Por Um Novo Contexto de Alteridade - Elda Alves O Ivo e Sandra Mara B Ferreira

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Universidade Católica de Brasília Curso de Letras Virtual Leitura e Produção de Texto Professora Lívila Pereira Maciel Texto para realização da Sistematização da Unidade 3 Por um novo contexto de alteridade 1 Elda Alves Oliveira Ivo Sandra Mara Bessa Ferreira A questão da identidade e da alteridade tem sido amplamente discutida à luz dos processos de transformação pelos quais passa a sociedade contemporânea, e ainda, em consonância com os significados fundamentais aos sujeitos que pertencem a esta sociedade, nela vivem e interagem, e, principalmente, convivem em suas múltiplas formas. A compreensão de quem somos no mundo social tem despertado o interesse de muitos estudiosos de diferentes áreas e tem sido motivo de preocupação. Em uma sociedade de multiplicidades e em constante mudança, estamos cada vez mais expostos às exigências contemporâneas, em sua pluralidade. Lopes (2002, p. 14) afirma: Essas percepções têm alterado como nunca a concepção homogênea da identidade social e têm levado a nos entendermos como heterogêneos e, ao mesmo tempo, fragmentados, e construídos em práticas discursivas situadas na história, na cultura e na instituição. É relevante destacar que, nas relações entre os homens no cenário pós- moderno, a preocupação com a alteridade, aqui compreendida como a capacidade de se colocar no lugar do outro na relação interpessoal, vem se acentuando no decorrer dos anos. Saber se colocar no lugar do outro na relação interpessoal e, sobretudo, fazê-lo com consideração, valorização, identificação e em uma perspectiva dialógica com o outro 1 Texto disponibilizado em “Leituras”, referente à UEA 3 – Produção do Texto Informativo e Argumentativo, do Material Didático da Disciplina Leitura e Produção de Texto: UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA. Universidade Católica de Brasília Virtual – UCB Virtual. Curso de graduação, Licenciatura em Filosofia: Leitura e Produção de textos. Disponível em: http://www.catolicavirtual.br . Acesso ao conteúdo com login e senha.

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Universidade Catlica de BrasliaCurso de Letras VirtualLeitura e Produo de TextoProfessora Lvila Pereira MacielTexto para realizao da Sistematizao da Unidade 3

Por um novo contexto de alteridade[footnoteRef:1] [1: Texto disponibilizado em Leituras, referente UEA 3 Produo do Texto Informativo e Argumentativo, do Material Didtico da Disciplina Leitura e Produo de Texto: UNIVERSIDADE CATLICA DE BRASLIA. Universidade Catlica de Braslia Virtual UCB Virtual. Curso de graduao, Licenciatura em Filosofia: Leitura e Produo de textos. Disponvel em: http://www.catolicavirtual.br. Acesso ao contedo com login e senha.]

Elda Alves Oliveira IvoSandra Mara Bessa Ferreira

A questo da identidade e da alteridade tem sido amplamente discutida luz dos processos de transformao pelos quais passa a sociedade contempornea, e ainda, em consonncia com os significados fundamentais aos sujeitos que pertencem a esta sociedade, nela vivem e interagem, e, principalmente, convivem em suas mltiplas formas. A compreenso de quem somos no mundo social tem despertado o interesse de muitos estudiosos de diferentes reas e tem sido motivo de preocupao. Em uma sociedade de multiplicidades e em constante mudana, estamos cada vez mais expostos s exigncias contemporneas, em sua pluralidade.Lopes (2002, p. 14) afirma:Essas percepes tm alterado como nunca a concepo homognea da identidade social e tm levado a nos entendermos como heterogneos e, ao mesmo tempo, fragmentados, e construdos em prticas discursivas situadas na histria, na cultura e na instituio. relevante destacar que, nas relaes entre os homens no cenrio ps-moderno, a preocupao com a alteridade, aqui compreendida como a capacidade de se colocar no lugar do outro na relao interpessoal, vem se acentuando no decorrer dos anos. Saber se colocar no lugar do outro na relao interpessoal e, sobretudo, faz-lo com considerao, valorizao, identificao e em uma perspectiva dialgica com o outro tem sustentado um novo quadro de referncia. Tudo isso somente poder ser compreendido se examinarmos a maneira como as relaes alteritrias so construdas e os processos que esto envolvidos na situao.A prtica da alteridade se conecta aos relacionamentos tanto entre indivduos como entre grupos culturais religiosos, cientficos, tnicos etc.Nesse sentido, preciso ressaltar que, na relao alteritria, a diversidade complementar e interdependente, refletindo na maneira de pensar, de (re) agir e de sentir. No processo cultural e na construo das suas significaes, construmos e (re) construmos a nossa identidade, sob a influncia e luz da experincia do mundo social, das suas relaes, das suas desigualdades e dos diferentes grupos culturais com os quais convivemos, sendo que as experincias particulares so preservadas e consideradas, sem que haja a preocupao com a sobreposio, assimilao ou destruio destas.A prtica da alteridade nos permite ir da diferena soma nas relaes interpessoais, entre os seres humanos revestidos de cidadania.Os diferentes modos de viver em sociedade, as necessidades e as peculiaridades das mudanas impostas nas prticas cotidianas, as quais fizeram surgir novos estilos, outros costumes de vida e formas de organizao social, devem ser constantemente enfatizados por ns como um grande questionamento, que de vrias maneiras altera a compreenso dos indivduos quanto a aspectos fundamentais da vida social contempornea e exige uma postura mediadora, sem preconceitos e de respeito diversidade em toda a sua amplitude.Ao falar para o outro, esse sujeito faz uso da sua histria individual, no seu tempo e no seu espao, entretanto, a sua histria coletiva tambm se faz presente j que os seus modos de vida, comportamentos e hbitos vo indicar o seu pertencimento a uma dada sociedade. A abordagem alteritria resultado de um novo contexto de significados, que advm das grandes transformaes e exigncias da vida contempornea, com suas caractersticas nicas em decorrncia de mudanas sociais, polticas, culturais e tecnolgicas. A sociedade reflete as divises e os antagonismos sociais, e em decorrncia disso, o sujeito assume diferentes posies, que constituiro diferentes identidades.Ao abordar as transformaes sociais do mundo moderno e de seu impacto sobre a identidade cultural, Hall (2005) afirma que a modernidade no se restringe experincia de se conviver com um ritmo diferente, mas de faz-lo de modo reflexivo que possibilite a alterao de prticas sociais e que isso ocorra com respeito e responsabilidade. As sociedades modernas refletem em si mesmas as mudanas constantes e rpidas, em contraste com as sociedades tradicionais, nas quais as experincias so perpetuadas.De acordo com Bauman (1999), ao tratar das consequncias humanas e sociais do processo globalizante, os usos do tempo e do espao so diferenciados e diferenciadores, pois a globalizao divide ao mesmo tempo que une. Isso exige do indivduo uma capacidade de estar em movimento e de adaptar-se s situaes emergentes dos diferentes contextos. O autor enfatiza que estar em movimento tem significados muito diferentes em funo da posio desses indivduos na sociedade, pois a hierarquia faz com que os impactos sejam diferentes e que reflitam no significado de mobilidade. Assim, o outro deixa de ser visto em sua homogeneidade e as pessoas passam a ser vistas em sua heterogeneidade, um conceito plural, que implica uma identidade multifacetada e um olhar de alteridade, pois pela relao alteritria que devemos exercer a cidadania, estabelecendo uma relao pacfica e construtiva com o que diferente.A partir desse olhar respeitoso e tolerante sobre o outro, sobre as diferenas desse outro, que precisamos trabalhar a questo das escolhas que fazemos ao nos comunicar, pois nossos textos sem dvida contam muito do que somos, do que pensamos, do que sentimos. Por isso, que enfatizamos sempre que a produo discursiva pressupe escolhas conscientes e ticas.Da mesma forma, devemos observar a necessidade de deitar um olhar sempre crtico sobre os textos que lemos e nos perguntar em que medida estes textos contribuem para a formao de uma sociedade que respeite a alteridade. Nesse contexto em que as responsabilidades so compartilhadas, todos esto conscientes de que formamos uma comunidade de destino, ou seja, nossas aes e a forma como comunicamos tm impacto sobre o mundo em que vivemos.Assim, amplia-se o conceito, j trabalhado anteriormente, do decisor lingustico, pois ao fazermos escolhas para nos comunicar, no podemos nos restringir a pensar na melhor forma de dizer ou que palavras usar, mas fazer a melhor escolha sobre o que escrevemos, qual o contedo e a finalidade daquilo que compartilhamos com o outro e de que forma isso se traduz ou mesmo contribui para um mundo de bem estar coletivo, um lugar de todos e para todos viverem em harmonia.A importncia dessa nova perspectiva comunicativa traz implicaes fundamentais para a convivncia humana. Veja que, na atualidade, a responsabilidade pessoal de cada um de ns se amplia enormemente quando pensamos no poder das redes sociais e o potencial persuasivo daqueles que l esto. O poder das palavras nunca foi to grande e, a depender da fora argumentativa de quem as usa, ganha maior repercusso.Para Pacheco e Ferreira (2011), o desenvolvimento das Tecnologias da Informao e Comunicao ampliou as formas pelas quais se podem alcanar o homem social. Com esses veculos de comunicao, pode-se perceber um comportamento chamado de 'cultura de massa', que tido como uma implantao por parte daqueles que so economicamente mais fortes e influentes de uma homogeneizao das culturas populares e eruditas. Osmass media,com seus discursos inovadores e tautolgicos, acabaram por implantar uma nova ordem: a ordem ideolgica que move toda a sociedade capitalista e, consequentemente, o restante do globo.A esse respeito, o desafio que se perfila nesse momento o de superar a cegueira branca de que trata Jos Saramago e enxergar as entrelinhas, os implcitos, as subjetividades, os valores subliminares em um mundo repleto de informaes que podem, inicialmente parecerem verdadeiras. Percebe-se que a peste branca, sob esta tica, causada pela exposio a grandes quantidades de informao, pelo ver demais. D-se, assim, menos importncia ao pensamento crtico; v-se, de fato, de menos; conforma-se; torna-se indiferente. (PACHECO e FERREIRA, 2011)Nesse momento, vivemos uma crise de convivncia decorrente de problemas de comunicao, de um excesso de informao, da incapacidade de nos colocar no lugar do outro. fundamental perceber que s podemos reverter esse processo se nos refletirmos sobre a repercusso e impacto daquilo que comunicamos em nossas interaes com o outro.Referncias bibliogrficasBAUMAN, Z.Globalizao: as consequncias humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1999.HALL, S.Identidade cultural na ps-modernidade. Rio de janeiro: DP e A, 2005.LOPES, L. P. M.Identidades fragmentadas: a construo discursiva de raa, gnero e sexualidade em sala de aula. Campinas: Mercado de Letras, 2002. PACHECO, P. M. C.; FERREIRA, S. M. B. Superando a cegueira: a crise da comunicao e a educao a distncia.Revista Educaonline, v. 5, n. 3, 2011. Disponvel em:http://www.latec.ufrj.br/revistas/index.php?journal=educaonline&page=article&op=view&path%5B%5D=280. Acesso em: 23 mar 2012.