POLÍTICAS E PROGRAMAS NACIONAIS DE INFORMAÇÃO...

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POLÍTICAS E PROGRAMAS NACIONAIS DE INFORMAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA Maria Lúcia Andrade Garcia RESUMO O que se faz na área de informação cientifica e tecnológica em alguns países desenvolvidos mais representativos, em países desenvolvidos que possuem particularidades dignas de interesse, em países em desenvolvimento da América Latina que apresentam iniciativas nacionais significativas. A revisão foi limitada, no que diz respeita á atualidade dos dados e ao nível de pormenorização, à bibliografia disponível, citada ao final do texto. A intervenção crescente e em formas variadas dos governos dos países desenvolvidos nas atividades de informação científica e tecnológica deve-se à consciência crescente do valor político e econômico da informação e dos riscos e custos requeridos pelas aplicações de novas tecnologias. As redes internacionais regionais se desenvolvem para exploração conjunta dos recursos e facilidades de informação. Os países econômica e tecnologicamente líderes orientam-se para a produção, sem, contudo, perder a condição de consumidores de produtos e serviços de outros países. Os programas e políticas nacionais de informação científica e tecnológica dos países desenvolvidos tendem, a partir de 1970, a uma busca de racionalização e eficiência, ao acesso democrático às informações, a uma participação internacional e vantajosa. Os países em desenvolvimento tendem a apresentar baixo desempenho científico e tecnológico, recursos de infra-estrutura de informação precários, recursos humanos pouco qualificados, dependência externa quase total em matéria de Ciência e Tecnologia. O diagnóstico é o primeiro passo para o estabelecimento de prioridades a partir das quais se poderão formular políticas e programas de ação mais realistas e viáveis dentro de uma concepção modular. 1. INTRODUÇÃO O problema da necessidade de uma política nacional para a informação cientifica e tecnologia — ICT — no Brasil não é novo. Vem sendo debatido mais intensamente a partir desta década, por influência principalmente da UNESCO, a partir das proposições do UNISIST (International Information System) e posteriormente do NATIS (National Information System). No âmbito profissional da Biblioteconomia, o tema transformou-se numa palavra de ordem. Entretanto, por mais que se fale e se recomende a esse respeito em publicações, palestras, congressos e cursos, é de se admirar que o problema não tenha conseguido sensibilizar os administradores, políticos, pesquisadores, professores e profissionais envolvidos nos programas de desenvolvimento científico e tecnológico iniciados pelo governo sob a égide do PBDCT. * Este trabalho foi realizado sob a coordenação de Maria Beatriz Pontes de Carvalho, então chefe da DEP/IBICT. * * Com relação ao número de países abrangidos e ao detalhamento e atualidade das informações. * «* Uma visão comparativa dos países considerados no relatório com o Brasil, em relação a alguns indicadores estatísticos nacionais disponíveis e de interesse para o contexto da informação científica e tecnológica, é apresentada na pág. 9. Ao que tudo indica, o problema não encontrou um discurso apropriado a uma comunicação e debates amplos, em virtude de seu confinamento a propostas prescritivas e formais, em que os elementos de evidência da realidade, tanto da que se pretende impor como da que se pretende modificar, estão completamente ausentes. Assim é que, dispondo de um relato exploratório e preliminar sobre a "Informação Científica e Tecnológica no Brasil", se pensou em ampliar a compreensão do assunto, através de uma revisão — ainda que limitada sob diversos aspectos**— do que realmente está sendo feito em matéria de informação científica e tecnológica em diferentes países, ou seja, políticas e programas nacionais de ICT. Mo que se refere aos países desenvolvidos, foram considerados os mais representativos e alguns menores, sobre os quais havia indicações de particularidades dignas de interesse. Quanto aos países em desenvolvimento, atentou-se para aqueles da América Latina que apresentavam iniciativas nacionais de alguma consistência em ICT. *** Dessa forma, pretende-se oferecer à confrontação e à comparação experiências estrangeiras em lCT, na expectativa de que elas possam servir de pontos de referência, para a reflexão sobre a realidade nacional Ci. Inf., Brasília, 9 (1/2): 5-39, 1980.

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POLÍTICAS E

PROGRAMAS

NACIONAIS

DE INFORMAÇÃO

CIENTÍFICA E

TECNOLÓGICAMaria Lúcia Andrade Garcia

RESUMOO que se faz na área de informação cientifica e tecnológicaem alguns países desenvolvidos mais representativos, empaíses desenvolvidos que possuem particularidades dignas deinteresse, em países em desenvolvimento da América Latinaque apresentam iniciativas nacionais significativas. A revisãofoi limitada, no que diz respeita á atualidade dos dados eao nível de pormenorização, à bibliografia disponível, citadaao final do texto.

A intervenção crescente e em formas variadas dos governosdos países desenvolvidos nas atividades de informaçãocientífica e tecnológica deve-se à consciência crescente dovalor político e econômico da informação e dos riscos ecustos requeridos pelas aplicações de novas tecnologias. Asredes internacionais regionais se desenvolvem para exploraçãoconjunta dos recursos e facilidades de informação. Os paíseseconômica e tecnologicamente líderes orientam-se para aprodução, sem, contudo, perder a condição de consumidoresde produtos e serviços de outros países. Os programas epolíticas nacionais de informação científica e tecnológicados países desenvolvidos tendem, a partir de 1970, a umabusca de racionalização e eficiência, ao acesso democráticoàs informações, a uma participação internacional e vantajosa.Os países em desenvolvimento tendem a apresentar baixodesempenho científico e tecnológico, recursos deinfra-estrutura de informação precários, recursos humanospouco qualificados, dependência externa quase total emmatéria de Ciência e Tecnologia. O diagnóstico é o primeiropasso para o estabelecimento de prioridades a partir das quaisse poderão formular políticas e programas de ação maisrealistas e viáveis dentro de uma concepção modular.

1. INTRODUÇÃO

O problema da necessidade de uma política nacionalpara a informação cientifica e tecnologia — ICT — noBrasil não é novo. Vem sendo debatido maisintensamente a partir desta década, por influênciaprincipalmente da UNESCO, a partir das proposiçõesdo UNISIST (International Information System) eposteriormente do NATIS (National InformationSystem). No âmbito profissional da Biblioteconomia,o tema transformou-se numa palavra de ordem.Entretanto, por mais que se fale e se recomende aesse respeito em publicações, palestras, congressos ecursos, é de se admirar que o problema não tenhaconseguido sensibilizar os administradores, políticos,pesquisadores, professores e profissionais envolvidosnos programas de desenvolvimento científico etecnológico iniciados pelo governo sob a égide doPBDCT.

* Este trabalho foi realizado sob a coordenação de MariaBeatriz Pontes de Carvalho, então chefe da DEP/IBICT.

* * Com relação ao número de países abrangidos e aodetalhamento e atualidade das informações.

* «* Uma visão comparativa dos países considerados norelatório com o Brasil, em relação a alguns indicadoresestatísticos nacionais disponíveis e de interesse para ocontexto da informação científica e tecnológica,é apresentada na pág. 9.

Ao que tudo indica, o problema não encontrou umdiscurso apropriado a uma comunicação e debatesamplos, em virtude de seu confinamento a propostasprescritivas e formais, em que os elementos deevidência da realidade, tanto da que se pretendeimpor como da que se pretende modificar, estãocompletamente ausentes.

Assim é que, dispondo de um relato exploratórioe preliminar sobre a "Informação Científica eTecnológica no Brasil", se pensou em ampliar acompreensão do assunto, através de uma revisão —ainda que limitada sob diversos aspectos**— do querealmente está sendo feito em matéria de informaçãocientífica e tecnológica em diferentes países, ou seja,políticas e programas nacionais de ICT. Mo quese refere aos países desenvolvidos, foram consideradosos mais representativos e alguns menores, sobre osquais havia indicações de particularidades dignas deinteresse. Quanto aos países em desenvolvimento,atentou-se para aqueles da América Latina queapresentavam iniciativas nacionais de algumaconsistência em ICT. ***

Dessa forma, pretende-se oferecer à confrontação e àcomparação experiências estrangeiras em lCT, naexpectativa de que elas possam servir de pontos dereferência, para a reflexão sobre a realidade nacional

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e os caminhos possíveis de sua transformação. Umaespécie de diálogo, entre fatos e concepçõesdiferenciados e tendências mais gerais dedesenvolvimento, num movimento duplo deredução e ampliação das experiências externa einterna. Espera-se que essa colocação favoreça adiscussão e a explicitação de valores e de diretrizesde ação para o desenvolvimento da ICT no Brasildentro de um ponto de vista primariamentefundado no interesse e realidade nacionais.

Em resumo, propõe-se uma nova abordagem para aformulação de uma política nacional de lCT, em queas proposições e prescrições oferecidas pororganismos/consultorias estrangeiros aos países emdesenvolvimento em geral sejam substituídas pelosprodutos da reflexão de especialistas brasileiros, apartir das evidências reunidas e dos objetivos deautonomia da Ciência e da Tecnologia nacionais.

Claro está que o que se relatará a seguir representaum primeiro esforço de visualização do problemaa nível internacional, que deverá ser enriquecidoe revisto através da colaboração de outrosespecialistas brasileiros.

Vale ressaltar, com relação aos dois trabalhosde minha autoria, que a forma de comunicaçãooriginal dos mesmos foi mantida, qual seja,a de reiato informativo com destinaçãoadministrativa, razão por que não estãoidentificados no texto autores e títulosda bibliografia utilizada para a sua confecção,relacionada em separado ao final de cada um.

O presente trabalho contou com a colaboração,através de sugestões e correções, de Abigail deOliveira Carvalho, Afrânio Carvalho Aguiar, AldoAlbuquerque Barreto, Frederick Wilfrid Lancaster,Jairo Queiroz Pereira e Philippe Damian.

2. TERMINOLOGIA BÁSICA

Para fins deste relatório, considerou-se necessárioesclarecer alguns termos — ainda que de maneiraprovisória e sujeita a revisão futura — que de umacerta maneira definem o universo conceituai em quese desenvolvem as atividades de informação científicae tecnológica.

2.1- INFORMAÇÃO(Científica, Tecnológica e Outras)

É o conhecimento em qualquer forma através da qualpossa ser transferido. A informação pode assumirqualquer formato ou modalidade. O requerimento

básico é a transferência da mensagem através decanal ou suporte identificável.

Dado — refere-se a informação estruturadaem categorias predeterminadas, podendo ser tabulada,correlacionada ou manipulada de maneiraindependente.

2.2- RECURSOS DE INFORMAÇÃO

São depósitos/suportes dos quais a informação podeser recuperada/transferida ou nos quais é encontrada,tratada e potencialmente recuperada/transferida.Bibliotecas, centros de documentação, manuais,catálogos, diretórios, arquivos, fitas magnéticas,filmes, revistas, etc. são recursos de informação.

2.3- INFRA-ESTRUTURA

O que existe e pode ser utilizado pelos serviços deinformação, como: recursos de informação, serviçosde informação, pessoal técnico e profissional,equipamentos, recursos financeiros, meios decomunicação e de transporte, etc. Inclui tambémfatores imponderáveis, como: reputação, apoioadministrativo, aceitação dos usuários, etc.

2.4 - NECESSIDADES DOS USUÁRIOS

Referem-se à soma total das informações requeridaspara uma decisão/solução em qualquer ponto dado,no tempo e no espaço. Disso decorre que asnecessidades dos usuários não podem serdeterminadas por uma medida única e comum,nem podem ser generalizadas ou semprepermanecer constantes.

2.5 - UTILIZAÇÃO DOS RECURSOSDE INFORMAÇÃO

Refere-se às medidas de custo-benefício ecusto-eficiência dos serviços de informação prestadosaos usuários. O custo inclui o preço do investimentona infra-estrutura e sua operação, como mão-de-obra,estoque, material, equipamento, etc.

2.6 - REDE f SISTEMA DE INFORMAÇÃO

Em publicações em inglês da UNESCO, os termosrede e sistema são utilizados como sinônimos.Etimologicamente rede se refere à idéia de conjuntosformados por uma ligação, enquanto sistemasignifica 'ser em conjunto'.

Foi proposta uma distinção a ser utilizada no campoda informação: sistema se aplicaria a um agrupamentode serviços com administração comum, enquanto

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rede se aplicaria a conjuntos menos estruturados,com administração por unidade e independente.Um sistema comportaria uma centralização maior dasdecisões. Entretanto, não há um consenso a respeito.

Os europeus e americanos/ingleses concebemdiferentemente as redes/sistemas de informaçãocientífica e tecnológica. Os segundos tendem aampliá-las, incluindo bibliotecas de toda espécie,enquanto que os europeus tendem a restringi-lasa centros de documentação/informação e bibliotecasespecializadas em Ciência e Tecnologia.

2.7 - TIPOLOGIA DE REDE/SISTEMADE INFORMAÇÃO

Não há uma tipologia "normalizada" dasredes/sistemas de informação.

2.7.1 - Becker e Olsen (1968) estabeleceramuma primeira classificação com base em 3 gruposempiricamente distintos:

1. Redes pedagógicas;2. Redes de bibliotecas;3. Redes do governo, das empresas e

das associações profissionais.

Também propuseram a identificação dasmesmas através de 3 critérios:

1. Tipos de equipamentos (telefone,teletipo, fac-símile, computador);

2. Tipos de dados (numéricos, vídeo,filme, etc.);

3. Funções (financeiras, serviços debibliotecas, serviços de informação especializada,etc.).

2.7.2 - Overhage (1969) distinguiu 4 tipos:1. Estruturas organizacionais;2. Acordos de cooperação;3. Sistemas de comunicação;4. Sistemas de computadores

interconectados.

2.7.3 - Samuelson (1971) propôs umaclassificação em 6 tipos:

1. Redes de bases de dados;2. Redes de comunicações;3. Redes de computadores;4. Redes de comunicação de massa;5. Redes por disciplinas

(discipline-oriented);6. Redes por missão

(miss/on -oriented).

Observou, porém, a dificuldade em manterdistinções rígidas, o que se deve ao desenvolvimento

de redes híbridas, utilizando simultaneamente váriastecnologias.

2.7.4 - Olson, Shank e Olsen (1972)chamaram a atenção para os componentes das redes:

1. Tratamento centralizado deinformações;

2. Empréstimo interbibliotecáiio;3. Meios de comunicação/transporte.

2.7.5 - Grolier 11975) propôs uma tipologiaem 3 dimensões:

1. Extensão territorial;2. Caráter geral ou especializado;3. Funções assumidas.

Trata-se de uma classificação que permite acombinação de 3 dimensões:

1. Redes territoriais a nível:a) local/regional (infranacional);b) nacional;c) internacional (regional ou

mundial).

2. Redes de caráter geral ouespecializado:

a) multidisciplinares;b) especializadas (por disciplina ou

missão).3. Redes funcionais: asseguram uma

função isolada do ciclo da informação, como:aquisição, processamento, disseminação deinformações/documentos.

2.8 BASES DE DADOS

Arquivos de informação bibliográfica ou outra,registrada em fita magnética, disco ou tambor pararecuperação por computador. Existem bases dedados bibliográficos e bases de dadosnão-bibliográficos (também denominadas bancos dedados, bases de dados numéricos, sistemasfotográficos).

2.9 - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO(Novas Tecnologias)

Implica a utilização de computadores,telecomunicações, meios reprográficos(micrográficos), audiovisuais, e outros equipamentos,técnicas e materiais, visando ao fornecimento deinformações às pessoas.

2.10 - CENTRO DE ANÁLISE DEINFORMAÇÃO

Serviço e/ou organização voltados para a análise,avaliação e síntese da informação, reelaborando

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informações disponíveis e produzindo novasinformações a partir delas.

2.11- INDÚSTRIA DA INFORMAÇÃO

O conceito, no seu sentido amplo, refere-se àprodução e distribuição de bens e serviços deinformação. Para fins deste relatório, entretanto,será tomado no seu sentido restrito, ou seja, o deserviços e/ou organizações que processam,armazenam, disseminam a informação com objetivoscomerciais. São componentes dessa indústria:serviços de indexação e resumo, produtores de basesde dados, reeditores de documentos, serviços derecuperação de informação.

2.12 • SERVIÇOS DE RECUPERAÇÃO ONLINEOU SERVIÇOS ONLINE

Serviços de recuperação da informação através dacomunicação interativa direta entre o usuário em umterminal e o computador programado paraproporcionar acesso a uma ou mais bases de dados.

2.13 - DISSEMINAÇÃO SELETIVA DAINFORMAÇÃO-SDI

Sistema que utiliza computador para disseminarinformação relevante aos usuários mediante adefinição de perfis de interesse que são compiladose armazenados em fitas magnéticas, paraprocessamento periódico (quinzenal, mensal, etc.).O computador faz a correspondência daspalavras-chave, representando os documentos e osperfis, e lista bibliografias ou informações que sãoenviadas aos usuários. Essa modalidade derecuperação é também chamada de DisseminaçãoSeletiva Corrente, por se basear nas informaçõesmais recentes indexadas pelo sistema.

2.14 • BUSCA RETROSPECTIVA - RS

Modalidade de recuperação automática que permitea listagem de bibliografias ou informações a partirde combinação de palavras-chave definidas emfunção de solicitações específicas e eventuais dosusuários até data limite das informações indexadaspelo sistema.

2.15- TESAURO

Vocabulário controlado para a indexação dedocumentos e informações com o objetivo depermitir a recuperação automática. Sua construçãose faz a partir das terminologias especializadasrelativas aos diferentes campos do conhecimento.

2. 16 - CONTROLE BIBLlOGRÁFICO

Identificação padronizada de itens de informaçãoregistrada nos vários suportes, visando à suarecuperação subseqüente.

2.77- UNISIST

Designa um sistema mundial de informação científicaa ser constituído através de uma rede flexível desubsistemas integrados e coordenados nos planosnacional, regional e internacional. Decorreu deum estudo da UNESCO e do ICSU (ConselhoInternacional de Associações Científicas) e de umacordo realizado em 1972 entre organismosgovernamentais, visando facilitar a comunicaçãointernacional da ICT. Atualmente é um programada UNESCO para cooperação internacional nocampo da ICT.

2.18 - NA TIS

Designa um sistema nacional de informação atravésda integração e da coordenação de todos os serviçosenvolvidos na provisão de informação para todosos setores da sociedade e para todas as categoriasde usuários. O conceito implica que os governos— nacional, estadual e local — têm a responsabilidadede melhorar ao máximo as disponibilidades deinformação relevante através dos serviços dedocumentação, arquivos e bibliotecas, mediante umsistema nacional de informação planejadodentro do contexto internacional e baseado nosprincípios de compatibilidade e de padronização.Pretende ser a contrapartida do UNISIST a nívelnacional. É também programa da UNESCO.

2. W - POLÍTICA DE INFORMAÇÃO

Segundo os dicionários, política refere-se a qualquerprincípio de governo, plano ou curso de ação. Assim,uma política ou políticas no campo das atividadesde informação científica e tecnológica pressupõem

a explicitacão de princípios sobre o que é desejávele realizável para um país em termos de produção,transferência e acesso à informação, considerandoos seus recursos de informação, a sua infra-estruturae as necessidades dos seus usuários. Se por um ladoexpressa uma idealização, por outro expressaobjetivos de atuação e de transformação da realidadenuma determinada direção.

A operacionalização de uma política inicia-se com atradução dos princípios de transformação darealidade admitidos em diretrizes de ação, através dodetalhamento e da delimitação do campo de ação,

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seguindo-se a formulação de metas, ou seja, dosresultados concretos a serem obtidos dentro de umprazo determinado, visando à implementação

da(s) política(s) e das diretrizes. Por sua vez, aoperacionalização das metas se faz via programas deação que reúnem os projetos a serem executados.

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3. POLÍTICAS E PROGRAMAS NACIONAISDE ICT

Para fins deste relatório, foram selecionados doistipos de países desenvolvidos: aqueles que atingiramum nível de desenvolvimento científico e tecnológicopor demais notório e reconhecido (Estados Unidos,Rússia, República Federal Alemã, Japão, França eGrã-Bretanha) e aqueles que, embora consideradosdesenvolvidos pelos indicadores estatísticosconvencionados, não apresentam uma liderançacomparável à dos primeiros no campo científicoe tecnológico. Na falta de uma denominação maisapropriada, denominaremos os primeiros e ossegundos, respectivamente, países desenvolvidos deprimeira ordem e de segunda ordem.

3.1- PAÍSES DESENVOLVI DOS DEPRIMEIRA ORDEM

3.1.1 - Estados Unidos

Com o advento do Sputinik em 1958, o relatórioBaker propôs a criação, nesse mesmo ano, de umorganismo especializado em informação científica(Office of Science Information Service-OSIS)a nível governamental, encarregado de subsidiaros centros de informação privados.O OST (Office of Science and Technology) foicriado em 1962, com a finalidade de assessorara Presidência em matéria de Ciência e Tecnologia.Dois organismos assistiram o OST em sua tarefa:o PSAC (President's Science Advisory Committee)e o FCST (Federal Council for Science andTechnology). Este último criou o COSATI(Committee on Scientific and Technical Information),objetivando uma rede nacional de informaçãocientífica e tecnológica. O COSATI realizou uminventário dos recursos de informação do país,através do NRCST (National Referal Center forScience and Technology). Em 1963, o PSAC reforçoua atuação do COSATI com a divulgação do"Relatório Weinberg"*, no qual a informação foicolocada como elemento essencial aodesenvolvimento científico, tecnológico e econômicodo país. Em decorrência disso, uma série de açõesvisando à reorganização e à criação de organizaçõesfederais do setor se efetivou. As atividadesdocumentárias do Departamento da Defesa— DOD - foram automatizadas; o NBS (NationalBureau of Standards) criou o NDRS (NationalStandard Reference Data System), uma base de

* O relatório preconizou medidas concretas, como a criaçãode depósitos, de documentos (clearinghouses) e de centrosde análise especializados, esboçou um plano de açãogovernamental e salientou a interdependência das áreascientíficas e técnicas.

dados sobre propriedades físicas e químicas dosmateriais. A SIE (Science Information Exchange)da Smithsonian Institution implantou uma basede dados sobre pesquisas em andamento.Nesse mesmo ano, a Biblioteca Nacional deMedicina - N LM - lançou o MEDLARS(Medical Literature Analysis and Retrieval System),uma base de dados contendo centenas de milharesde referências de artigos provenientes de 1.200periódicos biomédicos (atualmente mais de 3.000).Posteriormente (1972), na versão online, recebeu onome de MEDLINE. Em 1964, foi criada aCFSTI (Clearinghouse for Federal Scientific andTechnical Information) para a coleta e a divulgaçãode relatórios científicos e técnicos governamentais.Nesse mesmo ano, foram instituídos, sob opatrocínio do DOD e da Comissão de EnergiaAtômica — AEC —, vários centros de análise e deinformação especializados.

A partir de então, sucederam-se várias modificações.A CFSTI se transformou no NTIS (NationalTechnical Information Service). Em 1973, asfunções do OST passaram para a NSF (NationalScience Foundation). Em 1974, o OSIS, entãosubordinado à NSF, iniciou um novo programa depesquisas para a coordenação nacional da informaçãocientífica e tecnológica, em cooperação com asuniversidades, as indústrias e as associaçõesprofissionais. Nesse mesmo ano, a NCLIS(National Commission on Library and InformationServices), criada pelo Congresso em 1970 para"implementar a capacidade nacional dasbibliotecas e do tratamento da informação como elosessenciais das redes de comunicação nacional",concluiu o Programa Nacional para Serviços deBiblioteca e de Informação, voltado para "oplanejamento, desenvolvimento e implantação deuma rede nacional de serviços de biblioteca e deinformação". Segundo o NCLIS, a necessidade deuma rede nacional se fundamenta em três fatores:a) Custos crescentes das atividades de informação;b) Necessidade de promover o acesso democrático àsfontes e recursos de informação;c) Possibilidades de aplicação das novas tecnologiasde computação e de teleprocessamento.

Nos EUA, o setor privado envolvido em atividades deICT compreende: as sociedades científicas eprofissionais com finalidade não-lucrativa (AmericanInstitute of Physics, American Chemical Society,American Psychological Association, etc.); asorganizações de fins lucrativos, voltadas para aprodução de bens e serviços (System DevelopmentCorporation, Lockheed, Institute for ScientificInformation, Predicast Inc., Mc Graw Hill, etc.); eas bibliotecas universitárias (aproximadamente

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3.000). Embora não tenha uma direção direta dosetor, o governo exerce sobre ele um certo tipo decoordenação, através de financiamentos e subsídiospara aplicação e desenvolvimento de tecnologia deponta. Assim, por exemplo, o OSIS/NSF financioua automação das atividades de documentação e deinformação {Chemical Abstracts) da AmericanChemical Society — ACS —, as atividades doInstitute for Scientific Information — ISI — (ScienceCitation Index, Social Science Citation Index,Original Article Tear Sheets), etc. Bibliotecasuniversitárias puderam se associar em redes paracompartilhamento de facilidades detele processamento e de documentação: OhioCollege Library Center-OCLC - e The New EnglandLibrary Information Network — NELINET — são osexemplos mais marcantes.

O papel do OSIS/NSF foi crucial tanto na expansãoquanto no reforço das atividades de lCT nos setorespúblico e privado. Suas realizações incluem, além dasjá mencionadas, o patrocínio de 16 periódicoscientíficos e de mais de 70 periódicos e serviços detradução; o fornecimento de recursos para aconversão em bases de dados dos 7 maioresserviços de resumos e de indexação nas áreas deQuímica, Física, Engenharia, Biologia, Matemática,Psicologia e Geologia. Foi responsável, também,juntamente com a NASA (através do Office ofIndustry Affairs and Technology Utilization),pela implantação de centros regionais dedisseminação — RDC — em universidades e institutosde pesquisa, com o objetivo de favorecer oprocessamento e o acesso às bases de dadosexistentes. Atualmente uma parte desses centros, emvirtude de cortes em seus subsídios, interrompeu suasatividades de processamento e vem oferecendoserviços de busca online via DIALOG.

No quadro geral americano, há que se destacar apresença crescente de serviços de intermediação(information brokers] no campo da ICT. Sãotambém chamados de serviços de informação apedido, realizados em boa parte por organizaçõesprivadas e combinando atividades de busca onlinecom atividades de localização e de obtenção dedocumentos.

Em virtude de todas essas iniciativas e do crescimentorápido e exagerado do que se convencionoudenominar indústria da informação, o país enfrentahoje uma situação de competição caótica, entreprodutores e distribuidores, entre o setor público eo setor privado e, dentro do setor privado, entreorganizações subsidiadas e não-subsidiadas pelogoverno. Da parte da iniciativa privada, são grandesas disputas e os ataques à intromissão do governo

na área e, da parte do governo, a contra-argumentaçãose baseia no fato de que foi graças a seus maciçosinvestimentos em P e D de sistemas de informaçãoque se tornaram possíveis as inovações hojedisponíveis.

Além da competição exacerbada, outros problemasse evidenciaram, como: a tendência das bases dedados a corroer o mercado das publicações impressas(por exemplo, o MEDLINE em relação ao IndexMedicus), a cobertura redundante da literaturabásica (diferentes bases indexam os mesmosdocumentos), as complicações na área do direitoautoral, o mau funcionamento de equipamentos,a previsão inadequada de mercado, asuperespecialização das bases de dados.

Já há, porém, indicações de que tais problemas seencaminham para uma solução. Desde 1975, a NSFnão financia mais serviços de informaçãoespecializada. Através de seu Departamento deCiência e Tecnologia da Informação - D1S & T —(que incorporou recentemente o OSIS), sua atençãoatualmente se concentra em projetos e pesquisasque visam esclarecer os fundamentos dacomunicação humana e as formas de intercâmbioda informação, dentro de um objetivo mais amplo deaperfeiçoamento dos métodos de aquisição,recuperação, transferência e utilização da informaçãocientífica e tecnológica. Outro fator importante é aqueda nos custos de unidade de informaçãoarmazenada devida ao progresso das tecnologiasde computação e de telecomunicação. Também tem sidoobservada uma tendência ao compartilhamento derecursos, através do acoplamento de bases de dados,do desenvolvimento de formatos comuns, daindexação cooperativa e da formação de redes.Outras tendências à racionalização se manifestamtambém na melhoria dos programas de computador,na produção de bases de dados multidisciplinares(incluindo subconjuntos especializados) e naexpansão dos centros/serviços de busca onlineregionais e nacionais.

Ainda resta, porém, muito a ser feito no sentidode se encontrar uma ordenação compatível dosetor de lCT, de maneira a se controlarem osefeitos deletérios relacionados à instabilidade,ao desperdício e à provisão desigual da informaçãoem âmbito nacional. E isso é visto por observadoresmais atentos como sendo o maior desafio para ogoverno no momento.

Finalmente, cabe ressaltar que, em virtude do esforçode aplicação de novas tecnologias de computação,de teleprocessamento à ICT, o país pôde entrar nacena internacional a partir da década de 70, cominegável supremacia nesse campo, particularmente

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no que se refere à produção de bases de dados (maisde uma centena, relativas a praticamente todas asáreas do conhecimento), à utilização deteleprocessamento (redes Tymshare e Telenet) e àoperação de grandes centros processadores e deserviços online (DIALOG/Lockheed, ORBIT/SDC,BRS, etc.). Levando em conta a predominância dalíngua inglesa na comunicação científica e tecnológica,esses produtos e serviços tendem a um largo consumomundial, reforçando ainda mais o domínio americanosobre os demais países. Toda essa espantosa evoluçãoda indústria da informação americana e a suacrescente penetração no mercado internacional têmlevado outros países desenvolvidos a esforçossemelhantes no campo da lCT, visando não só àpreservação de sua soberania científica e tecnológica,mas também aos benefícios econômicos e políticosque poderão advir, em futuro próximo, dessapromissora indústria.

3.1.2- URSS

A partir da revolução socialista de 1917, e dentrodas transformações políticas e sociais que se iniciaramna URSS a partir de então, a lCT passou a ser objetode grande atenção do governo soviético. Lenin, emseu plano para o desenvolvimento da Ciência, daEconomia e da Educação, indicava que o seu sucessodependia não só da capacidade de estudo criadordo povo russo, como de sua capacidade deencontrar e utilizar as informações sobre asrealizações científicas e tecnológicas do capitalismoadiantado. É frase sua: "devemos obter tudo devalor que a ciência americana e européia tem aoferecer". Em 1921, por iniciativa sua, foi criada aKOMINOLIT (Comissão Central Interministerialpara Aquisição e Distribuição de LiteraturaEstrangeira). O decreto de criação especificou quea literatura deveria cobrir todo o campo doconhecimento a partir da segunda metade do anode 1914, ser concentrada em instituições ebibliotecas apropriadas e ter a sua distribuição eutilização organizada. O órgão deveria tambémpreparar índices das publicações mais importantesnas áreas políticas, científicas e técnicas, com aindicação exata de sua localização no país. Pororientação de Lenin, foram evidenciadas asnecessidades de duplicação, resumo e traduçãodas publicações científicas e também a necessidadee a importância de se publicarem revistas emateriais científicos. Outra preocupação sua era ade que essas informações fossem incorporadas aosistema produtivo.

Entretanto, foi a partir do término da SegundaGuerra, por volta de 1945 a 1950, que as atividadesda ICT se expandiram na indústria e nos institutosde pesquisa.

Considerando as necessidades de melhor atender asdemandas crescentes, eliminar as duplicações deesforços e empreender uma exploração maisexaustiva das fontes de informação estrangeiras,o Conselho de Ministros baixou em 1962 umaresolução contendo um programa abrangente eprogressivo para a criação de um serviço deinformação governamental. Pela primeira vez,foi considerada a operação total de uma rede deinformação e de divulgação científica e técnica,dentro de um sistema unificado e coordenado. Emdecorrência da resolução, seguiram-se iniciativas ereorganizações em todos os níveis. O sistema deinformação resultante, administrado em instânciasuperior pelo Comitê de Estado de Ciência eTécnica do Conselho de Ministros da URSS seorienta segundo os seguintes princípios:1. Especialização dos órgãos de informação peladivisão de funções e responsabilidades;2. Divisão de trabalho: produção e edição (órgãosfederais e estaduais), utilização (órgãos locais);3. Tratamento centralizado das informações,seguido da publicação de bibliografias e resumos;4. Contatos diretos entre órgãos produtores e órgãosusuários;5. Participação dos órgãos locais na coleta, resumoe disseminação da informação;6. Diferenciação da informação, tendo em vista asdiferentes categorias de usuários;7. Sistema unificado de serviços e de classificação;8. Utilização de equipamentos modernos;9. Recrutamento de pessoal científico e técnicoqualificado;10.Colaboração internacional.

O sistema foi concebido para lidar com o fluxo dainformação, a partir de uma estrutura hierarquizadanos dois sentidos: descendente (movimento doconjunto da documentação científica e tecnológicatratada de maneira centralizada e fornecida aosusuários pelos canais e serviços de informação) eascendente (documentação não-publicada, relativaa pesquisas e projetos científicos e técnicos que vãodas unidades locais aos órgãos de informaçãocentralizados, onde são tratados e resumidospara publicação).

O sistema é composto de quatro tipos de órgãosde informação:1. Órgãos de informação nacionais;2. Órgãos de informação setoriais;3. Órgãos de informação regionais (estaduais)multidisciplinares;4. Serviços de informação locais (empresas einstituições científicas e técnicas).

Entre os órgãos de informação nacionais, semdúvida o mais importante e conhecido é o

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VINITI (Instituto Federal de InformaçãoCientífica e Técnica) do Comitê de Estado deCiência e Técnica. É o maior centro dedocumentação do país, recebendo e tratando22.000 periódicos e 8.000 publicações de 115países em 63 línguas. Publica o ReferatunyjZürnal sob forma de fichas e de índices,reunindo referências bibliográficas e resumos emtodos os campos científicos e técnicos; o ExpressInformacija (Boletim de Informação Rápida);erevistas de sínteses anuais, compondo a sérieBalanços da Ciência e da Técnica. Efetua serviços apedido e fornece cópia de documentosreferenciados no R. Z. Como os demais órgãosnacionais de informação, realiza pesquisafundamental e aplicada em Ciência da Informação:aplicação e desenvolvimento de novas tecnologias.

Os outros órgãos nacionais realizam atividadessemelhantes de tratamento das publicações soviéticase estrangeiras, publicação de bibliografias, resumos,pesquisa bibliográfica, fornecimento de documentos,organização das atividades documentárias emâmbito nacional. Assim:1. VNTIC (Centro Federal de Informação Científicae Técnica): pesquisas e teses;2. VIMIIKI (Instituto Federal de Pesquisa Científicae Técnica, Classificação e Código): normalização,metrologia, técnicas de medida;3. CIMIIPI (Instituto Federal de Pesquisa Científicade Informação de Patentes): invenções nacionais eestrangeiras,4. UKP (Câmara Federal do Livro): catalogação daliteratura publicada na Rússia;5. CPNTB (Biblioteca Publicado Estado Científica eTécnica): fundo documentário em Ciência. eTecnologia, catálogos industriais, fundo de traduções,programas de computador.

Além desses, existem outros órgãos, como o Institutode Informação Científica e Biblioteca de CiênciasSociais da Academia de Ciências, o Instituto Federalde Pesquisa Científica da Informação Médica, oCentro Federal de Tradução da Literatura e daDocumentação Científica e Técnica, a Exposiçãode Realizações da Economia Nacional.

Os órgãos de informação setoriais foram criados emtodas as áreas. Sua tarefa principal é o tratamentoe a disseminação de novos trabalhos realizados nosinstitutos, órgãos de ensino e empresas, dentro deum campo dado. Preparam e editam informaçãobibliográfica, analítica e sintética sobre problemasatuais e fornecem documentos por solicitação deinstituições e empresas. A automação já estásendo aplicada ao processamento e recuperação dasinformações (bases de dados, SDI e RS).

Os centros de informação asseguram a informação aempresas e instituições a nível dos estados(repúblicas). São os Institutos Estaduais deInformação Científica e Técnica. Nessa categoriaexistem centros que atuam em caráter regional.Eles se incumbem de realizar a disseminação dainformação, traduzir e publicar na língua nacionaldas repúblicas os materiais provenientes dosórgãos nacionais e setoriais.

Os serviços de informação locais, de empresas einstituições, têm como função fornecer informaçãodiretamente aos usuários individuais, especialistascientíficos e técnicos.

Na ausência desses serviços, o atendimento local éfeito pelas 50.000 bibliotecas científicas e técnicasdo país, cujos estoques documentários respondempor 50% do fundo documentário total da URSS.

Apesar da dimensão excepcional das atividades deinformação e dos fundos documentários, aautomação e a mecanização são recursos poucoutilizados no setor. A partir de 1973, órgãosnacionais, como o VINITI, VNTIC, CNI l PI e asredes setoriais, passaram a uma aplicação maisintensiva do computador e de aparelhagem maismoderna de microfilmagem e de reprodução dedocumentos. Não se tem notícia da utilizaçãogeneralizada de teleprocessamento nas atividades deinformação, embora existam referências a suafutura aplicação no Sistema Internacional deInformação Científica e Técnica — ISTIS — dospaíses do CMEA liderado pela URSS.

O sistema russo é o exemplo mais extremo de açãodo estado na constituição de uma rede complexa e decoordenação centralizada de ICT. Os demais paísessocialistas europeus tendem à reprodução do modelorusso de coordenação centralizada de todos osserviços de informação científica e tecnológica pelosrespectivos governos. A administração dos serviços deinformação é realizada por agências centrais, às quaisse subordinam os demais centros de informação,como o Instituto Central de Informação Técnica eCientífica (Bulgária); o Centro de DocumentaçãoTécnica e Cientificada Biblioteca Técnica Nacional(Hungria);o Instituto Central de Informação eDocumentação (República Democrática Alemã"); oInstituto Central de Informação Científica, Técnica eEconômica (Polônia); o Instituto de DocumentaçãoTécnica (Rumania); o Instituto de InformaçãoTécnica e Econômica, a Biblioteca Técnica doEstado, a Administração de Invenções e Patentes, aAdministração de Normalização (Tcheco-Eslováquia).

Com o advento do Sistema Internacional deInformação Científica e Tecnológica — ISTIS —, que

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reúne esses países numa rede internacional regional,muitas transformações tiveram início, visando àparticipação no sistema. As mais importantes sereferem à aplicação da automação, aodesenvolvimento de linguagens documentáriasmultilíngües e à modernização e padronização deequipamentos para tratamento, microfilmagem eduplicação de documentos. Há indicações de que aTcheco-Eslováquia é o país que apresenta, depoisda Rússia, o nível mais elevado de desenvolvimentono setor de ICT.

3.1.3 - República Federal Alemã

Foi depois de 1960 que o governo alemão passou ase interessar e atuar no campo da ICT. As atividadesdo setor eram realizadas de um lado pelas bibliotecascientíficas de tradição e estrutura muito rígidas e deoutro por numerosos serviços de informação edocumentação de órgãos públicos e empresas.Dentro dessa evolução nacional, algumas áreastiveram uma cobertura até excessiva de serviços,enquanto que outras (como a mecânica de precisão,a ótica ou a indústria automobilística) ficaram adescoberto. Outros fatores influenciaram a decisãodo governo: o custo cada vez mais elevado dainformação e a crescente demanda de serviçoseficientes no setor.

Até 1970, pode-se dizer que as realizações do setorprivado eram maiores do que as do setor público,com conseqüente desequilíbrio e duplicação deserviços e acesso desigual às fontes de informaçãoe documentação. A partir de então, o governodecidiu intervir vigorosamente no setor, e, dianteda opção de subsidiar os produtores ou usuáriosda informação, escolheu a primeira alternativa, ouseja, investir na infra-estrutura dos serviços,confiando que numa etapa posterior os custos dosinvestimentos se reduziriam pelo aumento da suaeficiência e utilização. Em 1974, iniciou o Programade Promoção da Informação e da Documentação,com duração prevista para até 1977 e um orçamentode 530 milhões de marcos, com o objetivo decriar ou melhorar sistemas de informaçãoespecializados e reforçar a infra-estrutura decomputação e de telecomunicação.

Os sistemas especializados são a unidade de base dosistema nacional de ICT alemão. Para cada sistemapreviu-se um centro especializado (que pode situar-sena área pública ou privada) para coordenar coleta,tratamento e disseminação das informações etraduções; realizar análises e sínteses sobre osavanços mais significativo do campo; gerar oumanter uma biblioteca especializada central comtoda documentação e bases de dados pertinentes àespecialidade; organizar o intercâmbio de

informações com o estrangeiro (acordos bilateraise de cooperação internacional, etc.). Através doscentros especializados, pretendeu-se estabeleceruma estreita colaboração entre publicações,bibliotecas científicas e serviços de informação edocumentação de uma mesma área científica outécnica. Também cabe a eles realizar pesquisas edesenvolvimento, estudar os usuários, participar naformação de recursos humanos e educação dosusuários e em trabalhos de normalização e unificaçãodo sistema. Os centros recebem apoio e subvençãodiretamente dos ministérios a que estão afetos,dependendo da sua área de atuação.

São 16 os sistemas previstos pelo programa e,na maior parte, já foram implantados:

1. Medicina e Saúde;2. Proteção Ambiental;3. Alimentação, Economia Agrícola e Florestal;4. Ciências da Terra;5. Química;6. Física, Eletrotécnica, Construção Mecânica;7. Siderurgia, Metalurgia, Matérias-Primas;8. Construção, Urbanismo, Habitação,

Administração do Espaço, Meteorologia e Geodésia;9. Transportes;

10. Ciências Econômicas;11. Bens de Consumo;12. Ciências Sociais;13. Ciências Jurídicas;14. Educação;15. Artes e Letras;16. Países Estrangeiros e DesenvolvimentoInternacional.

Além desses sistemas, foram previstos centros eserviços com finalidade particular ou especial,como:1. Centro de Informação de Patentes;2. Centro de Informação de Normas;3. Serviço de Informação de Pesquisas;4. Serviço de Informação para DivulgaçãoCientífica.

O programa também considerou a reunião deorganizações de apoio numa Sociedade deInformação e Documentação — GID —, com sedeem Frankfurt, da qual o governo seria o principalsócio. Essas organizações são:1. Instituto de Documentação - IDW;2. Serviço Central de Documentação Automática —ZMD;3. Serviço Técnico das Bibliotecas — ABT;4. Setor de Pesquisas de Informação e Documentaçãodo Grupo de Estudo de Pesquisa de Sistema — SFS;5. Seção Numérica do Centro Alemão de Cálculo —DRZ;6. Instituto de Ensino de Documentação — LID;

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7. Serviço Central de Informação das Ciências daInformação — ZDOK.

Paralelamente à constituição dos sistemas setoriaisespecializados e dos centros de serviços especiais,foi implantada uma rede de transmissão de dados(ODIN) para acesso remoto às diferentes bases dedados.

Essa extraordinária reestruturação e modernizaçãodas atividades de ICT, financiada e executada quasetotalmente em 5 anos, foi em parte estimulada peloadvento do EURONET, rede européia deteleprocessamento dos países da CEE, que iniciousua fase operacional em 1979.

3.1.4 - Japão

Foi a partir da Segunda Guerra que o Japãoexperimentou progressos maiores em atividadesde informação, embora já detivesse uma largaexperiência no campo das bibliotecas. Sobinfluência americana, iniciou uma série demodificações nas mesmas. Com a reconstruçãoeconômica, criaram-se nas empresas e órgãosgovernamentais inúmeros serviços e centros deanálise de informações.

Em termos governamentais, foi em 1957 que setomou a iniciativa de estabelecer o Centro Japonêsde lnformação Científica e Tecnológica — JICST —,definido em lei como uma organização nacional parainformação científica e técnica, sem fim lucrativo.Entraram como financiadores do Centro o governo ea indústria, sendo que o governo, nos anosposteriores, passou a subsidiar as despesas nãocobertas pela venda de serviços. O JICST estálegalmente sob controle da Agência de Ciência eTécnica e funcionalmente ligado à DivisãoJaponesa de Patentes (Japanese Patent Office),à Biblioteca Nacional da Dieta (National DietLibrary) e ao Conselho de Ciência do Japão(Science Council).

As principais atividades do Centro são a coleta depublicações, particularmente periódicos científicose técnicos estrangeiros, a referenciação e resumodos documentos, e a publicação da série BibliografiaCorrente em Ciência e Tecnologia nas seguintesáreas do conhecimento:

1. Química e Indústria Química;2. Engenharia Geral e Mecânica;3. Engenharia Elétrica;4. Geologia, Mineração e Metalurgia;5. Engenharia e Arquitetura;6. Física Pura e Aplicada;7. Energia Atômica, Aplicação de Radioisótopo eRadiação;

8. Administração de Negócios;9. Química no Japão (Japanese Chemical Abstracts);

10. Informações Estrangeiras para Pequena Empresa.

Além disso publica:

1. Notícias de Patentes Estrangeiras — Química(EUA, Inglaterra, Alemanha);2. Japanese Patent Index (índice de PatentesJaponês);3. JICST Monthly (revista especializada emdocumentação).

O Centro presta diferentes serviços a pedido, como:fornecimento de fotocópias, pesquisas bibliográficas,traduções. Com a automação de sua bibliografiacorrente (Science and Technology Information File),oferece serviços de SDI, RS e acesso online emTóquio e Osaka, através de 22 terminais para usopúblico, não só de sua base de dados, mas tambémdas bases americanas de Química (CAC) e Medicina(Medlars).

A orientação do Centro é muito voltada para aexploração e a disseminação de informação edocumentação estrangeira e para a prestação deserviços à indústria e a órgãos governamentais.

Em 1973, o Conselho de Ciência, que assessora oMinistério da Educação, Ciência e Cultura —MONBUSHO — apresentou um relatório sugerindopolíticas básicas para o desenvolvimento da pesquisacientífica, entre as quais a de melhoria do sistemade acesso e de disseminação de ICT parapesquisadores universitários. O Japão conta comaproximadamente 110.000 pesquisadores e mais de2 milhões de estudantes em suas universidadesnacionais, públicas e particulares. Um programa deação foi delineado, visando, entre outras coisas:

1. Melhoria das fontes de informação (apoio arevistas e livros científicos, produção de informaçãosecundária em todos os campos do conhecimento,organização de materiais e dados para pesquisa,treinamento de especialistas em informação emelhoria do sistema de transferência);2. Melhoria do sistema de bibliotecas universitáriase centros de documentação, através de rede decooperação aos níveis das universidades, das regiõese do país, constituindo um primeiro sistema sobre oqual deverá apoiar-se um segundo sistema;3. Criação de um segundo sistema, através daaplicação de técnicas de processamento porcomputador e de transmissão de dados a distância, ouseja, um sistema de informação secundáriacomputadorizado;4. Desenvolvimento de pesquisas no campo dainformação e da aplicação de novas tecnologias aotratamento e disseminação de ICT.

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A Divisão de Biblioteca Universitária e InformaçãoCientífica, instituída desde 1965, passou a fazerparte, a partir de 1974, do Bureau de Ciência eAssuntos Internacionais, criado nesse mesmo anojunto ao MONBUSHO para a implementação daspolíticas científicas recomendadas. São atividadesdessa Divisão:desenvolvimento de sistemas paraprocessamento de dados em Ciência, divulgação deresultados de pesquisa, criação e elevação de padrõespara bibliotecas universitárias, aquisição edistribuição de materiais científicos.

Muitos projetos de pesquisa foram financiadosvisando a materialização dos conceitos do segundosistema a partir de 1973 e, em 1977,495 pesquisadorese 69 equipes estavam realizando estudos naárea de processamento de dados em larga escala e dedesenvolvimento de sistema de informação emCiência. Em 1976, uma missão japonesa de estudosfoi observar in loco, na Europa, Estados Unidos eCanadá, as atividades de pesquisa e desenvolvimentoem Ciência da Informação. Foram criadas comissõesespecializadas para o desenvolvimento do programa,como a de administração de bases de dados,formação de redes, processamento de dados, etc.

Em decorrência desses esforços, alguns resultados jápodem ser visualizados:

1. Auxílios financeiros foram dados para publicaçãode periódicos das mais importantes sociedadescientíficas, bem como de bibliografias e publicaçõessecundárias nas diferentes áreas científicas, emjaponês e inglês;2. As bibliotecas universitárias nacionais têmrecebido decidido apoio para a reorganização desuas coleções e automação de serviços;3. As universidades de Tóquio, Tsukuba, Hiroxima ea JAICI (Associação Japonesa de InformaçãoInternacional), através de seus centros de computação,vêm se preparando para oferecer acesso a bases dedados estrangeiras em âmbito nacional; o projeto daUniversidade de Tóquio é o mais adiantado, com 200terminais em operação, permitindo o acesso àsseguintes bases de dados: CAC/EUA, X-rayDatabase/lnglaterra, INSPEC/Inglaterra;4. Foi publicada, em forma impressa (5 volumes) eem fita magnética, a Bibliografia de Pesquisas ePesquisadores das Universidades Japonesas, cobrindo106.000 pesquisadores (91 % do universo);5. Foi criada a base de dados "Pesquisas emAndamento", em japonês e em inglês;6. Foi fundado o Centro de Processamento emCiência na Universidade de Tsukuba, visando aoprocessamento de bases de dados americanas eeuropéias, P e D em tecnologias de processamento,editoração, armazenagem e recuperação de dadosnuméricos científicos; o desenvolvimento de bases

de dados em língua japonesa; o treinamento deespecialistas da informação para bibliotecasuniversitárias;7. Foi criado o Centro de Pesquisa em Ciência daInformação e Biblioteconomia na Universidade deTóquio, visando a pesquisas de teorias integradas etecnologias para bibliotecas universitárias edocumentação.

As atividades de implantação do ambicioso sistemajaponês estão em fase experimental e os sistemasexistentes são considerados insatisfatórios. Espera-seem futuro próximo:

1. Concluir uma rede de acesso online a bases dedados estrangeiras através dos centros de computaçãode sete universidades nacionais que dispõem deequipamentos para tal fim;2. Desenvolver bases de dados japonesas que seriamincorporadas ao sistema acima, ao mesmo tempo quecapacitariam o Japão a participar do mercadointernacional de ICT. Algumas bases já foraminiciadas, como: Plasma Nuclear Fusion, NuclearData of Charged Particle, Theoretical Chemistry,Japanese Literature, Ethnic Studies;3. Expansão e sistematização dos serviços dasbibliotecas universitárias para acesso à documentaçãoprimária, em decorrência da utilização do sistemasecundário de informação.

Embora reconheçam que estão em atraso emrelação aos americanos e aos europeus, os japonesesdemonstram uma decidida orientação no sentido dedominar a aplicação de novas tecnologias nocampo da ICT e desenvolvem seus próprios produtospara atingir uma condição de participaçãointernacional respeitável. Em termos concretos, jáfornecem inputs ao Chemical Abstracts e ao Medlars.Considerando que tradicionalmente apresentamversão em inglês em suas publicações científicas etécnicas, é de se esperar que intensifiquem autilização dessa língua como linguagem documentáriade suas bases de dados, objetivando maiorparticipação no mercado internacional de ICT.

3.1.5- França

Desde 1939, o governo francês iniciou uma políticade centralização de publicações secundárias emdiferentes campos do conhecimento científico,através de referenciação e resumo de publicaçõesespecializadas estrangeiras e nacionais e defornecimento de documentação microfilmadamediante solicitação. Esses serviços se desenvolveramno Centro de Documentação do Centro Nacional daPesquisa Científica — CNRS — e se tornaramconhecidos internacionalmente como BulletinSignalétique. A automação do Bulletin deu origem

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ao sistema multidisciptinar de informaçãodenominado Pascal, que oferece serviços dedisseminação seletiva, busca retrospectiva no país eno estrangeiro e de acesso online a usuários francesese estrangeiros. Na forma de base de dados, tem sidoadquirido por alguns países, para processamento erecuperação local. A limitação de sua utilização resideprincipalmente na língua francesa, cuja influência nacomunicação científica tem decaído expressivamentedesde a Segunda Guerra. Eis porque o sistema Pascalestá evoluindo progressivamente em direção aomultilingüismo (inglês, alemão). O CNRS fornecefotocópias e mícrofichas dos documentos resumidos.

Em 1971, sob a égide da Delegacia Geral da PesquisaCientífica e Técnica — DGRST —, foram realizados osprimeiros estudos visando à constituição de uma redenacional de ICT. Esses estudas concluíram pelanecessidade imediata da criação de um organismoresponsável pela direção e coordenação da rede. Em1973, foi criado oficialmente o Bureau Nacional deInformação Científica e Técnica — BNIST —, com afinalidade de:

1. assessorar o governo na formulação de umapolítica nacional de ICT;2. propor medidas para a efetivação da políticanacional de ICT;3. acompanhar, em articulação com os ministériose organismo internacionais, a execução das medidas.

Assim, foram atribuídas ao Bureau atividades decoordenação dos organismos integrantes da rede:promoção de medidas de interesse comum, comopesquisas de interesse da política, normalizaçãodos vocabulários científicos e industriais,colaboração na rede e formação de recursoshumanos. O Bureau era dirigido por umsecretário-geral, nomeado pelo Ministro da Indústria,do Comércio e do Artesanato, e por um comitê dedireção, com representantes dos ministérios maisafetos (como, por exemplo, da Educação, daEconomia e Finanças, da Defesa e de NegóciosEstrangeiros), representantes do governo e dacomunidade científica e técnica (a maioria).

A política nacional de informação foi estabelecida,levando em consideração os seguintes aspectos:

1. Conhecimento da infra-estrutura existente nossetores público e privado, segundo as diferentesespecialidades e os serviços fornecidos, bem comoas pesquisas em Ciência da Informação;2. Quadro da cooperação internacional em ICT:necessidade de sistemas multilíngües, situação deoutros países, particularmente da CEE (ComunidadeEconômica Européia);3. Aplicação de novas tecnologias de computação e

teleprocessarnento, atentando para problemas decustos, uso de equipamentos e programas decomputação nacionais, utilização máxima dematerial europeu, aumentando a competência eminformática e colocando em regime de lucratividadeos serviços, pesquisando sistemas novos;4. Usuários: obter a sua participação nas operaçõesde informação, sensibilizá-los e educá-los, pesquisaro seu comportamento;5. Redes setoriais: os serviços de informação edocumentação deverão ser reunidos por setor (sejauma especialidade, uma missão ou uma atividadecientífica ou técnica), a fim de assegurar umconjunto de atividades de informação, comoelaboração de resumos, avaliações e síntesesinformativas, desenvolvimento de bases de dados;as redes setoriais ou sub-redes deveriam serautofinanciáveis, garantido-lhes o governo oinvestimento inicial (as tentativas nesse sentido,entretanto, não deram o resultado esperado) ;6. Rede nacional: deverá incluir os serviçosespecializados e serviços de informação gerais —como orientação ao usuário, banco de documentosnão-publicados, banco de pesquisas em andamento —a rede de bibliotecas e as agências regionais.

A partir dessas orientações políticas, algumas medidasjá foram tomadas pelo Bureau, como:

1. A criação do Centro Nacional de Química —CNIC —, que assinou com o CAS/USA um contratopara fornecimento de documentação e da base dedados Chemical Abstracts para utilização local,particularmente a fim de aplicar o sistema francêsDARC, referente à codificação das estruturasquímicas;2. A operacionalização, pelo CEA, do sistemainternacional lNIS;3. O desenvolvimento de um tesauro trilíngüe e deuma base de dados em Eletrotécnica e Eletrônica;4. A constituição de uma base de dados multilíngüeem Metalurgia interligada ao SDIM (SistemaInternacional de Informação em Metalurgia daCEE), em cooperação com a República FederalAlemã;5. O desenvolvimento do sistema TITUS (InstituíTextile de France) para informação no setor têxtil,com tradução automática em quatro línguas(francês, inglês, alemão e espanhol), que já estásendo utilizado em outros países, até mesmo naAmérica Latina (Argentina);6. A constituição de uma rede de informaçãoagrícola: o Institut National de la RechercheAgronomique passou a integrar o sistemainternacional AGRIS/FAO; juntamente com oCNRS, o lNRA está desenvolvendo um sistemade informação agrícola no âmbito da base de dadosdo Pascal;

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7. Outras iniciativas nos setores da Oceanografia,Biomedicina, Meio Ambiente, Engenharia Civil eObras Públicas; criaram-se bases de dados sobreEconomia da Energia, Economia na Agricultura,etc.;

8. A implementação, por parte do Ministério daEducação, de um programa de melhoria de acervos eautomação das bibliotecas através do Bureau deAutomação de Bibliotecas; foi automatizado ocatálogo de todas as publicações francesas (DepósitoLegal), disponível em fita magnética; essa funçãoacaba de ser assumida pela Agence Universitairede Documentation et d'lnformation Scientifiqueet Technique — AUDIST —do Ministère desUniversités; essa agência tem ainda como atribuiçãoo desenvolvimento e a promoção de bases de dadossobre pesquisas em andamento nos laboratórios dasuniversidades e do CNRS;

9. A Instalação de agências regionais de informaçãocientífica e técnica — ARIST —, para fazer a ligaçãoentre os serviços produtores de informação e osusuários regionais; atuam a nível de orientação/assistência, assessoria e sensibilização; também sãoencarregadas de inventariar fontes de informaçõese contatar serviços e organizações locais;

10. A criação dos serviços gerais: a AssociaçãoNacional de Pesquisa Técnica — ANRT — foiencarregada de iniciar um serviço de orientação aousuário, SOS-DOC, pare responderàs questões sobre onde encontrar uma determinadainformação (centros/serviços de documentação einformação, bibliotecas, etc.) e a que pessoa sedirigir para obtê-la;

11. A criação do Grupo de Pesquisa em Ciência daInformação no BNI5T, para a ativação das pesquisasnas seguintes linhas: estudos de necessidades ecomportamentos do usuário, de custo/benefício desistemas de ICT, de representação da informação(reconhecimento de informação, métodosautomáticos de tradução, tesauros multilíngües), deaplicação das tecnologias de computação e deteleprocessamento à ICT);

12. O treinamento de recursos humanos através dacriação de cursos universitários em Ciência daInformação, incluindo um curso de doutorado criadorecentemente;

13. A educação de usuários: programação conjuntacom o Ministério da Educação, visando à educaçãoem uso de fontes de informação em todos os níveisde instrução, do primário ao universitário;promoção da ICT junto a empresas, através dedemonstrações audiovisuais e de atuação junto aosresponsáveis por serviços de lCT;

14. A criação de um serviço nacional que integra asdiversas bases de dados francesas — QUESTEL —,com cerca de 6 milhões de documentos indexados.

Em setembro de 1979, o BNIST transformou-se naMission Interministérielle de l'InformationScientifique et Technique — MIDIST —, ligada aoSecretariat d'Etat à la Recherche, subordinado aoPrimeiro-Ministro da França.

O programa francês se volta sobretudo para umacoordenação de ações no campo da ICT, oraaproveitando as oportunidades de colaboraçãointernacional, ora se voltando para a exploração deáreas mais específicas, como é o caso da informaçãotêxtil, eletrotécnica, eletrônica, oceanográfica.Também evidencia uma preocupação bastanteacentuada com a elaboração de tesaurosespecializados multilíngües e a aplicação do sistemade tradução automática do TITUS a outros sistemas.Essas diretrizes visam, entre outras coisas, daraos produtos/serviços de informação francesescondições de competir no mercado internacional,

3.1.6- Grã-Bretanha

Os sistemas/serviços de ICT na Grã-Bretanha, voltadospara o atendimento das necessidades imediatas deinformação, tiveram uma evolução independente. Hálongo tempo o país usufrui de uma posição vantajosa,como um dos mais importantes produtores deliteratura técnica e científica, tanto no que se refere apublicações primárias como a serviços de indexação eresumo, na sua maioria automatizados (bases dedados). Entretanto, estes últimos não são em grandenúmero, pois a orientação seguida, em face daproliferação dos inúmeros serviços americanos, foi ade evitar a duplicação e estabelecer formas decooperação com os mesmos para uso e fornecimentode informações (CAS, Medlars e outros). As principaisbases de dados inglesas com ampla utilização poroutros países sáb: INSPEC, Metals Abstracts,Mineralogical Abstracts, Geo-Abstracts, Geo-Systems,World Patents Index (Derwent), X-ray Database(XDC), Commonwealth Agricultural Bureaux (CAB).

O papel do governo tem sido o de assegurar que aprovisão total de informações seja adequada àsnecessidades do país. Assim é que, em certas áreas, asua ação é mínima, porque existem serviços de boaqualidade em operação através das sociedadescientíficas e profissionais ou de empresas privadas,enquanto que em outras tem atuado diretamente,através da ação dos ministérios competentes(Agricultura, Indústria e Tecnologia, Agricultura eMeio Ambiente) e de organizações criadas oureestruturadas para tal fim, como a BibliotecaBritânica (British Library — BL).

O interesse maior do governo pelas atividades de ICTse evidencia depois do fim da Segunda Guerra, através

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de subvenções à ASLIB (Association of SpecialLibraries and Information Bureaux) paradesenvolvimento de serviços de informação, depesquisa e de treinamento. A atuação da ASLIBvisava, principalmente, a fomentar o desenvolvimentode serviços de informação para a indústria, a fim decompensar a lacuna deixada pela Library Association,que dava ênfase às bibliotecas acadêmicas e depesquisa científica.

A partir de 1964, com a criação do OSTI (Office ofScientific and Technical Information), subordinadoao Ministério da Educação e Ciência, os recursos parapesquisa e desenvolvimento de novos sistemas eserviços de informação e de biblioteca no setorpassaram a ser distribuídos por essa agência. A ASLIBcontinuou a sua atuação em colaboração com oOSTI, não só na execução de pesquisas como noassessoramento e treinamento de recursos humanosatravés de cursos intensivos avançados. Maisrecentemente, em virtude da experiência adquirida,oferece também serviços de consultoria paraimplementação de serviços e sistemas em organizaçõesgovernamentais e privadas, no país e no estrangeiro,

porém em menor escala.

A atuação do OSTI permitiu a aplicação das novastecnologias de computação e de telecomunicação aserviços de informação e de bibliotecas, fazendo comque a Grã-Bretanha acompanhasse as inovações econtribuísse de forma marcante nos campos daBiblioteconomia e da Ciência da Informação.

Um projeto digno de nota, financiado pelo entãoDSIR (Departamento de Pesquisa Científica eIndustrial), foi a NLLST (National Lending Libraryof Science and Technology), que, fundada em 1962,constituiu urna coleção exaustiva de publicaçõesnacionais e estrangeiras em Ciência e Tecnologia parafins de empréstimo. A localização, organização eoperação dessa biblioteca obedeceu a princípiosinteiramente não-convencionais, cuja racionalidadepragmática lhe garantiu sucesso total. Planejada paraatender a 200.000 solicitações anuais, hoje atende amais de 3 milhões, das quais 300.000 procedem doestrangeiro, através da utilização de um sistema devendas de cupons para fornecimento de fotocópia emicrofichas. A partir de 1974, com a implantação daBL (British Library), criada legalmente em 1972(British Library Act), a NLLST passou a fazer parteda Divisão de Empréstimo (British Library LendingDivision — BLLD) da nova organização. A integraçãode outros serviços e bibliotecas nacionais no âmbitoda BL efetivou as suas principais áreas operacionais,agrupadas em três divisões: Referência, Empréstimo eServiços Bibliográficos. A primeira incluiu asbibliotecas dos departamentos do Museu Britânico, a

segunda a NLLST e a NCL (Biblioteca NacionalCentral, instituição antiga para empréstimo na área deHumanidades e Ciências Sociais), e a terceira reuniu aBibliografia Nacional Britânica e o CRO (CopyrightReceipt Office). Além dessas divisões, a bibliotecatem mais duas repartições importantes: aAdministração Central (serviços de administraçãofinanceira, de pessoal e de serviços comuns daorganização) e o Departamento de Pesquisa eDesenvolvimento, que incorporou o OSTI e suasfunções de promoção e subvenção de P e D paraoperação de bibliotecas e serviços de informação.Pode-se dizer que a BL é atualmente o foco centralda política, pesquisa, financiamento e coordenaçãodas atividades de ICT no país. Em termos de P e D,atualmente se dá prioridade a projetos de:organização da utilização das bases de dados nacionaise estrangeiras; administração e automação debibliotecas (de pesquisa e universitárias);tecnologiareprográfica e sua interação com sistemas decomunicação, incluída a transmissão por fac-símile;metodologias de estudo e de treinamento do usuário;comunicações primárias; meios de transporte deempréstimos interbibliotecários.

No futuro, dever-se-á dar atenção às bibliotecaspúblicas e à informação comunitária, ao uso deteletexto (Viewdata), ao estudo de novas tecnologias,como videodisco e processamento de textos, e àsnecessidades de informação da indústria e governolocais. O critério para financiamento de projetos pelaBL é que estes tenham um interesse amplo,abrangendo muitas ou todas as bibliotecas e serviçosde informação. É diretriz da BL que a pesquisa queatenda ao interesse apenas de uma organização devaser financiada por ela mesma.

Em decorrência dessa política, foram automatizadasmuitas bibliotecas, e o advento dos minicomputadorespermitiu a automação dos sistemas de circulação,catálogos, controle de periódicos, etc., a formação deredes, como o Projeto de Mecanização das Bibliotecasde Birmingham — BLCMP —, o Projeto de AutomaçãoCooperativa das Bibliotecas Universitárias do Sudeste- SWALCAP - e o Projeto de AutomaçãoCooperativa das Bibliotecas Escocesas — SCOLCAP.

Por iniciativa da BL, dois sistemas foram constituídose estão já em fase operacional: o BLAISE (BritishLibrary Automated Information Service) e oInfoline. O primeiro começou com duas bases dedados — MARC (Machine Readable Cataloging,LC e UK) e MEDLARS —, procurando combinar acatalogação cooperativa com serviços de recuperaçãode informação em larga escala. O seu funcionamentocomercial de mais de um ano permite antever o seusucesso e a sua utilização por outros países europeus

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da CEE. Já o Infoline decorreu de uma associaçãoda BL com o Ministério da Indústria, os Serviços deInformação Derwent (World Patents Index) e oInstituto de Engenheiros Eletricistas — INSPEC.Inicialmente a empresa está oferecendo serviços derecuperação das seguintes bases de dados: CAS(Chemical Abstracts), INSPEC e World PatentsIndex. Com o tempo, pretende adicionar outras basesde dados, incluindo algumas menores produzidas nopaís, realizando uma combinação que sirva aosinteresses da indústria. É com o BLAISE e o lnfolineque a Grã-Bretanha pretende efetivar a suaparticipação no EURONET. Por outro lado, pode-seprever a grande influência da Grã-Bretanha naoperacionalização do EURONET através da garantiade acesso ao documento primário, a partir da maiore mais completa coleção da Europa: a da BLLD.

3.2 - PAÍSES DESEN VOLVIDOS DESEGUNDA ORDEM

3.2.1 - Canadá

A evolução da documentação científica e técnica doCanadá está ligada à história da sua BibliotecaNacional de Ciência (National Science Library ofCanada), constituída por ocasião da criação doConselho Nacional de Pesquisa (Nacional ResearchCouncil), em 1924. O seu projeto original era o de umcentro nacional complementar para as bibliotecascientíficas do país. Em 1969, porém, em decorrênciado relatório Katz, que salientou a necessidade de umapolítica de difusão da ICT,o governo encarregou oNRC de projetar um sistema de ICT para o país. Issofoi possível, porque o Canadá dispunha de umconjunto apreciável de bibliotecas especializadas(quase 500) nos setores científico, tecnológico emédico, a maior parte das quais localizadas nasgrandes cidades (Toronto, Montreal, Vancouver,etc.) e vinculadas a universidades e organismosgovernamentais de pesquisa.

Assim, o sistema canadense foi concebido de formadescentralizada, funcionando a NCLC, atualmenteCISTI (Canada, Institute for Scientific and TechnicalInformation), como órgão central de transferência deinformação, através do desenvolvimento de recursos eserviços de base, como o catálogo coletivo depublicações científicas por computador (48.000títulos de 237 bibliotecas), para impressão erecuperação de informação, que, calcula-se, cobre80% da literatura mundial no campo. Um sistema defornecimento de cópias e empréstimo de materiaispermite o acesso à documentação existente, atuandoo fundo da NCLC de forma complementar. Dentrodessa perspectiva, foi desenvolvido pela Biblioteca

um sistema de disseminação seletiva de informaçãocomputadorizado, o CAN/SDI, que começou a operarem1969 e que em 1974 passou a oferecer serviçosonline (CAN/OLE). O sistema processa e recuperamais de uma dúzia de bases de dados em Ciência eTecnologia, .a maioria das quais americanas. A UNESCOse interessou muito por esse empreendimentocanadense e tentou difundi-lo a países emdesenvolvimento. Na América Latina, a Argentina eMéxico operam o sistema na sua modalidade primitivade SDI. Se no início o sistema parecia uma soluçãoideal, ameaça ficar superado pelos serviços americanossimilares, o que se deve à facilidade de acesso remotoaos mesmos.

Segundo um crítico da política canadense, ao mesmotempo em que o governo dispendia enormes recursospara montar o CAN/SDI e depois o CAN/OLE,permitia a subscrição indiscriminada a serviçosequivalentes americanos, particularmente aoDIALOG/Lockheed e o SDC. Também não cuidou ogoverno para que se estruturasse uma sólida indústriada informação no país, embora o mesmo disponhade recursos humanos e materiais para tal e de umarede de transmissão de dados (Data-Pac Network).

A partir da constatação empírica da poucacontribuição canadense à literatura científica etécnica mundial (em torno de 3%) é que se orientoua política de ICT para o aspecto do consumo dainformação de origem externa, em detrimento daprodução interna, principalmente de bases de dados.Segundo os mesmos críticos, isso é uma conseqüênciada "mentalidade colonizada" prevalente, que impedeque se tome consciência, a exemplo dos americanos,europeus e japoneses, de que o controle e aexploração dos recursos próprios de informação sãonecessários à soberania intelectual e tecnológica deum país e são fatores de crescimento político eeconômico.

3.2.2 - Israel

Julgou-se interessante apresentar a situação de Israel,que, por se constituir num país pequeno e sujeito auma situação de extrema dependência políticae econômica de outros países, apresenta alguns traçoscomuns com os países em desenvolvimento. Assim,por exemplo, sua comunidade científica e tecnológica,ainda que proporcionalmente elevada, em termos desua população total, é pequena em termos absolutos,de forma que não é compensador realizar certosinvestimentos em ICT que pressupõem uma economiade escala.

O país dispõe de um Centro Nacional de InformaçãoCientífica e Tecnológica (National Center for

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Scientific and Technological Information — COSTI),fundado em 1961. O Centro funciona em dois níveisde atuação:

1- Como ponto focai de uma rede nacional (pesquisa,desenvolve a rede nacional de ICT, estimula o seucrescimento, ativa e coordena suas atividades);

2. Como prestador de serviços (processa e disseminainformações, mantém uma interface servicos--usuários).

Seus recursos advêm quase meio a meio de fontesgovernamentais e venda de serviços. Seus serviçosincluem: Disseminação Seletiva de Informação— SDI — de bases de dados próprias e outras, comaproximadamente 100.000 notificações mensais;depósito de documentos (clearinghouse] efornecimento de 25.000 itens anuais, desdepatentes a programas de computador; bibliografiasretrospectivas, análises e listas especiais manuais (150anuais); bases de dados (compila e opera quatro basesde dados próprias); publicações de 3 periódicos e4 séries de diretórios; serviço de pergunta-resposta(2.000 perguntas anuais) e treinamento debibliotecários.

A decisão de instituir serviços de informação dependeda sua inexistência nos meios comerciais habituais eda expectativa de que sejam autofinanciáveis.Segundo análise dos administradores do COSTI, opaís apresenta as seguintes limitações:

1. Nível baixo de comunicação informal:os gruposde P e D são pequenos e o uso de canais informaisé pequeno e restrito;

2. Indústria controlada, protegida e poucocompetitiva: pouca informação é tolerada emambiente semelhante;

3. Barreira lingüística: a língua nacional não temexpressão nas comunicações científicas;

4. Governo altamente centralizado e burocratizado;

5. Necessidade de utilização máxima dos parcosrecursos para satisfazer as necessidades dapopulação;

6. Problemas exagerados de "segurança nacional":o conceito de liberdade de informação é seletivoe admite várias interpretações;

7. Mercado interno pequeno, dependência docomércio internacional, capitalização pequena, oque coloca séria limitação à adoção de novastecnologias;

8. Alto custo do serviço de informação:considerando os critérios de utilização ecusto-benefício, o preço fica muito alto para ospaíses pequenos.

Tendo em vista esse quadra, foram adotadas asseguintes diretrizes políticas:

1. Centralização da solução dos problemas de ICT;

2. Rapidez de retorno dos investimentos em serviçosde informação;

3. Atendimento das necessidades dos usuários;

4. Abordagem organizacional do tipo rede pararesolver o problema de armazenagem,processamento e recuperação de informação;

5. Utilização de línguas estrangeiras;

6. Atendimento de um amplo espectro de usuários,considerando as diferentes especialidades e osdiferentes níveis de competência em cada uma(profissional, de pesquisa, docência, etc.);

7. Manutenção de relações internacionais, em faceda constatação de que há muito a pedir e pouco adar;

8. Exploração exaustiva das fontes e recursosexistentes no país, visando à economia, através dearranjos de coordenação e cooperação a níveloperacional e de compilação meticulosa de todo equalquer recurso de informação.

O atual planejamento da rede israelense, através doCOSTI, prevê as seguintes ações:

1. Redistribuição dos acessos às principais fontesarmazenadoras de informação e constituição daautoridade central que imporá decisões à rede;

2. Estabelecimento de padrões e procedimentosobrigatórios para empréstimos interbibliotecários eequipamentos reprográficos;

3. Viabilização de uma biblioteca central paraperiódicos em baixa de uso (com idade de 7 a10 anos);

4. Estudos de custo-benefício e custo-eficiência paraaquisição e catalogação centralizada e transportede documentos;

5. Estabelecimento de parâmetros e estatísticasconsiderados pré-requisitos para a rede;

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Políticas e programas nacionais de informação científica e tecnológicaMaria Lúcia Andrade Garcia

6. Criação e manutenção de um sistema de registronacional e de um depósito para relatórios emateriais similares;

7. Desenvolvimento de redes orientadas para missão epara especialidade.

As proposições políticas e programáticas israelensesem matéria de ICT apóiam-se em limitaçõeseconômicas, políticas e de população usuária. Essaslimitações, como já se viu anteriormente, apresentamsemelhanças com as encontradas em países emdesenvolvimento. Se, por um lado, colocam oproblema da necessidade de se tratar a ICT através deuma coordenação centralizada, visando à exploraçãomáxima dos recursos de informação disponíveis,através da operação de uma organização central comatividades mistas de política, pesquisa, coordenação eprestação de serviços, por outro lado, implicam umaproposição de dependência muito grande dos sistemasde informação estrangeiros.

Recentemente (1978), Israel celebrou contrato com aWestern Union International, para a instalação deum nódulo de ligação com as redes Tymnet e Telenetpara acesso aos centros processadores e serviçosonline americanos.

3.2.3 - Suécia

A Suécia, entre os países europeus, foi o primeiroa processar e oferecer serviços de acesso a bases dedados estrangeiras (MEDLARS, CAS, INSPEC, etc.),através de duas bibliotecas universitárias. O governosueco implantou um sistema denominado LIBRI(1977) para coordenação de serviços de informaçãoe de bibliotecas, objetivando o intercâmbio deinformações, aquisição de materiais de informação,controle de periódicos e reunião de dadosbibliográficos de bibliotecas dentro e fora do país. •As bibliotecas que processam bases de dados já seinterligam por terminais e deverão estender seusserviços através da rede, na medida de seudesenvolvimento. O órgão encarregado dacoordenação das atividades de ICT a nível nacional ede colaboração na rede escandinava (NORDDOK/SCANNET) é o Comitê Sueco de InformaçãoCientífica e Técnica — SINFOK —, subordinado aoConselho de Pesquisa Científica e Industrial, sendo aBiblioteca do Instituto de Tecnologia Real (RoyalInstitute of Technology Library) a biblioteca centralde tecnologia do país.

3.2.4-Finlândia

Os países escandinavos tendem a apresentarsemelhança nas suas políticas e programas na área

de ICT, em virtude de sua associação, há mais de 30anos, numa entidade intergovernamental, o ConselhoEscandinavo de Pesquisa Aplicada - NORDFORSK -e, mais recentemente (1971), no NORDDOK (TheNordic Committee on Documentation andInformation). Desde 1964, o país dispõe de um órgãopara política nacional de ICT, reformulado em 1969,com a denominação de Conselho Finlandês deInformação Científica e Técnica — TINFO —, juntoao Conselho de Pesquisa Científica e Industrial.Algumas experiências na automação de informaçõesforam iniciadas em 1969, com o sistema PANDEX(Current Index to Scientific and TechnicalLiterature), criado pela Biblioteca da Universidadede Tecnologia de Helsinqui e desativado em 1971.O Instituto Finlandês de Pesquisa de Polpa e Papeldesenvolveu uma base de dados e um programa derecuperação do Boletim de Resumos do Instituto deQuímica do Papel. Desde 1970, o país, juntamentecom os demais países escandinavos, participa dosistema internacional lNIS (Energia Nuclear), sendoas fitas magnéticas processadas pela Biblioteca daUniversidade Tecnológica de Helsinqui. A partir daconstituição da rede escandinava de informação edocumentação, a Finlândia vem trabalhando naformação de sua rede nacional de serviços ebibliotecas. Como na Suécia, a biblioteca central dosistema para fins de referência e documentação é ada Universidade Tecnológica de Helsinqui.

É interessante notar que os países escandinavosprocuraram resolver suas limitações para aplicação denovas tecnologias (automação, telecomunicações) emICT através de uma rede regional, a qual será referidamais adiante.

3.3 - PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO

Dentro desta categoria estão incluídos países daAmérica Latina, Ásia e África, cujas atividades deICT expressam as deficiências notórias de suasestruturas econômicas, sociais e seus níveis baixos dedesempenho científico e tecnológico. A maioria dasiniciativas de expressão no setor, nesses países, têmdecorrido a partir da atuação de organismosinternacionais (governamentais eintergovernamentais), vinculados material e/ouideologicamente aos países desenvolvidos.

Durante a década de 60, atingiu o seu auge ummovimento de opinião, compartilhado porrepresentantes de países desenvolvidos e emdesenvolvimento, que sustentava ser possível realizartransferências diretas de tecnologias dos primeirospara os segundos. Estavam naturalmente subjacentesa esse movimento interesses distintos dos doadores(alargar suas áreas de influência econômica e política)

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e dos receptores (realizar o "salto tecnológico"que elevasse o padrão de suas economias).

No campo da ICT transferências têm sido tentadas,porém sem muito sucesso, em face das condiçõesprecárias das infra-estruturas de informação dospaíses em desenvolvimento e da escassez de recursosfinanceiros para apoio a essas transferências.

Como já foi mencionado antes, esta parte do relatóriose restringirá à situação da América Latina, comdestaque a países cujos programas nacionais de ICTapresentam alguma relevância e continuidade.

3.3.1 - América Latina

Os organismos internacionais que vêm prestandoauxílio e assistência técnica à América Latina em ICTe que constituem sua única fonte de inspiração emmatéria de política e programa de ICT são osseguintes:

1. Agências intergovernamentais:

a) UNESCO (através de seus programas deinformação: UNISIST e NATIS);

b) Agências da ONU (Programa de Desenvolvimentodas Nações Unidas — UNDP —, Organização deDesenvolvimento Industrial das Nações Unidas— UNIDO —, Food and Agricultural Organization- FAO);

c) OEA (Programa de Desenvolvimento de

Bibliotecas — LDP/Departamento de AssuntosCulturais —. Programa de DesenvolvimentoRegional Científico e Tecnológico/Departamentode Assuntos Científicos);

d) Organização Mundial de Saúde —WHO — (atravésda Organização Pan-Americana da Saúde — PAHO).

2. Agências governamentais:

a) Estados Unidos (Agência de DesenvolvimentoInternacional — AID —, National TechnicalInformation Service — NTIS —, BibliotecaNacional de Medicina — N LM);

b) Canadá (Centro de Pesquisa de DesenvolvimentoInternacional — IDRC —, Instituto Canadense deInformação Científica e Técnica — CISTI);

c) República Federal Alemã (Fundação Alemã paraPaíses em Desenvolvimento — DSE);

d) Grã-Bretanha (Conselho Britânico - BC);

e) França (Aliança Francesa, Conselho Nacionalde Pesquisa Científica - CNRS -, Institui Textilede France — ITF).

Os tipos de atuação desses organismos variam e vãodesde objetivos de programação nacional (como é ocaso das agências da ONU e da OEA) até a objetivosde atuação mais específicos, através de projetos demaior efeito multiplicador ou de atendimento a maisde um país (como é o caso, em geral, das agênciasgovernamentais do Canadá e da Alemanha).

Dentro de uma perspectiva histórica, podem-sedistinguir modalidades de ajuda e assistência técnicaque se instituíram na América Latina a partir de1950:

a) Reforço de coleções científicas e técnicas —através de doações, traduções de manuais técnicose científicos, intercâmbio de publicações — 1950-1960;

b) Planejamento/implantação de instituições —através de programas de ajuda à criação debibliotecas e de centros de documentação (centrosde documentação científica no Brasil, México eArgentina); os programas de desenvolvimentobibliotecário da OEA e da UNESCO na década de50 refletem essa orientação;

c) Desenvolvimento de recursos humanos — através deajuda ao desenvolvimento de escolas deBiblioteconomia e concessão de bolsas de estudopara treinamento no estrangeiro; tiveramimportância, nesse aspecto, a AID, a OEA ea UNESCO, até 1960;

d) Atendimento de necessidades de informaçãosetoriais — as expectativas de desenvolvimentoeconômico se intensificaram a partir de 1960, e osprogramas se reorientaram no sentido dodesenvolvimento de serviços e sistemasespecializados e de suporte às transferências detecnologia; datam dessa época os programas deInformação em Saúde (implantação da BibliotecaRegional de Medicina — BIREME — no Brasil pelaPAHO/NLM), da rede de Informação Agrícolapara a América Central em Turrialba (pela FAO),de Informação Industrial (Projeto Piloto deTransferência de Tecnologia da OEA, CISTI,projetos da UNIDO para atendimento da pequenae média empresa);

e) Formulação de políticas nacionais — é a maisrecente estratégia de ajuda, que, através deconsultorias, reuniões e seminários, patrocinados

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Políticas e programas nacionais de informação científica e tecnológicaMaria Lúcia Andrade Garcia

pela UNESCO, vem tentando persuadir osgovernos a desenvolver pontos focais e políticasnacionais de informação científica e tecnológica;enquanto o UNISIST se orienta para a associaçãodas políticas nacionais, de desenvolvimentocientífico e tecnológico e de ICT, o NATISpropugna por uma política nacional dedesenvolvimento integrado de bibliotecas, arquivose serviços/centros de ICT.

Resumindo, podemos dizer que os esforços de ajudase concentravam, num primeiro estágio, no reforço decoleções, treinamento de recursos humanos eimplantação de instituições, e num segundo estágio,no desenvolvimento de redes/sistemas de informaçãoespecializados e na implantação de políticas nacionaisde ICT. Tanto no primeiro quanto no segundoestágio, a ótica foi sempre a de transferirconhecimentos, procedimentos e praxis profissionalalienígenas, com as notórias conseqüências deinadequação, descontinuidade e difusão de umamentalidade profissional dependente e"internacionalizada". Cabe um destaque aqui àconsideração de que os programas de ajuda e deassistência técnica mais recentes implicam aaplicação de novas tecnologias de tratamento e dedisseminação de informação bastante sofisticadas ecaras e que pressupõem a existência de recursosmateriais e humanos que os países emdesenvolvimento ainda não possuem, na extensão equalidade requeridas. Essa constatação não develevá-los a rejeitar as oportunidades de ajuda eassistência técnica, mas a ser mais seletivos nas suassolicitações e na aceitação de programas e projetospatrocinados por organismos internacionais. Etambém à necessidade de criarem eles próprios, em *primeiro lugar, condições materiais e humanasinternas compatíveis com a absorção e o domíniodas novas tecnologias.

3.3.2- México

Há mais de 20 anos vinham se estabelecendo no país,por iniciativa de organizações e instituiçõesinteressadas, serviços de ICT, sem que houvesse,entretanto, um programa ou uma direção nacionaldessas atividades. Os problemas e as necessidadesexistentes no setor foram se definindo no âmbitoda Associação Mexicana de Bibliotecários— AMBAC — e através de estudos isolados deespecialistas estrangeiros, que levantaram a situaçãodos serviços de informação nas escolas de ensinosuperior e centros especializados. Com a criação doConselho Nacional de Ciência e Tecnologia —CONACYT -, em 1970, estabeleceu-se um quadroinstitucional adequado para a programação da ICT,uma vez que a lei que criou o Conselho foi explícita

em atribuir-lhe a tarefa de "estabelecer um serviço deinformação e documentação científica" vinculado aosplanos e programas nacionais de Ciência e Tecnologia.De uma reunião nacional convocada para analisar osproblemas mais urgentes a resolver no setordecorreram as primeiras ações do Conselho, visando:

1. à preparação de recursos humanos;

2. ao fortalecimento das bibliotecas universitárias;

3. à criação de mecanismos de comunicação e deapoio, como: catálogos, rede automatizada debibliotecas, diretórios, bibliografias básicasprofissionais.

O CONACYT, através da Diretoria de Informaçãoe Documentação, vem apoiando inúmeras instituiçõese organizações na estruturação de serviços deinformação de alcance nacional, através de assessoria,formação de pessoal e subsídios financeiros.

Desde 1971, vários programas foram estabelecidos,visando ao desenvolvimento do Sistema Nacional deInformação Científica e Tecnológica, dentro de duaslinhas principais: o fortalecimento e a criação desistemas de informação e a formação de recursoshumanos em ICT.

No que se refere aos sistemas de informação, foraminiciados os seguintes programas:

1. Assessoria à reorganização de serviçosbibliotecários de instituições de ensino superiore de pesquisa; 102 bibliotecas participam doprograma com duração prevista de 4 a 5 anos;

2. Organização de centros de informaçãoespecializados em instituições de ensino superior,de pesquisa e de serviços, de acordo com as áreas.prioritárias do sistema de Ciência e Tecnologia;20 centros foram fortalecidos ou criados, com oobjetivo de prestar serviços de informaçãoespecializados, de análise e de disseminaçãoseletiva; funcionam como centros de referêncianacional em áreas especializadas (Metalurgia,Desenvolvimento Regional, Eletricidade,Ecodesenvolvimento, Química, Química Aplicada,Química Inorgânica, Siderurgia, Madeireira/Celulose/Papel, Cimento e Concreto, Agricultura e Pecuária,Telecomunicações, Saúde e Segurança Social,Zonas Áridas, Petróleo, etc.); alguns centrosoferecem serviços pessoais de apoio à indústria;

3. Bibliografias básicas profissionais: bibliografiaspara o ensino superior, a nível de graduação,contendo livros, periódicos, obras de referência;foram realizadas bibliografias para 8 áreas

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profissionais: Agricultura, Ciências do Mar,Contabilidade e Administração, Economia,Engenharia Civil, Engenharia de Minas eMetalurgia, Química, e Física;

4. Mecanismos de cooperação e de coordenação:

a) Catálogo Coletivo de Publicações Periódicas daRepública Mexicana (35.000 títulos de 157bibliotecas), automatizado;

b) Rede Automatizada de Bibliotecas: catálogo deobras monográficas e folhetos, das bibliotecas maisimportantes (11 bibliotecas) do país; utiliza osistema ISIS (Integrated Scientific InformationSystem) da OIT adaptado ao sistema MARC-LC(que está sendo adotado mundialmente paracontrole bibliográfico); o sistema fornece fichascatalográficas às bibliotecas do país, permitea pesquisa bibliográfica e orienta a seleçãode materiais bibliográficos a serem adquiridospelas bibliotecas;

c) Diretório de Fontes e Recursos de InformaçãoDocumental — DIFRID: automatização deinformações a respeito de 300 bibliotecas eserviços de informação, sobre horários,serviços, recursos documentários, obras dereferência, pessoal, etc.;

d) Redes Setoriais: acha-se em implantação aRede Nacional de Informação Agrícola, ligadaao Sistema Internacional AGRIS/FAO.

No que refere à formação de recursos humanos,o CONACYT estabeleceu um programa decapacitação de recursos humanos, nos níveis

técnico (Curso Intensivo de Treinamento Técnicopara Bibliotecários, com duração de um ano eministrado pela Escola Nacional de Biblioteconomia eArquivologia) e de pós-graduação em Biblioteconomiae Ciência de Informação (em colaboração com aUniversidade de Denver e através de bolsas deestudo no exterior); estima-se que o Méxiconecessitará de 450 especialistas com nívelde pós-graduação e de 2.000 a 3.000 técnicos emBiblioteconomia nos próximos anos.

Paralelamente a essas linhas de ação, o CONACYTvem realizando estudos de sistemas automatizadosde recuperação de informação, estando emimplementação os seguintes programas:

1. Serviço de Disseminação Seletiva de Informação- SEDISIN -, através de contrato firmado coma UNESCO e em colaboração com o CISTI(Canadá), que ofereceu gratuitamente osprogramas de computador e o treinamentodo pessoal necessário; em sua primeirafase de operação, já ofereceinformações na área de Química (o CAS/USAofereceu gratuitamente por um ano as fitasmagnéticas de seu sistema);

2. Serviço de Consulta a Bancos de Informação —SECOBI: acesso, através de terminais, a serviçosestrangeiros de informação; através do SECOBI,podem ser consultadas mais de 50 bases de dadosem diferentes áreas do conhecimento; as consultaspodem ser realizadas diretamente pelo SECOBIou mediante instalação de terminais porsolicitação; espera-se que esse serviço sejaautofinanciável em seus custos diretos,embora se considere a conveniência desubsidiá-lo em forma de descontos a instituiçõescujas atividades sejam de interesse prioritáriopara o país; pretende-se que o SECOBI tambémofereça acesso às bases de dados nacionais, comoa Rede Automatizada de Biblioteca e o CatálogoColetivo de Publicações Periódicas;

3. Serviço de Localização de Documentos eFotocópias: com a utilização dos serviços derecuperação de informação automatizados,espera-se que haja uma procura muito grande dedocumentação primária; embora os usuárioslocalizados na cidade do México contem comcoleções bastante completas (aí se encontram80% das melhores bibliotecas do país), os usuáriosdo interior terão sérios problemas de acesso aosdocumentos; o serviço em questão pretenderesolver esse problema.

Deve-se ao CONACYT a instituição do Serviço deInformação Técnica — SIT — na pequena e médiaempresa em 1972, o qual, em 1974, recebeu recursosdo UN PD e consultoria da UNIDO. Atualmente realizamais de 800 visitas de consulta anuais. Sua organizaçãoe filosofia foram fortemente influenciadas pelo Serviçode Informação Técnica Dinamarquês.

Em 1975, o CONACYT iniciou um Serviço deInformação Industrial — INFOTEC —, que depoispassou a operar de forma quase autônoma, sob osauspícios do Banco Nacional de Desenvolvimento.Seu esquema de atuação é bastante agressivo eobjetiva a criação de uma rede de serviços deinformação e de consultoria para a indústria.Também proporciona apoio ao Ministério doComércio e da Indústria em matéria de transferênciade tecnologia e de investimentos estrangeiros aempresas mexicanas.

É interessante observar que a programação mexicanase orientou basicamente para a organização de seusrecursos de informação e a formação de recursoshumanos dentro de princípios extremamenterealistas, a partir de um diagnóstico de suas carênciase necessidades básicas. A existência de um órgãocentral para programação, assessoria, financiamento efomento das atividades de ICT e as políticas dedesenvolvimento de bases de dados próprias e de

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acesso a serviços de informação internacionalevidenciam uma orientação bastante equilibradaquanto aos diferentes componentes do sistemanacional de ICT.

3,3.3- Colômbia

O Fundo Colombiano de Pesquisas Científicase Projetos Especiais "Francisco José Caldas"- COLCIENCIAS -, que atua como SecretariaExecutiva do Conselho Nacional de Ciência eTecnologia — CONCYT —, é o coordenador doProjeto Especial "Sistema Nacional de Informação"-SNI.

A história do SNI remonta a 1969, quando ocorreuo Primeiro Seminário de Bibliotecas Universitárias,sob o patrocínio do Instituto Colombiano paraFomento da Educação Superior — lCFES —,ocasião em que foram feitas recomendações parase criar um sistema nacional de informaçõescientíficas e tecnológicas.

A evolução do SNI pode ser dividida em quatroetapas. A primeira tem início em 1970, poriniciativa do COLCIENCIAS e com o patrocíniodo ICFES e da OEA, quando um grupo deespecialistas em documentação científica,colombianos e estrangeiros, após uma reuniãonacional, se reuniu para elaborar um estudode viabilidade do sistema. Posteriormente, tiveramlugar outros estudos com assistência da OEAe da UNESCO, que estabeleceram as bases operativaspara a implantação do sistema, que ocorreu em 1973,através da promulgação de uma lei e de um decretoque atribuíram ao COLCIENCIAS a coordenação doProjeto Especial.

A segunda etapa se caracterizou pela formulaçãodos subsistemas nacionais de informação em CiênciasAgrícolas, Ciências da Saúde e Economia da Educação.Nessa mesma ocasião, a Colômbia, atravésde projeto da UNESCO (1973), foi designada pontofocal do UNISIST e obteve a sua inclusão noProjeto de Informação e Assistência Técnica àIndústria da OEA, em conjunto com países dasub-região andina, México e América Central.

Na terceira etapa, foram desenvolvidos os serviçosbásicos do sistema, centralizados no COLCIENCIAS,como: pergunta-resposta, empréstimointerbibliotecário nacional, reprografia e acesso aoNTIS (National Technical InformationService - USA). Dentro do projeto da UNESCO,foi obtida a assistência de consultores estrangeiros e acapacitação de um numeroso grupo de bibliotecáriosem programas especiais realizados na América Latina,Europa e Estados Unidos.

Atualmente, o sistema encontra-se na quartaetapa (1978), caracterizada pela criação de serviçosespecializados de informação e reativação dasformas de cooperação interinstitucional, comvistas à formulação de programas e políticasnacionais de informação.

O SNI integra três tipos de estruturasorganizacionais:

1. Centro Focai Nacional -COLCIENCIAS;

2. Redes de bibliotecas (universitárias, públicase escolares);

3. Subsistemas especializados (centros especializadosde informação e de documentação).

Ao centro focai cabem as tarefas de coordenaçãogeral do Sistema, estabelecendo formas decooperação entre os seus componentes, fomentandoa criação e/ou o fortalecimento de bibliotecas eserviços de informação em áreas de interesse dopaís, coordenando programas de capacitação derecursos humanos e de cooperação técnicainternacional, oferecendo serviços em escala nacional.Os serviços atualmente oferecidos são:

1. Serviço de Pergunta-Resposta: localização deinformação e documentação mediante solicitação;pretende-se que essa função seja assumidapelos centros especializados, na medida em queforem se capacitando para tal;

2. Serviço de Reprografia: localização e obtençãode documentação primária no país e noestrangeiro; foram estabelecidas contascorrentes no NTIS (USA), BLLD (Grã-Bretanha),CNRS (França) e outras organizações;

3. l nformação sobre Pesquisas em Andamento: emcolaboração com o Programa de EstatísticaCientífica, fornece informações sobre as pesquisasem andamento na Colômbia, nas diversasáreas científicas, e sobre recursos humanos emateriais envolvidos;

4. Serviço de Empréstimo Interbibliotecário:projetado em colaboração com a AssociaçãoColombiana de Bibliotecários, através da ediçãodo Regulamento de Empréstimo e dos formuláriosde empréstimo.

As redes de bibliotecas, corn exceção da RedeColombiana de Bibliotecas Universitárias,coordenada pelo ICFES, acham-se ainda em fasede estruturação.

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Políticas e programas nacionais de informação científica e tecnológicaMaria Lúcia Andrade Garcia

A Rede Colombiana de Bibliotecas Universitáriastem uma tradição de cooperação em matéria decapacitação, normalização, catálogo coletivo depublicações periódicas, banco de artigos indexados,intercâmbio de fotocópias de sumários e artigos derevistas, abrangendo 16 bibliotecas universitárias,as bibliotecas dos institutos tecnológicos e oscentros de documentação e informação dasuniversidades, num total de 57 entidadescooperantes. O Catálogo Coletivo de PublicaçõesPeriódicas está automatizado e contém 22.131títulos de revistas científicas e técnicas.O Banco Nacional de Resumos decorre de umtrabalho cooperativo de indexação de artigosde periódicos nacionais e estrangeiros realizadopelas bibliotecas universitárias, incluindo 588títulos de periódicos em espanhol e português.Sua automatização, concluída em 1978, prevêa oferta dos seguintes produtos: fichas analíticaspara distribuição às bibliotecas, boletinsde periódicos por especialidades, índiceslatino-americanos, listas de cabeçalhos de assuntos,etc. Outros projetos estão sendo desenvolvidospela Rede, como controle de publicaçõesperiódicas, intercâmbio de duplicatas de periódicos,normalização de publicações periódicas,catalogação cooperativa e produção debibliografias para as bibliotecas universitárias,atualização e ampliação da lista de cabeçalhosde assuntos para bibliotecas de países de línguaespanhola, catalogação na fonte, índices ebibliografias nacionais, catálogo de teses,diretórios e guias do ensino superiorcolombiano, tesauro colombiano de educação,desenvolvimento do formato MARC/USA para9 América Latina — MARCAL, etc.

Com relação aos subsistemas especializados, foramestabelecidos sete, nas seguintes áreas: CiênciasAgropecuárias, Educação, Ciências da Saúde,Informação Socioeconômica, InformaçãoIndustrial, Informação Marítima, Meio Ambientee Recursos Naturais. Em cada subsistema foramdesignados centros especializados correspondentes,em número de dezessete no total.O COLCIENCIAS seleciona e fornece apoiotécnico e financeiro aos centros que tenhamrelação com programas e planos de desenvolvimentoe que disponham de condições materiais e humanaspara realizar suas atividades de informação a nívelnacional. Alguns subsistemas prevêem a colaboraçãointernacional, como: Ciências Agropecuárias,AGRINTER/AGRIS; Ciências da Saúde, WHO;Informação Socioeconômica, CLADES/CEPAL,UNESCO; Informação Industrial, OEA.

Excluindo a atuação do COLCIENCIAS comocentro focai nacional do SNl e da Rede Colombiana

de Bibliotecas Universitárias, através do ICFES,desconhece-se o nível de operacional!zação dosoutros componentes do Sistema Nacional deInformação.

A Colômbia é um exemplo de larga atuação einfluência de organismos internacionais naprogramação de suas atividades de 1CT.Há mais de vinte anos, abriga aEscola Interamericana de Biblioteconomiade Medellin, criada, mantida e assistida tecnicamentepela OEA, dentro de seu Programa deDesenvolvimento Bibliotecário, dirigido porespecialistas americanos. O sistema adotado,ainda que venha sofrendo modificações, atrasose descontinuidades ao longo do tempo, pretendereproduzir as recomendações daUNESCO (UNISIST, NATIS) de um sistemaabrangente, complexo e normalizado paratrocas internacionais e atuação a nível regional(América Latina).

3.3.4- Argentina

O Conselho de Pesquisas Científicas e Técnicas- CONICET - foi criado em 1958, constandoentre suas atribuições a de "reunir e de facilitar aÉ

utilização do material bibliográfico e documentalnecessário à pesquisa científica".

Na sua fase inicial, o Conselho atuou no sentidode subsidiar a manutenção e a complementaçãodas coleções de revistas científicas e técnicasdas principais bibliotecas argentinas.Em colaboração com a OEA e a UNESCO,organizou vários cursos de treinamento paradocumentalistas e usuários.

Em 1963, fundou o Centro de DocumentaçãoCientífica — CAICYT —, cuja atuação a partir deentão se constituiu no principal foco de inovação nasatividades de ICT.

Assim é que desenvolveu o Catálogo Coletivo dePublicações Periódicas (com 35.000 títulos e acolaboração de 180 bibliotecas científicas e técnicas),o Catálogo Coletivo Nacional de Resultados deCongressos, Conferências, Reuniões e um serviço detraduções científicas (com 250 tradutores).Em colaboração com a AID (USA), estabeleceu aRede Nacional de Informação Científica e Técnica,através de ligação por telex das bibliotecasuniversitárias de La Plata, Rosário, Santa Fé,Córdoba, Corrientes, Tucuman, Mendoza eBahia Blanca, com o objetivo de melhorar o acessoaos recursos de informação do país e do exterior.Em 1974 o sistema atendeu a 14.122 solicitações.

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sendo que 8001 foram atendidas por bibliotecase serviços da região de Buenos Aires, 876 poroutras bibliotecas do país e 5245 (aproximadamente40%) por organizações do exterior.Nesse mesmo ano, em cooperação com a UNESCO(UNISIST), iniciou um serviço de disseminaçãoseletiva de informação com programação decomputador cedida pelo CISTI (Canadá).No ano seguinte foram operacionalizados emcaráter experimental 100 perfis de usuários nas áreasde Química e de Biologia.

As referências à constituição do Sistema Nacionalde Informação Científica e Tecnológica — SNICYT —apareceram em 1972, e a descrição de seus principaiscomponentes foi feita na ocasição, considerando aimportância de certas organizações nacionais e suasatividades na área de ICT.As organizações mencionadas foram:

1. Centro de Investigação em Documentação,do Instituto Nacional de Tecnologia Industrial— INTI: é responsável pela implantação doSistema de Informação Têxtil - SIDOTEX -,baseado no Sistema Titus (Institut Textile deFrance), com patrocínio da UNESCO e dogoverno francês. A base de dados contémresumos de todas as publicações indexadaspelos centros ligados ao Sistema, incluindo oSIDOTEX, e a sua recuperação se faz porSDI.

2. Comissão Nacional de Energia Atômica:integra o Sistema Internacional de InformaçãoNuclear — INIS — da Agência Internacionalde Energia Atômica. Fornece material aosistema e recebe as fichas magnéticas pararecuperação automática local.

3. Diretoria Geral de Investigação eDesenvolvimento — DIGID —do Ministérioda Defesa: está desenvolvendo, com baseem estudos de viabilidade realizados em1972, um sistema de recuperação automáticoonline em várias bases de dados estrangeirasde interesse do Ministério.

4. Universidade de Buenos Aires: o Centro deComputação da Faculdade de Engenharia, atravésde sua Divisão de Pesquisa e Desenvolvimento,vem realizando estudos em recuperaçãoautomática de informação para disseminaçãoseletiva e busca retrospectiva. Está tambémrealizando experimentos com acesso remotojunto à Faculdade de Ciências-Exatas e Naturais.Um dos objetivos do Centro é fornecerserviços de informação bibliográfica, utilizando

as fitas magnéticas do sistema MARC/USA.A Biblioteca da Faculdade de Medicina,uma das maiores do mundo, tem acesso aosserviços do sistema MEDLARS, através daBiblioteca Regional de Medicina — BI RE ME —,em São Paulo, e é o centro nacional parainformação biomédica.

5. Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária— INTA:é o equivalente do INTI no campoda pesquisa em Agricultura e Pecuária. Emboranão disponha de biblioteca própria, mantém aFaculdade de Agronomia e Veterinária daUniversidade de Buenos Aires, cuja bibliotecaé considerada a melhor da Argentina. Atravésdela integra o Sistema Internacionalde Informação Agrícola - AGRIS/FAO.

Não se têm mais informações sobre o sistemanacional argentino, nem indicações de políticasque tenham sido adotadas com respeito aICT. Sabe-se apenas que muitos setores sociaistêm tido suas atividades afetadas pelasituação econômica e política do país.

4. POLÍTICAS E PROGRAMAS INTERNACIONAISREGIONAIS DE ICT

De uma década para cá, teve início entre os paíseseuropeus um movimento de constituição deredes/sistemas regionais para transferência ecompartilhamento de .recursos de informaçãono campo científico e tecnológico. Razõestecnológicas, econômicas e políticas intervieramnesse processo, como:

a) As possibilidades abertas pela aplicaçãode novas tecnologias de tratamento e dedisseminação de informação;

b) A necessidade de se obter economiade escala para serviços e produtos deinformação;

c) O reconhecimento do papel estratégicoda informação no quadro da competiçãotecnológica e econômica entre os paísesdesenvolvidos;

d) O reforço dos blocos políticos definidospor organizações governamentais multinacionaisde cooperação econômica e técnica.

Atualmente essa concepção se generalizou,chegando até aos países em desenvolvimento,através da UNESCO.

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Na América Latina, os países do Pacto Andino(Acordo de Cartagena) prevêem uma rede deICT em seus programas de cooperação, e uma redeibero-americana está sendo cogitada, reunindoEspanha e Portugal aos países latino-americanos.

4.1 - REDES/SISTEMAS REGIONAISEUROPEUS

4.1.1 - Rede Européia - EURONET

O Conselho de Ministros da ComunidadeEconômica Européia — CEE — aprovou, em 1971,a criação do Comitê de Informação e Documentaçãoem Ciência e Tecnologia — ClDST — , com amissão de estudar e propor uma rede européiaque permitisse aos países membros o acesso ainformações científicas, técnicas, econômicas esociais, no prazo mais rápido possível e utilizandoas mais modernas tecnologias de informação.O Comitê começou a funcionar em 1972,iniciando-se a formação de vários grupos detrabalho, com representantes dos países membros.Os chamados grupos setoriais estudaram asáreas de informação especializada de interessecomum, enquanto os chamados gruposhorizontais estudaram os aspectosfinanceiros/econômicos, organizacionais/legais,técnicos e de treinamento de recursos humanos.Depois de uma tentativa inicial de estabelecero Sistema de Informação em Metalurgia— SDIM —, que não teve andamento e resultadoanimadores, os grupos setoriais passaram auma posição mais realista, considerando osserviços existentes e a cooperação nossistemas internacionais em funcionamento(AGRIS, lNIS). Ênfase maior, então, passoua ser dada à implantação de uma rede física detransmissão de dados para viabilizar o acesso aosdiferentes serviços existentes ou a seremorganizados. A materializacão da rede— EURONET — ficou a cargo das empresas detelecomunicações dos países membros(PTT), de acordo com as recomendaçõesdo Grupo Técnico, no sentido de que ela fossedistribuída, aberta e acessível ao maior númerode localidades. A rede sofreu inúmeros atrasos,pois a previsão inicial de seu funcionamento erapara 1976-1977. Têm 4 nódulos principais emLondres, Paris, Roma e Frankfurt e nódulossecundários em Bruxelas, Amsterdam,Copenhague, Dublin e Luxemburgo.Segundo se estima, dará acesso a mais de100 bases de dados em diferentes especialidades,através dos computadores hospedeiros localizadosnos nove países da comunidade.

O EURONET, em sua concepção original,não seria apenas uma rede de transmissão de dados,mas uma coordenação ampla e cooperativa dosserviços de informação europeus.Ocorre, porém, que, quando se tratou deconcretizar a idéia, inúmeras dificuldadessurgiram, e os principais países envolvidos(Alemanha, França, Inglaterra) deram início aprogramas e políticas nacionais de ICT, visandoa uma participação mais vantajosa no mercadoeuropeu e internacional de serviços eprodutos de informação.

Outro aspecto a se considerar é o problemalingüístico, pois são seis línguas diferentes, oque fez com que os países dessem preferênciaa seus próprios serviços, disso decorrendoforçosamente uma grande margem de informação)duplicada nas bases de dados que serão oferecidas.Os equipamentos não puderam ser padronizados e,segundo um observador, provêm de 8 fornecedoresdistintos, o que exigirá 28 linguagens diferentespara acesso às bases de dados, que deverão sertratados por uma só "linguagem de comando".

As empresas de telecomunicações dos paísesmembros criaram uma tarifa comum para osusuários do EURONET, em função da quantidadede dados transmitidos e não da distância,o que beneficiará indistintamente a todos.Espera-se que a rede atenda a umas 350.000consultas anuais em sua primeira fase,devendo elevar essa cifra para 960.000 rapidamente.

4.1.2- Rede Escandinava-SCANNET

A Escandinávia compreende quatro países:Suécia,Dinamarca, Finlândia e Noruega. Há mais de30 anos, as academias de artes e ofícios e os conselhosde pesquisa científica e industrial desses paísesfundaram uma organização intergovernamental,NORDFORSK, para a promoção da pesquisacientífica e tecnológica, com o objetivo de diminuira defasagem tecnológica em que se encontravam.Foi só a partir de 1965, porém, que se iniciouum plano de longa duração para intensificar asatividades de pesquisa, no qual foram alocadosfundos mais substanciais para atividades de ICT.Um dos projetos principais, então, foi adinamização do Centro de DocumentaçãoEscandinavo - SCANDOC -, que, desde 1960,funcionava em Washington. Suas tarefas maisimportantes são: fornecimento de documentose informações em áreas técnicas e científicas,controle e difusão das publicações governamentaisamericanas, análise de tendências de desenvolvimentocientífico e tecnológico, contato permanente com

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os centros de informação nacionais da Escandinávia.Também fornece a órgãos do governo e a firmasamericanas informações sobre os países escandinavos.

Paralelamente, desde 1957, o plano SCANDIA vemtrabalhando no sentido de distribuir responsabilidadesentre os países, na formação de coleções completase exaustivas em todas as especialidades.A Associação de Bibliotecas de Pesquisas daEscandinávia mantém um catálogo coletivo deperiódicos e recentemente desenvolveu umformato comum para uma base de dados deperiódicos estrangeiros (Formato NOSP) de 15bibliotecas de pesquisa, que está sendo utilizadoem todos os países.

Em 1971 foi criado o NORDDOK (Comitê Nórdicode Documentação e Informação) para a coordenaçãodas atividades de ICT na Escandinávia.Seu secretariado tem atualmente sede permanenteem Oslo e vem tomando várias iniciativas, como:guia de pesquisas da Escandinávia; inventário deprogramas de computador para recuperação deinformação; experiência de transmissão fac-símileentre as bibliotecas tecnológicas centrais da Suécia,Finlândia, Noruega e Dinamarca; publicaçãoconjunta de periódicos como a Acta ChemicaScandinavica, Mathemathica Scandinavica, etc.;financiamento de pesquisa e de serviços deinformação por computador. Coube ao NORDDOKa implantação da rede de transmissão de dadosSCANNET (1977), com nódulos de ligação nasquatro capitais. O aluguel dos terminais aos usuáriosfoi entregue às bibliotecas hospedeiras dosserviços de informação computadorizados.SCANNET é uma rede privada.

Em todos os países escandinavos foraminstalados, junto aos conselhos de pesquisa,comitês de informação científica etecnológica (DANDOK/Dinamarca,SINFDOK/Suécia, TINFO/Finlândia,NORINDOK/Noruega), que funcionam comocoordenadores dos programas nacionais, emconsonância com o programa de cooperaçãoregional do NORDDOK.

A concepção do SCANNET não é a de apenasuma rede física de transmissão de dados,como parece ser o EURONET, mas de uma redefuncional e regional de ICT em que as atividadessão distribuídas e coordenadas, visando a umaproveitamento econômico dos recursos deICT por países pequenos.

4.1.3 - Sistema Internacional de InformaçãoCientífica e Tecnológica - ISTIS

Desde o fim da Segunda Guerra, os países socialistasdo Leste europeu iniciaram um trabalho de

intercâmbio de informações e experiências no campoda ICT, através de suas agências nacionais.Em 1968 foi proposta a criação de uma organizaçãointernacional dentro do Conselho de AssistênciaEconômica Mútua — CMEA — para a instituição ecoordenação do Sistema Internacional deInformação Científica e Tecnológica — ISTIS. Em1969, começou a operar o Centro Internacionalde Informação Científica e Tecnológica— ICSTI —, em Moscou, subordinado ao Comitêpara Cooperação Técnica e Científica, que deuinício às tarefas de estudos do sistema.A aprovação de um programa de cinco anos apartir de 1971, pelos representantes dos paísesmembros, possibilitou o desenvolvimento dosistema. No decorrer desse tempo, as atividadesdo ICSTI se consolidaram em duas direções.Verticalmente, através do desempenho dastarefas de coordenação dos subsistemas especializadose setoriais, promoção dos centros de coordenaçãonos países membros, constituição e operação debases de dados e fontes de informação, visando:

a) à criação de bases de dados;

b) à operação de bases de dados para serviços dereferência;

c) à editoração automática de publicações.

Numa direção horizontal, sua ação visou:

a) à elaboração de princípios organizacionais,legais e normativos para os subsistemasespecializados e setoriais;

b) à coordenação e controle de projetos conjuntosde informação nos países membros;

c) ao estabelecimento de padrões, instruçõestécnico-normativas, métodos de unificação e decompatibilizacão;

d) aos modelos organizacionais e funcionais paraoperação dos subsistemas e interação entre osmesmos;

e) à atualização tecnológica através da introduçãode sistemas de informação automatizados,do planejamento e coordenação de projetos detecnologia de ponta, análise do mercado mundialde informação e de experiências com bases dedados.

Além das funções de coordenação, de orientaçãocientíficõ-metodológica e de processamento deinformação, o ICSTI participa ativamente dosprogramas de treinamento de recursos humanos

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dos países membros. O desenvolvimento dos sistemasnacionais de informação dentro do marco dereferência do ISTIS muito contribuiu para a pesquisae a solução cooperativa dos problemas maiscomplexos.

Como componentes do ISTIS, foram criadas nospaíses membros as agências nacionais e as agênciasbásicas relativas aos diferentes sistemas especializadose setoriais. As primeiras funcionam como focosde organização da cooperação nacional dentrodo subsistema, e as segundas como fontes dealimentação e de disseminação. Para cada subsistemaexiste uma agência principal, localizada em um dospaíses, encarregada de apoiar as agências nacionaise básicas no desenvolvimento e operação dosubsistema. Todos os subsistemas contam comconselhos de representantes das respectivas agênciasnacionais, tendo cada país um voto nos mesmos.

O ISTIS se compõe de dois tipos de subsistemas:especializados — ISIS —e setoriais — ISSTIS —,abaixo relacionados, com a indicação daagência principal, país, data de seu início edesignação.

1. Sistemas Internacionais de InformaçãoEspecializados (ISIS):

a) Projetos de Pesquisa e Desenvolvimento:ICSTI, URSS, 1973, R & D ISIS;

b) Documentos Publicados (periódicos,monografias, anais de congressos, patentes,relatórios de pesquisa, etc): Instituto Federal deInformação Científica e Técnica — VINITI —,URSS, 1973, USPD;

c) Catálogos Industriais: Biblioteca do EstadoPública e Científica, GPNTB, URSS, 1973,ISIS-IC;

d) Informação sobre Patentes dos Países do CMEA:Associação de Pesquisa e Produção do Comitê deEstado de Invenções e Descobertas, URSS, 1973,ISPI;

e) Traduções Técnicas e Científicas: Centro Federalde Tradução da Literatura Técnica e Científica,VTsP, URSS, 1973, Interinformperevod;

f) Filmes Técnicos e Científicos: Centro deInformação Técnica e Científica da BibliotecaCentral Técnica Húngara -OMKQK -, Hungria,1974, l nterfilmform;

g) Sistema Automático de Registro de Periódicosdos Países Membros do ICSTI: Biblioteca doEstado Pública e Científica - GPNTB -, URSS,

1972, ASRP:

2. Sistemas Internacionais Setoriais de InformaçãoCientífica e Técnica (ISSTIS):

a) Comércio Interno dos Países do CMEA: InstitutoCentral de Informação Científica, Técnica,Econômica em Comércio e Suprimento, URSS,1974, TsWINTEItorgovIi;

b) Administração da Água: Centro de Pesquisa emAdministração da Água, Tcheco-Eslováquia, 1973,Vodoinform;

c) Geologia: Geofond, Tcheco-Eslováquia, 1977,Geoinform;

d) Indústria Leve: Instituto Central de Pesquisa deInformação e Estudos Técnico-Econômícos emIndústria Leve - TsNIITELIegprom, URSS, 1976,Legproinform;

e) Engenharia Mecânica: Instituto Federal dePesquisa de Informação e EstudosTécnico-Econômicosde Engenharia Elétrica —Informelektro -, URSS, 1976, Informash (incluitrês subsistemas: tecnologia de construção demáquinas — Infortekhnologiya —, construção demáquinas agrícolas e tratores —Informtraktorselkozmash —, engenhariaquímica e de combustível — Informkhimmash);

f) Informação Médica: Instituto Federalde Pesquisade Medicina e de Informação em EngenhariaMédica, VINIIMI, URSS, 1976, Medinform;

g) Indústria de Gás e Combustível: Instituto Federalde Pesquisa de Organização, Administração eEconomia de Indústrias de Gás e Combustível,VINIIOENG, URSS, 1975, Informneftegaz;

h) Indústrias Alimentícias: Instituto Central dePesquisa de Informação e EstudosTécnico-Econômicos de Indústrias Alimentícias —TsNIITEIpishcheprom, URSS, 1974,Pishcheprominform;

i) Agropecuária e Silviculture: Instituto deInformação Científica e Técnica de Agricultura,Tcheco-Eslováquia, 1973, Agroinforrn;

j) Engenharia Civil: Instituto Central de InformaçãoCientífica em Engenharia Civil e Arquitetura —TsINIS-, URSS, 1972;

l) lndústria de Carvão: l nstituto Central deEconomia e Informação Técntco-Científica dalndústria de Carvão, TsN l lEIngol, URSS, 1974,Informugol;

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Políticas e programas nacionais de informação científica e tecnológicaMaria Lúcia Andrade Garcia

m) Química e Engenharia Química: Instituto dePesquisa Técnica e Econômica da IndústriaQuímica-NIITEKhlM -, URSS, 1972,Inforkhim;

n) Metalurgia de Não-Ferrosos: Instituto Central deInformação e Estudos Técnico-Econômicos deMetalurgia de Não-Ferrosos —TsVETMETINFORMÂTSIYA -, URSS, 1972,Tsvetmetinform;

o) Metalurgia de Ferrosos: Instituto Central deInformação e Estudos Técnico-Econômicos deMetalurgia de Ferrosos — Chermetinformatsiya —URSS, 1972, Informstal;

p) Engenharia Elétrica: Comitê Técnico daOrganização Internacional de CooperaçãoTécnico-Científica no Campo de EngenhariaElétrica - Interelektro -, URSS, 1976 (sistemaautomatizado, operado pelo Instituto Federal dePesquisa de Informação e Estudos Técnico--Econômicos em Engenharia Elétrica,Informelektro, da URSS);

q) Energia Elétrica: Centro de Informação Científicae Técnica em Engenharia Elétrica e Eletrificação— Informnergo -, URSS, 1973.

As atividades dos subsistemas do ISTIS são dirigidasem duas principais linhas:

a) Desenvolvimento de serviços de referência,incluindo informações sobre projetos conduzidospelas agências e organizações do CMEA;

b) Projeto e desenvolvimento de sistemas deinformação computadorizados.

Essa última tendência é considerada de grandeimportância para a organização da interação dossubsistemas, pois a automação capacitará oISTIS a criar uma rede de centros de computaçãointerligados.

Atualmente o Comitê de Cooperação Técnica eCientífica do CMEA está voltado para programas dedesenvolvimento e de implementação a longo prazo(LTPC), com atuação em larga escala e concernentesa problemas econômicos mais importantes para acomunidade. Para dar suporte a esses programas, oICSTI começou, em 1977, o desenvolvimento desistemas de informação cujo objetivo é a reuniãode bases de dados por assunto produzidas pelossubsistemas do ISTIS e por outros sistemasinternacionais, formando uma só base, paracobertura do escopo técnico e científico dosprogramas. Essas bases de dados integradas foram

denominadas Base Complexa de Informação - CIB.O pacote de programas CIB encontra-se em fase deteste e inclui:disseminação seletiva, buscaretrospectiva e editoração de informações.

As características comuns de planificaçãocentralizada e de administração hierárquica dosgovernos socialistas, bem como a forte atuação dasagências e organizações do CMEA, permitiram aoperação do ISTIS em níveis bastante complexosde cooperação, difíceis de ser conseguidos entre ospaíses capitalistas. Embora se evidenciem esforçosde automação e de modernização dos sistemase serviços de informação, a maioria deles aindafunciona de forma convencional na produção deinformações secundárias e de fornecimento dedocumentos. Outra evidência é a posição privilegiadada URSS no sistema, abrigando o ICSTI e quasetodas as agências principais, responsáveis pelacoordenação e implementação dos subsistemasespecializados e setoriais. Embora cogitada, nãohá indicação de implantação próxima de uma redede transmissão de dados interligando os países.A preocupação maior parece estar voltada para aprodução de bases de dados, a elaboração ecompilação de tesauros multilíngües e linguagensde recuperação, a tradução automática, amodernização, padronização e compatibilizaçãode equipamentos para processamento, editoraçãoe reprografia e o desenvolvimento de sistemas"fatográficos" (informações relativas a dadoscientíficos e técnicos de caráter não-bibliográfico).

4.2. AMÉRICA LATINA

4.2.1 - Países Andinos

Em 1969, pelo Acordo de Cartagena, seis paíseslatinos-americanos, Bolívia, Chile, Colômbia,Equador, Peru e Venezuela, criaram umaorganização intergovernamental de cooperaçãopara o desenvolvimento econômico. Aorganização se compõe de quatro órgãosprincipais: a Comissão, a Junta e o Secretariado doAcordo de Cartagena - JUNAC —, a SecretariaExecutiva do Acordo Andrés Bello - SECAB - ea Corporação de Fomento Andino — CAF.

O Acordo Andrés Bello reúne os ministros deEducação para uma política de integração nas áreaseducacional, científica e cultural, tendo sido criadadentro dele a Comissão de Coordenação deCiência e Tecnologia — CCCT. Entre os objetivosda CCCT para coordenação da política científica etecnológica, estão: o desenvolvimento de um sistemade informação regional, a disseminação de informaçãoatualizada a respeito do potencial científico etecnológico da região e o estabelecimento de

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Políticas e programas nacionais de informação científica e tecnológicaMaria Lúcia Andrade Garcia

mecanismos para compartilhamento de conhecimentotecnológico.

Em 1972, por iniciativa do SECAB, e com aassistência dos governos colombiano e espanhol,este último através de seu Bureau Ibero-Americano deEducação, foi realizada uma reunião de 40participantes na Colômbia para o desenvolvimentode serviços de bibliotecas e de documentaçãocientífica e técnica. Foram feitas recomendaçõesdentro dos marcos do NATIS e do UNISIST, nosentido de se constituírem centros focais decoordenação nacional de ICT nos países membros.

Em 1973, na reunião dos ministros de Educaçãodo Pacto, foi solicitada assistência da OEA para oplanejamento de sistemas nacionais de ICT. Nessamesma época, foi pedida à UNESCO consultoriapara problemas de política científica e tecnológicae de informação no âmbito dos países membros. Umestudo preliminar foi realizado e recomendaçõesmuito gerais foram feitas para a implantação desistemas nacionais e regionais de informação. Foirecomendado também que, pelo fato de aJUNAC e a CCCT se localizarem em Lima, Peru,que a sede do Sistema de Informação do PactoAndino também se estabelecesse aí, e que fossemimplementados subsistem as nas seguintes áreas:Produtos de Madeira, Indústria de Pesca,Petroquímica, Metalurgia, Indústria MecânicaMetalúrgica e Indústria Alimentícia.

Tudo indica que a Colômbia, entre os países doPacto, é o mais ativo no campo de ICT e o maisapoiado pelas organizações internacionais.

4.2.2 - Rede Ibero-Americana

Recentemente (1978), foi realizada em Madri aConferência Ibero-Americana de Informação eDocumentação Científica e Tecnológica —REUNIBER-78 -, reunindo representantes daEspanha, Portugal e de países da América Latina. Oacontecimento foi organizada pelo Centro Nacionalde Informação e Documentação Científica —CENIDOC — da Espanha e teve o apoio do ConselhoSuperior de Pesquisas Cientificas da Espanha, OEA eUNESCO. Teve como objetivo principal a análisedos problemas comuns de ICT nos países ibero-- americanos e das vantagens de tratá-los em conjunto,dada a facilidade lingüística. Foram feitas as seguintesrecomendações: atualização cooperativa de dadossobre as infra-estruturas nacionais de ICT; intercâmbiode tesauros em espanhol e português; registro deprodução científica e tecnológica em português eespanhol; constituição de uma base de dados depesquisas em andamento; programas de cooperação

em repertórios, revistas de sumários e resumos,normalização de publicações; controle dastraduções; compartilhamento de experiências emtratamento automático da informação; rede detransmissão de dados para intercâmbio de ICT;capacitação de recursos humanos; intercâmbio deestudos do usuário e de mercadologia da informação.Foram constituídos grupos de trabalho, para estudodos seguintes assuntos: Estruturas dos Sistemas deICT (ICFES, Colômbia); Tesauros, Vocabulários eLinguagens Documentárias (CARIS, Argentina);Produção Científica em Espanhol e Português(ICYT, Espanha); Repertórios Secundários emEspanhol e Português (ICYT, Espanha); TraduçõesCientíficas em Espanhole Português (ICYT, Espanha);Tratamento Automático da Informação (CON1CYT,México); Capacitação de Recursos Humanos(CAICYT, Argentina); Estudo de Usuários eMercadologia da Informação (INFOTEC, México).

O Brasil não compareceu à reunião e, pela lista depresenças, trabalhos apresentados e participação nosgrupos, observa-se a liderança da Espanha, seguindo-seMéxico, Colômbia, Argentina. Dos paíseslatino-americanos, compareceram representantes doMéxico e Colômbia (em maior quantidade).Argentina, Bolívia, Peru, Venezuela, Honduras,Chile, Panamá.

Numa futura rede ibero-americana de ICT, aEspanha, um dos países de maior atividade editorialdo mundo, terá à disposição um amplo mercado paraseus produtos e serviços, devendo melhorar suaspossibilidades com sua próxima participação no CEEe, portanto, no EURONET.

Uma cooperação internacional, tendo a Espanhacomo cabeça-de-ponte na Europa, pode, por outrolado, ser vantajosa para os países latino-americanos.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De 20 anos para cá, o setor da ICT vem sofrendo umaverdadeira revolução, em decorrência dodesenvolvimento e da aplicação de novas tecnologias.

A consciência crescente do valor político eeconômico da informaçãò, bem como dos riscos e doscustos elevados que implicam as novas aplicações,determinou uma crescente intervenção dos governosdos países desenvolvidos nas atividades de ICT.

Os modos de intervenção variam da subvenção aprojetos pioneiros ao fomento de organizações e desistemas, até programas nacionais abrangentes.

Também variam as formas de controle exercidassobre o setor pelos governos. Ao longo de um

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contínuo, tem-se a política americana de controleindireto e de favorecimento da iniciativa privada,passando pelos países europeus ocidentais, em queos governos exercem uma ação mais direta, atravésde organizações e sistemas mais importantes, até aospaíses socialistas, em que o controle é direto etotal.

A aplicação de novas tecnologias também implicoua adoção do princípio de economia de escala,fazendo com que se desse grande atenção à funçãoconsumo. Conseqüentemente, aumentou anecessidade de ampliação e de integração demercados a níveis nacional, regional e internacional.Entre os países desenvolvidos, só os EUA, a Rússiae o Japão dispõem de mercado internoauto-suficiente.

A formação de redes para exploração conjunta derecursos e facilidades de informação foi a soluçãoencontrada. A nível de serviços e de bibliotecas,intensificou-se a constituição de redes, comomostram os diversos exemplos de redes debibliotecas universitárias.

Apareceram também as redes internacionaisregionais, que refletem diferentes arranjos decooperação, desde uma rede comum de transmissãode dados (EURONET) até um sistema complexode cooperação (ISTIS), passando pelo SCANNET,que expressa a situação peculiar dos pequenospaíses desenvolvidos. A situação de Israel e doCanadá põe em evidência problemas de limitaçãoe dependência que podem decorrer tanto darealidade sócio-política (Israel) como de políticagovernamental inadequada (Canadá).

A constituição de redes internacionais tornou maisagudo o problema da barreira lingüística. Os paísesde língua inglesa têm levado uma nítida vantagemsobre os demais, observando-se em outros paísesa tendência a adotar essa língua para fins de ICT,como é o caso do Japão. Há, porém, os quetrabalham no desenvolvimento de tesaurosmultilíngües e de sistemas de tradução automática,como é o caso da França, Rússia e países doLeste europeu.

O problema de produção versus consumo deserviços e produtos de ICT estabelece diferenciaçõesentre os países desenvolvidos. Os países econômica etecnologicamente líderes têm-se orientado na direçãoda produção, como os EUA em posição de vanguarda.Entretanto, nenhum país pode hoje eliminar acondição de consumidor de produtos e serviços deoutro país. A dependência será tanto maior quantomaiores forem as limitações internas devidasprincipalmente ao tamanho da população usuária

nacional e à impossibilidade de superá-las pelaparticipação em redes regionais, como é o caso deIsrael.

A partir de 1970, observa-se nos países desenvolvidosuma tendência ao estabelecimento de programas epolíticas nacionais de ICT, visando à racionalizaçãoe à eficiência das atividades, ao acesso democráticoàs informações pelas diferentes organizações ecategorias de usuários, e a uma participaçãointernacional mais vantajosa no setor.

Também nesses países, o termo informação científicae tecnológica sofreu uma ampliação conotativa,incluindo outros tipos de informação, como: as decaráter econômico-sociais, de gerência eadministração, de divulgação ao grande público eindustrial. Na Holanda, o governo pretendiaacionar um programa para o fomento da informaçãocientífica "sociopolítica", ou seja, informaçãorelativa a opiniões políticas divergentes sobreaplicações científicas e tecnológicas em curso nasociedade (meio ambiente, energia nuclear, ciênciaalternativa, etc.).

Os programas de formação de recursos humanos nospaíses desenvolvidos estão muito voltados para asnecessidades de estabelecimento e/ou manutençãode fortes núcleos de P e D e de administração desistemas e serviços de informação complexos. Visamà capacitação de pessoal altamente qualificado emCiência da Informação, a partir, em geral, de umaformação básica científica ou técnica. Enquanto nosEUA e no Canadá, e posteriormente na Inglaterra,já existem cursos acadêmicos de pós-graduação querealizam a integração maior ou menor da Ciênciada Informação e da Biblioteconomia, na EuropaContinental mantém-se a tradição profissional dadocumentação científica, que se realiza pelorecrutamento de especialistas científicos e técnicosque recebem treinamento em cursos avançados decurta duração ou através da prática em serviço. Aformação de bibliotecários é feita em escolas técnicase profissionais e, em menor escala, em escolassuperiores.

Quanto aos países em desenvolvimento, emboraexistam entre eles notórias diferenças econômicas,políticas e sociais, tendem a apresentar algumascaracterísticas semelhantes, como: baixo desempenhocientífico e tecnológico, recursos de infra-estruturade informação precários, recursos humanos poucoqualificados, dependência externa quase total emmatéria de Ciência e de Tecnologia.

Considerando a América Latina, nota-se que algumesforço vem sendo realizado, embora quase queexclusivamente por orientação e ajuda de organismos

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s de especialistas internacionais representantes dospaíses desenvolvidos. Mais recentemente, a UNESCO,através dos programas UNISIST e NATIS, temexercido uma forte pressão ideológica nosentido de que se estabeleçam programas nacionaisabrangentes e projetos de cooperação internacional.Como observou um crítico dos efeitos de programasinternacionais em países em desenvolvimento, elesraramente colocam problemas de custos, deprioridades na alocação de recursos escassos, decondições das infra-estruturas de informação e depopulação usuária. Funcionam dentro da lógicasimples da transferência de tecnologia, reproduzindoconceitos e procedimentos que requerem para a suamaterialização condições só encontradas nos países.desenvolvidos. O conceito de rede de bibliotecas, porexemplo, requer pelo menos a existência de recursosde informação em quantidade e qualidade suficientespara o seu compartilhamento e o uso intensivo demeios de comunicação e de transporte. Ora, o que seobserva nos países em desenvolvimento é a existênciade parcos e duplicados recursos de informação e demeios de comunicação e de transporte de documentosineficientes e/ou caros.

A introdução de sistemas computadorizadosestrangeiros tem esbarrado em inúmeros obstáculos,entre os quais a ausência de um esquema de provisãode documentos e o tamanho reduzida da populaçãousuária, para não se falar nos problemas operacionais.Mesmo considerando a hipótese de fornecimentogratuito de bases de dados, de programas derecuperação e de assistência técnica, ainda assimrestariam os custos de operação e de manutenção dosistema, sendo os gastos em algumas situações maioresque os benefícios.

Olhando, porém, de uma perspectiva dinâmica, vê-seque muita experiência tem sido acumulada por essespaíses e que, bem avaliada e estudada, essaexperiência poderá fornecer pontos de reorientaçãomuito promissores para o estabelecimento deprioridades, visando ao reforço e à organização desuas infra-estruturas de informação e aodesenvolvimento de projetos mais realistas e úteispara absorção e domfnio das novas tecnologias. Nessesentido, é bastante ilustrativo o programa mexicano,pois, ao mesmo tempo que atua em trabalhos decapacitação de recursos humanos, de reorganizaçãodas bibliotecas universitárias, etc., desenvolve basesde dados próprias, capacitando-se assim, naaplicação e no domínio das novas tecnologias, apartir de seus próprios recursos de informação.

O diagnóstico das carências mais fundamentais nainfra-estrutura de um país em desenvolvimento deveser o primeiro passo para o estabelecimento deprioridades, a partir das quais se poderão formular

políticas e programas de ação mais realistas e viáveis,dentro de uma concepção modulai.

ABSTRACT

National scientific and technological informationpolitics and programs

Review of the activities in the field of scientificand technological information in some developedand developing countries and description ofimportant efforts in Latin America (with databased on the available bibliography).

The increasing governmental role in industrializedcountries in scientific and technological informationactivities is due to the increasing political andeconomic value of information and to the risks andexists related to the application of new technologies.Regional international networks are establishedto better utilize the information resources andfacilities. The developed countries are productionoriented, but they are still consumers of productsand services from other countries. Their nationalscientific and technological information programsand politics search since 1970 for greaterrationalization and efficiency, democratic accessto information and international cooperation.Developing countries usually present a poorscientific and technological performance,precarious informational resources, unqualifiedhuman resources and a dependency on foreignscience and technology. The diagnosis of thesituation is the first step to establish the prioritiesof more realistic programs and politics in thefield of the scientific and technologicalinformation. (J.M.K.)

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