Politicamente não valho nada. - ClipQuick · -presidente da Câmara de Leiria mostrou ser um bom...

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Entrevista Afonso Lemos Proença recebeu o Jornal de Leiria em sua casa para a primeira entrevista em 15 anos. 0 ex- -presidente da Câmara de Leiria mostrou ser um bom conversador, com memória e, acima de tudo, aparentando ser um homem tranquilo com a sua vida Politicamente não valho nada. tenho um voto

Transcript of Politicamente não valho nada. - ClipQuick · -presidente da Câmara de Leiria mostrou ser um bom...

EntrevistaAfonso Lemos Proença recebeu o Jornal de Leiria emsua casa para a primeira entrevista em 15 anos. 0 ex-

-presidente da Câmara de Leiria mostrou ser um bomconversador, com memória e, acima de tudo, aparentandoser um homem tranquilo com a sua vida

Politicamentenão valho nada.Só tenho um voto

João Nazário e Graça Menitradireccao@j ornaldeleiria.pt

| Dizem que ninguém conquista aconcelhia do PSD sem o seuapoio... Como é que mantém essainfluência no partido?Isso é conversa ...Não tenho ne-nhum cargo no PSD! A única coisa

que pode haver é ainda alguma in-fluência em amizades entre mili-tantes. Uma pessoa que tenha umconjunto de amigos com que se dátem sempre influência. A únicacoisa que às vezes posso ter e ain-da conservo é o sentido de ideia.Ser criativo, digamos assim.Qual considera ser a sua obra en-quanto autarca?Não sou adepto de obras de facha-da. Preferi sempre, com o acordodas câmaras que tive honra empresidir, realizar planos de obras es-senciais por todo o concelho, po-dendo citar programas de cons-

trução de escolas, trazer para Lei-ria o IPL, a quem a Câmara cedeuinstalações de início e arranjouterreno para as suas instalaçõesdefinitivas, programas de postosmédicos, de pavilhões desporti-vos e apoio às várias associações, onovo quartel dos Bombeiros, a bi-blioteca municipal, apoio ao Ner-lei, estradas, água e saneamento.Sempre tendo em atenção todo o

concelho, lembrando que a cidade,apesar da sua importância, temapenas pouco mais de 10% doshabitantes do município.Foi acusado de ter permitido exa-geros na construção, com urba-nizações caóticas e sem qualida-de...É curioso que a urbanização queme perseguiu como um mau exem-plo, foi a da Marquês de Pombal, a

qual foi aprovada no mandato an-terior à minha chegada e que in-cluía já as edificações das GaleriasSão José, do Tribunal de Trabalho

e outras que foram sendo desen-volvidas. Ainda se corrigiu algumacoisa, mas havia direitos adquiri-dos. Alguns críticos chegaram ao

ponto de chamar o arquitecto Gon-

çalo Ribeiro Telles para se pro-nunciar sobre o urbanismo de Lei-ria, tendo ele afirmado que o que cá

encontrara era o normal noutras ci-

dades. Alias, quando se constituiua Adiei, dizendo-se que era paracontestar o caos urbanístico de

Leiria, o que estava em construçãoera resultado de urbanizações vin-das dos mandatos anteriores, comona Cruz da Areia, Marquês de Pom-

bal, a Quinta de Santo António, a

Encosta ou Quinta do Bispo, entreoutras. Curiosamente, entre osfundadores da Adiei havia pessoasque tinham ocupado altos cargosna Câmara. Uma até com interes-ses no terreno da esquina da Mar-quês de Pombal onde foi construí-do o prédio que não respeita o ali-nhamento da avenida.O que fez foi tudo bem feito?Com certeza que não. Todos co-metemos erros. É preciso, no en-tanto, ter em atenção as épocas...Naquela altura havia uma grandepressão na construção, conse-quência de factores diversos, comoa enorme procura. Cada época de-fine a urbanização. Lembram-se de

quando todas as cidades queriamtorres? E não se fizeram outrascoisas no concelho de Leiria du-rante os meus mandatos?

O que responde a quem o acusa dese ter aproveitado economica-mente do cargo?O que hei- de dizer sobre isso? Fi-zeram-me todas as acusações, au-ditorias e inspecções que quise-ram. Nada foi encontrado. Atétive um inquérito feito pela Judi-ciária às minhas contas e de fami-liares o qual foi arquivado limi-narmente. A minha vida é simples,

nunca viram em mim grande coi-sa. Arranjei com que viver. Que as

pessoas me tivessem dado unspresentes, isso dão a todos os queestão nestes lugares. Hoje comcerteza que também dão e conti-nuarão a dar. Uma coisa de quenão me podem acusar é que ti-vesse prejudicado o serviço pú-blico para benefício próprio.O que se dizia de receber cinco oudez por cento de obras que apro-vava é, então, um mito?Naquela altura falar em corrupçãoera o prato do dia. Dizer que re-cebia cinco ou dez por cento deuma obra era um absurdo, por ir-real e impossível. Não era umaépoca de milhões. A legislação eramuito mais rigorosa do que hoje ea Câmara tinha muito menos po-deres que actualmente. O presi-dente, então, nem se fala. Nunca,por exemplo, tive delegação de

poderes para decidir as constru-ções e loteamentos da cidade. Omesmo acontecia quanto às obras

municipais, que obrigavam, mes-mo as de valores pequenos, a vis-tos do Tribunal de Contas, além de

que não havia ajustes directos.Veja-se hoje em que é tudo aos mi-lhões, com ajustes directos atécinco milhões de euros. Já para nãofalar nas derrapagens ciclópicas.Nós nunca tivemos obras a derra-par nos preços.Disse em determinada altura aoJORNAL DE LEIRIA que teria mui-to que contar sobre os que se ar-voram de antifascistas mas queforam oportunistas. Pode ser esteo momento?Alguns já morreram e as pessoasque morreram têm de se respeitar.Uma ocasião-e isso veio nos jor-nais-, o Mário Soares veio cá fazera presidência aberta por causa daRibeira dos Milagres e, num co-

municado, a Adiei sugeria que vi-sitasse alguns pontos da cidade. Es-crevi uma carta em que agradeci àAdiei o interesse nos pontos queconsideravam maus em Leiria,mas também sugeri outros, ligadosa amigos da Adiei (exemplo deum prédio da Marquês de Pombale das instalações da antiga Map).Dizem que a Adiei foi constituída

para combater o caos urbanístico.Mas, repito, quando fui para a Câ-mara esses projectos já estavam to-dos aprovados por eles. TomásOliveira Dias era até o presidenteda Assembleia Municipal do man-dato do Carlos Pimenta. Ou seja, aAssembleia também não tomounenhuma posição contra esse caosurbanístico. Às vezes as coisas nãosão bem aquilo que dizem. Mas,como dizia Goebbels, uma menti-ra muitas vezes repetida transfor-ma-se em verdade.Como comenta o desenvolvimen-to do concelho após a sua saída daCâmara?As leis das autarquias alteraram--se muito. O poder local que, a meuver, tinha poder a mais ainda com

mais ficou. Isso permitiu avan-çar-se com grandes obras que, se

por um lado, mostravam impo-nência, por outro, iam aumentan-do o endividamento das câmaras.Para contornar esse problema au-mentaram-se impostos e taxas,por vezes de forma muito acen-tuada. Posso citar a criação da

derrama, que nunca tinha existidoem Leiria e que foi criada logoapós a minha saída. Por outrolado, algumas das obras executa-das, sendo úteis, não fomentaramdesenvolvimento. E como, por ou-tro lado, os leirienses, que são fe-nomenais no aspecto individual e

capacidade de iniciativa, mas nãotêm grande espírito associativo e

bairrista, Leiria foi perdendo im-portância política.E como comenta a construção doestádio?É evidente que foi uma obra que al-terou toda a situação financeira eeconómica da câmara. Não mepronuncio se o construiria ou não

porque não sei quais as pressões

que houve, não podendo, por isso,

culpar-se apenas Isabel Damasceno.

Lemos Proença, 84 anos, nasceuem Granjal, concelho deSemancelhe (Viseu), a 13 deNovembro em 1928. Veio paraLeiria em 1958, através deconcurso para director delegadodos Serviços Municipalizados, jáformado em EngenhariaElectrotécnica pela Faculdade de

Engenharia do Porto. Recorda quequem pediu informações suas aoPorto de Leixões, onde trabalhouao mesmo tempo que estudava,foi Rocha e Silva. Isto porqueinformações da Pide diziam quetinha assinado a lista da MUD -Movimento de UniãoDemocrática, de oposição aoregime fascista em Portugal.Lemos Proença diz não serecordar ainda hoje se assinou ounão. Devia ter então 16, 17 anos.Autor do projecto de

electrificação de todas as fábricas

particulares de Leiria da sua

época, o ex-presidente da Câmara

Municipal de Leiria desmente quetenha 27 casas ou quintas: "Aminha vida é simples. E os meusfilhos não precisam, graças aDeus". A filha, economista, temdois filhos médicos e o outro estátambém a acabar Medicina. Ofilho é licenciado em Economia etem dois filhos na mesma área. Oseu pai morreu aos 29 anos comfebre tifóide, antes do seunascimento. O seu único irmãofaleceu ainda bebé. Como o paiera sargento, foi "parar" aos

Pupilos do Exército, a forma maiseconómica de poder estudar.

Enquanto estudante nafaculdade, concorreu ao Porto deLeixões, entre 48 engenheirostécnicos, e ficou em Io lugarEsteve lá cerca de oito anos. Naactualidade, Lemos Proençaprocura adaptar-se, na sua

"simplicidade", às mudanças quese operam no mundo e por issoaceita o casamento homossexual.

Solidão| Depois de sair da Câmara de Lei-ria viu-se pouco em cerimónias ouactos públicos. Porquê?Não me convidavam. Só a partir decerta altura é que começaram aconvidar. Também é do meu feitioir o menos possível a actos públicos.Quando era obrigado ia, mas era

sempre o último a chegar e o pri-meiro a sair. Depois de ter saído daCâmara procurei não incomodarninguém e, mesmo na Câmara, só

procurava as pessoas com quemnecessitava mesmo de falar.Mas isso não o magoava?O que me magoou, em certa altura,foram algumas questões pouco jus-tas porque o processo (eleições au-tárquicas) foi todo mal conduzido,o que me obrigou a tomar posi-ções que não devia ter tomado. E omais curioso é que foi sem necessi-dade. Ainda estava na Câmara e hámais de um ano que tinha dito, aoentão presidente da Comissão Po-

lítica, José António Silva, que nãoera candidato. Só que depois ar-

ranjaram umas trapalhadas. Hoje jánada me magoa. É evidente que naaltura em face de mentiras que se

dizem, ou de certos falsos amigosque aparecem, fica-se magoado,mas passado é passado. Não volteimais à câmara e quando lá passoperto e olho tenho a sensação de

que nunca lá estive. E de quem era

amigo, continuo amigo. Não sou da-

queles que dizem mal de outraspessoas mas que quando elas che-

gam ao poder começam a andar de

braço dado.Tem rituais no seu dia-a-dia?Um regime alimentar regrado e

equilibrado. Há mais de 40 anos

que não como fritos nem guisa-dos. Dou um passeio diário de 4 a 5

quilómetros, faço exercícios respi-ratórios e, de tempos a tempos,umas massagens num terapeutaamigo. Leio muito livros de históriae biografias e faço exercícios e mui-tos testes de palavras cruzadas e se-melhantes. Vejo também muitosfilmes e já tirei da internet todos os

que vi na infânciaE um cinéfilo?Sou. Possuo mais de dois mil filmese colecções completas de actores de

que gostei, em especial do cinemaamericano e italiano.Qual era a actriz com quem gosta-ria de ter jantado?Comecei por admirar a BarbaraStanwick, depois a Lana Turner,de seguida a Esther Wilams e, na dé-cada de 70, as italianas, em especiala Lavra Antonelli de que tenho pra-ticamente todos os filmes. Foi aartista de Malícia. Hoje gosto de vera Virgínia Madsen, a Uma Thur-

man, e outras mais.E a as séries CSIMiami e Castle.

Não tenhoproblemas deestar sozinho

Pelo que me consta houve uma es-

pécie de unanimidade entre as en-tidades que têm voz activa na ci-dade e creio que a própria Adieinada tenha objectado à sua cons-

trução, bem como os eternos e mí-ticos intelectuais leirienses. A úni-ca coisa que não faria era destruir o

que estava construído. O estádio ti-nha sido remodelado há pouco tem-

po, tinha uma pista de tartan nova,tinha um pavilhão gimnodesporti-vo, um campo de treinos. A ter quefazer, teria feito o estádio noutrolado. No referente ao processo e à

gestão não posso falar, por desco-nhecimento. Os administradoresda Leirisport poderão explicar comodecorreu a obra e a grande derra-

pagem que se diz ter ocorrido.Como resolveria agora o problema?Olhando para o estádio a deterio-rar-se progressivamente e sem uti-lização, nem vendo grandes pers-pectivas para uma ocupação cabalface à situação da União de Leiriae ao desinteresse manifestado pelapopulação, e caso a Câmara não en-contre uma solução desportiva ourecreativa rentável, parece-me queo melhor será implodi-10. Depoispode prever-se para a zona uma ur-banização adequada, que seja es-tudada por quem de direito e co-nhecimento, tendo em atenção a

situação actual. Um shopping, queme parecia ideal, é capaz de já nãoser oportuno.Como comenta a situação da Uniãode Leiria? Relacionava-se bem comJoão Bartolomeu?Não conheço os detalhes, por issonada posso adiantar. A União de

Leiria, para todos os efeitos, era umsímbolo e um cartaz de Leiria. De-veria procurar harmonizar-se esta

questão, não sei como. Conheço oJoão Bartolomeu e apesar de seruma pessoa dif íci tive com ele umbom relacionamento. Não tive pro-blemas especiais e ele sempre merespeitou. Quando o encontro, em-

bora raramente, falamos de formanormal e cordial.Nas últimas eleições autárquicas,ficou a ideia de que uma facção doPSD de Leiria apoiou Raul de Cas-tro. Como comenta?De forma expressa, não tenho co-nhecimento de que houvesse apoiopor parte do PSD a Raul Castro.Existiram problemas e desacertosno que se refere ao PSD, com res-

ponsabilidades em todos os esca-lões dirigentes, não tendo havidouma personalidade que, serena-mente mas de forma precisa, pu-sesse termo às desavenças ocorri-das. O resultado viu-se. Agoraquanto às votações, quem podefalar ou dizer? Ao vencedor faltamsempre votos, pois todos dizem tervotado nele.Votou PSD nas últimas eleições?O voto é secreto. Não estive envol-vido directamente nessa eleição.Viu então com bons olhos a eleiçãode Raul Castro?O povo é que votou e espero quefaça bom mandato, porque isso ébom para o concelho. É uma pessoaexperiente e tem a oportunidade dedemonstrar as suas capacidades.

Gostava que fosse reeleito?É um bom nome, que está com oPS. Há outros nomes referidos,como Fernando Costa, NarcisoMota, José António Silva, Lavra Es-

perança, Teimo Faria, António Lu-cas e a própria Isabel Damasceno,bem como outros que por certo irãoainda aparecer como eventuaiscandidatos do PSD. Mas é cedo

para se poder dizer alguma coisa,pois falta sair a lei das autarquiasque definirá as regras que vão ser

impostas. Entretanto, o que dese-

jo é que não se repita a confusão de

2009, na qual, como disse, todos ti-veram culpa. O PSD deve funcionarunido e os seus elementos esque-cerem raivas e desavenças para

nao se repetirem erros.Mas não apoiou Isabel Damasceno,filha de um dos seus melhores ami-

gos. Incompatibizou-se com ela?Não criei inimizade com ninguém.Mas eu não sou elemento dos qua-dros do PSD e a minha voz eramuito apagada dentro do que se

passava e passa em Leiria. Não meconsultavam nem me convidaram,nem ninguém me pediu nada di-rectamente. Eu politicamente nãovalho nada. Sou apenas um mili-tante e só tenho um voto. Não seio que o partido pensa nem qual a

orientação que quer dar.As obras do Polis resultaram bemna cidade?O que acho, e aí impera o meu sen-tido técnico, é que estas obras

quase todas derraparam. Parece-me que houve uma faceta técnica-económica que não funcionou.Consta que o Polis de Leiria custou

4,5 milhões de euros e eu não vejoobra nesse valor. Houve uma coi-sa que sinceramente não faria,nem me deixavam fazer na época.As árvores centenárias do JardimLuís de Camões não deviam tersido cortadas.

| Como se deu a sua entrada paraa política?Na política, como noutras coisas,entrei por acaso. Nunca me inte-ressei por política. Sempre fuimuito independente. Até namorei,ainda uns anos, com uma moçacolega na faculdade, no Porto,que era comunista. Nunca mais a

vi. Isto só para dizer que não liga-va à política. Liguei sempre às

pessoas. Tudo acasos. Entrei paraa política na passagem para o Mar-celo Caetano porque tinha uma fa-culdade que era a de mobilizarpessoas.Quer concretizar?Na electrificação da freguesia daMaceira, por exemplo, que eraum projecto grande com cerca de

14 postos de transformação. Aprimeira vez que contactei o di-rector-geral dos Serviços Eléctri-cos foi para lhe pedir uma com-participação. Só que ele fez-me odesafio de fazer em poucos mesesaquela obra, para me dar a grati-

ficação. O que é que fiz? Chameio presidente da Junta e disse-lhe

para arranjar representantes de to-dos os lugares. E desafiei-os: se

querem electrificação, cada lu-gar faz a sua cabine e cada pessoadesse lugar abre um buraco parapôr um poste. Todos concordarame o que é certo é que cumprimoso projecto.Mário Soares disse, em determi-nada altura, que tinha um "tem-peramento anarca". Alguns di-ziam que não escutava os outrosRevê-se nessas definições?De não escutar os outros não é ver-dade. Anarca, talvez um pouco, nosentido daquilo que chamo de in-dependente, de não me agarrarmuito às coisas. Já às pessoasquando me agarro e sou amigo,sou mesmo amigo. Mas falando doDr. Mário Soares, com quem medei excelentemente e muito falá-mos aquando da criação da Fun-dação Mário Sores, referiu na en-trevista que deu na última ediçãodo JORNAL DE LEIRIA apenas

Isabel Damasceno e Raul Castrocomo grandes colaborantes naCasa Museu João Soares. Não falouem mim. Creio que não foi por es-

quecimento ou conveniência, massim para preservar quem colabo-rou na criação de uma instituiçãoque tem sido de grande interessee relevo para o concelho, mas quedentro do contexto actual haverásempre quem não goste. E os ou-tros dois que foram indicados,têm sempre a desculpa, se apare-cessem criticas, de que encontra-ram tudo em andamento.

Independência

Na Faculdadenamorei umacolegacomunista