Por Fernanda Leite

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Por Fernanda Leite Artigo “Contato improvisação (contact improvisation): um diálogo em dança”, de Fernanda Hübner de Carvalho Leite. Contato Improvisação: um diálogo em dança. Fernanda H.C. Leite "O presente trabalho é uma revisão bibliográfica sobre a dança de origem americana Contact Improvisation, mais conhecida no Brasil como Contato Improvisação, tomando como referência principal o livro 'Sharing the dance – contact improvisation and american culture', de Cynthia Jean Novack. A proposta é traçar um histórico desde a criação do Contato Improvisação, observando o desenvolvimento, modificações e algumas tendências atuais deste estilo de movimento. São abordados aspectos culturais, sociais e principalmente de ensino e aprendizagem desta prática." Pra ler tudo, é só clicar aqui. --> UM POUCO DE HISTORIA Por volta de 1972, Steve Paxton, cria, nos EUA uma prática que vem se tornando muito difundida hoje: a improvisação de contato. Essa dança não propõe nenhum tema definido, pretende sim explorar a comunicação direta dos corpos. Trata-se de comunicação via direta por meio de troca de ponto físico de contato. E essa relação se baseia no toque,

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Por Fernanda Leite

Artigo “Contato improvisação (contact improvisation): um diálogo em dança”, de Fernanda Hübner de Carvalho Leite.   Contato Improvisação: um diálogo em dança. Fernanda H.C. Leite

"O presente trabalho é uma revisão bibliográfica sobre a dança de origem americana Contact Improvisation, mais conhecida no Brasil como Contato Improvisação, tomando como referência principal o livro 'Sharing the dance – contact improvisation and american culture', de Cynthia Jean Novack. A proposta é traçar um histórico desde a criação do Contato Improvisação, observando o desenvolvimento, modificações e algumas tendências atuais deste estilo de movimento. São abordados aspectos culturais, sociais e principalmente de ensino e aprendizagem desta prática."

Pra ler tudo, é só clicar aqui.-->

UM POUCO DE HISTORIAPor volta de 1972, Steve Paxton, cria, nos EUA uma prática que vem se tornando muito difundida hoje: a improvisação de contato.Essa dança não propõe nenhum tema definido, pretende sim explorar a comunicação direta dos corpos. Trata-se de comunicação via direta por meio de troca de ponto físico de contato. E essa relação se baseia no toque, na propriocepção e no uso gravitacional para o movimento, na busca de mover o corpo junto com outra(s) pessoa(s). Recebeu influencias do Aikido e Zen-Budismo, de onde tirou os modos de cair e rolar sem se machucar, meios de perceber o fluxo de energia entre as pessoas. A improvisação por contato trouxe o movimento cotidiano para a cena, buscando não diferenciá-lo da dança, aproximou e buscou “ligações mais simpáticas” entre

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dançarinos e espectadores, criando as Jam Sessions, momentos de socialização da proposta, que fugiram totalmente dos padrões de apresentação de dança, tanto no referente aos espaços, quanto no que se refere a essa relação: platéia e artista. Desenvolve para o movimento a compreensão de que o ponto de partida para o movimento vem do interior do bailarino, sem premeditação e em resposta à relação com o outro (outra pessoa, o chão, um objeto, o espaço, a gravidade, o tempo, entre outras relações possíveis). O prazer de se mover e a escuta para com os nossos sentidos são questões de fundo nesta dança que promove o auto domínio e auto conhecimento, facilitando interações criativas e mais espontâneas ao dançar.O Contato Improvisação tem enriquecido diversas áreas da Dança e do Teatro, além das Terapêuticas.Aqui em Florianópolis se desenvolve em diálogo com a Dança Contemporânea e Teatro, porém, desde fevereiro deste ano (2009) o Contato Improvisação vem se desenvolvendo também como uma dança em si: enquanto um estilo e proposta; com princípios e fundamentos e, por fim, formando uma comunidade interessada nessa expressão . Já possui reconhecida importância para professores, educadores do movimento, bailarinos, médicos, terapeutas e outros artistas locais. (Leite, 2009; Krischke,2004; Muniz, 2000).

 Queda depois de NewtonTexto de Steve Paxton (1983)

Tradução livre de Hary Salgado

            Queda depois de Newton é um vídeo que rastreia o desenvolvimento do Contato Improvisação (CI) do trabalho embrionário de Steve Paxton, Magnesio, em 1972, e através de anos consecutivos de apresentações de CI, incluindo as séries de concerto do décimo primeiro aniversário da Judson Church Gallery de São Marcos, em Nova Iorque, em 1983.            Steve propõe a concepção monumental para a queda depois de Newton, após ter editado “Chute” com Steve Christiansen e Lisa Nelson em 1979. Felizmente havia

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cobertura dos vídeos das primeiras apresentações. Isto surgiu da possibilidade de examinar o desenvolvimento de uma bailarina e o crescimento correspondente da dança em si.            Em 1980, Nancy Stark Smith passou a ter suas performances de dança documentadas em vídeo, o que totalizou aproximadamente 50 horas de gravação, sendo sete anos de seções esporádicas de edição, confecção do material e revisões. Deste trabalho, obteve-se um vídeo com duração de 23 minutos, com imagens coloridas e p&b, com uma narração do próprio Steve Paxton. A narração é relatada a seguir:

            (O vídeo Queda depois de Newton recebeu fundos parciais da Nacional Endawment for the Arts, o projeto de Judson Church, de Benningtom College em Vermont e Videoada, projeto Contact collaborations IMC.). Esta e outras fitas podem ser solicitadas na Videoada, box 22, E. Charleston, VT 050833.

            Transcrição do vídeo            Quando uma maçã caiu sobre a sua cabeça, Newton se inspirou para escrever suas três leis do movimento. Estas leis passaram a ser o fundamento de nossas idéias sobre as leis físicas. Sendo essencialmente objetivo, Newton ignorou como se sente ser a maçã.            Quando colocamos nosso corpo em movimento, vamos além do chamado constante da gravidade até a oscilação e a órbita convidativa da força centrífuga. Os bailarinos cavalgam nessas forças. Para além da terceira lei de Newton, descobrimos que para cada ação são possíveis várias reações iguais e opostas. Ali reside uma oportunidade para a improvisação.            Terceira lei de Newton: a lei diz que para a ação exercida por um corpo, existe uma reação igual e oposta em outro corpo (lei de ação e reação).            Estamos aliando uma performance de CI, uma forma do movimento de dupla, através de movimentos elegidos durante anos de apresentações com Steve Paxton e com

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outros. Esta filmagem recorre a começos de prática de Nancy desde sua primeira experiência com a forma que eu estava trabalhando quando era nova, em 1972.            Os solos de Nancy, explorando seus movimentos unidos com a gravidade e o chão, que nesse trabalho são considerados complementares e não se dão por finalizados, não se direcionam a si mesma: eles se movem e deixam suceder encontrando maneiras de tratar o impulso e a gravidade.            Em 1976, Nancy e seu companheiro Curt Siddall se moveram seguindo o ponto de toque: neste ponto também se move o foco fundamental para sua improvisação no jogo de mover-se e ser movido, os movimentos específicos são imprevisíveis, mas ocorrem dentro de um campo acessível ao conhecimento da gravidade, das forças centrífugas...            O toque une as forças que atuam sobre o corpo com as sensações que estas geram dentro do corpo. Esta interação é o que possibilita manter todas as partes de ambos os corpos em harmonia.            Não serão tão audazes os quatro anos antes. Nesta primeira performance de CI, estavam acostumados a se mover pelo toque sentindo seu caminho: descobriram os segredos da forma sobre eles mesmos e suas percepções.            A performance que atraiu Nancy a esta forma foi um estudo de alto impacto (high energy) chamado Magnesium!. Eu fiz Magnesium! para um grupo de homens em Oberline College em 1972, que pesquisava as qualidades reflexas do toque com impulso, queda, rolamento e choque.            Magnesium! termina com cinco minutos em posição de pé, para marcar uma grande diferença na escala de movimento.            High energy se refere à máxima potência a desenvolver, estar parado não é realmente estar parado. Equilibrar sobre duas pernas demonstra ao corpo do bailarino que uma pessoa sempre se move com a gravidade. Observar os ajustes constantes que o corpo faz para impedir. E observar os reflexos enquanto trabalha, sabendo que são sutis e confiáveis; não somente medidas de emergência.            Estar de pé virou uma de nossas disciplinas,

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mantendo a mente atenta no aqui e agora do corpo. Esta simples prática era a preparação para as complexas interações que surgiam com um companheiro. Como eram as práticas de jogar e agarrar que exigiam respostas instantâneas introduzindo-nos a estados de adrenalina.            No princípio parecia haver somente duas opções: tratar de seguir o fluxo da comunicação ou resisti-lo. Cada dança é uma série de decisões instantâneas e sucedem a si mesma. A pele sensível está alerta aos pontos de contato. Sinais que indicam aos bailarinos onde estão orientando-os em direção aos seus companheiros e ao chão. Suas percepções se entendem. Estão estimuladas em suas mentes as muitas situações de toque e as relações em constante movimento se fundem em uma continuidade de corpos em movimento que criam uma lógica alcançada só no calor da dança. Uma lógica tão segura como aquela encontrada quando estamos de pé e observamos a dança reflexa de nossos ossos.            Impulsos mais altos trazem novas áreas de risco. Para desenvolver este aspecto da forma temos que sobreviver a ela. O suporte necessário pelas partes inconscientes sem a presença do medo. A calma de se estar parado se estende até a queda. Existem os imprevistos, podemos antecipar-nos com o pensamento, mas o que o corpo pode fazer para sobreviver é muito mais rápido que o pensamento.            É útil treinar os reflexos para estender as extremidades em vez de contraí-las em uma queda. Durante esta queda tão desorientadora (mostrada no vídeo), os braços de Nancy conseguem amortecer suas costas, e isto distribui o impacto em uma área maior: ela não pára de se mover. Isso ajuda a dispersar o impacto em um lapso de tempo levemente mais prolongado. Não parece que isto a incomode.            Fazendo uma retrospectiva, começamos com a primeira dupla veloz em que eu bailo com Nancy, com abandono despojado para desencadear o “momentum”. Parece bruto e desorientador para ela, mas ela está pronta para isso.

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Momentum, impulso, ímpeto: o produto entre a massa e a velocidadeUm ano depois, a sensação do movimento era mais contínua, o fluir do movimento mais prolongado. Havia mais tempo para sentir o que estava sucedendo ao mesmo tempo em que nós estávamos em contato. Prestamos atenção a nossos próprios reflexos que haviam sido estimulados pelos movimentos do outro. Nossos reflexos se movem e isto provoca o movimento de nosso companheiro, este ciclo de respostas de movimento contínuo; forma a base do diálogo.Quando a segurança física estava garantida em um plano mais instintivo, tivemos a liberdade para jogar com o tempo e as sutilezas do toque. Frases de movimento podiam estender-se durante tempo indefinido quando não necessitávamos parar para constatar nossa situação.Para o ano 1978, havíamos examinado durante sete anos o “tempo” do corpo em si mesmo e começamos a buscar formas para mudar nossos padrões habituais. Usar música foi uma das formas para esta performance. Collin Wallcott toca incorporando os sons casuais de nosso movimento em sua percepção. Bailamos seu ritmo e ele tocou o nosso ritmo.No decorrer dos anos, os princípios subjacentes em nosso movimento se mantiveram iguais. À medida que os sentidos se expandem no espaço esférico e o sistema muscular aprende a responder ao toque em qualquer superfície do corpo, qualquer zona pode ser ponto de apoio desencadeando a continuidade ou mecanismo de alavanca.Nancy e eu temos dançado com muitos outros companheiros de formação e destrezas diversas. Cada um propôs seu próprio enigma cinético que fomos dançando, contribuindo com novos elementos ao corpo de trabalho, à trama de CI.O foco principal do treinamento é reafirmar os sentidos. Todos os sentidos devem tornar-se elásticos o suficiente para navegar através do espaço esférico, e poder afrontar qualquer posição, qualquer troca de aceleração e/ou velocidade.Parece que o que emerge são dois corpos atuando dentro do domínio das forças físicas. Newton propôs idéias acerca da

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força e sua interação. Somando a isto, CI trata com idéias, imagens que são, inicialmente, sensações, logo sentidas pela mente. Cada pessoa que dançou CI ensina sua variação aos seus companheiros. Esta rede difunde informação entre as pessoas.Como membro da primeira geração que estudou CI, Nancy não só estudou, mas ajudou a definir pelo sentido que o seu treinamento deu a ela. Quando ela começou ninguém sabia que tipo de dança resultaria dessa prática, em qual propriedade se iria desenvolver.Vimos o primeiro evento de contato que Nancy viu: Magnesium. Esta performance representa um marco e deve ter deixado uma marca nela, que ao mesmo tempo tem que ser alterada pelo desenvolvimento da forma em dupla, trios e solo.Podemos ver as trocas físicas nos primeiros anos de estudos de Nancy, e o desenvolvimento do seu estilo de performance.Vimos um pouco do trabalho cotidiano, mas temos visto as palestras em que o CI tem sido amplamente definido. Olhando o desenvolvimento de Nancy durante onze anos, vimos uma fibra da trama da rigorosa estrutura do CI.Um aspecto importante do CI é o prazer de mover-se, de dançar com alguém de uma maneira muito espontânea. Isto sucede em um contexto que considera o corpo em toda sua variedade como foco primário desde onde a mente pode expandir-se. Com isto a dança pode se refinar para relações sempre mais precisas com as forças físicas.

"UNDERSCORE"Segundo o dicionário Michaelis de Inglês – PortuguêsUnder – por baixo; sob; designado. Score – contagem; anotação; registro. Under Score seria um registro por baixo, como fundamento da pratica da improvisação de contato.

Desenvolvido por Nancy Stark Smith, é uma estrutura que organiza uma improvisação de contato e permite às pessoas

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trabalhar em conjunto em um warm-up ou uma sessão de improvisação. Ele gera um quadro muito interessante para compartilhar que podem orientar a improvisação e fornecer uma linguagem para podermos ser capazes de falar sobre a experiência posteriormente.

I. Aspectos seqüenciais: Estes aspectos da Pontuação servir como um guia que se desenvolve seqüencialmente. As mudanças de um aspecto para o próximo ocorre espontaneamente para cada bailarino ao invés de ser rigorosamente controlada.

a. Chegando:

i. Chegando energicamente: trazer o foco para o presente.

ii. Chegando Fisicamente: chamar a atenção para a sensação de que você tem no corpo neste momento.

iii. Pow-wow (opcional): reunir-se para falar em um círculo (nomes, as lesões, quanto tempo vai durar)

iv. Pré-deambulação: (opcional): ir até o espaço, conexões abertas com o espaço e as pessoas depois da palestra.

b. Skinesphere: O que está dentro da pele, sensação que sentimos na dança de pequeno porte.

i. Vínculo com a terra: para relaxar o corpo, para sentir o apoio de baixo, a conexão com o chão.

ii. Mobilizar, agitando a massa: Para misturar a massa com o ar, pulando, em movimento, para obter uma nova organização depois.

c. Kinesphere: Atenção para o que você pode alcançar com seus membros.

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i. kinsphere Baixa: Dome, Centro no chão.

ii. kinsphere alta: Com a alta do centro. (Talvez um momento de equilíbrio, para aumentar o nosso tom.)

iii. Expansão e viajar kinsphere: A base do que é a ligação com o centro e com o chão. Respiração.

d. kinspheres sobrepostas: Começamos a ser mais conscientes dos outros no espaço.

e. Conexões de Pastoreio: ligações curtas acontecendo durante o Ks paralelos. Entre um e outro é o seu solo.

i. Coincidência: ao mesmo tempo a mesma coisa.

ii. Confluência entre dois rios que se encontram.

iii. Divergência

iv. Toque

v. Atração: é magnética, você se sente atraído por um corpo ou um movimento.

vi. Repulsa ou aversão

vii. Interseção: formas cruz.

viii. pessoas, música ...: Influência

ix. Contraste: reconhecer que a diferença é uma forma de conexão.

x. Colisões: macio, que nos acordar.

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xi. Tangent: quando o nosso percurso encontra um outro apenas em um ponto.

xii. Empatia e Ressonância: Eu sinto algo à distância.

xiii. Cisalhamento: a partir de ovinos de corte.

f. Noivado: A certa altura começamos a ser mais envolvido com a conexão.

i. Desenvolvimento: o desenvolvimento de um duo

ii. Resolução: a retirada, fim da dupla.

g. Re-circulação através da contagem: Permitir que a sensação para continuar. Onde eu estou? O que eu quero fazer? Não corte, não escapam a beber água.

h. Placar aberto: Podemos usar diferentes formas de re-introduzir o placar.

i. Observação

ii. Re-entrada

i. Resolução final do quarto: O início do último capítulo. Cada pessoa resolve sua própria atividade de chegar à quietude, onde podemos sentir a experiência de ter sido dança.

j. Retirada de todo o padrão: A partir da quietude que imaginamos o grupo como uma forma cristalina, e quando estamos prontos .... Final do projeto total.

k. Reflexão e Colheita: revisão Introspective do corpo. E depois da colheita, você pode escrever ou desenhar ou ...

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l. Compartilhamento: celebração da Harvest. Ouvindo a fé da experiência pessoal, aprendemos, sentimos.

II. Aspectos não sequencial-Toda vez que o tempo todo:

a. Streaming: Corrente, fluxo, fluxo. Pequenas partículas de luz em movimento (como o fffffff da tv). força vital. Relacionadas com a respiração.

b. Gap: Temporal momento de ausência de referência. Você perde a orientação nós experimentamos uma lacuna que pode incidir sobre o streaming, não para o atual para diminuir, porque precisamos dela para nos orientar. Também nos permitir explorar a brecha, não temos para preenchê-lo sempre.

c. Encurtando Mind: Podemos zoom in e out, quando quiser.

i. Ampliar: Nós nos concentramos em uma sensação especial e nós aumentamos o foco. Dá contexto.

ii. Zoom out: Consciência da composição total, sem perder a consciência de que estamos fazendo.

d. Button Idiota: Quando fica muito a tentar ter consciência de tantas coisas que pressionar este botão e vamos simplificar. Nós sentimos, respiração, e se queremos consciência que pressione-o novamente.

FONTE:WWW.CONTACTIMPROV.TRIBE.NET

Mirando atrás y mirando adelanteDanny Lepkoff (Contact Quarterly Vol.2 1976-77)

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De más esta decir que el trabajo que he hecho en el C.I. ha tenido un efecto poderoso en mi vida. A finales de la primavera de1972 Steve me contó de una pieza que quería presentar en Nueva Yorky viaje allí para ensayar y actuar en una danza llamada ContactImprovisación. El trabajo que hicimos para esa presentación y losencuentros de intensos periodos de danza que siguieron fueron muyvastos y afectaron mas niveles de mí ser de lo que era conciente enese momento. Quede estupefacto por la sencilla pero abrumadoraexperiencia de comunión con otra persona a través de la danza y dela libertad así como de la disciplina que halle en esa comunión.Recuerdo haberme sentido literalmente transportado a otro mundocuando bailaba, un mundo en el que yo era capaz de volverme un sermás fuerte que aquel que vivía a diario. Yo no creo que en esaprimera performance alguien se halla dado cuenta realmente del poderde las fuerzas que convocamos a bailar con nosotros. Muchaslesiones, tirones, dolores y calambres fueron el resultado físico dela irresponsabilidad con que enfrentamos esas fuerzas. Me impresionoel sentido de responsabilidad hacia mi mismo y hacia aquellos conquienes estaba bailando para crear una interacción sana.El trabajo hecho durante ese concierto es algo que no puedoolvidar. El reino del C.I. que comprendí esa noche no era la "danza"sino el vivir, las fuerzas que se juegan cuando dos personas bailanson las que existen en el cotidiano, el ser mas fuerte queexperimente no era otro que yo mismo. Quede con el permanentedesafió de asumir ese ser mas fuerte en la vida diaria así como laresponsabilidad de adquirir una verdadera y sana comunión con laspersonas que me encuentro todos los días. Supongo que esta es unatarea universal para todos los seres vivos, de todas maneras recibímucha fuerza y energía focalizada específicamente del trabajo en elC.I.Me doy cuenta ahora que para continuar con este trabajo deboencarar el proceso de transmisión. Parece que con el entendimiento yla experiencia de las fuerzas en juego en el C.I., recibir setransforma en transmitir, el estudiante en profesor, la danza endarse. Parece muy natural y no dudo de pensar que cualquiera quetenga suficiente experiencia con el Contact siente este cambio derol. No me sorprende que haya ahora tantos profesores de C.I.La danza recién se esta empezando a expandir a un nivel social,en nuestra sociedad. ¿Cual será la dirección de esta expansión? ElContact ha sido creado en el contexto del mundo de la danzaartística. Es un buen lugar pero de todos modos la tradición deposesión y propiedad entre artistas es perjudicial para el C.I. Misueño es que el Contact crezca hasta volverse una función social.Periódicamente la gente de una misma área se juntará para un día ouna semana de danza, con el solo objetivo de reforzar la comunidad y

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de desarrollar ese ser interior fuerte dentro de cada uno a la vistade todos aquellos con quien uno vive. Caminar por la calle y saludara alguien, hacer las compras y toda interacción cotidiana se daráentonces en una base más verdadera y real, logrando un clima generalmas sano. Esto puede parecer muy lejano pero siento que el principioesta a la mano y en vista de esta dirección es obvio que necesitamos:Seguir bailando y ahondando nuestra experiencia y familiaridadcon las fuerzas en juego en el C.I.Mantener la comunicación abierta. Por ejemplo esta publicación:Dar y recibir cooperativamente la información y la experienciadestilada del bailar y enseñar.La clase que intente comenzar en Bennignton este verano nofunciono. Volveré a intentar juntar alguna gente para bailar denuevo este otoño. Supongo que cosechare manzanas. Aquí lasestaciones están cambiando, el color de los árboles, las noches másfrías y los días más cortos, nuevos sentimientos que surgen ytodavía no encajan con comodidad. Espero volver a ver a alguno deustedes, quizás nuevamente en la costa oeste este año. TRADUCCIÓN : MARINA TAMPINI