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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática Kewla Dias Pires Brito DESAFIOS NO USO DO LEM NA FORMAÇÃO DE FUTUROS PROFESSORES Belo Horizonte 2017

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática

Kewla Dias Pires Brito

DESAFIOS NO USO DO LEM NA FORMAÇÃO DE FUTUROS PROFESSORES

Belo Horizonte

2017

Kewla Dias Pires Brito

DESAFIOS NO USO DO LEM NA FORMAÇÃO DE FUTUROS PROFESSORES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito

parcial à obtenção do título de Mestre em Ensino de Matemática. Orientadora: Professora Drª Eliane Scheid Gazire

Belo Horizonte

2017

FICHA CATALOGRÁFICA

Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Brito, Kewla Dias Pires

B862d Desafios no uso do Lem na formação de futuros professores / Kewla Dias

Pires Brito. Belo Horizonte, 2017.

183 f.: il.

Orientadora: Eliane Scheid Gazire

Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática

1. Laboratórios - Matemática. 2. Professores de matemática - Formação. 3.

Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Brasil). 4. Instituto

Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais - Salinas (MG). 5.

Material didático. I. Gazire, Eliane Scheid. II. Pontifícia Universidade Católica de

Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática.

III. Título.

CDU: 53:373

Kewla Dias Pires Brito

DESAFIOS NO USO DO LEM NA FORMAÇÃO DE FUTUROS PROFESSORES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e

Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito

parcial à obtenção do título de Mestre em Ensino de Matemática.

_________________________________

Profª Drª Eliane Scheid Gazire – Orientadora – PUC Minas

__________________________________

Prof. Dr. Dimas Felipe Miranda – PUC Minas

_____________________________________

Prof. Dr. Ronan Daré Tocafundo – IFMG Congonhas

Belo Horizonte, 18 de agosto de 2017

Dedico esse trabalho:

Ao meu marido Alexandre, pelo apoio, força e carinho incondicionais.

Às minhas filhas, Marina e Isadora, por serem presentes tão preciosos em minha

vida.

Aos meus pais, Gordo e Elisete, pelo amor, cuidado e orações.

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus por mais essa benção em minha vida.

À toda minha família: meu marido, minhas filhas, meus pais, meus irmãos, meus

cunhados e cunhadas, meus sobrinhos e minha sogra, pelo apoio, pelas orações e,

principalmente, pela ajuda nas minhas ausências e nos momentos de estudo.

À minha orientadora, Eliane Scheid Gazire, pela mão amiga no momento mais difícil

dessa caminhada. Nunca me esquecerei de suas sábias palavras, dos seus

conselhos, da sua paciência e do seu imenso conhecimento.

Aos professores do Mestrado, em especial a Dimas, Mariana, Lídia e Amaury.

Obrigada por todo ensinamento e carinho.

Aos professores Dimas e Ronan que aceitaram participar da banca.

À Secretaria do Mestrado: Karla, Pablo e Wallace.... Vocês são exemplo de

profissionais.

Aos colegas da turma 10 do Mestrado, pelos ótimos momentos vividos, em especial

a Fábio, Douglas e Antônio Augusto pelas conversas, risadas e teimosias durante

nossas viagens e estadias em BH.

À minha colega de turma Vanessa, que, com o tempo que passamos juntas, nos

tornamos amigas, confidentes e apoio nos momentos difíceis.

Ao IFNMG-Campus Pirapora por me proporcionar a possiblidade de me dedicar aos

estudos e ao IFNMG-Campus Salinas por me deixar realizar a pesquisa no “seu

LEM”.

Aos acadêmicos e professores de Matemática do IFNMG-Campus Salinas que

participaram da pesquisa.

“’Ninguém ama o que não conhece”: Este pensamento explica porque tantos alunos não

gostam da Matemática. Se a eles não foi dado conhecer a Matemática, como podem vir a admirá-la?’

Lorenzato (2002) apud Turrioni e Perez (2012,

p. 57)

RESUMO

Essa pesquisa teve, como objetivo, refletir sobre o uso do Laboratório de Educação

Matemática, observando e analisando suas possibilidades de contribuição na

formação docente de um grupo de acadêmicos de Matemática.

Inicialmente, busca-se compreender sobre o Laboratório de Educação Matemática

(LEM) e os materiais manipuláveis, sobre a importância e a sua utilização para a

formação de professores através de um levantamento bibliográfico fundamentado

em autores como: Lorenzato (2012), Turrioni (2004), Rodrigues (2011) e Fiorentini e

Miorim (1990), entre outros e em documentos ligados ao IFNMG-Campus Salinas.

Em seguida, iniciam-se os encontros com o grupo de acadêmicos do curso de

Licenciatura em Matemática do IFNMG-Campus Salinas que eram integrantes do

Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) com o intuito de

agregar a teoria dos conteúdos matemáticos vistos à prática nas escolas estaduais

atendidas, utilizando o LEM e os materiais que ali estavam. Esses encontros

mostraram a dificuldade em desenvolver um trabalho com materiais manipuláveis no

LEM direcionado à formação docente, e diante dessas dificuldades encontradas, foi

elaborado um caderno intitulado: “Desafios no uso do LEM na formação de futuros

professores”, que propõe uma visão sobre o uso do LEM na perspectiva de

demonstrar os desafios que podem surgir nesse trabalho e possíveis ações para

transpô-los.

Palavras-chave: Laboratório de Educação Matemática. PIBID. Prática

Pedagógica. Formação de Professores.

ABSTRACT

The purpose of this research was to reflect on the use of the Mathematical Education

Laboratory, observing and analyzing its possibilities of contribution in the teacher

training of a group of mathematical academics. Initially, it is sought to understand the

Mathematical Education Laboratory (LEM) and the manipulable materials, on the

importance and its use for teacher training through a bibliographical survey based on

authors such as: Lorenzato (2012), Turrioni (2004) ), Rodrigues (2011) and Fiorentini

and Miorim (1990), among others and in documents linked to the IFNMG-Salinas

Campus. Then, the meetings with the group of academics of the Mathematics

Degree course of the IFNMG-Campus Salinas that were part of the Institutional

Program of Initiatives for Teaching (PIBID) began with the aim of adding the theory of

mathematical contents to practice in the state schools served, using the LEM and the

materials that were there. These encounters showed the difficulty in developing a

work with manipulative materials in the LEM directed to the teacher training, and

faced with these difficulties, a notebook was elaborated: "Challenges in the use of the

LEM in the formation of future teachers", that proposes a vision on the use of the

LEM in order to demonstrate the challenges that may arise in this work and possible

actions to transpose them.

Keywords: Mathematics Education Laboratory. PIBID. Pedagogical Practice.

Teacher training.

LISTA DE SIGLAS AME Atividades Matemáticas que Educam

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior

CECIMIG Centro de Ciências e Matemática de Minas Gerais

EB Educação Básica

IFNMG Instituto Federal do Norte de Minas Gerais

LEM Laboratório de Educação Matemática

MD Material Didático

MEC Ministério da Educação e Cultura

NTIC Novas Tecnologias da Informação e Comunicação

PCN Parâmetros Curriculares Nacionais

PIBID Programa Institucional de Iniciação à Docência

PUC/SP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

PUC-Minas Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

SJE São João Evangelista

UnB Universidade de Brasília

UNIMONTES Universidade Estadual de Montes Claros

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Dados referentes aos subprojetos do PIBID do IFNMG Campus

Salinas .....................................................................................................................................34

QUADRO 2 – Escolas públicas atendidas pelo PIBID em Salinas - MG......................35

QUADRO 3 – Bolsistas e supervisores por subprojetos do PIBID ................................36

QUADRO 4 – Perfil dos participantes da pesquisa ..........................................................38

QUADRO 5 - Datas e temas dos encontros ......................................................................53

QUADRO 6 - Levantamento de materiais do LEM...........................................................56

QUADRO 7 - Relação de equipes de trabalho, séries e escolas atendidas ................61

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Acadêmica manuseando os materiais manipuláveis do LEM ................. 63

FIGURA 2 - Alunos das escolas estaduais atendidas jogando com o material do LEM66

FIGURA 3 - Alunos atendidos jogando com um material do LEM ................................ 66

FIGURA 4 - Material do LEM e feijões para reforçar multiplicações ............................ 67

FIGURA 5 - Os acadêmicos manuseando o Tangram construído................................ 72

FIGURA 6 - Peças do Tangram montadas formando um triângulo de área 4,5 ......... 86

FIGURA 7 - Peças do Tangram montadas formando um quadrado de área 4 .......... 87

FIGURA 8 - Análise dos roteiros de aula pelos acadêmicos ......................................... 89

FIGURA 9 - aluno atendido pelo PIBID montando o Tangram ...................................... 92

FIGURA 10 - alunos atendidos construindo o Tangram ................................................. 92

FIGURA 11 - Acadêmica do PIBID revisando conceito de ângulos ............................. 97

FIGURA 12 - Acadêmica do PIBID mostrando ângulos recortados de folha de revista98

FIGURA 13 - Aluno atendido pelo PIBID recriando ângulo em folha de revista após a

abordagem feita no quadro.................................................................................................. 98

FIGURA 14- Montagem de um triângulo usando três peças do Tangram ................ 103

FIGURA 15 - Montagem de um triângulo feito pela acadêmica 1 ............................... 104

FIGURA 16 - Montagem do triângulo pela acadêmica 2 .............................................. 104

FIGURA 17 - Duas possibilidades de montagem de um triângulo usando quatro

peças do Tangram .............................................................................................................. 105

FIGURA 18 - As acadêmicas montando uma figura ..................................................... 106

FIGURA 19 - Acadêmica encaixando as peças para se chegar na área determinada108

FIGURA 20 - Montagem do quadrado de área dois ...................................................... 108

FIGURA 21 - Montagem encontrada pela acadêmica 3 ............................................... 109

FIGURA 22 - Montagem de um trapézio com a área pedida....................................... 110

FIGURA 23 - Triângulos montado com sete peças ....................................................... 113

FIGURA 24 - Construção do Tangram pelo aluno ......................................................... 114

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................13

2 O LEM NA FORMAÇÃO DO LICENCIANDO ...............................................................19

2.1 O ambiente do LEM e Materiais manipuláveis ..................................................... 21

2.2 Possibilidades no uso do LEM ................................................................................. 24

2.3 Papel do professor como mediador na utilização do LEM ............................... 26

3 O CONTEXTO DA PESQUISA ........................................................................................29

3.1 O Instituto Federal do Norte de Minas Gerais / Campus Salinas e o Curso de Licenciatura em Matemática ............................................................................................ 29

3.2 O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID ............ 32

3.3 Os Participantes da Pesquisa................................................................................... 37

3.4 Os professores que participavam do Projeto ...................................................... 45

3.5 O percurso da pesquisa ............................................................................................. 46

3.5.1 Primeira etapa: levantamento bibliográfico e documental............................ 47

3.5.2 Segunda etapa: escolha da instituição e do grupo colaborativo ................ 48

3.5.3 A terceira etapa: contato com a direção do IFNMG ........................................ 49

3.5.4 Quarta etapa: os encontros com o grupo de acadêmicos do PIBID .......... 49

3.5.5 Quinta etapa: proposta de elaboração do produto ......................................... 52

4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS ENCONTROS ............................................................53

4.1 Primeiro encontro – Surgimento do LEM e Exposição do Projeto de

Pesquisa ................................................................................................................................ 54

4.2 Segundo encontro – Apresentação dos Trabalhos ............................................ 56

4.3 Terceiro encontro – Os Materiais Manipulativos do LEM ................................. 61

4.4 Quarto encontro – Utilização dos Jogos nas Escolas Estaduais ................... 65

4.5 Quinto encontro – As Possibilidades de Trabalho com o Tangram .............. 69

4.6 Sexto encontro – Análise dos roteiros de trabalho ............................................ 78

4.7 Sétimo encontro – Análise anterior á Primeira Aplicação ................................ 87

4.8 Oitavo encontro – A Primeira aplicação e o percurso da segunda aplicação

................................................................................................................................................. 91

4.9 Nono encontro – A perplexidade dos Fatos ......................................................... 96

4.10 A Próxima Etapa......................................................................................................... 99

CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 117

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 121

APÊNDICES ........................................................................................................................ 125

APÊNDICE A – Questionário aplicado aos acadêmicos do PIBD ........................ 125

APÊNDICE B – Questionário aplicado para cinco acadêmicas............................ 126

APÊNDICE C - Questionário aplicado para os professores / coordenadores do PIBID ..................................................................................................................................... 128

APÊNDICE D – Atividade 1 aplicada nas escolas estaduais atendidas pelo

PIBID ..................................................................................................................................... 129

APÊNDICE E – Atividade 2 aplicada nas escolas estaduais atendidas pelo PIBID ..................................................................................................................................... 132

APÊNDICE F – Atividade 3 aplicada nas escolas estaduais atendidas pelo

PIBID ..................................................................................................................................... 134

APÊNDICE G – Atividade 4 aplicada nas escolas estaduais atendidas pelo PIBID ..................................................................................................................................... 136

APÊNDICE H – Atividade 5 aplicada nas escolas estaduais atendidas pelo

PIBID ..................................................................................................................................... 138

APÊNDICE I – Produto Educacional ............................................................................ 140

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1 INTRODUÇÃO

As aulas de Práticas Pedagógicas e o Estágio Supervisionado aconteceram

no quarto e último anos do curso de Licenciatura em Matemática. Nas aulas de

Prática, a professora nos mostrava materiais didáticos e jogos diversos, materiais

que poderiam nos auxiliar na nossa prática docente e o que mais chamou minha

atenção foram os materiais da Proposta AME1. Esses materiais eram diversificados

e exploravam vários conteúdos do Ensino Fundamental, como fatoração, operações

com números negativos, geometria, entre outros.

Assim que terminei a faculdade, comecei a trabalhar em uma escola que

atendia filhos de funcionários de uma empresa privada com alunos de 1ª a 4ª série,

atualmente 2º ao 5º ano.

Devido a dificuldade que os alunos demonstravam em alguns conteúdos e

aos resultados das avaliações pouco satisfatórios, a preocupação com a busca por

metodologias que pudessem contribuir com o aprendizado dos alunos, era

constante. Percebi que, ao utilizar materiais concretos, jogos e problematizações

que envolviam questões do cotidiano, “prendia” a atenção dos alunos, as aulas eram

dinâmicas e divertidas e o resultado final (avaliações) era satisfatório. A busca por

novas metodologias passou a fazer parte, então, das minhas aulas.

Após três anos de trabalho nessa escola com alunos do 1º ao 4º ano,

comecei a fazer uma especialização em Educação Matemática e tive o prazer de

conhecer outras metodologias, em especial, aprofundar o trabalho com o material

AME, que passou a me auxiliar muito em minhas aulas.

Pouco tempo depois, a escola começou a oferecer também o segundo ciclo

do Ensino Fundamental, atuais sexto ao nono ano, e devido à minha Licenciatura

em Matemática, passei a trabalhar nessas séries. Continuei trabalhando com

materiais didáticos como jogos, história de conteúdos matemáticos, bingos

matemáticos, materiais da proposta AME e problematizações, em especial, quando

a dificuldade dos alunos interferia na aprendizagem dos conteúdos.

1 O Projeto AME - Atividades Matemáticas que Educam, criado pelos professores Reginaldo Naves

de Souza Lima e Maria do Carmo Vila, foi desenvolvido no CECIMIG - Centro de Ciências e Matemática de Minas Gerais na UFMG nas décadas de 1980/1980. O Projeto tinha, como objetivo, construir materiais para o ensino de Matemática para a Educação Básica. Esses materiais eram

utilizados em capacitações para professores de escolas públicas e particulares de Minas Gerais.

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Em 2011, encerrei meus trabalhos nessa escola, pois fui nomeada no Instituto

Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) – Campus Salinas, após ter passado no

concurso em 2010. Neste ano, pude ter o primeiro contato com um Laboratório de

Matemática, já que no Campus, havia um Laboratório de Educação Matemática

(LEM)2, laboratório esse que tinha, como objetivo, contribuir com um projeto de

formação de professores para a Licenciatura de Matemática.

A estrutura do LEM estava toda pronta. Ele havia sido implantado no IFNMG

– Campus Salinas após a conclusão da dissertação: “Laboratório de Educação

Matemática: descobrindo as potencialidades do seu uso em um curso de formação

de professores” (2011), de um colega de trabalho, o professor Fredy Coelho

Rodrigues; estrutura que poderia ser utilizada nas aulas de Práticas Pedagógicas e

de Estágio.

Ao chegar ao campus, lecionava para o primeiro ano do Ensino Médio e para

as turmas de 4º e 5º períodos do curso de Licenciatura em Matemática. Nas turmas

de nível superior, fui lecionar a disciplina de Práticas Pedagógicas, que aconteciam

semanalmente no espaço do LEM.

Após um ano de trabalho nessa disciplina, com textos que enriqueciam a

prática docente, utilizando o Laboratório e os materiais didáticos ali disponíveis e a

possibilidade de uso desses materiais no Ensino Médio, o interesse em expandir as

ações do Laboratório foi fortalecido, principalmente para conscientizar os

acadêmicos do curso de Matemática e toda a equipe de professores de Matemática

sobre a importância daquele espaço e como ele era pouco explorado.

Em outubro de 2013, fui removida para outro Campus, o Campus Pirapora e

lá são ofertados o Ensino Médio, os cursos técnicos e os cursos superiores:

Administração, Sistema de Informação e Engenharia Civil.

Após a minha saída, as disciplinas de Práticas Pedagógicas geravam grande

confusão nas distribuições de aula de Matemática no Campus Salinas, já que os

professores de Matemática não se interessavam por elas e alguém acabava ficando

com essas disciplinas para fechar a carga horária necessária para o semestre.

2 Segundo Rodrigues e Gazire (2015), podemos diferenciar o Laboratório de Ensino de Matemática e

o Laboratório de Educação Matemática no sentido que o último se mostra mais amplo, já que o Laboratório de Ensino visa a realização de atividades ligadas ao ensino, promovendo o

desenvolvimento de atitudes dos alunos e a construção do conhecimento matemático. O Laboratório de Educação todavia, além dos objetivos relacionados ao ensino, anteriormente citados, também busca atividades relacionadas à pesquisa e extensão, com destaque ao processo de formação inicia l

e continuada de professores de Matemática.

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Diante da dificuldade em distribuir essas aulas no grupo de professores de

Matemática, um edital foi confeccionado com o intuito de chamar, na lista do

concurso de professores de Matemática, um professor que trabalhasse com a

disciplina de Prática Pedagógica em todos os níveis do curso de Licenciatura em

Matemática.

Esse professor chegou ao Campus Salinas em 2015. O professor é mestre

em Matemática e se viu diante de um desafio: trabalhar com práticas pedagógicas

sem ter qualquer experiência na área.

O professor aceitou o desafio e diante das ementas das disciplinas e de

estudos na área da Educação Matemática, o professor buscou promover aulas de

Práticas Pedagógicas que utilizavam os materiais do Laboratório de Educação

Matemática (LEM) existente no Campus Salinas, visitas guiadas dos alunos das

escolas públicas da cidade de Salinas ao LEM, organização de oficinas, seminários

e outras possibilidades que agregavam os acadêmicos do curso de Licenciatura de

Matemática ao universo de sala de aula, bem como outras propostas do ensino de

Matemática com o uso de materiais manipuláveis, por exemplo.

Nesse momento, os acadêmicos do curso de Licenciatura em Matemática

desenvolviam um trabalho diferenciado de Práticas Pedagógicas, que contribuía

para a formação docente dos acadêmicos.

Em especial para os acadêmicos que participavam do PIBID, as aulas de

Práticas Pedagógicas despertavam uma visão mais ampla sobre a sala de aula, já

que eles tinham a possiblidade de planejar aulas e aplicá-las, organizar oficinas e

visitas ao LEM, manusear e refletir sobre as possibilidade de uso dos materiais

manipuláveis e toda essa experiência era utilizada nas turmas das escolas públicas

atendidas pelo PIBID - Programa Institucional de Iniciação à Docência.

O professor de Práticas Pedagógicas se viu tão envolvido nas aulas e nas

possibilidades que as disciplinas estavam lhe proporcionando que ele vislumbrou a

possibilidade de cursar um doutorado em Educação Matemática e sua aprovação

aconteceu em 2016, na PUC-São Paulo.

Com a aprovação, o professor foi afastado das suas atividades no Campus

Salinas para cursar seu doutorado e um professor substituto foi chamado para

abarcar suas aulas.

Devido ao planejamento e didática diferentes abordadas pelo professor que

assumiu as aulas, houve um rompimento entre a disciplina de Práticas Pedagógicas

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e o atendimento às escolas públicas feito pelo PIBID. Percebia-se um certo

afastamento das práticas e da utilização dos materiais que antes eram feitas no

LEM.

Atualmente, não tenho a possibilidade de um trabalho com o Laboratório de

Matemática pois não ofertamos, no Campus Pirapora, o curso de Licenciatura em

Matemática e não temos um Laboratório de Matemática equipado como no Campus

Salinas. A vontade de pesquisar o trabalho no Laboratório, a possiblidade de

utilização e desenvolvimento de materiais didáticos na prática docente persistem,

pois só quem vivencia um trabalho com materiais didáticos em turmas de Ensino

Fundamental, Médio e na formação docente sabe como é gratificante ver a alegria

dos alunos e, principalmente, o aprendizado acontecendo. Isto é, a sensação de

dever cumprido.

Para refletir melhor sobre as ações do LEM na prática docente, visualizei a

possibilidade de cursar um Mestrado na área de Ensino de Matemática, que me

oportunizasse pesquisar o trabalho no LEM na perspectiva de espaço de formação

diante da experiência que tive no Campus Salinas.

Tentei a seleção para o Mestrado em Ensino de Matemática e fui aprovada

para iniciar o curso em Janeiro de 2014. Cursei várias disciplinas que me

encantaram e reforçaram a minha vontade de pesquisar sobre o Laboratório de

Educação Matemática e suas possibilidades na formação docente; porém, algumas

dificuldades no decorrer do processo de pesquisa me incentivaram a entender

melhor sobre os desafios no trabalho com o LEM e possíveis ações para transpô-

los.

Sendo assim, decidi fazer essa pesquisa na área de formação de professores

tendo, como questão central a ser investigada: “Quais os desafios e possíveis ações

para um efetivo trabalho com o Laboratório de Educação Matemática na perspectiva

de espaço de formação?

Para tanto, elaboramos um projeto que foi desenvolvido em parceria com o

IFNMG – Campus Salinas com os acadêmicos que cursavam o 2º, o 4º e o 6º

períodos de Licenciatura em Matemática e faziam parte do Programa Institucional de

Iniciação à Docência – o PIBID. Participaram também do projeto dois professores de

Matemática da instituição, que eram os coordenadores do PIBID.

Sendo assim, o objetivo geral dessa pesquisa foi refletir sobre o uso do LEM,

observando e analisando suas possibilidades de contribuição à formação docente de

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um grupo de acadêmicos em Matemática. Como objetivos específicos, pretendeu-se

observar/analisar as relações que se estabelecem entre os acadêmicos do grupo em

ação no PIBID e os professores das escolas atendidas; elaborar um material

apresentando desafios e ações para a utilização do LEM na perspectiva de espaço

de formação no curso de Licenciatura em Matemática.

Para isso, sua estrutura ficou da seguinte forma:

No primeiro capítulo, é apresentada a introdução do trabalho, buscando

justificá-lo e indicando o interesse da pesquisadora pelo tema debatido.

No segundo capítulo, fica evidenciado o LEM na formação do licenciando.

O terceiro capítulo traz o contexto da pesquisa, abrangendo a apresentação

do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) / Campus Salinas e o Curso

de Licenciatura em Matemática oferecido pela instituição, o Programa Institucional

de Bolsas à Iniciação à Docência (PIBID) do Campus Salinas, os Sujeitos da

Pesquisa e os Professores que participavam do Projeto.

O quarto capítulo relata a descrição e análise dos encontros realizados,

seguido das considerações finais, das referências bibliográficas e do Produto

Educacional.

18

19

2 O LEM NA FORMAÇÃO DO LICENCIANDO

De acordo com Lorenzato (2012), os laboratórios possuem diferentes

propostas de utilização, umas mais teóricas, outras mais práticas, sendo que,

enquanto em alguns são utilizados como recursos a tecnologia da informação e

comunicação, em outros isso não ocorre. Nesses, há predominantemente a

presença de materiais concretos para trabalho, entre os quais destacam-se: jogose

materiais manipuláveis que, não necessariamente necessitam de tecnologia para

sua existência.

O autor revela uma variedade de concepções e tipos de laboratório de

Matemática, destacando a importância do papel do professor como um agente

mediador na construção de um conhecimento significativo, o que será debatido mais

a frente ainda nesse capítulo.

Tahan (1962) define o laboratório como sendo uma sala ambiente de

Matemática à disposição do professor, onde o ensino dessa disciplina é apresentado

ao vivo, com o auxílio de material adequado à sua maior eficiência na

aprendizagem.

Há diversos tipos de abordagem de Laboratório de Educação Matemática

(LEM), entre eles: uma sala de estudos na qual podem ser realizadas pesquisas,

projetos e experiências, um depósito/arquivo de instrumentos, livros, materiais

manipuláveis, transparências, filmes, matérias-primas, entre outros, como sala de

aula, como laboratório de tecnologia, e até mesmo como disciplina, entre outros

(RODRIGUES; GAZIRE, 2015).

Segundo Irineu, Santos e Rodrigues (2016), o LEM é um ambiente no qual os

educandos tendem ao debate e troca de informações e de interação. Além disso,

fornece suporte aos professores, para que realizem planejamentos e os auxilia na

prática docente. De acordo com Mendes (2009, p.25), o LEM “tem uma estrutura

matemática a ser redescoberta pelo aluno que, assim, se torna um agente ativo na

construção de seu próprio conhecimento matemático.”

De acordo com Benini (2006, p.80), o objetivo de um laboratório ligado ao

ensino da Matemática “não é criar novas teorias ou obter resultados inéditos para a

Matemática, mas propiciar aos alunos meios para que eles compreendam melhor a

Matemática já existente, isto é, prezar o encontro da teoria com a prática.”

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Tendo esse pensamento, na busca pela diversificação do ensino de

Matemática aos acadêmicos e futuros professores, vários cursos de Licenciatura em

Matemática espalhados pelo Brasil começaram a implantar o seu laboratório,

procurando proporcionar aulas “menos abstratas”, Entretanto, as funções deste

laboratório e seu vínculo em cada uma destas instituições têm sido diferentes

(VARIZO, 2007).

Segundo Varizo (2007), grande parte desses laboratórios está direcionada a

questões pedagógicas da Matemática no Ensino Básico (EB). Enquanto alguns se

dedicam ao ensino da Matemática na universidade, outros priorizam uma única

disciplina e ainda outros, esses segundo a autora em menor quantidade, se

destinam só a pesquisa. Quanto ao foco da formação docente uns visam à formação

inicial e continuada de professores de Matemática, outros enfatizam apenas uma

dessas.

Independente de como ele funciona e de que forma ele está, nesse ambiente

é importante que aconteça a interação dos alunos de maneira individual e coletiva,

a criatividade, o gosto pela Matemática, a construção de conceitos, o estímulo aos

desafios e às práticas investigativas e a busca pelo enriquecimento do trabalho

matemático agregando teoria e prática e visando o ensino/aprendizagem.

O laboratório, portanto, segundo Silva e Silva (2004), trata-se de um ambiente

propício para estimular no aluno o gosto pela Matemática, a persistência em se

buscar soluções na resolução de problemas e o aumento da autoestima do aluno, já

que percebe, em si a sua capacidade de aprender e fazer Matemática. Além de todo

o exposto, entende-se sua contribuição para a construção de conceitos,

procedimentos e habilidades matemáticas, podendo proporcionar, ainda, a busca de

relações, propriedades e regularidades, estimulando o espírito investigativo. Por

isso, “deve ser neste local da escola onde se respire Matemática o tempo todo e

possa ser, também, um ambiente permanente de busca e descoberta”. (SILVA;

SILVA, 2004, p.3).

Dessa forma, o Laboratório de Matemática pode ser visto como um espaço de

construção do conhecimento, tanto individual quanto coletivo. Neste ambiente, os

recursos didáticos-pedagógicos podem auxiliar na construção epistemológica dos

que nele se encontrem. A partir disso, compreende-se que:

A implementação de um Laboratório de Educação Matemática (LEM) numa instituição de Ensino Superior incentiva a melhoria da formação inicial e

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continuada de professores, promove a integração das ações de ensino,

pesquisa e extensão, como também favorece o estreitamento da relação entre a instituição e a comunidade, além de estimular a prática da pesquisa em sala de aula” (RÊGO; RÊGO, 2012, p.41).

Então, esse é um espaço ou ambiente destinado às práticas de formação

docente e a busca por materiais didáticos e jogos que propiciem um novo olhar para

os conhecimentos matemáticos e a fixação dos mesmos, sendo um forte aliado aos

professores, futuros professores e alunos de Matemática. Esses assuntos são

tratados a partir dos subtítulos seguintes, a fim de, também, verificar as

possibilidades de um Laboratório de Educação Matemática, o LEM.

2.1 O ambiente do LEM e Materiais manipuláveis

Materiais manipuláveis podem ser entendidos como “objetos ou coisas que o

aluno é capaz de sentir, tocar, manipular e movimentar […] apelam a vários sentidos

e são caracterizados por um envolvimento físico dos alunos numa situação de

aprendizagem ativa.”. Tratam-se, portanto de objetos que podem ser aplicados no

cotidiano ou usados para representar uma ideia. (REYS, 1971, citado por PASSOS,

2012, p.78).

Sobre a importância do uso de materiais concretos nas aulas de Matemática,

Turrioni e Perez (2012, p.61) afirmam que esses exercem um papel importante na

aprendizagem, pois facilita a observação e a análise, desenvolve o raciocínio lógico,

crítico e cientifico e é excelente para contribuir na construção do conhecimento dos

alunos.

Os jogos, as curiosidades matemáticas, os materiais didáticos e as

investigações, portanto, as várias possibilidades de um LEM, podem proporcionar

aos futuros professores e aos alunos em geral, uma mudança em relação à

Matemática e ao seu ensino/aprendizagem. Nesse sentido, acredita-se que

compreender a Matemática de uma maneira diferente e melhor e propiciar

experiências com o uso de materiais manipuláveis refletirá na prática docente dos

futuros professores.

Especificamente com relação aos materiais didáticos (MD), expõe Lorenzato

(2012, p. 27) que:

22

[…] há uma diferença pedagógica entre a aula em que o professor

apresenta oralmente o assunto, ilustrando-o com um MD, e a aula em que os alunos manuseiam esse MD. O MD é o mesmo, mas os resultados do segundo tipo de aula serão mais benéficos à formação dos alunos porque,

de posse do MD, as observações e reflexões deles serão mais profícuas, uma vez que poderão, em ritmos próprios, realizar suas descobertas e, mais facilmente, memorizar os resultados obtidos durante suas atividades.

E levando em consideração a dificuldade de os alunos aprenderem

Matemática, a possibilidade do trabalho com o lúdico no LEM é um fator de grande

relevância. Nesse sentido, de acordo com Santos (1997, p.12),

[…] a ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e

não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil,

facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento.

Ainda com relação à ludicidade, entende-se a importância do jogo enquanto

material manipulativo na formação educativa do aluno, através do qual possibilita-

se o trabalho com a competitividade e em equipe, o respeito às regras, a disciplina

etc.

De acordo com Fiorentini e Miorim (1990), antes de optar por um material ou

jogo, deve-se refletir sobre a proposta político-pedagógica; sobre o papel histórico

da escola, sobre o tipo de sociedade que se pretende, sobre o tipo de aluno a ser

formado, sobre qual Matemática torna-se importante naquele contexto para o aluno,

entre outros.

Os autores apontam, assim, que o material ou o jogo pode ser fundamental

para que isso ocorra, mas enfatizam o fato de que o material mais adequado nem

sempre será o visualmente mais bonito e nem o já construído, indicando a

importância de um caminho que percorra, também, a própria construção de

materiais manipuláveis, caso necessário. Por esse meio, o aluno tem a

oportunidade de aprender matemática de uma forma mais efetiva.

Porém, Fiorentini e Miorim (1990) ainda colocam que mais importante do que

a utilização do material é a discussão que envolva a resolução de situações-

problemas presentes no cotidiano do aluno.

Pires (2006) destaca que a aprendizagem acontece quando o aluno elabora

hipóteses e age sobre o conhecimento, ampliando-o e transformando-o. Porém,

para que isso ocorra, especificamente na Educação Básica, “o tratamento dos

23

conteúdos deve favorecer a negociação de significados”. Para isso, busca-se a

ajuda dos materiais manipuláveis.

Porém, Fiorentini e Miorim (1990, p.4) chamam a atenção para o fato de que

“nenhum material é válido por si só. [...] A simples introdução de jogos ou atividades

no ensino da matemática não garante uma melhor aprendizagem desta disciplina”.

Ainda nesse pensamento, Passos (2012), corroborando com as ideias desses

autores, enfatiza que os professores possuem a expectativa que somente a

utilização de materiais manipuláveis leva à compreensão de um conteúdo, sanando

as dificuldades do mesmo. Contudo, Passos (2012) afirma que estudos de

Fiorentini e Miorim (1990) indicam uma “estreita relação entre a experimentação e a

reflexão”, na construção do saber.

Outro ponto destacado por Passos, Gama e Coelho (2007, p.3) é a

necessidade de suplantar “a expectativa que muitos professores têm em relação ao

material manipulável apenas como instrumento de motivação nas aulas de

Matemática”. Nesse sentido, destacam a importância de se investir na formação de

professores de Matemática para que abarque essas questões.

Nesse caso, o trabalho do professor torna-se imprescindível, mas no sentido

de espectador no processo, interferindo, somente quando necessário e fazendo-o

por meio de questionamentos, que busquem levar os alunos a uma reflexão e

posterior socialização, tendo o docente o papel de mediador no processo.

Nesse contexto, o LEM visa a facilitar a proximidade entre conteúdos

matemáticos ensinados e os conhecimentos prévios dos alunos, o que pode

resultar em uma alteração na percepção dos alunos quanto ao significado da

Matemática em suas vidas. (SILVA; SILVA, 2004)

Acredita-se também que o laboratório de ensino propiciará, dentre outras coisas, uma melhor relação interpessoal professor-aluno, gerando um

ambiente mais salutar dentro da sala de aula, caracterizado por uma maior dinâmica do ensino, maior afetividade, motivação, participação, maior interação social, respeito pelos colegas, etc., tornado mais prazeroso o

estudo. (SILVA; SILVA, 2004, p.11).

Portanto, Lorenzato (2012, p.10) afirma que mais importante do que o

simples acesso aos materiais, a sua utilização correta é relevante nesse processo

de aprendizagem e, nesse sentido, a importância desses laboratórios nos cursos de

formação de professores de Matemática. Assim: “[…] não há argumento que

justifique a ausência do LEM nas instituições responsáveis pela formação de

24

professores, pois é nelas que os professores devem aprender a utilizar os materiais

de ensino”.

2.2 Possibilidades no uso do LEM

Conforme visto, os Laboratórios de Educação Matemática são um ambiente

propício para o ensino-aprendizagem, que explorado adequadamente pode

promover significação para o conhecimento dos alunos, pois uma ênfase em um

ensino essencialmente expositivo e formal pode impedir que parte dos alunos se

desenvolvam. Os autores apontam como um problema a questão do uso contínuo

da sala de aula “normal” nas aulas de Matemática. Segundo Silva e Silva (2004,

p.10),

[…] o recurso a abordagens laboratoriais é precisamente uma forma de conseguir uma aprendizagem matemática significante. Mesmo que nos dias atuais haja, nas escolas, alguma preocupação com espaços específicos

para algumas atividades (esporte, arte e técnicas laboratoriais), esses espaços são pouco usados, pois os materiais didáticos que possuem, além de serem insuficientes, quase sempre ficam fechados em armários.

Porém, os autores chamam a atenção de que o interesse por parte dos

alunos deveria ser criada ou incentivada pelo professor e as atividades propostas

devem propiciar a curiosidade, a motivação para a resolução dos desafios. Para

tanto, os docentes precisam buscar formas de ampliar essa motivação a fim de

“desenvolver a autoconfiança, a organização, concentração, atenção, raciocínio

lógico-dedutivo e o senso cooperativo, desenvolvendo a socialização e aumentando

as interações do indivíduo com outras pessoas”.

Assim, Passos (2012) destaca que, para que isso aconteça, o professor

precisa se tornar um instrumento importante no processo, pois deve partir dele e de

sua prática, os conhecimentos necessários para tornar esse espaço um local de

aprendizagem efetiva.

Torna-se importante ressaltar que os processos envolvidos nesse

aprendizado são muitos, mas eles não surgirão se não houver a vontade, a garra, a

busca por melhores situações, como afirma Passos (2012, p.90): “a definição

adequada para o LEM não pode ficar restrita a lugar ou processo, devendo incluir

atitude”.

25

Para tanto, de acordo com Lorenzato (2012, p.6-7), o LEM deve “ser o centro

da vida matemática da escola”, “um lugar onde os professores estão empenhados

em tornar a matemática mais compreensível aos alunos”, “uma sala-ambiente para

estruturar, organizar, planejar e fazer acontecer o pensar matemático”.

De acordo com Fiorentini (1995, p.12), o papel da pesquisa no contexto do

Laboratório de Educação Matemática, conforme exposto na introdução deste

capítulo, consiste, em um primeiro momento, em pesquisar “o que a criança pensa,

gosta, faz e pode fazer (suas potencialidades e diferenças)”. No segundo momento,

“em desenvolver atividades ou materiais potencialmente ricos que levem os alunos a

aprender ludicamente a descobrir a Matemática a partir de atividades experimentais

ou de problemas, possibilitando o desenvolvimento da criatividade”.

De acordo com Turrioni (2004), o laboratório engloba, também, uma função

relevante à pesquisa:

[...] constituir-se num ambiente que funciona como um centro para discussão e desenvolvimento de novos conhecimentos dentro de um curso de licenciatura em Matemática, contribuindo tanto para o desenvolvimento profissional dos futuros professores como para sua iniciação em atividades

de pesquisa. (TURRIONI, 2004, p.62).

Para a autora, o Laboratório de Educação Matemática deve proporcionar aos

acadêmicos de Matemática troca de experiências, trabalho em grupo, renovação de

métodos e técnicas, novas atitudes e novas alternativas para o aperfeiçoamento do

Curso de Licenciatura em Matemática, bem como dos currículos dos cursos de

Ensinos Fundamental e Médio, visando a uma melhoria na qualidade do ensino de

Matemática. (TURRIONI, 2004).

Turrioni (2004), Rodrigues e Gazire (2015) corroboram entre si afirmando que

estudos e pesquisas em relação à Educação Matemática, com o objetivo de

identificar os problemas enfrentados pela comunidade escolar dentro do LEM

permitem o desenvolvimento da postura investigativa, crítica e reflexiva dos futuros

professores, tornando-os capazes de buscar soluções para os problemas

vivenciados em sala de aula

A proposta da presente pesquisa de realizar um trabalho integrado entre as

aulas de práticas pedagógicas, O LEM e o PIBID, pode, então, conforme entendido,

garantir aos futuros professores de Matemática uma visão mais clara da disciplina

de Matemática como um todo e de todas as possibilidades de enriquecimento que

26

ela proporciona, englobando, nesse sentido, aulas mais dinâmicas, mais

competitivas, mais divertidas e com um retorno na aprendizagem, agregando o uso

e a confecção de materiais manipuláveis.

Confirmando o importante papel do LEM para os acadêmicos do curso de

Matemática e o significado de um trabalho desenvolvido nesse espaço, bem como a

possiblidade de atendimento aos alunos e a toda comunidade, Bertoni e Gaspar

(2006) propõem, como objetivos do laboratório:

[…] - dar oportunidade ao aluno de licenciatura em Matemática de aplicar e avaliar os conteúdos e as propostas pedagógicas discutidas nas disciplinas

de formação profissional do currículo do curso de licenciatura em Matemática […]; - subsidiar professores do ensino fundamental e médio em propostas

pedagógicas, materiais didáticos e uso de novas tecnologias no ensino-aprendizagem da Matemática; e - criar situações que possam levar a despertar nos alunos, professores e

membros da comunidade o interesse pelo conhecimento matemático e possam modificar algumas das concepções que se tem da Matemática como, por exemplo, de que é um conhecimento que não é acessível a

todos, que a Matemática é difícil etc. (BERTONI; GASPAR, 2006, p.150).

Ewbank (1997), citado por Passos, Gama e Coelho (2007), questiona: “Por

que um laboratório de matemática?”. As autoras buscam responder a essa questão

justificando a necessidade de um elo entre a realidade, o concreto e a abstração

matemática.

Diante de tudo que foi apresentado, pode-se inferir que a Matemática não é

somente cálculos, equações e fórmulas, mas seu aprendizado está ligado a

significados, interpretações, resolução de problemas e raciocínio lógico. Para

entender sobre as questões apontadas, percebe-se a necessidade de compreender

sobre o papel do professor enquanto mediador da aquisição de conhecimentos a

partir do uso do LEM, o que será debatido a seguir.

2.3 Papel do professor como mediador na utilização do LEM

Conforme visto, o papel do professor em um laboratório é de instigar e

pesquisar outras formas de incentivar o gosto pela disciplina, além de organizar e

planejar esse espaço de modo que torne agradável a aprendizagem do aluno.

Porém, para que isso aconteça efetivamente, o laboratório precisa conter materiais

manipuláveis, como jogos, instrumentos de medidas, e materiais concretos diversos

27

que forneçam a possibilidade de trabalhar de forma prática os principais conceitos

matemáticos, mesmo não sendo somente essas as necessidades únicas para tal

efetivação. (IRINEU; SANTOS; RODRIGUES, 2016).

Nesse sentido, entende-se a possibilidade de o Laboratório de Educação

Matemática contribuir para a formação profissional do estudante da licenciatura,

sendo relevante destacar a importância da postura do professor como pesquisador.

Para isso, “é preciso que a licenciatura de Matemática tenha como meta tanto a

construção da autonomia intelectual e profissional do professor como o

desenvolvimento de uma postura reflexiva e questionadora acerca da prática

escolar”. (FIORENTINI, 1994, p. 40).

Especificamente com relação à didática da Matemática, Silva e Silva (2004)

destacam que esta é a ciência direcionada ao estudo da Matemática e que tem,

como objetivo central a proposta de explicar, respondendo sobre as dificuldades

enfrentadas, não somente por alunos, mas, também, por professores, pais e outros

profissionais da educação. Trata-se, portanto, da compreensão de fenômenos

amplos que embasam ações nos processos didáticos por meios concretos

buscando uma maior efetivação do aprendizado da Matemática.

De acordo com esses autores:

O papel do professor, em face à didática da matemática, é fundamental e assume aspectos diversificados. Um destes aspectos é incentivar e

valorizar as pequenas descobertas dos alunos; um outro, pode ser utilizar a sua vivência, buscando sistematizar nos experimentos utilizados elementos obtidos, que possam ser evidenciados, chamando a atenção dos alunos

para regularidades. (SILVA; SILVA, 2004, p.5).

Nesse mesmo sentido, Paraná (1990, p. 66) ressalta que:

Aprender Matemática é mais do que manejar fórmulas, saber fazer contas

ou marcar x nas respostas: é interpretar, criar significados, construir seus próprios instrumentos para resolver problemas, estar preparado para perceber estes mesmos problemas, desenvolver o raciocínio lógico, a

capacidade de conceber, projetar e transcender o imediatamente sensível. (PARANÁ, 1990, p. 66).

Para tanto, para que seja eficiente, Silva e Silva (2004) apontam a

necessidade de o professor escolher uma sequência de ensino que permita que os

conceitos apresentados sejam compreendidos conscientemente, fazendo-se

necessário que o docente se atente para os raciocínios e entendimentos dos alunos

acerca do que está sendo ministrado de forma a melhor orientá-los, percebendo as

reais necessidades da turma.

28

Nesse caso, o registro das atividades, a observação participante e a

descrição de comportamentos, desempenhos e dificuldades percebidos torna-se

indispensável. Nesse contexto, entende-se o papel do professor como “responsável

pelo acompanhamento da capacidade de aquisição e compreensão do

conhecimento por parte do aluno”, necessitando, para isso, um olhar crítico.

Lima (1995, p. 5), afirma, nesse sentido que:

O bom professor é aquele que vibra com a matéria que ensina, conhece muito bem o assunto e tem um desejo autêntico de transmitir esse conhecimento, portanto se interessa pelas dificuldades de seus alunos e

procura se colocar no lugar deles, entender seus problemas e ajudá-los a resolvê-los […]

Por outro lado, convém destacar, ainda, que, conforme Dante cita (2005,

p.11),

É preciso desenvolver no aluno a habilidade de elaborar um raciocínio lógico e fazer uso inteligente e eficaz dos recursos disponíveis, para que ele

possa propor boas soluções às questões que surgem em seu dia-a-dia, na escola ou fora dela.

Portanto, percebe-se, diante do exposto no decorrer deste capítulo, a

necessidade de mudanças nos métodos tradicionais de ensino da Matemática para

fazer frente aos desafios enfrentados pelo ensino. Nessa concepção, o LEM não

pode ser entendido como uma sala de depósito de materiais manipuláveis, mas um

espaço onde o conceito matemático possa ser trabalhado em uma abordagem tanto

experimental quanto dedutiva, de forma a produzir situações significativas para o

aluno.

Infere-se, ainda, sobre a importância de que os alunos de Licenciatura em

Matemática tenham oportunidades de problematizar e trabalhar com materiais

manipuláveis em uma sala especialmente projetada para esse fim, sendo essas

oportunidades de ressignificação de suas concepções prévias, para que possam

ocorrer novas reflexões em sua futura prática docente. (PASSOS; COELHO;

GAMA, 2007).

29

3 O CONTEXTO DA PESQUISA

3.1 O Instituto Federal do Norte de Minas Gerais / Campus Salinas e o Curso de

Licenciatura em Matemática

A pesquisa foi desenvolvida em uma instituição pública no norte de Minas

Gerais, localizada na cidade de Salinas, que fica a quase 400 km da cidade de

Montes Claros.

O Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) abrange toda a

Mesorregião do Norte de Minas e parte da Mesorregião Noroeste de Minas e

Jequitinhonha e está organizado numa estrutura de onze Campus e/ou Centros

Avançados, quais sejam: Almenara, Araçuaí, Arinos, Diamantina, Janaúba, Januária,

Montes Claros, Pirapora, Porteirinha, Salinas e Teófilo Otoni.

Atualmente denominado Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

do Norte de Minas Gerias (IFNMG – Campus Salinas), a escola surgiu originalmente

como Escola de Iniciação Agrícola de Salinas através da intervenção do Deputado

Federal Dr. Clemente Medrado Fernandes e teve a “Pedra Fundamental” lançada no

dia 02 de setembro de 1953, recebendo várias denominações até chegar à atual.

O IFNMG-Campus Salinas oferece cursos técnicos de nível médio,

concomitante e subsequente, e oito cursos superiores, entre eles o curso de

Licenciatura em Matemática.

Com início em 2010, o curso de Licenciatura em Matemática oferta 40 vagas

anualmente, no turno noturno, com duração mínima de quatro anos e máxima de

seis anos.

Diante dos resultados insatisfatórios junto às avaliações estaduais e federais,

o ensino e a aprendizagem do conteúdo de Matemática tornam-se preocupantes na

região de Salinas. Vale ressaltar que o curso mais próximo de licenciatura em

Matemática fica a 400 km, na cidade de Montes Claros, ofertado pela Universidade

Estadual de Montes Claros (UNIMONTES).

Na região, encontram-se ainda nas escolas, professores inseridos em sala de

aula, em especial no Ensino Fundamental, sem a titulação adequada, isto é,

profissionais que atuam como professores de Matemática, porém, bacharéis

formados em outros cursos superiores.

30

Esse quadro reforça a necessidade de um curso de licenciatura que atenda a

uma demanda de professores que buscam conhecimentos específicos e práticas

diferenciadas para um ensino de matemática de qualidade e uma titulação, em se

tratando de professores sem a titulação mínima necessária para o exercício do

magistério, formando professores para atuarem no Ensino Básico (Ensinos

Fundamental e Médio).

Entre as disciplinas ofertadas no curso de Licenciatura em Matemática no

IFNMG – Campus Salinas, observa-se a preocupação não só com as disciplinas

matemáticas, que possibilitam aos acadêmicos uma melhor perspectiva da disciplina

que será estudada pelos alunos, mas também com as disciplinas de caráter

didático/pedagógicas. Essas auxiliam o futuro professor em sua prática docente,

mostrando a realidade das salas de aula, o dia a dia de uma escola, do professor e

dos seus alunos.

A estrutura curricular do curso abrange os Núcleos: Específico, Instrumental e

Pedagógico, além da Prática Profissional. No núcleo específico, referente às

disciplinas de Matemática como Geometria, Álgebra e Cálculo, os futuros docentes

buscam aprendizado importante para sua formação.

O Núcleo Instrumental conta com disciplinas que auxiliam na melhor

compreensão dos conteúdos matemáticos como Português Instrumental, Filosofia,

Física e Libras.

O Núcleo Pedagógico, com as disciplinas de Fundamentos Filosóficos da

Educação, Psicologia e Didática, ambienta o acadêmico em sua profissão, na escola

e com o público, interligando-os sempre com os conteúdos matemáticos específicos.

Já a Prática Profissional, visa à atuação do acadêmico na sua área de

atuação, em ligação direta com os outros núcleos, culminando em uma ação

transformadora com o cidadão. As disciplinas aqui relacionadas são a Prática

Pedagógica, o Estágio Supervisionado e a Monografia, por exemplo.

As Práticas Pedagógicas estão distribuídas em todo o curso desde o 1º até o

último semestre e estão assim distribuídas:

1º período: Prática Pedagógica I: Introdução à Prática Docente, com duas

aulas semanais.

2º período: Prática Pedagógica II: Ensino de Ciências, com duas aulas

semanais.

31

3º período: Prática Pedagógica III: Planejamento e Prática, com duas aulas

semanais.

4º período: Prática Pedagógica IV: Educação Matemática, com duas aulas

semanais.

5º período: Prática Pedagógica V: Laboratório de Educação Matemática I,

com duas aulas semanais.

6º período: Prática Pedagógica VI: Laboratório de Educação Matemática II,

com duas aulas semanais.

7º período: Prática Pedagógica VII: Laboratório de Educação Matemática III,

com duas aulas semanais.

8º período: Prática Pedagógica VIII: Laboratório de Educação Matemática IV,

com duas aulas semanais.

As Práticas Pedagógicas referentes aos três primeiros períodos são

ministradas no curso de Licenciatura em Matemática por professores da área de

Didática, e a partir do 4º período os professores de Matemática ministram essas

disciplinas.

De 2011 a 2013, as disciplinas de Práticas Pedagógicas eram distribuídas

pelos professores de Matemática, levando em consideração o interesse pessoal do

professor em ministrar tais disciplinas. Nesse período, a pesquisadora fazia parte do

grupo de professores de Matemática do IFNMG – Campus Salinas e em 2011, 2012

e 2013 as disciplinas de Prática Pedagógica IV: Educação Matemática, Prática

Pedagógica V: Laboratório de Educação Matemática I e Prática Pedagógica VI:

Laboratório de Educação Matemática II foram ministradas por ela.

Nesse período, as aulas de Práticas Pedagógicas aconteciam no Laboratório

de Educação Matemática (LEM) do IFNMG – Campus Salinas e, entre os trabalhos

desenvolvidos nessas disciplinas, pode-se destacar o estudo de livros e artigos que

abordavam a Educação Matemática e a prática docente, a utilização dos materiais

didáticos do LEM pelos acadêmicos e nas aulas de monitoria para o Ensino Médio

da própria instituição, a confecção de materiais manipulativos para o LEM e para

oficinas realizadas na instituição, a regência de aulas dos acadêmicos para o ensino

fundamental e médio, entre outras ações.

Nas aulas de Práticas Pedagógicas, os acadêmicos do Programa Institucional

de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) tinham a oportunidade de conhecer o

32

Laboratório de Educação Matemática e seus materiais, podendo utilizar esse

conhecimento nas salas onde atuarão como docentes. O Programa PIBID será

descrito a seguir.

3.2 O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID

O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID – é um

incentivo da CAPES para os cursos de Licenciatura e para seus acadêmicos,

visando a um aperfeiçoamento para a formação dos professores do Ensino Básico.

O projeto tem por finalidade inserir os acadêmicos no ambiente escolar desde

o início do Curso Superior, desenvolvendo atividades didáticas e pedagógicas com

os professores do curso de licenciatura, auxiliando-os nas atividades desenvolvidas

nas escolas atendidas pelo programa.

As instituições públicas e particulares que oferecem os cursos de licenciatura

interessadas nesse programa devem submeter um projeto de iniciação à docência

de acordo com os editais de seleção publicados pela CAPES.

O Programa conta com bolsas para os participantes e recursos de custeio

para as instituições aprovadas. As bolsas são destinadas para os seguintes

participantes do programa: iniciação à docência (acadêmicos de licenciatura

selecionados pelas instituições por meio de editais), supervisores (professores das

escolas públicas atendidas que supervisionam entre cinco e dez bolsistas),

coordenadores de área (professores da licenciatura que coordenam os subprojetos;

cada curso de licenciatura é um subprojeto), coordenação de área de gestão de

processos educacionais (professor da licenciatura que auxilia na gestão do projeto

na instituição) e coordenação institucional (professor da licenciatura que coordena o

projeto PIBID na instituição).

Os recursos de custeio são oferecidos para as necessidades de execução do

Programa como, por exemplo, compra de materiais para execução de atividades nas

escolas atendidas.

Uma proposta que garante um tempo maior ao futuro professor de

Matemática no ambiente escolar é o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à

Docência (PIBID).

Segundo Silva (2013, p.28):

33

O PIBID configura-se como uma ação educacional implementada na forma

de parceria entre Governo Federal, Universidade Pública e Escola Pública, voltada para a valorização do saber docente, a partir da imersão do futuro professor no ambiente escolar.

De acordo com a proposta do PIBID, o futuro professor será ambientado a

uma escola estadual desde o início do curso, podendo participar de práticas

pedagógicas inovadoras visando a resolução de problemas referentes ao

ensino/aprendizagem do conteúdo.

Essa ambientação contará com o apoio e supervisão de um professor da

Universidade Pública e outro da Escola Pública garantindo assim ao futuro professor

um aperfeiçoamento da sua formação docente.

Alguns objetivos do programa segundo a CAPES são:

Elevar a qualidade da formação inicial de professores nos cursos de

licenciatura, promovendo a integração entre educação superior e educação

básica;

Inserir os acadêmicos no cotidiano de escolas da rede pública de

educação, proporcionando-lhes oportunidades de criação e participação em

experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter

inovador e interdisciplinar que busquem a superação de problemas

identificados no processo de ensino-aprendizagem;

Incentivar escolas públicas de educação básica, mobilizando seus

professores como coformadores dos futuros docentes e tornando-as

protagonistas nos processos de formação inicial para o magistério; e

Contribuir para a articulação entre teoria e prática necessárias à formação

dos docentes, elevando a qualidade das ações acadêmicas nos cursos de

licenciatura. (CAPES, 2016).

A integração da teoria e da prática aos futuros professores de Matemática é

um dos objetivos que o PIBID traz para a formação docente. Essa junção não é só

benéfica aos futuros professores, mas também aos alunos dos Ensinos

Fundamental e Médio, já que eles podem, de forma concreta, vivenciar os conteúdos

matemáticos trabalhados.

Dessa forma, o projeto institucional com o título “Licenciatura em Ação”, feito

em 2011 para o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) foi

proposto pelo Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) – Campus Salinas

34

com o intuito de unir a licenciatura com a formação do licenciando de forma a

contribuir na educação atual.

Para a construção do projeto, foi definido o Coordenador Institucional. Depois,

o Coordenador de Gestão e Processos Educacionais e os Coordenadores de Área

(Biologia, Física, Matemática e Química). Esses trabalham diretamente com os

acadêmicos bolsistas que, por sua vez, terão os supervisores nas escolas estaduais

atendidas para auxiliá-los.

O foco principal do projeto é que o licenciando possa viver a prática em

consonância com a teoria aprendida, gerando, dessa maneira, uma sólida formação

nos cursos de Biologia, Física, Matemática e Química, licenciaturas que acontecem

no IFNMG – Campus Salinas.

Cada licenciatura é tratada como um subprojeto. O número de bolsistas de

cada subprojeto, de supervisores e de escolas atendidas está destacado abaixo:

Quadro 1 – Dados referentes aos subprojetos do PIBID do IFNMG Campus Salinas

Licenciatura

Número de

bolsistas por

subprojeto

Número de

supervisores

Número de

escolas

Biologia 16 2 2

Física 8 1 1

Química 16 2 2

Matemática 16 2 2

Fonte: Dados da pesquisa.

O projeto atende cinco escolas públicas da Educação Básica do município de

Salinas – MG, beneficiando 3525 estudantes do Ensino Fundamental e 1708 do

Ensino Médio, totalizando 5433 alunos, além dos 48 acadêmicos bolsistas das

Licenciaturas do IFNMG – Campus Salinas.

35

Quadro 2 – Escolas públicas atendidas pelo PIBID em Salinas - MG

Nome das escolas da rede pública

de Educação Básica

Número de alunos matriculados na

escola nos Ensinos Fundamental e

Médio

Escola Estadual Idalino Ribeiro 2053

Escola Estadual Osvaldo Prediliano

Santana

947

Escola Estadual Levindo Lambert 934

Escola Estadual Professor Elídio

Duque

919

Escola Estadual José Miranda 380

Fonte: Dados da pesquisa.

O plano de trabalho desse projeto tem a duração de dois anos, e os bolsistas

de iniciação à docência dedicar-se-ão 20 horas semanais de acordo com cada

subprojeto e ação desenvolvida.

Para que o acadêmico se torne um bolsista do projeto, os critérios são:

O coeficiente de rendimento escolar acumulado deve ser igual ou superior a

60%;

Não ter vínculo empregatício e dedicar-se 20 horas semanais às atividades

do PIBID, respeitando os horários firmados com o Coordenador de Área e

com o supervisor;

Usufruir apenas dessa modalidade de bolsa, não podendo acumular bolsas

de outros Programas ou de outras instituições;

Apresentar, no máximo, uma reprovação em disciplinas. Estudantes com

reprovação serão contemplados com bolsa apenas se houver vagas não

preenchidas no decorrer do processo seletivo.

As ações dos bolsistas nas escolas públicas atendidas são:

1) Conhecer a infraestrutura da escola;

2) Observar as aulas dos professores regentes;

3) Desenvolver atividades de apoio pedagógico como reforço e auxílio em

projetos e eventos da escola;

36

4) Confeccionar materiais didático-pedagógicos como experimentos e oficinas

didáticas sob a orientação dos coordenadores e dos supervisores do projeto.

5) Participar de reuniões semanais com os coordenadores e os supervisores;

6) Participar de eventos científicos.

Em 2013, uma proposta do PIBID foi submetida à CAPES, já que o projeto

anterior teria durado dois anos, com algumas alterações como: a parceria entre os

programas do IFNMG – Campus Januária e IFNMG – Campus Salinas, tendo um

único Coordenador Institucional à frente dos projetos. Outra alteração refere-se ao

número de bolsistas atendidos em cada subprojeto, visto que essa proposta

pretende atender um número maior de bolsistas e, consequentemente, aumentar

também o número de supervisores.

Quadro 3 – Bolsistas e supervisores por subprojetos do PIBID

Licenciatura

Número de bolsistas

por subprojeto

Número de

supervisores

Biologia 45 6

Física 24 4

Química 26 4

Matemática 25 4

Fonte: Dados da pesquisa.

Essa proposta foi aceita pela CAPES com ressalvas, principalmente quanto

ao número de bolsistas e o número de supervisores. Em geral, os subprojetos

ficaram com uma média de vinte a vinte e cinco bolsistas, como é o caso do

subprojeto de Matemática que conta com vinte e cinco acadêmicos bolsistas e dois

coordenadores da área de Matemática – professores de Matemática do IFNMG –

Campus Salinas.

No subprojeto de Matemática, destaca-se a utilização do Laboratório de

Educação Matemática (LEM) do IFNMG – Campus Salinas para a atuação dos

bolsistas como regentes nas escolas atendidas pelo programa. Durante o

planejamento e preparação das aulas, os bolsistas usariam toda a infraestrutura e os

materiais disponíveis no LEM.

Sob a orientação do coordenador e do coordenador de gestão educacional,

os bolsistas experimentariam, em suas aulas de regência, os materiais

37

manipulativos, os softwares educacionais e fariam uso do Laboratório para

confeccionar materiais didáticos e organizar oficinas.

A possibilidade de utilização do LEM pelos bolsistas em sua prática docente

nas escolas atendidas pelo PIBID tem como objetivo promover mudanças no

decorrer do seu curso e na sua carreira futura como professores de matemática.

3.3 Os Participantes da Pesquisa

Os acadêmicos do Curso de Licenciatura em Matemática que cursavam o 2º,

o 4º e o 6º períodos e faziam parte do Programa Institucional de Iniciação à

Docência (PIBID) foram convidados a participar da pesquisa. A descrição dos vinte e

cinco acadêmicos participantes levou em consideração o questionário respondido

por eles e a observação dos mesmos durante os encontros. O delineamento do perfil

encontra-se no quadro 4.

38

Quadro 4 – Perfil dos participantes da pesquisa Período da

Licenciatur

a que cursa

O que pensa sobre o LEM Para quais finalidades utiliza o LEM no

curso e no PIBID

Participação na pesquisa

1 5º O LEM é importante na formação de

professores para que o professor saiba que

existem outras formas de explicar conteúdos

além da aula tradicional e para que possa

aprender a utilizar esses métodos (o uso de

materiais concretos, softwares).

- Em suas atividades acadêmicas desde o

início do curso de Matemática,

- como sala de aula, para aplicação de

oficinas com os alunos das escolas

estaduais atendidas

Participava ativamente das

reuniões com comentários,

tirando dúvidas e expondo

suas angústias e inquietações

vividas com os alunos das

escolas estaduais atendidas.

Como sala de reunião, no PIBID,

- aulas de Práticas Pedagógicas.

2 3º o LEM propicia na formação de professores

uma visão ampla das propriedades

matemáticas, colaborando com o processo de

construção da autonomia do aprendizado

desses profissionais. Dessa forma, auxilia a

obtenção do conhecimento a partir do

concreto para o abstrato.

Utiliza raramente o LEM em suas

atividades do curso de Matemática, pois

ele é utilizado em certas ocasiões como

espaço de apresentação de trabalhos e para

esclarecer dúvidas dos programas nos

computadores. Nas atividades do PIBID,

somente utiliza o LEM em reuniões.

Preocupava-se com as tarefas a

serem cumpridas e com os

prazos de entrega. Estava

sempre entrando em contato

por email e por facebook para

esclarecer dúvidas na

realização dos planos de aula.

3 3º O papel do laboratório de matemática na

formação do professor para ela é de apresentar

novas metodologias de ensino, pesquisa e

extensão, através de aplicativos matemáticos,

além de recursos lúdicos como jogos e

sólidos, proporcionando uma formação

diferenciada e dinâmica para o professor.

Utilizava poucas vezes o LEM em suas

atividades acadêmicas, somente com

aplicativos como o GeoGebra. Já nas

atividades do PIBID, os jogos matemáticos

do LEM são utilizados para uso e

observação dos alunos atendidos.

Participava pouco das

reuniões, porém, demonstrou

grande preocupação com a

qualidade das atividades

desenvolvidas e com os prazos

a serem cumpridos.

4 3º o papel primordial do LEM é possibilitar o

futuro docente testar de modo prático, os

conteúdos matemáticos abstratos, ou seja, dar

uma certificação empírica às teorias.

Sua utilização do LEM como estudante do

curso de Matemática é rara, somente para

fazer análise em gráficos a partir de

programas específicos instalados nos

computadores. Já nas atividades com o

PIBID, utiliza o LEM como sala de

reunião.

Foi participativo, expondo

suas opiniões e divergências

nos encontros.

5 5º O LEM para ele é um espaço de grande

importância na formação docente, é nele que

Como estudante do curso de Matemática, o

LEM era útil na disciplina de construções

Era calado, participava

raramente com comentários e

39

Período da

Licenciatur

a que cursa

O que pensa sobre o LEM Para quais finalidades utiliza o LEM no

curso e no PIBID

Participação na pesquisa

os acadêmicos irão desenvolver práticas

novas.

geométricas e seus jogos também eram/são

utilizados na aplicação de oficinas e

projetos.

Já nas atividades com o PIBID, utiliza o

LEM como sala de reunião.

faltava muito às reuniões.

6 7º O LEM tem uma importante função na

diversificação de materiais que possam ser

utilizados para estudo, oficinas, mini cursos,

etc. É um ambiente necessário para a

construção do saber docente.

Em sua atividade como estudante do curso

de Matemática, o LEM é utilizado em

pesquisas e na aplicação do minicurso que

será utilizado em seu TCC. Já nas

atividades com o PIBID, utiliza o LEM

como sala de reunião, em pesquisas e na

confecção de oficinas.

Não participava sempre, mas

em alguns momentos, expunha

suas opiniões.

7 7º Para ele, o laboratório tem papel fundamental

na formação dos professores, pois é visto

como um alicerce que possibilita a

transformação da didática aplicada em sala de

aula e fora dela, já que o LEM é algo além das

expectativas dos alunos, ou seja, é a junção

concreta entre teoria e prática.

O LEM é utilizado em suas atividades

como estudante do curso de Matemática

para confecção de materiais para eventos,

como área de estudos através de livros e

programas de computadores que ali se

encontram. Nas atividades com o PIBID,

os jogos são usados para aplicação de

projetos de futuros eventos e reuniões para

discursão do desenvolvimento do projeto.

Pouco participativo, raramente

expunha suas opiniões, mas

era sempre muito bem-

humorado.

8 3º O LEM irá contribuir para a formação

docente, pois irá apresentar diversas formas de

ensino fora da sala de aula.

Como estudante do curso de Matemática, o

LEM foi utilizado para visualizar nos

computadores gráficos, resolver problemas

matriciais e na disciplina de geometria

espacial, para a observação de figuras

geométricas. Nas atividades do PIBID, o

LEM foi utilizado para as reuniões com o

coordenador do subprojeto.

Pouco participativa, não

expunha opiniões, dúvidas e

questionamentos,

demonstrando ser muito

tímida.

9 5º O LEM ajuda os discentes na formação da

identidade docente, porque proporciona

entender as diversas maneiras de se ensinar a

matemática.

Como estudante do curso de Matemática, o

LEM foi utilizado para preparar oficinas

com materiais pedagógicos e nas aulas de

Práticas Pedagógicas que são ministradas

nele. Como tem pouco tempo de PIBID, o

LEM somente foi usado para as reuniões.

Participava com opiniões e

esclarecia dúvidas nas reuniões

e sempre relatava suas

experiências com os alunos

atendidos nas escolas

estaduais.

10 3º O professor de Matemática que está em Utiliza raramente em suas atividades como Pouco participativa, relatou

40

Período da

Licenciatur

a que cursa

O que pensa sobre o LEM Para quais finalidades utiliza o LEM no

curso e no PIBID

Participação na pesquisa

formação necessita utilizar o LEM para que

possa colocar em prática no futuro com seus

alunos, além de ajudar no entendimento das

matérias.

estudante, somente para usar programas

como o GeoGebra nos computadores.

Como tem pouco tempo de PIBID, o LEM

somente foi usado para as reuniões.

experiências em alguns

momentos, em especial, para

esclarecer alguma dúvida.

11 7º Na sua opinião, o papel do LEM é auxiliar o

aluno com jogos e outros materiais palpáveis

como sólidos geométricos, ajudando-o na sua

formação como professor.

Utiliza o LEM em alguma aulas que ali são

ministradas. As reuniões semanais e a

discussão de projetos e trabalhos

acontecem no espaço do LEM, sendo

assim sua utilização nas atividades do

PIBID.

Foi pouco participativo,

opinava raramente mas era

sempre muito bem-humorado.

12 5º O papel do LEM é trazer uma matemática

agressiva para os alunos, de forma que quebre

os conceitos ruins da matemática.

Ele utiliza muito o LEM em suas

atividades como estudante, levando as

brincadeiras e os jogos de lógica para se

distrair. Nas atividades do PIBID, utiliza

os jogos nas oficinas e leva-os para os

alunos atendidos nas escolas estaduais.

Participava dando opiniões e

sugestões e expondo suas

experiências, porém, faltou em

alguns encontros.

13 3º Segundo ela, o papel do LEM na formação de

professores é aumentar os conhecimentos

através de aplicativos e de jogos.

Utiliza, às vezes, o LEM em suas

atividades como estudante para aprender

como usar o aplicativo de matrizes e nas

atividades do PIBID usa os jogos do LEM

nas salas de aula das escolas estaduais

atendidas.

Foi pouco participativa, sem

exposição de suas opiniões,

demonstrava ser muito tímida.

14 7º Segundo ela, o LEM é de grande auxílio na

formação docente pois costuma-se “achar” ou

aprender ideias novas, para mudar um pouco a

dinâmica das aulas.

Nas atividades como estudante, O LEM foi

usado nas disciplinas de Práticas

Pedagógicas, Construções Geométricas e

Cálculo II e na aplicação de oficinas. Já

nas atividades do PIBID, o uso do LEM é

mais raro, nos projetos da escola, nas

reuniões e quando pega um jogo ou algo

para facilitar no entendimento dos alunos.

Participava pouco das

conversas e na exposição de

suas opiniões.

15 7º O LEM tem um papel de diversificar as aulas

dos professores alterando o ambiente

repetitivo, transformar o conhecimento

matemático dos alunos e do professor, dar

mais consistência no ensino do professor,

facilitando o ensino/aprendizagem do aluno.

Em suas atividades acadêmicas, utiliza o

LEM às vezes, quando é preciso fazer uma

apresentação de trabalho com os materiais

que lá se encontram ou aula expositiva

com os materiais. Já no PIBID, os

materiais do LEM são usados na maioria

Foi pouco participativo, sem

exposição de suas opiniões e

faltou em alguns encontros.

41

Período da

Licenciatur

a que cursa

O que pensa sobre o LEM Para quais finalidades utiliza o LEM no

curso e no PIBID

Participação na pesquisa

das vezes nas oficinas ou projetos que são

feitos nas escolas estaduais atendidas.

16 7º Segundo ela, o LEM ajuda na construção

profissional, pois com os materiais possibilita

a prática e execução de atividades com

embasamento necessário, para

desenvolvimento de atividades futuras. Em

resumo, o LEM melhor qualifica os futuros

docentes para o trabalho.

Em suas atividades acadêmicas, algumas

aulas acontecem no LEM e os matérias

didáticos assim como a construção destes

são usados para o desenvolvimento de

atividades como oficinas nas aulas de

Práticas Pedagógicas. Os matérias

didáticos também são usados nas

atividades do PIBID para a promoção de

atividades que auxiliem no

desenvolvimento dos alunos atendidos

além de apoio teórico para capacitação

própria.

Era participativa, expunha

sempre suas opiniões e se

preocupava muito com a

entrega dos materiais no prazo

e com a qualidade dos

mesmos.

17 3º Em sua opinião, o LEM é fundamental pois

com ele aprendemos a trabalhar com a

matemática de uma forma mais prática,

fazendo demonstrações e isso contribui muito

para a formação.

Em suas atividades como estudante, já

utilizou o LEM várias vezes, na Geometria

Espacial, utilizando formas geométricas,

para demonstrar fórmulas e também o

quadro do círculo trigonométrico, para

demonstrar valores trigonométricos. Nas

atividades do PIBID não utilizou o LEM,

pois não sabe se é possível carregar os

materiais para a escola.

Participava pouco expondo

suas opiniões e faltou em

alguns encontros realizados.

18 7º Na sua opinião, o LEM é importante para que

o estudante de licenciatura saiba atuar de

forma dinâmica, proporcionando

metodologias diferenciadas para se trabalhar

com os alunos.

Em suas atividades acadêmicas, o LEM é

usado como sala de aula, já foi visitado por

escolas estaduais, visitas que ela ajudou a

organizar e os materiais do LEM são

utilizados para execução de oficinas. As

reuniões do PIBID acontecem no LEM,

segundo a acadêmica e os materiais são

usados nas oficinas para as escolas

atendidas

Era responsável e participava

ativamente das reuniões,

porém, se ausentou do PIBID

por 2 meses devido à licença

maternidade.

19 8º Para ele, o LEM dispõe de recursos

importantes para a formação de professores,

materiais que podem ser utilizados na

capacitação do docente em relação à utilização

Em suas atividades como estudante e nas

atividades envolvendo o PIBID, ele utiliza

o LEM como sala de aula.

Expunha suas opiniões em

alguns momentos e faltou em

alguns encontros. Foi

desligado do programa em

42

Período da

Licenciatur

a que cursa

O que pensa sobre o LEM Para quais finalidades utiliza o LEM no

curso e no PIBID

Participação na pesquisa

de materiais didáticos, softwares entre outros. agosto de 2015.

20 7º o papel do LEM é colaborar com o

desenvolvimento de práticas de educação

matemática e instigar no professor a

curiosidade para desenvolver coisas novas.

Nas suas atividades como estudante, utiliza

o LEM para estudo, para fazer pesquisa na

internet e para pegar livros para o

desenvolvimento de trabalhos científicos.

Já nas atividades do PIBID, utiliza alguns

jogos do LEM para aplicar nas escolas e

alguns livros de matemática.

Participava ativamente das

conversas, expondo sempre

suas opiniões. Foi desligada do

programa em julho de 2015.

21 7º Em sua opinião, o LEM nos proporciona

grandes aprendizagens que não conhecemos

nas aulas específicas pois existem muitos

materiais diferentes para colocarmos em

prática os metodologias diferenciadas.

Em suas atividades acadêmicas, o LEM foi

usado como sala de aula e alguns

aplicativos de computadores também

foram usados. Nas atividades do PIBID,

as reuniões acontecem no LEM e os

materiais são levados para as escolas

atendidas e usados nas oficinas.

Era responsável e participava

em alguns momentos nas

reuniões. Não gostava muito

de expôr suas opiniões. Foi

desligada do programa em

julho de 2015.

22 7º Para ele, o LEM é um recurso que é

apresentado ao professor com o objetivo de

estimular um trabalho de construção do

conhecimento através de atividades que

estimulam o raciocínio do aluno, também

auxilia o professor no planejamento de aulas

mais atrativas.

O LEM é um recurso fundamental para o

desenvolvimento de pesquisas e

construções de trabalhos que auxiliam e

embasam os planos de aula nas atividades

acadêmicas. Já nas atividades do PIBID, os

materiais manipuláveis do LEM são

usados nas escolas e os livros que lá estão

disponíveis para elaborar projetos que

geram trabalhos científicos.

Era pouco participativo e

faltou em algumas reuniões.

Foi desligado do programa em

setembro de 2015.

23 3º Na sua opinião, o papel do Laboratório é fazer

com que os alunos possam passar atividades

da teoria para a prática, facilita e ajuda no

aprendizado, formando assim professores com

mais habilidades e com nível mais elevado de

aprendizado.

Nas suas atividades como estudante, utiliza

o LEM para fazer pesquisas e com as

atividades do PIBID, o LEM é utilizado

somente nas reuniões.

Participava pouco expondo

suas opiniões.

24 Realiza

dependência

O papel do LEM, na sua opinião é muito

importante, pois leva os acadêmicos à prática

Nas suas atividades como estudante, o

LEM foi usado nas aulas práticas de

Participava pouco, mas quando

participava, demonstrava uma

43

Período da

Licenciatur

a que cursa

O que pensa sobre o LEM Para quais finalidades utiliza o LEM no

curso e no PIBID

Participação na pesquisa

s em

disciplinas

dos conteúdos não ficando só na teoria, isso

faz com que forme docente reflexivos,

pesquisador em busca de uma melhor forma

de ensinar matemática.

Laboratório e nas atividades do PIBID, na

montagem de oficinas com materiais do

LEM, a partir da análise das dificuldades

dos alunos nas escolas.

maneira muito peculiar de

expor suas opiniões, com

franqueza e bom humor.

25 Realiza

dependência

s em

disciplinas

Segundo ela, o LEM é muito importante na

formação de professores, uma vez que é um

local bom de ser trabalhado e com muitos

materiais concretos de serem manuseados.

Nas suas atividades acadêmicas, o LEM

foi utilizado nas aulas de Práticas

Pedagógicas e algumas vezes nas aulas de

Cálculo. Já nas atividades do PIBID, o

LEM é utilizado para as reuniões e

eventualmente para oficinas.

Era muito tímida e pouco

participativa, mas muito

responsável.

26 2º Mesmo não tendo muita informações sobre o

LEM, na sua opinião, ele é importante para as

aulas práticas.

Nas suas atividades acadêmicas e nas

atividades com o PIBID, ele não utiliza o

LEM, devido ao pouco tempo que está no

programa.

Era interessado, mas não

participa muito com opiniões.

27 2º Segundo ela, o LEM é um auxílio no processo

de formação de professores, uma vez que,

pode ser uma base para conjecturas de novas

tecnologias de ensino.

Em suas atividades acadêmicas, utiliza os

materiais do LEM para desenvolvimento

de seminários em algumas disciplinas do

curso. Também utiliza os materiais do

LEM para realização de oficinas nas

escolas atendidas pelo PIBID.

Era pouco participativa mas

muito dedicada em suas

atividades.

28 Realizando

disciplinas

de

dependência

Para ela, o LEM é um suporte necessário para

que o profissional tenha a base de estudo

lúdico, ajudando a evidenciar o conhecimento

matemático adquirido.

Em suas atividades como acadêmica, ele

utiliza o LEM pois ele lhe dá o suporte

para aplicar e receber o conhecimento

necessário para o desenvolvimento das

atividades da Licenciatura. Nas atividades

com o PIBID, os materiais que se

encontram no LEM são usados para

aplicação e demonstrações de atividades

executadas.

Era pouco participativa e

pouco presente.

29 2º Na sua opinião, o LEM é um espaço para que

os alunos possam desenvolver atividades,

aprender através do uso das ferramentas nele

disponibilizadas.

Ela não utiliza o LEM em suas atividades

como estudante e nas atividades do PIBID,

as reuniões acontecem em seu espaço e

para montar oficinas que serão aplicadas

na escola atendida.

Era muito tímida e pouco

participativa.

44

Período da

Licenciatur

a que cursa

O que pensa sobre o LEM Para quais finalidades utiliza o LEM no

curso e no PIBID

Participação na pesquisa

30 3º

Na sua opinião, o LEM ajuda a melhorar a

formação de professores de Matemática.

Em suas atividades como estudante, o

espaço do LEM é utilizado para se ter aula

de Geometria e nas atividades do PIBID,

ela usa os jogos, em especial, o jogo

Produto com Dadinhos.

Foi pouco participativa, não

expunha suas opiniões.

45

3.4 Os professores que participavam do Projeto

Os três professores do Curso de Licenciatura em Matemática a seguir, são

servidores efetivos do quadro de funcionários do IFNMG – Campus Salinas sendo

que os dois primeiros, faziam parte do Programa Institucional de Iniciação à

Docência (PIBID) como coordenadores do programa e o terceiro, era o professor

que ministrava as aulas de Práticas Pedagógicas. A descrição desses professores

levou em consideração o questionário respondido por eles.

PROFESSOR 1

Atua como coordenador do PIBID. No início do projeto, lecionava Cálculo I

para o 3º Período de Licenciatura em Matemática e Cálculo II para o 4º Período de

Licenciatura em Matemática. Para ele, o papel do LEM é propiciar o

desenvolvimento de atividades práticas que contribuam com a aprendizagem dos

futuros professores. Para isso, o LEM deve ser utilizado como um ambiente

diferenciado da sala de aula, de forma a despertar nos alunos a criatividade e a

interação com os colegas na construção do conhecimento. Em suas atividades de

docência, o LEM é pouco utilizado, já que desenvolve algumas atividades para que

os alunos utilizem os softwares na construção e interpretação de gráficos de

funções. Utiliza também o ambiente da sala do LEM em atividades em grupos para

“quebra r a rotina”, pois percebe que a aula quando desenvolvida no laboratório,

contribui para uma participação efetiva de todos os alunos. Nas atividades do PIBID,

utiliza o LEM para realizar as reuniões de planejamento e algumas vezes os

acadêmicos utilizam os materiais (jogos) do laboratório para preparar as atividades a

serem desenvolvidas nas escolas atendidas.

PROFESSOR 2

Atua como coordenador do curso de Licenciatura em Matemática e como

coordenador do PIBID. No início do projeto, lecionava Geometria Analítica II para o

3º período de Licenciatura em Matemática. Segundo ele, o LEM além de ser o

espaço para as aulas de Práticas de Laboratório, desempenha importante papel

como espaço físico de identidade do curso, onde os alunos da Matemática

visualizam-no como um espaço deles, onde podem estudar e preparar suas práticas.

Em suas atividades de docência, utiliza o LEM nas disciplinas de Geometria Plana e

46

Espacial, utilizando os sólidos (materiais) bem como os computadores com o uso de

softwares como o Geogebra. Nas atividades do PIBID utiliza o espaço do LEM para

as reuniões semanais com os alunos e na preparação de oficinas pedagógicas que

serão ofertadas nas escolas parceiras, utilizando os jogos e objetos nas oficinas.

PROFESSOR 3

No início do projeto, lecionava as disciplinas de Laboratório de Educação

Matemática I, Laboratório de Educação Matemática III nas turmas de Licenciatura

em Matemática e matemática para o Ensino Médio. O professor foi chamado através

do concurso realizado para a instituição para lecionar as disciplinas de Práticas

Pedagógicas para as turmas de Licenciatura em Matemática, já que os professores

efetivos que estavam na instituição não se sentiam à vontade para lecionar tais

disciplinas e foi convidado a participar do projeto mas diante dos seus horários com

o ensino médio, sua participação ficou inviável. Para ele, o LEM contribui para a

criação de novas metodologias de ensino e para aproximar a população de Salinas

com o IFNMG-Campus Salinas. Nas suas atividades de docência, o LEM é utilizado

pelos acadêmicos do 5º e 7º períodos da Licenciatura em Matemática para

organização de oficinas e essas estão sendo aplicadas no LEM mensalmente,

oficinas essas que estão sendo desenvolvidas com os alunos das escolas estaduais.

No decorrer do projeto, em 2016 o professor foi aprovado no doutorado em

Educação Matemática pela PUC/SP e atualmente reside na cidade já que conseguiu

afastamento para sua capacitação.

3.5 O percurso da pesquisa

Tendo como questões a serem debatidas no decorrer desse trabalho: De que

forma ou que conteúdo matemático abordar e com qual material? Quais os

caminhos a serem percorridos para que se contribua com professores de Práticas

Pedagógicas, professores e futuros professores de Matemática que almejam por

mudanças na prática pedagógica e, portanto, na sua prática docente?, foi elaborada

uma proposta de trabalho para a disciplina Práticas Pedagógicas no curso de

Licenciatura em Matemática integrando a disciplina, o PIBID e o Laboratório de

Educação Matemática.

47

Para responder a essas questões, utilizou-se a abordagem qualitativa, visto

que a pesquisa tem um caráter exploratório, a partir de levantamentos de dados de

um grupo e da compreensão e interpretação de determinados comportamentos e

situações, além da opinião e expectativas desse grupo. Segundo Borba e Araújo

(2013, p.25), pesquisas realizadas por meio de uma abordagem qualitativa fornecem

informações mais descritivas, que primam pelo significado dado às ações.

A exploração se desenvolveu a partir da análise de nove encontros com o

grupo de acadêmicos do PIBID, realizados no Laboratório de Educação Matemática

(LEM) do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais – Campus Salinas.

O grupo de acadêmicos do PIBID pode ser apontado como um grupo

colaborativo, já que todos participaram de forma espontânea, como voluntários.

A pesquisa retratada, de acordo com as determinações necessárias, transitou

pelas seguintes etapas:

3.5.1 Primeira etapa: levantamento bibliográfico e documental

O primeiro passo para o desenvolvimento dessa pesquisa foi realizar um

levantamento bibliográfico e documental em livros, revistas, artigos, dissertações e

teses relacionados aos temas: Laboratório de Ensino/Educação Matemática e o uso

de materiais manipulativos na formação de professores.

A coletânea de Lorenzato (2012) composta por 8 artigos indica as

concepções, possibilidades, uso e limites do laboratório de ensino de Matemática e

como ele vem sendo utilizado em instituições que formam professores de

matemática, além do desenvolvimento e uso de materiais didáticos no ensino de

Matemática, exemplificando, também, o funcionamento de laboratórios e de

materiais manipulativos para a Geometria.

Rodrigues (2011), propôs pesquisar as potencialidades do uso do Laboratório

de Ensino/Educação Matemática na formação de professores, a partir de coleta de

dados em uma instituição pública de ensino superior.

Já Turrioni (2004) discute, em seu trabalho, duas abordagens para a

formação de professores de Matemática, sendo que a primeira referente ao

desenvolvimento profissional e a segunda, a do professor pesquisador e como o

Laboratório de Educação Matemática pode contribuir no desenvolvimento dessas

abordagens.

48

Em Rodrigues e Gazire (2015), percebe-se os diferentes tipos de abordagem

envolvendo os laboratórios ligados à Matemática com destaque nos diferentes

objetivos e propostas de uso desses laboratórios, bem como as contribuições para a

formação de professores.

Já Fiorentini e Miorim (1990) aborda uma reflexão sobre o uso de materiais

concretos e jogos no ensino de Matemática, reportando para a necessidade do

pensamento na proposta político pedagógica do professor, sobre o papel da escola

e o tipo de aluno que se quer formar e a importância da Matemática para esse aluno.

Autores como Carvalho (2011) e Santos e Rabelo (2013) reforçam a

importância e criação de laboratórios de Ensino de Matemática em escolas de

ensinos fundamental, médio e superior, sendo estes destinados á observação e

realização de várias práticas pedagógicas com a utilização de materiais didáticos

manipuláveis.

Além das obras descritas, o projeto pedagógico do curso de licenciatura de

Matemática do IFNMG – Campus Salinas foi examinado no intuito de conhecer a

história da instituição e do curso e as ementas das disciplinas de Práticas

Pedagógicas quanto à abordagem das práticas no Laboratório de Educação

Matemática do referido curso.

Os projetos escritos para o início e continuidade do PIBID também foram

observados no sentido de nos inteirarmos de toda a trajetória do PIBID no IFNMG e

em especial no Campus Salinas.

3.5.2 Segunda etapa: escolha da instituição e do grupo colaborativo

Após a escolha do tema da pesquisa, envolvendo o Laboratório de

Matemática, surgiu uma inquietação quanto ao local onde aconteceria o trabalho, já

que a pesquisadora trabalha atualmente em uma unidade da instituição em que não

há Laboratório de Matemática.

Porém, a unidade anterior que a pesquisadora trabalhava, havia um

Laboratório de Educação Matemática e o curso de Licenciatura em Matemática e

assim, a pesquisa poderia acontecer com os acadêmicos do curso e o uso do

Laboratório.

49

3.5.3 A terceira etapa: contato com a direção do IFNMG

Esta etapa tratou-se dos contatos feitos com a direção do IFNMG – Campus

Salinas para esclarecer sobre a pesquisa, como aconteceria e os resultados

esperados. A reunião entre a pesquisadora, a diretora da instituição e o coordenador

do curso de Matemática foi marcada para o final do mês de fevereiro de 2015.

Durante a reunião com a direção do IFNMG – Campus Salinas e o

coordenador e professor do curso de Matemática, para a explicação do trabalho que

seria realizado e que esse trabalho aconteceria com um grupo de acadêmicos e com

a utilização do Laboratório que o Campus dispunha, a direção e o professor

coordenador se mostraram satisfeitos com desenvolvimento do trabalho com o

Laboratório de Educação Matemática (LEM) e os acadêmicos do curso mas

evidenciaram a proposta da pesquisa acontecer com acadêmicos que faziam parte

do PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência). Esclareceram

nesse momento, o interesse em desenvolver a pesquisa com os acadêmicos do

PIBID diante da necessidade de um trabalho com os materiais didáticos do

Laboratório e o possível retorno desse trabalho para os alunos atendidos nas

escolas estaduais ligados ao PIBID. O coordenador do curso de Matemática já

sinalizou nesse momento, sua vontade em trabalhar com o grupo de acadêmicos do

PIBID na pesquisa, pois ele era um dos coordenadores do referido programa.

Essa proposta foi aceita e o próximo passo foi reunir com o grupo de

acadêmicos e os coordenadores do PIBID para a exposição do trabalho que seria

realizado e o aceite ou não do grupo.

No final da reunião que aconteceu no início do mês de abril de 2015, os vinte

e cinco acadêmicos do PIBID confirmaram a participação na pesquisa.

3.5.4 Quarta etapa: os encontros com o grupo de acadêmicos do PIBID

Após a realização dos encontros que aconteciam no Laboratório de Educação

Matemática (LEM) do IFNMG – Campus Salinas e da análise do questionário

respondido pelos acadêmicos do PIBID, alguns temas descrevem cada encontro,

como mostramos a seguir:

50

Primeiro encontro

O primeiro encontro iniciou com a apresentação da pesquisadora e dos

acadêmicos seguida da entrega do questionário para que os acadêmicos

externassem sobre a utilização do LEM e sobre as dificuldades constatadas por eles

dos alunos atendidos.

Após terminarem o questionário, realizou-se uma conversa sobre o

Laboratório em que estavam: sobre o seu surgimento e implantação, e quando

aconteceu. Constatou-se que eles não sabiam sobre a história e a construção

daquele LEM.

A história do LEM, então, foi contada brevemente e falou-se sobre a pesquisa

e sobre como ela seria realizada, passando, posteriormente para a assinatura do

termo para que eles fossem sujeitos da pesquisa.

Diante da constatação de que os acadêmicos não conheciam a história do

LEM, para o próximo encontro, alguns grupos deveriam apresentar temas

relacionados ao LEM e ao trabalho usando materiais manipulativos.

Segundo encontro

No segundo encontro, observou-se a dificuldade que os acadêmicos tinham

em apresentar temas para os colegas, já que demonstraram pouco interesse em

mostrar apresentações organizadas e bem estruturadas. As tarefas destinadas aos

grupos não foram cumpridas na sua totalidade, com exceção do grupo que fez o

levantamento dos materiais manipulativos do LEM.

Terceiro Encontro

No terceiro encontro, foram organizadas as duplas/trios de trabalho nas

escolas estaduais atendidas, sendo oportunizado a eles a possibilidade de

conhecerem os materiais manipulativos do LEM

Os acadêmicos demonstraram interesse no manuseio dos materiais e

habilidades interessantes, como, por exemplo, a Torre de Hanói.

Alguns relataram a possibilidade de utilização de alguns materiais nas salas

atendidas levando em consideração as dificuldades apresentadas pelos alunos

quando foram perguntados em relação ao uso dos materiais em sala de aula.

51

Quarto encontro

No quarto encontro, verificou-se a dificuldade dos acadêmicos em atender às

solicitações pedidas para o desenvolvimento da pesquisa, já que evidenciaram a

realização de um trabalho com materiais manipulativos em sala de aula de forma

atropelada e sem planejamento prévio.

Percebeu-se, ainda, a necessidade de um melhor planejamento das aulas

envolvendo os materiais manipulativos do LEM e, por isso, iniciou-se uma conversa

sobre a realização inicialmente de um roteiro de trabalho.

Quinto encontro

No quinto encontro, após identificada, através da internet, a continuidade da

utilização dos materiais, em especial com foco na fixação de conceitos que os

alunos atendidos demonstravam ter muita dificuldade, percebeu-se a necessidade

de mostrar aos acadêmicos, através de um trabalho com um material manipulativo

do LEM, as possibilidades do uso de materiais que enfoquem uma variedade de

conteúdos e a apropriação de um conceito matemático. O material escolhido nesse

encontro foi o Tangram e o conteúdo abordado foi o conceito de área de figuras

planas.

Sexto encontro

No sexto encontro, verificou-se que as dúvidas relativas à abordagem dos

conteúdos levando em consideração um material manipulativo persistiam e, por isso,

nesse encontro, foi feita a análise de dois roteiros de aula que foram confeccionados

pelos próprios acadêmicos com o intuito de que os demais percebessem falhas,

mudanças necessárias e que tivessem outra visão sobre o trabalho com materiais

manipulativos.

Um roteiro de aula confeccionado pela pesquisadora abordando o Tangram

seguido de atividades foi levado nesse encontro com o objetivo de esclarecer as

dúvidas que ainda persistiam sobre a utilização de materiais manipulativos na sala

de aula.

52

Sétimo encontro

No sétimo encontro, propôs-se os ajustes necessários nos roteiros de aula

confeccionados pelos acadêmicos para que as aplicações nas turmas atendidas

pudessem acontecer.

Durante a conversa, alguns relatos, como dificuldade de leitura e escrita dos

alunos atendidos e o pouco tempo que teriam para aplicação foram abordados.

Oitavo encontro

No oitavo encontro, houve uma conversa sobre as aplicações que haviam

acontecido. Relatos como dificuldade para finalizar a aplicação e para que os alunos

atendidos fizessem relatório da aula foram evidenciados. Nesse encontro, constatou-

se que alguns acadêmicos ainda não haviam aplicado suas atividades mas a

pesquisadora resolveu prosseguir com o trabalho já que a maioria já havia aplicado.

As orientações para a segunda aplicação foram passadas nesse encontro,

sendo que aqueles que não haviam realizado a primeira aplicação deveriam se

apressar para não atrasarem o andamento da pesquisa.

Nono encontro

No nono encontro, evidenciou-se a demora na realização dos roteiros de aula

e da segunda aplicação e nesse encontro, além do número reduzido de participantes

nesse dia, constatou-se que as aplicações que haviam acontecido seguiram critérios

definidos pela necessidade de esclarecimento de dúvidas e das dificuldades dos

alunos atendidos, ou, enfim, na fixação de conceitos não aprendidos3.

3.5.5 Quinta etapa: proposta de elaboração do produto

Nessa etapa pensou-se sobre a elaboração de um caderno denominado:

“Ações para utilização do LEM na Licenciatura”, a partir do que foi vivenciado no

decorrer dessa pesquisa e que possibilitou a construção de um material que aborda

desafios e possíveis ações para um efetivo trabalho com o Laboratório de Educação

Matemática na perspectiva de espaço de formação. Assim, a partir das experiências

3 Pelas dificuldades encontradas, foi necessário um novo passo da pesquisa relacionado à utilização

dos materiais manipuláveis do LEM. A descrição desse passo encontra-se no capítulo analítico desse

trabalho.

53

vividas com os acadêmicos do curso de Matemática que participavam do PIBID, das

conversas, das dificuldades apresentadas e das análises dos encontros, construíu-

se um caderno, que é apresentado nos apêndices deste trabalho.

4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS ENCONTROS

Os encontros, sintetizados no final do capítulo anterior, aconteceram no

Laboratório de Educação Matemática (LEM) do Instituto Federal do Norte de Minas

Gerais (IFNMG), no Campus Salinas, sempre no turno da tarde.

Participavam dos encontros a presente pesquisadora, os dois coordenadores

do subprojeto de Matemática (descritos no capítulo anterior) e os 25 acadêmicos do

curso de Matemática que integravam o Programa Institucional de Bolsas de

Iniciação à Docência (PIBID). O professor de Práticas Pedagógicas do IFNMG –

Campus Salinas foi convidado a participar, porém, devido à indisponibilidade de

horários, isso não foi possível.

Foram realizados nove encontros, a saber:

Quadro 5 - Datas e temas dos encontros

Encontros Data Tema do encontro

1º 09/04/2015 Surgimento do LEM e exposição do projeto de

pesquisa

2º 07/05/2015 Apresentação de trabalhos

3º 28/05/2015 Os materiais manipulativos do LEM

4º 11/06/2015 Utilização dos jogos nas escolas estaduais

5º 09/07/2015 As possibilidades de trabalho com o Tangram

6º 26/08/2015 Análise dos roteiros de aula

7º 23/09/2015 Análise anterior à Primeira Aplicação

8º 15/10/2015 A primeira aplicação e o percurso da segunda

aplicação

9º 03/02/2016 A perplexidade dos fatos

Fonte: Dados da pesquisa.

A seguir a descrição de cada um deles.

54

4.1 Primeiro encontro – Surgimento do LEM e Exposição do Projeto de

Pesquisa

Este encontro iniciou-se com a apresentação da pesquisadora, já que alguns

acadêmicos que ali estavam não a conheciam. Foi entregue um questionário

(Apêndice A) a todos eles com o objetivo de levantar dados para a construção do

perfil dos acadêmicos bem como a percepção que tinham sobre o LEM.

Os coordenadores do projeto também receberam e responderam a um

questionário (Apêndice B), com o objetivo de se ter o perfil dos docentes e para

identificar como era a utilização do LEM em suas aulas e nas atividades do PIBID.

Os acadêmicos foram questionados quanto à implantação do LEM no

Campus Salinas, se eles tinham esse conhecimento e após a negativa de todos, foi

feita a exposição do surgimento do Laboratório, falando sobre Rodrigues (2011),

professor de Matemática do Campus desde 2009 e que, no ano de 2010, foi o

responsável pela elaboração do projeto e montagem do Laboratório de Educação

Matemática no IFNMG – Campus Salinas, produto da sua dissertação de mestrado:

“Laboratório de Educação Matemática: descobrindo as potencialidades do seu uso

em um curso de formação de professores”. Foi explicado que essa pesquisa relata

sobre as possibilidades do uso do Laboratório de Ensino/Educação Matemática na

formação de professores, os tipos de Laboratórios existentes na literatura e a

investigação de dois projetos de laboratórios entre 2001 e 2009.

Após a fala sobre o surgimento do LEM, a proposta para os próximos

encontros seria: a análise e o levantamento dos materiais manipulativos que se

encontravam no LEM e a elaboração de atividades com esses materiais para

aplicação nas salas de aula atendidas pelo PIBID, sendo que o resultado desses

encontros seria utilizado como objeto de pesquisa.

Nesse momento, foi pedida a autorização assinada para que eles fossem

participantes da pesquisa que seria realizada, já que todos concordaram em

participar. Dessa forma, a dinâmica do trabalho foi esclarecida.

55

Para o encontro seguinte foram propostas algumas tarefas a serem

cumpridas pelos grupos que foram organizados, naquele momento, pelos

acadêmicos, da seguinte forma: grupos com 4 integrantes, levando em consideração

a escola estadual em que estavam inseridos pelo PIBID.

Os grupos ficaram assim distribuídos e com as seguintes tarefas:

O primeiro grupo, formado pelos acadêmicos 08, 16, 22 e 23, referenciados

no quadro 4, apresentaria os capítulos três e quatro da dissertação

“Laboratório de Educação Matemática: descobrindo as potencialidades do

seu uso em um curso de formação de professores” de Rodrigues (2011).

O segundo grupo, formado pelos acadêmicos 01, 04, 05 e 14, referenciados

no quadro 4, faria o levantamento do material didático do LEM, levando em

consideração a relação de materiais descrita na dissertação de Rodrigues

(2011).

O terceiro grupo, formado pelos acadêmicos 06, 11, 12 e 15, referenciados no

quadro 4, levaria um levantamento do que foi trabalhado nas disciplinas de

Práticas Pedagógicas, da ementa da disciplina e das referências

bibliográficas utilizadas.

O quarto grupo, formado pelos acadêmicos 02, 03, 18 e 21, referenciados no

quadro 4, apresentaria para os colegas um material que deveria ser escolhido

pelo grupo por ter chamado atenção em algum aspecto com o tema LEM,

podendo ser um artigo, uma dissertação ou um livro.

Salienta-se a necessidade naquele momento, que aqueles acadêmicos

percebessem de que forma o LEM do IFNMG-Campus Salinas foi construído e para

que finalidade e posteriormente, como ele pode ser utilizado e com que objetivos.

Nesse perspectiva, segundo Lorenzato (2012, p. 7):

Enfim, o LEM, nessa concepção, é uma sala-ambiente para estruturar, organizar, planejar e fazer acontecer o pensamento matemático, é um espaço para facilitar, tanto ao aluno como ao professor, questionar,

conjecturar, procurar, experimentar, analisar e concluir, enfim, aprender e principalmente aprender aprender.

O encontro seguinte ficou marcado para o dia sete de maio de dois mil e

quinze.

56

4.2 Segundo encontro – Apresentação dos Trabalhos

O grupo 1 apresentou um resumo sobre os capítulos três e quatro da

dissertação de Fredy Coelho, falando sobre o surgimento dos laboratórios de

Ciências e de Matemática, em especial sobre o uso de materiais didáticos no

ensino de Matemática e alguns tópicos sobre os diferentes tipos de abordagem do

Laboratório de Matemática.

A acadêmica 2 disse: “não sabia que existiam tantos laboratórios assim, para

mim, era somente Laboratório de Matemática e pronto”.

Após o espanto da acadêmica 2 com as várias possibilidades de Laboratório

citadas na dissertação, já que para ela só existia o Laboratório de Matemática, ou

seja, um tipo de laboratório somente. Outros acadêmicos também se mostraram

espantados, pois nunca tinham ouvido falar de outros laboratórios.

Já acadêmica 01, que já cursava o sétimo período, relatou que conhecia as

várias possibilidades de laboratórios de Matemática, pois na disciplina de Práticas

Pedagógicas a professora havia levado um material que falava sobre isso.

Como não foi falado no primeiro encontro como deveria ser as apresentações,

esperava-se mais empenho do grupo. O grupo um demonstrou-se pouco preparado

para a apresentação já que um acadêmico a fez através da leitura de um resumo.

Os outros integrantes do grupo ficaram observando o colega durante toda a

apresentação.

O grupo 2 apresentou, por escrito, a lista de materiais didáticos que se

encontravam atualmente no LEM, constando, também, a quantidade de cada

material (QUADRO 6).

Quadro 6 - Levantamento de materiais do LEM

Item Quantidade Nome do material

1 44 Jogo Produto com dadinhos I

2 35 Jogo Produto com dadinhos II

3 44 Jogo Produto com dadinhos III 4 31 Jogo Produto com dadinhos IV

5 10 Kit Áreas e volumes 6 33 Jogo Roleta Matemática

7 43 Jogo Mandala Trigonométrica 8 12 Kits Pares e Impares

9 23 Jogo Probabilidado 10 24 Jogo das Dezenas

11 07 Geoplano Madeira 12 24 Jogo do Caracol

57

Item Quantidade Nome do material

13 24 Jogo da Tartaruga

14 24 Jogo do Pulo do Gato

15 10 Prancha para Gráficos Imantada 16 25 Jogo Trigominó

17 17 Ábaco e Ábaco Decimal 18 27 Área do Círculo

19 26 Teorema de Pitágoras 20 25 Áreas para Geoplano Quadrado

21 07 Mini Kit Álgebra 22 24 Jogo Avançando com o Resto

23 01 Fração em Barra 24 24 Jogo da Árvore

25 26 Prancha Trigonométrica 26 24 Jogo Cabo de Guerra

27 35 Kit Geometria Plana 28 20 Relações Métricas

29 24 Áreas de Polígonos

30 26 Jogando com Frações Circulares 31 11 Mini Frações Circulares

32 26 Kit Polinômios 33 09 Kit Álgebra

34 18 Cubo da Soma 35 25 Jogo: Quantidades, Formas e Cores

36 34 Jogando com a Álgebra 37 04 Blocos Lógicos Mini

38 24 Joga da Velha 39 37 Ciclo Trigonométrico com Prancha e

Triângulos Coloridos

40 05 Tangram 41 01 Tangram Quadrado EVA

42 01 Kit Área do Círculo 43 32 Prancha para Gráficos

44 01 Quatro em Linha Multiplicativo 45 25 Jogo dos passageiros

46 25 Cinco em Linha 47 23 Jogo da Velha Triangular

48 01 Jogo Pulo do Gato 49 23 Jogo Pegue Dez em EVA

50 03 Jogo dos Múltiplos

51 23 Subida Maluca 52 10 Painel das Quantidades

53 05 Material Dourado 54 05 Escala Cuisenaire

55 04 Blocos Lógicos 56 03 Ábaco

57 01 Kit de Provas Piagetianas 58 24 Geoplano Quadrado + Triangular

59 01 Unidade mestra de matemática com sensores, softwares e interface para professor

60 Conjunto de sólidos geométricos Fonte: Elaborado pelos acadêmicos.

58

A acadêmica 01 comentou que o grupo percebeu, ao comparar a lista feita por

eles e a relação que constava na dissertação do professor Fredy Coelho Rodrigues

que os materiais se mantinham, mas que a contagem de alguns materiais feita por

eles foi menor.

Um dos coordenadores, ao ouvir a acadêmica, pediu a palavra e disse que

nos primeiros anos de funcionamento do LEM, de 2010 a 2011, não havia nenhum

controle sobre o empréstimo de materiais e, por isso, percebeu-se que eles

estavam sumindo. Devido a esse fato, foi necessária a criação de um caderno para

anotação de saída e devolução de materiais emprestados e, com isso, a

conservação dos materiais e das quantidades havia melhorado substancialmente.

Sobre o uso de materiais, Rodrigues (2011, p.54) afirma que:

[...] acredita-se que o material didático concreto pode ter um importante papel nesse processo [que requer o envolvimento ativo do aluno], atuando como meio auxiliar de ensino, podendo ser um recurso capaz de catalisar

experiências individuais de aprendizagem na construção dos conceitos matemáticos.

O grupo 3 fez o levantamento do que foi trabalhado na disciplina de Práticas

Pedagógicas V: Laboratório de Educação Matemática I, relatando oralmente alguns

pontos, levando em consideração a ementa da disciplina, como:

O uso dos materiais do LEM na prática educacional. Foi falado

pelo acadêmico 12 que, mesmo estando na ementa que os materiais

deveriam estar à disposição do acadêmico para uso em seu estágio,

isso não acontecia, pois a possibilidade de utilização desses materiais

não era explorada nas aulas de Práticas Pedagógicas.

As aulas de práticas pedagógicas deveriam estar mais voltadas

para a prática docente. O acadêmico 11 disse que as aulas ficavam

cansativas com o excesso de leituras de artigos, apresentações de

capítulos de livros e seminários, deixando de lado as práticas, que, a

seu ver, seriam mais interessantes para a futura docência.

A possiblidade de ministrar uma aula de Matemática na disciplina

de prática pedagógica foi um ponto positivo levantado pelo

grupo. O acadêmico 6 falou que isso contribuía muito para a sua

formação, principalmente porque o professor da disciplina ajudava nas

59

dúvidas, falava sobre planejamento e levantava alguns pontos

positivos e negativos após a aula dada por eles.

A visitação da comunidade externa ao laboratório como ponto

positivo. A acadêmica 16 pediu a palavra para fazer um comentário

sobre as aulas de práticas e elogiou a possibilidade de visitação da

comunidade externa ao LEM que estava acontecendo naquele

semestre. Relatou que os alunos chegavam ao laboratório e saíam

admirados com a quantidade de jogos que viam, que era muito bom

perceber a expressão de espanto ao entrar no laboratório.

Sobre a Ementa da disciplina de Práticas Pedagógicas VII: Laboratório de

Educação Matemática III, cursada naquele semestre, o grupo pontuou as seguintes

questões:

Ementa Prática realizada

Ambientes informatizados de

aprendizagem: concepções de

conhecimento, prática pedagógica e a

utilização do computador no processo de

ensino e aprendizagem.

Foram utilizados os computadores dos

laboratórios de informática do IF. Para

pesquisas e construção de resenhas de

textos postados na plataforma.

As tecnologias da inteligência, os três

tempos do espírito: a oralidade, a escrita e

a informática.

A oralidade não foi trabalhada, não

ouve nenhuma discussão oral nas

aulas.

Exposição oral de trabalhos em grupos

Didática e o computador: o professor

informatizado.

Alguns textos lidos individualmente com

esta temática.

Ambientes informatizados de

aprendizagem: metodologia de produção

de software educativo.

Não foi trabalhada.

Foram trabalhados através de grupos

de alunos softwares existentes

gratuitamente, com ênfase em

atividades propostas.

Avaliação de software educativo. Não foi trabalhada

Informática e Educação Matemática:

implicações para a prática docente.

Não foi trabalhada

Interação à distância; mediação

pedagógica e o uso da tecnologia.

Foi trabalhada, utilizou-se o moodle nas

aulas para fazer a mediação entre os

60

Ementa Prática realizada

textos que foram aplicados e as

respectivas resoluções.

O papel das Novas Tecnologias de

Informação e Comunicação (NTIC) na

educação atual.

Trabalho de exposição por parte dos

alunos, com assuntos desta temática.

Políticas públicas para Informática

Educativa.

Não foi trabalhada

Fonte: Elaborado pelos acadêmicos.

De acordo com o grupo, o que foi trabalhado na disciplina de forma resumida

foi:

Aulas realizadas no laboratório de informática e/ou na sala de aula.

Apresentação de softwares matemáticos realizada pelos alunos.

Apresentações realizadas pelos alunos sobre o uso de mídias.

Leitura de textos postados no moodle, e postagens de resenhas e respostas

de questionamentos também postados sobre os textos. Faltando, assim, a

discussão do tema entre a turma, em geral, e possíveis esclarecimentos.

O grupo 3, portanto, não fez o levantamento das ementas completo, já que

faltaram as ementas de Práticas Pedagógicas IV, V, VI e VIII e, também, o

referencial bibliográfico dessas disciplinas, alegando que estavam atarefados com

as disciplinas do curso.

O grupo 4 escolheu para apresentar aos colegas o sétimo capítulo do Livro: O

Laboratório de Ensino de Matemática na Formação de Professores, de organização

de Sérgio Lorenzato. Capítulo intitulado: “Laboratório de ensino de matemática da

Universidade de Brasília: uma trajetória de pesquisa em educação matemática,

apoio à formação do professor e interação com a comunidade” (BERTONI;

GASPAR, 2012).

Segundo a acadêmica 21, foi o capítulo que mais chamou atenção do grupo

por relatar experiências vivenciadas no Laboratório de Matemática, experiências

que foram consideradas por eles válidas, pois poderiam contribuir para melhoria da

utilização do LEM do IFNMG – Campus Salinas.

As acadêmicas 18 e 21 falaram sobre a criação do Laboratório na UnB e seu

funcionamento diante dos poucos recursos iniciais quanto às verbas e de aparato

da informática. Aos poucos, os recursos aumentavam devido à necessidade e à

61

obrigatoriedade do estágio no Laboratório nos cursos de Licenciatura.

Contaram, ainda, sobre as criações que aconteceram no Laboratório nas

aulas de Geometria, exemplificando com o geobloco, figura que foi projetada para

todos visualizarem melhor.

Elas finalizaram a apresentação falando sobre o funcionamento do laboratório

atualmente e as atividades exercidas, como os cursos de formação continuada de

professores, as disciplinas do curso de licenciatura que aconteciam no laboratório,

o serviço de atendimento matemático à comunidade, o clube de Matemática e os

contadores de história (de Matemática), explicitados no capítulo trabalhado.

Todas as atividades citadas despertaram muito interesse nos colegas, mas a

acadêmica 3 pediu que fosse explicado com mais detalhes como eram o clube da

matemática e os contadores de história (de Matemática).

A acadêmica 21, então, citou “O Clube da Matemática” e “Os Contadores de

História (da Matemática)” como excelentes ideias para serem utilizadas. Segundo

ela, “O Clube da Matemática” é um grupo de alunos e professores dos Ensinos

Fundamental e Médio e membros da Universidade que se reúnem para discutir e

resolver problemas matemáticos. Já “Os Contadores de História (de Matemática)”

são acadêmicos do curso de Matemática que se reúnem com crianças,

adolescentes e adultos para contar fatos, episódios e curiosidades da História da

Matemática.

A acadêmica 16 concordou com a acadêmica 21 em relação à possibilidade

de se ter o clube da Matemática e os contadores de história (de matemática) no

LEM e a acadêmica 24 falou da necessidade de o professor de Práticas

Pedagógicas estar presente naquele momento para que essas atividades se

tornassem reais num futuro próximo.

4.3 Terceiro encontro – Os Materiais Manipulativos do LEM

Nesse encontro, foi feito um levantamento em relação ao trabalho dos

acadêmicos nas escolas estaduais e as séries atendidas, organizando-os

individualmente, em duplas ou em trios, de acordo com o quadro 7:

Quadro 7 - Relação de equipes de trabalho, séries e escolas atendidas

62

ACADÊMICO/PIBIDIANO ESCOLA ATENDIDA

SÉRIE ATENDIDA

- Acadêmica 03

- Acadêmica 02

E. E. Prof. José Miranda

6º ano e 7º ano

- Acadêmica 24

- Acadêmico 17

E. E. Prof. José Miranda

7º ano

- Acadêmica 18

- Acadêmica 21

E. E. Prof. José Miranda

8º ano

-Acadêmica 09

-Acadêmico 11

E. E. Prof. Elídio Duque

7º ano

- Acadêmico 12

- Acadêmica 25

E. E. Prof. Elídio Duque

7º ano

-Acadêmico 06

-Acadêmico 15

E. E. Prof. Elídio Duque

7º ano

-Acadêmico 07

-Acadêmica 13

E. E. Dr. Oswaldo Prediliano Sant’ana

7º ano

- Acadêmico 22

- Acadêmica 23

E. E. Dr. Oswaldo Prediliano Sant’ana

Ensino Médio

-Acadêmica 16

-Acadêmica 08

E. E. Dr. Oswaldo Prediliano Sant’ana

Ensino Médio

-Acadêmica 10

-Acadêmica 20

- Acadêmico 19

E. E. Prof. Levindo Lambert

6º ano

-Acadêmico 04

E. E. Prof. Levindo Lambert

3º E. Médio

-Acadêmica 01 E. E. Prof. Levindo Lambert

1º ano E. Médio

-Acadêmica 14

- Acadêmico 05

E. E. Prof. Levindo Lambert

8º ano e 9º ano

Fonte: Elaborado pela autora.

Ao serem perguntados se utilizavam os materiais manipulativos que havia no

LEM, todos responderam negativamente. Diante disso, nesse encontro, os

acadêmicos tiveram a oportunidade de conhecer os materiais e manuseá-los.

Inicialmente, pegaram os materiais que estavam expostos nas prateleiras, de forma

desordenada, isto é, olhavam o material, abriam, liam as regras mas não jogavam,

dando a impressão que estavam realmente conhecendo aqueles materiais.

Após a orientação da pesquisadora, souberam que havia outros materiais

guardados nos armários. De posse das chaves, o comportamento foi o mesmo:

manusearam e leram as regras.

Um acadêmico chamava outro e perguntava: “você viu esse aqui? Olha como

63

ele é bacana”. E durante algum tempo, eles tiveram a possibilidade de experienciar

todos aqueles materiais.

Passado esse momento de interação com os materiais, solicitou-se que cada

equipe de trabalho (levando em consideração as duplas que trabalhavam na

mesma escola) selecionasse um material qualquer. Todos escolheram um jogo e

uma dupla chamou atenção devido ao entusiasmo que falavam e usavam a Torre

de Hanói. O acadêmico 12 explicava para o acadêmico 6 o funcionamento do

material, demonstrando como se mudavam as peças segundo as orientações do

manual.

Diante do jogo escolhido e da necessidade de duplas ou grupos para jogarem,

os acadêmicos foram se organizando, levando em consideração a escola estadual

e a série atendida.

Figura 1 – Acadêmica manuseando os materiais manipuláveis do LEM

Fonte: Arquivo da pesquisadora.

As regras do jogo foram lidas e começaram a jogar. A demonstração da

alegria, entusiasmo e competitividade era vista a todo momento.

O trio formado pelos acadêmicos 1, 5 e 14, após um tempo que estava

jogando com a “Jogo dos Passageiros”, comentou que as operações realizadas no

jogo eram básicas, já que só precisavam somar os pontos dos dadinhos e andar

pelo tabuleiro.

A dupla formada pelos acadêmicos 17 e 24 falou que o jogo “Produto dos

64

Dadinhos II” também só necessitava de multiplicações envolvendo números

pequenos mas que seria interessante para utilizar em uma turma com dificuldade

nas operações de multiplicação.

O acadêmico 7, após a fala das colegas, alertou-as sobre a possiblidade de

trabalho com multiplicações maiores, já que ele havia visto os jogos Produtos com

Dadinhos III e o IV. Elas levantaram imediatamente e procuraram os jogos citados

pelo colega e perceberam que outras equipes estavam com esses jogos.

Após os relatos, questionou-se a cada dupla/equipe em que série utilizaria

aquele jogo escolhido e qual seria o conteúdo matemático abordado com sua

utilização em sala de aula.

As acadêmicas 9, 11 e 25 haviam escolhido o jogo Produtos com Dadinhos

IV. Elas falaram que poderiam utilizá-lo em uma turma que estavam atendendo

para reforçar os cálculos de multiplicação, visto que a maioria da sala tinha muita

dificuldade na operação citada.

Após a fala das acadêmicas, o acadêmico 6 pediu a palavra para dizer que os

alunos atendidos na escola em que ele estava tinham dificuldade nas operações de

multiplicação e divisão e que, praticamente toda semana, a professora da turma

pedia para que ele e o colega (o acadêmico 15) levassem atividades para reforçar o

aprendizado dessas operações.

Nesse momento, houve uma concordância dos acadêmicos em relação à fala

do colega sobre as dificuldades dos alunos atendidos nas quatro operações

básicas, sendo que na multiplicação e na divisão as dificuldades eram enormes.

Com relação a essas dificuldades apontadas pelos acadêmicos, Os PCN

ressaltam que, buscando dirimir essa dificuldade,

É consensual a ideia de que não existe um caminho que possa ser

identificado como único e melhor para o ensino de qualquer disciplina, em particular, da Matemática. No entanto, conhecer diversas possibilidades de trabalho em sala de aula é fundamental para que o professor construa sua

prática. Dentre elas, destacam-se a História da Matemática, as tecnologias da comunicação e os jogos como recursos que podem fornecer os contextos dos problemas, como também os instrumentos para a construção

das estratégias de resolução. (BRASIL, 1997, p.42).

Uma dupla formada pelos acadêmicos 04 e 19 que estavam com o jogo da

Tartaruga relatou que ele poderia ser trabalhado também em turmas com

dificuldade em adição e subtração, mas que aquele jogo só serviria mesmo como

65

reforço, já que as operações eram bem simples, pois utilizava somente a soma ou a

subtração dos números dos dois dados que constavam no jogo.

Após as falas, em especial sobre a utilização dos materiais para fixação de

conteúdos, os acadêmicos foram instigados com o questionamento: “mas esses

jogos não podem ser utilizados de outra maneira, isto é, com outras regras de forma

que não sirvam somente para fixação de conteúdo?”

As outras duplas ficaram atentas aos comentários feitos pelos colegas e o

questionamento sobre os jogos escolhidos, porém falaram que precisariam de

tempo para “montar” uma aula levando em consideração o jogo escolhido por eles ,

que eram: o Produto com Dadinhos I, o Produto com Dadinho III, o Mini Frações

Circulares e a Roleta Matemática.

Conhecer o material manipulável, manuseando-o e analisando as

possiblidades da sua correta utilização e é o primeiro passo na busca por

metodologias e práticas diferenciadas em sala de aula, visando uma aprendizagem

significativa. Corroborando com o que afirmam os PCN (BRASIL, 1987), de acordo

com Rêgo e Rêgo (2012, p. 43),

Nessa concepção de aprendizagem, o material concreto tem fundamental importância pois, a partir de sua utilização adequada, os alunos ampliam

sua concepção sobre o que é, como e para que aprender matemática, vencendo os mitos e preconceitos negativos, favorecendo a aprendizagem pela formação de ideias e modelos.

Ficou acordado, portanto, que as equipes fariam um plano de aula, levando

em consideração o material escolhido no LEM e levariam para ser discutido no

próximo encontro.

4.4 Quarto encontro – Utilização dos Jogos nas Escolas Estaduais

No início do encontro, os acadêmicos estavam eufóricos com o material

escolhido por eles, mas ao invés de falarem sobre as possibilidades de utilização

dos mesmos, eles levaram os materiais para as turmas atendidas.

A acadêmica 9 comentou: “Os alunos adoraram. Até perguntaram se na

próxima aula brincariam com outro jogo.”

E todos falavam com muito entusiasmo da empolgação dos alunos ao

utilizarem os materiais que eles levaram.

66

Ficou claro que a empolgação de cada um, ao utilizar um jogo do LEM,

influenciou-os no trabalho com aqueles jogos nas turmas atendidas. Porém, ao

serem perguntados sobre o plano de aula e seu desenvolvimento e, especialmente,

sobre o conteúdo matemático abordado em cada jogo trabalhado nas turmas, os

acadêmicos silenciaram-se.

Nesse momento, alguns acadêmicos disseram que não haviam aplicado o

material na turma, pois não acharam que tinha a ver com o conteúdo matemático

que os alunos atendidos estavam estudando.

As acadêmicas 10 e 20 falaram que isso também aconteceu com elas. Porém,

a pedido da professora, durante a semana, foram ao LEM e procuraram um jogo

que poderia reforçar a aprendizagem do conteúdo visto pela turma atendida por

elas.

Figura 2 - Alunos das escolas estaduais atendidas jogando com o material

do LEM

Fonte: Retirada do grupo do PIBID criado no Facebook

4.

Algumas das equipes formadas havia utilizado o material na turma que eles

atendiam. Entretanto, não haviam feito um planejamento quanto à utilização desse

material e aos objetivos desse trabalho.

Figura 3 - Alunos atendidos jogando com um material do LEM

4 O grupo de acadêmicos participantes desta pesquisa criaram um grupo pelo Facebook® de acesso

restrito aos acadêmicos e professores coordenadores e das escolas estaduais atendidas pelo PIBID,

para troca de informações e registro de atividades.

67

Fonte: retirada do grupo do PIBID criado no Facebook.

Com isso, foi pedido às equipes que utilizaram os jogos nas turmas atendidas

que escrevessem como ele foi trabalhado na sala de aula em uma folha branca e

entregassem.

Eis os relatos dos acadêmicos quanto à utilização dos jogos Produto com

Dadinhos IV e II, respectivamente, nas salas atendidas pelo PIBID:

O trio formado pelos acadêmicos 09, 11 e 25 relatou que no primeiro

momento, eles apresentaram o jogo aos discentes, explicando as

regras e o objetivo do mesmo. Depois, dividiram os alunos em duplas

possibilitando o desenvolvimento da atividade e sanando dúvidas a

respeito do conteúdo em questão. Para eles, o objetivo do material foi

possibilitar o raciocínio lógico, reforçando a aprendizagem de

multiplicação.

A dupla formada pelos acadêmicos 17 e 24 iniciou com a apresentação

do jogo e revisão do conteúdo de multiplicação e seus conceitos.

Depois, as jogadas iniciaram. Segundo os acadêmicos, o jogo foi

importante, pois puderam trabalhar os conceitos e fixá-los, já que os

alunos do sexto ano sabiam os conceitos de multiplicação. Após o jogo,

introduziram os grãos de feijão para fixar melhor a ideia da

multiplicação, assim, os alunos entenderam o conteúdo.

Figura 4 - Material do LEM e feijões para reforçar multiplicações

68

Fonte: retirada do grupo do PIBID criado no Facebook.

Sobre os relatos acima, percebe-se que jogos foram usados para fixação de

conceitos já trabalhados nas turmas, com retomada de conteúdo e utilização de

feijão com essa finalidade. Porém, os acadêmicos não exploraram a possibilidade

de uma aula mais investigativa, em que os alunos questionassem situações levadas

por eles ou até outra possiblidade de utilização dos jogos, sem levar em

consideração as regras já encontradas no material.

Nesse sentido, esclarece Lorenzato (2007, p.61) que:

Qualquer que seja a alternativa de pesquisa a ser seguida, a pertinência, a

relevância e o sucesso de uma investigação dependem, de um lado, do conhecimento de estudos anteriores sobre um mesmo tema ou problema e das leituras teóricas e, de outro, das reflexões e experiências práticas em

torno desse tema.

Relato das acadêmicas 2 e 3 sobre o jogo Mini Frações Circulares:

Segundo as acadêmicas, os alunos do sétimo ano não haviam

entendido o conceito de frações após a explicação teórica do

professor. Elas sugeriram, então, o jogo Mini Frações Circulares, mas

antes do jogo, fizeram a retomada da teoria e contaram histórias de

aplicações de frações no cotidiano, como uma pizza que seria o inteiro

e os pedaços, que são as partes do inteiro. Após a teoria, fizeram a

apresentação do jogo e dividiram a turma em quatro grupos. Os jogos

foram distribuídos e eles começaram a manipular o material para

conhecê-lo melhor. Aos poucos, eles começaram representando

69

usando as peças do jogo, as frações mais simples, como um meio, um

quarto, o inteiro e depois de fixada essa base, eles introduziram a parte

de adições elementares de frações. Esse material, segundo as

acadêmicas, proporcionou aos alunos uma boa base, pois na semana

seguinte, elas aplicaram um outro material usando garrafas pet

fracionadas com liquido colorido.

Sobre o jogo Mini Frações Circulares, a dupla primeiramente “retomou a

teoria” antes do início do jogo, mesmo sabendo que os alunos já haviam visto

aquele conteúdo e, novamente, a fixação do tema foi o objetivo do trabalho com o

material. O jogo também foi utilizado do jeito que estava nas regras, sem nenhuma

mudança que pudesse tornar a aula mais desafiadora e investigativa.

Quando os relatos foram entregues, percebeu-se que as regras dos jogos não

foram anotadas e quando questionados sobre isso, os acadêmicos alegaram que

não seria necessário escrevê-las já que elas estavam no material.

Os acadêmicos, portanto, utilizaram os jogos da forma como estava escrito

nas regras e para a fixação de conteúdos matemáticos já trabalhados. Não

pensaram em outras formas de explorar o jogo em especial, que abordassem temas

matemáticos novos para os alunos atendidos.

Diante do que foi citado, Fiorentini e Miorin (1990) alertam que falta nos

acadêmicos e professores de Matemática em geral, entender a real importância dos

jogos e materiais para o ensino-aprendizagem de Matemática e como e em que

momento eles podem ser usados.

4.5 Quinto encontro – As Possibilidades de Trabalho com o Tangram

As fotos postadas no grupo do PIBID criado no Facebook mostraram a

maneira como os materiais manipuláveis foram usados. Os relatórios entregues por

alguns acadêmicos no encontro anterior e a dúvida que ainda constava nesses

relatos sobre o trabalho com esse material não evidenciavam a fixação de

conceitos, o que gerou uma reflexão de como se podia fazer um trabalho com

materiais que pudessem enfocar as possibilidades de construção daqueles

conceitos matemáticos.

Dentre os materiais manipulativos do LEM, alguns oferecem a possibilidade

70

de uma proposta pedagógica envolvendo a construção de conceitos matemáticos,

como: o Tangram, o Geoplano e o Jogo Trigominó.

O material escolhido para a proposta de atividades que seriam realizadas

pelos acadêmicos, dentre os que se encontravam no LEM foi o Tangram.

Iniciou-se o encontro perguntando se todos conheciam aquele material (o

Tangram) que estava no armário. Todos conheciam e falaram que se chamava

Tangram. O acadêmico 4 imediatamente falou: “é um quebra-cabeça de sete

peças”. Assim que a fala se encerrou, a acadêmica 16, continuou: “na China,

contava a história de um vaso que se quebrou e as peças quebradas desse vaso

formavam o Tangram”. E os outros acadêmicos balançavam as cabeças em sinal

de concordância com o que estavam ouvindo dos colegas.

Observou-se que no armário do LEM havia cinco Tangrans de EVA, que

foram passados para cada pibidiano para que pudessem manuseá-los.

No momento seguinte, a proposta foi que cada acadêmico construísse um

Tangram com papel, lápis e régua, já que eram poucos exemplares no LEM,

seguindo os passos descritos pela pesquisadora e, posteriormente, eles realizariam

atividades problematizadas com o intuito de construir o conceito sobre áreas de

figuras planas.

A construção de materiais e a discussão de situações são fundamentais para

uma aprendizagem significativa, o que é corroborado por Fiorentini e Miorin (1990,

p.4), quando explicitam que:

Muitas vezes, durante a construção de um material o aluno tem a oportunidade de aprender matemática de forma mais efetiva. Em outros momentos, o mais importante não será o material, mais sim, a discussão e

resolução de uma situação problema ligada ao contexto do aluno [...]

Os passos que os acadêmicos seguiram para a construção do Tangram

foram:

CONSTRUÇÃO DO TANGRAM COM RÉGUA

1. Desenhe um quadrado de 15 cm de lado e nomeie seus vértices com A, B, C e D.

A B

D C

71

2. Ligue os vértices A e C, traçando a diagonal AC do quadrado.

3. Trace o segmento de D até a diagonal AC, chame de O o ponto encontrado em

AC.

A B

4. Encontre os pontos E e F, pontos médios de AB e BC respectivamente.

5. Ligue os pontos E e F.

6. Com a régua, alinhe os vértices B e D. Seguindo esse alinhamento, prolongue DO

até interceptar EF. Chamaremos de G o ponto de interseção de BD e EF.

G

72

7. Encontre o ponto médio do segmento AO e ligue-o ao ponto E.

8. Encontre o ponto médio de OC e ligue-o ao ponto G.

As orientações eram dadas passo a passo e, quando surgia alguma dúvida, a

orientação era mostrada no quadro, até que, no final, todos estavam com seu

Tangram pronto.

As formas de cada peça do Tangram foram analisadas, nomeando-as e

recortando-as posteriormente. Com as peças recortadas, as propostas de atividade

envolviam área de figuras planas.

Figura 5 - Os acadêmicos manuseando o Tangram construído

Fonte: Arquivo da pesquisadora.

Na primeira problematização proposta, os acadêmicos deveriam recobrir cada

peça do Tangram com o triângulo pequeno, visto que ele seria a unidade usada

para comparação. Eles deveriam anotar os resultados no quadro que receberam.

73

Posteriormente, os resultados foram expostos, sendo todos unânimes nas

respostas, não surgindo dúvidas.

Na problematização seguinte, os acadêmicos deveriam usar três peças

quaisquer do Tangram e construir um quadrado. Desenhar as possibilidades de

solução encontradas e, usando o triângulo pequeno como unidade de medida,

determinar a área encontrada dos quadrados.

A resposta para a atividade dois foi rápida. Os acadêmicos chegaram à

solução, pois perceberam que deveriam utilizar os dois triângulos pequenos e o

triângulo médio. A acadêmica 2 disse: “com os dois triângulos pequenos construí

um triângulo igual ao médio. Aí só juntei essa construção com o triângulo médio e

cheguei ao quadrado”. O acadêmico 7 completou: “dois triângulos iguais formam

um quadrado, né não? (risos)”.

E quanto a outras possibilidades de construção? Ao serem questionados, a

acadêmica 18 falou: “se o triângulo pequeno é a unidade de medida, então, o

quadrado tem área 4, porque é um de cada triângulo pequeno mais 2 do triângulo

médio. Como cheguei na área, não pensei em outras possibilidades”.

Atividade 1

Recubra cada peça do Tangram com o triângulo pequeno e preencha a tabela

abaixo.

Peça Quantidade de triângulos pequenos para cobrir a peça

Quadrado Paralelogramo

Triângulo Médio Triângulo Grande

Atividade 2

Usando 3 peças do Tangram, construa um quadrado. Desenhe as

soluções que você obteve.

Utilizando o triângulo pequeno como unidade de medida, qual é a área do

quadrado?

74

Com a fala da colega, os outros acadêmicos se desmotivaram e não se

interessaram em outras formas de se construir o quadrado com três peças.

Pozo (2002, p.142) explica que "a motivação não depende só dos motivos que

temos, mas do sucesso que esperamos se tentamos alcançá-los". Por isso, ao

ouvirem a frase da colega de que não pensou em outras possibilidades, isso gerou

um grau de desmotivação nos outros que se viram diante de uma problematização

que só tinha, na visão deles, uma única solução e, por isso, desistiram de tentar

frente ao pensado fracasso.

Foi proposta, então, a problematização três. Nela, os acadêmicos deveriam

construir um quadrado usando agora quatro peças quaisquer do Tangram,

desenhar as soluções encontradas e, usando o triângulo pequeno como unidade de

medida, encontrar a área do quadrado.

Nessa proposta, a resposta não foi tão rápida como nas anteriores. O tempo

estava passando e nenhuma resposta aparecia. O acadêmico 15 falou: “essa é

mais difícil, não estou conseguindo encontrar um quadrado com quatro peças”.

Passado algum tempo, dois acadêmicos montaram o quadrado com peças

diferentes e ficaram discutindo entre eles se estavam certos ou não. Ao serem

solicitados quanto à solução encontrada, eles discordavam da resposta um do

outro. Nesse momento, o grupo foi questionado quanto ao acerto ou não de ambos.

O acadêmico 7 falou: “acho que os dois estão certos, pois vocês montaram ou

não um quadrado?”

“Eu montei”, disse o acadêmico 12. “E eu também”, disse a acadêmica 1. Eles

começaram a rir, pois, somente naquele momento, quando um olhou a construção

do outro, perceberam que se tratava de dois quadrados montados com peças

diferentes um do outro. Na verdade, essa era a orientação da atividade, já que

Atividade 3

Usando 4 peças do Tangram, construa um quadrado. Desenhe as

soluções que você obteve.

Utilizando o triângulo pequeno como unidade de medida, qual é a

área do quadrado?

75

deveriam desenhar todas as possibilidades de quadrado encontradas.

O acadêmico 12 montou o quadrado usando o triângulo grande, o triângulo

médio e os dois triângulos pequenos, e a área encontrada foi oito.

Já a acadêmica 01 usou o triângulo grande, os dois triângulos pequenos e o

quadrado para montar o quadrado, e também encontrou a área oito.

Depois da concordância das duas soluções encontradas, os acadêmicos

constataram que os quadrados tinham a mesma área, usando o triângulo pequeno

como unidade de medida.

Alguns acadêmicos ficaram mais algum tempo tentando construir quadrados

com outras peças mas, chegaram à conclusão de que não era possível. O

acadêmico 11 falou: “não consegui construir nem mesmo usando as peças citadas

pelos colegas”. A acadêmica 24, concordando, disse: “eu também não. Achei essa

mais complexa. Acredito que os alunos que atendo não conseguiriam fazer essa

também não”.

A última proposta referiu-se em recobrir todas as peças do Tangram usando o

quadrado como unidade de comparação. As respostas eram escritas no quadro que

foi entregue a eles.

A acadêmica 24 questionou que seus alunos atendidos não fariam essa

questão, pois não conseguiriam recobrir as peças com o quadrado devido à sua

forma.

A acadêmica 3, então, disse: “mas se o aluno perceber que o quadrado pode

ser recoberto por dois triângulos pequenos, ele chegaria à resposta”.

Retrucou a acadêmica 24: “aí que está o problema, descobrir isso mesmo”.

Atividade 4

Recubra cada peça do Tangram com o quadrado e preencha a tabela

abaixo.

Peça Quantidade de quadrados para cobrir a peça

Quadrado Paralelogramo

Triângulo Médio

Triângulo Grande

76

A acadêmica 3, então, concluiu: “e se o aluno perceber essa relação, tá feita a

questão”.

A acadêmica 2 fez o comentário: “mas sempre tem aqueles que nos salvam

na sala de aula”. Logo após o comentário, todos falavam: “É mesmo”.

No final, os acadêmicos foram indagados quanto ao trabalho com o Tangram

e o que acharam das problematizações realizadas.

Foi comentado pelo acadêmico 12 que esse trabalho é muito interessante,

pois envolve área de figuras planas sem utilizar fórmulas, somente recobrindo

figuras com outras figuras.

A acadêmica 21 disse: “é uma atividade envolvente, pois utiliza montagem de

material, recorte de figuras, montagem de figuras e cálculos matemáticos. Muito

bacana”.

Todos demonstraram ter gostado do material utilizado e das problematizações

e em especial, perceberam a abordagem de construção do conceito de área

envolvido nas atividades.

Percebe-se que, mesmo com o entusiasmo dos acadêmicos quanto à

motivação, o prazer e até uma “certa facilidade” que a atividade demonstrou, oposto

ao que ocorreu no início da atividade, a preocupação com o interesse e com as

dificuldades que os alunos atendidos demonstrariam é recorrente.

Após a finalização desse trabalho, foi proposto aos acadêmicos a seguinte

questão: quais conteúdos matemáticos poderiam ser abordados com o material

Tangram?

Listou-se, a partir das respostas dadas, os seguintes conteúdos:

Figuras planas e suas características

Área de figuras planas

Perímetro de figuras planas

Fração

Semelhança de triângulos

Os acadêmicos demonstraram, ao final da atividade, o interesse em utilizar o

Tangram nas turmas atendidas, iniciando, então, uma conversa referente ao

planejamento que deve ser pensado ao utilizar um material manipulável em sala.

A acadêmica 9 já disse num tom mais alterado: “e tem que pensar mesmo

como vai ser a aula, porque tudo que levamos para sala diferente da aula

77

expositiva, eles fazem uma confusão, ficam muito entusiasmados”.

Após a fala da acadêmica e os risos dos acadêmicos concordando com o que

foi citado, pensou-se em um roteiro de trabalho com a proposta de elaboração de

uma aula para o uso do Tangram nas turmas atendidas e, nela, os acadêmicos

descreveriam a identificação da série atendida e a duração da aula, objetivos,

desenvolvimento do trabalho, procedimentos metodológicos e os recursos

utilizados. Segundo os próprios acadêmicos, esse roteiro serviria para nortear o

trabalho com o Tangram.

Foi conversado, também, que como o roteiro seria uma proposta de aula para

as turmas, ele deveria ser enviado antes de acontecer a aplicação, portanto, só

aconteceria a aplicação após o envio do roteiro e possíveis ajustes que seriam

analisados em conjunto pela pesquisadora e a dupla/trio de acadêmicos.

Parte-se do pressuposto que planejar as aulas auxilia na busca por objetivos

que ser queira alcançar, contribuindo para a dinâmica da turma. Isso é reforçado,

pois, segundo D’Ambrósio (1993, p.32):

Um bom exercício para o docente é preparar uma justificativa para cada um

dos tópicos do programa – mas não vale dar justificativas internalistas, isto é, do tipo “progressões são importantes para entender logaritmos”. Pede-se justificativas contextualizadas no mundo de hoje e do futuro.

Ficou acordado então, que as duplas/trios das escolas atendidas fariam o

roteiro de trabalho e o enviariam por email ou pelo Messenger do Facebook até o

dia 4 de agosto.

Durante o prazo dado para a confecção do roteiro do trabalho, muitos

acadêmicos ainda esclareciam dúvidas quanto ao desenvolvimento das aulas por

Facebook ou por e-mail e na data marcada somente três roteiros foram enviados.

Passada a data de envio, as trocas de mensagens continuaram e as

cobranças para que os roteiros fossem enviados intensificaram. As dúvidas

persistiam, em especial quanto à montagem do roteiro, o desenvolvimento e o

enfoque que deveria ser dado ao uso do Tangram. Passados quinze dias, eram

nove os roteiros enviados.

Mais de um mês se passou e analisando os roteiros recebidos, alguns pontos

precisavam de esclarecimentos, pois, para os acadêmicos, o enfoque maior que

estava sendo dado ao uso de um material manipulativo em sala era desenvolver

uma imagem de que a Matemática podia ser prazerosa e que a Matemática era

78

agradável, não focando o mais importante, que era a construção de conceitos

matemáticos.

4.6 Sexto encontro – Análise dos roteiros de trabalho

Passados um mês e quinze dias do encontro anterior, devido ao desligamento

de alguns acadêmicos do programa e à entrada de novos5 e por ser essa a primeira

reunião de que participavam, foi necessária uma reorientação quanto ao trabalho

com os materiais do LEM e que a proposta de aplicação desses materiais nas

turmas atendidas e o retorno dessas aplicações fariam parte de uma pesquisa cujos

resultados obtidos culminariam em uma dissertação de mestrado.

Como a comunicação por Facebook e por e-mail não cessaram dúvidas,

questionamentos e atrasos, o encontro foi marcado com o intuito de esclarecer as

questões restantes, pois acredita-se que:

A descoberta pode não ser o caminho mais curto ou rápido para o ensino, mas é o mais eficiente para a aprendizagem. É interessante notar que a descoberta possibilita a reconstrução do conhecimento, quando necessário,

porque valoriza a compreensão. (LORENZATO, 2010, p.82).

Assim, também foram analisados os roteiros enviados pelos acadêmicos,

visando um melhor aproveitamento e a busca de construção de conceitos

matemáticos nas aplicações que aconteceriam.

Dois roteiros de trabalho entregues no prazo foram selecionados com o

objetivo de serem analisados pelos acadêmicos, isto é, uma reflexão sobre o

decorrer de como seria a aula e as atividades propostas.

No início do encontro, indagou-se aos acadêmicos se alguém se sentiria

incomodado caso seu roteiro estivesse ali para ser analisado. Dois acadêmicos

posicionaram-se quanto a esse desconforto, mas não eram deles os roteiros que

seriam analisados.

Os roteiros utilizavam, como material, o Tangram, de modo que o primeiro

abordava o conteúdo de área e perímetro e o segundo o reconhecimento de figuras

geométricas planas e noções de sobreposição de figuras.

5 O acadêmico 26 entrou em agosto/2015 no lugar da acadêmica 25. A acadêmica 27 entrou em

julho/2015 no lugar de acadêmica 20. A acadêmica 29 entrou em agosto/2015 no lugar do acadêmico

19. A acadêmica 30 entrou em julho/2015 no lugar da acadêmica 21.

79

As duplas de trabalho nas escolas receberam a cópia do 1º roteiro elaborado

por uma das duplas de trabalho para discutir se havia ou não necessidade de

alguma mudança.

ROTEIRO DE AULA

I – IDENTIFICAÇÃO Bolsistas: Acadêmica 08 e Acadêmica 16. Carga horária prevista: 50 minutos Turma: 1º ano Disciplina: Matemática Tema: Área e Perímetro II- OBJETIVO Entender os conceitos de área e perímetro/construir figuras com a utilização das peças do tangram/calcular área e perímetro das figuras construídas. III- CONTEÚDO Área e Perímetro IV- METODOLOGIA 1º Momento: Início da aula com a exposição do tema. 2º Momento: Problematização e contextualização do conteúdo. 3º Momento: Exploração das peças do tangram. 4º Momento: Medir as dimensões das peças do tangram. 5º Momento: Calcular área e perímetro de cada peça. 6º Momento: Montar figuras utilizando as peças e calcular sua área total. 7º Momento: Proporcionar aos alunos um momento de comparação entre as figuras formadas, assim como suas áreas e perímetros. V- RECURSOS DIDÁTICOS Tangram Lápis Borracha

80

Após a leitura, a palavra estava aberta para que eles expusessem opiniões,

dúvidas ou questionamentos ao roteiro e de imediato, um acadêmico percebeu que

faltava, nos recursos didáticos, um material, que seria a régua, para a confecção do

Tangram. Como no plano não relata se os alunos iriam construir o Tangram ou

recebê-lo pronto, isso também foi perguntado.

A dupla respondeu que os alunos confeccionariam o Tangram. Os colegas

concluíram, então, que essa informação deveria estar no roteiro.

O acadêmico 5 questionou quanto à diferença entre objetivo geral e

específico, já que no plano constava como objetivos: entender os conceitos de área

e perímetro, construir figuras com a utilização das peças do Tangram e calcular

área e perímetro de figuras. O acadêmico 12 respondeu: “entendo que objetivo

geral é mais amplo e o específico mais relacionado com um tema”.

O acadêmico 17 perguntou sobre a possibilidade de esses três objetivos

serem divididos em objetivo geral e específico, sendo que o primeiro seria o

objetivo geral “entender os conceitos de área e perímetro” e os outros dois, os

objetivos específicos. Houve um consenso entre os acadêmicos de que poderia

sim, mas que também não teria problema em mantê-los da forma como estavam.

Porém, convém enfatizar que, para Lüdke e André (1986), a necessidade de

discernimento entre objetivo geral e específicos é imperativa, visto que são eles que

determinam o encaminhamento correto para o trabalho que será realizado. Nesse

sentido, enquanto o objetivo geral, como o próprio nome diz, enfatiza e direciona o

que seriam os resultados a que se pretende chegar, de uma maneira geral, com o

trabalho de campo, os objetivos específicos delineiam como irá ser feito para se

chegar nesse resultado.

81

Outro questionamento levantado foi sobre uma das metodologias escritas:

“problematização e contextualização do conteúdo”. “Como seria o desenvolvimento

da aula para que ocorresse esse problematização?”, perguntou a acadêmica 20.

Depois dos questionamentos, a dupla que confeccionou o roteiro percebeu

que seria melhor esclarecer toda a metodologia, explicando-a com mais detalhes e

pediram para refazê-lo.

Aproveitando o fato acontecido, conversou-se sobre a necessidade de clareza

nos roteiros, lembrando que eles devem ser feitos pensando que qualquer pessoa,

ao fazer a leitura, deva entender como transcorrerá a aula e o que se pretende

alcançar com ela, isto é, os objetivos daquela metodologia de trabalho.

Finalizou-se, então, a conversa sobre o primeiro roteiro e as devidas

correções que deveriam ser feitas e que, após concluídas as mudanças, o roteiro

deveria ser enviado pela dupla por e-mail.

Passou-se, assim, para a análise do segundo roteiro de aula. Como ele era

mais extenso, a leitura foi conjunta com cada acadêmico lendo uma parte.

ROTEIRO DE AULA I – IDENTIFICAÇÃO Escola Estadual Professor José Miranda Acadêmicas: Acadêmica 02 e Acadêmica 03 Data: 05/08/2015

Carga horária prevista: 50 minutos Turma (s): 7º ano União Disciplina: Matemática II-OBJETIVOS

reconhecimento de formas geométricas como: quadrado, retângulo, paralelogramo e triângulo.

os discentes atendidos como, por exemplo, ponto médio, segmento, reta, diagonal e centro.

mesmo.

que os estudantes poderão compreender de forma palpável as dimensões de cada figura sobreposta. III- CONTEÚDO

inicial. IV- METODOLOGIA 1º- Momento: Iniciaremos a aula com a seguinte problematização: Os alunos dessa turma são extremamente fracos em conteúdos básicos. Dessa forma, a proposta da supervisão escolar é separar esses estudantes, que mais necessitam de atenção, dos demais alunos em turmas distintas. Apesar de a turma atendida se tratar do 7º ano do ensino fundamental, os alunos não compreendem ou pouco compreendem alguns conteúdos geométricos básicos. Dessa maneira, a priori, serão introduzidos de forma simplificada

82

Os acadêmicos perceberam, de forma imediata, a diferença entre a escrita da

metodologia nos dois roteiros. No primeiro, a metodologia foi escrita de forma

sucinta, bem resumida, já no segundo, a escrita foi detalhada, com todo passo a

passo da aula, visto que o acadêmico 17 comentou: “que diferença de tamanho

desse roteiro para o outro hein?”

O acadêmico 4 disse que: “Parece que, primeiro, vocês lecionaram o conteúdo

para, depois, fazer o roteiro, de tão detalhado que ele está”. Essa opinião gerou

risos em todos e ele acabou perguntando se depois fariam a aplicação.

Para os acadêmicos, a metodologia descrita no roteiro de aula buscava

atender aos objetivos citados. Todos gostaram e elogiaram a forma que o roteiro foi

pensado e escrito, tudo muito claro e bem explicado.

Com relação à importância de ter um roteiro para a pesquisa, Marconi e

Lakatos (2007) expõem que isso possibilita uma pesquisa mais direcionada, em

propósito dos objetivos anteriormente estabelecidos. Assim, não se perde tempo em

devaneios ou pormenores desnecessários.

83

Nenhum outro comentário foi tecido em relação ao segundo roteiro, já que

para os acadêmicos ele estava muito bom.

Nos dois roteiros analisados, os acadêmicos acharam necessária a

explicação inicial do conteúdo, alegando que os alunos atendidos são muito fracos

e que, mesmo que o conteúdo já tenha sido trabalhado, os conceitos não são

aprendidos. Isso também foi observado em outros roteiros de aula recebidos.

Percebeu-se, também, que as aulas criadas não são investigativas ou de

exploração, mesmo usando, como recurso didático, um material manipulativo que

os alunos atendidos pelo PIBID provavelmente não conheciam. Dessa maneira, o

material acaba sendo abordado de forma restrita, sem que os alunos possam

explorá-lo e, como o conteúdo é trabalhado no início, a aula se torna cansativa,

monótona.

Para que os acadêmicos percebessem a possiblidade de mudança em suas

aulas, em especial explorando o conteúdo de forma investigativa e deixando de

lado um pouco as fórmulas e o reforço de conteúdos, um roteiro de aula usando o

tangram (segue abaixo) feito pela pesquisadora foi entregue a todos.

A proposta foi que todos fizessem a leitura do roteiro, analisassem a

metodologia, os recursos e a escrita e, posteriormente, desenvolvessem as

atividades propostas para que, no final, observassem se as atividades realizadas

atendiam à metodologia descrita no roteiro. Para que as atividades fossem

realizadas, cada acadêmico recebeu um tangram impresso.

ROTEIRO DE AULA

TEMA: ÁREA DE FIGURAS PLANAS

DURAÇÃO: 50 MINUTOS

TURMA: 9º ANO

OBJETIVO:

EXPLORAR O CONCEITO DE ÁREA UTILIZANDO O TANGRAM.

RECURSOS DIDÁTICOS:

FOLHA XEROCADA COM O TANGRAM

FOLHA XEROCADA COM A ATIVIDADE

QUADRO, PINCEL

DESENVOLVIMENTO:

OS ALUNOS RECEBERÃO UMA FOLHA XEROCADA COM AS PEÇAS DO

TANGRAM. AS PEÇAS SERÃO RECORTADAS.

84

Depois da leitura do roteiro de aula, foi pedido aos acadêmicos que

realizassem as atividades, comentando suas respostas e esclarecendo dúvidas

caso surgissem. Para iniciar as atividades, recortaram as peças do tangram.

Na primeira atividade, eles deveriam calcular a área de cada figura do

tangram, levando em consideração que o quadrado tinha como área uma unidade

de medida.

As respostas foram dadas poucos minutos após o início da realização das

atividades. Responderam em voz alta que o quadrado tem área 1, já citada no

1. Considerando que o quadrado (peça do tangram) tem área igual a

um, calcular as áreas das demais peças do tangram, preenchendo a

tabela abaixo:

Peça Área

Quadrado

Paralelogramo

Triângulo Médio

Triângulo Pequeno

Triângulo Grande

85

enunciado. O paralelogramo e o triângulo médio têm área 1 também, o triângulo

pequeno tem área ½ e o triângulo grande tem área 2. Quando questionados como

fizeram para determinar as áreas com o quadrado como unidade de medida, o

acadêmico 26, levantou a mão e disse: “eu visualizei que dois triângulos pequenos

juntos formam o quadrado, daí foi mais fácil sobrepondo os triângulos pequenos em

cada figura para determinar as áreas”.

Após a fala do colega, foram ouvidos comentários do tipo “isso mesmo” ou “fiz

assim também”, demonstrando concordância com a estratégia usada pelo colega.

Eles acharam a questão fácil, porém, comentaram que os alunos atendidos

teriam dificuldade, pois o quadrado como unidade de medida torna a questão mais

difícil.

Estar preparado em relação ao conteúdo a ser ministrado e conhecer os

propósitos da escola em relação aos alunos é uma etapa significativa para o

professor no que diz respeito ao ensino/ aprendizagem.

De acordo com Mizukami (2013, p. 224): “o professor deve necessariamente

conhecer a matéria que ensina e compreender como o currículo escolar é

organizado tanto à luz das especificidades de alunos e escolas concretas quanto

dos objetivos de aprendizagem das escolas”.

A acadêmica 27 comentou: “usando o triângulo pequeno como unidade de

medida torna a atividade mais fácil, mas é aí que está a investigação da questão”.

Na segunda atividade, eles deveriam levar em consideração as áreas

encontradas e formar um triângulo com área igual a quatro e meio unidades de

medida e um retângulo com área igual a quatro unidades de medida.

Entretanto, nessa questão, as respostas demoraram a aparecer. Muitos se

levantavam e iam até outros colegas para olhar se eles haviam conseguido ou para

conversar sobre uma possível solução.

2. Forme a figura determinada a seguir, levando em consideração a

área definida:

a) Formar um triângulo de área 4,5.

b) Formar um retângulo de área 4.

86

Figura 6 - Peças do Tangram montadas formando um triângulo de área 4,5

Fonte: Arquivo da pesquisadora.

A acadêmica 24 comentou de forma bem extrovertida: “se eu não estou

conseguindo fazer esse triângulo, pensa meus alunos” e continuou: “fala aí

acadêmica 1 que consegue tudo, quais peças você usou”?

Nem todos encontraram o triângulo sem antes perguntar quais peças

deveriam usar. Depois que a acadêmica 01 disse que as peças que ela usou foram

um triângulo pequeno, um médio e um grande e o paralelogramo, os que ainda não

haviam conseguido, fizeram o triângulo:

“Facilita pensar primeiro nas peças que você deve usar de acordo com a área dada”. (ACADÊMICO 12).

“Isso é verdade, porque se a área é quatro e meio, um triângulo pequeno é certo que vai usar”. (ACADÊMICA 2).

Após os comentários realizados, os acadêmicos começaram a falar sobre a

montagem do retângulo.

Para determinar o retângulo, os acadêmicos acharam mais fácil e todos

conseguiram construir a figura mais rapidamente.

O acadêmico 4 comentou: “Acredito que será necessário utilizar somente os

triângulos, pois as medidas ‘batem’ com a área total pedida e dois triângulos

formam um quadrado.”

Após a fala do colega e questionados sobre as figuras que usaram, todos

haviam realmente usado quatro triângulos: o triângulo grande, o médio e os dois

pequenos.

87

Figura 7 - Peças do Tangram montadas formando um quadrado de área 4

Fonte: Arquivo da pesquisadora.

No final da atividade, a acadêmica 3 comentou: “o roteiro de aula estava

sucinto, mas as atividades exploraram justamente o que estava nos objetivos”. E a

acadêmica 18 completou: “e com a sobreposição de peças para determinar a área

de figuras, não era necessário que os alunos soubessem o conteúdo”.

Os comentários dos acadêmicos reforçaram aquilo que era necessário que

eles enxergassem nas aplicações nas turmas atendidas: que era desnecessária a

explicação de qualquer conteúdo antes da realização das atividades, sendo essa

investigativa e levando em consideração a importância da exploração do material

pelos alunos para que eles chegassem ao conceito explorado.

Nesse sentido, de acordo com Fiorentini e Miorim (1990, p.1-2):

O professor nem sempre tem clareza das razões fundamentais pelas quais

os materiais ou jogos são importantes para o ensino-aprendizagem da Matemática e, normalmente, são necessários, e em que momento devem ser usados. […] Por trás de cada material, se esconde uma visão de

educação, de Matemática, do homem e do mundo; ou seja, existe, subjacente ao material, uma proposta pedagógica que o justifique.

Ficou combinado que as duplas/trios de trabalho fariam as alterações

necessárias nos roteiros de aula e nas atividades e que os enviariam para,

posteriormente, iniciarem as aplicações nas escolas estaduais atendidas.

4.7 Sétimo encontro – Análise anterior á Primeira Aplicação

Depois de quase um mês e após muita cobrança pelo Facebook, os roteiros

de aula e as atividades foram enviados, mas ainda precisavam de algumas

88

alterações, pois, mesmo com a troca de e-mails, a necessidade de mudança não

era compreendida.

Diante do tempo passado e da dificuldade de entendimento dos acadêmicos

em relação às correções, o encontro foi marcado com a proposta de ajustar o

material para que as aplicações nas escolas atendidas pudessem acontecer.

Para fazê-los refletir sobre as mudanças, alguns questionamentos foram

levantados para que os acadêmicos pudessem fazer suas observações a respeito

da atividade e das turmas que eles estavam atendendo no momento:

A atividade proposta poderá ser aplicada na turma que você atende?

É possível um remanejamento de turma para que você possa aplicar a sua

atividade?

A atividade proposta por você está pronta para a aplicação?

A atividade proposta é investigativa?

Como acontecerão as aplicações?

Os alunos atendidos irão gostar da sua aula?

Esses questionamentos se deram tendo, como embasamento Schön (2000,

p.31), que afirma que:

[...] é possível através da observação e da reflexão sobre nossas ações,

fazermos uma descrição do saber tácito que está implícito nelas. Nossas descrições serão de diferentes tipos, dependendo de nossos propósitos e das linguagens disponíveis para essas descrições. Podemos fazer

referência, por exemplo, às sequências de operações e procedimentos que executamos; aos indícios que observamos e às regras que seguimos; ou os valores, às estratégias e aos pressupostos que formam nossas "teorias da

ação".

Isso permite inferir que a ideia da concepção e da reflexão sobre a própria

prática e na prática pode promover mudanças nas próprias concepções do

professor. Esse pensamento crítico auxilia a identificar a sua atuação em sala de

aula, promovendo conhecimentos consequentemente para os educandos

envolvidos no processo.

Assim, levando em consideração a necessidade de alteração em alguns

roteiros e para que não ficasse monótona a conversa sobre essa alteração, o

pensamento foi que os próprios acadêmicos pudessem perceber essas mudanças.

Eles iriam propor mudanças no material dos colegas e, para isso, seriam divididos

em grupos para que cada grupo analisasse um dos onze roteiros de aula que foram

89

enviados por e-mail.

Cada grupo deveria olhar pontos positivos e negativos no roteiro de aula e

nas atividades e atentar-se aos questionamentos que foram levantados

anteriormente. Depois de alteradas, se assim fosse necessário, as aplicações

aconteceriam na semana seguinte.

Depois que os grupos foram formados, levando em consideração as

duplas/trios de trabalho e a escola que atendiam, o coordenador do PIBID alertou

sobre mais uma mudança no quadro dos acadêmicos.

A acadêmica já estava em um grupo e disse que havia se inteirado do

trabalho, pois estava trabalhando com os alunos da escola atendida e sua dupla, a

acadêmica 23, havia lhe falado sobre a utilização dos materiais do LEM e que isso

resultaria em uma dissertação de mestrado.

Foi dado prosseguimento ao trabalho a partir da entrega de um roteiro para

cada grupo.

Figura 8 - Análise dos roteiros de aula pelos acadêmicos

Fonte: Arquivo Pessoal

A acadêmica 27 perguntou: “como será a aplicação?”, demonstrando certa

preocupação em sua fala. Foi explicado que, ao aplicarem a atividade na turma,

eles deveriam gravar, tirar fotos, relatar como foi a aula e pedir aos alunos que

fizessem um relatório escrevendo o que acharam da aula e da utilização do material

manipulável.

A acadêmica 10, nesse momento, disse que estava em uma turma de 6º ano

e que muitos não sabiam ler nem escrever. “Como seria esse relatório para esses

90

alunos que não escrevem?”, questionou a acadêmica 10. Foi sugerida então, uma

conversa com a professora e a supervisora do PIBID na escola sobre a

possibilidade de mudança de turma para a aplicação.

O acadêmico 12 levantou a mão dizendo: “é difícil fazer essa troca de turma

no meu caso, porque nosso trabalho acontece nas turmas pré-selecionadas pela

professora e pela coordenadora da escola para o reforço de conteúdos de

Matemática”.

A acadêmica 10 falou: “com a gente também não daria pra trocar. Acredito

que a professora não autorizaria, pelo mesmo motivo”.

Depois do que foi relatado, a conversa, então, foi sobre a possiblidade desses

alunos do 6º ano fazerem o relatório da aula da maneira que eles conseguissem.

Poderiam escrever somente palavras que davam a ideia do que acharam da aula

ou, até mesmo, desenhos. Assim, a acadêmica 12 concordou que, dessa forma,

seria possível.

A acadêmica 24 comentou a respeito do pouco tempo que ela e seu parceiro

teriam para a aplicação, já que, naquele momento, eles estavam ajudando na

organização de uma gincana para o dia das crianças. Seria necessária, nesse

sentido, uma conversa com a coordenadora na escola para verificar a possiblidade

de aplicar a atividade na próxima semana. Eles comunicariam por e-mail o

resultado dessa conversa para definirem quando seria possível acontecer a

aplicação.

Outro ponto questionado foi em relação ao material manipulável que seria

utilizado na atividade: o Tangram. O acadêmico11 perguntou: “o roteiro e a

atividade devem ser usando somente o tangram? Porque se for, o roteiro que

estamos olhando aqui não utiliza o Tangram como material”.

Outro grupo também levantou a mão dizendo: “o roteiro que estamos olhando

também não usa o Tangram”.

Mesmo após o enfoque nos encontros passados de que a primeira aplicação

deveria se usar o Tangram como material manipulativo, duas duplas montaram seu

roteiro de aula e a atividade sem utilizá-lo como material. Esses foram alertados

que deveriam refazer o roteiro e a atividade e enviá-los o mais rápido possível no

prazo máximo de uma semana.

As duplas/trios de trabalho deveriam anotar as possíveis mudanças que

sugeririam naquele material em uma folha branca à parte.

91

Passado um tempo para análise, iniciou o debate com os comentários de

cada roteiro de aula e as atividades.

Poucos foram os comentários, parecendo que eles se incomodavam em

questionar o material dos colegas. Os questionamentos basicamente se

restringiram:

em relação a algum material que faltava nos recursos;

como seria o trabalho porque não estava bem explicado no

desenvolvimento.

Enfim, perguntas mais superficiais, nada sobre a metodologia abordada ou o

uso do material manipulativo.

A superficialidade dos questionamentos foi um tanto preocupante porque os

roteiros ainda não estavam bons para a aplicação, já que as atividades não eram

investigativas. Elas permaneciam muito focadas no reforço de algum conteúdo, em

especial de área e perímetro de figuras planas.

Como citado anteriormente, a ausência de questionamentos por parte dos

acadêmicos e a superficialidade abordada no trabalho com os materiais enfatizando

o reforço de conteúdos, podem remeter à dificuldade dos acadêmicos em abordar

outros conteúdos devido aos professores das escolas que insistiam nesse tipo de

abordagem ou a dificuldade deles próprios em se tratando de um trabalho com

materiais manipulativos em que não tinham conhecimento, experiência e muito

menos vivência, já que isso não era tratado no decorrer do curso.

Por isso, novamente comentou-se sobre a importância da atividade em

relação à forma de se trabalhar, aos questionamentos que seriam feitos e que os

alunos atendidos deveriam refletir sobre as questões juntamente com os colegas de

turma, tornando-os, assim, mais participativos e que evitassem fornecer de forma

imediata as respostas, que dessem tempo para que os alunos explorassem ao

máximo as atividades.

Ficou combinado que o próximo encontro aconteceria após as aplicações das

atividades e que, assim que elas acontecessem, os acadêmicos deveriam informar

à pesquisadora por e-mail ou Facebook.

4.8 Oitavo encontro – A Primeira aplicação e o percurso da segunda aplicação

92

Pelo Facebook, os acadêmicos começaram a perguntar sobre a segunda

aplicação: como seria, que material seria usado, se poderiam enviar o roteiro de

aula, e diante desses questionamentos, o encontro foi marcado para conversarem

sobre a aplicação das atividades com o Tangram nas escolas estaduais atendidas e

a possiblidade da segunda aplicação.

Esse encontro iniciou com o questionamento pela pesquisadora aos

acadêmicos sobre quais duplas já haviam aplicado e como foi a aplicação. De

acordo com o relato dos acadêmicos, as aulas foram boas, os alunos gostaram e até

pediram que outras aulas assim acontecessem.

Figura 9 - aluno atendido pelo PIBID montando o Tangram

Fonte: retirada do grupo do PIBID criado no Facebook.

Nessa perspectiva, Fiorentini e Miorim (1990, p.1) abordam sobre o caráter

alegre, motivador que o trabalho com materiais pode trazer:

Geralmente, costuma-se justificar a importância desses elementos [materiais ou jogos] apenas pelo caráter “motivador” ou pelo fato de se ter “ouvido falar” que o ensino da matemática tem de partir do concreto ou

ainda, porque através deles as aulas ficam mais alegres e os alunos passam a gostar da Matemática.

Figura 10 - alunos atendidos construindo o Tangram

93

Fonte: retirada do grupo do PIBID criado no Facebook.

A dupla formada pelos acadêmicos 9 e 11 relatou: “não conseguimos finalizar

o trabalho, pois o professor responsável pelo PIBID separou o 1º horário para a

aplicação da atividade, momento esse em que os alunos ficavam muito agitados,

chegavam atrasados, precisavam buscar cadeiras em outras turmas deixando a

turma inquieta, tornando o começo da aula muito difícil e conturbado”.

As duplas que aplicaram as atividades disseram que seguiram o roteiro de

aula. Quando questionados sobre a postura dos alunos quanto às questões, as

perguntas feitas e se eles realizaram as questões de maneira participativa e

interessada, os acadêmicos acenaram com a cabeça esboçando um sinal de

positivo.

A acadêmica 27 relatou sobre os alunos:

“Na turma que fico, os alunos são um pouco bagunceiros, então, no início, eles estavam muito agitados e alguns até falaram que não iriam fazer nada... depois de um tempo que a turma estava manipulando o Tangram,

eles ficaram mais tranquilos e os dois alunos que não estavam fazendo, começaram a se interessar, puxaram a cadeira para junto de um grupinho e acabaram realizando as atividades”. (ACADÊMICA 27).

Um relato que foi concordância da maioria dizia respeito aos relatórios que os

alunos deveriam fazer: os acadêmicos disseram que foi muito difícil conseguir que

os alunos entregassem o relatório das aulas, pois eles queixavam que era muito

complicado escrever sobre o que tinha acontecido.

Algumas duplas disseram que não receberam os relatórios de todos os

alunos, que alguns fingiram que estavam fazendo mas no final, não entregaram.

Ao serem perguntados sobre os professores das turmas, como ficaram

quando estava acontecendo a aplicação, os relatos foram diversos:

A dupla formada pelas acadêmicas 2 e 3 disseram: “a professora ficou

na sala mas não falou nada. Não ajudou na organização da turma nem

94

com a disciplina. Estava sentada de cabeça baixa o tempo todo, como

se estivesse fazendo alguma coisa”.

Os acadêmicos 12 e 26 comentaram: “a professora também ficou na

sala e ajudou no início a controlar a turma para começarmos a

atividade e só”.

“Então foi bom para vocês, porque no nosso caso, a professora saiu,

falou que tinha uns diários pra mexer e se mandou”, relataram as

acadêmicas 8 e 16.

Cinco duplas ainda não haviam aplicado as atividades. Esse atraso dificultou

o andamento das aplicações, pois as duplas que já haviam aplicado queriam

informações para a próxima aplicação.

Foram entregues todo o material gravado, fotos e os relatórios realizados na

primeira aplicação. Algumas duplas esqueceram algum material, mas ficou

combinado que poderia ser enviado por e-mail ou entregues no próximo encontro.

Os relatórios dos alunos das escolas atendidas abordava a utilização do

Tangram como um material que melhorou muito a aula, deixando-a mais divertida.

Alguns relatos:

“Eu achei a aula muito boa e queria que nós tivesse mais aula assim”. (ALUNO DO 7º ANO)

“Achei muito boa, porque agente não escreve muito, então eu prefiro a aula prática”. (ALUNO DO 1º ANO-ENSINO MÉDIO)

“Hoje a aula foi muito boa porque nós aprendemos as figuras e as frações. Hoje o que poderia mudar é nós aprender e também brincar”. (ALUNA DO 7° ANO)

“Foi até legal, uma aula interessante, muito bom porque foi uma aula diferente de várias. (ALUNA DO 8º ANO)

Não foi constatado em nenhum relato dos alunos atendidos o trabalho com o

material manipulativo, descrevendo como foi abordado esse material em sala e o

que eles fizeram durante a atividade. O que os relatos indicam é que os alunos não

fizeram conexões matemáticas ao utilizarem o material manipulativo e que ele só

serviu como uma brincadeira na sala de aula.

Quanto a isso, Lorenzato (2012, p.21) explicita que “Convém termos sempre

em mente que a realização em si de atividades manipulativas ou visuais não garante

a aprendizagem. Para que esta efetivamente aconteça, faz-se necessária, também,

95

a atividade mental, por parte do aluno”.

Ele mostra, assim, a importância de que o professor saiba utilizar os MD de

forma efetiva e eficaz, considerando-o, não uma brincadeira, mas uma grande

possibilidade para o aprendizado.

Carraher e Schilemann (1988, p.179) dizem, ainda nesse sentido e

corroborando com Lorenzato (2012), que: “[…] não precisamos de objetos na sala de

aula, mas de objetivos na sala de aula, mas de situações em que a resolução de um

problema implique a utilização dos princípios lógico-matemáticos a serem

ensinados”.

Daí surge as questões: será que o trabalho com o material manipulativo foi

bem conduzido? Os conceitos matemáticos foram interiorizados a partir das ações

realizadas?

Os relatos serviram de alerta para as próximas aplicações, em especial, com

o cuidado ao utilizar um material manipulativo e de como esse trabalho será

desenvolvido.

Devido à ansiedade para a segunda aplicação, as duplas que já haviam

aplicado foram encaminhadas nesse encontro para a realização da segunda

aplicação da seguinte forma: eles deveriam iniciar o estudo de outro material,

organizar o planejamento da aula, confeccionando o roteiro e as atividades para a

aplicação.

Ficou a critério dos acadêmicos escolher o material didático que seria utilizado

para as duplas que estavam atuando no Ensino Fundamental, podendo confeccionar

algo ou utilizar os materiais manipulativos disponíveis no LEM e quanto aos

acadêmicos que atuam no Ensino Médio, foi sugerido três materiais do LEM, sendo

eles: a prancha trigonométrica, prancha para gráficos imantada e o kit áreas e

volumes.

Marcou-se a data para envio dos roteiros de aula, em duas semanas, e foi

pedido às duplas que ainda não haviam aplicado a primeira atividade que não

demorassem para que o trabalho não atrasasse ainda mais e que entrassem em

contato quando finalizassem a primeira aplicação para o início da segunda.

Antes de marcar o próximo encontro, a pesquisadora conversava com os

acadêmicos pelo Facebook, tanto no grupo do PIBID como, também, pelo

Messenger. As duplas que já haviam aplicado a primeira atividade deveriam entrar

em contato para o envio do roteiro de aula da segunda atividade e a pesquisadora

96

poderia retornar a eles com possíveis correções e sugestões.

O tempo passava e o envio dos roteiros para a segunda aplicação não

acontecia. Iniciava, então, uma busca por respostas para tanta demora no envio. As

respostas dadas pelos acadêmicos eram: aperto nas disciplinas cursadas, muitas

provas, finalização de período...

Após várias cobranças, algumas duplas começaram a enviar seus roteiros de

aula. Ao analisá-los, percebeu-se que os materiais que foram escolhidos para as

aplicações seriam usados para reforçar conceitos, em especial, para reforçar

conceitos de multiplicação e divisão.

Entre sete roteiros enviados, somente um utilizava o material de uma forma

diferente, isto é, não abordava o reforço de um conteúdo específico.

As sugestões eram enviadas através de e-mail e Messenger, para que os

roteiros fossem alterados, mas os acadêmicos não entendiam as mudanças, não

conseguiam perceber de que forma poderiam alterar o roteiro para que as aulas

fossem investigativas, parecendo que só pensavam no reforço de operações nos

materiais manipulativos.

Diante da dificuldade encontrada para sugestão de mudança nos roteiros

usando a internet, o encontro foi marcado em dezembro. Vários contratempos

surgiram para que o encontro não acontecesse, como: impossibilidade de

deslocamento da pesquisadora, finalização de semestre e formatura dos

acadêmicos do 8º período. Com o recesso do Natal e do Ano Novo e o período de

férias, o encontro aconteceria no dia 3 de fevereiro de 2016.

4.9 Nono encontro – A perplexidade dos Fatos

O encontro aconteceu com a presença de quatorze acadêmicos apenas. Três

acadêmicos deixaram o programa, pois foram desligados após a formatura e oito

faltaram.

Algumas poucas alterações foram feitas nas duplas de trabalho, devido ao

desligamento de alguns, mas a reorganização ocorreu pelos próprios acadêmicos

levando em consideração a escola em que estavam escalados pelo PIBID.

De início, percebeu-se que ainda havia duplas que não tinham realizado

nenhuma das aplicações e que somente três duplas já tinham feito a segunda

97

aplicação. O mais surpreendente foi constatar que as três duplas que já haviam

aplicado a segunda atividade não haviam enviado o roteiro e as atividades para

análise. Fizeram a aplicação porque o professor que os acompanhava nas escolas

havia solicitado devido à grande dificuldade dos alunos em operações básicas.

Com relação a essa dificuldade, esclarecem os PCN (BRASIL, 1997, p.37)

que:

O estabelecimento de relações é fundamental para que o aluno compreenda efetivamente os conteúdos matemáticos, pois, abordados de forma isolada, eles não se tornam uma ferramenta eficaz para resolver

problemas e para a aprendizagem/construção de novos conceitos.

Pensando assim, comprova-se a necessidade de um roteiro bem elaborado e

da importância da compreensão do conteúdo envolvido na atividade.

O trabalho dos acadêmicos nesse dia da aplicação aconteceu, portanto, para

reforçar os conceitos básicos de multiplicação e de divisão em duas duplas e a

terceira trabalhou com área de figuras planas e ângulos também para reforçar o

conteúdo, devido ao fracasso dos alunos em uma avaliação.

Figura 11 - Acadêmica do PIBID revisando conceito de ângulos

Fonte: retirada do grupo do PIBID criado no Facebook.

As aplicações deste segundo material realizadas até aquele momento não

possibilitaram a construção de algum conceito. As conversas e as trocas de

mensagens que aconteceram durante o intervalo entre os encontros, mostraram que

98

os acadêmicos ainda focavam em um trabalho com materiais manipuláveis voltado

apenas para o reforço de conteúdos já trabalhados.

Figura 12 - Acadêmica do PIBID mostrando ângulos recortados de folha de

revista

Fonte: retirada do grupo do PIBID criado no Facebook.

Figura 13 - Aluno atendido pelo PIBID recriando ângulo em folha de revista

após a abordagem feita no quadro

Fonte: retirada do grupo do PIBID criado no Facebook.

Buscando respostas para tal fato, os acadêmicos começaram a falar que

ainda estavam com dificuldade em abordar nas aulas “atividades diferentes”

(expressão usada por eles), pois os professores das escolas cobravam muito um

99

trabalho de reforço nas turmas, alegando a grande dificuldade dos alunos,

principalmente em operações e interpretação.

O que chama atenção na fala dos acadêmicos é que os materiais

manipuláveis se mostram “diferentes” para eles e para professores de Matemática,

porém, esse mesmo grupo não se sente familiarizado e capaz no sentido de um

trabalho novo e que gera tantas possibilidades, questionamentos e descobertas

quando utilizado, além de possiblidade de propiciar uma aprendizagem significativa.

A acadêmica 27 relatou:

“No meu trabalho na escola, eu “acompanho” o professor nas turmas, como se estivesse observando suas aulas, pois, segundo ele, todos os seus

alunos são muito bons e não precisam de uma “monitora” em sala. Mas nas poucas vezes em que eu lecionei na turma, percebi que os alunos tinham muita dificuldade, em especial nas operações básicas, mas para o professor

da turma era mais fácil fingir que isso não acontecia e seguir com suas aulas normalmente”.

Portanto, diante do exposto, entende-se que ela não conseguia planejar aulas

para as turmas pois o professor raramente autorizava que ela conduzisse a sala

para acompanhamento escolar como era o intuito do PIBID.

Depois de tudo o que foi falado, uma angústia se abateu sobre a

pesquisadora e um ar de preocupação podia ser visto no semblante dos

acadêmicos. Parecia que não era mais possível continuar com a mesma forma de

trabalho que estava sendo mantida durante todo esse tempo. A cobrança por reforço

de conteúdos nas turmas era muito grande e o espaço destinado aos acadêmicos

para um trabalho com materiais manipulativos que buscasse a compreensão de

conceitos, em especial de conceitos matemáticos novos, que não haviam sido

trabalhados ficava mais distante.

Utilizando de prudência em relação aos próximos passos, o encontro foi

encerrado, mas todos deveriam pensar em uma forma de trabalho com um material

manipulativo que não buscasse reforço de conteúdo para uma nova aplicação e a

data seria marcada posteriormente através do grupo do Facebook, iniciando uma

próxima etapa do processo.

4.10 A Próxima Etapa

Como percebido, após o último encontro com os acadêmicos, da surpresa

100

com os fatos acontecidos, da maneira como as aplicações estavam acontecendo e

da demora dos acadêmicos quanto ao retorno solicitado em relação a uma próxima

aplicação, percebeu-se que seria difícil continuar trabalhando da mesma maneira.

A pesquisadora então se viu diante de uma difícil situação: encerrar as

atividades chegando à conclusão que é impossível um trabalho com materiais

manipulativos em turmas atendidas por acadêmicos que fazem parte do PIBID ou

continuar tentando de alguma forma?

A conclusão foi que não poderia deixar a pesquisa naquele ponto inacabada,

por mais complexa que a situação se mostrava.

Mas como seria de agora pra frente? Como reverter o quadro de aplicações

malsucedidas, isto é, aplicações que enfocavam somente reforço de conteúdos, em

especial as quatro operações fundamentais?

A esperança reapareceu no desejo de cinco acadêmicas que se mostravam

muito dispostas e que continuavam mantendo contato pelo Messenger do Facebook

e por e-mail, perguntando o que fariam agora, como poderiam ajudar na

continuidade da pesquisa e muito preocupadas em sempre esclarecer que as

aplicações já realizadas foram para “satisfazer” os professores que as

acompanhavam e, por causa das dificuldades dos alunos, eles enfatizavam a

necessidade de um reforço escolar tradicional, ou seja, com listas e repetições de

exercícios.

Diante desse interesse demonstrado pelas acadêmicas, a possibilidade de

uma nova tentativa se mostrava real para a pesquisadora.

Primeiro foi pensada na redução do grupo colaborativo, isto é, haviam 25

acadêmicos que faziam parte do PIBID mas estava complicado continuar o trabalho

com todos os integrantes devido às faltas dos acadêmicos nos encontros e à postura

dos professores quanto ao reforço escolar. Portanto, o pensamento foi em continuar

somente com as cinco acadêmicas citadas anteriormente.

A proposta seria a seguinte: reunir com as cinco acadêmicas durante dois

dias. Nesses dias, seria trabalhada uma sequência de atividades envolvendo o

Tangram. Essa sequência partiria da construção do Tangram através de dobradura,

seguida da construção de figuras planas e finalizando com a formação de figuras

planas com peças determinadas do Tangram. Esse material seria trabalhado no

primeiro dia.

O Tangran foi pensado para esse trabalho, pois, segundo Mendes (2009, p.

101

28), “quaisquer das formas de uso do TANGRAM apresentam muitos aspectos

positivos, pois a diretriz básica para o seu uso didático é possibilitar ao aluno ação-

reflexão”. Contudo, para Mendes & Bezerra (2009, p. 1), percebe-se que a

exploração desse material em sala de aula não tem sido feita com criatividade, visto

que aos alunos sobra pouco espaço para a criação e construção dos conceitos

trabalhados.

No segundo dia, os trabalhos seriam iniciados com figuras planas, finalizando

com a construção de figuras planas com áreas determinadas com o Tangram.

Após trabalharem nessa sequência nesses dois dias, as acadêmicas

aplicariam esse mesmo material nas turmas atendidas pelo PIBID.

O passo seguinte para o início das atividades citadas acima foi entrar em

contato com as cinco acadêmicas, que foram: a acadêmica 1, a acadêmica 2, a

acadêmica 3, a acadêmica 9 e a acadêmica 27, para explicar como seriam as

aplicações daquele momento em diante e se elas aceitariam.

O contato foi feito através do Messenger do Facebook e todas concordaram

em participar prontamente. A data do encontro foi marcada para os dias cinco e seis

de julho de 2016, no Laboratório de Educação Matemática (LEM) do IFNMG-

Campus Salinas.

A pesquisadora começou o encontro agradecendo às acadêmicas pela

disponibilidade em ajudar na continuidade da pesquisa e conversamos sobre como

seria o trabalho. Ela ainda explicou que elas realizariam naqueles dias a sequência

de atividades envolvendo o Tangram e que, posteriormente, fariam a aplicação

dessa mesma sequência nas turmas atendidas pelo PIBID.

Nesse momento, a acadêmica 9 perguntou se elas poderiam formar duplas

para a aplicação nas turmas atendidas, já que ela e a acadêmica 1 estavam na

mesma escola e atendiam a mesma turma e as acadêmicas 2 e 3 também estavam

juntas em outra escola e também atendiam a mesma turma.

A resposta dada foi que poderiam sim estar em dupla mas como a acadêmica

27 ficaria sozinha, foi questionado se ela aceitaria, ao que prontamente responde:

“faço sozinha, não tem problema, até porque estou em outra escola diferente das

colegas”.

As acadêmicas receberam uma primeira atividade elaborada pela

pesquisadora com a finalidade de que percebessem os objetivos a serem

alcançados na sua realização e isso se estenderia a todas as outras atividades.

102

A acadêmica 1 falou: “É muito bom ter escrito o objetivo da atividade porque

assim temos um norte quanto ao que precisamos fazer para que se alcance aquele

objetivo”.

A primeira atividade foi iniciada (Apêndice D) e tratava da construção do

Tangram através de dobradura. A realização dessa atividade foi tranquila, já que as

acadêmicas já haviam construído o Tangram nas aplicações anteriores. A diferença

foi que, nas aplicações anteriores, essa construção foi com régua e dessa vez, com

dobradura.

Elas ficavam um pouco tímidas quando eram questionadas sobre a

construção do Tangram e sobre as questões relacionadas à Matemática. As

respostas eram dadas mas elas achavam engraçado e riam quando questionadas.

A pesquisadora aproveitou o momento para reforçar a necessidade dos

questionamentos quando as acadêmicas estiverem aplicando a sequência, já que,

assim, os alunos ficam instigados a procurar as soluções, esclarecer dúvidas,

questionar as próprias respostas, mostrando a importância desse momento de

interação que esses questionamentos proporcionavam.

Segundo Diniz (1990, p.27):

[…] ao adotá-la [uma mudança de postura em relação ao que é ensinar Matemática], o professor será um expectador do processo de construção do saber pelo seu aluno, e só irá interferir ao final do mesmo, quando isso se

fizer necessário, através de questionamentos, por exemplo, que levem os alunos a mudanças de hipóteses, apresentando situações que forcem a reflexão ou para a socialização das descobertas dos grupos, mas nunca

para dar a resposta certa.

As atividades 2 (Apêndice E) e 3 (Apêndice F) que se relacionavam com a

construção de figuras planas usando as peças do Tangram foi interessante porque

as acadêmicas se divertiram com o comentário inicial de uma colega enquanto

estavam tentando montar as figuras pedidas.

A acadêmica 9 brincou: “se eu não tô conseguindo, imagina meus alunos?” E

soltou uma risada bem espontânea.

Essa fala causou imediatamente uma concordância sobre os alunos

atendidos. A acadêmica 27 disse: “vixe111111 #, é mesmo”. E as outras

balançavam a cabeça de forma afirmativa.

Elas conversavam entre si para encontrar as figuras que geravam mais

dificuldade. Muitas dúvidas surgiram na atividade 3, já que no enunciado só falava o

103

número de peças que deveriam ser usadas para montar um quadrado e um

triângulo.

Na atividade:

Com o Tangram, formar um triângulo usando:

- Só 3 peças;

Todas usaram as mesmas peças, o triângulo médio e os dois triângulos

pequenos.

Figura 14- Montagem de um triângulo usando três peças do Tangram

Fonte: Arquivo pessoal.

Ao serem questionadas sobre a possibilidade de utilização de outras peças, a

acadêmica 1 disse: “será que dá para montar usando o quadrado? Pensei em

substituir o triângulo médio. Vou tentar aqui”. E depois de algum tempo tentando, ela

conseguiu.

104

Figura 15 - Montagem de um triângulo feito pela acadêmica 1

Fonte: Arquivo pessoal.

Novamente foram questionadas sobre a utilização de outras peças. A

acadêmica 3 perguntou: “e tem jeito”?

Elas ficaram durante alguns minutos tentando montar o triângulo com outras

peças, mas sem sucesso. Quando souberam que poderiam utilizar o paralelogramo

no lugar do quadrado ficaram intrigadas. A acadêmica 27 falou: não consigo

visualizar um triângulo usando um paralelogramo”.

Mexendo as peças de um lado para outro, mudando a posição e não

desistindo mesmo parecendo impossível, a acadêmica 2 conseguiu, e logo soltou

uma palma seguida da palavra “consegui!”

Figura 16 - Montagem do triângulo pela acadêmica 2

Fonte: Arquivo pessoal.

105

A partir desse momento, em todas as montagens, já se ouvia uma pergunta

clássica: “tem outras possibilidades”?

Na atividade:

Com o Tangram, formar um triângulo usando:

- Só 4 peças;

Conforme visto, duas montagens com peças diferentes surgiram. A

acadêmica 1 montou o quadrado usando os quatro triângulos e as acadêmicas 2 e 3

montaram usando o quadrado, o triângulo grande e os dois triângulos pequenos.

Figura 17 - Duas possibilidades de montagem de um triângulo usando quatro

peças do Tangram

Fonte: Arquivo pessoal.

A acadêmica 27, nesse momento, retomou a fala da colega e disse: “só tô

pensando nos meus alunos agora tentando fazer essas montagens, porque nem eu

tô conseguindo, imagina eles”. E novamente, todo o grupo riu, balançando a cabeça

de maneira afirmativa.

Mas a realização da atividade abaixo foi ótima, pois se tratava de um desafio

sem solução, não sendo possível montar esse triângulo.

Na atividade:

Com o Tangram, formar um triângulo usando:

- Só 6 peças;

E as acadêmicas tentaram durante algum tempo e nada de conseguirem. Até

106

que a acadêmica 9 soltou a seguinte frase: “Parece que não dá pra montar esse

triângulo. É certeza que dá para construir”?

Diante desse questionamento, elas ficaram sabendo que realmente não era

possível e acharam engraçado as tentativas sem sucesso. Mas continuaram de

forma tranquila a realização do que se pedia, mas, agora, com alguma suspeita

sobre a possibilidade de montar ou não as figuras com o número de peças

recomendado.

Figura 18 - As acadêmicas montando uma figura

Fonte: Arquivo Pessoal.

As acadêmicas 1 e 2 tinham sempre maior facilidade para montar as figuras e

as outras acadêmicas perguntavam, algumas vezes, quais peças elas haviam usado

para tentarem montar as figuras pedidas.

Mesmo que duas tinham mais facilidade e as outras três, às vezes, recorriam

a elas para conseguirem realizar o que foi pedido, a demonstração de interesse, de

prazer e a alegria na realização das atividades era percebido a todo momento.

A atividade 4 (Anexo G) que envolvia área de figuras planas com as peças do

Tangram foi realizada de maneira rápida e sem dúvidas, pois essa atividade já havia

sido trabalhada nos encontros anteriores com todos os vinte e cinco acadêmicos que

faziam parte do PIBID.

Nela, as acadêmicas determinaram as áreas de cada peça do Tangram,

levando em consideração que o quadrado era a unidade de medida um.

107

Começando pelo triângulo pequeno, as figuras M e N, elas perceberam que

sua área era meio, já que os dois triângulos pequenos sobrepostos no quadrado

davam área um.

Seguiram para o triângulo médio, a figura T, e descobriram que sua área

também era um, pois elas também fizeram a sobreposição dos triângulos pequenos

na figura e determinaram que era a mesma área. Da mesma maneira, descobriram

por sobreposição, que a área do paralelogramo, a figura R também era um.

No triângulo grande, a figura A, viram de imediato que a área era mais que

um, pois, ao sobreporem os triângulos pequenos, ainda “sobrava espaço”. O espaço

que sobrava era exatamente o espaço de mais dois triângulos pequenos, portanto,

concluíram que a área do triângulo grande era dois.

Finalizando a atividade, perceberam que utilizando os triângulos pequenos

para a sobreposição de peças, determinar as áreas ficou muito fácil.

Já na atividade 5 (Apêndice H) que envolvia a área de figuras planas

determinadas com as peças do Tangram, as dúvidas surgiram, principalmente em

relação às peças que deveriam ser usadas, já que o valor da área era o estipulado

nas questões. As conversas quanto às peças usadas, a maneira de encaixá-las e se

realmente o valor encontrado da área estava como pedido, auxiliavam as

acadêmicas que demonstravam maior dificuldade.

1) Usando o quadrado G como unidade de medida 1, determine a

área das outras figuras do Tangram.

Figura Área

G 1

M

N

R

T

A

- O que vocês perceberam sobre as áreas encontradas?

108

Figura 19 - Acadêmica encaixando as peças para se chegar na área determinada

Fonte: Arquivo Pessoal.

Atividade 5

1) Tomando o quadrado como unidade de área, encontre:

a) um quadrado de área 2.

Após todas montarem o quadrado com certa rapidez, foi questionado quanto

ao valor definido de área. E esse quadrado tem realmente área 2?

A acadêmica 9 respondeu: “tem sim, porque os triângulos pequenos, juntos,

formam área um e sobrepondo os dois sobre o triângulo médio, dá pra ver que ele

também tem área um. Então, a área toda é dois”.

Figura 20 - Montagem do quadrado de área dois

109

Fonte: Arquivo pessoal.

As outras montagens foram surgindo através de conversa entre as

acadêmicas para definirem sobre as peças usadas, já que o valor da área já estava

definido na questão.

1) Tomando o quadrado como unidade de área, encontre:

d) um trapézio de área 4.

As acadêmicas demoraram um pouco para montarem o trapézio pedido. Na

verdade, a definição das peças que deveriam ser utilizadas foi o que mais demorou.

Ficavam trocando as peças, sem saber, ao certo, qual usariam, até que a acadêmica

3 encontrou uma figura com quatro peças do Tangram.

Figura 21 - Montagem encontrada pela acadêmica 3

Fonte: Arquivo pessoal.

110

Logo a acadêmica 3 disse: “tem área quatro, porque a área do triângulo maior

é dois, mais um do triângulo médio e um dos dois triângulos pequenos dá quatro.

Fiquei na dúvida em relação à figura. Isso é um trapézio, gente”?

A acadêmica 2 respondeu: “Não é. Isso é um paralelogramo”.

Todas riram e continuaram tentando até chegarem ao trapézio pedido.

Figura 22 - Montagem de um trapézio com a área pedida

Foto: Arquivo pessoal.

Ao final das atividades, a recomendação foi quanto à aplicação de todo o

material, obedecendo a sequência das atividades e, se possível, que não houvesse

corte quanto ao tempo.

A acadêmica 3 disse preocupada: “Será que teremos tempo para aplicar as

cinco atividades já que só faltam duas semanas para as férias de julho”?

A orientação dada foi de que elas conversassem com os professores

responsáveis pelas turmas atendidas e que, depois de definidas como seriam as

aplicações, entrassem em contato para informar o que foi decidido.

Na semana seguinte, a acadêmica 1 informou pelo Facebook que o professor

responsável pela turma do nono ano autorizou que ela e a colega aplicassem todo o

material na última semana antes das férias de julho.

O mesmo aconteceu com a acadêmica 27. Ela aplicaria em uma turma de

oitavo ano.

111

E as acadêmicas 2 e 3 enviaram que o professor autorizou que a aplicação

iniciasse no final daquela semana e terminasse na semana seguinte, que seria a

última semana de aula.

Como todas as aplicações aconteceriam ainda naquele mês, um novo

encontro foi marcado no dia nove de agosto para que as acadêmicas pudessem

contar sobre a experiência vivida.

De forma surpreendente, no final da semana seguinte ao término dos

encontros, a acadêmica 27 entrou em contato pelo Messenger do Facebook

desesperada. Ela havia iniciado a aplicação das atividades, que não começaram

bem.

O professor autorizou a aplicação, mas durante a semana, não se esforçou

em ajudá-la em relação ao comportamento dos alunos. Segundo relato da

acadêmica, os alunos se mostraram imaturos e, principalmente, desinteressados na

realização da primeira atividade proposta. Falavam a todo momento que não

sabiam fazer nada, mostravam gestos obscenos e caretas quando a acadêmica

tentava gravar ou tirar fotos e no final, não concordaram em escrever os relatos do

que acharam da aula. Mesmo o professor estando presente na sala de aula, a

acadêmica disse que foi um terror, que ela estava muito decepcionada com a turma,

já que era a mesma que ela atuava com o PIBID há algum tempo.

A partir do momento em que o professor entra em sala de aula, muitas

questões surgem como, por exemplo, o que deve ser feito, como e de que forma

fazer, o conhecimento específico dos conteúdos, a convivências com os alunos, pais

e escola e também com o aprendizado, já que “o ideal é o aprender com prazer ou o

prazer de aprender e isso relaciona-se com a postura filosófica do professor, sua

maneira de ver o conhecimento [...]”. (D’AMBRÓSIO, 1993, p. 84)

Toda essa situação em que o professor está inserido é retratada por Bicudo

(1987, p.48):

Ser-professor-de-Matemática é, antes de tudo, ser-professor. Ser-professor é preocupar-se com o ser aluno, tentando auxiliá-lo a conhecer algo que ele, professor, já conhece e que julga importante que o aluno venha a

conhecer também. Esse já conhece o sentido de que o professor é alguém que já possui pelo menos algum domínio sobre a área de conhecimento, objeto do seu ensino. Não possui o significado de que o professor domine

completamente tal área e que não esteja em situação de abrir-se a novos conhecimentos.

112

Ao finalizar sua mensagem, disse que seria impossível continuar a aplicação

nessa turma e, pensando em aplicar em outra turma, se demonstrou também

desanimada, já que o outro oitavo ano ainda era pior em relação ao comportamento

e à disciplina. Também tentar a aplicação em outra escola não se tornaria viável,

visto a proximidade com o período de férias.

O encontro aconteceu no dia nove de setembro devido à impossibilidade da

presença das acadêmicas na data marcada anteriormente.

As cinco acadêmicas estavam presentes e quem pediu a palavra inicialmente

foi a acadêmica 27 para relatar para as colegas o que havia acontecido na sua

aplicação.

Ao terminar seu relato, as outras acadêmicas ficaram surpresas e perplexas

com a fala da colega, já que devido à indisciplina e desinteresse dos alunos ela não

havia conseguido dar continuidade nas aplicações.

O que mais espantou a todas foi a postura do professor perante o quadro de

indisciplina e certo desrespeito da turma. Segundo a acadêmica 27, em nenhum

momento ele fez qualquer intervenção na turma para tentar ajudá-la.

Ela também nos relatou sobre os materiais que havia levado para a turma

como régua e tesoura. Assim que bateu o sinal, os alunos saíram apressadamente,

levando o material que ela havia emprestado para a realização das atividades.

Segundo a acadêmica, levar os materiais foi com o intuito de evitar que os alunos

reclamassem que não tinham material para realizar as atividades já que isso

acontece constantemente.

Nesse momento, ela disse que o professor e ela saíram correndo atrás dos

alunos para tentar recuperar os materiais com pouco sucesso. Alguns materiais

foram recolhidos, mas a grande maioria, os alunos levaram consigo.

Ela demonstrou muita tristeza com toda a situação e as outras acadêmicas,

muito espanto. Passado o susto, todas comentavam sobre as dificuldades em se

trabalhar com alunos carentes, indisciplinados e com turmas tão grandes em salas

pequenas e sem estrutura.

A acadêmica 9 relatou: “chega a ser desanimador pensar no futuro. Como

estamos estudando para dar aula, fico triste só de pensar o que vem pela frente”.

Falou-se, então, do futuro, de como se pode tentar mudar pelo menos uma

pequena parte do ensino com aulas mais dinâmicas, que desafiam, despertam o

interesse e que, dessa forma, cheguem a um conhecimento matemático e de mundo

113

tão necessário.

A importância do professor na formação dos alunos e como estes enxergarão

o mundo é citada por (D’AMBRÓSIO, 1993, p. 87):

A educação para a cidadania, que é um dos grandes objetivos da educação de hoje, exige uma “apreciação” do conhecimento moderno, impregnado de

ciência e tecnologia. Assim, o papel do professor de matemática é particularmente importante para ajudar o aluno nessa apreciação, assim como para destacar alguns dos importantes princípios éticos a ela

associados.

A acadêmica 3 disse: “realmente não é muito o que podemos fazer mas é a

nossa contribuição para esses alunos, né”?

E depois dessa conversa significativa e um tanto quanto necessária para

aquele momento de frustação, as acadêmicas 1 e 9 falaram sobre a aplicação.

Começaram contando sobre a conversa com o professor:

“Pprocuramos o professor e pedimos alguns horários para aplicar as atividades”. -Quantos horários?

-Se possível 3 ou 4, disse as acadêmicas. -Tudo bem, mas as atividades são sobre o que mesmo? -Figuras e área com o Tangram.

-Certo. E eu posso ficar na sala? - Pode sim. Na verdade deve, para nos ajudar com a disciplina da turma. - Combinado então. Vocês começam na próxima aula.

E elas continuaram:

“Foi uma aplicação muito boa. Os alunos gostaram das atividades, se envolveram e fizeram tudo o que foi pedido. O problema é que eles são

muito preguiçosos. Quando falávamos para verificarem outras possibilidades, alguns já diziam: não professora, já quero é ir pra próxima. E essa preguiça atrapalha muito, porque eles nunca tentam ir além daquilo

que foi pedido. E se for para escrever então, aí é mais complicado ainda. Eles não escrevem de jeito nenhum, nem implorando”. (ACADÊMICA 9).

Figura 23 - Triângulos montado com sete peças

114

Fonte: Foto tirada pela acadêmica.

Para finalizar, elas completaram:

“Deixamos para falar por último o que mais chamou nossa atenção. O professor ficou o tempo todo na sala acompanhando tudo. Aplicamos as atividades em quatro horários. Em dois, conseguimos trabalhar com as 3

primeiras atividades e no outro dia, terminamos com a quarta e a quinta atividade. No final, ele nos chamou e disse que gostou muito dessas atividades, que os meninos se envolveram e que a aula ficou bem legal.

“Acho que eles até aprenderam alguma coisa […] Gostaria de saber se vocês podem me passar todo o material para eu trabalhar nas outras turmas”. Falamos que sim e já deixamos com ele uma cópia de todas as

atividades”. (ACADÊMICA 1)

A dupla formada pelas acadêmicas 2 e 3, por sua vez, tiveram um problema

na aplicação, pois o período de férias se aproximou e, por isso, o professor não

deixou que elas continuassem as aplicações. Assim, o trabalho ficou dividido. Elas

explicaram que:

“No inicio, ele autorizou que aplicássemos tudo na mesma semana. Começamos com a primeira atividade e como os alunos tiveram dificuldade,

utilizamos dois horários. Ficou certo que nos próximos horários continuaríamos. Quando chegamos na sala, ele disse que precisava finalizar um conteúdo antes das férias e que por isso, elas iriam continuar

com as atividades no retorno das férias”.

Figura 24 - Construção do Tangram pelo aluno

Fonte: Foto tirada pela acadêmica.

A acadêmica 2 afirmou que, nesse caso, não tiveram muito o que fazer.

115

“No final da primeira semana, ele autorizou que retomássemos as aplicações mas foi logo dizendo que deveríamos abreviar as coisas, para não usar muitos horários. Aí terminamos tudo em menos de 3 horários,

acreditam? […]E aí, dá pra prever o que aconteceu né? Acreditamos que poderia ter sido melhor. As atividades podiam ser exploradas no sentido de deixar os alunos refletirem e questionarem todas as possibilidades, mas

isso não foi possível devido a pressão do professor, relataram as acadêmicas 2 e 3”.

E elas continuaram que:

“De qualquer forma, foi bom. Os alunos participaram, fizeram as atividades

com alegria, comentaram que eram atividades diferentes das que eles faziam na sala e que podia ter mais atividades assim em outros dias. Será que foi por isso que o professor ficou pressionando a gente pra terminar

rápido? Achamos que ele não gostou dos comentários dos meninos.” (ACADÊMICA 3)

A acadêmica 27 levantou a mão para falar:

“Eu percebo esse incômodo o tempo todo com o professor que acompanho. Ele não gosta quando os alunos comentam que o que eu levo para eles é melhor. Ele fica fazendo cara feia e dizendo que é muita coisa pra ver e que não dá pra ficar fazendo essas coisas.”

Todas as acadêmicas comentaram que os professores se mostram

indiferentes mesmo com os jogos e materiais manipulativos que são trabalhados

com os alunos, “até porque é mais cômodo trabalhar com aula expositiva”, falou a

acadêmica 9.

Continuando a exposição da aplicação, a acadêmica 3 disse:

“Concordo com as acadêmicas 1 e 9 quanto à preguiça dos alunos em escrever qualquer coisa. Os alunos não relataram sobre as aulas, o passo a passo das atividades. Só escreviam coisas do tipo: foi bom, gostei muito,

adorei a aula, aprendi muito com o Tangram...”

A tarefa do professor hoje, segundo Silva e Silva (s.d.) é dar condições para

que a aprendizagem aconteça. Portanto, cabe ao professor propor situações

estimulantes para que desperte no aluno o interesse, a motivação, a concentração, o

raciocínio e que eles se sintam também desafiados estimulando, assim, a

curiosidade.

Mas houve um consenso quanto ao planejamento das ações e atividades em

sala de aula, da busca por materiais e jogos que tragam alegria, entusiasmo e

aprendizagem significativa nos alunos e interesse por parte dos professores de sair

116

da mesmice e do comodismo.

As acadêmicas no final, agradeceram a oportunidade de poderem trabalhar

com essa sequência de atividades envolvendo o Tangram e afirmaram que, quando

estiverem como professoras em sala de aula, utilizarão esse material.

117

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo dessa pesquisa realizada foi refletir sobre o uso do LEM,

observando e analisando suas possibilidades de contribuição na formação docente

de um grupo de acadêmicos de Matemática.

Inicialmente, este trabalho teve, como ideia central, a construção, com

materiais instrucionais existentes no Laboratório de Educação Matemática, de

propostas didáticas para intervenção e uso em salas de aulas, buscando verificar

suas possibilidades e constribuições à formação de acadêmicos bolsistas do PIBID.

Essa intenção primeira foi pensada diante da realidade do IFNMG Campus

Salinas: por já possuir um LEM e pelo trabalho ali realizado pela pesquisadora

voltado às atividades da disciplina de Práticas Pedagógicas que aconteciam

semanalmente, no curso de Licenciatura em Matemática, sendo os acadêmicos, em

sua maioria, envolvidos no PIBID.

Para tanto, estudos sobre o LEM e suas possibilidades foram feitos durante

os encontros, atividades foram preparadas e realizadas com os acadêmicos, roteiros

de aula foram apresentados, mas as dificuldades se faziam presentes no que se

referia ao LEM e à utilização dos materiais a fim de construir um conhecimento

significativo da Matemática tanto para os futuros formadores quanto para os alunos

atendidos nas escolas públicas pelos acadêmicos.

Além da fundamentação teórica, também os materiais didáticos do LEM foram

explorados, assim como suas possibilidades de uso em turmas dos Ensinos

Fundamental e Médio. Por grande parte dos acadêmicos já ser bolsista do PIBID,

entendeu-se que essa pesquisa, tendo estes como participantes, tivesse, como

possível resultado, um trabalho cooperativo que contribuiria para a formação

daqueles graduandos e, consequentemente, para suas atividades nas escolas

púbicas da região como acadêmicos.

Em meados do processo de trabalho de campo, alguns problemas acabaram

por redirecionar toda a pesquisa até ali realizada:

a remoção da pesquisadora para outro Campus;

a consequente falta de professor da disciplina de práticas pedagógicas

118

os professores não se interessavam em lecionar a disciplina e os que

se dispunham ao trabalho o faziam, na maioria das vezes, para cumprir

a carga horária exigida;

a contratação de professor por concurso para trabalhar com práticas

pedagógicas sem qualquer experiência na área.

acadêmicos passaram a não vivenciar a prática do LEM nas aulas do

curso, o que comprometeu o atendimento às escolas estaduais.

Esses problemas se refletiram na pesquisa quando, na aplicação dos

questionários para os acadêmicos pôde-se constatar que:

O LEM era um espaço pouco utilizado ou subutilizado como sala de reuniões

do PIBID e de algumas disciplinas do curso de Licenciatura.

Os acadêmicos estavam vivenciando, devido ao PIBID, a docência em escolas

estaduais, porém, os materiais do LEM praticamente não eram utilizados por

ele.

Os professores de Matemática das escolas estaduais atendidas tinham

dificuldade em dar autonomia aos acadêmicos que faziam parte do PIBID

para lecionarem conteúdos matemáticos que ainda não haviam sido

trabalhados;

Os acadêmicos demonstravam motivação no trabalho com materiais

manipuláveis e jogos, porém, eram desinteressados em participações orais e

escritas;

Alguns alunos das escolas públicas atendidas, em contrapartida, não

aproveitavam os momentos com os materiais manipuláveis, mostrando

desinteresse.

Assim, no decorrer da pesquisa, o trabalho realizado no LEM com os

acadêmicos do curso de Licenciatura que faziam parte do PIBID, mostrou-se

desafiador e indicou a necessidade de uma certa mudança de rumos na

investigação para um efetivo trabalho com o Laboratório de Educação Matemática

(LEM) na perspectiva de espaço de formação.

Os desafios ali encontrados mostraram a importância de trabalhar a

perspectiva de laboratório na disciplina de Práticas Pedagógicas, o que vislumbrou a

ideia de trazer um caderno de orientações, buscando promover, direcionadamente, a

119

utilização do laboratório na perspectiva de formação dos futuros professores da

Licenciatura.

Assim, foi elaborado o caderno: “Ações para utilização do LEM na

Licenciatura”. Composto por cinco partes: Introdução, apresentação, desafios a

serem superados e ações que possibilitam essa superação e sugestões

bibliográficas. O produto dessa pesquisa de mestrado tem, como finalidade, a

reflexão sobre as possibilidades que o trabalho com o LEM pode proporcionar aos

acadêmicos em sua prática docente, entendendo-o como um um forte aliado aos

professores, futuros professores e alunos de Matemática.

Nesse material, é discutido sobre o papel do professor de Matemática em

relação ao conteúdo, aos alunos e às aulas, os desafios encontrados ao se propor

um trabalho no LEM e algumas ações que podem ajudar professores e futuros

professores de Matemática a refletir sobre o LEM e sobre seu trabalho no contexto

escolar possibilitado por novas ferramentas de ensino: os materiais manipuláveis.

Para tanto, buscando responder às questões: de que forma ou que conteúdo

matemático abordar e com qual material? Quais os caminhos a serem percorridos

para que se contribua com professores de Práticas Pedagógicas, professores e

futuros professores de Matemática que almejam por mudanças na prática

pedagógica e, portanto, na sua prática docente?

Para responde-las, foram elencados, como desafios a serem superados:

A falta de conhecimento sobre o LEM e suas possibilidades;

O entendimento superficial ou nulo sobre o que é um material

manipulável, como este pode ser utilizado e sua importância;

O obstáculo de se relacionar materiais manipuláveis presentes no LEM

e sua abordagem para os conteúdos matemáticos;

A dificuldade em se trabalhar com o material manipulável para a

construção de conhecimentos matemáticos.

A falta de direcionamento de professores de Matemática para o efetivo

trabalho diversificado e produtivo no LEM, envolvendo os acadêmicos

e a comunidade externa, em uma perspectiva de interação com

projetos.

A partir desses desafios, ações puderam ser pensadas como forma de buscar

propiciar possibilidades de trabalho na utilização do LEM aos futuros professores de

120

Matemática, acadêmicos do PIBID, professores de Práticas Pedagógicas, entre

outros. Entre as ações sugeridas, pode-se citar:

A compreensão, a partir de obras sugeridas, do conceito e das

possibilidades do LEM enquanto local de formação, de estudo, de

investigação e de pesquisa;

O entendimento acerca do que são, de que forma trabalhar com

materiais manipuláveis e sua importância e ligação com o conteúdo

abordado

A sugestão de trabalhos com o uso de alguns materiais manipuláveis

em um LEM.

Essa construção desse caderno levanta a perspectiva de outros trabalhos a

partir da necessidade de se entender o papel do laboratório na formação acadêmica

do futuro professor de Matemática, visto que, se não há conhecimento acerca do

que seja o LEM e suas possibilidades, torna-se difícil estabelecer essas relações e

responder à questão sucitada inicialmente neste trabalho.

Tem-se, porém, que, mesmo com a conclusão desse trabalho, as discussões

não se encerram, pois outros temas podem ser estudados e discutidos e outras

pesquisas podem engrandecer esse tema aqui analisado, entendendo, ainda, que

uma pesquisa não possui um fim em si mesma, mas abre espaços sempre para

novas hipóteses e possibilidades de entendimentos acerca de um tema.

121

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matemática para apoio na formação de professores Matemática. In: LORENZATO, S. (organizador). Laboratório de Ensino de Matemática na formação de

professores. Campinas: Autores Associados, 2012. p.57-76

123

PIRES, A.M.M. O LEMa na formação inicial do educador matemático, na

universidade de Guarulhos. 2008. Disponível em:

<http://www.sbem.com.br/files/ix_enem/Comunicacao_Cientifica/Trabalhos/CC52243

893800T.doc>. Acesso em: 29 ago. 2016.

PONTE, J. P. Matemática: uma disciplina condenada ao insucesso. Noesis, n. 32, p.

24- 26, 1994. Disponível em: <http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/jponte/docs-pt/94>.

Acesso em: 13 jan. 2017 POZO, J. I. Aprendizes e mestres: a nova cultura da aprendizagem. Porto Alegre:

Artmed, 2002.

RÊGO, R. G. do; RÊGO, R. M. do. Desenvolvimento e uso de materiais didáticos no ensino de Matemática. In. LORENZATO, Sérgio. Laboratório de Ensino de Matemática na formação de professores. Campinas: Autores Associados, 2012.

p.39-56. RODRIGUES, F.C. Laboratório de Educação Matemática: descobrindo potencialidades do seu uso em um curso de formação de professores . 2012.

195f. Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Belo Horizonte, 2012 RODRIGUES, F.C; GAZIRE, E. S. Laboratório de Educação Matemática na

formação de professores. Curitiba: Appris, 2015.

SCHÖN, Donald. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o

ensino e a aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2000. SANTOS, M. G; RABELO, R. S. Laboratório de Educação Matemática IME-UFG: uma perspectiva histórica. XI Encontro Nacional de Educação Matemática.

Curitiba. 2013 SANTOS, S. M. P. dos. O lúdico na formação do Educador. 6. ed. Petrópolis, RJ:

Vozes, 1997. SILVA, A. J. N. O laboratório de ensino e o constituir-se educador matemático a partir da prática de vivências lúdicas. XIV Conferência Interamericana de

Educação Matemática. México. 2013.

SILVA, R. C; SILVA, J. R. O Papel do Laboratório no Ensino de Matemática. VII

Encontro Nacional de Educação Matemática. Universidade Federal de Pernambuco. Recife. 2004 TAHAN, M. Didática da Matemática. São Paulo: Edição Saraiva, 1962.

TOLEDO, M; TOLEDO, M. Didática da matemática: com a construção da matemática. São Paulo: FTD, 1997.

TURRIONI, A. M. S. O Laboratório de Educação Matemática na formação Inicial de professores. 2004. 168f. Dissertação (Pós- graduação em Educação

124

Matemática) – Instituto de Geociências e Ciências Exatas-Campus Rio Claro-SP,

2004.

125

APÊNDICES

APÊNDICE A – Questionário aplicado aos acadêmicos do PIBD

PONTÍFICA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

QUESTIONÁRIO PARA OS ACADÊMICOS

NOME:

TURMA/PERÍODO:

SÉRIE E ESCOLA QUE ATUA NO PIBID:

1) Na sua opinião, qual é o papel do Laboratório de Educação Matemática (LEM) na

formação de professores de Matemática?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

2) Você utiliza o LEM em suas atividades como estudante? Se sim, de que forma?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

3) Você utiliza o LEM em suas atividades no PIBID? Se sim, de que forma?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

4) Quais são as dificuldades matemáticas que você percebe nos alunos da escola atendida

pelo PIBID?

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

126

APÊNDICE B – Questionário aplicado para cinco acadêmicas

PONTÍFICA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

SEGUNDO QUESTIONÁRIO PARA OS ACADÊMICOS

NOME: ___________________________________________________________________

01) Quais as dificuldades encontradas para trabalhar nas escolas atendidas:

a) em relação ao espaço físico?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

b) em relação aos supervisores das escolas?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

c) em relação aos professores?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

d) em relação aos alunos atendidos?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

127

02) Você encontrou alguma dificuldade nas aulas ministradas nas escolas atendidas pelo

PIBID quanto aos conteúdos matemáticos? Se sim, quais dificuldades?

________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________

128

APÊNDICE C - Questionário aplicado para os professores / coordenadores do

PIBID

PONTÍFICA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

QUESTIONÁRIO PARA OS PROFESSORES

NOME:

TURMA/DISCIPLINAS QUE LECIONA:

1) Na sua opinião, qual é o papel do Laboratório de Educação Matemática (LEM) na

formação de professores de matemática?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

2) Você utiliza o LEM em suas atividades de docência? Se sim, de que forma?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

3) Você utiliza o LEM em suas atividades no PIBID? Se sim, de que forma?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

129

APÊNDICE D – Atividade 1 aplicada nas escolas estaduais atendidas pelo

PIBID

PONTÍFICA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

Atividade 1: Construindo o Tangram com dobradura

Objetivos:

- Construir o Tangram por dobradura

- Nomear as figuras planas encontradas e as características dessas figuras.

- Identificar a diagonal do quadrado e os ângulos definidos pela diagonal.

- Elaborar comunicação escrita durante e após a construção do Tangram.

Turma: 6° ao 9º ano

Descrição da atividade:

Os alunos serão organizados em duplas, sendo que cada aluno construirá seu

Tangram. Os comandos serão falados aos alunos e após cada comando, alguns

questionamentos surgirão para verificar os conhecimentos prévios dos alunos.

Entregar para cada aluno uma folha chamex e perguntá-los: o que é necessário fazer

para termos um quadrado com o maior lado possível nessa folha de papel?

130

1. Encontre esse quadrado usando a régua e recorte-o. Nomeie-o com os vértices A,

B, C e D (sentido horário para nomear)

- Esse quadrado tem qual medida de lado?

2. Dobre o quadrado pela diagonal BD. Abra e risque essa linha de dobra com caneta

ou lápis colorido.

- O que é uma diagonal? Quantas diagonais têm o quadrado?

- Qual é a medida de cada ângulo do quadrado? E quando traçamos a diagonal, o que

aconteceu com a medida do ângulo do quadrado?

3. Dobre o quadrado pela outra diagonal AC. Risque apenas a linha que, partindo do

vértice, encontra a diagonal que já foi traçada. Nomeie o ponto de encontro das

diagonais de O.

- Que figuras temos traçadas nesse quadrado agora? Que características elas têm?

4. Dobre de maneira que o vértice C “encontre” o ponto O. Abra e risque a linha de

dobra. Nomeie de E e F esse segmento. (Sentido horário)

- E agora, quais figuras podemos observar? O que vocês observam nessas figuras?

A

D C

B

A

D C

B

A

D C

B

O

A

D C

B

O

E O=C

F

131

5. Dobre novamente a diagonal AC e faça um vinco até o encontro do segmento EF.

Nomeie o ponto de intersecção G. Risque essa linha de dobra.

6. Dobre de modo que o ponto E toque no ponto O. Vinque a dobra entre o ponto G e a

diagonal BD. Abra e risque esse segmento.

- E quanto as figuras formadas, quais são?

7. Dobre de maneira que o vértice D toque o ponto O. Vinque essa dobra do ponto F

até a diagonal BD. Risque esse segmento.

- Quantas figuras temos desenhadas? Quais os nomes dessas figuras?

- Vocês observam semelhanças quanto às medidas dessas figuras? Quais são?

- Vocês já conheciam esse material? Sabe como se chama?

- Conhecem a história desse material?

Passar o filme com a história do Tangram.

https://www.youtube.com/watch?v=KNA4PaTVfSM

https://www.youtube.com/watch?v=TjlCciykRLI

Solicitar dos alunos que, em dupla, façam a descrição dos passos da dobradura do Tangram

realizada em sala em uma folha separada para entregar.

A

D C

B

O G

E

F

A

D C

B

O

F

E G

A

D C

B

O

G

F

E

132

APÊNDICE E – Atividade 2 aplicada nas escolas estaduais atendidas pelo PIBID

PONTÍFICA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

Atividade 2: Construção de figuras planas com o Tangram

Objetivos:

- Reconhecer as peças do tangram através de classificação.

- Construir e representar triângulos, quadriláteros, pentágonos e hexágonos.

- Elaborar comunicação escrita para relatar conclusões.

Turma: 6º ao 9º ano

Descrição da atividade

- Os alunos serão organizados em grupos de 4 alunos e cada grupo receberá um

tangram xerocado. Eles deverão recortar as peças para solucionar as questões

seguintes.

133

1) Separe as peças de Tangram usando um critério a sua escolha.

- Questionar aos alunos como eles separaram as peças, que critério foi usado.

2) Usando as duas peças A, monte um quadrilátero.

- Que quadrilátero vocês montaram? É possível montar outro quadrilátero? Qual?

3) Usando as peças M e N, monte um quadrilátero.

- Que quadrilátero vocês montaram? É possível montar outro quadrilátero? Qual?

4) Monte um quadrilátero usando as peças M, N e T. Que quadrilátero é esse?

5) Usando as peças G, M, N e A, monte um quadrilátero. Que quadrilátero é esse?

6) Monte um triângulo com as peças M e N.

7) Juntando a peça T com as peças M e N, monte um triângulo.

8) Use agora as peças G, M e N e monte um triângulo.

9) Monte um triângulo usando as peças M, N, T e A.

Ao final das atividades, os alunos deverão utilizar os desenhos e fazer um registro da aula.

134

APÊNDICE F – Atividade 3 aplicada nas escolas estaduais atendidas pelo PIBID

PONTÍFICA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

Atividade 3: Formação de figuras com peças determinadas do Tangram

Objetivos:

- Utilizar as peças do Tangram para formar triângulos e quadrados.

- Elaborar comunicação escrita para relatar conclusões.

Turma: 6º ao 9º ano

Descrição da atividade:

- Os alunos serão organizados em grupos de 4 alunos e cada grupo receberá um

tangram xerocado. Eles deverão recortar as peças para solucionar as questões

seguintes.

135

1) Com o Tangram, formar um quadrado usando:

a) só duas peças;

b) só três peças;

c) só quatro peças;

d) só cinco peças;

e) só seis peças;

f) as sete peças.

2) Com o Tangram, formar um triângulo usando:

a) só duas peças;

b) só três peças;

c) só quatro peças;

d) só cinco peças;

e) sete peças.

Ao final das atividades, os alunos deverão fazer um registro da aula contendo as

figuras encontradas e outras possibilidades que foram conversadas em sala de aula.

136

APÊNDICE G – Atividade 4 aplicada nas escolas estaduais atendidas pelo

PIBID

PONTÍFICA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

Atividade 4: Área de figuras com o Tangram

Objetivos:

- Utilizar uma peça do Tangram para servir de unidade de medida.

- Calcular a área das figuras do Tangram usando o quadrado como unidade de medida.

- Elaborar comunicação escrita para relatar conclusões.

Turma: 6º ao 9º ano

Descrição da atividade:

- Os alunos serão organizados em grupos de 4 alunos e cada grupo receberá um

tangram xerocado. Eles deverão recortar as peças para solucionar as questões

seguintes.

137

1) Usando o quadrado G como unidade de medida 1, determine a área das outras

figuras do Tangram.

Figura Área

G 1

M

N

R

T

A

- O que vocês perceberam sobre as áreas encontradas?

Ao final da atividade, os alunos deverão fazer um registro da aula.

138

APÊNDICE H – Atividade 5 aplicada nas escolas estaduais atendidas pelo

PIBID

PONTÍFICA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

Atividade 5: Construção de figuras com áreas determinadas com o Tangram

Objetivos:

- Construir triângulos e quadriláteros com áreas já determinadas, tomando o quadrado

como unidade de medida de área.

- Elaborar comunicação escrita para relatar conclusões.

Turma: 6º ao 9º ano

Descrição da atividade:

- Os alunos serão organizados em grupos de 4 alunos e cada grupo receberá um

tangram xerocado. Eles deverão recortar as peças para solucionar as questões

seguintes.

139

1) Tomando o quadrado como unidade de área, encontre:

a) um quadrado de área 2.

b) um paralelogramo de área 2.

c) um triângulo de área 4.

d) um trapézio de área 4.

e) um retângulo de área 4.

f) um triângulo de área 2.

g) um quadrado de área 4.

h) um retângulo de área 6.

Ao final da atividade, os alunos deverão fazer um registro da aula.

140

APÊNDICE I – Produto Educacional

Ações para utilização

do LEM na

Licenciatura

Kewla Dias P. Brito

Eliane Scheid Gazire

141

142

APRESENTAÇÃO

O ensino de Matemática e em especial, como se ensinar a Matemática, é um

tema recorrente entre professores da área que vêm buscando maneiras de se

discutir sobre o assunto, procurando Encontros e Congressos de Matemática, para

refletirem novas possibilidades na prática docente.

Nesse sentido, os materiais manipuláveis, os jogos, as atividades

investigativas e o Laboratório de Educação Matemática (LEM) são temas que

despertam o interesse de professores e futuros professores que visualizam, nessas

ferramentas, uma mudança positiva e dinâmica em suas aulas.

O LEM é um espaço ou ambiente destinado às práticas de formação docente

e a busca por materiais didáticos e jogos que propiciem um novo olhar para os

conhecimentos matemáticos e sua fixação, sendo um forte aliado aos professores,

futuros professores e alunos de Matemática.

Os jogos, as curiosidades matemáticas, os materiais manipuláveis e as

investigações, ou seja, as várias possibilidades de um LEM podem proporcionar aos

professores, futuros professores e aos alunos em geral, uma mudança em relação à

Matemática e ao seu ensino/aprendizagem. Nesse sentido, acredita-se que

compreender a Matemática de uma maneira diferente propicia experiências com o

uso de materiais manipuláveis que refletirão na prática docente dos professores.

Mas a utilização dessas ferramentas nas aulas de Matemática requer

pesquisa e estudo, leituras sobre o tema, conhecimento das propostas pedagógicas

envolvidas, enfim, o professor necessita conhecer aquilo que está disposto a utilizar,

a fim de, realmente, agregar essas novas possibilidades a uma mudança na sua

prática e portanto, nas suas aulas.

Deste modo, esse caderno foi elaborado como parte integrante da pesquisa

de dissertação do Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática da

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais intitulada: “Desafios no uso do LEM

na formação de futuros professores”, que propõe uma visão sobre o uso do LEM na

perspectiva de demonstrar os desafios que podem surgir nesse trabalho e possíveis

ações para transpô-los. Este produto foi elaborado a partir das dificuldades da

143

pesquisadora em desenvolver um trabalho no LEM direcionado aos acadêmicos do

curso de Licenciatura em Matemática. Ele é voltado, principalmente, portanto, para

professores de prática pedagógica que, por ventura, tenham alguma dificuldade em

articular a utilização do LEM e suas possibilidades de trabalho.

Nesse material, o leitor encontrará, de maneira clara e simples, o papel do

professor de Matemática em relação ao conteúdo, aos alunos e às aulas, os

desafios encontrados ao se propor um trabalho no LEM e algumas ações que

podem ajudar professores e futuros professores de Matemática na busca por

mudanças e novas ferramentas na sua prática docente.

As autoras

144

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 145

DESAFIOS E AÇÕES NO USO DO LEM NA FORMAÇÃO DE FUTUROS

PROFESSORES ................................................................................................................. 149

DESAFIO 1: Conhecer o LEM ........................................................................................ 150

AÇÃO 1................................................................................................................................. 151

Leituras sobre o LEM ....................................................................................................... 152

DESAFIO 2: Discussão dos materiais ......................................................................... 153

AÇÃO 2................................................................................................................................. 154

Leituras sobre Materiais manipuláveis ....................................................................... 155

DESAFIO 3: Trabalho com os materiais ..................................................................... 156

AÇÃO 3................................................................................................................................. 158

DESAFIO 4: Conteúdos Matemáticos .......................................................................... 160

a partir dos materiais manipuláveis............................................................................. 160

AÇÃO 4................................................................................................................................. 161

DESAFIO 5: Perspectiva de ............................................................................................ 178

interação com projetos.................................................................................................... 178

AÇÃO 5................................................................................................................................. 179

REFLEXÕES FINAIS ......................................................................................................... 180

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 181

SUGESTÕES DE LEITURA.............................................................................................. 182

145

INTRODUÇÃO

Estar preparado em relação ao conteúdo a ser ministrado e conhecer os

propósitos da escola em relação aos alunos é uma etapa significativa para o

professor, no que diz respeito ao ensino/aprendizagem.

Para Mizukami (2013, p.224): “o professor deve necessariamente conhecer a

matéria que ensina e compreender como o currículo escolar é organizado tanto à luz

das especificidades de alunos e escolas concretas quanto dos objetivos de

aprendizagem das escolas”.

O professor, independente da área de atuação, está inserido em um contexto

escolar diversificado e a preocupação com o aprendizado de seus alunos é uma

sólida base para a garantia do sucesso escolar.

Toda essa situação em que o professor está inserido é retratada por Bicudo

(1987, p.48), quando enfatiza que:

Ser-professor-de-Matemática é, antes de tudo, ser-professor. Ser-professor

é preocupar-se com o ser aluno, tentando auxiliá-lo a conhecer algo que ele, professor, já conhece e que julga importante que o aluno venha a conhecer também. Esse já conhece o sentido de que o professor é alguém

que já possui pelo menos algum domínio sobre a área de conhecimento, objeto do seu ensino. Não possui o significado de que o professor domine completamente tal área e que não esteja em situação de abrir-se a novos

conhecimentos.

Os novos conhecimentos adquiridos pelo professor podem surgir do próprio

ambiente escolar e de sua vivência com a prática docente, mas cabe, também a ele,

buscar, pesquisar possibilidades e ferramentas para esse aprendizado, tanto dele

quanto de seus alunos.

Para essa busca por novas possibilidades, faz-se necessário que o professor

admita a característica de pesquisador, pensando nos significados aprendidos e de

que forma o conhecimento acontece, trazendo a disciplina para mais próxima dos

alunos, o que é corroborado por D’Ambrósio (1993, p.106), que afirma que “de fato,

o professor-pesquisador vem-se mostrando como o novo perfil do docente.

146

Pesquisador em ambas as direções: buscar o novo, junto com seus alunos, e

conhecer o aluno em suas características emocionais e culturais”.

Nesse entendimento, a postura do professor e sua maneira de lidar com os

alunos e com a Matemática podem ser revistas. De acordo com os PCN:

[...] para que a aprendizagem possa ser significativa é preciso que os conteúdos sejam analisados e abordados de modo a formarem uma rede de significados. Se a premissa de que compreender é apreender o significado,

e de que para apreender o significado de algum objeto ou acontecimento é preciso vê-lo em suas relações com outros objetos ou acontecimentos, é possível dizer que a ideia de conhecer assemelha-se à ideia de tecer uma

teia. (BRASIL, 1998, p.75).

Portanto, a pesquisa deve estar presente na busca por melhorias e mudanças

para o professor, mas, também, em suas aulas. Para isso, é necessário que o aluno

passe por todos os caminhos importantes de uma pesquisa, como o pensar

matemático, a descoberta de uma solução e de um caminho a ser seguido, a

tomada de decisões e as frustações inerentes às falhas pela busca de soluções.

(D´AMBRÓSIO, 1993).

Nessa mesma direção, aponta Schön (2000, p.83), que:

O processo de reflexão-na-ação [...] pode ser desenvolvido numa série de “momentos”. [...] primeiramente um momento de surpresa: um professor reflexivo permite-se ser surpreendido pelo aluno [...] segundo momento [...]

pensa sobre aquilo que o aluno disse ou fez, e, simultaneamente, procura compreender a razão por que foi surpreendido [...] num terceiro momento, reformula o problema suscitado pela situação [...] num quarto momento,

efetua uma experiência para testar sua nova hipótese.

Assim, garantir aos futuros professores de Matemática ações mais efetivas no

que se refere ao ensino da disciplina, à possibilidade da vivência escolar enquanto

estudantes e ao suporte com o uso de materiais didáticos podem aproximar alunos e

professores quanto à Matemática e sua importância no cotidiano.

A formação dos futuros professores perpassa pelas questões relativas ao

ensino, pelas diferentes realidades vivenciadas em sala de aula e pela construção

do conhecimento. De acordo com Mizukami (2013, p.215):

Consideram-se como pontos centrais em qualquer processo formativo da

docência inicial ou continuada dois aspectos importantes para se preparar bons professores que possam propiciar condições que seus alunos aprendam: a organização das situações de ensino que possibilitem

aprendizagens para alunos diferentes e de trajetórias pessoais e culturais

147

diversas e a construção de conhecimentos sobre o ensino dos diferentes

componentes curriculares.

Para isso, os futuros professores devem estar preocupados com a pesquisa

mesmo antes do seu ingresso em uma sala de aula, para que suas ações e o seu

pensar matemático possam contribuir na formação de seus alunos.

Segundo D´Ambrósio (1993, p.40) “a ação de pesquisa pelo futuro professor

deve resultar na sua aprendizagem sobre como as crianças aprendem Matemática,

sobre sua ação como professor e sobre sua própria Matemática enquanto

disciplina”.

Mizukami (2013) afirma que os futuros professores no seu cotidiano, precisam

averiguar, pesquisar sua própria prática para discernir sobre futuras decisões e

sobre a adequação dessas práticas para determinadas situações ou momentos.

Pensar em agregar teoria e prática aos futuros professores é uma forma de proporcioná-los à experiência de sala de aula, com suas angústias, medos, frustações, descobertas, alegrias e desafios, podendo o futuro professor

compreender como pensam as crianças e entender seu pensamento e como gerar seu entusiasmo e a curiosidade. (D´AMBRÓSIO, 1993, p.40).

E isso pode acontecer através de um trabalho diferenciado nas aulas de

Práticas Pedagógicas de forma que os futuros professores possam vivenciar

experiências interessantes e significativas e estas serem utilizadas nos estágios

curriculares onde, normalmente, acontecesse o envolvimento desses acadêmicos no

contexto escolar.

Dentro dessa perspectiva, os professores responsáveis pelas aulas de

Práticas Pedagógicas podem utilizar o LEM como um local onde ocorrerá a ligação

entre a teoria e a prática a partir das possibilidades que ele proporciona como: aulas

investigativas, resoluções de problemas, utlização de jogos e materiais manipuláveis

que irão ajudar os futuros professores na prática docente. Conforme afirma

Mizukami (2013, p.214):

Os processos de aprender a ensinar, de aprender a ser professor e de desenvolvimento profissional de professores são lentos, iniciam-se antes do espaço formativo dos cursos de licenciatura e se prolongam por toda a vida.

A escola e outros espaços de conhecimento são contextos importantes nessa formação.

Todas as possibilidades de trabalho no LEM citadas e outras podem auxiliar o

professor e seus alunos no processo de ensino e aprendizagem, podendo tornar

148

esse trabalho mais aprofundado e trazendo ricas contribuições para a Matemática

como um todo.

Nesse sentido, o professor precisa estar preparado para esse trabalho, já

que, até hoje, deparamos com aulas de Matemática mais tradicionais, expositivas,

sem a preocupação com um trabalho voltado para a investigação e a troca de

experiências.

Buscando alternativas na sala de aula, é notável que os professores pensem

na Matemática como uma disciplina investigativa, uma disciplina que decorre de um

processo de investigação e de resolução de problemas e que ela, seja útil para o

dia-a-dia dos alunos, ajudando-os na compreensão da sua realidade.

(D´AMBRÓSIO, 1993, p.35)

Portanto, esse material busca retatrar os desafios no uso do LEM na

formação de professores e algumas ações para transpô-los, no intuito de contribuir

com professores de Práticas Pedagógicas, professores e futuros professores de

Matemática que almejam por mudanças na prática pedagógica e, portanto, na sua

prática docente.

149

DESAFIOS E AÇÕES

NO USO DO LEM NA FORMAÇÃO DE FUTUROS PROFESSORES

As situações vivenciadas no decorrer do trabalho de Mestrado da

pesquisadora referentes às dificuldades encontradas pelos acadêmicos de

Matemática que integraram a pesquisa levaram a elencar desafios e ações para a

utilização do LEM na formação daqueles futuros professores de Matemática.

No sentido de explorar o LEM e os materiais que nele se encontravam,

buscou-se alternativas de um trabalho que não somente reforçasse conteúdos

matemáticos já trabalhados, mas direcionasse o professor de práticas pedagógicas

na exploração dos materiais de uma maneira mais investigativa, de forma que os

alunos vivenciassem a construção de significados matemáticos.

Nesta seção, portanto, descrevemos alguns desafios vivenciados no decorrer

da pesquisa e ações que podem ajudar a superar possíveis obstáculos, com o intuito

de apontar alternativas para professores e futuros professores de Matemática que

desejam vivenciar práticas mais investigativas em suas aulas.

150

DESAFIO 1: Conhecer o LEM

O LEM é um espaço ou ambiente destinado às práticas de formação docente

e à busca por materiais didáticos e jogos que propiciem um novo olhar para os

conhecimentos matemáticos e sua fixação, sendo um forte aliado aos professores,

futuros professores e alunos de Matemática.

De acordo com Lorenzato (2012), os laboratórios possuem diferentes

propostas de utilização, umas mais teóricas, outras mais práticas, sendo que,

enquanto em alguns estão presentes recursos voltados à tecnologia da informação e

comunicação, em outros isso não ocorre. Nestes, há, predominantemente, a

presença de materiais concretos para trabalho, entre os quais destacam-se: jogos e

materiais manipuláveis que, não necessariamente, necessitam de tecnologia para

sua existência.

O autor revela, ainda, uma variedade de concepções e tipos de laboratório de

Matemática, destacando a importância do papel do professor como um agente

mediador na construção de um conhecimento significativo. Diante da necessidade

deste papel, o professor de Matemática deverá demonstrar, ao utilizar um LEM, um

maior conhecimento para que esse trabalho seja efetivo.

Portanto, como citado na introdução deste material, o professor de

Matemática precisa se atualizar constantemente, em especial, quando está disposto

a mudar suas aulas e utilizar um LEM nessa perspectiva de mudança. Segundo

Lorenzato (2010, p. 11),

Tendo em vista que cabe ao professor se manter atualizado, é fundamental

que ele possua ou adquira o hábito de leitura, além da constante procura por informações que possam melhorar sua prática pedagógica.

Além de uma constante atualização, uma busca por leituras e um papel

reflexivo são necessários aos professores e futuros professores de Matemática.

151

Refletir sobre a docência, as metodologias utilizadas e se os alunos gostam e

aprendem nas aulas também pode proporcionar ao professor mudanças importantes

na sua prática. Reforçando todo esse papel do professor de Matemática, em sua

atividade docente, Lorenzato (2010, p. 127) ainda aborda que:

[...] para assumir uma melhor postura, é preciso reflexão sobre as aulas dadas e uma constante atualização para a formação. [...] se o professor

conseguir refletir sobre suas aulas e se mantiver atualizado, certamente já terá uma boa postura profissional.

Portanto, o ponto inicial para uma mudança de postura é conhecer aquilo que

se deseja utilizar. O LEM se mostra um grande aliado à prática de um professor,

mas esse requer, primeiramente, estar ciente de tudo o que perpassa o trabalho

com esse ambiente e, para isso, o primeiro passo é se informar sobre o tema.

AÇÃO 1

Como sugestão para que o professor se atualize sobre o LEM e sua utilização

seguem algumas leituras. Tratam-se de livros, dissertações e artigos que abordam o

LEM na formação de professores, como, também, suas características e

possibilidades.

152

Leituras sobre o LEM

O Laboratório de Ensino de Matemática na Formação de Professores. Sérgio Lorenzato, 2012.

Laboratório de Educação Matemática. Fredy Coelho Rodrigues e Eliane Scheid Gazire, 2015.

Laboratório de Ensino de Matemática no Contexto de uma escola de Ensinos Fundamental e Médio. Dissertação de Glayson Luiz de Carvalho, 2011.

Laboratório de Educação Matemática: descobrindo as potencialidades do seu uso em um curso de formação de professores. Dissertação de Fredy Coelho Rodrigues, 2011.

O Laboratório de Educação Matemática na formação Inicial de professores. Dissertação de Ana Maria Silveira Turrioni, 2004.

Laboratório de Ensino de Matemática na atuação e na formação inicial de professores de Matemática. Disponível em: http://alb.org.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais16/sem15dpf/sm15ss03_04.pdf

O LEMa na Formação Inicial do Educador Matemático, na Universidade de Garulhos. Artigo disponível em: http://www.sbem.com.br/files/ix_enem/Comunicacao_Cientifica/Trabalhos/CC52243893800T.doc

O Papel do Laboratório no Ensino de Matemática. Artigo disponível em: http://www.sbem.com.br/files/viii/pdf/07/RE75541815487.pdf

A Importância do LABMAT para a Formação de Professores da Educação Básica. Artigo disponível em: http://editorarealize.com.br/revistas/cintedi/trabalhos/Modalidade_1datahora_10_11_2014_10_52_48_idinscrito_4557_40066875a4a4cf393cbb9c1eb89f2ff4.pdf

Laboratório de Ensino de Matemática na Atuação e na Formação Inicial de Professores de Matemática. Artigo disponível em: http://alb.org.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais16/sem15dpf/sm15ss03_04.pdf

Laboratório de Ensino e suas Implicações na Formação Inicial de Professores de Matemática. Artigo disponível em: http://www.ufjf.br/emem/files/2015/10/LABORAT%C3%93RIO-DE-ENSINO-E-SUAS-IMPLICA%C3%87%C3%95ES-NA.pdf

153

DESAFIO 2: Discussão dos materiais

A partir do momento em que o professor de Matemática está ciente das várias

possibilidades que um LEM pode trazer à sua prática, o próximo passo é se

aproximar do trabalho com os materiais, os jogos, os softwares e tudo que se faz

presente em um LEM.

Dessa maneira, é necessário se inteirar do que seria um material. Segundo

Lorenzato (2012, p. 18), um material didático (MD) é qualquer instrumento útil ao

processo de ensino e aprendizagem.

Dentre as várias possibilidades de MD existentes em um LEM, como giz,

calculadora, jogos, embalagens, filmes, livros e etc, podemos caracterizá-los em MD

manipuláveis estáticos, não estáticos e dinâmicos.

Os materiais manipuláveis estáticos, como o próprio nome sugere, não

possibilitam mudança; são mais visuais, servindo para a observação como é o caso

dos sólidos geométricos. Já o ábaco, o material dourado e os jogos de tabuleiro são

os materiais não estáticos, pois permitem alguma participação do aluno.

Aqueles materiais em que ocorrem transformações, possibilitando ao aluno a

realização de redescobertas, a percepção de propriedades e a construção de

aprendizagem de forma efetiva (LORENZATO, 2012, p.19), são os materiais

chamados de dinâmicos.

154

AÇÃO 2

Entendendo que a utilização do material manipulável não é garantia de

aprendizado, enfatizamos que o professor precisa estar ciente dessa utilização, dos

objetivos que se quer alcançar e da proposta pedagógica abordada. De acordo com

Fiorentini e Miorim (1990, p. 4)

O professor não pode subjugar sua metodologia de ensino a algum tipo de material porque ele é atraente ou lúdico. Nenhum material é válido por si só. Os materiais e seu emprego sempre devem estar em segundo plano. A

simples introdução de jogos ou atividades no ensino da matemática não garante uma melhor aprendizagem desta disciplina.

Dessa forma, conhecer o material, sua importância e os objetivos da sua

utilização podem ajudar o professor no que se refere ao trabalho com os materiais

disponíveis em LEM.

Seguem algumas sugestões de leituras sobre os materiais manipuláveis para

que o professor possa aprofundar mais nesse tema.

155

Leituras sobre Materiais manipuláveis

Uma reflexão sobre o uso de materiais concretos e jogos no Ensino da Matemática. Dario Fiorentini e Maria Ângela Miorim. Artigo Publicado no Boletim SBEM-SP

O uso de material didático manipulável no ensino de Matemática: da ação experimental à reflexão. Capítulo 3 do livro Laboratório de Educação Matemática. Fredy Coelho Rodrigues e Eliane Scheid Gazire, 2015.

Desenvolvimento e uso de materiais didáticos no ensino de Matemática. Rômulo Marinho do Rêgo e Rogéria Gaudencio do Rêgo. Capítulo 2 do livro O Laboratório de Ensino de Matemática na formação de professores. Sérgio Lorenzato (Organizador), 2012.

Materiais manipuláveis como recursos didáticos na formação de professores de Matemática. Cármen Lúcia Brancaglion Passos. Capítulo 4 do livro O Laboratório de Ensino de Matemática na formação de professores. Sérgio Lorenzato (Organizador), 2012.

O uso dos Materiais Didáticos Manipuláveis como recurso pedagógico nas aulas de Matemática. Maria Angela Scolaro. Artigo disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1666-8.pdf

Utilização de materiais didáticos: novas possibilidades de ensino da Matemática. Genielson Mendes. Artigo disponível em: http://www.ufjf.br/emem/files/2015/10/UTILIZA%C3%87%C3%83O-DE-MATERIAIS-DID%C3%81TICOS-NOVAS-POSSIBILIDADES-DE-ENSINO-DA-MATEM%C3%81TICA.pdf.

Materiais manipulativos motivando futuros professores de Matemática para a prática de sala de aula. Comunicação científica do VI Congresso Internacional de Ensino da Matemática. 16 a 18 de outubro de 2013. Disponível em: http://www.conferencias.ulbra.br/index.php/ciem/vi/paper/view/12309.

156

DESAFIO 3: Trabalho com os materiais

Sobre a importância do uso de materiais concretos nas aulas de Matemática,

Turrioni e Perez (2012, p.61) afirmam que estes exercem um papel importante na

aprendizagem, pois facilitam a observação e a análise, desenvolvem o raciocínio

lógico, crítico e cientifico e são excelentes para contribuir na construção do

conhecimento dos alunos.

Especificamente com relação aos materiais didáticos (MD), expõe Lorenzato

(2012, p. 27) que:

[…] há uma diferença pedagógica entre a aula em que o professor apresenta oralmente o assunto, ilustrando-o com um MD, e a aula em que os alunos manuseiam esse MD. O MD é o mesmo, mas os resultados do

segundo tipo de aula serão mais benéficos à formação dos alunos porque, de posse do MD, as observações e reflexões deles serão mais profícuas, uma vez que poderão, em ritmos próprios, realizar suas descobertas e, mais

facilmente, memorizar os resultados obtidos durante suas atividades.

Ainda segundo Lorenzato (2012, p. 4):

[...] cada educador, a seu modo, reconheceu que a ação do indivíduo sobre o objeto é básica para a aprendizagem. Em termos de sala de aula, durante a ação pedagógica, esse reconhecimento evidencia o papel fundamental

que o material didático pode desempenhar na aprendizagem.

De acordo com Fiorentini e Miorim (1990), antes de optar por um material ou

jogo, deve-se refletir sobre a proposta político-pedagógica; sobre o papel histórico

da escola, sobre o tipo de sociedade que se pretende, sobre o tipo de aluno a ser

formado, sobre qual Matemática torna-se importante naquele contexto para o aluno,

entre outros.

Nesse ínterim, o LEM visa a facilitar a proximidade entre conteúdos

matemáticos ensinados e os conhecimentos prévios dos alunos, o que pode resultar

157

em uma alteração na percepção dos alunos quanto ao significado da Matemática em

suas vidas. (SILVA; SILVA, 2004).

Acredita-se, também, que:

[…] o laboratório de ensino propicia, dentre outras coisas, uma melhor relação interpessoal professor-aluno [e aluno-aluno], gerando um ambiente mais salutar dentro da sala de aula, caracterizado por uma maior dinâmica

do ensino, maior afetividade, motivação, participação, maior interação social, respeito pelos colegas etc., tornado mais prazeroso o estudo. (SILVA; SILVA, 2004, p.11).

Portanto, para que o trabalho com os materiais manipuláveis, os jogos e

outros materiais disponíveis no LEM sejam interessantes e que se revertam em uma

aprendizagem significativa, o professor deve estar seguro em relação aos objetivos

do trabalho com materiais e o que se pretende ao trabalhar. Nesse sentido, de

acordo com Lorenzato (2012, p. 18):

Por melhor que seja, o MD nunca ultrapassa a categoria de meio auxiliar de ensino, de alternativa metodológica à disposição do professor e do aluno, e como tal, o MD não é garantia de um bom ensino, nem de uma

aprendizagem significativa e não substitui o professor.

Já em relação ao aluno, diante das muitas possibilidades que um trabalho

com materiais manipuláveis podem proporcionar, fica a necessidade de um

aprendizado significativo, voltado para o raciocínio lógico, para as investigações e

para a busca por resultados. Para isso, segundo Fiorentini e Miorim (1990 p. 4):

Ao aluno deve ser dado o direito de aprender. Não um 'aprender' mecânico,

repetitivo, de fazer sem saber o que faz e por que faz. Muito menos um 'aprender' que se esvazia em brincadeiras. Mas um aprender significativo do qual o aluno participe raciocinando, compreendendo, reelaborando o saber

historicamente produzido e superando, assim, sua visão ingênua, fragmentada e parcial da realidade.

Assim, esse aprendizado pode acontecer através da utilização de um material

manipulável ou um jogo, mas cabe ao professor analisar a necessidade do material

ciente do que ele pode oferecer, como afirmam Fiorentini e Miorim (1990, p. 4):

O material ou o jogo pode ser fundamental para que isto ocorra. Neste sentido, o material mais adequado, nem sempre, será o visualmente mais

bonito e nem o já construído. Muitas vezes, durante a construção de um material o aluno tem a oportunidade de aprender matemática de forma mais efetiva.

158

Essa experimentação proposta por Fiorentini e Miorim (1990) também é

enfatizada por Lorenzato (2010, p. 72), quando coloca que:

A experimentação é o melhor modo para se conseguir a aprendizagem com significado, uma vez que ela realça o “porquê”, a explicação e, assim,

valoriza a compreensão. Além disso, ela possibilita:

a integração dos diferentes assuntos;

a redescoberta;

a memorização dos resultados;

a aprendizagem de diferentes estratégias de resolução de problemas;

a verificação de conjecturas ou resultados.

AÇÃO 3

O trabalho com materiais manipuláveis se faz importante para os alunos

devido ao seu caráter lúdico, experimental e investigativo, mas é necessário que o

professor esteja atento aos objetivos e finalidades do trabalho com o uso de

materiais.

Podemos dizer que, normalmente, o trabalho com materiais manipuláveis e

jogos acontece para diversificar as aulas, tornando-as mais dinâmicas e atrativas e,

consequentemente, motivando os alunos. Essa utilização precisa ser bastante

pensada, já que a tendência é de que esse trabalho se torne “o jogo pelo jogo”, isto

é, sem nenhum embasamento pedagógico, sem nenhum objetivo concreto dentro

dos conteúdos matemáticos.

Os materiais e jogos também podem desempenhar o papel de apresentar um

assunto, quer dizer, dar uma ideia daquele conteúdo matemático que será

trabalhado. O Tangram e o Geoplano são alguns dos materiais que podem ser

utilizados para iniciar o trabalho com figuras planas e suas áreas, por exemplo. Ou,

ainda, podem ser utilizados para reforçar um conhecimento matemático ou auxiliar a

memorização de resultados, como por exemplo, com as quatro operações

fundamentais. Existem vários jogos, como o Produto de Dadinhos, que reforça o

159

conhecimento de multiplicação, e o jogo dos Passageiros, voltado para a adição e

subtração.

A utilização de materiais concretos e jogos nas aulas de Matemática podem

trazer benefícios para o aluno quanto à aprendizagem, já que jogos e materiais

despertam o raciocínio lógico, a coordenação motora, a criatividade, a busca por

caminhos que levem à solução, à rapidez e à organização do pensamento.

Além do que foi citado anteriormente, pode ainda proporcionar, na formação

do aluno como ser humano, a honestidade, a curiosidade, o companheirismo, a

competitividade de maneira saudável, respeitando o vencedor e cumprindo seu

papel de vencido, o respeito às regras e o acato das decisões.

160

DESAFIO 4: Conteúdos Matemáticos

a partir dos materiais manipuláveis

Diante do conhecimento sobre os materiais manipuláveis e da sua

importância, o próximo passo é agregá-los às possibilidades do seu uso, no que se

refere ao trabalho com o material e ao conteúdo matemático abordado.

É nesse ponto que acontece a grande dificuldade encontrada por professores

e futuros professores de Matemática: de que forma ou que conteúdo matemático

abordar e com qual material?

Nesse aspecto, não se encontra “receitas prontas” para se adequar material e

conteúdo matemático abordado, até porque, o interessante é que o professor, de

posse do material, busque as possibilidades que ele oferece.

Nos livros, dissertações, artigos e na internet, temos a oportunidade de

conhecer trabalhos que já foram realizados com materiais manipuláveis, os

conteúdos matemáticos que foram abordados e até os resultados alcançados com o

trabalho relatado.

Portanto, novamente neste tópico, devemos pensar na pesquisa, na leitura,

no conhecimento do material e no conhecimento matemático do professor para que

a utilização do material manipulável aconteça alcançando os objetivos esperados.

161

AÇÃO 4

Nesse tópico, segue a sugestão de alguns materiais manipuláveis e as

possibilidades de conteúdos matemáticos que podem ser abordados com sua

utilização.

Material 1: Tangram

Possibilidades de conteúdo matemáticos abordados:

Identificação e comparação das formas geométricas planas;

Visualização e representação de figuras planas;

Exploração de transformações geométricas através de decomposição e

composição de figuras;

Compreensão das propriedades das figuras geométricas planas;

Noções de áreas e perímetros;

Frações;

Semelhança de figuras (triângulos).

162

Material 2: Geoplano

Possibilidades de conteúdo matemáticos abordados:

Estudo de diferentes tipos de polígonos (triângulos, quadriláteros etc.);

Teorema de Tales;

Conceitos de medidas, simetria, comparações e medidas de áreas;

Comparação, ordenação e adicionamento de comprimentos (perímetro),

Introdução à Geometria: ponto, reta, plano, semirreta, semiplano, estudo

do ponto, estudo das retas;

Multiplicações nas séries iniciais;

Frações;

Ampliação e redução de figuras;

Ângulos;

Teorema de Pitágoras.

163

Material 3: Poliminós

Possibilidades de conteúdos matemáticos abordados:

Distinguir os elementos geométricos e padrões;

Identificar nas transformações geométricas a translação, a rotação e as

simetrias;

Compreensão e exploração de conceitos de semelhança, simetria,

perímetro e área;

Desenvolvimento dos processos de classificação, ordenação e

descoberta de padrões.

164

Material 4: Material ou Barras Cuisenaire

Possibilidades de conteúdos matemáticos abordados:

Fazer construções a partir de representações no plano;

Recobrir superfícies desenhadas em papel quadriculado (geometria

plana);

Efetuar a ordenação de números;

Estudar e comparar “partes de” (frações);

Sistema de Numeração Decimal.

165

Material 5: Kit Álgebra

Possibilidades de conteúdos matemáticos abordados:

Operações de adição, subtração, multiplicação e divisão de polinômios

Fatoração de polinômios.

A título de exemplo, segue a sequência de atividades realizadas pela pesquisadora

para a construção da dissertação de mestrado com o material Tangram

166

Atividade 1: Construindo o Tangram com dobradura

Objetivos:

- Construir o Tangram por dobradura

- Nomear as figuras planas encontradas e as características dessas figuras.

- Identificar a diagonal do quadrado e os ângulos definidos pela diagonal.

- Elaborar comunicação escrita durante e após a construção do Tangram.

Turma: 6° ao 9º ano

Descrição da atividade:

Os alunos serão organizados em duplas, sendo que cada aluno construirá seu

Tangram. Os comandos serão falados aos alunos e após cada comando, alguns

questionamentos surgirão para verificar os conhecimentos prévios dos alunos.

Entregar para cada aluno uma folha chamex e perguntá-los: o que é necessário fazer

para termos um quadrado com o maior lado possível nessa folha de papel?

167

1. Encontre esse quadrado usando a régua e recorte-o. Nomeie-o com os vértices A,

B, C e D (sentido horário para nomear)

- Esse quadrado tem qual medida de lado?

2. Dobre o quadrado pela diagonal BD. Abra e risque essa linha de dobra com caneta

ou lápis colorido.

- O que é uma diagonal? Quantas diagonais têm o quadrado?

- Qual é a medida de cada ângulo do quadrado? E quando traçamos a diagonal, o que

aconteceu com a medida do ângulo do quadrado?

3. Dobre o quadrado pela outra diagonal AC. Risque apenas a linha que, partindo do

vértice, encontra a diagonal que já foi traçada. Nomeie o ponto de encontro das

diagonais de O.

- Que figuras temos traçadas nesse quadrado agora? Que características elas têm?

4. Dobre de maneira que o vértice C “encontre” o ponto O. Abra e risque a linha de

dobra. Nomeie de E e F esse segmento. (Sentido horário)

- E agora, quais figuras podemos observar? O que vocês observam nessas figuras?

A

D C

B

A

D C

B

A

D C

B

O

A

D C

B

O

E O=C

168

5. Dobre novamente a diagonal AC e faça um vinco até o encontro do segmento EF.

Nomeie o ponto de intersecção G. Risque essa linha de dobra.

6. Dobre de modo que o ponto E toque no ponto O. Vinque a dobra entre o ponto G e a

diagonal BD. Abra e risque esse segmento.

- E quanto as figuras formadas, quais são?

7. Dobre de maneira que o vértice D toque o ponto O. Vinque essa dobra do ponto F

até a diagonal BD. Risque esse segmento.

- Quantas figuras temos desenhadas? Quais os nomes dessas figuras?

- Vocês observam semelhanças quanto às medidas dessas figuras? Quais são?

- Vocês já conheciam esse material? Sabe como se chama?

- Conhecem a história desse material?

Passar o filme com a história do Tangram.

https://www.youtube.com/watch?v=KNA4PaTVfSM

https://www.youtube.com/watch?v=TjlCciykRLI

Solicitar dos alunos que, em dupla, façam a descrição dos passos da dobradura do Tangram

realizada em sala em uma folha separada para entregar.

A

D C

B

O G

E

F

F

A

D C

B

O

F

E G

A

D C

B

O

G

F

E

169

170

Atividade 2: Construção de figuras planas com o Tangram

Objetivos:

- Reconhecer as peças do tangram através de classificação.

- Construir e representar triângulos, quadriláteros, pentágonos e hexágonos.

- Elaborar comunicação escrita para relatar conclusões.

Turma: 6º ao 9º ano

Descrição da atividade

- Os alunos serão organizados em grupos de 4 alunos e cada grupo receberá um

tangram xerocado. Eles deverão recortar as peças para solucionar as questões

seguintes.

171

1) Separe as peças de Tangram usando um critério a sua escolha.

- Questionar aos alunos como eles separaram as peças, que critério foi usado.

2) Usando as duas peças A, monte um quadrilátero.

- Que quadrilátero vocês montaram? É possível montar outro quadrilátero? Qual?

3) Usando as peças M e N, monte um quadrilátero.

- Que quadrilátero vocês montaram? É possível montar outro quadrilátero? Qual?

4) Monte um quadrilátero usando as peças M, N e T. Que quadrilátero é esse?

5) Usando as peças G, M, N e A, monte um quadrilátero. Que quadrilátero é esse?

6) Monte um triângulo com as peças M e N.

7) Juntando a peça T com as peças M e N, monte um triângulo.

8) Use agora as peças G, M e N e monte um triângulo.

9) Monte um triângulo usando as peças M, N, T e A.

Ao final das atividades, os alunos deverão utilizar os desenhos e fazer um registro da aula.

172

Atividade 3: Formação de figuras com peças determinadas do Tangram

Objetivos:

- Utilizar as peças do Tangram para formar triângulos e quadrados.

- Elaborar comunicação escrita para relatar conclusões.

Turma: 6º ao 9º ano

Descrição da atividade:

- Os alunos serão organizados em grupos de 4 alunos e cada grupo receberá um

tangram xerocado. Eles deverão recortar as peças para solucionar as questões

seguintes.

173

1) Com o Tangram, formar um quadrado usando:

a) só duas peças;

b) só três peças;

c) só quatro peças;

d) só cinco peças;

e) só seis peças;

f) as sete peças.

2) Com o Tangram, formar um triângulo usando:

a) só duas peças;

b) só três peças;

c) só quatro peças;

d) só cinco peças;

e) sete peças.

Ao final das atividades, os alunos deverão fazer um registro da aula contendo as

figuras encontradas e outras possibilidades que foram conversadas em sala de aula.

174

Atividade 4: Área de figuras com o Tangram

Objetivos:

- Utilizar uma peça do Tangram para servir de unidade de medida.

- Calcular a área das figuras do Tangram usando o quadrado como unidade de medida.

- Elaborar comunicação escrita para relatar conclusões.

Turma: 6º ao 9º ano

Descrição da atividade:

- Os alunos serão organizados em grupos de 4 alunos e cada grupo receberá um

tangram xerocado. Eles deverão recortar as peças para solucionar as questões

seguintes.

175

1) Usando o quadrado G como unidade de medida 1, determine a área das outras

figuras do Tangram.

Figura Área

G 1

M

N

R

T

A

- O que vocês perceberam sobre as áreas encontradas?

Ao final da atividade, os alunos deverão fazer um registro da aula.

176

Atividade 5: Construção de figuras com áreas determinadas com o Tangram

Objetivos:

- Construir triângulos e quadriláteros com áreas já determinadas, tomando o quadrado

como unidade de medida de área.

- Elaborar comunicação escrita para relatar conclusões.

Turma: 6º ao 9º ano

Descrição da atividade:

- Os alunos serão organizados em grupos de 4 alunos e cada grupo receberá um

tangram xerocado. Eles deverão recortar as peças para solucionar as questões

seguintes.

177

1) Tomando o quadrado como unidade de área, encontre:

a) um quadrado de área 2.

b) um paralelogramo de área 2.

c) um triângulo de área 4.

d) um trapézio de área 4.

e) um retângulo de área 4.

f) um triângulo de área 2.

g) um quadrado de área 4.

h) um retângulo de área 6.

Ao final da atividade, os alunos deverão fazer um registro da aula.

178

DESAFIO 5: Perspectiva de

interação com projetos

Garantir aos futuros professores de Matemática ações mais efetivas no que

se referem ao ensino da disciplina, à possibilidade da vivência escolar enquanto

estudantes e ao suporte com o LEM e ao uso de materiais didáticos, que podem

aproximar alunos e professores quanto à Matemática e sua importância no cotidiano.

A formação dos futuros professores perpassa pelas questões relativas ao

ensino, pelas diferentes realidades vivenciadas em sala de aula e pela construção

do conhecimento. De acordo com Mizukami (2013, p.215):

Consideram-se como pontos centrais em qualquer processo formativo da docência inicial ou continuado dois aspectos importantes para se preparar bons professores que possam propiciar condições que seus alunos aprendam: a organização das

situações de ensino que possibilitem aprendizagens para alunos diferentes e de trajetórias pessoais e culturais diversas e a construção de conhecimentos sobre o ensino dos diferentes componentes curriculares.

Pensar em agregar teoria e prática aos futuros professores é uma forma de

proporcioná-los a experiência de sala de aula, com suas angústias, medos,

frustações, descobertas, alegrias e desafios, podendo, o futuro professor,

compreender como pensam as crianças, seu pensamento e como gerar entusiasmo

e curiosidade nos alunos. (D´AMBRÓSIO, 1993).

É importante ressaltar que o ambiente escolar é o local que pode trazer aos

futuros professores a possibilidade de presenciar o desenvolvimento do aprendizado

do ser professor, de como ensinar e de se relacionar no meio educacional.

Uma proposta que garante um tempo maior ao futuro professor de

Matemática no ambiente escolar é o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à

Docência (PIBID). Nesse sentido, segundo Silva (2015, p.28):

O PIBID configura-se como uma ação educacional implementada na forma de

parceria entre Governo Federal, Universidade Pública e Escola Pública, voltada

179

para a valorização do saber docente, a partir da imersão do futuro professor no

ambiente escolar.

De acordo com a proposta do PIBID, o futuro professor será ambientado a

uma escola estadual desde o início do curso, podendo participar de práticas

pedagógicas inovadoras visando à resolução de problemas referentes ao

ensino/aprendizagem do conteúdo.

Esse trabalho, portanto, serve, também, como reflexão aos professores de

Práticas Pedagógicas para inserir a prática do uso do LEM na formação de futuros

professores de Matemática e na perspectiva de interação nas escolas estaduais.

AÇÃO 5

Como forma de propiciar possibilidades de trabalho na utilização do LEM aos

futuros professores de Matemática, acadêmicos do PIBID, professores de Práticas

Pedagógicas, entre outros, seguem algumas sugestões:

Oficinas para alunos e professores

Capacitação de professores

Palestras

Seminários

Encontros

Feiras de Matemática

Confecção de materiais manipuláveis

Visitação de alunos e comunidade externa ao LEM

Desenvolvimento de pesquisas para criação de materiais para aplicação em

determinados conteúdos matemáticos.

Contação de histórias da Matemática

Gincanas Matemáticas

180

REFLEXÕES FINAIS

Com a realização desse caderno, fica o desejo de que professores de

Matemática e de Práticas Pedagógicas e futuros professores possam enxergar e,

principalmente, vivenciar todo o potencial que um Laboratório de Educação

Matemática (LEM) oferece.

É sabido que não se trata de um trabalho fácil.... É preciso esforço, estudo,

dedicação e coragem. Encarar as dificuldades e abraçar as possibilidades é o

melhor caminho para se seguir, buscando refletir sobre uma Matemática que pode

ser investigativa, de busca por resultados e de construção de conhecimentos.

.

181

REFERÊNCIAS

BICUDO, M. A. V. O Professor de Matemática nas Escolas de 1º E 2º

graus. In: BICUDO, M.A.V. (ORG). (Org.). Educação Matemática. SÃO

PAULO: MORAES, 1987, p. 45-57.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: matemática. Secretaria da

Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

D´AMBRÓSIO, B. S. Formação de Professores de Matemática para o Século XXI: o grande desafio. Revista Pro-Posições: Campinas, v. 4, n.1

(10), 1993.

FIORENTINI, Dário; MIORIM, M. A. Uma reflexão sobre o uso de materiais concretos e jogos no ensino da matemática. Boletim SBEM. São Paulo,

ano 4, n. 7. 1990.

LORENZATO, Sérgio. Para aprender matemática. 3ª ed. rev. Campinas, SP:

Autores Associados, 2010.

LORENZATO, Sérgio (org.). O Laboratório de Ensino de Matemática na Formação de Professores. 3ª ed. Campinas, SP: Autores Associados,

2012.

MIZUKAMI, M. G. N. Aprendizagem da docência: conhecimento específico, contextos e práticas pedagógicas. In: NACARATO, A. M; PAIVA, M. A. V. (orgs.). A Formação do Professor que Ensina Matemática: perspectivas e pesquisas. Belo Horizonte: Autêntica, 2013. p. 213-231.

PEREZ, G; TURRIONI, A. M. S. Implementando um laboratório de educação

matemática para apoio na formação de professores Matemática. In: LORENZATO, S. (organizador). Laboratório de Ensino de Matemática na

formação de professores. Campinas: Autores Associados, 2012. p.57-76

SCHÖN, Donald. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o

ensino e a aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2000.

SILVA, A. J. N. O laboratório de ensino e o constituir-se educador

matemático a partir da prática de vivências lúdicas. XIV Conferência

Interamericana de Educação Matemática. México. 2015.

SILVA, R. C; SILVA, J. R. O Papel do Laboratório no Ensino de Matemática. VII Encontro Nacional de Educação Matemática. Universidade

Federal de Pernambuco. Recife. 2004

TURRIONI, A. M. S; PEREZ, G. Implementando um laboratório de educação matemática para apoio na formação de professores. In LORENZATO, S. (org.). O Laboratório de Ensino de Matemática na Formação de

Professores. Campinas, SP: Autores Associados, 2012. p. 57-76 (Coleção

formação de professores).

182

SUGESTÕES DE LEITURA

BENINI, M. B. C. Laboratório de Ensino de Matemática e Laboratório de

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