PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO Jones... · Maranhense ... de grupos literários...

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC SP Mary Jones Ferreira de Moura Aquino Organização e imprensa estudantil no Colégio de São Luiz e Liceu Maranhense: processo de formação de uma elite letrada (1949-1958) Mestrado em Educação: História, Política, Sociedade São Paulo SP 2016

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC – SP

Mary Jones Ferreira de Moura Aquino

Organização e imprensa estudantil no Colégio de São Luiz e Liceu

Maranhense: processo de formação de uma elite letrada (1949-1958)

Mestrado em Educação: História, Política, Sociedade

São Paulo – SP

2016

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC – SP

Mary Jones Ferreira de Moura Aquino

Organização e imprensa estudantil no Colégio de São Luiz e Liceu

Maranhense: processo de formação de uma elite letrada (1949-1958)

Mestrado em Educação: História, Política, Sociedade

Dissertação apresentada à Banca

Examinadora na Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo, como exigência

parcial para obtenção do título de MESTRE

em Educação: História, Política, Sociedade,

sob a orientação do Prof. Doutor Daniel

Ferraz Chiozzini.

São Paulo – SP

2016

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BANCA EXAMINADORA

_____________________________________

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Para Wagner Aquino Reis Ferreira,

amor e companheiro de todas as horas.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pela força recebida em todos os momentos desta caminhada.

Agradeço à minha família FERREIRA DE MOURA E AQUINO REIS, que de perto e

de longe fazem parte da minha construção pessoal e profissional.

Agradeço ao Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação: História, Política e

Sociedade (EHPS), pelas orientações gerais no decorrer deste percurso.

Agradeço ao professor Daniel Ferraz Chiozzini, meu orientador, pelo auxílio no

processo de definição do objeto a ser pesquisado e o direcionamento no decorrer do

trabalho.

Agradeço ao professor Mauro Castilho Gonçalves e a professora Raquel Discini de

Campos pela avaliação atenciosa no Relatório de Qualificação que muito contribuíram

na conclusão deste trabalho.

Aos professores do programa EHPS, que me ensinaram a trilhar os caminhos na área da

educação.

A Elisabete Adania, a Betinha, sempre atenciosa e prestativa.

Agradeço ao Grupo de Pesquisa Intelectuais e Instituições Educacionais do EHPS, pelos

momentos de aprendizagem.

Agradeço aos colegas do programa pelos momentos de escuta, força e descontração que

me proporcionaram.

Aos companheiros e companheiras da Pastoral Universitária, que foram também ponto

de apoio nesta jornada.

Aos funcionários da Biblioteca Pública Benedito Leite, do Arquivo Público do Estado

do Maranhão, da Inspeção Escolar, do Conselho Estadual de Educação e do Liceu

Maranhense, pela atenção dada.

Ao CNPQ – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, pelo

apoio financeiro.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1

Capítulo 1

OS ESTUDOS SOBRE A IMPRENSA ESTUDANTIL ................................................ 20

1.1 O lugar da imprensa nas escolas ativas ................................................................. 25

1.2. A imprensa estudantil no Colégio de São Luiz .................................................... 33

1.3. A imprensa estudantil no Liceu Maranhense ...................................................... 44

Capítulo 2

OS IMPRESSOS ESTUDANTIS E SUAS PRINCIPAIS TEMÁTICAS ...................... 54

2.1. Posicionamento político nos impressos estudantis ............................................... 56

2.2 O cultivo pelas letras da Atenas Brasileira ........................................................... 67

2.3. O cotidiano escolar ................................................................................................. 74

Capítulo 3

SÃO LUÍS EM MEADOS DO SÉCULO XX ................................................................ 82

3.1. As instituições escolares da cidade: o Colégio de São Luiz e o Liceu

Maranhense .................................................................................................................... 86

3.2. São Luís: entre luzes e contradições de uma geração.......................................... 93

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 100

REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 105

ANEXOS ....................................................................................................................... 111

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RESUMO

A pesquisa investiga, por meio de impressos estudantis, as organizações discentes

existentes entre 1949 a 1958 no Colégio de São Luiz e Liceu Maranhense, escolas

localizadas em São Luís do Maranhão. No Colégio de São Luiz, de ensino privado,

temos o Grêmio Cultural e Recreativo ―Luiz Rêgo‖ com o jornal Avante (1949-1950).

No Liceu Maranhense, de ensino público, os alunos organizavam-se em Grêmio e

Centro Liceista com seus respectivos jornais: Folha Estudantil (1951), O Estudante de

Atenas (1956-1957) e O Liceu (1957-1958). Essas organizações estudantis publicavam,

em seus impressos, textos literários do cotidiano escolar e relacionados às questões

políticas da cidade e do país. Os jornais ainda publicavam anúncios, circulando,

também, fora das instituições escolares. Esses impressos são publicados quase que

concomitantemente à emergência, nos anos finais da década de 1940, de um grupo de

jovens escritores, com suas publicações na imprensa corrente, despontam como

inovadores literários e, nos anos posteriores, críticos da realidade política e social

maranhense. Procura-se problematizar esse grupo – presente na memória coletiva da

cidade como ―Geração Maranhense de 45‖ – para uma melhor compreensão do

movimento e investigação das relações com as publicações dos estudantes organizados.

Pretende-se, também, compreender a dinâmica de sociabilidade que os impressos

estudantis proporcionavam entre os estudantes, contribuindo para o entendimento das

práticas discentes no contexto da cultura escolar das instituições escolares. Para análise

dos jornais, foram utilizados os referenciais metodológicos de Cruz e Peixoto (2007) e

Luca (2011) e a investigação sobre a sociabilidade empreendida pelos impressos

estudantis de Sirinelli (1998).

Palavras-chave: História da Educação; Cultura Escolar; São Luís do Maranhão;

Organização Estudantil; Imprensa Estudantil.

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ABSTRACT

The present research investigates the different student organizations spawned between

the years of 1949 and 1958 at the Colégio de São Luiz and the Liceu Maranhense. Both

schools are located in the Brazilian city of São Luís, Maranhão state.

At the Colégio de São Luiz, a private institution, there is the Grêmio Cultural e

Recreativo "Luiz Rêgo", responsible for publishing the newspaper Avante (1949-50). At

the Liceu Maranhense, a public institution, the students organized themselves in social

fellowships or fraternities. Each had it's own newspaper: Folha Estudantil (1951), O

Estudante de Atenas (1956-57), and O Liceu (1957-1958). Such organizations published

literary texts on the school's everyday life and local and national political issues, as well

as advertisements, circulating both in and outside the school. All such publications exist

almost concomitantly to the emergence of a group of young writers in the late 1940s,

prominent literary innovators and, in the following years, critics to the political and

social life in Maranhão.

This paper aims to problematize this group -- present in the collective memory of the

city as the "Geração Maranhense de 45" --, in order to better understand the movement,

and to better investigate the relationships with student organizations' newspapers. This

paper also intends to understand the dynamics of sociability promoted by the student

press among students, contributing to the understaing of their practices in the context of

school culture of institutions. For the analysis of the newspapers, we used the referential

methodology of Cruz and Peixoto (2007), and Luca (2011), and the investigation on

sociability undertaken by Sirinelli's student press (1998).

Keywords: History of Education; School Culture; São Luís do Maranhão; Student

Organization; Student Press.

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INTRODUÇÃO

A formulação do objeto de pesquisa partiu do meu interesse pela história da

educação maranhense, dos anos pós-Estado Novo, precisamente em 1950, no qual

circulava nos centros urbanos do país a crença no desenvolvimento, no progresso e na

mudança de ordem urbano-industrial. Havia a convicção de que o avanço econômico do

país exigia a melhor formação de sua população. Esse melhoramento só seria eficaz

quando o sistema escolar brasileiro se estruturasse para levar o tão desejado

desenvolvimento do país, atendendo ao modelo urbano-industrial. Anísio Teixeira

(1977, p.78) defendia uma mudança educacional inserida nesse contexto.

Além do desenvolvimento econômico, em que estamos todos imersos,

há uma extrema necessidade de desenvolvimento educacional. Sem

desconhecer que essa educação, sob muitos aspectos, será uma

educação que nos habilite a tomar sobre os ombros a tarefa dos novos

métodos e processos da produção material.

O debate sobre a educação básica se reacendeu entre determinados grupos com

interesses antagônicos no âmbito das elites intelectuais e econômicas, manifestando-se

através de publicações e ações como A escola brasileira e a estabilidade social (1957),

de Anísio Teixeira, o Manifesto de Educadores ao Povo e ao Governo, em 19591, e a

Campanha em Defesa da Escola Pública (estatal), em 1960, que resultariam em 1961 na

aprovação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n. 4.024/61), prevista

pela Constituição de 1946.

Ao pesquisar a educação no Maranhão, encontrei a dissertação de mestrado Do

velho ao novo: política e educação no Maranhão, de Maria Núbia Bonfim Pinto,

defendida em 1982 na Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV-RJ). A

pesquisa retrata, em época posterior às campanhas já citadas, a política educacional do

Maranhão estabelecida pelo governo de José Sarney (1966 a 1970), caracterizada como

símbolo do novo/moderno e incorporada ao projeto político de desenvolvimento para o

estado. Embora a dissertação trate do período de 1966 a 1970, a autora retrocede às

décadas de 1940 e 1950 para discutir o cenário educacional e político do estado. O

referido trabalho ajudou a localizar pistas sobre história política, econômica e

educacional do estado.

1 Articulação que ocorreu, em 1959, de um grupo de educadores mobilizados em decorrência da

polêmica tramitação no Congresso Nacional da primeira LDB (Lei n. 4.024/61).

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Cabe lembrar, a dissertação citada sobre a política educacional maranhense tem

como foco o período posterior à aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação,

porém, menciona o contexto da década de 1940 e 1950, momento de inserção de José

Sarney no movimento cultural da capital maranhense, chamado pela historiografia local

de ―Geração Maranhense de 45‖2, e de sua ascensão política no cenário da hegemonia

política que o Senador Vitorino Freire detinha no estado, sendo classificado, portanto,

como oligarca do período.

Ademais, após realizar outras leituras sobre o Maranhão do início da república

brasileira, constatou-se de modo recorrente, na historiografia maranhense, a afirmação

de que o estado andava, no início do século XX, na contramão quanto aos planos de

modernização da república brasileira. Assim, na coletânea São Luís do Maranhão:

novos olhares sobre a cidade (2012)3, as autoras Carmem de Jesus Rabelo de Sousa,

Juliana Carneiro Barbosa Cordeiro e Natércia Crystina Freitas Morais tratam de

variados temas do cotidiano da cidade no século XX, mas com a ênfase nas primeiras

décadas do século passado. Nesse momento, a capital do estado, São Luís, não havia

passado por reformas estruturais de modernização, como ocorreu em outras regiões do

país, e esse cenário foi se modificando a partir dos anos de 1930 e 1940 com as ações

dos governos municipal e estadual. Além dessa coletânea, no livro Maranhão: do

europeísmo ao nacionalismo. política e educação, de Maria Regina Nina Rodrigues

(1993, p.62), a autora destaca que ―o Maranhão vivia em situação de inferioridade em

relação aos outros estados da Federação, notadamente Sul e Sudeste‖.

No tocante à economia, o estado estaria, no início do século XX, ainda

reorganizando seu sistema agroexportador, não havendo uma expansão de produtos

agrícolas como ocorreu na região sudeste com a produção cafeeira. O parque fabril

também não alterou a situação, mesmo sendo uma alternativa de recuperação

econômica, visto que

2 Essa expressão será utilizada para classificar um movimento literário de escritores

maranhenses, para não confundir com a terceira geração do modernismo brasileiro chamada de

―Geração de 45‖. No decorrer deste trabalho, esse grupo será analisado. 3 Coletânea organizada por Elizabeth Sousa Abrantes, doutora em História Social pela

Universidade Federal Fluminense (UFF), e Sandra Regina Rodrigues dos Santos, doutora em

Políticas de Educação e Sistemas Educativos pela Universidade Estadual de Campinas

(UNICAMP). Ambas são professoras do Departamento de História e Geografia da Universidade

Estadual do Maranhão. Essa coletânea faz parte do Programa de Edição da Universidade

Estadual do Maranhão, alusivo à comemoração dos 400 anos da cidade de São Luís que ocorreu

em 2012.

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A euforia industrial que tomou conta de São Luís no final do século

XIX durou pouco, embora as fábricas que se estabeleceram nesse

período tenham funcionado até meados do século XX. A retração do

mercado devido à concorrência com outros estados, bem como

problemas de ordem tecnológicos, gerenciais, financeiros, trabalhistas

[sic] levaram a uma crise que se tornou mais profunda a partir de 1930

(BARBOSA, 2005, p.15-6).

Além disso, no campo cultural, enquanto no eixo Rio-São Paulo a arte brasileira

era um tema que suscitava intensas discussões na década de 1920, culminando na

Semana da Arte Moderna em São Paulo, no Maranhão, particularmente na capital, tal

efervescência cultural resultou em uma renovação literária voltada a uma ―reedição da

mitologia da Atenas Brasileira‖ (CORRÊA, 1989, p.36). Ou seja, houve uma renovação

de grupos literários que reacendeu o esplendor e o prestígio da literatura maranhense4.

Assim, o Movimento Modernista, marcado pela Semana de Arte Moderna de 1922,

―chegou tardiamente à capital maranhense, cujo contexto literário estava arraigado a um

passadismo estético (Simbolismo e Parnasianismo)‖, segundo publicação da poetiza

maranhense Rosemary Rêgo (2010, p.1) no suplemento cultural e literário Guesa

Errante5, edição de número 221.

Entende-se que esse ―chegar tardiamente‖ da renovação literária aconteceu nos

anos de 1940 e 1950 com a presença de jovens intelectuais, chamados de ―Geração

Maranhense de 45‖, devido ao fato desses jovens terem se engajado na política,

chegando a governar o Maranhão na década de 1960. Os nomes que atuaram foram:

José Tribuzi Pinheiro Gomes (Bandeira Tribuzi); José de Ribamar Ferreira (Ferreira

Gullar); José Carlos Lago Burnett (Lago Burnett); José Ribamar Ferreira de Araújo

Costa (José Sarney), Lucy Teixeira, Carlos Madeira, Domingos Vieira Filho, Luis

Carlos Bello Parga, Erasmo Dias, José Brasil, Franklin de Oliveira, Osvaldino Marques

4 Segundo Corrêa (2001, p.29), a expressão Atenas Brasileira correlacionou o principium

sapientiae grego ao papel desempenhado pelo Grupo Maranhense (João Lisboa, Gonçalves

Dias, Gomes de Sousa e Odorico Mendes) no desafio de responder às exigências constitutivas

de uma cultura brasileira. Representou, na verdade, um autorretrato dourado da sociedade

senhorial gonçalvina, feito por meio da dimensão literária da intelectualidade. Essa expressão

circulou no jornal O Combate de 23 de novembro de 1950, com a publicação de uma nota

informando aos leitores sobre o lançamento da sua página literária destinada aos trabalhos de

escritores locais e, segundo um trecho da nota, ―Esta página literária visa unicamente o

desenvolvimento cultural de nossa histórica Atenas Brasileira‖ (O Combate, 23 nov. 1950, p.3). 5 O suplemento cultural e literário Guesa Errante, do Jornal Pequeno, foi publicado pela

primeira vez em 3 de março de 2002, e após exatas 53 edições de publicações semanais, que

cobriram um espaço de doze meses, resultou no primeiro Anuário Suplemento “Guesa

Errante”, que saiu no dia 1o de março de 2003. O nome do suplemento, segundo seu editorial,

foi uma homenagem ao poeta Joaquim de Sousa Andrade, o Sousândrade, e a sua obra O Guesa,

além de homenagear a língua portuguesa (SANTOS, 2008).

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e outros que fizeram parte desse universo de produções literárias maranhenses. Esse

grupo frequentava a Movelaria Guanabara6, que ―se transformava a partir das cinco da

tarde num fervilhante centro cultural da época‖, onde se discutia de tudo, desde ―um

livro terminado de ser lido ou, [...] um artigo que alguém estava querendo escrever para

publicar no dia seguinte em O Combate7, o lançamento de um novo livro de um deles

ou pequenos licutes políticos, culturais e sociais‖ (TEIXEIRA, 2010, p.A5). Além disso,

nesse mesmo ambiente, eram debatidos caminhos de intervenção intelectual na

realidade maranhense com atividades literárias e produção de revistas como A Ilha,

Malazarte, Legenda etc. (PINTO, 1982). Entende-se que esses jovens faziam parte do

grupo de escritores maranhenses que renovaram e vitalizaram o ambiente cultural

estadual no pós-guerra pelo pertencimento que tiveram em locais e em produções em

comuns entre os seus membros.

6 Loja de móveis de propriedade do artista plástico maranhense Pedro Paiva Filho, ―se tornou

famosa pelas reuniões diárias dos jovens intelectuais de São Luís‖ (CORRÊA, 1989, p.67). Na

declaração de Gullar (2015, p.20), o artista plástico ―Pedro Paiva Filho, era dono de uma

pequena loja de móveis na rua do Sol, perto da praça João Lisboa, que se tornaria o ponto de

encontro da turma‖. Na década de 1950, em publicação do Jornal do Povo de 1952, Lago

Burnett, ao anunciar com tristeza o fechamento desse estabelecimento comercial, afirmou que a

Movelaria Guanabara foi o lugar em que ―se reuniu a nossa geração‖, e ainda a caracterizou

como ―igrejinha‖: ―A igrejinha de inúmeros rapazes, entre eles, poetas, contistas, pintores,

ensaístas, etc.‖ (p.2). 7 Segundo Catalogo da Biblioteca Pública Benedito Leite, O Combate, fundado em São Luís em

1925, apresentava fortes ligações ideológico-partidárias, por isso seu conteúdo era

essencialmente político. Historicamente, fazia oposição aos governos estaduais, criticando-os.

Publicava também um grande número de anúncios comerciais. Em 1938, devido à política

implementada por Getúlio Vargas, passou um bom tempo sem ser publicado, retornando em

1945 sem o seu subtítulo: Partido Republicano.

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Figura 1: Imagem da Movelaria Guanabara com alguns de seus frequentadores.

Fonte: <http://frarte.blogspot.com.br/2012/09/movelaria-guanabara.html#>

Logo, parece que as ações modernistas, recebidas de forma impactante em São

Luís a partir da segunda metade da década de 1940 e nos anos 1950, tenham sido

interpretadas na assertiva de Ângela de Castro Gomes como

[...] um sinal de mudança radical, afirmando-se como um paradigma

de modernismo e modernidade nacional. Tal paradigma seria

retomado e consolidado, cuidadosamente, pelo trabalho de muitos

intelectuais, entre os quais os próprios modernistas paulistas e vários

críticos literários atuantes nas décadas de 1950 e 1960, que

estabeleceram uma história-memória do movimento modernista em

todo país (GOMES, 1999, p.12).

O Maranhão, nas primeiras décadas do século XX, estava em uma situação de

―atraso‖ diante dos acontecimentos políticos, econômicos e culturais da República

Brasileira, mas a partir dos anos de 1930 esse cenário começou a sofrer algumas

transformações. Para Juliana Carneiro Barbosa (2005, p.26), no campo educacional

maranhense, as discussões e ações ficaram a cargo dos órgãos governamentais, sem

muitas mudanças.

Outro fator a ser destacado é que apesar das obras dos poderes

públicos terem incluído nesse período das décadas de 1930 e 1940 a

construção do palácio da educação, da colônia de psicopatas e do

pronto-socorro Getúlio Vargas, obras de grande valor para a

população ludovicense, a maioria destas obras se limitava à

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construção e reforma de vias públicas. Quando o governo se referia a

uma obra como o Palácio da Educação, sede do Liceu Maranhense,

tentava justificar a sua importância pelo grande valor estético que iria

proporcionar à cidade, muito mais que pelo seu valor educacional.

Entretanto, algumas fontes primárias da década de 1930 localizadas permitem

problematizar essa afirmação. O livro Questões de Educação: contribuição aos

problemas educacionais maranhenses, do professor Luís Moraes Rêgo8, diretor, em

1934, da Escola Normal, apresenta na forma de relatório que o Maranhão, em matéria

de educação, aproximava-se do movimento educacional que se operava no país naquele

momento. Segundo ele, havia um contato dos educadores do Maranhão com o

Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova – a Escola Nova –, que foi publicado em

1932 e organizado por intelectuais como Fernando de Azevedo, Lourenço Filho e

Anísio Teixeira. Este era um programa de renovação educacional que propunha inserir a

escola no mundo moderno, discutindo a finalidade da educação (função social com base

na atividade e na produção), o papel do Estado (dever do Estado em proporcionar uma

educação integral e pública de caráter oficial, laica, gratuita e obrigatória), a

incorporação dos estudos do magistério à universidade (elevando a formação docente),

incluindo uma autonomia técnica e administrativa dos profissionais para desenvolver a

obra educacional e, por fim, a adaptação da escola para os interesses regionais.

O professor Luís Rêgo relacionava o ensino maranhense com o Manifesto dos

Pioneiros da Educação através dos esforços quanto à organização e aos resultados

obtidos na formação dos professores da Escola Normal. Porém, lamentava que as

condições econômicas do estado não favorecessem a melhoria das condições

educacionais locais, e destacava:

Considerando, a nossa situação, de deficiência material, as realizações

já existentes e o pessoal aparelhado e disposto a produzir, agiganta

[sic] o trabalho maranhense, tão apagado na modéstia de sua feitura,

mas altivo e digno pela nobreza de sua boa intenção. (RÊGO, 1934,

p.11)

8 O professor Luiz de Moraes Rêgo é destacado no Dicionário de educadores no Brasil (2002,

p.709) como um intelectual, um educador que contribuiu para que chegasse ao conhecimento

dos professores maranhenses o ideário da Escola Nova a partir da década de 1930. Além disso,

―pôs em prática o ideário da Escola Nova, por meio de iniciativas como: [...] Clube pedagógico

e Clubes Agrícolas; instituição de concursos de cálculo, horário de leitura, momento

educacional, [...]; torneios esportivos; publicação da revista Educação e do Jornal do

Estudante‖.

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Entende-se, a partir dos relatos, que há uma comunicação dos profissionais da

educação maranhense no contexto das discussões dos planos nacionais quanto à

organização institucional e aos esforços para alcançar seus objetivos, porém a escassez

econômica serviu de argumento governamental para retardar os investimentos para a

modernização do ensino maranhense.

Não obstante, ao apresentar a situação do ensino maranhense baseando-se na

atuação da Escola Normal, localizada na capital, o professor Luís Rêgo (1934, p.40),

dentre outros assuntos, destacava que a carreira do professor dependia da sua

valorização financeira; mas argumentava que, no Maranhão, não era possível aplicá-la

devido à situação financeira do estado, afirmando que ―devem ser consideradas as

possibilidades de desenvolvimento das fontes econômicas‖. Relata, ainda, que as taxas

escolares no Maranhão eram entraves ao acesso de estudantes ao ensino secundário,

resultando ―graves embaraços à formação da cultura média nacional, necessária à

representação das forças vitais do país‖. Era, portanto, ―inadiável uma revisão nas

taxas‖ (p.73). Além da crítica às taxas escolares, critica o processo de avaliação para o

aproveitamento escolar que, para ele, ―está reconhecido e provado ser falso, nada

representando‖ (p.59).

Na década de 1940, o professor Luiz de Moraes Rêgo foi nomeado pelo então

interventor do estado Paulo Ramos para Diretor da Instrução Pública. Segundo relatório

apresentando ao interventor em 1941, o professor Luiz Rêgo procurou, no exercício de

sua função, expandir o ensino primário no interior do Maranhão, além de incentivar a

produção de impressos por parte de professores e alunos, pois para ele essa produção

fazia parte da formação de ambos. Portanto, podemos, com as devidas proporções,

chegar à conclusão de que o Maranhão não estava tão aquém das discussões

educacionais e das discussões da atuação do magistério.

Mesmo existindo, na primeira metade do século XX, um descompasso do

Maranhão com outros centros urbanos do país no que se refere a política, economia,

cultura e educação, o mesmo não acontecia com os jornais: ―o processo de

transformações políticas, econômicas, sociais e, especialmente, culturais [...] teve no

jornalismo uma força de ressonância ímpar, sendo mesmo impossível dissociar o modo

de vida urbano triunfante e a propagação de periódicos‖ (CAMPOS, 2012, p.50).

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Em levantamento realizado no catálogo da Biblioteca Pública Benedito Leite, foi

encontrado um número significativo de jornais que circularam na capital maranhense na

década de 1940 e 1950, tendo um registro de 59 jornais, sendo dezenove produzidos por

estudantes (ver Tabela 1 em Anexos). Assim, constata-se a força do jornalismo na vida

urbana de São Luís pela propagação de diversos periódicos que, além de serem lugares

de circulação e de formação de ideias, sejam de estudantes ou não, representam grupos

sociais que compartilham padrões culturais estabelecidos. Nessa perspectiva,

particularmente os impressos produzidos por estudantes ―mantêm uma relação intensa

com a sua época, revelam, são produzidos e produzem tempos e espaços‖ (AMARAL,

2002, p.121). Além disso, os impressos estudantis situam-se entre as publicações da

imprensa periódica educacional9, oferecendo dados para a compreensão da História da

Educação. Logo,

[...] torna[m]-se um guia prático do cotidiano educacional e escolar,

permitindo ao pesquisador estudar o pensamento pedagógico de um

determinado setor ou de um determinado grupo social a partir da

análise do discurso veiculado e da ressonância dos temas debatidos,

dentro e fora do universo escolar (CATANI; BASTOS, 2002, p.5).

A partir dos impressos, a História da Educação se reconfigura dando ―ênfase nos

suportes materiais da produção, circulação e apropriação dos saberes pedagógicos‖

(CARVALHO, 1998, p.34). Embora a historiografia da educação brasileira tenha

interesse por esses impressos, os estudos sobre os jornais produzidos pelos estudantes,

em relação aos estudos sobre os impressos produzidos por professores, ainda não

receberam a devida atenção por parte dos pesquisadores, conforme adverte Giana Lange

do Amaral (2002, p.123)10

,

Por sua vez, provavelmente pela inconstante periodicidade,

dificuldade de acesso ou, quem sabe, por questões relativas à

―qualidade‖ dos textos que são produzidos, os impressos estudantis

não têm recebido a devida atenção dos pesquisadores, embora sejam,

também, uma fonte de pesquisa em potencial. Eles nos fornecem

configurações específicas da vida e da cultura escolar, onde se pode

constatar denúncias, expectativas e idealizações (principalmente dos

alunos) referentes à educação e ao cotidiano das escolas.

9 Segundo Catani e Bastos (2002, p.5) a imprensa periódica educacional é feita por professores

para professores, feita para alunos por seus pares ou professores, feita pelo Estado ou outras

instituições. 10

Coordenadora do Centro de Estudos e Investigações em História da Educação (CEIHE –

FaE/UFPel). Desenvolve o projeto ―Imprensa estudantil em Pelotas‖, acumulando

conhecimento a respeito desse tema.

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9

Os artigos sobre a imprensa estudantil como ―Os impressos estudantis em

investigações da cultura escolar nas pesquisas histórico-institucionais‖ (2002) e ―Os

jornais estudantis Ecos Gonzagueanos e Estudante: apontamentos sobre o ensino

secundário católico e laico (Pelotas/RS, 1930-1960)‖ (2013), desenvolvidos por Giana

Lange do Amaral, fazem parte das reflexões da autora sobre essa produção, iniciadas

em sua tese de doutorado Gatos Pelados X Galinhas Gordas: desdobramentos da

educação laica e da educação católica da cidade de Pelotas (décadas de 1930 a 1960),

de 2003.

As pesquisas de Amaral contribuem com a presente pesquisa por salientarem a

importância de ampliar o estudo da cultura escolar presente nas instituições escolares

através da participação dos discentes com seus impressos, que podem e devem servir

como fonte e objeto de pesquisa no campo da História da Educação. Além disso, ao

analisar os impressos estudantis de duas escolas distintas da cidade de Pelotas, Rio

Grande do Sul, Amaral estabelece as relações das instituições de ensino com a cidade

quando transfere o clima de disputas ideológicas entre o a Igreja católica e a Maçonaria

aos estudantes do Colégio Gonzaga, ensino católico, e do Colégio Pelotense, com

ensino laico e criado pela Maçonaria, observando as semelhanças e diferenças entre as

respectivas escolas e seus impressos estudantis.

Outra produção que dialoga com a presente pesquisa é a dissertação

Organização e imprensa estudantil no Instituto de Educação Sud Mennucci (1952-

1954) (2015), de Isis Sanfins Schweter, da Pontifícia Universidade Católica de São

Paulo, PUC-SP. Esse trabalho teve como foco a organização discente da Escola Normal

Sud Mennucci da cidade de Piracicaba – São Paulo através da imprensa estudantil,

associando à vida escolar as temáticas variadas como currículo, produções literárias,

cotidiano da escola, entre outras, além da sociabilidade exercida pelos discentes no

período da articulação e produção do impresso na cidade.

Além desses estudos, artigos publicados em revistas ou em anais de congressos

em História e Educação discutem o uso da imprensa, seja periódica ou educacional,

como fonte e objeto para a escrita da História da Educação também servem de suporte

para ampliar a contextualização dos impressos estudantis nos estudos educacionais.

Destacamos alguns textos: I) ―O jornal e suas representações: objeto ou fonte da

história?‖, trabalho apresentado no I Encontro Centro-Oeste de História da Mídia por

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Maurílio Dontielly Calonga (2012); II) ―No rastro de velhos jornais: considerações

sobre a utilização da imprensa não pedagógica como fonte para a escrita da história da

educação‖, texto apresentado em parte no IX Congresso Iberoamericano de História de

la Educación Latinoamericana (CIHELA) e publicado na Revista Brasileira de História

da Educação, por Raquel Discini de Campos (2012); III) ―Jornais e revistas estudantis

(1861 – 1967): o que diziam esses jornais? Quais os possíveis ideários estudantis?‖,

texto publicado pela E-Locação, revista científica da FAEX, por Hercules Alfredo

Batista Alves, Daniel Amaro Cirino de Medeiros, Marina Souza Coelho e Sara Duarte

Peres (2013); IV) ―A imprensa educacional liceista do Maranhão na Primeira

República‖, texto apresentado no V Congresso Brasileiro de História da Educação, por

César Augusto Castro e Samuel Luis Velásquez Castellanos (2008); V) ―As vozes da

imprensa estudantil no Maranhão (1900-1930)‖, texto apresentado no VI Encontro

Nacional da Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia, por Nathália

Azevedo (2008);VI) ―Escola Normal Rural e seu impresso estudantil‖, uma publicação

da Educação em Revista, por Flávia Obino Corrêa Werle, Lenir Marina Trindade de Sá

Britto e Gisele Nienov (2007).

Partindo dessas leituras e da análise de Amaral sobre a produção discente,

constata-se que, desde o século XIX, estudantes produzem seus impressos, havendo a

partir da década de 1930 um crescente aumento dessas produções. Não podemos

esquecer que a década de 1930 é marcada na história da educação pelo ideário da Escola

Nova, com o lançamento do Manifesto de 1932 conclamando ―ao povo e ao governo‖ o

projeto de uma nova política educacional pautada no reconhecimento da função social e

política da escola frente às necessidades modernas do país, ressaltando que a escola,

nesse ideário, ―deve, pois, reunir em torno de si as famílias dos alunos, estimulando e

aproveitando as iniciativas dos pais em favor da educação‖ (Manifesto..., p.143). Além

disso, o Manifesto de 1932 aponta também a importância da imprensa na educação dos

povos, pois cabe ainda à escola despertar e desenvolver ―o poder de iniciativa e o

espírito de cooperação social entre os pais, os professores, a imprensa e todas as demais

instituições diretamente interessadas na obra da educação‖ (Manifesto..., p.143).

Um autor que se destaca nesse cenário é Guerino Casasanta, que em 1939

publicou o livro Jornais Escolares, da coleção Atualidades Pedagógicas. O estudo de

Casasanta é resultado de pesquisas realizadas a partir de um inquérito entre os

professores de Minas Gerais, em 1933, sobre a produção de jornais escolas, quando o

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autor ocupou o cargo de Inspetor Geral da Instrução Pública de Minas Gerais. Para ele,

―o jornal escolar não é uma inovação‖, porém, no contexto do escolanovismo, teria ―por

objetivo vitalizar os trabalhos, imprimir-lhes movimento, cooperar para que os

programas tenham a eficácia educativa que deles se espera‖ (CASASANTA, 1939,

p.37).

Em resumo, sobre esse contexto da produção dos impressos estudantis,

constatamos na conclusão de Amaral (2002, p.123):

Embora se saiba que alunos de determinadas escolas, desde fins do

século XIX, editaram vários periódicos, é interessante salientar a

profusão de impressos estudantis que circularam em várias cidades

brasileiras entre as décadas de 1930 e 1960. A explicação para tal fato

deve ser buscada no contexto brasileiro da época, em que é crescente a

participação social e política dos estudantes. Ressalta-se também que

neste período a imprensa ainda representava um espaço fundamental

como meio de comunicação social. Ela estava aí, talvez como em

nenhuma outra época, a serviço de interesses das mais diversas

instituições e grupos sociais.

A partir desses estudos e de outros que seguem nessa direção, constatamos que

as análises dos impressos estudantis possibilitam uma abordagem da atuação dos alunos

em suas instituições escolares e suas relações externas aos estabelecimentos de ensino,

além da constituição da história das instituições escolares, de grande valor para a

história da educação. Cabe ressaltar, ainda, que a expressão ―jornal estudantil‖ refere-se

aos impressos produzidos por estudantes organizados em associações, grêmios ou

centros culturais, fazendo parte do ―protagonismo juvenil‖ expresso nos seus jornais.

Desse modo, esta pesquisa encontra-se no campo da História da Educação,

dentro da cultura escolar11

, tendo como voz dessa cultura novos sujeitos, nesse caso os

estudantes, e seus produtos. Além disso, esses novos sujeitos encontram-se inseridos

nas novas questões e temáticas lançadas pela Nova História Cultural que vem

reconhecendo a importância dos elementos culturais de grupos antes ignorados pela

historiografia. Segundo Carvalho (1998, p.32), essas novas abordagens ―vêm

redesenhando as fronteiras e redefinindo os métodos e objetos da História da

Educação‖. Esta investigação, portanto, consiste em analisar a atuação dos alunos

refletida na imprensa estudantil de duas instituições de ensino: o Colégio de São Luiz

11

Entendemos por cultura escolar a assertiva de Julia (2001, p.10): conjunto de normas que

definem conhecimentos a ensinar e condutas a inculcar, e um conjunto de práticas que

permitem a transmissão desses conhecimentos e a incorporação desses comportamentos.

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(ensino particular) e o Liceu Maranhense (ensino público), na cidade de São Luís,

Maranhão. Essa atuação estudantil está associada ao processo de mudanças que

envolveram o cenário da cidade nos anos de 1950. Além disso, procura-se analisar as

particularidades da cultura escolar dessas duas instituições de ensino – as aproximações

e os distanciamentos.

Os impressos estudantis que compõem o corpus documental da pesquisa são:

Avante (1949 e 1950), publicado pelo Grêmio Cultural e Recreativo ―Luiz Rêgo‖ do

Colégio de São Luiz, e Folha Estudantil (1951), Estudante de Atenas (1956 e 1957) e O

Liceu (1957 e 1958), ambos publicados, respectivamente, pelo Grêmio Liceista e Centro

Liceista do Colégio Liceu Maranhense. Esses impressos, como já mencionado, estavam

vinculados às associações estudantis, grêmio e centro cultural, e, através de suas

publicações, mostram ter por objetivos desenvolver o gosto artístico e literário nos

estabelecimentos de ensino, além de estimular atividades esportivas. O ponto comum

entre todos esses impressos é encampar como missão dos estudantes o esforço para a

volta da Atenas Brasileira, reforçando a memória social da cidade como um lugar de

excelência na esfera cultural do país.

O número de exemplares analisados foram treze e todos estão localizados no

acervo da Biblioteca Pública Estadual Benedito Leite, órgão vinculado à Secretaria de

Estado da Cultura do Maranhão, detentora de uma vasta coleção de jornais

maranhenses, além de obras raras, livros, revistas, microfilmes, manuscritos,

fotografias, tornando-se uma valiosa fonte de pesquisa para a escrita da história do

Maranhão. Vale ressaltar também que as escolas pesquisadas não oferecem a

possibilidade de encontrar exemplares desses jornais, pois o Colégio de São Luiz foi

extinto na década de 1990 e pouco dos documentos referentes a esse estabelecimento de

ensino foram localizados nos arquivos da Inspeção Escolar do Estado e no Conselho

Estadual de Educação. No caso do Liceu Maranhense, a escola possui um arquivo, mas

o acesso não foi permitido, suas estruturas estão impróprias para pesquisas e nem

mesmo na sala do grêmio da escola existe qualquer arquivo de documentos que

registrem sua história. Portanto, não teremos uma visão linear da vida dos exemplares

utilizados na pesquisa, mas um olhar que possa compreender a atuação dos estudantes

como grupo social.

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A opção pelas edições do impresso estudantil Avante do Colégio de São Luiz,

dos anos de 1949 e 1950, com seis exemplares, possibilitou demonstrar as práticas

educativas de um estabelecimento educacional de caráter privado. Sua primeira edição

ocorreu em outubro de 1949 (próximo do final do ano letivo) e as demais edições

seguiram nos meses de abril, maio, junho, agosto e setembro de 1950 (no decorrer de

quase todo ano letivo). Na perspectiva de ampliar um pouco mais os dados sobre o

cotidiano escolar da capital maranhense, buscou-se inserir outros exemplares de

impressos estudantis produzidos em anos posteriores a 1950. Localizamos na Biblioteca

Pública Benedito Leite os jornais estudantis Folha Estudantil, com um exemplar de

1951, O Estudante de Atenas, com quatro exemplares de 1956 e 1957, e O Liceu, com

dois exemplares de 1958, ambos do Liceu Maranhense, produzidos pelo grêmio e centro

liceista, respectivamente, totalizando sete exemplares – número significativo e que,

portanto, pode ampliar o quadro demonstrativo da atuação dos estudantes da capital

maranhense para os anos posteriores a 1950, acrescentando, ainda, nesta análise, uma

particularidade entre escola pública e privada nas práticas educativas.

O interesse em pesquisar a década de 1950 deve-se também ao fato que, nessa

época, circulava a crença no desenvolvimento, no progresso e na mudança do país,

inclusive na área educacional. Além disso, na capital maranhense, como já foi

mencionado anteriormente, o período foi marcado pelo panorama político e cultural de

jovens da ―geração maranhense de 45‖, que realizaram embates literários e de

resistência política através da organização de grupos literários, com produções literárias

em livros, revistas e jornais, além de publicações de caráter político. Podemos verificar,

de maneira breve, na análise de Costa (2001, p.66), que a construção histórica

maranhense desse período sobre essa ―geração‖ deve-se ao fato de que

[...] houve um processo de politização da discussão cultural, pelo qual

uma parcela da intelectualidade transitou da esfera especificamente

literária para as esferas do debate político e econômico, a militância

cultural se transformando em militância político-partidária.

Partindo dessa conjuntura, pretende-se entender as práticas discentes através

desses impressos, em diálogo com o contexto da época e com a hipótese de que os

jornais estudantis eram espaços de sociabilidade por não serem ―obras solitárias, mas

empreendimentos que reúnem um conjunto de indivíduos, o que os torna projetos

coletivos, por agregarem pessoas em torno de ideias, crenças e valores que pretendem

difundir a partir da palavra escrita‖ (LUCA, 2011, p.140).

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O corpus documental deste trabalho conta com – além dos jornais estudantis do

Colégio de São Luiz e do Liceu Maranhense – diversas fontes: I) artigos de jornais de

circulação local da época, como o Jornal do Povo, O Combate, Diário de São Luiz,

assim como outros jornais estudantis, vozes que retratam uma época e um lugar,

relacionando-os com assuntos que correspondem à cidade, aos jornais estudantis, às

escolas pesquisadas e à atuação dos seus estudantes; II) a revista Malazarte, outra fonte

da época, que marca a existência da produção dos jovens escritores intitulados

posteriormente de ―geração maranhense de 45‖; III) a imprensa corrente e as produções

acadêmicas e literárias; IV) livros e artigos que retratam a produção dos impressos

estudantis como elemento constitutivo de uma escola ativa e, também, os que fazem

referência ao cenário pesquisado; V) documentos oficiais, como os relatórios de notas

finais dos alunos da década de 1950, referentes ao Colégio de São Luiz e Liceu

Maranhense, que ajudaram na coleta dos dados sobre a organização e o funcionamento

dos referidos estabelecimentos de ensino.

Vale lembrar que as fontes são registros de uma sociedade com experiências de

um determinado tempo e lugar, e cabe ao pesquisador interpretar essas experiências por

meio da análise e não em estabelecer uma ―verdade‖ dos fatos obtidos com as fontes.

Assim, ―as fontes utilizadas em uma pesquisa devem ser intercruzadas e comparadas,

não com o objetivo de buscar os fatos considerados ‗verdadeiros‘, mas sim no sentido

de perceber as diferentes versões para os acontecimentos‖ (AMARAL, 2002, p.122).

Portanto, as fontes obtidas aparecem como caminhos que conduzem às novas

interpretações e à busca por novas fontes, possibilitando novas pesquisas.

Os procedimentos metodológicos realizados neste trabalho respaldam-se,

primeiramente, como já citado anteriormente, em utilizar os impressos estudantis ―não

apenas como fonte de informação para confirmação de análises, mas como objeto da

pesquisa histórica (LUCA, 2011, p.118) e, nesse caso, da pesquisa histórica

educacional. Cruz e Peixoto (2007, p.256) afirmam que, em ―diversos campos de

pesquisa, da comunicação à semiótica, da crítica literária à educação, a imprensa

aparece como fonte e também como objeto de pesquisa‖.

Depois desse entendimento sobre o corpus da pesquisa, procurou-se, a luz de

Luca (2011) e Cruz e Peixoto (2007), analisar o lugar da imprensa na construção

historiográfica, problematizando-a como porta-voz de interesses de grupos sociais na

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sociedade moderna; ou seja, entender a imprensa como instrumento que tem seus

interesses e intervém na vida social. Além disso, advertem essas autoras, os diversos

materiais da imprensa, como jornais e revistas, são documentos de uma época e falam

de um lugar social e de um determinado tempo.

Trata-se de entender a imprensa como linguagem constitutiva do

social, que detém uma historicidade e peculiaridades próprias e requer

ser trabalhada e compreendida como tal, desvendando, a cada

momento, as relações imprensa/sociedade, e os movimentos de

constituição e instituição do social que esta relação propõe. (CRUZ;

PEIXOTO, 2007, p.260)

Luca (2011, p.132) chama atenção para as variações na aparência dos periódicos

em diferentes momentos, que ―resulta da interação entre métodos de impressão

disponíveis num dado momento e o lugar social ocupado pelos periódicos‖. Essa

indagação vem nos alertar para aspectos que envolvem as condições materiais dos

impressos, como formato, tipo de papel, capa, presença ou ausência de imagens, a

divisão de conteúdos, a publicidade etc., que indicam sua intencionalidade e sua

historicidade.

Os procedimentos para a realização da pesquisa tiveram dois momentos. O

primeiro foi a localização das fontes e a averiguação das ―condições oferecidas para

consulta‖, como adverte Luca (2011, p.141), além do manuseio específico de cada uma

delas. Aí buscou-se mapear os exemplares dos impressos estudantis analisados na

pesquisa, identificando título, subtítulo, periodicidade, publicidade, corpo

organizacional, formato, tipo do papel e localização (ver tabelas 2 e 3 nos Anexos deste

trabalho). Esse processo inicial já fornece algumas pistas sobre a produção de

determinados impressos: ―títulos e subtítulos funcionam como ‗manchetes‘ [...] por

meio dos quais uma publicação procura anunciar a natureza de sua intervenção e suas

pretensões editoriais‖ (CRUZ; PEIXOTO, 2007, p.263). Ainda nesse primeiro

momento, o objetivo foi identificar a composição do projeto gráfico no que tange a

organização e a distribuição dos conteúdos inseridos no interior dos impressos

estudantis. No segundo momento da análise, foram contemplados os conteúdos das

matérias, incluindo os resumos de cada uma, agrupando-os em temáticas mais

recorrentes (ver Tabela 4 em Anexos).

Cabe, ainda, acrescentar na análise dos impressos estudantis a categorização de

sociabilidade feita por Sirinelli (1996, p.249) ao classificar revistas como espaços de

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―fermentação intelectual [...] viveiro e espaço de sociabilidade‖. Essa categorização

dada por Sirinelli para as revistas aplica-se, também, aos jornais, pois, ambos são

periódicos e não obras solitárias (LUCA, 2011).

Portanto, acredita-se que a produção dos impressos aqui analisados fazia parte

do contexto de uma época, seja por parte de grupos literários ou de instituições políticas

e escolares, que os utilizavam como meio de divulgação de suas ideias, seja por parte de

estudantes ou profissionais de diversas áreas. Verifica-se, por exemplo, esse fato no

primeiro editorial do jornal Avante (1949), periódico estudantil do Colégio de São Luiz,

escola de propriedade do professor Luiz Rêgo12

. Abaixo, destaca-se um trecho do

referido editorial:

Era nosso desejo, há muito tempo, fundar um órgão de imprensa, ou

simplesmente um jornal, para que, por intermédio desse periódico,

pudéssemos exprimir nossas ideias e pensamentos, e, desse modo,

formar ao lado dos nossos colegas dos outros colégios que tem o seu

jornal organizado. (Avante, 31 out. 1949)

Aliás, percebe-se ainda, através de uma nota do professor Luiz Rêgo – na

primeira página do jornal e em local de destaque – como é importante a construção de

jornais nesse contexto estudantil e na sociedade da época. Tal professor parabeniza a

iniciativa dos estudantes de sua escola de produzir um jornal para o colégio que

estivesse de acordo com a tradição dos jornais estudantis de outrora. A seguir, observa-

se a citada nota:

Parabéns.

Assim me dirijo a meus prezados alunos, aplaudindo a sua atitude e

estimulando o seu dedicado esforço, em fazerem ser publicado este

jornalzinho.

Bem compreendo o entusiasmo com que o jovem estudante prepara o

seu artigo, e com que alegria verifica-o publicado. É que passei por

essa fase, e guardo a melhor saudade do trabalho que empenhei com

os colegas de minha época, e relembro os instantes de alegria com que

líamos e relíamos o nosso pequeno jornal.

12

Além do Colégio de São Luiz, o professor Luiz Rêgo trabalhou em outros estabelecimentos

de ensino, o Liceu Maranhense, Colégio Rosa Castro, Colégio de Santa Tereza, Centro

Caixeiral, Escola Técnica de Comércio do Maranhão, Colégio Arimatéa Cisne e Colégio

Gilberto Costa, além da Faculdade de Farmácia. Foi diretor da Escola Normal do Estado e

Secretário de Educação nos governos Paulo Ramos e Neiva de Santana. No MEC, foi Inspetor

Regional do Ensino Comercial nos estados do Maranhão e Piauí. Membro da Academia

Maranhense de Letras, participou, na década de 1950, da fundação da Faculdade de Filosofia, da

qual fez parte do corpo docente. Também era sócio do Rotary Club de São Luís. Para mais

informações, consultar Rêgo, 1980.

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Tenho acompanhado o interesse e o entusiasmo a que se vem

entregando um grupo de ginasianos do meu Colégio, jovens decididos

em manifestar os seus anseios de estudantes de ideal, por intermédio

da palavra escrita e divulgada.

Venho acompanhando o trabalho vontadoso em conseguirem alguns

anúncios, a cooperação e a ajuda de professores, a colaboração de

colegas e o esforço para o preparo material do jornalzinho.

Daí bem se justificarem os meus parabéns.

Os meus votos são por que o jornal se constitua o arauto dos

sentimentos de uma mocidade sadia em inteligência e em coração.

(Avante, 31 out. 1949)

Esse periódico escolar, também teve a sua visibilidade na cidade ocupando

espaço na imprensa local. O jornal O Combate (1949), na sua primeira página, no canto

inferior esquerdo, publicou a seguinte nota sobre o referido jornal estudantil:

AVANTE

Pelos estudantes Luiz Fernando Rêgo, J. Mario, Mario Silva e F.

Ferreira, nos foi ofertado o primeiro número do jornalzinho Avante

que é órgão das 3a e 4

a série do Colégio de São Luiz e virá pugnar

pelos interesses da classe estudantil. Agradecendo fazemos votos de

felicidades e vida longa. (O Combate, 1o nov. 1949, p.1)

Além disso, não apenas o jornal estudantil Avante ganhou visibilidade em um

veículo de comunicação da cidade. O jornal Diário de São Luiz (agosto de 1949)

também trazia na sua pauta assuntos relacionados ao cotidiano escolar ao publicar o

discurso que o estudante Luiz Fernando Rêgo, do Colégio de São Luiz, e um dos

organizadores do ―jornalzinho‖ fizeram em homenagem ao dia do estudante,

pronunciado no Teatro Artur Azevedo em sessão solene. A circulação dos jornais

estudantis na imprensa oficial da cidade reflete relações entre a escola e a sociedade

maranhense daquela época, pois os jornais ―não são, no mais das vezes, obras solitárias,

mas empreendimentos que reúnem um conjunto de indivíduos, o que os torna projetos

coletivos, por agregarem pessoas em torno de ideias, crenças e valores que pretende

difundir a partir da palavra escrita‖ (LUCA, 2011, p.140).

O jornal estudantil, a partir da década de 1940, encontrou espaço como elemento

formador do ensino secundário através da Lei Orgânica do Ensino Secundário n. 4.244,

de 9 de abril de 1942, título Da vida escolar no seu Capítulo XIII, artigo 46, ao

estabelecer como trabalho complementar da vida escolar a organização e o

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desenvolvimento de entidades estudantis que promovam o gosto esportivo, artístico e

literário.

Os estabelecimentos de ensino secundário deverão promover, entre os

alunos, a organização e o desenvolvimento de instituições escolares de

caráter cultural e recreativo, criando, na vida delas, com um regime de

autonomia, as condições favoráveis à formação do espírito econômico,

dos bons sentimentos de camaradagem e sociabilidade, do gênio

desportivo, do gosto artístico e literário. Merecerão especial atenção

as instituições que tenham por objetivo despertar entre os escolares o

interesse pelos problemas nacionais. (BRASIL, 1942)

Essas orientações para a vida escolar, propostas por lei, podem ser observadas na

formação de grêmios, centros culturais, associações ou clubes estudantis que geralmente

mantêm como elemento divulgador de suas ações e ideias a organização e produção de

impressos que despertem o sentimento nacionalista, o gosto esportivo, artístico e

literário nutridos nos estabelecimentos de ensino, conforme orientações legais.

As informações circulavam em torno da produção jornalística, sendo essa

produção representada por diversos agentes sociais, disputando poder no campo das

ideias. Trabalhar com jornais, nas palavras de Campos (2012, p.66) ―significa

compreendê-los, portanto, muito mais como fragmentos verossímeis da cultura de um

tempo e de um espaço do que pensá-los como provas fidedignas do passado‖.

A partir dessas constatações, organizamos a dissertação em três capítulos. No

Capítulo 1, discute-se a imprensa estudantil no campo da história da educação com as

contribuições de Nóvoa (2002), Carvalho (1998), Catani e Bastos (2002) e Amaral

(2002), situando pesquisas que trabalham com essa temática, ampliando, assim, o olhar

sobre as diferentes maneiras de estudar a cultura escolar das instituições educacionais a

partir da atuação dos estudantes em seus impressos. Na sequência, problematiza-se o

lugar da imprensa nas escolas ativas, discutindo o papel educativo da imprensa

periódica, inclusive, como espaço de divulgação das ideias do movimento da Escola

Nova. Destacam-se as publicações que retratam o impresso estudantil como instrumento

pedagógico importante no processo educativo de uma época. A partir dessas discussões,

os impressos produzidos pelas organizações estudantis do Colégio de São Luiz e Liceu

Maranhense são analisados quanto às características de ordem material.

No Capítulo 2, os conteúdos que compõem cada periódico são analisados com

foco nos assuntos de teor literário, político e do cotidiano escolar. Esses assuntos são

agrupados em temáticas, tais como cultura literária, posicionamento político e cotidiano

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escolar. Por meio dessa análise, procura-se apresentar as ideias e as ações das

organizações estudantis dentro e fora do ambiente escolar, sendo possível, até mesmo,

observar o cotidiano de cada estabelecimento de ensino.

No Capítulo 3, apresenta-se uma breve história de São Luís – MA, cidade dos

estudantes, com suas respectivas organizações e instituições educacionais, e um sucinto

relato do Colégio de São Luiz e do Liceu Maranhense. O objetivo é melhor entender o

lugar de formação da classe estudantil. Por fim, problematiza-se o movimento literário e

político chamado de ―Geração Maranhense de 45‖, pois pretende-se entender a relação

desse grupo com a cidade e analisar a possível influência de suas ideias com as

organizações estudantis.

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Capítulo 1

OS ESTUDOS SOBRE A IMPRENSA ESTUDANTIL

É cada vez mais recorrente no campo dos estudos históricos a incorporação da

imprensa como documento de pesquisa. A análise da imprensa periódica, nas suas

diversas formas, jornais, revistas, almanaques, folhetins etc., ―permite apreender

discursos que articulam práticas e teorias, que se situam no nível macro do sistema, mas

também no plano micro da experiência concreta‖ (NÓVOA, 2002, p.11).

Na área educacional, é certo que a análise dos impressos tem se mostrado de

grande interesse para a História da Educação; e, no tocante aos estudos da imprensa

periódica educacional, os impressos, como suportes materiais, possibilitam várias

leituras da vida escolar. Ademais, os periódicos, além de representarem o testemunho

das concepções pedagógicas, mantêm relações com sua época e lugar. Na perspectiva de

Carvalho (1998, p.34), a História da Educação na sua pluralidade de domínios, abre

espaço para as investigações sobre os impressos de destinação pedagógica e seus usos

escolares. Essas investigações abrangem livros didáticos, manuais escolares, imprensa

periódica especializada em educação, bibliotecas escolares, coleções dirigidas a

professores etc.

Para Catani e Bastos (2002), a imprensa periódica educacional é o espaço das

publicações destinadas ou feitas por professores para professores, além das elaboradas

por alunos ou por professores para os demais alunos, ou, ainda, as elaboradas pelo

sistema educacional e por outras instituições ligadas à educação, como sindicatos,

partidos políticos, associações e Igreja, que recebem essa classificação. Ademais, o que

caracteriza a imprensa periódica educacional é a capacidade de captar ―vozes‖ de atores

muitas vezes ausentes na história educacional, ou ser um espaço que possibilite captar

acontecimentos locais e nacionais, além de ser um recurso de formação, de afirmações e

imposições de regras coletivas. Assim, os impressos estudantis encontram-se inseridos

nas publicações da imprensa periódica educacional pelo fato de serem produzidos em

instituições escolares com indícios da vida e da cultura escolar, como as práticas, os

ritos, os símbolos e seus valores.

A pesquisadora Giana Lange do Amaral, da Universidade Federal de Pelotas,

Rio Grande do Sul, que atualmente desenvolve pesquisas sobre impresso estudantil,

destaca o potencial dessa mídia como forma de compreender o universo da cultura

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escolar pela voz do aluno, sendo fonte em potencial para as pesquisas educacionais.

Assim, os impressos produzidos pelos estudantes, na assertiva de Amaral (2002, p.120)

―passam a ser novas fontes e/ou objetos a darem visibilidade à produção estudantil‖,

que, no campo da História da Educação, não têm recebido a merecida atenção dos

pesquisadores, quando comparadas às publicações voltadas à imprensa destinada aos

professores.

Os impressos estudantis são elaborados por grupos de alunos, em sua maioria

pelos grêmios ou por iniciativas individuais de estudantes de uma determinada escola,

com publicações vinculadas aos participantes da vida escolar e do momento histórico

vivido. Consideramos esses impressos

[...] um espaço em que são expressados complexos processos de

influência, de produção, de disseminação de opiniões e de

informações acerca das relações entre estudantes, professores, direção,

turmas de alunos, interações entre diferentes estabelecimentos

escolares e com a comunidade externa à escola; bem como acerca da

proposta formativa da escola, valores e objetivos compartilhados ou

que devam ser reforçados, reafirmados. (WERLE; BRITTO;

NIENOV, 2007, p 83)

No que tange à tipologia da imprensa estudantil, temos os jornais estudantis

organizados por iniciativa dos alunos e os jornais escolares elaborados com publicações

de alunos por iniciativa de escolas, de seus professores ou diretores. Há pesquisas que

destacam, dentro da imprensa estudantil, jornais produzidos por iniciativa dos

estudantes organizados ou pela instituição escolar. A seguir, destacamos alguns

exemplos de pesquisas que se apresentam dentro dessa perspectiva.

Amaral (2013), no artigo ―Os jornais estudantis Ecos Gonzagueanos e

Estudante: apontamentos sobre o ensino secundário católico e laico (Pelotas/RS, 1930-

1960)‖, faz análise de dois jornais estudantis produzidos pelos grêmios de instituições

de ensino secundário de educação laica e católica da cidade de Pelotas/RS no período de

1930 a 1960. Os periódicos são: o Estudante, de 1934, criado pelos alunos do Ginásio

Pelotense, e o Ecos Gonzagueanos, de 1943, criado pelos alunos do Ginásio Gonzaga.

Registra-se que o Ginásio Pelotense é uma instituição criada pela Maçonaria em 1902 e

transferida para o município de Pelotas em 1916, e o Ginásio Gonzaga é uma instituição

de ensino católica, criada pelos jesuítas em 1895 e dirigida a partir de 1924 pelos

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Lassalistas13

. Essas escolas apresentavam posturas bem diferentes junto à comunidade

da cidade, sendo analisadas a partir da participação discente através dos seus impressos.

Na publicação ―A imprensa educacional liceista do Maranhão na Primeira

República‖ (2008), os professores César Augusto Castro e Samuel Luis Velásquez

Castellanos, da Universidade Federal do Maranhão, destacam três jornais, A Inúbia

(1914), O Lábaro (1921/1923) e A Voz do Liceista (1936), todos publicados por

estudantes do Liceu Maranhense em fases distintas da política maranhense, com forte

repercussão na educação. Esses impressos, por serem publicados por estudantes do

Liceu Maranhense, modelo de ensino para a época, passavam a ser referência para os

estudantes de outras instituições de ensino de São Luís, capital do estado. Nos diferentes

números desses periódicos, os estudantes tecem críticas à sociedade, aos docentes e a

própria instituição de ensino à qual pertenciam, além das relevantes publicações

literárias.

Outro texto sobre a imprensa estudantil de São Luís do mesmo período, o artigo

―As vozes da imprensa estudantil no Maranhão (1900-1930)‖ (2008), da jornalista

Nathália Azevedo, faz uma leitura dos jornais que circularam em São Luís, Maranhão,

no início do século XX, produzidos por estudantes, participantes de grêmios, sociedades

ou clubes estudantis, e, também, produzidos por escolas, contextualizando os fatos

culturais, políticos e econômicos da época. A autora procurou identificar elementos do

processo de produção jornalística, compreender a relação dos jornais como os poderes

instituídos (escolas, governo e município).

Ainda nesse artigo, os jornais produzidos pelos estudantes são caracterizados

pela autora como os de perfil informativo, e os jornais produzidos pela escola, de perfil

institucional. Os jornais com perfil informativo são ―aqueles produzidos de forma

independente pelos próprios estudantes e que visavam relatar os acontecimentos, sejam

eles os mais variados como educacional, social e cultural‖ (AZEVEDO, 2008, p.5). Eles

eram mantidos graças a assinaturas dos associados e o público-alvo, além dos

estudantes, era a sociedade maranhense em geral. O jornal de perfil institucional

diferenciava-se ―por ser definido como porta-voz das escolas, tendo a participação do

alunado na sua produção‖ com objetivo de aperfeiçoar a instrução do estado; geralmente

13

Congregação religiosa de irmãos leigos fundada na França por São João de La Salle. Chegou

ao Brasil em 1907, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

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não recebiam assinaturas, ―por serem destinados exclusivamente aos alunos da escola, e

o custo era arrendando pela instituição‖ (AZEVEDO, 2008, p.10-1). Entre os assuntos

produzidos de perfil informativo pela juventude estudantil, há reivindicações pela volta

da imagem e da cultura intelectual da cidade e por reformas educacionais que sejam de

fato democráticas. Os periódicos de perfil institucional produziam matérias relacionadas

a ciência, história, língua portuguesa, além de notícias sobre a escola, divulgação de

notas, de bom comportamento etc.

Outro exemplo de publicação sobre jornal estudantil é o artigo ―Jornais e

revistas estudantis (1861-1967): o que diziam esses jornais? Quais os possíveis ideários

estudantis‖, dos autores Hercules Alfredo Batista Alves, Daniel Amaro Cirino de

Medeiros, Marina Souza Coelho e Sara Duarte Peres. O texto tem por objetivo discutir

os ideários estudantis da cidade de Campanha, Minas Gerais, através dos jornais

produzidos por alunos da cidade de 1861 a 1967. Os periódicos pesquisados pertenciam

a vários tipos de estabelecimento de ensino, nos quais os jovens divulgavam suas ideias

ou as escolas as divulgavam em nome deles; ou seja, muitos eram publicados por meio

de órgãos estudantis e por escolas da cidade. Mas a análise dessas publicações constata

que mesmo os jornais de iniciativa dos estudantes serviam para mostrar uma imagem

das escolas e pregar aquilo que estas defendiam, independente se públicas ou

particulares, masculinas ou femininas. Além disso, todos os jornais estudados e

apresentados no artigo mostravam o ideal da moral cristã introduzida pela Igreja

católica, a força que o catolicismo exercia estava estampada nas matérias dos jornais.

Merece destaque também o artigo de Flávia Obino Corrêa Werle, Lenir Marina

Trindade de Sá Britto e Gisele Nienov (2007), ―Escola Normal e seu impresso

estudantil‖, que analisa A Voz da Serra, jornal estudantil produzido pelos alunos da

Escola Normal Rural La Salle, de Cerro Largo, Rio Grande do Sul, no período de 1946

a 1950. Quanto ao tipo do jornal, A Voz da Serra, na sua primeira fase, identificava-se

como ―órgão interno da escola‖, passando a partir de 1948 a se anunciar como ―órgão

interno dos alunos da escola‖. O trabalho discute o conteúdo desse impresso e mostra

que, ao longo da sua existência, mesmo com os variados títulos que recebeu

mencionando a especificidade da escola como rural, os temas tratados no jornal não

davam prioridade ao mundo rural. Entre as publicações humorísticas e de torneios

escolares, o periódico não descuidava das recomendações religiosas e dos textos de

formação voltados para a profissionalização e moralização de costumes. A análise da

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publicação oferece um olhar sobre a proposta formativa de uma instituição escolar

masculina, cujo currículo estava voltado para a formação de professores, especialmente,

preparados para atuar na zona rural. Portanto, a análise desse impresso possibilitou um

tipo de abordagem nos estudos sobre a história de instituições escolares muito presente

no campo da História da Educação.

Isis Sanfis Schweter (2015), na sua dissertação Organização e imprensa

estudantil no Instituto de Educação Sud Mennucci (1952-1954), realizou uma pesquisa

sobre a organização discente do então Instituto de Educação Sud Mennucci, da cidade

de Piracicaba, São Paulo, por meio do seu impresso, o Sud Mennucci no período de sua

circulação, 1952 a 1954. Esse impresso, produzido por estudantes, publicava textos

como produções literárias e notícias sobre o cotidiano da escola, a relação com cidade, o

lugar da mulher, reivindicações por melhorias nas condições da escola etc. A análise da

pesquisadora consistiu em compreender a dinâmica de sociabilidade entre os estudantes

na organização e produção do impresso, contribuindo para o entendimento das práticas

discentes durante o período de circulação do jornal e da cultura escolar da instituição de

ensino. Vale ressaltar que os alunos responsáveis pela produção do Sud Mennucci

também faziam parte do grêmio da instituição escolar, porém o jornal não representava

o grêmio, pois apresentava-se como órgão estudantil da escola. Diferenciando-se de

outras produções do gênero, que geralmente representavam grêmios, associações ou

clubes estudantis, o jornal pode ser classificado como independente das instituições

discentes, mas com a presença de representantes destas. O estudo de seu conteúdo

aprofunda a análise da atuação discente e suas relações num determinado período da

história da educação e, particularmente, do espaço escolar.

A partir das pesquisas citadas sobre a imprensa estudantil, constatamos que os

jornais produzidos por alunos são práticas escolares que fazem parte da cultura escolar,

dando voz a esses sujeitos, pouco cogitados nas pesquisas educacionais. Além disso,

dentro da imprensa estudantil, o jornal produzido por alunos é o veículo mais utilizado

nas análises em diferentes lugares e segmentos de ensino. Nesta pesquisa, os jornais

analisados situam-se na imprensa periódica educacional estudantil.

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1.1. O lugar da imprensa nas escolas ativas

Sabemos que a imprensa estudantil é um importante conjunto de publicações da

imprensa periódica educacional, pois, além de captar vozes ausentes na história das

instituições escolares, é também instrumento de formação, afirmação e regulação

coletiva. Além disso, Sousa e Catani (1994, p.178), ao realizarem estudos sobre a

imprensa periódica especializada em educação voltada para a formação dos professores

e com publicações em São Paulo, já apontavam a contribuição desse tipo de análise para

―a compreensão histórica do sistema de ensino e [para] colocar novas questões acerca

da ‗cultura escolar‘‖. Porém não é apenas a imprensa periódica educacional que é

valorizada pelos historiadores da educação como fonte/objeto de pesquisa. A imprensa

periódica não especializada em educação também vem contribuindo para ampliação das

pesquisas histórico-educacionais, principalmente os jornais. Campos (2009, p.18) dá

pistas sobre essa ampliação do campo de pesquisas educacionais a partir dos jornais não

especializados em educação ao destacar que aqueles publicados nas primeiras décadas

do século XX tinham uma ―enorme força persuasiva e formadora não só de opiniões,

mas de representações coletivas, aspirações e crenças‖. Esses veículos, de uma maneira

ou de outra, têm por objetivo convencer o público a quem se destina. Portanto, com o

poder de convencimento e de formação do leitor, o jornal, através de seus textos, ou por

meio de imagens, pode ser ―educativo‖:

[...] os impressos editados no sertão paulista refletiam a realidade,

refratavam a realidade, perpetuavam a realidade, construíam e

reconstruíam a realidade, sempre buscando educar e moralizar o leitor.

Ensinando gostos e modos de ser por meio de escritos, fotos, poemas,

e crônicas, os diários noticiosos instruíam o público consumidor a

apreciar isto e não aquilo; a consagrar A e rejeitar B. (CAMPOS,

2009, p.21)

Dessa maneira, ao ampliar a noção de formação para além do sistema escolar,

entende-se que a educação na sociedade ocorre também através de publicações em

periódicos não especializados. Além disso, na perspectiva de Campos (2009, p.21),

Trabalhar com fontes que eram lidas e escritas por pessoas que não

estavam diretamente envolvidas com as temáticas pedagógicas das

décadas de 1920 e 1930 é apreender um universo cultural e

educacional mais abrangente, do qual os jornais são testemunhos

privilegiados e no qual a escola está inevitavelmente inserida.

Partindo dessa concepção, os periódicos que não se ocupam de questões

diretamente ligadas à educação podem ser considerados ricas fontes para o campo

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educacional, visto que os debates relacionados ao tema podem encontrar espaço nessas

publicações e chegar a determinados setores da população, ou também servirem de

instrumento de divulgação de um ideário educacional posto como modelo para a

sociedade. Anísio Teixeira (1900-1971), Lourenço Filho (1897-1970) e Fernando de

Azevedo (1894-1974) tornaram-se figuras representativas na esfera das disputas das

ideias educacionais no século XX; participando ativamente de publicações na imprensa

periódica, além de serem agentes políticos e educacionais. Na década de 1930, estes e

demais reformadores da educação elegeram a imprensa como veículo propagador de

suas ideias – e assim o fizeram com a publicação do Manifesto dos Pioneiros da

Educação Nova em 1932. Esse grupo de intelectuais, a partir de novas experiências

educacionais desenvolvidas em alguns estados da federação desde a década de 1920,

organizou um movimento de reconstrução educacional que ―culminou com a

‗declaração de princípios‘ do manifesto educacional, cuja ideia se originou nos debates

da IV Conferencia Nacional de Educação, reunida no Rio de Janeiro, em dezembro de

1931‖ (Manifesto..., p.121). Assim, os pioneiros esperavam um maior alcance de suas

ideias, almejando um importante impacto social.

Esse movimento de reconstrução educacional, a Escola Nova, concebia que a

escola necessitava ser reorganizada diante do contexto de modernização dos meios

produtivos da sociedade. A função social da escola precisava ter como base a atividade

produtiva e não apenas livresca. Ao Estado caberia o dever de proporcionar uma

educação integral e pública de caráter oficial, laica, gratuita e obrigatória. Havia

também a reivindicação quanto à incorporação dos estudos do magistério à universidade

(elevando a formação docente), à autonomia técnica e administrativa dos profissionais

para desenvolver a obra educacional e, ainda, à adaptação da escola para os interesses

regionais. Se os objetivos desse movimento ao publicar o Manifesto eram os de

propagar suas ideias para a educação brasileira, nada melhor que ocupar o espaço

privilegiado do jornal, veículo informativo e formativo da época.

A consciência do verdadeiro papel da escola na sociedade impõe o

dever de concentrar a ofensiva educacional sobre os núcleos sociais,

como a família, os agrupamentos profissionais e a imprensa, para que

o esforço da escola se possa realizar em convergência, numa obra

solidária, com as outras instituições da comunidade. [...] À escola

antiga, [...] se sucederá a escola moderna aparelhada de todos os

recursos para estender e fecundar a sua ação na solidariedade com o

meio social, em que então, e só então, se tornará capaz de influir,

transformando-se num centro poderoso de criação, atração e

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irradiação de todas as forças e atividades educativas (Manifesto...,

p.144).

Para os autores do Manifesto, a escola e a imprensa deveriam ter por objetivos,

construir uma educação renovada, num ambiente escolar vibrante capaz de traduzir as

ideias de modernização postas na sociedade. Além disso, a escola compartilha com a

imprensa a construção de educação renovada do cidadão brasileiro. Desse modo:

[...] a escola deve utilizar, em seu proveito, com a maior amplitude

possível, todos os recursos formidáveis, como a imprensa, o disco, o

cinema e o rádio, com que a ciência, multiplicando-lhe a eficácia,

acudiu à obra de educação e cultura e que, assumem, em face das

condições geográficas e da extensão territorial do país, uma

importância capital (Manifesto..., p.144).

Além da propagação do Manifesto, os pioneiros da educação nova mantinham

uma relação com a Coleção Biblioteca Pedagógica Brasileira. Essa coletânea era

destinada para formação de professores, respaldada nos ideais da Escola Nova que

defendiam a renovação escolar, passando pela formação de professores. Valdemarin

(2010), citando Carvalho e Toledo (2006), explicita claramente, essa situação:

No Brasil dos anos de 1920 e 1930, o livro é peça fundamental de um

programa de transformação da cultura nacional em que se engaja toda

uma geração de políticos e intelectuais. Nesse programa, a reforma da

escola tem lugar central e editar livros voltados para a formação

docente como Bibliotecas para professores é uma de suas principais

estratégias. Essas Bibliotecas organizam-se como espécie de

repertório de valores e de conhecimentos destinados a balizar a prática

docente. Trata-se de construir uma nova cultura pedagógica apta a

promover uma mudança de mentalidade do professorado, peça-chave

do programa de reforma da sociedade pela reforma da escola que

estava em curso. (CARVALHO; TOLEDO, 2006 apud

VALDEMARIN, 2010, p.121)

A coleção era composta por cinco séries: Literatura Infantil, Livros Didáticos,

Atualidades Pedagógicas, Iniciação Científica e Brasiliana, lançando-se como obra

especializada em literatura educacional.

Com a concepção do movimento do escolanovismo que diz caber a escola

desenvolver a ideia de participação dos indivíduos nas atividades coletivas para uma

preparação para a vida adulta, podemos considerar que o impresso estudantil passa a ser

um instrumento pedagógico importante, uma vez que estimula os alunos a organizarem

e produzirem conteúdo com a mediação do professor. Com isso em mente, Guerino

Casasanta, em 1939, publicou o livro Jornais Escolares, da série Atualidades

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Pedagógicas da Biblioteca Pedagógica Brasileira, no seu volume 32, pela Companhia

Editora Nacional; o objetivo era instruir o professorado nessa concepção educacional.

O livro é resultado de um inquérito realizado em 1933 entre os professores de

Minas Gerais, quando Guerino Casasanta ocupou o cargo de Inspetor Geral da Instrução

Pública daquele estado. Sua proposta de trabalho com os jornais escolares está

permeada pelos ideais do escolanovismo e atualiza o papel do professor e do aluno no

desenvolvimento do ensino e da aprendizagem:

Houve uma mudança de valores: o aluno começou a ser o centro das

preocupações da escola, lugar que era, antes, ocupado exclusivamente

pelo professor. E, por esse motivo, nova vida, mais bela e mais

encantadora, veio enriquecer e ampliar o ambiente escolar. O mestre

não caiu do seu pedestal e da sua dignidade: ao contrario, porque se

tornou mais compreensível à criança, interpretando-lhe as

necessidades, atendendo a seus anseios, passou a ser um ente

justamente querido e respeitado. (CASASANTA, 1939, p.12)

Caberia ao professor a tarefa de orientar os alunos nas suas diversas atividades

escolares, sendo a produção dos jornais escolares uma delas. Desse modo, o jornal

escolar é posto como atividade que auxilia a tarefa da educação, pois tem ―por objetivo

vitalizar os trabalhos, imprimir-lhes movimento, cooperar para que os programas

tenham a eficácia educativa que deles se espera‖ (CASASANTA, 1939, p.37).

Ainda sobre a importância dos jornais escolares, Casasanta (1939, p.42)

apresenta-os como uma forte contribuição ao sistema educacional, pois:

a) A escola deve ser uma família, devendo predominar aí o espírito

coletivo. O jornal alimenta esse espírito, promove a cooperação,

estimula as iniciativas. É o traço de união entre seus membros.

b) As atividades escolares, como aliás todas as atividades sociais,

requerem estímulo e incitamento. A publicidade é um meio de êxito e

sucesso. O jornal escolar pode manter vivas as atividades,

incentivando o entusiasmo entre os alunos, levando-os a empregar

nelas todo o esforço e toda a atenção.

c) O jornal une a escola à sociedade, pondo-a constantemente ao par

de sua vida e de suas realizações. Estabelece, assim, um entendimento

recíproco, interessando o povo na obra escolar.

d) O jornal leva aos pais, aos ex-alunos e a todos as notícias da escola.

Mantém, dessa forma, sempre vivo o interesse daqueles que viveram

na escola e cujas notícias lhes são particularmente gratas.

e) As notícias da vida escolar, de suas iniciativas e atividades,

suscitarão iguais procedimentos a outros estabelecimentos.

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Além disso, a produção do jornal escolar serve como ponto de partida para a

revelação de uma tendência que pode incentivar os alunos à prática jornalística, à

prática da escrita. Cabe ainda destacar, na análise de Casasanta (1939), que a produção

dos jornais escolares estabelece o intercâmbio entre as escolas, o registro de sua história

e ainda divulga a própria instituição, atraindo o interesse da população sobre ela.

Casasanta (1939) elaborou ainda um manual sobre os jornais escolares,

prescrevendo atividades que envolvam professores e estudantes na produção. O autor

recomendava que os jornais escolares fossem organizados em seções, observando as

fontes e os títulos de notícias, sem esquecer a composição da diretoria do jornal, de seus

redatores e repórteres, e, também, do aspecto material, a forma de financiamento, os anúncios e

o intercâmbio entre as escolas.

As reflexões sobre os jornais escolares, na obra de Casasanta (1939, p.83), abrangem, na

sua maioria, atividades com estudantes do ensino primário, mas o ensino secundário também é

contemplado, uma vez que

Tratando-se de alunos adiantados, já com a personalidade formada, a

motivação e outros problemas de fundação e manutenção de jornal,

assumem aspectos diferentes. Propriamente, aqui, as atividades

surgem, como que concretizando as necessidades da classe. O papel

do professor será o de companheiro, para coordenar os movimentos,

dirigindo-os com tato e com habilidade.

Porém, há uma ênfase sobre a produção dos jornais escolares para o curso normal, com

o intuito de orientar os futuros professores a partir da prática em elaboração de jornais escolares,

para exercerem melhor essa atividade com seus futuros alunos.

O jornal, nas escolas normais, deverá proporcionar ensejo a excelentes

lições de metodologia, partindo do ponto fundamental de que a

atividade isolada, é atividade perdida. Um plano, por exemplo, de

educação moral, sujeito a um número determinado de pontos e lições,

como atividade autônoma, nunca produzirá os frutos que se deseja

alcançar. (CASASANTA, 1939, p.83)

Outra reflexão pedagógica sobre os jornais escolares no processo educativo é

aquela que o francês Celestin Freinet14

sistematizou no livro Le Journal Scolaire,

14

Célestin Freinet (1896-1966) foi educador francês que integrava a produção do jornal escolar

no pensamento pedagógico. Para o autor, o jornal escolar é fruto de um trabalho coletivo que

ajuda na aprendizagem. Assim, ―toda a sua proposta pedagógica deriva diretamente do trabalho

desenvolvido com os alunos na busca de um processo que os levasse a gostar da escola e do

trabalho, que os levasse a serem cidadãos conscientes e participantes críticos do meio social‖.

Disponível em: <http://jornalescolar.org.br/wpcontent/uploads/2011/03/apresentando-

celestin.pdf>. Acesso em: 04 fev. 2016.

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publicado em português, Jornal Escolar, em 1974 pela editora Estampa. Essa

publicação é resultado da sua experiência como professor primário com a produção de

jornais, realizada em escolas da França e em outros países da Europa durante sua vida

profissional. O autor defendia uma escola capaz de efetuar uma modernização dos

métodos e dos instrumentos educativos, como ocorreu em outras técnicas do trabalho no

mundo moderno. Sua crítica sobre a lentidão da educação em modernizar-se está no fato

de que:

[...] as pessoas têm tendência em impor às gerações que se lhes

seguem os mesmos métodos que as formaram, ou deformaram. A

cultura tradicional continua obstinadamente baseada num passado

caduco e trava as forças inovadoras que dinamizam o avanço.

(FREINET, 1974, p.6-7)

Freinet desenvolveu técnicas centradas na produção livre no ensino primário,

substituindo as tradicionais lições e trabalhos por técnicas de expressão, observação e

experiência livre, com as seguintes justificativas:

— O texto livre, que é a expressão natural inicial da vida infantil no

seu meio ambiente normal;

— A observação e a experiência como fundamentos indispensáveis

das aquisições de conhecimentos em ciências e em cálculo, em

história e em geografia;

— O desenho, a pintura e a música livres, expressão complementar

pela via afetiva e artística, de tudo o que a criança tem em si de

possibilidades difusas e, não obstante, superiores, de acesso à cultura,

não apenas escolar mas cultura social e humana (FREINET, 1974,

p.8).

Para desenvolver essas novas técnicas, Freinet (1974) utilizou o jornal escolar

como método de ensino e aprendizagem da escola moderna. Por constituir-se da recolha

de textos livres realizados e impressos diariamente, a produção de um jornal em

ambiente escolar pode estimular o trabalho coletivo e a autonomia das crianças,

principalmente do ensino primário. O autor vislumbrava vantagens pedagógicas,

psicológicas e sociais na produção do impresso para e pelos estudantes. Sua obra é

também um manual de elaboração de um jornal escolar, apresentando métodos de

organização técnica e os diversos tipos de jornais que podem ser produzidos, bem como

as formas e a apresentação desses conteúdos a diversas classes escolares.

É oportuno apresentar, também, que os jornais produzidos por estudantes

receberam uma atenção especial na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos

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31

(RBEP)15

, publicada pelo Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos do Ministério da

Educação nos anos de 1944, 1945 e 1946. Na seção ―Através de revistas e jornais‖,

publicava artigos da imprensa, entre os quais os jornais escolares são incluídos como

temáticas discutidas na educação. No volume II, número 5, de 1944, o texto ―Jornalismo

escolar‖, de Antônio D‘Ávila16

, publicado originalmente em O Estado de S.Paulo, é

dividido em dois comentários. O primeiro refere-se a uma publicação argentina sobre

jornais infantis e juvenis, com destaque para ―um ‗Inquérito sobre o periodismo

escolar‘, com fim de coordenar vistas a respeito do assunto e de sua prática na escola‖

(D‘ÁVILA, 1944, p.316). O segundo assunto é sugestão de que a reprodução do jornal

escolar deveria ser feita na escola pelos alunos, apresentando como alternativa o

hectógrafo17

, pois seria de mais interesse dos alunos do que dos professores.

Na revista de número 19, volume VII, de 1946, aparece republicado o texto

―Imprensa escolar‖, de R. de M.18

, publicado originalmente na Folha da Manhã. O

artigo faz críticas ao modo como é direcionado o jornal escolar ―entre atividades

extracurriculares de uma escola‖, pois, na visão do autor, o jornal escolar como

elemento constitutivo das atividades extracurriculares não significa que seja ―um

elemento eficiente de educação ativa‖ (R. de M., 1946, p.128).

15

A RBEP é uma revista editada por um dos mais importantes órgãos ligados à educação do

país, se não o mais importante: O Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (Inep). É uma

revista publicada desde 1944 e até hoje continua sendo editada pelo mesmo órgão

governamental. É um compêndio de artigos, leis, pensamentos, técnicas e atividades produzidas

por vários órgãos do MEC e recolhidas pela divisão de Documentação e Informação Pedagógica

(BRAGHINI, 2005). 16

Antônio D‘Ávila, segundo Valdemarin (2010, p.172), teve uma experiência pedagógica ―longa

e diversificada; sua influência [...] decorreu [...] da produção de livros didáticos postos em

circulação por grandes editoras com forte presença nas escolas‖. Com a publicação do manual

Práticas escolares (1944/1966), destinado ao desenvolvimento do programa da disciplina

Prática de Ensino do Curso Normal, Antônio D‘Ávila ―apresenta oito planos de trabalho,

modelos de adivinhas, usos do jornal de classe e sugestões de exercícios sobre questões

gramaticais‖ (Valdemarin, 2010, p.186). 17

Método de impressão que ―baseava-se na criação de uma cópia mestra que seria utilizada para

gerar as outras cópias‖ (LUNAZZI; PALHARES, 2002, p.1). A cópia mestra era escrita num

pedaço do papel com uma tinta especial e pressionada com a face para baixo em uma bandeja

com uma espécie de gelatina que dissolvesse e absorvesse a tinta. As folhas de papel em branco

úmidas eram então pressionadas contra essa bandeja e algumas cópias eram feitas. Disponível

em:

<http://www.ifi.unicamp.br/~lunazzi/F530_F590_F690_F809_F895/F809/F809_sem2_2002/99

5108_Rog%E9rioPalhares_maq_fotocopiadora.pdf>. Acesso em: 05 fev. 2016. 18

Colunista do jornal Folha da Manhã (atual Folha de S.Paulo). Publicava textos sobre

educação e assinava como R. de M. conforme pesquisa feita no próprio jornal da época.

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32

Em outro espaço da revista, a seção ―Documentação‖, foi publicado uma

investigação sobre jornais e revistas infantis do Rio Janeiro que foi desdobrada em

quatro partes, divididas nos números 5 e 6 do volume II, de 1944, e números 7 e 8 do

volume III, de 1945. Essa investigação, segundo a revista, foi concluída pelo Instituto

Nacional de Estudos Pedagógicos, pois o órgão mostrava-se interessado ―sobre o valor

educativo dos jornais e revistas infantis e juvenis‖ (RBEP, 1944, n. 5, v. II, p.255)

Na década de 1950, o assunto dos jornais escolares mencionado na RBEP

encontra-se na sessão ―Idéias e Debates‖ do número 61, volume XXV, de 1956, no

artigo de Luiz Alves de Matos, da Universidade do Brasil, com o título ―Atividades

extraclasse‖19

. Esse artigo vem afirmar que ―o programa de atividades extraclasse é uma

parte vital, essencial e integrante do moderno currículo escolar [...] objetivando o

desenvolvimento de cidadãos livres, [...] para viverem integrados numa sociedade

democrática‖ (MATOS, 1956, p.28). No texto, os jornais estudantis estão classificados

como exemplos típicos de uma grande variedade de tipos de atividades extraclasses:

(1) Associações, diretórios, grêmios, centros de estudo, clubes, centros

excursionistas.

(2) Órgãos de redação e publicidade escolar: jornal da classe, jornal do

colégio, revista ou anuário do colégio; radioemissora interna; jornal

mural da classe ou do colégio.

(3) Teatro escolar: clube dramático:

(a) Leitura comentada de dramas ou comédias;

(b) Ensaios e representações de peças de autores consagrados;

(c) Elaboração socializada (em colaboração) de peças originais,

―sketches‖ e sociodramas. (MATOS, 1956, p.30)

Além disso, as atividades extraclasses, ainda na perspectiva do autor, precisavam

de instruções para que os órgãos dessas atividades pudessem se constituir

verdadeiramente como órgãos e funcionar conforme as orientações escolares. Logo,

[...] o plano geral de atividades extraclasse de qualquer escola poderá

desenvolver-se normalmente, sem atritos nem confusões, contribuindo

positivamente para tonificar o moral da escola e enriquecer a

experiência social dos alunos, incutindo-lhes as atitudes democráticas

fundamentais de sociabilidade, cooperação, decisão e responsabilidade

coletiva. (MATOS, 1956 p.34)

Desse modo, temos como formas de experiência social dos alunos a formação e

organização de grêmios e centros culturais estudantis. Estes exerciam o protagonismo

19

Segundo o artigo, ―o termo ‗extraclasse‘ se refere a um grupo de atividades, cujos resultados

são tão importantes que merecem ser acompanhadas pelos alunos com a mesma persistência

com que se dedicam às matérias exigidas pelo currículo oficial‖ (MATOS, 1956, p.28).

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juvenil por meio de suas publicações em jornais estudantis e atividades culturais,

inseridos em um contexto histórico, local, regional ou nacional. Portanto, na década de

1950 na cidade de São Luís (MA), os impressos produzidos por órgãos estudantis,

expressam a atuação juvenil em determinadas escolas.

1.2. A imprensa estudantil no Colégio de São Luiz

Uma plêiade de jovens da 3a e 4

a série do curso Ginasial resolveu

fundar uma associação que se destina a propagar neste educandário o

cultivo das letras, e estimular nos jovens o gosto pelo esporte.

Dessa maneira, foi organizado o Grêmio Cultural e Recreativo ―Luiz

Rêgo‖, do qual fazem parte os seguintes rapazes: Luiz Fernando Rêgo,

Mario D. Domingues da Silva, José Mário Machado Santos, Francisco

de Sales Batista Ferreira, Wilson Neiva, Otavio Avertano Rocha,

Sebastião Campos, Ivanildo Monteiro, Whibers Martins Moura e

Guilherme Nunes.

Já foi efetuada a primeira reunião, sendo eleita a mesa da Diretoria

que assim está constituída:

Presidente – Mario Dias Domingues da Silva.

Vice-Presidente – Ivanildo Monteiro.

Secretário – José Mário M. Santos.

Tesoureiro – Luiz Fernando Rêgo.

Orador oficial – Otavio Avertano Rocha.

Ficou também deliberado nessa reunião, que o Grêmio Cultural e

Recreativo ―Luiz Rêgo‖, terá um órgão oficial. E é assim que surge

este jornal, cujo nome Avante, bem traduz o entusiasmo dos

componentes desta agremiação.

Quanto ao nome do Grêmio, foi uma feliz ideia do jovem Otávio

Rocha, que recebeu apoio integral, naturalmente, da parte dos seus

companheiros.

Mas é preciso que se faça notar, que o Grêmio não recebeu o nome de

―Luiz Rego‖, só pelo fato dele ser nosso diretor; foi também, porque

ele representa uma das maiores e mais legítimas culturas do Maranhão

de hoje.

O prof. Luiz Rego nunca poderia ficar esquecido e apesar desta

manifestação de respeito e admiração ser insignificante para tão ilustre

homem, pode crer o professor Luiz Rego que todos os componentes

desta associação deram seu voto, espontâneo, um voto criterioso,

porque todos nós sabemos que, assim procedendo, podemos dizer,

estamos cumprindo o nosso dever.

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Pedimos o apoio dos nossos nobres professores e colegas, a fim de

levarmos avante este empreendimento.

[...]

Desta forma, esperamos chegar ao nosso objetivo – cultivar as Letras

neste exemplar colégio, e, incitar nos seus alunos o gosto pela prática

do bom esporte.

(Avante, 31 out. 1949, p.2)

Com essa apresentação no primeiro exemplar do jornal Avante, os organizadores

explicam ao seu público leitor a iniciativa de fundar uma organização estudantil. Os

estudantes se apresentam como plêiade, ou seja, ilustres jovens desejosos em incentivar

o cultivo das letras e do esporte no colégio. Explicam ainda a escolha para o nome do

grêmio e do jornal, visando demonstrar a lisura no processo de escolha e a

representação para a classe estudantil. Assim, em 1949, surgia o jornal Avante, órgão do

Centro Cultural e Recreativo ―Luiz Rego‖, cujo objetivo era desenvolver o gosto

artístico e literário naquele estabelecimento de ensino. No ano de 1950, o jornal teve

mais cinco edições. Vale destacar que, além do Avante, outros impressos surgiram na

escola nesse mesmo ano, como o jornal Nosso Sentir, órgão do Grêmio ―Joaquim

Santos‖, e o jornal Brasil Novo, órgão do Centro ―Aluizio de Azevedo‖ – uma

demonstração da força desse veículo de comunicação e formação na escola.

O jornal estudantil Avante foi publicado pela primeira vez em outubro de 1949, e

as demais edições foram em abril, maio, junho, agosto e setembro de 1950, totalizando

seis. Não há informação que comprove o tempo que ele circulou na escola. O formato

da primeira edição é de 24 cm X 33 cm, papel couchê20

, com dez anúncios publicitários,

tiragem de quinhentos exemplares e quatro páginas. A segunda edição tem o mesmo

formato e papel, com sete anúncios publicitários, tiragem de quinhentos exemplares e

seis páginas. Na terceira edição, o formato é mantido, mas o papel é jornal; são

dezenove anúncios publicitários, a tiragem aumentou para oitocentos exemplares e as

seis páginas permaneceram. A quarta edição mantém o formato, a tiragem e o número

de páginas; apenas os anúncios é que diminuem para dezoito. O formato das quinta e

sexta edições mudaram para 32 cm X 46,5 cm; as tiragens foram de oitocentos

exemplares e foram mantidas as quatro páginas. A diferença ficou no número de

anúncios, dezesseis na quinta edição, doze anúncios na sexta.

20

Papel couchê é um tipo de papel especial, próprio da indústria gráfica de melhor qualidade.

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As mudanças ocorridas no formato e papel sugerem algumas considerações. As

duas primeiras edições foram produzidas utilizando o mesmo formato, papel e a mesma

tiragem, porém há um aumento de páginas em detrimento do número de anunciantes.

Talvez a preferência por um papel de melhor qualidade de impressão dificultasse a

vinda de mais anunciantes para o jornal, tornando os custos altos sem a possibilidade de

uma maior tiragem. Assim, para as novas edições, muda-se de papel couchê para papel

jornal, de menor custo financeiro, mantendo o formato e o número de páginas, porém há

um crescimento do número de anunciantes, um salto de sete para dezoito, além do

número de tiragem, de quinhentos para oitocentos exemplares. Nas últimas edições, há

uma pequena variação no número de anunciantes, e as páginas do impresso voltam a ser

apenas quatro, como era na primeira edição, além do formato que é ampliado. Mas, a

tiragem dos exemplares e o tipo de papel continuam sendo os mesmos.

Os anúncios publicitários cada vez mais se tornam fontes de financiamento. A

partir da quarta edição, o jornal publicou uma tabela de preços para anúncios, com

valores avaliados pelo centímetro da coluna. A tabela funcionava da seguinte maneira:

primeira página – Cr$ 7,00; última página – Cr$ 6,00; página interior – Cr$ 4,00. Nas

quinta e sexta edições, a tabela teve um reajuste: primeira página – Cr$ 9,00; última

página – Cr$ 8,00; página interna – Cr$ 6,00. Esse reajuste teve um impacto na

quantidade de anunciantes, diminuindo o número deles e consequentemente refletindo

no preço do jornal. Além dos anúncios publicitários, os redatores também anunciavam

que contribuições avulsas poderiam ser entregues na redação do jornal. Mesmo com

essas fontes de financiamento, o jornal Avante não era distribuído gratuitamente, sendo

cobrado ao preço de Cr$ 1,00 para número avulso e de Cr$ 1,50 para os números

atrasados da primeira, segunda, quinta e sexta edição. Para as terceira e quarta edição, o

preço do número avulso passou para Cr$ 0,50 e o preço do número atrasado para Cr$

1,00.

Quanto à presença da publicidade nos impressos, cabe fazer algumas

considerações. O número de anunciantes é alterado e diversificado a cada edição, sendo

que alguns deles ganham maior espaço nas páginas do jornal. A análise da publicidade e

seus espaços, segundo Cruz e Peixoto (2007, p.264), ―indicam a articulação da

publicação com determinados interesses empresariais e comerciais‖. Além disso,

quando os anúncios publicitários aparecem nos jornais estudantis, segundo as

prescrições de Casasanta (1939, p.40), ―o jornal une a escola à sociedade, pondo-a

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constantemente ao par de sua vida e de suas realizações‖. Se a escola deve utilizar em

seu proveito o uso da imprensa no processo educativo, segundo os reformadores do

escolanovismo, é compreensível a apropriação de elementos publicitários da imprensa

periódica nos jornais estudantis.

Na primeira edição, os anúncios ocupavam o rodapé da página com tamanhos

pequenos, inclusive o Colégio de São Luiz está entre os anunciantes, traduzindo o

interesse do proprietário desse estabelecimento de ensino privado de propagandear seu

nome para além da comunidade escolar e assim conseguir mais alunos.

Figura 2: Anúncios publicitários ocupando o rodapé da página (exemplar 1).

Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite

Da segunda a sexta edição, o espaço para publicação de anúncios varia de tamanho e

forma, alterando a maneira como o produto é mostrado, associando-o ou não com imagens (ver

figuras 3 e 4). Essa variação pode indicar que o público de leitores ia além do espaço escolar.

Figura 3: Anúncio publicitário em destaque na página (exemplar 2).

Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite

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Figura 4: Anúncios publicitários de variados tipos e tamanhos (exemplar 3).

Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite

Outro possível indício de que o público leitor ultrapassava os muros do colégio é

a publicação, na sexta edição em comemoração a seu aniversário, do histórico da escola;

entre as informações, foi divulgada a quantidade de alunos matriculados no ano de

1950. O texto informa que o colégio possuía um total ―de 860 alunos distribuídos nos

cursos Jardim da Infância, Curso Primário, Curso Ginasial, Curso Científico,

constituindo dois expedientes: um diurno e outro noturno‖ (Avante, 1950, p.1).

Lembrando que o número da tiragem do jornal naquela edição foi de oitocentos

exemplares, quase igual ao total de alunos indicado na publicação. Isso indica que a

maior circulação ocorreu no colégio, porém, pela natureza das publicações, pode-se

imaginar que os estudantes das séries iniciais não eram leitores usuais, logo, o

excedente poderia está circulando fora do colégio. Além disso, como edição de

comemoração pelo aniversário do colégio, a circulação do jornal na cidade seria de

interesse do próprio estabelecimento, pois publica um anúncio nessa edição divulgando

o exame de admissão para o ano seguinte.

Não foi possível identificar o local de impressão dos exemplares, pois não há um

espaço no jornal que ela possa ser encontrada. Porém na terceira edição, no texto de

abertura, primeira página, o autor relatou as dificuldades em conseguir um local para a

impressão do jornal e, segundo o texto, esta só foi possível porque ―conseguimos que

um homem soubesse compreender o passo que dávamos para alcançar o nosso objetivo

e ofereceu-nos a sua casa que é o Maranhão Católico para imprimir os números de

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Avante‖. É curioso observar que um dos principais anunciantes do jornal é uma

tipografia, mas o nome não é Maranhão Católico. Vale dizer que foram localizados na

Biblioteca Pública Benedito Leite os periódicos Maranhão e Jornal do Maranhão,

ambos de orientação católica, que circulavam na época. Na edição cinco do Avante, há

um anúncio do Anuário do Maranhão, de publicação do jornal Maranhão. Pode-se,

então, supor que o chamado Maranhão Católico fosse o jornal Maranhão, de orientação

católica e este fosse o provável local de impressão do Avante.

Em relação à produção, os organizadores do jornal estão distribuídos entre

diretores, redatores e colaboradores, geralmente expostos no cabeçalho que compõe os

elementos gráficos do jornal. O cabeçalho apresenta o título, o subtítulo, os nomes dos

diretores e redatores, o local, o ano, o número e o lema do periódico. Porém, o subtítulo

e o lema acompanham o jornal a partir da sua segunda edição, tornando-se um padrão

para as demais edições, como um grito convocatório.

Figura 5: Cabeçalho da 1

a edição do jornal Avante sem o lema.

Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite

Figura 6: Cabeçalho da 2

a edição do jornal Avante com o lema: ―Avante! Branda-me o

talento n‘alma. E o eco ao longe me repele – Avante‖.

Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite

Quanto à composição de cada diretoria do grêmio e, respectivamente, do jornal,

as notas oficiais do grêmio, publicadas nos exemplares dois, quatro e seis, informam

sobre as mudanças ocorridas. Aliás, a mudança concentra-se apenas em nomes e não no

grupo. Temos na primeira edição: o diretor Luiz Fernando Rêgo, os redatores José

Mário Santos, Mário Domingues Silva e Francisco B. Ferreira, além dos colaboradores

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Marcelo M. V. Pereira, Clení Furtado, José Rodrigues e Cléia Furtado21

. Na segunda

edição, a composição muda, sendo o diretor José Mário Santos e os redatores, Francisco

de Sales e Luiz Fernando Rêgo. Esse quadro permanece na terceira edição; nas quarta e

quinta edições, o diretor e os redatores mudam para Luiz Fernando Rêgo, Claudio

Ramos e Antonio Carlos Diniz respectivamente. Na sexta edição, a direção volta para

José Mário Santos e os redatores passam a ser Francisco Sales, Francisco B. Ferreira e

Antonio Carlos Diniz. Dessa vez, Luiz Fernando Rêgo não apareceu no quadro da

organização do jornal.

Figura 7: Composição do corpo organizacional do grêmio e do jornal

(exemplares 2 e 4).

Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite

21

Os organizadores e colaboradores eram estudantes da 3a e 4

a série do Ginásio e do Curso

Científico do Colégio de São Luiz. Sendo os organizadores associados ao grêmio. Observando

que Luiz Fernando Rêgo era filho do professor Luiz Rêgo, diretor e proprietário do Colégio.

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Um aspecto que merece atenção sobre a organização do corpo diretivo do

impresso é que este é eleito conforme a eleição da diretoria do grêmio. A presença de

eleições do corpo diretivo do grêmio e do jornal é uma oportunidade para motivar a

prática de participação democrática na escola e, também, na sociedade, elemento

defendido pelo movimento da Escola Nova ao estabelecer que a escola precisa

disponibilizar de forma favorável a prática da democracia. Na assertiva de Anísio

Teixeira, a escola deve ―estabelecer um regime que procure dar ao mestre e aos alunos o

máximo de direção própria e de participação nas responsabilidades de sua vida comum‖

(TEIXEIRA, 1930, p.8).

Em todas as edições, o assunto mais publicado refere-se à organização e aos

desafios de produzir um impresso estudantil. Podemos dizer que esta é uma marca do

periódico, pois os títulos para desenvolver a temática podem variar, mas a presença dela

está sempre em voga, de maneira explícita ou implícita. Assim, de forma direta, temos

as seguintes publicações: I) na primeira edição, ―Nosso Jornalzinho Avante e Amigos

Leitores‖; II) na segunda edição, ―Avante e a perseverança no trabalho‖; III) na terceira

edição, ―O que é a vida e a fundação de um órgão estudantil‖; IV) na quinta edição,

―Voltamos das Férias, Avante, companheiro! E os jornais do Estudante‖.

Indiretamente, na quarta edição, na reportagem sobre o vencedor do concurso do

melhor craque esportivo do colégio, o jornal apareceu citado da seguinte maneira: ―A

saída dos primeiros exemplares do mês de maio, no qual se achava a chapa, foi

aguardada com bastante ansiedade pelos colegas‖. Na sexta edição (especial em

comemoração da independência do Brasil e do aniversário do colégio), no final do texto

―O grito do Ipiranga‖, o relato sobre o jornal é: ―Avante saindo em edição especial,

presta sua homenagem, pequena no tamanho, mas grande no sentimento‖. Portanto, há

uma ênfase tanto na valorização do periódico para os estudantes, quanto no trabalho do

grupo que o organizava, desse modo mostrando ao estudante o quanto ele se

enriqueceria culturalmente com a produção de um impresso, como outrora ocorreu com

os intelectuais da Atenas Brasileira.

Além disso, a presença do professor Luiz Rêgo nesse impresso estudantil é algo

recorrente. Ele ocupava espaço nas páginas assinando textos ou sendo homenageado. A

seguir, observa-se um texto assinado por ele:

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Parabéns.

Assim me dirijo a meus prezados alunos, aplaudindo a sua atitude e

estimulando o seu dedicado esforço, em fazerem ser publicado este

jornalzinho.

Bem compreendo o entusiasmo com que o jovem estudante prepara o

seu artigo, e com que alegria verifica-o publicado. É que passei por

essa fase, e guardo a melhor saudade do trabalho que empenhei com

os colegas de minha época, e relembro os instantes de alegria com que

líamos e relíamos o nosso pequeno jornal.

Tenho acompanhado o interesse e o entusiasmo a que se vem

entregando um grupo de ginasianos do meu Colégio, jovens decididos

em manifestar os seus anseios de estudantes de ideal, por intermédio

da palavra escrita e divulgada.

Venho acompanhando o trabalho vontadoso em conseguirem alguns

anúncios, a cooperação e a ajuda de professores, a colaboração de

colegas e o esforço para o preparo material do jornalzinho.

Daí bem se justificarem os meus parabéns.

Os meus votos são por que o jornal se constitua o arauto dos

sentimentos de uma mocidade sadia em inteligência e em coração.

(Avante, 31 out. 1949).

Observou-se também um texto em homenagem a seu aniversário na primeira

edição do jornal:

Professor Luiz Rêgo

Transcorreu, a 28, o aniversário natalício do Professor Luiz

Rêgo, ilustrado maranhense, digno e esforçado Diretor do Colégio de

São Luiz.

A data é por demais grata a todos nós, seus alunos, que

reconhecemos em nosso Diretor a boa vontade e perseverança com

que labuta para levar avante seu ideal – encaminhar a mocidade nos

estudos dentro dos preceitos de disciplina e de ordem.

Abnegado defensor dos direitos da mocidade, voz sempre

pronta a prestar apoio a qualquer empreendimento, culto professor e

ilustrado membro da Academia Maranhense de Letras, é o professor

Luiz Rêgo por todos querido e admirado.

O Prof. Luiz Rêgo, figura bem conhecida em todos setores de

atividades, por certo receberá de todos seus admiradores votos de

ventura e felicidade, bem como de anos de vida e saúde tão

necessários à concretização de seu ideal.

Particularmente, o Colégio de S. Luiz prestará justas

homenagens ao homem ilustre que honra a terra berço.

Avante augura ao ilustrado professor, votos de ventura e

felicidades, extensivos à sua exma. senhora e filhos. (Avante, 31 out.

1949, p.4.)

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Além disso, boa parte dos textos tem a fotografia do professor. Aliás, as fotos

que aparecem nas edições dos jornais são todas do professor Luiz Rêgo, salvo na quarta

edição, em que apareceu a foto do vencedor do concurso esportivo, e mesmo assim

dividindo espaço com a foto do professor. Na matéria de capa da sexta edição (edição

especial), na publicação ―O Colégio de S. Luiz: formação, fundação, principais dados de

sua vida, suas atividades e seus mestres‖, a foto que acompanha o artigo é do professor

Luiz Rêgo e não do colégio, mesmo o artigo relatando a história da instituição. Portanto,

a caracterização do colégio não está na sua estrutura física, mas na figura do professor

Luiz Rêgo, conhecido no meio educacional e cultural da cidade.

Figura 8: Homenagem ao professor Luiz Rêgo na primeira página da edição 5

(agosto de 1950).

Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite

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Figura 9: Primeira página da edição especial, que evidencia na homenagem ao

aniversário do colégio ênfase na figura do professor Luiz Rêgo.

Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite

A partir dessas análises é possível perceber que os aspectos gráficos do jornal

Avante mostram as condições de sua produção, além da construção das relações sociais

que os organizadores tiveram na escola e na cidade, visto que o jornal possuía um

número significativo de anunciantes. Além disso, essas relações externas influenciaram

também na organização do jornal, pois, a partir da quinta edição, o impresso terá sua

primeira página diferenciada das edições anteriores. Essa edição lembra a forma de

elaboração da primeira página do jornal Maranhão, semanário de orientação católica.

Ainda nessa mesma edição de Avante, aparece a propaganda de um periódico ligado ao

semanário católico. Logo, é possível constatar as relações entre o semanário de

orientação católica e o jornal estudantil Avante.

Há também, uma constante valorização da sua produção, convocando os

estudantes a participarem, pois estariam enriquecendo-se culturalmente, seguindo os

passos dos intelectuais de um passado glorioso da cidade. Pode-se verificar também a

forte presença do professor Luiz Rêgo no impresso como imagem associada ao

esplendor do colégio.

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1.3. A imprensa estudantil no Liceu Maranhense

Apresentamos, nesta parte do capítulo, três impressos produzidos por estudantes

do Liceu Maranhense através do grêmio e do centro liceista. O grêmio, em 1951,

publicou o Folha Estudantil e, de 1956 a 1957, O Estudante de Atenas. O centro liceista

editou O Liceu, com dois exemplares publicados em 1957 e 1958.

O impresso Folha Estudantil, que circulou em 1951, foi publicado pelo Grêmio

Liceista ―Castro Alves‖ em junho. O único exemplar localizado tem quatro páginas,

formato de 32,5 cm X 47 cm, impresso em papel jornal, com oito anúncios publicitários

e cobrava Cr$ 1,00 por exemplar. Não há informação da tiragem e do local de

impressão, e não se pode encontrar o período de circulação. O corpo diretivo desse

jornal era composto pelos estudantes do curso ginasial noturno Alcindo O. Braúna e

José C. Neves, ambos diretor e secretário respectivamente.

Embora não tenha a informação do local da sua impressão, o principal

anunciante era a Tipografia Santa Cruz, com bom espaço na sua primeira página, em

detrimento dos demais anunciantes, que tinham espaços bem inferiores. Logo, imagina-

se que, dado o destaque a essa tipografia, há possibilidade da impressão ter sido feita

ali. Ainda no aspecto da publicidade, o ramo das atividades dos anunciantes era

diversificado, com produtos voltados para o público em geral e não apenas estudantil,

indicando que o periódico circulou para além dos muros escolares.

Figura 10: Anúncio publicitário em destaque no exemplar do jornal.

Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite

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Outro impresso publicado pelo grêmio liceista é O Estudante de Atenas. Editado

nos meses de maio, junho e setembro de 1956, e também no mês de maio de 1957,

tinha, em seu primeiro número, o formato de 24 cm X 33,5 cm e as edições de número

dois, três e sete tinham formato de 29 cm X 39,5 cm em papel jornal. Todas as edições

contam com quatro páginas, sem a informação da tiragem, do local de impressão e do

preço de venda.

Todas as edições vinham com o lema ―Só uma classe de homens não erra: os que

nada fazem‖ (Sêneca) e com o mesmo patrono do grêmio, e consequentemente do

jornal, o professor José R. Sá Vale, demonstrando a continuidade de um grupo frente ao

grêmio do colégio. Vale destacar, mesmo existindo essa confluência entre as duas

diretorias do grêmio, que o posicionamento do cabeçalho das edições de 1956 vai ser

modificada na edição de 1957. Talvez essa mudança possa ser uma distinção entre os

grupos ou um modelo da imprensa periódica da cidade que a nova diretoria do grêmio

procurou seguir22

.

22

Sobre essa informação verificar o Anexo.

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Figura 11: Comparação entre os cabeçalhos da primeira edição (1956) e da sétima

edição (1957) de O Estudante de Atenas, produzidos por diretorias diferentes do

grêmio.

Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite

No que diz respeito aos anúncios publicitários ao longo das edições, foram se

destacando em quantidade e em espaços. Na primeira edição, o jornal contou com três

anúncios no espaço do rodapé de uma única página. Na edição de número dois, os

anúncios aumentaram para oito, distribuídos em duas páginas, sendo seis deles na

mesma página e com tamanho reduzido e os outros dois em uma página, mas com

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espaços de maior destaque. Inclusive, um deles recebe uma mensagem de

agradecimento ―pela valiosa cooperação prestada nesta edição‖ (O Estudante de Atenas,

27 jun. 1956. p.3).

Figura 12: Anúncio publicitário que recebeu agradecimentos da redação do jornal

(exemplar 2).

Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite

As edições três e sete tiveram seis anúncios publicitários cada. Estes também

não seguiam um padrão de tamanho, variavam entre pequenos, médios e grandes. Um

fato que merece destaque é que, nos três primeiros números, não há anunciantes do

ramo da papelaria, aparecendo apenas na edição de número sete. Geralmente, esse tipo

de anunciante sai nos jornais estudantis, já que o público-alvo do anunciante são os

estudantes.

O corpo dirigente do jornal das três primeiras edições de 1956 era formado por

José Fernandes (diretor) e J. Farias e Silva (redator), e o Colégio Estadual na redação –

nas primeira e segunda edições, aparece outro nome, Antonio Luiz Passos (secretário).

Em 1957, o grêmio terá nova diretoria que manterá o nome do jornal e um novo quadro

na composição do impresso. São eles: José de J. Brito (diretor); Raubino Pacheco

(redator); Vicente Goulart (secretário); Roque Macafrão, R. Nelson e Charlie Chan

(colaboradores), grupo do noturno do colégio.

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Figura 13: Composição dos organizadores do jornal (exemplares 1, 2 e 7).

Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite

No Centro Liceista, outro órgão estudantil do Liceu Maranhense, as duas edições

do jornal O Liceu foram produzidos em 1957 e 1958, exemplares de número seis e 95,

respectivamente. Quanto ao formato, ambos medem 32 cm X 46 cm, produzidos em

papel jornal. A edição de 1957 conta com oito páginas, preço de venda Cr$ 2,00 e uma

tiragem de mil exemplares. Nela não há um espaço com a informação do local em que

foi impressa, apenas um artigo agradecendo o apoio financeiro de dois jornais da

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cidade, Jornal do Dia e Diários Associados. Acredita-se, portanto, que a impressão

ocorreu nas dependências do Jornal do Dia. Eis a assertiva:

Mister se faz também, que dessa coluna formularemos os nossos

agradecimentos Drs. Alexandre Alves Costa e José Pires de Sabóia,

respectivamente diretores do Jornal do Dia e Diários Associados.

O primeiro, num gesto digno de elogios, abriu mão da taxa cobrada

pelo jornal, dispensando, inclusive, as despesas provenientes do

fornecimento de energia, material gráfico e tinta.

Quanto ao segundo, pôs à disposição de o Liceu, os clichês dos D. A.,

evitando-nos assim novas despesas. (O Liceu, abr. 1957, p.2)

Além disso, a entrevista do diretor do departamento de imprensa Lyra Pessoa,

realizada na redação do Jornal do Dia e publicada nessa mesma edição, confirmava o

local e a tiragem de mil exemplares. Esse impresso contava com onze anúncios

publicitários, com ramos de atividades variados, destinados a um público em geral e não

apenas escolar. Três desses anúncios ganharam maior espaço no jornal, um do ramo

escolar e dois do ramo de confecções.

Na edição de 1958, o jornal conta com quatro páginas, sete anúncios

publicitários e não há informação do local da impressão, do número de exemplares e do

preço de venda. Os ramos de atividades dos anunciantes eram variados e três deles

ocuparam maior espaço no jornal. Porém, entre os anúncios, não havia um destinado

exclusivamente ao público escolar. Desse modo, a quantidade e a diversidade dos

anunciantes mostravam que o jornal teve sua circulação ampliada para além do espaço

escolar, assim como ocorreu com os demais periódicos. Diferentemente de outros

impressos estudantis, nessa edição os endereços dos anunciantes estavam concentrados

na mesma rua do centro da cidade.

Cada publicação representava uma diretoria do Centro e os números das edições

refletiam dois grupos distintos na direção do jornal. Na edição de abril de 1957, a

produção era composta pelos diretores Benedito Lyra e Emanuel Silva, pelo redator

Coaracy Jorge Fontes – que no ano seguinte organizou o jornal Movimento, do

Movimento Nacional Acadêmico – e como primeiro-secretário José Falcão Filho, todos

estudantes do turno diurno do colégio. A edição 95 de 1958 informava que a sua

publicação era do Departamento de Imprensa e a redação era do Centro Liceista e do

Colégio Estadual; logo, entende-se que os integrantes dessa edição, na sua maioria,

eram estudantes que pertenciam à chapa vencedora do Centro.

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Na edição de número 95, o grupo eleito para a diretoria do Centro publicou seu

jornal indicando Ano XXI para o exemplar 95. Isso indica que o jornal existia desde a

fundação do Centro Liceista, mas também pode ser uma forma de não reconhecer o

trabalho da gestão anterior e reafirmar a continuidade de uma tradição – inclusive, o

lema ―Ruem os monumentos se em abandono lhes ficam seus alicerces‖ apareceu

impresso.

Um ponto em comum entre as duas edições é a permanência do nome e o

tamanho do jornal. Geralmente, quando um novo grupo assumia a direção de um órgão

estudantil, era criado um novo jornal representando a identidade do novo grupo. O

próprio centro liceista produziu outros jornais, como Voz do Liceista (1936), Estudante

(1937) e Alvorada (1946)23

. Aliás, essa prática ocorreu também, no grêmio quando,

após a eleição para a sua nova diretoria em 1951, foi publicado o jornal Folha

Estudantil e, em 1956, depois de eleita a nova diretoria, quando foi publicado O

Estudante de Atenas. Vale ressaltar que a edição de número sete desse impresso

publicou a posse para a nova diretoria do grêmio e o nome do jornal permaneceu sendo

o mesmo. A nova diretoria do grêmio compartilhava o mesmo patrono da antiga

diretoria, uma demonstração que ambos comungavam dos mesmos ideais. No caso do

centro liceista, não há um compartilhamento entre os grupos, pelo contrário, há disputas

pela direção do centro.

Nota-se ainda que as duas edições do jornal apresentaram o nome das chapas

ganhadoras das eleições de 1957 e 1958, porém não há presença de um patrono da

chapa ganhadora, apenas indicação de professor apoiando o processo eleitoral e as

chapas que concorrem às eleições.

Um ponto a ressaltar nas duas edições é a apresentação da primeira página do

impresso. Ambos não seguem o padrão no cabeçalho em indicar o nome do diretor e

redator do jornal na parte superior da página, muito comum aos jornais estudantis da

época. Essa informação sobre o diretor e o redator do jornal consta na segunda página

do impresso.

Na edição de abril de 1957, o cabeçalho ficou exprimido entre as manchetes, e

na edição 95 de 1958, voltado para lado direito da página. Esse modo de expor o

23

De acordo com o catálogo da Biblioteca Pública Benedito Leite (2007).

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51

cabeçalho é percebido também em alguns exemplares de jornais de circulação na

cidade24

, o que pode mostrar a influência que tinham nos impressos estudantis.

Figura 14: Modelo do cabeçalho e a informação do corpo diretivo na segunda

página de O Liceu (edição de 1957).

Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite

24

As imagens que demonstram essa afirmação podem ser vistas nos Anexos.

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Figura 15: Modelo do cabeçalho e a informação do corpo diretivo na segunda

página do impresso (edição de 1958)

Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite

Outro destaque em relação à primeira página do jornal, na edição de 1957 (ver

Figura 16), é o fato de as manchetes serem incisivas e acompanhadas de fotografias,

procurando chamar atenção do público para os principais assuntos do jornal – uma

espécie de vitrine para os olhos do leitor. Na edição de setembro de 1958 (ver Figura

17), a principal manchete procurava convencer os leitores da credibilidade do jornal;

também se vê o índice das demais notícias do jornal. Trata-se de uma abertura de jornal

mais comportada para os olhos do público. As duas edições, no entanto, partilham

manchetes sobre concursos de beleza e a necessidade de manter a produção e a

circulação do jornal.

Podem-se estabelecer aqui algumas constatações sobre a produção do grêmio e

do centro liceista. Primeiro, as produções do grêmio liceista, no que tange aos

elementos gráficos, estão mais próximas das composições gráficas comuns aos

impressos estudantis da época. As publicações sobre a composição para uma nova

diretoria mostraram-se distintas entre o grêmio e o centro liceista quanto à mudança de

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diretoria e a presença do professor como patrono. A presença dos anunciantes é uma

constante na vida de todos os impressos, com publicidade das mais variadas atividades

comerciais, mostrando a extensão das relações que os estudantes tiveram fora do

ambiente escolar.

Figura 16: As manchetes do O Liceu, abril de 1957.

Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite

Figura 17: Principais manchetes do O Liceu, setembro de 1958.

Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite

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Capítulo 2

OS IMPRESSOS ESTUDANTIS E SUAS PRINCIPAIS TEMÁTICAS

Neste capítulo, serão analisados os conteúdos dos impressos estudantis nos

aspectos de organização e constituição dos assuntos. Entendemos que a composição

gráfica e dos conteúdos dos impressos, de um modo geral, são construções de uma

época, ou seja ―não nasceram prontos‖ (CRUZ; PEIXOTO, 2007, p.261). A composição

que os impressos possuem são produto da construção social e histórica da nossa

sociedade. Portanto, na assertiva de Cruz e Peixoto (2007, p.267):

Nesse processo de configuração dos veículos, seus conteúdos e

formas, as convenções sobre como deve ser feito e o que deve conter

um determinado jornal ou revista são negociados social e

culturalmente, num espaço de um diálogo conflituoso sobre o fazer

imprensa a cada momento histórico.

Casasanta (1939, p.103) lembra que os jornais escolares também apresentam

seções temáticas e cada uma com sua motivação: a parte esportiva (motivação à prática

de esporte na escola e fora dela), a social (desenvolver a sociabilidade entre os

estudantes, além de noticiar acontecimentos da escola, seu cotidiano), a parte do humor

(quase sempre trazendo críticas aos alunos de forma bem-humorada, classificado como

forma de corrigir condutas) e uma parte com assuntos diversos (anedotas, perguntas,

charadas, palavras cruzadas etc., incluído também concursos).

Além disso, segundo o autor, as publicações dos alunos, associadas aos anúncios

e aos assinantes, devem atender ao público leitor, embora acredita-se que sob a

orientação da instituição escolar. Essa atenção dada ao leitor pode ser uma oportunidade

para difundir valores que a escola acredita que deveria ter uma sociedade ou estimular

que estes, em diálogo com a sociedade, venham a ser consolidados.

Nos jornais produzidos pelo ensino secundário, sejam do ensino normal ou não,

a organização do impresso ganha outra perspectiva, pois

Tratando-se de alunos adiantados, já com a personalidade formada, a

motivação e outros problemas de fundação e manutenção de jornal

assumem aspectos diferentes. Propriamente, aqui, as atividades

surgem, como que concretizando as necessidades da classe. O papel

do professor será de companheiro, para coordenar os movimentos,

dirigindo-se com tato e com habilidade. (CASASANTA, 1939, p.83)

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O autor ainda especifica que o jornal nas escolas de ensino normal deveria

promover as lições de metodologia, pois ―será ponto de partida, sugestão, impulso para

uma magnífica obra educativa‖ (CASASANTA, 1939, p.85). Ele também mostra como

alguns desses jornais se apresentavam, dando o exemplo de um específico:

NOSSO PROGRAMA

O Sagitário comportará quatro seções:

1a – Seção Literária: Dedicada a todo o gênero de leitura,

propõe-se a desenvolver no aluno as suas tendências literárias. O

sentimento de ―brasilidade‖ deve animar todas as composições,

incentivando o amor dos alunos pelas coisas puramente brasileiras.

A elevação de ideias e de conceitos deve ser a face

característica desta seção.

2a – Seção Pedagógica: Estimular na classe estudantina o

penhor aos assuntos concernentes ao ensino, cultivando no aluno o

caráter eminentemente prático ou pragmático das modernas correntes

pedagógicas, difundindo as ideias da ―educação funcional‖ da ―escola

ativa‖, das doutrinas de William James, Bergson, Dewey, Claparède e

Montessori.

A pedra de toque desta seção é pugnar pelo desenvolvimento do

verdadeiro ―espírito universitário brasileiro‖, pela aproximação, cada

vez mais crescente, entre alunos e professores, de molde [sic] a

transformar a escola num salutar ambiente de respeito, cordialidade e

auxílio mutuo.

3a – Seção Crítica: Dedica-se esta seção à crítica no seu sentido

lato, do ponto de vista literário artístico e científico. Far-se-à com

cordura, serenidade e uma desmedida vontade de acerto. Não

compreende as cutiladas ervadas, as mais das vezes desgraciosas e

descortezes, dos Zoilos mirins. Deve ser ater exclusivamente àquele

conceito que Coelho Neto, já em 1893, consignou em seu livro Por

montes e vales: ―a verdadeira crítica é a que educa, a crítica serena e

digna‖.

4a – Seção Recreativa: Destina-se a ―testes‖, charadas, ―piadas‖,

perguntas, fino humorismo. Haverá concursos de charadas, com

instituição de prêmios.

***

Para que se possa manter este hebdomadário, pedimos aos

nossos caros leitores que não deixem em atraso suas assinaturas e será

considerada assinante toda a pessoa que receber este número.

(CASASANTA, 1939, p.85-7)

Todavia, os assuntos contidos nos exemplares analisados de Avante, Folha

Estudantil, O Estudante de Atenas e O Liceu não foram agrupados por seções, conforme

a prescrição de Casasanta (1939). Não há uma ordem, um padrão nos conteúdos que

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indique os espaços para a publicação de cada notícia. Essa situação de não haver um

padrão de regularização dos conteúdos pode ser percebida também no trabalho de

Schweter (2015) sobre o impresso estudantil O Sud Mennucci, de Piracicaba, São Paulo,

nos anos de 1950. A forma de organização feita por Schweter (2015) foi definir em

categorias de análise do conteúdo do jornal.

Assim, esta pesquisa, primeiro procurou focalizar os principais assuntos

publicados nos impressos e depois associá-los em temáticas. Os artigos que compõem

os jornais Avante, Folha Estudantil, O Estudante de Atenas e O Liceu foram agrupados

por assuntos mais recorrentes, como textos literários, posicionamento político dos

alunos em diversos assuntos, aspectos do cotidiano escolar (aniversários, concursos,

esportes, rituais, normas de conduta moral etc.). Contudo, vale ressaltar que o impresso

Folha Estudantil organizou uma página literária o que mostra a forte presença literária

nesse jornal. Outro aspecto que merece destaque refere-se ao impresso O Estudante de

Atenas: os assuntos referentes à vida social escolar e aos esportes, juntos, faziam parte

da seção a Sociocracia, um diferencial desse jornal. A maior concentração dos assuntos

analisados nos impressos estudantis do Colégio de São Luiz e do Liceu Maranhense

seguiu a seguintes composições temáticas: política, cultura literária e o cotidiano

escolar.

2.1. Posicionamento político nos impressos estudantis

AVANTE

Luiz Fernando Rêgo

O jornal será o interprete dos nossos anseios, o farol a nos

apontar a meta a seguir, para que o nosso imenso desejo de

batalhar pelo Maranhão Atenas se transforme em realidade.

Temos a necessidade de cooperação de todos os colegas. É o

pedido que neste instante dirijo a todos os alunos do Colégio de

São Luiz, para que ofereçam a sua ajuda inteligente e valiosa a

favor do nosso ideal.

Trabalhemos pelo engrandecimento de nossa terra.

Bem formado o nosso espírito, bem formado o nosso caráter.

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Estudemos. E façamos de Avante o grito de uma juventude sadia

que praticamente ama o Maranhão, ama o Brasil. (Avante, abr.

1950, p.1).

Com essas palavras no editorial do segundo número do jornal Avante, Luiz

Fernando Rêgo, um dos integrantes do Grêmio Cultural e Recreativo ―Luiz Rêgo‖ e

redator do jornal, além de apresentar o jornal como um veículo que realiza os anseios do

grupo em alcançar um Maranhão Atenas, solicita a participação dos estudantes na

concretização desse ideal, contribuindo também para o engrandecimento do estado e do

país. Além disso, na quinta edição, há uma publicação sobre a liberdade do Cardeal

Mindszenty, preso pelo regime socialista da Hungria, mostrando, através do cardeal, a

resistência da Igreja católica ao sistema socialista, servindo de exemplo para o Brasil e

mostrando o posicionamento desse grupo estudantil diante do contexto da Guerra Fria,

conflito ideológico entre Estados Unidos e União Soviética. Assim aparece o

posicionamento do jornal quanto ao fato:

A volta do Cardeal Mindszenty

E quando de volta a Hungria, sua casa foi assaltada pelos vermelhos

que encontraram-no rezando o terço de Nª. Senhora.

Durante um ano da sua ignomiosa prisão, ele sofreu calado, rezando e

implorando pelas almas dos seus verdugos.

E após tão atroz período, ele volta orgulhoso para sua amada pátria,

onde é recebido condignamente pelos seus compatriotas, cheio de

júbilo.

E quanto júbilo nós brasileiros teríamos em receber aquele homem

que mesmo frente às piores calúnias não deixou de pregar a sua

religião que é a de nós todos.

O Brasil, e a Igreja católica muito teriam a ganhar com a vinda desse

grande homem que é o Cardeal Mindszenty em nossa pátria (Avante,

ago. 1950, p.2).

Na segunda edição, o artigo ―A ociosidade‖, de Dicey, enaltecia o trabalho e o

ensino como forma de combater a ociosidade e, também, uma forma do país estabelecer

seu desenvolvimento ao lado das grandes potências mundiais. O texto associa a

ociosidade à vida do sertanejo, que, segundo o artigo, é um trabalhador sem instrução

educacional que não almeja um futuro para sua família e para o seu país. Um exemplo

que não deve ser seguido pelos estudantes, para não se tornarem indignos de ser

brasileiro. Ser brasileiro, nesse caso, é ―engrandecer a Pátria‖ com o estudo e com

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trabalho, ou seja, considera-se que cabe aos letrados o papel condutor do progresso do

país. Vejamos parte desse artigo:

A ociosidade

Um dos maiores e mais terríveis males que afligem, infelizmente, a

maioria do povo do nosso Brasil é, sem dúvida alguma, a ociosidade,

a preguiça.

[...]

O nosso popular sertanejo é o melhor exemplo de indivíduo ocioso

(com raras exceções): depois de vender sua carga na cidade, ou de

vender suas cambadas de peixes, esses caboclos, com o dinheiro da

venda (que só dá para passar o dia) compram meio quilo de farinha e

de camarão seco, almoçam e depois vão dormir.

Não pensam esses indivíduos em guardar dinheiro para o futuro, pois,

se acontecer a desgraça da morte desse caboclo sua mulher e filhos

ficam na extrema miséria; não pensam em mandar seus filhos para

uma escola, para que, quando esses mesmos se tornarem homens, não

tenham necessidade de seguir os passos do pai.

A causa desta ociosidade é a falta de instrução, é a ignorância.

Esses sujeitos analfabetos, filhos e netos de analfabetos, não pensam

em trabalhar para engrandecer a Pátria, em colocar o Brasil ao lado

das Grandes Potências.

Trabalhamos incessantemente tentando convencer os ociosos, e nunca

nos deixemos levar, por esse defeito que nos torna indignos do nome

de brasileiros, e que pode conduzir-nos aos maiores crimes e vícios.

(Avante, abr. 1950, p.3)

Na Folha Estudantil, as publicações ―No Pórtico, Ecos da posse da nova

diretoria do grêmio liceista ‗Castro Alves‘‖ e ―Avante, mocidade ateniense‖ se

posicionam quanto à valorização da tradição literária do estado, conclamando os

estudantes para o cultivo desta através do envolvimento com o grêmio e com jornal.

No pórtico

A mocidade maranhense não pode ficar de braços cruzados. Para

frente, sempre para frente deve caminhar a obra extraordinária que

legaram ao Brasil e à América os maranhenses ilustres de ontem. Não

bastam os bustos que estão colocados nas praças públicas. Não bastam

os artigos dos nossos jornais, as frases dos nossos oradores nos dias de

festa. Não basta o nosso orgulho. Não basta a nossa vaidade sem

termos. É preciso o nosso trabalho intelectual, o trabalho que possa ser

apreciado como feitos pelos discípulos dos nossos antepassados!

Esperamos pois que os estudantes maranhenses, sentindo o que

sentimos, pensando como pensamos nesta hora, estejam ao nosso lado

nesta marcha que encetamos. (Folha Estudantil, 13 jun.1951, p.1)

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Essa convocatória é reiterada no discurso de posse do presidente eleito do

grêmio:

A associação não é somente a Diretoria e sim todos nós em conjunto;

nós é que temos obrigação de mantê-la, engrandecê-la e defendê-la

com a nossa cooperação mútua, para que seja sempre aceitada pelos

nossos mestres; assim poderemos estudar para conhecer, conhecer

para organizar, organizar para realizar. (Folha Estudantil, 13 jun.

1951, p.1).

Na publicação ―Um conselho amigo‖, de R. C. Raposo, o assunto é educação. O

artigo levanta discussão sobre o papel da leitura no desenvolvimento da educação,

observando que ―o cerne mais sólido da educação encontra-se naquilo que lemos pelo

prazer de ler, e não por ser obrigação‖ (Folha Estudantil, jun. 1951, p.4).

Nas primeira, terceira e sétima edições do jornal O Estudante de Atenas foram

encontradas publicações relacionadas a assuntos referentes ao grêmio e a produção do

jornal. Os títulos ―Aqui colega, está o teu jornal‖ e ―Nossa luta‖, ambos na primeira

edição, exaltavam o lançamento do jornal e a nova diretoria do grêmio, além de

mostrarem como aqueles que trabalhavam ali estavam empenhados em representar a

classe estudantil noturna do colégio. A entrevista com presidente do grêmio Júlio Elias

Pereira, na terceira edição, serviu para apresentar as propostas de trabalho da nova

gestão, sem perder a oportunidade de fazer críticas à antiga diretoria quanto ao estado

de abandono que encontrou o grêmio e a promoção de atividades que se limitaram em

jogos esportivos.

O artigo ―A continuação de um ideal‖, na sétima edição, mostrava os desafios da

nova diretoria do grêmio em continuar o trabalho da gestão anterior, principalmente em

manter a produção do jornal. Lembrando que essa sétima edição foi publicada em 1957

com nova diretoria, mas do mesmo turno e compartilhando os projetos da gestão

anterior. Na segunda edição do jornal, as publicações estavam direcionadas para a

representação estudantil da União Maranhense de Estudantes Secundários, com

manchete informando o resultado da luta pela reforma administrativa dessa entidade

estudantil e uma carta ao seu novo presidente, advertindo sobre a sua responsabilidade

frente a essa entidade.

Além disso, foi publicado em forma de versos ato público dos estudantes na

cidade. ―Ato heróico e mui feliz. Sempre unidos e vibrantes. Tivemos em São Luís. A

greve dos estudantes‖ (O Estudante de Atenas, jun. 1956, p.2). Essa manifestação

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política foi em solidariedade aos estudantes do Rio de Janeiro, que em 1956

organizaram um movimento contra o aumento do preço das passagens, paralisando as

linhas de ônibus e bonde da cidade. A polícia revidou com violência, levando ao

confronto entre policiais e estudantes. Não só O Estudante de Atenas se manifestou, o

Centro Liceista lançou uma nota no jornal O Combate de 4 de junho de 1956, de

circulação na cidade: ―deliberando juntamente com outros estudantes do Liceu

Maranhense resolve: decretar, em solidariedade aos nossos valorosos colegas cariocas,

greve pacífica nos dias 4, 5 e 6 do corrente‖ (O Combate, 4 jun. 1956, p.4).

Outro posicionamento do jornal refere-se ao gênero feminino, ao lugar da

mulher nesse impresso. Na edição de número dois, foi publicada, ao lado do resultado

do concurso de ―Rainha dos Calouros‖, a foto da atriz estadunidense Jane Russel, ―a

atriz querida dos estudantes‖ (O Estudante de Atenas, jun. 1956, p.3), considerada na

época um símbolo sexual. A referida foto chama atenção pelo espaço que ocupa na

página, sem uma relação da foto com um filme para que pudesse ser publicada. Outra

publicação na mesma edição e que pode ajudar nessa análise é feita em forma de humor:

―Uma conversa em cada número‖. O texto traz a seguinte redação:

Dois amigos iam passeando, quando um pergunta ao outro:

- Por que não te casas?

- Porque não encontro uma mulher que seja alfabeto.

- Mulher alfabeto? Que quer dizer isso?

- É muito simples, que seja... fixo-te nas iniciais que vou colocando:

Amante, bela, culta, devota, educada, firme, generosa, humilde,

ingênua, jovem, limpa, madrugadora, nobre, obediente, pacífica,

quieta, rica, séria, trabalhadora, urbana, virtuosa, xenógrafa, e,

sobretudo zelosa de sua honra. Entendes, agora, o que quer dizer

mulher alfabeto?

- Entendido. Porém, isso não encontrarás, nem com a lanterna de

Diógenes. (O Estudante de Atenas, 27 jun. 1956, p.2)

Desse modo, as publicações refletem o olhar dos estudantes, que

majoritariamente são do sexo masculino e que compõem o jornal, quanto ao papel da

mulher na sociedade.

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Continuando na mesma edição, foram publicadas opiniões sobre o impresso,

com avaliações positivas da produção e dos produtores. Assim, o jornal passa a ganhar

prestígio e, ainda, se fortalece frente ao público leitor.

Vem causando grande repercussão no meio estudantil, a fundação de

O Estudante de Atenas. É um jornal que corresponde,

convenientemente, as necessidades para o qual foi criado.

[...] O Estudante de Atenas muito contribuirá para o desenvolvimento

intelectual do estudante maranhense. (Benedito de Jesus Batalha)

Como nele, transparece em cada um dos seus colaboradores, o estigma

perfumado de um bom começo para a vida pública. (Dr. Jessé

Guimarães, O Estudante de Atenas, 27 jun. 1956, p.4)

Porém, a mensagem de maior prestígio entre as publicações vem do ex-

interventor do estado e membro da Academia Maranhense de Letras, o general Luso

Torres:

O Estudante de Atenas, órgão oficial do Grêmio Liceista, cujo

primeiro número me foi amavelmente ofertado, apresenta uma

iniciativa merecedora de aplauso e incentivo, assim por captar os

recursos de comunicação espiritual no seio da mocidade [...] pelo

salutar exercício de escrever a língua nacional, que a juventude

estudiosa deve zelar. (O Estudante de Atenas, jun. 1956, p.4)

A partir da análise desse impresso estudantil, percebe-se que o grande interesse

era a formação da intelectualidade nos jovens estudantes do colégio, voltado ao público

de maioria masculina, com defesa para que não se apagasse da memória da cidade o

passado da Atenas Brasileira, participando também de atos políticos para o bem comum

da classe estudantil.

No jornal O Liceu, edição de abril de 1957, a política tomou conta dos principais

assuntos e, logo na primeira página, as manchetes e as fotos fazem um convite ao

público leitor para apreciar os principais momentos das eleições que elegeram a nova

direção do Centro, suscitando debates sobre democracia com o texto ―Opinando‖, de

Benedito Lyra, em que este elogiava a política democrática do diretor na realização da

disputa eleitoral pela diretoria. E ainda, a partir desse ato do diretor, apontava tal feito

como exemplo a ser seguido no país, garantir o processo democrático de uma eleição.

Negar, portanto, liberdade de pensamento e expressão ao estudante é

destruir todos os elos que unem a democracia. E foi, prezados colegas,

com esta liberdade de pensamento e expressão que essa autêntica

figura de democracia que ora dirige – Prof. José da Silva Rosa –

conseguiu implantar no Liceu uma política sadia. E é esta, prezados

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liceistas, a futura política que devemos envolver o nosso Brasil. É de

estarrecer que os dirigentes do país não a tenham ainda adotado,

preferindo adotar uma política corruta e corrutora, política esta que

está levando o Brasil a ser não mais um Brasil para os Brasileiros, mas

um Brasil colônia, um Brasil dependente, um Brasil para os norte-

americanos, [...]

Enfim prezados liceistas quero deixar frisado o meu veemente apelo,

apelo este ao qual devemos dar o máximo de nossas energias para

podermos adotar ao nosso futuro Brasil político essa espécie de

verdadeira democracia; e assim caros liceistas estaremos concorrendo

para que o Brasil não seja um Brasil para os americanos e sim um

Brasil para os brasileiros. (O Liceu, abr. 1957, p.2)

Além disso, o artigo expressava também repúdio às relações de dependência

entre Brasil e Estados Unidos, reivindicando uma política voltada para os interesses

nacionais em detrimento da política desenvolvimentista do governo do presidente

Juscelino Kubitschek (1956-1961). Na época, Juscelino sofreu duras críticas, sendo

responsabilizado por consolidar a dependência do país ao capital estrangeiro e ao

processo inflacionário, devido à abertura da economia ao capital estrangeiro e a emissão

de papel moeda como forma de promover o desenvolvimento econômico. Priorizando

investimentos no setor industrial, nas áreas de transporte e energia, gerou uma

desnacionalização econômica, pois as empresas estrangeiras passaram a controlar

setores industriais estratégicos da economia nacional. Esses debates políticos do país

estavam presentes nesse grupo.

Quanto à vitória nas eleições do Centro Liceista, a palavra renovação significava

o renascer de uma entidade e de um jornal estudantil, mas revivendo suas tradições. A

chapa vencedora era Renovação Liceista, que com o slogan Dinamismo e Evolução –

Moralidade e Trabalho – Elementos novos com novos ideais prometia mudanças sem

perder a tradição.

No artigo ―O Renascimento‖, de Aymar Mesquita, mostra-se que uma das

tradições do Centro Liceista era a publicação de um jornal:

Após uma fase verdadeiramente calamitosa volta triunfalmente à

circulação O Liceu.

Revivendo o seu passado glorioso, ei-lo de volta, entretanto, desta vez

tem um novo caráter.

Suas características foram totalmente substituídas, novas ampliações,

novos assuntos e, principalmente nova direção.

[...]

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De acordo com o que idealizou a direção destes consideráveis

melhoramentos surgirão mais tarde e, dignificando o tradicional Liceu.

(O Liceu, abr. 1957, p. 4)

Através do departamento de imprensa do Centro Liceista, a publicação de

―Venceremos as crises e normalizaremos a situação do Liceu‖ resumia a situação do

jornal: ―A tiragem de um jornal estudantil em nossa terra é um verdadeiro sacrifício. É

uma aventura de autênticos loucos‖ (O Liceu, abr. 1957, p.8). Com essa frase, o então

diretor procurou denunciar a dificuldade que era produzir um impresso estudantil

naquela época, seja pelos altos custos, maquinário insuficiente na cidade ou pela não

aquisição do jornal por parte dos estudantes. Portanto, diante dessa realidade, o

entrevistado propõe que a ―União Maranhense dos Estudantes Secundários (U. M. E.

S.), em combinação com Associação de Imprensa Estudantil e os Grêmios estudantis,

procur[e] o apoio dos poderes constituídos para a criação de uma tipografia de

estudantes para estudantes‖ (O Liceu, abr. 1957, p.6). Assim poderia ser solucionado o

problema de lançamento dos jornais estudantis na cidade. Mesmo com o relato sobre as

dificuldades enfrentadas, o diretor prometeu lançar novas edições para os meses de

maio, agosto, setembro, outubro e uma edição especial para o mês de novembro daquele

ano.

Além da publicação do jornal como tradição do Centro, outra tradição, segundo

entrevista com o diretor do Departamento Cultural, recém-eleito, Jovenal Lins, aparece

assim relatada:

- O Departamento Cultural do Centro é um dos mais importantes,

embora algum dos seus ex-dirigentes não o tenham considerado desse

modo.

Entretanto, posso afiançar que dessa vez ele preencherá as suas reais

funções, pois tenho um vasto plano de ação cuja realização depende

quase que totalmente do apoio que me venha a ser dado pela ilustre

Diretoria do Centro Liceista.

É pensamento meu levar a efeito uma série de conferencias, as quais

deverão ser feitas por colegas nossos nos diversos estabelecimentos de

ensino de nossa capital, levando um pouco da cultura liceista a cada

um dos mesmos, obrigando-os a retribuí-las, o que viria grandemente

o intercâmbio intercolegial em nossa terra.

Promoveremos, por outro lado, conferências mensais, no auditório do

Colégio, as quais ficarão a cargo de renomados intelectuais

conterrâneos. (O Liceu, abr. 1957, p.3)

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Como forma de demonstrar a legitimação do seu prestígio social, a nova

diretoria do Centro Liceista publicou um artigo descrevendo a campanha eleitoral, o

resultado da eleição em clima de festa, a solenidade de posse que teve a participação da

direção do colégio, do presidente da U.M.E.S. e do grêmio liceista. Participaram

também, desse quadro, autoridades do governo estadual e municipal, inclusive o

governador do estado Eurico Bartolomeu Ribeiro, que ―prometeu ao Centro Liceista

todo o seu apoio e auxílio, não só como Chefe do Executivo, mas também, em caráter

pessoal‖ (O Liceu, abr. 1957, p.6). Além dessa declaração de auxílio por parte do

governador, outro artigo foi publicado informando ao público leitor a respeito do

projeto de lei tramitando na câmara dos vereadores, ―concedendo auxílio de Cr$

12.000,00 ao Centro‖ (O Liceu, abr. 1957, p.7). Esse projeto foi apresentado pelo

vereador Teixeira Mota, professor de História do Liceu Maranhense e certamente,

segundo o jornal,

Sendo a nossa Câmara constituída, em sua quase totalidade, de

elementos jovens e presidida pelo velho professor Mata Roma,

catedrático do Colégio do Estado, é de se esperar que tão importante

quão necessário projeto não encontre obstáculos naquela Casa e seja

aprovado com a máxima brevidade possível (O Liceu, abr. 1957, p.7)

Entretanto, já havia sido concedido ao Centro Liceista auxílio financeiro em

1956, através da Lei 693 sancionada em 25 de julho, no valor de Cr$ 2.000,00. Sendo

assim, as relações entre o Centro Liceista e os poderes públicos locais não se constituiu

com a nova diretoria eleita. Por outro lado, o jornal O Combate, em 27 de junho de

1956, publicou a situação do Liceu Maranhense, denunciando que ―tudo está faltando

no Liceu‖ e as relações políticas naquele estabelecimento de ensino se resumiam em

dizer que ―o governo, por sua vez não liga para estas coisas. E a política partidária

domina o Liceu. Uma Sinecura para amigos e recomendados‖ (O Combate, 27 jun.

1956, p.3).

O posicionamento do jornal em relação ao lugar da mulher aparece em forma de

humor da seguinte maneira: ―O Liceu está sendo muito visitado pelas garotas. Cuidado,

Sr. Presidente‖ ou ainda, ―Já repararam vocês que o 1o científico deste ano mais parece

um ‗jardim de rosas‘? Não durmam no ponto, ilustres ‗jardineiros‘!‖ (O Liceu, abr.

1957, p.3). Com essas brincadeiras, há a intenção de apresentar o sexo feminino como

distração frente às responsabilidades do homem, ou como objeto de conquista do

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público masculino. As normas de conduta moral são voltadas, nessa edição, para o sexo

feminino e para o sexo masculino.

Na primeira página da edição 95, ano XXI, de 1958, a nova diretoria do centro

liceista publicou o artigo ―Pelo dinamismo da atual gestão impõe-se o Centro Liceista à

confiança dos nossos colegas‖, sobre as realizações da atual diretoria, as dificuldades na

publicação do jornal e apresentação de novos empreendimentos. Ainda na primeira

página, com o artigo ―Aos Liceistas‖, a redação enviava mensagem direcionada aos

estudantes do colégio, procurando explicar o atraso do jornal e prometendo lançar uma

próxima edição, mesmo com todo o trabalho que teriam de enfrentar. Além de fazerem

essa ampla defesa de sua gestão, o impresso, através da nova diretoria, lançou uma nota

sobre os preparativos para o II Congresso Estadual dos Estudantes Secundários do

Maranhão, em São Luís, naquele mês e ano, enfatizando que o Centro Liceista teria uma

atuação digna, pois, segundo o texto, a instituição era uma tradicional ―agremiação da

elite estudantil e baluarte das causas que afligem o estudante maranhense‖ (O Liceu, set.

1958, p.4).

O Liceu expressava, ainda, apoio aos ideais nacionalistas com uma nota sobre a

Petrobras – incluindo a foto da empresa – alegando que esta era ―uma realidade que se

impõem mesmo para os mais incrédulos. A REFINARIA DE MATARIFE E

CUBATÃO são provas esmagadoras do dinamismo e da capacidade dos brasileiros‖ (O

Liceu, set. 1958, p.1, destaque do original). Essa defesa foi ratificada com a publicação

do artigo ―Ser Nacionalista‖, do qual destacamos os seguintes trechos que denotam os

ideais nacionalistas defendidos por esse grupo e ao mesmo tempo refletem uma escrita

convocatória.

Ser nacionalista é saber lutar pelos direitos e interesses da nação.

Ser nacionalista é brigar, lutar e não entregar aquilo que é nosso.

Sejamos nacionalistas, mas nacionalistas na verdadeira acepção da

palavra, pois se assim formos dentro em breve nos orgulharemos de

sermos um povo forte, aguerrido e, por conseguinte, ―Poderoso‖ (O

Liceu, set. 1958, p.3).

Esse posicionamento político é verificado também nas eleições locais com a

publicação ―Mota e Cadmo concorrerão ao pleito de 3 de outubro‖. O texto apresentava

dois professores do colégio, Mota Teixeira e Cadmo Silva, como candidatos para o

legislativo municipal, e os redatores do jornal pediam votos para os dois. Outra forma

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de chamar atenção dos estudantes para as eleições municipais foi a publicação

―Eleitores Liceistas‖, que recomendava aos estudantes votarem de forma consciente.

A escolha conscienciosa, o julgamento com acerto serão tuas armas

para o cumprimento das leis democráticas. Pensa antes de escolher o

teu candidato. Repudia os falsos nacionalistas, os comunistas,

demagogos e honra com teu voto aqueles verdadeiros brasileiros, os

homens de caráter reconhecidamente elevado e nobre. (O Liceu, set.

1958, p.2).

Novamente o nacionalismo é assunto recorrente no jornal. Devemos lembrar que

o pensamento nacionalista já fazia parte dos estudantes do Liceu Maranhense desde

1950, quando o Jornal do Povo de 22 de agosto de 1950 noticiou que os ―liceistas‖

aderiram à Frente da Juventude Populista, ―campanha da juventude em prol das

reivindicações democráticas defendidas pelas Oposições Coligadas no Maranhão‖

(Jornal do Povo, 22 ago. 1950, p.3), apoiando a candidatura de Getúlio Vargas para a

presidência da república e Saturnino Belo para governador do estado, em oposição ao

grupo vitorinista. Assim foi descrita a presença dos ―liceistas‖ no movimento:

A frente desse movimento encontra-se uma plêiade de moços

idealistas que comungam com os políticos de real prestígio do

Maranhão as mesmas esperanças de recuperação de nossas tradições

de povo civilizado e culto.

Assim é que, ontem, na sede do Partido Social Progressista se reuniu

um grupo considerável de estudante do tradicional Liceu Maranhense,

a fim de ser organizado o Núcleo Liceista da Frente da Juventude

Populista, que fundamenta as bases de suas atividades na defesa do

programa traçado pelas Oposições Coligadas e no Apoio às

Candidaturas do senador Getúlio Vargas e Satú Belo. (Jornal do Povo,

22 ago. 1950, p.3-4).

Além disso, o posicionamento político do jornal estabelecia também uma norma

de conduta moral para o público leitor do colégio, como repudiar candidatos comunistas

ou qualquer outro que não tenha seu caráter de reconhecimento ―elevado e nobre‖, e, de

acordo com a publicação do jornal, o Centro Liceista, sendo uma ―agremiação da elite

estudantil25

e baluarte das causas que afligem o estudante‖, deveria defender seus ideais,

que passam a ser os ideais da classe estudantil daquele estabelecimento de ensino. Esses

estudantes vivem em plena Guerra Fria, entre o bloco socialista liderado pela antiga

25

No que diz respeito à categoria ―elite estudantil‖, propõe-se inseri-la na definição de ―elite

cultural‖ dada por Sirinelli (1998) como ―homem de cultura‖. Sob esta classificação podem

estar reunidos tanto os criadores como os mediadores culturais: à primeira categoria pertencem

os que participam da criação artística e literária ou no progresso do saber, na segunda juntam-se

os que contribuem para difundir e vulgarizar os conhecimentos dessa criação e desse saber.

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União Soviética e o bloco capitalista liderado pelos Estados Unidos. Logo, com essas

publicações há uma plena defesa dos estudantes ao capitalismo.

Apesar de ter apenas uma edição, o jornal deixou em evidência sua participação

em questões políticas ligadas ao nacionalismo, à representação estudantil e às eleições.

Embora apresente oposição ao grupo anterior do centro liceista, que publicou o

exemplar de abril de 1957, um ponto em comum entre as duas edições é o

posicionamento político sobre o nacionalismo, diferentemente do que ocorreu nas

edições encontradas do grêmio estudantil que procurava dar destaque aos textos

literários. Não podemos esquecer dois pontos convergentes entre os impressos do

grêmio e do centro liceista. O primeiro é o lugar da mulher no impresso, com ênfase na

beleza feminina. O segundo ponto é a constante presença nas publicações do empenho

das agremiações estudantis na produção e circulação dos impressos, com ênfase à

importância deles na vida estudantil e na própria cidade.

Por fim, a partir dos jornais estudantis aqui apresentados, constatamos que o

impresso Avante, do Colégio de São Luiz, é menos combativo que os demais impressos

do Liceu Maranhense, mostrando-se mais preocupado em estimular entre os estudantes

o apreço pelas letras, elevando a imagem do colégio como instituição de excelência para

a formação de uma elite.

2.2. O cultivo pelas letras da Atenas Brasileira

Para a compreensão deste item, é preciso destacar que na historiografia

maranhense, e também no senso comum, vigora a existência de uma São Luís

considerada a ―Atenas Brasileira‖. Essa expressão foi incorporada pela elite do século

XIX, classe dominante de proprietários comerciais e agroexportadores de algodão e

açúcar. A historiadora Helidacy Maria Muniz Corrêa (2012, p.20) assim descreve o

assunto:

Atenas Brasileira. Construção simbólica, elaborada pela

intelectualidade maranhense do final do século XIX, numa referência

à intensa atividade literária existente em São Luís, cujos maiores

representantes Odorico Mendes, Gonçalves Dias, João Lisboa, entre

outros, pertencentes ao denominado Grupo Maranhense do

Romantismo Brasileiro (1832-1868), estavam presos à constante

reminiscência de um tempo de esplendor econômico, no qual o

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Maranhão desfrutou os benefícios de uma economia algodoeira

exportadora.

O interessante é explicitar que essa construção vem reafirmar a existência de um

conjunto de intelectuais excepcionais perante a sociedade local e nacional. A Atenas

Brasileira refere-se a um período da história maranhense do século XIX em que as elites

econômicas enviavam seus filhos para os grandes centros da Europa ou em outras

províncias do Brasil para estudarem, principalmente, Direito, Medicina, Letras e

Matemática. Esses doutores, quando voltavam para a terra natal, passavam a escrever

em jornais (BOTELHO, 2007). Desse modo, São Luís seria uma terra de doutores e

escritores que ―contribuiriam para a formação de escolas literárias e de avançados

estudos sobre os diversos ramos da ciência, incluindo as letras e o gênero humano‖

(BOTELHO, 2007, p.145).

Além disso, outros elementos podem ser associados à construção da Atenas

Brasileira. No final do século XIX, em São Luís, brotaram as sociedades recreativas, as

conferencias literárias e festas, locais de encontros da sociedade dominante. Cabe

destacar também que o Liceu Maranhense, colégio de ensino secundário de 1838, nesse

contexto, ―abrigaria um professorado primoroso, bastando, para comprová-lo, declinar

que um dos mestres, o de grego, seria Sousândrade‖ (CORRÊA, 1993, p.127).

Sousândrade, escritor maranhense, participou, junto a Artur e Aluízio de Azevedo,

Graça Aranha, Coelho Neto, Celso Magalhães, Raimundo Corrêa entre outros, da

chamada segunda geração de intelectuais participantes na elaboração da ideia da Atenas

Brasileira. Na fase republicana, um terceiro grupo, chamado de Novos Atenienses e

formado por Ribeiro do Amaral, Justo Jansen, Barbosa de Godois, Maranhão Sobrinho,

Humberto de Campos, entre outros, também teve participação no ideário ateniense

(CORRÊA, 2012).

Desde o primeiro grupo de intelectuais atenienses:

Multiplicaram-se as gráficas e consolidou-se o jornalismo político e

literário. O Maranhão começou a receber pedidos de serviços gráficos

do restante do Brasil: e livros, escritos nas mais diversas províncias,

publicaram-se com sucesso, pelo trabalho de tipógrafos competentes,

a despeito da escassez de recursos técnicos, substituídos pelo paciente

treinamento, transmitido pela experiência de autênticos artesãos,

quase artistas, da composição, como foram os renomados Correia de

Frias e Belarmino de Matos, que trouxeram os dois primeiros prelos

mecânicos para o Maranhão.

O trabalho nas oficinas gráficas era extenuante.

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Quanto ao jornalismo doutrinário, quando praticado pelos mestres,

transpirava a escrita elegante, recordando a linhagem dos clássicos.

(CORRÊA, 1992, p.128)

Assim, o imaginário da intelectualidade maranhense da Atenas Brasileira foi

incorporado na produção literária e jornalística com base nas produções do Grupo

Maranhense da primeira geração (1832-1868), da segunda geração (1868-1894) e da

terceira geração (1894-1932), criando uma preocupação para as gerações posteriores da

elite local em manter essa simbologia.

Desse modo, no jornal estudantil Avante, as publicações referentes ao campo

literário estão presente e são variadas. Crônicas, poemas, sonetos, textos biográficos de

escritores maranhenses como Odorico Mendes e Antonio Gonçalves Dias, além do

poeta português Guerra Junqueira, são exemplos dessa variedade. Importante ressaltar

que Manoel Odorico Mendes é identificado no jornal, sendo da primeira geração de

escritores da chamada Atenas Brasileira. Essa informação foi publicada na segunda

edição da seguinte maneira: ―Em São Luiz do Maranhão em homenagem a este ilustre

homem, que sem dúvida alguma foi um dos que mais contribuíram para que à nossa

terra fosse dado o brilhante título de ‗Atenas Brasileira‘‖ (Avante, abr. 1950, p.3). Essa

expressão Atenas Brasileira está presente em outros textos do Avante, como neste da

primeira edição:

Publicaremos, além de outros artigos, páginas literárias, tão

necessárias ao desenvolvimento cultural dos jovens da atualidade.

Nessas páginas, descreveremos biografias de homens célebres, que

engalanaram a história do Maranhão com letras aureoladas, com o

esplendor do talento. Sim; pois se na Atenas Antiga, houve um

Homero, um Ulisses, na Atenas Brasileira houve um Gonçalves Dias,

um Humberto de Campos. (Avante, 31 out. 1949, p.1)

Na segunda edição, no seu editorial, essa expressão apareceu na forma

―Maranhão Atenas‖, pois esse grupo de jovens anunciou que ―o jornal será o interprete

dos nossos anseios, o farol a nos apontar a meta a seguir, para que o nosso imenso

desejo de batalhar pelo Maranhão Atenas se transforme em realidade‖ (Avante, abr.

1950, p.2). Outro exemplo da presença dessa expressão no jornal está na quinta edição,

com as seguintes palavras: ―Está, portanto, nas mãos dos estudantes de nossa terra o

bom nome bem como o futuro da Atenas Brasileira‖ (Avante, ago. 1950, p.2). Cabe uma

análise de quanto essa expressão permaneceu viva no imaginário coletivo da cidade,

através das práticas estudantis observadas nas publicações de artigos. Inclusive, esse

desejo expresso nos estudantes é um reflexo do que viveu a cidade ludovicense na

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década de 1950, pois, a título de informação, o periódico de circulação na cidade, O

Combate, em 23 de novembro de 1950 publicou uma nota informando aos leitores sobre

o lançamento da sua página literária destinada aos trabalhos de escritores locais. e

aponta que esta ―visa unicamente o desenvolvimento cultural de nossa histórica Atenas

Brasileira‖ (O Combate, 23 nov. 1950, p.3).

Na sexta edição do Avante, setembro de 1950, o artigo ―Desenvolvimento

cultural do Brasil‖, assinado por Jomaza, ocupou quase toda página para relatar a

história da literatura brasileira. O texto apresentava uma cronologia das escolas literárias

brasileiras, com autores maranhenses em determinados períodos sendo destacados. No

século XX, o texto não faz referência às escolas literárias, e sim aos autores que

despontaram no começo do século, incluindo maranhenses. Porém essa ênfase dada aos

escritores maranhenses no contexto literário brasileiro até o inicio do século passado

não é observada na sequência do texto. Todavia, em 1948, jovens escritores da cidade

lançaram uma revista chamada Malazarte. No editorial de seu primeiro número, os

criadores foram apresentados como ―um pequeno grupo formado de alguns modernos

artistas e escritores do Maranhão atual‖ (Malazarte, jul. 1948, p.1). O lançamento da

revista, com seus respectivos produtores, foi comentado na imprensa local da época,

fazendo circular a construção da identidade da revista e, ao mesmo tempo, exaltando o

grupo responsável por sua criação. Assim era descrita a publicação:

Temos sobre nossa mesa de trabalhos o primeiro número de

―malazarte‖, mensário de cultura que tem como diretores os poetas

Correa da Silva, Bandeira Tribuzi, pintor J. Figueiredo e o teatrólogo e

ator José Brasil.

O aparecimento de ―malazarte‖, cujo nome constitue uma

homenagem de um grupo de artistas e escritores modernos do

Maranhão a Graça Aranha, o renovador da mentalidade artística e

literária do Brasil, que em fevereiro de 1911, publicou o drama que

tem por tema a figura lendária de Pedro Malazarte, está despertando

grande interesse nos meios literários de São Luiz.

Esse primeiro número de ―malazarte‖ apresenta farta colaboração, da

autoria de Erasmo Dias, Lucy Teixeira, José Brasil, Corrêa da Silva

Franklin de Oliveira, Bandeira Tribuzi, Osvaldino Marques e Carlos

Madeira. (O Imparcial, 30 jul. 1948, p.1).

No entanto, esse grupo de jovens escritores maranhenses – proclamado moderno

no jornal O Imparcial e apresentado, em 1948, na revista Malazarte – sequer aparecia

no artigo do jornal Avante de 1950. Aliás, a única pessoa deste grupo da revista

Malazarte citada no jornal estudantil é Lucy Teixeira, que teve seu nome veiculado na

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quarta edição graças ao registro de sua peça teatral Quem Beija o Leão?, representada

pelos alunos do Colégio do Estado, o Liceu Maranhense. Na publicação, ela recebe o

título de ―culta maranhense‖ e não de ―artista modernista‖ ou ―moderna‖. Constata-se

que o Avante tem como foco o aspecto literário, a valorização dos escritores

maranhenses da primeira, segunda e terceira geração da Atenas Brasileira.

O impresso Folha Estudantil dedicou uma página literária com publicações de

contos e poesias. Na mesma direção do Avante, fazia também a defesa do título que a

cidade cultivava de ―Atenas Brasileira‖. Essa defesa era o argumento utilizado pelos

dirigentes do jornal como justificativa para os estudantes se envolverem nas diversas

atividades propostas pelo grêmio através do seu jornal. Vejamos parte do artigo

―Avante, mocidade ateniense‖:

Volvendo a memória ao passado, revivemos os dias áureos dos nossos

ascendentes, quando a glória maranhense se sobressaiu, pelas letras,

entre as demais glebas do solo pátrio. Hoje quando desfolhamos as

páginas imortais do livro dos heróis da literatura nacional, orgulhamo-

nos daqueles que souberam elevar aos píncaros da glória o nome do

Maranhão.

Eles, robustecidos pelo espírito de sacrifício e denotados de boa

vontade e amor aos interesses da pátria, trabalharam pelo

engrandecimento literário do povo brasileiro. Razão esta que bem

define a vitória dos grandes homens de letra que o Maranhão se honra

de tê-los como filhos, cuja gratidão estes legaram a terra berço o título

indelével de ―Atenas Brasileira de Letras‖. Não podemos esquecer a

vida e os relevantes serviços de nossos primeiros irmãos que honraram

o nome, a tradição e a história de nossa gente, como ANTONIO

GONÇALVES DIAS, ODORICO MENDES, COÊLHO NETO,

JOÃO FRANCISO LISBOA, HUMBERTO DE CAMPOS, GRAÇA

ARANHA, RAIMUNDO CORRÊA, ARTUR AZEVÊDO, ALUISIO

AZEVÊDO, CATULO DA PAIXÃO CEARENSE e outros mais que

não se afastam da memória dos brasileiros.

Avante, Mocidade Ateniense! (Folha Estudantil, 13 jun. 1951, p.2,

destaque do original).

Essa reivindicação por um engajamento dos estudantes pela ―glória maranhense‖

se concentra nas atividades que enaltecem o nome da cidade como Atenas Brasileira. Na

mesma publicação, J. Bastos reitera o valor a essa tradição literária do estado, chamando

o impresso de página literária.

Esta página de literatura, criada por modestos alunos do ginásio,

precisa de teu apoio e boa vontade, para isso envia para este jornal os

teus trabalhos literários ou de qualquer outra natureza, contanto que as

tuas colaborações tenham um fim – trabalhar pelo ―Grêmio‖ do nosso

colégio. Procedendo desta maneira, companheiro de Ginásio, terás

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uma folha pública, onde poderás externar teus sentimentos e ideais,

tudo isso para o interesse de teu estabelecimento de ensino e da tua

coletividade estudantil.

Eis, para frente! Mocidade Maranhense! Com a mesma cadência que

desenvolviam os maranhenses de ontem; para que a tua plaga não só

patenteie esta tradição que é o orgulho do Maranhão, mas de todo o

Brasil! (Folha Estudantil, 13 jun. 1951, p.2).

No impresso O Estudante de Atenas, variados estilos são apresentados em forma

de poemas, crônicas, biografia (como a do escritor Gonçalves Dias) e entrevistas com

escritores locais para discutir literatura (como a realizada com Mario Martins Meireles,

pertencente à Academia Maranhense de Letras). Na entrevista com o escritor

maranhense Mário Martins Meireles, na terceira edição, o jornal realiza seu objetivo de

―estimular o desenvolvimento intelectual do estudante ateniense‖. Diferente dos outros

impressos estudantis citados, Avante e Folha Estudantil, O Estudante de Atenas não

publica textos reivindicatórios de uma Atenas Brasileira, mas encampa como luta o

desenvolvimento intelectual do estudante como continuidade dos esforços das gerações

do passado glorioso da cidade. Com esse propósito, no início do texto, é apresentado o

desejo em ―receber uma acertada orientação [...], para nossa formação literária, já que

nós vamos enveredando pelas cousas do espírito‖. Assim, ao entrevistar um escritor

maranhense e ex-professor do colégio, o grêmio liceista, a partir do seu impresso,

apresenta um diálogo entre a classe estudantil – desejosa de orientação e formação

literária – e a Academia Maranhense de Letras – casa dos intelectuais fundada em 1908

– que terá fundamental importância para a formação intelectual do estudante. Desse

modo, entre as orientações sobre quais escritores nacionais e maranhenses os estudantes

deveriam ler, e suas respectivas escolas literárias, destaco um ponto alto da entrevista:

- Que nos diz V. Excia. do movimento modernistas na poesia?

- Que nome se me afigura impróprio: até quando o ―modernismo‖ de

hoje será um movimento Moderno? E quando for superado, quando

for coisa do passado, como já o é o simbolismo de ontem?

- A poesia é eterna e, consequentemente, será sempre moderna,

cantem os poetas no estilo que cantarem e como e quanto sua

inspiração lhes permitir.

- Devemos acompanhá-lo?

- Só os gênios logram escapar a influência do meio, no tempo e no

espaço...; mas que o acompanhá-lo não importe no valer-se de suas

liberdades, quanto ao metro e a rima, para fingir ―poesias‖...

- Ao ver de V. Excia., qual o poeta deveríamos seguir?

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- Acompanha-se à escola, não neste ou aquele poeta,

propositadamente, sob a pena de perder-se a personalidade.

- Nossa última pergunta: Manuel Bandeira, Mário de Andrade, que diz

deles?

Não só Manuel Bandeira e Mário de Andrade, como também Cassiano

Ricardo, Menotti Del Picchia, Jorge de Lima, J. G. de Araújo, etc. (O

Estudante de Atenas, 4 set. 1956, p.3)

A discussão iniciada no início do diálogo, ―até quando o ‗modernismo‘ de hoje

será um movimento Moderno?‖, requer problematizar o conceito de moderno e

modernismo uma vez que

[...] tendem a apontar para as conjunções e disjunções existentes entre

os dois termos em momentos e espaços diferenciados e, como

desdobramento, para a multiplicidade de modernidades e

modernismos que podem ser pensados. Isto é, para a possibilidade de

uma variedade de projetos de modernização que se expressariam por

numerosas, mas não arbitrárias estéticas modernistas. (GOMES, 1999,

p.12)

Moderno e modernismo são expressões anunciadas na entrevista do O Estudante

de Atenas e, também, foram mencionadas em 1948 por escritores na revista Malazarte,

já citada anteriormente. Esses escritores se apropriam do termo moderno para

classificarem o grupo como ―modernos artistas e escritores do Maranhão atual‖ (p.1).

Na segunda edição da revista, publicaram a definição do Modernismo, de Bandeira

Tribuzi, caracterizando-o como:

Aquele movimento artístico de que Graça Aranha e Anita Malfatti

foram complemento circunstancial e veículo apresentou-se em 1922,

na já histórica Semana de Arte Moderna, com todas as características

da revolução que tem raízes no complexo social-econômico;

idealismo, coragem e gosto de destruição (Malazarte, 13 set. 1948,

p.1).

Essa publicação sobre o conceito do modernismo vem reforçar o entendimento

de que os escritores apresentados na revista Malazarte são um marco da chegada do

modernismo no estado, como aparece em publicação de O Globo que a revista fez

questão de republicar :

[...] Malazarte, mensário de cultura, constitui uma corrida vertiginosa

de um grupo de jovens vontadosos, representantes do movimento

renovador das letras e artes maranhenses, em busca como o fez José

Bonifácio, da completa libertação de um ideal que é o mais um

destino.

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[...] Abolidos os artifícios, os jovens seguidores da nova escola de

cultura avançam a passos largos nos domínios da glória literária e

artística.

[...] o futuro é esta mocidade, que canta poemas sem rima e sem

métrica, que escreve sem significados pomposos, que deita o pincel

para exprimir a verdade, que ama como lhe manda o coração.

Salve, pois, mocidade vitoriosa e consciente!... (O Globo, 30 jul.

1948)

Essa ebulição de jovens escritores modernos no final da década de 1940 talvez

tenha ocorrido pela associação que suas produções tiveram com as características do

movimento modernista de 192226

, que ―se caracterizou, como não podia deixar de ser,

pelo prazer de liquidar uma literatura e arte decadentes‖ (Malazarte, 1948, p.1). Na

entrevista publicada no jornal O Estudante de Atenas, verifica-se um interesse por parte

do estudante em problematizar o movimento modernista. Porém, novamente, nenhum

jovem escritor maranhense é citado como referência literária. Tampouco, o escritor

Mario Meireles, membro da Academia Maranhense de Letras, menciona esse

movimento literário da revista Malazarte – que circulava em São Luís, no final da

década de 1940 – como modernista.

No jornal O Liceu, edição de 1957 e de 1958, não há publicações referentes à

memória coletiva da Atenas Brasileira, no sentido de exaltação ou convocação ao

público estudantil. Inclusive, poucos são os poemas nesse periódico, textos literários tão

comuns nos jornais estudantis da cidade.

2.3. O cotidiano escolar

Do cotidiano escolar publicado pelo Grêmio Cultural e Recreativo ―Luiz Rêgo‖,

através do seu impresso, destaca-se, principalmente, a organização de atividades

esportivas e de concursos ocorridos na escola; e, também, a participação dos integrantes

do grêmio em atividades fora do colégio. Além disso, muitas são as felicitações dadas

pelo grêmio a entidades estudantis criadas no próprio colégio ou em outros

estabelecimentos escolares da cidade. Era comum uma agremiação escolar receber

jornais estudantis de outra escola e publicar esse recebimento no seu impresso. O

26

Segundo Angela de Castro Gomes (1993, p.63), o Modernismo ―é um movimento de ideias

que circulava pelos principais núcleos urbanos do país desde a segunda metade dos anos 1910,

assumindo características cada vez diferenciadas com o passar das décadas de 1920 e 1930‖.

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Avante, na sua quarta edição, noticiou o recebimento do jornal estudantil O Liceu, do

Colégio Estadual, Liceu Maranhense:

O LICEU

Recebemos O Liceu, órgão dos alunos do Colégio Estadual.

Bem impresso, com excelente colaboração assinada, O Liceu se

propõe a ser o veículo dos sentimentos da mocidade daquele

educandário.

De coração, almejamos o melhor êxito às suas atividades.

Ao confrade R. Maranhão Lima e aos seus companheiros de trabalho,

o nosso apreço e amizade. (Avante, jun. 1950, p.5)

Portanto, esse intercâmbio que ocorreu entre o Colégio de São Luiz e o Liceu

Maranhense possibilitou o estreitamento dos laços entre os órgãos estudantis e,

consequentemente, entre os estudantes. Ou seja, formou-se uma sociabilidade entre eles.

Além disso, há uma visibilidade da produção dos estudantes de uma determinada

instituição escolar, o que podia servir como indicativo de um local de formação

intelectual da cidade.

Os aniversários dos estudantes e dos professores, bem como artigos que

estabeleciam normas de conduta moral aos estudantes, são publicados no jornal,

fazendo parte também do cotidiano escolar. Numa das edições, felicita-se a filha do

professor Luiz Rêgo, diretor do colégio, e ex-aluna, por seu aniversário. A moça estava

estudando engenharia em São Paulo, na Universidade Mackenzie, e talvez essa ligação

com São Paulo explique o artigo ―Exaltação a S. Paulo‖, assinado por Francisco F.

Ferreira, um dos redatores do jornal, publicado na sua primeira edição.

As publicações que descrevem normas que definem conhecimentos a ensinar e

condutas a inculcar (JULIA, 1995) nos estudantes podem ser observadas na terceira

edição, com o artigo ―Para você, colega...‖, assinado por Sérgio Prates Machado, do

turno noturno, que de forma poética pede a juventude cautela na vida.

Somos o trigo novo, ainda embalados pelos ventos, ainda com

reflexos dentro em nós do sol da fé.

São tão breves estes anos como o é o tempo que ficam nas espigas

maduras à espera das colheitas.

Nós, na ânsia de vivermos livres, no frenesi louco de liberdade, talvez

a lancemos fora do tempo único em que possuímos.

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Vivamos, respiremos este ar, este ar que purificará o sangue jovem

que pulsa em nossas veias, purifiquemos nossos pensamentos, para

que nosso espírito exale puridade. (Avante, maio 1950, p.6)

Outra forma de sugerir normas de conduta moral aos estudantes do colégio,

aparece na quarta edição do jornal, logo na primeira página e em destaque, na qual o

professor Luiz Rêgo pede aos alunos compromisso nos afazeres da vida escolar:

Exatamente convido cada jovem do Colégio de S. Luiz a pensar no

seu futuro. Cada um tem um ideal a alcançar.

Cada um tem um sonho que almeja transformar em realidade.

Nesse instante a que rogo seja reservado concentração, que cada

jovem não seja egoísta em pensar somente na sua felicidade. Mas que

pense no orgulho, na alegria dos seus pais em ver o seu esforço, o seu

sacrifício compensado pelo êxito do filho. E também pense no Brasil,

no conceito de nossa Pátria, no dever que assiste a cada um de nós, em

trabalhar, em realizar visando o engrandecimento do país natal.

[...]

A hora da aula, o tempo reservado ao preparo dos deveres, é sagrado.

Não pode, não deve ser colocado em plano secundário, nem

desperdiçado em brincadeiras insensatas.

Aproxima-se a Prova Parcial. Trata-se de um dos momentos sérios da

vida do escolar. Eis porque espero que os meus alunos se empenhem

em estudar, para que alcancem o êxito que eu, seus professores e seus

pais almejamos.

É o recado que peço a Avante fazer chegar ao conhecimento dos

estudantes do Colégio de S. Luiz. (Avante, junho 1950, p.1)

O estímulo às atividades físicas entre os estudantes estava presente no jornal de

diferentes modos: I) relatos sobre várias modalidades esportivas, sempre valorizando a

importância dos exercícios físicos para o desenvolvimento humano e da nação; II)

divulgação de torneios esportivos do Colégio; III) realização de concursos esportivos

entre os estudantes. Desse modo, o grêmio, através do jornal, procurou estimular o

esporte no meio estudantil daquele estabelecimento de ensino. Por fim, eram publicadas

também as comemorações cívicas do colégio e curiosidades em conhecimentos gerais e

históricos.

O jornal Folha Estudantil apresenta, entre os elementos do cotidiano escolar, o

torneio de futebol que ocorreu entre as séries do colégio no estádio municipal, além de

anúncios dos aniversariantes, boas-vindas a ex-alunos em visita à cidade e desejos de

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boa viagem. Foram publicados agradecimentos ao governador do estado Cesar Aboud27

por ter cedido o clube para a comemoração da posse da nova diretoria do grêmio,

notícias da solenidade de posse da nova diretoria do grêmio e do baile de comemoração.

Os artigos ―Um apelo aos colegas‖, de C. Ferreira Araújo, e ―Nosso ideal‖, de J.

B. Cunha, ao chamarem a atenção dos alunos para os assuntos de indisciplina na escola

e para a dedicação aos estudos, descrevem normas de conduta moral:

É terrivelmente desolador o aspecto do Colégio Estadual. Janelas sem

venezianas, tendo as vidraças totalmente quebradas, as paredes

completamente riscadas á giz, ou lápis. As salas se apresentam em sua

maioria, em tal estado que, dir-se-ia, por elas, ter passado um tornado,

em vista da lamentável aparência dos moveis, inteiramente

danificados. Nos corredores há um continuo eco de gargalhadas, de

gritos, de pragas, de obscenidades, etc.

E quem são os autores de tudo isto? Nós, meus colegas! Infelizmente

adotamos uma maneira de agir contrária a todos os princípios de

educação e bom tom. (Folha Estudantil, 13 jun. 1951, p.3)

Meus colegas, devemos empregar todo e qualquer esforço de boa

vontade nos nossos estudos, principalmente os jovens que tem seu

trabalho durante o dia e alguns que lutam com grandes dificuldades

para alcançar o seu ideal, porque aqueles que estudam num

estabelecimento de ensino noturno, têm a esperança de mais alguns

anos ver suas ideias vitoriosas. Para que no futuro possamos alcançar

o apogeu, devemos honrar o nome de ―ATENAS BRASILEIRA‖ a

qual nos deu aqueles ilustres maranhenses que ora vivem no coração e

no pensamento do povo brasileiro. (Folha Estudantil, 13 jun. 1951,

p.4, destaque no original)

O jornal O Estudante de Atenas publicava aniversários, homenagens, solenidade

de posse do grêmio, anúncios de concursos, falecimento, entrevistas, festas, boas-vindas

aos alunos transferidos para o curso noturno e também felicitações para alunos que

estivessem namorando, noivando ou que tivessem casado. O jornal também noticiava

eventos de grêmios de outros estabelecimentos de ensino da cidade, além do

recebimento do impresso de um grêmio estudantil da cidade de Teresina, Piauí. Esse

intercâmbio entre os estudantes das instituições de ensino na cidade, e fora dela

também, fazia parte do universo cultural escolar daquela época.

Na terceira edição do jornal, aparece artigo sobre a sessão cívica ocorrida no

colégio em comemoração ao dia do estudante, organizada pela União Maranhense de

27

Presidente da Assembleia Legislativa, assumiu o governo interinamente em 1951,

substituindo Eugênio Barros, que aguardava o julgamento no Superior Tribunal Eleitoral dos

recursos contra sua diplomação e posse.

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Estudantes Secundários e autoridades da cidade, e que contou com a presença do

deputado estadual Raimundo Emerson Bacelar e de emissoras de rádio da cidade,

Timbira, do governo do estado, e Difusora, do referido deputado. Essas publicações

demonstram o prestígio dado aos eventos escolares do Liceu Maranhense, consolidando

a imagem do colégio na cidade. Os valores morais cultivados na escola foram

colocados, ainda nessa edição, quando o redator do jornal chamou atenção dos

estudantes pelo mau comportamento fora do estabelecimento de ensino.

Nós, estudantes, temos (mesmo sem pressentir) grandes

responsabilidades. Além do compromisso com o Colégio a

preocupação que nos traz as provas ocupa lugar predominante a nossa

EDUCAÇÃO.

Li uma nota num matutino da cidade reclamando a falta de educação

dos jovens estudantes maranhenses, visto o acontecido no dia 11 –

―Dia do Estudante‖, no Cine Teatro.

Procuremos doravante recuperar o elogiável nível educacional de que

foram portadores os nossos antecedentes de ideal, desfazendo, assim,

a atitude precipitada de um dos órgãos literários de nossa Capital. (O

Estudante de Atenas, 4 set. 1956, p.3, destaque no original)

Os assuntos esportivos das edições se resumem a informações das atividades

esportivas disputadas no colégio ou fora dele. Na publicação ―Visita à Academia

Maranhense de Letras‖, a história dessa instituição é apresentada, lançando convite para

os estudantes conhecerem o lugar, aproximando os estudantes da Academia com o

propósito de incentivá-los ao mundo literário.

Entre as publicações do centro liceista, O Liceu, em 1957, ocupou-se em noticiar

os informes sobre as atividades esportivas do colégio com fotografias do time de futebol

da instituição, algo que os demais jornais analisados não fizeram.

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Figura 18: Edição do O Liceu de 1957 indicando evento esportivo do colégio e

fotografia do time.

Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite

Como todo jornal estudantil de sua época, O Liceu publicou aniversários,

homenagens, agradecimentos, festas, entrevistas e uma sessão solene da posse da nova

diretoria. Porém trouxe inovação ao publicar fotografias, por exemplo, da eleição e da

sessão de posse da nova diretoria, ou ainda a fotografia da candidata do colégio ao título

de Miss Maranhão, levando ao conhecimento do público leitor o destaque do Liceu na

sociedade maranhense.

Figura 19: Foto da candidata ao título de Miss Maranhão no jornal O Liceu de

1957.

Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite

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Figura 20: O Liceu de 1957, noticiando a eleição e posse da nova diretoria do centro

liceista, com as imagens de cada evento.

Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite

Na edição de 1958, os anúncios referem-se também aos campeonatos esportivos

disputados entre os estudantes do colégio ou a participação em jogos organizados por

outras instituições. Além disso, foram publicados os aniversariantes do colégio, alunos

ou funcionários, e as solenidades que aconteciam no auditório, como a posse da nova

diretoria do Centro Liceista e uma homenagem a um professor. Havia também informes

sobre as comemorações realizadas na Páscoa, no dia do estudante, no dia da árvore e no

aniversário do Centro Liceista. Também fazia parte do universo escolar os concursos de

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poesia, pintura e desenho promovido pelo Centro Liceista e publicados no jornal,

procurando estimular o lado artístico dos estudantes.

Destaca-se, também, a participação dos estudantes do curso clássico no

campeonato interno das diversas modalidades esportivas promovidas pelo colégio. Há

muito tempo o curso clássico não conseguia ter ―número suficiente de atletas para

compor as equipes disputantes das diversas modalidades‖ (O Liceu, set. 1958, p.4). Isso

mostra que no colégio, entre o curso clássico e científico, o científico tem o maior

número de alunos. A participação do colégio nos eventos da cidade também fazia parte

do seu cotidiano, como foi o caso do desfile dos liceistas na Olimpíada e na Parada da

Juventude, bem como a participação de integrantes do Centro Liceista no II Congresso

Maranhense de Estudantes Secundaristas em São Luís.

Pode-se constatar que a vida escolar do Colégio de São Luiz e do Liceu

Maranhense, demonstrada nos impressos estudantis, tem em comum os acontecimentos

esportivos em que os estudantes se envolviam, dentro ou fora dos estabelecimentos

escolares. Outra constatação é a forma de chamar atenção dos estudantes. Casasanta

(1939, p.105), nas suas prescrições, apresenta o humor, dentro da organização de um

impresso, como uma das formas utilizadas para criticar um estudante e, por isso, deve

ser de forma leve, para não ofender a pessoa criticada; a crítica deveria ser ―motivo,

apenas, de diversão‖. Porém, essa postura de criticar através do humor não apareceu nos

impressos analisados.

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Capítulo 3

SÃO LUÍS EM MEADOS DO SÉCULO XX

A virada do século XIX para o século XX, em São Luís, foi marcada pelos

efeitos da crise da economia agroexportadora. As alterações econômicas chamaram

atenção dos poderes do estado e do município, ―ficando os serviços públicos distantes

das prioridades dos governantes da capital maranhense, desinteresse que, de uma

maneira geral, marcou a Primeira República‖ (SOUSA, 2012 p.99). Diferentemente do

que aconteceu em outras capitais brasileiras, nas quais, nas primeiras décadas do século

XX, administradores públicos implementaram políticas de modernização, em São Luís

isso não ocorreu. As significativas mudanças ocorreram nas décadas de 1930 e 1940.

Não podemos esquecer que esse período foi marcado, no país, pela chamada ―Era

Vargas‖ e no Maranhão isso ficou evidente, ―sobretudo, na esfera política, com a

presença de sucessivas intervenções federais no governo‖ (CORRÊA, 2012, p.68),

levando a uma crise política no estado que atingiu a sociedade nos aspectos econômicos

e sociais. Porém, toda essa instabilidade política se encerra com a chegada do

interventor federal, o maranhense Paulo Martins de Souza Ramos, ao governo do

estado. Esse interventor federal irá governar de 1937 até 1945, período em que o

Maranhão enfrentava epidemias, possuía poucas escolas, era deficiente na oferta de

hospitais. Grande parte da população vivia no meio rural, cuja economia era de

subsistência (BOTELHO, 2007, p.179). Seu governo baseou-se, segundo historiadores

maranhenses, na política de ―cooptação‖ de intelectuais para atuação na administração

pública do estado. Desse modo:

Paulo Ramos, interventor, de novembro de 1937 a março de 1945,

iniciou um processo de reestruturação e expansão administrativa da

máquina estatal, ao mesmo tempo em que manteve distantes as velhas

oligarquias do Estado e promovia a cooptação de intelectuais para a

composição da burocracia estatal. (CORRÊA, 2012, p.68)

Nessa fase política, os intelectuais vislumbravam o ―renascimento‖ de um tempo

perdido de outrora. O então interventor federal Paulo Ramos nomeou, em 1941, para

Diretor da Instrução Pública o professor Luiz de Moraes Rêgo, que procurou, no

exercício de sua função, expandir o ensino primário no interior do Maranhão, além de

incentivar a produção de impressos por parte de professores e alunos, pois, para ele,

essa produção fazia parte da formação de ambos. O relato de seu empenho na direção da

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Instrução Pública do Estado é verificado no seu relatório do ano de 1941, apresentado

ao interventor federal Paulo Ramos. Além disso, no livro Memorial Balsense, de

Raimundo Floriano, verifica-se a relação da criação de um grupo escolar na cidade de

Balsas, interior do estado, com o período de permanência do professor Luiz Rêgo na

Diretoria da Instrução Pública:

Luiz Rêgo empenhou-se no mister de plantar Grupos Escolares

Estaduais em todas as cidades maranhenses onde elas só existiam nas

esferas municipal ou particular. Assim, nasceu em Balsas aquele que,

mais tarde, seria denominado Grupo Escolar Professor Luiz Rêgo.

(FLORIANO, 2014, p.62)

Ainda nesse período, em particular na capital São Luís, as políticas de

modernização do espaço urbano – que em algumas capitais brasileiras já havia ocorrido

no início do século XX – foram discutidas e executadas com algumas alterações nas

áreas mais antigas da cidade. Logo, com a implantação de um plano de reforma urbana

na cidade, seguindo a ―onda modernizadora‖ iniciada na Era Vargas, os representantes

do governo estadual ou do governo municipal procuravam dar uma nova fisionomia

para a capital maranhense e expor tais medidas em relatórios e jornais da época,

conforme Juliana Barbosa (2005, p.23) demonstra em sua monografia denominada

“PELA HORA DA MORTE”: Os efeitos da Segunda Guerra Mundial no custo de vida em

São Luís:

Em diversas reportagens de jornais e fala dos governadores se observa

que a preocupação primordial do governo era com o enquadramento

de São Luís no molde das cidades modernas, daí a elaboração de um

plano de reformas urbanísticas que visava dar uma nova fisionomia

para a cidade.

Mais uma vez, os jornais são utilizados como meio de distribuição de ideias e

ações para construção da imagem positiva dessas mudanças urbanas. As ações políticas

tardias possibilitaram a conservação da arquitetura mais antiga da cidade e, ao mesmo

tempo, reforçavam ainda, no meio da intelectualidade, um culto ao passado glorioso e à

sua riqueza cultural erudita. Além disso, essas ações políticas ainda suscitaram debates,

tais como aquele pela conservação da arquitetura colonial devido ao valor dado à cidade

e outro contra a conservação dessa arquitetura, já que tal preservação associaria a cidade

ao atraso e ela ficaria fora dos moldes da modernidade.

Com o fim do Estado Novo e, consequentemente, com o fim do governo

estadual de Paulo Ramos, o debate girou em torno da liberdade e da democracia no país,

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nas esferas política, econômica ou social. No caso maranhense, esse período foi

marcado por panorama político e cultural específico: ―foi a época dos lançamentos

literários e a arrancada para a terceira oligarquia do Maranhão28

‖ (RÊGO, 2010).

Durante a candidatura de Eurico Gaspar Dutra para presidente do país, Vitorino Freire

se tornou seu principal articulador no Maranhão, e ficou responsável direto pela

organização do PSD no estado, montando sua trajetória no poder até a década de 1960 e

influenciando na distribuição de cargos públicos, no controle dos partidos políticos e na

perseguição à oposição. Acreditava-se que os entraves econômicos e sociais que vivia o

estado faziam parte da política comandada por Vitorino Freire, considerado como

representante de um governo oligárquico ―caracterizado pelo mandonismo que se

refletia nos níveis econômico e político, estava marcado pela dominação dos coronéis e

dos seus correligionários‖ (PINTO, 1982, p.14). Assim, o poder político era regulado de

acordo com os interesses do então mandatário, que na época ocupava o cargo de

Senador da República pelo PSD, conseguindo, portanto, manipular o sistema político

maranhense pela sua articulação com o governo federal e com a cúpula nacional do seu

partido, sem contar sua ligação com o jornal Diário de São Luís (porta-voz do

vitorinismo) e a Rádio Timbira (emissora oficial do governo estadual), que

proporcionavam certo controle das informações sobre a situação política, econômica e

social do estado.

Diante da situação, as benfeitorias realizadas no estado chegariam por

intermédio de Vitorino Freire, através das concessões e favores, ou por uma política

paternalista, refletida na área educacional: ―Assim a construção de escolas, a nomeação

de pessoas para cargos do magistério, a liberação de verbas para o poder local,

dependem da força política dos controladores do poder‖ (PINTO, 1982, p.98). O

governo federal, por meio de convênios, estabelece ações a serem realizadas no governo

estadual e municipal, fazendo os governos ligados ao vitorinismo a promoverem

políticas educacionais direcionadas de cima. Desse modo,

No que se refere à construção de prédios escolares, contava o Estado

com recursos· oriundos de convênios mantidos com o Governo

Federal, através do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP).

Como se percebe, a política educacional não obedecia a um plano de

ação específico do Maranhão e talvez por isso também, estivesse na

28

Período marcado pela presença de Vitorino Freire, que congregou à sua volta os grandes

coronéis do Maranhão no cenário político maranhense. Mais informações em PINTO, 1982 e

COSTA, 2001.

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dependência dos setores político e econômico, portanto neles

arrimada e a eles servindo. (PINTO, 1982, p.102)

Contudo, na oposição a Vitorino Freire encontrava-se o Jornal O Combate, que

publicou, em 13 de junho de 1951, um anúncio na primeira página informando que o

presidente da república, Getúlio Vargas, através do Ministério da Educação e Saúde,

teria aprovado a liberação de verbas para a campanha de educação para adolescentes e

adultos, uma forma de apresentar para a sociedade as ações que o governo estadual

deveria realizar. Além desse jornal, outro grupo de oposição era o PSP, associado ao

Jornal do Povo, que juntos tinham o apoio político e financeiro do líder nacional do

partido, Adhemar de Barros, possuindo amplas bases em São Luís.

[...] diretórios distritais, especialmente na periferia e no interior da

ilha. Estes diretórios, além das atividades político-partidárias, ainda

mobilizavam a população em torno das necessidades do bairro,

organizavam escolas primárias (a mais conhecida foi batizada de

―Adhemar de Barros‖, funcionando no bairro operário do Lira),

escolas de corte e costura, postos de saúde, salas de recreação,

torneios esportivos, cumprindo por estes meios o ―programa social‖

do PSP. (COSTA, 2001, p.34)

Nesse ínterim, em São Luís, ocorreu a greve de 1951, movimento urbano que

―girou em torno do poder exercido por Vitorino Freire que havia corrompido o processo

eleitoral, garantindo a vitória de seu candidato, Eugênio Barros‖ (BOTELHO, 2007,

p.183). A greve teve apoio de trabalhadores, estudantes, políticos e empresários da

cidade, bem como das ―Oposições Coligadas‖, aliança partidária que aglutinou em torno

de Saturnino Belo, então candidato às eleições de 1950, PSD, PR, PSP, PL, UDN e

PTB.

Nesse contexto, jovens escritores realizavam embates literários e de resistência

política através das organizações de grupos literários, com debates, produções literárias

em livros e revistas, além de publicações em jornais. Todo esse movimento de jovens

intelectuais tinha o intuito de fazer uma intervenção intelectual na realidade

maranhense, tanto no aspecto cultural quanto no político-econômico. Esses jovens

escritores ficariam conhecidos por ―Geração Maranhense de 45‖, principalmente devido

à participação que tiveram na vida literária da cidade – com a publicação da revista

Malazarte, já apresentada no capítulo anterior – e na vida política, destacando-se em

funções públicas do estado na década de 1960. Essa ―geração‖ foi composta pelos

seguintes nomes: José Tribuzi Pinheiro Gomes (Bandeira Tribuzi); José de Ribamar

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Ferreira (Ferreira Gullar); José Carlos Lago Burnett (Lago Burnett); José Ribamar

Ferreira de Araújo Costa (José Sarney), Lucy Teixeira; Carlos Madeira, Domingos

Vieira Filho; Luis Carlos Bello Parga; Erasmo Dias; José Brasil; Franklin de Oliveira;

Osvaldino Marques e outros que fizeram parte desse universo de produções literárias.

Entre os integrantes desse grupo, José Sarney irá ascender na política maranhense,

chegando ao posto de governador do estado na década de 1960. Alguns de seus

companheiros de ―geração‖ integrariam sua equipe na administração do Estado29

. Essa

―Geração Maranhense de 45‖ será problematizada mais adiante. É com esse cenário que

se deparam as organizações estudantis em suas respectivas instituições de ensino.

3.1. As instituições escolares da cidade: o Colégio de São Luiz e o Liceu

Maranhense

O Colégio de São Luiz, estabelecimento de ensino primário e secundário, foi

fundado em 8 de setembro de 1934 e funcionou até a década de 1990. Seus fundadores

foram os professores Luiz Rêgo e Luiz Viana e, a partir de 1937, passou a ser

administrado pelo professor Luiz Rêgo. Essas informações aparecem nos jornais de

circulação na cidade e nos jornais estudantis30

que circularam na instituição. Além

disso, a escola, na figura do diretor administrativo, o professor Luiz Augusto Araújo de

Morais Rêgo, em 1966, redigiu um relatório solicitando ao Conselho Estadual de

Educação autorização para o funcionamento da Escola Normal naquele estabelecimento

de ensino. No referido relatório, consta a data da sua fundação e, em seu início, o diretor

assim destacava:

O Colégio de São Luiz é um educandário tradicional nesta Capital.

Fundado em 8 de setembro de 1934, pelos eméritos educadores Luiz

Viana e Luiz Rêgo e desde 1937 sob a direção e responsabilidade

deste último, tem preparado milhares de crianças, de jovens, rapazes e

moças, com a sua Escola Primária, reconhecida pelo Estado do

29

Alguns membros da ―Geração Maranhense de 45‖ que participaram do governo foram: Bello

Parga (diretor do Banco do Nordeste); Carlos Madeira (Juiz Federal); Domingos Vieira Filho

(diretor do Departamento de Cultura); Bandeira Tribuzi (membro Superintendência do

Desenvolvimento do Maranhão – SUDEMA) (MORAIS, 2012). 30

Esse histórico aparece no jornal Alvorada (1946), do Centro Liceista do Colégio do Estado

―Liceu Maranhense‖, e também no jornal Avante (1950), do Grêmio Cultural e Recreativo ―Luiz

Rêgo‖ – Colégio de São Luiz. Além disso, sua data de fundação é citada também no Dicionário

dos eEducadores do Brasil (2002) e no livro Cultura e educação (1980).

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Maranhão, e com o seu Curso Secundário completo – 1o e 2

o ciclos

ginasial e colegial, reconhecido pelo Governo Federal.

[...]

Os responsáveis pelo Colégio de S. Luiz, inicialmente originado numa

modesta instalação de casa particular, à rua Rio Branco, esquina com

a Praça Odorico Mendes, tem primado em tornar o Colégio com a

melhoria crescente de suas instalações, cada vez mais aparelhado a

satisfazer ao programa que inspirou a sua formação e o seu

funcionamento. (Conselho Estadual de Educação, 1966, p.1)

Figura 21: Colégio de São Luiz, Rua Rio Branco, 41.

Fonte: Relatório do Conselho Estadual de Educação de 1966

O colégio foi fundado após decreto n. 19.890/1931 que estabelecia uma

organização no ensino secundário ―empreendida pelo ministro da educação Francisco

Campos, no início dos anos 1930, efetivada por uma série de decretos‖ (SOUZA, 2008,

p.147). Essa etapa de ensino teria uma duração de sete anos divididos em dois cursos. O

primeiro, o curso fundamental, foi distribuído em cinco séries e destinado à formação

geral do adolescente. O segundo, o curso complementar, distribuído em três

modalidades, o jurídico, os de medicina, farmácia e odontologia e os de engenharia e

arquitetura, com duração de dois anos respectivamente. Estes eram preparatórios para os

candidatos destinados ao ensino superior (SOUZA, 2008).

A Reforma Francisco Campos (1931) ―reafirmou a função educativa do ensino

secundário‖ (NUNES, 2000, p.44) ou, nas palavras de Dallabrida e Souza (2014, p.13-

4), a reforma ―conferiu, em nível legal, organicidade ao ensino secundário brasileiro por

meio de várias estratégias curriculares inovadoras‖, de caráter menos humanista e mais

científico, com ―espaço maior e inovador aos eixos das Ciências da Natureza e do

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nacionalismo‖. Além disso, essa organicidade do ensino secundário teve como

propósito um maior controle do trabalho do docente e da participação do discente nas

instituições de ensino, seja no ensino público ou no particular. Assim descrevem os

autores:

O controle sobre os colégios foi coroado pela implementação do

serviço de inspeção aos estabelecimentos de ensino secundário, que

prescrevia ―inspeção preliminar‖ e ‖inspeção permanente ou

equiparação‖. Nos respectivos ―distritos de inspeção‖, os inspetores

federais zelavam pelo cumprimento dos dispositivos detalhadamente

explicitados no Decreto n. 19.890. (DALLABRIDA; SOUZA, 2014,

p.15)

O caráter disciplinar da reforma levou a uma maior permanência do estudante

secundarista na escola, com atividades escolares específicas, além de estabelecer um

sistema de avaliação de forma regular e não mais parcial, como ocorria antes. No

Colégio de São Luiz, o ensino secundário, durante a lei ―Francisco Campos‖, ofereceu o

curso fundamental aos candidatos aprovados no exame de admissão, como era

estabelecido pela referida lei. Além disso, a escola organizava suas turmas de forma

mista, feminino e masculino, e também existiam turmas especificas, só feminina e só

masculina, algo que era previsto por lei. Entre essas singularidades do colégio, no início

do seu funcionamento, estava a produção do jornal escolar. É preciso ressaltar que ―o

jornal escolar não é uma inovação‖ (CASASANTA, 1939, p.38) nas instituições

escolares desse período, pois ―alunos de determinadas escolas, desde fins do século

XIX, editaram vários periódicos‖ (AMARAL, 2002, p.123). Logo, o Colégio de São

Luiz, tendo como diretor o professor Luiz de Moraes Rêgo, defensor dos ideários da

Escola Nova, não deixaria de produzir seu impresso escolar, visto que na época este era,

segundo Casasanta (1939), uma atividade que auxiliava a tarefa da educação.

Portanto, no ano de 1936, circulou o jornal escolar Aurora31

, com publicações de

alunos do curso primário e secundário, sob a direção dos professores Luiz Viana e Luiz

Rêgo e com a colaboração dos professores do colégio. Os redatores acreditavam que

―num colégio, o jornal contribui para o seu progresso‖ (Aurora, 30 maio 1936). As

publicações apresentavam, na sua grande maioria, a vida escolar, com divulgações das

atividades escolares, nome do corpo docente do colégio, resultados das avaliações,

31

Localizado no acervo da Biblioteca Pública Benedito Leite do Estado do Maranhão, sendo os

exemplares de 1 a 5, de maio a setembro de 1936. Não há informação do período da sua

existência.

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textos literários, homenagens etc. Ao que tudo indica, o jornal parecia fazer parte do

material escolar, pois se verificou na edição de número quatro uma nota de avisos aos

pais. Entre esses avisos, há um esclarecimento a respeito do jornal: ―O jornal Aurora sai

mensalmente. É escrito e custeado pelos alunos. A quota de cada aluno, para a

manutenção do jornalzinho, é de 500 reis mensais, a qual vai incluída no recibo de

mensalidade. Todo aluno tem direito a um exemplar do jornal‖ (Aurora, 17 ago. 1936,

p.8).

O jornal Aurora (1936) foi ao encontro de uma das prescrições de Casasanta

(1939, p.37), pois tinha ―por objetivo vitalizar os trabalhos, imprimir-lhes movimento,

cooperar para que os programas tenham a eficácia educativa que deles se espera‖. Nas

décadas seguintes, o Colégio de São Luiz continuará com as publicações de impressos

estudantis, porém produzidos por estudantes através de seus órgãos estudantis.

Na década de 1940, já na conjuntura política do Estado Novo, o ensino

secundário mais uma vez é alvo de reformas. O ministro da Educação e Saúde Gustavo

Capanema institui a Lei Orgânica do Ensino Secundário pelo Decreto-lei n. 4.244, de 9

de abril de 1942, dividindo o ensino secundário em dois ciclos. O primeiro ciclo,

denominado de ginasial, constituía um curso de formação geral ao adolescente, com

duração de quatro anos. O segundo ciclo, com duração de três anos, dividia-se em dois

cursos, o clássico e o científico. O Colégio de São Luiz, a partir dessa nova

configuração educacional para o ensino secundário, irá oferecer o ginásio e o curso

científico32

nos turnos diurno e noturno. Porém a nova lei ―interpunha-se contra a

coeducação indicando salas separadas para homens e mulheres em escolas frequentadas

por ambos os sexos‖ (SOUZA, 2008, p.179), ao contrário da lei anterior. Entretanto, no

Colégio de São Luiz, as turmas continuavam de forma mista, salas com público

feminino e masculino, mas também existiam turmas só femininas e só masculinas.

Além dessas mudanças, a nova lei motivou as escolas de ensino secundário a

criarem órgãos escolares que favorecessem o desenvolvimento da vida escolar no que

tange à formação de um espírito autônomo, cultural, participativo e recreativo. Nesse

caso, uma das formas de percepção dessa vida escolar proposta por lei pode ser

encontrada nas ações estudantis através dos seus jornais, geralmente publicados pelos

32

Não há registros nos arquivos da Supervisão de Inspeção Escolar do Estado do Maranhão de

documentos que indiquem a existência do curso clássico no Colégio de São Luiz.

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grêmios estudantis ou centros culturais, com notícias quanto à realização de eventos

literários e esportivos ocorridos nas escolas. Surgiram, então, na década de 1940, no

Colégio de São Luiz, órgãos estudantis como o Grêmio Oficial ―Gonçalves Dias‖ em

1943, o Centro ―João Lisboa‖ da 4a série ginasial e, em 1949, o Grêmio Cultural e

Recreativo ―Luiz Rêgo”.

O Liceu Maranhense foi criado pela lei n. 77 de 24 de julho de 1838 e

equiparado ao Colégio Pedro II em 9 de março de 1917. Tendo como diretor na época

de sua fundação Francisco Sotero dos Reis, homem de destaque das letras e da política

na cidade, pertencente à primeira geração da chamada Atenas Brasileira. Desde a sua

fundação até a República, o Liceu Maranhense, primeiro colégio público de ensino

secundário e exclusivo para o sexo masculino, teve seu primeiro local de funcionamento

o andar térreo do Convento do Carmo. Sua atual instalação foi inaugurada em 1941 na

Praça Deodoro, centro da cidade, antigo local onde funcionava o Quinto Batalhão de

Infantaria do Exército. O ensino ministrado nesse colégio, inicialmente, servia como

curso preparatório para que os filhos da elite da sociedade maranhense pudessem ser

encaminhados para os estudos de nível superior, sendo essa sua principal marca, mesmo

depois das reformas que procuravam diminuir o caráter literário e propedêutico do

ensino secundário.

Na década de 1950, o Liceu Maranhense era denominado de Colégio Estadual

do Maranhão, como era chamado o estabelecimento de ensino secundário ―destinado a

dar, além do curso próprio do ginásio, os dois cursos de segundo ciclo‖ (Artigo 5o,

parágrafo 2o, BRASIL, 1942). Mesmo institucionalmente denominado de Colégio

Estadual do Maranhão, ainda permanecia a popularidade do nome Liceu Maranhense,

principalmente no interior do colégio, onde os alunos chamavam-se de ―liceistas‖ e

intitulavam também as suas agremiações estudantis de ―liceistas‖: o Grêmio Liceista e o

Centro Liceista. Atualmente, sua denominação é de Centro de Ensino Liceu

Maranhense e iremos nominá-lo neste trabalho de Liceu Maranhense, como é chamado

até hoje.

O Liceu Maranhense oferecia o curso ginasial e os dois ciclos do colegial, o

clássico e o científico, nos turnos diurno e noturno. Além disso, as turmas eram

divididas em femininas, masculinas e mistas. Nesse período, através do Grêmio e do

Centro Liceista, foram lançados impressos estudantis e suas produções refletiam ―as

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demandas das instituições e/ou grupos que os produziram‖ (ALVES et al., 2013, p.88).

Sobre o grêmio liceista, a sua história encontra-se, de forma ficcional, na obra literária

Vencidos e degenerados, de 1915, do escritor maranhense José do Nascimento

Moraes33

. Uma crônica da vida de São Luís do Maranhão em fins do século XIX e

começo do século XX, com críticas à sociedade da época. Vejamos parte da crônica que

destacava o grêmio:

[...] E, como houvesse marasmo literário no Maranhão, dormindo as

letras um sono condenador, depois de tantas lutas, e tanta atividade, o

Grêmio Gonçalves Dias foi uma nota saliente na vida pacata de São

Luís. [...] A fundação do Grêmio foi assunto predileto das rodas;

falava-se nele nos bailes e nas tavernas, falavam grandes e pequenos;

e ainda mais se falou, quando a diretoria do Grêmio, reunida, visitou

as redações dos dois jornais diários da capital, comunicando-lhes que

tinha ficado resolvido em sessão, que todas as reuniões ordinárias do

Grêmio cada sócio defenderia uma tese, que seria tirada à sorte na

sessão anterior.

[...]

Combinada e votada que foi a criação do jornal que se chamou, por

indicação do velho Bento, O Campeão, uma comissão levou o fato ao

conhecimento dos jornais.

[...] os lentes do Liceu não olhavam com bons olhos para os gremistas;

procuravam até os prejudicar nos exames. A verdade, porém, é que

eles iam fazendo os atos e avançando nos estudos. [...] Aqueles

rapazinhos com o tal Clube iam longe. Muitas casas já lhes abriam as

portas. (MORAES, 2000, p.103-4; 106-7).

No que tange ao Centro Liceista, Castro e Castellanos (2008), em artigo ―A

imprensa educacional liceistas do Maranhão na primeira república‖, destacaram três

impressos estudantis que circularam na cidade de São Luís em momentos distintos da

primeira fase da república brasileira com a intenção de dar visibilidade aos discursos

dos alunos do Liceu Maranhense. Esses jornais servem como meio de entender o

movimento estudantil maranhense e são eles: A Inúbia (1914) e o Lábaro (1921), da

33

Foi Jornalista, cronista e professor, destacando-se na literatura, na educação e na imprensa

maranhense da primeira metade do século XX. José do Nascimento Moraes nasceu em 19 de

março de 1882 em São Luís do Maranhão e faleceu na mesma cidade aos 76 anos a 21 de

fevereiro de 1958. Filho de Manuel do Nascimento Moraes e de Maria Catarina Vitória, entre

1897 e 1899 finalizou seus estudos no Liceu Maranhense, voltando como professor em 1914.

(GOMES, 2015). No prefácio de Vencidos e degenerados, Nauro Machado relatou: ―A extensão

do homem como gerador crítico do meio em que vive, possuiu-a Nascimento de Moraes em

grau superior e dinâmico, sobretudo por ser ele vítima dos preconceitos que se lhe antepunham,

como sujo carvão ou agudas facas, muitos dos seus coestaduanos diminuídos pelo que liam

saído da pena de um homem de cor, e mais grave ainda para eles, filho de um pobre e analfabeto

sapateiro‖ (MACHADO, 2000).

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União Estudantil Maranhense – grêmio liceista, e A Voz do Liceista (1936), do Órgão

Oficial do Centro Liceista. Os autores, ao analisarem o impresso A Voz do Liceista,

apresentaram o Centro Liceista como uma agremiação fundada no mesmo ano da

publicação do seu impresso e que se dedicava ―à promoção de sessões cívicas que, no

entender do seu diretor, era uma forma de manter o nacionalismo‖ (CASTRO;

CASTELLANOS, 2008, p.11). A redação do periódico recebeu apoio do diretor do

Liceu Maranhense, o professor Mata Roma, que lhe concedeu ―condições físicas e

materiais para o exercício de suas atividades‖ (CASTRO; CASTELLANOS, 2008

p.11). Essa confirmação de data apareceu em outro jornal do Centro Liceista, O Liceu,

de abril de 1957, ao ser anunciado que no dia 2 de maio daquele ano o Centro Liceista

comemorava 21 anos de existência, ou seja, foi fundado em 1936, ano de publicação do

impresso A Voz do Liceista.

Figura 22: Liceu Maranhense em 1949, por Josy Ribeiro.

Fonte: <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/fotografias/GEBIS%20-

%20RJ/ma34891.jpg>.

Cabe destacar que os estudantes do Liceu Maranhense tiveram participação ativa

em alguns momentos da cidade. Um bom exemplo é a participação dos alunos na greve

de 1951, que ocorreu na cidade por causa do resultado das eleições de 1950. O Jornal

do Povo, periódico local, publicou na sua edição de agosto de 1950 a participação dos

estudantes do Liceu Maranhense na Frente da Juventude Populista do PSP – movimento

de apoio à candidatura de Getúlio Vargas para a presidente e Saturnino Bello para

governador do estado, em oposição ao candidato do senador Vitorino Freire. Assim, o

Liceu Maranhense, além de ser conhecido como primeira escola de ensino secundário

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do Maranhão, tinha entre suas características a formação de seus estudantes para

atuarem dentro e fora da escola.

3.2. São Luís: entre luzes e contradições de uma geração

Durante o levantamento bibliográfico da pesquisa sobre o movimento literário e

político que ocorreu em São Luís no final da década de 1940 e com ascensão nos anos

de 1950 e 1960, chamado de ―Geração Maranhense de 45‖, foram constatadas diferentes

definições, seja na forma de construir ou de discutir tal ―geração‖. Para Wagner Cabral

da Costa (2001, p.65), historiador e professor da Universidade Federal do Maranhão,

―essa geração foi geralmente representada como ‗portadora de um projeto coletivo para

o Maranhão‘ e ‗somatório do gosto literário e da preocupação com os problemas

econômicos e sociais‘ (sua nova tônica)‖. Desse modo, ―geração‖ para o autor significa

uma representação simbólica construída socialmente para cada grupo de escritores

dando sua contribuição para a Atenas Brasileira. Seguindo a discussão sobre a

―geração‖, Maria de Fátima da Costa Gonçalves (2000, p.92), professora da

Universidade Federal do Maranhão, faz a seguinte assertiva:

É dado sempre às chamadas ―gerações do Maranhão‖ um lugar que

definem como um dispositivo no campo político ou campo intelectual

que pode converter trajetórias da história do Maranhão: como se

estivesse reservado a essas ―gerações‖, autodefinidas e

autoconsagradas em campos distintos, o papel de reabilitar o

Maranhão, segundo as representações dos agentes sociais sobre um

passado.

Além disso, autores maranhenses utilizam expressões singulares para classificar

esse movimento literário. Rossini Corrêa (1989, p.50) o como ―a mais complexa do

Brasil, umbilicalmente relacionada com o modernismo hipertardio, com o pós-

modernismo retardado e com o neomodernismo heterodoxo‖. No artigo ―A cidade de

símbolos e projetos: ‗a Ponte da Esperança‘ e o nascimento da ‗cidade nova‘‖, de

Natércia Crystina Freitas Morais (2012, p.217), a ―Geração de 45‖ é vista como

colaboradora da política maranhense na década de 1960:

Um instrumento importante do governo Sarney para conseguir seus

objetivos foi o apoio de intelectuais da chamada ―geração de 45‖, da

qual foi participante, para respaldar o seu discurso que era também o

ideal daquela geração.

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A ideia de modernização da sociedade maranhense foi lançada pela

―geração de 45‖, que se dizia preconizadora desse projeto e da qual

José Sarney fazia parte.

Porém, em sua pesquisa Poesia no Poder: a trajetória político-literária de

Bandeira Tribuzi em São Luís nos anos 60, Paulo Henrique dos Santos Moraes (2012,

p.20-1) não se apropria da expressão ―Geração de 45‖ para denominar o grupo de

Bandeira Tribuzi:

A geração a que pertence Bandeira Tribuzi teve inicio com

publicações e movimentos culturais nos anos 1940, e também se

utilizou do discurso da Atenas para referendar sua importância,

sobremaneira, vinte anos depois, quando José Sarney foi lançado ao

posto de governador do estado e também presidente da Academia

Maranhense de Letras.

A evocação da tal geração também é recorrente na imprensa corrente atual. No

suplemento cultural e literário Guesa Errante, do Jornal Pequeno, a poetiza maranhense

Rosemary Rêgo escreveu um texto classificando o grupo de ―A geração de 45‖ ou de

Movimento da Movelaria Guanabara, pois, para a poetiza, ele dinamizou ―o contexto

literário da capital maranhense‖. Entre as informações que a autora dá a respeito do

movimento, podemos observar o destaque dado a um dos seus integrantes, Ferreira

Gullar, como portador da memória daquela geração.

Os integrantes dessa geração, além do talento literário, desenvolveram

aptidões para o jornalismo, rádio e alguns chegando, inclusive, a

exercer cargos políticos. Ferreira Gullar é um dos remanescentes da

Geração de 45 que mantém viva a memória daquele tempo de

esplendor literário. (RÊGO, 2010, p.2)

Em O Imparcial de 30 de abril de 2015, em comemoração de seus 89 anos, a

redação realizou uma entrevista com o ex-senador José Sarney que foi um convite a

relembrar a época em que havia trabalhado nesse jornal e, ―sobretudo, sobre a criação

do suplemento cultural Letras e Artes [...] em 1950, quando passou a exercer o cargo de

chefia do Jornal e do referido suplemento‖. Em uma breve exposição de sua trajetória

como escritor e político, o jornal identificou a participação de José Sarney em um

movimento literário maranhense, sem nomear esse movimento de ―geração‖.

Em 1953 Sarney bacharelou-se pela Faculdade de Direito do

Maranhão, época em que ingressou na Academia Maranhense de

Letras. Ao lado de Bandeira Tribuzi, Luci Teixeira, Lago Burnet,

Bello Parga, José Bento e outros escritores, fez parte de um

movimento literário difundido por meio da revista que lançou o pós-

modernismo no Maranhão, A Ilha, da qual foi um dos fundadores. (O

Imparcial, 30 abr. 2015)

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Na introdução do livro Governo e o povo (1970), de José Sarney34

, a expressão

utilizada para denominar o grupo é ―Geração de 50‖. Uma forma de legitimar as

mudanças que realmente ocorreram nos aspectos culturais e políticos a partir da geração

da qual ele fazia parte.

É nesse pequeno e deprimente universo que acontece, para

desempenhar um papel decisivo, no Maranhão, aquela que poderíamos

chamar, à falta de melhor designativo comum, a Geração de 50,

porque é a partir desta década que começa a marcar sua presença forte

no cenário maranhense até que, em 1965, através daquele que melhor

lhe sintetiza a soma do gosto literário e a preocupação – que é a sua

nova tônica – pelos problemas econômicos e sociais, chega ao poder,

com a eleição, para governador do estado, de José Sarney e a

constituição de sua equipe de administração.

[...]

A José Sarney, deputado federal aos 24 anos, caberia o papel de

realizar a mais decisiva presença da Geração, pela sua dupla qualidade

de escritor de talento e político de êxito fulgurante que, em 1965, na

maré alta de memorável campanha cívica em que percorreu o estado

inteiro levantando a bandeira do Progresso com Justiça Social, haveria

de destroçar a velha e corrupta máquina administrativa e, com apenas

35 anos, chegar ao poder para nele consumar aquele mesmo idealismo

realista que comungava há tantos anos com seus companheiros de

geração que integraria em sua equipe para produzir no seu estado uma

administração de novo tipo que tanta gente já tem apontado como

―milagre maranhense‖. (SARNEY, 1970, p.3)

Essa discussão sobre ―geração‖ encontra-se nas bibliografias de referências, mas

também em obras que destacam a existência e a importância desse movimento literário

e político para a cidade de São Luiz e para o Maranhão. Na imprensa local, temos dois

textos que se posicionam de forma distinta. O Jornal Pequeno titula esse movimento de

―geração de 45‖ sem enaltecer um ou outro participante. O Imparcial destaca, na figura

de José Sarney, esse movimento literário, enaltecendo sua trajetória. Além disso, o

próprio José Sarney, no citado livro Governo e o povo, pontua sua posição sobre a

geração apresentando-se como porta-voz do grupo.

No campo da história, Sirinelli (1996), ao apresentar o estudo sobre os

intelectuais a partir da experiência francesa, utilizou as categorias de itinerário, geração

e sociabilidade para a compreensão do movimento dos intelectuais. Não se pretende

nessa pesquisa fazer um estudo no campo da história dos intelectuais, mas apropriar-se

34

O livro reúne discursos de José Sarney durante sua gestão como governador do Maranhão.

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dessas categorias, particularmente geração e sociabilidade, para análise das práticas

sociais das chamadas ―gerações‖ de uma determinada época.

Assim, segundo análise de Sirinelli (1996), deve-se observar o itinerário não

apenas dos ―grandes intelectuais‖, mas os que tiveram importância em determinada

época, ou seja, os ―despertadores‖, conhecidos ou não. É mais fácil compreender o

caminho dos ―despertadores‖, pois estes ―representaram um fermento para as gerações

intelectuais seguintes, exercendo uma influência cultural e mesmo às vezes política‖

(SIRINELLI, 1996, p.246). Além disso, a análise do itinerário de um ―despertador‖,

segundo Sirinelli (1996, p.246), ―pode ocultar dentro de si um outro, que marcou uma

geração antes‖. Portanto, os estudos sobre itinerário apontam uma análise da

organização dos grupos de intelectuais vindos de uma ―matriz comum‖, mas com

trajetórias particulares que precisam de cuidados quanto à sua interpretação.

Para o entendimento da constituição do meio intelectual, ou seja, do ―pequeno

mundo estreito‖ que forma ―redes‖ através dos laços ali constituídos, Sirinelli utilizou a

categoria sociabilidade. Podemos afirmar que revistas são exemplos que se encaixam

nas categorias de sociabilidade e rede apresentadas por Sirinelli. Elas concentram forças

de adesão ou exclusão de opiniões em torno da sua produção. Assim, a revista, na

conclusão de Sirinelli (1996, p.249), ―é antes de tudo um lugar de fermentação

intelectual e de relação afetiva, ao mesmo tempo viveiro e espaço de sociabilidade‖.

Além das revistas, os jornais também são espaços de sociabilidade, pois o termo é

proposto por Sirinelli para entender o funcionamento das estruturas de grupos de

intelectuais que sustentam a união de seus membros através de laços que se originam

nos estudos, muitas vezes compondo as ―redes‖ de intelectuais na fase adulta, ou unidos

em defesa de ideais comuns de uma determinada época.

Os participantes da ―Geração Maranhense de 45‖ compartilharam ainda como

estudantes da experiência de publicação em jornais estudantis. Por exemplo, José

Sarney e Lago Burnett, na época de estudantes, publicavam no jornal estudantil

Alvorada (1946)35

. Lago Burnett, além de publicar nesse jornal, dirigiu o jornal

estudantil O Clarim (1946)36

, ambos do Colégio do Estado (Liceu Maranhense).

35

Jornal estudantil do Centro Liceista com publicações de artigos científicos, literatura e

informes sobre educação. Buscava manter a tradição maranhense das letras. 36

Jornal estudantil independente com literatura e informes sobre educação.

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Portanto, nesse caso, os jornais, mesmos os estudantis, ―são ambientes de sociabilidade

entre pares, espaços de visibilidade de determinados grupos e de silenciamento de

outros‖ (CAMPOS, 2012, p.64). Uma forma de dar visibilidade ao grupo que produzia

esses periódicos estudantis era a ocupação de espaço em algum órgão da imprensa local.

Tanto o jornal estudantil Alvorada (1946) quanto o jornal estudantil O Clarim (1946)

ocuparam esse espaço, como podemos observar no jornal O Combate (1946) e no

Diário de São Luiz (1946), nos seguintes anúncios, respectivamente:

Jornais de Estudante

―O CLARIM‖ – Temos sobre a nossa mesa de trabalho o primeiro

número desse interessante órgão da imprensa estudantil, que se está

editando, sob a direção de Burnett Lago.

―ALVORADA‖ – Recebemos mais um número do órgão oficial do

Centro Liceista com variada colaboração. (O Combate, 16 jul. 1946)

Alvorada

Circulou, ontem, nesta capital, o n. 4 do jornal Alvorada, órgão oficial

do Centro Liceista, tendo como diretores os jovens estudantes

Reginaldo C. Teles de Souza e Ubirajara Rayol.

De feição agradável e bem impresso, trazendo magnífica colaboração,

Alvorada vencerá galhardamente. (Diário de São Luiz, 16 jul. 1946,

p.5)

Além disso, esses jornais recebiam artigos de integrantes do Centro Cultural

Gonçalves Dias, uma agremiação cultural fundada em 1945 e lugar de sociabilidade

para muitos estudantes e professores, onde se discutia arte e literatura, além da

realização de eventos culturais na cidade. Sobre o Centro Cultural Gonçalves Dias o

jornal O Combate (1945) publicou:

Esteve, hoje, em nossa redação uma comissão do Colégio do Estado

[...] que nos veio convidar para assistir, amanhã às 8 horas no Palácio

da Educação, a inauguração do Centro Cultural Gonçalves Dias.

A iniciativa de jovens estudantes do Colégio do Estado merece, pois,

os francos elogios dadas as finalidades da novel agremiação que visa o

alevantamento cultural dos alunos do tradicional estabelecimento de

ensino do Maranhão ora dirigido pelo prof. Mata Roma. (O Combate,

8 ago. 1945, p.1).

Ademais, o Centro Cultural Gonçalves Dias, no contexto da década de 1940,

surgia, em São Luís, como alternativa para enfrentar o ―marasmo‖ cultural que pairava

na cidade. Nas palavras de Corrêa (1989, p.66) o Centro Cultural foi organizado:

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Para rebater o marasmo, os mestres de cultura e a mocidade

intelectual, [...], procuraram a organização de uma instituição

participante, capacitada à promoção da reanimação cultural, como

mecanismo de garantia de salvaguarda da tradição literária estadual,

que possibilitasse, em consequência, a produção e reprodução

continuadas do contexto adequado ao surgimento de componentes

renovados da intelectualidade, responsáveis pelos debates e pelas

alternativas vindouras.

Mas, apesar de aglutinar pessoas em torno da causa literária, a movimentação de

ideias no Centro Cultural Gonçalves Dias convergiu para tensões entre seus integrantes,

ocorrendo a exclusão de alguns deles por divergirem nos debates e nas ações do Centro,

principalmente com a presença de Bandeira Tribuzi, recém-chegado de Coimbra com

ideias novas, divulgando nomes do modernismo brasileiro. A dissidência ocorreu

quando Bandeira Tribuzi, contrariando ao regulamento, ausentou-se sem justificativa

dos encontros obrigatórios, sendo afastado do Centro Cultural e levando com ele outros

integrantes, como José Sarney, Lago Burnett, Erasmo Dias etc., além de aglutinar outros

colaboradores na produção de impressos para a difusão das novas ideias. Aliás, na visão

de Corrêa (1989, p.77), com o afastamento de Tribuzi do Centro Cultural ―se processou

um rompimento pacífico: foi a retirada silenciosa de um temperamento discordante, que

afirmava uma concepção particular do fenômeno poético‖. Desse modo, os integrantes

que romperam com o Centro Cultural Gonçalves Dias começaram a fazer seus debates

na Movelaria Guanabara, que se transformou em lugar de ―sociabilidade de

microcosmos intelectuais‖ de uma geração de jovens da cidade de São Luís.

Voltando à ideia de geração, Sirinelli (1996) afirma ser não apenas a transmissão

cultural que uma classe de certa idade recebe de outra, no sentido de um legado que

deve ser cultivado ou retomado, mas também a existência da sua autonomia. Nessa

perspectiva, o meio intelectual toma como referência para a definição do seu processo

embrionário um acontecimento fundador para marcar a existência dos seus primeiros

anos e assim formar uma memória coletiva de uma geração. Portanto, ―ao mesmo tempo

o inato e o adquirido‖ (Sirinelli, 1996, p.255) marcam uma dada geração. Entende-se

que o grupo maranhense chamado de ―Geração Maranhense de 45‖ representou uma

geração que recebeu um legado, mas que se definiu a partir de um acontecimento

fundador, o rompimento com o Centro Cultural Gonçalves Dias e os debates e

articulações na Movelaria Guanabara, através da produção de revistas e publicações em

jornais.

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Essa geração, além de expressar suas ideias, criou em torno de si uma imagem

de grupo formado por modernos artistas e escritores da cidade, imagem reforçada

através da imprensa local, como os noticiários que saíram sobre o lançamento da revista

Malazarte (1948). Um desses noticiários caracterizava o grupo da revista como

―consagrados nomes da nova geração intelectual do Maranhão‖ (Diário de S. Luiz, 31

jul. 1948). Podemos relacionar essas informações com o processo de representação que

os intelectuais constroem de sua imagem, ―pois, além de deterem competência para

operar com a palavra, com o discurso, ocuparam púlpitos socialmente valorizados na

imprensa, no Estado, nas instituições de ensino e nos círculos de cultura‖ (VIEIRA,

2008, p.74). Nesse caso, a construção da imagem do grupo na época foi realizada nas

produções literárias e nos jornais da cidade, sendo posteriormente reproduzida na

historiografia local.

Porém, essa imagem construída em torno da memória de uma geração de jovens

escritores que marcaram uma fase de agitações culturais e políticas no Maranhão foi

contestada pela historiadora Ligia Teixeira37

, em texto publicado no Jornal Pequeno,

versão on-line, em 16 de dezembro de 2014. Para a historiadora, essa memória foi

construída por José Sarney quando era governador do Maranhão; ele teria cooptado

―intelectuais para publicarem livros e propagarem na mídia chapa branca a existência de

uma tal geração 45‖. Sua argumentação é fundamentada pelo contexto do envolvimento

de José Sarney nessa geração: a autora afirma que, nos anos de 1940, Sarney teria se

infiltrado ―no chamado grupo da Movelaria Guanabara, que reunia intelectuais

opositores ao domínio vitorinista no estado‖. Sua justificativa em dizer que Sarney era

infiltrado deve-se ao fato de que, segundo ela, ―Sarney e seu pai – desembargador

Sarney Costa, que comandava fraudes eleitorais no estado – eram aliados ferrenhos do

vitorinismo‖. Enfim, a repercussão da imagem de um grupo de jovens escritores que

despontaram no final da década de 1940 como movimento literário que revelou

Bandeira Tribuzi, Ferreira Gullar e o próprio Sarney como protagonistas da invenção do

modernismo maranhense reflete a imagem que o próprio Sarney construiu de sua

trajetória.

37

Ligia Teixeira tem um blog na página do Jornal Pequeno on-line.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho, foi analisada a atuação dos estudantes organizados em

agremiações estudantis na cidade de São Luís – capital do estado do Maranhão – em

duas instituições escolares. O corpo discente dessas escolas, no período aqui estudado,

está inserido no contexto de jovens escritores que constituem um grupo de intelectuais

que dinamizaram o ambiente cultural maranhense a partir dos anos pós-segunda guerra

mundial, com inserção na política estadual. É recorrente na literatura acadêmica,

jornalística e literária esse grupo aparecer como ―Geração de 45‖, ou ―Geração de 45

Maranhense‖, por serem considerados os percussores do modernismo no estado,

chegando a atuar nas esferas públicas do poder estadual.

Vale lembrar que esses jovens escritores tiveram sua formação inicial no Centro

Cultural Gonçalves Dias, criado para a revitalização da produção literária na cidade,

reacendendo na juventude o renascimento do passado glorioso da Atenas Brasileira.

Houve uma tensão nesse centro entre seus participantes, o que resultou na formação de

um grupo dissidente, chamado depois de ―Geração Maranhense de 45‖. Desse modo,

essa chamada ―geração‖, mesmo se autointitulando porta-voz do modernismo

maranhense, está cumprindo com seu ideário de renovação da Atenas Brasileira, ou

seja, inserir as publicações literárias maranhenses no circuito nacional e sua atuação

política nas esferas governamentais, como outrora os expoentes literários e políticos da

Atenas Brasileira fizeram. Constata-se que o grupo se apresenta como um marco inicial

para aspectos modernos nas letras e na política, mas fica patente a tradição de um

passado dedicado à produção literária através da ideia de Atenas Brasileira.

Os estudantes organizados nas suas respectivas agremiações estudantis, nos

grêmios do Colégio de São Luiz e do Liceu Maranhense, publicavam uma escrita

convocatória entre os estudantes para as responsabilidades que teriam em manter a

tradição da cidade de Atenas Brasileira. Não só os alunos do colégio de São Luiz

alimentavam esse espírito, mas também o professor Luiz Rêgo foi personagem ilustre

da cidade e merece também ser lembrado como cultivador da cultura local. Constata-se,

no decorrer desta pesquisa, que o professor comungava dos ideais da Escola Nova e sua

relação com o ensino da cidade merece um aprofundamento em pesquisas posteriores.

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O fato dos estudantes se envolverem na organização e na produção dos jornais

em suas escolas representava um esforço em não deixar desaparecer aqueles que

representaram o Maranhão nos círculos literários do Brasil do século XIX e início do

século XX, permanecendo, portanto, um diálogo entre o passado e o presente, um eco

das elites letradas da cidade. Entende-se que as organizações estudantis se consideravam

porta-vozes desse eco, desenvolvendo produções literárias e também posicionamentos

políticos em nome dessa tradição. Ademais, considera-se a evocação do nacionalismo

como posicionamento político presente em todas as publicações, mesmo naquelas do

centro liceista, onde as diretorias se apresentam distintas quanto à representação

estudantil. Ou seja, o nacionalismo, além do nome do jornal, é um ponto convergente

entre os grupos. Porém os estudantes não fazem críticas quanto à situação política e

social do estado, não reclamam por melhorias nos estabelecimentos de ensino, a crítica

recai, muitas vezes, sobre as relações que os estudantes apresentam na escola.

Nos impressos estudantis analisados, a imagem apresentada das instituições

escolares a partir das publicações do cotidiano escolar, foi assim entendida:

I) O impresso Avante apresentou o Colégio de São Luiz como uma

instituição dinâmica que, com o auxílio do grêmio cultural, estimulou as

atividades esportivas, proporcionando concursos literários e esportivos,

além das comemorações de aniversários, participação dos integrantes do

grêmio representando o estabelecimento escolar em atividades fora da

escola.

II) A imagem da escola é associada à imagem positiva do professor Luiz

Rêgo, proprietário do colégio, atuante na educação da cidade desde a

década de 1930, assumindo, inclusive, o cargo de Diretor da Instrução

Pública do Estado de 1941 a 1945. Logo, os elogios eram constantes ao

professor, seja nas publicações dos alunos do grêmio, seja por

colaboradores do jornal. O jornal era o amplificador do pensamento e do

trabalho desse professor, ecoando na escola e na cidade. A boa

propaganda da escola estendia-se também ao sucesso escolar dos seus

alunos, quando, ao parabenizar uma ex-aluna, o jornal destacou que ela

estava estudando engenharia na Universidade Mackenzie em São Paulo,

e a escola teria contribuído para essa nova etapa de sua vida. A imagem

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construída do Liceu Maranhense apresentada nos impressos estudantis e

de um local de preparação de jovens para atuar na sociedade.

III) Embora fosse legitimada a imagem de uma escola de boa qualidade, era

preciso ter, por parte do aluno, um maior comprometimento nos seus

afazeres escolares. Ao estabelecer normas de conduta para os estudantes,

o impresso reforçava a necessidade de concentração por parte dos alunos,

dentro e fora da sala de aula, na realização das suas obrigações. Ou seja,

era preciso ―corrigir-se enquanto era tempo‖: recado presente no

cotidiano da vida dos estabelecimentos escolares.

Não se pretendeu fazer um estudo minucioso das técnicas adotadas pelos

estudantes para a elaboração de seus impressos, mas destacar alguns elementos da sua

constituição material para a compreensão da organização e composição dos conteúdos,

pois é nesse processo que localizamos os indícios do projeto coletivo que o grupo

objetivou realizar. Observamos convergências e divergências entre as organizações

estudantis das duas instituições de ensino, o Colégio de São Luiz e o Liceu Maranhense.

O grêmio estudantil do Colégio de São Luiz e o grêmio do Liceu Maranhense, através

de suas publicações, procuraram contribuir com a memória coletiva da cidade e em

desenvolver junto aos estudantes a tradição da Atenas Brasileira. Essa convocatória feita

aos estudantes não foi visível nas produções do centro liceista, que estavam mais

ligadas à manutenção da tradição do centro dentro do estabelecimento de ensino. Os

jornais do Liceu Maranhense mostram uma organização de estudantes discutindo, além

da produção literária e esportiva dos alunos, questões ligadas à vida da organização

estudantil, como as eleições para o grêmio e do centro liceista e o relato da posse para a

nova diretoria eleita. O grêmio do Colégio de São Luiz, no seu impresso, não noticiava

as eleições para a posse da nova diretoria, apenas lançava uma nota sobre a escolha dos

novos dirigentes para o grêmio e para o jornal, com a participação dos sócios nessa

escolha.

Trabalhar com a imprensa periódica educacional, com foco nas produções

estudantis, não foi uma tarefa fácil, embora tenha sido instigante entrar em contato com

esse tipo de pesquisa. Esse tipo de documento proporcionou descobertas interessantes,

como a possibilidade de olhar para a história do Liceu Maranhense a partir da cultura

escolar presente em fases distintas das publicações estudantis, revelando a atuação de

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alunos como grupo organizado na década de 1950. Além disso, os impressos

possibilitaram obter informações sobre o histórico do Colégio de São Luiz, levando a

outras fontes que permitiram conhecer um pouco mais essa instituição de ensino, que já

não existe na cidade e que revela ser um potencial para estudos posteriores.

Localizar pesquisas que se debruçam sobre impresso estudantil, principalmente

os estudos de Amaral (2003) e Schweter (2015), possibilitou a compreensão de que o

impresso estudantil fazia parte da cultura escolar em diferentes épocas e lugares do

século XX. Além disso, foi possível identificar publicações que na época conferiram

estudos acerca da inserção da produção de jornais nas escolas como um dos

instrumentos constitutivos do escolanovismo (Casasanta, 1939; Freinet, 1973 e artigos

da RBEP da década de 1940 e 1950).

De fato, trazer a experiência da imprensa periódica para o espaço escolar levou

gerações de estudantes a publicarem em jornais de forma independente ou através das

organizações estudantis daquele período. Os impressos analisados nesta pesquisa são

porta-vozes de organizações estudantis que utilizam esse veículo de comunicação para

transmitir notícias e divulgar ideias, tendo suas publicações relacionadas com anseios a

serem conquistados. Portanto, é relevante considerar, principalmente nas produções do

grêmio e do centro liceista, a forte ligação com a imprensa periódica, ao observar,

também, a nítida semelhança na organização do cabeçalho e dos anúncios publicitários

dos jornais estudantis com os da imprensa corrente.

Esses impressos também funcionavam com uma espécie de ―laboratório‖ de

atuação em outros espaços de publicações da cidade. Exemplo disso são os jovens

escritores da chamada ―Geração maranhense de 45‖, que antes das suas publicações em

jornais e revistas da cidade produziram jornais estudantis. Vale lembrar que, mesmo

sofrendo influência da imprensa periódica da cidade, o Colégio de São Luiz seguia um

estilo muito parecido com os jornais estudantis analisados por outras pesquisas.

Podemos considerar alguns pontos encontrados na pesquisa que sugerem que os

impressos estudantis analisados são espaços de formação de redes de sociabilidade.

Sirinelli (1998, p.249), ao estudar as estruturas elementares da sociabilidade dos

intelectuais, observou que ―uma revista é antes de tudo um lugar de fermentação

intelectual e de relação afetiva, ao mesmo tempo viveiro e espaço de sociabilidade‖.

Essa observação é estendida aos jornais, pois, assim como as revistas, os impressos aqui

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analisados agregaram estudantes em torno de uma obra coletiva, estabelecendo laços

afetivos entre os organizadores, que procuraram propagar suas ideias com o uso da

escrita.

Os impressos estudantis ainda serviram de espaço de preparação de uma elite

letrada, pelo fato de receberem a colaboração dos professores, da imprensa periódica da

cidade e dos empresários e políticos da cidade, com a finalidade de conseguirem fazer

circular seu projeto coletivo. Não é possível afirmar se entre esses colaboradores que

patrocinavam de alguma maneira os jornais estudantis existiam forças antagônicas

disputando espaço entre os estudantes.

Os jornais analisados publicavam lançamentos de impressos estudantis,

proporcionando, também, uma sociabilidade entre outros estudantes da cidade. Assim,

esses estudantes entraram em contato tanto com a imprensa periódica, como com

empresários e outros grupos de estudantes que também publicavam seus jornais na

cidade, ampliando, portanto, sua circulação para além dos muros escolares.

Vale destacar que alguns pontos trabalhados nesta pesquisa abrem caminhos

para trabalhos posteriores em relação à história dessas instituições escolares e de outras

da cidade, incluindo como fonte, além dos impressos, a memória dos alunos que direta

ou indiretamente se envolveram com os jornais estudantis. Um aspecto que não foi

possível desenvolver, por depender de mais estudos, foi a discussão entre tradição e

modernidade existente na cidade e os reflexos na imprensa estudantil, deixando em

aberto questões para serem retomadas em outras pesquisas.

Enfim, este trabalho procurou trazer uma voz pouco ouvida nas pesquisas

educacionais, o estudante, que se manifesta através dos impressos. Só nos resta esperar

que esta pesquisa proporcione para a história da educação, primeiramente, um registro

histórico para ambas instituições escolares e uma reflexão sobre a história das suas

organizações estudantis, que hoje não conhecem a sua própria origem, particularmente,

o Liceu Maranhense, que tem um grêmio estudantil na atualidade, mas este não possui

um acervo de sua história.

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FONTES PRIMÁRIAS:

AVANTE. Órgão do Grêmio Recreativo e Cultural ―Luiz Rêgo‖. n. 1, outubro de 1949.

AVANTE. Órgão do Grêmio Recreativo e Cultural ―Luiz Rêgo‖. n. 2, abril de 1950.

AVANTE. Órgão do Grêmio Recreativo e Cultural ―Luiz Rêgo‖. n. 3, maio de 1950.

AVANTE. Órgão do Grêmio Recreativo e Cultural ―Luiz Rêgo‖. n. 4, junho de 1950.

AVANTE. Órgão do Grêmio Recreativo e Cultural ―Luiz Rêgo‖. n. 5, agosto de 1950.

AVANTE. Órgão do Grêmio Recreativo e Cultural ―Luiz Rêgo‖. n. 6, setembro de 1950.

FOLHA Estudantil. Órgão do Grêmio Liceista. n. 1, 13 de junho de 1951.

O ESTUDANTE de Atenas. Órgão Oficial do Grêmio Liceista. n. 1, maio de 1956.

O ESTUDANTE de Atenas. Órgão Oficial do Grêmio Liceista. n. 2, junho de 1956.

O ESTUDANTE de Atenas. Órgão Oficial do Grêmio Liceista. n. 3, setembro de 1956.

O ESTUDANTE de Atenas. Órgão Oficial do Grêmio Liceista. n. 7, maio de 1957.

O LICEU. Órgão Oficial do Centro Liceista. n. 6, abril de 1957.

O LICEU. Órgão Oficial do Centro Liceista. n. 95, setembro de 1958.

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ANEXOS

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Tabela 1 – Os impressos em circulação na cidade de São Luís – MA (1940-1950)

Nº Título

Subtítulo

Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações

1 Correio da Tarde Diário 1940-1949 Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito Leite

Surgiu em junho de 1940, sob a direção de

Dr. Manoel Tavares Neves Filho e Antonio

Fonseca Passos. De propriedade da

Sociedade Correio da Tarde Ltda., era um

jornal, segundo seu programa, sem

tendências políticas, sem sistemas

ideológicos, sem visões unilaterais.

2 Boletim Informativo da Convenção

Batista Maranhense

Publicando o expediente do Batista

Maranhense

Indeterminada n. 03 e 04 de junho de1943 Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal religioso protestante que divulgava

ideias e ações de ordem batista. Presidente:

Pr. C. L. Amorim.

3 Jornal do Comércio Indeterminada n. 01-34, março a dezembro de

1944; n. 139, janeiro de 1947

Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal preocupado com o estudo da

economia. Diretor Prof. Silveira Leite.

4 A Juventude

Órgão da Juventude Democrata

Indeterminada n. 01, março de 1946 Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal reivindicativo de melhores

condições na educação e no combate ao

integralismo, além de possuir propagandas

e homenagens a Nascimento Moraes.

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Nº Título

Subtítulo

Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações

5 A Tarde Diário n 01-83, setembro a dezembro de

1946; n. 84-193, janeiro a setembro

de 1947

Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Dirigido por J. Pires. Extensão do Jornal

Diário de São Luiz.

6 Alvorada

Órgão Oficial do Centro Liceista

Indeterminada n. 01-05, maio, julho e agosto de

1946; n. 06, julho de 1947

Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal estudantil com publicações de

artigos científicos, literatura e informes

sobre educação. Buscava manter a tradição

maranhense das letras. Tinha Nascimento

de Moraes como colaborador. Diretores:

Reginaldo C. Telles de Sousa e Ubirajara

Rayol.

7 O Irapurú

Órgão Oficial do Centro Cultural

“Humberto de Campos”

Indeterminada n. 03, novembro de 1946 Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal com artigos sobre sociedade,

esporte, literatura, propaganda, educação e

política. Diretores: Renato Carvalho, Ilsa

Ribeiro e Stella Martins.

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Nº Título

Subtítulo

Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações

8 A Pátria

Um jornal a serviço da democracia cristã

Semanal n. 02, 17, 19, 22-24, janeiro a março

de 1947

Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal de tendência religiosa, contra o

comunismo e adepto das tendências de

Plínio Salgado.

9 Jornal Pequeno

O Esporte

Diário De 1947 até os dias atuais. Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Nascido em 1947 com o nome O Esporte.

Em 1951 mudou seu nome para Jornal

Pequeno/O Esporte conservando-se

essencialmente esportivo. Com o passar do

tempo, o jornal tornou-se noticioso e

crítico. Atualmente, é um jornal com

colunas diversificadas, mas tendo como

destaque as denúncias políticas.

10 O Clarim

Órgão Independente

Indeterminada n. 03, março de 1947 Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal estudantil com literatura e informes

sobre educação. Diretor: Lago Burnett.

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Nº Título

Subtítulo

Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações

11 A Luz

Órgão da Juventude Espírita Maranhense

Mensal n. 01-03, janeiro a março de 1948 Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal religioso espírita. Divulgava as

ideias e atos espíritas. Diretor: Antônio

Alves Martins.

12 Malazarte

Mensário da Cultura

Mensal n. 01- 02, julho de 1948 Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal literário em homenagem a Artur

Azevedo, Odorico Mendes e Graça Aranha.

Possuía poemas e trechos de obras de

Erasmo Dias, Lucy Teixeira, José Brasil,

Bandeira Tribuzi, Franklin de Oliveira,

Osvaldino Marques, Carlos Madeira, Mario

de Andrade, Lago Burnett, José Sarney

Costa, Domingos Vieira Filho.

13 Avante

Órgão do Grêmio Cultural e Recreativo

“Luiz Rêgo”

Mensal n. 01, outubro de 1949; n. 02-06,

maio, junho, agosto e setembro de

1950

Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal estudantil. Possuía artigos

científicos, literários, esportes e informes

sobre educação. Diretor: Luis Fernando

Rêgo. Redatores: J. Mário Santos, Mário

Domingues e Francisco B. Ferreira (1949).

Cláudio Ramos, Antônio Carlos Dinis

(1950).

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Nº Título

Subtítulo

Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações

14 Correio Trabalhista

Órgão do Partido Trabalhista Brasileiro

Semanal n. 01-03, dezembro de 1949; n. 08,

fevereiro de 1950

Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal político-partidário do PTB de Vargas

e Saturnino Bello. Diretor: Manoel

Nogueira de Araújo.

15 Folha Escolar

Trabalho em cooperação dos alunos da

Escola “Benedito Leite”

Bimestral n. 12 e 13, outubro e dezembro de

1949

Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal estudantil com publicação de artigos

primários, científicos e literatura. Redação:

Margarida Ferreira. Gerência: Mário S.

Mesquita. Direção: Profª Benedita Rosa

Soares e Silva e Elda Archer Serra Martins.

16 Pacotilha O Globo

Órgão dos Diários Associados

Seis vezes por

semana

1949-1962 Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal crítico e noticioso que surgiu em

junho de 1949, da junção entre os jornais O

Globo e Pacotilha.

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Nº Título

Subtítulo

Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações

17 Tribuna do Povo Variável n. 38-43 e 51, abril-julho e setembro

de 1949; n. 127-145, agosto a

setembro de 1953; n. 146-192,

janeiro a dezembro de 1954; (sem

numeração) janeiro a dezembro de

1955; n. 368-419, janeiro a

dezembro de 1958; n. 420-470,

janeiro a dezembro de 1959.

Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal crítico e noticioso. Direção: médica

e militante comunista Maria José Aragão.

Talvez por falta de recursos financeiros

e/ou perseguição por parte de autoridades

constituídas, o jornal não possuía uma

periodicidade regular.

18 Diário Popular Diário Março a abril de 1950; agosto a

dezembro de 1951; janeiro a

dezembro de 1952; janeiro a

dezembro de 1953; janeiro a outubro

de 1954; janeiro a março de 1955.

Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Periódico de cunho político e noticioso.

Dirigido em sua primeira fase (1950) por J.

Pires; em 1951 passou a ser dirigido por

Freias Diniz. O jornal se ligou ao PTB

(Partido Trabalhista Brasileiro), fez

campanha a favor de Getúlio Vargas à

presidência. Depois passou para o comando

do senador Vitorino Freire.

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118

Nº Título

Subtítulo

Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações

19 Horizonte

Jornal Informativo de Cultura Lítero

Artística João Lisboa

Quinzenal n. 02-03, agosto e novembro de 1950 Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal literário com artigos científicos e

propagandas. Diretor: Francisco A. dos

Santos Netto.

20 Jornal de Bolso Diário Maio a outubro de 1950; maio a

dezembro de 1968; janeiro a

dezembro de 1969; janeiro a

dezembro de 1970.

Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Sob a direção de Celso Bastos. Crítico do

Vitorinismo, acusando-o de ser um regime

corruptor da máquina governamental.

21 Jornal do Povo

Contra a opressão e a injustiça social

Seis vezes por

semana

1950-1964. Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal de oposição ao Senador Vitorino

Freire e seu grupo. Denunciava o

Vitorinismo como sendo um regime

oligárquico que exercia um total controle

da máquina do Estado. Direção: José Neiva

de Sousa. Destacava-se também pela defesa

de uma linha nacionalista para a economia

do país. Logo após o golpe militar, parou

de circular.

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Nº Título

Subtítulo

Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações

22 O Brazil Novo

Órgão do Centro “Aluízio Azevedo”

Indeterminada n. 01, junho de 1950. Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal estudantil contendo artigos de

literatura, propaganda e adivinhações.

23 Satélite

Órgão de divulgação da classe sarelista

Mensal Setembro, outubro e novembro de

1950; outubro de 1952.

Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Tratava de esporte, literatura e eventos

sociais. Dirigido por Edgard Pantoja.Trazia

notícias locais e nacionais.

24 União

Órgão da U. E. C. S. M.

Quinzenal n. 02 e 03, setembro e outubro de

1950.

Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal voltado para o público estudantil.

Diretor: Martins de Araújo.

25 Folha Estudantil

Órgão do Grêmio Liceista

Indeterminada n. 01, junho de 1951. Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal estudantil com publicação de

literatura, artigos científicos. Perseguia os

ideais de Atenas Brasileira. Direção:

Alcindo Braúna.

26 Novidades De dois em dois

dias

n. 24-95, setembro a novembro de

1951; n. 96-134, janeiro a novembro

de 1952.

Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Abordava sociedade, saúde, esporte,

economia, literatura e propaganda com

destaque à política. Direção: Antonio

Afonso.

27 Industrial

Órgão de Publicidade do Curso

Industrial

Indeterminada n. 01, setembro de 1952. Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal estudantil com artigos científicos e

informativos. Direção: Ozandy Teixeira.

Colaboradores: Grêmio Escola Técnica de

São Luís e Aquiles Lisboa.

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Nº Título

Subtítulo

Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações

28 Informação Agrícola Quinzenal n. 98, março, n. 100-107, maio a

dezembro de 1952.

Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal ligado à agricultura brasileira.

Também enfocava política, sociedade,

economia, educação e transporte.

29 Nosso Sentir

Órgão do Grêmio Cultural e Recreativo

“Des. Joaquim Santos”

Indeterminada n. 03, maio de 1952. Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal estudantil com artigos científicos,

literatura, esporte, piadas e propagandas.

Diretor: Luis Augusto Rêgo.

30 Resistência

Hoje e sempre a serviço do Povo

Diário n. 01-03, 04, 06, 07, 09, 11, 12, 14,

16 -25, 27-29, 31, 33-36, maio a

julho de 1952.

Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal noticioso, tendo como foco

reivindicar melhorias em prol do povo nas

áreas de saúde, segurança, transporte,

economia e política, possuindo também

entretenimento e literatura. Diretor:

Reginaldo Telles

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121

Nº Título

Subtítulo

Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações

31 Correio da Semana

Órgão Independente e Noticioso

Semanal n 01-03, agosto e novembro de 1953. Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal independente de agremiações

partidárias. Dirigido por José Melo.

32 Jornal do Dia

Órgão a serviço da verdade

Seis vezes por

semana

1953-1958; 1960-1973 Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal de caráter político. Com colunas

variadas como: boletim esportivo, cinema,

teatro, mercados e cotações dentre outras.

Diretor: Arimatéia Athayde. Em 1969, já

sob a direção do deputado Arthur Carvalho,

o jornal trazia inúmeras reportagens sobre

os feitos do então governador José Sarney.

Foi substituído pelo O Estado do

Maranhão.

33 Reação

Semanário Oposicionista. Jornal do povo

e para o povo.

Semanal n. 01-04, junho e julho de 1953. Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal de assuntos ligados à política

reforma eleitoral e agrária, operariado,

saúde e esportes, sendo oposicionista a

Vitorino Freire. Direção: Ney Milhomem.

Redação: Wolney Milhomem.

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122

Nº Título

Subtítulo

Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações

34 Troféu Indeterminada n. 01, novembro de 1953. Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal esportivo que valorizava o esporte

local, principalmente o futebol. Diretor:

Djard Martins.

35 A Tocha Indeterminada n. 16, setembro de 1954. Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal com artigos sobre política, vida

social, além de propagandas e algumas

homenagens a ilustres da sociedade.

Direção: Waldemar Santos.

36 Alvorada

Órgão educativo, cultural e recreativo

Mensal n. 01, 02, 03, junho a setembro de

1954; n. 06, 08, 09, março, maio,

junho e julho de 1955; n. 12-16,

janeiro a novembro de 1956.

Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Folha dirigida por Reinaldo Martins.

Mantida pela União Gráfica Ateniense –

Sanatório Aquiles Lisboa. Divulgava

artigos de temas variados.

37 Arte e Cultura

Órgão do Grêmio Cultural Literário Prof.

Paulo Freitas

Indeterminada n. 02, junho de1954. Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal estudantil que publicava artigos

científicos, literatura e propagandas.

Diretor: Teódolo Correia. Redator: José

Casemiro Neiva.

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123

Nº Título

Subtítulo

Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações

38 Correio Esportivo

Órgão Esportivo Independente

Semanal n. 01-04, dezembro de 1954; n. 05 e

06, janeiro de 1956.

Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal esportivo com foco no futebol local

e nacional. Direção: Quintino Bogéa.

39 Jornal do Maranhão

Semanário de Orientação Cristã

Semanal 1954-1964; 1966-1971 Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal Católico. Divulgava notícias

religiosas vindas de todo Brasil e de outros

países. Fundador: Luis Felipe Ferreira da

Silva. Diretor: Joaquim R. Mendonça

Ferreira da Silva. Gerente: José Bonifácio

Ferreira da Silva.

40 O Gráfico de Athenas

Boletim Oficial do Sindicato dos

Trabalhadores nas Indústrias gráficas de

S. Luís

Semanal n. 03, 05,07, 08, fevereiro a abril de

1954.

Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal oficial do sindicato dos

trabalhadores das indústrias gráficas.

41 Sampaio

Órgão do D. P. do Sampaio Corrêa F.

Clube

Indeterminada n. 04, agosto de1954. Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal dedicado aos assuntos esportivos.

42 Voz Universitária

Órgão Oficial da União Maranhense dos

Estudantes

Indeterminada n. 01, maio de 1954. Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal estudantil com artigos científicos,

teatro, cinema, esporte e entrevistas.

Direção: Sálvio Dino. Redação: Mário

Leal.

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124

Nº Título

Subtítulo

Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações

43 A Tarde Diário Agosto a dezembro de 1955; janeiro

a dezembro de 1956; janeiro a

dezembro de 1957; janeiro de 1958.

Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito Leite

Jornal dirigido pelo Senador Vitorino

Freire.

44 O Cometa Indeterminada n. 01, março de 1955. Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal abrangendo esporte, teatro, literatura

e propaganda. Direção: Antonio Coelho.

45 O Grêmio

Órgão Oficial do G. C. Caixeiral

Indeterminada Junho de 1955. Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Folha sobre o Centro Caixeiral. Direção:

Arykerne Ribeiro. Divulgava homenagens,

humorismo, poesias, crônicas e anúncios.

46 O Motivo

Órgão Espírita

Mensal n. 01-03, março a abril de 1955. Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal de divulgação dos ideais do

espiritismo.

47 Universitário em Marcha

Órgão Oficial da UNE

Indeterminada n. 01,02, abril e agosto de 1955. Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal voltado para o público universitário.

Começou a circular como órgão

independente. passando, mais tarde, a ser:

órgão da UNE.

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125

Nº Título

Subtítulo

Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações

48 O Estudante de Atenas

Órgão Oficial do Grêmio Liceista

Indeterminada n. 01-03, maio, junho e setembro de

1956; n. 07, maio de 1957.

Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal estudantil pertencente ao curso

noturno do Liceu Maranhense. Apresentava

notícias sobre o colégio, poesias, crônicas,

colunas sobre esportes e anúncios.

49 A Juventude

Órgão Oficial do Grêmio Cultural João

Lisboa

Indeterminada n. 09, setembro de 1957. Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal editado pela bancada do Grêmio

Cultural João Lisboa do Ginásio de Barra

do Corda, durante o I Congresso Estadual

de Estudantes Secundários.

50 O Liceu

Órgão Oficial do Centro Liceista

Indeterminada n. 06, 07, abril, maio, junho de 1957;

n. 95 setembro de 1958.

Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal estudantil.

51 O Mearim em Folha

Órgão Oficial da União Vitorinense de

Estudantes

Indeterminada n. 08, junho de 1957; n. 11, junho e

julho de 1958.

Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal fundado por J. R. Farias e Silva.

Direção: José Fernandes.

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126

Nº Título

Subtítulo

Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações

52 Vigilância

Órgão da Agremiação Liberal Acadêmica

Indeterminada n. 01, 09, agosto, setembro de 1957. Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal sob a direção de Alvino Coelho.

Tinha como lema ―Um jornal que não

vende a verdade‖. Era de distribuição

gratuita.

53 Diário da Manhã

Um jornal vibrante – uma arma do povo

Diário 1958-1966 Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal pertencente ao integrante Newton

Bello do PSD, partido do Vitorino Freire.

Além da política, trazia artigos literários.

54 Movimento

Órgão Oficial do Movimento Nacional

Acadêmico

Indeterminada n. 02-04, abril e maio de 1958. Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal dirigido por Coaracy Jorge Fontes,

em prol dos Acadêmicos.

55 O Esporte Universitário

Órgão Oficial da Associação Atlética

Acadêmica da Faculdade de Filosofia

Indeterminada n. 02, março de 1958. Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal esportivo voltado para os

universitários.

56 O Idealista

Órgão dos Vestibulandos do ano de 1958

Indeterminada n. 01, junho de 1958. Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal estudantil contendo artigos

científicos, crônicas, poesias e anúncios.

57 Tribuna Estudantil

Órgão Oficial da União Maranhense de

Estudantes Secundários

Quinzenal n. 06, junho de 1958. Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal estudantil editado pelo departamento

da imprensa e publicidade.

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127

Nº Título

Subtítulo

Periodicidade Exemplares Local de guarda Observações

58 O Universitário

Órgão Oficial da União Maranhense dos

Estudantes

Indeterminada n. 01, março de 1958. Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal estudantil dirigido por Otavio Lira

Filho.

59 O Governo

O jornal que divulga o que sabe porque

sabe o que divulga

Semanal n. 21, 22, agosto e novembro de

1959; n. 24, julho de 1960; n. 28 ,29,

março e julho de 1962; n. 31, 33

setembro e outubro, dezembro de

1963; n. 34, maio de 1964; (sem

numeração) abril, julho, agosto e

novembro de 1966.

Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito

Jornal dirigido por José Linhares.

Fonte: Catálogo da Biblioteca Pública Estadual Benedito Leite

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128

Tabela 2 – Os impressos estudantis do Colégio de São Luiz e do Liceu Maranhense (1949 – 1958)

C

O

L

É

G

I

O

D

E

S

Ã

O

Título

Subtítulo

Periodicidade Publicidade Diretores, editores e

redatores

Caracterização

Formato

(cm)

Tipo do

papel

Localização

Avante

Órgão do Grêmio

Cultural e Recreativo

―Luiz Rêgo‖

n. 1 (outubro de 1949)

Mensal 10 anúncios

publicitários.

Diretor: Luiz Fernando Rêgo.

Redatores: José Mário Santos,

Mário Domingues Silva e

Francisco B. Ferreira.

Colaboradores: Marcelo M. V.

Pereira, Clení Furtado, José

Rodrigues, Cléia Furtado.

Jornal estudantil 24 X 33 Couchê Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito Leite

n. 2 (abril de 1950)

Mensal 7 anúncios

publicitários.

Diretor: José Mário Santos.

Redatores: Francisco de Sales

e Luiz Fernando Rêgo.

Jornal estudantil 24 X 33 Couchê Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito Leite

n. 3 (maio de 1950)

Mensal 19 anúncios

publicitários.

Diretor: José Mário Santos.

Redatores: Francisco de Sales

e Luiz Fernando Rêgo.

Jornal estudantil 24 X 33 Jornal Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito Leite

n. 4 (junho de 1950)

Mensal 18 anúncios

publicitários.

Diretor: Luiz Fernando Rêgo.

Redatores: Claudio Ramos e

Antonio Carlos Diniz.

Jornal estudantil 24 X 33 Jornal Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito Leite

Nº 5 (Agosto de 1950)

Mensal Sim. 16

anúncios

publicitários.

Diretor: Luiz Fernando Rêgo.

Redatores: Claudio Ramos e

Antonio Carlos Diniz.

Jornal Estudantil 32 X 46,5 Jornal Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito Leite

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129

L

U

I

Z

Título

Subtítulo

Periodicidade Publicidade Diretores, editores e

redatores

Caracterização

Formato

(cm)

Tipo do

papel

Localização

n. 6 (setembro de 1950)

Mensal 11 anúncios

publicitários.

Diretor: José Mário Santos.

Redatores: Francisco Sales,

Francisco B. Ferreira e

Antonio Carlos Diniz.

Jornal estudantil 32 X 46,5 Jornal Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito Leite

Folha Estudantil

Órgão do Grêmio

Liceista

n. 1 (13 de junho de

1951).

Indeterminado 8 anúncios

publicitários.

Diretor: Alcindo O. Braúna.

1o Secretário: José C. Neves.

Jornal estudantil 32, 5 X 47 Jornal Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito Leite

O Estudante de Atenas

Órgão Oficial do Grêmio

Liceista

Ano I

n. 1 (maio de 1956)

Indeterminado 3 anúncios

publicitários.

Diretor: José Fernandes.

Redator: J. Farias e Silva.

Redação: Colégio Estadual.

Jornal estudantil 24 X 33,5

Jornal Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito Leite

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130

L

I

C

E

U

M

A

R

A

N

H

E

N

S

E

Título

Subtítulo

Periodicidade Publicidade Diretores, editores

e redatores

Caracterização

Formato

(cm)

Tipo do

papel

Localização

n 2 (junho de

1956)

Indeterminado 7 anúncios

publicitários

Diretor: José

Fernandes.

Redator: J. Farias e

Silva.

Redação: Colégio

Estadual.

Jornal estudantil 29 X 39,5

Jornal Acervo da

Biblioteca

Pública

Benedito Leite

n. 3 (setembro de

1956)

Indeterminado 6 anúncios

publicitários.

Diretor: José

Fernandes.

Redator: J. Farias e

Silva.

Redação: Colégio

Estadual.

Jornal estudantil 29 X 39,5

Jornal Acervo da

Biblioteca

Pública

Benedito Leite

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131

Título

Subtítulo

Periodicidade Publicidade Diretores,

editores e

redatores

Caracterização

Formato

(cm)

Tipo do

papel

Localização

O Liceu

Órgão Oficial

do Centro

Liceista

n. 6 (abril

1957)

Indeterminado 11 anúncios

publicitários

Diretores:

Benedito Lyra e

Emanuel Silva.

Redator: Coaracy

Jorge Fontes.

1º Secretário: José

Falcão Filho.

Jornal estudantil 32 X 46 Jornal Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito Leite

n. 95

(setembro de

1958)

Indeterminado 7 anúncios

publicitários.

Publicação do

Departamento de

Imprensa.

Redação: Centro

Liceista, Colégio

Estadual.

Jornal estudantil 32 X 46

Jornal Acervo da

Biblioteca Pública

Benedito Leite

Fonte: Elaboração própria.

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132

Tabela 3 – Distribuição dos conteúdos dos jornais estudantis por temáticas

C

O

L

É

G

I

O

D

E

S

Ã

O

L

U

I

Z

Avante Política Letras/Artes Vida Social

Escolar

Esporte Assuntos diversos

Humor

n. 1 ―Nosso jornalzinho Avante‖,

assinado por Mário Domingues da

Silva, apresenta o jornal, seus

objetivos, dificuldades,

organização da equipe, a

cooperação do diretor da escola e a

explicação da escolha do título do

jornal.

―Amigos Leitores‖ apresenta a

organização do jornal, conclama a

participação dos estudantes,

enaltece o nacionalismo, tradição

intelectual maranhense das letras e

exalta a iniciativa do diretor Luiz

Rêgo.

―Paulo Afonso‖

(poesia exaltando a

natureza brasileira),

assinado por Clení

Furtado.

―Grêmio Cultural e

Recreativo ‗Luiz Rêgo‘‖,

assinado por José Mário

M. Santos, apresenta a

criação e organização do

órgão.

Congratulações do

professor Luiz Rêgo pela

publicação do imprenso

estudantil.

Novos bacharéis (anúncio

de colação de grau do

curso de Direito).

―Grêmio Cultural‖, em

que Nina Rodrigues

felicita a criação.

Aniversário do professor

Luiz Rêgo

Aeromodelismo por

Luiz Fernando Rêgo.

―Exaltação a São Paulo‖

(história, política, economia

e seus aspectos culturais),

por Francisco F. Ferreira.

―Apenas e não Atenas‖, por

Silva Galhardo, critica a

atual situação da

intelectualidade maranhense

no contexto da ABL.

―Gutemberg e a Imprensa‖,

por José Mário Santos.

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133

C

O

L

É

G

I

O

D

E

S

Ã

O

L

U

I

Z

Avante Política Letras/Artes Vida Social

Escolar

Esporte Assuntos diversos

Humor

n. 2 ―Avante‖, por Luiz

Fernando Rêgo, diz que

um jornal estudantil deve

primar pela cultura

humanista, afirma o desejo

pela volta do Maranhão

Atenas e revela o

nacionalismo.

―A perseverança no

trabalho‖, por Mário

Domingues, relata as

dificuldades enfrentadas na

organização do jornal na

retomada das atividades do

ano anterior.

―A ociosidade‖, por Dicey,

enaltece o trabalho e o

ensino como formas de

combater a ociosidade e

ajudar o país se

desenvolver ao lado das

grandes potências

mundiais.

―Virgilio Brasileiro‖, por

Francisco de Sales B. Ferreira,

fala da história e da obra literária

de Manuel Odorico Mendes,

escritor maranhense.

―Um grande poeta‖, por José

Mário Santos, fala da história e da

obra de Antonio Gonçalves Dias,

escritor maranhense. Menciona,

ainda, sua importância para a

literatura.

―Anseios‖, por Chales, poesia.

―Crepúsculo‖, por Olivar Alves,

texto literário.

―Grêmio Cultural e

Recreativo ‗Luiz Rêgo‘‖,

notícia sobre eleição para

a nova diretoria.

―Honrosa Visita‖, sobre

a visita do professor

Coelho de Sousa, do Rio

Grande do Sul, aos

estudantes do Colégio,

com reunião no salão da

escola.

Nota em destaque na

primeira página, do

professor Luiz Rêgo,

felicitando o retorno do

jornal.

Comemoração do

aniversário do professor

Francisco Solano

Ribeiro, do colégio

Ateneu Teixeira Mendes

―Sports‖, por J. C.,

breve relato sobre a

origem dos

―sports‖.

―Pátria‖, por Leopoldo,

definição do termo e

enaltecimento da pátria

brasileira.

Conhecimentos e

curiosidades.

Anedotas – Boa vontade.

Endereço errado

Charadas

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134

C

O

L

É

G

I

O

D

E

S

Ã

O

L

U

I

Z

Avante Política Letras/Artes Vida Social

Escolar

Esporte Assuntos diversos

Humor

n. 3 ―O que é a vida e a

fundação de um órgão

estudantil‖, por Luiz

Fernando Rêgo, crítica aos

que desencorajaram a

permanência do jornal com

relatos das dificuldades

encontradas para sua

produção.

―Que é o Brasil de Viriato

Correia‖, exaltação ao

nacionalismo republicano:

―O Brasil é a obra de seus

construtores, ou melhor,

daqueles que o tiraram do

nada selvagem e o fizeram

terra civilizada‖.

Crônica ―Ilusão‖, de

Salvio Castro Costa,

diálogo entre a ciência e a

ignorância.

Quadrinha de Amor, de

Charles Diniz.

―Sexualidade‖, poesia

com cooperação do jovem

poeta gaúcho Cosmo

Antônio Laitano, de Porto

Alegre – RS.

―Avante‖, de Luiz

Fernando, poesia dedicada

ao jornal.

―Saudade Imortalizada‖,

poesia de R. Ribeiro

(aluno do noturno).

Anúncio do Grêmio Cultura e

Recreativo ―Luiz Rêgo‖ da

eleição para a escolha do melhor

craque, além da realização do

torneio ―Paulo Ramos‖ de

voleibol e da organização das

equipes femininas e masculinas.

Festividade no colégio Ateneu

Teixeira Mendes com a presença

dos integrantes do grêmio do

Colégio de São Luiz na

comemoração do 1o de maio.

―A disciplina humana‖, de

Wolney Milhomem, artigo sobre

conduta moral que exalta o

Colégio de São Luiz pela sua

disciplina.

Aniversariantes – estudantes do

colégio.

Felicitações pela apresentação do

Grêmio ―Machado de Assis‖ do

Colégio Ateneu Teixeira Mendes

―A marcha do

Esporte‖, informes

sobre os esportes:

box, futebol e vôlei;

resultado do torneio

de vôlei ―Paulo

Ramos‖.

―Tiradentes‖, por José

Couto, comemoração

pela passagem do dia 21

de abril

―Para você, colega...‖,

de Sérgio Prates

Machado (noturno),

pede cautela a juventude

quanto a ânsia em querer

viver livre.

―Reflexos da História‖,

fatos históricos

nacionais e

internacionais.

Destaque ―a

Constituição do Estado

Nacional apareceu a 10

de novembro de 1937‖,

Ditadura chamada de

Estado Nacional.

Charadas.

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135

Anedotas.

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136

C

O

L

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G

I

O

D

E

S

Ã

O

L

U

Avante Política Letras/Artes Vida Social

Escolar

Esporte Assuntos diversos

Humor

n. 4 ―Convencionou-se, por um

triste conúbio da

mediocridade com a

esperteza, que o papel de

um programa não é definir,

mas iludir‖. (p.4, canto

inferior direito do jornal)

―Os pobres‖, de R.

Ribeiro, oração, em forma

de poesia, pelos pobres.

―Dois gênios‖, por

Gaúcho, texto sobre

Beethoven e Chopin.

―Venceu o renhido pleito

estudantil o ‗crack‘ Antonio

Carlos Diniz‖, apuração dos

votos e entrega da premiação aos

vencedores dos melhores

esportistas do colégio,

reportagem de Auro, ocupou

quase toda primeira página.

―Um recado amigo‖, do

professor Luiz Rêgo, chama

atenção dos alunos para a

concentração nos estudos.

Grêmio Cultural ―Joaquim

Santos‖, apresentação e

felicitações a mais nova

agremiação estudantil do Colégio

de São Luiz.

Grêmio Cultural e Recreativo

―Luiz Rêgo‖, notícia sobre a

eleição da nova diretoria para o

próximo trimestre.

Intercâmbio entre escolas:

Recebimento do jornal O Liceu,

do Colégio Estadual, Liceu

Maranhense.

Esportes de Théo

Drummond –

Exaltação ao esporte,

pois, segundo o texto,

reflete o grau de

desenvolvimento de

uma nação. (p. 4)

―Para seu Fichário?

Inventores e suas

invenções‖.

―Apontamentos do

natural‖, por Barão Von

Wolff (noturno), trata da

temática ―saber

envelhecer‖, chama

atenção da juventude

sobre o saber envelhecer

e o respeito que se deve

ter com os idosos.

―Curiosidades &

Variedades‖ (p.4).

Anedotas (p.5).

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Fundação do Centro Literário

―Graça Aranha‖ foi celebrada no

Colégio de São Luiz, dia 1o de

maio.

―Quem Beija o leão?‖, registro

da apresentação teatral dos

alunos do Colégio Estadual, o

Liceu Maranhense, de autoria

Lucy Teixeira (pertencente à

chamada ―geração maranhense

de 45‖).

Aniversariantes do Colégio mês

de junho e julho.

―Em festa a família Luiz Rêgo‖,

felicita a esposa e os filhos do

professor Luiz Rêgo pela

passagem de aniversário (p.6).

―Homenagem ao nosso patrono‖,

venda de ingressos para a festa

em homenagem ao diretor, o

professor Luiz Rêgo, no clube da

cidade.

Aniversário da professora do

Colégio, Etelvina D. da Silva.

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Avante Política Letras/Artes Vida Social

Escolar

Esporte Assuntos diversos

Humor

n. 5 ―Voltamos das Férias‖, por

Auro Morais, invoca os alunos

dedicação aos estudos e

também aos trabalhos do

jornal.

―Avante, companheiro!‖, de

Claudio Ramos, chamada de

arranque para a continuidade

dos trabalhos no Avante e

demonstração de satisfação

pelo aumento de tamanho do

jornal.

“Os jornais do Estudante‖,

enfatiza a existência de jornais

estudantis em algumas escolas

da cidade e exalta o Colégio

pela existência de três

periódicos estudantis.

―A volta do Cardeal

Mindszenty‖, fala de Igreja

versus Comunismo e relata a

liberação do cardeal preso

pelos ―vermelhos‖ na Hungria,

recebido com júbilo pela

população. Expressa desejo

desse modelo de cardeal no

Brasil.

―Divagações‖, por Eldes

Machado Matos.

―Angelus: a minha boa

vozinha...‖, poesia de Rai

Moraes.

―Confissão: a memória de

Catulo‖, poesia de José

Lopes.

―Perguntas sem Respostas‖,

poesia de Cosmo Antônio

Laitano.

Grêmio Cultural e Recreativo

―Luiz Rêgo‖, convida os

alunos e professores para a

participação no jornal com

publicação de textos, e chama

para as eleições da

agremiação.

Bibliografia, relação de obras

para auxiliar os alunos na

preparação para o vestibular.

Anúncio de concursos

promovidos pelo jornal que

estão circulando no Colégio e

ficha para ingressar no

grêmio.

―Galeria dos nossos mestres‖,

em destaque na primeira

página, homenagem ao

professor Luiz Rêgo, sua

história e ações educacionais.

Aniversariantes de alunos e

ex-aluna do mês de agosto.

―História do atletismo‖,

texto exalta os exercícios

físicos.

―Enciclopédia esportiva‖,

feitos esportivos de

futebol.

―IV Campeonato Mundial

de Futebol‖, histórico dos

jogos mundiais de futebol.

―Madrugada‖, de

Wolney Milhomem,

frustração de Deus com a

humanidade, texto misto

de filosofia, história e

religião.

―Dia das mães‖, história

da origem da data.

Curiosidade sobre o

primeiro circo.

―Responda se puder!‖,

concurso sobre

conhecimentos gerais.

―Ligeiros relatos sobre o

hipnotismo‖, condensado

de ciência popular.

Concurso Esportivo com

perguntas sobre esporte.

―Para resolver‖, concurso

matemático com

perguntas.

Concurso cultural para

identificar nas

fotografias, o nome dos

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três escritores brasileiros.

―No Colégio‖, piada.

―Superstição; na

alfândega‖, anedota

(p.2).

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Avante Política Letras/Artes Vida Social

Escolar

Esporte Assuntos diversos

Humor

n. 6 ―O Colégio de S. Luiz‖, relata

formação, fundação, principais

dados do colégio, suas

atividades e seus mestres; faz

homenagem a instituição,

menciona que, entre as escolas

da cidade, o colégio está apto

para cultivar a ―letra e o

esporte‖ (p.1-2). A matéria

termina com as seguintes

palavras: ―Servir ao Brasil,

com patriotismo, é o seu

programa de ação‖ (p.2).

Homenagem ao poeta

português Guerra Junqueira.

―Gregório Matos‖, por

Sálvio C. Costa, fala da vida

e da obra do poeta brasileiro

do século XVII.

―Desenvolvimento cultural

do Brasil‖, por Jomaza,

descreve a história da

literatura brasileira

(preenche quase toda

página).

―Mãe‖, prosa.

―Longe de ‗São Luiz‘‖,

poesia de Ray Moraes.

Grêmio Cultural e Recreativo

―Luiz Rêgo‖ anuncia o

resultado da eleição

extraordinária do grêmio.

―Concurso Avante‖, esclarece

sobre os concursos

organizados pelo jornal,

realizados na escola.

Organização e regras para

participação e ficha de votação

para concurso de beleza.

Concurso cultural com

perguntas sobre três poesias.

Aniversário do Colégio de São

Luiz – parabenização pela

data.

Artigo sobre o aniversário da

cidade de São Luís.

Homenagem ao dia do

professor – comemora-se no

dia 13 de agosto.

Notícias do Torneio ―Luiz

Rêgo‖, organizado pelo

Grêmio ―Dr. Joaquim

Alves dos Santos‖.

―O grito do Ipiranga‖,

por José Mario, história

da independência do

Brasil pela passagem do

7 de setembro. Edição

especial do jornal.

―25 de Agosto‖,

homenagem ao dia do

soldado.

Ficha de inscrição para

ingressar no grêmio.

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Folha

Estudantil

Política Letras/Artes Vida Social

Escolar

Esporte Assuntos

diversos

n. 1 (1951) ―No Pórtico‖, fala da

representatividade do

periódico para os estudantes

e explica a expressão

―Atenas Brasileira‖ para a

cidade de São Luis.

―Ecos da posse da nova

diretoria do grêmio liceista

‗Castro Alves‘‖, discurso de

posse do presidente do

grêmio Raimundo José

Alves Gonçalves, com foto

dele.

―Avante, mocidade

ateniense‖, por J. Bastos,

conclama a participação dos

estudantes com artigos na

página literária para

desenvolver o cultivo pelas

letras, como outrora ocorreu

no Maranhão literário.

Biografia de Castro

Alves e comentário sobre

o livro Espumas

flutuantes.

―Folha estudantil‖,

poema de Rodney

Araújo.

―Vitamina literária‖, por

Francisco Costa, um

conto literário e um

convite a fazer leituras

de obras literárias como

Fragmentos de um

diário, de Humberto de

Campos.

―Impossível‖, soneto de

Ulisses Diniz.

―A árvore que cantava‖,

conto literário de

Antonio Diniz.

―Deus‖, soneto de J.

Bastos retirado de seu

livro Sonetos avulsos.

―Ri coração‖, soneto de

Izolete Souza dedicado a

seu irmão para

compreender que,

Notícias da solenidade de posse

no colégio e baile em um clube da

cidade.

―Um apelo aos colegas‖, por C.

Ferreira Araújo, chama atenção

dos estudantes pela má

conservação do colégio.

―Nosso ideal‖, por J. B. Cunha,

pede aos colegas do noturno que

se dediquem mais aos estudos

para honrar o nome ―Atenas

Brasileira‖.

Agradecimentos ao governador do

estado Cesar Aboud, na primeira

página, por ter cedido um clube

para a comemoração da posse da

nova diretoria do grêmio.

Na mesma página, homenagem ao

vice-presidente do grêmio, pela

luta e independência do grêmio.

Aniversários dos alunos.

Desejo de boa viagem ao ex-

professor do colégio e então

promotor Dr. José Bento Neves.

Desejo de boa viagem ao fiscal de

―Esporte em

marcha‖, informe

sobre torneio de

futebol entre séries

do Colégio, no

estádio municipal.

(está na página

literária).

―Um conselho

amigo‖, por R. C.

Raposo, aconselha

que leitura boa é

leitura prazerosa e

não obrigatória: ―O

cerne mais sólido da

educação encontra-se

naquilo que lemos

pelo prazer de ler e

não por ser

obrigação‖.

―A desinteligência‖,

por Ubirajara

Miranda.

―Grifos‖, fala sobre a

importância da

imprensa a partir de

Guttemberg para a

divulgação do

conhecimento.

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―nenhuma mulher

merece tanto sofrimento

e tanta tristeza‖.

―Palavras no silêncio‖,

poesia de Ulisses Diniz.

renda do estado Alcindo Brauna.

Boas-vindas ao ex-aluno

Raimundo de Jesus Nunes, em

visita a cidade.

―Homenagem a Pedro Paiva

Filho‖, por R. Pachêco Gaspar,

felicita o aluno do colégio pela

exposição de seus trabalhos de

pintura.

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O Estudante

de Atenas

Política Letras/Artes Vida Social

Escolar

Esporte Assuntos diversos

Humor

n, 1 (1956) ―Aqui, colega, está o teu

jornal!‖, por José Fernandes,

exalta a nova diretoria do

grêmio e o acontecimentos

do colégio.

―Nossa Luta‖, por Edmilson

Cavalcante, noticia que a

nova diretoria coloca-se

disposta ao trabalho de

representar a classe

estudantil noturna e de

honrá-la como capaz.

―Mãe‖, por Roque Pires

Macatrão.

―O Brasil‖, soneto do

professor Sá Vale.

Posse da nova diretoria do

Grêmio Liceista

Novos dirigentes do Grêmio ―23

de Setembro‖ da Escola Técnica

de São Luís – grêmio liceista

convidado para o evento.

―Ecos do dia 9 de maio‖, noticia

aniversário do professor Rubem

Almeida, e sessão cívica por José

Ribamar Farias e Silva (ocupa

quase toda página).

Aniversários e festas particulares.

Anúncio do concurso ―Rainha dos

Calouros‖.

Posse no Grêmio ―Machado de

Assis‖ do colégio Ateneu Teixeira

Mendes.

Recebimento de exemplares A

Cultura, órgão do Grêmio

Cultural Demóclito de Sousa

Filho, do Ginásio Des. Antônio

Costa, Teresina, Piauí.

Anúncio do concurso literário.

Notícias do

campeonato de

futebol promovido

pelo grêmio, por B.

Lima.

Metade da página

relatando o

campeonato.

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O Estudante

de Atenas

Política Letras/Artes Vida Social

Escolar

Esporte Assuntos diversos

Humor

n. 2 (1956) Nota em manchete sobre o

resultado da luta das

representações do corpo

discente em prol da reforma

administrativa da U.M.E.S

(O diretor, José Fernandes).

―Carta aberta ao presidente

da U. M. E. S‖, por Roque

Pires Macatrão, adverte o

presidente eleito quanto a

sua responsabilidade frente à

entidade estudantil

maranhense.

Quadra: ―Ato heróico e mui

feliz/ Sempre unidos e

vibrantes/ Tivemos em São

Luís/ A greve dos

estudantes‖.

―O Amor‖, por Elmano.

―Não chores‖, por

Desley Fonseca Costa.

―Uma chama triste‖, por

Charles Chan.

―Divagações‖, por José

Fernandes com sua foto.

―Nas garras do cupido‖,

felicitações a novos namorados do

Colégio.

Notícia sobre a presença de

integrantes do grêmio em festas

de estudantes do colégio e

também da U. M. E. S.

Nota de falecimento da profa.

Maria do Carmo Teixeira.

―Waldomiro na tesouraria da U.

M. E. S‖, informe da presença do

Colégio, através do grêmio, na

entidade estudantil estadual.

Aniversários.

Festas providas pelos estudantes e

pela U.M.E.S.

Resultado do Concurso de

―Rainha dos Calouros‖.

Homenagem ao secretário do

grêmio Oton Leite.

―Empolgante vitória

da 3a série ginasial‖,

por Lima de Oliveira,

sobre a conclusão do

campeonato de

futebol.

Opiniões sobre o

jornal, avaliações

positivas externas.

Foto em destaque de

―Jane Russel, a atriz

querida dos

estudantes‖ (atriz

estadunidense famosa

naquela época).

―Um grande passo‖,

por J. M. Lindoso,

texto para despertar

nos jovens o interesse

pela cooperação em

atividades que

elevem a

intelectualidade

estudantil.

―Uma conversa em

cada número‖,

conversa entre dois

amigos sobre o

modelo feminino não

muito presente entre

eles.

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O Estudante

de Atenas

Política Letras/Artes Vida Social

Escolar

Esporte Assuntos diversos

Humor

n. 3 (1956) ―Todos os grêmios,

juntamente com a atual

diretoria da U. M. E. S. estão

unidos para uma única

finalidade: engrandecer o

estudante maranhense‖

(manchete).

―Palavras do presidente do

Grêmio Liceista, Júlio Elias

Pereira, em entrevista

concedida ao diretor de O

Estudante de Atenas‖, por

José Fernandes, o

entrevistado lança críticas à

antiga gestão do grêmio e

manda mensagem aos

estudantes (ocupa quase toda

página).

―O verdadeiro ideal‖, por

José Maria Lindoso, evoca o

trabalho, o patriotismo como

ideais na vida.

―Importante trabalho

redacional de O

Estudante de Atenas: fala

ao nosso redator o

escritor Mário Meireles,

destacado membro da

Academia Maranhense

de Letras – Esperamos,

assim, estimular o

desenvolvimento

intelectual do estudante

maranhense‖, entrevista

que discuti entre outros

assuntos literários, a

relação ―modernismo‖ e

moderno.

―Taylor‖, poema de

Franklin Barradas.

―Silêncio‖, poema de

Charles Chan.

―Sociocracia‖, por Farias e Silva,

chama atenção para a ―falta de

educação‖ dos estudantes durante

um evento no teatro da cidade.

Boas-vindas aos estudantes

transferidos do curso diurno para

o turno noturno.

―Ecos do ‗Dia do Estudante‘:

brilhante sessão cívica no Colégio

Estadual‖, noticia organização do

U. M. E. S. e autoridades da

cidade, com a presença de

deputado e emissoras da cidade.

―Visita a um ‗imortal‘‖, notícia

sobre a participação dos diretores

do jornal no sarau da cidade.

Entrevista com a ―Rainha dos

Calouros 56‖ e notícias de sua

coroação.

Aniversários, noivados,

casamentos e festas.

Registro de participação da

professora Maria Freitas em

evento nacional no Rio de

Janeiro.

Notícias esportivas

sobre o campeonato

ganho pelo time do

Liceu noturno, por

Lima de Oliveira.

Notícias de outras

competições

esportivas em

comemoração ao dia

do estudante.

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O Estudante

de Atenas

Política Letras/Artes Vida Social

Escolar

Esporte Assuntos diversos

Humor

n. 7 (Ano 2,

1957)

―A continuação de um

ideal‖, artigo em que o novo

diretor do jornal aponta os

desafios em continuar com o

trabalho de produzir

periódico e pede ajuda para

os estudantes para que não

morram as ―tradições

gloriosas‖.

―Dia‖, por M. Macatrão.

―Teus olhos‖, por

Charles Chan.

―Gonçalves Dias‖,

soneto de José R. de Sá

Vale (professor e patrono

do grêmio).

―Garoto de parque‖,

crônica de R. Nelson.

―Burro‖, soneto de

Vicente Maya

(professor).

―Rainha‖, poema de

Vicente Goulart.

―Visita à Academia

Maranhense de Letras‖,

informações sobre a

história, sua tradição

local e convite aos

estudantes para conhecer

o lugar (página inteira).

―Posse da Diretoria do Grêmio

Liceista – Secção Noturna‖,

manchete de abertura da página

com fotos do presidente eleito, da

sessão solene e do patrono. A

reportagem inteira aparece na

página 2.

―Sociocracia‖, destaca eventos,

aniversariantes e entrevistas.

Entrevista especial com o

presidente eleito do grêmio, Luiz

Souza.

―Inaugurado com

grande brilhantismo o

certame interno do

Liceu‖.

―Detalhes dos cotejos

futebolísticos levados

a efeito no campo dos

Maristas‖, notícias

dos próximos jogos, e

de acontecimentos

esportivos

vivenciados pelos

estudantes do

colégio.

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O Liceu Política Letras/Artes Vida Social

Escolar

Esporte Assuntos diversos Humor

n. 6

(1957)

Na primeira página, fotos que

destacam as principais

notícias que compõem o

jornal.

―Opinando‖, artigo em que

Benedito Lyra reivindica

democracia plena no Brasil a

partir do exemplo da política

adotada pelo diretor do Liceu

durante a campanha eleitoral,

e noticia as eleições do

grêmio. Repudia as relações

com os EUA.

―‗Bate-papo‘ com os

colegas‖, por Coaracy

Fontes, apresentação do

jornal, agradecimentos aos

jornais locais O Dia e

Diários Associados pelo

patrocínio e aos colegas pelo

apoio.

―O Renascimento‖, por

Aymar Mesquita, fala do

renascer de um jornal

revivendo suas tradições,

porém de caráter novo.

―O Liceu tem obrigação

moral de manter a tradição de

seu nome‖, declarações do

―Soberbia‖,

declaração de amor

por Charlie Chan.

―Adeus‖, crônica de

Sau Luiz Chung.

―A imagem‖, conto

de T. J. M.

Homenagem o novo

diretor do colégio pela

nomeação e críticas aos

professores.

Notícia sobre a

campanha eleitoral do

Liceu; comício; eleição

e posse. Nota sobre

exibição de filme

concedido pelo agente

consular dos EUA.

Fotos do resultado das

eleições e da posse da

nova diretoria.

―Honra ao Mérito‖,

homenagem ao

secretário do colégio.

―Um voto de

agradecimento‖, por

José Franco,

agradecimento especial

para turma 32 do

científico pelos votos

recebidos.

Aniversários: a maioria

dos aniversariantes é do

Centro liceista.

Uma página inteira

sobre atividades

esportivas do

colégio: reação

espetacular do

Liceu; fundada a

associação esportiva

Palmeiras; derrotado

o time do vôlei do

Liceu; análise

individual dos

―players‖ liceistas

(com fotos que

ilustram os fatos).

―Auxílio de Cr$

12.000,00 ao Centro

Liceista‖, notícia sobre

projeto do vereador

Teixeira Mota, que

também é professor do

colégio.

―Pan-Americanismo‖,

por Sued Tavares.

―O ignorante‖, por

Emanuel Silva.

―‗O Liceu‘ está

sendo muito

visitado pelas

garotas. Cuidado,

Sr. Presidente‖.

―Já repararam

vocês que o 1o

científico deste ano

mais parece um

‗jardim de rosas‘?

Não durmam no

ponto, ilustres

‗jardineiros‘!‖

―Sabem vocês, que

o Chico é o mais

querido pelas

garotas do Liceu?‖

―E por falar em

garotas do Liceu,

ouvimos, durante a

campanha,

comentários como

este: ‗Gostamos de

maçãs, mas não

queremos

MACIEIRAS...‘‖

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professor/diretor José Rosa.

―Agir primeiro, falar depois‖,

entrevista com o então

presidente do Centro Liceista

no final da sua gestão.

―Vitória da consciência

liceista: triunfou a

‗Renovação‘‖, notas sobre a

apresentação dos nomes da

nova diretoria, incluindo

departamento internacional

de correspondência e

mensagens de apoio na posse

da nova diretoria dadas pelo

governador do estado.

―Venceremos as crises

normalizaremos a situação do

‗Liceu‘‖, entrevista com

diretor do departamento de

imprensa do Centro Liceista,

realizada na redação do

jornal O Dia. Ele sugere

união entre U. M. E. S.,

grêmios e Associação de

Imprensa estudantil para

aquisição de uma tipografia

de estudantes; promete lançar

novos números em maio,

agosto, setembro, outubro e

uma edição especial em

novembro.

―Novos Horizontes‖,

por Andréa, anúncio de

como será a coluna

social do jornal.

Notícia de festa

organizada por uma

aluna para comemorar a

vitória da diretoria do

centro.

Anúncio para o

aniversário do Centro

Liceista – completaria

21 anos de existência.

Anúncio sobre candidata

do Liceu ao título de

Miss Maranhão.

Importante entrevista do

Diretor do Dep.

Cultural, usada como

forma de criticar a

antiga gestão e fazer

propaganda da atual

gestão.

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O Liceu Política Letras/Artes Vida Social

Escolar

Esporte Assuntos Diversos Humor

n. 95

(Ano

XXI,

1958)

―Pelo dinamismo da atual

gestão impõe-se o Centro

Liceista à confiança dos

nossos colegas‖, chamada do

jornal.

―Realizações da atual

diretoria – Dificuldades

técnicas entravam a

publicação do jornal‖,

reportagem.

―Aos Liceistas‖, texto que

enfatiza o quanto é

trabalhoso publicar um jornal

estudantil e os esforços que o

grupo está fazendo para a

próxima edição.

Apoio político para

Petrobras, com foto.

―Mota e Cadmo concorrerão

ao pleito de 3 de outubro‖,

campanha eleitoral para os

dois professores do Colégio

em disputa ao cargo de

vereador da cidade.

Posicionamento do

Congresso Secundarista

Maranhense.

―Exaltação a

Mulher‖, soneto de

Ariston Porto

Nunes.

―Sonhando

contigo‖, por

Fernando Luiz

Netto Silveira.

Posse da nova diretoria;

comemorações realizadas

na Páscoa, no dia do

estudante, no aniversário

do Centro Liceista.

Notícias sobre: concurso de

poesia, pintura e desenho;

desfile liceista na

Olimpíada e parada da

juventude; as

comemorações do Dia da

Árvore; solenidade para

homenagear o professor

Vicente Maia; Congresso

Maranhense de Estudantes

Secundaristas.

―Eleitores liceistas‖,

recomendações aos

estudantes em pensar bem

nos candidatos antes de

escolher, sendo um dos

princípios democráticos.

Aniversariantes.

Boas–vindas aos estudantes

do interior do estado que

vieram para o Congresso

Maranhense de Estudantes

Secundaristas.

Anúncios dos jogos

esportivos no

Colégio.

Notícias das vitórias

conseguidas pelos

estudantes no torneio

olímpico da cidade –

masculino e

feminino.

Destaque para a

entrada dos

estudantes do curso

clássico no

campeonato interno

– eles conseguiram

formar um time com

apesar da quantidade

de alunos.

―Ser Nacionalista‖, em

que Ramos d‘Oliveira

apresenta sua visão

sobre o que é ser

nacionalista: ― brigar,

lutar e não entregar

aquilo que é nosso‖.

Vem com fotos da

Petrobras.

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Tabela 4 – A descrição dos anúncios publicitários dos jornais estudantis.

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Avante Anunciantes Ramo de atividade Endereço Total

n. 1 Cunha Santos & Cia. Ltda.

Livraria Universal de Ramos D‘Almeida

Castro Gomes & Cia. Limitada.

Machado & Trindade (Antigo Narcisos,

Machado & Cia.)

A Colegial

Colégio de São Luiz

Tipografia Teixeira

Livraria Moderna

Rianil

Lages & Companhia

Armazém de ferragens

Revistas, figurinos, livros, material escolar e para escritório.

Ferragens e Materiais para Construção.

Linho Irlandês, Material elétrico em geral. Dist. Dos carros

―LAND ROVER‖. Peças e acessórios para veículos.

Livros, escolares e romances, ponto de cruz, figurinos,

álbuns e grande variedade de brinquedos para natal.

Educação.

Papelaria, tipografia, encadernação, pautação e fábrica de

carimbos de borracha.

Venda livros em geral.

Loja de roupas.

Armazém de tecidos, estivas, miudezas e ferramentas

grossas.

Rua Portugal, 190

Praça João Lisboa, 114

Rua Cândido Mendes, 129

Praça João Lisboa, 78-13

Rua Rio Branco, 41 e 55

Rua Afonso Pena, 112

Rua Portugal, 303

10

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Avante Anunciantes Ramo de atividade Endereço Total

n. 2

A Colegial

Livraria Universal de Ramos D‘Almeida

Cunha Santos & Cia. Ltda.

Rianil

Castro Gomes & Cia. Limitada.

Tipogravura Teixeira de Silva & Guimarães

Ltda.

Casa Americana

Livros, escolares e romances, ponto de cruz, figurinos, álbuns

de bordados.

Revistas, figurinos, livros, material escolar e para escritório.

Armazém de ferragens

Loja de tecidos

Ferragens e Materiais para construção.

Tipografia, papelaria, encadernação e pautação.

Artigos finos para presente e artigos para homens.

Praça João Lisboa, 114

Rua Portugal, 190

Rua Cândido Mendes, 129

Rua Afonso Pena, 112

Praça João Lisboa, 43

7

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Avante Anunciantes Ramo de atividade Endereço Total

n. 3 Rianil

A contadora

Antigripal Jesus

Casa Americana

Tipogravura Teixeira de Silva & Guimarães

Ltda.

Ótica Lux

Casa Olimpia e Parc Roial de Cateb & Irmão

Farmácia Garrido de A. F. Garrido

Foto Londres de Clodomir Pantoja

Café mineiro de J. Naufel & Cia

Moraes & Cia. Ltda

Rianil de Abreu & Rego

Auto - Elétrica Ltda. General Motores do

Brasil S.A.

Cunha Santos & Cia. Ltda.

Loja de tecidos.

Material escolar para curso primário.

Artigos finos para presente e artigos para homens.

Tipografia, papelaria, encadernação e pautação.

Aparelhagem para confecção de lentes e montagem de óculos

em geral.

Modas, miudezas, vidros, armarinho e perfumaria.

Drogas nacionais e estrangeiras.

Especialista em retratos de casamentos, banquetes e batizados.

Retratos aquarela, caderneta estudantil e profissional.

Distribuidora de café.

Discos em geral.

Loja de tecidos.

Refrigeradores.

Armazém de ferragens.

Rua Joaquim Távora, 328

Praça João Lisboa, 43

Rua Afonso Pena, 112

Rua Osvaldo Cruz, 141-B

Rua Osvaldo Cruz, 298/253-B

Rua Osvaldo Cruz, 87

Praça João Lisboa, 167

Rua Osvaldo Cruz, 423

Rua Osvaldo Cruz, 290

Avenida Magalhães de Almeida, 35

Rua Joaquim Távora, 340

Rua Portugal, 210

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Casa Paris

M. Silva & Filhos

Guaraná popular

Livraria Universal de Ramos D‘Almeida

Garantia do Povo

Perfumes, sedas

Fábrica de carimbos de borracha.

Bebida.

Figurinos, livros, revistas, material escolar e para escritório.

Joias, relógios, óculos e objetos para presente.

Rua Dr. Herculano Parga, 122

Praça João Lisboa, 114

Rua Afonso Pena, 28

19

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Avante Anunciantes Ramo de atividade Endereço Total

n. 4

Cunha Santos & Cia. Ltda.

A Contadora

Café Mineiro de J. Naufel & Cia.

Tipogravura Teixeira de Silva & Guimarães Ltda.

A Diamantina de J. Brito

Farmácia Garrido de A. F. Garrido

Guimarães e Sousa & Cia.

R. Santos & Cia.

Antigripal Jesus

Lojas A Pernambucana

Casa Americana

Auto-Eletrica Ltda.

Rianil

Casa Paris

Foto Londres de Clodomir Pantoja

R. Santos & Cia.

Armazém de ferragens.

Material escolar do curso primário.

Fabricante de café.

Tipografia, papelaria, encadernação e pautação.

Joias, relógios, óculos. Oficinas de Ourives e gravações.

Drogas nacionais e estrangeiras.

Máquina de escrever ―Smith Corona‖.

―Copas Laqueadas‖.

Medicamento

Lojas de tecidos

Artigos finos para presentes.

Peças para automóveis.

Loja de tecidos.

Perfumes e sedas.

Especialista em retratos de casamento, batizado.

―Copas laqueadas‖

Rua Portugal, 210

Rua Joaquim Távora, 328

Rua Osvaldo Cruz, 423

Rua Afonso Pena, 112

Rua Osvaldo Cruz, 203

Rua Osvaldo Cruz, 87

Rua Godofredo Viana, 216/240 A

Praça João Lisboa, 43

Rua Joaquim Távora, 340

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J. Braga & Cia.

Guaraná popular

Ferragens, tintas, óleos e miudezas.

Bebida.

Praça João Lisboa

Rua Godofredo Viana, 216/240 A

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Avante Anunciantes Ramo de atividade Endereço Total

n. 5

Anuário do Maranhão

Bar Garota. Direção Manoel Coelho

Venda de Bicicleta

J. Braga & Cia.

Colégio de São Luiz

Esperanto por correspondência

Farmácia Garrido de A. F. Garrido

Sapataria Castelo

Café Mineiro de J. Naufel & Cia.

Tipogravura Teixeira de Silva & Guimarães

Ltda.

R. Santos & Cia.

Cunha Santos & Cia. Ltda.

Casa Moraes de Moraes e Cia. Ltda.

Auto-Eletrica Ltda.

Livro artístico, literário, religioso, educativo,

recreativo, informativo e divertido.

Venda de bebidas.

Venda avulsa de bicicleta feminina.

Ferragens, tintas, óleos e miudezas.

Chamada para exame de admissão.

Cursos.

Drogas nacionais e internacionais.

Venda de sapatos.

Venda de café.

Tipografia, papelaria, encadernação e pautação

(impressos em geral).

Vendas de Colchões.

Armazém de ferragens.

Rádios, discos, refrigeradores e material

elétrico.

Igreja Nossa Senhora do Rosário

Praça João Lisboa

Redação do jornal Avante

Rua Rio Branco, 41/55

Rua Nilo Peçanha, 12, sala 1017 ou

Caixa Postal 141, Lapa, Rio de Janeiro

Rua Osvaldo Cruz, 84

Rua Osvaldo Cruz, 153

Rua Osvaldo Cruz, 423

Rua Afonso Pena, 112

Rua Godofredo Viana, 296 B/240 A

Rua Portugal, 210

Rua Osvaldo Cruz, 290

Rua Joaquim Távora, 340

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Rianil

Guaraná popular

Peças para automóveis.

Loja de tecidos.

Bebida

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Avante Anunciantes Ramo de atividade Endereço Total

n. 6

Cunha Santos & Cia. Ltda.

R. Santos & Cia.

Auto-Eletrica Ltda.

Farmácia Garrido de A. F. Garrido

Sapataria só Castelo

Bar Garota. Direção Manoel Coelho

Casa Moraes de Moraes & Cia. Ltda.

Tipogravura Teixeira de Silva & Guimarães

Ltda.

Colégio de São Luiz

Rianil

Peitoral Jesus

Guaraná popular de M. Feres & Cia.

Armazém de ferragens.

Vendas de colchões.

Peças para automóveis.

Drogas nacionais e internacionais.

Vendas de sapatos.

Bar

Rádios, discos, refrigeradores e material elétrico.

Tipografia, papelaria, encadernação e pautação

(impressos em geral).

Divulgação do Exame de Admissão

Loja de tecidos.

Medicamento

Refrigerante

Rua Portugal, 210

Rua Godofredo Viana, 276 B/ 240 A

Rua Joaquim Távora, 340

Rua Osvaldo Cruz, 87

Rua Osvaldo Cruz, 153

Praça João Lisboa

Rua Osvaldo Cruz, 290

Rua Afonso Pena, 113

Rua Rio Branco, 41/55

12

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Folha

Estudantil

Anunciantes Ramo de atividade Endereço Total

n. 1 (1951) Tipografia Santa Cruz – A casa ―A Ribamar‖

A Colegial

Casa Moraes

Garantia do Povo

Machado & Trindade

Casa de Móveis, Guanabara, de Pedro Paiva F.

Bar Comercial de Mamud Chaim

Lojas Rianil

Serviços Gráficos

Artigos para estudantes

Rádios, refrigeradores e bicicletas.

Joias, relógios, óculos, prataria, objetos de cristais e artigos para

presentes.

Importação e Exportação.

Estufamentos, móveis em geral, cortinas e decorações.

Bebidas, doces frios.

Loja de tecidos.

Rua Nina Rodrigues, 144

Rua Osvaldo Cruz, 290

Rua Osvaldo Cruz, 324

Praça João Lisboa, 78 B

Rua Nina Rodrigues, 156 A

Rua Candido Mendes

08

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O Estudante

de Atenas

Anunciantes Ramo de atividade Endereço Total

n. 1 (1956)

Nº 2

M. Feres & Cia: Indústria e Comércio

AMAI

Casa Ancora. Romão dos Santos & Comp.

Ltda.

Joalheira A Hora Certa

Bar da Penha

Salão de Beleza ―Elza Sadala‖

Casa Ancora. Romão dos Santos & Comp.

Ltda.

Casa da Fé, de Sebastião Esteves de Queiroz

Distribuidora Silmar

Amalie: União Indústria e Comércio

Representações Ltda.

Fabricantes, importadores e exportadores de bebidas e cereais.

Apresentações teatrais

Ferragens, Tintas e Acessórios para automóveis.

Joias, relógios, anéis, pulseiras e artigos finos para presentes.

Refeições, merendas e refrigerantes em geral.

Cortes de cabelos, manicure, pedicure e tratamento de cabelo

em geral.

Ferragens, Tintas e Acessórios para automóveis.

Armarinho.

Artigos domésticos em geral.

Lubrificantes.

Rua Portugal, 302

Rua Godofredo Viana, 223

Rua Joaquim Távora, 341

Rua Nina Rodrigues, 441

B

Rua Portugal, 302

Rua Jacinto Maia, 451

Rua 13 de maio, 389

Praça João Lisboa e

Rua Herculano Parga

Rua Cândido Mendes, 143

03

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Nº 3

Casa Morais

Distribuidora Silmar

Amalie: União Indústria e Comércio

Representações Ltda.

Joalheira A Hora Certa

Casa Ancora. Romão dos Santos & Comp.

Ltda.

Panair do Brasil. Agente: Pinheiro Gomes e

Cia. Ltda.

Vendas de rádios, radiolas, máquinas de costura, geladeiras, etc.

Rádios, radiolas, discos, aparelhos domésticos, velocípedes,

bicicletas.

Lubrificantes.

Joias, relógios, anéis, pulseiras e artigos finos para presentes.

Ferragens, Tintas e Acessórios para automóveis.

Transporte aeroviário

Rua Oswaldo Cruz, 450

Praça João Lisboa, 23

Rua São João, 389 A

Rua Joaquim Távora

Rua Cândido Mendes, 143

Rua Godofredo Viana, 223

Rua Portugal, 302

Rua Nina Rodrigues, 43

08

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O Estudante

de Atenas

Anunciantes Ramo de atividade Endereço Total

n. 7 (1957) Lages & Cia.

A Colegial

Cunha Santos & Cia. Ltda.

Discos? Silmar.

A Centenlha. Cavaignac & Cia.

Casas Moraes

Armazém de tecidos, estivas, miudezas e ferramentas

grossas.

Livros escolares e romances, ponto de cruz, figurinos,

álbuns e bijuteria, cinzeiros.

Armazém de ferragens.

Material elétrico, tinta e ferragens.

Confecção.

Rua Portugal, 303

Rua Portugal, 198-210

Rua Colares Moreira,

182

06

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O Liceu Anunciantes Ramo de atividade Endereço Total

n. 6 (1957)

n. 95

(1958)

Distribuidora Silmar

Alfaiataria e Camisaria de José Emiliano Ribeiro.

Casas Moraes

R. Santos & Cia.

Farmacia Central de Ericeira & Cia.

Farmácia Sanitária

Drogagrande

A Colegial

Casa Paris de Alexandre Hilal & Cia. Ltda.

Casa do linho puro

Importadora do Norte Ltda.

Casas Moraes

Móveis Cimo. Movelaria, loja das noivas.

Casa Paris

Rádios, radiolas, discos, aparelhos domésticos,

velocípedes, bicicletas.

Confecciona roupas masculinas e femininas.

Confecção.

Camas, colchões, estofados, tapetes, etc.

Medicamentos.

Medicamentos.

Medicamentos.

Livros escolares e religiosos, estampas, ponto de cruz,

figurinos, álbuns e bijuteria, cinzeiros.

Roupas em geral.

Acessórios de automóveis, rádios, ferragens, aparelhos

eletrônicos.

Rádios, radiofones, radiolas.

Movelaria.

Roupas em geral.

Rua Portugal, 303

Rua 7 de setembro, 639 A

Rua Osvaldo Cruz

Rua Godofredo Viana, 216

B/240 A

Praça João Lisboa, 37 A

Rua Nina Rodrigues, 23

Rua 14 de julho, 172

Rua Osvaldo Cruz, 100

Rua Nina Rodrigues, 95 A

Rua Osvaldo Cruz, 285

Rua Osvaldo Cruz, 100

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Real Jóia

A Federal. Moisés Gutman.

Garantia do povo

Tropical Renner, de J. Serrano & Cia. Ltda.

Magazine Serrano.

Joias em geral e artigos finos para presentes.

Móveis em geral.

Joias, óculos, e relógios.

Rua Osvaldo Cruz, 324

Rua Osvaldo Cruz, 10 A

Rua Osvaldo Cruz, 63

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Avante nº 1, em 31 de outubro de 1949 (primeiro exemplar) Avante nº 6, em setembro de 1950 (último impresso localizado)

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Avante em agosto de 1950 (edição lançada após as férias do colégio)

Jornal Maranhão: semanário de orientação católica em 05 de fevereiro de

1950

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O Estudante de Atenas nº 1, 24 de maio de 1956 (primeiro exemplar

localizado)

O Estudante de Atenas nº 7, 14 de Maio de 1957 (último exemplar

localizado)

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Primeira página do jornal O Combate em 18 de agosto de 1955

Primeira página do jornal O Combate em 04 de junho de 1956

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Primeira página do Jornal do Povo em 06 de abril de 1951

Primeira página do Jornal do Povo em 24 de abril de 1955

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Primeira página do O Liceu edição de abril de 1957 Primeira página do O Liceu edição de setembro de 1958