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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática Frederico dos Santos Novaes Genética para a Educação de Jovens e Adultos (EJA): proposta de adequação didática Belo Horizonte 2017

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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática

Frederico dos Santos Novaes

Genética para a Educação de Jovens e Adultos (EJA):

proposta de adequação didática

Belo Horizonte

2017

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Frederico dos Santos Novaes

Genética para a Educação de Jovens e Adultos (EJA):

proposta de adequação didática.

Dissertação apresentado ao Programa de mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ensino de Biologia. Orientador: Dr. Fernando Costa Amaral

Belo Horizonte

2017

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FICHA CATALOGRÁFICA

Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Novaes, Frederico dos Santos

N935g Genética para a Educação de Jovens e Adultos (EJA): proposta de

adequação didática/ Frederico dos Santos Novaes. Belo Horizonte, 2017.

149 f.: il.

Orientador: Fernando Costa Amaral

Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática

1. Material didático. 2. Professores - Formação. 3. Escolas técnicas - Estudo e

ensino. 4. Letramento. 5. Educação de jovens e adultos. 6. Genética - Estudo e

ensino - Metodologia. I. Amaral, Fernando Costa. II. Pontifícia Universidade

Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e

Matemática. III. Título.

CDU: 5:37.02

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Frederico dos Santos Novaes

Genética para a Educação de Jovens e Adultos (EJA):

proposta de adequação didática.

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado

Profissional em Ensino de Ciências e Matemática da

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como

requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em

Ensino de Ciências.

______________________________________________________

Prof. Dr. Fernando Costa Amaral (Orientador) – PUC Minas

_____________________________________________________

Prof. Dr. Claudio Eduardo Resende Alves Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte

Professor da Universidade do Estado de Minas Gerais UEMG Professor do Curso de Pós Graduação em Psicopedagogia da Faculdade Pitágoras.

_____________________________________________________ Prof(a). Dra. Cláudia de Vilhena Schayer Sabino – PUC Minas

Belo Horizonte, 27 de Março de 2017

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Dedico este trabalho à minha família, pelo

exemplo de perseverança e determinação

e especialmente aos meus pais pelos

seus sábios ensinamentos, ao meu

irmão e minha irmã pela compreensão e

apoio que sempre me deram durante os

estudos.

Dedico também a todos os professores do

mestrado Profissional em Ensino de

Ciências e Matemática pelos seus

ensinamentos, conselhos e pelo tempo

que eles dedicaram ampliando nossa

visão sobre a prática educacional, nos

tornando profissionais melhores.

Dedico também aos amigos que fiz

durante o mestrado, amigos com quem

compartilhei as vivências e as

experiências do mestrado profissional.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por tudo.

Aos meus pais Ana e Nelson in Memorian, pelo seu amor e compreensão,

pelos seus conselhos e ensinamentos que levarei para toda a vida.

Ao meu irmão e minha irmã pelo apoio que sempre me deram durante os

estudos.

A direção, coordenação do CESEC (Centro Estadual de Educação

Continuada) de Ibirité por acreditarem no meu trabalho, e por propiciar as condições

ideais para a análise do público alvo.

Aos professores do CESEC pelo o apoio e incentivo durante a o processo de

elaboração da dissertação e do produto.

Aos especialistas e alunos do curso de ciências biológicas da PUC Minas,

convidados para analisar o produto.

Aos professores do mestrado Profissional em Ensino de Ciências e

Matemática pelos seus ensinamentos, conselhos e pelo tempo que eles dedicaram

ampliando nossa visão sobre a prática educacional, nos tornando profissionais

melhores.

Aos funcionários da secretaria do mestrado Profissional em Ensino de

Ciências e Matemática por sempre nos ajudar quando precisamos.

Aos amigos que fiz durante o mestrado, amigos com quem compartilhei as

vivências e as experiências do mestrado profissional.

Ao meu orientador Dr. Fernando Costa Amaral, por sua dedicação e o tempo

disponibilizado para os atendimentos e orientações durante a elaboração da

dissertação e do produto, orientação esta de suma importância para o meu

crescimento profissional e para a conclusão deste trabalho.

É a todos que de uma forma ou outra contribuíram para o meu sucesso nesta

caminhada.

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“A leitura do mundo precede a leitura da

palavra”

(Freire, 1982).

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RESUMO

Este trabalho teve como foco principal o intuito de elaborar um material paradidático que facilitasse a compreensão de conceitos básicos relacionados à genética para os alunos que frequentam os “centros estaduais de educação continuada” (CESEC). O CESEC disponibiliza para seus alunos uma modalidade de “Educação de Jovens e Adultos” (EJA) múltiplas idades e semipresencial. Para além da seleção de conteúdos e elaboração do paradidático, buscamos compreender a relação que se estabelece entre três elementos: professor, aluno e a matéria a ser ensinada, criando condições e estratégias que assegurem a construção do conhecimento. Para a seleção do conteúdo e elaboração do material paradidático buscamos orientação nos princípios do: “Letramento Científico” dentro de um enfoque em “Ciência Tecnologia Sociedade e Ambiente” (CTSA). Para a construção formal do material, elaboração de textos, figuras e esquemas nós nos apoiamos em duas importantes teorias educativas: a “Teoria Cognitiva da Aprendizagem Multimídia” (TCAM) e a “Teoria da Carga Cognitiva” (TCC) sempre levando em consideração as necessidades da EJA. A escolha dos referenciais teóricos busca contrapor a um ensino de biologia atrelado a modelos clássicos de ensino onde os alunos são meros receptores de conceitos, muitas vezes descontextualizados e inadequados para o grupo a que se destina o aprendizado. Neste sentido destacamos a importância de se introduzir no Ensino de Biologia, especialmente para a EJA a perspectiva de letramento científico no contexto CTSA que, de uma forma geral, buscam entrelaçar o conhecimento acerca da ciência com o cotidiano e a vivencia dos alunos. Enquanto o Letramento Científico aproxima os estudantes do “mundo científico”, a abordagem CTSA busca a contextualização do ensino/aprendizagem com relações e aplicabilidades da ciência na sociedade fomentando uma postura crítica em relação à ciência e auxiliando-os na compreensão de fatos e conceitos termos técnicos utilizando no cotidiano dos estudantes. Por fim ressaltamos que a sincronia entre letramento científico e o CTSA pode auxiliar na elaboração de novas práticas educacionais que auxilie o processo de ensino e aprendizagem de ciências e biologia na modalidade de EJA ofertada pelo CESEC.

Palavras-chaves: Letramento científico. CTSA. Educação de jovens e adultos. Ensino da genética.

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ABSTRACT

The main focus of this work was the development of a paradidical material that facilitates the understanding of basic concepts related to genetics for students attending the "state continuing education centers" (CESEC). The CESEC offers its students a modality of "Youth and Adult Education" (EJA) multiple ages and mixed. In addition to the selection of contents and elaboration of the paradidático, we seek to understand the relationship that is established between three elements: teacher, student and the subject to be taught, creating conditions and strategies that ensure the construction of knowledge. For the selection of the content and elaboration of the paradidático material we seek orientation in the principles of: "Scientific Literacy" within a focus on "Science Technology Society and Environment" (CTSA). For the formal construction of the material, elaboration of texts, figures and schemes, we rely on two important educational theories: the "Cognitive Theory of Multimedia Learning" (TCAM) and "Theory of Cognitive Load" (CBT) always take into account the Needs of the EJA. The choice of theoretical references seeks to oppose a teaching of biology linked to classic models of teaching where students are mere recipients of concepts, often decontextualized and unsuitable for the group to which learning is intended. In this sense we emphasize the importance of introducing in Biology Teaching, especially for the EJA the perspective of scientific literacy in the CTSA context, which, in a general way, seek to interweave knowledge about science with daily life and students' experience. While the Scientific Literature brings students closer to the "scientific world," the CTSA approach seeks to contextualize teaching / learning with relationships and applicability of science in society by fostering a critical stance toward science and assisting them in understanding facts and concepts terms Using the daily routine of the students. Finally, we point out that the synchronization between scientific literacy and the CTSA can help in the elaboration of new educational practices that aid the teaching and learning process of sciences and biology in the EJA modality offered by CESEC. Keywords: Scientific literacy. CTSA. Youth and adult education. Teaching of genetics.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Caráter interdisciplinar da Educação em Ciência ..................................... 21

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Perfil dos especialistas participantes da pesquisa .................................. 69

Quadro 2 - Facilidade de uso e clareza do material didático ..................................... 70

Quadro 3 - Adequação do conteúdo e linguagem do material. ................................. 71

Quadro 4 - Análise do material paradidático como um todo pelos professores ........ 72

Quadro 5 - Pontos positivos, negativos e sugestões acerca do material paradidático.

.................................................................................................................................. 73

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LISTA DE SIGLAS

AC- Alfabetização científica

BSCS - Biological Sciences Curriculum Study

CBA - Chemical Bond Approach

CBC - Currículo Básico Comum

CEB- Câmara de Educação Básica

CESEC - Centros Estaduais de Educação Continuada

CNE- Conselho Nacional de Educação

CTS - Ciência, Tecnologia e Sociedade.

CTSA - Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente.

DCNEM - Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio

EJA - Educação de Jovens e Adultos.

ENCCEJA- Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INEP- Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

LC - Letramento Científico

LDB - Lei de Diretrizes e Base

MOBRAL- Movimento Brasileiro de Alfabetização

OA - Objeto de Aprendizagem

OAs - Objetos de Aprendizagem

PCNEM - Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio

PEI - Programa de Educação Integrada

PNAD - Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios

PNLA- Programa Nacional do Livro Didático para a Alfabetização de Jovens e

Adultos

PNLD- Programa Nacional do Livro Didático

PNLD-EJA Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e

Adultos

PROEJA- O Programa Nacional de Integração da Educação Profissional à Educação

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Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos

PSSC – Physical Science Study Committee.

SECAD - Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e

Inclusão.

SEE/MG - Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais

SMSG - Science Mathematics Study Group.

TCAM - Teoria Cognitiva da Aprendizagem Multimídia

TCC – Teoria da Carga Cognitiva.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15

1.1 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 16

1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 19

1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 19

1.2.2 Objetivos Específicos .................................................................................... 19

3 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 20

3.1 LETRAMENTO CIENTÍFICO ............................................................................... 20

3.2 CIÊNCIA, TECNOLOGIA, SOCIEDADE E AMBIENTE ....................................... 26

3.2.1 CTSA com enfoque educacional ................................................................... 31

3.3 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS.............................................................. 39

3.3.1 Histórico da EJA no Brasil ............................................................................ 43

3.3.2 A educação de jovens e adultos na visão de Paulo Freire ......................... 48

3.4 O ENSINO DE BIOLOGIA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA ..................... 51

3.4.1 O Ensino da genética no Brasil ..................................................................... 54

3.5 OBJETOS DE APRENDIZAGEM ........................................................................ 57

3.6 PROCESSO COGNITIVO HUMANO .................................................................. 59

3.6.1 Teoria da carga cognitiva .............................................................................. 61

3.6.2 Tipos de Carga Cognitiva .............................................................................. 62

3.6.3 Princípios da Teoria Cognitiva da Aprendizagem Multimídia .................... 63

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 66

3.1 SELEÇÃO DE CONTEÚDOS .............................................................................. 66

3.2 ELABORAÇÃO DO PARADIDÁTICO ................................................................. 67

3.3 ANÁLISE DO PARADIDÁTICO .......................................................................... 69

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 75

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 77

APÊNDICE ................................................................................................................ 88

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APÊNDICE A – Questionário avaliativo do material didático .............................. 88

APÊNDICE B – Material paradidático de ensino de genética para a EJA ........... 90

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1 INTRODUÇÃO

No contexto do ensino e da aprendizagem a palavra didática se apresenta

através de uma série de componentes fundamentais no cotidiano escolar, como os

materiais didáticos, livros didáticos e paradidáticos, projetos didáticos e a própria

didática como um instrumento que qualifica o trabalho docente.

A didática é a vertente da ciência educacional especializada no estudo dos

processos de ensino e aprendizagem, na relação professor e aluno, nas

metodologias aplicadas com intuito educativo.

Neste contexto a didática passa a assumir o “papel” de mediador do processo

de ensino, possibilitando a elaboração de “planos de ação” que tem como intuito

contribuir para a construção do conhecimento, permitindo que o aluno desempenhe

um papel ativo ao longo do processo.

O presente "estudo" está focado em elaborar ações didáticas voltadas para o

ensino de genética no CESEC (Centros de educação continuada), com o objetivo de

aumentar o aprendizado e a capacidade analítica dos alunos em relação aos

conceitos básicos de genética, tornando os aptos a entender os princípios

fundamentais da hereditariedade.

Considerando o processo de construção histórico educacional da população

de alunos que frequentam a EJA de uma forma mais geral e ampla, se faz

necessário por parte do professor a intervenção nos mecanismos pedagógicos e

didáticos com a finalidade se suprir ou minimizar uma deficiência de aprendizado em

determinados conteúdos ou disciplinas que estão intrinsecamente ligados a sua

própria história social e não somente educacional.

A partir da minha experiência profissional como professor orientador de

Ciências e Biologia no CESEC, percebi ao longo dos anos que uma prática

educacional que resgata o conhecimento prévio dos estudantes e contextualize a

realidade em que eles estão inseridos é mais efetivo para o processo de ensino e

aprendizagem, do que apenas fazer eles decorarem vários termos e conceitos. Há

partir desta necessidade de contextualizar o conteúdo tive a ideia de elaborar um

“Objeto de aprendizagem” (OA) que facilitaria o ensino de genética.

Considerando que os objetos de aprendizagem são construídos a partir de

uma perspectiva teórica para alcançar um determinado objetivo, o uso dos princípios

de letramento científico e CTSA teve como intuito de selecionar conteúdos dentro

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de genética próximo a realidade dos estudantes facilitando a compreensão de

termos e conceitos inerentes à temática estudada através da contextualização.

A partir do momento que os assuntos abordados no OA foram definido,

buscou-se através da “Teoria da carga cognitiva” (TCC) e da “Teoria cognitiva da

aprendizagem multimídia” (TCAM) organizar os temas discutidos no OA de forma a

potencializar o processo de ensino e aprendizagem eliminando a carga cognitiva

extrínseca inerente ao assuntos relacionados a genética.

A escolha do tema proposto nesta pesquisa se dá por alguns fatores entre

eles, o mais preponderante é a necessidade de criar novas propostas com o objetivo

de facilitar o processo de ensino-aprendizagem do conteúdo de genética, visto que

há um número significativo de alunos que frequentam a EJA semipresencial do

CESEC que possuem uma dificuldade visível em compreender e entender os

princípios básicos relacionados à transmissão das características hereditárias nos

seres vivos.

1.1 JUSTIFICATIVA

Ao longo de nove anos como professor orientador no ensino de Ciências e

Biologia para a EJA ensino fundamental e médio do CESEC, pude constatar a

importância da significação e ressignificação de conceitos relacionados à Biologia,

especialmente a genética que é para eles é um conteúdo considerado difícil e sem

nenhuma utilidade no campo prático.

O professor orientador tem como função selecionar e montar os temas que os

alunos terão que estudar, montar lista de exercícios e provas referentes a cada

módulo do aluno, na correção das atividades propostas aproveitando este momento

para sanar suas dúvidas em relação à lista de exercícios e dos conteúdos

relacionados a cada módulo.

O CESEC (Centro Estadual de Educação Continuada) oferece uma

modalidade de ensino para jovens e adultos que possui uma metodologia específica

de ensino, se diferenciando dos modelos tradicionais, por ser uma modalidade

semipresencial e múltiplas idades, na qual o aluno é responsável por organizar o

próprio tempo de estudo, que consiste na leitura do conteúdo, na resolução das

atividades propostas pelos professores, quanto o momento de tirar dúvidas com os

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professores-orientadores responsáveis por cada disciplina.

No CESEC cada disciplina monta e organiza o seu "Conteúdo programático"

que nada mais é que uma lista ou conjunto de "conhecimentos, saberes" de cada

disciplina que se espera que o aluno se torne apto a entender no campo teórico e

prático suas implicações e/ou aplicações no cotidiano. Segundo a resolução

SEE/MG nº 666, de 07 de abril de 2005.

Cada professor monta o seu conteúdo programático seguindo as normas e

regulamentações do currículo básico comum (CBC) próprio de cada disciplina, após

montado todo o conteúdo, ele é dividido em cinco etapas distintas, cada etapa

chamada de módulo, com o objetivo de facilitar o processo ensino-aprendizado do

aluno referente a cada disciplina e suas particularidades.

Em cada Módulo, o aluno tem que realizar um estudo dirigido que

denominamos plano de estudo, seguido de revisão orientada de cada plano de

estudo, e culminando com uma avaliação escrita sobre o assunto.

O plano de estudo tem como finalidade observar possíveis deficiências dos

alunos frente aos desafios propostos, permitindo que o professor saiba onde deve

intervir com sua orientação pedagógica, com o objetivo de minimizar as possíveis

dúvidas e/ou deficiências dos alunos referentes a determinados conteúdos.

Seguindo as orientações da resolução SEE/MG N.º 2250 DE 28 DE

DEZEMBRO DE 2012, cada módulo valerá 100 pontos, sendo 20 pontos destinados

ao plano de estudos e 80 pontos à prova.

Após obtiver uma nota superior a 50% no plano de estudo e passar pela

orientação do professor o aluno pode fazer a avaliação referente aquele módulo,

conseguindo uma nota superior a 50% na somatória do plano de estudo mais a

avaliação, o aluno avança para o módulo seguinte, se o aluno concluir com o êxito

os cinco módulos, ele conclui aquela disciplina.

Em relação aos tipos de intervenções pedagógicas feitas pelo professor

orientador, as orientações podem ser feito individualmente ou em grupo,

dependendo da necessidade de cada aluno ou de um grupo nos dias de

atendimento, o aluno pode ser auxiliado através de uma explanação teórica do

conteúdo em que esteja com dificuldade ou pode ser uma atividade prática, um

filme, uma animação, etc. Cada professor é livre para aplicar a metodologia que ele

considera mais adequada para cada situação.

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Os alunos que frequentam o CESEC são na maioria adultos que por um

motivo ou outro não teve como concluir seus estudos na idade devida. São

trabalhadores diurnos ou noturnos que frequentam e participam das orientações em

horário alternado ao de seus trabalhos, a grande maioria tem como objetivo uma

promoção na empresa onde trabalham, por este motivo decidem voltar à sala de

aula após anos que ficaram de fora da escola.

Também fazem parte do grupo muitas mães de famílias que aproveitam o

horário em que o marido está trabalhando e os filhos estão na escola, para também

retomarem os estudos interrompidos na infância ou adolescência. Muitas destas

mulheres revelam que voltaram a estudar com o objetivo de se qualificarem para o

mercado de trabalho, enquanto poucas delas sustentam que decidiram concluir os

estudos por uma questão de satisfação e realização pessoal.

Os jovens e adultos dessa modalidade de educação formam um grupo com

características que lhe conferem relativa homogeneidade. No que diz respeito aos

grupos culturais a que pertencem esses sujeitos, esses tem sido descritos como

bastante homogêneos compostos primordialmente por cidadãos de baixa renda,

migrantes que chegaram as grandes metrópoles provenientes das áreas rurais

empobrecidas, filhos de trabalhadores rurais não qualificados e com baixo nível de

instrução escolar (muito frequentemente analfabetos), com passagem curta e não

sistemática pela escola e inseridos no mercado de trabalho em ocupações urbanas

não qualificadas, após experiência como trabalhadores rurais na infância e na

juventude (OLIVEIRA, 2004, p.220).

Considerando as singularidades da população estudantil, que frequentam as

salas de aula do CESEC, se percebe que é extremamente necessário investir em

novas práticas metodológicas que auxiliem estes alunos a atingirem as suas

aspirações, sejam por motivos trabalhistas ou pessoais, pois o sucesso nos estudos

para muitos e considerados como um verdadeiro "tesouro”, que além de lhe oferecer

uma grande satisfação pessoal funciona como uma ferramenta eficaz na valorização

do aluno, perante a sociedade como um ser pensante, como um "indivíduo" capaz

de superar as suas próprias limitações em busca de atingir os seus objetivos

tornando-se agentes modificadores da própria historia.

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1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Elaborar um material paradidático que facilite a compreensão de conceitos

básicos relacionados à genética na “Educação de Jovens e Adultos” (EJA)

1.2.2 Objetivos Específicos

Em função do objetivo geral, foram estabelecidos para este estudo os

seguintes objetivos específicos:

Pesquisar características do “Ensino de Jovens e Adultos” (EJA) que

possam orientar a elaboração de material paradidático

Selecionar conteúdos de genética, mais adequados ao EJA e

consonantes com o enfoque CTSA.

Elaborar um material pedagógico que facilite o ensino e aprendizagem

de conceitos e conteúdos relacionados à genética, para alunos do EJA.

Avaliar através da opinião dos especialistas e alunos a efetividade do

material para o processo de letramento científico dos alunos.

Com base na analise dos resultados, reelaborar e disponibilizar o

“Paradidático” com produto do Mestrado.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 LETRAMENTO CIENTÍFICO

É importante salientar que ao se discutir uma educação científica é

necessário diferenciar e compreender o significado dos termos: Ciência e Ciências.

Simplificadamente o termo ciência no singular significa conjunto de conhecimentos ,

saberes.

Já o termo ciências no plural se refere ao conjunto de disciplinas que possui

relação direta entre si dentro de um dos campos de conhecimento humano, como

por exemplo as ciências biológicas, as ciências humanas, etc.

Segundo Vogt & Polino (2003) a ciência é considerada uma das áreas do

conhecimento humano de menor acesso ao público em geral. A população, em sua

maioria, cria uma aversão à ciência, aversão esta que surge como barreira para o

processo de seu entendimento talvez relacionado ao determinismo e ao positivismo

científicos considerados, para muitos, como fatores indiscutíveis (JENKINS,1990).

A aversão à ciência na maioria das vezes começa a ser formada na própria

escola. Alguns jovens brasileiros expressam opiniões negativas a respeito do estudo

das ciências, são comuns as reclamações de que se trata de um ensino de

conteúdos difíceis, muito distantes de seus interesses mais imediatos e que, na

opinião de alguns, “não serve para nada”. (SCARPA. et al., 2014).

Devido a problemático presente no ensino tradicional de ciências, se faz

necessárias mudanças nas suas diretrizes básicas, visando o letramento científico

através de um ensino problematizado e contextualizado.

Importa sublinhar que a sociedade do conhecimento não é uma

inevitabilidade histórica, ou seja, que a sua ocorrência não é guiada por qualquer

determinismo histórico.

Assim sendo, depende em boa parte de nós, como cidadãos e como

professores, o sentido das transformações que formos capazes de,

responsavelmente, imprimir tendo em vista a formação de cidadãos cientificamente

cultos.

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As transformações que se sugerem no âmbito da Educação em Ciência (e

muito particularmente na Ciência escolar) inscrevem-se precisamente nessa lógica

de argumentos. (CACHAPUZ, 2004).

Segundo Cachapuz (2004) antes de se ensinar ciência, deve ser educar em

ciência. Para Cachapuz (2004) a educação em ciências está intrinsecamente ligada

a processos e abordagens interdisciplinares que corroboram para a promoção de

uma valorização da cultura cientifica.

Em consonância com Cachapuz (2004) podemos citar que:

Pela natureza do conhecimento cientifico não se pode pensar no ensino de seus conteúdos de forma neutra, sem que se contextualize seu caráter social, nem há como discutir a função social do conhecimento científico sem uma compreensão do seu conteúdo (CACHAPUZ, 2004, p. 15).

Figura 1 - Caráter interdisciplinar da Educação em Ciência

Fonte: CACHAPUZ; PRAIA; JORGE, 2004.

Um ensino de ciências, que valorize a interdisciplinaridade e a

contextualização científica, é primordial para a transformação do indivíduo em um

ser autônomo, capaz de agir e interagir em seu próprio contexto.

O conhecimento acerca da ciência se torna algo essencial em uma

sociedade científica e tecnológica, pois prepara o individuo para possuir uma

perspectiva crítica em relação à tecnologia e a ciência. (MAMEDE E ZIMMERMANN,

2005).

A educação em ciência deve dar prioridade à formação de cidadãos

cientificamente cultos, capazes de participar ativamente e responsavelmente em

sociedades que se querem abertas e democráticas (CHASSOT, 2000).

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Esta postura crítica em relação à ciência mais do que conhecer o vocabulário

técnico-científico, e compreender a aplicabilidade prática da ciência e saber fazer

conexões com a realidade social no qual ela está inserida, permitindo debates e

deliberações aprofundadas sobre inúmeras situações cotidianas, buscando utilizar

os avanços tecnológicos para melhorar a qualidade de vida da sociedade. Para

Sousa (2010) o letramento científico (LC) é necessário para tornar as pessoas

críticas e engajadas no mundo das ciências.

A partir da década de 1980, se começou os estudos acerca das práticas

relacionadas ao letramento. Na década de 1980, grandes estudos empíricos

etnográficos foram realizados em várias sociedades para analisar as práticas de

letramento.

A partir dos trabalhos realizados na África por Scribner e Cole (1981),

baseados na psicologia sociocultural, essa perspectiva foi mudando. Surgem, quase

que simultaneamente, em outros países, estudos antropológicos sobre a leitura e a

escrita como os de Street (1984) com a pesquisa realizada no Irã e os de Shirley

Hearth (1983) com a investigação nos Estados Unidos. (ULHÔA, GONTIJO E

MOURA, 2008).

Nos países desenvolvidos os estudos acerca do LC foram instigados pelo

fato de que mesmo sabendo ler e escrever, a população de uma forma geral não

conseguia conciliar o campo teórico com o campo prático do conhecimento, o que

impossibilitava uma participação efetiva no contexto social, a qual estava inserida.

No Brasil, o movimento de letramento ocorreu de forma oposta, aos dos

países desenvolvidos, já que no Brasil o LC surgiu oriundo de questionamentos

sobre o que seria necessário para alfabetizar, buscando uma competência em leitura

e escrita (SOARES, 2004).

Segundo Sasseron E Carvalho ( 2011) na literatura internacional existe mais

de um termo que caracterizam o ensino de ciências preocupados com formação

cidadã dos alunos para ação e atuação em sociedade.

Os autores de língua espanhola, por exemplo, costumam utilizar a expressão

“Alfabetización Científica” para designar o ensino cujo objetivo seria a promoção de

capacidades e competências entre os estudantes capazes de permitir-lhes a

participação nos processos de decisões do dia-a-dia enquanto nas publicações em

língua inglesa o mesmo objetivo aparece sob o termo “Scientific Literacy”

(SASSERON E CARVALHO, 2011).

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Paul Hurd é mencionado como o pesquisador que primeiro utilizou o termo

scientific literacy. A expressão aparece em seu livro “Science Literacy: Its Meaning

for American Schools”, publicado em 1958. (SASSERON E CARVALHO, 2011).

Devido à pluralidade semântica, encontramos hoje em dia, na literatura

nacional sobre ensino de Ciências, autores que utilizam a expressão “Letramento

Científico” (MAMEDE E ZIMMERMANN, 2007, SANTOS E MORTIMER, 2001),

pesquisadores que adotam o termo “Alfabetização Científica” (BRANDI E GURGEL,

2002, AULER E DELIZOICOV, 2001, LORENZETTI E DELIZOICOV, 2001,

CHASSOT, 2000) e também aqueles que usam a expressão “Enculturação

Científica” (CARVALHO E TINOCO, 2006, MORTIMER E MACHADO, 1996) para

designarem o objetivo desse ensino de Ciências que almeja a formação cidadã dos

estudantes para o domínio e uso dos conhecimentos científicos e seus

desdobramentos nas mais diferentes esferas de sua vida.

Podemos perceber que no cerne das discussões levantadas pelos

pesquisadores que usam um termo ou outro estão as mesmas preocupações com o

ensino de Ciências, ou seja, motivos que guiam o planejamento desse ensino para a

construção de benefícios práticos para as pessoas, a sociedade e o meio-ambiente

(SASSERON E CARVALHO, 2011).

Segundo Hurd (1958) a AC está relacionada com o conhecimento básico e a

decodificação dos conceitos relacionados à ciência, enquanto que para ser

considerada letrada cientificamente o individuo mais que conhecer teoricamente os

conceitos deveria compreender as relações do mesmo com as práticas sociais no

quais estão inseridos.

Em consonância com os trabalhos de Paul Hurd, percussor do termo

“Scientific Literacy” adotou se o termo LC no presente trabalho, pois é importante

salientar que mais que apenas ensinar conceitos científicos aos alunos, o objetivo

primário deste trabalho e possibilitar a inserção do aluno no “mundo cientifico”,

fazendo o perceber que mais que meros conceitos, a ciência possui um forte

aspecto prático-social.

Cachapuz (2004) cita que segundo o memorando sobre Aprendizagem ao

Longo da vida, elaborado pela Comissão Europeia em 2000 em Lisboa, que o

objetivo do letramento científico é garantir acesso universal e contínuo à

aprendizagem, com vista à aquisição e renovação das competências necessárias à

participação sustentada na sociedade do conhecimento.

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Ao longo da leitura da literatura nacional e internacional, podemos perceber

que o aspecto social sempre é muito citado e referenciado, ao se discutir a

importância do que ensinar e como ensinar em ciências, podemos então afirmar que

mais que uma importância pedagógica o LC, possui uma importância social,

importância essa que não é contemplada pelo processo de alfabetização escolar.

Com relação à importância social do LC podemos citar:

A ciência também está se tornando mais holística na natureza, misturando as ciências naturais e sociais. Esta abordagem transdisciplinar prevê uma forma mais ampla de investigação para lidar com a ciência e com os problemas sociais (HURD, 1998, p. 40).

Chassot (2003) destaca que o LC pode ser considerado como uma das

dimensões para potencializar alternativas que privilegiam uma educação mais

comprometida com o enfoque social. Defende ainda que a ciência é um tipo de

linguagem; assim, ser letrado cientificamente é saber ler a linguagem em que está

escrita a natureza.

É um analfabeto científico aquele incapaz de uma leitura do universo. Pode-

se concluir que o entendimento e a aplicação das ciências permitem que o sujeito da

aprendizagem compreenda os processos naturais e, de certa forma controle as

transformações que ocorrem na natureza. (SOUSA, 2010).

O letramento dos cidadãos vai desde o letramento no sentido do

entendimento de princípios básicos de fenômenos do cotidiano até a capacidade de

tomada de decisão em questões relativas à ciência e tecnologia em que estejam

diretamente envolvidos, sejam decisões pessoais ou de interesse público (SANTOS,

2007).

O ensino de ciências passou por drásticas mudanças ao longo do tempo,

podemos afirmar que a preocupação do ensino de uma ciência contextualizada que

vislumbre o LC é algo recente, pois como cita Chassot (2003) o ensino era centrado

na aquisição de conhecimento através do modelo tradicional, onde a transmissão

excessiva de conceitos científicos, era o foco, basta citar que o que caracterizava a

competência do professor era a quantidade de páginas que ele transmitia para os

alunos em um dia de aula.

Krasilchik (1992) cita também as mudanças no ensino de ciências ao longo do

tempo, ao afirmar que em consequência, no período transcorrido entre a instalação

dos grandes projetos até hoje, tanto os objetivos do ensino de Ciências quanto às

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teorias educacionais e de aprendizagem que os embasavam foram também

evoluindo e sofrendo profundas mudanças.

No começo dos anos 1990, Krasilchik (1992) já alertava para a importância do

LC para o ensino de ciências no Brasil, quando dizia que em nosso país, como em

muitos outros, principalmente no mundo subdesenvolvido, há necessidade de formar

um cidadão autônomo, capacitado para tomar decisões e participar ativamente de

uma sociedade democrática e pluralista.

De acordo com os PCNEM (BRASIL, 2009) o ensino de ciências e suas

tecnologias devem envolver, de forma combinada, o desenvolvimento de

conhecimentos práticos, contextualizados, que respondam às necessidades da vida

contemporânea, e o desenvolvimento de conhecimentos mais amplos e abstratos,

que correspondam a uma cultura geral e a uma visão de mundo, pretendendo

promover competências e habilidades que sirvam para o exercício de intervenções e

julgamentos práticos desenvolvendo meios para a interpretação de fatos naturais, a

compreensão de procedimentos e equipamentos do cotidiano social e profissional,

assim como para a articulação de uma visão do mundo natural e social.

Para Nascimento et al (2010, p. 21):

A ciência e a tecnologia devem ter representação social concreta, pois, enquanto sistema de conhecimentos e como conjunto constituído pelo saber/fazer, estas atividades embasam as vivências dos sujeitos. Nessa perspectiva, o sistema ciência/tecnologia atinge sua realidade vivencial e a apropriação do conhecimento científico promove um questionamento de seus saberes cotidianos, podendo possibilitar-lhes uma intervenção criativa e crítica na realidade na qual se inserem, tendo em vista sua compreensão e possível transformação.

E importante salientar que atualmente as várias propostas curriculares do

ensino de ciências no Brasil, procuram fazer isso de uma forma contextualizada,

buscando uma junção do saber cientifico com as práticas vivenciadas pelos alunos

em seu cotidiano.

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3.2 CIÊNCIA, TECNOLOGIA, SOCIEDADE E AMBIENTE

Com o agravamento dos problemas ambientais e diante de discussões sobre

a natureza do conhecimento científico e seu papel na sociedade, cresceu no mundo

inteiro um movimento que passou a refletir criticamente sobre as relações entre

ciência, tecnologia e sociedade.

Esse movimento levou a proposição, a partir da década de 1970, de novos

currículos de ensino de ciências que buscaram incorporar conteúdos de CTS

(SANTOS, 2008).

Santos (2007) ainda salienta a relação do surgimento do CTS como um

movimento de crítica ao modelo de desenvolvimento científico e tecnológico que

imperava no final da década de 1960, modelo este que valorizava o determinismo

científico, e não contemplava os aspectos sociais relacionados à ciência e

tecnologia.

Segundo Mambiela (2001) o movimento CTS nasceu em meados dos anos 60

nos centros universitários americanos, em resposta a crise que se aflorava nas

relações que as ciências e tecnologias mantinham com a sociedade.

Apenas na década de 80 o movimento CTS se estendeu para o ensino

secundário (MAMBIELA, 2001). Posteriormente o movimento CTS passou a ser

denominado CTSA, quando se incluía na cadeia de inter-relações do CTS a vertente

ambiental (SANTOS, 2007).

De acordo com (SANTOS, 2007) teoricamente o movimento CTS já possui

incorporado em sua essência a vertente ambiental, no entanto as discussões sobre

CTS podem tomar um rumo que não, necessariamente, onde as questões

ambientais sejam consideradas ou priorizadas e, nesse sentido, o movimento CTSA

vem resgatar o papel da educação ambiental (EA) ao movimento inicial de CTS.

Considerando a importância das questões ambientais na atualidade, e a

crescente necessidade de se discutir e debater sobre estas questões, com o objetivo

de propiciar uma melhora na qualidade de vida da sociedade, o presente trabalho

optou por usar a terminologia CTSA.

Segundo Marandino, Selles e Ferreira (2009) o final da década de 1950 e

inicio da década de 1960 foi marcada por um conjunto de reformas curriculares que

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discutiam e rediscutiam principalmente o papel da ciência e da tecnologia na

sociedade.

A produção das coleções de livros didáticos pela equipe da “Biological

Sciences Curriculum Study” (BSCS), no início da década de 60 pode ser vista como

uma tentativa de promover as reformas provocadas pelas discussões.

(MARANDINO, SELLES E FERREIRA, 2009).

Na medida em que a ciência e tecnologia foram reconhecidas como

essenciais para o desenvolvimento econômico e social, o ensino de ciências

começou a ser alvo de discussões e sofreu várias propostas de mudança, como por

exemplo, o investimento massivo de recursos humanos e financeiros por parte dos

Estados Unidos que investiu na educação para produzir os chamados projetos de

primeira geração de Biologia, Química, Física e Matemática gerido respectivamente

pelos pesquisadores dos grupos Biological Sciences Curriculum Study (BSCS),

Chemical Bond Approach (CBA), Physical Science Study Commitee (PSSC) e

Science Mathematics Study Group (SMSG) com o intuito de vencer a batalha

espacial instaurada com advento da guerra fria entre os Estados Unidos e a extinta

União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (KRASILCHIK 2000).

De acordo com Ricardo (2007) o movimento CTSA se trata de um movimento

no sentido sociológico do termo, como ressalta Fourez, ou seja, refere-se a uma

conjunção de opiniões com algumas características comuns e que correspondem a

mudanças que ocorrem na sociedade, que passam a questionar as relações entre

as instituições que a sigla designa.

Segundo Linsingen (2007) o movimento CSTA, parte-se da crítica à

concepção linear que enxergava a ciência como processo de revelação dos

aspectos essenciais da realidade, de desvelamento de leis que a governam em cada

parte do mundo natural e social.

O CTSA originalmente foi um movimento criado com o objetivo de

desmistificar o determinismo científico e tecnológico, que imperava no pensamento

geral da sociedade, de que a ciência por si só seria capaz de fazer a sociedade

prosperar para uma verdadeira utopia livre da descriminação e das mazelas sociais,

ao mesmo tempo em que buscava estabelecer relações entre ciência, tecnologia

com a sociedade, esta análise é reiterada pelas palavras de Ricardo (2007, p. 42):

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Assim, podem-se distinguir inicialmente duas correntes de pensamento: a tradição segundo a qual os saberes da ciência e da tecnologia levam a humanidade a um futuro melhor; e outra corrente para a qual a ciência e a tecnologia não teriam um fim em si mesmas, mas estariam orientadas para a ação a partir de uma análise da sociedade em seus componentes históricos, sociais, políticos e econômicos

Quando as certezas epistemológicas explicitadas pelo positivismo modernista

estão a dar lugar à multiplicidade de dúvidas da pós-modernidade, surgem saberes

e princípios epistemológicos que questionam a racionalidade da ciência moderna de

raiz iluminista e que se orientam para um diálogo de saberes e para racionalidades

distanciadas de posturas empiristas, fora do círculo unitário do projeto positivista.

(SANTOS, 2005).

De acordo com a autora o movimento CSTA pode se expresso como um

mecanismo que possui uma forma peculiar de atuar mutuamente na inserção social

e na desalienação da sociedade em relação ao caráter determinista da ciência,

atuando de forma contundente no processo de pluralização da ciência.

Desde a sua criação e consolidação o movimento CTSA se firmou em três

grandes campos da sociedade contemporânea: no campo da pesquisa, como

alternativa à reflexão acadêmica tradicional sobre a ciência e a tecnologia,

promovendo uma nova visão não-essencialista e socialmente contextualizada da

atividade científica; no campo das políticas públicas, defendendo a regulação social

da ciência e da tecnologia, promovendo a criação de mecanismos democráticos

facilitadores da abertura dos processos de tomada de decisão sobre questões de

políticas científico-tecnológicas; e, no campo da educação, promovendo a introdução

de programas e disciplinas CTSA no ensino médio e universitário, referidos à nova

imagem da ciência e da tecnologia (LINSINGEN 2007).

Desde o seu surgimento o movimento CSTA, tem influenciado o processo

educacional em nível de ensino fundamental, médio e superior, sendo sempre pauta

recorrente nas diversas reuniões feitas, para a elaboração de um currículo de ensino

em ciências, devido a grande preocupação atual de se conciliar o saber cientifico o

uso das novas tecnologias com as práticas sociais.

Finalmente, sugere-se que a ciência e a tecnologia sejam assumidas como

referências dos saberes escolares e a sociedade e o ambiente sejam tratados como

o cenário de aprendizagem, do qual os problemas e questões sociais significativas

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surgiriam como temas a serem investigados com o suporte dos conhecimentos

científicos e tecnológicos (RICARDO 2007).

Segundo Ricardo (2007) os meios não formais de divulgação de informação

cientifica, assumem de certo modo, um vazio deixado pela escola, que é o de dar

acesso aos avanços dessas áreas de saberes às pessoas, uma vez que estas

vivenciam em seu cotidiano a tomada de decisões e debates atuais que envolvem

aspectos científicos e tecnológicos. Poder-se-ia dizer que há uma demanda

subjacente por uma alfabetização científica e tecnológica. A análise de Ricardo

(2007) pode ser complementada com o argumento de Vieira e Vieira (2005), sobre a

importância do ensino de ciências.

Salienta-se a ideia de que o ensino das ciências deve ser visto, acima de tudo, como promotor da literácia científica. Nesse sentido, a perspectiva CTS deverá constituir o eixo integrador e globalizante da organização e da aquisição de conhecimentos e do desenvolvimento de capacidades de pensamento (VIEIRA;VIEIRA, 2005, p. 50).

Um dos grandes objetivos do enfoque CTSA na educação, e a formação de

competências básicas, que permita a participação ativa dos cidadãos em assuntos

do seu cotidiano, que envolva conhecimentos científicos e tecnológicos. (PINHEIRO

et. al, 2007).

A capacitação e o conhecimento acerca dos processos científicos e

tecnológicos se tornam importantes na medida em que, o mundo moderno é cada

vez mais artificial, no sentido de intervenção humana, e há uma crescente

necessidade por conhecimentos científicos e tecnológicos para a tomada de

decisões comuns, individuais ou coletivas. (RICARDO, 2007).

A importância do conhecimento acerca da ciência e tecnologia é defendida

por Santos (2005) ao afirmar que, a construção de uma cidadania cultural, crítica e

ativa, demanda, como estratégia epistemológica, ancorar os conhecimentos sobre

ciência em perspectivas CTSA eticamente orientadas.

Perspectivas que não podem deixar de ter em conta as profundas

transformações na “matriz social e tecnológica da ciência”, mudanças estas que

fazem necessário analisar, compreender e reavaliar uma mudança no paradigma em

que se tem apoiado a ciência e a cidadania moderna, o paradigma positivista.

De acordo com Santos (2005) em uma sociedade que se baseia, cada vez

mais, no uso intensivo do conhecimento e no tempo em que os discursos da pós-

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modernidade se centram na construção de “novas” dimensões da cidadania, está a

emergir uma nova matriz social e tecnológica da ciência, em ruptura com o

paradigma positivista em que se tem apoiado a ciência e a cidadania.

Quando a tecnociência se tornou objeto de conflito social e de debate político

e quando “civilizar” a ciência e “cientifizar” a cidadania são condições para potenciar

uma ciência menos arrogante e uma cidadania mais democrática, a educação CTSA

emerge como uma esperança, a construção de uma cidadania cultural, crítica e

ativa. Acevedo comenta:

A tecnologia faz parte de nossas vidas desde berço ao túmulo. A sociedade exige mais tecnologia por vezes, para melhorar a qualidade de vida e outros como um resultado do consumo excessivo, mas também tenta controlá-lo por meios políticos e jurídicos. Simultaneamente, a tecnologia influencia grandemente aos cidadãos, na medida em que o utiliza, como resultado da aceitação social, ou mais ou menos sutil imposição de certas tecnologias em detrimento de outros também muda profundamente a sociedade, além disso, políticos, empresários e cidadãos em geral, tendem a valorizar a ciência principalmente por sua capacidade de resolver problemas e sua utilidade social. (ACEVEDO, 2006, p. 65)

Na atual conjuntura social abrem-se algumas esperanças ao perspectivar o

surgimento de uma ciência cidadã. Uma ciência que não se limita a respostas, à

resolução universal de problemas, que tem em conta os contextos em que os

problemas são gerados, que dá voz aos cidadãos, que valoriza os conhecimentos

empíricos das pessoas afetadas por ameaças ambientais e que derruba as fronteiras

entre laboratório e sociedade. Uma tecnociência que promove a colaboração entre

ciência, tecnologia e sociedade. (SANTOS, 2005)

Atualmente, se tem discutido muito a respeito do que ensinar e como ensinar

ciências. Nessas discussões são considerados aspectos múltiplos que integram a

prática docente, que vai desde a escolha do currículo às metodologias utilizadas.

Considerando o boom tecnológico que vem atingindo a sociedade contemporânea

nas últimas décadas, cada vez mais se faz necessário uma análise profunda e uma

reflexão apurada, sobre o papel da ciência na sociedade.

A perspectiva CSTA na área educacional surge como uma esperança de

renovação educacional, que priorize a interação e a colaboração entre ciência e

tecnologia na sociedade, estabelecendo-se as bases necessárias para a construção

de uma sociedade cientificamente e tecnologicamente ativa e participativa.

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3.2.1 CTSA com enfoque educacional

Em um mundo profundamente transformado pela ciência e pela tecnologia,

quando a tecnociência se tornou objeto de conflito social e de debate político, é

crucial repensar a ciência, a tecnologia, o mercado, o estilo de vida a que nos

habituámos, bem como o sistema de valores e de crenças que nos rege

(SANTOS, 2005).

Segundo Santos (2005) A comunicação eletrônica reforça o exercício da

cidadania, ao aproximar o cidadão da informação. O conhecimento potenciado pelas

tecnologias de informação e comunicação (TIC) contribui cada vez mais para a

inserção do conhecimento na cidadania e da cidadania no conhecimento. Alarga as

formas de participação política e estimula a comunicação entre os cidadãos.

Mas, por outro lado, o conhecimento que as TIC potenciam ainda está

reservado a uma elite relativamente pequena. Produzem maior igualdade entre os

cidadãos incluídos e maior afastamento dos cidadãos excluídos. Se a produção e

distribuição do conhecimento não se estenderem às massas excluídas da ligação às

redes e desprovidas de educação cientifica do mundo inteiro, estamos a retornar a

uma cidadania mais participativa, mas altamente exclusiva.

Pinheiro et al., (2007) defende que cada cidadão é dotado de valores,

posturas e opiniões sobre as questões que envolvam ciência e tecnologia, por este

motivo é imprescindível que eles sejam preparados não somente para entender a

ciência e manusear a tecnologia, mas também para criticar e opinar sobre o rumo

que a ciência toma, e o impacto do uso das tecnologias na sociedade.

Torna-se cada vez mais necessário que a população possa, além de ter acesso às informações sobre o desenvolvimento científico-tecnológico, tenha também condições de avaliar e participar das decisões que venham a atingir o meio onde vive. É necessário que a sociedade, em geral, comece a questionar sobre os impactos da evolução e aplicação da ciência e tecnologia sobre seu entorno e consiga perceber que, muitas vezes, certas atitudes não atendem à maioria, mas, sim, aos interesses dominantes. (PINHEIRO ET ALL, 2007, p. 30)

Pensar em uma educação científica crítica significa fazer uma abordagem

com a perspectiva de questionar os modelos e valores de desenvolvimento científico

e tecnológico em nossa sociedade. Isso significa não aceitar a tecnologia como

conhecimento superior, cujas decisões são restritas aos tecnocratas.

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Ao contrário, o que se espera é que o cidadão letrado possa participar das

decisões democráticas sobre ciência e tecnologia, que questione a ideologia

dominante do desenvolvimento tecnológico (SANTOS, 2008).

A educação científica numa perspectiva CTSA se caracteriza por um

movimento de renovação curricular para o ensino de Ciências da Natureza que

busca promover a integração entre ciência, tecnologia sociedade e ambiente.

Deste modo, os conteúdos científicos são estudados em conjunto com

questões sociais ou socioambientais, abordando, além desses conteúdos, os

aspectos históricos, políticos, econômicos e éticos relacionados. Um dos principais

objetivos deste enfoque é possibilitar que o próprio aluno se aproprie dos

conhecimentos científicos, de modo a compreender a sociedade em que vive do

ponto de vista da formação de um cidadão capaz de tomar decisões e participar

ativamente de uma sociedade democrática. (SANTOS e SCHNETZLER, 2003).

Segundo Santos (2005) A educação CTSA pretende conduzir o cidadão a

atingir o “conhecimento, a emancipação”. Propõe-se projetar a aprendizagem para o

contexto do mundo real.

De um modo geral, corresponde a modalidades educativas propícias a

abordagens formativas problemáticas, de natureza holística. Na medida em que se

interessa por aspectos éticos, culturais e políticos de cada situação, para além das

ciências naturais, os estudos sociais, a geografia, a filosofia, a religião, a história...

Prende-se com a denúncia de metas e valores que se ligam à ideologia do

positivismo iluminista, ao pragmatismo comercial e ao consumismo.

Tem como alvo a maior parte da população que, por aprendizagens formais e

não formais, necessita ser preparada para funcionar melhor na sociedade, para lidar

melhor com questões acerca da ciência e tecnologia que afetam as suas vidas.

Santos (2005, p. 40) ainda ressalta que:

A educação CTSA, apontando para uma diversidade de perspectivas e para uma “constelação” de conhecimentos interativos, insere-se numa “aventura” epistemológica radicada num diálogo de saberes, que está a traçar os contornos de um do “novo” ethos da ciência e de uma “nova” cidadania.

Para Ricardo (2007) O ponto de partida para uma educação CSTA é a

compreensão do movimento CTSA (Ciência, Tecnologia Sociedade e Ambiente) em

sua dimensão sociológica e os consequentes riscos da sua transposição para a

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educação formal. Isso implica, entre outras coisas, uma nova ênfase curricular e a

escolha de saberes que serão transformados em conteúdos disciplinares.

Santos e Mortimer (2002) defende que os trabalhos curriculares em CTSA

surgiram, assim, como decorrência da necessidade de formar o cidadão em ciência

e tecnologia, o que não vinha sendo alcançado adequadamente pelo ensino

convencional de ciências.

Ainda sobre as propostas curriculares da educação CSTA no Brasil, pode-se

citar a realização, em 1990, da “Conferência Internacional Ensino de Ciências para o

Século XXI: ACT – Alfabetização em Ciência e Tecnologia”, cuja temática central foi

à educação científica dos cidadãos. Pode-se considerar, também, que a atual

reforma curricular do ensino médio incorpora, em seus objetivos e fundamentos,

elementos dos currículos com ênfase em CTSA. (SANTOS E MORTIMER, 2002).

Art. 12. O currículo do Ensino Médio deve: I - garantir ações que promovam: a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes; Art. 13. As unidades escolares devem orientar a definição de toda proposição curricular, fundamentada na seleção dos conhecimentos, componentes, metodologias, tempos, espaços, arranjos alternativos e formas de avaliação, tendo presente: I - as dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura como eixo integrador entre os conhecimentos de distintas naturezas, contextualizando-os em sua dimensão histórica e em relação ao contexto social contemporâneo. (BRASIL, 2012, p. 40).

Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM)

de 2012, pode se perceber a influencia do movimento CSTA, para a elaboração das

propostas curriculares, e da importância dado ao processo de contextualizar os

conhecimentos, saberes, em consonância com a realidade social em que estão

inseridos os educandos.

No currículo tradicional, o conteúdo de ciências é ensinado de forma isolada

da tecnologia e da sociedade. Num currículo CTSA, o conteúdo da ciência é

conectado e integrado com o cotidiano do aluno, indo ao encontro de sua tendência

natural de associar a compreensão pessoal de seu ambiente social, tecnológico e

natural, passando a encontrar sentido na ciência em suas experiências diárias

(SCARPA ET AL, 2014).

Segundo Santos (2007) Pode-se considerar que aspectos curriculares

relativos a cursos com ênfases em CTSA sempre estiveram presentes

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implicitamente em recomendações curriculares de ensino de ciências, na medida em

que o propósito desse ensino sempre esteve voltado para a cidadania.

Todavia, percebe-se que recomendações mais explícitas sobre as relações

CTSA só foram incorporadas aos documentos legais nas proposições das diversas

versões dos Parâmetros Curriculares Nacionais do ensino fundamental e médio

elaborado na ultima década.

A atual reorganização curricular da educação em ciências no Ensino Básico

recomenda que o ensino das ciências deva, acima de tudo, promover o letramento

científico.

Atingir a meta do letramento científico implica que os alunos possuam uma

base substancial de conhecimentos científicos, bem como capacidades de

pensamento que lhes permitam continuar a aprender, a realizar-se no campo

pessoal e profissional e a lidar eficazmente com preocupações sociais.

Esta meta entronca diretamente numa orientação Ciência-Tecnologia-

Sociedade-Ambiente (CTSA), pois esta visa o desenvolvimento de uma cidadania

responsável, no âmbito de competências pessoais e sociais que permitam aos

cidadãos lidar com problemas de aspecto científico-tecnológico (VIEIRA E VIEIRA,

2005).

No entanto de acordo com Santos (2007) apesar de todo um estudo em cima

de propostas curriculares e de reestruturação dos PCNEM (Parâmetros Curriculares

Nacionais do Ensino Médio) o ensino de ciências, na maioria de nossas escolas,

vem sendo trabalhado de forma descontextualizada da sociedade e de forma

dogmática. Os alunos não conseguem identificar a relação entre o que estudam em

ciência e o seu cotidiano e, por isso, entendem que o estudo de ciências se resume

a memorização de nomes complexos, classificações de fenômenos e resolução de

problemas por meio de algoritmos.

Podemos considerar a educação de ciências que se faz na maioria das

escolas com memorização de termos científicos, sistemas classificatórios e

algoritmos como sendo uma educação bancária na concepção freireana.

Essa educação neutra, não problematizadora, carrega consigo valores

dominantes da tecnologia que têm submetido os interesses humanos àqueles

puramente de mercado.

Essa educação acaba sendo opressora, na medida em que reproduz um valor

de ciência como um bem em si mesmo a ser consumido e aceito sem

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questionamentos (SANTOS, 2008).

Adquirir conhecimentos científicos não leva necessariamente à compreensão de como a Ciência funciona. O que os alunos aprendem, hoje em dia, de Ciência é uma retórica de conclusões. Precisamente o que a Ciência não é. (CACHAPUZ, 2004, p. 65)

É interessante citar que na concepção dos autores citados acima, a

dogmatização dos conceitos científicos, o método tradicional de ensino, e a falta de

contextualização da ciência com a realidade dos alunos, são os principais motivos

do fracasso do ensino de ciências no âmbito escolar.

Segundo Ricardo (2007) Os jovens, em particular, interagem constantemente

com novos hábitos de consumo que são reflexos diretos da tecnologia atual.

Paradoxalmente, não recebem na escola uma formação para a ciência e a

tecnologia que vá além da informação e de relações meramente ilustrativas ou

motivacionais entre esses campos de saberes.

Para Cachapuz (2004) estas falhas do ensino de ciências contribuem para

que um número demasiado de alunos não se entusiasme pelo estudo das Ciências,

pois não encontram aí terreno fértil para desenvolver a sua curiosidade natural, não

percebem sequer para que seja que vale a pena estudar Ciências (excetuando o

objetivo utilitário de se saírem bem nos exames).

Desta forma um dos objetivos do ensino CTSA se constitui em superar a

visão negativa que se tem das Ciências da Natureza, com o intuito de instigar nos

alunos o interesse pelos assuntos científicos. Além disso, a responsabilidade social

na tomada de decisões em temas que envolvem ciência e tecnologia figura entre as

prioridades desta vertente, já que cada vez mais o cotidiano das pessoas sofre

influência de novas tecnologias. (SCARPA ET AL, 2014).

Ricardo (2007) a Educação CTSA implica uma nova ênfase curricular e se

refere a outra formação, distinta da atual. Assim sendo, haverá necessidade de uma

reorientação tanto nos saberes a ensinar como nas estratégias metodológicas

adotadas. Nesse sentido, o movimento CTSA se insere em um contexto bem mais

amplo que a escola.

Mesmo a designação Educação CTSA ainda comporta elementos que

transcendem a educação formal, isto é, aquela que se dá em uma relação didática,

em um espaço e um tempo definida pela escola.

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As razões pedagógicas, mas também de natureza utilitária, democrática,

cívica, cultural e moral apelam a racionalidades CTSA. Elas são essenciais para

ultrapassar o fosso cognitivo ciências-cidadão, para que os cidadãos possam

apreciar a ciência como elemento da cultura contemporânea e para que possam dar

sentido a problemáticas socioambientais (SANTOS, 2005).

Qualquer proposta para educar através de uma disciplina deve começar com

uma declaração explícita de sua finalidade. Para que ensinar ciências, em nosso

caso, Está é uma condição necessária para dar sentido ao processo de

aprendizagem (ACEVEDO, 2004).

Para Acevedo (2004) a ideia de relevância da ciência é a chave para facilitar

a análise e a reflexão das finalidades da ciência e os fundamentos teóricos para a

elaboração de um currículo escolar de ciências. A respeito da análise de Acevedo

sobre as finalidades da ciência podemos citar Ricardo (2007, p. 40) que afirma:

Uma educação baseada no modelo CSTA, pode levar ao aluno possui uma ou outra formação, e que está formação é influenciada diretamente pelos objetivos que se espera alcançar com a educação CSTA, e que estes objetivos são os eixos que irão definir o tipo de programa de ensino, assuntos e temas abordados, quais metodologias usar para atingir aqueles objetivos, como por exemplo o de preparar os jovens para o mundo do trabalho, ou para utilizarem a ciência e a tecnologia de modo consciente. Ou ainda, para compreenderem os aspectos sociais e humanistas envolvidos na ciência e na tecnologia.

Ao se propor uma reestruturação nas leis que regem o contexto educacional,

bem como o estabelecimento de suas diretrizes curriculares, muito se tem a

caminhar para que as propostas se efetivem. É necessário que saibamos interpretar

o que cada um dos objetivos pretende e as possíveis direções para atingi-los

(PINHEIRO ET AL, 2007).

Em termos escolares, a educação CTSA procura aproximar-se de uma

racionalidade CTSA. Insere-se numa mutação disciplinar de sentido humanista e

cultural. Inclui juízos, reflexões e ações sobre o exercício da cidadania permeando o

ensino das disciplinas.

Tende a traduzir-se em diferentes modalidades curriculares. Modalidades que

valorizam vetores tais como o diálogo de saberes, a educação para os valores, a

educação para os direitos humanos, a pedagogia de projeto, a construção da

cidadania, a aula como espaço de participação e outros (SANTOS, 2005).

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Santos (2005) defende que ao se falar em educação CSTA não podemos

esquecer que o ”movimento CTSA” centra-se na dimensão social da ciência e da

tecnologia, mas o seu foco principal são as consequências sociais da tecnociência,

enquanto força produtiva ecologicamente arrogante.

Destaca-se por uma clara projeção prática. Dá grande relevo a problemas

políticos, éticos e socioambientais e a ações de protesto radicadas numa cultura

CTSA. Tem ligações diretas à cidadania entendida no seu sentido mais clássico

ligações à participação ativa, mas também à “nova” cidadania por se apoiar na

cultura e no conhecimento. Articula-se com movimento sócio ambientalista que têm

influenciado alguns governos a não se manterem alheios à problemática CTSA.

Construir uma “ciência para as pessoas” implica fertilizar o saber científico

com outros saberes, derrubar os obstáculos epistemológicos que impedem a

construção de um novo objeto do saber e a sua necessária interação com o sujeito e

estabelecer as bases epistemológicas adequadas para pensar articulações CTSA.

(SANTOS, 2005).

Santos (2005) afirma que em suma, para além de um desafio à “ciência tal

qual se faz”, no sentido de encontrar novas formas de operar na sociedade do

conhecimento, importa desafiar a escola e a sociedade em geral a que prepare o

cidadão, através da “ciência tal qual se diz”, para processos autorreflexivos e

decisórios.

Segundo Santos (2008) uma educação com enfoque CTSA na perspectiva

freireana buscaria incorporar ao currículo discussões de valores e reflexões críticas

que possibilitem desvelar a condição humana. Não se trata de uma educação contra

o uso da tecnologia e nem uma educação para o uso, mas uma educação em que

os alunos possam refletir sobre a sua condição no mundo frente aos desafios postos

pela ciência e tecnologia.

Ao pensar em uma proposta de CTS na perspectiva humanística freireana,

busca-se uma educação que não se restrinja ao uso e não uso de aparatos

tecnológicos ou ao seu bom e mau uso. Além disso, propõe-se uma educação capaz

de pensar nas possibilidades humanas e nos seus valores, em fim em uma

educação centrada na condição existencial.

Isso significa levar em conta a situação de opressão em que vivemos, a qual

é marcada por um desenvolvimento em que valores da dominação, do poder, da

exploração estão acima das condições humanas (SANTOS, 2008).

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Inserir a abordagem de temas CTSA no ensino de ciências com uma

perspectiva crítica significa ampliar o olhar sobre o papel da ciência e da tecnologia

na sociedade e discutir em sala de aula questões econômicas, políticas, sociais,

culturais, éticas e ambientais.

Essas discussões envolvem valores e atitudes, mas precisam estar

associadas à compreensão conceitual dos temas relativos a esses aspectos sócio

científicos, pois a tomada de decisão implica a compreensão de conceitos científicos

relativos à temática em discussão (SANTOS, 2008).

Santos (2007) defende que buscar a vinculação, portanto, dos conteúdos

científicos com temas CTSA de relevância social e abrir espaço em sala de aula

para debates de questões sócios científicos são ações fundamentais no sentido do

desenvolvimento de uma educação crítica questionadora do modelo de

desenvolvimento científico e tecnológico.

O ensino-aprendizagem passará a ser entendido como a possibilidade de despertar no aluno a curiosidade, o espírito investigador, questionador e transformador da realidade. Emerge daí a necessidade de buscar elementos para a resolução de problemas que fazem parte do cotidiano do aluno, ampliando-se esse conhecimento para utilizá-lo nas soluções dos problemas coletivos de sua comunidade e sociedade. (PINHEIRO ET ALL, 2007, p. 35)

Para Linsingen (2007) A consolidação de uma educação em ciências que

contemple a abordagem CTSA no conhecimento tecno-científico, como aqui tratado,

pode ser favorecida por meio de pelo menos duas ações concatenadas: a assunção

curricular da interdisciplinaridade como necessidade para o tratamento pedagógico

dos assuntos científicos, tecnológicos, sociais e ambientais, e o tratamento

transversal da temática CTSA na abordagem disciplinar das áreas técnicas,

considerando suas relações sócio técnicas.

É importante ressaltar que as problemáticas a estudar não sejam, ou não

sejam só, assuntos do passado mas sim também com marca de

contemporaneidade, dado que a finalidade de uma educação em ciência para a

cidadania tem de prever o estudo de problemáticas recentes. Não é demais de

sublinhar este aspecto.

Tal implica um grande esforço de atualização e disponibilidade científica dos

professores para fazerem leituras inovadoras do currículo que tem de perder o

caráter prescritivo e de controle e passar a ser lido como um documento de

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referência, de índole dinâmica e, por isso mesmo, sujeito a melhoramentos e com

algum grau de flexibilidade (CACHAPUZ, 2004).

A admissão das conexões entre a ciência e a sociedade implica que o ensino não se limite aos aspectos internos à investigação científica, mas à correlação destes com aspectos políticos, econômicos e culturais

(KRASILCHIK, 2000, p. 40).

Santos (2005) cita que tais questões mostram até que ponto projetos

escolares de educação CTSA implicam uma ruptura com a tradicional “concepção de

ensino de ciência pura” e se aproximam da “concepção CTSA de ensino das

ciências”. Uma concepção que requer um ensino científico que não se feche no

interior das lógicas disciplinares e que, para além de uma legitimidade científica,

tenha preocupações com uma legitimação social, cultural e política.

As finalidades, métodos e conteúdos CTSA são muito diversificados. As

práticas revelam-se particularmente difíceis. Porém, de um modo ou de outro, a

trilogia de ideias que a sigla CTS traduz tem tido uma importância crescente e

decisiva no ensino disciplinar e muito particularmente no ensino das ciências.

(SANTOS, 2005).

3.3 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

A EJA (Educação de Jovens e Adultos) é uma modalidade de ensino que visa

atender aos jovens e adultos que não tiveram oportunidade de concluírem os seus

estudos em tempo normal, e possibilita ao educando não só uma proposta de

linguagem escrita e o conhecimento básico para o acesso a outros graus de ensino,

mas a integração social desse indivíduo, se atendo às suas necessidades e

objetivos. (JESUS, MACHADO, 2011)

Segundo, Pierro et. al. (2001) a educação de jovens e adultos é um campo

de práticas e reflexão que inevitavelmente transborda os limites da escolarização em

sentido estrito.

Primeiramente, porque abarca processos formativos diversos, onde podem

ser incluídas iniciativas visando à qualificação profissional, o desenvolvimento

comunitário, a formação política e um sem número de questões culturais pautadas

em outros espaços que não o escolar.

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Em consonância com Pierro et al., podemos citar Stecanela et al., (2013) a

EJA constitui um tempo-espaço de múltiplas aprendizagens, no qual os sujeitos do

processo, educandos e educadores, constroem conhecimento a partir do

conhecimento acumulado historicamente pela humanidade.

Os dados da Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios/Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (PNAD/IBGE) de 2010 informavam que havia

13,6 milhões de pessoas analfabetas, equivalente a 9,4% da população brasileira.

Os maiores de 25 anos que frequentou em algum período a escola, mas não tinham

o ensino fundamental completo totalizavam 40 milhões de pessoas, entre as quais

somente 3,2 milhões (7,4%) voltaram a frequentar a escola.

Ora, isso significa que, em 2010, 53,6 milhões de pessoas com mais de 25

anos não haviam conseguido concluir o ensino fundamental no Brasil – que é de

direito de todos, independentemente da idade. Desse montante, apenas 3,2 milhões,

pouco mais de 5%, estavam buscando completar a sua escolaridade (IBGE, 2010).

Considerando que a os dados de Amostragem coletados pelo IBGE, apenas

observaram a população com idade igual ou superior a 25 anos, podemos supor que

a quantidade de brasileiros que não concluiu o ensino fundamental seria superior a

amostragem, se tivesse sido coletado os dados referentes aos jovens de 15 a 24

anos, assim como seria superior o numero de jovens e adultos buscando a

conclusão do ensino fundamental.

Haddad (2007) Salienta que apesar de a educação de jovens e adultos (EJA)

no Brasil vem gradativamente sendo reconhecida como um direito para milhões de

pessoas que não tiveram oportunidade de realizar sua escolaridade desde meados

do século passado, esse direito só foi formalizado em lei, como dever de oferta

obrigatória pelo Estado brasileiro, a partir da Constituição de 1988, e reafirmado pela

Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996.

Em Conformidade a Haddad (2007) o LDB de 1996 assegura o direito ao

ensino fundamental a qualquer cidadão que tenha interesse em cursá-lo.

O acesso ao ensino fundamental é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída, e, ainda, o ministério público, acionar o “poder” público, para exigi-lo. (Caput 5 da lei de diretrizes e bases, 1996).

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No caso dos cursos de EJA, há uma grande flexibilidade quanto à

composição do tempo das diversas etapas e do conjunto de etapas necessárias à

conclusão dos cursos. Essa tradição constituiu-se a partir da ideia de que jovens e

adultos devem frequentar cursos com tempo menor do que aquele do ensino

regular. Dois fatores costumam fundamentar tal característica.

O primeiro deles é aquele que justifica o tempo menor para que o jovem e o

adulto possam recuperar o tempo perdido; portanto, devem realizar o curso de forma

mais rápida. O segundo entende que a experiência de um adulto, sua maturidade,

seu aprendizado através da vida, o faria um cidadão com conhecimentos que

deveriam apenas ser complementados pela experiência escolar. (HADDAD, 2007)

Jesus, Machado (2011) destaca que a proposta da EJA é que se trabalhem

conteúdos e metodologias adaptadas à realidade dos alunos, de forma que os

envolva na sociedade ativamente. Essa proposta inclui, além da aquisição da leitura

e escrita, a formação humana, a valorização da diversidade e a construção da

cidadania.

De acordo com Stecanela (2013), a EJA, consciente da singularidade dos

educandos que a constituem, deve privilegiar a experiência de vida dos jovens e

adultos, cujo percurso quase sempre é marcado por inteligentes estratégias

construídas a partir dos desafios que marcam a vida desses sujeitos. Torna-se

necessário buscar conciliar o que eles querem, com os conhecimentos que eles têm

que adquirir, e com a forma de como eles podem conseguir. (MOURA, 1999)

Apesar de ser bastante discutida em âmbito regional, estadual e federal,

especialmente por pesquisadores relacionados ao campo educacional, a EJA ainda

possui muitas falhas “estruturais” que pode acarretar vários empecilhos como:

distorção conceitual do objetivo primário da EJA, metodologias pouco eficazes e

alienantes, evasão escolar, etc.

Para Haddad (2007) a ausência de um sistema nacional de EJA acaba por

provocar descontinuidade dos estudos entre os alunos que frequentam as diversas

etapas ofertadas pelos diversos níveis de governo.

Isso também é provocado pelo fato de a maioria dos programas federais de

alfabetização terem sido desenvolvidas sem que fosse pensada a continuidade dos

estudos em ofertas públicas municipais ou estaduais, muitas vezes provocando o

retrocesso, e até a não fixação das habilidades desenvolvidas por esses programas.

O mesmo pode ocorrer entre as estruturas municipais e as estaduais.

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Um dilema que a EJA carrega é o de pretender dar garantias de um direito

que foi negado a estes alunos, que é a escolarização básica, mas, ao mesmo

tempo, levantar uma grande expectativa nos alunos que frequentam os cursos

quanto às mudanças que eles esperam no seu cotidiano, principalmente na sua

realidade profissional, quando isto não depende apenas da escola.

Embora haja ganhos para quem está vivenciando a experiência de voltar para

a escola depois de adulto, também há decepções, por esta escola não corresponder

a tudo o que se espera dela. Por outro lado, há, na trajetória histórica da EJA, um

desvio nos seus objetivos maiores, quando esta passa a ser uma simples

repassadora de certificados de conclusão de níveis de ensino. (BRASIL, 2002).

Outro problema vivenciado na EJA como salienta BRASIL (2002) é a

condição marginal em que se encontra a educação de Jovens e Adultos, seja no

interior da escola, rotulada como o turno da evasão, seja no interior das secretarias

de educação, pelo descompromisso que tem se evidenciado com relação a esta

modalidade de ensino.

As reclamações dos alunos revelam um sentimento de abandono e reforçam

o que já vem sendo dito por pesquisadores que analisam projetos existentes em

EJA: não se trata apenas de interesse e boa vontade de alunos e professores, mas

é necessário um projeto político-pedagógico construído conjuntamente, para dar

início à reconstrução da vida escolar do aluno.

Segundo Moura (1999) o despertar do problema teórico-metodológico da

alfabetização passa a requerer mais atenção quando se percebe que a modernidade

está a exigir níveis de letramento cada vez mais acentuados, habilidades, vários

fatores que empurram os sujeitos para a escola.

Se as escolas e classes notadamente de EJA, os conteúdos aparentemente

abstratos fossem trabalhados em relação com sua utilidade concreta, a escola

poderia ter, na adesão dos alunos à necessidade de aprendizagem deles, um

contributo fundamental para a facilitação dos processos pedagógicos (MOURA et.

al., 2008).

Percebe-se certo grau de similaridade e homogeneidade em relação às

características sociais e a motivação que fizerem estes adultos se tornarem

novamente alunos, e retornarem as salas de aula.

Os alunos da EJA, em sua maioria são trabalhadores que, precocemente

iniciaram sua experiência com o trabalho. Esses alunos vão para a escola após um

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dia intenso de trabalho e já estão cansados. É fato que, entre eles, há também

desempregados e trabalhadores temporários e informais (JESUS, MACHADO,

2011).

Segundo Stecanela (2013) a educação e o mundo do trabalho constituem

uma relação emblemática. Sabe-se que a educação contemporânea está inserida no

contexto das políticas públicas e econômicas, consoantes a ideia de habilidades e

competências para o mundo de trabalho, seja na forma de uma promoção, na

manutenção do próprio emprego ou na busca de um novo emprego.

É possível perceber que as ações educativas da EJA, são múltiplas tanto nos

planos governamentais como não governamentais; pretendem resolver demandas

especificas de trabalhadores; possuem confluências entre trabalho e educação,

sobretudo na perspectiva de empregabilidade, de inserção e reinserção no mercado

de trabalho (STECANELA, 2013).

3.3.1 Histórico da EJA no Brasil

Segundo Moura (1999), toda a historia das ideias em torno da alfabetização

de adultos no Brasil acompanha a história da educação como um todo que por sua

vez, acompanha a história dos modelos econômicos e políticos e consequentemente

a história das relações de poder, dos grupos que estão no poder.

A educação básica de adultos começou a delimitar seu lugar na história da

educação no Brasil a partir da década de 30, quando finalmente começa a se

consolidar um sistema público de educação elementar no país. Neste período, a

sociedade brasileira passava por grandes transformações, associadas ao processo

de industrialização e concentração populacional em centros urbanos (BRASIL,

1997).

Para Pierro, Joia e Ribeiro (2001) essa tendência à educação de jovens e

adultos iniciados na década de 1930 se expressou em várias ações e programas

governamentais, nos anos 1940 e 1950.

Além de iniciativas nos níveis estadual e local, merecem ser citadas, em

razão de sua amplitude nacional: a criação do Fundo Nacional de Ensino Primário

em 1942, do Serviço de Educação de Adultos e da Campanha de Educação de

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Adultos, ambos em 1947, da Campanha de Educação Rural iniciada em 1952 e da

Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo em 1958.

Ainda em 1958, no II congresso nacional de Educação de Adultos, liderando

um grupo de educadores pernambucanos, Paulo Freire apresenta o relatório

intitulado: “A Educação de Adultos e as Populações Marginas”; O problema dos

Mocambos. No citado relatório Paulo Freire defende e propõem uma educação de

adultos, que estimulasse à colaboração, a decisão, a participação e a

responsabilidade social e política.

Explicitava o respeito ao conhecimento popular, ao senso comum do

trabalhador, quando defendia a categoria do saber apreendido existencialmente,

pelo conhecimento vivo dos problemas do trabalhador e de sua comunidade, como

ponto de partida para a prática pedagógica. (MOURA, 1999).

Em janeiro de 1964, foi aprovado o Plano Nacional de Alfabetização, que

previa a disseminação por todo Brasil de programas de alfabetização orientados

pela proposta de Paulo Freire. A preparação do plano, com forte engajamento de

estudantes, sindicatos e diversos grupos estimulados pela efervescência política da

época, seria interrompida alguns meses depois pelo golpe militar. ( BRASIL, 1997)

De acordo com Brasil (1997) com o golpe militar de 1964, os programas de

alfabetização e educação popular que se haviam multiplicado no período entre 1961

e 1964 foram vistos como uma grave ameaça à ordem e seus promotores

duramente reprimidos. O governo só permitiu a realização de programas de

alfabetização de adultos assistencialistas e conservadores, até que, em 1967, ele

mesmo assumiu o controle dessa atividade lançando o MOBRAL (Movimento

Brasileiro de Alfabetização).

As orientações metodológicas e os materiais didáticos do Mobral geraram

muitos procedimentos consagrados nas experiências pedagógicas da década de 60,

mas esvaziando-os de todo sentido crítico e problematizador (BRASIL,1997).

De acordo com Stecanela et.al.(2013), na década de 50 o EJA tinha como

viés primário, as práticas de alfabetização, na década de 60 os principais programas

de educação se apoiavam no principio da democratização das oportunidades de

escolarização para adultos. A partir do golpe militar de 1964, os programas de

alfabetização de adultos passaram a ter característica assistencialista e

conservadora.

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Durante a década de 1970, o Mobral expandiu-se por todo o território

nacional, diversificando sua atuação. Das iniciativas que derivaram do Programa de

Alfabetização, a mais importante foi o PEI (Programa de Educação Integrada),que

correspondia a uma condensação do antigo curso primário. Este programa abria a

possibilidade de continuidade de estudos para os recém-alfabetizados, assim como

para os chamados analfabetos funcionais, pessoas que dominavam precariamente a

leitura e a escrita. (BRASIL, 1997).

Para Brasil (1997), A década de 1980 foi relativamente importante para a

educação de jovens e adultos, pois projetos de alfabetização se desdobraram em

turmas de pós-alfabetização, onde se avançava no trabalho com a língua escrita,

além das operações matemáticas básicas.

Também as administrações de alguns estados e municípios maiores

ganhavam autonomia com relação ao Mobral, acolhendo educadores que se

esforçaram por reorientar seus programas de educação básica de adultos.

Desacreditado nos meios políticos e educacionais, o Mobral foi extinto em

1985. Seu lugar foi ocupado pela Fundação Educar, que abriu mão de executar

diretamente os programas, passando a apoiar financeira e tecnicamente as

iniciativas de governos, entidades civis e empresas a ela conveniadas.

Stecanela et. al., (2013, p. 40) ressalta a importância da década de 80 para a

educação de jovens e adultos ao citar que:

A EJA é uma das conquistas históricas da sociedade brasileira. Sabidamente o seu reconhecimento como direito humano acontece na constituição federal de 1988, quando o estado brasileiro reconhece o direito à educação como direito público, inclusive para os jovens e adultos que não tiveram acesso à educação na idade apropriada.

No âmbito das políticas educacionais, os primeiros anos da década de 90 não

foram muito favoráveis. Historicamente, o governo federal foi a principal instância de

apoio e articulação das iniciativas de educação de jovens e adultos. Com a extinção

da “Fundação Educar”, em 1990, criou-se um enorme vazio em termos de políticas

para o setor. (BRASIL, 1997).

Apesar de ter sido reconhecido na constituição de 1988, (STECANELA et.al.,

2013), cita que no período de 1995 a 2002 os que correspondem ao período do

mandato de Fernando Henrique Cardoso foi criado a campanha alfabetização

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solidária que mais tarde sob orientação de Ruth Cardoso, se tornou um programa

não governamental, de atuação não estatal.

Somente no ano 2000 com o parecer CNE/CEB n° 11/2000 a EJA, voltou a

ser alvo das discussões no âmbito político e educacional. Em 2000 o Conselho

Nacional de Educação (CNE) e a Câmara de Educação Básica (CEB) estabeleceu

as diretrizes nacionais para a educação de Jovens e adultos. (BRASIL, 2000)

O parecer CNE/CEB nº 11/2000 que teve Carlos Roberto Jamil Cury como

relator conselheiro delimitou como atribuições da EJA:

Reparar a dívida social que os estados tem com os menos afortunados

que não tiveram a oportunidade de concluir os seus estudos ou não tiveram seu

direito de acesso a educação básica segurado.

Assegurar o acesso dos jovens e adultos no âmbito escolar,

elaborando metodologias e práticas que assegurem a permanência desta parcela da

população em sala de aulas, diminuindo a evasão escolar.

Garantir a continuidade da educação aos alunos através do uso de

material didático adequados para a EJA.

Em 14 de agosto de 2002 foi estabelecido pela portaria nº 2270 do ministério

da educação a criação do Exame Nacional de Certificação de Competências de

Jovens e Adultos (ENCCEJA) com o objetivo de se tornar um instrumento de

avaliação das habilidades e competências escolares de jovens e adultos que não

concluíram o ensino fundamental ou médio no período correto, tornando-se desta

forma também uma ferramenta para certificar o aluno em nível fundamental ou

médio.

De acordo com o artigo 1º do capítulo 1 da portaria nº 2270 deve ser

estruturado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP)

(Brasil. MEC, 2002).

O INEP seria responsável por estruturar uma avaliação direcionada a jovens e

adultos que sirva às secretarias de educação para que procedam à aferição e ao

reconhecimento de conhecimentos e habilidades dos participantes no nível de

conclusão do Ensino Fundamental e do Ensino Médio (Brasil. MEC, 2002).

Segundo Stecanela et.al. (2013) A partir de 2004 a EJA volta a ser pauta em

discussões sobre a educação brasileira, com a criação da Secretaria de Educação

Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECAD), vinculadas ao

ministério da educação.

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No SECAD são discutidos temas como: educação de Jovens e adultos,

educação ambiental, educação em direitos humanos, educação escolar indígena,

educação carcerária, diversidade étnico-racial.

O objetivo da SECAD é contribuir para a redução das desigualdades educacionais, por meio da participação de todos os cidadãos em políticas públicas que assegurem a ampliação do acesso à educação. (STECANELA et.al., 2013, p. 40).

O Programa Nacional de Integração da Educação Profissional à Educação

Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA) instituído pelo

Decreto nº 5.840, de 13 de julho de 2006 é uma política pública orientada à

unificação de ações de profissionalização (nas categorias formação inicial e

continuada de trabalhadores e educação profissional técnica de nível médio) à

educação geral (no nível fundamental e médio) desenvolvida na modalidade

consagrada a jovens e adultos. (MACHADO 2006).

O PROEJA tem como finalidade básica oferecer uma educação que ofereça

uma base geral de conhecimentos exigidas para atingir novos graus de escolaridade

em uníssono com uma educação que qualifica para exercer profissões técnicas.

Machado (2006) afirma que o PROEJA se estabelece e ganha significação

nesse contexto de mudança paradigmática e de busca de universalização da

educação básica, de ampliação das oportunidades de qualificação profissional e de

perspectivas de continuidade de estudos em nível superior a um público portador de

escolaridade interrompida, fator limitador das chances de melhor inserção na vida

social e no mundo do trabalho.

Em 2007 com a criação do Programa Nacional do Livro Didático para a

Alfabetização de Jovens e Adultos (PNLA) (Resolução nº 18, de 24 de abril de

2007), representa um momento de inflexão da política de materiais didáticos até

então implementada, ao incluir a EJA no Programa Nacional do Livro Didático

(PNLD) ( MELLO, 2015).

Em 2009 o PNLA por ação da resolução nº 51 de 16 de setembro foi

incorporado a um novo programa, o Programa Nacional do Livro Didático para a

Educação de Jovens e Adultos (PNLD-EJA), ampliando a área de atuação,

passando a distribuir livros didáticos para além das entidades parceiras do Programa

Brasil Alfabetizado, atingindo todas as escolas públicas com turmas do 1º ao 9º ano

do Ensino Fundamental da EJA, na edição de 2014, o PNLD-EJA avançou ainda

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mais ao incorporar todas as etapas da Educação Básica, desde a alfabetização,

passando pelos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental, até chegar ao Ensino

Médio. ( MELLO, 2015 )

Analisando a trajetória da educação de jovens e adultos desde a década de

30 até o momento presente, podemos perceber que o histórico da EJA no Brasil

corrobora com a análise da doutora Moura (1999), quando ela cita que a

conceitualização, caracterização e definição dos objetivos para a alfabetização de

jovens e adultos e até o campo de funcionamento e atuação pedagógica na EJA

variam de acordo com os interesses dos grupos formuladores das políticas e das

propostas e executores das práticas em determinado período e contexto históricos.

3.3.2 A educação de jovens e adultos na visão de Paulo Freire

A história pedagógica do Brasil e da América Latina foi marcada pela

presença transformadora de Paulo Freire. Não seria exagero imaginar a linha do

tempo da pedagogia latino americano dividido em dois grandes momentos: antes de

Freire e depois de Freire. (FEITOSA, 1999). A pedagogia de Paulo Freire inspirou os

principais programas de alfabetização e educação popular do início dos anos 60

(BRASIL, 1997).

A pedagogia transformadora de Paulo Freire foi também um marco para a

educação de jovens e adultos, pois através de suas análises e práticas

educacionais, buscava- se romper-se o paradigma do analfabeto oprimido vitima das

mazelas sociais e do letrado opressor.

Segundo Stecanela et.al. (2013) com Paulo Freire o Brasil vive a primeira

experiência de uma pedagogia voltada para as classes populares, onde segundo

alguns estudiosos (PALUDO, 2001; GHON, 1997) a pedagogia libertadora de Paulo

Freire emergiu das práticas vividas no Interior dos movimentos de cultura popular e

alfabetização de adultos.

Um dos primeiros incentivadores da concepção de educação popular ele

consolidou um dos paradigmas mais ricos da pedagogia contemporânea que

propunha romper com a educação feita para as elites.

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Num contexto de massificação, de exclusão, de desarticulação da escola com

a sociedade, Freire dá sua efetiva contribuição para a formação de uma sociedade

democrática ao construir um projeto educacional radicalmente democrático e

libertador (FEITOSA, 1999). Brasil (1997) salienta:

O paradigma pedagógico que se construiu nessas práticas baseava- se num novo entendimento da relação entre a problemática educacional e a problemática social. Antes apontado como causa da pobreza e da marginalização, o analfabetismo passou a ser interpretado como efeito da situação de pobreza gerada por uma estrutura social não igualitária.

Moura (1999) destaca que a história da educação e particularmente da

alfabetização de adultos no Brasil, tem nas ideias e proposições de Paulo Freire sua

“pedra angular”. É através de suas formulações que as reflexões e práticas na área

passam a dispor de um referencial próprio, contrapondo-se à concepção “ingênua”

de alfabetização e as praticas alienantes.

Paulo Freire mais que alfabetizar a massa popular, ele buscava liberta-los

das “trevas da ignorância”, pois ele entendia que somente através da alfabetização a

classe oprimida começaria a se libertar, e com isso buscar meios de modificar o

meio e a realidade em que viviam.

Moura (1999) salienta que Freire mesmo tendo a compreensão de que não

era exclusivamente pela educação e pela alfabetização que se fariam as

transformações no país, acreditava que a alfabetização e a educação em sua

amplitude , poderiam constituir-se numa ajuda para que os sujeitos tomassem

consciência do seu estado no mundo e da realidade da sociedade em que viviam ,

de forma que, conseguindo esse entendimento crítico eles pudessem buscar formas

de intervenção para o processo de transformação da realidade.

De acordo com Freire em qualquer circunstância, em uma sociedade

opressora ou em processo de libertação, a alfabetização deveria ser sempre

concebida como um ato político e como ato de conhecimento. (MOURA, 1999)

As raízes políticos pedagógicas do trabalho de Freire com a alfabetização de

adultos podem ser buscadas nas experiências vivenciadas como professor,

educador e coordenador de grupos populares em que foram se acumulando

preocupações com as várias formas de exclusão social, a que as classes populares

eram submetidas, dentre elas o acesso à educação escolarizada (MOURA, 1999).

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Brasil (1997) salienta que Paulo Freire elaborou uma proposta de

alfabetização de adultos conscientizadora, cujo princípio básico pode ser traduzido

numa frase sua que ficou célebre: “A leitura do mundo precede a leitura da palavra”.

Prescindindo da utilização de cartilhas, desenvolveu um conjunto de procedimentos

pedagógicos que ficou conhecido como método Paulo Freire (BRASIL, 1997).

Ao analisar o modelo Paulo Freire percebem-se três etapas bem definidas e

delimitadas: a primeira etapa corresponde a uma etapa de conhecimento onde

através de um dialogo aberto onde o alfabetizador discutirá questões relacionadas

com cultura, sociedade, conhecimento científico, etc. Através deste debate o

alfabetizador teria que perceber quais palavras ou expressões os alunos mais usam

para descrever sua realidade.

Paulo Freire propunha um momento inicial em que o conteúdo do diálogo educativo girava em torno do conceito antropológico de cultura. Utilizando uma série de ilustrações (cartazes ou slides), o educador deveria dirigir uma discussão na qual fosse sendo evidenciado o papel ativo dos homens como produtores de cultura e as diferentes formas de cultura: a cultura letrada e a não letrada, o trabalho, a arte, a religião, os diferentes padrões de comportamento e a sociabilidade. O objetivo era, antes mesmo de iniciar o aprendizado da escrita, levar o educando a assumir-se como sujeito de sua aprendizagem, como ser capaz e responsável. Tratava-se também de ultrapassar uma compreensão mágica da realidade e desmistificar a cultura letrada, na qual o educando estaria se iniciando, o alfabetizador deveria fazer uma pesquisa sobre a realidade existencial do grupo junto ao qual iria atuar. Concomitantemente, faria um levantamento de seu universo vocabular, ou seja, das palavras utilizadas pelo grupo para expressar essa realidade. (BRASIL, 1999)

A segunda etapa corresponde a uma etapa preparatória onde o

alfabetizador selecionaria e organizariam palavras chaves, palavras que estariam

diretamente relacionadas à realidade diária do aluno.

O alfabetizador deveria selecionar as palavras com maior densidade de sentido, que expressassem as situações existenciais mais importantes. Depois, era necessário selecionar um conjunto que contivesse os diversos padrões silábicos da língua e organizá-lo segundo o grau de complexidade desses padrões. Essas seriam as palavras geradoras, a partir das quais se realizaria tanto o estudo da escrita e leitura como o da realidade. (BRASIL, 1999, p. 35)

A terceira é ultima etapa corresponde à etapa de analise das palavras chaves

onde teria uma análise silábica, e uma análise de uma situação relacionada a uma

determinada palavra chave.

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Iniciava-se o estudo das palavras geradoras, que também eram apresentadas junto com cartazes contendo imagens referentes às situações existenciais a elas relacionadas. Com cada gravura, desencadeava-se um debate em torno do tema e só então a palavra escrita era analisada em suas partes componentes: as sílabas. Enfim, era apresentado um quadro com as famílias silábicas com as quais os alfabetizandos deveriam montar novas palavras. Com um elenco de dez a vinte palavras geradoras, acreditava-se conseguir alfabetizar um educando em três meses, ainda que num nível rudimentar. Numa etapa posterior, as palavras geradoras seriam substituídas por temas geradores, a partir dos quais os alfabetizandos aprofundariam a análise de seus problemas, preferencialmente já se engajando em atividades comunitárias ou associativas. (BRASIL, 1997, p. 27)

É perceptível no modelo de alfabetização Paulo Freire a intrínseca relação de

troca de saberes entre educador e educando, onde a proposta do modelo está

centrada na “cumplicidade” na relação de mutua confiança entre professor e aluno.

Feitosa (1997) cita que muitas vezes, o educando adulto quando chega à

escola acredita não saber nada, pois sua concepção de conhecimento está pautada

no saber escolar. Um dos primeiros trabalhos do educador é mostrar ao educando

que ele sabe muitas coisas, só que esse conhecimento está desorganizado.

À medida que o educador vai relacionando os saberes trazidos pelos

educandos com os saberes escolares, o educando vai aumentando sua autoestima,

participando mais ativamente do processo. Com isso melhora também a sua

participação na sociedade, pois assume um maior protagonismo agindo como sujeito

no processo de transformação social.

Ainda hoje, o modelo de alfabetização Paulo Freire e referência quando se

trata de alfabetização e educação de jovens e adultos, devido a seu caráter inovador

e a sua inegável contribuição no campo social e educacional, é um tema recorrente

e bastante analisado e discutido nos congressos e fóruns de educação, onde se

busca com base no método Paulo Freire elaborar e propor novas formas

metodológicas de auxiliar os educandos na sua formação acadêmica e pessoal.

3.4 O ENSINO DE BIOLOGIA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

Atualmente o ensino de biologia no ensino médio ainda é feito de forma

descritiva, com excesso de terminologia sem a vinculação com a análise do

funcionamento das estruturas. Isto contribui bastante para reforçar um ensino

teórico, enciclopédico, que estimula a passividade (KRASILCHIK, 2008).

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De acordo com Krasilchik (2008) no estágio atual do ensino brasileiro, a

configuração do currículo escolar do ensino médio deve ser objeto de intensos

debates, para que a escola possa desempenhar adequadamente seu papel na

formação de cidadãos.

Nascimento e Alvetti (2006) destacam que por trás da discussão sobre a

seleção dos conteúdos temos um debate mais amplo que nos remete à relevância

social, cultural e política do ensino de biologia que nos faz avaliar o porquê de

termos presentes determinados conhecimentos em sala de aula.

O conceito de Biologia como ciência, só aparece em 50% dos currículos

escolares do ensino médio. A relação entre Ciência, Tecnologia e Sociedade ainda

menos, indicando a falta de análise das implicações sociais do desenvolvimento

cientifico e tecnológico (KRASILCHIK, 2008).

Krasilchik (2008), também destaca que o significado da ciência e da

tecnologia na sociedade contemporânea merece a atenção especial do professor de

biologia, para que se evitem posturas de respeito temeroso alienante como uma

atitude de desconfiança que atribui aos cientista muitos dos atuais problemas.

Pensando especificamente no ensino de Biologia percebemos a estabilidade

de determinados conteúdos da Ciência clássica no currículo do ensino médio (EM).

No ensino de Biologia, por exemplo, encontramos conhecimentos de Citologia,

Fisiologia (humana e vegetal) e Genética clássica desenvolvida no século XIX, por

exemplo, predominam nas aulas.

No mundo contemporâneo esses conhecimentos, quando contextualizados

socialmente, tornam-se importantes tanto para a inserção do cidadão no mercado de

trabalho quanto para uma melhor compreensão dos fenômenos da natureza bem

como dos artefatos tecnológicos que estão à sua volta. (NASCIMENTO E ALVETTI,

2006).

Com base na análise de Nascimento e Alvetti, podemos citar Krasilchik (2008,

p. 35) quando ela afirma que:

Muitos educadores admitem que a biologia, além das funções que desempenha no currículo escolar, deve passar a ter outra, preparando os jovens para enfrentar e resolver problemas, alguns dos quais com nítidos componentes biológicos, como o aumento da produtividade agrícola, a preservação do ambiente, a violência, etc. De acordo com esta concepção, os objetivos do ensino de biologia são: aprender conceitos básicos, analisar o processo de investigação cientifica e analisar as implicações sociais da ciência e da tecnologia.

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A preocupação com o que, e como ensinar Biologia, não é uma questão que

aflige apenas os pesquisadores brasileiros, nos Estados Unidos foi criada o BSCS

(Biological Sciences Curriculum Study) com o objetivo de reformar o currículo de

ensino de ciências e biologia nas escolas norte-americanas.

Marandino, Selles, Ferreira, (2009) ressalta que o BSCS foi uma iniciativa da

comunidade de biólogos que contou com o apoio governamental e, sobretudo, da

fundação nacional de ciência norte-americana e tinha objetivo de reformar, em

moldes acadêmicos, os conteúdos e os métodos da disciplina Biologia, nas escolas

secundárias.

BSCS é um estudo de currículo, fundamentada na pesquisa sobre o que faz a

diferença na educação e, em particular, o que ajuda a definir o que é uma "alta

qualidade" educação científica poderia e deveria ser.

Como estudo de currículo, vamos definir e determinar o nosso trabalho,

considerando uma perspectiva filosófica, bem como o que a pesquisa diz sobre a

aprendizagem, ensino, e o papel do currículo (BSCS, 2015).

Marandino, Selles, Ferreira, (2009) destaca que a resposta da comunidade

escolar norte-americana a essa tentativa do BSCS de submeter à disciplina escolar

Biologia a finalidades acadêmicas evidenciam quanto às disciplinas escolares são

mediadas por fatores sociais.

Tradicionalmente, as escolas brasileiras são instituições com pequena ligação

com o resto da comunidade, logo a nova visão do ensino de biologia deverá incluir,

necessariamente, uma maior comunicação entre essas escolas e comunidade,

envolvendo os alunos na discussão de problemas que estejam vivendo e que fazem

parte de sua própria realidade (KRASILCHIK, et al., 2008).

Com base em Krasilchik et; al (2008), podemos inferir que mais que o

conteúdo puro e acadêmico, a disciplina escolar Biologia, ela necessita ser integrada

com o a realidade vivenciada pelo aluno, a relação de “cumplicidade” entre o

conteúdo acadêmico, e a realidade vivenciada pelas comunidades escolares pode

ser a chave para compreender o dinamismo da disciplina Biologia, e a criação de

novas propostas de ensino visando a alfabetização e o letramento “biológico”.

Segundo Marandino, Selles, Ferreira, (2009) tanto o conhecimento escolar de

biologia quanto o conhecimento acadêmico, são produzidos tendo em mente

finalidades próprias, e que estas finalidades serão diferentes, pois depende da

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escolha, da organização e da transformação dos conhecimentos a serem ensinados

por cada instituição de ensino.

Krasilchik (2008) defende que ao selecionar o conteúdo a ser ministrado e a

metodologia que será usada em sala de aula, varias dimensões pedagógicas devem

ser consideradas ao se trabalhar com tópicos diferentes da biologia. Como por

exemplo, o ambiental, o filosófico, cultural e histórica, médica, ética:

Ambiental: motivando o aluno a analisar o impacto da atividade

humana no meio ambiente e a buscar soluções para os problemas decorrentes.

Filosófico cultural e histórico: Levando o estudante a compreender o

papel da ciência na evolução da humanidade e sua relação com a religião, a

economia, a tecnologia, entre outras.

Médica: A prevenção e cura de doenças, e a compreensão dos

conceitos biológicos relacionados. Recentes descobertas em medicina e genética

humana são excelentes possibilidades de vincular aspectos científicos a vida do

aluno.

Ética: A presença crescente de problemas individuais e sociais e a sua

divulgação pelos meios de comunicação de massa tornam essencial que.

Tendo como base os estudos e análises de pesquisadores citados acima,

podemos concluir que atualmente o ensino de Biologia no ensino médio está longe

de ser o ideal, pois na maioria das vezes o ensino prioriza a passividade e a

memorização de conceitos de uma forma desconexa, dificultando a formação de

processos mentais, que permita que o aluno compreenda e entenda o conteúdo de

uma forma ampla, permitindo que ele faça as relações entre o “saber científico” com

a realidade na qual ele está inserido.

3.4.1 O Ensino da genética no Brasil

O interesse humano pela compreensão da variação genética é descrita

desde a cultura grega até a contemporânea. Porém, o primeiro grande marco nesta

área ocorreu em meados do século XIX com os trabalhos de Gregor Mendel, que

introduziram os princípios da herança biológica. (GUIMARÃES et.al. 2014).

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Segundo Francisco (2005) A genética, nome proposto por Willian Bateson no

início do século XX, é uma das áreas da Biologia que mais tem apresentado

mudanças nos últimos 50 anos, tanto nos aspectos conceituais como tecnológicos.

A ciência da genética, muito simplificadamente, busca entender dois tópicos

principais: herança e variação. Enquanto a herança é a causa das semelhanças

entre os indivíduos, variação é a causa das diferenças. A genética como ciência

tenta explicar o mecanismo e a base tanto para as semelhanças quanto para as

diferenças entre os indivíduos (FRANCISCO, 2005).

Griffiths et.al. (2008) define genética como a ciência que estuda a diversidade,

a replicação, mutação e tradução de informação nos genes. O estudo de temas

relacionados à genética apresentou, nestes dois últimos séculos, um crescimento

exponencial, genes e DNA passaram a fazer parte do cotidiano da sociedade, porém

muitas vezes esses conceitos são entendidos de forma errônea ou equivocados.

(TEMP et. al., 2011).

Diante dessa realidade, faz-se necessário que os cidadãos compreendam

melhor a influência que a genética exerce em suas vidas e a importância da mesma

por meio de um conhecimento básico dessa disciplina (MACHADO, 2012).

Para Sousa (2012), o estudo da genética é de grande importância na

aprendizagem escolar, em destaque a genética mendeliana que nos permite a

compreensão das leis fundamentais da hereditariedade.

Em contrapartida Marques e Ferraz (2008) defende que a genética é uma

ciência de interesse social. Com os avanços nas pesquisas em Genética e a

influência no nosso dia a dia, a escola deve adequar-se à realidade, aproximando os

estudantes dos novos conceitos.

Cabe ao ensino de genética, socializar, não apenas os conhecimentos

produzidos pela ciência da genética, como também, o percurso dessa produção.

Assim, ensino de genética pode contribuir para a alfabetização científica, evitando,

no entanto, dogmatizar seus conceitos, conforme nos alerta Griffiths (1993),

sugerindo que a genética deve ser abordada de forma questionadora, salientando

que, para que não fiquemos passivos diante de tantas discussões (FRANCISCO,

2005).

Com base nos autores acima, podemos perceber que atualmente o estudo da

genética mais que uma função acadêmica, escolar, possui uma função social,

função está relacionado à alfabetização e o letramento científico, que buscam

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transpor um conhecimento acadêmico, cientifico, para a realidade do aluno,

permitindo-os terem uma visão mais crítica acerca dos avanços da ciência, e de que

forma tal avanço influenciariam no seu cotidiano.

Arruda (2013) afirma que o aprendizado e a assimilação de conceitos

constitui elemento central da educação em Ciências. Particularmente a Genética, em

decorrência do grande número de conceitos inerentes à área é uma disciplina de

difícil compreensão por parte dos discentes.

As dificuldades dos estudantes na genética são, em particular,

recorrentemente referidas e atribuídas ao fato de ser a genética uma área

caracterizada por um vasto e complexo vocabulário.

Os estudantes, diante de palavras e conceitos, mostram muitas vezes

dificuldades em compreender e diferenciá-los (FREITAS et.al., 2011).

Segundo Kovaleski e Araújo (2013) a partir da análise dos livros didáticos,

percebe-se que é dada ênfase a conceitos puros, e isso acaba fazendo com que os

conceitos de Genética pareçam abstratos para os estudantes e, consequentemente,

eles não conseguem compreendê-los.

Para Guimarães (2013) o principal problema do ensino da genética é a falta

de compreensão do processo da meiose e sua relação com a estrutura do genoma,

a reprodução, os ciclos de vida e a variação genética, por parte dos alunos.

Pôde-se observar que os conteúdos de genética ainda não são vinculados aos conteúdos de biologia molecular e divisão celular, e que os assuntos relacionados à genética veiculados pela mídia podem estar sendo abordados de forma superficial, sem propiciar aos alunos a compreensão contextualizada e a capacidade crítica implicados em tais assuntos. (MARQUES e FERRAZ, 2008, p. 45).

Os métodos tradicionais de ensino, atualmente, podem ser considerados

pouco efetivos face aos recentes avanços do conhecimento e apontam para a

necessidade de novas estratégias de aprendizagem. (GUIMARÃES, 2013).

Com o objetivo de minimizar a dificuldade que os alunos têm de compreender

os conceitos básicos de genética através do método tradicional de ensino, se faz

necessário à elaboração de metodologias e práticas alternativas, que busque uma

maior efetividade no ensino da genética que propicie aos alunos uma visão crítica e

integradora dos avanços da genética e da biotecnologia na sociedade.

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3.5 OBJETOS DE APRENDIZAGEM

Atualmente, se tem discutido muito a respeito do que ensinar e como ensinar

Ciências. Nessas discussões são considerados aspectos múltiplos que integram a

prática docente, que vai desde a escolha do currículo às metodologias utilizadas.

Faz se necessária uma análise profunda e uma reflexão apurada, se as práticas

pedagógicas vigentes estão sendo realmente efetivas em promover uma

aprendizagem significativa.

Existem centenas de práticas pedagógicas que podem ser usadas no seu

formato original ou remodeladas atendendo as necessidades de um público

especifico. Com o crescente avanço tecnológico, atualmente é muito comum o uso

de objetos de aprendizagem (OA) como ferramentas pedagógicas.

O conceito de "objetos de aprendizagem" surgiu no final dos anos 1990, mas

sua utilização continua significativa com a expansão da educação à distância e o

avanço dos recursos tecnológicos. (CARNEIRO e SILVEIRA, 2014).

O senso comum entende que um objeto de aprendizagem usualmente

compreende um conjunto de recursos básicos, organizados de forma a ensejar uma

experiência de aprendizagem. (TAROUCO et.al., 2006).

Segundo a Secretaria de Educação à Distância do Minstério da Educação

(BRASIL, 2007) os objetos de aprendizagem têm como objetivo favorecer a

interação entre os alunos e o professor em torno da aprendizagem de um

determinado conteúdo curricular.

Para o Ministério da Educação (BRASIL, 2007) o “Objeto de Aprendizagem” é

definido como um recurso (ou ferramenta cognitiva) auto-consistente do processo

ensino aprendizagem, isto é, não depende de outros objetos para fazer sentido.

Os OAs são também definidos como uma entidade, digital ou não digital, que

pode ser usada e reutilizada ou referenciada durante um processo de suporte

tecnológico ao ensino e aprendizagem. (TAROUCO et.al., 2006).

Os objetos de aprendizagem podem ser utilizados tanto para apoiar o

processo de ensino-aprendizagem presencial ou à distância. O mais importante é

saber onde encontrar e selecionar os objetos de aprendizagem, buscando aqueles

que sejam adequados à proposta pedagógica do professor e que contribua para a

aprendizagem dos alunos com os quais se está desenvolvendo o trabalho

pedagógico. (KONRATH ET AL, 2009).

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Com a popularização dos OA no cenário educacional, se torna cada vez mais

necessário o professor compreender as características básicas e como selecionar

adequadamente um objeto de aprendizagem com o objetivo de maximizar a

aprendizagem por parte dos alunos.

As preocupações com os aspectos epistemológicos, que subjazem a construção dos Objetos de Aprendizagem, têm possibilitado identificar um percurso de pesquisa, desenvolvido com características próprias, mas em consonância com uma tendência nacional e internacional no âmbito das pesquisas sobre o ensino de Ciências. (BRASIL, 2007)

Segundo Carneiro e Silveira (2014) Dentre esses recursos, encontra-se a

proposta de materiais didáticos estruturados como "Objetos de Aprendizagem"

(OAs). Esses materiais têm os mais diversos formatos e propostas de uso, pois

ainda não há consenso sobre as características que devem possuir para serem

considerados como recursos pedagógicos que apoiem a aprendizagem.

Algumas dessas características apontam a demanda por interfaces e recursos

que estimulem os alunos a buscar novos conhecimentos e propiciar a aprendizagem

de um determinado conteúdo.

Os objetos de aprendizagem são construídos a partir de uma perspectiva

teórica e podem ser desde animações simples para apresentação, demonstração de

um determinado conhecimento até um objeto mais complexo centrado na interação

entre os alunos e professor. (KONRATH et.al., 2009).

Flôres e Tarouco (2008) sugerem que o construtor do objeto de aprendizagem

deve se preocupar com a interação que o aluno terá com um determinado objeto

para que o fim maior seja uma aprendizagem significativa, e que esse recurso venha

contribuir para facilitar o processo de aprendizagem do estudante.

Um objeto de aprendizagem pode ter só a instrução, ou combinar a instrução

e a prática. Podem, ainda, ter uma lógica e uma estrutura para gerar e/ou combinar

com outros objetos de aprendizagem, podendo ou não avaliar as interações dos

estudantes com esse objeto (FLÔRES e TAROUCO, 2008).

Segundo a análise de Filho (2007) ao se desenvolver ou selecionar objetos de

aprendizagem, deve-se considerar diversos aspectos. Um dos aspectos mais

importantes é o planejamento da aula com o OA. Não é suficiente colocar os alunos

para usar o OA, sem acompanhamento do professor.

Além disso, o professor deve ter explorado o OA anteriormente para adequar

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o seu uso com outras discussões realizadas em sala de aula. O conhecimento prévio

do OA permite que o professor antecipe questões ou dificuldades dos alunos com o

conteúdo durante a utilização do OA que os alunos utilizarão.

Os OAs são ferramentas pedagógicas versáteis, que podem contribuir

significativamente para o processo educacional se forem bem utilizados pelos

docentes, a grande diversidade de OAS disponíveis em repositórios online como, por

exemplo: INTERRED, Portal do Professor, RIVED, CESTA, Domínio Público,

LABVIRT, Banco internacional de objetos de aprendizagem, etc. Permite que o

professor utilize os mais variados objetos de aprendizagem com o objetivo de

dinamizar as suas aulas e maximizar o processo de aprendizagem contribuindo de

maneira efetiva para uma aprendizagem significativa.

3.6 PROCESSO COGNITIVO HUMANO

A teoria do código duplo (PAIVIO, 1986; CLARK e PAIVIO, 1991) admite que

há dois subsistemas cognitivos: um especializado na representação e

processamento de informações não verbais, e o outro especializado em lidar com a

linguagem, seja ela escrita ou falada.

Segundo Mayer (2005), baseado em Paivio (1986), Baddeley (1992) e

Chandeler e Sweller (1991), os seres humanos apresentam uma limitação quanto ao

total de informação que podem processar, em cada momento. Esta limitação está

relacionada, em grande parte, com o funcionamento do sistema mnemônico humano

(COSTA, 2010).

Nosso sistema mnemônico inclui três tipos de memória: memória sensorial,

memória operacional e memória de longo prazo, que trabalham em conjunto

(SANTOS e TAROUCO, 2007).

Os canais de entrada das informações visuais e faladas são respectivamente

os olhos e os ouvidos, estas informações serão encaminhadas a memória sensorial,

segundo Costa (2010) a memória sensorial apresenta a característica de ser pré-

consciente e ter um limite de retenção ultrarrápido.

Após a entrada da informação e sua passagem por esta memória, o passo

seguinte é a seleção do que poderá ser armazenado durante um tempo suficiente

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para orientar o raciocínio imediato, a resolução de problemas ou para a ação

comportamental (LENT, 2001).

Para que haja um armazenamento temporário das informações recebidas

pelos canais auditivos, e visuais, deve ocorrer a seleção a organização e o

processamento na memória operacional. A memória operacional tem uma

capacidade limitada de armazenar e manipular a informação temporariamente para a

execução de tarefas complexas, tais como a compreensão, a aprendizagem e o

raciocínio (BADDELEY, 2000).

É importante ressaltar que a memória operacional não se relaciona

exclusivamente com informações armazenadas na memória sensorial, ela utiliza

também informações armazenadas na memória de longa duração (COSTA, 2010).

A memória operacional é, portanto, uma unidade simples de memória que

envolve múltiplos subsistemas cognitivos que são responsáveis por estocar e

executar diversas funções (YUAN, et al., 2006).

Segundo Baddeley ( 2003), com bases em pesquisas nas áreas de

fisiologia, psicologia cognitiva e neurologia clínica, a memória operacional é

constituída por um componente chamado executivo central e três componentes de

apoio: a alça fonológica, o esboço viso-espacial e o buffer episódico.

O componente executivo central tem a capacidade de extrair informações

armazenadas na memória de longa duração, e coordenar as atividades dos

componentes de apoio, o componente executivo também é responsável por

selecionar qual informação vai ser processada e de que forma.

A Alça fonológica é responsável por armazenar a informação verbal até sua

análise e compreensão, o esboço viso-espacial é capaz de armazenar por certo

tempo imagens visuais e o “buffer” episódico apresenta capacidade limitada e é

capaz de conectar as informações dos sistemas subsidiários e da memória de longo

prazo em uma única representação (BADDELEY, 2000 e 2003).

Após ser analisado e selecionado pela memória operacional, o conhecimento

é integrado com o conteúdo da memória de longo prazo. Nesta etapa, os aspectos

selecionados ficam disponíveis para serem lembrados. Ao contrário da memória

operacional, a memória de longo prazo pode armazenar as informações por longos

períodos de tempo (MAYER, 2005).

Assim, verifica-se que a formação da memória é um processo lento, que

necessita de aspectos complexos e, portanto, a compreensão do funcionamento do

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61

sistema cognitivo humano deve ser mais estudada, na tentativa de melhorar a

relação entre a cognição e o ensino (COSTA, 2010).

3.6.1 Teoria da carga cognitiva

Segundo Van Merrienboer e Sweller (2005) a carga cognitiva pode ser

entendida como um conjunto de princípios que geram um ambiente de

aprendizagem eficiente e que como consequência promove um aumento na

capacidade de cognição humana.

A teoria da carga cognitiva enfatiza que a capacidade da memória

operacional é curta, e apresenta limitações, além disso, afirma que para gerar

aprendizagem as informações devem atingir a memória de longo prazo, pois, esta

subdivisão é capaz de alterar as características da memória operacional (VAN

MERRIENBOER e SWELLER, 2005). Esses autores afirmam ainda que a memória

de longo prazo utiliza esquemas, e que estes são importantes para o processo de

aprendizagem.

A utilização de esquemas como estratégia cognitiva, pode ser corroborada,

pela teoria de aprendizagem significativa, propostas por David Ausubel. Para

Ausubel (1963, p. 58), a aprendizagem significativa é o mecanismo humano, por

excelência, para adquirir e armazenar a abrangente quantidade de ideias e

informações representadas em qualquer campo de conhecimento. Podemos inferir

que a perspectiva de Ausubel sobre aprendizagem significativa está diretamente

relacionada à teoria da carga cognitiva.

Segundo Ausubel (1963) o conteúdo previamente detido pelo indivíduo

representa um forte influenciador do processo de aprendizagem. Novas informações

serão assimilados e armazenados de acordo com o conhecimento prévio do

aprendiz. A partir deste princípio surge o conceito de subsunções.

Os subsunçores são âncoras criadas a fim de manipular a estrutura cognitiva,

interligando conceitos aparentemente não relacionáveis através da abstração. Desta

forma podemos concluir que os subsunçores são “ferramentas” cognitivas capazes

de acessar a memória de longa duração, e integrar e interligar novos conceitos, a

conhecimentos já armazenados anteriormente.

Portanto o sistema cognitivo humano tem uma quantidade limitada de

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informações, que pode ser processada e armazenada durante o processo de

aprendizagem.

O excesso destas informações leva a um esforço demasiado o que gera uma

sobrecarga do sistema cognitivo. A sobrecarga cognitiva leva a uma diminuição da

informação absorvida e uma dificuldade de compreensão do que se deseja

aprender.

3.6.2 Tipos de Carga Cognitiva

O primeiro tipo é a carga cognitiva intrínseca, a qual é imposta pela

complexidade do material de ensino (SANTOS e TAROUCO, 2007). Ela provoca

uma alta demanda na memória operacional, devido a características próprias do

conteúdo, e não pode ser retirada, pois prejudica a informação a ser transmitida para

o aluno (PASS, RENKL e SWELLER, 2003).

O segundo é denominado carga cognitiva extrínseca ou supérflua. Esta carga

cognitiva que não é necessária para a aprendizagem e pode ser alterada. Trata-se

da carga imposta pelo material que sobrecarrega a memória operacional e não é

necessária para a aprendizagem (VAN MERRIENBOER e SWELLER, 2005).

O terceiro tipo de carga cognitiva é denominado de efetiva ou pertinente e é a

carga resultante em se adquirir conhecimentos. É a carga relacionada com os

processos que contribuem para a construção e automatização de esquemas (PASS,

et al., 2003).

Por exemplo, fornecer ao aluno uma série de exercícios para serem

resolvidos pode aumentar a carga cognitiva efetiva, mas é possível que facilite a

memorização e aprendizagem do conteúdo.

A distinção entre carga cognitiva intrínseca, supérflua e efetiva é apenas

teórica, pois, pesquisadores mediram a carga cognitiva total e não foram capazes de

encontrar uma técnica para diferenciar estes três tipos de carga cognitiva (PASS, et

al., 2003).

As cargas cognitivas intrínseca, supérflua e efetiva são aditivas. Por exemplo,

quando a intrínseca é baixa, os níveis de supérflua podem ser maiores (PASS, et al.,

2003; VAN MERRIENBOER e SWELLER, 2005). Já quando a carga cognitiva

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intrínseca é alta, a carga supérflua deve ser diminuída, caso contrário, a memória

operacional, que apresenta limitações, ficará sobrecarregada sem gerar

aprendizagem (VAN MERRIENBOER e SWELLER, 2005).

Portanto, a carga cognitiva total não pode exceder a memória operacional, se

isso ocorrer à aprendizagem não acontece (PASS, RENKL e SWELLER, 2003).

Tanto a carga cognitiva supérflua quanto a efetiva podem ser regulada pelo

professor (PASS, et al., 2003). Porém, enquanto a carga cognitiva supérflua interfere

negativamente na aprendizagem, a carga efetiva atua positivamente, pois, aumenta

o aprendizado (PASS, RENKL e SWELLER, 2003).

Neste sentido, uma boa maneira de diminuir a sobrecarga cognitiva seria a

redução da carga cognitiva supérflua e a consequente liberação cognitiva, a qual

poderá ser utilizada com a carga efetiva. Assim, a memória operacional fica liberada

favorecendo a aprendizagem.

A memória operacional com capacidade liberada permite ao aluno utilizar o

material recém-aprendido na aquisição de esquemas mais avançados, favorecendo

a aprendizagem sem sobrecarga (PASS, RENKL e SWELLER, 2003). É importante

considerar que estes tipos de carga e sobrecarga cognitiva estão diretamente

relacionados com o ensino de ciências.

3.6.3 Princípios da Teoria Cognitiva da Aprendizagem Multimídia

Discutiremos aqui alguns princípios da TCAM (Teoria Cognitiva da

Aprendizagem Multimídia) que devem ser priorizados na elaboração de materiais

didáticos cujo objetivo é um processo de ensino e aprendizagem significativo e

efetivo. Mayer (1999) afirma que existe uma série de condições necessárias para

que o objeto de aprendizagem seja realmente efetivo e funcional.

O primeiro princípio é o da sinalização, segundo Harp e Mayer (1998),

Mautone e Mayer, (2001), a aprendizagem é mais eficiente quando existem sinais ou

pistas que indicam, o que deve ser analisado na imagem como, por exemplo, textos

ou legendas. O ato de direcionar a atenção do aluno leva-o a focar os elementos

importantes do conteúdo, facilita a seleção e organização na memória operacional

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64

(MAYER, 2005b).

A ausência de tais sinalizações pode tornar a busca por informação

demorada, excedendo os limites da memória operacional. Estes sinais podem ser

diversos, tais como números no texto e na imagem, indicando as etapas do

processo. Pode-se usar também a cor, de tal forma que a cor da palavra no texto

corresponda a algum elemento da imagem com a mesma cor. (COSTA, 2010).

O segundo princípio refere-se à proximidade espacial ou contiguidade

espacial e diz respeito a proximidade de palavras e imagens correspondentes.De

acordo Mayer, (1989); Moreno e Mayer, (1999) uma forma de diminuir o

processamento supérfluo é inserir a informação textual próximo à imagem que ele

descreve.

Quando texto e imagem estão integrados, o leitor não precisa usar seus

recursos cognitivos para uma busca visual na página ou em páginas distantes,

facilitando o armazenamento de informações na memória operacional (MAYER,

2001, p 81).

Desta forma, Mayer (2005a). Cita que a presença de texto e imagem

integrados facilita a aprendizagem na memória operacional, sendo assim, facilita a

conexão mental e, portanto, favorece a aprendizagem.

O terceiro princípio é o da coerência, que se refere à eliminação de palavras,

imagens ou sons irrelevantes para o assunto. Quanto mais simples e objetiva for à

apresentação do conteúdo, mais livre ficará a memória operacional para processar

um número maior de conhecimentos (SANTOS e TAROUCO, 2007).

Para Mayer (2005a) a aprendizagem ocorre de maneira mais efetiva quando o

supérfluo é removido da imagem, ou seja, quando informações desnecessárias e/ou

em excesso são removidas, o ensino e aprendizagem tende a ocorrer de maneira

mais simples.

O mesmo vale para músicas e palavras (MAYER, 2001). Pois, o conteúdo

supérfluo compete com o que é relevante na memória operacional, assim, o que é

importante pode não receber a atenção desejada, e, com isso, a aprendizagem fica

prejudicada (MAYER, 2005a).

O princípio da segmentação relaciona-se com a divisão do conteúdo em

partes para facilitar o trabalho da memória operacional, segundo Mayer (2005c) a

carga cognitiva de uma informação instrucional especialmente aquelas que possuem

carga cognitiva intrínseca elevada, pode ser manipulada dividindo-se a informação

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em passos ou etapas de aprendizagem, ao invés de uma informação contínua.

Desta forma a memória operacional tem tempo de selecionar o que é importante,

efetivo para a aprendizagem.

A antecipação relaciona-se com a apresentação das partes, assim,

chamamos de antecipação a indicação de Mayer et. al. (2002), onde, o ideal é

apresentar as partes principais do conteúdo e somente depois introduzir os detalhes.

Com base nisto, uma imagem que descreve um processo, deve vir

antecedida de uma imagem que resumisse as principais etapas. Tal estratégia

favoreceria a formação de um esquema geral do processo em questão na memória

de longa duração, permitindo ao aluno, posteriormente, dar significado e entender os

detalhes deste processo. (COSTA, 2010).

A contiguidade temporal refere-se à apresentação de palavras e imagens

simultaneamente ao invés de sucessivamente (SANTOS e TAROUCO, 2007).

Quando existe relação entre o escrito (verbal) e a imagem (visual) estas

devem ser apresentadas no mesmo tempo, para facilitar a criação de um modelo

mental e o funcionamento da memória operacional (MAYER, 2001).

Para entender o princípio da modalidade é necessário relembrar que existem

dois tipos de canais, um para a parte visual e outro auditivo, sendo assim, deve-se

utilizar os dois canais, na tentativa de não sobrecarregar a memória.

Dentro deste contexto, o referido princípio afirma que ao usar somente um

dos tipos de canais da memória operacional, ela ficará sobrecarregado, o que levaria

uma redução da aprendizagem. Assim, recomenda-se o uso da fala e a projeção de

imagens para não sobrecarregar a memória operacional do aluno e favorecer a

aprendizagem.

De acordo com o princípio da redundância, quando a mesma informação

aparece duas vezes, como por exemplo uma legenda que diz exatamente a mesma

coisa que está sendo narrada em uma animação, isto sobrecarrega a memória e a

aprendizagem fica prejudicada.

A observação dos princípios aqui descritos na escolha e elaboração de

materiais didáticos é de extrema importância para não sobrecarregar a memória dos

alunos, e, assim, favorecer o processo de ensino-aprendizagem utilizando objetos de

aprendizagem, e será a base para a formulação do produto originado a partir deste

projeto de pesquisa.

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66

3 METODOLOGIA

Para a elaboração do paradidático foi feito um levantamento bibliográfico

sobre construção de “OAs”, de quais teorias educacionais poderiam está presente

no produto para torna-lo efetivo para o ensino.

Durante a construção do paradidático foi feito uma seleção de temas

pertinentes ao ensino de genética, temas que pudessem ser contextualizado com a

realidade dos alunos que frequentam a EJA semipresencial múltiplas idades

ofertado pelo CESEC.

Depois de finalizado o paradidático, foi rodado algumas copias do mesmo ,

pois ele seria submetido a uma pesquisa qualitativa para avaliar a sua efetividade

como material pedagógico.

Para a realização da pesquisa qualitativa foi elaborado um questionário

avaliativo com intuito de avaliar a efetividade do para didático que será

disponibilizado como produto do mestrado.

A pesquisa foi realizado com um grupo distinto de professores e futuros

professores de Ciências e Biologia, pois o intuito era avaliar a receptividade dos

mesmos acerca do paradidático.

3.1 SELEÇÃO DE CONTEÚDOS

Os conteúdos abordados no paradidático têm como finalidade conciliar o

conhecimento prévio do aluno com os principais conceitos de genética. Ao longo de

nove anos como professor da EJA, percebi que os alunos, despertam mais ou

menos interesse por determinados assuntos de genética, especialmente aqueles

que diretamente ou indiretamente está relacionado com a sua vivência, e com a sua

leitura de mundo.

Para a seleção dos conteúdos e construção do material paradidático

buscamos conciliar os princípios do letramento cientifico com a leitura de mundo

própria de alunos jovens e adultos em abordagens norteadas pelo enfoque CTSA.

No material paradidático trabalhamos três grandes temas que são:

Hereditariedade, Genética Clássica e Genética Moderna. Na parte de

Hereditariedade trataremos de assuntos como herança genética, transmissão da

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herança genética, tipos de reprodução, etc.

Na genética clássica apresentamos um pouco sobre os trabalhos de Mendel,

e os termos e conceitos básicos da genética mendeliana. Na genética moderna

abordamos os conceitos e as características da genética molecular como: Genes,

Cromossomos, DNA, Mutações, Cariótipos humanos para, a partir daí,

apresentarmos as algumas das mais significativas heranças gênicas: (grupos

sanguíneos – segurança tranfusional – anomalias autossômicas e ligadas ao sexo) e

anomalias cromossômicas numéricas (autossômicas e ligadas ao sexo).

3.2 ELABORAÇÃO DO PARADIDÁTICO

Para a elaboração e organização dos conteúdos do Paradidático foram

usadas como referenciais duas teorias educativas: a “Teoria Cognitiva da

Aprendizagem Multimídia” (TCAM) e a “Teoria da Carga Cognitiva” (TCC).

É importante salientar que todas as imagens do paradidático foram

elaboradas para se adequar a realidade de ensino na EJA, e que a “produção” do

paradidático se orientou nas seguintes premissas:

Eliminação da Carga Extrínseca: A Carga Extrínseca é aquela que é

irrelevante, ou seja, a sua exclusão não irá prejudicar o processo de aprendizagem

de um determinado conteúdo, pois como já dito anteriormente o nosso sistema de

memória possui uma capacidade limitada de informações que ela pode processar e

associar por vez, excluindo a carga extrínseca você diminui os recursos mentais que

seriam gastos com elas, permitindo que todos os recursos sejam usados na

assimilação e processamento das informações uteis para a aprendizagem daquele

conteúdo.

Relação da Imagem e Texto: Segundo os pressupostos do TCAM,

utilização de imagens e textos diretamente relacionados entre si facilitam o processo

de aprendizagem a tornando mais significativa, mas ao se montar uma imagem com

texto deve se tomar cuidado para não “poluir” demais a imagem com textos ou

gravuras desnecessárias, pois isso aumentaria a carga extrínseca daquele

conteúdo, fazendo com que o aluno volte sua atenção para o que não é relevante,

prejudicando a aprendizagem.

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Aproximação de imagens e textos: Quando imagens e textos estão

próximas entre si, facilita para o aluno traçar mentalmente uma relação, uma ligação

entre elas, o que facilita o aprendizado, pois o aluno consegue organizar e analisar

melhor as informações contidas no texto e na imagem.

Utilização de Box de curiosidades: É importante salientar que a

maioria dos alunos da EJA, é de adultos que buscam se reintregar novamente ao

âmbito escolar, então ao seu utilizar exemplos do cotidiano dos alunos como

curiosidade, torna o assunto mais agradável e palpável para eles, permitindo que

seu processo de aprendizagem se torne mais significativo.

Desafios: Ao longo do paradidático são apresentadas algumas

questões desafios com intuito de testar a compreensão dentro de uma estrutura do

que foi apresentado e favorecer a compreensão e fixação dos conteúdos. Sugerimos

ainda que o professor que vier a trabalhar com o material se utiliza das questões

como base para discussões dialogadas em sala de aula ou como um pré-teste para

avaliar o conhecimento prévio dos alunos.

Destaque para os termos importantes: Os principais termos que o

aluno tem que ter conhecimento para facilitar o estudo, compreensão e o

entendimento sobre genética, estão devidamente destacados de forma padronizada

(cor, negrito e caixas de texto), facilitando a busca e visualização por parte dos

alunos.

Elaboração de um Glossário: No final do paradidático, apresentamos

um glossário com os principais termos usados neste material assim como outros

termos que aparecem ao longo do material, o glossário é mais um “recurso

pedagógico” que auxilia o aluno na compreensão de certos termos.

Lista de exercícios: A lista de exercícios nada mais é, que um

questionário final com questões relacionados aos conteúdos abordados no

paradidático, a finalidade destas questões é permitir que o aluno ponha em prática

tudo o que ele estudou ao longo do material auxiliando o na compreensão dos

conceitos e termos da genética. Os exercícios auxiliam também na identificação de

possíveis dúvidas dos alunos em relação ao conteúdo de genética, o que facilitaria

para o professor saber em qual parte do assunto ele deveria dá mais atenção, ou até

mesmo elaborar uma metodologia diferenciada para sanar as dúvidas dos alunos.

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3.3 ANÁLISE DO PARADIDÁTICO

A análise aqui apresentada discorre sobre o que foi respondido por

mestrandos da área de Biologia do Programa de Pós-Graduação em Ensino de

Ciências e Matemática e por graduandos do 5º período do curso Ciências Biológicas

cursando a disciplina de Ensino de Biologia. Antes de responderem ao questionário,

tanto para mestrandos quanto para graduandos, foram apresentadas

(separadamente) as teorias utilizadas que embasaram a pesquisa, para a seleção de

conteúdos e para a elaboração formal do paradidático.

Ao todo nove mestrandos e onze graduandos (Licenciatura) da PUC Minas

responderam ao questionário de avaliação do produto (APÊNDICE A).

Quadro 1 - Perfil dos especialistas participantes da pesquisa

Sexo Número %

Masculino 11 55

Feminino 9 45

Idade Número %

De 20 a 30 12 60

De 31 a 40 5 25

Acima de 40 3 15

Tempo que leciona Número %

De 1 a 10 anos 8 40

Acima de 10 anos 1 5

Não respondeu 11 55

Já trabalhou com o tema “genética” Número %

Sim 3 15

Não 6 30

Não respondeu 11 55

Fontes: Dados da pesquisa 2016

Entre os participantes que responderam o questionário temos dois grupos

distintos aqueles que atuam ou já atuaram como professor no ensino, seja na rede

pública ou privada, e aqueles que nunca lecionaram.

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70

Através da análise dos dados pode se concluir que o fator idade e formação

acadêmica está diretamente relacionado a qual dos grupos os participantes

pertencem, ao longo da análise de dados foi percebido, que apenas um dos onze

graduandos, possui mais de trinta anos, enquanto os outros dez possuem entre 20 a

22 anos, enquanto que entre aqueles que fazem o mestrado, já possui uma

diferença maior entre as idades.

Quadro 2 - Facilidade de uso e clareza do material didático

Apresenta facilidade de uso Número %

Sim 20 100

Não 0 0

Em parte 0 0

Não respondeu 0 0

Fornece ajuda para uso Número %

Sim 16 80

Não 0 0

Em parte 0 0

Não respondeu 4 20

As instruções presentes no material são claras Número %

Sim 20 100

Não 0 0

Em parte 0 0

Não respondeu 0 0

Apresenta facilidade de manipulação Número %

Sim 20 100

Não 0 0

Em parte 0 0

Não respondeu 0 0

Os textos e imagens estão apresentados de forma

clara

Número %

Sim 20 100

Não 0 0

Em parte 0 0

Não respondeu 0 0

Fonte: Dados da pesquisa 2016

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Buscou-se através do questionário fazer uma avaliação do produto (material

paradidático) por parte dos participantes, ao analisar o material tendo como base os

princípios do letramento científico, do TCAM e do TCC. Foi observado

principalmente os aspectos relativos à sua efetividade, e se o material seria

significativo para o ensino de genética no EJA.

Quadro 3 - Adequação do conteúdo e linguagem do material.

Possui linguagem adequada Número %

Sim 20 100

Não 0 0

Em parte 0 0

Apresenta o conteúdo de forma clara e objetiva Número %

Sim 20 100

Não 0 0

Em parte 0 0

Facilita a compreensão do conteúdo Número %

Sim 20 100

Não 0 0

Em parte 0 0

Apresenta conteúdo contextualizado e coerente

com a área e o nível de ensino a que se propõe

Número %

Sim 18 90

Não 0 0

Em parte 2 10

Recorre a exemplificação e analogias Número %

Sim 18 90

Não 2 10

Em parte 0 0

Fonte: Dados de pesquisa, 2016

Durante a elaboração do material, sempre foi levado em consideração, que

como este material é para o EJA, ele deveria ser simplificado e de fácil manuseio e

com informações claras e sucintas, facilitando desta forma a compreensão do

conteúdo abordado, e que este conteúdo fosse contextualizado com linguagem clara

e objetiva que facilitasse o estudo e a compreensão dos conceitos relacionados à

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genética, e sua importância na sociedade.

Quadro 4 - Análise do material paradidático como um todo pelos professores

Apresenta grau satisfatório de interação professor/aluno e

aluno/aluno

Número %

Sim 20 100

Não 0 0

Em parte 0 0

Apresenta material desnecessário que poderia ser

retirado

Número %

Sim 4 20

Não 15 75

Em parte 1 5

Qual foi o seu grau de satisfação ao usá-lo Número %

Alto 19 95

Médio 1 5

Baixo 0 0

Conceito do material pelos professores Número %

Ruim 0 0

Médio 0 0

Bom 5 25

Ótimo 15 75

Fontes: Dados da pesquisa 2016

Ao analisar os dados mostrados no quadro 4, nota-se que o material teve

uma boa aceitação entre os professores que os analisaram e discutiram entre si

sobre o a efetividade do material e se seriam significativo como ferramenta

pedagógica para o ensino de genética para o nicho de alunos que frequentam o EJA

e necessita desta modalidade de ensino para que possam concluir os seus estudos.

O uso de material pedagógico e metodologias diferenciadas para o EJA é

uma das bases da educação proposta por Paulo Freire que tinha como princípio

geral auxiliar os educandos na sua formação acadêmica e pessoal.

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Quadro 5 - Pontos positivos, negativos e sugestões acerca do material paradidático

Pontos Positivos Pontos Negativos Sugestões

Material

simplificado

Linguagem clara

e objetiva

Imagens bem

claras e

explicativas

Presença de um

glossário

Presença de

questões desafios

e exercícios de

revisão

Ausência da fonte nas

imagens presentes no

produto

Colocar o Glossário no

rodapé

Não colocar as respostas

das questões desafios

Identificar com asteriscos as

palavras que podem ser

encontradas no glossário

Colocar no final de cada

capítulo sugestões de vídeos

e sites para estudo

complementar

Foi pedido aos professores mestrandos que indicassem pontos positivos,

negativos e sugestões acerca do produto que eles analisaram, as principais

respostas estão no quadro acima.

Vale ressaltar que as imagens não têm fontes, pois as imagens foram todas

modificadas e adaptadas para se adequar a realidade do EJA, facilitando desta

forma a compreensão do conteúdos e conceitos abordados no material didático.

Abaixo apresentamos algumas análises feitas pelos professores que

responderam ao questionário.

“É sintético, apresenta conteúdo de fácil compreensão para alunos do EJA, que necessitam de uma abordagem comprometida, no entanto, que precisam ser trabalhadas em um curto espaço de tempo” “O material apresenta uma linguagem que facilita a compreensão juntamente com as imagens. As cores nas imagens despertam curiosidade chamando atenção pelo assunto. Apresenta glossário para que o aluno recorra ao significado das palavras” “Material simplificado retrata patologias bastante comuns explicados de forma clara e com uma linguagem informal sem deixar o lado científico de lado”

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74

Abordar temas relacionados à genética na EJA pode ser significativo se

permitir que os estudantes reflitam sobre os conhecimentos adquiridos através do

estudo sobre genética advindos de metodologias diferenciadas e adaptadas, sempre

levando em consideração seu público alvo, e os conhecimentos que possuem

favorecendo desta forma a compreensão.

O ensino de genética na EJA pode contribuir na formação de estudantes,

permitindo que estes possam compreender o avanço dos estudos genéticos e os

seus benefícios para a sociedade.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A concepção de mundo de uma pessoa que regressa aos estudos na idade

adulta, muitas vezes após anos afastados da escola ou mesmo daquele adulto que

está começando agora sua trajetória escolar, é bem peculiar. (VIANA ET AL, 2006)

São pessoas que já formaram sua visão de mundo pelas experiências vividas

e que têm suas crenças e valores já constituídos. Além disso, os alunos jovens e

adultos, ao contrário das demais modalidades de ensino, são tipos humanos

diversos, com seus traços de vida, origens, idades, vivências profissionais, históricos

escolares, ritmos e estruturas de aprendizagem diferenciadas. Vivem no mundo

adulto do trabalho, têm responsabilidades sociais e familiares e formaram seus

valores éticos e morais a partir da experiência e do ambiente da realidade cultural

em que estão inseridos. (VIANA et.al., 2006)

Ao se trabalhar com o conteúdo de genética percebemos a importância que o

discurso, os conceitos e a análise dos benefícios oriundos a partir dos estudos em

genética assumiram na sociedade atual. Infelizmente o que se encontra nas escolas

é uma realidade diferenciada: onde o ensino de genética é pautada no modelo

tradicional, onde o aluno é apenas passivo na produção do seu conhecimento, onde

sua única obrigação é decorar termos e conceitos sem realmente compreendê los.

Devido ao contexto apresentado acima está dissertação foi pensada e

elaborada com o objetivo de criar um material paradidático para os alunos da EJA.

Este paradidático foi adaptado e organizado para que possa ser utilizado por

professores de forma a contribuir para que haja um aumento na compreensão e

entendimento do conteúdo de genética.

O desenvolvimento deste trabalho e a elaboração do material paradidático fez

com que compreendêssemos mais a realidade do ensino de genética na EJA

(CESEC). Por um lado temos a “genética” um dos ramos da Biologia que mais

cresceu e vem crescendo nos últimos anos, e do outro um modelo de ensino

tradicional que não consegue de forma satisfatória despertar o interesse dos alunos

acerca do assunto e muito menos eliminar a carga supérflua do mesmo, o que

dificulta a compreensão dos alunos acerca do assunto.

Para atender as necessidades dos alunos que frequentam o CESEC devemos

nos libertar do modelo tradicional de ensino, e buscar alternativas e ferramentas

pedagógicas apropriadas para lidar e aproveitar de forma positiva as diferentes

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experiências e conhecimentos trazidos pelos estudantes estimulando sua autonomia

intelectual para que desta maneira eles possam participar de forma ativa na

produção do conhecimento tornando desta maneira o processo de aprendizagem em

algo prazeroso e sólido.

Finalmente, espera-se que o material pedagógico elaborado possa ser de

utilidade para os professores que trabalham na EJA , na rede pública ou privada,

contribuindo desta forma para que o processo de ensino e aprendizagem dos alunos

seja significativo. Entretanto, é importante salientar que o material foi elaborado para

atender necessidades da EJA ensino médio do CESEC e, portanto, se for ser

utilizado em outra modalidade de ensino o mesmo deve ser adaptado de acordo

com a realidade dos alunos, pois, qualquer trabalho envolvendo a genética está

diretamente relacionado a realidade social na qual os alunos estão inseridos.

.

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77

REFERÊNCIAS

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Divulgación de las. 2004. Vol1. N º 1, p 3 a 15.

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APÊNDICE

APÊNDICE A – Questionário avaliativo do material didático

INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO

DADOS PESSOAIS:

Idade: __________________ Sexo: ________________________________

Anos de docência:__________ Nível de formação:_____________________

Disciplinas que leciona: __________________________________________

Você já trabalhou o tema “GENÉTICA BÁSICA” com seus alunos? ( ) Sim ( ) Não

EM RELAÇÃO AO MATERIAL DIDÁTICO PODE-SE AFIRMAR QUE:

1) Apresenta facilidade de uso?

( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte

2) Fornece ajuda para uso?

( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte

3) As instruções presentes no material são claras?

( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte

4) Apresenta facilidade de manipulação?

( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte

5) Os textos e imagens estão apresentados de forma clara?

( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte

6) Possui linguagem adequada?

( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte

7) Apresenta o conteúdo de forma clara e objetiva?

( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte

8) Facilita a compreensão do conteúdo?

( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte

9) Apresenta conteúdo contextualizado e coerente com a área e o nível de

ensino a que se propõe?

( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte

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10) Recorre a exemplificação e analogias?

( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte

11) Apresenta grau satisfatório de interação professor/aluno e aluno/aluno?

( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte

12) Apresenta material desnecessário que poderia ser retirado?

( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte

13) Qual foi o seu grau de satisfação ao usá-lo?

( ) Alto ( ) Médio ( ) Baixo

14) Assinale o conceito que você daria ao material:

( ) Ruim ( ) Médio ( ) Bom ( ) Ótimo

15) Relacione os aspectos positivos e negativos do material:

Positivos:

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

Negativos:

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

16) Sugira modificações que poderiam ser feitas no material a fim de torná-lo

mais adequado ao seu jeito de trabalhar.

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

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APÊNDICE B – Material paradidático de ensino de genética para a EJA

Genética para EJA

Frederico dos Santos Novaes Dr. Fernando Costa Amaral

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Produto desenvolvido e apresentado no Programa de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências.

Frederico dos Santos Novaes

Dr. Fernando Costa Amaral

Belo Horizonte, 2016

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92

Caro Professor(a), este paradidático, foi produzido com a intenção servir de

base e orientar o ensino de genética para alunos do EJA (Educação de Jovens e

Adultos), com abordagens mais contextualizadas e significativas dos princípios

básicos da herança genética com vistas a um ensino/aprendizado mais efetivo.

O diferencial desse material em relação ao conteúdo e abordagens dos livros

didáticos convencionais se deve a sua proposta de adequar os conhecimentos

acerca da herança genética as características próprias do EJA que, de uma forma

geral, reclama por práticas pedagógicas e conteúdos adaptados as singularidades

desta modalidade específica de ensino, normalmente composta por estudantes com

faixa etária bastante variada que tiveram que abandonar os estudos na infância ou

na adolescência, muitos do quais frequentam as aulas no turno da noite após um dia

de trabalho.

A didática pode ser definida como um ramo da ciência pedagógica voltada

para a formação do aluno em função de finalidades educativas e que tem como

objeto de estudo os processos de ensino e aprendizagem e as relações que se

estabelecem entre o ato de ensinar (professor) e o ato de aprender (aluno). Nesta

perspectiva a didática passa a abordar o ensino ou a arte de ensinar como um

trabalho de mediação de ações pré-definidas destinadas à aprendizagem, criando

condições e estratégias que assegurem a construção do conhecimento. A Didática

enquanto campo de estudo visa propor princípios, formas e diretrizes que são

comuns ao ensino de todas as áreas de conhecimento. Não se restringe a uma

prática de ensino, mas se propõe a compreender a relação que se estabelece entre

três elementos: professor, aluno e a matéria a ser ensinada.

Não basta ao professor reproduzir pressupostos teóricos ou programas

disciplinares pré-estabelecidos, as informações acumuladas na prática ao longo do

processo ensino-aprendizagem devem despertar a capacidade crítica capaz de

proporcionar questionamentos e reflexões sobre essas informações a fim de garantir

uma transformação na prática. Como um processo em constante transformação,

formação do educador exige esta interligação entre a teoria e a prática como forma

de desenvolvimento da capacidade crítica profissional.

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93

Para a construção deste material, utilizamos uma abordagem baseada no

enfoque CTSA “Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente”, que defende uma

aproximação entre os conteúdos trabalhados com contextos atuais, capazes de

contribuir para o letramento em ciência e tecnologia com relevância sócio ambiental.

Destacamos ainda que a apresentação formal dos conteúdos, figuras e

esquemas buscou apoio em duas importantes teorias educativas: a TCAM “Teoria

Cognitiva da Aprendizagem Multimídia”, que orienta o design dos materiais

instrucionais, e a TCC “Teoria da Carga Cognitiva” e que, defende a importância de

se adequar o nível de complexidade dos materiais instrucionais, reforçando cargas

pertinentes e eliminando cargas supérfluas, com a intenção de potencializar o

processo de ensino e aprendizagem.

Nossa expectativa é que os professores que atuam no EJA encontrem neste

material uma ferramenta pedagógica que oriente e facilite o ensino/aprendizado de

Genética, tornando-o mais dinâmico, prazeroso e significativo

Bom trabalho

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Todas as perguntas acima estão relacionadas ao estudo da hereditariedade e

do material genético. A ciência que estuda a herança biológica é conhecida como

Genética. Esse campo do conhecimento surgiu a cerca de um século e meio atrás,

mas vem se desenvolvendo de forma mais consistente nos últimos anos, com o

crescimento da Biologia Molecular e de novas tecnologias.

A genética básica estuda a estrutura e localização do material genético e os

mecanismos de mutações, recombinações e transmissão deste material para a

produção de semelhanças e diferenças nos descendentes, fornecendo subsídios

para a compreensão de compatibilidades e incompatibilidades sanguínea e a

transmissão de distúrbios ou doenças hereditárias, possibilitando aconselhamentos

genéticos.

Vale ressaltar que os grandes avanços da genética no mundo atual, tornaram

possível, mapear os genes de várias espécies (Exemplo: “Genoma Humano”),

realizar exames de paternidade com altíssimo grau de precisão, solucionar autoria

de crimes, clonar animais, produzir plantas e alimentos transgênicos, orientar

transplantes, produzir em microrganismos várias proteínas de interesse como a

insulina e o hormônio do crescimento.

Esperamos que este material seja para você uma fonte segura de consulta e

compreensão, que a leitura seja fácil, prazerosa e aprendizado seja significativo,

capaz de instigar sua “curiosidade científica” e permitir que você possa evoluir no

estudo deste e de outros conteúdos relacionados.

Bons estudos

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1- Herança Genética.................................................................................................................................... 07

2- O Nascimento da Genética..................................................................................................................... 10

3- Primeira lei de Mendel............................................................................................................................ 13

4- Genética Moderna (Bases moleculares)................................................................................................. 15

4.1- DNA, Cromossomos, Genes e Genomas............................................................................................... 15

4.2 Genes Alelos são encontrados na mesma posição em Cromossomos Homólogos............................... 16

Classificação Funcional dos Genes Alelos............................................................................................... 17

4.3 Genomas haploides ou diploides......................................................................................................... 18

4.4 Transmissões de material genético da célula mãe para as células filhas .............................................. 20

4.4.1 Mitose................................................................................................................................................. 20

4.4.2 Meiose................................................................................................................................................ 21

4.5 Determinação genética do sexo............................................................................................................. 22

4.6 A origem de novas características......................................................................................................... 24

4.6.1 Tipos de heranças gênicas................................................................................................................... 26

4.6.1.1 Heranças autossômicas.................................................................................................................... 26

Recursos para estudar e entender os diferentes tipos de herança............................................................. 27

Diferentes tipos de herança genética em humanos.................................................................................... 28

A- ALBINISMO....................................................................................................................................... 28

B – ACONDROPLASIA.............................................................................................................................. 29

C - GRUPOS SANGUÍNEOS dos Sistemas ABO E Rh como exemplo heranças autossômicas

recessivas, dominantes e codominantes....................................................................................................

30

Sistema ABO............................................................................................................................................ 30

Sistema Rh............................................................................................................................................... 32

Como determinar qual o grupo sanguíneo de cada pessoa........................................................................ 33

Transfusão sanguínea.................................................................................................................................. 34

4.6.2 - Heranças Ligadas ao Sexo................................................................................................................. 36

A-DALTONISMO...................................................................................................................................... 37

B-HEMOFILIA A......................................................................................................................................... 38

4.6.3 Herança Restrita ao Sexo.................................................................................................................... 39

Índice

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Hipertricose Auricular.................................................................................................................................. 39

3.7 Exemplos de mutações cromossômicas................................................................................................. 40

A- Síndrome de Turner........................................................................................................................... 40

B- Síndrome de Klinifelter...................................................................................................................... 41

C- Síndrome de Down............................................................................................................................ 42

5- REVENDO Conceitos fundamentais de Genética Mendeliana............................................................... 43

5.1 Probabilidade....................................................................................................................................... 46

CONFERINDO O QUE APRENDEMOS............................................................................................................ 47

GLOSSÁRIO................................................................................................................................................... 49

Resposta dos desafios................................................................................................................................. 55

Referências.................................................................................................................................................. 57

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1. Herança Genética

Um dos fenômenos mais intrigantes da natureza é o fato de cada ser vivo provir de

outro (ou de dois outros da mesma espécie), do qual (ou dos quais) herda uma série

de características de forma e funções orgânicas. Assim, cada microrganismo, planta

ou animal só produz indivíduos de sua espécie, semelhantes ou idênticos aos pais.

O que é Genética?

Genética é a ciência que estuda a herança biológica, isto é, a transmissão de

informações moleculares que determinam características morfológicas,

estruturais, metabólicas e até mesmo comportamentais, de uma para outra

geração de seres vivos da mesma espécie.

O que é Herança Genética?

Herança é o que se transmite de pais para os filhos. A herança genética é

composta por INFORMAÇÕES contidas em sequências de DNA (ácido

desoxirribonucleico) denominadas GENES. Estas informações são utilizadas

pelos descendentes para a síntese de proteínas que determinam suas

estruturas (formas) e o nosso funcionamento (metabolismo).

Onde se encontra essa herança?

A molécula de DNA de animais e vegetais está na forma de fragmentos

associados a proteínas denominados CROMOSSOMOS contidos no

NÚCLEO da célula.

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Como a herança é transmitida para os

filhos?

A herança é transmitida no processo de REPRODUÇÃO.

Existem dois tipos básicos de reprodução: a ASSEXUADA e a SEXUADA.

Diferenças entre os dois tipos de

reprodução!

REPRODUÇÃO ASSEXUADA: É aquele tipo de reprodução onde não há a

produção de células sexuais (chamadas de gametas) e nem troca de

material genético (o “conjunto genético completo” vem do seu ancestral). Os

descendentes gerados são geneticamente idênticos ao seu ancestral.

REPRODUÇÃO SEXUADA: É um tipo de reprodução que ocorre pela união de

células reprodutivas denominadas gametas que apresentam a metade do material

genético de cada um dos progenitores (macho e fêmea). Na espécie humana o

gameta masculino é denominado de espermatozoide e o gameta feminino de

óvulo

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A - Por que os filhos possuem características semelhantes à de seus pais?

Sugestão de resposta: Porque eles receberam GENES (informações

contidas nos cromossomos maternos e paternos) os quais podem

determinam o desenvolvimento nos filhos de características presente no pai

e/ou na mãe.

B - Sabendo que os filhos recebem metade da informação genética do pai

e a outra da mãe, por alguns filhos se parecem mais com um do que com

o outro?

Sugestão de resposta: As informações genéticas transmitidas pelos pais

passam por processos de “disputa ou complementação” em seus filhos. Em

alguns casos apenas uma delas se manifesta, ou outros casos elas se

somam na determinação de algumas características aparentes (exemplo:

altura, cor de pele, de olhos) e não aparentes (exemplo: grupo sanguíneo).

C - As fotografias a seguir representam três pares de irmãos gêmeos. Para os

pares de gêmeos retratados indique aqueles que certamente são gêmeos

fraternos.

( ) - Idênticos ( ) - Idênticos ( ) - Idênticos

( ) - Fraternos ( ) - Fraternos ( ) - Fraternos

Com base nas fotografias das duas famílias tente

responder as questões a seguir.

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100

2. O Nascimento da Genética

Entre 1856 e 1865 Gregor Johann Mendel, um monge agostiniano

trabalhando em um mosteiro na República Tcheca, realizou uma série de

experimentos com ervilhas. Seu objetivo era o de entender como algumas das

características da planta eram transmitidas de uma geração para a outra. Parte do sucesso obtido por Mendel se deveu ao fato de que o cruzamento de

plantas deixa grande número de descendentes (as sementes dentro dos frutos, ou

seja, ervilhas dentro de favas) possibilitando estudos estatísticos. Além disto, o

pesquisador escolheu para trabalhar sete caracteres (veja a figura a seguir) cada um

deles com diferenças facilmente observáveis. Por exemplo, o caracter “FORMA DAS

SEMENTES” se apresenta como “LISAS ou RUGOSAS”.

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As ervilhas se reproduzem por

AUTOFECUNDAÇÃO dentro da

mesma flor, onde os grãos de

PÓLEN (gametas masculinos)

fecundam os ÓVULOS (gametas

femininos) dando origem às

SEMENTES, dentro de frutos

denominados de favas.

Assim para cruzar plantas de um tipo com plantas de outro, Mendel teve que

promover cruzamentos artificiais, após remover as anteras para evitar a

autopolinização. No experimento mostrado na figura a seguir, Mendel cruzou plantas

que só produziam flores brancas com outras que só produziam flores púrpuras.

Todos os descendentes apresentavam flores púrpuras.

A partir deste, e de outros experimentos, Mendel concluiu que existiam

CARACTERÍSTICAS DOMINANTES (como a cor PÚRPURA das flores), mas a

característica que não se apresentava na primeira geração reaparecia na geração

seguinte, indicando que tal característica (flores BRANCAS) só estava em recesso, e

por isso denominou-as CARACTERÍSTICAS RECESSIVAS.

EXPERIMENT

O DE

MENDEL

PARA O

CARÁTER

COR DAS

FLORES

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102

Os resultados obtidos levaram Mendel a deduzir que cada característica era

determinada por um PAR DE FATORES (Genes) que se separam para a formação

de gametas (grãos de pólen e óvulos) e se juntam pela fecundação que produz

sementes.

Mendel deduziu que a presença de pelo menos um fator dominante

determinava a característica dominante (3/4 ou 75%) e a presença de apenas

fatores recessivos determinava a característica recessiva (1/4 ou 25%)

Em março de 1865, Mendel apresentou seus resultados e conclusões à

Sociedade de História Natural de sua cidade, na forma de “LEIS DE

HEREDITARIEDADE”. Seu trabalho passou despercebido por vários anos até o

início do século XX (por volta de 1901), três pesquisadores, trabalhando de forma

independente, comprovaram a validade das “Leis de Mendel” com outros

experimentos. A partir de então a genética experimentou grande desenvolvimento, e

hoje Mendel é tido como o “Pai” da Genética.

De uma forma geral podemos dizer que GENÉTICA estuda onde se

armazena informações biológicas (contidas em genes), sua transmissão

para os descendentes (genes nos cromossomos presentes nos

gametas) e expressão após a fecundação para o desenvolvimento dos

descendentes, como características observáveis ou deduzíveis.

As informações genéticas nada mais são do que “instruções” presentes

no DNA copiadas na forma de RNAm (mensageiro) e utilizadas para a

produção de proteínas, que determinam as características hereditárias

dos seres vivos.

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103

3. Primeira Lei de Mendel

A Primeira Lei de Mendel refere-se a Heranças monogênicas. Definimos

herança monogênica é qualquer característica transmitida de pai para filho, onde

apenas um par de genes carrega a informação necessária para a manifestação de

determinada característica.

Proporção genotípica: Proporção de indivíduos de uma determinada prole que

possuem o mesmo Genótipo.

Proporção fenotípica: Proporção de indivíduos de uma determinada prole que

possuem o mesmo Fenótipo.

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104

As hipóteses de Mendel para explicar o padrão de herança monogênica

deram origem ao enunciado da Primeira Lei de Mendel diz: “

Hoje sabemos que a segregação independente do par de fatores que Mendel

se refere aos genes alelos que se separam na meiose para a formação dos

gametas, que se fundem na fecundação quer forma os descendentes.

LEI DA SEGREGAÇÃO INDEPENDENTE

“Cada caráter é determinado por um par de

fatores que se segregam independentemente

para a formação dos gametas.”

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4. Genética Moderna (Bases moleculares).

Varias descobertas no século XX, como a determinação da estrutura e função

do DNA e RNA assim como a síntese de proteínas, não só confirmou como também

acrescentaram novos conhecimentos a Genética Clássica proposta por Mendel, daí

nasceu a Genética Moderna ou Genética Molecular.

4.1 DNA, Cromossomos, Genes e Genomas.

O DNA ou ADN (Ácido Desoxirribonucleico) é composto por duas longas

cadeias ou sequências complementares de nucleotídeos, com quatro diferentes

bases que pareiam entre si (A-T e C-G).

O DNA do núcleo de células humanas se apresenta fragmentado na forma de

CROMOSSOMOS onde se encontram os GENES (trechos de informações genéticas

capazes de originar a sequências proteicas completas). Nós possuímos dois

conjuntos de cromossomos e, portanto, dois conjuntos de genes que denominamos

GENOMAS (um de origem paterna e o outro de origem materna).

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106

4.2 Genes Alelos são encontrados na mesma posição

em Cromossomos Homólogos

A espécie humana possui 23 pares de cromossomos. Cada par corresponde

a um cromossomo vindo do pai e outro da mãe, denominados de Cromossomos

Homólogos. Cada par de cromossomos homólogos possui o mesmo conjunto de

genes localizados nas mesmas posições, exceto o par 23 masculino (denominado

XY) que apresenta cromossomos com diferentes tamanhos e com regiões

homólogas e não homólogas.

Definimos Genes Alelos como aqueles que ocupam a mesma posição em

cromossomos homólogos, e apresentam informações semelhantes para a produção

de uma mesma proteína, envolvida na determinação de uma mesma característica.

Sabendo que o Zigoto é a célula resultante da fecundação do óvulo pelo

espermatozoide os Genes Alelos (um paterno e o outro materno).

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107

CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DOS GENES ALELOS:

A - GENES ALELOS DOMINANTES são aqueles que dão origem a uma proteína

funcional, e essa proteína determina uma característica, estando em dose dupla

(os dois alelos dominantes) homozigoto dominante, e mesmo quando em dose

simples, como é o caso dos heterozigotos (um alelo dominante e o outro alelo

recessivo).

Os genes dominantes são normalmente representados por letras maiúsculas como

“A” ou “R”. Assim o par de alelos “AA” ou “Aa” determinam o aparecimento da

mesma característica.

B - GENES ALELOS RECESSIVOS são aqueles que se manifestam somente em

homozigotos recessivos. Uma possível explicação para isso é que eles não

produzem proteína funcional, como a produzida pelo dominante. Assim a

característica determinada pela ausência da proteína só poderá ocorrer na

ausência do dominante, ou seja, em indivíduos “aa” ou “rr”.

C - GENES ALELOS CODOMINANTES pois ambos os genes produzem proteínas

funcionais diferentes para a mesma característica. Nesse tipo de herança o

heterozigoto apresenta as características determinadas por ambos os alelos. Em

alguns casos como no exemplo a seguir o fenótipo é intermediário e em outros

casos misto como no grupo sanguíneo AB.

Um exemplo de codominância pode ser observado na determinação da cor da

pelagem de uma determinada raça de gado leiteiro, mostrada abaixo.

DESAFIO: No cruzamento de um casal de pelagem amarronzada marque que

possíveis cores de pelagem podem ser geradas nos filhotes.

RESPOSTA: ( ) Vermelha ( ) Branca ( ) Marrom

Ver resposta página 55

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108

4.3 Genomas haploides ou diploides.

Define-se GENOMA como o conjunto de genes presentes no núcleo das

células de um indivíduo.

Algumas espécies de seres vivos são denominadas HAPLOIDES por

possuírem no núcleo das suas células apenas um genoma, ou seja, apenas um

conjunto de cromossomos. Tais espécies normalmente se reproduzem

assexuadamente produzido descendentes idênticos ao progenitor.

Organismos diploides são aqueles que possuem dois conjuntos de

cromossomos homólogos, ou seja, dois genomas, normalmente um vindo do pai e o

outro da mãe. Os gametas humanos (espermatozoide e óvulo) são HAPLOIDES,

mas ao se fundirem na fecundação dão origem a um zigoto DIPLOIDE, que se

desenvolverá em um novo indivíduo. É por esse motivo que dizemos que um

indivíduo é formado por um conjunto genômico paterno e um materno.

As células haploides são representadas por (n) e as diploides por (2n).

Com exceção dos gametas todas as células constituintes do corpo humano

(CÉLULAS SOMÁTICAS) são diploides por possuírem um conjunto genômico do pai

e outro da mãe.

Em mamíferos a HAPLOIDIZAÇÃO (redução da ploidia para a metade) ocorre por

MEIOSE para a formação de gametas e a DIPLOIDIZAÇÃO decorre da

FECUNDAÇÃO, que produz o ZIGOTO.

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109

O esquema acima representa o processo de gametogêneses (formação de

GAMETAS) masculinos e femininos que por MEIOSE tornam- se haploides. Pela

união do gameta masculino com o feminino (FECUNDAÇÃO) forma-se um ZIGOTO

diploide que por MITOSES originará o embrião e o feto na fase intrauterina, e o

desenvolvimento após o nascimento.

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110

4.4 Transmissões de material genético da célula mãe para as células filhas.

Como visto anteriormente, a informação genética está presente no DNA

nuclear ao logo dos cromossomos, os quais podem ser duplicados e separados em

células filhas através de processos de divisão celular.

4.4.1 Mitose

A Mitose é o processo de divisão no qual uma célula que se divide originando duas

“células filhas” com o mesmo conjunto de cromossomos e genes.

Existem dois tipos de divisão celular:

MITOSE ou MEIOSE

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111

4.4.2 Meiose

A Meiose é o processo de divisão onde uma célula diploide origina (após duas

divisões consecutivas) quatro “células filhas” com a metade do número de

cromossomos da célula original, ou seja, haploides.

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112

A figura a seguir ilustra a variação no número de cromossomos de diferentes

espécies e a redução da ploidia nos gametas que foram formados por meiose.

4.5 Determinação genética do sexo

Define-se:

CROMOSSOMOS AUTOSSOMOS: São os pares de cromossomos homólogos

presentes tanto nos machos quanto nas fêmeas, e normalmente carregam a

maior parte da informação genética da espécie, mas não capazes de

determinar o sexo dos indivíduos. Na espécie humana eles correspondem a 22

dos 23 pares.

CROMOSSOMOS SEXUAIS: São aqueles que determinam características

sexuais que diferenciam machos de fêmeas. No caso humano o par feminino

(denominado XX) apresenta maior homologia e semelhança estrutural que o

par masculino (denominado XY) onde o cromossomo Y é bem menor que o

alelo X e apresentam regiões homólogas e não homólogas.

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113

A figura a seguir mostra o tamanho relativo dos 22 pares de cromossomos

autossomos e o par sexual, que pode ser XX ou XY, de humanos.

A mulher normal tem um par de cromossomos sexuais do mesmo tamanho, e

com homologia completa, ou seja, com o mesmo conjunto de genes homólogos que

são separados na formação de gameta e, por isso o sexo feminino na espécie

humana é denominado de SEXO HOMOGAMÉTICO.

No entanto o homem possui o par sexual composto por cromossomos diferentes,

tanto no tamanho quanto na composição gênica (embora apresentem regiões de

homologia) e, por isso o sexo masculino na espécie humana é denominado de

SEXO HETEROGAMÉTICO.

A maioria dos animais apresenta DIMORFISMO SEXUAL, ou seja, machos e

fêmeas são facilmente identificados por características sexuais primárias (órgãos

sexuais) e mesmo por características sexuais secundárias (que se manifestam no

desenvolvimento sexual após o nascimento). Vejamos o exemplo em algumas

espécies.

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114

DESAFIO: Segundo os princípios básicos da genética, o responsável pela

determinação do sexo dos descendentes é ( ) - O Rei ( ) - Suas esposas.

Justifique sua resposta. ___________________________________________

_______________________________________________________________

4.6 A origem de novas características

Mutações no material genético durante a gametogênese podem produzir

alterações no genótipo e no fenótipo dos descendentes gerados a partir desse

gameta.

As MUTAÇÕES GÊNICAS são alterações na sequência de genes que

causarão alterações na estrutura e/ou na função de proteínas codificadas pelos

genes alterados. Tais mutações podem acarretar perda de uma função (sendo

nestes casos considerada deletéria), ganho ou aumento de função, ou mesmo

podem ser silenciosa (não se manifestando). Veja o esquema a seguir.

Existem dois tipos de mutações:

GÊNICAS e CROMOSSÔMICAS

Ver resposta página 55

O rei Henrique VIII conhecido como “Rei tirano” desejava ardentemente

um filho macho para lhe suceder no trono, mas sua primeira esposa lhe

havia dado apenas filhas. Não conformado com esta situação tentou se

divorciar de sua esposa, e como naquela época a Igreja Católica não

aceitava o divórcio, ele rompeu com o Papa, se proclamou chefe da Igreja

Anglicana e anulou seu casamento. Casou-se com Ana Bolena, a qual

mandou decapitar algum tempo depois de ela lhe ter dado uma filha. Casou-

se ainda com Jane Seymour que enfim lhe deu um filho varão, mas ela

morreu após o parto. Casou-se ainda mais duas vezes, mas nenhum outro

filho foi gerado.

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115

As MUTAÇÕES CROMOSSÔMICAS são alterações no padrão normal do

conjunto de cromossomos, seja na estrutura ou no número de cromossomos. Aqui

trataremos apenas das mutações cromossômicas numéricas, ou seja, que se

caracterizam pela presença de cromossomos um cromossomo a mais e, mais

raramente, um cromossomo a menos.

As mutações cromossômicas numéricas ocorrem devido a erros na separação

(não disjunção) de cromossomos homólogos ou de cromátides irmãs durante a

meiose produzindo gametas com um cromossomo a mais e gametas com a menos.

A figura a seguir ilustra uma não disjunção na primeira divisão da meiose.

Ressaltamos ainda que a maioria das mutações cromossômicas, mesmo

aquelas que acrescentam ou retira um único cromossomo em humanos é letal antes

do nascimento, impedindo o desenvolvimento do embrião ou provocando abortos

espontâneos.

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116

4.6.1 Tipos de heranças gênicas

As mutações gênicas podem ocorrer em cromossomos autossomos

determinando um padrão de herança que afeta igualmente homens e mulheres

(HERANÇAS AUTOSSÔMICAS) ou ocorrer nos cromossomos sexuais

determinando um padrão de herança que afeta diferentemente homens e mulheres

(HERANÇAS LIGADAS AO SEXO ou RESTRITAS AO SEXO)

4.6.1.1 Heranças autossômicas.

As heranças gênicas autossômicas podem ser recessiva, dominante ou

codominante:

Recessiva: A herança autossômica recessiva só se manifesta em homozigose

(dose dupla), ou seja, com a presença do par de genes alelos recessivos em

cromossomos homólogos autossomos.

Dominante: A herança autossômica dominante é determinada pela presença de

pelo menos um alelo dominante no genótipo do indivíduo.

Codominante: A herança autossômica codominante é a condição em que o

heterozigoto apresenta as características determinadas por ambos os alelos

(dominante e recessivo).

Exemplos heranças autossômicas recessivas:

Cor branca das flores de ervilha “Trabalhos de Mendel” (pagina 10)

Albinismo, Hemofilia e Daltonismo em humanos (serão estudadas a

seguir).

Exemplos heranças autossômicas dominantes:

Cor violeta das flores de ervilha “Trabalhos de Mendel” (pagina 10)

Acondroplasia (um tipo de nanismo) em humanos (serão estudadas a

seguir).

Exemplo herança autossômica codominante:

Grupo sanguíneo AB em humanos (estudado em alelos múltiplos do sistema

ABO).

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117

Recursos para estudar e entender os diferentes

tipos de herança.

Os HEREDOGRAMAS são recursos gráficos utilizados em genética o objetivo

de favorecer o estudo genético e a determinação de FENÓTIPOS (características

genéticas observáveis ou deduzíveis) e dos GENÓTIPOS (pares de alelos

determinantes da característica) presentes em cada indivíduo.

Abaixo são apresentados os principais símbolos usados em heredogramas. Os

símbolos representam somente o fenótipo e a relação de parentesco.

Para a Determinação do Genótipo se utilizam letras maiúsculas e minúsculas.

Normalmente é utilizada a primeira letra do caráter recessivo.

EXEMPLOS:

I - Casais normais para albinismo:

II - Casal de irmãos albinos e um irmão caçula normal que não se pode definir como

homozigoto ou heterozigoto:

AA AA Aa Aa AA Aa Aa AA

A_

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118

Diferentes tipos de herança genética em

humanos A – ALBINISMO.

O Albinismo é uma característica bastante comum em humanos e mesmo em

outros animais, como consequência da não produção melanina na pele, nos pelos e

nos olhos. Esse distúrbio se deve a uma mutação no gene que carrega a informação

para a produção da enzima produtora do pigmento. Uma vez que o gene mutado

está localizado em cromossomo autossomo, a chance de nascerem mulheres ou

homens afetados é a mesma. Veja a figura.

DESAFIO: O heredograma abaixo mostra o genótipo dos componentes de duas

famílias onde ocorreram casos de albinismo. O casal que uniu as duas famílias já

tem um filho e está esperando um novo descendente (“?”).

I - Determine o genótipo de dez dos indivíduos representados.

II – Qual a chance do novo descendente ser albino? Ver resposta página 55

Padrão heranças autossômicas recessivas: O caso do ALBINISMO.

Pais normais heterozigotos podem ter (25%) de seus filhos afetados.

A chance dos filhos ou das filhas de um casal, serem afetados é a

mesma.

Todos os filhos de pais afetados serão afetados.

Basta que um dos pais seja normal homozigoto para que todos os

filhos sejam normais

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B – ACONDROPLASIA.

A Acondroplasia é um tipo de nanismo

determinado por um gene autossômico dominante que

afeta o crescimento de ossos longos como os das

pernas, braços e dedos. Ressalta-se que não existem

indivíduos homozigotos dominantes, pois a ausência do

alelo recessivo é letal.

Assim, diferentemente do albinismo, pais

afetados podem ter filhos normais, e pais normais não

devem ter filhos afetados, a não ser por mutação

gênica específica na gametogênese.

DESAFIO: O heredograma a seguir representa uma família com quatro indivíduos

afetados por acondroplasia.

I – É possível determinar o genótipo de todos os indivíduos representados a partir

dos fenótipos? ( ) – SIM ( ) – NÃO

Se a resposta for sim, determine os genótipos de todos os indivíduos.

II – Qual é a probabilidade do casal (1 x 2) ter outro filho normal para

acondroplasia? ( ) - 1/2 ( ) -1/4 ( ) - 1/3

Ver resposta página 55

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120

C - GRUPOS SANGUÍNEOS dos Sistemas ABO E Rh como exemplo heranças

autossômicas recessivas, dominantes e codominantes.

Sistema ABO

Em 1909, um cientista austríaco

identificou e classificou quatro diferentes

tipos sanguíneos (A, B, AB e O). Ele

ainda demostrou que determinadas

transfusões de sangue entre pessoas

com tipos diferentes poderiam gerar

reações letais para o receptor,

contribuindo para orientar transfusões

mais seguras.

Hoje sabemos que anticorpos do receptor podem provocar a aglutinação das

hemácias na corrente sanguínea daquele que recebe a transfusão e essa reação

pode ser letal para o receptor.

.

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121

Analisando o esquema anterior podemos entender melhor que a

determinação do grupo sanguíneo nos indivíduos de uma população está

relacionada com os três genes alelos IA, IB e i mas cada indivíduo da população

possui em seu genoma apenas um par de alelos que podem produzir quatro tipos

sanguíneos diferentes A, B, AB e O .

O esquema da página 23 também nos ajuda a compreender as

compatibilidades e as incompatibilidades entre os grupos sanguíneos, ou seja,

capacidade ou não de produzir anticorpos e reagir a determinadas transfusões

sanguíneas.

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122

Sistema Rh

Mesmo obedecendo às compatibilidades dos grupos ABO algumas transfusões

ainda geravam reações adversas nos receptores das doações. Foi somente quatro

décadas após a descoberta do sistema ABO que se identificou outro antígeno nas

hemácias humanas, o fator Rh. Indivíduos que não apresentam o fator RH na

superfície de suas hemácias são denominados Rh- (negativo) e, por desconhecer

este antígeno, podem reagir contra um sangue Rh+ (positivo) recebido na sua

corrente sanguínea. Essa descoberta veio para tornar as transfusões sanguíneas

mais seguras.

DESAFIOS:

I - A genética do sistema Rh segue o mesmo padrão do albinismo. Para as

afirmativas abaixo marque ( V ) – Verdadeira ou ( F ) - Falsa

( ) - Pais heterozigotos Dd podem ter filhos com os dois fenótipos (Rh+ e Rh-) e com os três genótipos ( DD ou Dd ou dd)

( ) - Se um dos pais for homozigoto dominante (DD) nenhum de seus filhos deve nascer Rh-

( ) – Todos os filhos de pais homozigotos recessivo apresentam o mesmo fenótipo e o mesmo genótipo dos pais.

II - Na população brasileira de uma maneira geral a frequência de indivíduos Rh+ (93%) é bem maior que a de indivíduos Rh- (7%).

Dos indivíduos que apresentam fenótipo Rh+ a maior frequência na população

é de genótipos ( ) – Homozigotos ou ( ) - Heterozigotos III – Marque a resposta correta. É possível que uma criança Rh negativo seja

filha de pais Rh positivo, desde que os pais possuam o genótipo:

( ) Rr e Rr. ( ) RR e rr. ( ) Rr e rr. ( ) RR e Rr.

Ver resposta página 56

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Sistema Rh

Mesmo obedecendo às compatibilidades dos grupos ABO algumas transfusões

ainda geravam reações adversas nos receptores das doações. Foi somente quatro

décadas após a descoberta do sistema ABO que se identificou outro antígeno nas

hemácias humanas, o fator Rh. Indivíduos que não apresentam o fator RH na

superfície de suas hemácias são denominados Rh- (negativo) e, por desconhecer

este antígeno, podem reagir contra um sangue Rh+ (positivo) recebido na sua

corrente sanguínea. Essa descoberta veio para tornar as transfusões sanguíneas

mais seguras.

DESAFIOS:

I - A genética do sistema Rh segue o mesmo padrão do albinismo. Para as

afirmativas abaixo marque ( V ) – Verdadeira ou ( F ) - Falsa

( ) - Pais heterozigotos Dd podem ter filhos com os dois fenótipos (Rh+ e Rh-) e com os três genótipos ( DD ou Dd ou dd)

( ) - Se um dos pais for homozigoto dominante (DD) nenhum de seus filhos deve nascer Rh-

( ) – Todos os filhos de pais homozigotos recessivo apresentam o mesmo fenótipo e o mesmo genótipo dos pais.

II - Na população brasileira de uma maneira geral a frequência de indivíduos Rh+ (93%) é bem maior que a de indivíduos Rh- (7%).

Dos indivíduos que apresentam fenótipo Rh+ a maior frequência na população

é de genótipos ( ) – Homozigotos ou ( ) - Heterozigotos III – Marque a resposta correta. É possível que uma criança Rh negativo seja

filha de pais Rh positivo, desde que os pais possuam o genótipo:

( ) Rr e Rr. ( ) RR e rr. ( ) Rr e rr. ( ) RR e Rr.

Ver resposta página 56

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Como determinar qual o grupo sanguíneo de cada pessoa

Anticorpos (anti-A, anti-B e anti-Rh) produzidos em animais como os coelhos

podem ser usados para a determinação dos grupos sanguíneos do sistema ABO e

RH. Este teste é realizado com pequenas gotas de sangue e retirados do indivíduo e

depositadas na superfície de uma lâmina de vidro.A figura a seguir ilustra o processo

de determinação dos Grupos ABO, onde:

O soro anti-A é capaz de aglutinar hemácias (formar agregados) de indívíduos

do grupo A e do grupo AB.

O soro anti-B é capaz de aglutinar hemácias (formar agregados) de indívíduos

do grupo B e do grupo AB.

A não aglutinação de hemácias pelos dois soros anti-A e anti-B indica que os

indívíduos pertencem ao grupo O.

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Da mesma forma, o soro anti-Rh é capaz de aglutinar hemácias (formando

agregados celulares) somente para indívíduos Rh+. Neste caso, a não aglutinação

das hemácias indica indivíduos Rh- (veja na figura a seguir)

Transfusão sanguínea

Transfusão sanguínea é o procedimento de

transferir o sangue de uma pessoa para outra

que necessite repor parte do sangue perdido.

Ao se realizar a transfusão sanguínea, tem

que se ter conhecimento do tipo sanguíneo do

doador e do receptor, pois é a partir destes

conhecimentos que a doações são orientadas

no sentido de não causar dano ou morte ao

receptor.

Os diferentes grupos sanguíneos apresentam diferentes moléculas na

superfície das hemácias. Essas moléculas são produzidas a partir de genes

específicos. Os indivíduos que não possuem determinadas moléculas em suas

hemácias (ver página 27) não podem receber sangue que apresentem tais

moléculas, pois podem produzir anticorpos e reagir contra o sangue recebido (como

se fosse corpo estranho) e a reação de rejeição ao sangue recebido pode ser letal

para o receptor.

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126

Os esquemas a seguir orienta as doações apropriadas (seguras) nos sistema

ABO e Rh.

DESAFIO: Dentre os esquemas de doação mostrados a seguir assinale ( X ) aqueles

que são recomendados para se evitar reações adversas.

Ver resposta página 56

Quem pode doar para todos os outros e quem pode receber de qualquer um?

O Sangue do tipo AB+ é chamado de Receptor universal, pois pode receber durante uma transfusão o sangue de qualquer um dos grupos sanguíneos.

O Sangue do tipo O - é chamado de Doador universal, pois durante uma transfusão pode doar sangue para qualquer grupo sanguíneo.

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4.6.2 Heranças Ligadas ao Sexo

Os cromossomos sexuais X e Y apresentam diferenças significativas com

regiões homólogas (que permitem pareamento na meiose) e regiões não homólogas

onde não são encontrados genes alelos (ver pagina 18).

Assim, genes da região não homóloga de X não possuem alelo

correspondente em Y, e genes da região não homóloga de Y não possuem alelo

correspondente em X. Vale lembrar que dois cromossomos X apresentam todos os

seus alelos aos pares.

A HERANÇA LIGADA AO SEXO é determinada por gene presente em uma

região de X que não apresenta homologia em Y, e por isso não se manifestam na

mesma proporção nos dois sexos, o homogamético XX e o heterogamético XY (ver

pagina 18).

São exemplos de heranças Ligadas ao Sexo em humanos.

Daltonismo

Hemofilia

Distrofia Muscular Duchenne.

Padrão de herança Ligada ao Sexo:

Toda filha de pai afetado sempre recebe dele o gene a afetado.

Toda filha afetada tem pai também afetado.

Todos os filhos homens de mãe homozigota afetada serão afetados.

Tanto o pai quanto a mãe podem transmitir o alelo afetado.

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A – DALTONISMO.

Trata-se de uma herança recessiva presente no X, mas não no Y, que se

caracteriza por uma deficiência na visualização (distinção) de cores. Indivíduos que

não possuem pelo menos um gene normal (dominante) são afetados por este

caráter.

Como o Daltonismo é uma herança recessiva ligada ao X, a frequência de

homens afetados tende a ser muito maior do que a de mulheres afetadas em uma

população:

Para o homem ser afetado, basta receber um cromossomo X da mãe com o

alelo recessivo.

Para a mulher ser daltônicas é necessário que tenham recebido um alelo

recessivo no cromossomo X paterno (pai daltônico) e um alelo recessivo no

cromossomo X materno (mãe pelo menos portadora ou heterozigota)

DESAFIO: Seu pai e seu irmão mais velho são daltônicos e sua mãe é normal para esse caráter. Qual é a chance de sua irmã e você (homem), antes de fazer o teste, sejam daltônicos?

Ver resposta página 56

CURIOSIDADE Se você é capaz de enxergar os números 12 e 8, assim como a

borboleta e o coelho é por que não é afetado pelo Daltonismo.

TESTE PARA IDENTIFICAR

INDIVÍDUOS DALTÔNICOS

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B- HEMOFILIA

A Hemofilia A se caracteriza pela ausência do gene que dá origem a uma

proteína que atua na coagulação sanguínea, denominada de fator VIII.

As pessoas que não produzem o fator VIII apresentam tendência de

sangramentos acima do normal, principalmente em decorrência de feridas. Como o

gene do fator VIII está localizado exclusivamente no cromossomo X as mulheres

podem ter até duas cópias do gene, enquanto os homens podem apresentar no

máximo uma única cópia do gene.

Desta maneira, a hemofilia A é mais frequente entre os homens do que entre

as mulheres:

Para o homem ser afetado, basta receber um cromossomo X da mãe com o

alelo recessivo (gene não funcional).

Para a mulher ser hemofílica é necessário que tenham recebido um alelo

recessivo no cromossomo X paterno (pai hemofílico) e um alelo recessivo no

cromossomo X materno (mãe pelo menos portadora ou heterozigota).

DESAFIO: Em um casal em que a mulher é heterozigota para a hemofilia e o

marido é hemofílico, a probabilidade de nascimento de uma criança do sexo

feminino e hemofílica é: ( ) 1/2 ( ) 1/3 ( ) 1/4 ( ) 3/4

Ver resposta página 56

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130

4.6.3 - Herança Restrita ao Sexo

A HERANÇA RESTRITA AO SEXO é determinada por gene presente em

uma região de Y que não apresenta homologia em X, e por isso não se manifesta no

sexo homogamético (XX), sendo restrita apenas ao sexo heterogamético XY.

O caso mais comum de Herança restrita que temos na espécie humana, é a

Hipertricose auricular.

A Hipertricose auricular se caracteriza pela presença de pelos grossos e

longos nas orelhas masculinas.

PADRÃO DE HERANÇA RESTRITA AO SEXO:

Toda filha de pai afetado, não irá receber o gene afetado.

Todo filho afetado tem pai afetado.

Todos os filhos homens de pais afetados serão afetados.

Somente o pai pode transmitir o alelo afetado

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4. 7 - Heranças cromossômicas

Algumas mutações cromossômicas numéricas podem causar uma série de

alterações fenotípicas nos seres humanos, o conjunto destas alterações recebe o

nome de SINDROME.

A- SÍNDROME DE TURNER

Como podemos observar na imagem acima, a ausência de um cromossomo X

no genótipo, gera uma menina com alguns traços característicos. A síndrome de

Turner pode ser diagnosticada antes do nascimento (pré-natal), durante a infância

ou no decorrer da vida do indivíduo.

Em decorrência do não desenvolvimento ovariano, a única fonte de estrógeno

para essas pessoas são as suprarrenais; como a taxa desses hormônios é baixa, os

portadores devem submeter-se a reposição hormonal, pois receber aplicações de

estrógeno é a única forma para estimular o desenvolvimento dos caracteres sexuais

secundários e o aparecimento da menstruação.

A Síndrome de Turner é bastante rara e gera indivíduos do sexo

feminino afetados por características típicas como as descrita na

figura a seguir. O gameta sem o cromossomo sexual (com apenas 22

cromossomos autossomos) pode ser tanto de origem paterna como de

origem materna. O cariótipo é definido como 45 XO.

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B- SÍNDROME DE KLINIFELTER

O diagnóstico da Síndrome de Klinefelter, geralmente começa com um exame

físico, no qual o médico examinará a genitália do paciente, entre outros

procedimentos. Em seguida, o médico pode pedir uma análise da composição

cromossômica de uma célula do indivíduo (CARIÓTIPO), para confirmar o

diagnóstico da Síndrome. Essa análise é feita para determinar se há mesmo a

presença de um cromossomo X extra no indivíduo que, na idade reprodutiva,

apresenta alterações nos níveis de hormônios sexuais, afetando o desenvolvimento

de diversas características físicas.

A Síndrome de Klinifelter é uma herança rara e gera indivíduos do sexo

masculino afetados por características típicas como as descritas na figura a

seguir.

O gameta com um cromossomo sexual a mais (XX vindo da mãe ou XY

vindo do pai) ao fecundar um gameta normal origina indivíduos com

cariótipo 47 XXY

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C- SÍNDROME DE DOWN

A síndrome de Down é uma mutação que altera o número de cromossomos

do indivíduo causando uma série de efeitos aparentes (como os mostrados na

figura) e outros como dificuldade de coordenação motora e problemas cardíacos

congênitos. Apesar das deficiências os indivíduos afetados, quando

apropriadamente estimulados e acompanhados, podem experimentar

desenvolvimentos motor, intelectual e social significativos.

3.7 Quem é o pai ?

Em meados do século 19, um cientista estudando crianças com certo grau

de retardado mental, percebeu que muitas delas tinham características

físicas semelhantes, mas o cientista não conseguiu descobrir o que causava

tal doença, somente na segunda metade do século 20, outro cientista

estudando a síndrome conseguiu descobrir a causa. A síndrome de Down é

causada, por alteração do cariótipo pela presença de um cromossomo 21 á

mais, ou seja, três cromossomos 21 (trissomia do 21) ao invés de terem

apenas um par. Esse caráter é comum a ambos os sexos e os cariótipos

podem ser definidos como 47 XX ou 47 XY.

CURIOSIDADE A maioria das alterações numéricas no cariótipo impede o

desenvolvimento do óvulo fecundado não gerando

descendência, enquanto outras mutações como as

determinantes da Síndrome de Patau e Síndrome de

Edwards são fatais na primeira infância.

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5. REVENDO Conceitos fundamentais

de Genética Mendeliana

Para compreendermos a Genética Mendeliana é necessário que saibamos

previamente alguns conceitos e definições básicos. Estes conceitos já foram

trabalhados anteriormente, agora iremos rever estes conceitos com o intuito de

auxiliar a assimilação destes conceitos.

Gene alelo dominante é aquele que determina uma caraterística própria

(denominada de característica dominante) mesmo fazendo par com um alelo

recessivo no outro cromossomo homólogo. Esses genes são normalmente

representados por letras maiúsculas como “A” ou “R”.

Gene alelo recessivo é aquele que se manifesta somente quando

presente nos dois cromossomos homólogos, ou seja, na ausência de um alelo

dominante. Esses genes são normalmente representados por letras minúsculas

como “a” ou “r”.

EXEMPLO: A Polidactilia é uma condição em que a pessoa tem mais do que cinco

dedos nas mãos e/ou nos pés. É uma característica determinada por gene

dominante, enquanto a presença de cinco dedos nas mãos e/ou pés , é

determinado pela ausência do gene dominante e a presença do par de gene

recessivo.

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Homozigoto: Quando o par de genes alelos são iguais, se o par de gene alelos for

dominante, dizemos que que é homozigoto dominante, se o par de alelos for

recessivos, dizemos que é o homozigoto recessivo.

Heterozigotos: Quando os alelos componentes de um par são diferentes, ou seja

um gene é dominante e o outro recessivo.

Característica autossômica dominante: Característica que é determinada

por um gene dominante, que se encontra em um dos pares de cromossomos

autossomos, como por exemplo: pessoa normal, (sem albinismo) para a coloração

da pele.

Característica autossômica recessiva: Característica que é determinada

pelo par de genes recessivo, que se encontra nos pares de cromossomos

autossomos. As características autossômicas recessivas só se manifesta em

homozigose, como por exemplo: o Albinismo.

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136

Genótipo: É a carga genética de um indivíduo presente em suas células, e que é

transmitido de uma geração a outra. Não podemos ver o genótipo de um indivíduo,

mas este pode ser deduzido através de cruzamento teste ou da análise dos pais,

avós e descendentes.

Fenótipo: É a característica expressa (observável) do genótipo mais a ação do

meio ambiente. Muitas vezes a influência ambiental provoca mudanças de fenótipo.

Nem todos os fenótipos são observáveis; existem exceções, como no caso dos

grupos sanguíneos.

OBS: O meio ambiente pode causar mudanças de fenótipos, não de genótipo,

somente mutação pode modificar o genótipo.

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5.1 Probabilidade

Provavelmente todos já jogaram ou já viram

alguma pessoa atirando uma moeda ou

dados, desejando que caia para cima

determinada face da moeda (cara ou coroa)

ou um determinado número do dado (1, 2, 3,

4, 5 ou 6).

A

probabilidade também é útil em

genética

A probabilidade de nascer um homem ou uma mulher é um evento aleatório e uma

gestante tem 1/2 ou 50% de ter um homem e 1/2 ou 50% de ter uma mulher.

DESAFIO 1: Um determinado casal tem dez filhos homens e a mulher está grávida

novamente. Qual a chance da criança ser uma menina?

DESAFIO 2: Analise o heredograma a seguir indique a probabilidade do casal (6 x 7)

ter uma criança afetada.

Ver resposta página 56

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138

CONFERINDO O QUE APRENDEMOS

Os exercícios a seguir são propostos com o objetivo de verificar a efetividade

do material apresentado para a aquisição de conceitos e capacidade de

resolução de problemas em Genética para o EJA.

Se for necessário retorne ao texto ou utilize o glossário na página 49.

1) Cite e explique as diferenças entre reprodução assexuada e sexuada.

2) Explique o que significa cada um dos termos em negritos: Cromossomos,

Genes, Haploides, Diploides, Cromossomos autossomos e Cromossomos

Heterossomos ou sexuais.

3) Diferencie Mitose de Meiose, e cite a importância de cada um dos dois processos

para o ser humano.

4) Os termos: Homozigoto, Heterozigoto, Genótipo, Fenótipo, Cromossomos

homólogos, Genes alelos, Gene dominante e Gene recessivo fazem parte da

nomenclatura básica em genética. Explique o que significam.

5) O Albinismo é uma condição causada por um gene autossômico recessivo, qual

a proporção genotípica e fenotípica esperada em um cruzamento de um casal

normal heterozigoto para o Albinismo?

6) Responda todos os desafios, presentes nesta apostila.

7) Um casal em que ambos são do tipo Sanguíneo AB quer saber:

a) Quais os possíveis tipos sanguíneos que seus futuros filhos poderão ter?

b) Qual a probabilidade deles terem uma criança do sexo masculina e do tipo

sanguíneo AB?

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8) Num banco de sangue foram selecionados os seguintes doadores: grupo AB - 5;

grupo A - 8; grupo B - 3; grupo O - 12.

O primeiro pedido de doação partiu de um hospital que tinha dois pacientes nas

seguintes condições:

Paciente I: possuem ambos os tipos de aglutininas no plasma.

Paciente II: possui apenas um tipo de antígeno nas hemácias e aglutinina b no

plasma.

Quantos doadores estavam disponíveis para os pacientes I e II, respectivamente?

9) O daltonismo é uma doença que se caracteriza pela incapacidade de distinguir

entre as cores verde e vermelha. É uma doença ocasionada por um alelo de um

gene localizado no cromossomo X. Em um casal em que a mulher é heterozigota

para o daltonismo e o marido é normal, a probabilidade de nascer um menino

daltônico é:

10) Explique detalhadamente as informações que podem ser obtidas do

heredograma abaixo.

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GLOSSÁRIO

A Aglutinação: União de partículas (antígeno) em função da atividade dos anticorpos.

Alelo dominante: É aquele que determina se uma caraterística irá se manifestar

mesmo fazendo par com um alelo recessivo no outro cromossomo homólogo.

Alelo recessivo: É aquele que se manifesta somente quando presente nos dois

cromossomos homólogos, ou seja, na ausência de um alelo dominante.

Antígeno: Qualquer substância estranha (que o organismo não reconhece) presente

no organismo dos seres vivos.

Anticorpo: Substância produzida no sangue ou tecidos animais, como reação à

“entrada” de um antígeno no organismo, no geral os anticorpos são específicos e

possuem ação antagônica (contrária) ao antígeno.

Aorta: Artéria que sai do lado esquerdo do coração.

Autofecundação: Fenômeno comum entre as plantas, em que o indivíduo que

possuem os dois sexos (hermafrodita) se reproduz pela união direta de seu gameta

masculino e feminino.

Autossomos: São os cromossomos presente tanto machos e fêmeas que

“carregam” a maioria da informação genética, mas não são capazes de determinar o

sexo dos indivíduos.

Autossômica: Referente aos cromossomos autossomos(não sexuais).

B Bipartição: Ato de dividir-se em dois.

Broto: Estrutura que dará origem a certos organismos que possua uma organização

mais simples.

Brotamento: Ato de produzir Brotos

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C Cariótipo: Número total de cromossomos de uma determinada espécie.

Células somáticas: São células que possuem dois conjuntos de genoma. (um de

origem paterna e outro de origem materna), ou seja, são todas as células diploides.

Centrômero: O Centrômero é uma região do cromossomo onde, por meio de

diversas proteínas, as duas cromátides-irmãs de um cromossomo duplicado se

mantém unidas.

Codominância: É quando não existe uma relação de dominância e recessividade

entre alelos diferentes e os dois alelos se manifestam para a “produção” de uma

determinada característica.

Cromátides irmãs: Cada uma das metades de um cromossomo.

Cromossomos: Fragmentos(pedaços) de DNA, espiralizados e ligados a proteínas.

Em determinadas regiões dos cromossomos são encontrados os genes.

Cromossomos homólogos: Cromossomos que possuem o mesmo tamanho e a

mesma sequência de genes, um cromossomo homólogo sempre vem do pai e o

outro da mãe.

D DNA: Sigla do ácido desoxirribonucleico (molécula de ácido nucléico com dupla

cadeia em forma de hélice) o DNA possui importância significativa no mecanismo de

hereditariedade.

Dimorfismo sexual: Quando macho e fêmea ( de uma determinada espécie) é

facilmente identificável pelos seus órgãos sexuais e por características sexuais

secundárias.

Diploide: Quando uma célula ou organismo apresenta dois conjuntos de genoma.

(dois conjuntos de cromossomos, um de origem paterna e outro de origem materna).

Diploidização: Reestabelecer a ploidia para a original.

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142

E Embrião: Nome que se dá ao “organismo imaturo” que está se desenvolvendo nos

primeiros meses da gestação.

Enzima: Tipo específico de proteínas que participam das reações químicas do

organismo dos seres vivos.

Espermatozoide: Gameta masculino dos animais.

F

Fecundação: União do gameta masculino com o gameta feminino, com fusão dos

núcleos e formação do zigoto.

Fenótipo: É a característica expressa (observável) do genótipo mais a ação do meio

ambiente. Muitas vezes a influência ambiental provoca mudanças de fenótipo.

Feto: Estágio posterior ao de embrião, quando o organismo em formação já possui

semelhança com os indivíduos de suas espécies.

G Gametas: Células sexuais responsáveis pela reprodução sexuada.

Gametogênese: Processo biológico responsável pela produção de gametas.

Genes: trechos de informações genéticas capazes de originar a sequências

proteicas completas.

Genes alelos: Genes que ocupam a mesma posição em cromossomos homólogos,

e “carregam” informações semelhantes para a síntese de uma mesma proteína.

Gene recessivo: Gene que se manifesta somente quando presente nos dois

cromossomos homólogos, ou seja, na ausência de um alelo dominante.

Gene dominante: É aquele que determina uma caraterística própria (denominada

de característica dominante) mesmo fazendo par com um alelo recessivo no outro

cromossomo homólogo.

Genoma: Conjunto total de genes de um organismo.

Genótipo: É a carga genética de um indivíduo presente em suas células, e que é

transmitido de uma geração a outra.

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H Haploide: Quando uma célula ou organismo apresenta apenas um genoma. (um

conjunto de cromossomos).

Haploidização: Redução da ploidia a metade.

Herança genética: Informação genética que é transmitida de pais para filhos.

Herança monogênica: Qualquer característica transmitida de pais para filhos, onde

apenas um par de genes carrega a informação necessária para a manifestação de

determinada característica.

Heterossomos ou Sexuais: São os cromossomos que estão relacionados à

determinação das características sexuais que diferenciam machos de fêmeas.

Heterozigoto: Pares de alelos diferentes, para uma determinada característica.

Hidra: Pequeno animal de corpo cilíndrico, que vive preferencialmente em águas

doce.

Homozigoto: Pares de alelos iguais, para uma determinada característica.

M

Melanina : Pigmento encontrado nas células da pele e da íris, pelos , cabelos ,

responsável pela cor que apresenta estas estruturas.

Mitose: Processo de divisão celular, aonde uma célula irá se dividir dando origem a

duas novas células que possuem o mesmo número de cromossomos e genes da

célula que se dividiu originalmente.

Meiose: Processo de divisão celular, aonde uma célula irá se dividir dando origem a

quatro novas células que possuem a metade do número de cromossomos da célula

que se dividiu inicialmente.

Mutação: Modificação genética espontânea ou induzida, irreversível, que se

manifesta em um indivíduo de determinada população ou espécie podendo ou não

ser transmitido a seus descendentes.

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N Nanismo: Deficiência do crescimento.

Núcleo: Região da célula eucariota envolta por membrana onde é encontrada a

maioria do material genético.

Nucleotídeos: Molécula formada pela união de um açúcar, uma base nitrogenada e

um grupo fosfato.

O Óvulo: Gameta feminino.

P

Plano equatorial: O centro, o “meio” da célula.

Pigmento: Qualquer substância dotada de cor encontrada, nas estruturas celulares

ou histológicas de plantas e animais.

Ploidia: Número total de cromossomos presente em uma determinada espécie.

Pólen: Gameta masculino dos vegetais superiores.

Polinização: Mecanismo de transporte do grão de pólen.

Proporção fenotípica: Proporção de indivíduos de uma determinada prole que

possuem o mesmo fenótipo.

Proporção genotípica: Proporção de indivíduos de uma determinada prole que

possuem o mesmo genótipo.

Proteína: Composto orgânico formado por longas cadeias de aminoácidos. As

proteínas desempenham funções de extrema importância para a vida das células e

dos organismos.

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145

R

RNA: Sigla do ácido ribonucleico (molécula de ácido nucléico de fita simples), com

importância significativa no mecanismo de síntese proteica.

Região Homóloga: Região específica dos cromossomos x e y, que possuem

semelhança em relação ao tipo de gene e a posição que ele ocupa nos

cromossomos.

Região não Homóloga: Região específica dos cromossomos x e y, que possuem

diferenças em relação ao tipo de gene e a posição que ele ocupa nos cromossomos.

Reprodução: Processo biológico responsável pela “produção, formação” de novos

seres vivos.

S

Semente: Órgão dos vegetais superiores resultante da fecundação do gameta

masculino pelo feminino.

Sexo Homogamético: É aquele que possuem o par de cromossomos sexuais

idênticos.

Sexo Heterogamético: É aquele onde o par de cromossomos sexuais é diferente.

Síndrome: conjunto de sinais e sintomas observáveis que podem caracterizar uma

doença ou uma determinada condição.

Síntese: O mesmo que produção.

Z

Zigoto: Célula resultante da união do gameta masculino (espermatozoide) com o

gameta feminino (óvulo) em animais.

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Resposta dos desafios

Capítulo 4, desafio 1, página 17:

No cruzamento de um casal amarronzado, os filhotes podem ter a pelagem

vermelha, branca e marrom.

Capítulo 4, desafio 1, página 24:

O Rei, pois como na espécie humana o homem é o sexo heterogamético

(possui os cromossomos sexuais diferentes), o rei poderá enviar tanto o

cromossomo X quanto o Y, como a mulher é o sexo Homogamético( possui os

cromossomos sexuais idênticos) a esposa do rei poderá enviar somente o

cromossomo X. Se o Rei enviar o cromossomo X, ele se unirá com o X da esposa,

dando origem a uma criança do sexo feminino (XX) se o rei enviar o Y, ele se unirá

com o X da esposa, dando origem a uma criança do sexo masculino (XY)

Capítulo 4, desafio 1, página 28:

Da esquerda para direita , 1 geração : Aa, Aa, aa, Aa

Da esquerda para direita, 2 geração: aa, A-, Aa, Aa, aa, Aa

3 geração: aa

Capítulo 4, desafio 2, página 28:

25% ou 1/4, pois como os pais são heterozigotos para o albinismo, o “ novo

descendente” tem 25%(1/4) de ser homozigoto dominante , 50% (2/4 ) de ser

heterozigoto e 25% (1/4) para ser albino.

AA (Homozigoto dominante) Aa (Heterozigoto) aa ( Albino)

Capítulo 4, desafio 1, página 29:

Sim

da esquerda para direita, 1 geração: dd, Dd

da esquerda para direita, 2 geração: dd, Dd, Dd, dd, dd

da esquerda para direita, 3 geração: dd, Dd, dd, dd

Capítulo 4, desafio 2, página 29:

50% ou 1/2 , pois como o pai é normal e a mãe é acondroplásica, o “novo

descendente” tem 50%(1/2) de ser heterozigoto e 50% (1/2) de ser homozigoto

recessiva (Dd ( Acondroplásico) dd ( Normal para acondroplasia)

Capítulo 4, desafio 1, página 32:

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Verdadeiro, Verdadeiro, Verdadeiro

Capítulo 4, desafio 2, página 32:

Homozigotos

Capítulo 4, desafio 3, página 32:

Rr, Rr

Capítulo 4, desafio 1, página 35:

Capítulo 4, desafio 1, página 37:

50% (1/2) tanto para o Rapaz, quanto para sua irmã serem daltônicos.

Capítulo 4, desafio 1, página 38:

1/4

Capítulo 5, desafio 1, página 46:

50% ou 1/2.

Capítulo 5, desafio 2, página 46:

25% ou 1/4

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Referências

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GRIFFITHS, A.J.F, WESSLER, S.R, LEWONTIN, R.C, CARROLL, S.B, DOEBLEY.J.

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NOBELPRIZE. ORG: The official web site of the nobel prize, The Nobel prize in

Physiology or Medicine 1930- Karl Landsteiner Biographical. Disponível em : <

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SANTOS, Leila Maria Araújo; TAROUCO, Liane Margarida Rockenback. A

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SWELLER, John. Cognitive Load Theory: A Special Issue of educational

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA. Cursinho pré-universitário popular.

Biologia-Genética. Coordenação: Letícia Couto Bicalho. – Juiz de Fora (apostila).