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POR UM FUTURO MELHOR! Cada cidadão deste nosso país, desde o dia em que chora pela primeira vez até ao seu último suspiro, pode exercer os seus direitos na quase plena democracia que rege o nosso estado. Perante tempos conturbados, tempestuosas políticas e uma sociedade deca- dente, há que encontrar a única luz que pode fazer resplandecer a nossa República e tirar Portugal da escura gruta em que se encontra. Essa única luz reside em cada um de nós, jovens, em cada mente que seja capaz de debater um assunto tão complexo, porém tão recorrente como a Crise. E como os jovens de hoje são os adultos do amanhã, que terão que carregar com os problemas desta década até ao fim das suas vidas, é crucial incutir um espírito de debate e indignação, de modo a que se procure sempre o melhor para o nosso povo, o melhor para Portugal. 2013 PARLAMENTO DOS JOVENS AFONSO MATOS Agrupamento de Escolas do Bonfim - Portalegre O programa “Parlamento dos Jovens” é um projeto promovido pela Assembleia da República em conjunto com o Ministério da Educação, que visa dar aos adolescentes do ensino básico e secundário uma oportunidade de conhecerem um mundo que mui- tas vezes lhes passa ao lado: o da política. O Agrupamento de Escolas do Bonfim - e, em particular, a nossa escola Mouzinho da Silveira - foi um dos muitos estabelecimen- tos de ensino envolvidos, a nível nacional, nesta iniciativa e quem diria que chegaríamos à última fase! Passo então a narrar esta nossa viagem que começou há já alguns meses…! Tudo começou no início do ano, e ninguém sabe quando

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POR UM FUTURO MELHOR!

Cada cidadão deste nosso país, desde o dia em que chora pela primeira vez até ao seu último suspiro, pode exercer os seus direitos na quase plena democracia que rege o nosso estado. Perante temposconturbados, tempestuosas políticas e uma sociedade deca-dente, há que encontrar a única luz que pode fazer resplandecer a nossa República e tirar Portugal da escura gruta em que se encontra.

Essa única luz reside em cada um de nós, jovens, em cada mente que seja capaz de debater um assunto tão complexo, porém tão recorrente como a Crise. E como os jovens de hoje são os adultos do amanhã, que terão que carregar com os problemas desta década até ao fim das suas vidas, é crucial incutir um espírito de debate e indignação, de modo a que se procure sempre o melhor para o nosso povo, o melhor para Portugal.

2013 PARLAMENTO DOS JOVENS

AFONSO MATOS Agrupamento de Escolas do Bonfim - Portalegre

O programa “Parlamento dos Jovens” é um projeto promovido pela Assembleia da República em conjunto com o Ministério da Educação, que visa dar aos adolescentes do ensino básico e secundário uma oportunidade de conhecerem um mundo que mui-tas vezes lhes passa ao lado: o da política. O Agrupamento de Escolas do Bonfim - e, em particular, a nossa escola Mouzinho da Silveira - foi um dos muitos estabelecimen-tos de ensino envolvidos, a nível nacional, nesta iniciativa e quem diria que chegaríamos à última fase! Passo então a narrar esta nossa viagem que começou há já alguns meses…! Tudo começou no início do ano, e ninguém sabe quando

terminará!. A primeira fase deste projeto estava então em marcha, em todas as escolas que a ele tinham aderido. Tinha sido pedido aos alunos que formassem listas (cada uma com dez “jovens depu-tados”) e apresentassem três me-didas que envolvessem o tema deste ano: “Ultrapassar a Crise!”. No ensino básico, três listas nasceram e, com os esforços de vários alunos e professores, foi

levada a cabo uma campanha eleitoral cheia de criatividade, competitividade e diversão. Após as eleições e um debate aceso, restaram apenas cinco deputados que representariam a nossa es-cola: Mafalda Galveia e Francisco Tavares, da turma 9ºD; Afonso Matos e Rita Louro, do 9ºA ;e Jorge Ferrão, do 9ºB, juntamente com uma candidata a presidente da Mesa na sessão distrital, Beatriz Canário, do 8ºF, que aca-bou por ganhar e ficar com esse lugar de moderadora do debate.Depois da fase escolar, veio a dita sessão distrital, onde es-colas de todo o distrito vieram à sua capital, Portalegre, para fazer mais um debate decisivo. Enfim, após um dia inteiro de debate e muitas amizades, foi aprovado um projeto com 4 medidas para ir à Fase Nacional…e as escolas vencedoras foram precisamente a nossa, Mouzinho da Silveira, e a outra escola da nossa cidade, José Régio! Os deputados eleitos foram Mafalda Galveia, Francisco Tavares, Rita Bengala e Teresa Ramos. Foi então que, após quase quatro meses do início do projeto, em-barcámos os nove (cinco deputa-dos, dois jornalistas e dois profes-

sores) nesta grande aventura que foi a Sessão Nacional do Parla-mento dos Jovens! A manhã raiou limpa e fresca numa Primavera que se fazia a-nunciar notoriamente. Era dia 6 de maio e logo às 9:30 da manhã o autocarro, com outras delegações da Guarda e Castelo Branco, chegou, para nos levar ao Par-lamento em Lisboa. À chegada a Lisboa, com poucos minutos para

um almoço improvisado nas tra-seiras do Palácio de São Bento, fomos logo encaminhados para dentro das instalações, onde fun-cionários deram indicações, tanto a jornalistas como a deputados, sobre o que iria decorrer nesse dia. Os trabalhos começaram nas Comissões. Estavam organiza-das quatro Comissões, cada uma com seis ou sete delegações dis-

tritais. Portalegre ficou na quarta Comissão, sala seis, com Porto, Setúbal, Braga, Madeira, Viana do Castelo e Açores. Os trabalhos foram iniciados pelo deputado João Oliveira, do PCP, que presidiria à sessão, e pela secretária Emília Santos, do PSD. Ambos começaram com um dis-curso introdutório, em que expli-caram o que iria acontecer nessa Comissão, encorajando os jovens deputados a agir mais “sobre o conteúdo e não sobre a forma”, de modo a refletirem sobre o seu papel ali. Após esses discursos, a sessão

começou: cada delegação apre-sentou as medidas que tinham sido aprovadas na fase distrital. Portalegre apresentou-se em ter-ceiro lugar, pela deputada e por-ta-voz Mafalda Galveia.Logo de seguida, começou uma fase de perguntas entre círcu-los. Esta fase serviu para colo-car questões sobre cada projeto de medidas de modo a iniciar o debate. Concluída esta fase, os deputados responderam a cada uma das perguntas, defendendo as suas medidas com rápidos ar-gumentos, visto que tinham um limite de tempo. Este processo repetiu-se por duas vezes até todas as questões estarem es-clarecidas, o que durou bastante tempo, cerca de uma hora. Depois da discussão, seguiu-se uma ronda de debate livre sem restrições, em que cada círculo podia intervir quando quisesse, para apontar os pontos fortes de outros círculos e elogiar os outros projetos de recomendação. Por-talegre foi bastante elogiada, es-pecialmente por Setúbal e Braga, que enalteceram a capacidade de argumentação e as medidas do nosso círculo! Durante esta fase, o tempo de outros círculos foi-se esgotando rapidamente, e Por-talegre, que ainda tinha 7 minu-tos disponíveis, deu um minuto e meio a Setúbal por solidariedade, ato que foi repetido por outros cír-culos que também tinham exces-so de tempo. Após esse conjunto de pedidos de esclarecimentos, perguntas e elogios, procederam-se a vota-

ções para o projeto base, para o qual a Madeira ganhou. Porém, Portalegre foi a segunda mais votada! Com as votações veio também uma fase de cerca de 30 minu-tos para os deputados debaterem entre si medidas que podiam ser eliminadas ou adicionadas ao projeto base da Madeira. Nesta fase, os círculos podiam sair do lugar para levar a cabo um diálo-

go mais informal, de modo a fa-cilitar a chegada a conclusões. Enquanto essa fase decorria, os jornalistas prosseguiram para uma visita guiada ao Palácio de São Bento! Fomos guiados até à Sala dos Passos Perdidos.Esta sala tem esse nome pelo facto de, antigamente, não haver sistemas práticos para informar os deputados que havia cidadãos à sua espera para serem ouvidos, de modo a que pudessem de-fender as suas causas. Por isso, os cidadãos esperavam naquela sala, chamada de Passos Perdi-dos pois os passos que eram da-dos lá, de um lado para o outro, não levavam a lado nenhum! É nessa sala onde, hoje em dia, os deputados dão declarações infor-mais à imprensa, à saída das ses-sões na Assembleia. Seguimos para a Sala do Par-lamento, onde decorrem atual-mente os debates mais impor-tantes do país. Aí, foram-nos dadas indicações sobre de que

forma iríamos e poderíamos agir no dia seguinte, no decorrer da Sessão Plenária da Sala do Se-nado, uma sala quase simétrica à Sala do Parlamento. Depois do lanche num dos claus-tros do palácio, seguiu-se uma atuação da Tuna da Moimenta da Beira, em que vários temas como a “Canção do Mar”, “Imagine”, e outras músicas intemporais, foram tocadas aos professores, deputados e jornalistas, dentro da Sala do Senado, onde a sessão do dia seguinte iria decorrer.Fomos depois encaminhados para o INATEL de Oeiras, onde iríamos passar a noite.No dia seguinte, acordámos bem cedo para prosseguir os trabalhos na Sessão Plenária, que seria o culminar de todo o esforço! Às 10.00h, iniciou-se o debate, aberto pela Presidente da Mesa, Joana Filipa Pereira, que fez um enquadramento estatístico do projeto e convida as secretárias, vice-presidente e deputados a sentarem-se perto de si.Os Deputados representantes eram Pedro Delgado Alves, do PS; Isilda Aguincha do PSD; Miguel Tiago, do PCP, Heloísa Apolónia, do PEV; Luís Fazen-da, do BE e Michael Seufert, do CDS. A eles foram feitas várias perguntas não só dentro da sala pelos jovens deputados, como também fora, no corredor, pelos jornalistas. Portalegre pergunta a Luís Fazenda acerca do propósi-to da austeridade no papel de solução para a crise. Tive tam-bém a oportunidade de interpe-lar, no corredor, Heloísa Apolónia, do Partido Ecologista os Verdes, com a questão “Qual foi, na sua opinião, o maior erro do nosso governo atual, a nível de políti-cas económicas e ambientais?”, ao que me respondeu de maneira sucinta: “Penso que de facto é a submissão do governo à Troika, e a maneira como o governo não consegue explicar o estado atual do país e defender outras alterna-tivas, como se esta miséria fosse algo natural, nos dias de hoje.” Após as perguntas aos deputa-dos, fomos a uma Conferência de Imprensa com o deputado do CDS, José Ribeiro e Castro, presidente da Comissão Parlamentar de Edu-cação, Ciência e Cultura, que se

mostrou agradado com as várias e bem elaboradas perguntas dos jornalistas, às quais acabou por responder com cortesia e objetivi-dade. A minha questão foi: “Até que pon-to aumentar o número de horas de trabalho da função pública e reduzir em centenas de milhares os professores vai ajudar à eco-nomia do nosso país, visto que os professores são uma das forças motrizes da mesma?”, questão que foi bastante repensada por José Ribeiro e à qual não tive uma reposta concreta, no entan-

to, fez questão de visar que: “As coisas seriam mais fáceis se es-tas reformas tivessem sido feito na época das vacas gordas, e nós temos que viver com os recursos que temos, e nesta época de crise social, económica e demográfica tais cortes são necessários e eu acredito na capacidade do minis-tério para administrar da melhor maneira esses cortes de modo a não prejudicar mais a população”Seguiu-se o almoço, de novo no claustro do palácio, e depois foi retomada a sessão, com um ace-so debate e votação para aditar e eliminar medidas de modo a for-mar um projeto final.

O projeto aprovado, que consta com 10 medidas, pode ser con-sultado em:http://app.parlamento.pt/webjo-vem2013/documentos/Recomen-dacaoAprovada_Basico.pdf

E foi assim que terminou esta visita à Casa da Democracia, uma visita cheia de emoções fortes e diversão, mas acima de tudo, muita responsabilidade e determi-nação, visto que o tema em causa é algo que não inspira confiança, mas sim algo que é visto como um gigantesco monstro que tem vindo a destruir a vida de muitas famílias portuguesas. Foi, por isso, que os nossos deputados defenderam com tanta indignação e força as suas medidas e as suas capacidades, para chegarem a um consenso final, que, talvez um dia, possa ser a espada que mate esse maldito monstro, a Crise.