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VERDE, ELEGANTE E MODERADO A exigência que João Portugal Ramos coloca nos seus vinhos está também no seu azeite Oliveira Ramos Alguns produtores de vinho demoraram muito tempo a perceber que a cultura do azei- te faria muito bem aos seus portfolios. Uns porque acha- vam que não tinham vocação azeiteira, outros porque repe tiam que o vinho e o azeite não se misturavam e outros ainda porque entendiam que os con- sumidores não estão prepara- dos para pagar mais de oito eu- ros por uma garrafa de meio li- tro de azeite. Quem contrariou este estado de coisas foi a Herdade do Es- porão, por perceber que a sua marca de vinho (com muita no- toriedade) faria vender garrafas de azeite e que - também im- portante as garrafas de azeite fariam vender vinho Esporão . Aliás, nem sequer foram os responsáveis da administração da empresa da família Roquette que se lembraram de lançar uma linha de azeites . Foi o dis - tribuidor no Brasil que desen- cantou a ideia. Ora, se outro produtor de vinhos do Alentejo que pode juntar com sucesso o seu nome a um azeite ele é naturalmente João Portugal Ramos. Quem é que, apreciando o trabalho do criador das marcas Loios, Mar quês de Borba, Vila Santa ou Estremus não acredita que um azeite chamado Oliveira Ramos será algo de qualidade? Muito pouca gente, claro. Tanto mais que João Portugal Aqui juntam-se variedades portuguesas e espanholas Ramos tem a sorte de ser amigo de carteira, do Instituto Supe- rior de Agronomia, do Profes- sor José Baptista Gouveia, a maior referência nacional em matéria de azeite. Assim, os dois amigos, que passam muito tempo aos tiros às perdizes, fizeram um azeite que resulta da junção das varie- dades Cobrançosa (portuguesa e do norte) e Picual (originária de Espanha). E, do nosso ponto de vista, a tal Picual acaba por acrescentar alguma complexidade aromáti- ca ao perfil mais direto e verde da Cobrançosa. Sentimos notas de algum tomate verde, rúcula, casca de banana verde e algu- mas ervas da ribeira. Naboca, oataqueédoce, logo seguido de sensações verdes, com amargos e picantes mode- rados. É um azeite bem feito, com as desejáveis notas verdes e amargas, que, todavia, não nos fazem tossir com a intensi- dade picante. TANTO VAI COM MARISCO COMO COM UMA SALADA COMPOSTA Caindo do perfil frutado verde ligeiro, este é um azeite polivalente. Tanto tempera um creme de marisco como uma salada composta. Ânós, apetecem- -nos uns ovos mexidos com ovas de peixe seco. GOURMET POR EDGARDO PACHECO

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VERDE, ELEGANTE E MODERADOA exigência que João Portugal Ramos coloca nos seus

vinhos está também no seu azeite Oliveira Ramos

Alguns produtores de vinhodemoraram muito tempo aperceber que a cultura do azei-te faria muito bem aos seusportfolios. Uns porque acha-vam que não tinham vocaçãoazeiteira, outros porque repetiam que o vinho e o azeite nãose misturavam e outros ainda

porque entendiam que os con-sumidores não estão prepara-dos para pagar mais de oito eu-ros por uma garrafa de meio li-tro de azeite.

Quem contrariou este estadode coisas foi a Herdade do Es-porão, por perceber que a suamarca de vinho (com muita no-toriedade) faria vender garrafasde azeite e que - também im-portante as garrafas de azeitefariam vender vinho Esporão .

Aliás, nem sequer foram os

responsáveis da administraçãoda empresa da família Roquetteque se lembraram de lançaruma linha de azeites . Foi o dis -tribuidor no Brasil que desen-cantou a ideia.

Ora, se há outro produtor devinhos do Alentejo que podejuntar com sucesso o seu nomea um azeite ele é naturalmenteJoão Portugal Ramos. Quem é

que, apreciando o trabalho docriador das marcas Loios, Marquês de Borba, Vila Santa ouEstremus não acredita que umazeite chamado Oliveira Ramosserá algo de qualidade? Muitopouca gente, claro.

Tanto mais que João Portugal

Aquijuntam-sevariedadesportuguesase espanholas

Ramos tem a sorte de ser amigode carteira, do Instituto Supe-rior de Agronomia, do Profes-sor José Baptista Gouveia, amaior referência nacional emmatéria de azeite.

Assim, os dois amigos, quepassam muito tempo aos tirosàs perdizes, fizeram um azeite

que resulta da junção das varie-dades Cobrançosa (portuguesae do norte) e Picual (origináriade Espanha).

E, do nosso ponto de vista, atal Picual acaba por acrescentaralguma complexidade aromáti-ca ao perfil mais direto e verdeda Cobrançosa. Sentimos notasde algum tomate verde, rúcula,casca de banana verde e algu-mas ervas da ribeira.

Naboca, oataqueédoce, logoseguido de sensações verdes,com amargos e picantes mode-rados. É um azeite bem feito,com as desejáveis notas verdese amargas, que, todavia, nãonos fazem tossir com a intensi-dade picante.

TANTO VAI COMMARISCO COMOCOM UMA SALADACOMPOSTACaindo do perfil frutado verde

ligeiro, este é um azeite

polivalente. Tanto

tempera um creme de

marisco como uma

salada composta.Ânós, apetecem--nos uns ovos

mexidos com ovas

de peixe seco.

GOURMETPOR EDGARDO PACHECO