PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP Augusto Colombini.pdf · Colombini, F. A....
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
FILIPE AUGUSTO COLOMBINI
ANÁLISE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA SOBRE O ESTUDAR
MESTRADO EM EDUCAÇÃO: PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
SÃO PAULO
2018
FILIPE AUGUSTO COLOMBINI
ANÁLISE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA SOBRE O ESTUDAR
MESTRADO EM EDUCAÇÃO: PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Dissertação apresentada à Banca Examinadora
da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, como exigência parcial para obtenção do
título de MESTRE em Educação: Psicologia da
Educação, sob orientação da Professora
Doutora Melania Moroz.
TRABALHO PARCIALMENTE FINANCIADO PELO CONSELHO NACIONAL DE
DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO - CNPQ (134206/2016-9)
SÃO PAULO
2018
BANCA EXAMINADORA
PROFESSORA DOUTORA MELANIA MOROZ
PROFESSOR DOUTOR SERGIO VASCONCELOS DE LUNA
PROFESSOR DOUTOR SAULO MISSIAGGIA VELASCO
Autorizo, para fins acadêmicos e científicos, a reprodução parcial ou total desta dissertação, por
processos de fotocopiadoras ou eletrônicos, desde que citada a fonte.
São Paulo, _____ de______________ de 2018.
Assinatura:
______________________________________
“É muito comum encontrar, no discurso e na prática,
mesmo de profissionais da Educação, indícios da crença
de que o modo de estudar de cada indivíduo é uma
característica intrínseca (ou inata) de cada pessoa, pouco
ou nada sujeita à ação do ambiente. Dessa crença decorre
a conclusão de que cada indivíduo é o único (ou principal)
responsável pelo seu sucesso ou fracasso acadêmico,
favorecendo o acolhimento de uma concepção de
"naturalização" de dificuldades e facilidades encontradas
pelos indivíduos em relação ao estudo” (Gurgueira &
Cortegoso, 2008, p. 5).
Agradeço ao Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq), que viabilizou esta pesquisa
e incentiva pesquisadores de todas as áreas da Ciência.
AGRADECIMENTOS
À Deise, raziones, minha esposa, que mais uma vez me apoiou nesse processo tão denso que
é produzir uma pesquisa. Você esteve comigo nas minhas monografias; na minha
imaturidade, desorganização, ansiedade, impulsividade. Apoio incondicional que é
demonstrado nos gestos e palavras doces que teve comigo desde à decisão de fazer um
Mestrado que me orgulho constantemente. Dia após dia, sexta após sexta, almoço após
almoço no Mocotó, você estava/está ali/aqui comigo. Sua presença e carinho me fazem seguir
a cada dia os meus objetivos como filho, marido, futuro pai, padrinho, genro, amigo,
psicólogo, coordenador da Equipe AT, entre tantos...
À Melania, minha orientadora, coloco o “minha”, pois te considerei minha desde o primeiro
momento em que perguntei se era você quem iria me orientar. Orientou com maestria,
dedicação e organização, das ideias iniciais até as considerações finais. Te agradeço não
apenas por este produto final aqui, mas por todo o processo. Valeu muito à pena ter o seu
modelo. Tentei memorizar todos os seus passos, além de todas as formas que poderia discutir
contigo de frente a frente, como pesquisador. Você me deu esse espaço. Obrigado por me
guiar nesse caminho e me confiar a sua experiência, a sua paciência e atenção. Quero muito
que descanse bastante e que pense o quanto você contribuiu/contribui para pesquisadores
conscientes de seus limites, mas orgulhosos de seus potenciais de transformação e de
aplicação da tecnologia comportamental pelo Brasil e Mundo afora...
Ao Sérgio, meu professor, me lembro da primeira vez que recebi o seu e-mail. Foi bem
importante para mim, visto que te “enxergava” apenas nos livros e artigos que lia/li. Sei que
não gosta muito de ser paparicado e nem sei também se gostava dos e-mails que te enviava
a cada final do semestre para te agradecer o quanto você me acrescentava; não apenas pelas
suas exposições, mas por sua ação; seu comportamento ali na minha frente. Como
acompanhante terapêutico, isso já valia/vale para mim. Ver você trabalhando, escrevendo,
rabiscando, corrigindo e se criticando... Também tentei ao máximo memorizar esses seus
passos. Seu carinho, atenção e coragem te fazem um cara admirável, um pesquisador que
quero ser. Pelo menos ser um pouco de “Sérgio Luna” já tá valendo!
À Natália, primeiramente te peço desculpas. Me sinto muito arrependido de não ter tido você
como orientadora no Paradigma. Pior que foi uma escolha minha. Enfim, pena, pena.
Contudo, quis me redimir não pela culpa que sentia/senti, mas pela necessidade de ter uma
professora tão admirável e competente pelas críticas e análises que faz. Agradeço por todo o
cuidado que teve em organizá-las. Saiba que elas foram um “livro de cabeceira” durante um
tempo considerável! Você me estimulou a pensar como pesquisador; ouvir as críticas de
cabeça erguida e a melhorar o meu trabalho, mesmo sabendo que ele ainda precisa ser
melhorado. Uma pena não ter sua presença na defesa, mas foi por um lindo e especial motivo.
Muito amor para sua família! Um beijo para a Olívia!
Ao Hamilton Mendes e à Claudia Zaclis, não sei se sabem de toda a importância de vocês,
mas por meio de conversas/discussões e de seu telefone, Claudia, vocês me apontaram para
o Mestrado em Psicologia da Educação da PUC-SP. No meio de tantas opções e de tantas
dificuldades em decidir/escolher, suas palavras me acalmaram. Consegui sentar e pensar no
que queria para mim mesmo. Agradeço pelas contribuições valiosas que me fizeram dar o
“pontapé inicial” de um processo tão gostoso e desafiador.
À minha família querida (Zuleimãe, Papas, Gubas, Pupi, Milk, Toninho, Angélica,
Pequena, Cacau, Hulk, Samantha, Chiquita, Bel, Bete, Toninho2, Vini Cabrito, Vitor
Cabra, Esmeralda, Gabriel, Pedro, Erika, Nando, Carol), pelo apoio incondicional e pelo
acolhimento de sempre. Agradeço imensamente pelos almoços afetivos e pelas conversas
relaxantes.
Ao Barbeta (Careca), brother das antigas, peça-chave para o crescimento da Equipe AT e
“disponibilizador” do tempo que tenho para me dedicar ao Mestrado. Sua gana, envolvimento
e motivação de carregar o filho (filhos) no colo, literalmente, meu deu e me dá um gás para
aprimorarmos nossos processos. Valeu por segurar e administrar as buchas. Você me ensina
a ouvir cada vez mais e a construir sem destruir e, quando, por algum motivo, destruo algo,
vc, com todo cuidado, mas como toda assertividade apropriada para a situação, discute e abre
caminhos; novas possibilidades. Me ensina sobre coesão e integração.
À Mari Fernandes, a peça do quebra-cabeça que faltava. Veio para somar, criar, arriscar e
fazer a diferença em nossos projetos como equipe e como família. Amo suas ideias, mas amo
ainda mais as suas ações e o abraço maior do mundo que vc dá em mim e na Equipe AT. Seu
grito ressoa forte em meu coração.
À Márcia, a peça do quebra-cabeça que faltava para à paciência e para a gestão do Barbeta.
Vc já chegou chegando, somando com a equipe e se doando nesse nosso projeto da Fluxo.
Obrigado mais uma vez. És muito especial! Sua presença transmite muita força e
perseverança.
À Lia, primeira AT mulher da Equipe AT. Boa ouvinte, conciliadora e segura da sua força
como mulher e como supervisora. Agradeço por estar junto comigo desde o início, nos
sucessos e nas “voltas por cima”. Vc conquistou muito o meu carinho e a minha confiança.
Tenho a certeza que fará uma ótima dissertação. Destaque no PEXP!
À Gabi Santos, brilhante como profissional, como supervisora, como pessoa. Agradeço a
companhia e o acolhimento de todas às segundas de manhã. Compartilhamos os pesares e as
felicidades do Mestrado e da qualificação que nos deixou “paralisados” e, em alguns
momentos, sem palavras para descrever o que sentimos e pensamos diante dessa difícil, mas
essencial exposição da nossa produção, do nosso suor.
Ao Marcones, brother e supervisor da Equipe AT, já te disse isso algumas vezes, mas a sua
seguinte frase me motivou e me guiou até o final: “o esquema é agir, começar a escrever, vai
e produz, faz algo”. Obrigado pelo apoio e companheirismo na troca de ideias sobre os bônus
e os ônus de se fazer um Mestrado. Tenho muito orgulho por sua conquista e pela confiança
que tem em nosso trabalho.
Ao PED do MAU (Ju, Gi, Karina, Lili e Caio), agradeço pelo apoio e pelas risadas
frequentes. Em meio a alguns “caos”, conseguimos brincar e respirar por vários minutos. Foi
muito importante a presença de vcs nessa minha caminhada. Dialogar com profissionais das
mais variadas áreas de conhecimento me fez um profissional melhor e mais consciente das
minhas limitações e das limitações da minha área de atuação. Falar de
“multidisciplinaridade” é fácil; difícil é estar aberto a novas ideias e a novas críticas. Sinto
muitas saudades.
À minha turma do PED, agradeço a todos por compartilhar comigo (diversas terças da
minha vida) esse processo tão importante para a vida de um pesquisador preocupado com a
Educação brasileira.
Aos professores do PED (Ronca, Mimi e Ana Bock) pelas oportunidades oferecidas e pelas
discussões que me fizeram “sair da casinha” da Análise do Comportamento.
À galera do NEPEN (José, Fátima e Rosana), agradeço pelo acolhimento e pelo constante
auxílio nas apresentações e na troca de ideias sobre Análise do Comportamento e Educação.
À galera dos Projetos em Análise do Comportamento e Educação. Dani: obrigado por me
aguentar e rir das minhas piadas, mesmo quando elas não eram boas; por pedir silêncio; por
ser a líder, escritora e motivadora da galera. Aninha: mesmo me fazendo perguntas todos os
dias e não me oferecendo nenhum almoço em troca, te considero demais, uma baita analista
do comportamento e pesquisadora. Conte comigo no sofrimento e na alegria. Soraya:
obrigado por me elogiar mesmo quando merecia uma crítica. Sua dedicação e carinho
marcaram bastante o meu caminhar.
Aos meus clientes e da Equipe AT, motivos pelos quais me despertaram o interesse pela
pesquisa sobre o estudar; pelo acompanhamento terapêutico/atendimento extraconsultório e
sem sombras de dúvida: pela Educação e Análise do Comportamento. Meus pilares.
À Equipe AT. Este agradecimento merecia um capítulo à parte, mas tentarei ser um pouco
sucinto, sendo poético. Minha fonte de inspiração diária. Muito bom ver esse filho crescer
e/ou essa semente germinar, seja qual for a metáfora. Proporcionar condições de
oportunidade e de aprendizagem para pais, filhos, profissionais, supervisores e críticos é um
valor/objetivo que seguirei continuamente com a força e motivação de todos aqui descritos e
outros tantos que ainda compartilharão esse meu sonho-concreto.
São eles: supervisores Luiz Oliveira Careca, Márcia Rodrigues, Gabriela Santos, Marco
Gonçalves, Mariana Fernandes e Lia Cavalcante. Profissionais Mandi, Carol, James,
Leo, Maísa, Pauleta, Rodrigo Marrone, Gabi Teixeira, Mathis, Tuane, Dé Sales, Gabi
Zanata, Mariane, Nathi, Dé Ramos, Fellipe, Isa, Billy Jones, Junior, Rapha, Tereza,
Bia, Beth, Gabrielli, Gustavo, João, Jucineide, Luana, Mauricio, Melissa e Paola.
Aos profissionais parceiros (psiquiatras, pediatras, neuropediatras, psicólogos,
neuropsicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos, pedagogos, professores, orientadores
pedagógicos, terapeutas ocupacionais...), que me ensinam a cada dia a prática da
multidisciplinaridade e da parceria profissional em prol de vidas.
À Andrea Vianna e à Danielle Ruiz, profissionais que me ofereceram as oportunidades
mais recompensadoras que eu poderia ter. Expor e discutir sobre a teoria e prática do
Acompanhamento Terapêutico (AT), trabalho que realizo há 10 anos.
Ao pessoal do PROTANV, Daniel Del Rey e Ana Silvia Figueiral, obrigado pelo
acolhimento desde o início, pelas indicações e confiança depositada em mim e nos
profissionais indicados da Equipe AT. Agradeço também pelo espaço para discutir casos
mais que desafiadores.
Ao Saulo Velasco pela aceitação e participação de última hora na minha banca de defesa.
Saiba que admiro muito o seu trabalho em divulgar o estudar pelo Brasil afora.
À minha saúde, por me ajudar a chegar aqui com a motivação de fazer sempre mais e mais
pela Educação e pela Análise do Comportamento.
A você, Vó, pessoa tão meiga e que amo tanto.
Eu sei que você está comigo.
Continua comigo.
Colombini, F. A. (2018). Análise da Produção Científica Brasileira sobre o Estudar.
(Dissertação de Mestrado). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.
RESUMO
Estudar é um comportamento essencial para todos os alunos, pois, potencialmente, permite
aprender qualquer conteúdo de forma autônoma. No entanto, é preciso ensinar o aluno a
estudar, conforme defendido pela Análise do Comportamento. Foram realizados três estudos,
tendo por objetivos: (1) fornecer um panorama da produção científica brasileira sobre o
estudar; (2) descrever características da produção brasileira da Análise do Comportamento
sobre o estudar, e; (3) descrever as características das intervenções visando o ensino do
estudar. Foram utilizadas palavras de busca relacionadas ao comportamento de estudar e à
autorregulação da aprendizagem, que foram inseridas nos bancos de dados da SciELO e
PePSIC, sendo selecionados os estudos que atendessem aos critérios de inclusão. No Estudo
1, foram analisados 82 resumos, e os principais resultados foram o crescimento das
publicações a partir de 2004; predomínio de poucos grupos de pesquisa; pouca participação
da área da Educação; dominância da Psicologia Cognitiva; predomínio de pesquisas
descritivas; utilização de instrumentos padronizados; predomínio do Ensino Superior;
utilização da sala de aula como setting. No Estudo 2, foram analisados 11 resumos e, dentre
os resultados, observou-se: tendência de crescimento das publicações; predomínio de poucos
grupos de pesquisa; predomínio de pesquisas de intervenção; utilização da observação como
coleta de dados; número reduzido de participantes; utilização de variados ambientes como
setting. No Estudo 3, foram analisados 16 artigos. Dentre outros resultados, verificou-se que
há predomínio da Psicologia Cognitiva e Análise do Comportamento; dominância da
utilização do delineamento de grupo; que o próprio pesquisador foi o responsável pela
intervenção, em formato grupal, na própria sala de aula; que quase a totalidade das pesquisas
teve como foco ensinar o participante a planejar/organizar o tempo disponível, os materiais
escolares e o local do estudo; que tanto o escrever quanto o ler foram repertórios ensinados,
além do ensino da reflexão sobre o próprio processo de estudar. Discute-se sobre a
necessidade de mais pesquisas conceituais e de intervenção sobre o estudar, além da
integração das intervenções realizadas pela Psicologia Cognitiva e Análise do
Comportamento.
Palavras-chave: revisão integrativa, estudar, autorregulação da aprendizagem, estratégias de
estudo, Análise do Comportamento.
Colombini, F. A. (2018). Analysis of Brazilian Scientific Production on Studying. (Master
Dissertation). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.
ABSTRACT
Studying is an essential behavior for all students as it enables them to learn any subject on
their own. However, based on the Behavioral Analysis, they need to learn to study. Three
studies were carried out, with the following objectives: (1) to provide an overview of the
Brazilian scientific production about studying; (2) describe characteristics of the Brazilian
Behavioral Analysis production about studying, and; (3) describe the characteristics of the
interventions aimed at teaching the study. Search words related to study behavior and self-
regulation of learning were used and were inserted in the databases of SciELO and PePSIC,
selecting the studies that met the inclusion criteria. In Study 1, 82 abstracts were analyzed,
and the main results were the growth of publications from 2004; predominance of few
research groups; small participation of the Education area; dominance of Cognitive
Psychology; predominance of descriptive research; use of standardized instruments;
prevalence of higher education; using the classroom as a setting. In Study 2, 11 abstracts
were analyzed, and, among the results, it was observed: growth trend of the publications;
predominance of few research groups; prevalence of intervention research; use of observation
as data collection; reduced number of participants; use of varied environments such as
setting. In Study 3, 16 articles were analyzed. Among other results, it was verified that there
is a predominance of Cognitive Psychology and Behavior Analysis, using the group design;
that the researcher himself was responsible for the intervention, in group format, in the
classroom itself; almost all research was focused on teaching the participant to plan/organize
available time, school materials and the place of study; the participants were also taught how
to write and how to read, in addition how to analyze their own progress. It was discussed the
need to of more conceptual and intervention research on the study, besides the integration of
the interventions carried out by Cognitive Psychology and Behavior Analysis.
Keywords: integrative review, study, self-regulation of learning, study strategies, Behavior
Analysis.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................... 1
Reflexões sobre o Estudar .................................................................................................... 3
Pesquisas que avaliam a produção científica ................................................................... 24
ESTUDO 1 ........................................................................................................................... 36
MÉTODO ............................................................................................................................ 36
RESULTADOS ................................................................................................................... 45
DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 62
ESTUDO 2 ........................................................................................................................... 73
MÉTODO ............................................................................................................................ 73
RESULTADOS ................................................................................................................... 76
DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 83
ESTUDO 3 ........................................................................................................................... 91
MÉTODO ............................................................................................................................ 91
RESULTADOS ................................................................................................................... 95
DISCUSSÃO ..................................................................................................................... 112
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 130
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 133
APÊNDICE 1 .................................................................................................................... 150
APÊNDICE 2 .................................................................................................................... 158
APÊNDICE 3 .................................................................................................................... 160
APÊNDICE 4 .................................................................................................................... 162
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Aspectos relacionados ao estudar, segundo Skinner (1957; 1968; 1974; 1981). . 22
Figura 2. Resumo incluído a partir dos critérios de inclusão. ............................................. 40
Figura 3. Resumo excluído a partir dos critérios de exclusão. ............................................ 40
Figura 4. Fluxograma do processo de seleção dos documentos. ......................................... 41
Figura 5. Curva acumulada das publicações sobre o estudar. ............................................. 45
Figura 6. Publicações dos autores que mais publicaram (em número). .............................. 46
Figura 7. Publicações das nove universidades que mais publicaram (em número). ........... 48
Figura 8. Áreas de estudo das universidades/instituições (em porcentagem). .................... 49
Figura 9. Países a que pertencem as universidades/instituições (em porcentagem)............ 49
Figura 10. Menções aos estados a que pertencem as universidades/instituições (em número).
.............................................................................................................................................. 50
Figura 11. Regiões às quais pertencem as universidades/instituições brasileiras (em
porcentagem). ....................................................................................................................... 50
Figura 12. Revistas científicas brasileiras nas quais os autores mais publicaram (em número).
.............................................................................................................................................. 51
Figura 13. Abordagens da Psicologia (em porcentagem). ................................................... 53
Figura 14. Tipos de pesquisa (em número). ........................................................................ 54
Figura 15. Instrumentos de coleta de dados mencionados (em número). ........................... 55
Figura 16. Tipos de instrumentos padronizados (em número). ........................................... 56
Figura 17. Gênero dos participantes (em porcentagem). ..................................................... 57
Figura 18. Menção às dificuldades dos participantes alunos (em porcentagem). ............... 59
Figura 19. Curva acumulada das publicações. .................................................................... 76
Figura 20. Universidades que mais publicaram (em número). ............................................ 78
Figura 21. Tipos de pesquisa (em número). ........................................................................ 79
Figura 22. Instrumentos de coleta de dados mencionados (em número). ........................... 80
Figura 23. Tipos de pesquisa e as abordagens da Psicologia (em número). ....................... 95
Figura 24. Delineamento utilizado nas intervenções experimentais (em número). ............ 96
Figura 25. Agente de intervenção (em número). ................................................................. 97
Figura 26. Formato da intervenção presente nos artigos (em número). .............................. 98
Figura 27. Setting das intervenções realizadas (em número). ............................................. 99
Figura 28. Menções aos participantes (em número). ......................................................... 100
Figura 29. Gênero dos participantes mencionados nas pesquisas (em porcentagem). ...... 101
Figura 30. Eficácia das intervenções (em número). .......................................................... 110
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Descrição dos Elos da Contingência referente ao Estudar. ................................... 8
Tabela 2. Quantidade de documentos localizados nas bases de dados. ............................... 38
Tabela 3. Categorias e respectivas descrições. .................................................................... 41
Tabela 4. Publicações por autor (em porcentagem e número)............................................. 46
Tabela 5. Publicações por universidade/instituição (em porcentagem e número)............... 47
Tabela 6. Tipos de participantes informados nas 66 publicações (em porcentagem e número).
.............................................................................................................................................. 57
Tabela 7. Grupo com menor número de participantes (em número). .................................. 58
Tabela 8. Grupo com maior número de participantes (em número). ................................... 58
Tabela 9. Escolaridade dos participantes (em porcentagem e número)............................... 59
Tabela 10. Modalidade educativa (em porcentagem e número). ......................................... 60
Tabela 11. Setting das pesquisas (em porcentagem e número). .......................................... 60
Tabela 12. Categorias e respectivas descrições. .................................................................. 73
Tabela 13. Publicações por autor (em número). .................................................................. 77
Tabela 14. Publicações dos autores que mais publicaram (em número). ............................ 77
Tabela 15. Tipos de participantes informados nas 10 publicações (em número). ............... 81
Tabela 16. Participantes (em número). ................................................................................ 81
Tabela 17. Setting das pesquisas (em número). ................................................................... 82
Tabela 18. Categorias e respectivas descrições. .................................................................. 91
Tabela 19. Escolaridade dos participantes (em porcentagem e número)........................... 101
Tabela 20. Dificuldade dos participantes alunos mencionada nas pesquisas (em porcentagem
e número). ........................................................................................................................... 102
Tabela 21. Ensino de organização e planejamento do tempo, atividades e materiais (em
número). .............................................................................................................................. 103
Tabela 22. Ensino de organização e planejamento do espaço (em número). .................... 104
Tabela 23. Ensino das respostas de estudar (em número). ................................................ 105
Tabela 24. Consequências obtidas pelo estudante segundo a avaliação dos pesquisadores (em
número). .............................................................................................................................. 107
Tabela 25. Procedimentos utilizados nas intervenções (em número). ............................... 108
Tabela 26. Consequências liberadas pelos pesquisadores (em número). .......................... 109
Tabela 27. Medidas de resultados utilizadas nas pesquisas (em número). ........................ 109
1
APRESENTAÇÃO
Aprender a estudar é uma conquista para todos os alunos, pois ao saber estudar, pode-
se aprender potencialmente qualquer conteúdo de forma autônoma. Deve ser prioridade das
políticas educacionais e do trabalho dos educadores no Brasil e no mundo.
Tais afirmações fazem parte das diretrizes do trabalho do autor do presente trabalho
no desenvolvimento do estudar em crianças e adolescentes típicos1 de escolas públicas e
particulares da cidade de São Paulo, realizado em ambiente extraconsultório
(especificamente, na residência e/ou em locais que o estudante costuma estudar; trabalho esse
que se coloca como uma prestação de serviços particular que atende à demanda de familiares
e profissionais da área da Educação e da Saúde que, frequentemente, colocam em cheque a
falta e/ou inexistência de habilidades para estudar dos seus filhos, alunos e/ou pacientes).
O contexto acadêmico típico da maioria das escolas brasileiras, compõe-se de ciclo
com três momentos: (1) as aulas, nas quais a exposição de conteúdos pelos professores é
usual; (2) estudo individual; (3) avaliação (normalmente, envolvendo provas escritas). Nesse
contexto, pressupõe-se que o aluno seja capaz de realizar estudo individual demandado por
parte dos professores, pais e/ou responsáveis para entrar em contato, obter informações e/ou
trabalhar com os materiais acadêmicos (livros, apostilas e cadernos, contendo textos e
exercícios).
Embora pressuposto, a atividade profissional do presente autor indica que os alunos
não sabem estudar e necessitam ser ensinados a fazê-lo. Diante desse contexto, considerou-
se relevante colocar, como foco, o estudar.
1 Considerou-se nesta pesquisa o termo “desenvolvimento atípico” para crianças e adolescentes cujos
desenvolvimentos se afastam da média geral da população, do característico, apresentando atraso no que se
espera para sua idade cronológica, incluindo relacionamento, comportamento e aprendizagem escolar, segundo
a Organização Pan-Americana de Saúde (2005) e a American Association on Intellectual and Developmental
Disabilities - AAIDD (2010).
2
Após apresentar um panorama acerca de como a literatura analítico-comportamental
discute o comportamento denominado estudar e, em seguida, expor uma reflexão sobre a
importância de pesquisas que analisam a produção científica, fornecendo alguns exemplos,
são descritos três estudos, focalizando: (a) produção científica brasileira sobre o estudar; (b)
produção científica brasileira da Análise do Comportamento sobre o estudar; (c)
características das intervenções visando o ensino do estudar.
3
Reflexões sobre o Estudar
O estudar é uma grande conquista para os alunos, pois o aluno que sabe estudar acaba
se tornando o professor de si mesmo e pode aprender potencialmente qualquer conteúdo
(Velasco, 2016). Entretanto, apesar de sua destacada importância nos meios de comunicação
(e.g., “Aprender não é um dom natural”, 2017; “Professor cria método”, 2017; “Ensinar o
aluno a estudar”, 2016; “Aprenda como estudar”, 2015; “Escolas recorrem à tutoria”, 2015)
e nos livros de autoajuda e da área da Educação e Psicologia espalhados em sebos e livrarias
(e.g., Matos, 1994; Serafini, 1996; Ribeiro, 2001; Rosário, 2004; Castro, 2015), o estudar
tem sido sistematicamente ignorado pelas escolas na educação formal, tendo tal fato
múltiplas causas (Pergher, Colombini, Chamati, Figueiredo & Camargo, 2012; Velasco,
2016).
Segue a síntese de algumas delas, segundo Cortegoso e Botomé (2002) e Velasco
(2016): (a) os professores, normalmente, são ensinados apenas a expor o conteúdo e a checar
o que foi aprendido em sua exposição, oferecendo exercícios, textos, slides, vídeos, entre
outros recursos, deixando de lado o ensino do estudar, ou seja, de ações em relação a esses
materiais oferecidos; (b) nenhuma disciplina (das Ciências Exatas, da Natureza e das
Ciências Humanas) se reserva ao ensino do estudar no currículo formal; (c) despreparo das
escolas e falta de formação adequada dos professores para ensinar a estudar; (d) equívocos
relacionados à natureza do estudar, tais como: indícios da crença de que o modo de estudar
de cada aluno é uma característica intrínseca (ou inata) de cada pessoa, pouco ou nada sujeita
à ação do ambiente e que a escola se limita a oferecer oportunidades para os alunos apenas
exercitarem esse “estudar”.
A partir da posição dos autores, verifica-se que há uma crítica generalizada de toda a
educação formal em relação ao ensino do estudar, entretanto, Figueiral (2015) oferece um
complemento crítico ao modo de como o estudar aparece ao longo da educação formal
brasileira.
A autora relata que o aluno percorre três estágios de escolarização: (1) o primeiro
deles, da alfabetização ao final do quinto ano; (2) do sexto ano até o final do nono ano; (3) o
ingresso ao Ensino Médio. Na primeira fase, o aluno é percebido como um aluno amador,
havendo a presença constante e próxima de tutores/auxiliares e da própria professora,
planejando e monitorando as tarefas, sugerindo formas de estudar um conteúdo (foco na
4
aquisição e consolidação da leitura, escrita e ensino da Matemática) e dando atenção para
dúvidas e dificuldades. Na segunda fase, sexto ano em diante, muitos professores esperam
que o aluno já saiba estudar e se organizar minimamente, não havendo mais a supervisão e a
proteção de tutores/auxiliares. A relação com o professor sofre uma mudança: não é mais o
professor que se direciona até o aluno para orientar e, sim, o próprio aluno que precisa se
direcionar até o professor, precisando identificar previamente suas dúvidas relacionadas ao
conteúdo. Já na terceira fase, espera-se que o aluno tenha posição ativa, tornando-se um
estudante que sabe estudar autonomamente um grande volume de conteúdos para o
vestibular, desaparecendo qualquer apoio externo e aumentando a competitividade para o
ingresso no Ensino Superior.
Pelo exposto por Figueiral (2015), o estudar, se ensinado, o é apenas no início da
escolarização, sendo pouco enfatizado posteriormente, podendo-se supor que esse ensino não
seja orientado pelo repertório de cada aluno e sim, pelas necessidades médias da maioria dos
alunos de uma determinada faixa etária, conforme ressaltam Zanotto (2000) e Henklain e
Carmo (2013).
Sendo assim, pode-se considerar que alguns alunos aprendem a estudar (ou aprendem
por outros meios ou sozinhos) a partir desse ensino seriado (no caso, os alunos médios),
todavia, uma parte relevante deles, não aprende a estudar e se vê marginalizada do processo
escolar formal, sendo, na melhor das hipóteses, direcionada para contingências
extraescolares que focam esse aprendizado (atendimento extraconsultório2, terapia de
consultório, psicopedagogia, fonoaudiologia, entre outros serviços) - vide o grande número
2 O atendimento extraconsultório ou comumente denominado “Acompanhamento Terapêutico (AT)” é uma
modalidade de atendimento terapêutico em que o psicólogo trabalha em ambiente natural, ou seja, ambientes
em que o cliente convive; quando o cliente não possui repertório para modificar seu ambiente de forma
autônoma, na qual o psicólogo intervém mudando o ambiente do cliente com o objetivo de construir uma
condição de aprendizagem melhor para ele (Cassas, 2013). Referente ao atendimento focado no
desenvolvimento de hábitos de estudo, trabalho do autor do presente trabalho, tais intervenções são indicadas
para quando o aluno apresenta notas baixas, queixas escolares e algumas outras condições importantes: quando
as intervenções de consultório não são suficientes, quando existe dificuldade em contar com a participação de
pais nas execuções de orientações e/ou quando não for possível manejar contingências dentro das escolas
(Colombini, Shoji & Pergher, 2011).
5
de encaminhamentos de crianças e adolescentes com queixas relacionadas à dificuldade de
estudar indicado pela literatura (cf. Hübner, Marinotti & Silvares, 2000; Marçal & Silva,
2006; Pergher & Velasco, 2007; Cortegoso & Coser, 2011; Pergher et al., 2012; Velasco,
2016).
Considerando as múltiplas causas da não inclusão do estudar como objeto de ensino
nas escolas, considera-se que a Análise do Comportamento pode oferecer propostas mais
produtivas em relação a esse tema (Cortegoso & Coser, 2011). Segundo Figueiral (2015) e
Velasco (2016), para que haja uma mudança efetiva nesse processo educacional, ensinar a
estudar deveria ser uma das principais atividades a ser desempenhada pela escola; contudo,
para que isso ocorra, é necessária uma descrição clara do comportamento a ser ensinado.
O conhecimento acumulado sobre comportamento humano, como relação entre o que
os organismos fazem e o ambiente em que o fazem, bem como sobre os processos de
aprendizagem, permite afirmar que o estudar é resultado de um processo de aprendizagem e
está submetido aos mesmos princípios que todos os outros comportamentos (Gurgueira &
Cortegoso, 2008; Cortegoso & Coser, 2011). Baseando-se nessa consideração, diversos
autores da Análise do Comportamento apresentam suas reflexões a respeito do estudar.
Cortegoso (1998) foi uma das autoras brasileiras pioneiras e identificou/organizou
mais de cem classes de comportamentos de estudar (das mais gerais para as mais específicas)
e de variáveis relacionadas, tais como: frequência, topografia, latência e duração. A autora,
então, traçou algumas categorias fundamentais para classes gerais do comportamento de
estudar: início do estudo, aproveitamento em aula, compromissos acadêmicos, horário de
estudar, interferências ao estudar, local de estudo, material de estudo, planejamento de
estudo, procedimento ao estudar e rendimento na sessão de estudo.
Hübner, Marinotti e Silvares (2000) promoveram um maior detalhamento em classes
de comportamentos mais específicos: ler todo material; identificar informações relevantes;
grifar informações; escrever informações; assinalar palavras desconhecidas; procurar o
significado; escrever o significado; relacionar informações de cada parágrafo; ver figuras,
desenhos, quadros e tabelas; agendar os dias e os horários mais adequados para o estudo;
discriminar diferentes prazos de antecedência para o estudo de várias matérias; sentar em
cadeira e mesa adequadas, com postura adequada e em local tranquilo.
6
Já Hübner (2004) descreveu o “comportamento de estudar textos acadêmicos” em
seis principais classes de respostas: (a) extrair informações relevantes do texto; (b) organizar
informações relevantes; (c) elaborar questões; (d) responder questões; (e) relacionar
informações com a de textos afins, e; (f) rever o material organizado.
Regra (2004, p. 226) considerou que “o estudar é uma classe de respostas acadêmicas
que incluem: fazer lição’, ‘resolver exercícios’, ‘ler um texto’, ‘responder perguntas sobre
ele’, ‘fazer as lições antes do lazer’, ‘permanecer concentrado na tarefa até o seu término’”.
Mais recentemente, Coser (2013) afirma que estudar é uma classe de comportamentos
que (a) inclui ações do indivíduo que possibilitam preencher lacunas de conhecimento
(repertório) sobre um ou mais assuntos; (b) permite ampliar o conhecimento a que ele já tem
acesso; (c) ampliar seu repertório para lidar com situações a que o conhecimento se refere.
Ler e escrever textos, fazer resumos, procurar informações, organizar dados, fazer tabelas,
procurar e adequar um local de estudo, organizar material, fazer a tarefa escolar em casa e
responder perguntas são algumas das classes mais específicas citadas pela autora.
Como se pode observar nessa retomada da descrição das classes de comportamento
de estudar, há tanto a enumeração/organização de classes mais gerais do comportamento de
estudar, como de mais específicas, esmiuçando-se as respostas (assinalar palavras
desconhecidas; procurar o significado; escrever o significado; relacionar informações de cada
parágrafo), que se diferenciam das primeiras, mais amplas (planejamento de estudo,
procedimento ao estudar e rendimento na sessão de estudo). Frisa-se que esse tipo de
operacionalização está de acordo com a sugestão de Velasco (2016), entretanto, para se obter
maior clareza para a definição e o ensino do estudar, autores da Análise do Comportamento
realizaram uma organização em termos de contingências.
Alguns autores (e.g., Hübner, Marinotti e Silvares, 2000; Capelari, 2002), tiveram
como objetivo organizar - em termos de estímulos antecedentes, respostas e consequentes -
o comportamento de estudar, já que o comportamento é a relação entre o que o organismo
faz, as condições diante das quais atua e as condições que decorrem desta atuação (Skinner,
1974). Ao entender comportamento como relação, os autores enfatizam que o estudar está
relacionado às condições antecedentes (organização do ambiente, iluminação, grau de ruído,
qualidade do material), às propriedades das classes de respostas envolvidas (procedimentos
de estudo, atenção a prazos de entrega, agendar dias e horários mais adequados para o estudo,
7
ler o material com atenção, discriminar prazos de entrega de tarefas) e às condições
consequentes (natureza - positiva ou negativa - das consequências recebidas após estudar).
Rodrigues (2005) também segue a organização didática de Hübner, Marinotti e
Silvares (2000) e Capelari (2002), sistematizando o estudar em condições antecedentes,
respostas acadêmicas e consequências. Como condição antecedente, faz menção ao organizar
seu ambiente; programar a rotina; planejamento e organização do estudo (horários e objetivos
específicos); controle e identificação dos estímulos concorrentes. Como respostas
acadêmicas, cita os métodos de estudo: leitura e compreensão da leitura; identificação de
ideias principais, organizando-as e relacionando-as; parafrasear um texto; resumir ou
sintetizar um texto ou vários deles; selecionar as ideias principais; hierarquizar informações
e as transmitir de forma econômica. Finalmente, como consequências, destaca: reforço
positivo, dicas eficientes e a própria compreensão do estudante.
Já os autores Pergher et al. (2012), também pautados na organização por meio de
tríplices contingências, focalizam os problemas/dificuldades de estudo apresentados por
crianças e adolescentes:
(a) Condições antecedentes: falha no controle de estímulos (ambiente de estudos
inexistente, desorganizado, mal iluminado; horários não estabelecidos para o estudo
e rotina de vida diária - com excesso de atividades; material desorganizado,
incompleto, não-atraente); falha no controle por regras e no controle por
contingências3.
(b) Classe de respostas envolvidas: falta de modelação e modelagem4 das respostas de
estudar: agendar os dias e os horários mais adequados para o estudo; discriminar
diferentes prazos de antecedência para o estudo de várias matérias; sentar em cadeira
e mesa adequada, com postura adequada e em local tranquilo.
(c) Condições consequentes: apresentação de frequentes consequências aversivas e
retirada de reforçadores positivos.
3 Discute-se essa diferenciação de forma mais didática na publicação de Matos (2001).
4 Diferenças entre modelagem e modelação são discutidas em Del Prette e Garcia (2007).
8
Tendo por referência a tríplice contingência, sintetiza-se o exposto até aqui por meio
da Tabela 1, a seguir.
Tabela 1. Descrição dos Elos da Contingência referente ao Estudar.
Notas. O asterisco (*) indica itens que foram considerados como respostas pelos autores em
seus textos e foram deslocados para os antecedentes.
Cada autor fez menção a um e/ou mais itens e eles foram aglutinados em cada elo da
contingência, formando um conjunto de menções, ou seja, não necessariamente todos os itens
foram mencionados por todos os autores.
Regra (2004) não descreveu o estudar em termos da tríplice contingência, contudo, seu
trabalho foi lido e sistematizado para esse objetivo.
Ter ambiente de estudos adequado (organizado, cômodo, bemiluminado e silencioso); sentar em cadeira e mesa adequadas emlocal tranquilo; organizar o ambiente*.
Hübner, Marinotti e Silvares (2000),
Rodrigues (2005) ePergher et al. (2012)
Organizar e programar a rotina (horário e material de estudo -completo e atraente); discriminar de diferentes prazos de
antecedência para o estudo de várias matérias*; agendar os dias e os
horários mais adequados para o estudo; identificar estímulosconcorrentes*.
Hübner, Marinotti e Silvares (2000),
Rodrigues (2005) e Pergher et al. (2012)
Ter regras estabelecidas; estabelecer objetivos do estudo.
Hübner, Marinotti e Silvares (2000), Regra (2004) e
Rodrigues (2005)
Respostas
Ler todo material; identificar, extrair e organizar informaçõesrelevantes; grifar informações; escrever informações; assinalarpalavras desconhecidas; procurar o significado; escrever osignificado; relacionar informações de cada parágrafo e de outrostextos afins; ver figuras, desenhos, quadros e tabelas. Fazer lição;resolver exercícios; responder perguntas sobre um texto. Parafrasearum texto; resumir ou sintetizar um texto ou vários deles; hierarquizarinformações e as transmitir de forma econômica.
Hübner, Marinotti e Silvares (2000), Hübner (2004), Regra (2004),
Rodrigues (2005) e Pergher et al. (2012)
Reforço positivo.
Compreensão.
Ter uma atitude diante da vida (de quem pergunta, de quem indaga, dequem busca conhecer).
Antecedentes
Consequências
Elos da Contingência AutoresItens
Hübner, Marinotti e Silvares (2000), Hübner (2004), Regra (2004),
Rodrigues (2005) e Pergher et al. (2012)
9
Na Tabela 1, verifica-se que os antecedentes descritos se referem à organização do
ambiente e material de estudos; programação da rotina e de prazos; identificação dos
estímulos concorrentes. Referente às respostas de estudar (procedimentos de estudo), é
unânime a ênfase à leitura do material de estudo. Já as consequências são consideradas os
reforços positivos - arbitrários e naturais5, caso da compreensão, citada de forma frequente
pelos autores.
Tendo como referência o exposto sobre o estudar, considera-se que, quando um aluno
do quinto ano está em sua residência estudando, por exemplo, ele precisa emitir uma série de
respostas que servem como condição antecedente (organizar o ambiente de estudo, eliminar
fontes de barulho, sentar em carteira confortável, organizar o livro/caderno, programar o que
será estudado, seguir regras estabelecidas pelos pais, entre outros) para a emissão de respostas
de estudar (ler o material, grifar e identificar informações relevantes, assinar palavras
desconhecidas, parafrasear o texto, entre outros) e obter como consequência reforçadora a
compreensão do que foi estudado, por exemplo, adquirir o conteúdo do capítulo do livro de
História sobre o Descobrimento do Brasil; além de outros reforçadores arbitrários
estabelecidos por seus pais (permissão de jogar videogame, ganhar figurinhas, entre outros)
e pelos professores (pontos e notas).
Analisando a situação do aluno acima, poder-se-ia supor que ele ainda é um aluno
amador, conforme relata Figueiral (2015), pois ainda depende das regras dadas pelos pais e
dos reforçadores arbitrários manejados por eles (videogame e figurinhas); além de estar no
quinto ano, quando há tutores/auxiliares e presença constante do professor em sala de aula.
Todavia, quando se pode afirmar que um aluno não é mais amador e, sim, proficiente no
estudar? Uma das possibilidades mais discutidas pela literatura e, inicialmente apresentada
por Skinner (1968), é quando o aluno se torna o professor dele mesmo, ou seja, aprende a
aprender, promovendo o seu próprio autogerenciamento intelectual, independentemente do
ano ou série escolar em questão.
5 Para mais detalhes sobre reforçadores naturais e arbitrários, recomenda-se a leitura de Dorigon e Andery
(2015).
10
Zanotto (2000), Coser (2013) e Velasco (2016) afirmam que o autogoverno
intelectual pode ser definido como um conjunto de comportamentos que permitam que o
aluno arranje as contingências adequadamente de forma a sinalizar para si mesmo situações
em que as emissões de classes de respostas específicas aumentam a probabilidade da
obtenção de consequências específicas.
Moroz (1993a; 1993b), apresentando a visão de Skinner, já ressaltara que, no
autogoverno intelectual, o indivíduo precisa promover alterações em si mesmo ou no
ambiente por meio de manipulação de variáveis. Tais comportamentos que produzem
alterações (em si mesmo ou na situação) são identificados como comportamentos
preliminares ou precorrentes, pois tornam possível a emissão de um comportamento
eficiente. Segundo Skinner (1968; 1976), essas respostas preliminares favorecem que o
comportamento “consumatório” ocorra.
Ainda, segundo Moroz (1993b), a alteração que esses comportamentos preliminares
ou precorrentes, emitidos por um indivíduo, produz nele mesmo ou no ambiente, produzam
estímulos discriminativos que indicam a possibilidade ou não de reforçamento. Moroz
(1993a) enfatiza que a escola prepara o aluno para se desempenhar adequadamente em
ocasiões futuras quando prepara o aluno para o autogoverno intelectual e faz isso ao ensinar
comportamentos preliminares, isto é, quando a escola estabelece um repertório
comportamental que produza efeitos sobre o próprio comportamento do indivíduo -
comportamentos do indivíduo que mudam o seu próprio comportamento. Assim, ao ocorrer
o ensino direto dos comportamentos precorrentes, possibilita-se ao aluno depender das
próprias coisas e não depender daquilo que o professor diz ou faz.
Os autores apoiam-se em Skinner, que em seu Livro “Tecnologia do Ensino”, ao fazer
referência ao conceito de autogoverno intelectual, faz menção às técnicas de estudar; essas
são consideradas um dos pilares da discussão a ser realizada a seguir, visto que se concentra
no que Skinner considerou, ao longo de algumas de suas obras (Skinner, 1957; 1968; 1974;
1981), o que é o estudar.
Para Skinner (1968, p. 122), ensinar um aluno a estudar é:
11
[...] ensinar-lhe técnicas de autogoverno, que aumentem a probabilidade de que
o que foi visto ou ouvido seja lembrado [...]. Para estudar a página de modo que
possa ser lembrada palavra por palavra, o aluno deve responder à página de modo
que aumente a probabilidade de que fale como se estivesse lendo a página quando
ela não está presente. A página deve efetivamente ser lembrada, embora não
necessariamente de uma vez só. A eficiência da página como um estímulo deve
ser progressivamente reduzida à medida que a resposta “lê-la como se não
estivesse presente” ganhe força. O estudante pode, provavelmente, repetir uma
sentença curta que tenha acabado de ler. Esperando um momento antes de repeti-
la, o estudante enfraquece o controle exercido pelo texto [...]. O aluno que sabe
como estudar sabe quanto deve recordar em dado momento e quanto deve esperar
antes de tentar.
Neste trecho, verifica-se a ênfase do autor em relação às técnicas de autogoverno e o
lembrar, ou seja, é necessário que o estudante estude um texto, por exemplo, a ponto de não
precisar dele quando for falar e/ou escrever o que compreendeu do que fora lido. Embora
Skinner (1968) saliente, também, que “estudamos uma situação cuidadosamente de modo
que se possa, então, agir mais eficazmente” (p. 120), como, por exemplo, quando nos
percebemos perdidos em um local e estudamos o mapa do aplicativo do celular, no presente
texto se focaliza uma espécie de estudo particularmente importante para o aluno e o professor
- o estudo que tem efeito de facilitar a lembrança.
O autor também salienta que sentir prazer ao ler, não necessariamente fará com que
o conteúdo seja mais facilmente lembrado, ou dificilmente esquecido, e afirma que não
necessariamente um texto fácil favorecerá o estudar. Segue o trecho em que ele discorre sobre
esse aspecto:
12
Acontece que, muitas vezes, achamos o livro ou a peça musical familiar quando
os encontramos de novo e, quando perguntamos a respeito, podemos mesmo
dizer que foram agradáveis ou excitantes, embora não se possa descrever o
enredo, e nem as personagens, ou trautear, cantar ou tocar a música. Mesmo uma
história de detetives, que depende, para seu efeito, do fato de o leitor ignorar o
desenlace, pode muitas vezes ser relida com prazer depois de alguns anos.
Estudar é ler de maneira especial. Preocupamo-nos aqui com o fato de que pode
não se ter oportunidade de aprender a estudar quando a matéria foi preparada de
forma a ser facilmente lembrada (Skinner, 1968, pp. 120-121, grifo do autor).
Nas palavras de Skinner, estudar é ler de maneira especial; é ler de modo que favoreça
o lembrar. Ele relaciona o estudar com técnicas de autogoverno (manipulação de variáveis)
que levam a memorizar (lembrar). Vale salientar que, para o autor, as técnicas de
rememoração não estão relacionadas com o buscar no depósito da memória, mas com o
aumento da probabilidade de respostas. As técnicas são comportamentos facilmente
aprendidos, que incitam ou fortalecem o comportamento a ser recordado; há uma estimulação
extra que é gerada para evocar o que é esquecido, incitando a resposta do próprio indivíduo,
assim como se incita a outrem a quem se está ajudando a recordar determinado aspecto
esquecido (Skinner, 1974).
O autor exemplifica a manipulação de variáveis ao comentar que outro modo de
enfraquecer um estímulo é reduzir a clareza, duração ou extensão dele. Ele oferece um
exemplo de um aluno que sabe estudar e consegue passar rapidamente os olhos pelo texto
para gravar em pouco tempo uma ou duas palavras necessárias, utilizando sua visão
periférica, ou descobre partes do texto à medida que for necessário.
Fornecendo exemplos do que Skinner descreveu acima, Aggio, Postalli e Garcia
(2016) oferecem uma situação prática de um aluno que pretende prestar vestibular. As autoras
destacam que a quantidade de conteúdo que deve ser aprendida e lembrada no momento da
prova é enorme e o manejo de contingências que aumentem a probabilidade de lembrar os
conteúdos é decisiva, ou seja, técnicas de autogoverno intelectual são de extrema utilidade.
Descrevem que, para um aluno que queira aprender História (para passar no vestibular, por
exemplo), é necessário ler textos didáticos nos quais estão descritos fatos importantes que
13
ocorreram no passado. Esse mesmo aluno poderia, durante todo o seu processo de
escolarização, ter estudado para provas de História lendo e relendo todas as páginas do livro,
decorando todas as palavras e as reproduzindo em todas as provas (obtendo notas boas e
aprovação). Entretanto, as autoras consideram que essa estratégia seria pouco eficiente no
vestibular, pois, decorar todas as páginas de um livro de História é uma tarefa impossível
para a maioria dos estudantes. Salientam, então, que seria muito mais eficaz se esse aluno
tivesse sido ensinado a “como fazer com que os estímulos textuais dos livros se tornassem
menos necessários para lembrar-se de seu conteúdo” (Aggio, Postalli & Garcia, 2016, p. 52).
As autoras se apoiam em Skinner (1957; 1968), apontando a relevância de se criar estímulos
temáticos, no lugar dos estímulos formais (as exatas palavras do livro).
Skinner (1968; 1981) discorre que, quando um aluno aprende uma página palavra por
palavra, o texto funciona como um estímulo formal, evocando uma resposta textual e o aluno
pode adquirir um conjunto de respostas intraverbais6 que o permitem reproduzir a página; no
entanto, indica que uma outra forma, mais eficiente, de lembrar é a partir de dicas/relações
temáticas. Skinner (1974) oferece possibilidades para a construção de relações temáticas,
como sublinhar estímulos importantes, disposição em esquemas e construção de paráfrases.
Aggio, Postalli e Garcia (2016) enfatizam também a relevância de criar estímulos
temáticos (no lugar de estímulos formais - palavra por palavra, por exemplo) e que não são
necessariamente partes do livro, mas que podem fazer parte dos tópicos, resumos e trechos
destacados pelos alunos no decorrer do estudar para produzir respostas intraverbais. O
6 O operante intraverbal é o comportamento cuja variável controladora é o próprio comportamento verbal
anterior do emitente. Os antecedentes desta resposta verbal são complexos e múltiplos, podem ser cadeias,
sequências verbais, conjuntos de associações verbais, entre outros. Portanto, não pode ser considerado um
antecedente de intraverbal nenhum elemento específico e particular (sem que haja exclusão dos demais
componentes do comportamento verbal antecedente). Os antecedentes podem ser visuais ou auditivos, a
resposta verbal ela própria pode ser vocal ou motora (escrever). Responder à questão “Quem descobriu o
Brasil?” com a resposta “Pedro Álvares Cabral” ou “Quanto é 2 x 2?” e ter como resposta “Quatro” são
exemplos de intraverbal. Esse comportamento é importante por inúmeras razões (Barros, 2003; Garcia, Falcão
& Almeida-Verdu, 2017)
14
resultado final é também um conjunto de respostas intraverbais (onde nem todas serão
encontradas no texto) e que facilitaria a emissão da resposta certa para uma pergunta.
Além dos exemplos oferecidos para a construção de relações temáticas, Skinner
(1974) também cita os recursos mnemônicos ou técnicas mnemônicas, com os quais o aluno
gera estímulos (dicas formais e/ou temáticas) que os ajuda na lembrança de palavra por
palavra ou nas paráfrases.
Donahoe e Palmer (1994) e Catania (1999) também comentam sobre os recursos
mnemônicos, ressaltando que são técnicas para aumentar a probabilidade do lembrar e que
tornam o aprendiz menos dependente do ensaio (repetição constante). Catania (1999) oferece
uma série de exemplos de técnicas, tais como:
(a) Conversão de uma sequência de símbolos em uma sentença: “por exemplo, quando
um estudante novato de música lembra as notas nas linhas de clave de sol, EGBDF,
com a sentença: “Esta Grande Bola Dá Fogo” (p. 329)
(b) Outra técnica é o método de loci (lugares), onde a ordenação/arranjo espacial
ordenado contribuiria para uma lembrança precisa:
[...] para aprender os itens de uma série ordenada, o estudante então imagina cada
item em seu lugar apropriado. Para aprender uma nova sequência posteriormente,
o estudante repete o passeio imaginário na mesma ordem, visualizando desta vez
os novos itens em seus lugares [...]. Essas técnicas mnemônicas funcionam
melhor com sequências de itens concretos que são facilmente visualizados ou
imaginados. Certos itens ou combinações incomuns ou bizarros podem ter uma
vantagem sobre os itens comuns, mas muito mais importante é a proximidade ou
conexão espacial dos itens e locais (Catania, 1999, p. 330).
(c) Algumas técnicas são planejadas de maneira que itens abstratos possam ser
transformados em concretos. Assim, a técnica da rima converte os números em uma
sequência que pode ser visualizada. Exemplo: “um, dois, feijão com arroz; três,
quatro, feijão no prato”. Então, uma lista ordenada pode ser aprendida imaginando
cada item junto com o objeto à posição numérica da lista (Catania, 1999).
15
(d) Há sistemas elaborados que fornecem códigos para traduzir números em letras.
Assim, com um código estabelecido, qualquer número pode ser convertido em uma
palavra ou sequência de palavras, na qual os sons consonantais correspondem aos
dígitos sucessivos. Exemplo:
[...] você poderia tentar um exercício. Em primeiro lugar, escolha uma sequência
de doze locais familiares, como em um passeio imaginário pela sua vizinhança.
Os locais devem ser distintos entre si e se encontrar em uma ordem definida. Por
exemplo, poderia incluir uma biblioteca, um cinema, um parque, uma escola,
uma farmácia, um estacionamento, e assim por diante. Em seguida, construa uma
sequência arbitrária de doze números com dois dígitos cada um [...], por exemplo:
33, 15, 28, 40, 87 etc. A partir desse código, você pode agora converter cada
número em uma palavra, incluindo duas e somente duas consoantes; ignore as
letras. Por exemplo, você pode codificar 33 como homem, porque o h é mudo.
Palavras concretas são preferíveis às abstratas [...]. Finalmente, imagine cada
palavra assim derivada no local apropriado (p. ex., um homem gigantesco
sentado na biblioteca, uma grande tela no cinema). Mais tarde, você pode utilizar
os locais sucessivos para recordar as palavras e pode utilizar o código para
traduzir de novo as palavras para seus números respectivos [...] (Catania, 1999,
p. 331).
(e) Catania (1999) também cita brevemente a utilização de imagens visuais, aspecto que
é detalhado por Galera, Garcia e Vasques (2013). Os autores comentam que essas são
técnicas mnemônicas em que imagens são geradas encobertamente a partir de
instruções verbais. Em uma dessas técnicas, conhecida como “peg-word”, aprende-
se a associar imagens mentais previamente aprendidas às palavras de uma lista que
se deve memorizar. Depois, as palavras são recordadas, lembrando-se das imagens
associadas a elas.
Por fim, Catania (1999) salienta que tais técnicas podem ser suplementos eficazes
para o estudar. Além dessas, considera-se que outras técnicas de autogoverno intelectual,
16
citadas a seguir em pesquisas aplicadas e relatos de intervenção, poderiam ser utilizadas no
estudar.
No estudo de Ballard e Glynn (1975), os autores aumentaram a qualidade das
redações de alunos (comportamento acadêmico alvo) por meio do ensino de técnicas de
automonitoramento e autorregistro (instruções de como realizar uma boa redação e como
registrar o número de sentenças descritas; número de palavras e verbos descritos que foram
utilizados ao longo das redações).
Olympia, Sheridan, Jenson e Andrews (1994) aumentaram o número de lições de
matemática feitas por alunos que tinham dificuldade nessa matéria por meio de estratégias
de auto monitoramento individual e grupal (contingências individuais e grupais).
Partington e Bailey (1993) ensinaram oito crianças a emitirem intraverbal oral a partir
de dicas por estímulos não verbais e técnicas de automonitoramento encoberto, pois as
crianças eram hábeis em tatear estímulos, mas falhavam em responder questões sobre eles.
No treino, perguntas foram apresentadas pelo experimentador e, antes das respostas das
crianças, foram dadas dicas a partir de cartões com figuras.
Kisamore, Carr e LeBlanc (2011) ensinaram crianças a utilizar a instrução de
imaginação visual para aumentar as respostas intraverbais de categorização para a resolução
de problemas propostos (descobrir quais itens, cujo nome eles acabaram de aprender,
pertencem a determinadas categorias).
Referente aos relatos de intervenção no Brasil, Pergher e Velasco (2007) e Pergher et
al. (2012) descreveram intervenções extraconsultório realizadas com dois adolescentes que
apresentavam dificuldades em estudar. Os autores partiram da conceituação de Hübner,
Marinotti e Silvares (2000) e Hübner (2004) da classe denominada “estudar materiais
escritos” e ensinaram habilidades/pré-requisitos, tais como: grifar informações, identificar
dúvidas, reler informações, elaborar perguntas sobre o texto, escrever, fazer anotações
marginais. Detalharam também os procedimentos realizados: (a) promover consequências
apetitivas (social e artificiais); (b) parear o estudo com momentos agradáveis, tais como:
humor, comentários engraçados, proposta de desafios; (c) evitar quaisquer consequências
aversivas; (d) fornecer modelos e instruções; (e) promover a modelagem: reforçamento
diferencial por aproximações sucessivas; (f) descrever relações contexto-comportamento-
consequências, focando no automonitoramento e contato com os reforçadores naturais do
17
estudar, e; (g) propiciar momentos de lazer pós estudo e cumprimento das tarefas. Como
resultados, relataram o aumento de notas (desempenho acadêmico) e maior autonomia nos
estudos.
Colombini, Shoji e Pergher (2011) também descreveram uma intervenção
extraconsultório realizada pelo primeiro autor com um adolescente de 16 anos. O menino
apresentava notas baixas na matéria, emitia diversos comportamentos de esquiva em relação
ao material e demonstrava respostas autonômicas características de quadros de ansiedade em
relação aos conteúdos de Matemática. Como intervenção, foram desenvolvidas estratégias
para a instalação de hábitos de estudo baseadas em Pergher e Velasco (2007) e Pergher et al.
(2012), desenvolvendo comportamentos que os autores consideraram estar na “classe de
respostas envolvidas no estudar” (Colombini, Shoji & Pergher, 2011, p. 133): (a) ler o
enunciado, grifando partes relevantes; (b) ler as perguntas destacadas no texto; (c) anotar em
um rascunho os dados do enunciado; (d) utilizar rascunhos para a realização de operações;
(e) pesquisar o conteúdo em livros, anotações e sites de educação; (f) grifar/imprimir/anotar
partes dos conteúdos; (g) elaborar perguntas para os professores. Para a diminuição dos
sintomas de ansiedade7, foram utilizadas estratégias de enfrentamento, valorização de
acertos, modelagem de comportamentos de estudar e fornecimento de modelo para a
resolução dos exercícios. Como resultado, relataram que houve um aumento da frequência
de comportamentos de estudar, melhora das notas escolares alcançadas ao longo do ano letivo
e diminuição da ansiedade relacionada à matéria de Matemática.
Já Garcia, Falcão e Almeida-Verdu (2017) ensinaram um menino de 13 anos com
queixa de dificuldades de aprendizagem a estudar. A intervenção consistiu na instrução para
que realizasse a leitura de um texto, em voz alta (leitura com oralização), grifar as
informações mais importantes, e fazer um fichamento com elas, transcrevendo os trechos
mais importantes (uma espécie de cópia); no entanto, a seleção dos trechos mais importantes
deveria ser controlada por respostas a questões do tipo “qual o acontecimento relatado no
texto?”, “quem provocou o acontecimento?”, “quem foi afetado por tal acontecimento?”,
7 Para mais detalhes quanto aos procedimentos de reversão da ansiedade relacionada à Matemática, recomenda-
se a leitura de Carmo e Simionato (2012).
18
“onde ocorreu?”. Segundo os autores, os resultados demonstraram que o estudo envolvendo
fichamento (cópia de trechos importantes do texto) foi mais efetivo do que a leitura subvocal
ou mesmo a leitura em voz alta para a emissão da resposta correta (intraverbal).
Em síntese, referente aos resultados de todas as intervenções, os pesquisadores
consideraram que por meio dessas técnicas de autogoverno intelectual, uma série de avanços
foram obtidos: (a) aumento da qualidade nas redações e nas respostas/escrita de questões; (b)
aumento da frequência de execução/entrega de tarefas; (c) melhora do desempenho (aumento
de notas); (d) diminuição da ansiedade matemática; (e) aumento da frequência do
comportamento de estudar (na presença e/ou na ausência do pesquisador). Com isso, frisa-se
a importância de futuros estudos que focalizem tais técnicas para a intervenção sobre o
estudar.
Skinner (1968) apresenta outros pontos que podem ser inseridos na discussão
referente ao estudar. Discorre que o aluno ao fazer eco ao comportamento do professor, ou
lê um texto, ou segue as instruções do manual do laboratório “sabe o que está fazendo tanto
quanto o analfabeto que copia a sua própria assinatura de um papel que carrega no bolso”
(Skinner, 1968, p. 201). A partir dessa afirmação, comenta que os estudantes que tomam
notas durante as aulas, reorganizam e sumarizam as notas, sublinham palavras que podem
servir de indicações, respondem aos estímulos indicadores e emitem o comportamento
adequadamente, entretanto, não estão necessariamente colocando aquele comportamento sob
controle de novas variáveis. A partir dessa explanação, é preciso discutir o que seria esse
controle de novas variáveis.
Respostas para esse questionamento serão dadas, recorrendo-se a trechos em que o
autor realiza uma explicação prévia a compreensão8. Skinner (1968) pontua que, com um
repertório textual, o aluno lê e relata o que o texto diz, mas só aprende o que o texto diz se
8 Não se busca no presente trabalho, discutir todas as possíveis explicações analítico-comportamentais para o
termo “compreensão”, todavia, para maior aprofundamento, sugere-se a leitura de Schlinger (2008) que
relaciona tal conceito com cadeias de respostas intraverbais e a equivalência de estímulos; Barnes-Holmes et
al. (2001) que discutem o significado de compreensão a partir da proposta da RFT (Relation Frame Theory) e
Rogoski, Flores, Gauche, Coêlho e Souza (2015) que promovem relações entre a compreensão leitora/textual e
os procedimentos denominados “leitura dialógica” e “leitura compartilhada”.
19
alguma coisa acontecer, ou seja, ele só terá aprendido se suas respostas vierem a servir de
estímulos que evocam outras respostas. Segundo Johnson e Chase (1981), Baptista (2005) e
Michael, Palmer e Sundberg (2011), há compreensão se há generalização desta resposta para
novas situações, ainda que com topografia diferente da resposta aprendida; sendo assim,
sobre essa nova resposta se deve, ainda, realizar uma análise da transferência de controle
estímulos.
Skinner (1968) destaca a importância da compreensão ao afirmar que estudar não é
apenas ler e, sim, “ler de maneira especial” (p. 121). Ainda, afirma que haverá conhecimento
quando o estudante já não necessitar do auxílio do texto e conseguir limitar o auxílio que
pode receber de indicações ou sugestões de terceiros.
Além disso, Skinner (1957) aponta outros processos comportamentais dos quais
depende a compreensão da leitura, articulando o efeito do texto sobre o leitor à compreensão
de leitura. Para o autor, a compreensão é um efeito que o comportamento verbal do falante
exerce sobre o ouvinte, ou seja, através de seu comportamento, o ouvinte demonstra sua
própria compreensão do comportamento do falante. A demonstração se dá, então, pela
ocorrência da ação do ouvinte tendo relação ou estando em conformidade com a ação do
falante.
Skinner (1957), ao oferecer exemplos de estudos de textos da área científica e
filosófica, indica que, o que está envolvido na compreensão de leitura desses textos, é o fato
de ser capaz de “apreender” ou “perceber” o que o autor “pretende dizer”, ou “o porquê de
ele dizer o que diz”. Ou seja, o ouvinte compreende um texto quando é capaz de responder
de maneira similar ou emitir respostas em contingências similares às que o autor escreveu o
texto. Exemplificando, Skinner comenta:
Compreendemos qualquer coisa que nós mesmos teríamos dito em relação ao
mesmo estado de coisas. Não compreendemos o que não dizemos e
compreendemos mal quando dizemos outra coisa com as mesmas palavras - isto
é, quando nos comportamos de certa maneira por causa da operação de variáveis
diferentes (1957, p. 332).
20
Skinner (1957) descreve aspectos do processo para se chegar a uma possível
compreensão do texto. Sequências intraverbais deixam sua marca, tornando o texto familiar
e possibilitando o leitor dizer as mesmas coisas escritas. Para ocorrer a compreensão, outros
processos devem ocorrer: algumas sentenças do texto apresentarão dois ou mais estímulos
juntos (naquilo que é chamado de definição); assim, a mudança resultante no comportamento
será sentida quando essas respostas ocorrerem separadamente em outros locais do texto;
outras sentenças produzirão transferências de respostas, aumentando o conhecimento. O
comportamento do leitor, portanto, será alterado após leituras subsequentes no sentido de
uma compreensão crescente, porque o uso pelo ouvinte estará mais próximo do uso do
escritor.
Baptista (2005) indica que, para Skinner (1957), a consideração da familiaridade com
o texto, como uma condição para a compreensão, pode ser indicativa de um efeito do texto
sobre o leitor. Tal familiaridade está relacionada com as respostas intraverbais estabelecidas
e reforçadas caracteristicamente quando ocorrem em seguida a outras respostas verbais (em
sequência).
Segundo Baptista (2005), para haver a compreensão que atenda ao critério
estabelecido pelo autor do texto, são necessários outros processos comportamentais em que
o falante (escritor) e o ouvinte (leitor) necessitam estar sob controle das mesmas variáveis.
Skinner (1957) descreve que o falante gera um comportamento no ouvinte, para tornar algo
claro para ele (ouvinte) ou para levá-lo (ouvinte) a perceber o ponto em questão; com isso,
em vez de relatar ao ouvinte algo que só ele (falante) vê, leva o ouvinte a ver algo à sua
maneira (falante).
O autor também complementa suas análises sobre a compreensão, usando de forma
frequente o termo “compreensão crescente” e “leituras subsequentes” (Skinner, 1957, p.
332), destacando a ocorrência de níveis de compreensão a partir da reexposição do leitor ao
texto; assim, o leitor estaria mais próximo do uso do texto feito pelo próprio escritor. Baptista
(2005) ressalta que, com isso, o leitor pode demonstrar compreensão crescente na medida em
que passa a produzir respostas textuais que suplementam outras respostas. Por fim, Baptista
(2005) sintetiza que:
21
Para Skinner, a noção de compreensão de leitura é algo que vai se constituindo
e, daí, revelando níveis de complexidade. Um desses indicativos é a familiaridade
do leitor de um determinado texto, propiciado pelo contato preliminar com o
mesmo. Contatos posteriores propiciam uma compreensão crescente da leitura
do texto, ou seja, constituem avanços em relação ao nível inicial (p. 115).
A partir do exposto até o momento, pode-se dizer que para Skinner (1957; 1968;
1974; 1981), o estudar é um tipo de autogoverno intelectual, ou seja, uma classe de
comportamentos preliminares ou precorrentes (utilizar as técnicas mnemônicas e de
compreensão, tais como: sublinhar estímulos temáticos importantes do conteúdo, organizar
o conteúdo em esquemas, fazer resumos, fazer perguntas para si mesmo, responder questões,
categorizar parágrafos; automonitorar-se, fazer autorregistro, ler/reler, entre outros) emitidos
pelo estudante que produz (nele mesmo ou na situação) estímulos discriminativos que
aumentam a probabilidade de compreender (em diferentes níveis) e lembrar do conteúdo,
com o qual está em contato individualmente, conforme ilustra a Figura 1, a seguir.
22
Figura 1. Aspectos relacionados ao estudar, segundo Skinner (1957; 1968; 1974; 1981).
Skinner promove uma discussão importante a respeito das técnicas de autogoverno
intelectual e acrescenta, além da compreensão, o efeito da lembrança; portanto, o estudar,
além de promover a compreensão como reforçador natural, possibilita que o conteúdo seja
lembrado. Sendo assim, ao estudar, o aluno precisa aplicar técnicas de rememoração, assim
como técnicas que promovam a compreensão do conteúdo em questão.
Sendo assim, sugere-se que, a especificidade do comportamento de estudar se refere:
à relação entre a situação que o aluno deve adquirir ou ampliar conhecimento - procedimentos
de estudo, ou seja, as técnicas de autogoverno intelectual - efeitos da compreensão e
permanência (memorização) produzidos no repertório do estudante.
Em relação aos antecedentes descritos na Tabela 1 (i.e., organizar o ambiente de
estudo, eliminar fontes de barulho, sentar em carteira confortável, organizar o livro/caderno,
23
programar o que será estudado, seguir regras estabelecidas pelos pais, entre outros), verifica-
se que não foram mencionados por Skinner ao se referir ao estudar, podendo ser considerados
como comportamentos que facilitam (ou não) a emissão das técnicas de estudo, a depender
da história de vida de cada estudante, visto que alguns podem estudar de forma eficaz
(compreendendo e lembrando do conteúdo) sem que tais comportamentos sejam emitidos.
24
Pesquisas que avaliam a produção científica
Os estudos que avaliam a produção científica de uma área podem indicar aspectos a
serem desenvolvidos ou que precisam ser revistos para contribuir para o seu
desenvolvimento; demonstrar como uma disciplina caminhou e que futuro terá a partir disso;
resolver dilemas, apontando como pode ser essa caminhada; descrever aspectos culturais,
políticos, econômicos, intelectuais, sociais e pessoais que podem influenciar a metodologia,
concepções e valores de uma disciplina; legitimar ou defender práticas atuais, mostrando as
consistências com as bases da disciplina; tecer críticas às práticas atuais (Morris, Todd,
Midgley, Schneider & Johnson, 1990; Coleman, 1995).
Como indica Freitas (1998), a avaliação de produção de científica de uma
determinada área permite o entendimento e o estabelecimento de indicadores de produção e
de critérios mais claros e precisos também para a concessão de fomento à pesquisa. A
avaliação da produção científica facilita o acesso ao conhecimento, bem como permite traçar
o perfil das pesquisas realizadas sobre temas específicos em determinados períodos.
Além desses aspectos, Souza, Silva e Carvalho (2010) e Botelho, Cunha e Macedo
(2011) também enfatizam que esse tipo de pesquisa possibilita uma visão geral também das
metodologias mais efetivas para determinada questão e de subtemas que têm recebido maior
ou menor destaque na literatura selecionada.
Coleman (1995), Moura (1997) e Witter (1997) complementam que para trazer
contribuições, tais estudos necessitam de um extenso trabalho de investigação. A contagem
de publicações seria um passo inicial para checar a qualificação de uma comunidade
científica; deve-se produzir uma massa de resultados consistentes para possibilitar à
disciplina/área do conhecimento detectar o seu estado-da-arte, elaborar novas estratégias a
serem priorizadas, repensar sua missão e reprogramar suas estratégias de desenvolvimento e
necessidades.
Definidas como de caráter bibliográfico, tais pesquisas parecem trazer em comum o
desafio de mapear e de discutir uma certa produção acadêmica, buscando responder que
aspectos vêm sendo destacados e privilegiados em diferentes épocas e lugares; de que formas
e em que condições têm sido produzidas certas dissertações de mestrado, teses de doutorado,
publicações em periódicos e comunicações em anais de congressos e de seminários.
25
Tais pesquisas também são reconhecidas por realizarem uma metodologia de caráter
descritivo da produção científica sobre o tema que se busca investigar, à luz de categorias
que se relacionam com o fenômeno a ser analisado (Ferreira, 2002). Complementando,
Soares e Maciel (2000, p. 4) afirmam que é necessário considerar “categorias que
identifiquem, em cada texto, e no conjunto deles as facetas sobre as quais o fenômeno vem
sendo analisado”.
De acordo com Ferreira (1999), essa compreensão do estado de conhecimento sobre
um tema, em determinado momento, é necessária no processo de evolução da Ciência. Morris
et al. (1990) e Coleman (1995) também indicam que tal compreensão evidencia a maturidade
de uma determinada área do conhecimento. Tais análises se constituem como parte essencial
do crescimento de uma disciplina, uma vez que se preocupam com a coleção, organização e
exame de materiais sobre o passado da prática e de seus produtos.
Referente ao passo a passo da realização de tais pesquisas, Ferreira (2002, p. 9, grifo
do autor) ajuda a sistematizar de forma didática em dois momentos específicos:
Um, primeiro, que é aquele em que ele [pesquisador] interage com a produção
acadêmica através da quantificação e de identificação de dados bibliográficos,
com o objetivo de mapear essa produção num período delimitado, em anos,
locais, áreas de produção [...]. Nesse esforço de ordenação dá uma certa produção
de conhecimento também é possível perceber que as pesquisas crescem e se
espessam ao longo do tempo; ampliam-se em saltos ou em movimentos
contínuos; multiplicam-se, mudando os sujeitos e as forças envolvidas;
diversificam-se os locais de produção, entrecruzam-se e transformam-se;
desaparecem em algum tempo ou lugar [...]. Um segundo momento é aquele em
que o pesquisador se pergunta sobre a possibilidade de inventariar essa produção,
imaginando tendências, ênfases, escolhas metodológicas e teóricas, aproximando
ou diferenciando trabalhos entre si, na escrita de uma história de uma
determinada área do conhecimento. Aqui, ele deve buscar responder, além das
perguntas “quando”, “onde” e “quem” produz pesquisas num determinado
período e lugar, àquelas questões que se referem a “o quê” e “o como” dos
trabalhos [...].
26
Choppin (2004), Castro (2006) e Queiroz, Martins e Gioia (2011) destacaram
algumas dificuldades relacionadas aos trabalhos que se propõem a realizar a revisão de
determinada área do conhecimento, tais como: diversidade de vocabulário e de significados
de um mesmo termo, tornando a determinação do objeto de estudo mais imprecisa, o que tem
que ser contornado por critérios de seleção bem definidos; acesso restrito e dificuldade de
localização dos materiais quando estes não se encontram em bases de dados disponíveis da
internet. Portanto, tais pontos devem ser considerados pelo pesquisador durante a realização
de suas revisões para o estudo do conhecimento já produzido.
Considerando-se a importância dos estudos de revisão, procurou-se localizar estudos
que tivessem como foco avaliar a produção científica sobre o estudar, sendo localizado o
estudo de Rosário, Pereira, Högemann, Nunes, Figueiredo, Núñez, Fuentes e Gaeta (2014),
em um periódico internacional.
Rosário et al. (2014) abordaram o conceito de “autorregulação da aprendizagem” e
realizaram uma revisão da literatura produzida entre os anos de 2001 e 2011, abarcando
resumos de estudos brasileiros e internacionais. Foi selecionada a produção científica do
Portal SciELO por meio das seguintes palavras-chave: autorregulação da aprendizagem,
aprendizagem autorregulada e autorregulação na educação (em português, espanhol e inglês).
Com isso, foram obtidos 28 resumos no total. A partir dos resumos, obtiveram informações
sobre: autores, ano de publicação, tipo de metodologia, país de origem do estudo, resumo dos
objetivos e descrição dos participantes, caso houvessem; natureza da aprendizagem
autorregulada; sua avaliação; promoção de competências de auto-regulação e de sua utilidade
em contexto educacional; possibilidade de envolvimento de professores para promover essa
aprendizagem. Como resultado, discutiram sobre o aumento de publicações sobre o tema a
partir de 2006; constataram que 38% das publicações abarcaram a revisão do conceito de
auto-regulação por meio de diversas abordagens teóricas; 36% focaram a promoção da auto-
regulação (estratégias e técnicas de aprendizagem - mapas conceituais, por exemplo; efeitos
dos programas aplicados de auto-regulação - mudança de motivação, observação da eficácia,
percepção dos docentes e ampliação de programas educacionais); 14% trataram da evolução
dos processos de auto-regulação; verificaram pouca “clarificação” do conceito, sendo a
definição mais comum “a atividade do sujeito como agente de sua própria aprendizagem” (p.
793); nenhum estudo experimental foi encontrado; os estudos quase-experimentais
27
apresentaram instrumentos não-validados e com poucos dados psicométricos sólidos. Por
fim, discutiram sobre a necessidade de mais trabalhos em âmbito educativo, focando o ensino
dessas habilidades para professores com intervenções em sala de aula; necessidade de
trabalhar suas percepções em relação às estratégias ensinadas e a de produzir estudos com
metodologias mais complexas (i.e., medidas repetidas, estudos multiníveis, estudos
transculturais), avaliando o efeito de diferentes estratégias educativas em sala de aula.
No levantamento sobre a produção científica sobre o estudar, foi de Rosário et al.
(2014) a única revisão localizada a respeito desse tema. Em decorrência disso, realizou-se
uma nova busca de pesquisas que analisou a produção científica brasileira em periódicos da
área da Psicologia, focalizando temas relacionados à Educação9. Como exemplos, são
apresentados os trabalhos, a seguir.
Barretto e Sousa (2004) realizaram uma análise das publicações sobre ciclos e
progressão escolar no Brasil, abrangendo o período de 1980 a 2002. A partir dos resumos, as
autoras destacaram: conclusões provenientes do resgate histórico das experiências de
introdução dos ciclos nas redes escolares; dados sobre a abrangência e configuração atual das
escolas organizadas em ciclos no país; dimensões enfatizadas, omitidas ou pouco exploradas
em ensaios ou em pesquisas sobre os ciclos, tais como a sua fundamentação, implementação
e apreciação dos resultados; fontes bibliográficas para o estudo das experiências específicas.
Angelucci, Kalmus, Paparelli e Patto (2004) apresentaram um estudo de revisão sobre
o fracasso escolar na rede pública de ensino fundamental no Brasil. Utilizaram resumos de
teses e dissertações defendidas entre 1991 e 2002 na Faculdade de Educação e no Instituto
de Psicologia da Universidade de São Paulo. Foram obtidas informações sobre: tema
abordado; concepção teórica e metodológica; coerência entre teoria e método; concepções de
9 Autores como Soares (1999) e Romanowski e Ens (2006), afirmam que, nos últimos anos, houve um
movimento de expansão acentuada de programas, cursos, seminários, encontros com interesse em diferentes
aspectos e temas sobre educação, como formação de professores, currículo, metodologias de ensino, identidade
e profissionalização docente, políticas de formação e outros. Embora proliferem estudos e publicações sobre os
aspectos que envolvem a Psicologia e a Educação em espaços escolares e não escolares, pesquisas do estado de
conhecimento ainda são bem recentes no Brasil, carecendo de publicações que realizam estudos a respeito da
produção científica brasileira, conforme destacado por Soares (1999).
28
escola e de fracasso escolar; relações com o conhecimento já produzido; novos aspectos
anunciados. Como resultado, verificaram o predomínio de concepções “psicologizantes” e
tecnicistas de fracasso escolar; coexistência de concepções inconciliáveis que resultam um
discurso “fraturado”; crítica da concepção do fracasso escolar, inserindo-o nas relações de
poder existentes numa sociedade de classes.
Nakano e Wechsler (2007) tiveram como objetivo identificar as características da
produção científica brasileira em criatividade. Utilizaram resumos de teses, dissertações e
publicações periódicas entre os anos de 1984 a 2006 nas bases de dados da CAPES e Index-
Psi. Foram obtidas informações sobre o tipo de pesquisa (metodologia e posição teórica),
tipos de avaliação (tipos mais frequentes e instrumentos utilizados), características das
amostras (faixa etária e nível educacional). As autoras apontaram como resultados da
pesquisa: predominância de estudos teóricos, utilização de métodos qualitativos nas teses por
meio de questionários e entrevistas, e de método quantitativo nas publicações periódicas, por
meio dos testes e escalas. Adultos e adolescentes foram mais frequentes no estudo da
criatividade. Por fim, salientaram que existe grande interesse dos pesquisadores brasileiros
pelo tema da criatividade principalmente na área educacional, existindo, entretanto, lacunas
na área de saúde e nos contextos organizacionais.
Guimarães (2011) focalizou as produções sobre alfabetização no Brasil no período de
1944 a 2009. Utilizou resumos das publicações dos periódicos Revista Brasileira de Estudos
Pedagógicos, Cadernos de Pesquisa da Fundação Carlos Chagas, Revista Brasileira de
Educação, Revista de Educação da USP e Revista Educação e Sociedade; resumos de teses
e dissertações dos cursos de Pós-Graduação das áreas de Educação, Psicologia e Letras.
Foram obtidas informações sobre os temas, gêneros da produção e o campo do conhecimento
ao qual a pesquisa se vincula. Como resultado, a pesquisa revelou que o próprio conceito de
alfabetização sofreu mudanças ao longo de sete décadas. Os dados revelaram que há uma
pulverização das pesquisas, tornando-se necessário uma análise profunda e qualitativa desses
dados que contemplaram sete décadas de produção científica.
Dazzani, Cunha, Luttigards, Zucoloto e Santos (2014) revisaram a produção
científica brasileira publicada entre 2002 e 2012 sobre “queixa escolar” a partir dos resumos
de periódicos (SciELO, PePSIC e Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações).
Foram obtidas informações sobre a abordagem teórico-metodológica e procedência
29
geográfica; perfil dos alunos identificados com demandas de queixa escolar; formação e
atuação profissional deficitária; falta de contato com a escola; “culpabilização” do aluno e de
sua família; Psicologia como mantenedora do fracasso escolar; escola como produtora do
fracasso escolar. Os resultados apontaram que o referencial teórico predominante entre os
estudos foi a Psicologia Sócio Histórica e a Psicologia Escolar Crítica, com uma abordagem
dialética e “ampliada” da queixa escolar, considerando as dimensões históricas,
socioculturais, institucionais, econômicas e políticas.
Finalmente, há a exposição de estudos que focalizaram temas relacionados à área da
Educação e tiveram como teoria orientadora a Análise do Comportamento. Os exemplos
apresentados analisaram a produção científica internacional quanto nacional. Inicia-se pelos
estudos que analisaram as publicações internacionais.
Maud, Guedes e Azzi (2002) fizeram uma revisão, utilizando-se dos resumos das
publicações relacionadas à habilidade de leitura no período de 1968 a 2002. O periódico
Journal of Applied Behavior Analysis (JABA) foi o escolhido para a investigação. Os autores
obtiveram as seguintes informações: (a) ano de publicação do artigo, (b) filiação dos autores,
(c) sujeitos, (d) nível de escolaridade, (e) delineamento utilizado na intervenção, (f) variáveis
experimentais e de observação, (g) setting, (h) tempo total de duração da intervenção. Como
resultado, constataram que a aplicação do reforçamento positivo e do feedback imediato
foram as variáveis mais utilizadas em relação ao delineamento. Observaram que o modelo
de leitura (palavras ou trechos) verbal ou impresso e a repetição correta da palavra lida
(inicialmente de maneira incorreta) foram as variáveis relativas à leitura mais utilizadas.
Sobre os reforçadores, os mais utilizados foram os verbais e fichas. Verificaram que o
delineamento experimental foi o de sujeito único com delineamento AB e que o número de
palavras soletradas corretamente e de realizações de outras atividades (resistência física,
ideias próprias, popularidade do professor, ficar no lugar, não falar alto, sinalizar com a mão
para chamar o professor) foram as variáveis de observação mais frequentes.
Marmo (2002), semelhante a Maud, Guedes e Azzi (2002), estudando um tema mais
amplo (Educação), utilizou também o JABA. A autora selecionou os resumos de periódicos
do período de 1968 a 2000 que abordavam a educação como tema e os analisou, obtendo as
informações a seguir: (a) perfil dos sujeitos; (b) setting onde os trabalhos foram realizados;
(c) temas abordados; (d) procedimentos utilizados; (e) delineamentos empregados. Como
30
resultado, observou que as publicações sobre intervenção em classes regulares vêm
diminuindo ao longo dos anos. Sobre o delineamento, a maioria foi de sujeito único - com a
maioria dos participantes da educação primária. O tema mais comum foi o desenvolvimento
de habilidades acadêmicas e os procedimentos tinham como objetivo fortalecer e desenvolver
essas habilidades.
Mendonça (2016) investigou características da publicação dos resumos do periódico
Journal of Behavioral Education de 2006 a 2015, com o objetivo de investigar características
para apontar pontos positivos e sugerir mudanças quando necessário. O autor obteve
informações sobre: (a) ano; (b) edição; (c) autor(es); (d) filiação; (e) país; (f) palavras-chave;
(g) editor. Sobre as características das publicações foram catalogadas as seguintes variáveis:
(a) tipo de artigo; (b) quantidade de estudos no artigo; (c) setting; (d) formato de intervenção;
(e) aplicador; (f) variável dependente; (h) presença de dados de generalização; (i) presença
de dados de manutenção/follow-up; (j) presença de dados de fidedignidade/integridade; (k)
presença de dados de validade social; e (l) delineamento utilizado. Como resultado, verificou
que o principal delineamento foi o de linha de base múltipla. Constatou que a intervenção
feita majoritariamente era em formato individual e aplicada pelo próprio pesquisador dentro
da escola ou fora da sala de aula. O autor destacou que houve aumento pequeno, porém
significativo, na apresentação de dados de generalização, manutenção e de integridade de
procedimento.
Já, recentemente, Gonçalves (2017) caracterizou, com base em publicações (resumos
e artigos na íntegra), a produção de trabalhos analítico-comportamentais internacionais que
tenham ensinado comportamentos acadêmicos, a alunos do ensino regular, em setting de sala
de aula ou outros ambientes escolares, com pelo menos cinco alunos. O autor obteve como
informações: (a) dados básicos do estudo (filiação, autor, país, ano e revista); (b)
participantes (que recebeu a intervenção, número, escolaridade); (c) aspectos metodológicos
(setting, tipos de medida do comportamento, medida e delineamento; medida de manutenção
das mudanças comportamentais; resultado da manutenção das mudanças); (d) alvo dos
estudos (variável dependente, objetivo do estudo); (e) intervenção (agente de mudança,
procedimentos, consequências, formato do programa de ensino; (f) resultados (quem foi
responsável por avaliar o resultado da intervenção, resultado); (g) índice de desistências; (h)
generalização e (i) integridade/fidedignidade. Como resultado, observou um marcante
31
número de publicações na década de 1970 e um declínio a partir da década seguinte; uma
predominância de estudos publicados nos Estados Unidos; soberania de publicações no
Journal of Applied Behavior Analysis e a ocorrência de publicações realizadas por
instituições de apenas quatro países (Estados Unidos, Canadá, Austrália e Argentina).
Constatou que a variável dependente mais medida foi fazer exercícios/responder a problemas
e a consequência mais aplicada foi pontuar (dar pontos). Sobre o procedimento mais utilizado
pelos agentes de mudança comportamental, o reforçamento positivo foi o mais frequente,
sendo o professor foi o principal agente de mudança comportamental utilizado. O formato de
programa de ensino mais utilizado foi o não padronizado e o programa de ensino padronizado
mais utilizado foi o Personalized System of Instruction. Por fim, analisou que a maioria dos
estudos obteve sucesso com a utilização dos programas de ensino adotados e os considerou
superiores aos programas com os quais foram comparados – apontando a eficiência dos
programas de ensino analítico-comportamentais utilizados para ensinar comportamentos
acadêmicos a alunos do ensino regular, em turmas de pelo menos cinco alunos.
Em relação aos estudos que analisaram a produção científica nacional, quatro serão
exemplificados a seguir.
Freitas (1987), em sua tese de doutorado, foi um dos autores pioneiros a examinar a
produção escrita nacional, entre 1961 e 1982, no campo da Análise do Comportamento em
relação à Educação. O autor realizou uma busca a resumos de periódicos, teses, dissertações,
materiais não-publicados, análise de bibliografia e reuniões científicas, obtendo informações
sobre delineamento, área temática, participantes, entre outras. Verificou que os estudos
estavam concentrados no estado de São Paulo; o tema mais pesquisado se referia a
procedimentos de ensino-aprendizagem; os participantes eram procedentes de universidades
e do ensino de 1o grau. Sobre os delineamentos de pesquisa mais frequentes, foram o
delineamento de linha de base múltipla e o ABA e, por fim, indicou que a produção geral da
Análise do Comportamento aplicada à Educação se manteve constante ao longo das décadas
estudadas, não apresentando diminuição no número de publicações.
Del Rey (2005) investigou o que foi pesquisado no Brasil sobre comportamento
matemático, selecionando artigos (lidos na íntegra) e resumos indicados por pesquisadores
em Análise do Comportamento; busca no Currículos Lattes desses pesquisadores e
referências bibliográficas de trabalhos já obtidos, com o objetivo de encontrar novos
32
trabalhos sobre o tema. O autor coletou e organizou as informações sobre: (a) financiamento;
(b) delineamento experimental; (c) conceitos de Análise do Comportamento; (d) ensino de
matemática (habilidades matemáticas); (e) setting; (f) idade; (g) desenvolvimento; (h) níveis
de escolaridade dos participantes. Como resultado, o autor observou uma tendência crescente
na produção de trabalhos sobre comportamentos matemáticos a partir da década de 80 e uma
aceleração em 90. Verificou que os participantes tinham idade variada - com
desenvolvimento típico; a grande maioria era de pesquisas básicas com delineamento de
sujeito único; os conceitos mais trabalhados eram o de número e ordenação; o parâmetro
mais utilizado foi o de equivalência de estímulos. Sobre os autores, Paulo Prado foi o mais
referido nacionalmente e, internacionalmente, Murray Sidman foi o mais citado.
Rodrigues e Moroz (2008) analisaram a contribuição do Behaviorismo Radical para
a formação de professores, a partir de resumos de teses e dissertações no período de 1970 a
2002. O conjunto de trabalhos voltados à Educação em geral foi analisado, identificando-se
características, dentre as quais: (a) instituição de defesa; (b) orientadores; (c) natureza; (d)
objetivo do trabalho; (e) sujeitos; (f) nível de ensino. Os trabalhos relativos à formação de
professores foram analisados na íntegra, obtendo os seguintes dados: (a) tipo de trabalho; (b)
nível de ensino; (c) formação; (d) número de professores/participantes; (e) número de alunos
envolvidos; (f) propostas de formação; (g) ensinando: filosofia da abordagem analítico-
comportamental; (h) conceitos básicos da abordagem analítico-comportamental; (i) pesquisa
na abordagem analítico-comportamental; (j) ensino na abordagem analítico-comportamental.
Como resultado, destacaram: preparo do professor como modificador de comportamentos-
alvo dos alunos (especialmente os comportamentos acadêmicos), o desenvolvimento de
habilidades necessárias para ensinar, o ensino de procedimentos de pesquisa característicos
da abordagem e de seus conceitos básicos, inexistindo o ensino da filosofia behaviorista
radical.
Nicolino e Zanotto (2011) analisaram os resumos de períodos brasileiros da Análise
do Comportamento na Área da Educação no período de 1961 a 2006. Os autores fizeram a
leitura de textos históricos sobre a história da Análise do Comportamento no Brasil, nos quais
os autores fizeram referência às reuniões, encontros e periódicos mais representativos para a
Análise do Comportamento; além de outros periódicos brasileiros (Psicologia: Teoria e
Pesquisa; Cadernos de Análise do Comportamento; Temas em Psicologia; Psicologia USP;
33
Ciência e Cultura; Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva; Revista
Brasileira de Análise do Comportamento). As autoras obtiveram informações sobre: (a)
número de publicações de cada autor; (b) filiação; (c) modalidade de Educação; (d) tipo de
artigo; (e) tipo de pesquisa; (f) participantes; (g) ambiente; (h) agente de mudança ou de
observação de comportamentos; (i) procedimento; (j) tema. Dentre os resultados, pontuaram
que a produção da Análise do Comportamento referente à Educação apresentou um
crescimento ao longo das décadas, e que um polo produtor de pesquisas em Análise do
Comportamento referentes à Educação se destacou a região Sudeste. Verificaram um
crescimento no número de pesquisas cujo alvo da mudança ou foco de intervenção ou
observação foi linguagem e comportamento de ensino. A maior incidência de publicações foi
o de relato de pesquisa, de pesquisa aplicada e de estudo experimental. A escola foi o
ambiente mais frequente nas publicações, sendo o pesquisador o agente da mudança ou de
observação do comportamento. O procedimento mais utilizado nas pesquisas em Análise do
Comportamento referentes à Educação foi o procedimento para estabelecimento de controle
de estímulos específicos sobre repertórios, ressaltando que nenhuma pesquisa utilizou o
procedimento para enfraquecimento de repertórios. Na modalidade Educação Regular, a mais
frequente nas pesquisas examinadas, observou-se que alunos da pré-escola foram os
participantes mais frequentes.
Considerando o conjunto de estudos apresentados, em relação aos procedimentos
metodológicos, verifica-se que os trabalhos, em sua maioria, utilizaram resumos, tanto de
artigos de periódicos quanto de dissertações e teses. Del Rey (2005), por sua vez, ampliou
sua coleta utilizando o currículo Lattes de cada pesquisador e indicações de referências,
autores e orientadores por parte de pesquisadores da área da Educação no Brasil. Em relação
à origem dos documentos, houve a utilização de periódicos internacionais - Journal of
Applied Behavior Analysis (e.g., Marmo, 2002; Maud, Guedes & Azzi, 2002), Journal of
Behavioral Education (e.g., Mendonça, 2016) e das bases de dados PsycNET e Science Direct
(e.g., Gonçalves, 2017) - e periódicos, teses e dissertações publicadas no Brasil (e.g., Freitas,
1987; Angelucci et al., 2004; Barretto & Sousa, 2004; Del Rey, 2005; Nakano & Wechsler,
2007; Rodrigues & Moroz, 2008; Guimarães, 2011; Nicolino & Zanotto, 2011; Dazzani et
al., 2014).
34
Em relação às temáticas abordadas, os estudos apresentaram variedade de temas,
como por exemplo: ciclos e progressão escolar (Barreto & Sousa, 2004), fracasso escolar
(Angelucci et al., 2004), criatividade (Nakano & Wechsler, 2007), alfabetização (Guimarães,
2011) e queixa escolar (Dazzani et al., 2014), havendo apenas uma revisão que priorizou o
estudar (Rosário et al., 2014).
Focalizando especificamente os estudos com base na Análise do Comportamento, os
temas abordados foram: Educação e a Análise do Comportamento (e.g., Freitas, 1987;
Marmo, 2002; Nicolino & Zanotto, 2011; Mendonça, 2016), formação de professores (e.g.,
Rodrigues & Moroz, 2008), habilidade de leitura (Maud, Guedes & Azzi, 2002),
comportamento matemático (Del Rey, 2005) e comportamentos acadêmicos ensinados em
sala de aula (Gonçalves, 2017), não se identificando nenhum estudo que tivesse focado a
produção científica sobre o estudar.
Referente às informações gerais obtidas nos estudos, verificou-se: autor; filiação;
ano; país; revista; participantes; tipos de pesquisa; ambiente; tema de estudo; agente de
mudança ou de observação de comportamentos; delineamento utilizado na intervenção;
variáveis experimentais e de observação; procedimento utilizado; “modalidade da
Educação”, “presença de dados de generalização”; “presença de dados de
manutenção/follow-up”, “presença de dados de fidedignidade/integridade”, “presença de
dados de validade social”; “intervenção - medidas e consequências” e “índice de desistência”.
Pelo exposto, fica claro que: (a) o estudar e o seu ensino tem sido sistematicamente
ignorado pelas escolas; (b) o ensino do estudar é importante para a formação de alunos
autônomos; (c) há escassez de revisões de literatura a respeito do estudar, na área da
Educação e da Psicologia e; (d) há ausência de revisões de literatura brasileira com base na
Análise do Comportamento. A presente pesquisa pretendeu responder aos seguintes
questionamentos:
(a) O que vem sendo pesquisado pela comunidade científica brasileira sobre o estudar?
(b) O que vem sendo pesquisado pela comunidade científica brasileira da Análise do
Comportamento sobre o estudar?
(c) Quais são as características das intervenções visando o ensino do estudar?
35
Para responder às questões propostas, foram realizados três estudos. No Estudo 1,
realizou-se a análise da produção científica brasileira sobre o estudar. No Estudo 2 foi
realizada a análise da produção científica brasileira da Análise do Comportamento sobre o
estudar. No Estudo 3 foram focalizadas pesquisas que realizaram intervenções para ensinar
o estudar, analisando suas características.
36
ESTUDO 1
Teve-se por objetivo fornecer um panorama da produção científica brasileira sobre o
estudar.
MÉTODO
Seleção dos Documentos
Os documentos foram resumos de artigos. Eles foram selecionados a partir da
consulta a home page das seguintes bases de dados: Portais SciELO10 e PePSIC11,
consideradas como as bases representativas de publicações do Brasil. A busca nesses portais
indexadores de revistas nacionais foi iniciada no dia 08/05/2016 e finalizada no dia
17/03/2017, sem limite temporal, tendo em vista localizar o maior número possível de
documentos sobre o estudar.
10 O Scientific Electronic Library Online (SciELO) é o portal de revistas brasileiras que organiza e publica
online textos completos de revistas científicas de diferentes áreas do conhecimento, incluindo Psicologia e
Educação. Produz e divulga indicadores do uso e impacto desses periódicos. A SciELO é o resultado de um
projeto de pesquisa da FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, em parceria com a
BIREME - Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde. A partir de 2002, o
Projeto conta com o apoio do CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. 11 O PePSIC é um portal de Periódicos Eletrônicos de Psicologia, fonte da Biblioteca Virtual em Saúde -
Psicologia da União Latino-Americana de Entidades de Psicologia (BVS-Psi ULAPSI) e fruto da parceria entre
Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira (FENPB), Biblioteca Dante Moreira Leite do Instituto
de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP/USP) e do Centro Latino Americano e do Caribe de Informação
em Ciências da Saúde - BIREME, que cedeu a metodologia - SciELO - modelo de publicação eletrônica de
periódicos para países em desenvolvimento.
37
Estratégias de Busca
Diferentes estratégias de busca foram desenvolvidas para cada base de dados, a
depender dos campos disponíveis para pesquisa e de sua especificidade para a busca.
Estratégia 1
Inicialmente, ao acessar a home page da base SciELO e da base PePSIC, os termos
utilizados foram: “estudar”, “comportamento de estudar”, “comportamento de estudo”,
“hábito de estudar”, “hábito de estudo”, “comportamento acadêmico”, “repertório
acadêmico”, “repertório de estudo”, “repertório de estudar”, “autogoverno”, “autogoverno
intelectual”, “método de estudar”, “método de estudo”, “habilidade de estudar”, “habilidade
de estudo”, “habilidade acadêmica”, “técnica de estudo”, “técnica de estudar” - e todas as
variações relacionadas ao plural de cada palavra (i.e., “métodos de estudos”, “métodos de
estudo”, “método de estudos”). Além dessa estratégia, cruzamentos foram realizados:
“autogoverno” X “estudar”, “autogoverno” X “estudo”, “aprender” X “aprender”,
“aprender” X “estudar”, “aprender” X “estudo”, “ensinar” X “estudar”, “ensinar” X
“estudo”, “atitude” X “estudar”, “atitude” X “estudo” - e todas as variações relacionadas ao
plural de cada palavra (i.e., “autogoverno” X “estudos”, “atitudes” X “estudar”).
Todos os termos foram inseridos no campo de busca da base SciELO, selecionando
os seguintes índices disponíveis: resumo, periódico e título. Filtros adicionais também foram
utilizados: “Coleção” e “Tipo de Literatura”, selecionando, respectivamente, “Brasil” e
“Artigo”, visto que se buscava apenas as publicações brasileiras.
Em relação à base PePSIC, tais termos foram inseridos no campo de busca,
selecionando os seguintes índices disponíveis: palavras do título, assunto e resumo.
Todos os títulos de todos as publicações obtidas foram lidos, excluindo-se os títulos
que não estavam de acordo com os objetivos da pesquisa.
Estratégia 2
As publicações cujos títulos estavam de acordo com os objetivos da pesquisa foram
selecionadas e suas respectivas palavras-chaves foram lidas. A partir da consulta às palavras-
chave das publicações selecionadas, novos termos foram incorporados, sendo eles:
“estratégia de estudar”, “estratégia de estudo”, “estratégia de aprender”, “estratégia de
38
aprendizagem”, “técnicas de aprender”, “técnicas de aprendizagem”, “hábito de aprender”,
“comportamento de aprender”, “método de aprender”, “habilidade de aprender”,
“aprendizagem autorregulada 12”, “autorregulação da aprendizagem” - e todas as variações
relacionadas ao plural de cada palavra (i.e., “comportamentos de aprender”, “estratégias de
aprendizagem”). Outros cruzamentos também foram realizados: “comportamento” X
“aprendizagem”, “autogoverno” X “aprender”, “autogoverno” X “aprendizagem”,
“método” X “aprendizagem”, “aprender” X “aprendizagem”, “ensinar” X “aprender”,
“ensinar” X “aprendizagem”, “atitude” X “aprender”, “atitude” X “aprendizagem” - e todas
as variações relacionadas ao plural de cada palavra (i.e., “comportamentos” X
“aprendizagem”, “atitudes” X “aprender”).
Utilizando-se esses novos termos, foi complementada a busca nas bases de dados
SciELO e PePSIC. A Tabela 2, a seguir, apresenta em cada base de dados, os índices nos
quais esses termos foram pesquisados, filtros adicionais utilizados e a quantidade de
publicações localizadas.
Tabela 2. Quantidade de documentos localizados nas bases de dados.
12 Os termos “autorregulação da aprendizagem” e/ou “aprendizagem autorregulada” foram considerados nesse
presente trabalho como sinônimos de estudar - pois, segundo Coser (2009; 2013), a autorregulação da
aprendizagem é um conceito cognitivista/construtivista e pode ser relacionado com o conceito de autogoverno
de Skinner e com o comportamento de estudar na Análise do Comportamento. A autora, citando Rosário, Nuñez
e Gonzáles-Pienda (2007), afirma que a autorregulação da aprendizagem é um processo ativo, voluntário e
consciente, na qual, as pessoas estabelecem objetivos que norteiam a sua aprendizagem e gerencial seus próprios
comportamentos, similarmente ao que é denominado comportamento de estudar.
Base de Dados Estratégias Índices Filtros Adicionais Resultados
SciELO Estratégia 1
resumo OU
periódico OU
título
Coleção: Brasil e
Tipo de Literatura:
Artigo
196
39
Ao todo, os resumos de 872 publicações foram obtidos em formado PDF. Os resumos
repetidos foram excluídos, permanecendo 412.
Os títulos, resumos e palavras-chave dos 412 foram lidos com o objetivo de selecionar
os documentos para a análise do presente trabalho, seguindo os seguintes critérios de
elegibilidade.
Critérios de inclusão
Resumos que abordam o comportamento de estudar como foco do estudo, ou seja,
que teorizam sobre, descrevem características, ensinam e/ou detalham o estudar ao longo da
publicação. A seguir, a Figura 2 ilustra um dos resumos que foram incluídos.
SciELO Estratégia 2
resumo OU
periódico OU
título
Coleção: Brasil e
Tipo de Literatura:
Artigo
65
PePSIC Estratégia 1
palavras do
título OU
assunto OU
resumo
--- 432
PePSIC Estratégia 2
palavras do
título OU
assunto OU
resumo
--- 179
Total: 872
40
Figura 2. Resumo incluído a partir dos critérios de inclusão.
Critérios de exclusão
Resumos que, apesar de citar, não tem como foco o estudar, pois priorizam outros
temas: desempenho acadêmico, aspectos emocionais e motivacionais, formação de
professores, alfabetização, entre outros, ou até mencionam estratégias de aprendizagem no
trabalho, por pesquisadores, por exemplo. A seguir, a Figura 3 ilustra um dos resumos que
foram excluídos da amostra.
Figura 3. Resumo excluído a partir dos critérios de exclusão.
Após a aplicação dos critérios de inclusão, exclusão e de conferência entre
pesquisador e orientadora, foram selecionadas 82 publicações (Apêndice 1).
O fluxograma apresentado na Figura 4 mostra o número de documentos selecionados
e eliminados em cada um dos estágios da busca na literatura.
41
Extração das Informações
Os resumos das 82 publicações localizadas foram lidos e as informações registradas
(utilizando-se uma planilha do software Microsoft Excel® - exemplo da planilha no Apêndice
4) e classificadas em categorias desenvolvidas para permitir e fornecer um panorama do que
a comunidade científica brasileira tem produzido sobre o estudar. A Tabela 3 informa as
categorias utilizadas, bem como suas descrições.
Tabela 3. Categorias e respectivas descrições.
Categorias Subcategorias e Descrição
Bibliografia
- Autores: nome de todos os autores.
- Ano: ano de publicação do artigo.
- Revista: revista em que foi publicado.
Figura 4. Fluxograma do processo de seleção dos documentos.
42
- Filiação: instituição a que pertencem os autores.
- Área de estudo: área do curso dos autores das publicações.
- País: país da instituição a que os autores pertencem.
- Região: região da instituição a que os autores pertencem.
Abordagem da
Psicologia13
- Descrição da abordagem da Psicologia utilizada em cada pesquisa:
behaviorista radical, comportamental-cognitiva, psicologia cognitiva,
construtivista, entre outras.
Tipo de pesquisa -
baseando-se nos
estudos de Andery e
Micheletto (2000),
Gianfaldoni e Moroz
(2002), Luna (2002)
e Andery (2010)
- Descritiva14: pesquisas que produzem conhecimentos sobre eventos,
procedimentos e técnicas, sem manipulação de variáveis.
- Correlacional15: pesquisa que tem por foco identificar/mensurar a
relação entre variáveis (com uso de parâmetros estatísticos) sem que
haja a intervenção do pesquisador.
13 Cabe informar que a identificação não foi realizada apenas por meio da menção direta da abordagem nos
resumos de cada publicação, conforme foi feito por Manrique (2016) e Zaclis (2016), havendo também a
identificação indireta da abordagem a partir de conceitos relacionados a cada teoria: “aprendizagem
autorregulada” - conceito utilizado pela Psicologia Cognitiva (cf. Coser, 2009; 2013; Boruchovitch, 2014);
“reforçamento” - conceito utilizado pelo Behaviorismo Radical/Análise do Comportamento (cf. Skinner, 1953;
Tourinho, 1999). Já em relação à Terapia Comportamental-Cognitiva (TCC), foi identificada nos resumos
apenas por menções diretas, pois, nesse caso, evitou-se um possível “risco metodológico” ao confundir a
Terapia Comportamental-Cognitiva à abordagem do Behaviorismo Radical por conta da
similaridade/aproximação de conceitos e processos comportamentais. De acordo com Costa (2002), há pelo
menos dois tipos de movimento em relação às duas abordagens: (1) um integracionista, que busca unir as
abordagens de base analítico-comportamentais e cognitivo-comportamentais; (2) outro que determina a
impossibilidade de integração, para a qual as diferenças epistemológicas, conceituais e de atuação são extensas
demais, sendo possíveis apenas aproximações superficiais.
14 De acordo com Andery e Micheletto (2000), Gianfaldoni e Moroz (2002), Luna (2002) e Andery (2010). 15 Segundo Gianfaldoni e Moroz (2002) não há um consenso entre os autores sobre a classificação das pesquisas
correlacionais, havendo autores que os colocam como descritivas e outros que os diferenciam como um tipo à
parte das descritivas e experimentais. No presente estudo, optou-se por diferenciá-las das pesquisas descritivas.
43
- Experimental16: pesquisa que tem por foco o estudo de relação entre
variáveis, com manipulação de VI por parte do pesquisador, com
controle de grupo ou de sujeito único.
- Intervenção não-experimental17: tem como foco produzir mudanças
em grupos, indivíduos, instituições, sem controle experimental.
- Conceitual18: pesquisas que apresentam reflexões sobre o estudar,
sendo:
- Conceitual Teórica: que reflete sobre os conceitos e
pressupostos teóricos (Análise do Comportamento, Psicologia
Cognitiva, entre outros).
- Conceitual Metodológica: que focaliza procedimentos
metodológicos.
- Conceitual Histórica: que trata da evolução/desenvolvimento
dos conceitos e pressupostos teóricos.
Instrumento de
Coleta de Dados
- Identificação dos instrumentos utilizados na pesquisa: entrevistas,
questionários, observação, testes, entre outros.
Participantes da
pesquisa
- Número de participantes: quantidade de participantes.
- Tipo de participantes: adolescentes, crianças e/ou alunos; agente
educacional; mães; pais; professores.
- Escolaridade: Pré escola, Fundamental I: 1o a 5o ano, Fundamental II:
6o a 8o ano, Ensino Médio: 1o ao 3o ano, Graduação, Pós-graduação,
Ensino Técnico, Cursos abertos, sem escolaridade informada.
- Gênero: masculino, feminino ou ambos.
16 De acordo com Andery e Micheletto (2000) e Luna (2002).
17 Segundo Gianfaldoni e Moroz (2002).
18 Conforme Andery e Micheletto (2000) e Andery (2010).
44
- Dificuldade (quando alunos): dificuldade/problema no estudo; falta
de hábitos de estudo; falta de pré-requisitos de conteúdo; sem
dificuldade.
Modalidade
educativa
- Regular
- Inclusiva
- Especial
- Instituição pública, federal ou social
Setting
- Sala de aula.
- Fora da sala de aula (corredor, biblioteca, etc).
- Sala separada/segregada.
- Múltiplos locais.
- Outros locais não informados.
45
RESULTADOS
Os dados foram extraídos de cada um dos resumos das 82 publicações (Apêndice 1).
A seguir, são apresentados os dados bibliográficos. Inicia-se pela curva acumulada das
publicações sobre o estudar.
Figura 5. Curva acumulada das publicações sobre o estudar.
Conforme ilustra a Figura 5, em um período de 10 anos (de 1993 a 2003) poucos
artigos sobre o estudar foram publicados em revistas nacionais (n = 6). Contudo, no ano de
2004, nove artigos foram publicados, superando a produção científica brasileira dos 10 anos
anteriores. A partir do ano de 2004, há um crescimento da produção de publicações (exceção
de uma queda no ano de 2009 com três artigos) com uma média aproximada (n = 6,33) de
seis publicações por ano, indicando que o estudar passou a ser alvo de estudo sistemático
pela comunidade científica. Foram identificados alguns picos de produção, tais como, os anos
de 2008, 2010 e 2015 com 9 artigos. Verifica-se que, aproximadamente, um terço da
produção científica (n = 27) brasileira foi publicada nesses anos especificados.
A seguir, o número de publicações constantes por autor.
46
Tabela 4. Publicações por autor (em porcentagem e número).
Ao todo, 203 autores diferentes participaram da publicação dos 82 resumos. A Tabela
4 mostra que há uma preeminência de autores que participaram de apenas uma publicação
(84,7%), seguido de autores que estiveram presentes em duas publicações (10,3%). Observa-
se também que apenas um autor participou de mais de cinco publicações (0,5%).
Especificando os 10 autores que mais publicaram (a partir de três publicações), segue
a Figura 6.
Figura 6. Publicações dos autores que mais publicaram (em número).
Nota. Foram selecionados os autores que publicaram, no mínimo, três artigos.
A Figura 6 evidencia que Evely Boruchovitch é a pesquisadora que mais contribuiu
com a produção de artigos sobre o estudar, com uma média aproximada (n = 0,86) de um
artigo por ano entre 1993 a 2015, perfazendo 19 artigos produzidos (com e sem coautorias).
Autores % nAutores com mais de 5 publicações 0,5% 1Autores com 5 publicações 1,0% 2Autores com 4 publicações 2,0% 4Autores com 3 publicações 1,5% 3Autores com 2 publicações 10,3% 21Autores com 1 publicação 84,7% 172Total de autores 100,0% 203
47
Dois autores publicaram, cada um, cinco artigos (com e sem coautorias): Elis Regina
da Costa e Leandro da Silva Almeida.
Verifica-se na Figura 6, pois, que uma parcela significativa da produção nacional
sobre o estudar tem a contribuição de um pesquisador (Evely Boruchovitch), com seus
orientandos19 (Elis Regina da Costa e Katya Luciane de Oliveira, que publicou três artigos),
evidenciando-se a forte presença de um grupo de pesquisa específico (da Universidade
Estadual de Campinas).
Em relação ao número de publicações por universidade/instituição, a Tabela 5 elenca
a seguir tais dados.
Tabela 5. Publicações por universidade/instituição (em porcentagem e número).
Ao todo, 51 universidades/instituições publicaram os 82 resumos. A Tabela 5 revela
que a grande maioria das universidades/instituições realizaram apenas uma publicação
(72,5%), seguido de universidades/instituições que realizaram de 2 a 4 publicações (17,6%).
Observa-se também que apenas duas universidades/instituições realizaram mais de 11
publicações (3,9%).
Especifica-se, a seguir, o número de publicações das 9 universidades que mais
publicaram.
19 Informação obtida por meio da consulta ao currículo dos autores na Plataforma Lattes (http://lattes.cnpq.br/).
Universidades/instituições % nUniversidades/instituições com 11 ou mais publicações 3,9% 2Universidades/instituições com 8 a 10 publicações 2,0% 1Universidades/instituições com 5 a 7 publicações 3,9% 2Universidades/instituições com 2 a 4 publicações 17,6% 9Universidades/instituições com 1 publicação 72,5% 37Total de universidades/instituições 100,0% 51
48
Figura 7. Publicações das nove universidades que mais publicaram (em número).
Notas. Quando a publicação continha dois ou mais autores da mesma universidade, apenas
uma universidade foi contabilizada por publicação; quando autores de um mesmo artigo
pertenciam a diferentes universidades, elas foram contabilizadas.
Foram contabilizadas as universidades que publicaram, pelo menos, três resumos.
Apurou-se que das 51 universidades/instituições, 37 publicaram um único estudo
(Universidade da Madeira, Centro Universitário Salesiano de São Paulo, Universidade de
Alfenas, Prefeituras Municipais de Louveira e de Vinhedo, Instituto Federal do Sudeste de
Minas Gerais, Banco do Brasil, Universidade Estadual do Ceará, entre outras).
Das 51 universidades/instituições, destacaram-se nove universidades que publicaram
três ou mais trabalhos. Conforme mostra a Figura 6, dentre as universidades que mais
produziram, destacam-se quatro universidades, sendo três brasileiras e uma portuguesa.
Verificou-se que foram 22 publicações pela Universidade Estadual de Campinas, 14 pela
Universidade Estadual de Londrina, nove pela Universidade do Minho e sete pela
Universidade São Francisco.
A Figura 8 ilustra as áreas de estudo associadas às universidades/instituições dos
autores das 82 publicações.
49
Figura 8. Áreas de estudo das universidades/instituições (em porcentagem).
Foram registradas 238 menções a áreas de estudo relacionadas às 51
universidades/instituições. Analisando a Figura 8, verifica-se que há um predomínio da área
de Psicologia (84%); dentre as diferentes áreas de estudo, a área da Educação apresentou
apenas 8,4% das menções.
Figura 9. Países a que pertencem as universidades/instituições (em porcentagem).
Focalizando os países das universidades/instituições, a Figura 9 evidencia que, apesar
do predomínio de universidades/instituições brasileiras (84,9%), há participação de autores
50
de universidades estrangeiras, particularmente de portuguesas (11,3%), dentre as 238
menções contabilizadas. Especificando os estados de todos os países e as regiões brasileiras,
seguem, respectivamente, as Figuras 10 e 11.
Figura 10. Menções aos estados a que pertencem as universidades/instituições (em número).
Figura 11. Regiões às quais pertencem as universidades/instituições brasileiras (em
porcentagem).
51
Verifica-se, na Figura 10, que há predomínio do estado de São Paulo (n = 98), seguido
pelo Paraná (n = 34), Paraíba (n = 17) e pelo estado de Braga (n = 23), dentre as 238 menções
contabilizadas.
A Figura 11 complementa a análise, ilustrando o predomínio da região Sudeste
(54,7%), seguido pela região Sul (24,1 %) e pela Nordeste (14,8%), dentre as 202 menções
contabilizadas, visto que foram retiradas as 36 menções de estados fora do Brasil (Astúrias,
Braga, Corunha, Covilhã, Évora, Funchal, Galícia e Trondheim).
Finalizando os dados bibliográficos, são apresentadas as revistas brasileiras em que
os autores mais publicaram, conforme a Figura 12.
Figura 12. Revistas científicas brasileiras nas quais os autores mais publicaram (em número).
Notas. Foram identificadas as revistas que tiveram, no mínimo, 3 publicações; as revistas
com 1 ou 2 publicações foram inseridas no item “Demais revistas”.
A Figura 12 mostra que não há um predomínio de revistas em que foram publicados
os 82 resumos sobre estudar e, sim, dispersão por um número grande de revistas.
52
A maior parte das revistas (n = 38) publicou até dois artigos, sendo inseridas na
categoria “Demais revistas” (Revista Brasileira de Enfermagem, Psicologia Ensino &
Formação, Educação & Realidade, Contextos Clínicos, Revista de Administração
Mackenzie, Revista Psicopedagogia, Revista Brasileira de Orientação Profissional, entre
outras).
Verifica-se que a Revista Psicologia Escolar e Educacional (n = 13) é a que concentra
o maior número de publicações, seguindo-se a Revista Psicologia: Reflexão e Crítica (n = 7)
e a Revista Avaliação Psicológica (n = 7).
Em suma, do exposto até o momento, pode-se afirmar que as publicações sobre
estudar estão em ascensão desde o ano de 2004, entretanto, muito concentradas em um grupo
específico de pesquisa (da Universidade Estadual de Campinas) sob a orientação de Evely
Boruchovitch, visto que a grande maioria dos autores, universidades e instituições
publicaram apenas uma vez. Por essa influência de Boruchovitch, a região Sudeste é a região
em que mais se produz, especificamente o estado de São Paulo, cabendo destacar também a
influência de outras regiões nacionais e estrangeiras, representadas, respectivamente, pelos
estados do Paraná e Paraíba e pelo estado de Braga (Portugal).
A área de Psicologia é a predominante, sendo que a da Educação possui poucas
publicações sobre o estudar. As publicações são realizadas em inúmeras revistas, havendo
uma pequena concentração em três periódicos: Revista Psicologia Escolar e Educacional,
Revista Psicologia: Reflexão e Crítica e Avaliação Psicológica.
Dando continuidade à análise da produção científica sobre o estudar, serão
focalizados: “Abordagem da Psicologia”, “Tipo de pesquisa” e “Instrumento de coleta de
dados”.
53
Figura 13. Abordagens da Psicologia (em porcentagem).
Nota. A abordagem referente a cada publicação foi verificada e contabilizada a partir de sua
menção direta pelo autor e de conceitos mencionados no resumo.
Na Figura 13, fica evidente que, nos 82 resumos analisados, há preponderância da
Psicologia Cognitiva (80,5% dos trabalhos), sendo que a abordagem behaviorista radical e a
comportamental-cognitiva aparece como suporte de poucos trabalhos (14,6% e 4,9%,
respectivamente), não havendo referências a outras abordagens.
Expõe-se, a seguir, a Figura 14 que especifica os tipos de pesquisa.
54
Figura 14. Tipos de pesquisa (em número).
Nota. Cada artigo foi relacionado a apenas um tipo de pesquisa.
Segundo a Figura 14, das 82 publicações, 19 referem-se a pesquisas descritivas e 19
a pesquisas correlacionais, que somadas (n = 38) representam quase metade das 82
publicações. Observa-se a forte presença de pesquisas conceituais, sendo 16 delas teóricas e
12 metodológicas (n = 28). Verifica-se, pois, que em torno de 80% das publicações referem-
se a estudos que não tem como objetivo intervir para ensinar o participante a estudar. De fato,
poucas pesquisas (n = 16) têm caráter interventivo (experimentais de sujeito único e de grupo
e intervenções não-experimentais).
Há sim, um predomínio de pesquisas que descrevem e enumeram uma série de
comportamentos de estudar a serem emitidos pelo estudante, pelos pais e outros agentes
educativos em situações de avaliação e de estudo, além da concepção/significado a respeito
do que é o estudar para os participantes das pesquisas. Muitos estudos correlacionais também
são realizados, priorizando a busca de correlação entre os comportamentos de estudar e uma
série de variáveis, tais como: aspectos emocionais, o comportamento de pedir ajuda,
motivação, processos cognitivos, desempenho acadêmico, gênero, estilos parentais e de
aprendizagem e habilidades educativas parentais.
55
Os estudos conceituais se concentram em promover debates teóricos sobre o
comportamento de estudar e sua possível relação com o envolvimento parental e dos
professores, desempenho escolar, motivação, processos cognitivos e projetos de intervenção
a serem realizados para o desenvolvimento do comportamento de estudar. Além dessas
discussões, publicações também focam a construção e validação de instrumentos de
avaliação do estudar, com estudos metodológicos.
Sobre a etapa de coleta de dados, tendo como referência os 82 resumos, a Figura 15
indica os instrumentos utilizados e a Figura 16 especifica quais foram os instrumentos
padronizados.
Figura 15. Instrumentos de coleta de dados mencionados (em número).
Nota. Uma publicação pode ter mencionado mais de um tipo de instrumento.
56
Figura 16. Tipos de instrumentos padronizados (em número).
Nota. Foram selecionados os instrumentos citados, no mínimo, duas vezes.
Como pode ser observado na Figura 15, das 82 publicações, em três não houve
manifestação sobre os instrumentos para a obtenção dos dados e uma foi inserida na categoria
“Outros”, visto que não foi identificado com clareza o tipo de instrumento utilizado. Dos 78
restantes houve menção a 111 procedimentos. Constata-se, a partir da Figura 14, que das 111
menções, quase metade refere-se à utilização de instrumentos padronizados (n = 47),
formados por escalas, testes e inventários. Também, destaca-se o uso de documentos (n =
16), aplicação de questionários (n = 17) e da observação (n = 15).
Pormenorizando os instrumentos padronizados (n = 47), a Figura 16 retrata que há
primazia da Escala de Estratégias de Aprendizagem. Verifica-se que muitos outros
instrumentos foram citados de forma única (i.e., Escala de Avaliação da Estratégia de Pedir
Ajuda no Contexto Escolar, Escala de Engajamento Escolar, Escala de Envolvimento
Acadêmico, Escala de Hábitos de Estudo, Inventário de Estilos Parentais, Study Skills
Checklist, entre outros), indicando a diversidade da utilização de instrumentos padronizados.
A partir do presente momento, serão focalizados os resumos referentes às 66
pesquisas, excetuando as pesquisas conceituais teóricas que não utilizam participantes.
57
Partindo para a categoria “Participantes da pesquisa” e suas subcategorias, a Tabela 6
apresenta os tipos de participantes.
Tabela 6. Tipos de participantes informados nas 66 publicações (em porcentagem e número).
Nota. Mais de um tipo de participante pode ter sido mencionado em uma mesma publicação.
A Tabela 6 indica que foram feitas 76 menções a participantes. Observa-se que os
mais frequentemente citados foram os alunos, formados por crianças, adolescentes e adultos
(78,9%); seguido pelos professores (10,5%), pais (5,3%) e mães (5,3%).
Continuando o detalhamento a respeito dos participantes, a Figura 17, a seguir, ilustra
o gênero deles.
Figura 17. Gênero dos participantes (em porcentagem).
Participantes % nAlunos (crianças, adolescentes e adultos) 78,9% 60Mães 5,3% 4Pais 5,3% 4Professores 10,5% 8Total 100,0% 76
58
Conforme a Figura 17 revela, verifica-se que das 76 menções a participantes, em
15,8% delas não foi informado o gênero dos participantes. Quando informado (84,2%), na
maioria, os participantes eram de ambos os gêneros (80,3%), sendo irrisório o número de
menções a participantes do gênero masculino ou do gênero feminino, apenas (3,9%).
No tocante ao número de participantes, em 21 das 76 menções aos participantes não
havia essa informação. A Tabela 7 apresenta as informações sobre o grupo com menor
número de participantes; a Tabela 8 apresenta informações sobre o grupo com maior número
de participantes.
Tabela 7. Grupo com menor número de participantes (em número).
Tabela 8. Grupo com maior número de participantes (em número).
A partir das duas tabelas, verifica-se que foram feitas 14 menções a, no máximo, 100
participantes e 41 menções acima de 100 participantes.
A Tabela 7 mostra que, em pesquisas com até 100 participantes, há predomínio das
que tiveram entre 1 a 10 participantes (n = 7) e, em pesquisas com mais de 100 participantes
(Tabela 8), há uma concentração das que tiveram entre 100 e 300 (n = 22) e de 301 a 600
participantes (n = 10).
Número de participantes n1 a 10 711 a 20 121 a 30 231 a 40 241 a 100 2Total 14
Número de participantes n100 a 300 22301 a 600 10601 a 900 4901 a 1200 4Acima de 1200 1Total 41
59
A escolaridade dos participantes é listada pela Tabela 9, a seguir.
Tabela 9. Escolaridade dos participantes (em porcentagem e número).
De acordo com a Tabela 9, nota-se que 16 (21,1%) das 76 menções sobre
participantes, não apresentaram a informação em relação à escolaridade. Focando-se nas
pesquisas que informaram a escolaridade, foram mais frequentes participantes do Ensino
Superior (48,7%) e do Ensino Fundamental (23,7%).
Referente às características dos participantes alunos (n = 60), procurou-se identificar
se tinham dificuldades. As informações são apresentadas na Figura 18, a seguir.
Figura 18. Menção às dificuldades dos participantes alunos (em porcentagem).
Nota. Foram excluídos os demais participantes: pais, mães e professores.
Escolaridade % nEnsino Fundamental 23,7% 18Ensino Médio 3,9% 3Ensino Técnico 1,3% 1Ensino Superior 48,7% 37Cursinho 1,3% 1Não informado 21,1% 16Total 100,0% 76
60
Analisando a Figura 18, observa-se que que há predomínio de trabalhos que
descrevem os participantes como não apresentando dificuldades (90,8%) e uma porcentagem
mínima que descreve os participantes como tendo dificuldade de aprendizagem (2,6%) e
fracasso escolar/reprovação (6,6%).
Finalizando a categoria “Participantes da pesquisa”, apresentam-se as Tabelas 10 e
11, a seguir, que descrevem a “Modalidade educativa” e o “Setting”.
Tabela 10. Modalidade educativa (em porcentagem e número).
Tabela 11. Setting das pesquisas (em porcentagem e número).
Como se pode observar em ambas as tabelas, em parte dos resumos (26,3% e 14,5%,
respectivamente) não há informação sobre a modalidade educativa e o setting.
Observa-se na Tabela 10 que há predomínio do Ensino Regular, sendo uma parte não-
especificado (23,7%). Quando especificado, verifica-se leve predomínio do ensino público
Modalidade educativa % nEnsino Regular não-especificado 23,7% 18Ensino Regular particular 18,4% 14Ensino Regular público 26,3% 20Instituição pública, federal ou social 3,9% 3Cursinho 1,3% 1Modalidade não-informada 26,3% 20Total 100,0% 76
Setting % nSala de aula 68,4% 52Sala da instituição 3,9% 3Casa 3,9% 3Empresa 1,3% 1Online 1,3% 1Sala do pesquisador 6,6% 5Local não informado 14,5% 11Total 100,0% 76
61
(26,3%), comparativamente ao particular (18,4%). Em relação ao setting (Tabela 11), há
predomínio de pesquisas realizadas em sala de aula (68,4%).
Em síntese, do que foi exposto até o momento, verifica-se que há dominância de
pesquisas descritivas, correlacionais e conceituais, em detrimento de pesquisas que realizam
a intervenção sobre o estudar. O debate teórico e metodológico está presente, tanto em
relação à descrição de como ocorre o estudar, quanto na validação/construção de
instrumentos sobre o estudar e na busca de expectativas, representações e significados sobre
esse comportamento, tendo como suporte a Psicologia Cognitiva, em detrimento de outras
abordagens. Há elevada presença de aplicação de instrumentos padronizados (escalas, testes
e inventários) e questionários, priorizando a busca de variáveis correlacionadas ao estudar.
Quanto ao Behaviorismo Radical, foi a vertente teórica que deu suporte a apenas 15% das
pesquisas sobre o estudar.
Em relação aos participantes, verificou-se que a maior parte das pesquisas teve
elevado número de participantes (de 100 a 600) com predomínio da utilização de grupos de
alunos (crianças, adolescentes e adultos) de ambos os gêneros do Ensino Fundamental e/ou
Superior no Ensino Regular e que não possuem nenhum tipo de dificuldade e/ou diagnóstico.
Sobre o setting, as pesquisas são realizadas em sua maioria dentro da sala de aula.
62
DISCUSSÃO
Teve-se por objetivo fornecer um panorama da produção científica brasileira sobre o
estudar e, para tanto, foram analisados 82 resumos.
Dados bibliográficos
Tendo por referência o número acumulado de publicações, pode-se afirmar que em
10 anos (1993 a 2003) se teve escassez de publicações (n = 6). Tal dado pode estar
relacionado com o próprio recorte do estudo, visto que se concentrou na localização de
artigos em portais online, havendo a possibilidade de existir uma produção científica offline
não localizada, principalmente referente às décadas de 90 e anteriores.
Considerando-se a produção online, verificou-se um crescimento das publicações a
partir do ano de 2004 com uma média aproximada (n = 6,33) de seis publicações por ano,
indicando que o estudar passou a ser alvo de estudo sistemático pela comunidade científica.
Se comparados esses resultados de 2001 a 2011 com os obtidos por Rosário et al. (2014),
verifica-se que a produção encontrada no presente trabalho é maior. Rosário et al. (2014),
nesse período de 11 anos, encontrou 28 artigos, enquanto, no presente trabalho foram
localizados 53. Tais resultados podem estar relacionados com os seguintes aspectos: (a)
maior variação de termos de busca (i.e., estudar, estudo, comportamento de estudar,
comportamento de estudo, autogoverno intelectual, técnicas de estudar, técnicas de estudo,
além dos termos relacionados à autorregulação da aprendizagem); (b) não delimitação do
recorte temporal; (c) no estudo de Rosário et al. (2014), não se tinha como objetivo realizar
uma revisão sobre o estudar e sim, sobre a autorregulação da aprendizagem, conceito não
existente na literatura analítico-comportamental e que foi relacionado ao estudar, no presente
estudo, a partir do exposto por Coser (2009; 2013).
Sobre os autores, há predomínio dos que publicaram apenas uma vez, havendo poucos
que publicaram mais de três vezes. É importante informar que autores com maior número de
publicações pertencem a grupos de pesquisa específicos que abordam o estudar, como o
grupo da Universidade Estadual de Campinas e o da Universidade do Minho em Portugal. O
grupo de pesquisa da Universidade Estadual de Campinas tem como liderança, Evely
63
Boruchovitch, pesquisadora que mais contribuiu com a produção de artigos sobre o estudar,
com 19 artigos (com e sem coautorias).
Conforme informado por Oliveira (2005), a partir de entrevista realizada com a
pesquisadora, a Psicologia Cognitiva baseada na Teoria do Processamento da Informação,
tem orientado os trabalhos de Boruchovitch, desde o ano de 1993, focalizando as estratégias
de aprendizagem e os hábitos de estudos de crianças brasileiras do ensino fundamental, a fim
de se tentar caminhar em direção à construção de um conhecimento maior sobre como os
estudantes estudam e aprendem. As pesquisas recentes da referida autora, ainda se voltam
para as estratégias de estudo, buscando também a promoção da motivação dos alunos para
aprender.
Outros dois autores (Elis Regina da Costa e Leandro da Silva Almeida) foram os que
mais publicaram, entretanto, não se verificou a participação deles em grupos de pesquisa
específicos. Elis Regina da Costa se formou em Psicologia pela Universidade Federal de
Uberlândia e fez seu doutorado em Educação com orientação de Evely Boruchovitch pela
Universidade Estadual de Campinas. Publicou os cinco artigos em parceria com ela, focando
o desenvolvimento e avaliação das estratégias de aprendizagem e hábitos de estudos. Leandro
da Silva Almeida se formou em Psicologia pela Universidade do Minho e fez seu doutorado
em Psicologia da Educação pela Universidade do Porto. Publicou cinco artigos, focando a
aprendizagem autorregulada, métodos e competências de estudo.
Referente às universidades que publicaram, houve um predomínio das que
publicaram apenas uma vez. Em relação às que mais publicaram, tem-se como liderança a
Universidade Estadual de Campinas, como mencionado, por conta da professora Evely
Boruchovitch, seguida pela Universidade Estadual de Londrina e pela Universidade do
Minho. Por meio desses dados, verifica-se o quanto é restrita a produção de estudos que
priorizam o estudar, sendo que uma das universidades que mais publica, Universidade do
Minho, é uma universidade estrangeira que realiza pesquisas em cidades de Portugal e
publica em revistas científicas brasileiras.
Sobre esse aspecto da nacionalidade, embora se tivesse a hipótese de que haveria
apenas autores brasileiros publicando sobre o estudar, verificou-se a existência da presença
de Portugal (com a cidade de Braga) e da Espanha (com o principado de Astúrias e da
comunidade da Galícia). Tal aspecto é interessante, pois se verifica o interesse de autores
64
estrangeiros em publicar em revistas brasileiras, talvez, por alguns aspectos: (a) falta de
espaço/possibilidade de publicação em revistas nacionais de Portugal e/ou Espanha; (b)
proximidade/facilidade com a língua portuguesa; (c) consideração da qualidade das revistas
científicas brasileiras. Ao se comparar com os dados de Rosário et al. (2014), considerando
os recortes metodológicos mencionados, verifica-se também, nesse estudo, uma presença
forte do Brasil e Portugal (ambos com seis artigos), como os países que mais apresentaram
publicações na literatura internacional, especificamente, América Latina e Central.
Focando-se nas regiões do Brasil, verifica-se a predominância da região Sudeste,
especificamente o estado de São Paulo, dado bastante comum na grande maioria das
pesquisas que promovem a revisão de literatura brasileira (e.g., Freitas, 1987; Nicolino &
Zanotto, 2001; Barreto & Sousa, 2004; Del Rey, 2005; Nakano & Wechsler, 2007),
demonstrando-se o domínio dessa região, seja por conta de maiores investimentos em relação
aos de outras regiões, seja devido à presença de um número elevado de universidades
públicas e privadas.
Sobre os veículos em que mais se publicou, observou-se uma dispersão por um
número grande de revistas, concentrando-se em revistas de Psicologia, e não de Educação,
quais sejam: Revista Psicologia Escolar e Educacional, Revista Psicologia: Reflexão e Crítica
e Avaliação Psicológica. Na mesma direção, verificou-se maior ênfase à área de Psicologia,
do que à Educação. Portanto, pode-se considerar que o estudar tem sido ignorado tanto pelas
próprias escolas (Pergher et al., 2012; Velasco, 2016), como pelos próprios pesquisadores da
área de Educação.
Embora haja uma série de livros didáticos e de autoajuda que fazem referência ao
estudar (e.g., Matos, 1994; Serafini, 1996; Ribeiro, 2001; Rosário, 2004; Castro, 2015), há
escassez de trabalhos e linhas de pesquisa, na atualidade, que focalizem como objeto de
estudo o estudar na área da Educação. Embora se considere a inter-relação existente entre
Psicologia e Educação, muitos professores formados pela área da Pedagogia, por exemplo,
podem não saber/ter acesso a periódicos de Psicologia, dificultando a propagação e
divulgação dos conhecimentos obtidos para a prática cotidiana nas escolas brasileiras. Com
isso, permanece o “desconhecimento” em massa sobre o estudar, o que reforça práticas e
equívocos relacionados à própria natureza do estudar, tais como: (a) indícios da crença de
que o modo de estudar de cada aluno é uma característica intrínseca (ou inata) de cada pessoa,
65
pouco ou nada sujeita à ação do ambiente e que a escola se limita a oferecer oportunidades
para os alunos exercitarem esse “estudar”; (b) professores que expõem o conteúdo e apenas
checam o que foi aprendido de sua exposição, oferecendo exercícios, textos, slides, vídeos,
entre outros recursos, deixando de lado o ensino do estudar, ou seja, de ações em relação a
esses materiais oferecidos (Cortegoso & Botomé, 2002; Velasco, 2016).
Abordagem da Psicologia
Conforme mencionado acima, os dados do presente trabalho abarcaram tanto as
pesquisas da Análise do Comportamento, quanto as de outras abordagens da Psicologia,
havendo uma preponderância da Psicologia Cognitiva.
Partindo dessa identificação da abordagem, constata-se a escassez de estudos
brasileiros da Análise do Comportamento, revelando a necessidade urgente de elaborar
estudos que focam esse tema, visto que essa Ciência possui significativa proficiência para
abordar quaisquer tipos de comportamento (sendo o estudar, um deles). Conforme Gurgueira
e Cortegoso (2008) e Cortegoso e Coser (2011), a Análise do Comportamento possui
conhecimento acumulado sobre comportamento humano, concebido como relação entre o
que os organismos fazem e o ambiente em que o fazem, bem como sobre os processos de
aprendizagem, podendo auxiliar tanto no ensino como na definição/conceituação do
comportamento de estudar.
Tipos de Pesquisa
Sobre os tipos de pesquisa, constatou-se, conforme análise realizada, um predomínio
(quase metade do número total de publicações) de pesquisas descritivas e correlacionais.
Referente às pesquisas descritivas, são aquelas que descrevem e enumeram uma série de
comportamentos de estudar a serem emitidos pelo estudante, pelos pais e outros agentes
educativos em situações de avaliação e de estudo, além da concepção/significado a respeito
do que é o estudar para os participantes das pesquisas. No estudo de Rosário et al. (2014), as
pesquisas correlacionais foram inseridas nas descritivas. Se forem aglutinados os resultados
das pesquisas correlacionais e descritivas, o presente trabalho registrou 46% de pesquisas
descritivas contra 38% de Rosário et al. (2014), valor ligeiramente superior (8%).
66
Muitos estudos correlacionais também foram realizados, priorizando a busca de
correlação entre os comportamentos de estudar e uma série de variáveis (aspectos
emocionais, o comportamento de pedir ajuda, motivação, processos cognitivos, desempenho
acadêmico, gênero, estilos parentais e de aprendizagem e habilidades educativas parentais).
Já no estudo de Rosário et al. (2014), não se encontrou menção a tais estudos, porque esses
foram inseridos como descritivos.
Verificou-se também, no presente estudo, que praticamente 35% dos estudos são
conceituais - em detrimento dos 14% encontrados por Rosário et al. (2014). Verificou-se que
os estudos conceituais se concentram em: (a) promover debates teóricos sobre o
comportamento de estudar; (b) apresentar reflexões sobre sua possível relação com o
envolvimento parental e dos professores, desempenho escolar, motivação, processos
cognitivos; (c) oferecer reflexões sobre projetos de intervenção a serem realizados para o
desenvolvimento do comportamento de estudar. Parte dos estudos focalizou a
elaboração/adaptação de instrumentos padronizados, configurando-se como metodológicos.
Tais estudos se mostram importantes, visto que o próprio conceito do comportamento
de estudar não é claro, havendo diferenças não apenas entre as abordagens, mas também no
interior de uma abordagem. Indica-se, então, a continuidade desse tipo de pesquisa, visto que
a falta de consistência teórico-conceitual-metodológica pode gerar falta de precisão nos
demais tipos de pesquisa, particularmente nas pesquisas de intervenção, de acordo com
Fidalgo (2016).
Além disso, os estudos que focam a elaboração/adaptação de instrumentos
padronizados são importantes para uma maior padronização nas medidas, e acúmulo de
evidências de resultados das pesquisas de intervenção.
Como visto, a menor parte dos estudos (20%) teve como objetivo intervir para ensinar
o participante a estudar (intervenção experimental e não experimental). Esse resultado é
muito semelhante ao estudo de Rosário et al. (2014) que identificaram 21% de estudos de
intervenção, sendo que desses, nenhum estudo foi considerado como correspondente às
exigências de um estudo experimental. Os autores consideraram que todos os estudos, por
eles analisados, careciam de dados mais detalhados, tais como: melhor descrição do grupo
controle e do grupo de intervenção, além da pouca descrição e operacionalização da variável
independente (intervenção em si) e dos instrumentos padronizados.
67
Enfatiza-se que esse dado é relevante, pois se verifica que, em relação ao estudar, há
muita discussão/reflexão e pouca aplicação na área da Psicologia em geral e na área da
Educação especialmente. Tais pesquisas são necessárias, pois dão suporte aos demais tipos
de pesquisa; por sua vez, a própria aplicação/intervenção sobre o estudar pode contribuir para
elucidar questões e levantar aspectos para as discussões teóricas e melhor definição a respeito
do comportamento de estudar, buscando-se uma articulação intensiva entre os mais variados
tipos de pesquisa, conforme enfatizado por Fidalgo (2016).
O risco de apenas discutir teoricamente, sem aplicar/ensinar, pode ser o de tornar a
Educação uma área especialmente reflexiva/teórica, que pouco tem a oferecer de evidências
de intervenção e de modelos para que os professores possam ensinar o comportamento de
estudar em sala de aula ou para pais e outros profissionais ajudarem seus filhos e pacientes,
respectivamente (Zanotto, 2000; Henklain & Carmo, 2013). Uma das possíveis
consequências, como discutido, pode ser a propagação de equívocos e ideias incorretas a
respeito do estudar (Cortegoso & Botomé, 2002; Velasco, 2016).
Instrumento de coleta de dados
Sobre os instrumentos de coleta de dados, quase metade se refere à utilização de
instrumentos padronizados formados por escalas, testes e inventários variados (i.e., Escala
de Avaliação da Estratégia de Pedir Ajuda no Contexto Escolar, Escala de Engajamento
Escolar, Escala de Envolvimento Acadêmico, Escala de Hábitos de Estudo, Inventário de
Estilos Parentais, Study Skills Checklist) que focalizam diferentes aspectos relacionados ou
referentes ao estudar. De forma semelhante, Nakano e Wechsler (2007) identificaram como
características da produção científica brasileira a respeito da criatividade, o uso de uma ampla
gama de instrumentos.
Com isso, pode-se sugerir que o estudar, como o próprio conceito de criatividade (cf.
Nakano & Wechsler, 2007), não sendo conceituado de forma clara, está sendo medido,
inferido e relacionado a uma série de variáveis (aspectos emocionais, o comportamento de
pedir ajuda, motivação, processos cognitivos, desempenho acadêmico, gênero, estilos
parentais e de aprendizagem e habilidades educativas parentais). Em decorrência disso, pode-
se sugerir que há um risco de que estudos que se utilizam desses variados instrumentos
produzam dados também muito diferentes, dependentes do instrumento e do
68
conceito/definição de estudar adotado. Rosário et al. (2014) também discutem a respeito
desse assunto e, referindo-se à abordagem cognitiva sobre a autorregulação da aprendizagem,
comentam que a definição está em “estado inicial de desenvolvimento” (p. 793), necessitando
de instrumentos com mais “robustez psicométrica e metodológica” (p. 794) e de maior
padronização para o acúmulo de evidências científicas.
Sobre os instrumentos padronizados e sua “robustez psicométrica e metodológica”
(Rosário et al., 2014), cabe ressaltar que é necessário, segundo Almeida (1999) e Oliveira,
Noronha, Dantas e Santarem (2005), que houvesse cursos que ensinassem ou aprimorassem
o conhecimento dos aplicadores sobre a adequada manipulação dos instrumentos
psicológicos, enfatizando quais as propriedades psicométricas que um teste bem construído
deve possuir, evitando problemas inerentes à utilização inadequada dos testes tanto na
prestação de serviços como nas pesquisas aplicadas.
Considerando os dados do presente trabalho, pode-se sugerir que se invista na Escala
de Estratégias de Aprendizagem (Boruchovitch et al., 2016), o instrumento mais utilizado e
adaptado nos estudos localizados. Salienta-se que instrumentos padronizados podem ser um
recurso para otimizar custo e tempo, direcionando o olhar do pesquisador, todavia tais
medidas precisam ser complementares à observação direta do estudar, evitando-se apenas
medidas indiretas que possam enviesar os dados analisados (Abbud, 2016).
Participantes da pesquisa e Setting
Referente ao gênero e número, teve-se o predomínio de estudantes homens e
mulheres, tendo entre 100 a 300 participantes, na maioria dos estudos. O elevado número de
participantes tem relação com o predomínio de pesquisas que focalizaram correlações entre
variáveis e validade de instrumentos padronizados, respectivamente, pesquisas correlacionais
e metodológicas.
Sobre a escolaridade, observou-se o predomínio de pesquisas realizadas com
participantes do Ensino Superior, praticamente metade, aparecendo o Ensino Fundamental
Regular em 23,7% dos estudos, diferentemente de Marmo (2002) que encontrou mais
pesquisas de ensino de habilidades acadêmicas no Ensino Infantil. A pouca realização de
pesquisas com participação do Ensino Fundamental é preocupante, pois, segundo Figueiral
(2015), o primeiro e nono anos do ensino formal brasileiro (Ensino Fundamental) é o
69
momento em que os alunos precisam receber mais auxílio em relação ao comportamento de
estudar, principalmente até o quinto ano, visto que serão cobrados, no sexto ao nono ano do
Ensino Fundamental e no Ensino Médio, por autonomia e proficiência no estudar.
Embora se espere do aluno uma posição ativa e independente de pais e professores
em relação ao estudar; a partir dos dados obtidos, no presente trabalho, pode-se supor que,
possivelmente, os alunos chegam nesses níveis avançados da educação formal com déficits
e até ausência desse repertório.
Verificou-se, também a aproximação ao contexto escolar. Isso é evidenciado ao se
focalizar o setting. Constatou-se a predominância de pesquisas realizadas em sala de aula,
dado semelhante aos trabalhos de Maud, Guedes e Azzi (2002), Marmo (2002), Nicolino e
Zanotto (2011), Dazzani et al. (2014), Rosário et al. (2014), Mendonça (2016) e Gonçalves
(2017). Essa informação obtida sugere que os estudos analisados, apesar de serem
predominantemente da área da Psicologia, foram realizados no ambiente natural de
aprendizagem, indicando a inserção dos pesquisadores no contexto educacional.
Um aspecto a destacar refere-se à predominância de alunos sem
problemas/dificuldades de aprendizagem. Tal dado pode ser interpretado de diferentes
formas. A dificuldade em estudar e/ou falta de habilidades de estudo não se enquadra naquilo
que é chamado de problemas/dificuldades de aprendizagem na literatura médica, por
exemplo. Segundo o DSM-V (2014), o transtorno da aprendizagem é um transtorno do
“neurodesenvolvimento” com uma origem biológica que é a base das anormalidades no nível
cognitivo as quais são associadas com as manifestações comportamentais. A origem
biológica inclui uma interação de fatores genéticos, epigenéticos e ambientais que
influenciam a capacidade do cérebro para perceber ou processar informações verbais ou não
verbais com eficiência e exatidão.
Segundo Hübner, Marinotti e Silvares (2000), parece ser uma hipótese plausível a de
que tais dificuldades se originem de distúrbios neurofisiológicos; distúrbios esses ainda não
detectados pelo conhecimento médico e nem pelas técnicas de diagnóstico disponíveis que
estão em constante desenvolvimento, para comprovar/verificar a correlação entre
neurofisiologia e comportamento. Para as autoras, diferentemente, a dificuldade em estudar,
falta de habilidades de estudo e/ou o que elas denominam “problemas de estudo” (p. 268)
são problemas referentes a insucessos de alunos na condução de sua vida escolar, mesmo que
70
o aluno tenha todos os pré-requisitos neurofisiológicos e todas as habilidades para ir bem na
escola. Conforme afirmam: “(...) para usar uma linguagem um pouco mais leiga, dos
chamados alunos “inteligentes”, que aprendem rápido, mas que persistem na obtenção de
notas abaixo da média esperada pela escola em quase todas as matérias ou em matérias de
diferentes áreas” (p. 269). Assim, é possível que os autores das pesquisas enquadrem
problemas de estudo no que chamam de “reprovação/fracasso escolar” (nomenclatura
considerada ampla e ambígua), mesmo assim, com pouca incidência (6,6%).
Além dessa possibilidade (problemas de estudo excluídos da classificação de
problemas/dificuldades de aprendizagem), pode-se sugerir que os próprios pesquisadores não
estão atentando para pessoas que possuem diagnóstico de problemas/dificuldades de
aprendizagem, havendo uma possível lacuna de pesquisas sistemáticas sobre a intersecção
entre os problemas de estudo e os problemas de aprendizagem.
Como visto, verificou-se o predomínio de estudantes (crianças, adolescentes e
adultos) em detrimento da participação de pais e professores, por exemplo. Dados
semelhantes foram encontrados por Rosário et al. (2014), que localizaram apenas quatro
estudos, dos 28 selecionados (média de 14%), que realizaram intervenções junto aos
professores e nenhuma com pais. Diversos autores (e.g., Freitas, 1987; Maud, Guedes &
Azzi, 2002; Marmo, 2002; Del Rey, 2005; Nakano & Wechsler, 2007; Nicolino & Zanotto;
2011; Mendonça, 2016; Gonçalves, 2017) também constataram a predominância de
intervenções com estudantes em suas pesquisas que analisaram a produção científica
brasileira.
A partir desses dados, pode-se sugerir que o foco está nos próprios estudantes,
colocando-os como os responsáveis pelo estudar, sendo também responsáveis pelas
dificuldades/ausência desse comportamento complexo. Com isso, há a probabilidade de se
ignorar outros agentes importantes nesse processo e que necessitam de participação, como
os professores e os pais.
Compartilha-se a mesma preocupação de Gonçalves (2017) que afirma que o
professor deveria ser o principal participante envolvido nas pesquisas, desde a definição de
objetivos, até a implementação da intervenção e a avaliação dos resultados, já que ele realiza
toda a condução do ensino e avaliação do estudar na sala de aula, por exemplo. Tal
participação deveria ser de extrema importância, pois, como mencionado, os professores,
71
normalmente, são ensinados apenas a expor o conteúdo e a checar o que foi aprendido em
sua exposição, oferecendo exercícios, textos, slides, vídeos, entre outros recursos, deixando
de lado o ensino do estudar, que poderia ser instalado/aprimorado a partir de pesquisas de
intervenção (Cortegoso & Botomé, 2002; Figueiral, 2015; Velasco, 2016).
Como Guimarães (2014) ressalta, o professor é aquele que deve ter o seu
comportamento sob controle da aprendizagem do aprendiz. Sendo assim, o professor tem um
papel fundamental no planejamento das condições de aprendizagem: deve descrever o que o
aluno já faz, o que espera que ele faça (em relação aos objetivos educacionais) e, se o aluno
não aprende, é responsabilidade do professor rever os procedimentos para promover a sua
aprendizagem tanto em relação aos conteúdos como em relação ao próprio comportamento
de estudar/aprender a aprender.
Discussão similar também foi realizada por Rosário et al. (2014) que citaram o estudo
de Alcántara (2009) para enfatizar a importância da aprendizagem da autorregulação pelos
professores e, em decorrência disso, a aplicação de treinamento para seus alunos. Segundo
Alcántara (2009), que treinou professores em estratégias relacionadas à autorregulação da
aprendizagem, os resultados mostraram que os professores aprenderam e refletiram sobre
suas próprias estratégias, o que facilitou a identificação, evolução e promoção da
autorregulação em seus alunos. De acordo com Alcántara (2009, p. 1243) “os resultados
permitem afirmar que ao treinar os professores sobre o uso de suas próprias habilidades
autorregulatórias, possibilita-se que ocorra a identificação, evolução e promoção das
habilidades de seus próprios alunos”. O estudo indicou também que os professores
apresentaram dificuldade em relação aos procedimentos de estratégias de aprendizagem, o
que reforça a ideia de que a formação e treinamento dos professores é essencial para o ensino
do estudar para seus alunos.
Daura (2011) ao se referir ao ensino da autorregulação da aprendizagem também
promove o debate sobre a necessidade do ensino aos professores sobre o estudar, descrevendo
que ao serem ensinados, os professores podem realizar um ensino mais personalizado dessas
estratégias de estudo na própria sala de aula, evitando assim, apenas o ensino contínuo de
conteúdo.
Além da importância dos professores, os pais também precisam participar, conforme
defendem Hübner (1999), Cooper, Lindsay e Nye (2000), Ferreira e Marturano (2002) e
72
Sampaio, Souza e Costa (2004). Esses autores sugerem que o envolvimento positivo dos pais
tem efeito direto e positivo nas notas dos filhos e um efeito também no tempo que as crianças
despendem fazendo tarefas acadêmicas/estudando em casa.
Hübner (1999) pontua que a atuação dos pais sobre o comportamento de estudar dos
filhos é um dos fatores que influem no sucesso ou fracasso escolar. A partir de sua
experiência profissional, enfatiza que essas influências podem ser positivas, no caso das
famílias em que predominam padrões que denominou "pró-saber" (providenciam recursos,
apoio e instrumentos para o "estudar"). No caso das famílias em que predominam padrões
que denominou "anti-saber" (utilizam principalmente controle coercitivo para lidar com os
comportamentos de estudar dos filhos), ao contrário, as influências são negativas.
Nesse mesmo raciocínio, Cooper, Lindsay e Nye (2000) comentam que, de maneira
mais significativa, o suporte parental tem relação positiva com aquisições escolares, no
entanto, o envolvimento direto inadequado dos pais (muita pressão e controle coercitivo, por
exemplo) demonstrou relações negativas; ou seja, não é qualquer participação dos pais, assim
como a dos professores, que possibilita efeito positivo sobre o estudar, e sim práticas que se
utilizam de procedimentos não-aversivos. Como descritos por Pergher e Velasco (2011),
Colombini, Shoji e Pergher (2011) e Pergher et al. (2012), deve-se: (a) promover
consequências reforçadoras (social e artificiais); (b) parear o estudo com momentos
agradáveis (como humor, comentários engraçados, proposta de desafios); (c) evitar quaisquer
consequências aversivas; (d) fornecer modelos e instruções; (e) realizar a modelagem:
reforçamento diferencial por aproximações sucessivas; (f) descrever relações contexto-
comportamento-consequências, focando no automonitoramento e contato com os
reforçadores naturais do estudar, e; (g) promover momentos de lazer pós
estudo/cumprimento das tarefas.
73
ESTUDO 2
Teve-se por objetivo descrever características da produção brasileira da Análise do
Comportamento sobre o estudar.
MÉTODO
Seleção dos Documentos e Extração das Informações
Após a execução do Estudo 1, foram selecionados 11 resumos (Apêndice 2),
classificados no Estudo 1 como artigos da abordagem behaviorista radical. Eles foram lidos
na íntegra e suas informações registradas (utilizando-se uma planilha do software Microsoft
Excel® - exemplo da planilha no Apêndice 4) e classificadas em categorias adaptadas do
Estudo 1.
A Tabela 12 informa as categorias utilizadas, bem como suas descrições.
Tabela 12. Categorias e respectivas descrições.
Categorias Subcategorias e Descrição
Bibliografia
- Autores: nome de todos os autores.
- Ano: ano de publicação do artigo.
- Revista: revista em que foi publicado.
- Filiação: instituição a que pertencem os autores.
- Área de estudo: área do curso dos autores das publicações.
- País: país da instituição a que os autores pertencem.
- Região: região da instituição a que os autores pertencem.
Tipo de pesquisa -
baseando-se nos
- Descritiva20: pesquisas que produzem conhecimentos sobre eventos,
procedimentos e técnicas, sem manipulação de variáveis.
20 De acordo com Andery e Micheletto (2000), Gianfaldoni e Moroz (2002), Luna (2002) e Andery (2010).
74
estudos de Andery e
Micheletto (2000),
Gianfaldoni e Moroz
(2002), Luna (2002)
e Andery (2010)
- Correlacional21: pesquisa que tem por foco identificar/mensurar a
relação entre variáveis (com uso de parâmetros estatísticos) sem que
haja a intervenção do pesquisador.
- Experimental22: pesquisa que tem por foco o estudo de relação entre
variáveis, com manipulação de VI por parte do pesquisador, com
controle de grupo ou de sujeito único.
- Intervenção não-experimental23: tem como foco produzir mudanças
em grupos, indivíduos, instituições, sem controle experimental.
- Conceitual24: pesquisas que apresentam reflexões sobre o estudar,
sendo:
- Conceitual Teórica: que reflete sobre os conceitos e
pressupostos teóricos (Análise do Comportamento, Psicologia
Cognitiva, entre outros).
- Conceitual Metodológica: que focaliza procedimentos
metodológicos.
- Conceitual Histórica: que trata da evolução/desenvolvimento
dos conceitos e pressupostos teóricos.
Instrumento de
Coleta de Dados
- Identificação dos instrumentos utilizados na pesquisa: entrevistas,
questionários, observação, testes, entre outros.
21 Conforme Gianfaldoni e Moroz (2002) não há um consenso entre os autores sobre a classificação das
pesquisas correlacionais, havendo autores que os colocam como descritivas e outros que os diferenciam como
um tipo à parte das descritivas e experimentais. No presente estudo, optou-se por diferenciá-las das pesquisas
descritivas. 22 De acordo com Andery e Micheletto (2000) e Luna (2002).
23 Segundo Gianfaldoni e Moroz (2002).
24 Conforme Andery e Micheletto (2000) e Andery (2010).
75
Participantes da
pesquisa
- Número de participantes: quantidade de participantes.
- Tipo de participantes: adolescentes, crianças e/ou alunos; agente
educacional; mães; pais; professores.
- Escolaridade: Pré escola, Fundamental I: 1o a 5o ano, Fundamental II:
6o a 8o ano, Ensino Médio: 1o ao 3o ano, Graduação, Pós-graduação,
Ensino Técnico, Cursos abertos, sem escolaridade informada.
- Gênero: masculino, feminino ou ambos.
- Dificuldade (quando alunos): dificuldade/problema no estudo; falta
de hábitos de estudo; falta de pré-requisitos de conteúdo; sem
dificuldade.
Modalidade
educativa
- Regular
- Inclusiva
- Especial
- Instituição pública, federal ou social
Setting
- Sala de aula.
- Fora da sala de aula (corredor, biblioteca, etc).
- Sala separada/segregada.
- Múltiplos locais.
- Outros locais não informados.
76
RESULTADOS
Os dados foram extraídos de cada uma das 11 publicações (cuja listagem se encontra
no Apêndice 2). A seguir, são apresentados os dados bibliográficos. Inicia-se pela curva
acumulada das publicações.
Figura 19. Curva acumulada das publicações.
Conforme ilustra a Figura 19, em um período de 10 anos (de 2002 a 2012), poucos
artigos sobre o estudar com base na Análise do Comportamento foram publicados em revistas
nacionais, não sendo localizado artigos anteriores ao ano de 2002.
Verifica-se que há alguns “picos” de produção, como os anos de 2004 (maior
produção de artigos), 2006 e 2008, havendo uma tendência de crescimento.
A seguir, o número de publicações constantes por autor.
77
Tabela 13. Publicações por autor (em número).
Ao todo, 15 autores diferentes participaram da publicação dos 11 artigos. A Tabela
13 mostra que há uma preeminência de autores que participaram de apenas uma publicação
(n = 10), dado semelhante ao do Estudo 1.
Especificando os cinco autores que mais publicaram (a partir de duas publicações),
segue a Tabela 14.
Tabela 14. Publicações dos autores que mais publicaram (em número).
Nota. Foram selecionados os autores que publicaram, no mínimo, dois artigos.
A Tabela 14 evidencia que Ana Lucia Cortegoso e Silvia Regina de Souza são as
pesquisadoras que mais contribuíram com a produção de artigos sobre o estudar, perfazendo
4 artigos produzidos (com coautorias), seguindo-se Silvio Paulo Botomé com 3 artigos
produzidos (com coautorias).
Especifica-se, a seguir, as universidades que mais publicaram.
Autores nAutores com 4 publicações 2Autores com 3 publicações 1Autores com 2 publicações 2Autores com 1 publicação 10Total 15
Autores nAna Lucia Cortegoso 4Silvia Regina de Souza 4Silvio Paulo Botomé 3João Fernando Rech Wachelke 2Carlos Eduardo Costa 2Total 15
78
Figura 20. Universidades que mais publicaram (em número).
Notas. Quando a publicação continha dois ou mais autores da mesma universidade, apenas
uma universidade foi contabilizada por publicação; quando autores de um mesmo artigo
pertenciam a diferentes universidades, elas foram contabilizadas.
Quatro universidades (Universidade Estadual de Londrina; Universidade Federal de
Santa Catarina, Universidade Federal de São Carlos e Universidade Presbiteriana
Mackenzie) publicaram artigos. Conforme mostra a Figura 20, duas universidades publicam
quase a totalidade dos artigos sobre o estudar na Análise do Comportamento. São elas:
Universidade Estadual de Londrina e Universidade Federal de São Carlos, respectivamente
universidades em que trabalham Silvia Regina de Souza e Ana Lucia Cortegoso.
Em relação às áreas de estudo, houve apenas menções à Psicologia; sem nenhuma
menção à Educação. Ainda, nos estudos com base da Análise do Comportamento, há apenas
a participação de autores de universidades brasileiras, diferentemente do Estudo 1, que
evidenciou a participação de autores de universidades estrangeiras, como portuguesas,
espanholas e norueguesas.
Especificando as cidades e regiões brasileiras, vale informar que tal como detectado
no Estudo 1, há um predomínio de dois estados: São Paulo e Paraná, das regiões sudeste e
sul do Brasil, respectivamente com cinco e seis produções.
Verificou-se que há dispersão da publicação por um grande número de revistas
(Psicologia da Educação; Psicologia: Ciência e Profissão; Interação em Psicologia; Cadernos
79
de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento e Contextos Clínicos). A maior parte
das revistas publicou um artigo, sendo que três delas (Psicologia em Interação, Revista
Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva e Estudos de Psicologia) apresentaram
duas publicações cada.
Do exposto até o momento, pode-se afirmar que as publicações sobre estudar em
Análise do Comportamento são restritas e concentradas em duas autoras: Ana Lucia
Cortegoso (da Universidade Federal de São Carlos) e Silvia Regina de Souza (da
Universidade Estadual de Londrina). As publicações se iniciam apenas no ano de 2002. A
maioria dos autores e universidades publicaram apenas uma vez, em diferentes periódicos da
Psicologia, sendo as regiões Sul e Sudeste, as que mais produziram (especificamente os
estados do Paraná e de São Paulo). A área de Psicologia é a única mencionada, com nenhuma
referência à área da Educação.
Expõe-se, a seguir, a Figura 21 que especifica os tipos de pesquisa.
Figura 21. Tipos de pesquisa (em número).
80
Segundo a Figura 21, das 11 publicações sobre o estudar com base na Análise do
Comportamento, sete referem-se a pesquisas de intervenção (experimental e intervenção não-
experimental) que ensinaram/interviram sobre o estudar, representando mais da metade das
publicações, diferentemente do detectado no Estudo 1, com mais pesquisas descritivas e
conceituais.
A Figura 22 indica os instrumentos utilizados.
Figura 22. Instrumentos de coleta de dados mencionados (em número).
Como pode ser observado na Figura 22, houve menção a 11 procedimentos. Constata-
se que mais da metade refere-se à utilização da observação (n = 6) como instrumento de
coleta de dados, havendo uma única utilização de instrumentos padronizados, dado diferente
do Estudo 1, no qual obteve dominância desses instrumentos, tais como escalas, testes e
inventários.
A partir do presente momento, serão focalizados 10 artigos, excetuando a pesquisa
conceitual teórica. A Tabela 15 apresenta os tipos de participantes.
81
Tabela 15. Tipos de participantes informados nas 10 publicações (em número).
Observa-se que os participantes mais frequentemente citados foram os alunos e as
mães (n = 4), dado diferente ao do Estudo 1, que tinha predomínio dos alunos. Vale indicar
que, em relação ao gênero, a maioria dos estudos atuou com ambos os gêneros (n = 7), dado
semelhante ao do Estudo 1.
Tabela 16. Participantes (em número).
No tocante ao número de participantes, a Tabela 16 mostra que há predomínio de
número reduzido de participantes (1 a 5), diferentemente do detectado no Estudo 1, em que
houve dominância de grupos com grande número de participantes (100 a 300).
Quanto à escolaridade dos participantes, vale esclarecer que, dos 10 estudos, seis
deles não deram informação a respeito; dos que informaram a escolaridade dos participantes,
dois eram do Ensino Superior e dois do Fundamental do Ensino Regular.
Referente às características dos participantes alunos (n = 4), em um deles houve
menção à reprovação no histórico escolar, sem nenhum tipo de menção à dificuldade e/ou
diagnóstico.
Participantes nAlunos (crianças, adolescentes e adultos) 4Mães 4Pais 1Professores 1Total 10
Número de participantes n1 a 5 56 a 10 110 a 15 1Mais de 15 2Não informado 1Total 10
82
Finalizando, apresenta-se a Tabela 17, a seguir, que apresenta o “Setting”.
Tabela 17. Setting das pesquisas (em número).
Como se pode observar na Tabela 17, em um estudo o local não foi informado. Nos
demais, houve distribuição igualitária entre os settings (n = 3), sala de aula, casa e sala do
pesquisador; dado distinto ao do Estudo 1 que tinha o predomínio de pesquisas realizadas em
sala de aula.
Em resumo, ao se analisar a produção sobre o estudar com base na Análise do
Comportamento, verifica-se que há predomínio de pesquisas que realizam a intervenção
sobre o estudar, promovendo o ensino desse comportamento diretamente para os alunos e
indiretamente, por meio do treinamento de pais (especificamente as mães). Com isso, embora
a produção sobre o estudar seja pequena (11 publicações), verifica-se que o foco é a
intervenção, diferentemente dos dados obtidos pelo Estudo 1.
Em relação aos instrumentos de coleta de dados, a observação foi o foco principal,
novamente diferenciando-se do detectado no Estudo 1, que teve maior uso dos instrumentos
padronizados.
Em relação aos participantes, verificou-se que a maior parte das pesquisas teve um
número reduzido (de 1 a 5), com predomínio de alunos e de pais (especificamente as mães),
utilizando-se variados ambientes (sala de aula, casa e sala do pesquisador), diferenciando-se
das características do Estudo 1, no qual se evidenciou a presença de grande quantidade de
participantes, particularmente alunos, e a sala de aula como local em que ocorreu a coleta de
dados.
Setting nSala de aula 3Casa 3Sala do pesquisador 3Local não informado 1Total 10
83
DISCUSSÃO
O objetivo do presente estudo foi descrever características da produção brasileira da
Análise do Comportamento sobre o estudar e, com isso, 11 resumos foram analisados.
Dados bibliográficos
Tendo por referência o número acumulado de publicações, pode-se afirmar que em
10 anos (2002 a 2012), poucos artigos sobre o estudar em Análise do Comportamento foram
publicados, não sendo localizados artigos anteriores ao ano de 2002, apresentando-se alguns
“picos” de produção (anos de 2004, 2006 e 2008). Mesmo havendo a possibilidade de existir
uma produção científica offline não localizada, principalmente referente às décadas de 90 e
anteriores, ainda se destaca o baixo interesse da comunidade científica brasileira da Análise
do Comportamento em abordar o estudar em suas pesquisas, ao contrário da Psicologia
Cognitiva, cuja produção está em constante crescimento desde 2002, conforme mostra o
Estudo 1.
Apesar da pouca produção, observa-se uma tendência ao crescimento, conforme
dados obtidos por Nicolino e Zanotto (2011) e por Del Rey (2005), que descrevem um
crescimento da produção de artigos brasileiros que focalizam a Análise do Comportamento
e Educação e o comportamento matemático, respectivamente.
Referente à baixa produção de artigos que focam o comportamento de estudar por
analistas do comportamento, pode-se levantar algumas hipóteses: (a) dificuldade de
definir/conceituar o comportamento de estudar, gerando entraves na realização de outras
pesquisas, com as de intervenção experimental (Fidalgo, 2016); (b) desconsideração da
especificidade/particularidade do estudar, incluindo esse comportamento em outras classes
de comportamentos, como no caso do trabalho de Gonçalves (2017) que teve como a variável
dependente mais frequente fazer “exercícios/responder a problemas” e nos trabalhos de
Marmo (2002) e Mendonça (2016) que tiveram como comportamento-alvo mais citado as
84
“habilidades acadêmicas25”; (c) consideração de que o estudar é sinônimo do comportamento
de ler, escrever, entre outros (d) equívocos relacionados à natureza do estudar, tais como:
indícios da crença de que o modo de estudar de cada aluno é uma característica intrínseca (ou
inata) e, por isso, não precisa ser desenvolvido e, consequentemente, pesquisado de forma
sistemática (Cortegoso & Botomé, 2002; Velasco, 2016); (e) falta de parâmetros de pesquisas
anteriores que focalizaram o estudar, definindo esse comportamento como uma classe ampla
de comportamentos, sem especificar/operacionalizar o estudar em si; (f) domínio da
Psicologia Cognitiva, visto que o estudar envolve “processos cognitivos” (e outros eventos
privados) e de linguagem, as quais foram desconsiderados pela Análise do Comportamento
como objeto de pesquisa, diferentemente do ocorrido dos comportamentos publicamente
observáveis (cf. Hayes & Hayes, 1989; Simonassi, Tourinho & Silva, 2001; Barros, 2003).
Sobre os autores, há predomínio dos que publicaram apenas uma vez. É importante
informar que os dois autores com maior número de publicações pertencem a grupos de
pesquisa específicos que abordam o estudar, assim como foi apontado no Estudo 1. O grupo
de pesquisa da Universidade Federal de São Carlos tem como liderança Ana Lucia
Cortegoso, uma das pesquisadoras que mais contribuiu com a produção de artigos sobre o
estudar, com quatro artigos (com e sem coautorias). O outro grupo de pesquisa foi o da
Universidade Estadual de Londrina, tendo como liderança Silvia Regina de Souza, que
contribuiu também com a produção de quatro artigos (com e sem coautorias).
O fato de haver predomínio de publicações das universidades referentes às autoras
mencionadas (Universidade Federal de São Carlos e Universidade Estadual de Londrina),
revela o quanto é restrita a produção de estudos que priorizam o estudar na Análise do
Comportamento, já que há inúmeros grupos de pesquisa espalhados em todo o Brasil.
Focando-se as regiões do Brasil, verifica-se a predominância da Sudeste,
especificamente do estado de São Paulo, dado semelhante ao Estudo 1 e bastante comum à
maioria das pesquisas que focalizam a produção científica brasileira (cf. Freitas, 1987;
25 Marmo (2002) e Mendonça (2016), em seus estudos, não mencionaram o estudar nas definições a respeito
das habilidades acadêmicas e sim, inseriram um rol de comportamentos/resultados, tais como: soletrar, ler,
escrever, melhorar desempenho, criatividade, realizar lições de casa, aumentar frequência de tarefas.
85
Rodrigues & Moroz, 2008; Nicolino & Zanotto, 2011), seja por conta de maiores
investimentos em relação aos de outras regiões, seja da presença de um número elevado de
universidades públicas e privadas.
Sobre os veículos em que mais se publicou, observou-se uma dispersão de revistas,
concentrando-se em revistas de Psicologia e não de Educação (Psicologia em Interação,
Estudos de Psicologia e Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva). Na
mesma direção, verificou-se total ênfase à área de Psicologia, inexistindo a área de Educação
como menção. Considerando que na área da Educação os professores são formados sem
receber ensino sobre a filosofia behaviorista radical (cf. Rodrigues & Moroz, 2008) e que os
pesquisadores publicam em revistas de Psicologia, impossibilita-se que os educadores
acessem e conheçam como a abordagem pode contribuir no ensino e na produção de
tecnologias para o ensino do estudar - comportamento negligenciado pelas próprias escolas
(cf. Pergher et al., 2012; Velasco, 2016). Com isso, há também a probabilidade de ocorrer a
manutenção das críticas/preconceitos em relação à Análise do Comportamento e o
desconhecimento de sua contribuição para a área da Educação (cf. Carmo & Galvão, 2003;
Rodrigues, 2006).
Tipos de Pesquisa
Em relação aos tipos de pesquisa, constatou-se predomínio (quase metade do número
total de publicações) de pesquisas de intervenção (experimentais e intervenções não-
experimentais), diferentemente do ocorrido no Estudo 1 que teve mais pesquisas descritivas
e correlacionais. A partir desses dados, pode-se afirmar que essa é uma das características
mais relevantes da Análise do Comportamento, em comparação com as outras abordagens
que priorizaram pesquisas que refletem (concepção/significado) sobre o estudar e que
descrevem e enumeram uma série de comportamentos de estudar.
Esse dado é relevante, pois, ao mesmo tempo em que se verifica que há muita
discussão teórica e pouca aplicação em relação ao estudar, a Análise do Comportamento se
coloca como uma abordagem que promove intervenções/aplicações de forma sistematizada
e criteriosa, tal como destacado por diversos autores (e.g., Freitas, 1987; Maud, Guedes &
Azzi, 2002, Marmo, 2002; Del Rey, 2005; Nicolino & Zanotto, 2011; Mendonça, 2016;
Gonçalves, 2017). Segundo Andery (2011), ao discutir sobre as pesquisas em Análise do
86
Comportamento, a postura analítica e a defesa do método experimental levaram ao
desenvolvimento de tecnologias de intervenção sobre o comportamento humano em diversos
contextos.
Embora a Análise do Comportamento tenha se destacado por promover tecnologias
de intervenção, cabe ressaltar que a própria produção da pesquisa aplicada, necessita ser
constantemente analisada e criticada com o intuito de atingir critérios essenciais, discutidos
de modo aprofundado por Baer, Wolf e Risley (1968). São eles: (a) os comportamentos
envolvidos devem ser socialmente relevantes, levando-se em consideração as mudanças a
curto e longo prazos, tanto para o indivíduo quanto para o grupo social; (b) a pesquisa deve
estar comprometida com aquilo que o indivíduo faz e não apenas com o que ele relata fazer;
portanto, o comportamento deve ser observado e medido em suas propriedades; (c) deve-se
identificar as relações de dependência entre as respostas do indivíduo, os contextos em que
ocorrem (eventos antecedentes) e seus efeitos no mundo (eventos consequentes), isto é, deve-
se identificar as variáveis que controlam determinado responder; (d) a aplicação deve ser
operacionalizada, implementada e descrita de forma clara e detalhada, permitindo que
qualquer pesquisador da área consiga replicá-la; (e) o procedimento de coleta e análise de
dados devem estar embasados nos pressupostos filosóficos do Behaviorismo Radical e nos
princípios teóricos e metodológicos da Análise do Comportamento; (f) a aplicação deve
alterar o comportamento para melhor, sendo que são os participantes da intervenção e os
membros da sociedade que avaliam a mudança, e não o pesquisador; (g) a mudança
comportamental deve persistir ao longo do tempo e em diversos ambientes, além de se
estender para outras respostas da mesma classe (a generalização não deve ser meramente
esperada, mas sim planejada).
Assim, considera-se fundamental que continue e se intensifique a produção de
pesquisas aplicadas, atentando-se para tais critérios.
Instrumento de coleta de dados
Sobre os instrumentos de coleta de dados, em concordância com o critério proposto
por Baer, Wolf e Risley (1968) e assim como detectado em outros trabalhos realizados com
base na Análise do Comportamento (e.g., Freitas, 1987; Maud, Guedes & Azzi, 2002,
Marmo, 2002; Del Rey, 2005; Nicolino & Zanotto, 2011; Mendonça, 2016; Gonçalves,
87
2017), a observação foi predominante nas pesquisas sobre o estudar, diferentemente dos
instrumentos padronizados do Estudo 1.
Segundo Baer, Wolf e Risley (1968), a pesquisa deve estar comprometida com aquilo
que o indivíduo faz e não apenas com o que ele relata fazer, aspecto também mencionado por
Abbud (2016) quando defende a utilização de medidas diretas na observação do
comportamento em complementaridade às medidas indiretas, obtidas por questionários,
instrumentos e entrevistas - apoiados no relato verbal.
De Rose (1997) aponta a importância do relato verbal na coleta de dados em uma
pesquisa, visto que o pesquisador poderá fazer inferências sobre coisas ao qual apenas o
sujeito tem acesso direto. Contudo, aponta que a validade dessas inferências depende da
correspondência entre o relato e o estado de coisas a que supostamente se refere. Luna (1998)
considera adequada essa utilização nos casos em que o pesquisador não tem acesso direto à
informação desejada e o sujeito é a fonte mais direta para sua obtenção, fato esse que não
ocorre em relação ao comportamento de estudar que pode ser definido, mensurado e
observado em diversas situações, controladas ou não.
Acrescentando, Carrara (2008) afirma que os instrumentos que se baseiam em relatos,
isto é, no comportamento verbal, também são importantes, pois: (a) auxiliam na descrição de
contingências que fazem parte da história do indivíduo, ajudando a entender o
comportamento presente; (b) permitem trabalhar com um conjunto extenso de variáveis de
uma única vez, o que pode ajudar na delimitação de comportamentos a serem observados e
manipulados com mais amplo controle metodológico.
Não se defende a exclusão de instrumentos padronizados, tal como a Escala de
Estratégia de Aprendizagem (Boruchovitch et al., 2016), instrumento mais utilizado nas
pesquisas do Estudo 1, mas sua complementação com outros instrumentos na coleta de dados,
particularmente a observação, nas pesquisas aplicadas, de modo a abarcar as variáveis
relacionadas ao estudar.
Participantes da pesquisa e Setting
Verificou-se o predomínio de estudantes e de mães como participantes,
diferenciando-se do ocorrido no Estudo 1, no qual não houve a presença de pais (mães e pais)
como participantes. Com isso, mostra-se uma outra característica peculiar da Análise do
88
Comportamento: treinamento e participação de outros agentes para a instalação e manutenção
do comportamento de estudar, não apenas ensinando diretamente o aluno.
Embora tenham sido mencionados trabalhos de intervenção junto às mães, no caso
do comportamento de estudar, considera-se de fundamental importância não apenas o
treinamento dos pais (mães e pais), mas, principalmente os próprios professores. No entanto,
no presente estudo, praticamente não foram referenciados, assim como ocorreu nos dados
obtidos por autores que focalizaram outras produções científicas com base na Análise do
Comportamento (e.g., Del Rey, 2005; Nicolino & Zanotto, 2011; Mendonça, 2016;
Gonçalves, 2017).
Como discutido no Estudo 1, considera-se que o treinamento dos professores é de
extrema importância, pois ele é o agente responsável por instalar e aperfeiçoar os repertórios
dos alunos. Assim sendo, o professor deveria ser o principal participante das pesquisas sobre
o estudar, sendo envolvido desde a definição de objetivos, até a implementação da
intervenção e a avaliação dos resultados, já que ele realiza toda a condução do ensino e
avaliação no contexto escolar (Gonçalves, 2017).
Referente ao número de participantes, teve-se o predomínio de publicações que
tiveram entre 1 a 5 participantes. O número reduzido de participante está relacionado com a
utilização de delineamentos experimentais de sujeito único (e.g., Freitas, 1987; Maud,
Guedes & Azzi, 2002, Marmo, 2002; Del Rey, 2005; Nicolino & Zanotto, 2011; Mendonça,
2016; Gonçalves, 2017). Embora no delineamento de sujeito único não se utiliza apenas
intervenção individual, havendo a possibilidade de se trabalhar com grupos de sujeitos, é
mais frequente o formato pesquisador-participante do que o formato pesquisador-grupo,
conforme detectado no presente estudo (Sampaio et al., 2008).
A utilização desse tipo de delineamento no estudo do comportamento humano tem
sido defendida por diversos pesquisadores (cf. Kazdin, 1982; Matos, 1990; Johnston &
Pennypacker, 1993). De acordo com Matos (1990) e Sampaio et al. (2008), destaca-se sua
utilização pelo fato do comportamento ser um fenômeno de organismos que interagem de
maneira única com o mundo. Argumenta-se também que cálculos que produzem resultados,
como médias de desempenhos de grupos de indivíduos, não representam corretamente o
desempenho de nenhum dos seus membros, pois dificilmente uma pessoa se comporta
exatamente como essa média.
89
Assim, em relação às pesquisas sobre o estudar com base na Análise do
Comportamento, sugere-se que não se ignore todos os dados obtidos pelas pesquisas
correlacionais e descritivas, predominantes no Estudo 1, mas se utilizar das médias
estatísticas para complementar os dados obtidos pelo delineamento de sujeito único e vice-
versa (Neno, 2005; Andery, 2010).
Partindo de discussões das intervenções clínicas, entretanto, importantes também
para a área da Educação e o ensino do estudar, Thyer (1997) relata que seria útil programas
de avaliação em larga escala da Análise do Comportamento, utilizando-se delineamentos de
sujeito único e de grupo, e a análise visual de dados individuais graficamente apresentados
acrescida de análises estatísticas nomotéticas26. Jacobson (1997) acrescenta aspectos,
salientando que a descrição das diferenças de grupos que lance luz sobre a variabilidade na
resposta à intervenção, no interior de grupos e entre grupos, tanto quanto a importância
prática da diferença, pode servir a mesma função de um delineamento experimental de sujeito
único, no qual a inspeção visual é usada para avaliar a existência de um efeito.
Sobre a escolaridade, houve ausência de informações na maioria dos estudos, o
mesmo tendo ocorrido com a indicação da possível dificuldade do participante. Tal resultado
indica para a necessidade de a comunidade da Análise do Comportamento descrever, com
mais detalhes, características dos participantes, particularmente aspectos relativos à sua
inserção escolar. Quando houve menção, observou-se o predomínio de pesquisas realizadas
com participantes do Ensino Superior e Ensino Fundamental Regular, diferente de Marmo
(2002) que encontrou mais pesquisas no Ensino Infantil voltadas para o ensino de habilidades
acadêmicas amplas. Tal dado parece preocupante quando se tem predominância no Ensino
Superior, conforme discutido no Estudo 1.
Sobre o setting, observou-se uma variedade de ambientes (sala de aula, casa e sala do
pesquisador). Essa informação obtida sugere que uma pequena parte dos estudos, é realizada
no ambiente natural de aprendizagem, indicando a necessidade de inserção dos pesquisadores
26 Em Psicologia, medições nomotéticas são contrastadas com aquelas ipsativas ou idiotéticas, na qual as
nomotéticas são aquelas medições observadas numa amostra relativamente grande e possui um caráter mais
geral; enquanto que a abordagem idiográfica está relacionada com casos mais singulares (Tourinho & Carvalho
Neto, 2004).
90
no contexto educacional, conforme descrevem as pesquisas de Maud, Guedes e Azzi (2002),
Marmo (2002), Nicolino e Zanotto (2011), Mendonça (2016) e Gonçalves (2017).
Outro aspecto a destacar se refere à predominância de alunos sem dificuldades de
aprendizagem. Cabe salientar que, com o apoio da Análise do Comportamento, pode-se
intervir em participantes com dificuldade de aprendizagem, sem dificuldade de
aprendizagem e/ou com dificuldade em estudar, dependendo da programação da intervenção
comportamental, avaliação das contingências envolvidas e da intersecção com outras áreas
de estudo, tais como, a Medicina, Fonoaudiologia, Pedagogia, entre outras. Conforme
Gurgueira e Cortegoso (2008) e Cortegoso e Coser (2011) frisam, a Análise do
Comportamento possui conhecimento acumulado sobre comportamento humano, concebido
como relação entre o que os organismos fazem e o ambiente em que o fazem, bem como
sobre os processos de aprendizagem, podendo auxiliar tanto no ensino do estudar para
quaisquer pessoas.
Por fim, na esperança de que a comunidade analítico-comportamental passe a
focalizar com mais frequência o estudar, recomenda-se que as pesquisas ampliem o número
de participantes e que ensinem especialmente os professores, treinando-os a ensinar a estudar.
91
ESTUDO 3
Teve-se por objetivo descrever as características das intervenções visando o ensino
do estudar.
MÉTODO
Seleção dos Documentos e Extração das Informações
Após a execução do Estudo 1, foram selecionados 16 artigos completos (Apêndice 3)
que propuseram intervenções em relação ao estudar (estudos que tiveram como objetivo o
ensino do estudar), classificados no Estudo 1 como pesquisa experimental ou pesquisa com
intervenção não-experimental. Eles foram lidos na íntegra e suas informações registradas
(utilizando-se uma planilha do software Microsoft Excel® - exemplo da planilha no Apêndice
4) e classificadas em categorias elaboradas (parte de tais categorias teve como referência o
enfoque da Análise do Comportamento) para descrever as características das intervenções
em relação ao estudar.
A Tabela 18 informa quais foram as categorias, bem como suas descrições.
Tabela 18. Categorias e respectivas descrições.
27 Segundo Andery e Micheletto (2000) e Andery (2010).
Categorias Subcategorias e Descrição
Delineamento
experimental27
(caso seja
intervenção
experimental)
- Sujeito único: pesquisas que analisam o comportamento do mesmo
sujeito, antes, durante e após a manipulação da variável experimental
(com linha de base simples ou múltipla). Elas são classificadas em:
Delineamento AB: determinado por duas condições básicas:
condição controle ou de linha de base (A) e condição
experimental (B).
92
Abordagem da
Psicologia28
- Descrição da abordagem da Psicologia utilizada em cada pesquisa:
behaviorista radical, comportamental-cognitiva, psicologia cognitiva,
construtivista, entre outras.
28 Conforme critérios do Estudo 1.
Delineamento ABAB ou de reversão: mantém-se a condição
controle (A) e a condição experimental (B), porém no mesmo
experimento são inseridas sucessivas comparações entre
condições de controle e condições experimentais.
Delineamento de Linha de Base Múltipla (entre sujeitos e
comportamentos/settings): permite serem mensuradas e
avaliadas mais de uma variável dependente (VD) ao mesmo
tempo, havendo mais de uma linha de base (condição controle),
e inserindo-se as variáveis independentes (VI) em momentos
seguidos e distintos no tempo.
- Grupo: pesquisas que utilizam grupo de participantes submetido às
condições experimentais, com controle experimental de grupo não
submetido à intervenção.
Agente da
intervenção
- Professor; pesquisador; funcionários da instituição; pais do
participante; profissionais; estudantes de graduação ou pós-graduação;
tutores; pares; outro/não especificado/não aplicável.
Formato da
intervenção
- Individual: Apenas o aplicador e participante envolvidos.
- Grupo pequeno: 2 a 5 pessoas.
- Grupo médio: 6 a 10 pessoas
- Grupo grande: Mais que 10 pessoas.
Participantes da
intervenção
- Tipo de participantes: adolescentes, crianças e/ou alunos; agente
educacional; mães; pais; professores.
93
- Escolaridade: Pré escola, Fundamental I: 1o a 5o ano, Fundamental II:
6o a 8o ano, Ensino Médio: 1o ao 3o ano, Graduação, Pós-graduação,
Ensino Técnico, Cursos abertos, sem escolaridade informada.
- Gênero: masculino, feminino ou ambos.
- Dificuldade (quando alunos): dificuldade/problema no estudo; falta
de hábitos de estudo; falta de pré-requisitos de conteúdo; sem
dificuldade.
Modalidade
educativa
- Regular
- Inclusiva
- Especial
- Instituição pública, federal ou social
Setting
- Sala de aula.
- Fora da sala de aula (corredor, biblioteca, etc).
- Sala separada/segregada.
- Múltiplos locais.
- Outros locais não informados.
Antecedentes
envolvidos no
estudar
Descrição dos antecedentes envolvidos no ensino do estudar.
Respostas
envolvidas no
estudar
Descrição das respostas envolvidas no ensino do estudar.
Consequências
envolvidas no
estudar
Descrição das consequências envolvidas no ensino do estudar.
Procedimentos
utilizados na
intervenção
Descrição dos procedimentos comportamentais utilizados na
intervenção, tais como: modelação, modelagem, reforçamento
diferencial, descrição de regras, entre outros.
Medida de
resultado
Descrição de como os resultados foram medidos, sistematizados e
controlados.
94
Eficácia da
intervenção
Positiva (+), quando o estudar foi adquirido, aperfeiçoado e/ou atingiu
o(s) objetivo(s) da intervenção; parcialmente positiva (p), quando alguns
aspectos do estudar foram adquiridos e outros não; negativo (-), quando
houve piora no comportamento de estudar; neutro (n), quando não houve
efeito sobre o comportamento de estudar.
95
RESULTADOS
Os dados foram extraídos de cada um dos 16 artigos (Apêndice 3).
A seguir, são apresentados os resultados, iniciando-se pelos tipos de pesquisa e
abordagens da Psicologia.
Figura 23. Tipos de pesquisa e as abordagens da Psicologia (em número).
Na Figura 23 aponta que as intervenções foram realizadas com base em duas
abordagens: Psicologia Cognitiva e Behaviorismo Radical. Das 16 pesquisas de intervenção,
nove foram classificadas como intervenção não-experimental e sete como experimental.
Sendo que ambos os tipos de intervenção aparecem nas duas abordagens.
A seguir, a Figura 24 ilustra os dados relacionados ao delineamento experimental
utilizado nas sete intervenções experimentais.
96
Figura 24. Delineamento utilizado nas intervenções experimentais (em número).
Nas pesquisas experimentais, verifica-se que tanto o delineamento de sujeito único
quanto o delineamento experimental ocorreram em frequências próximas. No entanto, cabe
informar que todos os delineamentos de grupo foram da Psicologia Cognitiva, assim como
os de sujeito único foram da Análise do Comportamento.
Sobre o agente da intervenção, segue a Figura 25.
97
Figura 25. Agente de intervenção (em número).
Observa-se na Figura 25 que a maioria das pesquisas (n = 10) teve o próprio
pesquisador como agente da intervenção. Os pais também atuaram como agentes da
intervenção, sendo que em cinco pesquisas foram ensinadas as mães a intervir no
comportamento de estudar dos filhos e em uma outra foram ensinados as mães e os pais a
realizarem as intervenções. Verifica-se, pois, que foi ignorada a presença dos professores
como agente da intervenção/ensino do estudar.
Referente ao formato da intervenção realizada pelos pesquisadores, a Figura 26 ilustra
esse aspecto, a seguir.
98
Figura 26. Formato da intervenção presente nos artigos (em número).
Nota. Grupo pequeno (2 a 5 pessoas); grupo médio (6 a 10); grupo grande (mais que 10).
A partir da Figura 26, constata-se que em duas publicações não se pode identificar o
formato da intervenção por falta de detalhamento no próprio texto da pesquisa (uma na
abordagem behaviorista radical e outra na abordagem da Psicologia Cognitiva). Quando se
pode identificar tais dados, verificou-se que há predomínio da intervenção por meio de
grupos (pequenos e grandes) (n = 12), em detrimento de intervenções individuais. Vale
comunicar que a abordagem behaviorista radical apresenta intervenções grupais (n = 4), além
das individuais (n = 2).
Referente ao setting das pesquisas, tal dado é apresentado pela Figura 27 a seguir.
99
Figura 27. Setting das intervenções realizadas (em número).
Na Figura 27, nota-se que há mais intervenções realizadas em sala de aula (n = 8); no
entanto, verifica-se também a ocorrência de intervenções na sala do pesquisador (n = 5) e em
casa (n = 3). As intervenções em casa foram analítico-comportamentais (n = 3), enquanto
que as realizadas em sala de aula, tiveram um predomínio da Psicologia Cognitiva (n = 5).
Inicia-se o relato das características dos participantes a partir da Figura 28.
100
Figura 28. Menções aos participantes (em número).
Nota. Mais de um tipo de participante pode ter sido mencionado em uma mesma publicação.
Observa-se na Figura 28 que há predomínio de intervenções realizadas com alunos,
fato que ocorre na abordagem behaviorista radical como na Psicologia Cognitiva, em
detrimento de intervenções realizadas com pais, mães e professores.
Referente aos pais, fez-se a diferenciação entre pais e mães, pois nas próprias
pesquisas isso ocorre, havendo maior participação de mães (n = 4) do que de pais (n = 2).
Vale comunicar que todas as pesquisas que tiveram a participação de pais (apenas mães ou
ambos) foram realizadas com as diretrizes do Behaviorismo Radical.
Em relação aos professores, informa-se que apenas a Psicologia Cognitiva promoveu
intervenções tendo como participantes os professores (n = 3).
Continuando a especificação das características dos participantes, seguem a Figura
29 e a Tabela 19.
101
Figura 29. Gênero dos participantes mencionados nas pesquisas (em porcentagem).
Conforme a Figura 29 ilustra, há predomínio da utilização de ambos os gêneros, ou
seja, não há preferência em relação ao gênero.
Tabela 19. Escolaridade dos participantes (em porcentagem e número).
Nota. Mais de um tipo de escolaridade pode ter sido mencionada em uma mesma publicação.
Por meio da Tabela 19, pode-se constatar que há predomínio dos participantes de
Ensino Fundamental (57,1%) em detrimento do Ensino Superior (28,6%) e Ensino Médio
(14,3%). Em relação à modalidade educativa, verificou-se que todas as pesquisas se
enquadraram no Ensino Regular.
Finalizando os dados dos participantes, apresenta-se a última característica
mencionada, as dificuldades dos participantes alunos, conforme a Tabela 20 a seguir.
Escolaridade % nEnsino Fundamental 57,1% 12Ensino Médio 14,3% 3Ensino Superior 28,6% 6Total 100,0% 21
102
Tabela 20. Dificuldade dos participantes alunos mencionada nas pesquisas (em porcentagem
e número).
Nota. Mais de um tipo de dificuldade pode ter sido mencionada em uma mesma publicação.
Verifica-se por meio da Tabela 20 que a maioria das intervenções teve como
participantes alunos sem dificuldades especificas (63,2%); poucas pesquisas mencionaram
alunos com algum tipo de dificuldade de aprendizagem e/ou que tenha sido
reprovado/fracassado na escola.
Em resumo, ao se analisar os artigos que realizaram intervenção sobre o estudar,
verificou-se as intervenções experimentais e as não-experimentais tiveram como aporte
teórico tanto o Behaviorismo Radical quanto a Psicologia Cognitiva. A Psicologia Cognitiva
se utilizou do delineamento de grupo, enquanto a Análise do Comportamento, o
delineamento de sujeito único (AB, no caso).
O próprio pesquisador foi o responsável pela intervenção, na maioria das vezes em
formato grupal (em ambas as abordagens) na própria sala de aula dos participantes, em sua
maioria, pertencentes ao Ensino Fundamental Regular, sendo de ambos gêneros e sem
nenhum tipo de dificuldade de aprendizagem.
Partindo para a análise do que foi ensinado (repertório-alvo), apresentam-se os dados
relativos às pesquisas que ensinaram a organizar e planejar tempo, atividades e materiais.
Dificuldades % nCom dificuldade de aprendizagem 10,5% 2Reprovação/fracasso escolar 26,3% 5Sem dificuldades 63,2% 12Total 100,0% 19
103
Tabela 21. Ensino de organização e planejamento do tempo, atividades e materiais (em
número).
Observa-se, a partir da Tabela 21, que praticamente todas as pesquisas (com exceção
da pesquisa 3) ensinaram algum tipo de organização/planejamento. Houve predomínio de
pesquisas que ensinaram a organizar a organizar o tempo disponível para o estudo/atividades,
ensinando a construção de materiais (agenda, calendários, grades de horários, entre outros).
Ainda, outras pesquisas ensinaram a organização e disponibilização dos materiais
escolares (livros, cadernos, estojo, entre outros), ou seja, formas de como o estudante pode
organizar os seus materiais, tendo-os ao seu alcance no tempo disponível para estudar.
A seguir, segue a Tabela 22 a respeito da organização e planejamento do espaço.
Organização e planejamento do tempo, atividades e materiais Número da pesquisa n
Estabelecer metas e objetivos (curto, médio e longo prazo). 5, 9, 10, 12, 14 5
Estabelecer graus de dificuldade do conteúdo e fracionar as tarefas em pequenos passos.
2, 8, 10 3
Construir calendários, registro de atividades, agendas, cronogramas, grades de horários para as atividades e provas.
2, 4, 5, 6, 7, 8, 11, 12, 13, 14, 15, 16 12
Disponibilizar e organizar o material escolar. 2, 4, 6, 7, 9, 11, 12, 13, 15 9
Outros 1 1
104
Tabela 22. Ensino de organização e planejamento do espaço (em número).
A partir da Tabela 22, verifica-se que 11 pesquisas (exceção das pesquisas 1, 2, 3, 5
e 16) ensinaram a organização e planejamento do espaço. As atividades mais ensinadas
foram: (a) planejar e escolher o local de estudo adequado e confortável (sendo especificado
apenas nas pesquisas 4, 6 e 11, quando se descreve a necessidade de uma iluminação
adequada); (b) saber eliminar estímulos visuais, auditivos e sociais do seu ambiente de
estudo.
A partir desses dados, observa-se que, com exceção de uma pesquisa, todas ensinaram
algum aspecto relativo ao planejamento e organização do tempo, seja das atividades e
materiais, seja do local do estudo, sendo menos frequente o foco no local do estudo.
Verifica-se, pois, que tais pesquisas ensinaram a manipular condições antecedentes
do estudar, as quais podem aumentar a probabilidade de estudar.
A Tabela 23 elenca um rol de comportamentos que foram identificados como as
“respostas de estudar”.
Organização e planejamento do espaço Número da pesquisa nPlanejar e escolher o local de estudo adequado e confortável.
4, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 15 10
Eliminar distratores e estímulos concorrentes: estímulos visuais, auditivos e sociais.
6, 8, 11, 12, 13, 14, 15 7
105
Tabela 23. Ensino das respostas de estudar (em número).
Respostas Número da pesquisa n
LERSublinhar; salientar informação relevante. 2, 3, 13 3Fazer perguntas sobre o texto. 6, 13, 14 3Responder perguntas oralmente sobre o texto. 6, 13, 14 3Repetir oralmente o que foi lido/parafrasear 13 1Reler. 13 1Ler (sem especificar). 4, 8, 10, 16 4Total 15
ESCREVERResponder perguntas sobre o texto. 6, 13, 14 3Planejar, organizar e conferir a escrita de um texto. 2, 3, 13 3Copiar informações do texto. 13 1Resumir. 2, 3, 5, 13, 14 5Fazer esquemas (mapas conceituais, diagramas). 2, 5, 13, 14 4Preocupar-se com a estética. 13 1Preocupar-se com a gramática. 13 1Escrever (sem especificar). 9, 10 2Total 20
MEMORIZAR
Utilizar técnicas mnemônicas (associação de ideias, contrução de imagens mentais, associação a lugares, criar analogias, repetir o que foi lido).
2, 13 2
Memorizar; internalizar (sem especificar). 5, 9, 14 3Total 5
CONSULTAR INFORMAÇÕESConsultar e selecionar informações (dicionário, livro, caderno, notas, site, manual). 2, 9, 10
3
Conferir/checar informações. 13 1Total 4
PEDIR AJUDAPedir ajuda para colegas. 13, 14 2Pedir ajuda para professores. 13, 14 2Total 4
106
Verifica-se que diferentes repertórios foram ensinados: ler, escrever, memorizar,
consultar informações, pedir ajuda, atentar, refletir sobre o próprio processo, dos quais o
escrever e o ler foram predominantes. Especificando o ler, constatou-se o ensino dos
seguintes comportamentos em relação ao texto: sublinhar informações relevantes,
fazer/responder perguntas oralmente sobre ele, parafrasear, reler. Já sobre o escrever,
observou-se o ensino de técnicas de resumir, fazer esquemas, responder perguntas escritas
sobre o texto; planejar, organizar e conferir a escrita de um texto; copiar informações,
preocupar-se com estética e gramática.
Como se pode observar, o maior número de menções foi em relação à escrita e à
leitura (n = 20 e n = 15, respectivamente). Também foi feito menção ao processo de reflexão
sobre o estudar (n = 10), porém, diferentemente dos itens anteriores, não foram especificadas
quais estratégias de reflexão foram ensinadas, com exceção do automonitoramento da leitura
e da escrita.
Outros repertórios-alvo foram mencionados com menor frequência:
consultar/selecionar informações, memorizar, pedir ajuda e atentar. Desses repertórios,
foram melhor especificados o consultar/selecionar informações do que o memorizar, pedir
ajuda e atentar.
ATENTARTomar notas na aula. 2, 13, 14 3Ter atenção (sem especificar). 5, 8, 11 3Total 6
REFLETIR SOBRE PRÓPRIO PROCESSOAutomonitorar a leitura. 5, 13 2Automonitorar a escrita. 5, 13 2Refletir sobre as estratégias utilizadas. 2, 3, 5, 8, 10, 13 6Total 10
CONTROLAR COGNIÇÕES NEGATIVAS 13 1
REALIZAR TAREFAS/PRATICAR 4, 11, 12, 15 4
RESOSTAS DE ESTUDAR/PROCEDIMENTOS DE ESTUDO (sem especificar) 1, 11, 12, 15
4
107
Ao se focalizar se os pesquisadores ensinavam os participantes a manipular
consequências para o próprio comportamento de estudar (autoadministração de reforçadores,
por exemplo), verificou-se que esse aspecto não foi contemplado. No entanto, os
pesquisadores relataram que, a partir do que foi ensinado, o estudante obteve diversas
consequências, sejam afetivas sejam cognitivas. A Tabela 24 apresenta as consequências
descritas pelos pesquisadores como efeitos/resultados do ensino das condições antecedentes
e das respostas de estudar.
Tabela 24. Consequências obtidas pelo estudante segundo a avaliação dos pesquisadores
(em número).
A partir da Tabela 24, verifica-se que, dentre as consequências naturais que
supostamente passaram a controlar o comportamento do estudante, houve mais menções a
aspectos cognitivos do que a aspectos afetivos. Dentre os cognitivos, o mais citado foi a
observação da eficácia/sucesso gerada(o) pelo próprio comportamento de estudar. O aumento
da probabilidade de ter compreensão, conhecimento e memorização do conteúdo lido
Consequências Número da pesquisa n
CONSEQUÊNCIAS NATURAISAspectos afetivos
Motivação. 2, 5, 6, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15 11Perseverança. 10 1Autoestima. 5, 7, 9, 13 4Segurança. 8 1Satisfação. 8 1Total 18
Aspectos cognitivosCompreensão. 2, 5, 9, 13, 14 5Memorização. 2, 3, 9 3Atenção. 2 1Conhecimento. 2, 3, 8, 16 4Autoconhecimento. 2 1Qualidade na escrita de um texto. 3 1
Observação de eficácia/sucesso do desempenho. 2, 5, 6, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15 11Total 26
108
também foi citado como decorrência do ensinado. Cabe lembrar que o ensino, aos
participantes, da reflexão sobre o próprio processo de estudar, foi realizado em pesquisas da
abordagem cognitiva.
Em relação aos aspectos afetivos, o aumento da motivação foi a consequência mais
mencionada, tendo sido indicada em grande parte das pesquisas.
Quanto aos procedimentos utilizados pelos pesquisadores, nas intervenções, a Tabela
25 revela quais foram.
Tabela 25. Procedimentos utilizados nas intervenções (em número).
Verifica-se que há hegemonia da exposição de conteúdos por meio de variados meios,
tais como: slides, aulas, reuniões, oficinais temáticas e cartazes. Além desse procedimento,
a discussão e reflexão por meio de livros, textos, filmes e recursos audiovisuais, assim como
a execução e discussão das tarefas também foram frequentes. Outro procedimento frequente,
esse realizado por intervenções com base na Análise do Comportamento, foi ensinar o
participante por meio de pequenos passos: mais fácil para o mais difícil; divisão em objetivos
iniciais, intermediários e finais.
Procedimentos Número da pesquisa nModelagem/reforçamento diferencial. 7, 9, 11, 13, 14 5Dar regras e instruções; orientar. 3, 4, 10 3Foco em pequenos passos; mais fácil para o mais difícil; divisão em objetivos iniciais, intermediários e finais.
1, 3, 4, 8, 9, 11, 13 7
Modelação. 7, 9, 11, 13 4Role playing . 6, 11, 13 3Dinâmicas de grupo. 6, 8, 11 3Atividades lúdicas, jogos, quadrinhos, desenhos, fantoches, teatro. 2, 7, 11, 12, 16 5Discussão e reflexão por meio de livros, textos, filmes, recursos áudiovisuais.
2, 4, 6, 7, 8, 10, 11, 12, 13, 14, 15 11
Psicoeducação em grupo. 6, 8, 10 3Vídeofeedback . 7, 12 2Estimular o automonitoramento/reflexão: como está fazendo e o que está pensando quando está usando as estratégias; autoquestionamento.
2, 3, 13, 14 4
Fazer e discutir tarefas propostas. 2, 4, 5, 8, 9, 11, 12, 13, 14, 15, 16 11Preenchimento de instrumentos padronizados. 4, 8, 10, 11, 13, 14 6Exposição de conteúdo: slides, aulas, reuniões, oficinas temáticas, cartazes. 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 11, 12, 13, 14, 15 13
Economia de fichas/sistema de pontos. 12, 15 2
109
Ao analisar as intervenções, procurou-se também focalizar os procedimentos
utilizados durante o ensino e as consequências liberadas pelo pesquisador, conforme lista a
Tabela 26.
Tabela 26. Consequências liberadas pelos pesquisadores (em número).
A Tabela 26 mostra que há consequência mencionadas sem serem especificadas e,
quando especificadas, há uma ligeira predominância da utilização de elogios. Cabe
mencionar que a utilização de consequências arbitrárias nos procedimentos ocorreu apenas
nas pesquisas com base na Análise do Comportamento. Os pesquisadores cognitivos não
fizeram menção às consequências por eles liberadas; mas os que ensinaram a refletir sobre o
próprio processo de estudar treinaram o participante a observar a eficácia/sucesso resultante
do estudar.
A medida de resultados é essencial para que os pesquisadores avaliem e tenham
controle sobre suas intervenções; os pesquisadores avaliaram os resultados da intervenção
realizada a partir de diferentes medidas, conforme a Tabela 27 indica.
Tabela 27. Medidas de resultados utilizadas nas pesquisas (em número).
Consequências Número de pesquisa nElogios. 7, 12, 15 3Permitir brincar, assistir TV, visitar alguém ou fazer o que quiser.
4, 12 2
Uso de fichas e/ou sistema de pontos. 12, 15 2Consequências positivas (sem especificar). 11, 16 2Total 9
Medida Número da pesquisa nCategorias de interação terapêutica; interação entre pais e filhos no estudo. 1, 7, 12, 15 4Categorias de aspectos do texto (estrutural, articulação e erros). 3 1Relato verbal dos participantes; opinião; percepção. 2, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 11, 13, 14, 16 11Resultados dos instrumentos, exercícios e/ou atividades. 2, 4, 5, 8, 9, 10, 11, 13, 14, 16 10Melhora de notas; desempenho; rendimento escolar. 5, 6 2Tempo e latência do tempo de estudo. 6, 16 2Quantidade/número de tarefas feitas. 16 1
110
Os dados apresentados na Tabela 27 expõem que o relato verbal dos participantes é a
medida mais utilizada, seguida dos instrumentos, exercícios e/ou atividades propostas para
os participantes.
A seguir, a Figura 30 apresenta a avaliação da eficácia das intervenções, por parte dos
pesquisadores.
Figura 30. Eficácia das intervenções (em número).
A Figura 30 apresenta que das 16 pesquisas de intervenção, 12 delas foram descritas
pelos pesquisadores como positivas, avaliação baseada no relato verbal dos participantes e
no resultado dos instrumentos, exercícios e/ou atividades.
Em resumo, ao se focar as pesquisas de intervenção, tendo como critério de análise a
tríplice contingência, observou-se o ensino tanto de repertórios referentes às condições
antecedentes, quanto os referentes às respostas do estudar propriamente dito. Quanto às
condições antecedentes, há pesquisas que ensinaram a organização/planejamento do tempo
de estudo, das atividades, dos materiais e do espaço. Referente às respostas do estudar
propriamente dito, constatou-se o predomínio das classes de respostas de ler e escrever, além
do ensino da reflexão sobre o próprio processo de estudar, esse último presente em pesquisas
111
de base cognitiva. Verificou-se, também, que os estudantes não foram ensinados a manipular
consequências (autoadministração de reforçadores, por exemplo); no entanto, houve tanto o
ensino da observação das consequências geradas pelo estudar quanto o relato, dos próprios
pesquisadores, de consequências naturais (relativas a aspectos cognitivos e emocionais) que,
na avaliação deles, passaram a controlar o comportamento dos estudantes.
Em relação aos procedimentos, a discussão e reflexão por meio materiais didáticos e
a exposição de conteúdo se mostraram mais frequentes, sendo menos frequentes os utilizados
pela Análise do Comportamento, tais como: modelagem, reforçamento diferencial,
modelação, utilização de consequências arbitrárias, sendo o mais citado o planejamento em
pequenos passos.
Sobre as medidas de resultado, tanto o relato verbal dos participantes quanto os
resultados dos instrumentos, exercícios e/ou atividades foram mais frequentes, revelando
resultados positivos das intervenções realizadas pelos pesquisadores.
112
DISCUSSÃO
Teve-se por objetivo caracterizar as intervenções realizadas no ensino do estudar, e
para tanto, 16 estudos foram analisados na íntegra.
Tipos de pesquisa e abordagem da Psicologia
Verificou-se dominância de duas abordagens dando suporte às intervenções sobre o
estudar: Psicologia Cognitiva e Behaviorismo Radical, que apresentaram os dois tipos de
intervenção (experimental e não-experimental). A Psicologia Cognitiva abordou o estudar
por meio de dois repertórios-alvo da abordagem: autorregulação da aprendizagem (e/ou
aprendizagem autorregulada) e estratégias de aprendizagem.
Segundo Rosário et al. (2014), o estudo da autorregulação da aprendizagem emergiu
no ano de 1980 e surgiu a partir de perspectivas que consideravam que o desempenho dos
alunos não poderia ser completamente explicado a partir da inteligência e, sim, por meio do
estudo de processos cognitivos, principalmente os que envolvem o monitoramento do próprio
comportamento, tendo como referência os objetivos e os avanços da aprendizagem. Como os
autores pontuaram, a própria abordagem da Psicologia Cognitiva possui uma série de
ramificações teóricas (i.e., volitiva, processamento da informação, sociocognitiva,
sociocultural), sem concordância conceitual, de modo que em alguns trabalhos sobre o
estudar, utiliza-se também o conceito de estratégias de aprendizagem.
Segundo Dembo (1994) e Rosário et al. (2014), as estratégias de aprendizagem são
técnicas ou métodos que os estudantes utilizam para obter e aprender informações. Dembo
(1994) divide as estratégias de aprendizagem em (a) cognitivas e (b) metacognitivas. O autor
esclarece que as estratégias cognitivas operam diretamente sobre o material a ser aprendido,
auxiliando o estudante a melhor processar a informação; já as estratégias metacognitivas são
procedimentos que o indivíduo emprega para planejar, monitorar e regular o seu próprio
pensamento e ação.
Tanto a Psicologia Cognitiva quanto a Análise do Comportamento utilizaram
pesquisas experimentais; nesse ponto, havendo aproximação entre ambas. De acordo com
Neufeld, Brust e Stein (2011), a Psicologia Cognitiva, desde o início de seu desenvolvimento,
teve o objetivo de manter na Psicologia o padrão de cientificidade compartilhado pelas outras
113
disciplinas da Ciência, tais como: observação sistemática (busca de dados empíricos e
mensuração ou quantificação dos resultados) e o controle e manipulação de variáveis com
intuito de estabelecer relações de causa e efeito. A Análise do Comportamento, por sua vez,
também defende a experimentação como um dos possíveis métodos de pesquisa, tendo como
filiação metodológica os modelos de pesquisa consagrados nas Ciências Naturais e, mais
especificamente, à pesquisa experimental de laboratório, conforme salienta Andery (2010).
Embora seja defendido tanto pela Psicologia Cognitiva quanto pela Análise do
Comportamento a realização de pesquisas experimentais, elas ocorreram em menor
frequência em comparação com as intervenções não experimentais. Segundo Rosário et al.
(2014), tal resultado pode indicar que a área se encontra em estado inicial da formulação dos
conceitos mencionados (autorregulação da aprendizagem/aprendizagem autorregulada,
estratégias de aprendizagem e o próprio comportamento de estudar). Com isso, os autores
indicam a necessidade de mais estudos para a compreensão de tais conceitos, mais
intervenções e a necessidade de estudos com desenhos metodológicos mais completos
(citando medidas repetidas; estudos multiníveis; melhor descrição da variável independente;
melhor descrição do grupo controle e de intervenção, entre outros).
Segundo Leonardi (2017), há consenso, de que estudos de caso qualitativos (e/ou
intervenções não-experimentais) são úteis para a inovação, constituindo um primeiro passo
na identificação de procedimentos potencialmente eficazes, servindo como ponto de partida
para o levantamento de hipóteses que serão verificadas em pesquisas experimentais.
De acordo com Cozby (2003), Reed, Kihlstrom e Messer (2006), Cassas e Regis Neto
(2010) e Leonardi (2016; 2017), há inúmeras críticas quanto às intervenções não-
experimentais por carecerem tanto de validade interna quanto de externa. Entre os problemas
são destacados: (a) dificuldade na apropriação da atribuição causal das variáveis
independentes destacadas no estudo; (b) dificuldade na segurança de que os resultados de um
experimento podem ser atribuídos à manipulação da variável independente e não a outras
variáveis; (c) impossibilidade de replicação e dificuldade de generalização dos resultados,
uma vez que a intervenção envolve aspectos tão individualizados que tornam os dados
incomparáveis com outros indivíduos; (d) dificuldade de combinar resultados de diferentes
estudos para derivar conclusões sobre a eficácia.
114
Sugere-se, então, a continuidade das pesquisas experimentais, aprimorando os
controles não realizados pela intervenção não-experimental.
Delineamento experimental
Sobre o delineamento experimental, verificou-se que houve tanto controle de grupos
(sendo todos da Psicologia Cognitiva), quanto o sujeito único como próprio controle (sendo
todos da Análise do Comportamento).
O desenho principal de pesquisa experimental na Psicologia Cognitiva é o de grupo,
conforme Neufeld, Brust e Stein (2011), no qual são utilizados grupos-controle com amostras
aleatórias; manipulação de variáveis independentes (i.e., intervenções relacionadas à
aprendizagem de estratégias de estudo, estratégias de aprendizagem, estratégias
metacognitivas e estratégias para elaboração de textos); variáveis dependentes (i.e., medidas
por meio de instrumentos padronizados).
Em todos os estudos experimentais da Psicologia Cognitiva, verificou-se que foram
utilizados parâmetros estatísticos para a análise dos resultados apresentados pelos diferentes
grupos (experimental e controle), ou seja, verificando-se se houve diferenças no desempenho
(variáveis dependentes) em função das variáveis manipuladas, tendo como referência o
desempenho dos grupos.
De acordo com Matos (1990), até princípios do século passado, a pesquisa em
Psicologia era dominada pelo delineamento estatístico e pelo estudo de grupo, inspirados
pelas Ciências Exatas, sendo a principal consequência desse tipo de abordagem o
agrupamento dos dados na forma de desempenhos médios, o que pode obscurecer exceções
no nível individual, pois as médias do grupo podem não corresponder ao desempenho de
nenhum indivíduo (raramente um sujeito se comporta exatamente como essa média).
Ainda, ao se comparar os dados agregados de todos os participantes de um grupo com
os dados agregados dos participantes de outro grupo, supõe-se que eventuais inconsistências
ou variações não esperadas sejam compensadas entre os sujeitos, de modo que os resultados
do grupo todo expressariam o resultado típico independente de (descontadas as) variações
individuais (Sampaio et al., 2008). Assim, aponta-se então que tal desenho metodológico
possa ser complementado e/ou que haja um balizamento de decisões sobre o ensino do
estudar por meio de consultas a estudos de sujeito único que prezam pela variabilidade dos
115
comportamentos dos estudantes. Segundo Sampaio et al. (2008), três razões tornam a
estratégia dos delineamentos de sujeito único especialmente proveitosa: (a) o pesquisador
pode identificar características típicas da VD (variável dependente), sugerindo o modo como
a VD está relacionada às suas variáveis controladoras e problemas no processo de
mensuração; (b) pode-se avaliar o grau de controle experimental obtido, ou seja, quanto o
pesquisador pode ter certeza de que a VI (variável independente) é responsável pelas
mudanças observadas na VD; (c) a comparação dos desempenhos da VD em várias condições
experimentais, auxilia a afirmação de representatividade (os dados obtidos de fato
correspondem aos efeitos principais da condição avaliada?) e generalidade (os dados obtidos
são replicáveis?) dos resultados em cada condição.
O delineamento experimental de sujeito único foi realizado apenas nas intervenções
com base na Análise do Comportamento, sendo o delineamento AB o mais utilizado. A lógica
subjacente a esse delineamento é a de que o comportamento apresentado em uma condição
“A” sirva como controle (linha de base) para se avaliar os efeitos de variáveis introduzidas,
retiradas ou modificadas em uma outra condição “B” (Matos, 1990; Velasco, Garcia-Mijares
& Tomanari, 2010). Portanto, é necessário que o comportamento de um mesmo indivíduo
seja medido contínua e repetidamente ao longo de cada condição até que se obtenha um
estado-estável, ou seja, até que o comportamento de interesse demonstre variações mínimas
de uma observação a outra (Matos, 1990; Johnston & Pennypacker, 1993).
No caso das três pesquisas que utilizaram esse delineamento, considera-se que o
delineamento AB se justifica, já que o estudar é um comportamento que depois de fortalecido
não pode ser retirado ou mesmo enfraquecido pela comunidade. Entretanto, como o
delineamento AB é o mais básico em pesquisas de sujeito único, no qual as mudanças
ocorridas no comportamento-alvo são supostas como função da variável independente, o
efeito não é replicado no mesmo participante, não havendo segurança para se dizer que a
variável independente é a responsável pelas mudanças observadas, impossibilitando com que
o comportamento de um mesmo indivíduo seja medido contínua e repetidamente ao longo de
cada condição até que se obtenha um estado-estável (Matos, 1990; Johnston & Pennypacker,
1993).
Sugere-se então, a utilização de mais delineamentos de base múltipla, que permite
variações em relação a variável independente e aos sujeitos, por exemplo, permitindo
116
executar e avaliar mais criteriosamente os efeitos do procedimento (Sampaio et al., 2008).
Segundo Kazdin (1982), no delineamento de linha de base múltipla, mais de uma VD é
mensurada e analisada ao mesmo tempo (mais de uma linha de base) e as VIs são introduzidas
em momentos seguidos e distintos no tempo para cada uma delas. Nos estudos
comportamentais essas VDs podem ser: duas ou mais respostas emitidas por um mesmo
sujeito ou uma mesma resposta emitida por dois ou mais sujeitos, ou uma mesma resposta
emitida por um sujeito em duas ou mais situações ou ambientes físicos e/ou sociais.
Sugere-se, também, que pesquisas experimentais com controle de grupo e pesquisas
experimentais de sujeito único sejam complementares entre si, uma vez que, sendo
metodologicamente diferentes, trazem informações diversas.
Aspectos da intervenção
Sobre o agente da intervenção, verificou-se haver predomínio de intervenções
realizadas pelo próprio pesquisador (profissional da área da Psicologia), havendo pequena
participação de mães e ausência completa dos professores.
A literatura aponta que as intervenções sobre o estudar são realizadas por agentes
externos (muitas vezes terceirizados), que promovem contingências extraescolares para o
ensino desse repertório. Tal fato pode estar relacionado com algumas hipóteses (cf.,
Cortegoso & Botomé, 2002; Velasco, 2016), dentre elas: falta de ensino do processo de
estudar para os professores; ausência de disciplina reservada ao ensino do estudar; despreparo
dos colégios e equívocos relacionados ao estudar. Portanto, existe lacuna desse conhecimento
na formação dos professores; apesar disso, como verificado, observa-se carência de
intervenções que coloquem o professor como agente de intervenção.
Os professores não deveriam ser marginalizados nesse processo, visto que deveria ser
tarefa deles ensinar seus alunos a estudar. É função do professor e não de psicólogos e/ou
outros profissionais da área da Saúde e/ou Educação, instalar esse comportamento complexo,
que precisa ser ensinado desde a entrada no ensino formal, conforme indica Figueiral (2015).
Ao colocar o professor como agente de intervenção, evita-se a terceirização e possível
transferência de responsabilidades para pessoas estranhas ao contexto escolar. Assim,
propõe-se que sejam realizadas pesquisas de intervenção com a participação dos professores
como agente de intervenção, conforme destacado por Figueiral (2015) e Velasco (2016).
117
Com isso, considera-se que os demais profissionais das áreas de Saúde, Psicologia e
Educação deveriam ser auxiliares nesse processo, oferecendo contingências de suporte para
a proficiência dos próprios professores nesse ensino/intervenção.
Quanto aos pais, como agentes de intervenção, seis pesquisas (todas da Análise do
Comportamento), utilizaram a mãe, no momento em que o aprendiz realizava tarefas
escolares/lições de casa. Com isso, percebe-se que há ainda uma hegemonia da mãe como
participante, em detrimento da participação de ambos os pais, presentes apenas em uma
pesquisa.
Há, em relação à lição de casa, discussões políticas e educacionais, tal como a
concepção do trabalho escolar transferido para casa como uma estratégia defensiva contra a
cobrança da responsabilidade estatal/escolar, de prover - suficiente e adequada - educação
formal (Carvalho, 2004). A despeito de tais discussões, não se pode desconsiderar o fato que
a tarefa de casa é, na maioria das vezes, considerada por pais e profissionais como uma
oportunidade para o aluno estudar de forma autônoma (Gurgueira & Cortegoso, 2008). Para
prover essa oportunidade, segundo Hübner (1999) e Gurgueira e Cortegoso (2008), os pais
precisam ser ensinados a ser agentes, intervindo/ensinando o(s) filho(s) a estudar novos
conteúdos e/ou o que foi ensinado em sala de aula pelos professores
Uma vez que a Análise do Comportamento tem enfoque ambiental/contextual,
entende-se, na proposta por analistas do comportamento, a presença de outros agentes (pai e
mãe), considerados como participantes das contingências favorecedoras do desenvolvimento
e manutenção do comportamento do estudar (Hübner, 1999; Gurgueira & Cortegoso, 2008),
diferentemente das pesquisas com base na Psicologia Cognitiva, que realiza a maioria das
intervenções por meio de pesquisadores, que instrumentalizam os alunos.
Quanto à manutenção e generalização do comportamento de estudar, cabe indicar
que, em ambas as abordagens e nas diferentes formas de intervenção (com alunos ou outros
agentes), apenas uma pesquisa das 16 de intervenções analisadas, tratou sobre esse aspecto
tão importante. Assim, seguindo o proposto por Baer, Wolf e Risley (1968) e Stokes e Baer
(1977), sugere-se que futuras pesquisas demostrem de forma controlada/adequada a
ocorrência (ou não) do comportamento-alvo do ensino (no caso, o estudar).
No caso das pesquisas da Psicologia Cognitiva, autores como Dantas e Rodrigues
(2013) e Rosário et al. (2014), consideram que o ensino direto aos alunos (sem a capacitação
118
de outros agentes de intervenção) do automonitoramento presente na autorregulação da
aprendizagem e/ou metacognição é facilitador/promotor da generalização do estudar para
outros contextos. Ainda assim, conforme Rosário et al. (2014), há a necessidade de mais
pesquisas da Psicologia Cognitiva que tenham o enfoque na manutenção e generalização do
estudar.
Sobre o formato da intervenção prevaleceram pesquisas com grupos grandes (mais
de 10 participantes) e pequenos (2 a 5) em ambas as abordagens. Esse dado indica que
também a Análise do Comportamento utiliza grupos de pessoas em suas intervenções,
entretanto, não realiza pesquisas com delineamento experimental de grupo, mas sim com
delineamento de sujeito único.
A intervenção em formato grupal é muito importante, principalmente as com maior
número de participantes, pois se aproxima do contexto em sala de aula do ensino formal
brasileiro, onde há professores com muitos alunos. Tais pesquisas possibilitam que os
pesquisadores se aproximem das variáveis presentes no contexto coletivo do professor
brasileiro, situação díspar das pesquisas em que se intervém em um contexto controlado de
um para um ou de um para poucos, por exemplo, como muitas vezes ocorre nas intervenções
realizadas por profissionais terceirizados e em muitas intervenções realizadas pela própria
Análise do Comportamento. Sugere-se então, mais pesquisas de caráter coletivo, atuando
com grupos de alunos em sala de aula, conforme apontam Axelrod (1992), Fantuzzo e Atkins
(1992), Deitz (1994) e Gonçalves (2017).
Participantes da pesquisa e Setting
Verificou-se a predominância de alunos do Ensino Fundamental, nas pesquisas de
intervenção. Esse é um aspecto positivo, pois, segundo Figueiral (2015), do primeiro ano
nono ano do ensino formal brasileiro (Ensino Fundamental), tem-se o momento em que os
alunos precisam receber mais auxílio em relação ao desenvolvimento do comportamento de
estudar.
Verificou-se, também que a maioria das intervenções foi realizada com alunos sem
dificuldades. Conforme Rosário et al. (2014) discutiram em seu trabalho de revisão, há a
necessidade de intervenções realizadas com alunos que possuem algum tipo de dificuldade
de aprendizagem e/ou problema de estudo, sendo de pouca utilidade descrever, como
119
características dos participantes: “aluno com reprovação ou insucesso escolar”, conforme
detectado em pesquisas do presente estudo.
Referente ao setting, verifica-se a dominância da sala de aula nas pesquisas da
Psicologia Cognitiva, diferentemente das intervenções com aporte da Análise do
Comportamento. Considerando que o professor trabalha com grupos de alunos (agrupados
em turmas), são necessárias mais pesquisas que foquem esse contexto para o acesso às
variáveis atuantes.
Procedimentos
Sobre os procedimentos utilizadas nas pesquisas de intervenção, observou-se
hegemonia da exposição de conteúdo, utilizando-se variados meios: slides, aulas, reuniões,
oficinais temáticas e cartazes. Tal procedimento foi utilizado tanto nas pesquisas da
Psicologia Cognitiva como da Análise do Comportamento. Esse tipo de procedimento
também é dominante na educação formal brasileira, na qual os professores expõem o
conteúdo aos alunos, pois, normalmente, são ensinados e cobrados a fazer isso em suas aulas,
de acordo com Velasco (2016). Entretanto, cabe salientar que esse tipo de procedimento pode
ser eficaz para ensinar algum conteúdo, porém, não necessariamente se ensina a estudar, visto
que apenas expor um conteúdo não significa que o professor/agente de intervenção ensinou
comportamentos de autogoverno intelectual.
Além do procedimento de exposição de conteúdo, a discussão e reflexão por meio de
livros, textos filmes e recursos audiovisuais se mostra frequente também em ambas as
abordagens. Referente a esse procedimento, a discussão se mostra similar à realizada sobre a
exposição de conteúdo, visto que esse também é um procedimento muito realizado pelos
professores em sala de aula que, necessariamente não ensina o comportamento de estudar.
Partindo, exclusivamente para as pesquisas da Psicologia Cognitiva, elas focalizaram
o ensino do estudar por meio de manipulação/manejo de condições antecedentes
(orientações, exposições de conteúdo, proposta de atividades), não utilizando a manipulação
de consequências reforçadoras para reforçar as respostas do estudar. A grande maioria das
pesquisas revelou (por meio de relatos e resultados de instrumentos padronizados) as
consequências positivas da intervenção, entre elas a obtenção de “ganhos/efeitos cognitivos
e emocionais”, tais como: ter mais motivação para estudar; ter uma maior autoestima; ter
120
compreendido e memorizado melhor os conteúdos; observar/perceber a própria
eficácia/desempenho na tarefa, entre outras consequências naturais.
Em intervenções da Psicologia Cognitiva, verificou-se que não houve a descrição
e/ou manipulação das consequências promovidas pelos agentes de intervenção em relação às
respostas do estudar, diferentemente do ocorrido nas pesquisas da Análise do
Comportamento; entretanto, tal aspecto não significa que as consequências deixaram de
existir/atuar, visto que poderiam oferecer atenção, feedbacks, elogios sem ter a consciência
que estavam reforçando o comportamento de estudar em questão e/ou outros
comportamentos dos participantes.
Os pesquisadores da Psicologia Cognitiva parecem se preocupar, em suas
intervenções, com a descrição/apontamento das consequências naturais do estudar, ao invés
de manejar consequências arbitrárias, utilizadas de forma unânime pelas pesquisas da Análise
do Comportamento. Focalizar as consequências naturais é algo muito defendido por Skinner
(1968), Horcones (1992) e Dorigon (2010) que enfatizam que qualquer comportamento
ensinado no processo de ensino seria inútil, caso não tivesse efeito no mundo. Assim,
conforme Dorigon (2010) afirma, as habilidades acadêmicas (no caso do presente estudo, o
estudar) precisarão encontrar condições favoráveis para ocorrerem na ausência da escola, por
isso, a utilização de reforçadores arbitrários não seria vantajoso para a manutenção desse
comportamento. Além disso, conforme defendem Horcones (1992) e Aloi, Haydu e Carmo
(2014), o comportamento controlado apenas por reforçadores arbitrários tende a ocorrer
apenas na presença do planejamento/controlador da contingência em vigor; aumentam a
possibilidade de saciação; não estão disponíveis imediatamente após e em certos casos
concomitantemente à execução do comportamento; dificultam o processo de controle de
estímulos e generalização e possibilitam o exercício de controle autoritário.
Contudo, apesar da defesa da utilização de reforçadores naturais, ao invés dos
arbitrários, Dorigon (2010) e Aloi, Haydu e Carmo (2014) reconhecem que a utilização de
arbitrários são, na maioria das vezes, fundamentais no processo educacional, visto que as
consequências naturais do responder podem ser atrasadas; não ter função de reforço e/ou
frequentemente, o esforço que o aluno deve fazer para conseguir um determinado reforço é
muito grande. Sendo assim, por meio da apresentação conjunta e sistemática de
121
consequências (com valor reforçador estabelecido) às consequências sem função reforçadora,
mudanças podem ser estabelecidas e construídas.
Diferenciando-se das pesquisas da Psicologia Cognitiva, nas pesquisas da Análise do
Comportamento, destaca-se a importância das consequências naturais do comportamento de
estudar, tal como a compreensão, entretanto, nas intervenções priorizam a utilização de
reforçadores arbitrários (uso de fichas, elogios, permissão para realizar um lazer, entre
outros). Tais pesquisas, na intervenção, tanto manejam antecedentes (orientações, modelos,
disposição do conteúdo em pequenos passos, entre outros) como manejam consequências,
liberando reforçadores arbitrariamente típicos (fichas, permissão para fazer algo) e/ou
elogios.
Entretanto, é preciso considerar que os reforçadores arbitrários utilizados não estão
relacionados ao comportamento-alvo que se propõe selecionar. Conforme destacado por
Horcones (1992), o sucesso na modelagem e manutenção do comportamento específico
depende também dos tipos de reforçadores selecionados; o uso de estímulos arbitrários que
compartilhem propriedade(s) com as consequências naturais do responder, favorecendo a
ação dos reforçadores naturais. Como exemplo, seria uma opção melhor oferecer canetas
grifa-texto de heróis da Marvel, ao invés de um jogo de videogame. Horcones (1991; 1992)
faz uma listagem de passos para o planejamento e utilização dos arbitrários em intervenções
educacionais:
(a) Selecionar o comportamento alvo: o comportamento alvo pode ser qualquer
comportamento que conduza à aprendizagem. Cabe ao educador conhecer os
comportamentos pertinentes à sua área de ensino e quais são os mais relevantes. Para
tanto, sugere-se alguns critérios como acessibilidade e funcionalidade. Por
acessibilidade, sugere-se que o educador selecione comportamentos fáceis de serem
executados pelos estudantes e posteriormente aumente gradualmente a dificuldade
deles. Por funcionalidade, entende-se que os educadores devem selecionar
comportamentos com base em quão efetivos são os comportamentos para
proporcionar a aprendizagem.
(b) Identificar as consequências naturais do comportamento selecionado. Diversas
consequências naturais seguem os comportamentos (escrever pode gerar letras na tela
122
do computador, barulho das teclas do teclado enquanto são pressionadas, palavras
impressas em papel). É importante que o educador conheça todas essas consequências
para poder eleger quais são mais eficientes no planejamento de uma intervenção e
quais são os limites que devem ser respeitados, dada a constituição/limite de cada
aluno.
(c) Selecionar os reforçadores naturais. Diversas consequências naturais seguem
comportamentos de estudar, mas nem todas levam à aprendizagem. Cabe ao educador
identificar quais são as consequências naturais mais eficientes para aprendizagem e
que devem se tornar reforçadores.
(d) Identificar as consequências naturais que podem ser mais facilmente contatadas pelos
estudantes. Escolher, para iniciar o trabalho, aquelas consequências com as quais o
estudante entra em contato imediatamente, ou seja, que podem ser disponibilizadas
logo após a ocorrência do comportamento.
(e) Organizar as condições sob as quais as consequências naturais aparecem. Arranjar o
ambiente para que as consequências naturais sejam mais prováveis e mais facilmente
discriminadas pelo próprio aluno. Isso é fundamental, pois uma das vantagens de se
trabalhar com reforçadores naturais é que o próprio aluno pode controlar seus estudos.
(f) Selecionar reforçadores-reserva (arbitrários) apropriados. Reforçador-reserva (back
up reinforcers) é um reforçador que torna um reforçador condicionado ou
generalizado efetivo e que podem ser usados para substituir outro reforçador
condicionado e generalizado. O processo de tornar uma consequência natural
reforçadora deve fazer o uso de reforçadores reservas, contudo é necessário que eles:
(a) sejam poderosos para facilitar o processo de condicionamento, (b) apresentem
uma alta probabilidade de ocorrência, (c) não interfiram na ocorrência do
comportamento nem na observação das consequências naturais, (d) facilitem a
ocorrência do comportamento, (e) permitam a emissão de outros comportamentos que
já são naturalmente reforçados, (f) sejam programados pelo educador para estarem
presentes na relação professor-aluno.
(g) Estabelecer os reforçadores naturais por meio dos reforçadores-reserva. Transformar
as consequências naturais em reforçadores e, para isso, há três passos a serem
seguidos: (a) o educador deve gradualmente remover os reforçadores reservas da
123
situação, enquanto continua a apontar as consequências naturais presentes, (b)
gradualmente deixar de apontar as consequências naturais presentes, (c) alternar o
uso do reforçador-reserva com o do reforçador natural.
A partir desses passos, verifica-se o quanto esse planejamento é importante, devendo-
se ser um dos pré-requisitos para a realização das intervenções – diretriz não observada nas
intervenções analítico-comportamentais.
Em relação aos procedimentos exclusivos das pesquisas de intervenção com base na
Análise do Comportamento, destaca-se a modelagem/reforçamento diferencial e a divisão do
conteúdo em pequenos passos (mais fácil para o mais difícil); divisão em objetivos iniciais,
intermediários e finais – dados semelhantes encontrados nas pesquisas aplicadas e de
intervenção da literatura discutida (e.g., Ballard & Glynn, 1975; Partington & Bailey, 1993;
Olympia, Sheridan, Jenson & Andrews, 1994; Pergher & Velasco, 2007; Kisamore, Carr &
LeBlanc, 2011; Colombini, Shoji & Pergher, 2011; Pergher et al, 2012; Garcia, Falcão &
Almeida-Verdu, 2017). Tais procedimentos são aspectos importantes do que é denominado,
atualmente, como “programação de condições de desenvolvimento de comportamentos”
(Kienen, Kubo & Botomé, 2013, p. 2). Programar condições de desenvolvimento de
comportamentos engloba, entre muitos outros, delimitar os comportamentos-objetivo,
identificar os comportamentos intermediários que precisariam ser aprendidos para a
consecução de cada comportamento-objetivo, construir sequências de aprendizagem e etapas
que comporiam o processo de aprendizagem, projetar as condições antecedentes e
consequentes facilitadoras e reforçadoras dos comportamentos envolvidos nos
comportamentos-objetivo, envolvendo além da aplicação, a própria avaliação de sua eficácia
e a comunicação para ser coerente com os princípios da Análise do Comportamento,
conforme afirmam Kubo e Botomé (2001) e Kienen, Kubo e Botomé (2013).
Medidas de resultados e Eficácia
Focalizando-se as medidas de resultados, aspecto já mencionado ao se discutir sobre
os procedimentos, verifica-se que há uma dominância de resultados que se pautam no relato,
opinião e percepção dos agentes de intervenção e dos participantes que são ensinados a
estudar, dado semelhante aos de Pergher e Velasco (2007), Colombini, Shoji e Pergher
124
(2011) e Pergher et al. (2012) que também se apoiaram nos relatos dos próprios
pesquisadores.
Para a Psicologia Cognitiva, segundo Tunes e Simão (1998) e Engelmann (2002), o
relato é considerado uma medida importante das intervenções, pois é tomado como
representante da consciência dos indivíduos que interagem verbalmente durante todo o
processo, permitindo o acesso inferencial do pesquisador aos processos subjetivos do
participante, e à realidade. Em relação à Análise do Comportamento, não se pode tomar
apenas o relato como dado, já que se defende que ele seja complementado com
critérios/controles de observação do comportamento, evidente prioridade metodológica para
ampliar o grau de confiabilidade das medidas de resultados, de acordo com De Rose (1997)
e Carrara (2008).
Sobre a utilização de exercícios e/ou atividades (segunda medida mais frequente), tais
medidas se baseiam em uma forma de mensurar/entender os resultados das intervenções, por
meio do comportamento textual, como a principal medida encontrada, entretanto, verifica-se
uma maior padronização das medidas, possibilitando estudos de replicação que podem ser
realizados, associando-se às medidas diretas da observação do comportamento. Portanto, as
pesquisas, seja da Análise do Comportamento, seja da Psicologia Cognitiva, podem se valer
de vários instrumentos (ecletismo instrumental/técnico), como afirma Carrara (2008).
Em suma, tais dados mostram que o ensino do estudar no Brasil ainda pouco se utiliza
da observação, assim como defendido pela Análise do Comportamento (cf. Baer, Wolf, e
Risley, 1968), necessitando de uma maior complementaridade dessa medida com outras já
utilizadas com frequência.
A importância dos critérios de mensuração fica evidente quando se focaliza a
avaliação feita pelos pesquisadores sobre a eficácia da intervenção. Há predomínio de
intervenções que foram avaliadas como positivas pelos pesquisadores, entretanto, a grande
maioria das avaliações que relataram efeitos positivos se utilizou medidas de indiretas, como
discutido, havendo limitação quanto à confiabilidade dos resultados obtidos.
Vale salientar que as quatro pesquisas que relataram efeito neutro e/ou parcialmente
positivo utilizaram como medida a observação direta do comportamento, em detrimento das
medidas indiretas (como o relato verbal), utilizadas nas pesquisas que relataram um efeito
positivo das intervenções. Questiona-se, então, se o relato de sucesso da grande maioria das
125
pesquisas de intervenção indica que, de fato, o aluno aprendeu e emitiu os comportamentos
de estudar (ao menos na presença do agente de intervenção, visto que apenas um estudo
utilizou parâmetros para a verificação da generalização da intervenção).
Em síntese, observou-se que as intervenções brasileiras sobre o estudar carecem de
maior controle metodológico/experimental, na qual seus resultados podem estar sob controle
de variáveis motivacionais dos próprios pesquisadores que fazem e avaliam as suas próprias
intervenções por meio de relatos verbais, não possibilitando/facilitando a replicação das
intervenções em uma linha de pesquisa contínua para se derivar uma conclusão sobre a
eficácia das intervenções sobre o estudar.
Tríplice contingência (O que se está ensinando?)
Ao analisar o tipo de intervenção feita, verificou-se que quase a totalidade dos estudos
(exceto a pesquisa 1) ensinou o participante a planejar/organizar o tempo disponível, os
materiais escolares (livros, cadernos, estojo, mochila, entre outros) e o local do estudo. Tais
dados indicam que os pesquisadores atuam no sentido de levar o aluno a atuar sobre as
condições favorecedoras do estudar, conforme discutem Hübner, Marinotti e Silvares (2000),
Capelari (2002), Regra (2004) e Rodrigues (2005).
Destaca-se que o ensino de atividades que se referem às condições antecedentes
ocorre tanto em pesquisas da Psicologia Cognitiva quanto da Análise do Comportamento,
embora apenas os estudos da Análise do Comportamento explicitem que tais atividades se
configuram como condições antecedentes. Isso é esperado já que a Análise do
Comportamento se utiliza da tríplice contingência como instrumento conceitual (cf. Todorov,
2006; 2012) para identificar o comportamento operante a ser ensinado, promovendo assim,
de acordo com Velasco (2016), maior clareza e controle do ensino do comportamento de
estudar.
Tendo como referência os textos de Skinner (1957; 1968; 1974; 1981), verifica-se
que tais condições antecedentes não são mencionadas pelo autor quando aborda o estudar, o
que permite defender que o estudar, propriamente dito, refere-se às respostas que promovem
a compreensão e a lembrança do conteúdo estudado, ou seja, nas técnicas de autogoverno
intelectual e nos efeitos que elas precisam produzir no estudante.
126
A partir dos dados do presente trabalho, constata-se que ensinar organização e
planejamento é considerado importante pelos agentes das intervenções. No entanto, a partir
da discussão de Skinner (1957; 1968; 1974; 1981), sugere-se que tais antecedentes podem
ou não ser facilitadores da emissão de respostas de estudar, a depender da história de vida de
cada estudante, visto que alguns podem estudar de forma eficaz (compreendendo e
lembrando do conteúdo) em um ambiente barulhento, assim como em um ambiente
desorganizado e/ou em uma cadeira desconfortável, por exemplo; por outro lado, pode-se
organizar/planejar o tempo, os materiais e o espaço e não se engajar em respostas de estudar
que produzem a compreensão e lembrança do conteúdo. Sendo assim, a relação entre os
antecedentes e o estudar também necessita ser alvo de futuros estudos.
Infere-se, portanto, que comparações de desempenho (entre grupos e/ou sujeito
único) entre estudantes que planejam e organizam o espaço, tempo e materiais e outros que
não o fazem, podendo emitir as respostas de estudar, independentemente da organização e
do planejamento, necessitam ser mais realizadas, como apontam Wachelke e Botomé (2004),
Wachelke e Botomé (2005), Cemaloglu e Filiz, (2010) e Ghamari, Barmas e Biglari (2013).
Em relação às respostas do estudar, propriamente dito, observou-se que tanto o
escrever quanto o ler foram repertórios ensinados, sendo este último - citado de forma
unânime na literatura (e.g., Hübner, Marinotti & Silvares, 2000; Capelari, 2002; Regra, 2004;
Rodrigues, 2005). Sobre o escrever, verificou-se o ensino de respostas, tais como: resumir,
fazer esquemas (mapas conceituais, diagramas), responder perguntas sobre o texto, planejar,
organizar e conferir a escrita de um texto; copiar informações, preocupar-se com estética e
gramática; que foram descritas por Skinner como técnicas de autogoverno intelectual que,
uma vez emitidas pela estudante, aumentam a probabilidade de compreender e de lembrar do
que foi lido.
Sobre tais técnicas, Skinner (1968; 1974; 1981) e Aggio, Postalli e Garcia (2016)
revelam sua importância ao discorrerem que, embora o aluno possa adquirir um conjunto de
respostas intraverbais que lhe permita reproduzir a página, uma outra forma, mais eficiente,
de lembrar é a partir da construção de dicas/relações temáticas, como a construção,
disposição e execução de esquema, resumos, mapas conceituais, entre outras.
Em relação ao comportamento de ler, constatou-se que há ensino de maior
diversidade de respostas, do que ocorreu com o escrever, sendo propostos: sublinhar
127
informações relevantes do texto, fazer e responder perguntas oralmente sobre o texto,
parafrasear, reler – procedimentos esses que também podem ser importantes para a
construção de dicas/relações temáticas. De acordo com Skinner (1968; 1974; 1981) (e
salientado por Aggio, Postalli & Garcia, 2016), descreve a relevância de criar estímulos
temáticos (no lugar de estímulos formais - palavra por palavra, por exemplo), e que não são
necessariamente partes do livro, mas que podem fazer parte dos trechos destacados pelos
alunos no decorrer do estudar para produzir respostas intraverbais (onde nem todas serão
encontradas no texto), facilitando a emissão de respostas certas em uma avaliação oral e/ou
escrita.
Além do ler e do escrever, cabe ressaltar a presença do ensino da reflexão sobre o
próprio processo de estudar, atividade ensinada com frequência pelas pesquisas da Psicologia
Cognitiva, na qual o estudante é questionado sobre quais as estratégias de estudo ele utilizou;
quais foram efetivas; quais não tiveram efeito – principalmente em relação às consequências
naturais do estudar, ou seja, focalizando se ele compreendeu, memorizou, sentiu-se bem,
entre outros aspectos. Nesse caso, na Psicologia Cognitiva, ensinou-se o aluno a refletir sobre
as consequências/efeitos naturais do estudar (sem a manipulação direta dessas
consequências).
Embora não se garanta a generalização, considera-se importante promover a
autorreflexão sobre o próprio processo, contribuindo para que o aluno tenha consciência das
possíveis variáveis das quais o comportamento de estudar é função. Por meio de treinos
sucessivos, o próprio estudante poderia falar consigo mesmo quando estuda, podendo ser
controlado pelas próprias descrições (auto tato), emitindo as respostas de estudar (grifar,
executar mapas conceituais, entre outras) e selecionando um melhor ambiente de estudo,
conforme procedimentos de automonitoramento descritos na literatura por Ballard e Glynn
(1975), Partington e Bailey (1993), Olympia, Sheridan, Jenson e Andrews (1994), Pergher e
Velasco (2007), Kisamore, Carr e LeBlanc (2011) e Pergher et al. (2012).
De acordo com Skinner (1969) (e enfatizado por De Rose, 1982 e Vandenberghe,
2005), quando a pessoa tem consciência do seu propósito, ela pode explicitá-lo na forma de
uma regra de conduta ou uma decisão/resolução. Uma decisão/resolução pode ser expressa
na forma de comportamento manifesto, mas com maior frequência, o indivíduo a formula
apenas para si próprio, na forma de comportamento encoberto. A depender da história
128
anterior, a decisão/resolução assim formulada pode fazer parte das contingências que
controlam o comportamento, aumentando a probabilidade de que a resolução seja cumprida.
Tais aspectos são tratados por Skinner (1953), quando discorre sobre autoconhecimento e
autocontrole; segundo o autor, o autoconhecimento é um repertório adquirido por meio da
ação da comunidade verbal ao realizar questionamentos do tipo: “Por que você fez isso? O
que você está fazendo?”, fazendo com que a pessoa observe e verbalize sobre seu próprio
comportamento, identificando as variáveis das quais é função; já o autocontrole é favorecido,
uma vez que ao descrever as ações futuras a pessoa estabelece contingências que poderão
tornar o descrito mais provável de ser realizado.
O autoconhecimento/consciência não tem o status causal (final), isto é, não
altera/mantém por si só, de forma autônoma, um determinado repertório, sendo um repertório
comportamental instalado por meio de contingências de reforçamento e não um pré-requisito
para a ação (no caso de estudar), tendo caráter suplementar (Simonassi, 1999; Carvalho Neto,
Alves & Baptista, 2007). É com tal caráter suplementar que se defende a importância de
pesquisas que ensinem a autorreflexão/automonitoramento do processo de estudar.
Quanto às técnicas mnemônicas, citadas por Skinner (1974) como elementos
importantes para o estudar, constatou-se que apareceram com frequência reduzida. Como
exposto, as intervenções que ensinaram a estudar focalizaram prioritariamente o repertório
de ler (sublinhar, reler, fazer perguntas sobre o texto, etc), escrever (resumir, reescrever, fazer
esquemas, etc) e refletir sobre o processo do estudar, deixando de lado as técnicas de
memorização. Muitas vezes, tais técnicas são divulgadas como técnicas de “repetição
excessiva”, sendo relacionadas com o decorar, resposta essa considerada de pouca
importância e com “pouco aprofundamento” (cf. Gomes, 2011). Donahoe e Palmer (1994) e
Catania (1999), pelo contrário, comentam sobre as técnicas mnemônicas, ressaltando que são
técnicas para aumentar a probabilidade do lembrar, tornando o aprendiz cada vez menos
dependente desse ensaio (repetição constante). Segundo Skinner (1957; 1968; 1974; 1981),
utilizar técnicas de memorização junto com as outras técnicas de autogoverno intelectual,
promoveriam tanto a compreensão como o lembrar, consequências/efeitos essenciais do
estudar.
Por fim, partindo-se para as intervenções sobre as consequências, conforme
apresentado nos resultados, não houve o ensino direto da manipulação de consequências por
129
parte dos estudantes, sendo importante pesquisas futuras que focalizem tal aspecto, além do
ensino de condições antecedentes e respostas do estudar.
O que foi observado foi a descrição pela maioria dos pesquisadores dos possíveis
efeitos/resultados do ensino das condições antecedentes e das respostas do estudar (sejam
aspectos afeitos, sejam aspectos cognitivos), havendo a necessidade de maior ampliação das
intervenções para se treinar com clareza os professores a ensinar seus respectivos alunos a
estudar, uma das condições fundamentais para a melhoria da Educação formal brasileira.
130
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a realização dos três estudos, pode-se afirmar que as pesquisas sobre o estudar
estão em constante crescimento no Brasil, entretanto, ainda estão concentradas em poucos
grupos de pesquisa/pesquisadores da região Sudeste. Tais pesquisadores, em sua maioria,
utilizam como base a abordagem da Psicologia Cognitiva. Com isso, destaca-se que há a
necessidade de maior produção das pesquisas em outras regiões do Brasil e de uma maior
pluralidade de abordagens que enfocam o estudar, promovendo maior debate e consideração
sobre o tema em periódicos da área da Educação, facilitando assim, o acesso de professores
e profissionais que atuam diretamente com o ensino/intervenção sobre o estudar nas escolas
brasileiras.
A comunidade científica brasileira realiza com predominância estudos conceituais,
descritivos e correlacionais sobre o estudar, havendo uma fértil possibilidade para futuros
pesquisadores se utilizarem dos resultados e discussões já realizadas para promover
intervenções sobre o estudar, inclusive, utilizando-se de instrumentos já validados.
Entretanto, não deve se deixar de lado a continuidade dos estudos conceituais, visto que
também se verificou a necessidade de maior conceituação/definição do comportamento de
estudar em decorrência da diversidade de concepções.
Em relação às intervenções, embora a Análise do Comportamento produza pouco em
comparação à Psicologia Cognitiva, realiza mais pesquisas relacionadas ao ensino do estudar,
utilizando-se da (a) operacionalização do comportamento de estudar a ser ensinado; (b) de
procedimentos de ensino que envolvem a modelação, modelagem e divisão do ensino em
objetivos iniciais, intermediários e finais; (c) da utilização de consequências arbitrárias
(necessitando considerar o planejamento em relação às consequências naturais); (d) do uso
da observação (categorias de observação) como coleta de dados/medidas de resultado; (e) do
ensino do comportamento de estudar, focalizando tanto os antecedentes quanto às respostas
(i.e., organização e planejamento do tempo, atividades e materiais, organização e
planejamento do espaço; respostas de ler e escrever; entre outros).
A partir disso, sugere-se a integração dessa prática com aspectos importantes trazidos
também pelas intervenções da Psicologia Cognitiva, que apresentam resultados positivos,
tais como: (a) ensinar a pedir ajuda; (b) ensinar a atentar e a tomar nota; (c) ensinar o
131
automonitoramento/reflexão por meio de perguntas/questionamentos, fazendo o estudante a
refletir sobre o próprio processo - por meio do ensino da observação/descrição das
consequências naturais envolvidas no estudar. Além desses aspectos, a Psicologia Cognitiva
mostra a possibilidade de intervenções em contexto escolar com grupo de alunos, situação
similar do que ocorre nas salas de aula do ensino formal brasileiro, aspecto focado com menor
frequência pelas pesquisas de intervenção da Análise do Comportamento. Defende-se aqui,
então, que haja uma integração técnica (e não teórica, visto que cada abordagem possui seu
embasamento teórico) em prol do ensino do estudar nas escolas, o que é possível se for
realizada uma leitura comportamental dos procedimentos que vêm mostrando resultados e
promovendo adaptações para superar as limitações encontradas.
Nessa direção, propõe-se que futuros estudos superem limitações que foram indicadas
nas publicações analisadas, propiciando: (a) o aprimoramento das categorias de
interação/observação; (b) a melhor formação dos pesquisadores para a aplicação da
intervenção; (c) o aumento do tempo de aplicação; (d) a inserção de alunos típicos, como os
atípicos, com dificuldade de estudar e/ou com transtornos de aprendizagem; (e) a utilização
de medidas e preocupação com a generalização para situações reais/ambientes naturais; (f)
utilização de instrumentos padronizados mais “robustos”. Em relação ao controle
experimental, sugere-se que haja consonância entre estudos de sujeito único e grupos,
evitando a utilização exclusiva de intervenções não experimentais. Ainda, recomenda-se que
futuros estudos deixem de se pautar apenas em medidas indiretas que prejudicam a
fidedignidade dos resultados.
Além disso, aponta-se que tais intervenções priorizem os professores, os principais
agentes e responsáveis pelo ensino do estudar desde o ensino básico, possibilitando com que
eles mesmos aprendam a estudar e, assim, ensinem seus alunos, tanto quanto orientem o
desenvolvimento/manutenção desse comportamento junto aos pais/responsáveis nos mais
variados ambientes de estudo, facilitando assim, o processo de generalização.
Por fim, considera-se que, com o maior número de pesquisas sobre o estudar,
especialmente as que produzirem intervenções experimentais para o ensino/intervenção,
possibilitar-se-á colocar em pauta um dos comportamentos mais comentados e exigidos por
parte dos professores, pais e/ou responsáveis e da área da Educação, direcionando o olhar do
132
educador não apenas para livros de autoajuda e/ou reportagens e sim, para trabalhos
qualificados pela Ciência e que possam embasar/orientar as políticas educacionais do Brasil.
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alunos do 1º ano da universidade. Psicologia Escolar e Educacional, 9(2), 195-202.
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de uma escala. PsicoUSF, 13(2), 177-187.
Zerbini, T., Abbad, G., Mourão, L., & Martins, L. B. (2015). Estratégias de Aprendizagem
em Curso Corporativo a Distância: como Estudam os Trabalhadores?. Psicologia: Ciência
e Profissão, 35(4), 1024-1041.
Wachelke, J. F. R. & Botomé, S. P. (2004). Comportamento de vestibulandos em relação a
organização, gerenciamento e alocação do estudo em períodos de tempo. Interação em
Psicologia, 8(2), 271-286.
Wachelke, J. F. R. & Botomé, S. P. (2005). Comportamentos de estudo realizados por
estudantes para preparar-se para provas de desempenho acadêmico. Interação em
Psicologia, 9(1), 143-153.
Watanabe, O. M., Cassetari, L., Santos, M. L. M. D., Lombard-Platet, V. L. V., & Di
Domenico, V. G. C. (2001). Um levantamento dos hábitos de estudo dos alunos do Curso
de Psicologia do Centro Universitário FMU. Psikhe,6(2), 60-71.
158
APÊNDICE 2
LISTA DOS TRABALHOS SELECIONADOS PARA O ESTUDO 2
Cortegoso, A. L., & Botomé, S. P. (2002). Comportamentos de agentes educativos como
parte de contingências de ensino de comportamentos ao estudar. Psicologia: Ciência e
Profissão, 22(1), 50-65.
Cortegoso, A. L., & Ramos, C. B. A. (2004). Preferência por diferentes combinações de
atividades brincar e estudar e efeitos sobre propriedades de comportamentos de estudo em
crianças. Psicologia e Educação, 18, 131-155.
Coser, D. S., Cortegoso, A. L., & Gil, M. S. C. A. (2011). Promoção de comportamentos de
estudo em crianças: resultados de um programa de ensino para pais e responsáveis. Revista
Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 13(2), 58-78.
Gurgueira, L. H., & Cortegoso, A. L. (2008). Avaliação de um programa de ensino para
capacitar mães como agentes favorecedoras do estudar. Psicologia da Educação, (27), 5-
30.
Pergher, N. K., & Negrão, L. F. (2012). Aplicação do sistema multidimensional para
categorização de comportamentos na interação terapêutica ao acompanhamento
terapêutico com foco no desenvolvimento de comportamentos pró-estudo. Cadernos de
Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento,12(1), 88-97.
Scarpelli, P. B., Costa, C. E. & Souza, S. R. de. (2006). Treino de mães na interação com os
filhos durante a realização da tarefa escolar. Estudos de Psicologia, 23(1), 55-65.
Soares, M. R. Z, Souza, S. R. & Marinho, M. L. (2004). Envolvimento dos pais: incentivo à
habilidade de estudo em crianças. Estudos de Psicologia, 21(3), 253-260.
Souza, S. R. S., Harumi, C. & Batistela, S. (2008). Treinamento de mães: instruções e fichas
no auxílio à tarefa escolar. Contextos Clínicos, 1(2), 113-124.
Sudo, C. H.; Souza, S. R. e Costa, C. E. (2006). Instrução e Modelação no treino de mães no
auxílio a tarefa escolar. Revista Brasileira de Psicologia Comportamental e Cognitiva,
8(1),59-72.
159
Wachelke, J. F. R. & Botomé, S. P. (2004). Comportamento de vestibulandos em relação a
organização, gerenciamento e alocação do estudo em períodos de tempo. Interação em
Psicologia, 8(2), 271-286.
Wachelke, J. F. R. & Botomé, S. P. (2005). Comportamentos de estudo realizados por
estudantes para preparar-se para provas de desempenho acadêmico. Interação em
Psicologia, 9(1), 143-153.
160
APÊNDICE 3
LISTA29 DOS TRABALHOS SELECIONADOS PARA O ESTUDO 3
Pergher, N. K., & Negrão, L. F. (2012). Aplicação do sistema multidimensional para
categorização de comportamentos na interação terapêutica ao acompanhamento
terapêutico com foco no desenvolvimento de comportamentos pró-estudo. Cadernos de
Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento,12(1), 88-97. (PESQUISA 1)
Bilimória, H., & Almeida, L. S. (2008). Aprendizagem auto-regulada: fundamentos e
organização do Programa SABER. Psicologia Escolar e Educacional, 12(1), 13-22.
(PESQUISA 2)
Costa, E. R., & Boruchovitchb, E. (2009). As estratégias de aprendizagem e a produção de
textos narrativos. Psicologia: Reflexão e Crítica, 22(2), 173-180. (PESQUISA 3)
Gurgueira, L. H., & Cortegoso, A. L. (2008). Avaliação de um programa de ensino para
capacitar mães como agentes favorecedoras do estudar. Psicologia da Educação, (27), 5-
30. (PESQUISA 4)
Busnello, F. B., de Jou, G. I., & Sperb, T. M. (2012). Desenvolvimento de habilidades
metacognitivas: capacitação de professores de ensino fundamental. Psicologia: Reflexão
e Crítica, 25(2), 311-319. (PESQUISA 5)
Oliveira Ferreira, B., de Araújo, E. P., & Souza, A. B. L. (2015). Incentivo ao
desenvolvimento de hábitos de estudos. Encontro: Revista de Psicologia, 17(27).
(PESQUISA 6)
Sudo, C. H.; Souza, S. R. e Costa, C. E. (2006). Instrução e Modelação no treino de mães no
auxílio à tarefa escolar. Revista Brasileira de Psicologia Comportamental e Cognitiva,
8(1),59-72. (PESQUISA 7)
29 A ordem alfabética dos autores não foi seguida nestas referências, pois o registro das informações dos artigos
foi realizado de forma aleatória. Preservou-se o número/sequência das pesquisas citadas nos resultados do
Estudo 3.
161
Basso, C., Graf, L. P., Lima, F. C., Schmidt, B., & Bardagi, M. P. (2013). Organização de
tempo e métodos de estudo: Oficinas com estudantes universitários. Revista Brasileira de
Orientação Profissional, 14(2), 277-288. (PESQUISA 8)
Pocinho, M. M. F. D. D. (2010). Psicologia, cognição e sucesso escolar: concepção e
validação dum programa de estratégias de aprendizagem. Psicologia: Reflexão e
Crítica, 23(2), 362-373. (PESQUISA 9)
Dantas, M. A., Guerreiro-Casanova, D. C., Azzi, R. G., & Benassi, M. D. T. (2015). Relações
entre autoeficácia acadêmica e estratégias de estudo e aprendizagem: mudanças ao longo
do primeiro semestre do Ensino Médio. Psicologia Ensino & Formação, 6(1), 33-51.
(PESQUISA 10)
Coser, D. S., Cortegoso, A. L., & Gil, M. S. C. A. (2011). Promoção de comportamentos de
estudo em crianças: resultados de um programa de ensino para pais e responsáveis. Revista
Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 13(2), 58-78. (PESQUISA 11)
Scarpelli, P. B., Costa, C. E. & Souza, S. R. de. (2006). Treino de mães na interação com os
filhos durante a realização da tarefa escolar. Estudos de Psicologia, 23(1), 55-65.
(PESQUISA 12)
Teixeira, A. R., & Alliprandini, P. M. Z. (2013). Intervenção no uso de estratégias de
aprendizagem diante de dificuldades de aprendizagem. Psicologia Escolar Educacional,
17(2), 279-288. (PESQUISA 13)
Rosário, P., Nunes, T., Magalhães, C., Rodrigues, A., Pinto, R., & Ferreira, P. (2010).
Processos de auto-regulação da aprendizagem em alunos com insucesso no 1. º ano de
Universidade. Psicologia Escolar e Educacional, 14(2), 349-358. (PESQUISA 14)
Souza, S. R. S., Harumi, C. & Batistela, S. (2008). Treinamento de mães: instruções e fichas
no auxílio à tarefa escolar. Contextos Clínicos, 1(2), 113-124. (PESQUISA 15)
Cortegoso, A. L., & Ramos, C. B. A. (2004). Preferência por diferentes combinações de
atividades brincar e estudar e efeitos sobre propriedades de comportamentos de estudo em
crianças. Psicologia e Educação, 18, 131-155. (PESQUISA 16)
162
APÊNDICE 4
EXEMPLOS DOS REGISTROS DE INFORMAÇÕES DOS ESTUDOS
163