Porta aberta para a pesquisa

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Sexta-feira, 28 de janeiro de 2011 caderno B Inclui: Casa & Cia M A I S VA R I E D A D E S Gel à base de plaqueta reconstrói mama Técnica pioneira desenvolvida na Espanha, o novo gel é colocado no ato da cirurgia e permite conservar o formato do seio. PÁG. 3 Paredes doentes O mofo é gerado por fungos que atacam os imóveis e os móveis. PÁG.8 Corumbá promove concurso de marchinhas O Carnaval dos Velhos Tempos na cidade quer valorizar o gênero musical e seus compositores. PÁG. 5 Porta aberta para a pesquisa Curso de M estrado em Estudos de Linguagem abre espaço para trabalhos e produção em diferentes áreas ALVARO REZENDE “Temos essa possibilidade de dialogar com áreas diversas, promovendo desde pesquisas mais herméticas, restritas à academia, quanto trabalhos mais abertos”, pondera o professor e coordenador do Mestrado, Geraldo Vicente Martins (foto) DIVULGAÇÃO Como se inscrever no curso THIAGO ANDRADE Criado há cinco anos, o Mestrado em Estudos de Linguagem da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) abriu espaço para pesquisas em diversas áreas, envolvendo artes plásticas, li- teratura, cinema, jornalismo e outros aspectos relaciona- dos à linguagem. Por meio de medidas como o Cinema d(e) Horror e palestras do Núcleo de Estudos Culturais Com- parados, ambos abertos ao público em geral, o diálogo entre pesquisa e sociedade acontece, abrindo espaço pa- ra que a discussão ao redor de temas pesquisados seja mais abrangente. “Por ser um curso multi- disciplinar, com espaço não apenas para os profissionais da área de Letras, temos es- sa possibilidade de dialogar com áreas diversas, promo- vendo desde pesquisas mais herméticas, restritas à acade- mia, quanto trabalhos mais abertos”, pondera o professor e coordenador do Mestrado, Geraldo Vicente Martins, doutor em Linguística pela Universidade de São Paulo. Com a criação da especiali- zação strictu sensu, explica o professor, fechou-se uma la- cuna em relação à pesquisa de artes, literatura e outros estudos na grande área das humanidades. Professores de letras, jor- nalistas, publicitários, pe- dagogos, artistas plásticos, arquitetos, entre outros, têm se candidatado a uma das 40 vagas abertas anualmente para o curso. Eles estão em busca de aprofundamento nos estudos e na preparação para lecionar no ensino supe- rior. Embora a palavra “mes- trado” ainda assuste alguns, a especialização está se tor- nando cada vez mais comum, com aumento de cursos em universidade públicas e par- ticulares. Na última década, entre 2001 e 2010, o número de profissionais com títulos além da graduação no Brasil cresceu de 26 mil para 53 mil. O aumento é considerado sig- nificativo, ainda mais tratan- do-se de um país na América Latina, mas ainda é neces- sário aumentar. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas, o Brasil ainda é um país que investe pouco em pesquisa, tecnolo- gia e inovação, ficando atrás vizinhos como o Chile, se comparadas as proporções de cada um. Na área de hu- manas, não é diferente. “Com o Mestrado em Es- tudos de Linguagem, abrimos um espaço necessário para estudos na área de Letras, Linguística e Artes. Há cinco anos, havia pouquíssima pro- dução, mas hoje já é diferen- te”, descreve Geraldo. Segun- do ele, o time de professores reunidos no curso é invejá- vel. Especialistas em áreas diversas como Hélio Godoy, doutor em Comunicação & Semiótica; Maria Adélia Me- negazzo, pós-doutora em Fundamentos e Crítica das Artes; Gerson Luiz Martins, doutor em Jornalismo, todos pela USP, representam bem a diversidade e a boa formação de profissionais. E o que Campo Grande ganha com um curso como esse? Apesar de manter o conceito 3 – mínimo para o funcionamento – da Coorde- nação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão que coordena a pós-graduação no Brasil, Ge- raldo conta que é um curso que abre as portas da pesqui- sa científica para temas ricos no Estado, como as artes e a cultura, áreas que muitas ve- zes passam esquecidas em Mato Grosso do Sul. “Se não nos voltarmos para catalo- gar, analisar e discutir as produções regionais, pode- mos perder muito de nossa identidade”, afirma. Globalização e proximidade DIVULGAÇÃO Mas, além da pesquisa ao redor de temas da região, o Mestrado em Estudos de Lin- guagem também se insere no cosmopolitismo contem- porâneo e abre portas para pesquisas sobre elementos nacionais e internacionais. É o caso de Carolina Sarto- men, graduada em Letras e acadêmica do mestrado, que pesquisa violência e horror na obra do escritor portu- guês António Lobo Antunes, autor das obras “O esplendor de Portugal” e “A ordem na- tural das coisas”, ambos pu- blicados no Brasil. Essas são as obras privilegiadas na pes- quisa da estudante. “Por meio de referenciais teóricos, eu procuro estudar o que leva o ser humano à autodestruição, à guerra, à violência e às consequências disso. Embora eu trabalhe com um autor português, es- sas são questões universais e fundamentais”, detalha Caro- lina. Para ela, o papel da arte é fundamental ao propor uma nova maneira de olhar para a violência sem o conformis- mo que se tornou parte da sociedade contemporânea. “A literatura de Lobo Antu- nes é chocante, impactante. Não dá para passar imune ao que ele escreve”, pontua, descrevendo os motivos que a levaram a escolha do autor. Ela é orientada por Rosana Cristina Zanelatto Santos, professora do curso de Letras e doutora em Lite- ratura Portuguesa pela USP. Outra acadêmi- ca do curso, Cristi- na Ramos Ribeiro, professora univer- sitária que optou pelo mestrado com o objetivo de se aprofundar na área que trabalhava, pesqui- sa os gêneros jornalísticos nos jornais laboratoriais de Campo Grande. “Em razão da proximidade que tenho com estudantes de jornalismo – sou professora de redação jornalística – decidi traba- lhar nessa área. A ideia é fa- zer algo que possa ser usado na prática, que não exista apenas dentro da universi- dade”, pontua a professora. Orientada por Gerson Luiz Martins, do curso de Jorna- lismo, ela afirma que nem todas as pesquisas têm essa preocupação com a práxis, mas isso não é um proble- ma. “São formas de encarar a pesquisa”, finaliza. (TA) Carolina Sartomen e o professor Edgar Nolasco Quem tem interesse em entrar para o Mestrado em Estudos de Linguagem da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) deve ficar atento às datas e aos procedimentos que estão dispostos no site do curso: www.pglinguagens.ufms. br. Segundo o professor e coordenador Geraldo Vicen- te Martins, os interessados devem ter em mente o que pretendem com o curso. Para tanto, conversar com profes- sores e até mesmo participar de aulas como ouvinte é um bom caminho para se inteirar das atividades. “Retornamos de férias na próxima terça- feira, quem quiser entrar em contato, já pode fazer isso”, descreve. Segundo ele, o edital para abertura de vagas é lançado em meados de agosto. Para concorrer a uma é preciso desenvolver um anteprojeto que se inclua em uma das áreas de concentração, sendo elas Teoria Literária e Estu- dos Comparados ou Linguís- tica e Semiótica, assim como em suas linhas de pesquisa. A partir disso, o aluno deve se preparar para prova es- crita, que conta com biblio- grafia divulgada junto com o edital. A terceira etapa da seleção é a prova de profici- ência em língua estrangeira, no caso, inglês ou espanhol. Também é aceito certificado que comprove o conhecimen- to da língua. As três fases são eliminatórias. (TA)

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Reportagem sobre o mestrado em Estudos de Linguagens, da UFMS.

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Sexta-feira, 28 de janeiro de 2011 caderno B

Inclui: Casa & Cia

M A I S V A R I E D A D E S

Gel à base de plaqueta reconstrói mamaTécnica pioneira desenvolvida na

Espanha, o novo gel é colocado no

ato da cirurgia e permite conservar

o formato do seio. PÁG. 3

Paredes doentesO mofo é gerado por fungos que atacam

os imóveis e os móveis. PÁG.8

Corumbá promove concurso de marchinhasO Carnaval dos Velhos Tempos na

cidade quer valorizar o gênero musical

e seus compositores. PÁG. 5

Porta aberta para a pesquisaCurso de M estrado em Estudos de Linguagem abre espaço para trabalhos e produção em diferentes áreas

ALVARO REZENDE

“Temos essa possibilidade de dialogar com áreas diversas,

promovendo desde pesquisas mais herméticas, restritas à academia, quanto trabalhos

mais abertos”, pondera o professor e coordenador do Mestrado, Geraldo Vicente

Martins (foto)

DIVULGAÇÃO

Como se inscrever no curso

THIAGO ANDRADE

Criado há cinco anos, o Mestrado em Estudos de Linguagem da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) abriu espaço para pesquisas em diversas áreas, envolvendo artes plásticas, li-teratura, cinema, jornalismo e outros aspectos relaciona-dos à linguagem. Por meio de medidas como o Cinema d(e) Horror e palestras do Núcleo de Estudos Culturais Com-parados, ambos abertos ao público em geral, o diálogo entre pesquisa e sociedade acontece, abrindo espaço pa-ra que a discussão ao redor de temas pesquisados seja mais abrangente.

“Por ser um curso multi-disciplinar, com espaço não apenas para os profissionais da área de Letras, temos es-sa possibilidade de dialogar com áreas diversas, promo-vendo desde pesquisas mais herméticas, restritas à acade-mia, quanto trabalhos mais abertos”, pondera o professor e coordenador do Mestrado, Geraldo Vicente Martins, doutor em Linguística pela Universidade de São Paulo. Com a criação da especiali-zação strictu sensu, explica o professor, fechou-se uma la-cuna em relação à pesquisa de artes, literatura e outros estudos na grande área das humanidades.

Professores de letras, jor-nalistas, publicitários, pe-dagogos, artistas plásticos, arquitetos, entre outros, têm se candidatado a uma das 40 vagas abertas anualmente para o curso. Eles estão em busca de aprofundamento nos estudos e na preparação para lecionar no ensino supe-rior. Embora a palavra “mes-trado” ainda assuste alguns, a especialização está se tor-nando cada vez mais comum,

com aumento de cursos em universidade públicas e par-ticulares.

Na última década, entre 2001 e 2010, o número de profissionais com títulos além da graduação no Brasil cresceu de 26 mil para 53 mil. O aumento é considerado sig-nificativo, ainda mais tratan-do-se de um país na América Latina, mas ainda é neces-sário aumentar. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas, o Brasil ainda é um país que investe pouco em pesquisa, tecnolo-gia e inovação, ficando atrás vizinhos como o Chile, se comparadas as proporções de cada um. Na área de hu-manas, não é diferente.

“Com o Mestrado em Es-tudos de Linguagem, abrimos um espaço necessário para estudos na área de Letras, Linguística e Artes. Há cinco anos, havia pouquíssima pro-dução, mas hoje já é diferen-te”, descreve Geraldo. Segun-do ele, o time de professores reunidos no curso é invejá-vel. Especialistas em áreas diversas como Hélio Godoy, doutor em Comunicação & Semiótica; Maria Adélia Me-negazzo, pós-doutora em Fundamentos e Crítica das Artes; Gerson Luiz Martins, doutor em Jornalismo, todos pela USP, representam bem a diversidade e a boa formação de profissionais.

E o que Campo Grande ganha com um curso como esse? Apesar de manter o conceito 3 – mínimo para o funcionamento – da Coorde-nação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão que coordena a pós-graduação no Brasil, Ge-raldo conta que é um curso que abre as portas da pesqui-sa científica para temas ricos no Estado, como as artes e a cultura, áreas que muitas ve-

zes passam esquecidas em Mato Grosso do Sul. “Se não nos voltarmos para catalo-gar, analisar e discutir as produções regionais, pode-mos perder muito de nossa identidade”, afirma.

Globalização e proximidadeDIVULGAÇÃO

Mas, além da pesquisa ao redor de temas da região, o Mestrado em Estudos de Lin-guagem também se insere no cosmopolitismo contem-porâneo e abre portas para pesquisas sobre elementos nacionais e internacionais. É o caso de Carolina Sarto-men, graduada em Letras e acadêmica do mestrado, que pesquisa violência e horror na obra do escritor portu-guês António Lobo Antunes, autor das obras “O esplendor de Portugal” e “A ordem na-tural das coisas”, ambos pu-blicados no Brasil. Essas são as obras privilegiadas na pes-quisa da estudante.

“Por meio de referenciais

teóricos, eu procuro estudar o que leva o ser humano à autodestruição, à guerra, à violência e às consequências disso. Embora eu trabalhe com um autor português, es-sas são questões universais e fundamentais”, detalha Caro-lina. Para ela, o papel da arte é fundamental ao propor uma nova maneira de olhar para a violência sem o conformis-mo que se tornou parte da sociedade contemporânea. “A literatura de Lobo Antu-nes é chocante, impactante. Não dá para passar imune ao que ele escreve”, pontua, descrevendo os motivos que a levaram a escolha do autor. Ela é orientada por Rosana

Cristina Zanelatto Santos, professora do curso de Letras e doutora em Lite-ratura Portuguesa pela USP.

Outra acadêmi-ca do curso, Cristi-na Ramos Ribeiro, professora univer-sitária que optou pelo mestrado com o objetivo de se aprofundar na área que trabalhava, pesqui-sa os gêneros jornalísticos nos jornais laboratoriais de Campo Grande. “Em razão da proximidade que tenho com estudantes de jornalismo – sou professora de redação jornalística – decidi traba-lhar nessa área. A ideia é fa-zer algo que possa ser usado

na prática, que não exista apenas dentro da universi-dade”, pontua a professora. Orientada por Gerson Luiz Martins, do curso de Jorna-lismo, ela afirma que nem todas as pesquisas têm essa preocupação com a práxis, mas isso não é um proble-ma. “São formas de encarar a pesquisa”, finaliza. (TA)

Carolina Sartomen e o professor Edgar Nolasco

Quem tem interesse em entrar para o Mestrado em Estudos de Linguagem da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) deve ficar atento às datas e aos procedimentos que estão dispostos no site do curso: www.pglinguagens.ufms.br. Segundo o professor e coordenador Geraldo Vicen-te Martins, os interessados devem ter em mente o que pretendem com o curso. Para tanto, conversar com profes-sores e até mesmo participar de aulas como ouvinte é um bom caminho para se inteirar das atividades. “Retornamos de férias na próxima terça-feira, quem quiser entrar em contato, já pode fazer isso”, descreve.

Segundo ele, o edital para abertura de vagas é lançado em meados de agosto. Para concorrer a uma é preciso desenvolver um anteprojeto que se inclua em uma das áreas de concentração, sendo elas Teoria Literária e Estu-dos Comparados ou Linguís-tica e Semiótica, assim como em suas linhas de pesquisa. A partir disso, o aluno deve se preparar para prova es-crita, que conta com biblio-grafia divulgada junto com o edital. A terceira etapa da seleção é a prova de profici-ência em língua estrangeira, no caso, inglês ou espanhol. Também é aceito certificado que comprove o conhecimen-to da língua. As três fases são eliminatórias. (TA)