[Porque]
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Transcript of [Porque]
Guião para a apresentação de português
[PORQUE]
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina caiada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
A Sophia de Mello Breyner viveu antes do 25 de Abril, e a sua poesia foi muito influenciada pelas ideias da resistência à ditadura, nomeadamente neste poema.
Este poema está inserido numa das linhas temáticas da poesia de Sophia de Mello Breyner Andersen a qual denuncia as injustiças e desigualdades sociais. O próprio título “Porque” reforça, através da anáfora, a ideia desenvolvida ao longo do poema. Deste modo, parece haver um diálogo entre o sujeito poético e um “tu”, que aparece no primeiro e último versos da primeira estrofe, assim como no último verso das estrofes seguintes. Com esta análise podemos comprovar que o poema foi escrito à base de anáforas (porque), repetição da mesma palavra no início de cada verso e antíteses (mas), ideia de oposição. O poema tem também 4 estrofes (1 quadra e 3 tercetos), havendo rima emparelhada, interpolada e encadeada.
Resposta ao questionário:
(1.1) O verso que poderá eventualmente ser dirigido a Camões, é o 7º, ou seja, último verso da 2ª estofe (“ porque os outros se calam mas tu não”). Como conhecemos a sua obra (“Os Lusíadas”), sabemos que ele criticou a corrupção em Portugal e muitos aspetos negativos da expansão portuguesa.
Lia e Mariya, 9ºB
Guião para a apresentação de português
(2. e 2.1) A primeira metáfora presente na segunda estrofe está presente no verso 1 e é “os outros são túmulos caiados”. A metáfora revela-se uma metáfora da dissimulação/hipocrisia, de acordo com o próximo versos da mesma estrofe. E diz-nos que do mesmo modo que os túmulos são pelos por fora e estão cheios de podridão por dentro, as pessoas também parecem algo por fora, mas por dentro são o oposto.
(3.1 e 3.2) O poema está constituído com base numa antítese, visto que, como foi anteriormente dito, neste poema está presente a ideia de oposição tu/os outros: “Porque os outros calculam mas tu não” v.13. A classe de palavras que mais contribuiu para a visão antitética (contrária), foi a conjunção coordenativa adversativa “mas”, presente em quase todo o poema.
Penso que se daqui a 20/30 anos ouvisse este poema de novo nalgum lado, eu reconhecê-lo-ia caso ouvisse qualquer um dos versos começados por “porque”, pois foram esses os que mais me marcaram.
Lia e Mariya, 9ºB