos descritos no Art. 16, destaca-se o item VI que se refere a
infraestrutura física e as instalações acadêmicas e, observa-se a necessidade de
descrição quanto as características espaciais e de equipamentos para o
funcionamento de biblioteca e laboratórios, além do plano de promoção de
acessibilidade e de atendimento prioritário. Há necessidade de uma descrição de
86
pontos que são considerados fundamentais para o ensino a distância, que
compreendem toda a estrutura necessária.
De modo mais abrangente, a Portaria Normativa nº 2 (BRASIL, 2007b), de 10
de janeiro de 2007, que dispõe sobre os procedimentos de regulação e avaliação da
educação superior na modalidade a distância, especifica a obrigatoriedade de
documentos que comprovem a existência de estrutura física e tecnológica, além dos
recursos humanos adequados e suficientes à oferta da educação superior a
distância, no credenciamento da instituição de ensino.
Destaca-se que para o credenciamento de EAD, é necessária a determinação
da abrangência da instituição de ensino, para a localização dos edifícios destinados
aos momentos presencias obrigatórios, sejam na sede na instituição, ou nos polos
de apoio presencial. Sathler (2015) defende, como proposta para o novo marco
regulatório da EAD, que seja extinto o conceito de abrangência geográfica, pois em
um mundo cada vez mais alcançado pela Internet será mais pertinente definir que as
atividades presencias ocorram nos polos de apoio previamente determinados no
projeto pedagógico do curso a distância. Tais polos de apoio, conforme descrito no
decreto 5.622 (BRASIL, 2005), são as unidades operacionais para o
desenvolvimento descentralizado de atividades pedagógicas e administrativas
relativas aos cursos e programas ofertados a distância.
Concordando-se com a crítica de Alves (2007), sobre a exigência de encontro
presencial, acredita-se que diante dos avanços das tecnologias esta prática contraria
o ensino a distância, que dispõe de meios tecnológicos confiáveis no processo de
avaliação. Porém, diante da legislação, com a possibilidade de expansão dos
cursos, é necessário que a instituição solicite o credenciamento de novos polos de
apoio, que possuam comprovada existência de estrutura física e recursos humanos
necessários e adequados, sendo que o pedido de ampliação da abrangência de
atuação de uma instituição só poderá ocorrer após o reconhecimento do seu
primeiro curso a distância.
Também é discutido, nas diretrizes para o novo marco regulatório da EAD,
que os polos de apoio e os cursos a distância possam ser criados e reconhecidos,
conforme a autonomia das instituições de ensino superior (SATHLER, 2015).
Atualmente, o processo de credenciamento das instituições de EAD tem sido
moroso, podendo levar de 2 a 5 anos para a aprovação. Diante da necessidade de
expansão do ensino a distância, é necessário dar maior autonomia para as
87
instituições de ensino superior, para que possam ampliar a quantidade de cursos e
de polos de apoio presencial. Para isso, é necessário prever eficiente sistema de
avaliação para que o processo ocorra com qualidade.
Observa-se que as instituições e cursos superiores na modalidade a distância
sujeitam-se à supervisão, que poderá ocorrer a qualquer momento, conforme os
termos dos Art. 45 a 57, do Decreto 5.773 (BRASIL, 2006a). Isto confere o correto
andamento das instituições de ensino, ou o seu descredenciamento em caso de
situação irregular, não corrigida dentro do prazo previsto, tendo-se as cautelas
necessárias para resguardar o aluno.
2.4 PERSPECTIVAS FUTURAS DO ENSINO SUPERIOR
Em 2014 a organização norte americana, New Media Consortium/NMC,
publicou um relatório com a indicação das principais tendências e tecnologias
emergentes que deverão fazer parte da rotina universitária brasileira nos próximos
cinco anos. A elaboração do Panorama Tecnológico NMC 2014 para as
Universidades Brasileiras: uma análise regional do Horizon Project (JOHNSON et al.,
2014), contou com a colaboração de 41 especialistas, que foram convidados a
considerar centenas de artigos relevantes, notícias, publicações de blogs, pesquisas
e exemplos de projetos. Também houve a colaboração da empresa brasileira Grupo
Saraiva, que cria e distribui conteúdo, tecnologia, serviços e apresenta soluções
educacionais como aprendizagem adaptativa, biblioteca digital por assinatura,
plataformas gameficadas, além de conteúdo e metodologia para o ensino a
distância.
De acordo com esse relatório (JOHNSON et al., 2014), a intenção é que o
estudo possa auxiliar na divulgação de informações para os líderes da educação no
Brasil sobre os desenvolvimentos significativos em tecnologias de apoio ao ensino, à
aprendizagem e à investigação criativa no Ensino Superior. Como resultado foram
apresentadas nove tendências para o ensino (Quadro 1) e doze tecnologias
educacionais (Quadro 2) que deverão fazer parte da vida universitária nos próximos
cinco anos.
A New Media Consorsium (NMC) continuou desenvolvendo pesquisas e
apresentando relatórios sobre as tendências para o ensino superior. Em 2015, foi
publicado um estudo com o apontamento das seis tendências para o ensino (Quadro
88
1) e doze tecnologias emergentes (Quadro 2) para os próximos cinco anos, das
instituições de ensino superior em escala global. Esse estudo, resultado de treze
anos de pesquisa, contou com a colaboração da Educause Learning Initiative, uma
comunidade criada para facilitar o compartilhamento de ideias e de inovações na
educação superior. Para a elaboração desse relatório, The NMC Horizon Report:
2015 Higher Education Edition (JOHNSON et. al, 2015), obteve-se a participação de
uma equipe composta por cinquenta e seis especialistas de dezessete países e de
seis continentes.
Em outubro de 2015, novo estudo sobre o panorama brasileiro foi divulgado
no relatório Panorama Tecnológico NMC 2015 para as Universidades Brasileiras:
uma análise regional do Horizon Project (FREEMAN et. al, 2015). Também com a
parceria do Grupo Saraiva, foram apresentados como resultado dez tendências para
o ensino (Quadro 1) e doze tecnologias educacionais (Quadro 2) que deverão fazer
parte da vida universitária brasileira nos próximos cinco anos.
Destaca-se que as tendências apontadas nos três relatórios da NMC, foram
classificadas em ordem decrescente de importância, conforme estudos apontados
pelos respectivos comitês de especialistas. No Quadro 1, observa-se que todas as
tendências globais, apontadas em 2015, também foram relacionadas para o ensino
superior brasileiro, em 2015, porém com diferente ordem de importância. Neste,
também foram incluídas quatro questões promissoras para a aceleração da adoção
da tecnologia no ensino superior. Uma questão unanime nos três os relatórios é o
uso crescente de projetos de aprendizagem híbrida. Além desta questão, verifica-se
que apenas a mudança de cultura dos estudantes, de consumidores para criadores,
foi mantida nos relatórios sobre o panorama brasileiro de 2014 para 2015. Entende-
se que o relatório brasileiro de 2015 esteja mais próximo da realidade brasileira, pois
questões apontadas em 2014 poderão levar maior tempo de implantação.
Para que ocorra essa mudança na cultura dos estudantes, é necessário
incentivar os alunos, por meio de atividades interdisciplinares, a aprenderem a fazer
e a criar conteúdos ao invés de simplesmente consumi-los, como ocorre de maneira
geral nas práticas pedagógicas atuais. Para isso é necessário que o espaço de
aprendizagem receba nova configuração, com mobiliários e equipamentos que
propiciem esta criação, por meio da investigação, da interação e da colaboração.
89
Quadro 1 – Tendências para o ensino superior Relação de tendências para o ensino apontados em três projetos de investigação da
NMC Horizon Report 2015 – Edição de Ensino
Superior 2015 – Perspectivas tecnológicas para o ensino superior no Brasil
2014 – Perspectivas tecnológicas para o ensino superior no Brasil
1 Repensar os espaços de aprendizagem
Avanços em culturas de mudança e inovação
Evolução do aprendizado on-line
2 Uso crescente de projetos de aprendizagem híbrida
Uso crescente de projetos de aprendizagem híbrida
Uso crescente de projetos de aprendizagem híbrida
3 Foco crescente na medição da aprendizagem
Surgimento de novas formas de estudos interdisciplinares
Repensando o papel dos educadores
4 Proliferação de Recursos Educacionais Abertos
Proliferação de Recursos Educacionais Abertos
Entrega digital cada vez mais como padrão
5 Aumentar a colaboração entre as instituições
Repensar os espaços de aprendizagem
Crescente onipresença das redes sociais
6 Avanços em culturas de mudança e inovação
Mudança para abordagens mais profundas de aprendizagem
Mudança no perfil de estudantes – de consumidores para criadores
7 Repensando como as universidades funcionam Abordagens ágeis para mudar
8 Foco crescente na medição da aprendizagem
Reinvenção maciça do computador pessoal
9
Mudança no perfil de estudantes – de consumidores para criadores
Novas formas multidisciplinares de pesquisa
10 Aumentar a colaboração entre as instituições
Fonte: AUTORA, 2015, com base em Johnson et al.(2014); Johnson et al.(2015); Freeman et. al
(2015).
De acordo com Freeman et. al (2015), a equipe de especialistas que produziu
o relatório da NMC reconhece que as tendências políticas aceleram a adoção da
tecnologia na educação superior brasileira. O comitê brasileiro de 2015 destacou
como principal tendência o avanço em culturas de mudança e inovação,
acreditando-se no papel fundamental que as universidades têm no fortalecimento
das economias nacionais. Também foi apontado o aumento de novas formas de
estudos interdisciplinares como um fator cada vez mais desejado na vida
universitária (FREEMAN et. al, 2015).
No Quadro 2, comparam-se 12 tópicos de progressos previstos para as
tecnologias educacionais, divididos em períodos de adoção de curto, médio e longo
prazo. Com diferentes períodos previstos para a implantação, apenas os tópicos de
sala de aula invertida17 e de análise da aprendizagem são apontados nos três
relatórios. Além desses tópicos, foram mantidos entre os relatórios de 2015, global e
brasileiro, a previsão de que o aluno traga o seu próprio dispositivo. Entre os 17 Vide glossário.
90
relatórios brasileiros, de 2014 e 2015, mantêm-se, além dos itens comuns a todos, a
aprendizagem on-line, a aprendizagem móvel, a realidade aumentada e os
laboratórios remotos e virtuais. De 2014 para 2015, foram desconsiderados os
seguintes tópicos para o Brasil: conteúdo aberto, inteligência de localização e
assistentes virtuais. As perspectivas de uso dos jogos, gameficação e "Internet das
coisas", relacionadas para o panorama brasileiro em 2014, não se manteve no
relatório de 2015, porém coincide com o panorama global de 2015.
Quadro 2 – Tecnologias educacionais para o ensino superior Comparação de 12 tópicos de progressos previstos para as tecnologias educacionais
apontados em três projetos de investigação da NMC Horizon Report 2015 – Edição de Ensino
Superior 2015 – Perspectivas tecnológicas para o ensino superior no Brasil
2014 – Perspectivas tecnológicas para o ensino superior no Brasil
A ser adotado em até um ano – curto prazo 1 Traga seu próprio
dispositivo Computação na nuvem Sala de aula invertida
2 Sala de aula invertida Publicações eletrônicas Jogos e Gamificação 3 Análise da aprendizagem Aprendizagem on-line Aplicativos móveis 4 Aplicativos móveis Redes sociais Aprendizagem on-line
A ser adotado entre dois e três anos – médio prazo 5 Ambientes colaborativos Traga o seu próprio
dispositivo Análise da aprendizagem
6 Jogos e Gamificação Sala de aula invertida Aprendizado móvel 7 Makerspaces (espaços de
criação) Análise da aprendizagem Conteúdo aberto
8 Tecnologias utilizáveis Aprendizagem móvel Laboratórios remotos e virtuais A ser adotado entre quatro e cinco anos – longo prazo
9 Tecnologias de aprendizagem adaptável
Realidade aumentada Realidade aumentada
10 Telas flexíveis Aplicação semântica Internet das coisas 11 Internet das coisas Tradução instantânea Inteligência de localização 12 Energia sem fio Laboratórios virtuais e
remotos Assintentes virtuais
Fonte: AUTORA, 2015, com base em Johnson et al.(2014); Johnson et al.(2015); Freeman et. al
(2015).
As universidades brasileiras apontam a tendência de que a aprendizagem on-
line seja disponibilizada para todos, visto que tem se tornado frequente a parceria
entre instituições de ensino e organizações de aprendizagem aberta on-line. Assim,
na previsão brasileira de 2014, espera-se que para um curto prazo o aprendizado
on-line seja popularizado e visto como uma alternativa viável para algumas formas
de ensino presencial, devendo flexibilizar e facilitar o acesso, além de oferecer maior
integração de recursos tecnológicos com os conteúdos pedagógicos. Nesse
91
contexto, o foco do aprendizado on-line tem sido o estímulo aos MOOCs18 (cursos
on-line abertos massivos), que são cursos gratuitos oferecidos por instituições
renomadas, em que é possível a conexão entre o aluno e as instituições e, entre os
alunos, dando a oportunidade de debaterem entre si o que foi aprendido. Desse
modo, o conteúdo aberto utiliza um licenciamento para incentivar a partilha de
informação, de pedagogia e de experiências.
O movimento a favor do conteúdo aberto e dos recursos educacionais
abertos19 (REA) reflete a mudança de como os estudiosos de várias partes do
mundo estão conceituando a educação para uma visão voltada ao processo de
aprendizagem e não apenas para a informação veiculada (JOHNSON et al., 2014).
A proliferação de recursos educacionais abertos tem sido assunto de grande
interesse de governos nacionais e universidades, pois requer uma regulação efetiva
que possibilite deixar de ser um recurso de uso comum para ser uma prática
educativa (JOHNSON et al., 2015). Atualmente são disponibilizados diversos sites,
denominados de repositórios20, com o banco de dados de uma ou mais instituições
de ensino, que disponibilizam de maneira aberta os seus conteúdos. Há também os
referatórios21 que, diferente dos repositórios que armazenam os arquivos, podem ser
considerados catalogadores, onde são indicados quais repositórios detêm os
recursos sobre determinado assunto (LITTO, 2010).
Para a NMC (JOHNSON et al., 2014, JOHNSON et al., 2015 e FREEMAN et
al., 2014) a relação entre a facilidade de acesso aos conteúdos e a flexibilização
possibilitada pelas tecnologias aponta que os modelos de ensino híbrido devem
ganhar força, por possibilitar o equilíbrio entre os ambientes presenciais e virtuais,
de modo que o aluno possa tirar o melhor proveito de cada um deles. Sathler (2015)
acredita que no futuro o ensino híbrido deverá prevalecer, não havendo a
diferenciação entre ensino presencial e a distância.
Como consequência do aprendizado on-line e híbrido, o papel do professor é
impactado, pois este passa a assumir a postura de mediador ou instrutor, que
promoverá o desenvolvimento do aluno de maneira independente e ativa
(JOHNSON et al., 2014).
18 Vide glossário. 19 Vide glossário. 20 Vide glossário. 21 Vide glossário.
92
Além da possibilidade de aprendizado de maneira híbrida, o modelo de sala
de aula invertida é tido como uma grande tendência, em que os alunos devam
assistir o conteúdo teórico on-line, para que os encontros presenciais sejam
destinados a expor dúvidas, a desenvolver projetos e a realizar trabalhos em
equipes. Acredita-se que esse modo promove o autoconhecimento do aluno e
desenvolve habilidades necessárias para o mercado profissional, como a
capacidade de resolver problemas e argumentar com segurança (JOHNSON et. al,
2014).
No modelo de sala de aula invertida, os alunos aproveitam o valioso tempo
em sala de aula, para se dedicarem a aprendizagem mais cognitiva, ativa e baseada
em projetos. Para isso, é necessário que o acesso às ferramentas e aos recursos
on-line sejam sempre disponibilizados. O mediador presencial pode adaptar o
enfoque de ensino e colaboração para atender, da melhor maneira, o processo de
aprendizagem (JOHNSON et. al, 2015).
Como consequência da utilização diferenciada da sala de aula, Johnson et. al
(2015) e Freeman et. al (2015) apontam a tendência de reconfiguração dos espaços
de aprendizagem, considerando-se os elementos físicos que melhor se ajustem ao
ensino progressivo do aluno. Experiências como a realizada pela The State
University oh New York (SUNY), registram e divulgam, em uma base de dados
denominada Flexspace, as melhores práticas de desenhos de espaços educativos
nas instituições de todo o mundo. Observa-se que as mudanças não se restringem
às salas de aulas, mas podem ser ampliadas para todos os ambientes da instituição,
incluindo o aproveitamento de corredores de circulação (RATHS, 2014).
Valenti (2015) aponta que a Khan Academy tem popularizado o conceito de
sala de aula invertida. Para que os estudantes possam trabalhar em equipe e
resolver problemas utilizando a tecnologia, as salas de aula de aprendizagem ativa
são, geralmente, caracterizadas por mobiliário e tecnologia configurados de modo a
promover a colaboração em pequenos grupos, com a capacidade de se reconfigurar
facilmente dentro do período de aula. Essas novas configurações de sala de aula
para o aprendizado ativo possibilitam que os alunos adquiram as habilidades
exigidas no mercado de trabalho atual.
Com a grande tendência mundial de mudanças na sociedade, como por
exemplo aquela que ocorre com os bens de consumo, que suscitam inovações e
mudanças para as empresas, as instituições de ensino superior devem ser
93
estruturadas de modo a possibilitar a inovação e a adaptação das necessidades
econômicas, com flexibilidade, incentivo à criatividade e ao pensamento
empreendedor (JOHNSON et. al, 2015).
Com o aumento da colaboração entre as diferentes instituições de ensino
superior, em nível global, Johnson et. al (2015) apontam a tendência de incremento
da colaboração interinstitucional, que reflete a ideia de inovação, com o
compartilhamento de conteúdos e de ideias. Estes autores também mostram que o
enfoque sobre o crescimento da medição da aprendizagem tem aumentado, por
meio de recursos de análise de prática e de avaliação baseada em dados.
2.5 NOVO PARADIGMA E AS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS PARA O ENSINO A DISTÂNCIA
Dentre os Desafios e perspectivas da educação superior brasileira para a
década – entre 2011 e 2020, Kenski (2012) avalia que a inserção social das novas
tecnologias já tem ocorrido numa velocidade frenética, sendo incorporadas e
substituídas por algo novo em um curto período de tempo. Nesse cenário, o estudo
sobre os desafios e perspectivas para a próxima década apontam que, nos próximos
anos, o acesso à Internet será feito de forma muito mais intensa e dispersa, por meio
dos dispositivos móveis como tablets e celulares. Ressalta-se que os ciclos de
criação, industrialização, consumo e superação das tecnologias digitais
contemporâneas estão cada vez mais acelerados.
Relacionada a esta rápida transformação, o relatório brasileiro da NMC em
2014 aponta que vários recursos tecnológicos desenvolvidos para tablets e
smartphones estão sendo avaliados e incorporados ao ensino, na intenção de
tornarem-se uma tática de estudo, que possibilita o acesso ao conteúdo em qualquer
lugar (JOHNSON et al., 2014). O aplicativo móvel é um desses recursos, que por
meio de programação simples e de baixo custo torna-se um foco de
desenvolvimento e, apresenta um mercado potencial com grande oferta de produtos.
Com a crescente evolução dos dispositivos e os aplicativos móveis no Brasil, as
instituições de ensino estão adotando aplicativos em seus currículos, além de
modificar sites, materiais educacionais, recursos e ferramentas educativas. Esta
medida revela a importância do aprendizado móvel, o qual tem o potencial de
facilitar as experiências educacionais e possibilitar que os alunos: organizem
94
reuniões virtuais com colegas de todo o mundo, usem programas e ferramentas
especializadas e, colaborem no compartilhamento de documentos ou
desenvolvimento de projetos na nuvem, entre outras atividades (JOHNSON et al.,
2014).
A tendência aponta que os computadores são desenvolvidos para serem
cada vez mais leves e conectados, podendo até mesmo serem substituídos pelos
dispositivos móveis, a longo prazo, a medida que o desempenho e as interfaces de
dispositivos de computação pequenos melhorem (JOHNSON et al., 2014). Os
relatórios da NMC para 2015, Brasil e global, apontam que há um movimento nas
instituições de ensino, assim como ocorre nas corporações de trabalho, conhecida
como "traga o seu próprio dispositivo" (em inglês, Bring Your Own Device – BYOD).
Trata-se de um incentivo para que os alunos usem o seu próprio dispositivo
eletrônico e o conecte às redes institucionais. Estas políticas buscam reduzir os
gastos gerais com tecnologia e estão se tornando cada vez mais atrativas por
refletirem o estilo de vida e a forma de trabalho contemporânea. Acredita-se que
num curto prazo esta prática será generalizada (Johnson et. al, 2015). Freeman et.
al (2015) também estimam que esta prática é de crescimento no Brasil, onde há
mais de 275 milhões de acesso às tecnologias móveis.
DiFilipo (2013) afirma que as faculdades estão solicitando aos alunos que
levem o seu dispositivo pessoal para a sala de aula, aproveitando-se da
portabilidade destes equipamentos para facilitar o uso e o acesso aos aplicativos de
dispositivos móveis, que melhoram a experiência de aprendizagem. Casabona et. al
(2014) reforçam que atualmente os alunos têm grande expectativas para aprender
em qualquer lugar e a qualquer momento. Os recursos oferecidos como os
dispositivos móveis possibilitam o aprendizado além do espaço da sala de aula.
"traga o seu próprio dispositivo" pode representar uma oportunidade para a
instituição eliminar a infraestrutura tradicional de computação fornecida dentro dos
espaços de aprendizagem específicos, como os laboratórios de informática. Isso
também deve representar modificações no espaço de aprendizagem tradicional, com
a alteração do mobiliário rígido para o mobiliário flexível que acomode os
dispositivos móveis. Além disso, os espaços deverão facilitar o aumento do
aprendizado colaborativo entre os alunos.
A combinação de laboratórios virtuais e ambientes de sala de aula amigáveis
aos dispositivos pessoais irá reduzir a complexidade na introdução da computação.
95
Esta estratégia tem se mostrado eficaz para as instituições e estas terão um efeito
positivo, com a diminuição das despesas, pois reduzem-se os investimentos em
compra, manutenção e atualização de equipamentos. Destaca-se que a rede sem fio
é o canal de acesso a todos os serviços disponíveis para os dispositivos. Dessa
maneira, é necessário o investimento em uma ampla rede de Internet, com
capacidade de atendimento eficiente a todos os seus usuários, sejam professores,
alunos e funcionários da instituição (CASABONA et. al, 2014).
Outro fator, já assumido pelas pessoas e que poderá ser adotado como meio
de estudo, são as redes sociais, em que é possível compartilhar notícias sobre
conteúdos acadêmicos e o desenvolvimento científico, gerando mudança na postura
dos estudantes, que deixarão de ser agentes passivos, consumidores de conteúdo,
para serem agentes ativos, criadores do próprio conhecimento (JOHNSON et al.,
2014).
De acordo com Kenski (2012) é necessária uma mudança radical de
comportamentos e práticas pedagógicas na cultura tecnológica brasileira, visto que
as tecnologias bem aceitas e incorporadas nas relações sociais permitem novas
posturas para superar o grande abismo entre o ensino mediado pelas TIC e os
processos dinâmicos que podem acontecer nas relações entre professores e alunos
on-line.
Os relatórios da NMC para o Brasil, apontam que os departamentos
acadêmicos de áreas que não possuem laboratórios, ou componentes com foco
mais prático, deverão incorporar experiências práticas de aprendizagem como parte
integrante do currículo. Desse modo, comparece a expectativa de que os cursos de
graduação passem a investir mais em espaços de criação (em inglês,
makerspaces22) para estimular essa criação e criatividade, em design e em
empreendedorismo (JOHNSON et al., 2014).
De acordo com Walsh (2014), o movimento para a implementação de
espaços para criação está estimulando o poder de engenhosidade dos alunos em
campos tão distintos como a robótica e a agricultura. Cada vez mais este movimento
tem se disseminado entre os educadores e incentivado a criatividade para a solução
de problemas, como uma rica aprendizagem. Esse autor aponta um programa da
faculdade de educação de Harvard (Harvard Graduate School of Education), o
22 Vide glossário
96
Agency by Design, que investiga as configurações de sala de aprendizagem para os
alunos desenvolverem atividades conjuntas, com o pensamento crítico sobre o
design de objetos, de ideias e de sistemas. Este programa visa testar como as
experiências de criação podem aumentar a autoeficácia dos alunos, contribuindo
para melhorar o aprendizado em um nível mais amplo, das disciplinas e dos
contextos. Algumas constatações da Agency by Design, é que as atividades
desenvolvidas em espaços de criação têm propiciado para os alunos o aprendizado
sobre a colaboração, a comunidade, a complexidade e sobre si mesmos (WALSH,
2014).
No século XXI, as ferramentas de criação, como a impressora 3d, a robótica
e os aplicativos da Internet, têm sido cada vez mais disponibilizadas aos alunos. Isso
assinala que um novo conjunto de habilidades avança rapidamente, possibilitando
que a criatividade, o desenho e a engenharia abram novos caminhos na área da
educação. Johnson et. al (2015) também afirmam que os defensores dos espaços
de criação (makerspaces) destacam os benefícios para os alunos que participam da
resolução de problemas criativos, por meio da prática do desenho, da construção e
da interação. Estes autores destacam que a grande questão é como renovar ou
reutilizar as aulas para atender as necessidades do futuro e, que os espaços de
criação se baseiam na experimentação, na interação e na criação.
Ainda sobre estes espaços de criação, referidos como makerspaces,
Jonhson et. al (2015) afirmam que os mesmos podem receber a nomeação de hack
labs ou fab labs e estão baseados num movimento lançado em 2006, o movimento
maker, em que um grupo composto por artistas, engenheiros e entusiastas da
tecnologia se reuniam para construir coisas. O objetivo geral de um espaço de
criação é ser um lugar onde as pessoas estejam livres para experimentar ou criar
coisas, por conta própria ou como parte de uma comunidade produtiva (JOHNSON
et. al, 2015).
Avaliando-se a crescente cultura dos jogos digitais, a indústria dos games têm
produzido um fluxo constante de jogos que se expandem em relação à sua natureza
e ao seu impacto. Aliado a esse fato, observam-se estudos na área da psicologia
que destacam o impacto cognitivo, motivacional, emocional e social que os jogos
digitais apresentam ao comportamento humano e, demonstram o seu potencial para
ensinar novas formas de pensamento e de comportamento. Desse modo, o uso de
games em ambientes de aprendizagem está ganhando apoio entre os educadores,
97
reconhecendo-se que ao serem efetivamente projetados, os jogos estimulam a
aprendizagem, o engajamento, a produtividade e a criatividade (JOHNSON et al.,
2014). No panorama global da NMC, Johnson et. al (2015) apontam que um número
crescente de universidades, como a Standford University e o MIT, estão integrando
os jogos em suas propostas curriculares para as simulações de atividades do mundo
real.
Os laboratórios remotos e virtuais possibilitam que as instituições de ensino
tornem os equipamentos e os elementos de um laboratório físico de ciências
facilmente disponíveis para os alunos, a partir de qualquer localização, por meio da
Internet. Os laboratórios virtuais são aplicações da Web que imitam o funcionamento
de laboratórios reais e possibilitam aos alunos a prática em um ambiente "seguro",
antes de utilizar componentes físicos e reais. Em contrapartida, os laboratórios
remotos proporcionam uma interface virtual para um laboratório físico e real,
expondo os alunos aos equipamentos de ponta em universidades de todo o mundo.
Enquanto os críticos a esse sistema defendem que a experiência real é
insubstituível, os defensores dos laboratórios remotos e virtuais acreditam nas
vantagens desse sistema, como: a facilidade de acesso e barateamento dos
processos, a segurança na realização de determinados experimentos e a
possibilidade de compartilhamento de informações, por meio de um grande banco
de dados (JOHNSON et al., 2014). Freeman et. al (2015) apontam que experiências
com laboratórios virtuais já estão sendo implantadas nos estudos na área da saúde,
como por exemplo, na Faculdade Guanambi, em que um professor desenvolveu um
programa para que os alunos do curso de farmácia possam simular a avaliação
clínica em pacientes virtuais, sem risco de danos.
O uso da Internet de alta velocidade viabiliza o acesso aos meios de
comunicação, que se integram numa convergência midiática e possibilitam a
imersão em realidades tridimensionais. Para Kenski (2012), a realidade virtual23
pode ser explorada com vivência plena de conhecimentos que marcam todos os
sentidos, podendo oferecer oportunidades de maior e melhor exploração do que os
espaços concretos a que se referem, de acordo com as condições que são
desenvolvidas. Ressalta-se que, de acordo com o desenvolvimento dos programas
23 Vide glossário.
98
específicos, é possível o registro, o acompanhamento e a interação com outros
meios e outras pessoas.
A publicação eletrônica, já consolidada no setor de consumo, vem
estimulando o surgimento de diversos formatos de conteúdos. Além das impressões
em papel, são oferecidas as versões digitais na Web, em vídeos e até em conteúdos
interativos. Trata-se de uma maneira nova de ampliar o alcance dos materiais
produzidos nos diversos meios de comunicação. Para Freeman et. al (2015), as
diversas plataformas de publicação eletrônica, que atualmente estão disponíveis a
todos, deverão estar conectadas para produzir novas combinações e novos tipos de
conteúdos.
A realidade aumentada24, que consiste na introdução de objetos virtuais em
um ambiente real, ocorre por meio de interações síncronas, em três dimensões, e
pode acontecer em um vídeo ou na projeção de tela de um óculos tecnológico, como
por exemplo o Google Glass. A longo prazo, esse recurso deve ser uma ferramenta
potencial para possibilitar experiências de aprendizagem que, inseridas num
determinado contexto, promovam a exploração de dados do mundo real em
ambientes virtuais e simulações (JOHNSON et al., 2014).
Por meio da realidade aumentada (RA) o usuário pode retratar e interagir com
situações imaginárias, envolvendo objetos virtuais, que permitem reproduzir
ambientes da vida real, com o auxílio de aparatos tecnológicos. Como exemplo, é
possível decorar virtualmente um apartamento vazio (real) com mobiliário virtual
(TORI; KIRNER; SISCOUTTO; 2006). Como utilização prática deste recurso para o
ensino de arquitetura e urbanismo, são notáveis as experiências do grupo Gegradi
(Grupo de Estudos do Ensino-Aprendizagem em Gráfica Digital), da Universidade
Federal de Pelotas, que adota exercício de visualização de seções em formas
curvas, visando ampliar os meios de representação em arquitetura. De acordo com
Sopeña et al. (2012), observa-se que, com essa atividade, a manipulação e
transformação interativa e instantânea de objetos, pelo uso da RA, pode
complementar as práticas de tecnologias digitais e promover uma maior
compreensão dos elementos geométricos.
A tecnologia vestível (em inglês, wearable25) se refere aos dispositivos
baseados em computadores, que podem ser utilizados pelos usuários com a forma 24 Vide glossário 25 Vide glossário
99
de joias, relógios, óculos, ou até mesmo como sapatos e roupas. Johnson et. al
(2015) apontam que o benefício desta tecnologia é poder integrar ferramentas
ubíquas, que possibilitam habilitar a realidade virtual ou a interação em redes
sociais. A conveniência dessa tecnologia portátil e rápida, possibilita que o usuário
participe ativamente das atividades virtuais cotidianas, tais como revisar e responder
mensagens do correio eletrônico, mantendo-se sempre produtivo. Destaca-se que
esta tecnologia está prevista para ser incorporada a longo prazo pelas instituições
de ensino global, porém ainda não fazem parte da realidade e da previsão para o
ensino superior brasileiro. Acredita-se que devido aos altos custos e ao
desenvolvimento tecnológico necessário para a sua aplicação, esta tecnologia
poderá ser inserida no Brasil em um prazo ainda mais longo.
Um notável avanço em tecnologia vestível está relacionado aos avanços dos
óculos virtuais, que possibilitam as experiências em realidade virtual. Instituições
norte americanas, como a Stony Brook University, em Nova York, e a University of
New Haven, em Connecticut, apresentam planos de implementação desta tecnologia
para permitir visitas virtuais aos seus campus (JOHNSON et. al, 2015). Observa-se
que esta tecnologia traz grandes contribuições para as simulações em realidade
virtual, que possibilitam experiências complexas aos alunos das mais diversas áreas
do conhecimento. Também, é possível o desenvolvimento de aplicativos potenciais
para o uso na área de esportes e de saúde, visto que os dispositivos podem receber
sensores capazes de medir a frequência cardíaca, os passos das pessoas, além das
análises de informações químicas, como o suor e a saliva, a fim de melhorar o
desempenho, a condição física e o rendimento do atleta (JOHNSON et. al, 2015).
Assim, em uma vasta possibilidade de aplicações, esses autores afirmam que as
universidades estão testando as tecnologias "wearables" e integrando-as
formalmente aos centros educativos.
A análise da aprendizagem é uma ciência comumente usada pelas empresas
para analisar as atividades comerciais, identificar tendências de gastos e prever o
comportamento do consumidor. Na educação, esta análise busca traçar o perfil do
aluno, analisando as interações individuais nas atividades de aprendizado on-line,
com objetivo de construir melhores pedagogias e capacitar os alunos para serem
ativos na sua aprendizagem, o que contribui para o progresso dos estudantes no
universo on-line (JOHNSON et. al, 2015, FREEMAN, 2015).
100
De acordo com Freeman et. al (2015) as pesquisas científicas deverão ser
apoiadas pela busca semântica, que permitirá aos pesquisadores a obtenção de
uma gama de dados relevantes e confiáveis. Entende-se que a busca semântica é
uma ferramenta que apresenta potencial de revolucionar as pesquisas, pois
transformará o modo de pensar e agir dos pesquisadores acadêmicos, permitindo
que as informações relevantes sejam encontradas, desconsiderando as informações
desnecessárias. Por meio de plataformas ou aplicativos na Internet, há uma relação
entre os bancos de dados, que permitem a conexão entre as informações
bibliográficas (FREEMAN, 2015)
Além da busca semântica, Freeman et. al (2015) destacam a relevância da
tradução instantânea, que revela uma infinidade de novos recursos de
aprendizagem. Assim, empresas como Google e Facebook têm adquirido e
desenvolvido tecnologias eficientes de tradução, que são capazes de reconhecer a
fala e traduzir textos em diversos idiomas. O avanço da tradução instantânea
potencializa uma infinidade de recursos de aprendizagem, que são desenvolvidos
em outros idiomas, além de dinamizar programas de intercâmbio cultural.
Com a integração da tecnologia, nos mais diversos objetos de uso cotidiano,
cria-se uma grande rede em que os objetos são ligados de maneira sensorial e
inteligente, passando a se comunicar entre si, permitindo-se controlarem e serem
controlados a distância, produzindo e emitindo informação por meio de um sistema
conhecido como "Internet das coisas" (do inglês: Internet of Things). Por meio dele, é
possível rastrear materiais ou equipamentos sensíveis, conectados a minúsculos
processadores que transmitem as informações úteis sobre o objeto pela Internet.
Esse conceito, que começou a ganhar importância a partir de 2005, foi relacionado
aos carros, às casas, às cidades inteligentes, às etiquetas de radiofrequência e à
geolocalização (SINGER, 2013). Trata-se de uma revolução tecnológica que
representa o futuro da computação e da comunicação, cujo desenvolvimento
depende da inovação técnica em campos tão importantes como os sensores
wireless e a nanotecnologia. De acordo com Loes (2015), "nos primeiros dias de
2015, o mundo registrou 25 bilhões de dispositivos conectados à Internet". Dentre
estes dispositivos, é possível destacar desde os smartphones e tablets, até os
equipamentos domésticos, os sistemas de iluminação, os automóveis, os óculos
tecnológicos e os relógios. Por meio de conexões com aparelhos como os
smartphones e os smartwatch, é possível enviar comandos para equipamentos e
101
relacioná-los às situações do cotidiano. Num ambiente doméstico, por exemplo, é
possível abrir a fechadura de uma porta, controlar a temperatura do ar condicionado,
a iluminação, o som, a geladeira, a televisão, e etc.
Para o ensino, esse recurso pode ser utilizado por instituições de ensino
informais, como museus, para acompanhar e monitorar as condições de artefatos
antigos, além de facilitar a oportunidade para os estudantes coletarem dados
científicos por meio de dispositivos móveis e, instantaneamente, adicioná-los às
grandes bases de dados. Aliado a isto, a inteligência de localização, que refere-se
ao mapeamento dos relacionamentos geográficos associados aos dados, possibilita
o fornecimento de informações sobre como as pessoas estão interagindo com várias
aplicações e serviços, baseados em suas localizações (JOHNSON et al., 2014).
Johnson et. al (2015) afirmam que as tecnologias, como sensores e chips
inteligentes, estão sendo produzidas em massa e em baixo custo, o que possibilita a
incorporação da "Internet das coisas" pelas universidades. A sua adoção nos
ambientes de ensino se justificam a medida que os educadores apontam o seu
potencial para a aprendizagem. É possível ampliar os conhecimentos dos alunos,
baseando-se em sua situação geográfica, onde um conjunto de informações
interdisciplinares sobre o seu entorno são disponibilizadas. Como exemplo, estes
autores citam que um aluno pode explorar uma cidade que possua um rico passado
histórico, por meio de uma visão política, biológica ou arquitetônica, dependendo de
como estão equipados os objetos de seu entorno. Outra possibilidade de utilização
da "Internet das coisas" na educação superior são os modelos de ensino híbrido,
onde há a integração de materiais e tecnologias de avaliação formativa
personalizada, que oferecem retroalimentação instantânea. Nesses programas, os
alunos apresentam a capacidade de controlar o seu próprio entorno e de reconhecer
os dados em tempo real para seu estudo futuro (JOHNSON et. al, 2015).
Como consequência de medidas como estas, o relatório da NMC (JOHNSON,
2015) aponta que as tecnologias de aprendizagem adaptativas são emergentes, se
afirmarão no longo prazo e a nível global, representando o ajuste personalizado dos
programas e plataformas virtuais às necessidades dos alunos. No panorama global,
estes autores afirmam que a "Internet das coisas" na educação superior é inserida
em modelos de aprendizagem híbrida, que integram materiais e tecnologias de
avaliação formativa personalizadas e, oferecem retroalimentação instantânea.
Waters (2014) afirma que não é preciso apenas a tecnologia para a personalização
102
do aprendizado. Quando um professor recomenda uma leitura extra específica para
um aluno, ele está auxiliando o seu progresso. Porém, a tecnologia torna possível a
personalização do aprendizado em escala, com recursos sofisticados que sejam
baseados em dados individuais, para ajustar as interações de aprendizagem,
conforme o nível de desempenho do aluno e, posteriormente, oferecer os conteúdos
e recursos necessários para a sua progressão.
Freeman et. al (2015) apontam que o crescimento da computação na nuvem
dá o suporte para o armazenamento de arquivos, a disponibilização de ferramentas
e o trabalho colaborativo. Nos últimos anos, esse recurso tem sido utilizado como
meio eficiente pelas empresas para a proteção de dados, o desenvolvimento de
aplicativos e, a distribuição de programas e de plataformas. Para o ensino, a
flexibilidade possibilitada por esse recurso, acessível a qualquer momento e em
qualquer lugar que tenha acesso à Internet, permite que a instituição de ensino
ajuste a sua infraestrutura e as suas tecnologias de acordo com as necessidades do
momento.
Com o avanço no reconhecimento de voz e as tecnologias baseadas em
gestos, as pessoas podem interagir com os dispositivos eletrônicos, para além de
um ponteiro e teclado, ou seja, por meio dos assistentes virtuais, que são baseados
no conceito de evolução das interfaces nas áreas da engenharia, da ciência da
computação e da biometria. A relevância desses assistentes para o ensino, é
possibilitar a acessibilidade por meio de interfaces naturais, que podem ser
projetados também para ajudar deficientes visuais e auditivos, além de alunos com
outros tipos de necessidades especiais (JOHNSON et al., 2014).
2.6 DESAFIOS PARA O ENSINO SUPERIOR
As comissões de especialistas que publicaram os relatórios da NMC
concordam que há desafios locais e sistêmicos que dificultam a adoção das novas
ferramentas e abordagens no ensino. Desta forma, foram relacionados os
obstáculos considerados mais significativos, em ordem decrescente de importância,
que estão impedindo a proliferação das ferramentas digitais nas universidades. No
Quadro 3, observa-se que apenas a criação de oportunidades autênticas é apontada
como um desafio comum entre os três relatórios. Considerando os panoramas de
2015, as questões são apontadas tanto para o Brasil como para o Mundo, porém em
103
diferente ordem de importância: integração da tecnologia na formação de
professores; aprimoramento da alfabetização digital; e personalização da
aprendizagem. Com relação aos relatórios brasileiros, de 2014 e 2015, além dos
desafios em comum a todos, as respectivas comissões reconhecem que expandir o
acesso a oportunidades educacionais de alta qualidade é um desafio contínuo, bem
como o de dimensionar as inovações no ensino.
Quadro 3 – Desafios para o ensino superior
Relação de desafios apontados em três projetos de investigação da NMC Horizon Report 2015 – Edição de Ensino
Superior 2015 – Perspectivas tecnológicas para o ensino superior no Brasil
2014 – Perspectivas tecnológicas para o ensino superior no Brasil
1 Integração da tecnologia na formação de professores
Personalização da aprendizagem
Aumento do acesso à educação
2 Melhorar a alfabetização digital
Integração da tecnologia na formação de professores
Repensar o papel do ensino técnico
3 Criar oportunidades de aprendizagem autêntica
Expansão do acesso Escalando inovações de ensino.
4 Misturar aprendizagem formal e informal
Repensando os papéis dos educadores
Pensamento complexo e comunicação.
5 Aprendizagem personalizada
Criar oportunidades de aprendizagem autêntica
Criar oportunidades de aprendizagem autêntica
6 Ensinar pensamento complexo.
Infraestrutura dos campi com recursos insuficientes
Competir modelos de ensino.
7 Competir modelos de ensino.
Dimensionando as inovações de ensino
Mantendo a educação relevante
8 Ensino gratificante Gerenciando a obsolescência do conhecimento
Relativa ausência de incentivos para o ensino
9 Equilibrando nossas vidas conectadas e desconectadas
10 Melhorar a alfabetização digital
Fonte: AUTORA, 2015, com base em Johnson et al.(2014); Johnson et al.(2015); Freeman et. al
(2015).
Em contraposição aos relatórios da NMC, avalia-se a publicação Desafios e
Perspectivas da Educação Superior Brasileira para a Próxima Década - 2011/2020,
organizada pelo MEC, CNE e UNESCO (SPELLER et. al, 2012), com as propostas e
sugestões dos órgãos públicos para o desenvolvimento do ensino superior. De modo
geral, destacam-se dentre os desafios apresentados a necessidade de: ampliação
das redes e das vagas no ensino público, democratização do acesso e da
permanência no ensino, redução das desigualdades regionais, diversificação dos
cursos, qualidade na formação e estímulo às pesquisas científicas e tecnológicas. A
discussão destes aspectos revela a necessidade de mudanças para a construção de
104
sistemas e de instituições que promovam a equidade e a ampliação dos
mecanismos de inclusão social, com qualidade. Diante do conjunto de questões,
ressalta-se o debate dos autores Xanthopoylos e Kenski (2012), sobre as
tecnologias para a educação aberta e a educação a distância, no crescimento da
qualidade acadêmica. Acredita-se que as transformações geradas pelas tecnologias
que permeiam a sociedade, possam influenciar o mundo da educação, devendo
constituir-se como o ingrediente central na sociedade do conhecimento, com foco na
expansão qualificada.
Assim, verifica-se que há importantes desafios enfrentados nas
universidades, que estão impedindo a adoção de tecnologias emergentes, pois não
se conseguem transportar para o uso diário as inovações pedagógicas, que
possibilitam aos alunos um aprendizado significativo e não mecânico. No panorama
brasileiro da NMC, em 2014, destaca-se os desafios considerados como
solucionáveis, ou seja, que já se tem o conhecimento de como fazer: a expansão de
acesso para aumentar o número de alunos que participam de cursos de graduação;
repensar o ensino técnico como integrador entre o ambiente universitário e a prática
profissional; e estimular a experimentação como forma de trazer a inovação e
melhorias no ensino e aprendizagem (JOHNSON et. al, 2014).
No panorama brasileiro da NMC, de 2015, Freeman et. al (2015) destacam,
dentre os desafios a serem enfrentados pelas universidades, a personalização das
experiências de aprendizagem, sendo necessário atentar para o poder das
ferramentas de aprendizagem adaptativa, que dão o suporte às experiências de
autoinstrução e aprendizagem em grupo, para que os alunos alcancem seus
objetivos acadêmicos. Além disso, tanto para o Brasil, quanto para o nível global, as
comissões da NMC consideram que a integração das tecnologias no treinamento
dos professores exigirá maior integração das TIC no currículo e design pedagógico,
além das iniciativas de desenvolvimento profissional (FREEMAN et. al, 2015).
Também sobre a realidade brasileira, é possível afirmar que a expansão do
acesso ao ensino superior é uma questão muito abordada pelos especialistas, que
apontam a necessidade de políticas públicas, que facilitem o oferecimento maior de
número de vagas no ensino superior. Freeman et. al (2015) destaca que, além do
preparo para que o estudante possa ingressar no ensino universitário, é necessário
garantir oportunidades para que ele se mantenha nos estudos, independente das
limitações de espaço. Para isso, acredita-se que a educação a distância possa
105
facilitar o acesso ao ensino, por meio dos ambientes virtuais de aprendizagem.
Para Kenski (2012), o grande desafio de um modelo híbrido, em que há a
convergência de todos os participantes dos cursos, independentemente da
metodologia de ensino, é que a instituição de ensino superior possibilite a integração
e a transição entre o ensino presencial e o ensino a distância, sem distinção entre
estes. Com o apoio dos ambientes virtuais de aprendizagem, os alunos podem ter
diferentes experiências nos encontros presencias, utilizando-se ou não dos recursos
tecnológicos para o aprendizado.
A nível global, Johnson et. al (2015) apontam que os desafios considerados
solucionáveis para as instituições de ensino superior são: a melhoria da
alfabetização digital e a mescla entre aprendizagem formal e informal. Outros
desafios, de maior complexidade e dificuldade de implantação são: a personalização
da aprendizagem, o ensino do pensamento complexo e o baseado em recompensa,
que visa as boas práticas.
Xanthopoylos (2012) avalia que, dentre os desafios para o ensino superior
brasileiro, está a criação de uma rede eficiente e ampla para o acesso à Internet,
que favoreça a formação da cidadania digital, em que os professores sejam os
agentes de transformação da aprendizagem e os estudantes possam criar nova
cultura de aprendizagem com acesso aos recursos educacionais abertos. Esse
deverá ser o primeiro passo para a formação de redes de aprendizagem que
favoreçam a utilização de sistemas híbridos ou totalmente on-line.
Diante da diversidade de recursos tecnológicos e de programas disponíveis
para o ensino a distância, é necessário atentar para a elaboração de um plano de
mídias bastante cuidadoso, que considere a disponibilidade dos equipamentos e a
definição de seu uso em determinada situação. Conforme apontado por Kenski
(2005-2006), a escolha do tipo de mídia para EAD vai orientar, dentre outras coisas:
a organização e treinamento da equipe responsável, os investimentos em
infraestrutura tecnológica e, o planejamento e a disponibilização das atividades
educacionais. Desse modo, a gestão das mídias usadas em educação envolve um
plano com a análise do investimento e a aquisição de equipamentos, o tratamento
do conteúdo que vai ser veiculado e a formação de equipes de profissionais
(técnicos e docentes) para o seu melhor uso na área educacional, sendo
fundamental a sua articulação com o planejamento pedagógico.
106
A disponibilização de uma grande diversidade de recursos tecnológicos, que
podem ser adotados no processo de aprendizagem, exige muita atenção, pois a
escolha inadequada da ferramenta de apoio pode determinar o sucesso ou o
fracasso de um projeto educativo, visto que ao representar maiores dificuldades ao
aluno, este desistirá do curso.
108
3 AS TRANSFORMAÇÕES NA ARQUITETURA DO ESPAÇO ESCOLAR
A Arquitetura escolar é também por si mesma um programa, uma espécie de discurso que institui na sua imaterialidade um sistema de valores, como os de ordem, disciplina e vigilância, marcos para a aprendizagem sensorial e motora, e toda uma semiologia que cobre diferentes símbolos estéticos, culturais e também ideológicos. Ao mesmo tempo, o espaço educativo refletiu obviamente as inovações pedagógicas, tanto em suas concepções gerais, como nos espaços mais técnicos (FRAGO; ESCOLANO, 2001, p. 26).
A instituição escolar é o lugar que oferece a estrutura adequada para
fomentar a aprendizagem dos alunos. Nela, alunos e professores constroem juntos
uma história que amplia, transforma e interfere nas pessoas, na comunidade em que
estão inseridos e na sociedade, numa perspectiva mais ampla (BRASIL, 2006c). De
acordo com Lima (1995), é o prédio escolar que estabelece os limites e as
características de atendimento ao aluno, o qual a população identifica e dá
significado.
Em pleno século XXI, observa-se que predominam nas instituições de ensino
a configuração tradicional das salas de aula, iguais as salas do século XVIII, em que
os alunos estão dispostos em carteiras enfileiradas, diante de um professor que é o
protagonista no processo de ensino. Tal configuração estimula a fala do professor e
desestimula o debate e a participação entre os alunos (MASCARENHAS, 2015). Na
Figura 14 tem-se o registro de uma mesma sala de aula em 1934 e em 2011, como
confirmação de que a disposição de alunos não se alterou.
Figura 14 – Sala de aula em 1934 e em 2011.
Fonte: Foto Arena (1934), Alexandre Carvalho (2011). Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/escola+particular+em+sp+mantem+tradicao+mas+inova+em+tecnologia/n1597049062463.html>. Acesso em 13.11.15.
109
Sobre essa resiliência da instituição escolar, De Franco (2015) cita um
exemplo que se uma pessoa do século XIV entrasse em coma induzido e, por um
processo de criogenia pudesse ressuscitar nos dias de hoje, ela não saberia o que é
um relógio de pulso, uma televisão ou uma geladeira, mas certamente saberia o que
é uma escola, pois a sua configuração não se alterou. De Franco (2015) afirma que
a instituição de ensino superior não deve impedir as novas mudanças educativas
ocasionadas pela tecnologia, pois se não houver inovação, ela morre. Assim como
ocorre com os objetos, como por exemplo um fax que entrou em desuso com o
advento da Internet, que possibilita a troca de mensagens por e-mail, se não houver
inovação na instituição de ensino superior, ela se tornará obsoleta e desaparecerá.
Entende-se que é fundamental a inovação na instituição de ensino superior
para que ela possa evoluir no processo de aprendizagem e estar contextualizada
com a realidade e as necessidades da sociedade. Porém, apesar de perder o seu
papel primordial de formação de saberes, acredita-se, diante do seu quadro atual de
crescimento e expansão, que essa instituição deverá se manter como formadora de
profissionais para o mercado de trabalho e/ou com outras funções econômicas,
sociais ou políticas, não desaparecendo da nossa sociedade. Desta forma, as
exigências atuais do processo de aprendizagem contribuem para a criação de
espaços educativos diversificados, flexíveis e atrativos, para a acomodação do aluno
contemporâneo e o desenvolvimento das diversas atividades (NESE, 2015).
De acordo com Carvalho Neto, as escolas públicas brasileiras, durante o
Império, geralmente eram a extensão da casa do professor. "Muitas funcionavam em
paróquias, cômodos de comércio, salas abafadas, sem ar, sem luz e sem nenhum
recurso, praticamente" (CARVALHO NETO, 2006, p. 76). Os projetos arquitetônicos
para as escolas começaram apenas no período da República, com a associação
entre o espaço, as concepções pedagógicas e o projeto político atribuído à
educação popular.
Com o processo de industrialização e urbanização houve uma exigência para
a formação de uma escola mais racionalizada e padronizada. Isto levou a um
modelo de construção de escolas públicas que foi adotado em todos os estados
brasileiros, ao longo de poucas décadas (CORREIA, 2004). De acordo com Caldeira
(2005), difundiu-se neste período o modelo de grupos escolares, que distribuíam os
alunos homogeneamente, sob a orientação de um professor. Assim, a escola era
composta por várias salas, nas quais os alunos eram divididos por faixa etária, além
110
das salas específicas para demais atividades, como os laboratórios e as bibliotecas.
Correia (2004) afirma que a análise desses edifícios revela a política dos
governos que se encarregavam da sua construção. Entende-se que a edificação
revelava a concepção pedagógica da instituição. Caldeira (2005) afirma que os
prédios escolares do período da República Velha adotavam uma arquitetura
imponente, com vários andares e salas de aula para um grande número de alunos.
Ainda de acordo com este autor, no período moderno as escolas eram projetadas de
modo a separar as funções, com blocos distintos para as funções de administração,
refeição e sala de aula.
Com a inserção das tecnologias no processo de ensino e as novas
concepções pedagógicas, de uma aprendizagem ativa, o espaço físico deve ser
visto como auxiliar na mudança da cultura da aprendizagem, que estimula a ação
protagonista do aluno, capaz de participar, debater e sentir-se entusiasmado aos
estudos (MASCARENHAS, 2015).
Conforme apresentado anteriormente, há diferentes maneiras de realização
do ensino por meio da utilização dos recursos tecnológicos (ensino híbrido, ensino
semipresencial e ensino a distância), que vão apresentar suas respectivas
exigências quanto ao espaço de aprendizagem. Quanto maior a frequência do aluno
na instituição, maiores são as necessidades dos espaços físicos e da infraestrutura
adequada. Diante disto, são avaliadas algumas teorias de aprendizagem que
mudam a concepção do ensino e podem influenciar nas configurações dos espaços
educativos, de acordo com suas diferentes propostas.
3.1 TEORIAS DE APRENDIZAGEM
Entende-se que as teorias de aprendizagem mudam a concepção do ensino e
podem influenciar as configurações dos espaços educativos, de acordo com as
diferentes propostas. De acordo com Filatro (2009), devido a grande discussão entre
os especialistas da educação nos últimos anos, é difícil esgotar o assunto sobre as
teorias pedagógicas, com suas inúmeras implicações e desdobramentos. Desta
maneira, destacam-se algumas discussões mais atuais, que se relacionam com as
propostas educativas no ensino a distância.
Analisando o período de desenvolvimento da educação a distância, Franco et.
al (2006) apontam que, com as transformações ocorridas no século XX, o
111
desenvolvimento industrial e a polarização política do período pós-guerras, torna-se
necessária a formação de maior número de trabalhadores. Além disso, na
modernidade há uma nova maneira de racionalidade, possibilitada pelo
conhecimento ideológico ou tecnológico, que altera o processo educativo. A
Universidade, que se destinava à troca de ideias, passa a ser o local para a
formação profissional, por meio da transmissão de informações, para que a nova
geração possa estar apta a desempenhar as funções necessárias na sociedade.
Neste cenário, a psicologia e a educação se unem, pois se entende que educar é
também controlar.
Filatro (2009) afirma que, com a necessidade de treinamento de milhares de
militares durante a Segunda Guerra Mundial, aumentaram-se os investimentos em
pesquisas sobre aprendizagem e instrução. Surgiram novas teorias de
aprendizagem, que buscavam compreender como ocorria o processo de construção
do conhecimento. Entre 1950 e 1960, o psicólogo norte-americano Skinner, foi o
principal representante do movimento da educação programada, pois considerava
que o conhecimento era originado no meio externo ao sujeito, visto como um ser
moldável. Enquanto se estabelecia como hegemônica a concepção de que ensinar
era transmitir conteúdos, surgiram em paralelo movimentos contrários como o de
Carl Rogers, também psicólogo norte-americano, que propôs uma pedagogia
centrada no aluno (FRANCO et. al, 2006).
A teoria de Skinner busca compreender o comportamento humano como uma
interação entre estímulos do ambiente e respostas do organismo, em função das
suas inter-relações entre a filogenética26, o ambiente e a história de vida. Dessa
forma, o professor é visto como o responsável pelo desenvolvimento do aluno,
desconsiderando-se a sua individualidade. Filatro (2009) aponta que o foco principal
dessa teoria é a manipulação do ambiente externo, entendido como mecanismo de
mudança de condutas observáveis.
Como resultado do desenvolvimento teórico e das experiências realizadas
recentemente, surge o cognitivismo norte-americano, que entende que há um
processamento da informação entre estímulos (externo) e respostas (interno) do
sujeito. Este movimento repercute na educação a distância, pois entende-se que o
processo de autoaprendizagem deve ser centrado no aluno, que não é um mero
26 Vide glossário.
112
receptor de conteúdos preexistentes (FRANCO et. al, 2006). Dessa forma, a
educação a distância não pode ser encarada como a mera inserção de novas
tecnologias no ensino, mas a mudança de pensamento sobre a forma de
aprendizagem.
Jean Piaget é considerado o precursor do cognitivismo, que por volta da
década de 1920 definiu o conceito que considera os processos mentais, internos da
percepção, da representação, do armazenamento e da recuperação do
conhecimento (FILATRO, 2009). De acordo com a sua concepção construtivista, o
conhecimento é resultante da interação entre o sujeito e o objeto, por meio de um
processo contínuo de construção e reconstrução na formação dos saberes, como
um desenvolvimento biológico. Nessa perspectiva, o meio externo só pode
influenciar o desenvolvimento do indivíduo se ele já tiver construído as estruturas
internas que permitam assimilar as novas situações de maneira significativa. Para o
ensino, a sua teoria implica na disponibilização de ambientes mais interativos, que
estimulem a experimentação e o desenvolvimento das habilidades existentes
(FILATRO, 2009).
Na década de 1930 Lev Vygotsky desenvolveu a teoria socioconstrutivista,
que considera as funções psicológicas superiores como resultado do
desenvolvimento cultural, e não do desenvolvimento biológico. Desta maneira,
entende-se que a aprendizagem sustenta o desenvolvimento humano (biológico), ao
contrário da teoria de Piaget que defende que o desenvolvimento biológico sustenta
a aprendizagem (FILATRO, 2009).
Uma das grandes contribuições de Vygotsky foi o conceito de zona de
desenvolvimento proximal, que considera a distância entre o desenvolvimento atual
do sujeito e o que ele poderá desenvolver, sob a orientação e a colaboração de
outros mais capazes. Assim, entende-se nesta teoria, que o desenvolvimento
humano é considerado como resultado de um processo de aprendizagem onde
utiliza-se ferramentas intelectuais, por meio da interação social com outros mais
experientes no uso destas ferramentas (FINO, 2001). Para o ensino, a teoria de
Vygostsky implica no desenvolvimento de ambientes colaborativos e de desafios
apropriados para cada aluno, que possam encorajar a experimentação e o
compartilhamento de descobertas (FILATRO, 2009).
Na década de 1980, David Aussubel aprofundou as pesquisas de Piaget e
defendeu que novos conhecimentos devem se relacionar significativamente com as
113
ideias e informações já existentes na estrutura cognitiva do aluno. Assim, para que a
aprendizagem significativa ocorra numa situação social, como em uma sala de aula,
os conhecimentos prévios e a sequência de conteúdos são essenciais para o
aperfeiçoamento da aprendizagem e para a solução de problemas (FILATRO, 2009).
De acordo com Ribas (2010), Paulo Freire é um pensador que defende a
interatividade e a exigência de participação do sujeito, o que pode ser relacionado
ao ensino a distância mediado pelas tecnologias atuais. Ao contrário da pedagogia
tradicional, que não propicia a interação entre os alunos, a relação interativa e
colaborativa possibilita que os alunos sejam sujeitos no próprio processo de
aprendizagem. Assim, Freire defende a autonomia do aluno, para uma construção
conjunta do conhecimento entre professores e alunos (RIBAS, 2010).
Com as contribuições de teóricos como Piaget, Vygotsky, Aussubel e Paulo
Freire, que apontam a importância do processo de interação, é possível avançar e
encontrar argumentos fortes para superar aquela visão simplista de que
aprendizagem é apenas uma mudança de comportamento, garantida pela motivação
e a iniciativa do aluno. A disposição do sujeito e a forma como o conhecimento
aparece são fatores importantes que devem ser considerados no processo de
construção do conhecimento (FRANCO et. al, 2006). Para tanto, considera-se a
organização do espaço escolar um fator essencial para a motivação do aprendizado
do aluno, agente ativo do processo. Destaca-se que, a medida que a sociedade se
depara com as tecnologias, a educação pode ganhar novas possibilidades, com
melhorias nas práticas pedagógicas.
3.2 USO DE ARTEFATOS EDUCATIVOS
De acordo com Belloni (2012), a educação sempre foi um processo complexo
que utilizou algum meio de comunicação como mediador entre professor e alunos.
Desta maneira, a sala de aula, o quadro negro e o giz, o livro e outros materiais
podem ser considerados como artefatos educativos, que representam uma
tecnologia no ensino.
Entende-se o termo artefato como um objeto fabricado pelo homem, para
facilitar, de maneira prática, as atividades normalmente realizadas no seu cotidiano,
seja no trabalho, no lazer ou para o bem-estar. Compreendendo que a análise de
um artefato dá informações sobre a cultura do seu criador e usuários, destaca-se a
114
evolução de alguns artefatos educativos, considerando-se a existência de mídias
digitais ou não, que estão presentes há muito tempo na educação.
As primeiras obras impressas utilizadas para fins educativos foram um dos
meios de solucionar a falta de comunicação entre professores e alunos, destacando-
se os livros considerados sagrados pela Igreja. Para Carvalho Neto (2006), foi no
campo de atuação restrito dos claustros e mosteiros da Idade Média, que se
reuniram em um mesmo espaço os aprendizes e o mestre. Ainda não haviam
quadros negros, nem carteiras individualizadas para apoiar o caderno, pois escrever
era uma ação de registro que não fazia parte da tecnologia educacional naquela
época. O importante era o aluno ouvir, memorizar e saber repetir, para reproduzir
modelos desejados.
Assim, o quadro negro com giz, popularmente chamado de lousa, foi uma
mídia inovadora para o aprendizado no início do século XIX. Esse recurso começou
a alterar as formas de comunicação dentro do contexto da sala de aula, pois
anteriormente a comunicação ocorria basicamente por meio da oralidade, conforme
ilustrado na Figura 15, que representa um ambiente arquitetônico dedicado aos
processos educacionais, possivelmente na Idade Média.
Figura 15 – Auditorium - espaço de aprendizagem
Fonte: CARVALHO NETO, 2006, p. 171.
115
O uso do quadro negro foi inicialmente rejeitado por muitos dos docentes que
entendiam a comunicação oral como o diferencial da comunicação e a mais
confiável por tradição, porém, o quadro de giz passou a ser incorporado nos
processos de aula de alguns professores e, a sua introdução no ambiente educativo
trouxe mudanças significativas para o processo de ensino e aprendizagem
(CARVALHO NETO, 2006). Do seu uso desenvolveu-se o mobiliário escolar, com
mesas e carteiras para que o aluno pudesse não apenas ouvir e ler, mas também
registrar o conteúdo de uma aula. Conforme Carvalho Neto (2006), esse cenário se
intensifica a partir do final do século XIX e influencia a escola do século XX,
passando a ser revisto e modificado mais profundamente no início do século XXI. A
imagem de uma sala de aula tradicional virou sinônimo de um espaço com mesas e
cadeiras, quadro negro, um professor a frente da sala e o grupo de alunos
enfileirados, num modelo de comunicação verbal-visual.
De acordo com Carvalho Neto (2006), quanto ao modelo tradicional de quadro
de giz com apagador, houve uma evolução com a substituição do giz à base de
carbonato pelos pincéis químicos. Posteriormente, aos pincéis foram incorporados
sensores de posição e matiz, capazes de reproduzir e tratar digitalmente a
informação visual que está sendo projetada sobre o quadro, transformando-a em
informação digital. Isto possibilita o gerenciamento das informações a partir do
computador e o seu compartilhamento em rede, ou armazenamento. Pela falta de
nomenclatura, adota-se o termo lousa digital ou lousa interativa para especificar este
último modelo.
De acordo com Moran (2005), apesar da evolução das tecnologias, o quadro
com giz ainda deve permanecer por muito tempo nas salas de aula, pois muitas
escolas oferecem o mínimo de infraestrutura tecnológica para professores e alunos
e, muitos professores consideram-se o centro do processo de aprendizagem,
focando-se mais no ensino do que no aprender. O modelo tradicional de ensino
ainda está presente na maioria das instituições de ensino e é considerado o
suficiente para se garantir um ensino com qualidade.
De acordo com Carvalho Neto (2006), apesar de poucos registros, entende-se
que a partir da segunda metade do século XX foram adotados os laboratórios de
ciências nas escolas brasileiras. Também, em meados da década de 1950 foram
incorporadas as salas de geografia e de música, dentre outros espaços, que
ampliavam as possibilidades pedagógicas. Devido ao incipiente uso de
116
equipamentos para laboratórios de ensino no Brasil, era comum a sua importação
que normalmente representava um problema de ordem financeira e de dificuldades
para a manutenção local. Carvalho Neto (2006) afirma que, apesar de tais
dificuldades, as instituições que possuíam um de alto padrão, fossem públicas ou
algumas poucas privadas, mantinham os laboratórios de ciências e as práticas
frequentes em seus recintos, possibilitando a experiência prática.
3.3 OS ESPAÇOS DE APRENDIZAGEM
Os espaços de aprendizagem, como lugares que abrigam as atividades
acadêmicas, possuem seus significados e transmitem estímulos, conteúdos e
valores que são importantes para as organizações disciplinares (FRAGO;
ESCOLANO, 2001). Assim, avalia-se as configurações da sala de aula, que devem
estar inseridas na concepção de um espaço adequado aos novos tempos
tecnológicos e as práticas pedagógicas atuais de aprendizagem colaborativa.
Para Teixeira e Reis (2012), a disposição do mobiliário em uma sala de aula
pode influenciar no tempo e no modo de aprendizagem escolar. A flexibilidade no
posicionamento de mesas e cadeiras para o agrupamento de alunos é importante
para proporcionar uma aprendizagem cooperativa. Para Forneiro (2008), o espaço
escolar é compreendido como um ambiente de aprendizagem, em que se considera
o ambiente como um todo, inseparável de objetos, odores, sons, formas, cores e
pessoas que habitam e interagem em um local físico. Desta forma, o ambiente é
compreendido pelo local que transmite sentimentos, oferece segurança ou
insegurança, atrai memórias e não deixa seus usuários indiferentes. Com relação ao
ambiente escolar, compreende-se que há uma estrutura com quatro dimensões bem
definidas e que se combinam e se inter-relacionam de maneira diferente para cada
um que interaja com ele, proporcionando experiências por meio de: 1) Dimensão
física: aspecto material do ambiente. 2) Dimensão funcional: modo de utilização do
espaço. 3) Dimensão temporal: organização do tempo e o momento em que se
utilizará o espaço. 4) Dimensão relacional: as várias relações estabelecidas dentro
do espaço e as diferentes formas de acessá-lo (FORNEIRO, 2008).
Considerando-se estas quatro dimensões como elementos importantes na
formação escolar, entende-se que o modelo educacional interfere na concepção do
ambiente de aprendizagem e no sentido de como ele é usado, além de definir a
117
infraestrutura necessária para enriquecer e tornar a atividade de aprendizado
estimulante.
Destacando-se a dimensão física, sob a visão de Forneiro (2008), o espaço
de aprendizagem pode ter a sua organização condicionada pela estrutura,
delimitação e dinamismo-estatismo. Os elementos estruturais estão relacionados ao
edifício propriamente dito, não sendo possível a sua alteração; a delimitação é dada
pelo mobiliário que define as áreas de circulação e permanência, organizando ou
reorganizando conforme as necessidades; e, o dinamismo-estatismo ocorre por meio
da disponibilização de materiais que define como cada um pode utilizá-lo de maneira
dinâmica ou estática, de acordo com o que for considerado mais pertinente.
Considerando-se importante a flexibilização do espaço e a coerência entre
plano didático e a sua aplicação, entende-se que a sala de aula poderá favorecer ou
dificultar o processo de aprendizagem, conforme o nível de estímulos que limitam ou
estimulam a coerência entre os objetivos e a dinâmica das atividades propostas, ou
entre os métodos de ensino e a aprendizagem que caracterizam o modo de ensinar
(TEIXEIRA; REIS, 2012).
Moran (2005), destaca que nos dias de hoje a tecnologia, que era restrita aos
laboratórios de informática, faz parte do cotidiano de alunos e professores nas salas
de aula e a EAD vem se caracterizando como uma maneira de criar grupos de
aprendizagem, que integram a aprendizagem pessoal com a grupal.
De acordo com Correia (2004), é importante entender a arquitetura escolar
como um símbolo de uma época e reveladora de um período político, para
compreender os estudos de história da educação e da arquitetura. Também é
importante analisar os espaços educacionais diferenciados, que vão desde os
antigos seminários eclesiásticos até as arquiteturas mais recentes.
Bencostta (2005) afirma que é possível ler e interpretar a história da educação
brasileira por meio da análise da arquitetura dos edifícios escolares. Para Carvalho
Neto (2006), sempre houve uma relação entre as concepções pedagógicas-
educacionais e a concepção arquitetônica das escolas. Entretanto, avalia-se que
esse é um assunto pouco estudado. Frago e Escolano (2001) afirmam que os
registros sobre a distribuição e o uso dos espaços escolares não iam além da
informação sobre os edifícios em que se localizou a instituição e, certas vezes, tal
informação era acompanhada de fotografias e plantas.
118
A organização do espaço educativo, compreendida pela disposição do
mobiliário, dos equipamentos, do material escolar, dos alunos e dos professores,
influencia o aprendizado, com maior ou menor possibilidade de diálogo entre os
participantes de uma aula e, resulta em importantes efeitos emocionais e cognitivos
nos alunos. Tal organização, além de influenciar os padrões de comunicação,
também definem as relações de poder entre professores/tutores e alunos, que
interferem no grau de autonomia destes (TEIXEIRA; REIS, 2012).
No modelo tradicional de ensino, em que os alunos se sentam em carteiras
dispostas em filas, uns atrás dos outros, voltados para o quadro e o professor, a
interação entre os alunos é desfavorecida (Figura 16).
Figura 16 – Carteiras dispostas em fileiras
Fonte: Brasil (2006c, p. 22-23).
Com a disposição de pequenos grupos, por meio do agrupamento de mesas,
é possível a interação entre os alunos de cada grupo, que podem se olhar e falar
diretamente uns com os outros. Também é possível interagir com os outros grupos.
Nesse caso, o quadro não é o alvo principal da aula e o professor/tutor pode estar
em diferentes lugares, acompanhando os diálogos e os trabalhos de cada grupo
(Figura 17).
119
Figura 17 – Mesas agrupadas
Fonte: Brasil (2006c, p. 22-23).
Quando há uma disposição de cadeiras em círculo, não há identificação do
lugar do professor/tutor, que se insere em qualquer lugar, igualmente disposto em
relação aos alunos. Todos estão numa posição voltada para o centro do círculo, o
que possibilita se olharem e dialogarem igualmente (Figura 18).
Figura 18 – Disposição em círculo
Fonte: Brasil (2006c, p. 22-23).
De acordo com Teixeira e Reis (2012), estudos apontam que o aprendizado
em pequenos grupos demonstra benefícios para os alunos que, dentro de uma certa
diversidade, se auxiliam na construção do conhecimento, por meio de troca de
informações e experiências, debates de ideias e estratégias diversificadas, desde os
que revelam dificuldades até os que tem mais conhecimentos. Na Figura 19, retrata-
se uma sala de aula contemporânea onde há maior flexibilidade dos espaços, que
120
podem ser arranjados para o atendimento de pequenos ou grandes grupos. Neste
ambiente, o mobiliário possibilita a conexão dos dispositivos eletrônicos e os alunos
têm a liberdade para a discussão entre os pares.
Figura 19 – Sala de aula contemporânea
Fonte: Perkins Eastman (2010, p.9).
3.4 ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO PARA O APRENDIZADO COLABORATIVO
O conhecimento é o resultado de uma motivação para explicar os fatos, as
coisas e, para responder aos desafios que o ambiente propõe para as pessoas. O
desejo de conhecer e de explicar o que é percebido, é inato ao homem e impulsiona
as grandes descobertas da humanidade, as belas produções artísticas e os avanços
da ciência e da tecnologia. Desta maneira, cada pessoa é um sujeito repleto de
saberes que contribuem para a construção do seu conhecimento, quando há
interação entre o sujeito e o meio externo (BRASIL, 2006c).
De acordo com Brasil (2006c), o sentimento de pertencimento a um grupo é
construído por meio do diálogo constante, pela produção em equipe, pela
possibilidade de expressão individual e a garantia do direito à palavra. Em uma sala
de aula, o professor/tutor desempenha um papel importante de evidenciar a
potencialidade do grupo, além de incentivar e facilitar o diálogo, a produção e a
expressão individual, auxiliar na resolução de conflitos e favorecer as trocas e
ajudas mútuas.
Conforme abordado anteriormente, as redes da informática estão provocando
profundas mudanças na educação. Na educação presencial elas apontam que o
121
ensino e a aprendizagem não precisam mais estar fixamente localizados e
temporalizados, pois é possível aprender em qualquer lugar e tempo, on-line ou off-
line, juntos ou separados. Na educação a distância as redes possibilitam que as
atividades sejam individuais, porém combinadas com a comunicação entre pares em
um grupo de aprendizagem, integrando a aprendizagem pessoal com a grupal
(MORAN, 2015).
Para Cabeda et. al (2010), o polo de apoio presencial deve promover o
encontro social por meio da comunidade de aprendizagem, capaz de expandir o
projeto pedagógico do curso a distância, para se resgatar um convívio social da
escola tradicional, orientado pelas possibilidades da Internet. Na realidade brasileira,
muitos polos de apoio não possuem objetivos estabelecidos, carecem de estrutura,
ou não têm o mediador local à altura da função que deve cumprir.
Tendo como base os pressupostos de Fredric Litto (2001) para a Escola do
Futuro no Século XXI, entende-se que os polos de apoio deverão oferecer um
suporte para as salas de aula do futuro, em que destacam-se as seguintes
configurações: mobiliário portátil que possibilite a reconfiguração de acordo com as
necessidades de cada grupo; computador individual, ligado às redes internas e
externas; ausência de fios de eletricidade e de comunicações, para facilitar a
movimentação física de pessoas e mobiliário; projetores de imagens para facilitar a
apresentação e discussão em grupos; disponibilidade de superfícies grandes para
desenhar e registrar informações que não podem ser contidas em telas de
computador; e, utilização de suportes que favoreçam as telecomunicações para
melhorar a conduta do grupo em atividades colaborativas de aprendizagem,
interação e ação.
Muitas instituições brasileiras têm investido na implementação de espaços de
aprendizagem colaborativa. Mascarenhas (2015) relata um estudo realizado na
University of Minnesota, em que a alteração da estrutura física da sala de aula
proporcionou mudança na postura de professor e alunos. Como resultado, observou-
se a importância de novas configurações da sala de aula, como por exemplo a mesa
redonda, que promoveu relacionamentos mais significativos e positivos. Com base
em experiências como essa, a universidade Uniamérica, em Foz do Iguaçu,
implementou salas de aula para a aprendizagem ativa (MASCARENHAS, 2015),
conforme apresentado na Figura 20, que adota mesas redondas para a formação de
grupos de estudos. Destaca-se que para esta conformação de estudo, o professor
122
não deverá se manter prioritariamente na posição tradicional, na frente da sala, mas
oferecer orientações individuais aos grupos.
Figura 20 – Sala de aula colaborativa na Uniamérica
Fonte: KOJUNSKI, 2014.
Em 2015 a Universidade Metodista, de São Paulo, também inaugurou uma
sala de aprendizagem colaborativa e interativa em uma de suas unidades – no
Campus Vergueiro –, com o objetivo de estimular os alunos e os professores no
desenvolvimento das aulas e dos trabalhos de maneira mais dinâmica. De acordo
com as informações da instituição (METODISTA, 2015), a sala é equipada com
tablets, quadros de vidro para fixação de lembretes e protótipos, lousa interativa,
mesas redondas para grupos de até quatro alunos e Internet sem fio. Há uma área
para convivência e não há mesa de professor. Conforme apresentado na Figura 21,
as mesas estão distribuídas pela sala, possibilitando uma integração horizontal entre
professores e alunos.
123
Figura 21 – Sala de aula interativa na Universidade Metodista
Fonte: Portal Metodista, 2015. Disponível em: <https://portal.metodista.br/noticias/2015/setembro/RHSalaDeProjetosSet20152.JPG>. Acesso em 13 nov. 2015.
3.4.1 Escola Inteligente
Valenti (2015) relata que, em meados dos anos 1990 o conceito de "sala de
aula inteligente" emergiu como um novo paradigma para a educação. O uso das
novas tecnologias, com a integração dos computadores pessoais e acesso à Internet
com os equipamentos audiovisuais, trouxe os recursos de informação do mundo
para a sala de aula. Nas primeiras implementações ocorreram vários problemas,
incluindo a rede de (des) confiança, a complexidade de sistemas e os desafios para
professores e alunos. Era comum recorrer-se a diversos fabricantes e diferentes
equipamentos para conseguir instalar a tecnologia em sala de aula. Apesar dessas
dificuldades, a experiência teve sucesso.
Com relação a organização do espaço de aprendizagem, Valenti (2015)
afirma que não houve mudança, pois ainda estava centrado no professor, que
localizava-se na frente da sala de aula. Com a evolução de conexões sem fio para
os equipamentos eletrônicos foi possível iniciar a mudança neste modelo.
Baseado neste conceito de salas de aula inteligentes, o Prof. Dr. Cassiano
Zeferino de Carvalho Neto iniciou suas pesquisas em 1996 e constituiu um novo
conceito nomeado de "Ciberarquitetura Digital", para referenciar-se aos espaços
físicos e digitais dedicados à educação, que possuem a integração de diversas
atividades em um único ambiente. A partir desse conceito e sua implementação, a
sala de aula também é o laboratório de ciências e de tecnologia, o ambiente de
124
dispositivos multimídia, a sala com computadores, o espaço de artes, a biblioteca
digital, a sala de aula teórica, de modo que todos esses espaços estejam integrados
sob um mesmo espaço ciberarquitetônico, por redes técnicas de mídias locais e/ou
remotas.
De acordo com Carvalho Neto (2015), na escola inteligente a informação
veiculada por meio da Internet e outros recursos, estão disponíveis aos alunos em
tempo real. A informação deve estar disponível na ponta dos dedos dos docentes e
dos discentes. A busca pelo processo de informação, que envolva tanto os aspectos
das simulações quanto da observação direta, faz parte de uma pedagogia onde a
vivência e a discussão fazem parte do contexto do estudante, por meio do
acompanhamento e da mediação consciente do professor. As mídias digitais e não
digitais fazem parte da construção de habilidades e competências dos alunos.
Por meio dos processos de metacognição, os alunos passam a sistematizar
as informações e a registrar as aulas. Desta forma, a construção do conhecimento
passa a ser efetiva, na medida que reflete um processo vivenciado pelos estudantes,
mediados pelo educador.
O mobiliário da sala de aula inteligente conta com estações de multimídia
para os alunos. Cada estação é composta por uma mesa, que comporta um
computador e possivelmente seus periféricos e, aproximadamente, de 3 a 5 alunos,
que terão espaço para livros ou caderno de anotações e apoio de pequenos objetos
(Figura 22). Figura 22 – Sala de aula inteligente
Fonte: Revista Época (LOPES, 2008).
125
3.4.2 Ciberarquitetura do espaço escolar
Em sua pesquisa sobre espaços educativos na era da cibercultura, Carvalho
Neto (2006), constrói o conceito de ciberarquitetura a partir das referências como as
de ciberespaço e ciberlugar. Para isto, o autor faz a distinção entre espaço e lugar, e
refere-se ao termo ciberarquitetura como uma expressão física do ambiente. Esta
expressão se projeta na dimensão do ciberespaço, conforme o contexto das
relações humanas, síncronas ou não, que são desenvolvidas nos ambientes reais ou
virtuais de interação.
Contrapondo ao conceito de Pierre Lévy (1999), entendendo-se o ciberespaço
como os ambientes virtuais, Carvalho Neto (2006) sugere o conceito de ciberlugar
como uma construção que se projeta da ocupação do ciberespaço, ou seja, é o
ambiente virtual nos quais os sujeitos interagem e se relacionam, produzindo o
ciberlugar. Na ciberarquitetura os sujeitos ocupam, presencialmente, determinadas
posições durante os processos educacionais e transformam os espaços em lugares.
Ao fazer a distinção entre os termos espaço e lugar, Carvalho Neto (2006)
cria uma nova categoria para representar o espaço que pode ser percebido por meio
da bidimensão de uma tela ou vídeo e que representa uma dimensão que não se
projeta nas coordenadas espaciais físicas conhecidas. Cria-se a dimensão de
espaço-tempo virtual, em que a variável tempo configura o espaço de duas, de três
e de quatro dimensões.
O docente cria as soluções, quanto as tecnologias educacionais, conforme a
sua experiência, os princípios e os recursos disponíveis na instituição em que ele
atua. Para isto é necessário conhecer o seu público e o seu contexto, que exigem
ajustes nas práticas pedagógicas a todo momento. Em todos os níveis de ensino a
natureza tecnológica está relacionada ao processo pedagógico (CARVALHO NETO,
2006).
Atualmente, a mídia impressa e as mídias digitais transportam e transformam
a informação gerada por formas simbólicas e estão, progressivamente, adentrando o
ciberespaço educacional. Algumas destas mídias são unidirecionais e não
promovem a possibilidade de interações entre as pessoas, como é o caso do CD e
do DVD. Outras, como sites e portais, acessados por intranet ou Internet,
possibilitam a manifestação de ciberexistências, transformando ciberespaços em
ciberlugares, propiciando inúmeras alternativas de solução parcial ao problema
126
fundamental da comunicação (CARVALHO NETO, 2006). De acordo com Voigt
(2007), a Web 2.0 possibilita nova relação de mediação no processo educacional, na
qual os seus participantes deixam de ser apenas consumidores de informações,
para também serem produtores das mesmas, pois são capazes de alterar e editar
novos conteúdos, de distribuir e compartilhar conhecimentos de maneira mais rápida
e colaborativa.
3.4.3 Produção do material didático para EAD
Como possível efeito decorrente das transformações que ocorrem por meio
dos avanços no uso do ciberespaço, avalia-se o impacto na produção do material
didático para o ensino a distância. Este material é um elemento mediador que
orienta a aprendizagem e o seu planejamento deve estar adequado à concepção
pedagógica, que deve favorecer a aprendizagem colaborativa, por meio da interação
e interatividade, de acordo com o perfil dos alunos. Considerando-se a ausência
física do professor no ensino a distância, o material didático deve apresentar-se
como motivador e com uma linguagem dialógica. O processo de sua produção deve
potencializar o uso das mídias, para garantir o sucesso do curso/programa (SALES,
2005).
Conforme analisado na evolução histórica da EAD, os materiais impressos
inicialmente foram a principal fonte de estudos na educação a distância, devido a
facilidade no seu transporte e a cultura centrada na leitura. Com o avanço das
tecnologias, os sistemas escolares incorporaram outros recursos midiáticos aos
materiais didáticos como: o rádio, a televisão, o telefone, a Internet, etc.
Apesar dos avanços tecnológicos, ainda há a produção de materiais
impressos nos programas e cursos a distância, que normalmente complementam os
demais materiais para facilitar o processo de mediação pedagógica. Destaca-se a
importância dos materiais didáticos nos parâmetros de qualidade de um curso a
distância, sejam esses materiais impressos, em áudio, em vídeo ou na Web, e os
processos que envolvem a sua elaboração.
No processo de gestão da produção do material para EAD destacam-se a
importância de uma equipe multidisciplinar, formada por diferentes profissionais de
acordo com a forma de atuação e o tipo de material a ser produzido e, de um
monitoramento das tarefas, para o atendimento aos prazos e parâmetros definidos.
127
Para isto, utiliza-se uma estrutura tecnológica devidamente dimensionada às
demandas da produção, realizam-se reuniões periódicas com o maior número de
profissionais possíveis, reduzem-se os procedimentos repetitivos e manuais que
podem ser realizados de forma automatizada (DE LIMA; DOS SANTOS, 2012).
De acordo com Pequeno e Pequeno (2012), a organização da produção do
material didático é um fator importante para o sucesso de um curso a distância. Da
experiência na Universidade Federal do Ceará (UFC), os autores implementaram um
fluxo para o desenvolvimento de atividades, representado na Figura 23, que ocorre
de maneira colaborativa e multidisciplinar, com a equipe pedagógica e a de
produção técnica. Por meio de linguagem específica e documentos padronizados, a
comunicação entre os envolvidos nesta produção é facilitada. Figura 23 – Fluxo de produção do material didático
Fonte: Pequeno e Pequeno (2012).
Expressando este fluxo em uma linha direta de produção, na Figura 24,
verifica-se que o processo se inicia com o professor conteudista27, capacitado para
planejar o componente curricular, considerando o uso das TIC. Esse professor irá
produzir o conteúdo das aulas em formato de texto e propor o seu formato para
27 Vide glossário
128
EAD. O conteúdo será encaminhado para a equipe, definida como transcrição
didática (TD), com aproximadamente 120 dias de antecedência. Em 30 dias a TD
fará a assimilação do conteúdo com a proposta do professor, além de sugerir a
utilização e a criação de ferramentas que tornam o conteúdo mais acessível e de
fácil compreensão. Após a análise e a aprovação da proposta da transcrição
didática, pelo professor conteudista, a equipe de produção e de formatação
concretiza o conteúdo em formato para a Web. Na sequência, esse conteúdo é
validado pela equipe de TD e posteriormente pelo professor conteudista, que
encaminha o conteúdo para a equipe de correção, que finaliza o processo em
aproximadamente 30 dias. Quando estiver de acordo com as propostas solicitadas,
o material é publicado no ambiente virtual de aprendizagem, com 30 dias de
antecedência do curso e disponibilizado para o acesso pelos alunos.
Figura 24 – Linha de produção do material didático
Fonte: AUTORA, 2015, com base em Pequeno e Pequeno (2012).
Esse processo, adotado na Universidade Federal do Paraná, é gerenciado
por meio de um sistema de informação, que possibilita o trabalho colaborativo e o
melhor acompanhamento por parte dos gestores. Todo material produzido é
armazenado em uma plataforma virtual. Isso permite a busca e a recuperação de
conteúdos produzidos, que podem ser reutilizados para o aumento da produtividade
129
(PEQUENO; PEQUENO, 2012).
A Diretoria de Produção de Material Didático (DIPMAD), do Campus de
Educação a Distância do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Norte (IFRN), produz todo o material didático para os cursos da
instituição. Os conteúdos são produzidos em diversos formatos, como: textos,
vídeos, além de provas, cartazes de divulgação dos cursos, entre outros materiais.
Conforme Rosemary Borges (apud DIPMAD, 2015), o setor é composto por
aproximadamente 35 funcionários, que estão divididos entre três coordenações:
COPMIMP (Coordenação de Mídia Impressa), que faz a diagramação e a ilustração
dos materiais impressos; COREV (Coordenação de Revisão) – que faz a revisão
linguística, pedagógica e de normas da ABNT de todos os materiais produzidos; e,
COVIDEO (Coordenação de Videoproduções) – que produz matérias para o
telejornal institucional “IFRN em PAUTA” (divulgação), o programa "Educação em
Pauta" e a produção de videoaulas para os cursos ofertados a distância (Figura 25).
Figura 25 – Equipe DIPMAD: Produção de Material Didático
Fonte: DIPMAD, 2015, p.1.
Em 2014, a DIPMAD investiu na realização de capacitação para professores
conteudistas e participou de reuniões com os servidores para orientar as pessoas
envolvidas na produção de materiais didáticos. Além dessa produção, a equipe faz a
revisão de todo o conteúdo, após o término de cada curso, para verificar a
130
compatibilidade com o projeto pedagógico. Caso necessário, o material é revisto e a
produção reiniciada. Rosemary Borges afirma que, apesar da disponibilidade de
equipamentos para a impressão dos materiais, a tendência é que o serviço de
impressão seja terceirizado (DIPMAD, 2015). É importante salientar que, enquanto
há instituições que possuem espaços físicos específicos para a produção do material
didático, como por exemplo, a Universidade Federal do Ceará e o Instituto Federal
do Rio Grande do Norte, outras instituições desenvolvem seus materiais por meio de
parcerias com empresas terceirizadas para a realização das diferentes atividades,
tendo como principal meio de apoio as plataformas virtuais, conforme mostram os
estudos de casos apresentados adiante, no capítulo 4.
3.5 EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS SOBRE ESPAÇOS EDUCATIVOS
De acordo com Valenti (2015), a criação de espaços de aprendizagem teve
grande desenvolvimento na última década, porém a tendência aponta que nos
Estados Unidos e ao redor do mundo, o grande interesse é transformar os espaços
existentes, para garantir o aprendizado baseado em projetos ativos. Com o grande
uso de recursos tecnológicos e o aprendizado centrado no aluno, os novos espaços
de aprendizagem devem ser flexíveis em tamanho e disposição do mobiliário, para
atender às mudanças na demografia do estudante, ao avanço tecnológico e às
pressões econômicas sobre ensino superior, resultante da crescente demanda de
empregos.
Considerando-se que a natureza do trabalho atual é baseada em equipe,
inerente e colaborativa, muitas vezes virtual e geograficamente distante, as
empresas estão buscando funcionários criativos e colaborativos, que tenham uma
mentalidade exploradora. Valenti (2015) afirma que, as instituições de ensino
superior norte americanas estão criando o suporte para as experiências multimodais,
flexíveis e de aprendizagem autênticas, para o atendimento às necessidades dos
empregadores, que procuram recém-formados que possam ser mais produtivos na
economia atual, acelerada. Esse cenário reflete a necessidade do aluno ter um
aprendizado cada vez mais ativo, para que possa desenvolver as habilidades
exigidas no mercado de trabalho e, conseguir uma vaga de emprego logo após a
sua formação. Diante disso, Valenti (2015) acredita que a próxima geração de
espaços de aprendizagem terá todas as características de um ambiente de
131
aprendizagem ativa – flexibilidade, colaboração, baseado em equipe e em projeto –
adicionando capacidades de criar e fazer. Provavelmente, as diversas equipes de
um projeto, interdisciplinares e transdisciplinares, precisarão de acesso aos recursos
tecnológicos, como por exemplo: redes de Internet de alta velocidade, colaboração
baseada em vídeo, visualização de alta resolução e impressora 3-D. Também é
necessária a capacidade de reorganização do mobiliário e dos recursos tecnológicos
de maneira rápida e fácil. Valenti (2015) também destaca que o conforto acústico
deverá ser uma preocupação para que se possa acomodar diversas atividades em
um mesmo espaço.
Sobre as experiências de inserção dos computadores nos espaços
educativos, Raths (2014) relata que, na década de 1980, a Stanford University's, na
Califórnia, recebeu uma doação de computadores da marca Apple, para construir
uma sala de computação e um laboratório de instrução de escrita. Pensando na
facilidade de montagem, a equipe técnica de instaladores sugeriu a disposição
alinhada de computadores, porém os professores apresentaram diferentes soluções
de como organizar a sala de aula, conforme a proposta educativa. "Foi uma das
primeiras salas de computadores desenhada por professores, ao invés dos
tecnólogos e do pessoal de instalações"28 lembrou Richard Holeton (apud RATHS,
2014), diretor de serviços acadêmicos de computação na Stanford, que ressaltou a
falta de experiências anteriores, em que diferentes profissionais compunham uma
equipe para a montagem de um ambiente de aprendizagem.
Raths (2014) aponta que, atualmente ainda persiste a dificuldade em se
articular diferentes profissionais como professores, arquitetos e técnicos para
instalação dos equipamentos, na configuração de ambientes educativos. Porém,
cita-se duas iniciativas distintas, mas complementares, que devem auxiliar as
experiências futuras: 1) FLEXspace, um banco de dados on-line, que fornece
exemplos de melhores práticas na concepção de aprendizagem ativa, por meio de
imagens e vídeos dos espaços de aprendizagem. 2) O Learning Space Rating
System, que visa proporcionar um conjunto de critérios mensuráveis para avaliar o
quanto que a configuração da sala de aula suporta e permite atividades de
aprendizagem ativa.
28 Traduzido pela autora. Texto original: "It was one of the first computer classrooms designed by teachers instead of by the technologists and facilities folks". In: RATHS, David. How Do Your Learning Spaces Measure Up? Campus Technology. 03 may 2014.
132
3.5.1 FLEXspace
A ideia para o Flexspace surgiu quando David Lavallee, vice-chanceler e
reitor recém aposentado da The State University of New York (SUNY), notou que a
cada nova sala de aula que era construída, a equipe de projetistas parecia não ter
referências de como fazê-la. Em 2011, ele cobrou de um grupo de consultores uma
investigação que apontasse como a universidade SUNY poderia ser mais pró-ativa
no ambiente da faculdade, com o compartilhamento de informações sobre o projeto
do ambiente de aprendizagem entre os planejadores de instalações e o pessoal de
apoio instrucional.
Em 2012, o grupo investigou como compartilhar os dados e seus líderes se
envolveram em uma solução com base num programa que possibilita que as escolas
gerenciem e publiquem suas experiências, para a própria instituição ou
publicamente na Web. Desta forma, criou-se o banco de dados, o FLEXspace,
organizado em três áreas principais:
1) Integração de tecnologia: recorre aos profissionais de apoio instrucional
para selecionar, instalar e manter a tecnologia nos espaços.
2) Integração de instalações: recorre aos arquitetos e aos responsáveis pelo
projeto e planejamento de espaço.
3) Aprendizagem/avaliação: recorre aos professores e acadêmicos,
pesquisando sobre a adequação dos espaços e o interesse em mensurar o seu
impacto na aprendizagem.
A equipe buscou parcerias com outras instituições e empresas de interesse, e
estabeleceu parcerias com os colaboradores: Educause (ELI), MERLOT (Multimedia
Educational Resource for Learning and Online Teaching), Cornell University – NY,
Iowa State University, Society for College and University Planning e University of
Florida.
De acordo com Raths (2014), um dos objetivos do FLEXspace é ajudar a
ampliar a comunidade de interesse e permitir que as pessoas compartilhem mais
facilmente as suas perspectivas e definição de um espaço inovador. Entende-se que
há diversidade de conceitos sobre o que é um espaço inovador entre as instituições,
mas qualquer instituição pode dar a sua contribuição, que será avaliada pelos pares
e receberá uma qualificação. Os usuários poderão pesquisar no banco de dados um
repertório de exemplos de acordo com os seus interesses, como por exemplo, os
133
professores de química que buscam uma referência em laboratório para pequenos
grupos que realizam experimentos.
Em 2013, o grupo FLEXspace criou um plano de negócios e começou a
solicitar um pequeno grupo de patrocinadores, não concorrentes, para ajudar a
lançar e sustentar o projeto. Essa ação exige um cuidadoso equilíbrio, pois de um
lado as instituições não querem ser alvo de pesquisa comercial e, de outro lado, os
patrocinadores querem apresentar soluções que inspirem as instituições a
considerarem seus produtos e serviços.
Malcolm Brown (apud RATHS, 2014), diretor da iniciativa de aprendizagem –
Educause –, afirma que, embora atualmente muita atenção é dada para educação
on-line, as universidades ainda têm uma ênfase na sala de aula física e estão
investindo na renovação dos espaços. Projeto como o FLEXspace pode auxiliar o
desenvolvimento de melhores espaços educativos, pois possibilita uma consulta às
experiências já adotadas em outras instituições (RATHS, 2014).
3.5.2 Learning Space Rating System - LSRS (Sistema de classificação de espaço de aprendizagem)
De acordo com Raths (2014), o sistema LSRS (do inglês, Learning Space
Rating System), inspirado no sistema de classificação LEED (do inglês, Leadership
in Energy & Environmental Design) de construção verde, constitui a base para um
sistema de classificação que permitirá que as instituições avaliem seus ambientes
com as melhores práticas no ensino superior. O LSRS fornece um sistema de
pontuação para servir como um indicador do quanto o projeto da sala de aula está
adequado ao objetivo de aprendizagem ativa (RATHS, 2014). Segundo esse autor, o
LSRS visa uma classificação que auxilie a instituição a compreender melhor os seus
próprios espaços, identificando espaços de baixo ou de alto desempenho, em seu
próprio portfólio e em comparação com outras experiências. Os dirigentes do
programa pretendem que esta classificação possa ser um diferencial para as
instituições, instigando a competição entre elas e auxiliando o aluno a eleger onde
quer estudar, considerando os espaços de aprendizagem com tecnologia e
mobiliário mais confortável.
134
De acordo com RATHS (2014), os líderes do FlexSpace e LSRS acreditam
que há potencial para a sinergia entre esses dois projetos. Uma possibilidade será
ter uma classificação LSRS como um campo no banco de dados do FlexSpace.
3.5.3 Evolução dos espaços de aprendizagem
Paralelamente ao desenvolvimento do espaço de aprendizagem ativa, Valenti
(2015) ressalta que houve uma mudança no perfil do estudante, muitas vezes
referido como nativo digital, que se desenvolveu na era da Internet e canais de
televisão, que apresenta diferentes expectativas com relação ao aprendizado. Este
perfil de aluno faz com que as instituições de ensino superior repensem os espaços
de aprendizagem, com outros ambientes, horários e estilos, muitas vezes diferentes
das ofertas de ensino superior tradicional.
Sobre a evolução do espaço de aprendizagem, Valenti (2015) destaca que
uma das primeiras experiências foi realizada por Jack Wilson, que desenvolveu uma
nova configuração de sala de aula, com base no conceito de trabalho em equipe, em
que combinava dois alunos em um computador, para aprender na oficina de física
do Rensselaer Polytechnic Institute (RPI), em meados dos anos 1990. Esse conceito
foi levado adiante por Robert Beichner, na North Carolina State University, com o
projeto de ambiente de aprendizado ativo centrado no aluno para programas de
graduação (do inglês, Student-Centered Active Learning Environment for
Undergraduate Programs – SCALE-UP). Valenti (2015), aponta que este conceito de
aprendizado em equipe foi divulgado publicamente no projeto de sala de aula no MIT
(Massachusetts Institute of Technology) em 2004: o Technology Enabled Active
Learning (TEAL). Conforme representado na Figura 26, neste programa os alunos
formavam equipes de até 9 integrantes, com a disponibilização de um computador
para cada 3 alunos. Diversas telas e projetores de imagens são disponibilizados
estrategicamente por toda a sala, de modo a facilitar a visualização dos conteúdos
pelos alunos.
135
Figura 26 – Projeto TEAL no MIT
Fonte: iCampus MIT. Disponível em: <http://icampus.mit.edu/projects/teal/>. Acesso em 12 set. 2015.
Utilizado no ensino de graduação em física, foi inovador o uso da tecnologia
audiovisual para apoiar o conceito de colaboração em equipe. Embora o custo dos
equipamentos de áudio visual fosse muito elevado no início do projeto, a
configuração atual, resultante da queda dos valores dos projetores digitais,
possibilitou o uso de câmeras de vídeo para capturar e distribuir o conteúdo dos
grupos para toda a sala (VALENTI, 2015).
Como exemplo de espaço de aprendizagem para a criação, Valenti (2015)
cita a "Biblioteca para o século 21" da Santa Clara University, inaugurada em 2008,
que foi projetada pelo escritório norte americano Pfeiffer Partners. Os seus
ambientes estão distribuídos em quatro pavimentos, onde encontram-se: espaços
abertos para a comunidade de aprendizagem, salas para projeto em equipe, salas
de aula e laboratórios especializados. A biblioteca também dispõe de um laboratório
de multimídia transformado em uma sala de aula de aprendizagem ativa. Embora a
tecnologia instalada não possibilite a flexibilidade de mobiliário, o espaço não possui
configuração tradicional, com professor na frente da sala. Na Figura 27 verifica-se
uma sala para projeto em equipe, que possibilita o estudo de pequenos grupos.
136
Figura 27 – Sala para estudo em grupo na biblioteca da Santa Clara University
Fonte: Pfeiffer Partners On-line. Disponível em: <http://www.pfeifferpartners.com/project_photos/68/4.jpg>. Acesso em 20 out. 2015.
Na Figura 28 verifica-se um espaço de uso livre, com poltronas e sofás, que
possibilita o estudo individual ou em pequenos grupos. Para aqueles que necessitam
utilizar os equipamentos tecnológicos, há uma bancada, disposta linearmente ao
longo da parede, que oferece estações individuais com o suporte necessário para a
utilização dos dispositivos pessoais.
Figura 28 – Espaço de uso livre na biblioteca da Santa Clara University
Fonte: Pfeiffer Partners On-line. Disponível em: <http://www.pfeifferpartners.com/project_photos/68/5.jpg>. Acesso em 20 out. 2015.
138
Conforme já abordado, a mudança no processo ensino-aprendizagem, em
que o aluno passa a ser o centro do processo pedagógico, merece atenção, pois a
proposta de um curso a distância deve atender as reais condições do cotidiano dos
alunos, sendo que a escolha da tecnologia adequada é fundamental para não
aumentar ainda mais a sua exclusão. Sendo assim, a tecnologia deve ser o meio
pelo qual ocorre o processo pedagógico, afim de atender a um perfil de estudante
potencial.
De acordo com art.10 do Decreto 5.622/2005 (BRASIL, 2005), compete ao Ministério da Educação (MEC) a promoção dos atos de credenciamento de
instituições que irão oferecer cursos e programas a distância para educação
superior. Para obter tal credenciamento, a instituição se submeterá à avaliação, in
loco, da sede da instituição e dos polos de apoio presencial, de acordo com os
instrumentos de avaliação pertinentes e observados os referenciais de qualidade.
3.6.1 Tecnologias de redes utilizadas na educação a distância
A evolução das tecnologias gera uma ampliação das redes de informação e
comunicação, o que possibilita que a sociedade esteja cada vez mais conectada. De
Franco (2015) afirma que o mundo está mudando, pois caminha-se cada vez mais
para redes distribuídas, que possibilitam uma alta interatividade, podendo ocorrer
em tempo real, independente das distâncias existentes entre seus interlocutores.
Esse autor aponta que, nos dias de hoje, a interação é mais importante do que a
participação, não havendo necessariamente um líder que comanda o processo de
comunicação.
Reconhecendo a importância das redes de comunicação para os processos
de aprendizagem no ensino a distância, serão destacados a seguir o funcionamento
das principais tecnologias de comunicação e informação, geralmente utilizadas nos
projetos de EAD. Ressalta-se que atualmente as tecnologias evoluem em uma
grande velocidade, sendo necessária a constante atualização sobre o surgimento de
novas possibilidades.
Transmissão via Satélite
De acordo com Protzek e Descardeci (2001) a comunicação por satélite
139
significa alta tecnologia e qualidade na transmissão e recepção de informações. Este
recurso, baseado em plataformas espaciais, faz uso de diversas técnicas de
comunicação, como os sinais de rádio, de telefonia, de televisão e de Internet em
banda larga. O alto custo da transmissão via satélite leva a uma seletividade de
usuários e aplicações, sendo o compartilhamento de banda de frequência entre os
clientes do sistema, uma maneira de reduzir os seus custos, tornando-se mais
acessível e atraente para maior quantidade de usuários.
No site da empresa Embratel, responsável pelas transmissões via satélite no
Brasil, são destacados alguns benefícios desse tipo de transmissão para a educação
a distância, como: possibilidade de atendimento a lugares remotos, ganho por
escala, maior número de estudantes por curso e transmissão de áudio e de imagem
de alta qualidade.
Sabbatini (s.d.) descreve um modo de comunicação bidirecional via satélite
que consta de três componentes principais: centro de geração e transmissão de
cursos, teleporto e salas de recepção. Em cada sala ou auditório que receberá a
transmissão, é instalado um terminal de satélite, que possibilita a conectividade à
Internet, sem a necessidades de outros provedores locais, além do recebimento do
conteúdo gerado em um ou mais estúdios localizado no centro de geração e
transmissão de cursos, por meio de uma comunicação multidirecional. Esse centro
de geração possui diversos equipamentos para a captação de som e imagens, a
edição e a gravação de conteúdos, o controle e o acompanhamento das
transmissões.
Sabbatini (s.d.) ainda relaciona os equipamentos, relativos à transmissão por
meio de satélite, que devem ser instalados nas salas de recepção do conteúdo:
terminal de conexão bidirecional a um satélite, com decodificador; modems e antena
de pequeno diâmetro (0,85 a 1,30 m) instalada externamente; televisão ou projetor
de vídeo multimídia; computador com câmara e softwares para videoconferência,
acesso ao satélite e classe virtual; sistema de amplificação de som, com microfone;
sistema concentrador de teclados portáteis individuais (opcional).
Transmissão via Internet
Persegona e Alves (2004) apontam que, em 1957, a União Soviética lançou o
primeiro satélite artificial da Terra, o que impulsionou o governo norte americano a
140
criar a agência de projetos de pesquisa avançada de defesa – ARPA (do inglês,
Advanced Research Projects Agency) que tinha como missão estabelecer a
liderança mundial norte-americana no uso da ciência e tecnologia. Em 1969, essa
agência criou uma rede de computadores, a ARPANet (do inglês, Advanced
Research Projects Agency Network), que foi precursora da atual Internet. O principal
objetivo desta rede era a interligação descentralizada das bases militares e dos
departamentos de pesquisa do governo norte americano, com mecanismos de
sobrevivência aos possíveis ataques da União Soviética. Ao final da Guerra Fria o governo norte americano, que não precisou fazer
uso desta rede para fins de defesa, permitiu que algumas universidades e outras
instituições, se conectassem à ARPANet. Após este período, milhares de redes
foram criadas e popularizadas, resultando no que hoje se conhece por Internet
(PORTAL EDUCAÇÃO, 2013).
Atualmente a Internet é uma rede que liga não apenas os computadores, mas
também a televisão, o smartphone, o tablet e os mais diversos dispositivos,
conforme já mencionado sobre a "Internet das coisas". Por meio de um processo de
linguagem de comunicação são ligados os equipamentos que possuem um protocolo
de transmissão de dados, o Transmission Control Protocol/Internet Protocol –
TCP/IP, seja por meio de uma rede de cabos ou sem fio. Com esse recurso de
transmissão, são disponibilizados na Internet inúmeros serviços como os correios
eletrônicos (e-mail), as páginas da Internet – WWW (do inglês, World Wide Web) –,
as mensagens instantâneas e os serviços de vozes e imagens (PORTAL
EDUCAÇÃO, 2013).
Destacando-se o potencial de hipertexto possibilitado pelas páginas da
Internet, chamada de WWW ou Web, é importante frisar os recursos da Web 2.0
para o ensino. De acordo com Schons et. al (2008), as ferramentas da Web 2.0
promovem a interação e o compartilhamento do conhecimento, de uma maneira
coletiva e descentralizada, dando liberdade aos participantes de utilizarem e
reeditarem os conteúdos. Como exemplo das possíveis aplicações dessas
ferramentas para o ensino, Schons et. al (2008) apontam os seguintes recursos: os
programas para a criação de redes sociais (Blogs, Facebook, LinkedIn); os
aplicativos para edição colaborativa (Blogs, Wikis, Podcasts, Google Docs);
aplicativos de comunicação on-line (Skype, VoIp, Google Talk, Whatsapp);
aplicativos para acesso a vídeos (YouTube, Vimeo); aplicativos para bookmark
141
social (Delicious, Pinterest). Todos estes recursos tecnológicos, disponíveis nos dias
de hoje, alteram substancialmente o modelo de aprendizagem a distância, por meio
da Internet. Além disto, eles possibilitam que novas perspectivas se tornem
presentes no processo de ensino e aprendizagem, com a adoção de ferramentas
que podem motivar a participação dos alunos e atenuar altos os índices de evasão,
que de acordo com Curi (2015) chega a média de 60% no ensino superior brasileiro.
TV digital
A TV digital interativa é resultante da integração do sistema tradicional de
televisão com o mundo das telecomunicações da informática, que possibilita a
interação e a navegação por meio da Internet. Ela contribui para a alfabetização
audiovisual permanente e possibilita aos espectadores o desenvolvimento das
capacidades de produzir e analisar suas próprias mensagens (DO AMARAL;
PACATA, 2008). Desta maneira, a TV digital propicia a intervenção social e coletiva
de maneira crítica, alterando o papel passivo do espectador, para um receptor ativo
que interage com os conteúdos apresentados.
A tecnologia da TV digital apresenta-se como grande potencial para a
educação, podendo ser utilizada por instituições de ensino para a transmissão de
programas educativos. Para isto, é importante o desenvolvimento das políticas
governamentais que reservam canais destinados à educação (PORTAL
EDUCAÇÃO, 2013).
Sistemas de conferência visual: videoconferência, teleconferência e webconferência
De acordo com Cruz (2001), em 1967 ocorreu a primeira transmissão que
possibilitou a interação com áudio e vídeo entre duas cidades nos Estados Unidos,
Nova York e Los Angeles. Porém, devido ao seu alto custo e ausência de
infraestrutura de transmissão, este recurso só passou a ser utilizado na década de
1980, quando foi desenvolvida e dominada a tecnologia que possibilitou, por meio de
procedimentos utilizados pelos computadores, a transmissão de imagens codificadas
em blocos, que comprimia o tamanho do arquivo para a transmissão de imagens em
bandas estreitas, sem a perda de qualidade.
Com o desenvolvimento das tecnologias da informática e a queda nos custos
142
dos equipamentos ampliou-se o uso da videoconferência, que consiste numa
comunicação que necessita de um sistema que englobe os seguintes equipamentos:
videocâmera, codificador/decodificador de sinais digitais, monitor para transmissão
da imagem e unidade de áudio. Para a realização de uma videoconferência é
necessária a conexão entre dois ou mais equipamentos que codifiquem e
decodifiquem os sinais transmitidos, numa estreita relação entre velocidade de
transmissão e qualidade da imagem. Desta forma, o tamanho da banda interfere na
velocidade e na qualidade da imagem e do som que são transmitidos e recebidos
(CRUZ, 2001).
Considerando-se ainda as afirmações de Cruz (2001), compreende-se que a
videoconferência é transmitida por meios físicos, como os cabos que enviam os
impulsos elétricos (fibra ótica, cabos de cobre ou coaxial), ou por irradiação de
ondas (rádio, micro-ondas ou satélite). Cada um destes meios possui diferentes
capacidades de transmissões, sendo necessária uma velocidade mínima 64 Kbps,
que resulta em baixa qualidade e é passível de uma assincronia entre os sinais de
áudio e de vídeo. Para o processo de ensino e aprendizagem, recomenda-se uma
velocidade mínima de transmissão de 128 Kbps ou 384 Kbps, que possibilitam a
uma qualidade de imagem semelhante a da televisão.
Rodrigues (1998) aponta que a integração de periféricos projetados para
enriquecer a comunicação no ensino a distância inclui vídeo, câmera e computador
que auxiliem professores e alunos em suas apresentações. Esses recursos
permitem várias formas de manipulação de imagens, sejam estas estáticas ou em
movimento, de objetos, de textos, de marcadores eletrônicos ou de recursos gráficos
sofisticados. O recurso da videoconferência é o que mais se aproxima da sala de
aula tradicional, pois possibilita a interação entre alunos e professor em tempo real
(RODRIGUES, 1998). Com uma limitação com relação ao número de participantes,
mesmo podendo ocorrer em multipontos, esse sistema não permite o atendimento
adequado em larga escala.
De acordo com Moran (2006) a videoconferência possibilita uma comunicação
chamada de ponto a ponto, entre os participantes localizados em duas salas, ou a
comunicação multiponto, entre várias salas ao mesmo tempo. Desta forma é
possível ter vários centros produtores de informações. Também há a possibilidade
de comunicação por meio da teleconferência, normalmente transmitida via satélite,
que tem um centro produtor de imagem e de som, e muitos possíveis centros de
143
recepção (telessalas), de onde é possível dar um retorno por meio de telefone, de
áudio, de e-mail e etc.
No ensino a distância está aumentando a utilização de videoconferência entre
dois pontos ou multipontos, para aulas com grupos menores de alunos. Para aulas
magistrais ou palestras, normalmente utiliza-se a teleconferência. Moran (2006,
p.46) aponta que "o número de salas em teleconferência pode ser ilimitado e coloca
questões novas sobre o equilíbrio entre a quantidade de alunos e a qualidade do
curso".
Rodrigues (1998) afirma que o termo teleconferência refere-se à transmissão
de programas aos pontos de recepção no momento do evento, sendo que tal
transmissão pode ocorrer com ou sem codificação, desde que esteja na abrangência
do sinal do satélite, sendo necessário sincronizar o canal e o horário pré-
determinado para o recebimento do sinal. No processo educativo, o sistema de
teleconferência necessita de um local para a produção dos vídeos, como um estúdio
de televisão. Rodrigues (1998) ainda aponta que é possível agregar vídeos pré-
produzidos no computador, ou por meio de outros recursos, sendo interessante a
presença de um mediador para receber, processar e encaminhar as perguntas ao
conferencista do programa, nesse caso, o professor. O sistema de teleconferência
limita-se ao alcance do sinal de satélite. Para a sua recepção é necessário possuir
uma antena parabólica, um monitor de TV e sintonizar o canal pré-determinado no
horário agendado.
Outro recurso que adota os mesmos princípios da videoconferência é a
webconferência29 que, de acordo com o site educacional Portal Educação (2013),
apoia a sua implementação na utilização da Internet, por meio de programas
específicos ou de navegador na Web. A diferença da webconferência é que os seus
participantes se conectam diretamente por meio de um computador, ou dispositivo
móvel, sem a necessidade de equipamentos específicos e grandes investimentos.
Destaca-se a necessidade dos equipamentos possuírem webcam e sistema de
áudio, além da conexão com a Internet. "A qualidade da transmissão não é tão boa
quanto a uma videoconferência, mas se bem utilizada é possível ter uma boa
interação entre as pessoas" (PORTAL EDUCAÇÃO, 2013).
29 Vide glossário.
144
Sistemas de audioconferência
O sistema de audioconfefência possibilita a comunicação em tempo real entre
pessoas localizadas em espaços distintos, por meio da interação por áudio e texto.
De acordo com Mazur e Bentes (2006), o acesso a audioconferência é realizado por
meio de link na Web, em horário pré-definido. Comparativamente aos outros
recursos, a audioconferência exige menor infraestrutura tecnológica, sendo
necessário basicamente: computador; caixa de som; microfone ou um headphone; e
conexão com a Internet. Desta maneira, a audioconferência possibilita que o aluno,
que possua essa infraestrutura mínima, se comunique de qualquer local, seja de sua
residência, seu local de trabalho, ou qualquer outro lugar.
Mazur e Bentes (2006) descrevem que a interação entre os participantes de
uma audioconferência pode ocorrer, basicamente, por meio de três canais
disponíveis: canal de áudio, pelo qual os participantes ouvem e interagem entre si;
canal de texto, por meio de um chat agregado à sala virtual, onde os participantes
podem interagir com textos, sem interromper a transmissão do áudio; canal de
visualização, que por meio de um aplicativo possibilita ao moderador apresentar
arquivos disponibilizados na Internet que proporcionam um complemento à fala para
os demais participantes. Ressalta-se que esses três canais podem ser utilizados
simultaneamente.
3.6.2 Credenciamento de um polo de apoio presencial
Para o credenciamento de um polo de apoio presencial a instituição é
submetida à avaliação do MEC, de acordo com as diretrizes instituídas pelo
SINAES, no documento Instrumento de avaliação institucional externa – Subsidia os
atos de credenciamento, recredenciamento e transformação da organização
acadêmica (presencial) (BRASIL, 2014a). Na sequência, para a aprovação dos
cursos a distância a instituição é submetida novamente à avaliação do MEC, de
acordo com as diretrizes definidas no documento Credenciamento de polo de apoio
presencial para educação a distância (BRASIL, 2014b). Em ambas as avaliações,
almeja-se que sejam atendidos os critérios definidos no documento Referencias de
qualidade para educacão superior a distância (BRASIL, 2007c).
Em 2007, a Secretaria de Educação a Distância e o Ministério da Educação
145
(SEED/MEC) apresentaram o documento Referencias de qualidade para educacão
superior a distância (BRASIL, 2007c), a fim de definir princípios, diretrizes e critérios
para as instituições que ofereçam cursos nessa metodologia de ensino. Esse
documento circunscreve-se no ordenamento legal vigente em complemento às
determinações específicas da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, do Decreto
5.622, do Decreto 5.773 e das Portarias Normativas 1 e 2.
Apesar de não ser um documento com a força de lei, ele é um referencial
norteador para subsidiar atos legais do poder público no que se refere aos
processos específicos de regulação, supervisão e avaliação desta metodologia de
ensino, de modo a garantir a sua qualidade e, de reduzir a precarização da
educação superior e a sua oferta indiscriminada (BRASIL, 2007c). De acordo com
este documento, os programas de educação a distância podem apresentar
diferentes desenhos e múltiplas combinações de linguagens e recursos
educacionais e tecnológicos. Porém, é necessária a compreensão de educação
como fundamento primeiro, antes de se pensar no modo de organização a distância.
Desta forma, o documento estabelece que um projeto de curso superior a
distância precisa do compromisso institucional, a fim de garantir o processo de
formação que contemple a dimensão técnico-científica para o mundo do trabalho e a
dimensão política para a formação do cidadão.
Devido a sua complexidade e a necessidade de uma abordagem sistêmica, o
Referenciais de qualidade compreende categorias que envolvem aspectos
pedagógicos, recursos humanos e infraestrutura. Mesmo que tais aspectos não
estejam isolados, serão destacadas as questões de infraestrutura, a fim de
evidenciar os itens básicos a serem atendidos em um projeto arquitetônico.
Anterior a este documento analisado, a Lei n. 10.861/2004 institui o Sistema
Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES, "com o objetivo de
assegurar processo nacional de avaliação das instituições de educação superior,
dos cursos de graduação e do desempenho acadêmico de seus estudantes"
(BRASIL/2004, p.3). Dentre as questões que devem ser asseguradas, destaca-se a
avaliação institucional, interna e externa, que contempla a análise global e integrada
das dimensões, estruturas, atividades, finalidades e responsabilidades sociais.
Conforme o Art. 3 desta lei (BRASIL, 2004, p.3), o objetivo da avaliação das
instituições de educação superior é "identificar o seu perfil e o significado de sua
atuação, por meio de suas atividades, cursos, programas, projetos e setores,
146
considerando as diferentes dimensões institucionais". São definidas dez dimensões
de avaliação, que se referem à infraestrutura física, ao perfil do corpo docente e à
organização didático-pedagógica.
Contemplando estas dez dimensões de avaliação do SINAES (BRASIL, 2004)
o MEC institui o Instrumento de avaliação institucional externa – que subsidia os
atos de credenciamento, recredenciamento e transformação da organização
acadêmica (presencial) (BRASIL, 2014a), com os critérios de avaliação e subsídios
para o credenciamento atual das unidades de atendimento aos alunos, os polos de
apoio presencial.
Por meio de procedimentos e instrumentos diversificados, como a
autoavaliação e a avaliação externa in loco, o Instrumento de avaliação institucional
externa (MEC, 2014a), considera cinco conceitos, ordenados em uma escala de um
a cinco, em ordem crescente de excelência, a cada uma das dimensões e ao
conjunto das dimensões avaliadas. De acordo com esse instrumento (MEC, 2014a,
p.2), há cinco eixos que contemplam as dez dimensões do SINAES:
Eixo 1 – Planejamento e Avaliação Institucional: considera a dimensão 8 (Planejamento e Avaliação) do SINAES. Inclui também um relato institucional que descreve e evidencia os principais elementos do seu processo avaliativo (interno e externo) em relação ao PDI, incluindo os relatórios elaborados pela Comissão Própria de Avaliação (CPA) do período que constituiu o objeto de avaliação. Eixo 2 – Desenvolvimento Institucional: contempla as dimensões 1 (Missão e Plano de Desenvolvimento Institucional) e 3 (Responsabilidade Social da Instituição) do SINAES. Eixo 3 – Políticas Acadêmicas: abrange as dimensões 2 (Políticas para o Ensino, a Pesquisa e a Extensão), 4 (Comunicação com a Sociedade) e 9 (Políticas de Atendimento aos Discentes) do SINAES. Eixo 4 – Políticas de Gestão: compreende as dimensões 5 (Políticas de Pessoal), 6 (Organização e Gestão da Instituição) e 10 (Sustentabilidade Financeira) do SINAES. Eixo 5 – Infraestrutura Física: corresponde à dimensão 7 (Infraestrutura Física) do SINAES.
Busca-se, com essa avaliação, atender à diversidade do sistema de educação
superior e respeitar a identidade das instituições que o compõem. Para isso,
considera-se as especificidades das diferentes organizações acadêmicas, a partir do
foco definido no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) e nos processos de
avaliação institucional interna e externa (BRASIL, 2014a).
147
De acordo com o Decreto n. 5.773/2006 (BRASIL, 2006a), o Plano de
Desenvolvimento Institucional (PDI) é um instrumento de planejamento e gestão,
onde são definidas as diretrizes pedagógicas da instituição de ensino superior (IES),
que orientam suas ações e as atividades acadêmicas e científicas que pretende
desenvolver num período de cinco anos. Nesse plano, considera-se a identidade da
IES com relação à sua filosofia de trabalho, à sua missão, às estratégias para
alcançar suas metas e objetivos, à sua estrutura organizacional e ao projeto
pedagógico institucional.
Os cinco eixos citados, recebem pontuações diferentes para as situações de
credenciamento e recredenciamento. O eixo 5 – infraestrutura física, representa 30%
do total de pontos para credenciamento e 20% para recredenciamento, conforme
Tabela 2. Tabela 2 – Pesos para credenciamento e recredenciamento de instituição de ensino
superior EIXOS Credenciamento Recredenciamento
e Credenciamento para Mudança de Organização Acadêmica
Número de indicadores
1 Planejamento e Avaliação Institucional
10 10 5
2 Desenvolvimento Institucional
20 20 9
3 Políticas Acadêmicas 20 30 13 4 Políticas de Gestão 20 20 8 5 Infraestrutura Física 30 20 16 TOTAL 100 100 51
Fonte: MEC, 2014a.
Destacando o eixo 5 de análise do Instrumento de avaliação institucional
externa (BRASIL, 2014a), com dezesseis critérios de infraestrutura física, considera-
se em uma análise sistêmica e global os aspectos, relacionados a seguir, que
indicam um programa arquitetônico básico de um polo de apoio presencial.
Para os sete primeiros critérios relacionados a seguir, é necessário considerar
os seguintes aspectos: quantidade, dimensão, limpeza, iluminação, acústica,
ventilação, segurança, acessibilidade e conservação. Para os demais critérios,
desceve-se, na sequência, os aspectos adicionais a serem considerados.
1. Instalações administrativas.
2. Salas de aula.
148
3. Auditório (s).
4. Espaços para atendimento aos alunos.
5. Infraestrutura para Comissão Própria de Avaliação (CPA).
6. Instalações sanitárias.
7. Espaços de convivência e de alimentação.
8. Gabinetes/estações de trabalho para professores em tempo integral:
infraestrutura de informática.
9. Sala (s) de professores: infraestrutura de informática
10. Biblioteca – infraestrutura física: espaço físico (condições para atendimento
educacional especializado), instalações para o acervo, ambientes de estudos
individuais e em grupo, espaço para técnicos administrativos e plano de
expansão física.
11. Biblioteca – serviços e informatização: profissionais da área de biblioteconomia,
acesso via Internet (consulta, reserva), informatização do acervo, bancos de
dados, empréstimo, relatórios de gestão e horário de funcionamento.
12. Biblioteca – plano de atualização do acervo: coerência com o PDI e alocação de
recursos
13. Sala (s) de apoio de informática ou infraestrutura equivalente: equipamentos,
normas de segurança, espaço físico, acesso à Internet, atualização de software,
acessibilidade digital, acessibilidade física, condições ergonômicas, serviços,
suporte e plano de atualização.
14. Recursos de Tecnologias de Informação e Comunicação: quando os recursos de
tecnologias de informação e comunicação atendem às necessidades dos
processos de ensino e aprendizagem, que envolvem professores, técnicos,
estudantes e sociedade civil.
15. Laboratórios, ambientes e cenários para práticas didáticas – infraestrutura física:
espaço físico e plano de atualização.
16. Laboratórios, ambientes e cenários para práticas didáticas – serviços e normas
de segurança.
O outro documento a ser considerado para a avaliação do polo de apoio
refere-se ao credenciamento do curso em EAD e apresenta questões de
infraestrutura física que muito se assemelham com o que foi apresentado acima.
Esse documento é o Credenciamento de polo de apoio presencial para educação a
149
distância (BRASIL, 2014b), onde são registrados todos os dados do polo de apoio
presencial, organizado em duas partes e, os respectivos cursos que serão atendidos
no mesmo. Na primeira parte são registradas as situações dos polos, numa situação
de confere ou não ao que está relacionado. Na segunda parte são avaliadas as
questões do polo, separadas por indicadores, que se agrupam em três partes:
organização institucional, corpo social e instalações físicas. Esta segunda parte
recebe uma pontuação, como ocorre no Instrumento de avaliação institucional
externa (BRASIL, 2014a), onde é considerada uma ponderação de cinco conceitos,
em uma escala de um a cinco, por ordem crescente de excelência a cada uma das
dimensões e ao conjunto das dimensões avaliadas.
Desta maneira, tem-se primeiramente o registro das informações gerais do
polo de apoio, como o endereço e os dados cadastrais das instituições conveniadas
para atuarem no polo, se houver, e os cursos autorizados ou em regime de
autorização para serem ofertados no polo. Na sequência, como segundo conjunto de
análise, deve ser descrita a infraestrutura de pessoal projetada para cada setor do
polo, considerando-se: coordenação e secretaria do polo, tutoria presencial,
biblioteca, laboratório de informática, laboratório pedagógico (caso se aplique),
manutenção e funcionamento do polo.
Além da infraestrutura de pessoal, é conferido o quadro geral de tecnologias e
equipamentos do polo, considerando-se a quantidade de equipamentos e se o seu
uso é exclusivo para o curso de EAD. Numa relação extensa, são considerados os
seguintes equipamentos: estação de rádio própria, devidamente autorizada para uso
educacional; estação de rádio alugada, devidamente autorizada para uso
educacional; recepção organizada da transmissão radiofônica; recepção livre da
transmissão radiofônica; estação transmissora de televisão própria digital,
devidamente autorizada para uso educacional; estação transmissora de televisão
alugada digital, devidamente autorizada para uso educacional; estação transmissora
de televisão própria analógica, devidamente autorizada para uso educacional;
estação transmissora de televisão alugada analógica, devidamente autorizada para
uso educacional; decodificadores de sinais de satélite e respectivos sistemas
(cartões, criptografias, dentre outros); recepção organizada da transmissão
televisiva; recepção livre da transmissão televisiva; editora ou gráfica; gravadores;
rádios receptores; antenas digitais; antenas analógicas; aparelhos de TV; aparelhos
de videocassete; aparelhos de DVD; sítio/portal com recursos de geração e
150
hospedagem de páginas de cursos Web; microcomputadores; microcomputadores
com acesso à Internet; conexão discada à Internet; conexão banda larga à Internet;
conexão via satélite à Internet; linhas telefônicas; linhas telefônicas 0800;
equipamentos para teleconferência; equipamentos para videoconferência;
impressoras; scanner; fax; máquinas fotográficas; filmadoras; e biblioteca virtual.
Também são conferidos os espaços gerais quanto a sua existência e a sua
destinação. De acordo com este documento (BRASIL, 2014b), são relacionados os
seguintes ambientes: laboratório de informática, laboratórios didáticos específicos,
sala de aula com recepção de vídeo conferência, sala de aula, sala de coordenação
do polo, sala de tutoria, secretaria de atendimento aos alunos, biblioteca, auditório e
espaço de convivência. Para alguns destes ambientes devem ser relacionadas as
quantidades de equipamentos, apontados no Quadro 4, e se o seu uso é exclusivo
para o curso de EAD ou compartilhado como curso presencial. Observa-se que esta
relação de equipamentos é básica e não contempla recursos mais modernos, como
por exemplo, projetor de imagens e lousa interativa para as salas de aula e os
laboratórios.
Quadro 4 – Relação de equipamentos para o polo de apoio Ambiente Equipamentos Sala de coordenação de polo
Aparelho telefônico, Computador com Kit multimídia, Impressora e Câmera para Internet.
Sala de secretaria do polo
Aparelho de telefone e fax, Computador com Kit multimídia, Impressora, No-break e Computador com câmera e conexão à Internet
Laboratório de computadores
Aparelho de fax, Computador com kit multimídia em rede e com acesso à Internet, Impressora, Computador com câmera e conexão à Internet, Linha telefônica, No-break e Bancada para Experimentos.
Laboratórios didáticos
Bancadas para Experimentos, Computador com kit multimídia e acesso a Internet, Impressora, Computador com câmera e conexão à Internet, Linha telefônica com ramais e No-break
Laboratório didático específico
Equipamento 1, Equipamento 2, Equipamento N (de acordo com a natureza do curso)
Biblioteca Aparelho de telefone e fax, Computador com Kit multimídia, Impressora laser, Computador com câmera e conexão à Internet, Linha telefônica com ramais e No-break
Fonte: AUTORA, 2015, com base em BRASIL (2014b).
151
A segunda parte da análise é a avaliação da dimensão única do projeto do
polo, que corresponde a avaliação por indicadores e está subdividida em três
categorias: organização institucional, corpo social e infraestrutura. Destacando o
eixo 3 de análise deste documento (BRASIL, 2014b), há quinze critérios de
infraestrutura que se assemelham ao que foi apontado no Instrumento de avaliação
institucional externa (BRASIL, 2014a). Esses critérios também são considerados
para a indicação de um programa arquitetônico básico de um polo de apoio
presencial. Por meio de uma análise sistêmica e global é preciso considerar os
aspectos de: dimensão, limpeza, iluminação, acústica, ventilação, segurança,
conservação e comodidade necessária à atividade proposta. Em alguns critérios,
são considerados alguns aspectos complementares, relacionados a seguir:
1. Instalações administrativas.
2. Salas de aula/tutoria.
3. Sala para a coordenação do polo.
4. Sala para tutores.
5. Auditório/Sala de conferência.
6. Instalações sanitárias.
7. Áreas de convivência: atendimento às necessidades de convivência, lazer e
expressão político-cultural dos alunos.
8. Recursos de informática: com acesso à Internet, em quantidade e qualidade
compatíveis com as necessidades das atividades propostas aos alunos.
9. Recursos de Tecnologias de Informação e Comunicação (audiovisuais e
multimídia): recursos de TIC (audiovisuais, incluindo multimídia) em quantidade
e qualidade suficientes, para atender às necessidades de professores, tutores,
técnicos e estudantes.
10. Biblioteca – instalações para acervo e funcionamento.
11. Biblioteca – instalações para estudos individuais e em grupo: instalações para
estudos individuais e em grupo de acordo com as necessidades do (s) curso (s).
12. Livros da bibliografia básica: quando o acervo atende aos programas das
disciplinas do (s) curso (s), referentes aos títulos indicados na bibliografia básica
(mínimo de 3 bibliografias), e é atualizado e tombado junto ao patrimônio da IES.
13. Livros da bibliografia complementar: quando o acervo atende as indicações
bibliográficas complementares feitas pelos programas das disciplinas.
152
14. Periódicos especializados: quando existe assinatura de periódicos
especializados, indexados e correntes, sob a forma impressa ou informatizada,
abrangendo todas as áreas temáticas, distribuídos entre as principais áreas do
curso e a maioria deles assinados nos últimos três anos.
15. Laboratórios especializados: quando está prevista a implantação de laboratórios
especializados com regulamento específico, destinados à realização das aulas
práticas.
Conforme expresso na Tabela 3, a ponderação de pesos dos indicadores
aponta que num total de 32 pontos, a infraestrutura, que recebe 23 pontos,
corresponde a aproximadamente 72% dos critérios de avaliação de um polo de
apoio. Isto significa que a infraestrutura tem um enorme peso para o cadastramento
dos cursos de EAD, representando mais do que o dobro do peso considerado para
as condições de cadastramento e recadastramento do polo de apoio (apresentados
anteriormente na Tabela 2).
Tabela 3 – Peso dos indicadores: credenciamento de um polo de apoio
N. Indicadores peso 1 Organização institucional
1.1 Planejamento de implantação do polo 1 1.2 Justificativa para a implantação 1
2 Corpo social 2.1 Titulação acadêmica do Coordenador do polo 1 2.2 Experiência acadêmica e administrativa do coordenador do polo 1 2.3 Vínculo de trabalho do coordenador do polo 1 2.4 Titulação dos tutores 1 2.5 Qualificação e formação dos tutores em EAD 1 2.6 Corpo técnico-administrativo de apoio às atividades acadêmico-
administrativo do polo
2
3 Instalações físicas 3.1 Instalações administrativas 1 3.2 Sala de aula/tutoria 1 3.3 Sala para a coordenação do polo 1 3.4 Sala para tutores 1 3.5 Auditório/sala de conferência 1 3.6 Instalações sanitárias 1 3.7 Áreas de convivência 1 3.8 Recursos de informática 3 3.9 Recursos de TIC (Audiovisual e multimídia) 1 3.10 Biblioteca: Instalações para o acervo e funcionamento 1 3.11 Biblioteca: Instalações para estudos individualis em grupo 2 3.12 Livros da bibliografia básica 3 3.13 Livros da bibliografia complementar 2 3.14 Periódicos especializados 1 3.15 Laboratórios especializados 3
Fonte: AUTORA, 2015 com base em BRASIL, 2014b.
153
Além de toda esta análise são avaliados, ao final, se o polo de apoio
apresenta condições de acesso para os portadores de necessidades especiais,
quais são as garantias das condições do seu funcionamento e se estão previstas as
atividades presenciais obrigatórias.
Assim, com base nos instrumentos de avaliação do MEC e no Referenciais de
Qualidade, destacam-se as questões pertinentes à infraestrutura física e ressalta-se
o programa arquitetônico básico para o atendimento às diretrizes legais, de um polo
de apoio presencial.
3.7 PROGRAMA ARQUITETÔNICO DE UM POLO DE APOIO PRESENCIAL
O programa arquitetônico mínimo necessário para um polo de apoio
presencial, de acordo com os documentos legais para o seu credenciamento junto
ao MEC, deve oferecer uma infraestrutura essencial para certificar a qualidade dos
conteúdos ofertados. Dentre as diretrizes apontadas para o novo marco regulatório
da EAD, a serem votadas até o final do ano de 2015, Luciano Sathler (2015) destaca
que os polos de apoio presencial devem ter sua infraestrutura e seu funcionamento
impostos pelo projeto pedagógico institucional. Isto deverá conferir maior autonomia
e flexibilidade para que as instituições possam adequar a sua infraestrutura de
acordo com as necessidades pedagógicas de cada curso.
Além do Instrumento de avaliação institucional externa (BRASIL, 2014a) e do
Credenciamento de polo de apoio presencial para educação a distância (BRASIL,
2014b), ressalta-se a necessidade de atendimento aos Referencias de qualidade
(BRASIL, 2007c).
1. Instalações administrativas
De acordo com o Referenciais de Qualidade (BRASIL, 2007c), é necessário
haver uma secretaria no polo de apoio, capaz de concentrar toda a logística de
administração acadêmica e operacional do polo. As funções da secretaria
acadêmica devem ser: registro e acompanhamento de procedimentos de matrícula,
avaliação e certificação dos estudantes, apoio ao corpo docente e tutores nas
atividades presenciais, distribuição e recebimento de material didático, atendimento
aos alunos que usam laboratórios e biblioteca.
Nos instrumentos para credenciamento (BRASIL, 2014a e BRASIL, 2014b)
154
consideram-se os seguintes aspectos: quantidade, dimensão, limpeza, iluminação,
acústica, ventilação, segurança, acessibilidade e conservação.
2. Salas de aula
Entende-se que a descrição de sala de aula, no documento Referencias de
Qualidade (BRASIL, 2007c), seja considerada como sala de tutoria. Esse espaço
deve contar com salas destinadas ao atendimento de pequenos e grandes grupos.
Não há definição do que é considerado um pequeno ou grande grupo.
Nos instrumentos para credenciamento (BRASIL, 2014a e BRASIL, 2014b)
consideram-se os seguintes aspectos: quantidade, dimensão, limpeza, iluminação,
acústica, ventilação, segurança, acessibilidade e conservação. No Credenciamento
de polo de apoio (BRASIL, 2014b) é avaliada a quantidade e a disponibilização,
exclusiva para EAD ou compartilhada com o curso presencial, de sala de aula com
recepção de vídeo conferência, porém não é definida uma quantidade mínima
destas salas para cada polo de apoio.
Não é identificada, nos instrumentos avaliativos, a mensuração de instalações
para o apoio aos dispositivos eletrônicos. Entende-se que as salas de aula deverão
dar o suporte necessário ao aluno, para que ele possa estar conectado ao seu
dispositivo eletrônico e ter acesso à banda larga em todos os ambientes educativos.
Desta maneira, é necessário verificar a demanda de tomadas elétricas, para que os
alunos possam carregar os dispositivos, sempre que necessário, e a disponibilização
de redes de Internet.
3. Sala para Professores e Tutores
A sala dos professores é considerada como infraestrutura básica para um
polo de apoio nos Referencias de Qualidade (BRASIL, 2007c). Enquanto no
Instrumento de avaliação institucional externa (BRASIL, 2014a) é considerada como
sala para professores, no Credenciamento do polo de apoio (BRASIL, 2014b) é
considerada como sala para tutores. Nestes documentos consideram-se os
seguintes aspectos: quantidade, dimensão, limpeza, iluminação, acústica,
ventilação, segurança, acessibilidade, conservação e infraestrutura de informática.
Destaca-se que pela natureza da atividade realizada, a sala dos professores é
também a sala dos tutores, onde eles podem se encontrar, fora do horário de aula.
Este ambiente deve oferecer um local de descanso para os professores e tutores;
155
armários para armazenamento de seus pertences; mesas e cadeiras para
discussões em grupo, desenvolvimentos e correção de tarefas; além de
disponibilizar computadores com acesso à Internet. Podem estar equipados com
quadros ou murais para avisos.
4. Sala para a coordenação do polo
No Credenciamento do polo de apoio (BRASIL, 2014b) indica-se a sala para a
coordenação do polo, considerando-se os seguintes aspectos: dimensão, limpeza,
iluminação, acústica, ventilação, conservação e comodidade necessária à atividade
proposta. No Referencias de Qualidade (BRASIL, 2007c), esta sala é considerada
como espaço importante para a centralização das atividades de gestão, onde devem
ocorrer o auxílio no planejamento do curso, o apoio aos professores conteudistas na
produção de materiais didáticos em diversas mídias, entre outras funções.
No Instrumento de avaliação institucional externa (BRASIL, 2014a) não há
definições para esta sala de coordenação.
5. Auditório
No Referencias de Qualidade (BRASIL, 2007c) não se menciona a
necessidade de um auditório. Nos documentos para credenciamento (BRASIL,
2014a e BRASIL, 2014b) consideram-se os seguintes aspectos: quantidade,
dimensão, limpeza, iluminação, acústica, ventilação, segurança, acessibilidade e
conservação. Não há maiores descrições sobre um auditório como, por exemplo, a
sua capacidade e as instalações técnicas necessárias.
A avaliação das propostas pedagógicas do curso deve definir a necessidade
de um auditório no polo de apoio. Julga-se que a sua obrigatoriedade é pertinente
aos cursos que atendam grandes grupos de alunos, porém para o atendimento de
grupos menores, entende-se que as atividades possam ocorrer em uma sala de
aula. Tendo-se que um auditório exige grande espaço físico, acredita-se ser mais
pertinente o estabelecimento de parcerias, com outras instituições ou locais de
eventos, para a reunião eventual de grandes grupos. Se não houver grande
demanda de uso no polo de apoio, o auditório será um espaço ocioso.
6. Espaços para atendimento aos alunos
Considera-se, nos Referencias de Qualidade (BRASIL, 2007c), que o polo de
156
apoio desempenha papel de grande importância para o auxilio ao desenvolvimento
do curso e funciona como um ponto de referência fundamental para o estudante.
Devem possuir espaços destinados ao atendimento aos alunos, disponibilizar
laboratório de informática e possuir horários de atendimento diversificados, sendo
desejável o seu funcionamento durante todos os dias úteis da semana, incluindo
sábado, nos três turnos. Além da sala de aula, da biblioteca e do laboratório de
informática, não se identifica diretrizes específicas para o espaço diferenciado de
atendimento aos alunos.
No Instrumento de avaliação institucional externa (BRASIL, 2014a) considera-
se os seguintes aspectos para o espaço de atendimento aos alunos: quantidade,
dimensão, limpeza, iluminação, acústica, ventilação, segurança, acessibilidade e
conservação. No Credenciamento do polo de apoio (BRASIL, 2014b) não há
descrição para um espaço específico de atendimento ao aluno. Considerando-se
que os instrumentos de avaliação já definem espaços como salas de aula, biblioteca,
laboratório de informática e espaços de convivência, julga-se necessário uma maior
definição do que se pretende para um espaço de atendimento ao aluno.
7. Infraestrutura para CPA.
No Instrumento de avaliação institucional externa (BRASIL, 2014a) considera-
se a existência de uma Comissão Própria de Avaliação (CPA), que atenda às
necessidades institucionais, porém não há descrições sobre a infraestrutura
necessária para essa comissão. No Credenciamento do polo de apoio (BRASIL,
2014b) não há descrição para esta comissão.
Nos Referenciais de Qualidade (BRASIL, 2007c), entende-se a importância
da avaliação institucional para garantir a efetiva melhoria de qualidade de oferta dos
cursos e no processo pedagógico. Descreve-se que o sucesso dessa avaliação
deve-se ao envolvimento dos diversos atores: estudantes, professores, tutores e
quadro técnico-administrativo. Ainda esse documento define que a condução dessa
avaliação deve facilitar o processo de discussão e análise constante entre os
participantes.
8. Gabinetes/estações de trabalho para professores em Tempo Integral – TI
No Instrumento de avaliação institucional externa (BRASIL, 2014) considera-
se os gabinetes/estações de trabalho implantados para os docentes em TI atendem
157
às necessidades institucionais, quanto aos seguintes aspectos: quantidade,
dimensão, limpeza, iluminação, acústica, ventilação, segurança, acessibilidade,
conservação e infraestrutura de informática.
Nos Referencias de Qualidade e no Credenciamento do polo de apoio
(BRASIL, 2014b) não há considerações sobre professores em tempo integral.
9. Instalações Sanitárias
Nos documentos para credenciamento do polo de apoio (BRASIL, 2014a e
BRASIL, 2014b) consideram-se os seguintes aspectos: quantidade, dimensão,
limpeza, iluminação, ventilação, segurança, acessibilidade e conservação.
No Referenciais de qualidade (BRASIL, 2007c) não há definições específicas
quanto às instalações sanitárias.
10. Biblioteca: Infraestrutura física
Nos documentos para credenciamento do polo de apoio (BRASIL, 2014a e
BRASIL, 2014b) consideram-se: espaço físico (dimensão, limpeza, iluminação,
ventilação, segurança, acessibilidade, conservação e condições para atendimento
educacional especializado), instalações para o acervo, ambientes de estudos
individuais e em grupo, espaço para técnicos administrativos e plano de expansão
física.
No Referenciais de qualidade (BRASIL, 2007c), define-se que a biblioteca
deve oferecer, em seu espaço interno, espaço para estudos individuais ou em
grupos. Além disso, o acervo deve ser atualizado e compatível com as disciplinas
dos cursos ofertados.
11. Biblioteca: serviços e informatização.
No Instrumento de avaliação institucional externa (BRASIL, 2014) considera-
se: profissionais da área de biblioteconomia, acesso via Internet (consulta, reserva),
informatização do acervo, bancos de dados, empréstimo, relatórios de gestão e
horário de funcionamento. No Credenciamento do polo de apoio (BRASIL, 2014b)
são apontados apenas os profissionais da área de biblioteconomia e a existência de
uma biblioteca virtual.
No Referenciais de qualidade (BRASIL, 2007c), entende-se que com a
concepção de amplitude de meios de comunicação e informação da EAD, o acervo
158
deve ser disponibilizado em diferentes mídias, sendo de grande importância a
informatização da biblioteca, para a realização de consultas on-line, solicitação
virtual de empréstimos dos livros, entre outras atividades de pesquisa que facilitem o
acesso ao conhecimento.
12. Biblioteca: plano de atualização do acervo
No Instrumento de avaliação institucional externa (BRASIL, 2014) considera-
se a necessidade de um plano de atualização do acervo (físico e eletrônico/digital)
implantado que seja coerente ao PDI e a alocação de recursos.
Não há definições quanto ao plano de ampliação de acervos no Referenciais
de qualidade (BRASIL, 2007c) e no Credenciamento do polo de apoio (BRASIL,
2014b), e não foram analisados tais planos nos polos de apoio estudados na
presente pesquisa.
De acordo com as diretrizes apontadas por Sathler (2015), para a proposta do
novo marco regulatório da EAD, defende-se que as bibliotecas possam ser
exclusivamente digitais, se o projeto pedagógico do curso assim o determinar.
Diante dos grandes avanços dos recursos educacionais abertos e da grande
informatização das mídias, entende-se que este seja o caminho futuro do aluno
contemporâneo, com maior acesso aos conteúdos digitais.
13. Sala (s) de apoio de informática ou infraestrutura equivalente
No Instrumento de avaliação institucional externa (BRASIL, 2014a) considera-
se a existência de sala (s) de apoio de informática ou infraestrutura equivalente que
ofereça: equipamentos, normas de segurança, espaço físico, acesso à Internet,
atualização de programas (software), acessibilidade digital, acessibilidade física,
condições ergonômicas, serviços, suporte e plano de atualização.
Não há definições quanto a sala de apoio de informática no Referenciais de
qualidade (BRASIL, 2007c) e no Credenciamento do polo de apoio (BRASIL, 2014b).
Neste último são apontados os recursos de informática, porém sem a indicação de
um espaço específico para os equipamentos.
14. Recursos de Tecnologias de Informação e Comunicação
No Instrumento de avaliação institucional externa (BRASIL, 2014a) e no
Referenciais de qualidade (BRASIL, 2007c) considera-se a existência dos recursos
159
de tecnologias de informação e comunicação que atendam às necessidades dos
processos de ensino e aprendizagem, e envolvam professores, técnicos, estudantes
e sociedade civil. No Credenciamento do polo de apoio (BRASIL, 2014b), também
se considera os recursos de tecnologias de informação e comunicação que devem
atender, em quantidade e qualidade suficientes, às necessidades dos professores,
dos tutores, dos técnicos e dos alunos.
Devido às descrições de recursos em cada ambiente, anteriormente descrito,
questiona-se a necessidade de um item específico de avaliação para os recursos de
TIC.
15. Laboratórios, ambientes e cenários para práticas didáticas: infraestrutura física
No Instrumento de avaliação institucional externa (BRASIL, 2014a) considera-
se a infraestrutura física dos laboratórios, ambientes e cenários para práticas
didáticas, que atendem às necessidades institucionais quanto aos seguintes
aspectos: espaço físico (dimensão, limpeza, iluminação, ventilação, segurança e
conservação), plano de atualização e acessibilidade.
No Credenciamento do polo de apoio (BRASIL, 2014b) considera-se a
previsão de implantação de laboratórios especializados, com regulamento
específico, destinados à realização das aulas práticas, sem maiores descrições para
estes ambientes.
No Referenciais de qualidade (BRASIL, 2007c) faz-se a distinção dos tipos de
laboratórios entre atividades práticas e de informática. Descreve-se que o laboratório
de informática deve estar equipado de modo a permitir, com o auxílio do ambiente
virtual de aprendizagem, a interação do aluno com: os demais alunos, os
professores, os tutores, os coordenadores e com os responsáveis pelo sistema de
gerenciamento do curso. Além de possibilitar as tutorias presenciais, os laboratórios
devem ser de livre acesso para promover a inclusão digital dos alunos, para que
estes possam realizar trabalhos, consultar na Internet, etc. Dessa maneira, é preciso
que a quantidade de equipamentos seja compatível com o número de alunos
atendidos, de acordo com o plano da instituição de ensino, que deve respeitar as
particularidades do curso e de polo de apoio.
Ainda no Referencias de qualidade (BRASIL, 2007c), verifica-se a definição
da necessidade de equipamentos mínimos necessários em um laboratório de
informática como: recursos de multimídia, computadores modernos ligados em rede,
160
com acesso à Internet banda larga. Destaca-se a importância de uma refrigeração e
iluminação apropriadas para o ambiente.
De acordo com as pesquisas apresentadas anteriormente, a tendência é que
os alunos tragam os seus próprios dispositivos eletrônicos para a instituição, sendo
necessário garantir a infraestrutura de acesso à Internet por meio de Wi-Fi e
tomadas para o carregamento de energia dos equipamentos. A configuração em
grupos mostra-se mais condizente com as propostas pedagógicas atuais de
desenvolvimento de trabalhos colaborativos e com maior autonomia.
Além dos laboratórios de informática, o documento Referencias de qualidade
(BRASIL, 2007c), aponta a necessidade de laboratórios para atividades
experimentais, se for pertinente ao curso oferecido. Para a realização de atividades
específicas não ná diretrizes gerais determinadas, apenas que os insumos para as
atividades nos laboratórios deverão ser especificados claramente no projeto do
curso.
16. Laboratórios, ambientes e cenários para práticas didáticas: serviços.
No Instrumento de avaliação institucional externa (BRASIL, 2014a) considera-
se a necessidade dos laboratórios, ambientes e cenários para práticas didáticas que
atendam aos serviços e às normas de segurança.
No Referencias de Qualidade (BRASIL, 2007c) e no Credenciamento do polo
de apoio (BRASIL, 2014b) não há descrição específica sobre esta questão, porém
compreende-se que é de fundamental importância que os serviços oferecidos sejam
de qualidade e com segurança.
Cabe aqui destacar os apontamentos de Sathler (2015), para o novo marco
regulatório, que as legislações devem incluir, para as atividades práticas dos polos,
as simulações e a realidade aumentada. Observa-se que os avanços tecnológicos
possibilitam a vivência de experimentos virtuais que muito se assemelham com as
experiências reais e trazem grande contribuição para o aprendizado significativo dos
alunos.
17. Espaços de convivência e de alimentação.
No Instrumento de avaliação institucional externa (BRASIL, 2014a) considera-
se os espaços de convivência e alimentação, que atendam aos aspectos de:
quantidade, dimensão, limpeza, iluminação, ventilação, segurança, acessibilidade e
161
conservação. No Credenciamento do polo de apoio (BRASIL, 2014b) considera-se a
necessidade de espaços que promovam convivência, lazer e expressão político-
cultural dos alunos.
No Referencias de qualidade (BRASIL, 2007c) não há considerações sobre
tais espaços. Observa-se que é de grande importância garantir a boa vivência do
aluno no polo de apoio, além do atendimento para as condições de convivência e
alimentação.
Como conclusão das diversas exigências dos espaços necessários para o
bom funcionamento do polo de apoio é importante salientar que: 1) A infraestrutura
física representa de 20% a 70% dos índices de avaliação do MEC/INEP (BRASIL,
2014a; BRASIL, 2014b); 2) O polo deve promover a interação entre os alunos; 3)
Alguns ambientes avaliados nos instrumentos do MEC/INEP são questionáveis para
a dinâmica dos cursos de EAD; 4) A relação de equipamentos necessários deve
estar contextualizada com a proposta pedagógica do curso de EAD, podendo
apresentar grande variação quanto ao que é avaliado nos instrumentos do
MEC/INEP.
Para os atos de credenciamento de um polo de apoio a questão da
infraestrutura física representa 30% do total de pontos avaliados nos instrumentos
do MEC/INEP, enquanto que para o seu recredenciamento esta proporção é de
20%. Em contraposição, para o cadastramento dos cursos em EAD a infraestrutura
chega a representar até 72% dos índices avaliados. Desta maneira, considera-se
que é de grande importância a infraestrutura física, que garanta com qualidade os
ambientes necessários para o bom desenvolvimentos dos cursos, no que se refere
aos aspectos de: quantidade, dimensão, limpeza, iluminação, acústica, ventilação,
segurança, acessibilidade, conservação e comodidade necessária à atividade
proposta.
Sathler (2015) afirma que nos últimos cinco anos, o número de instituições
brasileiras permanece praticamente o mesmo, apesar de crescer o número de
matrículas no ensino superior. Ele relaciona este fato aos novos instrumentos de
avaliação do MEC/INEP (BRASIL, 2014a; BRASIL 2014b) que proporcionou forte
estagnação no crescimento da EAD. Dessa maneira, os sistemas de regulação das
instituições de EAD estão impedindo o maior crescimento destas.
162
O polo de apoio presencial deve ser entendido como um local dinâmico de
interação da instituição com a sociedade acadêmica (CURI, 2015), portanto deve ter
espaços que promovam esta interação. Diante das propostas pedagógicas de um
aprendizado colaborativo, participativo e em equipes, o local de encontro dos alunos
deve estimular essas interações, por meio de espaços mais flexíveis, com suporte
físico e tecnológico adequado às necessidades do aluno. Curi (2015) reforça que os
instrumentos de avaliação devem servir para que a instituição apresente o seu
comprometimento com a sociedade e não prioritariamente com o governo, como
ocorre atualmente. Assim, deve ser apresentado o seu potencial para o atendimento
de um curso a distância conforme a sua proposta pedagógica, a infraestrutura física
e tecnológica, podendo-se considerar que os polos sejam criados e reconhecidos de
acordo com a autonomia da instituição de ensino superior (CURI, 2015).
Com relação aos ambientes avaliados nos instrumentos do MEC/INEP,
analisa-se que o programa básico para o polo de apoio apresenta-se como uma
transposição do ensino presencial. Desta maneira, questiona-se a avaliação de
ambientes como os laboratórios de informática e para a prática didática. Conforme
analisado anteriormente, a evolução dos equipamentos eletrônicos possibilita que os
alunos estejam conectados aos seus dispositivos em qualquer lugar e a qualquer
momento. O desenvolvimento de suporte tecnológico para acesso às redes da
instituição deverá ser prioritário para a ação de "traga o seu próprio dispositivo" (em
inglês, BYOT – bring your own device), que eliminará a necessidade de ambiente
exclusivo para a utilização dos equipamentos eletrônicos e possibilitará o acesso à
laboratórios remotos e virtuais, considerando-se a validade deste recurso para o
aprendizado. Os avanços tecnológicos também poderão garantir a existência de
biblioteca exclusivamente virtual, caso seja o plano da instituição.
Com relação aos equipamentos, os instrumentos do MEC/INEP (BRASIL,
2014a; BRASIL, 2014b) relacionam alguns recursos básicos para o funcionamento
do polo de apoio. Destaca-se que o aparelho de fax, por exemplo, já está
praticamente em desuso nos dias atuais e, outros equipamentos que garantam o
acesso à rede de Internet, além da tela e o projetor de imagens, poderiam ser
apontados.
Assim, verifica-se que a dinâmica atual da EAD requer uma infraestrutura
diferenciada, não podendo ser considerada a mesma premissa de um curso
presencial. Isto interfere na definição dos ambientes e dos equipamentos
163
necessários para o polo de apoio, que diante da constante modernização e a
atualização dos recursos da informática, poderão apresentar diferentes
necessidades para a maior e melhor interação entre o professor (ou tutor) e os
alunos.
165
4 ESTUDOS DE CASOS
Com base no que foi abordado nos capítulos anteriores, são realizados
estudos de casos para compreender como os polos de apoio estão estruturados
atualmente. Considerando-se que, em muitas situações do ensino brasileiro, há
divergências entre as instituições públicas e privadas, julga-se necessário avaliar as
duas situações para que seja possível estabelecer as considerações sobre cada
uma delas. Diante da enorme concorrência no mercado da educação, as instituições
de ensino privado buscam se aprimorar e oferecer os recursos tecnológicos mais
modernos e atualizados para os seus alunos. Além dos aspectos obrigatórios para o
atendimento à legislação vigente, as instituições buscam definir elementos não
obrigatórios que cooperam com o fortalecimento da identidade institucional, como
por exemplo: padronização do mobiliário, equipamentos, softwares e comunicação
visual.
Destaca-se que durante a pesquisa deparou-se com grande dificuldade em
conseguir visitas às instituições privadas de ensino a distância devido às restrições
da direção de cada uma delas. Algumas encontram-se em momento de transição,
não possuindo o espaço específico para a equipe de EAD. Outras não estavam
disponíveis para qualquer tipo de pesquisa. Alguns dados foram obtidos por meio de
entrevistas com os coordenadores e os tutores de cursos. Apesar de reconhecer a
subjetividade das informações apresentadas, foram valorizadas as informações
possíveis de fornecer subsídios para a compreensão das questões estudadas.
4.1 POLOS DE APOIO DO SISTEMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL (UAB)
Com o objetivo de expandir e interiorizar a educação superior pública e
gratuita no país, o Ministério da Educação instituiu o Sistema Universidade Aberta
do Brasil (UAB) por meio do Decreto nº 5.800 (BRASIL, 2006b), de 08 de junho de
2006, visando a oferta de cursos e programas de educação continuada superior, na
metodologia a distância pelas universidades públicas brasileiras. Conforme já
relatado, o sistema da UAB é uma articulação entre os governos estaduais,
municipais e instituições públicas de ensino superior, que tem como ação prioritária
a formação inicial e continuada de professores para a educação básica. Dessa
166
maneira, cabe aos Estados e aos Municípios a responsabilidade pela
implementação e sustentação de seus polos, onde se desenvolvem as atividades
presenciais. É possível associar uma ou mais instituições públicas de ensino a cada
polo de apoio, que é responsável pela execução das atividades acadêmicas
presenciais e pela expedição dos diplomas aos concluintes dos cursos.
A Diretoria de Educação a Distância (DED), por meio da Coordenação Geral
de Infraestrutura de Polos e Núcleos (CGIP), criou uma cartilha intitulada Polo de
Apoio Presencial do Sistema UAB (CAPES/DED, 2010), com orientações básicas e
sugestões, a fim suprir de a necessidade permanente de qualificação, a favor da
Educação Superior a Distância com qualidade no Brasil. Este documento é um
instrumento de consulta para os mantenedores e gestores de polos de apoio
presencial da Universidade Aberta do Brasil (UAB), sobre as condições de
infraestrutura física, tecnológica e de recursos humanos necessários ao início das
atividades administrativas e acadêmicas.
De acordo com esta cartilha, tem-se as seguintes diretrizes (CAPES/DED,
2010, p. 5):
· A edificação deve ser compatível com os propósitos do polo, com espaços físicos adequados, acesso fácil, banheiros femininos e masculinos, rede elétrica adequada para suporte dos equipamentos técnicos e acessibilidade; · Sala com espaço físico adequado, para a coordenação de polo, com computador conectado à Internet; · Sala com espaço físico adequado para a secretaria acadêmica, com computador conectado à Internet; · Salas com espaço físico compatível e adequado às atividades presenciais, para atendimento e acompanhamento aos estudantes, com mobiliário adequado; · Espaço físico adequado às atividades de tutoria, com computadores completos e conectados à Internet; · Espaço físico para a biblioteca, com mobiliário adequado e espaço para estudos individuais e em grupo; · Acervo bibliográfico básico e complementar para os cursos ofertados; · Laboratório de Informática com, no mínimo, 25 computadores completos, com acesso à Internet, para atendimento aos estudantes dos cursos; · Placa de identificação conforme manual visual da CAPES.
Nessa cartilha, Polo de Apoio Presencial do Sistema UAB (CAPES/DED,
2010), há uma sugestão de infraestrutura de um polo de apoio presencial do sistema
167
UAB, apresentada no Quadro 5, de maneira a orientar as ações dos mantenedores e
disponibilizar uma estimativa de investimentos a serem feitos na adequação de um
prédio público, que venha a abrigar, preferencialmente de forma exclusiva, um polo
de apoio presencial da UAB. É importante atentar para as especificidades de cada
curso, sendo que a exigência de laboratórios demanda um investimento adicional e,
que os espaços físicos, os mobiliários e os equipamentos devem ser dimensionados
de acordo com o número de cursos e de alunos em atendimento no polo.
Quadro 5 – Mobiliários e equipamentos mínimos de um polo UAB Dependência Mobiliário Equipamentos
Sala para Secretaria Acadêmica
mesa para computador computador com multimídia mesa de escritório impressora a laser mesa para impressora e scanner
scanner
armários com 2 portas aparelho de telefone arquivos de aço acesso à Internet mesa para telefone e fax mural cadeiras giratórias
Sala de Coordenação de Polo
mesa de escritório computador com multimídia cadeiras giratórias webcam mural aparelho de telefone mesa para computador armário com 2 portas
Sala de Tutores Presenciais
mesas de reunião para 4 pessoas
computador com multimídia
cadeiras estofadas cadeiras com braço mesas de escritório armário com 02 portas
Auditório / Sala de Web conferência
mesa de reuniões projetor multimídia cadeiras estofadas webcam quadro branco
Laboratório de Informática
cadeiras estofadas computador com multimídia mesa para computador webcam quadro branco impressora e 01 scanner mural aparelho de TV 29" e DVD mesa para projetor servidor armários de segurança no break, HUB e roteador mesa para impressora e scanner
aparelhos de ar condicionado
suporte para TV
Biblioteca
mesas para 04 pessoas computador com multimídia cadeiras estofadas impressora cadeiras giratórias mesas para computador mesa de escritório armários com fechaduras mesa para impressora armário com 02 portas estante de aço
Fonte: AUTORA, 2015, com base em CAPES/DED, 2010.
Observa-se que esta relação de mobiliário e equipamentos apontam para
168
uma infraestrutura mínima, sem maiores definições com relação à quantidade e
modelos desejados, e estão baseadas em modelos tradicionais de ensino. Alguns
equipamentos, como a mesa de reuniões em um auditório, são questionáveis, pois
acredita-se que as reuniões possam ocorrer fora deste ambiente. Para o laboratório
de informática, acredita-se que o mais adequado seria solicitar uma tela para
projeção ao invés de uma mesa para o projetor, pois entende-se que o mais
prudente é que este equipamento esteja fixado para evitar maiores manuseios que o
danifiquem, ou mesmo o seu furto. De modo geral, o ideal é planejar o espaço de
modo que o mobiliário e os equipamentos estejam adequadamente instalados,
evitando-se improvisos de instalações que possam representar em mau uso desta
infraestrutura mínima.
4.1.1 Polo de Itapecerica da Serra
O polo de apoio presencial da Universidade Aberta do Brasil (UAB), na cidade
de Itapecerica da Serra/SP, funciona dentro da escola pública municipal de ensino
fundamental, Belchior de Pontes, localizada na Rua São João, n.47, Centro, desde
junho de 2013. Por estar em uma região central do município possui fácil acesso.
Em 2015, por meio de acordos financeiros entre a Prefeitura e as instituições,
o espaço serve de apoio presencial para os cursos das seguintes universidades:
• Universidade Federal Fluminense (UFF): Planejamento, Implementação e
Gestão de Educação a Distância (PIGEAD); e Novas Tecnologias Para o
Ensino da Matemática (NTEM).
• Universidade Federal do ABC (UFABC): Ciência em Tecnologia.
• FIOCRUZ: Curso em Formação de Facilitadores de Educação Permanente
em Saúde.
• Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP): Aperfeiçoamento em
Educação Ambiental.
Tendo como mantenedora a Prefeitura Municipal de Itapecerica da Serra,
que possibilita a realização de reformas na edificação sempre que necessário, os
espaços são compartilhados entre os alunos da UAB e os alunos do ensino
fundamental. Na Figura 30 verifica-se a entrada da edificação, com duas placas que
169
identificam a escola Belchior Pontes e o polo de apoio UAB.
Figura 30 – Fachada do polo de Itapecerica da Serra
Fonte: AUTORA, 2015.
Há também a identificação interna dos locais destinados ao polo de apoio,
como mostra a Figura 31. O seu uso ocorre durante o período noturno, na semana,
e diurno aos sábados, sendo os horários de atendimento: de segunda à sexta das
18h às 22h, e aos sábados das 8h às 12h e das 13h às 17h. Nesse período é
possível contar com o tutor presencial.
Figura 31 – Identificação do polo UAB
Fonte: Graciete Pavão, 2015.
170
Apesar do tutor presencial estar disponível diariamente na unidade,
geralmente os alunos não o procuram. Normalmente os alunos dirigem-se ao polo
apenas quando solicitados para realizarem as atividades obrigatórias, tais como:
aula inaugural, avaliação presencial, atividades presenciais e apresentação de
trabalho de conclusão de curso.
O polo de apoio possui os seguintes ambientes: laboratório de informática,
três salas de aula, sala de tutoria presencial e de coordenação de polo, secretaria
acadêmica, biblioteca física com acesso à Internet. Todos os referidos ambientes
são dotados de mobiliários e equipamentos compatíveis com cada atividade. Não há
sala específica para tutores, conforme sugerido na cartilha para o polo da UAB.
Atualmente, são disponibilizados vinte e três computadores para o atendimento dos
alunos e dos profissionais (coordenador e tutores), que contam com Internet banda
larga e Wi-Fi. O laboratório de informática, apresentado na Figura 32, possui
refrigeração e iluminação apropriada, bem como softwares específicos para os
cursos que atende.
Figura 32 – Laboratório de informática
Fonte: Graciete Pavão, 2015.
Além das salas de aula específicas para o atendimento aos cursos a
distância, o polo conta com doze salas de aula, com capacidade de 35 alunos, que
podem ser utilizadas para os encontros presenciais. Observa-se que nas salas de
aula predominam mobiliário e equipamentos de uso infantil, destinados ao ensino
fundamental, impróprios para o uso adulto, conforme Figura 33.
171
Figura 33 – Salas de aula do polo de apoio
Fonte: Graciete Pavão, 2015.
Para o atendimento às exigências legais, foram instalados os equipamentos
que possibilitam a videoconferência em uma sala de aula específica, apresentada na
Figura 34. Observa-se que as instalações ocorrem de maneira improvisada, com
mesas escolares servindo de apoio aos equipamentos e a fiação totalmente exposta.
Figura 34 – Sala para videoconferência
Fonte: Graciete Pavão, 2015.
Neste polo de Itapecerica da Serra não há auditório e espaço para o encontro
de grandes grupos. A biblioteca é de uso compartilhado entre todos os alunos (do
polo UAB e ensino fundamental). O acervo físico, específico para os cursos a
distância, é elaborado pela própria universidade que oferece o curso, porém os
172
alunos raramente a utilizam. Desta forma, não há conflito de público na utilização
desse espaço. Eventualmente os coordenadores, os professores e os tutores
realizam reuniões nas sedes das instituições.
Tendo como base o Referenciais de Qualidade para a Educação Superior a
Distância (BRASIL, 2007c), avalia-se que o polo de apoio presencial de Itapecerica
da Serra possui horário de atendimento diversificado, com apoio aos estudantes
durante todos os dias úteis da semana, incluindo o sábado, porém não atende nos
três turnos. Com relação as instalações físicas, a edificação possui acesso para
portadores de necessidades especiais e é composta pela infraestrutura básica
solicitada no Referenciais de Qualidade. A biblioteca possui apenas um acervo
básico, cumprindo caráter obrigatório e compatível com as disciplinas dos cursos
ofertados.
As instalações físicas são adequadas ao solicitado pela legislação, porém
percebe-se que falta manutenção periódica na edificação. Quanto a infraestrutura,
entende-se que não há manutenção e investimentos, pois em levantamento de
dados realizado em 2013, constatou-se que haviam quarenta computadores com
recursos de multimídia e ligados em rede com acesso à Internet banda larga, sendo
que trinta desses estavam disponibilizados para os alunos no laboratório de
informática. Em 2015, registrou-se um total de vinte e três computadores para os
alunos e a equipe gestora, sendo que o mínimo definido no Referenciais de
Qualidade é de vinte e cinco computadores, apenas para o laboratório de
informática. Ressalta-se, ainda, que de 2013 para 2015 houve um acréscimo de dois
cursos para o atendimento presencial.
Nos recursos humanos há cinco tutores, sendo um para cada curso, um
coordenador de polo, um ajudante, um técnico em informática e as pessoas
responsáveis pela limpeza e conservação do ambiente. A coordenadora e os tutores
são bolsistas pela CAPES e, os outros colaboradores são funcionários municipais.
Os técnicos, os coordenadores e os tutores recebem treinamentos ou cursos de
atualizações com frequência.
Apesar de atender a quase todos os itens da cartilha da Capes, esse polo não
está adequado com relação as questões de horário de atendimento aos alunos e a
quantidade de computadores disponíveis. Com relação às instalações físicas,
observa-se que há espaços com dimensões adequadas, porém a edificação
mereceria mais atenção e manutenção pelos órgãos governamentais.
174
Da mesma maneira que ocorre no polo de Itapecerica da Serra, apesar de o
tutor presencial estar disponível diariamente na unidade, geralmente os alunos
dirigem-se ao polo apenas quando solicitados para a realizarem as atividades
obrigatórias. Em casos esporádicos, grupos de alunos se reúnem no polo para a
realização do trabalho final do curso.
O polo de apoio possui os seguintes ambientes: laboratório de informática,
duas salas de aula, sala de tutoria presencial, sala de coordenação de polo,
secretaria acadêmica, biblioteca física com acesso à Internet, sala para reuniões de
pequenos grupos e auditório com capacidade média de cinquenta pessoas. Todos
os referidos ambientes são dotados de mobiliários e equipamentos compatíveis com
cada atividade.
A biblioteca possui acervo físico específico para os cursos a distância,
elaborado pela própria universidade que oferece o curso, porém os alunos
raramente a utilizam.
Instalado em uma edificação antiga, este polo de apoio possui espaços
amplos. A Figura 36 apresenta a recepção e a secretaria do polo, com um grupo de
alunos de um dos cursos oferecidos.
Figura 36 – Recepção e secretaria
Fonte: Thais Stella Teixeira, 2013.
Na Figura 37, verifica-se que o auditório possui rampa de acesso aos
portadores de necessidades especiais.
175
Figura 37 – Acesso ao auditório
Fonte: Thais Stella Teixeira, 2013.
Inserido em uma sala mais ampla, esse auditório possui cadeiras com apoio,
dispostas de maneira regular e enfilierada, tela de projeção e equipamentos para a
videoconferência, conforme apresentado na Figura 38.
Figura 38 – Auditório
Fonte: Thais Stella Teixeira, 2013.
O laboratório de informática, apresentado na Figura 39, possui estações
individuais de trabalho, que estão enfileiradas nas duas paredes do ambiente. Esta
configuração de confinamento individual em cada máquina, não propicia o
desenvolvimento de trabalhos em grupos.
176
Figura 39 – Laboratório de Informática
Fonte: Thais Stella Teixeira, 2013.
Na Figura 40 observa-se uma das salas de aula que, da mesma maneira que
as demais, possui cadeiras com apoio para escrever, iguais as utilizadas no auditório
e, estão dispostas em fileiras.
Figura 40 – Sala de aula 02
Fonte: Thais Stella Teixeira,2013.
177
A sala de tutores é aberta e possui livre acesso para os alunos. Na Figura 41
observa-se que há oito mesas, destinadas a cada tutor dos cursos oferecidos.
Figura 41 – Sala de tutores
Fonte: Thais Stella Teixeira,2013.
A sala da coordenação está inserida em um pequeno ambiente, conforme
apresentado na Figura 42, e possui mobiliário e equipamentos adequados para esta
função, considerando-se apenas um coordenador de polo.
Figura 42 – Sala da Coordenação
Fonte: Thais Stella Teixeira, 2013.
178
Na Figura 43, verifica-se uma sala livre, com uma mesa, que possibilita a
reunião de pequenos grupos, quando necessário.
Figura 43 – Sala de reuniões
Fonte: Thais Stella Teixeira, 2013
Tendo como base o documento o Referenciais de Qualidade para a Educação
Superior a Distância (BRASIL, 2007c), avalia-se que no polo de apoio presencial de
Diadema falta horário de atendimento diversificado, pois há atendimento aos
estudantes durante todos os dias úteis da semana, incluindo o sábado, no período
notuno. Com relação as instalações físicas, a edificação possui acesso para
portadores de necessidades especiais e é composta pela infraestrutura básica
solicitada no Referenciais de Qualidade. A biblioteca possui acervo básico
cumprindo caráter obrigatório e é compatível com as disciplinas dos cursos
ofertados.
No atendimento às exigências legais quanto à infraestrutura física e suportes
é possível encontrar espaços educativos que apresentem as soluções mínimas
exigidas pela legislação, sem variedades de recursos e de busca por inovações.
Observa-se que, diferentemente do polo de apoio de Itapecerica da Serra, em
que ocorre uma adaptação do espaço físico em uma instituição de ensino
fundamental, o polo de Diadema é utilizado exclusivamente como polo de apoio da
UAB, com espaços e disposição do mobiliário voltado para o público adulto. Isto
confere maior flexibilidade para o atendimento ao público dos diferentes cursos. Este
polo oferece convênio com um número maior de instituições e cursos.
179
4.2 UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
No dia 25 de novembro de 2014, foi realizada entrevista com a Dra.
Esmeralda Rizzo, responsável pela implantação do ensino a distância na
Universidade Presbiteriana Mackenzie, por meio do CEAD (Centro de Educação a
Distância).
Conforme relatado, a instituição teve o seu processo de credenciamento junto
ao MEC aprovado e, aguarda a homologação para poder dar início às atividades de
EAD. Atualmente, estão cadastrados dezoito polos de apoio presencial, que deverão
dar o atendimento presencial aos alunos e seguirão o padrão da instituição. Esses
estão distribuídos pelo Brasil nas seguintes localidades: Aracaju, Recife, Curitiba, 3
em Minas Gerais, Jataí-GO, Mato Grosso, Bauru-SP, São José do Rio Preto-SP,
Ribeirão Preto-SP, São Paulo (no bairro do Brás) e, dentro das instituições em:
Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas e Tamboré (no municício de Santana
do Parnaíba/SP).
Devido a preocupação da instituição com a marca Mackenzie, há a
necessidade de padronizar os espaços. Dessa forma, foi elaborado o Manual de
diretrizes de arquitetura, interiores e identidade visual para os polos de apoio
(MANUAL, 2013), que acompanha o contrato das instituições parceiras que irão
estruturar um polo de apoio presencial, ou seja, todos seguirão o mesmo padrão.
Neste manual são relacionados os seguintes aspectos: mobiliário, equipamentos,
softwares, comunicação visual, aspectos legais quanto ao dimensionamento e à
organização dos espaços, ambientes necessários para compor o polo de apoio, e as
questões sobre mobilidade e acessibilidade. Há orientações quanto aos elementos
que, apesar de não serem obrigatórios, contribuem para a padronização e o
fortalecimento da identidade visual da instituição como, por exemplo, a definição dos
materiais de acabamentos para os ambientes.
Os polos de apoio devem possuir: sala para o tutor, sala para os
coordenadores, quatro salas de aula, laboratório para as atividades práticas e
secretaria acadêmica. Ressalta-se, por exemplo, que na secretaria do polo será
possível oferecer apenas uma consultoria para o aluno, pois os documentos
centralizam-se na sede da instituição. A biblioteca deve possuir acervo específico,
com bibliografia básica física, além do conteúdo virtual. Os volumes do material
180
didático, oferecido no ambiente virtual de aprendizagem, também são
disponibilizados fisicamente nas bibliotecas.
A proposta pedagógica visa encontros presenciais em que os alunos possam
assistir aulas, em salas configuradas conforme o modelo tradicional, com o conteúdo
exibido por meio de teleaulas e, realizar as atividades práticas em laboratórios de
informática sob a supervisão de um tutor presencial. Tais laboratórios são equipados
com mobiliário específico, que propicia a interação entre pequenos grupos de alunos
e a conexão dos dispositivos eletrônicos. Para isto, esses laboratórios devem
possuir tomadas para o abastecimento de energia e Wi-Fi para o acesso à Internet.
Além de orientar o aprendizado dos alunos os tutores presenciais podem se
relacionar e contar com o apoio dos profissionais de outros polos.
O processo de transmissão da EAD do Mackenzie será realizado via satélite,
pois há regiões que não são atendidas pela Internet com banda larga e isto
compromete a comunicação, ou seja, o processo de ida e vinda das informações. O
satélite também tem limitação de banda. No momento foi adquirido um canal que
atende 5 dias da semana. Neste espaço deve ser planejada a transmissão da
teleaula e o espaço para os alunos interagirem.
A interação por meio de teleaulas, com a comunicação por áudio e vídeo,
ocorrerá de maneira escalonada nos polos de apoio. Não será possível atender
todos os polos ao mesmo tempo, por questões de logística. Desta forma, haverá um
rodízio de teleconferências entre os polos e, no momento de sua transmissão, será
possível a interação entre todos os participantes da teleaula por meio de chat.
Os polos não possuem espaços para encontros de grandes grupos, pois isto
não é exigência do MEC. Em cada região é possível se providenciar um espaço para
a realização de tais atividades por meio de parcerias com outras instituições.
Os polos de apoio do Mackenzie, no momento, encontram-se nas escolas
parceiras do sistema Mackenzie de ensino. Apenas um dos polos é uma faculdade,
que é a Sociedade Evangélica Beneficiente de Curitiba (SEB). Os demais são
escolas de ensino fundamental e médio, que não tem o convívio com o público de
nível superior. Portanto haverá uma otimização do espaço, com a utilização da
instituição educacional para os cursos de EAD no período noturno. Há uma
preocupação para a adaptação desses espaços que atentam adequadamente aos
alunos do curso a distância, que possuem perfil de usuários diferenciados dos
181
alunos de ensino fundamental I e II, que necessitam, por exemplo, de mobiliário
específico.
Cada curso e cada polo vai estabelecer o horário para utilização dos espaços.
Os laboratórios e a biblioteca vão estar disponíveis para os alunos de ensino a
distância a qualquer momento, diferentemente das salas de aula que terão horários
específicos, dependente da não utilização pelos demais cursos.
Inicialmente estão estruturados quatro cursos em EAD, sendo dois
bacharelados (Superior em Marketing e Gestão Comercial) e duas licenciaturas
(Pedagogia e Filosofia). Esmeralda Rizzo ressalta que há órgãos de categorias de
classe que apresentam grande resistência para a incorporação da EAD. Diante disto
é possível identificar diferentes perfis de público da EAD de acordo com: a classe de
trabalho, as áreas mais ou menos arrojadas, os diferentes alunos e professores.
Todo o material didático será desenvolvido pela instituição e os professores
são capacitados para o desenvolvimento do material didático e de vídeo aula.
Quanto ao conteúdo, há um projeto geral de ensino, porém o próprio MEC exige que
ocorra a sua contextualização regional. O professor, já ciente disto, vai passar as
informações para o tutor local, para que ele possa adequar o conteúdo a ser
desenvolvido nas atividades para os alunos. Os polos de apoio vão ofertar os cursos
de acordo com a demanda local.
Quanto ao espaço arquitetônico destacam-se as particularidades do ambiente
para EAD quanto: ao aspecto da acessibilidade, da padronização das instituições de
ensino e dos espaços para receber a tecnologia. Retoma-se que os cursos de EAD
serão oferecidos em períodos distintos dos cursos presenciais, não havendo confito
de público que prejudique as propostas pedagógicas.
4.2.1 Polo de apoio presencial no Brás – Colégio Presbiteriano
No dia 15 de setembro de 2015 foi realizada visita ao Colégio Presbiteriano,
localizado na Rua São Leopoldo, 356, Belenzinho – São Paulo/SP, com o
acompanhamento do diretor Elieser Ferreira Júnior. Ressalta-se que o fato de a
visita ter ocorrido em horário de aula, privou-se de fotos dos ambientes em os alunos
fossem expostos.
O colégio foi fundado em 1997, pelo Conselho da Igreja Presbiteriana do Brás
(entidade mantenedora), como escola de educação infantil, com apenas vinte e oito
182
alunos. A escola cresceu ao longo dos anos e passou a oferecer educação desde o
nível infantil até o ensino médio.
De acordo com as informações obtidas no site da instituição, da preocupação
com o acompanhamento dos alunos que se formavam na educação infantil, surgiu o
projeto de ampliação do colégio. Em 2000, obteve-se a autorização para o
funcionamento do ensino fundamental I e II, e realizou-se a ampliação das
instalações.
Em 2001, foram iniciadas as atividades do ensino fundamental, com a
implantação gradual de séries, e a educação infantil contava com cento e vinte e oito
alunos. Em 2008, o colégio passou por novas ampliações e inaugurou a sua terceira
unidade, atendendo também aos alunos do ensino médio. Atualmente, atende
aproximadamente oitocentos alunos.
Em 2012, a instituição recebeu a proposta de abrigar um polo de apoio
presencial da Universidade Presbiteriana Mackenzie. O processo de aprovação junto
ao MEC está em fase de finalização, devendo ocorrer a publicação oficial até o início
do ano de 2016.
Elieser relata que um dos primeiros contatos do Mackenzie foi realizado por
meio do Luciano Sathler, que atualmente é um dos diretores da ABED (Associação
Brasileira de Ensino a Distância), com grande experiência em EAD, que avaliou a
infraestrutura e o potencial do colégio.
Inicialmente foram planejadas apenas algumas melhorias no setor da
recepção e da administração, porém, diante da proposta do polo de apoio, Elieser
relata que o colégio passou por grandes transformações e mudanças de planos.
Havia a intenção de ampliar a área de berçário, porém focou-se na estrutura para o
polo de apoio do Mackenzie, com a intenção de oferecer uma estrutura de
qualidade, no nível desta instituição. Dentre as transformações realizadas, destaca-
se a infraestrutura tecnológica e a adequação às questões de acessibilidade, com a
inserção de rampas de acesso aos ambientes, adequação de banheiros (Figura 44)
e elevador.
184
Os ambientes da coordenação e das secretarias acadêmica e financeira
dividem as funções das atividades dos cursos de EAD e do colégio, havendo a
separação de documentos em armários específicos e identificados. Na Figura 46,
verifica-se a sala do departamento financeiro, em que há duas mesas, sendo uma
para o responsável pelo colégio e outra para o responsável pelo polo de apoio.
Figura 46 – Departamento financeiro
Fonte: AUTORA, set. 2015.
Atualmente o Colégio Presbiteriano possui o contrato para atendimento de
dois cursos a distância, porém negocia-se o atendimento de até cinco cursos. Os
alunos de EAD utilizarão a edificação no período noturno e aos sábados, não
havendo mistura de públicos.
Para o atendimento às solicitações e aprovação do MEC, o polo de apoio
recebe identificação em todas as salas, conforme exemplificado na Figura 47.
186
Figura 48 – Sala de aula
Fonte: AUTORA, set. 2015.
Figura 49 – Lousa interativa
Fonte: AUTORA, set. 2015.
187
No laboratório de informática há estações de trabalho que integram grupos de
até 5 alunos cada uma. Conforme apresentado na Figura 50, essas estações são
equipadas com um notebook, uma televisão e tomadas ao centro da mesa para a
ligação dos demais dispositivos eletrônicos, se necessário. Além disto, há uma fileira
com 12 computadores, que podem ser visualizados na Figura 51.
Figura 50 – Laboratório de Informática
Fonte: AUTORA, set. 2015.
Figura 51 – Computadores enfileirados no laboratório de informática
Fonte: AUTORA, set. 2015.
188
A biblioteca ocupa um pequeno ambiente, que possui 3 mesas, com
capacidade para 4 pessoas cada, uma mesa para a bibliotecária (Figura 52), duas
estações com notebooks para consulta eletrônica (Figura 54) e 3 estantes com
prateleiras, que ainda receberão a complementação do acervo físico. Alguns
volumes impressos já estão armazenados no local, porém para a proteção contra a
poeira, os equipamentos eletrônicos e os livros estão cobertos por tecido ou plástico
(Figura 53).
Figura 52 – Biblioteca
Fonte: AUTORA, set. 2015. Figura 53 – Acervo físico Figura 54 – Estações de consulta ao acervo virtual
Fonte: AUTORA, set. 2015.
189
Em complementação ao espaço da biblioteca, há uma sala de estudos
(Figura 55), que possui boa ventilação e iluminação natural, sendo necessária a
instalação de cortinas ou persianas que controlem a incidência da iluminação. Um
ventilador complementa a ventilação, quando necessário. O mobiliário, ainda
provisório, deverá possibilitar a composição de grupos de estudo ou carteiras para o
estudo individualizado.
Figura 55 – Sala de estudos
Fonte: AUTORA, set. 2015.
A sala de professores do polo é a mesma sala utilizada pelos professores do
colégio. Conforme apresentado na Figura 56, essa sala possui mesa para grupo de
aproximadamente dez professores, dois sofás, mesa com computador, lousa, além
de prateleiras e armários para guardar os objetos pessoais. Há duas salas para
tutores que possuem, em um pequeno ambiente, uma mesa para o atendimento ao
aluno, um computador e dois armários (Figura 57).
190
Figura 56 – Sala dos professores
Fonte: AUTORA, set. 2015.
Figura 57 – Sala do tutor
Fonte: AUTORA, set. 2015.
191
Os ambientes de socialização, como a quadra poliesportiva (Figura 58),
cantina e salão multiuso complementam os espaços da instituição e potencializam o
encontro dos futuros grupos de alunos da EAD.
Figura 58 – Quadra poliesportiva
Fonte: AUTORA, set. 2015.
O salão multiuso possui um palco e espaço livre, que comporta
aproximadamente 100 pessoas sentadas (Figura 59 ), sendo que as cadeiras ficam
empilhadas em um canto do ambiente, quando não estão sendo utilizadas (Figura
60).
Figura 59 – Salão multiuso Figura 60 – Fundo do salão multiuso
Fonte: AUTORA, set. 2015.
192
4.3 CENTRO PAULA SOUZA
O Centro Paula Souza é uma autarquia do Governo do Estado de São Paulo,
vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e
Inovação (SDECTI). De acordo com os dados do site da instituição, atualmente
administra-se 218 Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) e 64 Faculdades de
Tecnologia (Fatecs), reunindo mais de 283 mil alunos em cursos técnicos de nível
médio e superiores tecnológicos, nas metodologias presencial, semipresencial e a
distância, em cerca de 300 municípios (CENTRO PAULA SOUZA, 2015). Os
encontros para as atividades e as avaliações presenciais ocorrem nas unidades
credenciadas ao centro.
Destaca-se neste estudo o novo complexo arquitetônico do Centro Paula
Souza, inaugurado em 2013, que foi projetado pelos arquitetos Pedro Tadei e
Francisco Spadoni. Com aproximadamente 27.000 m2 de área construída, em um
terreno de 6.870 m2, está localizado na Rua dos Andradas, 140 – Santa Ifigênia, em
São Paulo/SP. Nesse complexo é possível distinguir quatro blocos que abrigam
separadamente as seguintes atividades: a nova sede da instituição, a escola de
nível técnico, o centro de capacitação de professores e o conjunto de auditórios e
quadra poliesportiva.
A escola técnica oferece apenas curso presencial nas áreas de gastronomia e
de hotelaria. Possui laboratórios específicos para as aulas práticas e salas para
aulas teóricas, que apresentam conformação tradicional de carteiras em fileiras.
Apesar desse edifício ter sido inaugurado em 2013, observa-se pouca ou nenhuma
infraestrutura tecnológica nas salas de aula. Em algumas salas há equipamentos de
TV sobre o quadro negro (Figura 61). Com a possibilidade de expansão da EAD
nesta instituição, acredita-se que a nova edificação já deveria prever as instalações
necessárias para o uso de recursos tecnológicos.
193
Figura 61 – Sala de aula da ETEC Santa Ifigênia, sem e com televisão.
Fonte: AUTORA, nov. 2014.
O centro de capacitação de professores e os auditórios são utilizados para os
encontros presenciais obrigatórios dos cursos de capacitação, oferecidos a
distância. Há um auditório no pavimento térreo, com capacidade média de 350
pessoas (Figura 62) e, outro auditório no primeiro pavimento, para aproximadamente
100 pessoas (Figura 63). Esses auditórios podem ser utilizados pelos alunos de
ensino a distância, bem como pelos alunos do curso técnico ou pela equipe
administrativa.
Figura 62 – Auditórios para 350 pessoas. Figura 63 – Auditório para 100 pessoas
Fonte: Facebook, ETEC Santa Ifigênia On-line. Disponível em: <https://www.facebook.com/etec.santaifigenia/photos_stream?ref=page_internal> . Acesso em 19 nov. 2014.
No centro de capacitação há quatro salas de aula. Duas possuem mobiliário
fixo, com poltronas em conformação de auditório. Duas possuem mobiliário móvel,
195
Apesar do centro de capacitação ser utilizado para os encontros presenciais,
não se caracteriza como um polo de apoio presencial, pois não oferece atendimento
presencial aos alunos e infraestrutura física, como biblioteca e laboratório de
informática.
4.3.1 Polo de apoio do Centro Paula Souza – ETEC Guaracy Silveira
Conforme informações obtidas no site da instituição, a ETEC Guaracy Silveira
foi criada em 1950. Com o passar dos anos, houveram mudanças de administração
e de nome até que, em 1993, passou a ser administrada pelo Centro Paula Souza
sob o nome de ETE Guaracy Silveira. Em 2007 passou a ser denominada ETEC
Guaracy Silveira.
Essa escola técnica oferece ensino médio, cursos técnicos e cursos técnicos
integrados ao ensino médio, nos três períodos (manhã, tarde e noite). Em 2015,
receberam a proposta de oferecer cursos técnicos na metodologia semipresencial do
Centro Paula Souza, o Telecurso TEC. Conforme descrito no site do Centro Paula
Souza, o Telecurso TEC é um programa de educação profissional a distância,
desenvolvido pelo Governo do Estado de São Paulo – por meio do Centro Paula
Souza – em parceria com a Fundação Roberto Marinho. Os alunos têm aulas
presenciais semanais e, acompanhamento pedagógico por meio do ambiente virtual
de aprendizagem.
No segundo semestre de 2015, iniciaram as atividades do curso de
administração nesta metodologia, na ETEC Guaracy Silveira. Para o oferecimento
de tal curso, ressalta-se que não houveram mudanças nas instalações físicas da
instituição. O grupo de aproximadamente trinta e oito alunos ocupa uma sala da
ETEC Guaracy, em encontros semanais, com duração de seis horas, apenas aos
sábados, quando não há atividades regulares dos demais cursos. Esta sala de aula,
apresentada na Figura 66, apresenta configuração tradicional e está equipada com
tela de projeção e projetor de imagem. Ressalta-se que ainda é disponibilizado
quadro com giz, o que não é recomendado para os equipamentos eletrônicos devido
as pequenas partículas de pó de giz que podem comprometer o funcionamento dos
equipamentos.
196
Figura 66 – Sala de aula
Fonte: AUTORA, out. 2015.
A escola oferece uma boa infraestrutura em relação aos espaços de
convivência (figuras 67 e 68), auditório com capacidade para aproximadamente 250
pessoas (Figura 68) com cadeiras móveis, sanitários e acessibilidade. Devido a
pequena demanda de alunos, a cantina, visualizada na Figura 69, não oferece
serviços aos sábados, mas poderá funcionar quando houver aumento no número de
alunos. Há alguns restaurantes e padarias num raio de aproximadamente duzentos
metros da ETEC Guaracy Silveira, que suprem a ausência da cantina.
Figura 67 – Área de convivência coberta Figura 68 – Área de convivência aberta
Fonte: AUTORA, out. 2015.
197
Figura 69 – Auditório Figura 70 – Cantina
Fonte: AUTORA, out. 2015.
Um dos cinco laboratórios de informática, registrado na Figura 71, é
disponibilizado para os alunos de EAD quando necessário. Este laboratório é
equipado com dezoito computadores em rede, quadro branco e dois ventiladores.
Devido ao pé direito elevado e às janelas, localizadas na parte superior de três
paredes da sala, há uma boa circulação de ar que supre a necessidade de ar
condicionado. Não há tela e projetor de imagens que poderiam auxiliar no
desenvolvimento das aulas.
Figura 71 – Laboratório de informática (fundo e frente da sala, respectivamente)
Fonte: AUTORA, out. 2015.
Há uma tutora, que é também a coordenadora do curso, que acompanha o
desenvolvimento das atividades do grupo. Ressalta-se que todas as atividades são
elaboradas pelo Centro Paula Souza, mantendo-se um padrão para todos os cursos
oferecidos na metodologia semipresencial.
198
Como a escola já oferecia curso de administração na metodologia presencial,
não foi solicitado novo acervo para a biblioteca, que é aberta para os alunos de EAD
a cada quinze dias. Quando não há a bibliotecária, a tutora se responsabiliza pela
devolução dos livros. Esta biblioteca, registrada na Figura 72, possui computadores
para consultas virtuais, enfileirados em uma das paredes (Figura 73). As mesas para
estudos possibilitam o desenvolvimento de trabalhos em grupo. Não há espaços
para estudos individuais ou em grupos separados. O acervo, localizado no fundo da
biblioteca (Figura 74), geralmente é consultado pelo aluno quando há atividades
orientadas pelo tutor. De modo geral, os alunos priorizam as pesquisas nos meios
virtuais.
Figura 72 – Biblioteca Figura 73 – Biblioteca
Figura 74 – Biblioteca
Fonte: AUTORA, out. 2015.
199
Não há sala específica para tutoria individualizada. A sala dos professores é
ampla e possui cinco computadores para os docentes, com acesso à Internet (Figura
75).
Figura 75 – Sala dos professores
Fonte: AUTORA, out. 2015.
A secretaria acadêmica funciona durante todos os dias da semana e, aos
sábados há uma escala de dias em que os funcionários estão disponíveis para os
alunos de EAD. Observa-se, de modo geral, que o curso de EAD não trouxe
modificações quanto às necessidades de infraestrutura física da ETEC Guaracy
Silveira. Há uma otimização do espaço, com a utilização do curso em EAD em
diferente horário do curso presencial, não havendo conflito de público.
200
4.4 AIEC (ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO CONTINUADA)
A AIEC (Associação Internacional de Educação Continuada) é uma instituição
de ensino a distância, que oferece cursos desde 2002. A sede da instituição está
localizada em Brasília/Br, onde o seu fundador, o Prof. Dr. Vicente Nogueira Filho, já
possuía a experiência e o reconhecimento ISO 9001 com a faculdade presencial
UPIS (União Pioneira de Integração Social), o que contribuiu na obtenção do
licenciamento junto ao MEC, para oferecer curso semipresencial.
Algumas informações foram obtidas no site da instituição ou em entrevista,
realizada no dia 21 de agosto de 2015, com a pedagoga Maria Auxiliadora C. de
Abreu Marques, tutora do curso de administração, que trabalha na AIEC desde o
início das implantações dos cursos a distância. De acordo com essa tutora, o MEC
avaliou o método de ensino e validou o curso antes da conclusão da primeira turma,
pois já havia comprovado a sua eficácia.
Conforme os dados fornecidos no site da instituição, atualmente são
disponibilizados vinte e nove polos de apoio presencial no Brasil, distribuídos por
todas as regiões, um em Angola e um no Japão. Observa-se, no Brasil, que vinte
polos de apoio estão localizados em hotéis, cinco em escolas e os quatro restantes
em associações comerciais ou locais para eventos. Na cidade de São Paulo, o polo
de apoio está localizado no Novotel, Rua Martins Fontes, 71 – Centro.
Maria Auxiliadora relata, sobre o polo de apoio de São Paulo, que além das
salas de conferência e de convenções, destinada aos encontros presenciais, há uma
sala para a biblioteca física, onde ficam armazenados os livros da instituição, que
são retirados pelos tutores, mediante agendamento prévio do aluno no sistema
virtual de empréstimos. Além da biblioteca física, a instituição oferece virtualmente o
acesso ao acervo do grupo editorial Pearson Education.
Todo o conteúdo é oferecido no ambiente virtual de aprendizagem e os
encontros presenciais, que ocorrem mensalmente, são destinados à realização de
provas, de atividades e de estudo de casos. Não há laboratório de informática e a
rede Wi-Fi só é disponibilizada para os alunos após a realização das provas. Maria
Auxiliadora relata que os alunos vão para o hotel apenas nos dias de realização das
atividades obrigatórias, pois não há tutores para o atendimento presencial em outras
datas. Em alguns momentos são estabelecidas parcerias com o restaurante e,
eventualmente, há alunos que aproveitam para se hospedar no hotel, principalmente
201
aqueles que residem em outra cidade. Desta forma, verifica-se que há utilização das
demais infraestruturas do hotel, além das salas de convenções.
O MEC realiza inspeções esporádicas, com visitas aos polos, para manter a
licença dos cursos. De acordo com Maria Auxiliadora já há solicitação para que a
instituição se adeque ao modelo de polos presenciais, conforme os Referenciais de
Qualidade (BRASIL, 2007c) e os novos Instrumentos de avaliação do MEC/INEP
(BRASIL, 2014a, BRASIL, 2014b), porém a estrutura de polos de apoio em hotéis já
existe há mais de dez anos e as mudanças para esta adequação exigem maiores
investimentos. Com relação ao indicador de qualidade, pelo qual o MEC avalia as
instituições de educação superior, a AIEC possui atualmente um IGC (Índice Geral
de Cursos Avaliados da Instituição) de quatro pontos, o que representa um ótimo
desempenho, visto que a classificação máxima é de cinco pontos. Acredita-se que
este seja um fator pelo qual o MEC permita que a sua estrutura se mantenha
diferente dos padrões atuais exigidos às novas instituições.
Verifica-se que o Novotel possui vinte e cinco salas para eventos, distribuídas
em quatro pavimentos. Desta forma, a AIEC consegue acomodar adequadamente
cada turma em uma sala. Na Figura 76, tem-se uma das salas de conferência do
Novotel, utilizada para os encontros presenciais dos alunos em São Paulo. Nota-se
que a configuração desta sala, equipada com conjuntos de mesas para três pessoas
cada, se assemelha a uma sala de aula tradicional, com os alunos enfileirados e o
professor ocupando a posição central, na frente da sala. O telão de projeção de
imagens ocupa o lugar do quadro negro.
Figura 76 – Sala de conferência no Novotel.
Fonte: Accor hotels On-line. Disponível em: <http://www.accorhotels.com/pt/hotel-6224-novotel-sao-paulo-jaragua-conventions/meeting.shtml>. Acesso em: 10 nov. 2015.
203
As aulas também ocorrem por meio de videoconferência, conforme registrado
na Figura 78, com transmissões da sede, em Brasília, para todos os polos de apoio.
As dúvidas dos alunos são enviadas por chat ou e-mail e, são respondidas em
tempo real pelo palestrante.
Figura 78 – Videoconferência
Fonte: MARQUES, Maria Auxiliadora (2010).
Também é utilizada a sala de convenções do Novotel, para as apresentações
de palestras, onde são reunidas todas as turmas do curso da AIEC. Este espaço,
apresentado na Figura 79, tem capacidade para aproximadamente 300 pessoas.
Mobiliado com cadeiras móveis, geralmente encontra-se em configuração de
auditório. De acordo com Maria Auxiliadora, em todos os encontros há um tempo
dedicado às palestras, onde todos os alunos, das diferentes turmas e diferentes
níveis, se reúnem. Este encontro é muito produtivo e propicia o relacionamento entre
os alunos dos diferentes semestres do curso. Na Figura 80, registra-se uma palestra
conferida pela AIEC.
205
4.5 UNIVERSIDADE ANHANGUERA
Conforme o site da instituição, a Universidade Anhanguera possui por volta de
cem edifícios escolares, distribuídos em cinquenta e seis cidades brasileiras,
localizadas nos seguintes estados: Distrito Federal, Goias, Minas Gerais, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa
Catarina e São Paulo. Isso significa que ela possui uma grande rede de unidades
próprias, que atendem aos cursos presenciais, semipresenciais e a distância, não
havendo espaços distintos para o atendimento exclusivo de curso em EAD,
conforme dados obtidos no site da instituição.
Numa entrevista realizada no dia 13 de outubro de 2014, Maria de Lourdes
Santos, tutora de um curso a distância, relatou a sua experiência sobre alguns
processos referentes a gestão da EAD. Essa tutora era professora de graduação em
curso presencial e recebeu convite para participar de curso de formação de tutores
on-line. Após 6 meses de conclusão do curso, foi contratada pela instituição para
atuar em EAD. O processo de contratação ocorreu por meio de contatos virtuais e, o
envio da carteira de trabalho foi realizado pela ECT (Empresa de Correios e
Telégrafos). Ou seja, desde o momento da contratação o relacionamento com a
instituição foi realizado a distância. A comunicação com o coordenador do curso
ocorre prioritariamente por e-mails. A sede dos coordenadores está localizada em
Valinhos/SP e a tutora não tem a necessidade de dirigir-se a este local. Com
contrato de vinte horas semanais ela trabalha no atendimento virtual aos alunos a
partir de qualquer lugar – normalmente da sua casa ou local de outro trabalho – e,
por meio de computadores ou até mesmo pelo celular.
Com relação a participação dos alunos nos cursos, relata-se que em uma
turma de cento e cinquenta alunos, aproximadamente noventa alunos deixam para
entregar as atividades no período próximo, ou até mesmo no prazo de entrega. A
correção dos exercícios é realizada com gabaritos. Os encontros presenciais com os
alunos ocorrem dentro da instituição de ensino e, nos cursos de graduação
presencial, 20% da grade pode ser oferecida a distância.
Quanto a produção do material didático, afirma-se que todo o processo ocorre
de maneira virtual. O professor conteudista seleciona os conteúdos que serão
abordados na disciplina e divulga, nas plataformas virtuais, a relação de assuntos
necessários. Professores e tutores podem se inscrever nos assuntos de seu
206
interesse. Após a aprovação da intenção de produzir determinado conteúdo,
desenvolve-se e encaminha-se o material, que seguirá uma formatação padrão,
também pela plataforma. O trabalho de produção de material didático é remunerado
por conteúdo produzido, podendo variar entre R$300 e R$400 cada um.
207
4.6 UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI
No dia 01 de maio de 2015, foi realizada uma entrevista telefônica com o Dr.
João Mattar, coordenador na EAD na Universidade Anhembi Morumbi, grande
pesquisador de EAD, com diversos livros e artigos publicados sobre o tema. De
acordo com o seu relato, predomina no sistema brasileiro o modelo de ensino a
distância praticado pela Universidade Aberta do Brasil (UAB), porém este é um
modelo muito engessado, que exige maior quantidade de encontros presenciais e é
criticado pelos estudiosos da EAD.
Os cursos de graduação a distância, oferecidos por esta instituição, estão
cadastrados no site da rede Laureate International Universities, criada em 2004, que
atualmente está presente em vinte e oito países, em todo o mundo. Nesta rede, há
oitenta e sete instituições que oferecem educação superior, presencial e a distância,
para mais de um milhão de alunos, sendo: seis instituições na América do Norte,
trinta na América Latina, duas na África, vinte e quatro na Europa, quatorze na Ásia
e onze no Oriente Médio.
No Brasil, esta rede está presente desde 2005, atendendo mais de duzentos
e cinquenta mil alunos, em doze instituições distribuídas em oito estados brasileiros.
Ao todo são oferecidos quinhentos cursos de graduação, quinhentos e trinta cursos
de especialização, vinte de mestrado e sete de doutorado.
Os polos de apoio dos cursos a distância oferecidos pela Anhembi Morumbi,
estão localizados dentro das próprias instituições de ensino presencial e conta-se
com os polos de apoio da rede Laureate, que dispõe de unidades em todo o Brasil,
sendo geralmente dentro das demais universidades da rede.
Com relação a produção de material didático, Mattar relata que na
Universidade Anhembi Morumbi há cursos em EAD que não possuem uma produção
específica de material. O professor, que é o tutor do curso, desenvolve os conteúdos
de acordo com as necessidades que julgar necessária. Nesses casos, o professor
tem maior autonomia e desenvolve os conteúdos da maneira e no local que quiser,
não havendo um vínculo necessário dentro da instituição para tal produção. Porém,
também há cursos que contam com um material didático produzido, especifica e
previamente, de acordo com a proposta pedagógica, mantendo-se um padrão
independente do professor/tutor que ministrará as aulas. O fluxo para a produção
desse material didático ocorre, resumidamente, da seguinte maneira: um professor,
208
que não precisa estar especificamente ligado à instituição, produz o conteúdo e o
envia para a equipe que desenvolve o material didático dentro da instituição. Esta
equipe, que pode estar localizada em uma sala ou pequeno departamento dentro da
universidade, avalia o conteúdo produzido pelo professor. Quando estiver de acordo
com os padrões da instituição, o conteúdo é enviado para equipes terceirizadas que
o editam no padrão necessário, como por exemplo um arquivo em formato pdf, ou
imagem, e etc. Esse conteúdo editado volta para a equipe da instituição, que faz a
verificação final e o publica para os alunos nas plataformas virtuais. Desse modo,
conta-se com empresas que são terceirizadas para atuar nesse processo de
produção de material didático.
Com relação aos vídeos produzidos para os conteúdos didáticos, Mattar
relata que há instituições que possuem estúdios para a gravação, sejam específicos
para a produção de material para EAD, ou para o desenvolvimento de cursos que
necessitam de estúdios.
A universidade Anhembi Morumbi é uma instituição privada, que divulga
cursos para grandes turmas e, para atender a diversidade dos alunos, realiza
avaliações em diferentes datas. Os cursos de graduação, comparados aos de pós-
graduação, possuem uma cultura de maior quantidade de encontros presenciais nos
polos, para reuniões e encontros com os tutores, além dos momentos de avaliação.
209
4.7 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO (PUC-RIO)
Outra experiência avaliada, por meio de diálogo em correio eletrônico em
junho de 2015, é a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). De
acordo com a coordenadora dos cursos de pós-graduação, Gianna O. B. Roque, a
instituição não possui polo de apoio presencial, pois está em um momento de
reestruturação e não tem matrículas abertas para novos cursos. Atualmente, não há
curso de graduação a distância e são oferecidos quatro cursos de pós-graduação
para empresas. Os encontros presencias destes cursos ocorrem nas dependências
da própria empresa.
Quanto ao atendimento aos alunos, o mesmo é realizado pelos seguintes
meios: sistema de atendimento on-line, central de relacionamento por telefone 0800
e pelo ambiente virtual de aprendizagem. Porém, não há espaço físico que
caracterize um polo de apoio presencial para esse atendimento.
A Coordenação Central de Educação a Distância (CCEAD) é o núcleo de
tecnologias educacionais da PUC-Rio, responsável por todas as questões do âmbito
da EAD na instituição. Essa coordenação realiza as seguintes atividades: produção
do material didático, capacitação de professores e alunos para o uso do ambiente
virtual de aprendizagem, atendimento técnico e pedagógico aos alunos,
customização e manutenção do AVA, desenvolvimento de aplicativos e vídeos. Não
há terceirização de serviços, para isso, conta-se com uma equipe multidisciplinar de
aproximadamente vinte e cinco profissionais.
210
4.8 PORTAL EDUCAÇÃO
O grupo Portal Educação é uma empresa privada de educação a distância,
formada por mais de vinte sites associados, que atua desde de 2001 e, atualmente
oferece on-line os seguintes cursos: profissionalizantes, cursos livres, pós-
graduação, cursos de idiomas, preparatórios para concurso público e cursos
corporativos. Observa-se que este grupo é uma rede que estabelece parcerias com
outras instituições para os oferecimentos destes cursos nas mais diversas áreas. De
acordo como site da instituição, são oferecidos mais de mil e quinhentos cursos a
distância.
A sede da instituição está localizada na Rua Sete de Setembro, 1.686 –
Campo Grande/MS. Há uma grande rede de comunicação, por meio de chat, e-mail
ou atendimento telefônico, que dá o suporte necessário aos alunos e aos
interessados pelos cursos.
Para os cursos de pós-graduação, que necessitam de atividade de avaliação
presencial obrigatória para atendimento às exigências legais, o aluno escolhe uma
capital brasileira onde deseja apresentar o seu trabalho final. Durante o curso o tutor
informará o local exato do encontro presencial, que pode sofrer alterações ao longo
da pós-graduação. Desta maneira, é possível afirmar que 99% do curso é realizado
a distância, por meio da Internet, no ambiente virtual de aprendizado.
O Portal Educação tem uma parceria com a Universidade Católica Dom
Bosco (UCDB), que é da rede Missão Salesiana e possui escolas em todo o país,
portanto o encontro presencial será em uma das unidades desta instituição. O
convênio estabelecido obedece às normas da legislação brasileira, dentro dos
parâmetros estabelecidos pelo MEC, sendo que o credenciamento institucional é
dado pela UCDB. Outra parceria foi estabelecida recentemente com o Centro
Universitário do Sul de Minas (UNIS), para o oferecimento de cursos de pós-
graduação. Observa-se que, perante ao MEC, são estas universidades as
responsáveis pela: formação do aluno, construção dos projetos pedagógicos,
estrutura dos cursos, quadro docente e de coordenadores, ministração das aulas,
conteúdo, avaliação e certificação dos alunos aprovados. Assim como ocorre com a UAB, que firma parcerias entre instituições públicas
de ensino para o oferecimento de cursos regularmente registrados no MEC, o Portal
Educação apresenta-se como uma parceria de instituições privadas. Cada instituição
211
responsabiliza-se pelo atendimento ao aluno, oferecido em uma de suas unidades já
existentes para os cursos presenciais, não havendo um polo de apoio específico que
atenda exclusivamente o curso em EAD. Para os cursos de idiomas, a parceria
ocorre com o grupo UOL educação, com atividades totalmente on-line. Os cursos
corporativos são realizados em parceria com as empresas.
212
4.9 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Diante dos avanços da teoria e das realizações práticas da EAD,
apresentados na presente pesquisa, sintetiza-se a seguir uma análise crítica sobre
os estudos de casos, considerando-se as diretrizes vigentes e as orientações viáveis
para o projeto arquitetônico e das redes de edificações voltadas ao ensino superior a
distância.
Conforme estudos de casos, verifica-se que há polos de apoio, como o da
AIEC, que não se enquandram totalmente aos novos parâmetros normativos, pois
tiveram o seu credenciamento anterior ao período de publicação destes
documentos. Entende-se que para o seu recredenciamento serão necessárias as
adequações aos novos padrões, porém de acordo com a Portaria Normativa n. 2
(BRASIL, 2007b),
No processo de recredenciamento subsequente à avaliação institucional será decidida a abrangência de atuação da instituição com a divulgação do respectivo conjunto de polos de apoio presencial, definindo-se a situação dos polos de apoio presencial em funcionamento previamente à edição desta Portaria (BRASIL, 2007b, p.8).
Assim, entende-se que cada caso é avaliado e, dependendo da excelência do
resultado apresentado pela instituição, é possível que o curso se mantenha fora dos
padrões atuais.
Entende-se que o bom funcionamento destes modelos, que divergem das
diretrizes legais atuais, apontam para as novas dinâmicas do ensino a distância, que
precisam de maior flexibilidade e podem ocorrer em diferentes ambientes, onde o
espaço virtual torna-se prioritário neste processo de aprendizagem. Reflexo disto é
que os cursos da AIEC possuem boa pontuação no MEC, com o índice geral do
curso recebendo quatro pontos, dentre os cinco possíveis. Assim, entende-se que o
sistema atual atende às necessidades do curso e à demanda de alunos. Ressalta-se
que o ciberespaço passa a ser o principal local de encontros virtuais, de discussão e
de obtenção do conhecimento, e o espaço presencial pode até ficar ocioso diante do
seu uso eventual.
Os cursos corporativos de pós-graduação oferecidos pela PUC-RJ também
confirmam a utilização do espaço virtual como prioritário no processo de
213
aprendizagem. Ressalta-se que as atividades presenciais obrigatórias acontecem
dentro da própria corporação que oferece o curso e que estabelece a parceria com a
PUC-RJ. Esta é a responsável por criar toda a infraestrutura virtual e o conteúdo
didático, além do atendimento ao aluno e da emissão de certificados.
Os polos de apoio avaliados nos estudos de casos apresentam, em sua
maioria, grande similaridade com as configurações tradicionais de ensino, pois estão
inseridos dentro de escolas já existentes e em funcionamento para o ensino
tradicional, com exceção à já citada AIEC, à PUC-RJ e ao polo de apoio da UAB, em
Diadema.
Num aspecto geral, os cursos de graduação, que devem ter maior frequência
de encontros presenciais, necessitam de maior infraestrutura do polo de apoio,
sendo necessário que o aluno escolha aquele que melhor atenda às suas
necessidades durante o curso. Para os cursos de pós-graduação, que por vezes
exigem apenas um ou dois encontros presencias obrigatórios, entende-se que o
importante é definir a região de atendimento ao aluno, podendo-se confirmar
posteriormente o local exato para este encontro, que dependerá do estabelecimento
de parcerias ou de convênio com as instituições de ensino já existentes. Este é o
caso do Portal Educação, em que todo o suporte ao aluno ocorre a distância e o
local para a atividade presencial pode ser definido em data próxima à ocasião desta
atividade, sendo elegida uma das edificações escolares das instituições que
oferecem os cursos, e que possuem unidades em todas as capitais do Brasil.
Os demais casos estudados – o Centro Paula Souza, o Mackenzie, os polos
de apoio da UAB, a Anhanguera e a Anhembi Morumbi – estão dentro dos padrões
atuais exigidos pelo MEC, que priorizam a instalação do polo de apoio presencial em
uma unidade educacional já existente, havendo otimização de uso do espaço
escolar. Desta maneira, as salas de aula destas instituições se apresentam como um
espaço de aprendizagem tradicional, sem todo o suporte necessário para o modelo
de sala de aula do futuro, apresentado no capítulo 3, baseado nos pressupostos de
Frederic Litto, que consideram um modelo de aprendizado colaborativo. Nas
instituições estudadas verifica-se que o principal recurso tecnológico adotado nas
salas de aula é o uso de projetor de imagens, seja adequadamente instalado, como
por exemplo no Mackenzie, ou por meio de adaptações, como no Centro Paula
Souza. Em algumas instituições o projetor de imagens só é utilizado em sala
específica para conferência, como ocorre nos polos da UAB. De modo geral, as
214
instituições de EAD ainda não apresentam: mobiliário portátil que possibilite a
reconfiguração do espaço de acordo com as necessidades de cada grupo de alunos;
computador individual ligado às redes, ou suporte tecnológico para que os alunos
tragam o seu próprio dispositivo; adequadas instalações elétricas e de redes que
possibilitem a ausência de fios que atrapalham a movimentação de pessoas e a
configuração do mobiliário; disponibilidade de superfícies grandes para o desenho e
o registro de informações em grupos; e, suportes tecnológicos que favoreçam a
telecomunicação entre os grupos de aprendizagem.
Destaca-se que, dentre as instituições estudadas, o polo de apoio do
Mackenzie é o único que apresenta mobiliário para estudos em grupo e com o
suporte para que os alunos tragam o seu próprio dispositivo, porém estes recusos
estão instalados no laboratório de informática, não sendo disponibilizados nas salas
de aula.
Apenas o polo de apoio da UAB em Diadema é de uso exclusivo para os
cursos de EAD, porém apresenta-se com configuração tradicional de sala de aula.
Ressalta-se que a UAB não é uma instituição de ensino, mas uma parceria entre as
instituições públicas, que oferecem, prioritariamente, cursos para a formação de
professores.
Com relação a análise do programa arquitetônico resultante das diretrizes
básicas definidas nos instrumentos de avaliação para credenciamento do polo de
apoio e seus respectivos cursos, seguem-se as considerações observadas nos
estudos de casos apresentados.
As instalações administrativas devem dar o suporte ao aluno, porém toda a
documentação pode estar concentrada na sede da instituição, para melhor controle
e padronização dos procedimentos de registro, de matrícula e de emissão de
documentos como atestados, certificados e diplomas. Desta maneira, entende-se
que a secretaria do polo pode apresentar um espaço reduzido.
Não há definição quanto a capacidade necessária para o auditório, que pode
abrigar pequenos ou grandes grupos. Observa-se que no polo de apoio de
Itapecerica da Serra, por exemplo, não há auditório, porém quando há a
necessidade de encontros de grandes grupos, utiliza-se um auditório de uma
instituição pública, localizada a poucos metros do polo. Já o polo de apoio de
Diadema apresenta um auditório de pequeno porte e o polo de apoio do Mackenzie
apresenta um ambiente multiuso que recebe mobiliários móveis, passíveis de
215
configurar um auditório pequeno. Os espaços do Centro Paula Souza, avaliados
nesta pesquisa – o centro de capacitação de professores e o polo de apoio na ETEC
Guaracy Silveira – oferecem auditórios amplos e são muito utilizados, não apenas
pelos cursos a distância, mas também pelos cursos presenciais, o que justifica a sua
manutenção.
Em todos os polos de apoio instalados em instituições de ensino já existentes,
as salas dos professores dos cursos presenciais são as mesmas dos cursos a
distância. Como há distinção entre os horários destes cursos, não há conflito de
utilização do espaço. Também, as salas de aula para os cursos a distância são as
mesmas utilizadas pelos cursos presenciais, de modo que estas salas atendem, de
maneira satisfatória, às exigências legais. Porém, nenhum polo de apoio oferece
sala de aula para o aprendizado colaborativo, conforme os modelos apresentados
nesta dissertação. As configurações espaciais das salas são mantidas conforme o
modelo tradicional de carteiras individuais enfileiradas, ou na configuração de
auditório, como é o caso do curso da AIEC que ocorre na sala de convenções de um
hotel.
O atendimento aos alunos de curso a distância é geralmente realizado em
horário diferenciado do aluno de ensino presencial. Dependendo da instituição, a
mistura de públicos pode gerar conflitos na utilização dos espaços, pois trata-se de
faixa etária ou perfil de alunos muito diferenciado. Desta forma, os alunos de EAD
têm horários definidos para o atendimento nos polos, porém sem a diversidade
sugerida no Referenciais de Qualidade (BRASIL, 2007c).
Apenas no polo de apoio presencial do Mackenzie observa-se uma sala
exclusiva de tutoria para o atendimento de, no máximo, duas pessoas. Nos demais
casos, entende-se que o atendimento ao aluno, individual ou grupal, seja realizado
em sala de aula. Em nenhum caso estudado observou-se espaços específicos, bem
como a formação de uma comissão própria de avaliação.
Os gabinetes e as estações de trabalhos para os docentes estão inseridos
nas salas dos professores. Não há professores em tempo integral e,
consequentemente, espaços específicos para esses profissionais.
Todos os casos avaliados apresentaram boas condições das instalações
sanitárias, incluindo o atendimento aos portadores de necessidades especiais.
As bibliotecas analisadas nos estudos de casos oferecem espaços internos
para estudos individuais ou em grupos, com os acervos instalados adequadamente
216
em prateleiras, com exceção da instituição AIEC, em que o ambiente da biblioteca é
destinado apenas ao acervo físico e não possui local para estudos. Observou-se
também, em todas as bibliotecas analisadas, que não há espaços isolados para o
estudo em grupos e, todos os usuários dividem o mesmo espaço. Algumas
instituições oferecem um espaço mais amplo, como por exemplo o polo de
Itapecerica da Serra, onde o acervo maior destina-se ao curso presencial de ensino
fundamental. Em contraposição, no polo de apoio do Mackenzie, a biblioteca é
exclusiva para os cursos em EAD, porém o seu espaço é pequeno, com apenas três
mesas, e conta com uma sala de estudos auxiliar para o atendimento aos alunos.
Todos os polos de apoio oferecem computadores em suas bibliotecas, com
exceção da instituição AIEC, conforme já citado. Pelos relatos obtidos, entende-se
que os alunos de EAD pouco utilizam a biblioteca, pois recorrem prioritariamente aos
acervos virtuais.
Apenas no polo de apoio do Mackenzie é observada uma sala exclusiva para
abrigar os equipamentos de tecnologia da informação (TI), com os servidores que
atendem às redes de Internet da instituição. Nela há uma mesa para o profissional
responsável pelas questões de informática. Nos demais polos, os servidores
encontram-se em outros ambientes, como na secretaria, não havendo local
específico de suporte para informática.
Todos os polos de apoio estudados apresentam laboratório de informática. Os
polos de apoio da UAB e do Centro Paula Souza, oferecem computadores mais
antigos, com disposições enfileiradas, sem promover a discussão entre grupos de
alunos. No polo de apoio do Mackenzie, apesar de também dispor de computadores
enfileirados, são oferecidas mesas para grupos de alunos, que podem acessar os
computadores disponíveis e ainda conectar seus dispositivos pessoais.
Em todos os casos estudos não se observam laboratórios específicos, pois os
cursos oferecidos não demandam estes ambientes. Com relação aos espaços de
conviência e sociabilização, verifica-se que as instituições não disponibilizam os
serviços de alimentação nas respectivas cantinas, pois apresentam pequena
demanda de alunos nos determinados períodos de encontros presenciais.
A presente pesquisa mostra que a educação superior está num momento de
grandes transformações devido a inserção dos recursos tecnológicos da informática.
Observa-se que não se trata de uma simples inserção de tecnologias para dar
suporte ao ensino, mas de mudanças nas concepções pedagógicas, que buscam
217
aproximar o aluno contemporâneo da realidade corporativa e empresarial, cada vez
mais conectada às redes da Internet. É necessária uma reformulação das políticas
públicas para que a tecnologia possa convergir com a educação, de maneira
colaborativa. Assim, a utilização da tecnologia para o ensino não deve ser vista
como uma mudança de ferramenta tecnológica, mas como uma nova concepção de
aprendizado, aliada aos dias atuais, em que o aluno contemporâneo está cada vez
mais imerso nas suas redes e conexões eletrônicas.
218
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação a distância no Brasil, desde o seu início, é um mecanismo para
a democratização do acesso e da oferta educacional. Com a evolução dos meios
tecnológicos e, atualmente, com as tecnologias da informação e comunicação, o seu
desenvolvimento se acentua. É uma possibilidade real, adotada pelas instituições
educacionais e organizações formadoras de todos os tipos de oferta de educação
superior, além da formação profissional continuada.
A legislação brasileira possui muitas diretrizes que buscam a implantação e
manutenção de um ensino a distância com qualidade. Apesar disto, a educação
brasileira, como um todo, vivencia um processo de transformação que gera a
necessidade de atualizações, novas definições e correções do que as leis já
definiram. Muitas barreiras deverão ser superadas para alcançar o sucesso desta
transformação, sendo necessária a evolução de políticas públicas que contribuam
para a expansão do acesso ao ensino e às tecnologias.
Dentro deste contexto, investiga-se que os espaços de aprendizagem dos
polos de apoio presencial, atualmente, atendem prioritariamente às exigências
legais, com a adequação dos espaços de aprendizagem às normas, sem maiores
investimentos em inovações e adequação à demanda educacional necessária e
condizente com a realidade do aluno contemporâneo. Ele está hoje conectado ao
ciberespaço, por meio das tecnologias da comunicação, apresentando diferentes
necessidades aos espaços educativos. Entretanto, destaca-se a importância do
espaço escolar, que mesmo sendo utilizado com menor frequência pelo aluno de
ensino a distância, desempenha papel importante no processo de aprendizagem,
pois abrange diferentes símbolos culturais e ideológicos.
O uso das tecnologias da informação e comunicação na sociedade é inevitável,
pois apresenta inúmeras vantagens. Desta forma, julga-se necessário compreender
o seu impacto no processo educativo, visto que o seu uso altera não apenas as
ferramentas de aprendizagem, mas a concepção pedagógica que interfere no
espaço de aprendizagem. Os espaços educativos possuem significados e
transmitem estímulos, conteúdos e valores que são importantes para a organização
da aprendizagem, pois interferem nos processos cognitivos do aluno.
O ensino superior a distância no Brasil, nos modelos atuais, se apoia no uso da
Internet, não eliminando a relação entre o aluno e a instituição física, seja esta a
219
unidade central ou os polos de apoio presencial aos alunos. A legislação brasileira
exige momentos presenciais para algumas atividades, como a avaliação e o apoio
aos alunos. Isto gera a necessidade de uma infraestrutura da instituição
educacional, que atenda aos requisitos básicos dos Referenciais de Qualidade.
Os polos de apoio presencial da UAB, analisados na presente pesquisa,
mostram-se, infelizmente, como espaços tradicionais de ensino, que são adaptados
para o atendimento mínimo das exigências legais e apresentam pouca ou nenhuma
inovação. Em contrapartida, as instituições particulares, como a Universidade
Presbiteriana Mackenzie, apresentam soluções de espaços tecnológicos e
inovadores a serem implantados. Assim, verifica-se que o processo de
transformação do ensino ainda é incipiente, sendo as iniciativas privadas as maiores
investidoras em inovações.
Entende-se que o caminho do EAD é o de maior integração das TIC no ensino.
Palco de novas concepções de espaços educativos, o EAD deve promover um
aprendizado ativo, participativo e colaborativo entre os alunos. Desta forma,
entende-se que os espaços de aprendizagem devem ser equipados com recursos
tecnológicos adequados e inovadores e, com mobiliário que propicie esta maior
integração entre os alunos e/ou grupos de alunos, com o suporte adequado para o
uso dos equipamentos eletrônicos.
As transformações proporcionadas pelas TIC vão além do espaço de
aprendizagem e interferem na organização da instituição de ensino, que passa a
oferecer uma infraestrutura em diversas localidades, os polos de apoio presencial,
para atender a um maior número de alunos. A utilização do ciberespaço altera a
utilização do espaço físico, interferindo inclusive na mobilidade urbana, visto por
exemplo, que de acordo com a pesquisa origem destino, a educação é o segundo
maior motivo para deslocamentos na Região Metropolitana de São Paulo. Os
benefícios pela utilização do ciberespaço são importantes fatores para a expansão
da EAD.
Os dados do censo da educação superior permitem observar, em termos
quantitativos, o desenvolvimento das ações das instituições brasileiras com relação
ao ensino a distância. Estudos com base nos especialistas em educação apontam a
evolução dos aspectos qualitativos desta metodologia de ensino, que se mostra
como propulsora de uma educação com qualidade e de maneira continuada, o que
se adéqua à realidade da sociedade atual, que necessita de um novo perfil de
220
profissional. Desta forma, o ensino a distância está superando a sua baixa
credibilidade inicial, em que representava uma solução paliativa, emergencial e até
mesmo marginal, comparada aos sistemas convencionais.
Diante da presente pesquisa e da experiência pessoal da autora, que realizou
duas pós-graduações a distância, acredita-se que a incorporação das tecnologias na
educação levará a um ensino cada vez mais híbrido, onde coexistirá os momentos
de atividades virtuais e presenciais, que possibilitarão o maior engajamento e o
aprendizado efetivo do aluno, com a aproximação entre as metodologias de ensino
presencial e a distância e, com a primazia da metodologia colaborativa. Conforme o
aluno desenvolve a sua maior autonomia para os estudos, ele poderá se apoiar
prioritariamente no ciberespaço, o que reduzirá a necessidade do espaço físico da
instituição de ensino. Assim, para os cursos de formação contínua o aluno tende a
depender cada vez mais do espaço virtual e cada vez menos do espaço real.
Apesar de todas essas grandes transformações que o uso do ciberespaço e
das tecnologias propiciam para a educação, como as mudanças nas concepções
pedagógicas, os papéis de professores e alunos, e etc, verifica-se que na realidade
atual do Brasil, os espaços de aprendizagem destinados ao encontro presencial,
necessários para os cursos a distância, não apresentam, de um modo geral, um
projeto arquitetônico específico. Geralmente esses espaços constituem-se de
adaptações em instituições já existentes, com pequenas adequações para o
atendimento às diretrizes legais. De modo geral, atualmente o MEC prioriza o
credenciamento dos polos de apoio em instituições de ensino já existentes, havendo
uma otimização de uso dos espaços educativos. Desta maneira, há poucas
diferenças entre uma instituição de ensino presencial e uma instituição de ensino a
distância, que resumem-se, basicamente na inserção de alguns equipamentos
tecnológicos necessários para as conexões em rede e as transmissões das
videoaulas. Desta verificação, conclui-se a necessidade de avanços no sentido de
se conceber espaços arquitetônicos mais coerentes e eficazes para a realização de
atividades presenciais necessárias ao EAD.
Entende-se que as grandes transformações que estão ocorrendo no
ciberespaço, por meio dos ambientes virtuais de aprendizagem, não chegam com a
mesma velocidade aos ambientes reais, pois as propostas de um ambiente de
aprendizagem colaborativo, flexível e inovador não são aplicadas nos polos de
apoio. Ao contrário, observa-se que são realizadas as modificações necessárias
221
para o atendimento às leis, mantendo-se as configurações tradicionais de sala de
aula e demais organizações da instituição escolar. As poucas diferenciações estão
na implantação de equipamentos eletrônicos que possibilitem uma videoconferência
e a obrigatoriedade de disponibilização de Internet banda larga. Acredita-se que é
necessária a evolução das diretrizes legais para o atendimento às reais
necessidades do ensino a distância, de maior flexibilidade, maior autonomia e não
apenas uma transposição do ensino presencial, como se observa nas práticas
atuais.
Observa-se que os ambientes mais inovadores, que aplicam o conceito de
aprendizado colaborativo, estão sendo incorporados por algumas instituições de
ensino, porém tais espaços destinam-se aos cursos presenciais, que podem
futuramente ser espaços inovadores nos polos de apoio presencial ao EAD.
O incetivo para os alunos utilizarem o seu próprio dispositivo nas instituições
de ensino superior a distância, o desenvolvimento de plataformas virtuais
personalizadas, o ambiente de encontros presenciais que propiciem o
desenvolvimento de trabalhos em grupos, atividades colaborativas, espaços de
criação e etc, são tendências tecnológicas que devem crescer na realidade
brasileira.
A busca pela qualidade, referida pelo MEC, se enquadra nas condições já
existentes nas instituições presenciais. Entende-se que o grande incentivo para a
EAD no Brasil ocorre na intenção de democratizar o ensino superior, porém as
maiores ações de expansão e desenvolvimento se concentram nas regiões já
desenvolvidas e atendidas pelo ensino superior, a Sudeste e a Centro-Oeste.
Os estudos de casos internacionais apontam que os usos das tecnologias no
ensino tendem a transformar rapidamente os espaços de aprendizagem, com a
inserção de recursos tecnológicos, de ferramentas e de equipamentos que propiciam
ao aluno o desenvolvimento da criatividade por meio de ações práticas, como é o
caso do makerspace.
As vantagens do ensino a distância são promissoras para o seu
desenvolvimento, tais como: A) redução do custo devido a menor necessidade de
novas instalações físicas e de funcionários, pois as instituições que já desenvolvem
o ensino presencial facilmente podem adaptar-se a metodologia de ensino a
distância. Esta situação é transferida aos alunos, cujas mensalidades podem ser de
até 20% de um curso presencial, como foi constatado na Open University da
222
Inglaterra, além da melhor relação entre o custo e o benefício, ou seja, entre o
investimento educacional e a renda profissional ulterior. B) sustentabilidade
ambiental resultante da economia de energia, pois o aluno permanece mais em sua
residência, local de trabalho ou nos espaços públicos, tais como praças, bares,
restaurantes e outros, que possuam redes de Wi-Fi disponíveis. C) acesso a
comunicação é grandemente facilitado permitindo a diminuição de deslocamento e a
melhoria de mobilidade nas cidades, possibilitando a liberação do sistema de
transporte para outros motivos que não são ainda possíveis de substituição do físico
pelo virtual. D) A retenção do aluno no curso pode ser elevada entre o ensino
presencial e o ensino distância, principalmente para as cidades do interior, devido às
grandes distâncias e custos impostos aos alunos. Também, o conforto de estudar
em casa ou em local mais conveniente, permite a economia de tempo e a melhoria
da qualidade de vida, traduzido por refeições em casa, o convívio familiar e
profissional. A efetivação deste potencial depende da melhoria de qualidade técnica
do EAD e a adoção de tecnologia mais sincrônica, que aproximem esta metodologia
ao ensino presencial, especialmente para as gerações mais velhas. O nativo digital
possui menos problemas para adaptar-se ao EAD, pois está habituado às novas
tecnologias. Também, a recente adoção da Internet nos dispositivos móveis amplia a
abrangência, pois hoje há 1,34 celulares por habitantes no Brasil.
Hoje a Web 2.0 está em processo de difusão, que é dificultado pela pouca
capacidade das redes de Internet no Brasil, em substituição à Web 1.0. A vantagem
desta nova tecnologia é o duplo sentido de informação, permitindo relações cada
vez mais síncronas nos sistemas de comunicação e aprendizagem, diminuindo
ainda evasão escolar.
A proposta inicial desta pesquisa é compreender quais são as diretrizes
vigentes para o projeto arquitetônico dos edifícios das instituições de ensino
superior, porém o estudo possibilitou o avanço de outras questões pertinentes ao
impacto do ciberespaço nos ambientes de aprendizado. Sugere-se que novos
estudos possam avançar e contribuir para a concepção de novos espaços
educativos, sejam destinados ao encadeamento do ensino presencial, híbrido ou a
distância, que incorporem, de maneira adequada, o uso das novas tecnologias no
ensino e atendam às propostas pedagógicas atuais, de um aprendizado mais
colaborativo, participativo e significativo para o aluno contemporâneo.
223
REFERÊNCIAS ABBAD, G. da Silva; ZERBINI,T.; de SOUZA, D. B. L. Panorama das pesquisas em educação a distância no Brasil. Estudos de Psicologia (Natal), Natal, v. 15, n. 3, 2010. p. 291-298. ABED, Associação Brasileira de Educação a Distância. Censo EAD.BR: Relatório
Analítico da Aprendizagem a Distância no Brasil 2014. Curitiba: Ibpex, 2015.
ALVES, J. R. M. As bases legais da educação a distância no Brasil. In: ABMES, Revista Estudos, n°26, 2006. p.2-6. ALVES, J. R. M. Aspectos a serem considerados para se reduzir os entraves ao desenvolvimento da educação a distância no Brasil. Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação. Rio de Janeiro, 2007. Não paginado. ALVES, L. Educação a distância: conceitos e história no Brasil e no mundo. Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância, São Paulo, 2011. p. 83-92. ANATEL, Agência Nacional de Telecomunicações. Em setembro, Brasil soma 275,89 milhões de acessos móveis. ANATEL On-line. 13 nov. 2015. disponível em: <http://www.anatel.gov.br/institucional/index.php/noticias/775-em-setembro-brasil-soma-275-89-milhoes-de-acessos-moveis>. Acesso em: 15 dez. 2015. ARAGON, Elisa. Aprender com jogos na Quest to Learn. In: GRAVATÁ, André et al. Volta ao mundo em 13 escolas. São Paulo: Fundação telefônica, 2013. BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Tradução de Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar, 2000. BENCOSTTA, Marcus Levy Albino. História da educação, arquitetura e espaço escolar. São Paulo: Cortez Editora, 2005. BELLONI, M.L. Educação a Distância. 6. ed. Campinas/SP: Ed. Autores Associados, 2012. BERNINI, D. S. D. et al. Nova abordagem nas práticas pedagógicas com o uso das nTICs na Educação Superior. In: SILVEIRA, Ricardo Azambuja (coord.). Anais do XX SIMPÓSIO BRASILEIRO DE INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO. Florianópolis/SC: UFSC, 2009.
224
BRASIL. Lei n. 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, Brasília/DF, 23 dez. 1996. Seção 1, p. 27833. ______. Decreto nº 2.494 de 10 de Fevereiro de 1998. Regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e dá outras providências (referente ensino a distância) (revogado pelo Decreto no 5.622). Diário Oficial da União, Brasília/DF, 11 fev. 1998. Seção 1. BRASIL. Ministério da Educação. Lei no 10.861, de 14 de abril de 2004. Institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES. Diário Oficial da União. Brasília/DF, 15 abr. 2004. Seção 1, p.3-4 ______. Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o art. 80 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília/DF, 20 dez. 2005. Seção 1, p. 1-4. ______. Decreto n˚5.773 de 09 de maio de 2006. Dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema federal de ensino. Diário Oficial da União, Brasília/DF, 10 mai. 2006a. p. 6, c.1. ______. Decreto n˚5.800 de 08 de junho de 2006. Dispõe sobre o Sistema Universidade Aberta do Brasil. Diário Oficial da União, Brasília/DF, 09 jun. 2006b. ______. Trabalhando com a educação de jovens e adultos: a sala de aula como espaço de vivência e aprendizagem. Brasília/DF: Ministério da Educação, Secretaria-Executiva, Secretaria de Educação Continuada, 2006c. ______. Ministério da Educação. Portaria N˚ 1.047. Diário Oficial da União. Brasília/DF, 08 nov. 2007a. ______. Ministério da Educação. Portaria Normativa N˚. 2. Diário Oficial da União, Brasília/DF, 11 jan. 2007b. ______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação a Distância. Referenciais de qualidade para educação superior a distância. Brasília/DF: SEED/MEC, 2007c. ______. Ministério da Educação. Instrumento de avaliação institucional externa. Subsidia os atos de credenciamento, recredenciamento e transformação da organização acadêmica (presencial). Brasília/DF: Sinaes, Conaes, Inep, Daes. 2014a.
225
______. Ministério da Educação. Credenciamento de polo de apoio presencial para educação a distância. Brasília/DF: Sinaes, SEED, Inep. 2014b. ______. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Plano Nacional de Educação PNE 2014-2024: Linha de Base. Brasília/DF: Inep, 2015. 404 p. CABEDA, M. et al. Uma nova forma de polo de apoio presencial para EAD: o Polo dos sonhos. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA. Foz do Iguaçu/PR, 2010. CALDEIRA, Mário Henrique de Castro. Arquitetura para educação: escolas públicas na cidade de São Paulo (1934-1962). 2005. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo). Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. CAPELETTI, Aldenice Magalhães. Ensino a distância: desafios encontrados por alunos do ensino superior. Revista Eletrônica Saberes da Educação, São Roque/SP, v. 5, no 1, 2014. CAPES/DED. Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, Diretoria De Educação a Distância. Polos de apoio presencial do sistema Universidade Aberta do Brasil – UAB. Brasília: 2010. Disponível em: <http://www.sead.ufba.br/sites/sead.ufba.br/files/Orientacoes_para_Mantenedores_e_Gestores_de_Polos_UAB.pdf>. Acesso em 15.10.14. CARVALHO NETO, Cassiano Zeferino. Espaços ciberarquitetônicos e a integração de mídias, por meio de técnicas derivadas de tecnologias dedicadas à educação. Dissertação (mestrado em Educação Científica e Tecnológica). Centro de Ciências da Educação da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis/SC, 2006. ______. Escola Inteligente. Instituto Galileo Galilei para a Educação, 24 jan. 2015. On-line. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=eAeXH7HMQ48. Acesso em 19 abr. de 2015. CASABONA, Joseph et. al. BYOD Strategy (Service Mobility). The University of Scranton Pennsylvania, 2014. CORREIA, Ana Paula Pupo. História e arquitetura escolar: os prédios escolares públicos de Curitiba (1943-1953). 2004. Dissertação (Mestrado em Educação), Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2004. CRUZ, Dulce Márcia. O professor midiático: a formação docente para a educação a distância no ambiente virtual da videoconferência. Tese (doutorado em engenharia de produção), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis/SC, 2001.
226
CURI, Luiz Roberto Liza. Audiência pública para o novo marco regulatório da EAD. Brasília: Senado Federal. Comissão de Educação, Cultura e Esportes (CE), 15 out. 2015. Online. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ZFBL5tOFZEU>. Acesso em 20 out. 2015. DANTAS, Carlos Alberto B. Ensino a Distância. Revista USP, São Paulo, v. 39. 1998. p. 44-53. DE FRANCO, Augusto. Viver em rede, viver da rede. Direção e produção: Café filosófico. TV Cultura, 27 abr. 2015. Online. Disponível em: <http://www.cpflcultura.com.br/2015/04/27/viver-em-rede-viver-da-rede-com-augusto-de-franco-versao-tv-cultura/>. Acesso em 10 ago. 2015. DE LIMA, Artemilson Alves; DOS SANTOS, Simone Costa Andrade. Gestão do processo de produção de materiais didáticos para EAD. In: CIAED, Natal/RN, 2012. DECCACHE, Renato. A burocracia no caminho do avanço da EAD. Especial Folha Dirigida, Suplemento educação. out. 2015. DIFILIPO, STEPHEN. The Policy of BYOD: Considerations for Higher Education. Educause Review. 2013. p60-61. DIPMAD contribui para uma educação efetiva na sala de aula virtual. Portal EAD-IFRN. IFRN, 9 jan. 2015. Disponível em: <http://portal.ead.ifrn.edu.br/destaques/dipmad-contribui-para-uma-educacao-efetiva-na-sala-de-aula-virtual-2>. Acesso em 05 jun. 2015. DO AMARAL, Sérgio Ferreira; PACATA, Daniel Moutinho. A TV digital interativa no
espaço educacional. ETD-Educação Temática Digital, Campinas/SP, v. 5, n. 1, p. 95-
98, 2008.
FARIA, Adriano Antonio; SALVADORI, Angela. A educação a distância e seu movimento histórico no Brasil. Revista das Faculdades Santa Cruz, Curitiba, v. 8, n. 1, 2010. p. 15-22. Ferreira, Aurélio Buaque de Holanda. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 5.ed. Curitiba/PR: Positivo Dicionario, 2010. FILATRO, Andrea. As teorias pedagógicas fundamentais em EAD. In: LITTO, Frederic M.; FORMIGA, Marcos (Orgs.). Educação a Distância – o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.
227
FINO, Carlos Nogueira. Vygotsky e a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP): três implicações pedagógicas. Revista Portuguesa de educação, Portugal, v. 14, n. 2, p. 273-291, 2001. FORNEIRO, María Lina Iglesias. Observación y evaluación del ambiente de aprendizaje en educación Infantil: dimensiones y variables a considerar. Revista Iberoamericana de educación, Espanha, n. 47, p. 49-70. maio/ago. 2008. FRAGO, Antonio Viñao; ESCOLANO, Agustín. Currículo, espaço e subjetividade: a arquitetura como programa. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. FRANCO, Marcelo Araújo (Org.). Orientações para o desenvolvimento de cursos mediados por computador. Campinas: Centro de Computação da UNICAMP, 2003. FRANCO, Sérgio Roberto Kieling et. al. Aprendizagem na educação à distância: caminhos do Brasil. Porto Alegre/RS. Renote, v. 4, n. 2, 2006. FREEMAN, A. et al. NMC Technology Outlook for Brazilian Universities: A Horizon Project Regional Report. Austin, Texas: The New Media Consortium, 2015. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra,1996. FREITAS, Katia Siqueira de. Um panorama geral sobre a história do ensino a distância. In: ARAÚJO, Bohumila. Educação a distância no contexto brasileiro: algumas experiências da UFBA. PROGED, Universidade Federal da Bahia, Bahia. 2005. p.57-68. G1, Portal eletrônico Globo News. Brasil tem escola do século XIX, afirma especialista em educação. Globo-News, 08 nov. 2012. Disponível em: <http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2012/11/brasil-tem-escola-do-seculo-xix-afirma-especialista-em-educacao.html>. Acessado em: 25.04.2014 HARVEY, David. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. 23. ed. São Paulo: Loyola, 2012. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010 – Educação e Deslocamento. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. INAMORATO, Andreia; MOTA, Ronaldo. MOOC, uma revolução em curso. Jornal da Ciência. 26 de novembro de 2012. Disponível em: < http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=85111>. Acessado em:30.03.14 JOHNSON, L. et al. Technology Outlook for Brazilian Universities: A Horizon Project
228
Regional Report. Austin, Texas: New Media Consortium, 2014. JOHNSON, L. et al. NMC Horizon Report: Edición Educación Superior 2015. Austin, Texas: New Media Consortium, 2015. KENSKI, Vani Moreira. Gestão e Uso das Mídias em Projetos de Educação a Distância. Revista E-Curriculum, São Paulo, v. 1, n. 1, dez.- jul. 2005-2006. KENSKI, Vani Moreira. Tecnologia educacional: uma nova cultura de ensino e aprendizagem na universidade. In: SPELLER, Paulo; ROBL, Fabiane; MENEGHEL, Stela Maria (org). Desafios e perspectivas da educação superior brasileira para a próxima década - 2011/2020. Brasília: UNESCO, CNE, MEC, 2012. KERBAUY, Rachel Rodrigues. O cientista que ensinava. Psicologia USP, São Paulo, v.7, n.1/2, p.225-245, 1996. KOJUNSKI, Mariana. Papo sério com Ryon Braga – diretor presidente da Uniamérica. Revista 100 Fronteiras, Foz do Iguaçu, 15 maio 2014. LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999. LIMA, Lauro de Oliveira. Mutações em educação segundo McLuhan. 19. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1987. LIMA, Mayumi W. de S. Arquitetura e educação. São Paulo: Studio Nobel, 1995. LITTO, Frederic M. A escola do futuro no século XXI. MiniWeb Educação [S.I], 2001. LITTO, Frederic M. Aprendizagem a Distância. São Paulo: Imprensa Oficial, 2010. LOBO NETO, F. J. S. L. Educação a Distância: regulamentação, condições de êxito e perspectivas. Retrieved January, v. 16, p. 2003, 1998. LOES, João. O que é a Internet das coisas e como ela mudará a sua vida. Portal Terra. 2015. On-line. Disponível em: <http://tecnologia.terra.com.br/o-que-e-a-Internet-das-coisas-e-como-ela-mudara-a-sua-vida,3e61c3b90c8ca410VgnVCM3000009af154d0RCRD.html>. Acesso em: 13 mar. de 15 LOPES, Laura. A sala de aula do futuro. Revista Época, São Paulo, 13 set. 2008. MAIA, Carmem; MATTAR, João. ABC da EaD. A educação a distância hoje. São Paulo: Pearson, 2007.
229
MAIS aulas pela internet e menos carros nas ruas. Central Press. 14 out. 2015. On-line. Disponível em: <http://www.centralpress.com.br/mais-aulas-pela-internet-e-menos-carros-nas-ruas/?print=1>. Acesso em 16 out. 2015. MANUAL de diretrizes de arquitetura, interiores e identidade visual. [S.l.]: Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2013. MARQUES, Camila. Ensino a distância começou com cartas a agricultores. Folha Online. 29 set. 2004. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u396511.shtml>. Acessado em 11 out. 2015. MASCARENHAS, Milena. O espaço físico pode melhorar a aprendizagem? Bússola Educacional, Foz do Iguaçu, 13 abr. 2015. Disponível em: <http://www.hoper.com.br/#!O-ESPAÇO-FÍSICO-PODE-MELHORAR-A-APRENDIZAGEM/cupd/552bd93c0cf28ab7fac4da8a>. Acesso em 04 nov. 2015. MATTA, Alfredo E. Rodrigues. A Educação a Distância e as Trans-urbanidades. In: SEMINÁRIO NACIONAL ABED DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, n.1, Belo Horizonte/MG, 2002. MAZUR, Alcione; BENTES, Roberto De Fino. Audioconferência: Possibilidades e desafios desse cenário para a educação a distância. In: 4˚ SEMINÁRIO NACIONAL DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA. Brasília: Abed, 2006. MCLUHAN, Herbert Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem. São Paulo: Editora Cultrix, 1974. MEC/INEP, Ministério da Educação e Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Censo da Educação Superior 2013. Brasília: governo federal, 2014. MEC/INEP, Ministério da Educação e Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Censo da Educação Superior 2014. Brasília: governo federal, 2015. METODISTA inaugura sala de aprendizagem interativa, com 80 Ipads e Datashow. Jornal da Metodista, 24 set. 2015. METRÔ, Companhia do Metropolitano de São Paulo. Pesquisa origem e destino 2007 – Região Metropolitana de São Paulo. São Paulo: Metrô, 2008. ______. Pesquisa de mobilidade da Região Metropolitana de São Paulo – 2012. São Paulo: Metrô, 2012.
230
MORAN, José Manuel. As múltiplas formas do aprender. Revista Atividades & Experiências. Grupo Positivo, 2005, p. 11-13. MORAN, José Manuel. Contribuições para uma pedagogia da educação online. In: SILVA, Marco (org.). Educação online: teorias, práticas, legislação, formação corporativa. v. 2. São Paulo: Edições Loyola, 2006. ______. Modelos e avaliação do ensino superior a distância no Brasil. ETD-Educação Temática Digital, Campinas, v. 10, n. 2, p. 54-70, 2009. NESE, Paola Lazzareschi. Benno Perelmutter e Marciel Peinado: estudo do processo de projeto para edificações escolares. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2015. NOGUEIRA, Francinaldo Mendes; GONÇALVES, Carolina Brandão. Neurociência: vídeo de divulgação científica como estímulo para a aprendizagem. In: IV SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO EM CIÊNCIA NA AMAZÔNIA, Manaus/AM, 2014. NUNES, Ivônio Barros. Noções de educação a distância. Revista educação a distância, Brasília, v. 4, n. 5, p. 7-25, 1993. ______. A história da EAD no mundo. In: FORMIGA, Marcos; LITTO, Fredic M. Educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. p. 2-8. ONU, Organização das Nações Unidas. UN-HABITaT. The United Nations perspective on reinventing planning. 2007, p. 15-34 PASTORE, José. Defasagem entre tecnologias e a educação. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 25 fev. 2014. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,defasagem-entre-tecnologias-e-a-educacao,1134297,0.htm> Acessado em: 27.02.14 PEÑA, Maria de los Dolores Jimenez; et al.. Prática docente e tecnologia: Revendo fundamentos e Ampliando conceitos. Revista PUC-VIVA, São Paulo, Ano 6 – No. 24, Jul/Set, 2005, PP 47-63. PEQUENO, Mauro C.; PEQUENO, Henrique Sérgio L. Centro de produção de materiais didáticos digitais: a experiência do Instituto UFC Virtual. ComCiência, Campinas, n. 141, 2012. PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Tradução de Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Artmed, 2000.
231
PERSEGONA, Marcelo Felipe Moreira; ALVES, Isabel Teresa Gama. História da internet: origens do e-gov no Brasil. In: HOESCHL, Hugo Cesar (org.). Anais da Conferência Sul-Americana em Ciência e Tecnologia Aplicada ao Governo Eletrônico – CONeGOV 2004. Florianópolis (SC): Editora Digital Ijuris, 2004. PINTO, Thiago Pedro. Projetos Minerva: caixa de jogos caleidoscópica. Tese (doutorado em Educação e Ciência). UNESP. Bauru, 2013. PIRES, Yasmin. Pós a distância ganha força no mercado. Especial Folha Dirigida. Suplemento educação. out. 2015. PORTAL EDUCAÇÃO. Tecnologias na educação à distância: Internet. Portal Educação, 23 abr. 2013. On-line. Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/45490/tecnologias-na-educacao-a-distancia-internet>. Acesso em 15 nov. 2015. PROTZEK, Márcio Antônio; DESCARDECI, José Ricardo. Comunicações por Satélite – Técnicas de Transmissão, Multiplexação e de Acesso. Telecomunicações, vol.04, dez. de 2001. RATHS, David. How Do Your Learning Spaces Measure Up? Campus Technology, Chatsworth/CA. 03 maio 2014. RIBAS, Isabel C. Paulo Freire e a EAD: Uma relação próxima e possível. In: 16˚ CONGRESSO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, Curitiba: ABED, 2010. RIBEIRO, Paula; ZENTI, Luciana. Entenda o que é o ensino híbrido e como colocá-lo em prática. Revista Educação. São Paulo: editora segmento, Nov. 2014. ROCHA JÚNIOR, Antônio Martins da. Domínio da Forma – Permanências e Mutações nas Composições Arquitetônicas. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo). Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2014. RODRIGUES, Rosângela Schwarz. Modelo de avaliação para cursos no ensino a distância: estrutura, aplicação e avaliação. Dissertação (mestrado em engenharia de produção) Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis/SC, 1998. RODRIGUES, Camila. Cursos por correspondência, hoje em desuso, recebiam mais de mil cartas por dia. UOL Educação. São Paulo, 16 maio 2012. Disponível em: < http://educacao.uol.com.br/noticias/2012/05/16/cursos-por-correspondencia-hoje-em-desuso-recebiam-mais-de-mil-cartas-por-dia.htm>. Acesso em: 25 mar. 2015
232
ROZESTRATEN, Artur Simões et al. Rede Social Arquigrafia-Brasil: Design de um ambiente online baseado em transdisciplinaridade e colaboração. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SISTEMAS COLABORATIVOS, Belo Horizonte/MG, v. 7, 2010. SABBATINI, Renato M.E. Ensino Telepresencial via Satélite. Instituto Edumed, Campinas/SP, s.d. SALES, Mary Valda Souza. Uma reflexão sobre a produção do material didático para EaD. In: 12 CONGRESSO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, Florianópolis/SC, 2005. SAMPAIO, Helena. O setor privado de ensino superior no Brasil: continuidades e transformações. Revista Ensino Superior. Campinas/SP: Unicamp, v. 2, n. 4, p. 28-43, 2011. SATHLER, Luciano. Audiência pública para o novo marco regulatório da EAD. Brasília: Senado Federal. Comissão de Educação, Cultura e Esportes (CE), 15 out. 2015. Online. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ZFBL5tOFZEU. Acesso em 20 out. 2015>. SCHONS, Cláudio Henrique; RIBEIRO, Adriano Carlos; BATTISTI, Patrícia. Educação a Distância: Web 2.0 na Construção do Conhecimento Coletivo. IN: VIII COLÓQUIO INTERNACIONAL SOBRE GESTÃO UNIVERSITÁRIA NA AMÉRICA DO SUL, Assunção/Paraguai, 2008. SIMPSON, Ormond. O Futuro da Educação a Distância: Que fatores afetarão como a educação a distância se desenvolverá no futuro? Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância. São Paulo: ABED, v. 12. 2013. p. 455-468. SINGER, Talyta. Casas, Carros e Cidades inteligentes: um estudo do enquadramento midiático da Internet das coisas. Revista Geminis. São Carlos: UFSCAR, v. 1, n. 2, Ano 4, 2013, p. 57-74.
SOPEÑA, Sirlene de Mello; PIRES, Janice de Freitas; HEIDRICH, Felipe Etchegaray; SILVA, Adriane Borda Almeida da. Representação e visualização de superfícies curvas em realidade aumentada. XIV ENPOS – ENCONTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO UFPEL. Universidade Federal de Pelotas, Rio Grande do Sul, 2012. SPELLER, Paulo; ROBL, Fabiane; MENEGHEL, Stela Maria (org). Desafios e perspectivas da educação superior brasileira para a próxima década – 2011/2020. Brasília: UNESCO, CNE, MEC, 2012.
233
SQUAIELLA, Roberta Betania Ferreira; RIGHI, Roberto. Ensino superior a distância no Brasil - tecnologias para a construção e difusão do ensino. Universitas: Revista do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – Araçatuba (São Paulo). v. 7, n. 7, jan./dez. Araçatuba: UniSALESIANO, 2015. TEIXEIRA, Madalena Telles; REIS, Maria Filomena. A organização do espaço em sala de aula e as suas implicações na aprendizagem cooperativa. Revista Meta: Avaliação, Rio de Janeiro, v. 4, n. 11, p. 162-187, 2012. TINOCO, Dandara. Falta de licenciatura atinge 35% de professores do nível fundamental. O Globo. 07 maio 2014.
TORI, Romero; KIRNER, Claudio; SISCOUTTO, Robson Augusto. Fundamentos e tecnologia de realidade virtual e aumentada. In: Livro do Pré-Simpósio. III SYMPOSIUM ON VIRTUAL REALITY, Belém/PA, 2006. TORRES, Patrícia; VIANNEY, João. Os paradoxos do ensino superior a distância no Brasil. Reposital, Universidad Nacional Autónoma de México. 2010. VALENTI, Mark S. Beyond Active Learning: Transformation of the Learning Space. Educase Review. Jul./Ago. 2015. p30-38. VIRILIO, Paul. O espaço crítico. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 1999. VOIGT, Emilio. Web 2.0. E-learning, EaD 2.0: para onde caminha a educação a distância?. In: 13º CONGRESSO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (CIED), Curitiba, 2007. WALSH, BARI. Learning by Making – end headline begin sub headline agency by design and the rise of maker-centered education. Usable knowledge, Harvard Graduate School of Education, 2014. WATERS, John K. The Great Adaptive Learning Experiment. Campus Technology, 16 abr. 2014. XANTHOPOYLOS, Stavros Panagiotis. A experiência brasileira em educação a distância e o desafio da próxima década. In: SPELLER, Paulo; ROBL, Fabiane; MENEGHEL, Stela Maria (org). Desafios e perspectivas da educação superior brasileira para a próxima década – 2011/2020. Brasília: UNESCO, CNE, MEC, 2012. WEB SITES AIEC. Web site da instituição. Disponível em: <www.aiec.br>. Acesso em 01 set. 2015.
234
CENTRO PAULA SOUZA. Web site da instituição. Disponível em: <http://www.centropaulasouza.sp.gov.br>. Acesso em: 20 set. 2015. COLÉGIO PRESBITERIANO DO BRÁS. Histórico da instituição. Disponível em: <http://www.colegiopresbiterianodobras.com.br/mantenedora-historia.asp>. Acesso em: 15 set. 2015. EAD - Ensino a Distância. UOL Educação. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/album/2012/04/16/cursos-por-correspondencia---cursos-a-distancia-se-popularizam-a-partir-da-decada-de-1940.htm#fotoNav=1>. Acesso em: 26 maio 2015. EMBRATEL. Satélite Star One. Disponível em: <http://www.starone.com.br/internas/ensino/>. Acesso em 10 nov.2015. ETEC GUARACY SILVEIRA. Web site da instituição. Disponível em: <http://www.etecguaracy.com.br>. Acesso em: 20 set. 2015. FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO. Telecurso 1˚ Grau. Disponível em: <http://www.robertomarinho.com.br/mobile/obra/telecurso-1-grau.htm>. Acesso em: 25 set. 2015 LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES. Web site da instituição. Disponível em: <http://www.eadlaureate.com.br/#POLOS-EM-TODO-BRASIL>. Acesso em: 10 nov. 2015. MOODLE. Sobre a plataforma – História da organização. Disponível em: <https://docs.moodle.org/28/en/History>. Acesso em: 20 dez. 2014. PORVIR. Web site da organização. Disponível em: <www.porvir.org.br>. Acesso em: 20 abr. 2014. PORTAL EDUCAÇÃO. Web site da instituição. Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br>. Acesso em: 10 nov. 2015. TELECURSO. História dos programas. Disponível em: <http://www.telecurso.org.br/historico/>. Acesso em: 05 maio 2014. UNIVERSIDADE ANHANGUERA. Localidades das unidades. Disponível em: <http://www.vestibulares.br/localidades/sp/campinas>. Aceso em 17 nov. 2015.
235
GLOSSÁRIO
Assíncrona – que não ocorre exatamente ao mesmo tempo. Na comunicação
assíncrona as mensagens emitidas por uma pessoa são recebidas e respondidas
em diferentes momentos por outras pessoas. Exemplo: e-mail, fórum, entre outros.
AVA – sigla de Ambiente Virtual de Aprendizagem, adaptação do inglês Learning
Management System (LMS). É um ambiente virtual em que as pessoas podem
interagir a distância, utilizando-se das ferramentas disponibilizadas pelos programas
(softwares) que possibilitam o gerenciamento de conteúdos e a administração do
curso. Ex: Moodle, Solar, TelEduc, Blackboard, etc.
Chat – local virtual onde ocorrem as comunicações síncronas entre duas ou mais
pessoas.
Cibercultura – cultura contemporânea caracterizada pelo compartilhamento de
informação e conhecimento, em que tecnologia e comunicação convergem entre a
informática e a telecomunicação. De acordo com Pierre Lévy, a cibercultura
especifica o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), práticas, atitudes, modos
de pensamento e valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do
ciberespaço.
Ciberepaço – termo criado em 1984, por Wiiliam Gibson, em seu livro de ficção
científica, Neuromancer. É definido como o espaço de comunicação aberto pela
interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores.
Curso livre – modalidade de ensino que atende público a partir do nível
fundamental, com objetivo de oferecer profissionalização rápida para diversas áreas
de atuação no mercado detrabalho, exemplo: informática, atendimento, secretariado,
webdesign. Destinados a proporcionar ao estudante conhecimentos que permitam
profissionalização, qualificação e atualização, os cursos livres têm duração variável e
não exigem escolaridade ou idade mínima para matrícula. Não há regulamentação
dos cursos livres pelo MEC, portanto não há exigências quanto a obrigatoriedade de:
carga horária, disciplinas, tempo de duração e diploma ou certificado anterior.
236
Ensino híbrido – do inglês, blended learning. Refere-se a um sistema de ensino que
combina momentos presenciais e a distância. Pode ser estruturado com atividades
síncronas ou assíncronas.
Ensino on-line – metodologia de ensino não presencial, que se apoia no uso da
tecnologia como meio de comunicação entre professor e alunos. Atualmente este
modelo de ensino está baseado, principalmente, no ambiente on-line para a
comunicação e a distribuição de conteúdos por meio da Internet.
Ensino presencial – caracteriza-se pelo ensino convencional, tradicional, em que
há um o professor que transmite o conhecimento que possui para seus alunos, por
meio de aulas expositivas, sempre num local físico, a sala de aula.
Ensino semipresencial – quaisquer atividades didáticas, módulos ou unidades de
ensino-aprendizagem centrados na autoaprendizagem e com a mediação de
recursos didáticos organizados em diferentes suportes de informação, que utilizem
tecnologias de comunicação remota. O curso na metodologia semipresencial é
aquele em que parte do ensino-aprendizagem é presencial e outra parte é virtual ou
a distância.
Filogenética – termo utilizado na biologia para designar a relação evolutiva entre as
espécies, de acordo com os seus ancestrais comuns.
Fórum (virtual) – local cibernético constituído por integrantes não virtuais,
geograficamente separados, que se comunicam por meio da com o escopo de
viabilizar discussões, estudos e debates sobre diversos temas, num sistema de
colaboração em rede assíncrono.
Makerspace – espaço de aprendizado, de acordo com o modelo do Movimento
Maker, que contrapõe o modelo de sala de aula tradicional. Deve ser equipado com
inovações tecnológicas que estimulem a criatividade, a descoberta e o pensar
diferente dos alunos. Normalmente, se parecem com um laboratório, onde são
disponibilizados equipamentos como notebooks, impressoras, óculos 3D, softwares
e ferramentas.
237
MOOC – sigla do termo em inglês Massive Open Online Course, traduzido como
Curso Online Aberto e Massivo. É um tipo de curso aberto, veiculado por meio da
Internet, que visa oferecer para grande número de alunos a oportunidade de ampliar
seus conhecimentos num processo de co-produção.
Normalmente não exige pré-requisitos de formação, porém não oferecem
certificados de participação. Exemplo: Coursera, Veduca, EDX, etc.
Polo de apoio presencial – local devidamente credenciado pelo MEC, próprio para
o desenvolvimento descentralizado de atividades pedagógicas e administrativas
relativas aos cursos e programas ofertados a distância. Nele o estudante tem as
atividades de tutoria presencial, biblioteca, laboratórios, teleaulas, avaliação (provas,
exames, etc.), e pode utilizar toda a infraestrutura tecnológica para contatos com a
instituição ofertante e ou participantes do respectivo processo de formação.
Professor conteudista – profissional que possui domínio sobre determinado
assunto, geralmente professor ou especialista, mestre ou doutor, que elabora o
conteúdo de aula ou curso para EAD, conforme as necessidades do projeto em que
está inserido.
Realidade aumentada – integração entre a visualizações do mundo real e as
informações virtuais, por meio de vídeos e aplicativos que complementam as
informações do mundo real.
Realidade virtual – interface avançada, por meio da tecnologia, que possibilita
recriar virtualmente as sensações reais para um indivíduo. Para isto, utiliza-se
técnicas e equipamentos computacionais que ajudam na ampliação de presença real
para o usuário. Ela possibilita a simulação da realidade e a apreensão de um
universo não real.
Recurso educacionais abertos (REA) – materiais de ensino, aprendizagem e
investigação, dispobilizados em quaisquer suportes midiáticos, que sejam de
domínio público ou que foram publicados sob uma licença de propriedade intelectual
que permita o seu uso e remixagem de maneira livre. Podem incluir cursos
completos, partes de cursos, artigos de pesquisa, vídeos, entre outros.
238
Referatórios – é um site na Web que não faz o armazenamento dos recursos, mas
indica, por meio de uma catalogação extensa, quais são os repositórios que detêm
recursos sobre determinado assunto. Desta forma, é um catalogador de fontes de
informações, que por meio do ciberespaço realiza a atividade de referência,
indicando ao aprendiz os locais mais prováveis de onde encontrar a informação
desejada.
Repositório – é um site na Web que contém recursos digitais úteis para a
aprendizagem formal ou não-formal. Alguns repositórios são essencialmente
institucionais, para dar apoio a seus próprios cursos a distância ou presenciais;
outros são multi-institucionais, focalizando uma determinada área de conhecimento
humano, ou material de valor educativo numa determinada mídia.
Sala de aula invertida – em inglês, flipped classroom, é um método que inverte a
lógica da sala de aula. A instrução é fornecida on-line, no ritmo do aluno, e as
atividades são realizadas na escola.
Síncrona – que ocorre exatamente ao mesmo tempo, simultânea. Na comunicação
síncrona as mensagens emitidas por uma pessoa são imediatamente recebidas e
respondidas por outras pessoas. Exemplo: chat, telefone, entre outros.
Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) – tecnologias e métodos de
comunicação surgidas no contexto da revolução informacional, desenvolvidas
gradativamente desde a segunda metade da década de 1970 e, principalmente, nos
anos 1990. Caracteriza-se por agilizar o processo de veiculação da informação, por
meio da digitalização e da comunicação em redes, para a sua captação, transmissão
e distribuição. Como recursos didáticos, são constituídas por diferentes mídias, que
possibilitam comunicações, síncronas e assíncronas, por meio de recursos como
ambientes virtuais de aprendizagem, redes sociais, fóruns eletrônicos, blogs, chats,
tecnologias de telefonia, teleconferências, videoconferências, TV convencional, TV
digital e interativa, rádio, programas específicos de computadores (softwares),
objetos de aprendizagem, conteúdos disponibilizados em suportes tradicionais
(livros) ou em suportes eletrônicos (CD, DVD, Memória Flash, etc.), entre outros.
239
Tecnologia wearable – é uma tecnologia desenvolvida para objetos que possam
ser vestidos pelos seus usuários, como por exemplo os óculos tecnológicos e os
relógios inteligentes. O rápido crescimento no uso de wearables deve aumentar o
volume de dados pessoais armazenados. Tutor – profissional responsável por conduzir o aprendizado do aluno. Realiza
atividades como: aplicar as provas, tarefas e conteúdos, interagir com os alunos,
controlar a frequência, tirar dúvidas sobre o curso. Apoia o professor da disciplina no
desenvolvimento das atividades docentes.
Videoconferência – é uma das tecnologias utilizadas para veiculação de educação
a distância. Um sistema baseado em vídeo e áudio, que possibilita a comunicação
entre duas ou mais pessoas, utilizando-se de linhas telefônicas ou satélite e de uma
estrutura de equipamentos especificamente criados para esse fim.
Webconferência – qualquer atividade comunicativa, síncrona ou assíncrona, que
ocorre por meio da Internet. É uma reunião ou encontro virtual realizada por meio de
aplicativos, com possibilidade de compartilhamento de apresentações, voz, vídeo,
textos e arquivos via Web. Neste sistema, cada participante assiste de seu próprio
computador.