Por que o facebook deve se tornar perene
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Luiz Valério P. Trindade – 15.12.2013
No mundo dos negócios, de tempos em tempos, cunham-se novos
termos e acrônimos, como os BRICS, por exemplo. Neste contexto, em edição
de 30 de dezembro de 1996 da revista Business Week, Michael J. Mandel
introduziu o termo “Nova Economia”. Esta caracterizava o que se acreditava
ser um novo modelo de negócios completamente diferente do que se conhecia
até então e que também passou a ser classificado como “Bricks and Mortar”
em contraponto ao mundo digital que caracterizava a chamada “Nova
Economia”.
Contudo, sabe-se hoje que esta euforia e o triunfo alardeado no artigo
de 1996 não durou tanto tempo assim, e o estouro da bolha da internet entre
março de 2000 e início do ano 2001 provocou um choque de realidade no
mercado.
Na esteira destes acontecimentos, muitas das empresas “ponto com” que
sobreviveram a esta forte turbulência ou que surgiram após ela, passaram a
ter como um de seus principais pilares de sustentação um plano de negócios
bem melhor estruturado, consistente e minimamente sólido para conferir um
pouco mais de segurança ao investidor de risco (seja ele majoritário ou
minoritário).
Em se tratando mais especificamente de redes sociais, verifica-se que
Natanael Oliveira mapeia 12 grandes portais dedicados a este serviço (Class
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Mates | AOL Instant Messenger | Six Degrees | Friendster | My Space |
Linkedin | Web 2.0 | Orkut | Facebook | Twitter | Pintrest | Google+), sendo
que deste grupo, nove surgiram após o estouro da bolha. Ou seja, estes
portais proliferaram em um contexto de negócios marcado por menos euforia
desmedida e mais assertividade e foco.
Como o cenário anterior propiciou o surgimento de inúmeros modismos
que pouco tempo depois desapareceram sem deixar rastros, era natural que os
novos empreendimentos fossem também recebidos com certa dose de
desconfiança pelo mercado investidor e até mesmo pelos usuários.
Neste grupo de iniciativas mais recentes, considero que o Facebook
chama muito a atenção, não só por ter ultrapassado a barreira de US$ 100
bilhões em valor de mercado, mas principalmente por algo que avalio que pode
ser classificado como sendo seu principal fator crítico de sucesso: o
ecossistema Facebook.
Isto significa dizer que a rede social tem se tornado tão onipresente na
vida de seus mais de 1 bilhão de usuários mundo afora (equivalente a quase
15% da população do planeta) que se expandiu para inúmeras iniciativas e
frentes de ação que extrapolam os perfis pessoais.
O estudo de fatores que contribuam decisivamente para a perenidade
de empresas não é novo. Existem diversos trabalhos que se debruçam sobre
esta temática, tais como “Feitas para Durar” e “Sucesso Made in Brasil”, para
ficar somente em dois exemplos. Estes estudos não se propõem a advogar a
existência de um conjunto de fatores universais válidos para todas as
empresas indistintamente, mas sinalizam alguns caminhos possíveis.
Sendo assim, analogamente à Apple Inc. que criou um muito bem
sucedido ecossistema próprio que orbita em torno do iTunes, considero que o
Facebook tem sido igualmente perspicaz neste sentido. Além dos inúmeros
recursos de interatividade propiciados pela plataforma e que tanto encanta
seus usuários, provavelmente esta estratégia de criação e fortalecimento de
um ecossistema ao seu redor é que tem contribuído para seu grande sucesso.
Exemplos do alcance e abrangência desse ecossistema incluem o
elevado nível de aceitação e adoção desta plataforma por parte de inúmeras
empresas mundo afora (sobretudo as de bens de consumo, mas não restrita a
elas naturalmente); grande integração com outras redes sociais tais como o
Linkedin, Twitter, Youtube, Instagram, etc.; tornou-se parte de serviços
associados oferecido por operadoras de telefonia móvel celular em seus
pacotes e planos de benefícios; integração com o serviço de comunicação via
internet Skype, entre outras iniciativas.
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Enfim, é possível perceber que a rede formada pelo Facebook é de fato
muito sólida, consistente, abrangente e que representa uma forte barreira de
entrada para novos competidores.
Diante disso, ao navegar por águas tão turbulentas onde outros
empreendedores já tentaram no passado, tiveram seu ápice e hoje vivem o
ocaso (tais como Orkut, My Space, Second Life, Class Mates, entre diversos
outros) o Facebook parece ter encontrado uma bússola mais precisa que a dos
demais competidores.
Portanto, diante destes fatos é que considero possível acreditar que,
exceto algum desvio de rota gerencial muito profundo e mal sucedido,
surgimento de algum novo player ainda mais inovador ou algum fator
macroeconômico muito severo, o Facebook como empresa é bem provável que
desfrute de uma vida bem longa e não seja mais um modismo passageiro.
Referências
Collins, James C.; Porras, Jerry I. Feitas para durar: práticas bem-sucedidas de
empresas visionárias. Rocco, 8ª ed., 1995
Época Negócios. Facebook é agora a 23ª maior empresa em valor de mercado nos
EUA. 07/08/2012. Disponível em:
http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Resultados/noticia/2012/05/facebook-
se-torna-23-maior-empresa-em-valor-de-mercado-nos-eua.html (Consulta em
15/12/2013)
Mandel, Michael J. The triumph of the new economy: a powerful payoff from
globalization and the info revolution. Business Week, 30/12/1996
O Globo. Facebook ultrapassa os US$ 100 bilhões em valor de mercado. 26/08/2013.
Disponível em:
http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Resultados/noticia/2012/05/facebook-
se-torna-23-maior-empresa-em-valor-de-mercado-nos-eua.html (Consulta em
15/12/2013)
Oliveira, Natanael. A história das redes sociais. Disponível em:
https://www.natanaeloliveira.com.br/a-historia-das-redes-sociais/ (Consulta em
15/12/2013)
Sull, Donald N.; Escobari, Martín E. Sucesso made in Brasil: os segredos das
empresas brasileiras que dão certo. Campus, Rio de Janeiro, 2004