PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO CURSO DE ... · Os dados de campo colhidos por...
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ADRIANA APARECIDA ROMÃO
O GESTOR E A ARTICULAÇÃO DO PROCESSO DE FORMAÇÃO DOCENTE
CONTINUADA
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
CURSO DE PEDAGOGIA
2008
São Paulo
ADRIANA APARECIDA ROMÃO
O GESTOR E A ARTICULAÇÃO DO PROCESSO DE FORMAÇÃO DOCENTE
CONTINUADA
Trabalho de conclusão de curso apresentado
como exigência parcial à Habilitação em
Administração Escolar para obtenção do título de
licenciado em Pedagogia.
Orientadora: Profa. Dra. Marília J. Marino
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
CURSO DE PEDAGOGIA
2008
São Paulo
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todas as Irmãs da
Congregação das Irmãs de São José,
Província de São Paulo, minhas irmãs, que
tornaram este estudo possível.
AGRADECIMENTO
Agradeço especialmente à orientadora desta
monografia Profa. Dr
a. Marília J. Marino que
tanto me incentivou e colaborou para que eu
chegasse ao final deste trabalho. A minha
família, que mesmo distante, se fez presente
e aos professores e professoras, que
durante meus anos de formação na PUC-
SP, tanto contribuíram com o resultado deste
estudo.
RESUMO
Este trabalho de conclusão de curso tem como tema central o gestor
como articulador do processo de educação continuada do corpo docente. A
indagação mobilizadora: qual é o papel do gestor escolar diante da formação
continuada do corpo docente? tornou-se o objeto de atenção no decorrer de todo
o trabalho.
Foi desenvolvida uma reflexão, que teve seu início em experiências
pessoais, que motivaram a escolha do tema, percorreu um caminho de
aprofundamento das questões referentes à educação, à gestão e à formação
docente continuada, utilizando-se para isso o suporte teórico de Paulo Freire,
Heloísa Luck, Edgar Morin, Antônio Nóvoa e outros.
Concomitantemente a essa reflexão, desenvolveu-se uma pesquisa-
ação/intervenção, junto a uma Escola Pública da periferia de São Paulo, a partir
da realização do “Projeto Pense e Faça Ligabue” que envolveu professores e
alunos. Mesmo em caráter exploratório, apresenta-se uma análise dos resultados,
sua relevância e impactos parciais do Projeto.
O projeto construído na parceria entre a Escola Estadual Professor
Salvador Ligabue e a Sociedade de Instrução Popular e Beneficência –SIPEB
trabalhou com jogos pedagógicos visando favorecer o desenvolvimento cognitivo
dos alunos do Ensino Fundamental I.
Os dados de campo colhidos por meio de fragmentos do diário de bordo
da pesquisadora apontam para a relevância do Projeto e a necessidade de que os
atores sociais beneficiados se apropriem mais da proposta.
Para que a proposta desse trabalho de conclusão de curso atinja seus
objetivos e proporcione maior compreensão de todo o trabalho desenvolvido na
escola pública, serão utilizados fragmentos do diário de bordo da pesquisadora,
que contribuíram profundamente para o maior entendimento do projeto em ação.
Palavras chave: Educação – Gestão – Formação Docente Continuada
ABSTRAT
This concluding work has a central theme the administrator as the director
of the process of ongoing education for the teaching staff. The great question,
what is the role of the school administrator in face of the ongoing formation of the
teaching staff, is the subject of attention in this work.
A reflection was expanded on and has its beginning in personal
experiences, which motivated the choice of the theme and goes through the
deepening of the questions that refers to education, administration and ongoing
teaching formation, using the theoretical support of Paulo Freire, Heloisa Luck,
Edgar Morin, Antônio Nóvoa and others.
Simultaneous with this reflection, we developed a research-action-
intervention that involved teachers and students in a public school in a suburb of
São Paulo, from the „Project Think and Do Ligabue‟. Even in a exploratory aspect,
it shows an analysis of the results, its importance and partial impacts of this
Project.
The project, built in partnership between the State School Professor
Salvador Ligabue and SIPEB (Society of Popular Instruction and Social Welfare
Work), worked with pedagogic games to promote the cognitive development of
the students of the Ensino Fundamental I.
The data of the field, gathered through fragments of notes of the
researcher, indicate the importance of the Project and the necessity that the social
participants assume the proposal more deeply.
In order for the plan concluding the course to reach its goal and increase
understanding of all the work done in the public school we will use fragments of
the notes taken by the searcher that deeply contribute to a greater understanding
of the project of action.
Key words: Education – Administration – Ongoing Education for the Teaching
Staf
SUMÁRIO
Pag.
INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------- 01
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA – VISÃO GERAL------------------------------------ 06
FORMAÇÃO DOCENTE CONTINUADA ---------------------------------------------- 13
O USO DE JOGOS NO DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM ----- 15
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS --------------------------------------------- 18
PLANO DE INTERVENÇÃO ------------------------------------------------------------ 20
Apresentação das entidades parceiras
Justificativa, histórico e objetivo do projeto
Objetivos específicos
Público alvo direto e indireto
Metodologia de ensino
Responsáveis pelo acompanhamento do projeto
Processo de monitoramento e avaliação do projeto
Plano de trabalho
Cronograma geral das atividades
Orçamento anual
DADOS DE CAMPO E PRIMEIRAS ANÁLISES DO PROJETO EM AÇÃO 30
CONSIDERAÇÕES FINAIS ----------------------------------------------------------- 38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS --------------------------------------------------- 40
OBRAS CONSULTADAS ---------------------------------------------------------------- 41
I.INTRODUÇÃO
O tema desse trabalho, o gestor como articulador do processo de
educação continuada do corpo docente, nasceu a partir de experiências vividas
por mim, no interior da escola, durante os anos que compuseram minha formação
básica e me lançaram na árdua missão do ser educadora, e posteriormente,
compor a equipe gestora da escola onde trabalho.
Nasci no interior de São Paulo, numa cidade onde as condições das
escolas não poderiam ser consideradas das melhores ou que desse aos alunos
muitas esperanças.
O que sempre me chamava à atenção, embora na época não tivesse
condições de entender com clareza tudo o que acontecia na escola onde
estudava, era os poucos recursos que a escola dispunha, assim como também, o
quanto nos professores transparecia um ar desesperançado e temiam a presença
do diretor ou qualquer autoridade que se fizesse presente na escola.
Cresci, presenciando, por diversas ocasiões, professores, funcionários e
alunos atribuindo à figura do diretor, quase que uma condição mítica. Era uma
tranqüilidade na escola e nas salas de aula quando o diretor se ausentava.
No que se refere, propriamente, ao professor e sua relação com o diretor,
por diversas vezes, pude presenciar apenas o cumprir de ordens.
Hoje, terminando a pedagogia e tendo feito várias reflexões sobre a
escola e sobre os papéis de professor e de gestor, posso dizer que as relações na
escola podem e devem ultrapassar a dimensão burocrática.
Nas escolas por onde passei, pude constatar, na maioria delas, a
divergência no diálogo entre professor e gestor. Quando os papéis não têm uma
definição clara e objetiva, a tendência é justamente aumentar a lacuna existente
entre esses dois profissionais.
Com o passar dos anos, eu também optei pela docência. Tendo atuado
diretamente na educação, o contato com professores e sua realidade no interior
da escola, seus desafios e possibilidades da concretização de um trabalho, que
de fato corresponda às exigências do mundo contemporâneo, pude perceber que
o docente, para atingir seus objetivos, necessita de incentivo e meios favoráveis,
para que sua função seja desempenhada adequadamente.
Foi durante o curso de graduação em pedagogia, que tive a chance de
conhecer vários educadores, que assim como eu, também desejam que a todos
os professores sejam proporcionadas condições de desempenhar seu trabalho de
forma clara e com uma fundamentação teórica consistente.
As várias disciplinas do curso de pedagogia da PUC-SP introduziram-me
no universo fascinante, que é a educação. Todas as experiências vividas por mim
durante a infância foram se tornando mais claras, à medida que eu ia
compreendendo o que de fato significa ser professor.
Os anos que passei na PUC-SP despertaram em mim, o desejo profundo
de conhecer mais, para ter condições de ajudar melhor. Assim, vi na habilitação
de administração escolar, a grande possibilidade de desenvolver uma reflexão
que me proporcionasse construir um caminho onde o incentivo ao corpo docente
fosse à mola mestra, que conduziria todo meu trabalho.
Quando o assunto é incentivo ao trabalho docente, é importante
considerar que ele se dá por meio do trabalho intermediado pela formação
acadêmica de cada um, pelos valores cultivados dentro da escola, pela atuação
de outros professores, de toda a comunidade e mais ainda, pela mediação de
uma gestão escolar que seja articuladora do trabalho docente e da missão da
escola.
A relevância desse trabalho está intimamente relacionada ao
reconhecimento e a constatação da importância da formação docente continuada.
Essa formação deve estar alicerçada em bases teóricas e práticas, que têm como
objetivo auxiliar o docente na árdua tarefa da ultrapassagem dos seus próprios
limites, assim como também, dos limites impostos por uma formação acadêmica,
que muitas vezes reduz o trabalho docente ao mero repetir de fórmulas e teorias
deslocadas da realidade discente.
O gestor escolar deve ter condição de articular o desenvolvimento de uma
reflexão que introduza toda a comunidade escolar e, mais intensamente, o
professor, à superação dos grandes desafios que a realidade educacional
apresenta à sociedade contemporânea. O projeto educativo, desempenhado nos
moldes democráticos pode ser tomado como promessa frente a determinadas
rupturas (Gadotti, 1988).
O Gestor pode ser entendido como aquele que motiva e proporciona as
condições necessárias para que todos, no interior da escola, intensifiquem sua
formação e contribuam com as rupturas necessárias.
Dentre as especificidades de todos os atores da comunidade educativa, a
formação docente continuada, com o objetivo de favorecer o desenvolvimento da
aprendizagem do aluno, será o foco de atenção desse trabalho.
É importante considerar que toda a realidade social, política e econômica
também influenciam profundamente a formação docente, visto que o trabalho da
escola e do professor se desenvolve num contexto conflitante, que é a realidade
onde a escola está inserida.
Todas essas questões exigem do professor, constantes retomadas de sua
atuação no interior da sala de aula. Em relação ao gestor, exigem uma postura
crítica e mediadora, para que ele tenha condições de articular sua equipe docente
por meio de possíveis intervenções que auxiliem o professor.
Esse trabalho parte do pressuposto de que a reflexão sobre a prática
docente não é uma questão que pode ser respondida de forma simplista.
(....) no processo de educação não há uma desigualdade essencial entre dois seres, mas um encontro amistoso pelo qual um e outro se educam reciprocamente. (VIEIRA PINTO, 2007: 118)
Nesse sentido, também o gestor escolar pode ser considerado esse outro,
a que Álvaro se refere, diante da formação docente continuada.
O mesmo autor ainda fala sobre o quanto é necessário o gestor escolar
ter clareza de seu papel e possuir experiências educativas relevantes. Essas são
condições essenciais para que ele possa auxiliar o docente, diante da
necessidade desse professor compreender a si mesmo e a realidade, e chamar
outros à compreensão dos processos configuradores da sociedade, que
influenciam intensamente a escola.
À medida que o gestor escolar desempenhe um papel que ultrapasse o
trabalho burocrático, a escola tornar-se-á, então, espaço privilegiado de formação
sistemática, que é uma exigência na atuação do docente.
O gestor e toda a sua equipe gestora devem articular espaços de
profundas reflexões acerca da conjuntura de toda a escola. Olhar criticamente e
refletir sobre essa realidade deve ser uma constante na atuação do gestor.
A reflexão articulada por esse trabalho, busca ultrapassar o modelo antigo
de gestão que possuía a função, quase que exclusiva, de administrar os trâmites
burocráticos de uma escola, e apresentar o trabalho do gestor escolar como
articulador e incentivador de todo um processo de formação continuada no interior
da escola.
A grande questão que esse trabalho visa clarear, com ajuda da literatura,
a partir de conversas informais, com gestores, educadores e alunos, e com o
suporte da lei vigente, é a indagação sobre qual é o papel do gestor escolar
diante da formação continuada do corpo docente.
O objetivo central desse trabalho será desenvolver uma discussão que
apresente a articulação do trabalho da gestão educacional diante da formação
docente continuada e assim compreender de forma mais clara qual é o papel do
gestor diante dessa indagação tão atual.
Com o intuito de ajudar nessa reflexão, este trabalho desenvolverá as
seguintes questões:
a gestão educacional, seus desafios e possibilidades;
a formação continuada do corpo docente;
o uso de jogos no desenvolvimento do raciocínio e,
conseqüentemente sendo um facilitador da aprendizagem,
considerando que no desenvolvimento do plano de intervenção, esta
será uma questão de suma importância.
O desenvolvimento deste estudo deverá acontecer concomitantemente ao
acompanhamento de um projeto de intervenção, junto a uma escola pública, que
está se desenvolvendo desde o início de 2008. Será feita uma investigação
qualitativa, na modalidade pesquisa/intervenção, com o objetivo de, ao final deste
trabalho, apresentar os encaminhamentos e possíveis resultados do projeto,
desde seu início.
II - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA – VISÃO GERAL
A educação é uma ação exercida, isto é, um processo dinâmico. (DELLA
TORRE, 1976: 228) Nesse sentido, pode-se dizer que ela se torna um espaço
privilegiado na vida de todo ser humano, pois por meio dela será possível iniciar
um processo de formação do indivíduo para que esse seja capaz de exercer
influência nos processos decisórios que fazem parte da vida em sociedade.
A educação entendida como um processo dinâmico tem o objetivo de
possibilitar ao indivíduo o desenvolvimento das condições necessárias para que
ele atue de forma crítica e consciente em vários setores da sociedade.
Vista em seu sentido amplo, a educação tem caráter formador. É um ato
da intencionalidade e é resultado das múltiplas relações humanas. A educação
pode ser entendida como um processo em que construímos a nossa humanidade.
As reflexões sobre a educação devem superar uma visão simplista, que
por muitas vezes a ela é atribuída, resumindo sua função, como sendo apenas
mera transmissora de conhecimentos entre indivíduos.
A missão do ensino educativo é transmitir não o mero saber, mas uma cultura que permita compreender nossa condição e nos ajude a viver, e que favoreça, ao mesmo tempo, um modo de pensar aberto e livre (MORIN E, 2000:11)
A educação tem um caráter relacional que é o impulsionador de toda a
sua ação sobre as gerações. Quando se concebe a educação, dentro dessa
perspectiva, pode-se atribuir a ela a função de uma instância mediadora entre o
indivíduo e o conhecimento. Essa mediação implica numa relação não autoritária,
evidenciada na ética e vivência na sociedade.
Em se tratando da educação escolar, uma de suas funções é a
sistematização dos conhecimentos produzidos. E nesse sentido, introduzirá os
indivíduos num processo de integração de todo um conteúdo intelectual produzido
pelas gerações, aliado às reais necessidades da pessoa humana, da sociedade,
do planeta.
Quando se atribui à educação um sentido de processo contínuo, que
envolve o desenvolvimento integral de todas as faculdades humanas, assim como
também, um conjunto das normas pedagógicas atribuídas ao desenvolvimento
geral do corpo e do espírito, percebe-se que a educação ocorre de diversas
maneiras.
Nesse sentido, a educação reside em múltiplos lugares e o conhecimento
está disponível a todos. A educação escolar, portanto, será a responsável pela
continuidade do processo formativo que deve ter sido iniciado além muros da
escola.
O objetivo da educação não é o de transmitir conhecimentos sempre mais numerosos aos alunos, mas o “de criar nele um estado interior e profundo, uma espécie de polaridade de espírito que o oriente em um sentido definido, não apenas durante a infância, mas por toda a vida”. (MORIN, E. 2000:47)
Preparar a criança e o adolescente para a vida, através da disciplina, das
responsabilidades, do estímulo ao exercício da cidadania, do domínio dos
conhecimentos adquiridos no correr da história, assim como também para o pleno
desenvolvimento de suas capacidades profissionais, é sem dúvida alguma, um
grande desafio para a escola.
A educação deve contribuir para a auto-formação da pessoa (ensinar a assumir a condição humana, ensinar a viver) e ensinar como se tornar cidadão. (MORIN, E. 2000:65)
O lócus por excelência onde acontece a educação formal é a escola,
porém a educação ocorre sempre na sociedade. Entende-se sociedade como a
forma pela qual os indivíduos interagem e as relações que estes estabelecem
entre si. As conseqüências dessas relações vão determinar o tipo de sociedade
existente, com base nas regras instituídas pelos diferentes grupos sociais de que
a sociedade é constituída. É no seio dessas relações sociais que se dá a
transformação da sociedade e a superação dos desafios.
Neste sentido, a educação assume o papel central, uma vez que por meio
da educação visualizo o desenvolvimento de todos os processos que constroem
as relações entre os homens e mulheres.
A educação não é um ato isolado, ao contrário, ela tem um profundo
caráter relacional. Ela está inserida na realidade mundial, pode ser entendida
como uma rede de relações dinâmicas, que ocorrem através das transformações
sociais, por meio da ação do homem como um ser sócio- histórico -cultural.
Para que ocorram tais transformações, são necessárias a produção e
difusão de saberes agregados, sistematizados e historicamente acumulados pelo
ser humano.
É importante entender que esse mundo está organizado como um todo
fragmentado, ou seja, um mundo dividido em classes e em diferentes culturas, em
que cada povo e classe social constroem sua própria história e comporta sua
própria especificidade, mesmo diante do fenômeno da globalização e dos
avanços da tecnologia.
Neste sentido, cresce o desafio da escola. Muito mais que transmitir
conhecimentos, a escola deve ser a facilitadora de processos integradores. Ou
seja, todos aqueles que passam pela escola formal, deverão sair dela
comprometidos com a realidade além muros da escola e da sociedade a qual o
indivíduo pertença.
O sujeito principal e atuante dessa sociedade é o ser humano.
A natureza humana não é dada ao homem, mas, é por ele produzida sobre a base da natureza biológica. Conseqüentemente, o trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens. (SAVIANI D, 1994:17)
De acordo com Saviani, entende-se o homem como um ser histórico de
múltiplas relações que atua dinamicamente na sociedade. Esse homem é ao
mesmo tempo sujeito e objeto do conhecimento.
Todas essas questões que se referem à formação do homem
contemporâneo se fazem presente nas reflexões desse trabalho. Assim, a
educação nos apresenta um grande desafio: a gestão escolar.
Durante um longo tempo de nossa história da educação, o diretor era
encarregado de zelar pelo bom funcionamento de sua escola, concebida para
distribuir um mínimo de conhecimentos iguais. Hoje, tal perspectiva está
superada. (DIAS, 2000:78).
As mudanças acontecidas no decorrer da história, aliadas, aos desafios
cada vez mais emergentes, também foram responsáveis pela nova concepção de
direção escolar que surge. O novo conceito de gestão supõe uma mudança de
paradigmas. Não se trata de transpor a função do diretor para o gestor.
As transformações que surgiram, tanto no interior do sistema de ensino, quanto no meio social, provocaram mudanças na concepção da educação, do papel da escola na sociedade e do papel do professor no processo de aprendizagem. (DIAS, 2000:78)
Nesse sentido, o diretor também assume um novo papel. Muito mais que
garantir o bom funcionamento da escola, numa visão funcionalista, já superada,
ele passa a ser o articulador dos processos que visam garantir o pleno
desenvolvimento de todos no interior da escola. Surge, então, a gestão escolar.
A gestão escolar é um processo compartilhado, torna-se necessário também considerar o desdobramento da liderança em co-liderança ou liderança compartilhada pelos quais o compartilhamento com outros profissionais e até mesmo com alunos, do espaço da tomada de decisões e da oportunidade de inter-influência recíproca de todos os membros da comunidade escolar. (LUCK H, 2008:20)
Conforme a afirmação de Heloisa Luck, o papel do gestor supera o mero
cumprimento de burocracias. Seu trabalho, nesse momento da história escolar,
está profundamente inserido numa realidade, onde todos são responsáveis pela
escola, por sua organização e pelo bom andamento de todos os trabalhos
inerentes aos objetivos que a escola se propõe.
A mesma autora faz uma associação muito própria para o entendimento
da função da gestão, ao associar gestão e liderança. De fato, a gestão deve ser
aquela que tem a atribuição de ver as coisas como elas são, e a liderança vai
criar mecanismos propícios para que os projetos se configurem de fato, tornando
essa realidade correspondente ao projeto pedagógico da escola. Portanto, gestão
e liderança estão intrinsecamente inseridas na realidade de uma instituição
educacional.
Nesse sentido, a grande competência da gestão escolar é sustentar e
dinamizar a cultura da escola, de modo que seja orientada para os resultados
desejados, através de ações conjuntas, associadas e articuladas.
A qualidade da gestão escolar constitui-se em um dos fatores de maior impacto sobre a qualidade dos processos educacionais. (LUCK H, 2008:25)
Assim, refletir sobre a nova concepção de gestão é muito importante para
todos aqueles que estão inseridos no contexto educacional contemporâneo, pois:
Gestão é um processo que permite o desenvolvimento de atividades com eficiência e eficácia, a tomada de decisões com respeito ás ações que se fizerem necessárias, a escolha e verificação das melhores formas de executá-las. (RUMBLE, 2002:15)
A gestão quando compreendida como processo, e logo, por processo
temos a compreensão de algo dinâmico, fica clara a superação do modelo
hierárquico que prevaleceu no interior da escola, durante nossa história da
educação.
O trabalho compartilhado supõe trocas, confiança, respeito e delegação de competências, o que não significa renunciar, mas dividir, para melhorar o desempenho e atingir os objetivos. (ALBUQUERQUE H, 2005:75)
Na concretização de um trabalho que visa à superação do modelo
hierárquico e realização de uma gestão democrática, o trabalho compartilhado
será de suma importância, pois a gestão não se constrói solitariamente. Ela se dá
unindo todos os atores da escola e os conduzindo na concretização dos objetivos
educacionais dessa mesma escola.
(...) no momento em que os gestores e a comunidade escolar, incluindo os pais, se unem com o objetivo de articular acerca da tarefa educativa da escola em uma ação coletiva, tudo fica mais fácil. Contudo, para que haja esta mudança, todos devem conhecem bem a escola, escolher os caminhos que ela necessita percorrer, estar cientes dos problemas, caso contrário não despertar desejo de inovação, apenas mais um cumprimento de tarefas, ou seja, a execução de trabalhos de forma individualizada. (GONÇALVES C e PEREIRA S, 2008:71)
Conforme Libâneo, Oliveira e Toshi, a organização e gestão da escola,
visam objetivos bem claros: prover as condições necessárias para o
funcionamento da escola, promover o envolvimento de toda a comunidade escolar
e garantir a realização da aprendizagem. Esses objetivos serão norteados pela
atuação de uma equipe realmente envolvida com toda a gestão escolar.
A gestão é competência e a arte para gerenciar processos e liderar pessoas, em vista da missão de qualquer organização. (MURAD A, 2007:155)
Hoje, todos devem ser envolvidos nas questões escolares. Isso não quer
dizer que não existam especificidades. Ao contrário, o que deve existir é a
integração dessas especificidades. O gestor é o articulador dessa integração.
Munido dos conhecimentos teóricos necessários, será ele o agente possibilitador
de todo um processo, cuja concretização, se confirmará á medida que a escola
atinja seus reais objetivos.
A gestão profissional de uma instituição exige de seus coordenadores o domínio de conhecimentos e habilidades específicos, por meio de longo processo de aprendizagem, numa relação constante de teoria e prática. (MURAD A, 2007:19)
Murad relaciona o domínio de conhecimentos e habilidades específicas
como sendo um grande facilitador no desempenho da gestão. É importante
salientar que quando o gestor conhece profundamente suas atribuições e as
possibilidades de seu papel, no interior da escola, ele se torna capaz de conduzir
de forma adequada sua equipe e introduzi-la na gestão de todo o espaço escolar.
Podemos definir “gestão” como a habilidade de liderar pessoas e coordenar processos, em vista de resultados, para realizar a
missão de um grupo organizado. Trata-se de uma habilidade, ou seja, uma competência que se adquire e se desenvolve. Ser gestor (a) é um aprendizado constante, que exige estudo, reflexão e revisão da própria prática. Liderar pessoas significa envolvê-las de forma que assumam a sua responsabilidade e se sintam estimuladas a dar o melhor de si. (MURAD, 2008: Blog)
Considerando o tema deste trabalho: o gestor como articulador do
processo de educação continuada do corpo docente, faz-se necessário articular
aspectos referentes á formação continuada. Sobre isto veremos nos parágrafos a
seguir.
III - Formação Docente Continuada
A formação docente tem sido uma questão muito discutida por diversos
pensadores e organismos educacionais. A LDB também expressa essa
importância quando articula os fundamentos relativos á formação dos
profissionais da educação:
A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e ás características de cada fase do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos: I- a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço; II - aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino e outras atividades. (LDB, 1996: Art. 61)
Considerando os grandes desafios que a realidade contemporânea insere
no interior das escolas e conseqüentemente desafiando ainda mais os
professores, refiro-me à nova função dos professores:
Sua função será de preparar situações de aprendizagem e não mais ensinar conteúdos. Educadores terão de desenvolver talentos, capacidades e potencialidades. (SANTOS S, 2008:23)
É de se considerar a importância de uma formação docente alicerçada
em bases teóricas sólidas e que dêem o suporte necessário para que o professor
consiga desenvolver seu trabalho de forma satisfatória. Portadora de igual
exigência será a formação docente continuada.
A formação pode estimular o desenvolvimento profissional dos professores no quadro de uma autonomia contextualizada da profissão docente. Importa valorizar paradigmas de formação que promovam a preparação de professores reflexivos, que assumam a responsabilidade do seu próprio desenvolvimento profissional e que participem como protagonistas na implantação das políticas educativas. (NÓVOA, 1992:27)
Nóvoa desenvolve seu pensamento, falando sobre a necessidade de uma
formação que capacite o professor para ser crítico e reflexivo, diante da realidade
contemporânea, e das exigências profissionais, com as quais se deparar no dia a
dia de sua missão educativa, considerando que é a formação contínua de
professores que se encontra na ordem do dia (NÓVOA, 1997:9)
A formação docente continuada deverá auxiliar o professor diante das
inúmeras situações e forças ideológicas existentes dentro e fora da escola.
Os tempos de hoje são mais complexos do que os tempos passados. E mais difíceis. Mas grande parte das crenças fundadoras da profissão docente continua atual. A começar por esse sentimento de que nos compete cuidar das crianças e do seu futuro. (NÓVOA, 1999:18)
Em relação aos professores, Nóvoa tem consciência da necessidade do
corpo docente ser um articulador do seu trabalho no interior da escola. Isso só
será possível, se de fato, a formação docente estiver em plena coesão com a
necessidade da escola, dos alunos e de toda a comunidade escolar e for
construída com certa intencionalidade, possibilitando que o docente tenha
condições de desenvolver seu trabalho adequadamente.
A formação continuada como proposta intencional e planejada, visa à mudança do educador através de um processo reflexivo, crítico e criativo, concluiu-se que ela deva motivar o professor a ser ativo agente na pesquisa de sua própria prática pedagógica, produzindo conhecimento e intervindo na realidade. (FALSARELLA, 2004:50)
Diante de uma realidade cheia de conflitos e desafios a formação docente
continuada exigirá ainda mais dos professores, que deixando de ser reprodutores
de conteúdos, previamente estabelecidos, tornam-se mediadores da
aprendizagem que se dá por meio das situações mais diversas.
Neste sentido, a fim de tornar mais claro o trabalho que será desenvolvido
no plano de intervenção, faz-se importante a menção de alguns aspectos
relevantes, referente ao uso dos jogos como recurso de desenvolvimento da
aprendizagem.
IV - O uso de jogos no desenvolvimento da aprendizagem
(...) o jogo ganha um espaço como ferramenta ideal da aprendizagem, na medida em que propõe estímulo ao interesse do aluno, que como todo pequeno animal adora jogar e joga sempre sozinho e desenvolve níveis diferentes de sua experiência pessoal e social. (..) simboliza um instrumento pedagógico que leva ao professor a condição de condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem. (ANTUNES C, 2000:36)
É atual a discussão que se faz em torno do uso de jogos como
instrumento de apoio á aprendizagem. Não se trata do jogo pelo jogo, mas de
considerar todas as possibilidades que o jogo proporciona.
O uso sistemático das estratégias exigidas pelos diferentes jogos
possibilita com que a criança desenvolva a capacidade de centrar-se no objetivo
final, que é a concretização da proposta de cada jogo.
Ao considerar o uso dos jogos, como recursos de aprendizagem, o
professor tem diante de si e de seus alunos o desenvolvimento das condições
necessárias para que o processo de aprendizagem seja constituído.
Os jogos como recurso de aprendizagem valem-se da questão lúdica que
favorece intensamente os trabalhos em sala de aula. Devem ser compreendidos
como uma possibilidade, tanto de envolvimento dos alunos como da ação do
professor. Repito que não se trata de jogar por jogar, mas sim de desenvolver um
mecanismo que auxiliará o trabalho no interior da sala de aula.
(...) esta investigação salienta o jogo, aqui entendido em um duplo sentido: como “meio” (significando instrumento) e como “meio”, entendido como contexto de interação favorável à construção do conhecimento do aluno do EFI. (FITTIPALDI C, 2007:48)
Quando o uso do jogo ultrapassa o caráter recreativo, assume então o
papel de facilitador das mudanças nas formas de pensar, de sentir e de agir.
Podendo-se afirmar que o uso dos jogos entremeando as atividades pedagógicas
contribui profundamente com o desenvolvimento da criança.
(..) o jogo, como um instrumento mediador, faculta ao professor identificar e analisar os erros que aparecem no processo de ensino-aprendizagem sob um novo prisma: (...) caso ocorra simples e rapidamente banido e, por que não, punido. (FITTIPALDI C, 2007:56)
Segundo Fittipaldi, todo o processo de identificação e analise do erro no
jogo, pode ser encarado como a possibilidade do professor sempre repensar sua
prática docente em função da aprendizagem do aluno, buscando de modo
gradativo aumentar a autonomia do educando. (FITTIPALDI C, 2007)
O jogo tem o caráter de estimular e desafiar os alunos. O uso dos jogos
deve ser desenvolvido sempre com hora marcada, tendo seu início e término,
bem definidos, considerando que as normas devem fazem parte desse momento
“lúdico”. Assim, os alunos irão perceber que precisam de organização e
preparação para que de fato se consiga jogar e conseqüentemente atingir os
objetivos.
Estas questões irão garantir aos alunos a oportunidade de desenvolverem
sua capacidade de organização, preparo e concentração. Estes são quesitos
indispensáveis diante do processo de desenvolvimento da aprendizagem dos
alunos.
(...) os jogos também se prestam a multidisciplinaridade e, dessa forma, viabilizam a atuação do próprio aluno na tarefa de construir significados sobre os conteúdos de sua aprendizagem e explorar de forma significativa os temas transversais (meio ambiente, pluralidade, cultura) que estruturam a formação do aluno-cidadão. (ANTUNES C, 2000:43)
Antunes deixa claro o quanto o uso dos jogos favorece o desenvolvimento
dos alunos, tanto no interior da sala de aula, como diante dos desafios com os
quais vão se deparar na realidade extra escolar. Ele lembra que os jogos vistos
como estimuladores, vão desenvolver capacidades que perpassam várias
situações da vida dos alunos.
Considerando todas as potencialidades que podem ser desenvolvidas nos
alunos, com o uso dos jogos como recurso de aprendizagem, esses mesmos
alunos terão diante de si as condições necessárias para que consigam superar os
desafios, sejam eles escolares ou além muros da escola.
Nesse sentido, o projeto de intervenção desse trabalho de conclusão de
curso valer-se-á do uso de jogos, com o objetivo de favorecer aos alunos as
condições necessárias para que de fato sua aprendizagem aconteça.
Em relação aos docentes, o uso dos jogos como metodologia facilitadora
do processo de aprendizagem, os lançará diante do desafio da concretização da
formação continuada, considerando que cada professor/a deverá ser capaz de
ultrapassar o uso do jogo pelo jogo. Isso será possível à medida que um processo
sistemático de aprofundamento, estudo e formação sejam constituídos e
assumidos pelo corpo docente e promovido pela gestão da escola.
V - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este é um trabalho de natureza teórico prática que se fundamenta numa
pesquisa bibliográfica e aspectos relevantes da legislação vigente acerca do
papel do gestor na formação docente continuada.
Caracteriza-se também como uma investigação qualitativa na modalidade
de pesquisa/intervenção, mesmo que em caráter de estudo exploratório.
A dimensão da investigação qualitativa justifica-se por trabalharmos com
a experiência dos sujeitos: professores e alunos.
A dimensão da pesquisa/intervenção caracteriza-se por tratar-se da
realização de um projeto educativo voltado para o desenvolvimento de
habilidades cognitivas e de formação de atitudes atingindo alunos e professores.
O projeto educativo denominado “Pense e Faça Ligabue”, vem sendo
desenvolvido desde fevereiro de 2008 e no capítulo a seguir será apresentado
detalhadamente.
O projeto resulta de uma parceria entre uma entidade jurídica sem fins
lucrativos e uma escola pública da periferia de São Paulo.
Em todo o 1º semestre de 2008 as tratativas para sua realização foram
encaminhadas e delas participei ativamente como gestora pedagógica na
qualidade de representante da entidade parceira.
A partir de agosto de 2008 o projeto começou a ser realizado atingindo
alunos do Ensino Fundamental I e seus respectivos professores, com previsão de
se estender até 2010.
Neste trabalho proponho-me a descrever e analisar o encaminhamento do
projeto em suas duas etapas: tratativas (1º Semestre) e o projeto em ação (2º
Semestre).
Os sujeitos envolvidos no projeto caracterizam-se como: da entidade sem
fins lucrativos contamos com uma gestora financeira, uma gestora de recursos
humanos, duas monitoras/educadoras (uma com formação em pedagógica e
outra em psicologia) e finalmente eu, como gestora pedagógica. Da escola
pública o projeto atinge professores, a diretora oficial e a coordenadora
pedagógica.
Para a descrição e análise dos dados os instrumentos utilizados têm sido:
observação participante em sala de aula;
anotações de reuniões pedagógicas com professores;
fragmentos de conversas informais com alunos, professores,
coordenação, direção e monitoras;
Esses dados constam do “Diário de Bordo” da pesquisadora. O diário de
bordo caracteriza-se como registro semanal dos acontecimentos significativos que
envolverem a realização do projeto.
VI - PLANO DE INTERVENÇÃO
Justiça social só se faz quando cada um trabalha para tornar o outro melhor.
Heloisa Luck
1. APRESENTAÇÃO DAS ENTIDADES PARCEIRAS
1.1 - A ASSOCIAÇÃO DE INSTRUÇÃO POPULAR E BENEFICÊNCIA – SIPEB
fundada em 16 de junho de 1911 na Cidade e Comarca de Itu, Estado de São
Paulo, na Praça Regente Feijó, nº 172, bairro Centro. É uma pessoa jurídica de
direito privado, associação sem fins econômicos, filantrópica, inscrita no CNPJ/MF
sob o nº e está organizada conforme a legislação vigente no Brasil.
A SIPEB possui:
(1) Registro no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), antigo
Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS) nº 42.137, desde 05 de julho
de 1954;
(2) Declaração de Utilidade Pública Federal – Decreto Federal nº 46.929, de
30 de setembro de 1959, publicado no DOU de 7 de novembro de 1959;
(3) Declaração de Utilidade Pública Estadual – Publicado sob o Decreto nº
33.378 de 04 de novembro de 1958, Lei Estadual nº 33.198, de 25 de
outubro de 1955;
(4) Declaração de Utilidade Pública Municipal – Lei Municipal de Itu nº 759
de 26 de novembro de 1963.
Situa-se:
Sede: Itu - SP, Praça Regente Feijó, 172, Centro, CEP 13300-023, Itu/SP
Administração Central: São Paulo – SP, Rua Dr. Martinico Prado, 85, Vila
Buarque, CEP 01224-010, São Paulo/SP.
1.2 - A Escola Estadual Prof. Salvador Ligabue – Secretaria de Estado da
Educação – Coordenadoria de ensino da Região Metropolitana da Grande São
Paulo.
Localiza-se: Rua Moreninha Linda, 65 – Taipas – São Paulo
2. JUSTIFICATIVA, HISTÓRICO E OBJETIVO DO PROJETO
A Escola Estadual Prof. Salvador Ligabue, localizada na periferia da
cidade de São Paulo, apresenta déficit na aprendizagem dos alunos, evidenciado
pelos resultados obtidos no SARESP/2007 – 0,14 pontos, abaixo da média da
Rede das Escolas Estaduais do Estado de São Paulo, e também na formação da
equipe de educadores.
No início do ano de 2007, a equipe gestora da Escola Prof. Salvador
Ligabue, tendo conhecimento do trabalho realizado pela SIPEB, desde 1911, em
relação à Educação no Estado de São Paulo, tomou a iniciativa de solicitar um
projeto de parceria com o objetivo de reverter os resultados da avaliação oficial,
SARESP/2007, obtido pela escola no referido ano.
O grande desafio apresentado pela gestão da escola, foi como
desencadear um processo de formação junto ao corpo docente, cujo objetivo seja
o desenvolvimento das inteligências múltiplas de crianças do Ensino Fundamental
I, melhorando a aprendizagem escolar e conseqüentemente favorecendo a
participação ativa e com qualidade dessas crianças na escola, na comunidade e
na sociedade.
3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Todo o projeto terá dois focos principais, a serem atingidos, como
objetivos específicos, em relação aos alunos e ao corpo docente.
1. Que os alunos sejam capazes de:
Objetivos
Específicos
Resultados
Esperados
Estratégias/metodol
ogia do trabalho
Indicadores de
Avaliação do objetivo
específico
1. Solucionar problemas
Agilizar o raciocínio, desenvolver a criatividade no levantamento de várias possibilidades
Jogos de regras e metodologia investigativa mão na massa (MMM)
100% das crianças melhorem em 70% a capacidade de solucionar problemas em relação ao seu desempenho do SARESP 2007.
3. Pensamento estratégico
Focaliza um objetivo e as maneiras de como atingi-lo
Jogos de regras e metodologia investigativa mão na massa (MMM)
100% das crianças tenham um sonho pessoal e trace um ou dois meios para atingi-lo até o final de 2009
2. Que os docentes sejam capazes de:
Objetivos
Específicos
Resultados
Esperados
Estratégias/metodol
ogia do trabalho
Indicadores de
Avaliação do objetivo
específico
1. Facilitar a aprendizagem de maneira prazerosa
As crianças com uma alta estima elevada
Jogos que desenvolvam as múltiplas inteligências Elogio e incentivo
Pesquisa com crianças para sinalizar como ela se sente na escola com 90% sinalizando satisfação.
2. Desenvolver a capacidade de expressão escrita e oral
Ensino baseado no questionamento e na experimentação realizada pelas próprias crianças
Aplicação da MMM para o seu cotidiano da Escola
Que 25% das atividades estejam orientadas pela MMM
4. PÚBLICO ALVO DIRETO E INDIRETO
Alunas e alunos do Ensino Fundamental I da Escola Estadual Prof.
Salvador Ligabue serão o público alvo direto do projeto. O corpo docente será o
público alvo indireto, pois com o desenvolver do projeto será necessário que os
professores sejam envolvidos num processo de formação continuada.
5. METODOLOGIA DE ENSINO
Serão empregados jogos de raciocínio durante 1 aula de 60 minutos por
semana. Uma atividade no laboratório de informática para pesquisa ou atividades
de raciocínio, com duração de 60 minutos, uma vez por semana. Todo o trabalho
será baseado no questionamento e na experimentação realizada pelas próprias
crianças.
Essa metodologia tem como suporte de apoio o método de Pesquisa
“Mão na Massa”. O projeto se desenvolverá utilizando o laboratório de
informática, sala de aula, sala de jogos, ambiente externo etc. Cada turma de 40
alunos será dividida em 2 subgrupos, sendo que 20 crianças irão para atividade
de informática e as outras 20 para aula de jogos de raciocínio.
Em relação à formação dos professores, assim como seu envolvimento
em todo o trabalho, será proporcionado um tempo de estudo e aprofundamento
sobre o uso de jogos como um recurso no desenvolvimento da aprendizagem.
6. RESPONSÁVEIS PELO ACOMPANHAMENTO DO PROJETO
Uma técnica pedagógica – professora da própria escola
Duas representantes da entidade parceira
7. PROCESSO DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DO PROJETO
Considerando que o projeto contempla um método de avaliação que
acompanha o processo no qual o trabalho é desenvolvido, a avaliação será
também um momento de perceber o crescimento, tanto das crianças envolvidas
como do corpo docente. Nesse sentido, a avaliação contempla vários momentos
que serão muito importantes para todo o projeto:
a) Avaliação da relevância do projeto:
O projeto de estimulação do raciocínio lógico e resolução de problemas serão
relevantes se:
A gestão contribuir para que o programa seja cumprido;
O cronograma de eventos for cumprido;
Houver relação e adequação entre o resultado da aprendizagem dos
conteúdos e a metodologia nos jogos de raciocínio e resolução de
problemas;
Houver relação entre formação e as funções pelos participantes.
b) Avaliação da eficácia do projeto:
O projeto de estimulação do raciocínio lógico e resolução de problemas serão
eficazes se:
A Escola Ligabue alcançar uma média de aprendizagem igual ou maior que
2,00 na prova do SARESP, nas turmas em que as professoras aderirem
inteiramente ao projeto;
Se o relacionamento entre Escola Ligabue e SIPEB for marcado pelo
compromisso no desenvolvimento das crianças, pelo respeito, pela
assiduidade e pontualidade.
c) Avaliação da concretização dos objetivos do projeto, em relação à
aprendizagem:
A concretização dos objetivos dos projetos, em relação á aprendizagem se
tornará visível se:
As crianças fizerem uma ligação do que se aprende hoje com o que se
pretende ser amanhã;
A escola Ligabue decidir continuar com o processo por mais dois anos;
As famílias apontarem as mudanças de atitudes em suas crianças.
d) Avaliação dos fatores intervenientes em relação ao projeto:
Se os fatores intervenientes facilitaram ou dificultaram o cumprimento das metas
e dos objetivos:
A estrutura e funcionamento do local Facilitou ( ) Dificultou ( )
O desempenho das pessoas responsáveis Facilitou ( ) Dificultou ( )
A competência dos formadores Facilitou ( ) Dificultou ( )
Os recursos disponíveis Facilitou ( ) Dificultou ( )
A professora da turma Facilitou ( ) Dificultou ( )
A gestão do Projeto (SIPEB) Facilitou ( ) Dificultou ( )
A direção da Escola Ligabue Facilitou ( ) Dificultou ( )
e) Avaliação da sustentabilidade do projeto:
O projeto de estimulação do raciocínio lógico e resolução de problemas serão
sustentáveis se:
Utilizar as competências e habilidades adquiridas nas oficinas de jogos de
raciocínio nas outras atividades escolares;
Listar um número de parceiros suficientes para pagar no mínimo 75% do
custo do projeto por até dois anos e meio.
8. PLANO DE TRABALHO
ETAPA ATIVIDADES AÇÕES TEMPO
ESTIMADO
I – Diagnóstica
Visita à Escola Ligabue
Reunião com a direção
Reunião com as Professoras
3 horas
II - Elaboração do Projeto
Elaborando o Projeto
Definir quem é o grupo que elabora o projeto
Montar lista de Problemas e Soluções
Escolher o problema principal
Definir objetivos gerais e específicos; resultados previstos, indicadores, fatores de risco e plano de ação.
15‟
30‟
30‟
100 horas
III- Preparação do Material de Jogos a ser utilizado
Elaborar apostilas para as monitoras e crianças
Escolher os jogos a serem utilizados
Definir estratégias de aplicação
Montar roteiro das oficinas
Montar as apostilas
4 horas
2 horas
40 horas
20 horas
IV – Planejamento de aplicação na Escola Ligabue
Plano estratégico para concretização do projeto
Realizar reuniões de planejamento com equipe gestora da escola.
4 horas
V – Seleção de profissionais
Selecionar as monitoras
Divulgar vagas, receber os currículos e analisá-los, entrevistar candidatos
20 horas
VI – Assessoria Pedagógica e administrativa
Capacitação para aplicação dos jogos de raciocínio
Oficinas de Capacitação
Palestras Leituras
Encontros para troca de experiência
4 horas mensais
5 livros
1 hora sendo de 15 em 15 dias
VII – Comunicação e Divulgação do Projeto
Implantar meios para divulgação
Informar regularmente as famílias os resultados alcançados no projeto;
Realizar seminário para divulgar o projeto a todos os colaboradores e desencadear a mobilização do grupo de educadores em busca dos objetivos estabelecidos.
Implantar processo de comunicação com a equipe gestora e com os colaboradores da Unidade em todas as etapas de implantação do projeto.
Divulgação no site das entidades envolvidas.
10 horas por mês
4 horas
20 horas
2 horas a cada 15 dias
9. CRONOGRAMA GERAL DAS ATIVIDADES
AÇÃO/MESES 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12
Reunião com a direção e com as Professoras
X
Definir quem é o grupo que elabora o projeto
X
Montar lista de Problemas e Soluções
X
Escolher o problema principal X
Escolher os jogos a serem utilizados
X
Definir estratégias de aplicação
X
Montar roteiro das oficinas X
Montar as apostilas X
Realizar reuniões de planejamento com a equipe gestora da escola.
X
Seleção de monitoras? X
Oficinas de formação X
Palestras X
Leituras X
Encontros para troca de experiência
X
Informar regularmente as famílias os resultados alcançados no projeto;
X
Realizar seminário para divulgar o projeto a todos os colaboradores e desencadear a mobilização do grupo de educadores em busca dos objetivos estabelecidos.
X
Implantar processo de comunicação com a equipe gestora e com os colaboradores da Unidade em todas as etapas de implantação do projeto.
X
Divulgação no site das entidades envolvidas.
X
10. ORÇAMENTO ANUAL
Todos os gastos referentes ao desenvolvimento do projeto, inicialmente
será custeado pela entidade parceira –SIPEB. Posteriormente, outros doadores –
pessoas físicas ou jurídicas – serão convidadas a integrar o projeto.
NATUREZA DAS DESPESAS PREVISÃO DE CUSTO
1. CUSTOS FIXOS 1.482,00
2. PESSOAL ( 2 monitoras) 13.974,00
3. MANUTENÇÃO 750,00
4. MATERIAL ( jogos) 1.784,00
5. TRANSPORTE 350,00
6. ALIMENTAÇÃO 400,00
7. VIAGENS 850,00
8. OUTROS GASTOS (Cursos) 2.000,00
CUSTO TOTAL
21.590,00
VII - DADOS DE CAMPO E PRIMEIRAS ANÁLISES DO PROJETO
EM AÇÃO
Discrição compreensiva do projeto em ação
Conforme foi explicitado no capítulo V, apresentarei a seguir fragmentos
do “Diário de Bordo”, divididos em três categorias:
1) frases colhidas em conversas informais com professores e a coordenação;
2) citações colhidas em reuniões pedagógicas com professores e coordenação;
3) frases colhidas em conversas informais junto a alguns alunos.
Elencar esses fragmentos e desenvolver uma possível análise tem por
objetivo auxiliar na compreensão do caminho percorrido pelo projeto de
intervenção, sua relevância e seus impactos, desde seu início até o presente
momento.
1. Frases colhidas em conversas informais com professores e a
coordenação:
a) No passado tivemos muitos problemas com gente entrando na escola
para estragar as coisas que a escola tem.Depois que a comunidade
resolveu cuidar, nunca mais tivemos um ato de vandalismo.
b) Hoje, a escola é muito bem cuidada pela comunidade. Desde a sua
fundação ha quase 12 anos, só foi preciso uma reforma.
c) A maioria dos nossos professores tem carga horária dupla, ou seja,
trabalham em duas ou mais escolas.
d) Não temos tanto problema com a evasão, porque os alunos gostam
da escola. É claro que sempre alguns alunos “somem”, mas depois
eles voltam.
e) Todos os nossos professores têm formação pedagógica. Aqueles
que possuíam outro tipo de formação, tiveram que ir atrás de algum
curso na área pedagógica.
f) Apesar de nossa diretora estar de licença há algum tempo,
recebemos muito apoio dela. É uma pessoa que sempre está
presente e procura nos ajudar (fala de uma coordenadora)
g) Somos cobradas de todos os lados, mas não temos suporte que nos
ajude.
h) Os professores estão ficando desmotivados com essa situação de
notas baixas nas avaliações externas. (fala da diretora)
i) Apesar da formação de todos nós, não temos muita clareza sobre o
uso de jogos.
j) A essa altura do ano, já sentimos que precisamos de mais tempo
para poder ajudar nossos alunos.
k) É muito pouco tempo para que esse trabalho com os jogos apresente
os resultados que esperamos.
l) Alguns professores/as não estão entendendo como o uso dos jogos
pode ajudar nossos alunos.
m) Às vezes alguns professores não conseguem ultrapassar o uso do
jogo pelo jogo.
ANÁLISE
Antes de iniciar o projeto propriamente dito, houve um tempo razoável de
conhecimento de alguns aspectos relevantes para que a proposta pudesse ser
encaminhada:
Realidade da escola;
Realidade da comunidade onde a escola está inserida;
Possibilidade da adesão do corpo docente, em relação á proposta
do projeto;
Expectativas, tanto dos docentes como dos alunos;
Busca de monitoras que de fato compreendam a proposta do
projeto.
As conversas informais com professores e coordenação contribuíram para
o conhecimento mútuo e possíveis encaminhamentos em relação á proposta do
projeto. Conhecer a escola, o corpo docente, os alunos e a real situação
educativa, no interior dessa unidade escolar, foi fundamental para que esse
projeto pudesse ter início.
Os passos foram dados com o apoio da atual diretora. Segundo
reconhecimentos dos próprios professores, “Apesar de nossa diretora estar de
licença há algum tempo, recebemos muito apoio dela. É uma pessoa que sempre
está presente e procura nos ajudar”
É importante salientar que todo o projeto foi impulsionado pela maneira
como a gestora da escola realiza seu trabalho envolvendo tanto os docentes,
como toda a comunidade, nos assuntos que se referem ao dia-a-dia da escola e à
superação dos desafios em relação à aprendizagem dos alunos.
Outro aspecto que se mostrou pertinente, conforme fala da própria
diretora “Os professores estão ficando desmotivados com essa situação de notas
baixas nas avaliações externas”, foi justamente a preocupação que o corpo
docente apresentou diante dos resultados obtidos na última avaliação, onde os
alunos da referida escola, obtiveram a menor nota em todo o Estado de São
Paulo.
O surgimento da parceria nasceu impulsionado por umas das professoras
que sabia do trabalho desenvolvido pela entidade sem fins lucrativos e obteve a
adesão sem reservas da gestora e demais docentes.
O projeto foi construído em etapas bem definidas, conforme cronograma
geral de atividades.
Um dos desafios a ser superado, tanto pela entidade parceira como pela
escola pública, foi tornar claro o caráter educativo que o projeto possui. O projeto
não teria como objetivo desenvolver uma metodologia didática destinada aos
professores, e muito menos, apresentar propostas de atividades pedagógicas.
O grande objetivo do projeto seria envolver alunos e docentes num
processo profundo de formação. Em relação aos alunos, o foco seria o
desenvolvimento de algumas habilidades específicas, facilitadas pelo uso dos
jogos, que os ajudasse no raciocínio, na criatividade e na elaboração de objetivos
pessoais.
Quanto aos docentes, esses seriam motivados a questionar sua prática
pedagógica e desenvolver uma atitude de busca e pesquisa. Ou seja, a formação
docente continuada seria favorecida pela gestão da escola.
Considerando a necessidade dos docentes repensarem sua prática no
interior da sala de aula, assim como a necessidade dos alunos melhorarem seus
resultados em avaliações externas. Foi importante organizar um processo de
formação para esses docentes.
Nesse sentido, pelas falas colhidas informalmente, é possível afirmar que
a clareza com que foi apresentado o uso de jogos na aprendizagem,
fundamentando tal trabalho através de alguns teóricos, como Celso Antunes e
Vygotsky, foi de suma importância na adesão da proposta do projeto, por parte do
corpo docente.
Com o passar do tempo, eles foram percebendo que o objetivo do projeto
era desencadear um processo de formação continuada, onde o grande foco seria
o desenvolvimento do professor e conseqüentemente, a melhora no
desenvolvimento do trabalho realizado com os alunos.
2. Citações colhidas em reuniões pedagógicas com professores e
coordenação
a. As crianças que estão matriculadas nesta escola, são da própria
comunidade ou dos bairros localizados na redondeza.
b. A comunidade está localizada em um bairro de baixa renda e de muita
violência.
c. A maioria dos professores e funcionários que trabalham nesta escola é
da própria comunidade e redondeza.
d. Ao todo temos 700 alunos matriculados no Ensino Fundamental I.
e. A situação dos alunos desta escola, depois dos vários resultados nas
últimas avaliações, têm nos preocupado muito.
f. As vezes não sabemos o que fazer com nossos alunos em relação a
esses resultados tão baixos nas avaliações.
g. As famílias estão cobrando da escola uma melhora nos resultados nas
avaliações.
h. Estamos com muitas expectativas com o novo trabalho com os jogos
em sala de aula.
i. Acreditamos que sem o apoio de todos os professores, em relação ao
uso dos jogos, não será possível a realização de um trabalho que
apresente resultados.
j. Gostaríamos de mais formação sobre a relação dos jogos e a
aprendizagem.
k. Queremos apenas que nossos alunos sejam valorizados pelas pessoas
de fora da escola.
l. Sabemos que somente um resultado melhor nas avaliações poderá
ajudar nossos alunos.
m. Estamos com esperança em relação a esse trabalho diferenciado, pois
muitos alunos estão empolgados. Isso é bom sinal.
n. Alguns alunos não querem apenas brincar/jogar.
ANÁLISE
Desde o início dos trabalhos desenvolvidos pelo “Projeto Pense e Faça
Ligabue”, pode ser constatado alguns desafios que deveriam ser superados.
Conforme fragmentos colhidos, em algumas reuniões, é importante afirmar o
quanto a formação docente continuada precisa ser um dos grandes focos de
atenção para a gestão de uma escola.
A constatação de uma formação acadêmica, muitas vezes deficitária,
carente de uma compreensão teórica, aliadas a uma carga horária exaustante,
sem dúvida alguma, foram aspectos que marcaram profundamente a continuidade
da proposta educativa, deste projeto intervenção.
Um fator positivo e que auxiliou consideravelmente o desenvolvimento do
projeto foram as expectativas por parte dos professores: “Estamos com
esperança em relação a esse trabalho diferenciado, pois muitos alunos estão
empolgados. Isso é bom sinal” e “ Estamos com muitas expectativas com o novo
trabalho com os jogos em sala de aula.”
Em relação a esses docentes, foi nítida a superação de alguns equívocos
em relação ao uso dos jogos em sala de aula. No decorrer do Projeto, foi possível
constatar a necessidade de que, tanto alunos como docentes, precisam se
apropriar da proposta e motivarem-se a dar continuidade.
No início do projeto o corpo docente não compreendia com exatidão como
o uso de um recurso lúdico pode ser um grande aliado no desenvolvimento da
aprendizagem. Contudo, o fato do projeto possibilitar momentos de estudo e
aprofundamento, mudou sensivelmente a postura do corpo docente diante da
proposta educativa do projeto.
Nesse sentido, quando se busca responder à indagação mobilizadora
desse trabalho: “ qual é o papel do gestor escolar diante da formação continuada
do corpo docente?”, é importante afirmar que somente foi possível a
concretização da parceria, pelo fato da atual gestora da referida escola pública
dar o incentivo que foi dado, tanto para os docentes, como para a entidade
parceira. Como o foco central deste trabalho exploratório é observar como a
gestão pode ser a grande incentivadora da formação continuada do corpo
docente, pode-se constatar que foram dados passos significativos.
Nesse sentido, é possível afirmar que qualquer resultado que o projeto de
intervenção alcance, só foi possível, pelo fato da gestão escolar da referida
escola, ter uma atuação que garantiu a realização do projeto.
3. Frases colhidas em conversas informais junto a alguns alunos
a. Falaram para a gente que ia ter jogo na sala de aula.
b. Outro dia perguntamos para a professora porque ia ter jogo na sala de aula
e ela não sabia dizer para nós.
c. Eu gosto de jogo, só não entendo porque agora podemos jogar na sala de
aula e antes a professora não deixava.
d. Estou gostando desses jogos, mas não consigo terminar o jogo.
e. Acho muito difícil ficar pensando nessas regras que o jogo tem.
f. Eu prefiro jogar vídeo game em casa.
g. A professora falou que o jogo era para nos ajudar na classe.
h. Minha mãe falou que não podemos ficar brincando na escola.
i. Eu queria que o jogo fosse todo dia.
j. Acho muito chato ficar pensando. Eu gosto de jogar bola.
ANÁLISE
A partir de conversas informais realizadas com determinados alunos, foi
possível constatar que o grande desafio seria despertar nos alunos o gosto pelo
jogo. Não era apenas brincar, mas seguir objetivos previamente estabelecidos e a
serem alcançados. “Acho muito chato ficar pensando. Eu gosto de jogar bola”.
Frases desse tipo confirmam isso.
Logo no inicio do projeto, foi possível constatar que seria necessário
superar alguns desafios concretos. Falas de alguns alunos confirmam um desses
desafios: “Outro dia perguntamos para a professora porque ia ter jogo na sala de
aula e ela não sabia dizer para nós”. O fato do corpo docente, e até mesmo as
famílias, não terem idéia de como a proposta do projeto iria auxiliar o processo
pedagógico, foi uma confirmação referente à necessidade de um apoio em
relação à formação docente continuada.
Nesse sentido, foi possível constatar que os alunos mesmo sem
compreenderem como esse trabalho pode auxiliá-los, estavam dispostos a iniciar
esse caminho de aprendizagem.
Pelas expressões colhidas dos alunos, seja no início do projeto ou no seu
percurso, é importante salientar que o caminho desenvolvido pelo projeto partiu
das expectativas dos alunos e professores, e somente depois apresentou sua
proposta de concretização.
No que se refere ao uso de jogos como recurso de apoio à aprendizagem,
é importante salientar que somente quando os docentes tiverem o conhecimento
suficiente desse trabalho é que será possível que os alunos também sejam
envolvidos no objetivo do projeto.
Quando os alunos fazem expressos do tipo: “A professora falou que o
jogo era para nos ajudar na classe”, estão demonstrando que não possuem idéia
do que vem a ser esse trabalho a ser desenvolvido na sala de aula. Caberá ao
docente esclarecê-los nessa questão.
O grande desafio será acompanhar o desenvolvimento do projeto, a afim
de que sua proposta seja atingida e os resultados mostrem que de fato é possível
reverter uma situação de pouco aproveitamento no interior da sala de aula.
VIII - CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer do desenvolvimento desse estudo tive a chance de ampliar
minha compreensão, em relação ao papel da gestão no interior da escola e como
a formação docente continuada pode ser impulsionada pela gestão escolar.
Considerando o tema deste trabalho de encerramento de curso, o gestor
como articulador do processo de educação continuada do corpo docente, fui
introduzida nesse universo complexo que é a gestão escolar.
Foi importante compreender qual é o papel do gestor escolar diante da
formação continuada do corpo docente. Isso somente foi possível, por meio do
acompanhamento do projeto de intervenção descrito e analisado no capítulo
anterior.
Iniciei esse estudo, motivada por experiências pessoais, seja na infância
como aluna, ou na vida adulta como docente. É importante salientar o quanto
esse estudo contribuiu profundamente na minha formação, seja nas disciplinas da
habilitação de administração escolar seja nas leituras e pesquisa desenvolvida,
para que esse trabalho fosse construído. Graças, a tudo isso, hoje tenho um novo
olhar diante do papel da gestão escolar.
Refazendo o caminho percorrido, percebo o imenso horizonte que esse
estudo tornou possível visualizar.
Ao desenvolver uma reflexão sobre esse novo paradigma de gestão
escolar, consciente de que a realidade da instituição educativa é o reflexo do
modo com que são construídas as relações vivenciadas no seu interior, pude
chegar a esse capítulo, visualizando a concretização de uma gestão escolar que
de fato propicie momentos de formação do ser humano em toda a sua plenitude.
Termino esse estudo consciente de que os atores beneficiados pelo
“Projeto Pensa e Faça Ligabue” ainda precisam se apropriar de todo a proposta
para que consigam de fato contribuir no desenvolvimento dos alunos.
Ainda há muito a ser aprofundado e construído, para que de fato a gestão
escolar se torne a grande motivadora de todos os processos e atores envolvidos
com as questões referentes ao cotidiano de uma escola.
Quando a gestão escolar, de fato atingir tais patamares, posso dizer que
toda criança que passar pela escola, terá garantida a chance de iniciar um
processo de formação que a qualifique para uma atuação com qualidade além
dos muros da escola.
IX - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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FREIRE, Paulo. NOGUEIRA, Adriano. MAZZA, Débora. Na escola que fazemos –
uma reflexão interdisciplinar em educação popular. Petrópolis- RJ. Ed. Vozes,
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FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. RJ. Ed. Paz e
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LUCK, Heloísa. Liderança em gestão escolar. RJ. Editora Vozes, 2008
LIBÂNEO, José Carlos. OLIVEIRA, João Ferreira de. TOSCHI, Mirza Seabra.
Educação escolar: políticas, estrutura e organização. SP. Ed. Cortez, 2002
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pensamento. RJ. Ed. Bertrand Brasil. 2000
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ensino e a aprendizagem. Porto Alegre. Ed. Artmed, 2000
TORRE, M.B.Della. O homem e a sociedade. SP. Ed. Companhia Editora
Nacional. 1976
VOLI, Franco. A auto-estima do professor – manual de reflexão e ação educativa.
São Paulo. Ed. Loyola. 1998
X - OBRAS CONSULTADAS
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