por vender são usadas no arrendamento curta duração · risco, porque os investidores não querem...

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Casas por vender são usadas no arrendamento de curta duração No Algarve crescem os empreendimentos destinados às estadias de curta duração, principalmente os que não encontram comprador. Lisboa e Porto apanharam o ritmo. Empreendimentos residen- ciais do Algarve estão a esco- lher o arrendamento de cur- ta duração, contornando, as- sim, a dificuldade actual na venda de casas. O facto de Portugal ser, neste momen- to, um risco para o investi- mento devido à intervenção da 'troika', leva os estrangeiros a adiar operações de compra até que o País volte a apresentar uma situação fi- nanceira estável. "O mercado residencial tem de esperar que o País saia da actual situação de risco, porque os investidores não querem avançar com a aquisição de casas neste enqua- dramento", adverte o administrador da Entre- posto Gestão Imobiliária, Duarte Guerreiro. Este facto levou a Entreposto a avançar para o arrendamento de curta duração nos empreen- dimentos em venda, como é o caso do edifício Convento das Bernardas, em Tavira, com a conclusão prevista para Abril próximo. "Te- mos uma lista grande de clientes, mas a con- cretização das vendas está dependente do cumprimento do défice deste ano. assim os investidores acreditarão que o País irá man- ter-se no curo", adverte Duarte Guerreiro. O Convento das Bernardas resultou da recu- peração de um convento quinhentista num empreendimento com 70 apartamentos. Tavira é uma cidade muito procurada por es- trangeiros para a aquisição de uma segunda habitação, principalmente de noruegueses - existe mesmo uma grande comunidade de ha- bitantes do país nórdico -, mas também de in- gleses e suecos. "Temos uma lista grande de clientes, mas a concretização das vendas dependente do cumprimento do défice deste ano. assim os investidores acreditarão que o País irá manter-se no curo". diz o gestor da EGI, Duarte Guerreiro. "Os proprietários, que podem esperar, preferem colocar o imóvel no mercado de arrendamento e, assim, obter uma receita", confessa o administrador da Garvetur, Reinaldo Teixeira. No segundo empreendimento algarvio do grupo Entreposto, o Lux Tavira (localizada perto da Ria Formosa e composto por 48 mo- radias e 12 apartamentos), a estratégia passou pela construção de uma 'guest house', para es- tadias de curta duração, com algumas das frac- ções que ainda não foram vendidas. "Agora as vendas nos empreendimentos acontecem quando estão prontos e os clientes querem ver, sentir a casa e depois é que compram", salienta Duarte Guerreiro. Reservas para o Verão crescem 4% "Temos algumas centenas de apartamentos onde fazemos exploração turística, ou arren- damento de curta duração. Estimo um aumen- to deste produto entre 2 e 3% no primeiro tri- mestre do ano, face a igual trimestre de 2011", prevê o administrador da mediadora algarvia, Garvetur, Reinaldo Teixeira. "Neste momento as pessoas, que pensavam em vender, optam por arrendar e esperar pela melhoria do mercado. Como não nova cons- trução, esses proprietários esperam, no futu- ro, ter uma valorização dos seus imóveis. As- sim, os proprietários que podem esperar, pre- ferem colocar o imóvel no mercado de arren- damento e, assim, obter uma receita", confere ainda Reinaldo Teixeira. entra o arrenda- mento de curta duração, preferencialmente escolhido por turistas estrangeiros que visi- tam o Algarve.

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Casas por vender sãousadas no arrendamentode curta duraçãoNo Algarve crescem os empreendimentos destinados às estadias de curta duração,principalmente os que não encontram comprador. Lisboa e Porto já apanharam o ritmo.

Empreendimentos

residen-ciais do Algarve estão a esco-lher o arrendamento de cur-ta duração, contornando, as-

sim, a dificuldade actual navenda de casas. O facto de

Portugal ser, neste momen-to, um risco para o investi-

mento devido à intervenção da 'troika', leva os

estrangeiros a adiar operações de compra até

que o País volte a apresentar uma situação fi-nanceira estável. "O mercado residencial temde esperar que o País saia da actual situação de

risco, porque os investidores não queremavançar com a aquisição de casas neste enqua-dramento", adverte o administrador da Entre-

posto Gestão Imobiliária, Duarte Guerreiro.Este facto levou a Entreposto a avançar para o

arrendamento de curta duração nos empreen-dimentos em venda, como é o caso do edifícioConvento das Bernardas, em Tavira, com aconclusão prevista para Abril próximo. "Te-mos uma lista grande de clientes, mas a con-

cretização das vendas está dependente do

cumprimento do défice deste ano. Só assim os

investidores acreditarão que o País irá man-ter-se no curo", adverte Duarte Guerreiro.O Convento das Bernardas resultou da recu-

peração de um convento quinhentista numempreendimento com 70 apartamentos.Tavira é uma cidade muito procurada por es-

trangeiros para a aquisição de uma segundahabitação, principalmente de noruegueses -existe mesmo uma grande comunidade de ha-bitantes do país nórdico -, mas também de in-

gleses e suecos.

"Temos uma lista grande de

clientes, mas a concretizaçãodas vendas dependentedo cumprimento do déficedeste ano. Só assim os

investidores acreditarão queo País irá manter-se no curo".

diz o gestor da EGI, DuarteGuerreiro.

"Os proprietários, que podemesperar, preferem colocar

o imóvel no mercadode arrendamento e, assim,

obter uma receita", confessa

o administrador da Garvetur,Reinaldo Teixeira.

No segundo empreendimento algarvio do

grupo Entreposto, o Lux Tavira (localizadaperto da Ria Formosa e composto por 48 mo-radias e 12 apartamentos), a estratégia passoupela construção de uma 'guest house', para es-tadias de curta duração, com algumas das frac-

ções que ainda não foram vendidas. "Agora as

vendas nos empreendimentos acontecemquando estão prontos e os clientes querem ver,sentir a casa e depois é que compram", salientaDuarte Guerreiro.

Reservas para o Verão crescem 4%"Temos algumas centenas de apartamentosonde fazemos exploração turística, ou arren-

damento de curta duração. Estimo um aumen-to deste produto entre 2 e 3% no primeiro tri-mestre do ano, face a igual trimestre de 2011",

prevê o administrador da mediadora algarvia,Garvetur, Reinaldo Teixeira.

"Neste momento as pessoas, que pensavamem vender, optam por arrendar e esperar pelamelhoria do mercado. Como não há nova cons-

trução, esses proprietários esperam, no futu-ro, ter uma valorização dos seus imóveis. As-

sim, os proprietários que podem esperar, pre-ferem colocar o imóvel no mercado de arren-damento e, assim, obter uma receita", confereainda Reinaldo Teixeira. Aí entra o arrenda-mento de curta duração, preferencialmenteescolhido por turistas estrangeiros que visi-tam o Algarve.

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Apesar da crise financeira e económica e da

instabilidade do futuro, há cada vez mais por-tugueses a preferir esta opção de hospedagem,ao tradicional hotel. "Há um aumento de 4%nas reservas para a época de Verão no Algar-ve", calcula Reinaldo Teixeira.

Palácio de Vaiada para turistasEm Lisboa, um dos mais recentes projectos aaderir às estadias de curta duracção é o Paláciode Vaiada e Azambuja, promovido pelo fundoSanta Casa 2004 e gerido pela Fundbox (vertexto ao lado). Com a conclusão da recupera-ção do imóvel prevista para o próximo mês, aFundbox vai avançar com o "arrendamento re-sidencial de curta duração nos dez apartamen-tos, com tipologias entre TO e T2, vocaciona-dos para o segmento alto de turismo cultural e

de lazer", anuncia o administrador da socieda- .

de gestora, Joaquim Meirelles.

Portugueses e estrangeiros escolhem as esta-dias de curta duração preferencialmente nas

pontes, Páscoa, Verão e final de ano, a preçosmuito variados, em função da tipologia escolhida.

O conhecido destino de Quarteira/Vila-moura oferece apartamentos entre uma e qua-tro assoalhadas, com preços que oscilam entreos 31 euros (TO) diários (duas pessoas) e os 56euros (T3), para seis pessoas. "Se a marcaçãofor com grande antecedência pode ter descon-to de 10 a 15%. Se neste momento, as reservas

para o Verão têm desconto de 20%, entre Ju-nho e Setembro", conclui Reinaldo Teixeira. ¦Elisabete Soares e Eduardo Melo I [email protected]

PREÇOS PARA COMPARAR

31Em Quarteira e Vilamoura, os preços dos

apartamentos para arrendamento de curta

duração, em época baixa, oscilam entreos 31 euros diários (TO, para duas pessoas)

e os 56 euros (T3, para seis pessoas). 0 Tl,

para duas a quatro pessoas, já custa 34euros diários e o T 2atingem os 44 euros.

84No Verão, os apartamentos em Quarteirae Vilamoura, destinados ao arrendamentode curta duração, custam 84 euros pordia (TO), 91 euros (T1) e 119 euros (T2). Um

grupo de seis pessoas poderá optar por um

apartamento T 3e pagar 141 euros diários.

Todas as unidades têm serviço de limpeza.

60Em Lisboa, a Portugal Rentals propõearrendamentos de curta duração a partirde 60 euros diários (420 euros semanais).No Chiado, um T 1custa a partir de 80 eurosdiários (560 euros semanais) e podeatingir os 90 euros (630 euros semanais).

Uma cama extra custa mais 70 euros.

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Ciclo imobiliárioCom a banca a travar o acesso ao créditohipotecário, o regresso à normalidadedo mercado imobiliário será mais lento,avisa a APPII.

Mergulhado

na crise há mais deum ano, o mercado imobiliáriotem tentado encontrar, nos últi-mos meses, alternativas à venda

de apartamentos. O arrendamento tradicio-nal e o de curta duração parecem ser apostasde um número crescente de promotores.Este é também um sintoma de que o regressoà normalidade, do mercado imobiliário, serámais lento do que no passado. "Os ciclos imo-biliários estão mais longos, quer na fase as-cendente, como na descendente. A curvaserá mais longa, será uma retoma mais pon-

será mais longoderada e, espera-se, com uma nova lei do ar-rendamento e da reabilitação urbana", de-fende o secretário-geral da Associação Por-tuguesa de Promotores e Investidor Imobi-liários (APPII), Miguel Perdigão. Mas, acres-centa: "O imobiliário é uma boa opção de in-vestimento, face à instabilidade dos merca-dos financeiros".

Na actual instabilidade da economia, com o

agravamento do desemprego e das condiçõesde acesso ao crédito bancário, Miguel Perdigãonão tem dúvidas de que as várias formas de ar-rendamento têm tendência para aumentar,em detrimento da compra de casa. "O quadroactual de mobilidade no emprego convidamuito mais ao arrendamento do que ao com-promisso de comprar uma casa e ter obriga-ções mensais durante várias décadas", conclui

Miguel Perdigão. ¦ ejw.

IDEIAS-CHAVE

• "No passado, a bancafoi parceira dos promotoresimobiliários, no 'boom' domercado, apoiando a comprade casa e o promotor. Hoje,deixou de ter esse papel,face à ausência da procura",diz Miguel Perdigão.

• "O mercado da comprae venda está bastantereduzido. Todos os mesesbatem-se mínimoshistóricos", salienta.

• "É nas grandes cidades

que se pratica as estadiascurtas", nota Perdigão.

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Promotores apostamno turismo das cidadesHá cada vez mais projectos destinadosao arrendamento de curta duração nascidades de Lisboa e Porto, para contornara dificuldade na venda de apartamentos.

Nosúltimos meses alguns promoto-

res avançaram com projectos de ar-rendamento de curta duração paraos centros das cidades, contornan-

do, desta forma, a dificuldade na venda de ca-sas. Um dos mais recentes projectos é o Palá-cio de Vaiada e Azambuja, no centro de Lisboa,promovido pelo Fundo Santa Casa 2004, geri-do pela Fundbox. Depois de concluída a reabi-litação do imóvel, prevista para o próximomês, a Fundbox vai avançar com o "arrenda-mento residencial de curta duração nos dez

apartamentos, com tipologias entre TO e T2,vocacionados para o segmento alto de turismocultural e de lazer", diz o administrador da so-ciedade gestora, Joaquim Meirelles.

Após um investimento de cinco milhões de

euros, o Palácio Vaiada e Azambuja "apresentauma área de 1.088 metros quadrados (m2) e pre-vê rendas mensais entre 750 e 1.350 euros",adianta o gestor. A estratégia delineada pelaFundbox para o Palácio Vaiada e Azambuja está

Ocupação de 90% na BoavistaNo Porto, a poucos metros da rotunda da Boa-vista, o grupo HN tem em funcionamento, des-de de Maio de 2010, o conceito de 'serviceapartments', constituído por 70 apartamentos,com tipologias Tlk ('kitchenef ) e T2k, para ar-rendamento por um período mínimo de umasemana. Os 'service apartments', integrados no

empreendimento Boavista Palace, tiveram nosúltimos meses taxas de ocupação médias querondam os 90%. Para o administrador do grupoHN, Rajiv Kanabar, "os apartamentos para ar-rendamento de curta, média ou longa duração,são ocupados especialmente por profissionaisdeslocados, mas também por turistas". Os pre-ços competitivos, as reservas 'online', atravésdas centrais de reserva internacionais, e os

apartamentos mobilados e decorados, dotadosde ginásio e recepção, "são razões que explicamo sucesso deste serviço", conclui o gestor.» ea

suportada num estudo de mercado, que definiucomo meta "uma facturação anual, dos dez apar-tamentos, da ordem dos 120 mil euros, viabiliza-da por uma percentagem de ocupação de 65%.Num cenário de ocupação do Palácio Vaiada e

Azambuja a 100%, este valor poderá aumentarem 20%", conta ainda Joaquim Meirelles.

*4%No Algarve, há um aumento de 4% das reservasde arrendamentos de curta duração para o Verão.

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