Poesia. O que é poesia?

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O QUE É POESIA? ACADEMIA PARANAENSE DA POESIA oteca Pública do Paraná - 18 horas - 29 de Outubro de oeta Sérgio Augusto de Munhoz Pitaki - Cadeira No. 2

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O QUE POESIA?

O QUE POESIA?ACADEMIA PARANAENSE DA POESIABiblioteca Pblica do Paran - 18 horas - 29 de Outubro de 2015

Poeta Srgio Augusto de Munhoz Pitaki - Cadeira No. 27

O QUE POESIA?CENTRO DE LETRAS DO PARAN

10 de Maio de 2016

Srgio Augusto de Munhoz Pitaki Cadeira 27

SURSUM CORDACORAES AO ALTO!PARA COMEAR UMA APRESENTAO DE POESIA

UM VERSO EM LATIM!

Bilhete a Baudelaire Vinicius de Moraes

Poeta, um pouco tua maneiraE para distrair o spleenQue estou sentindo vir a mimEm sua ronda costumeira

Folheando-te, reencontro a raraDelcia de me depararCom tua sordidez preclaraNa velha foto de Carjat

Que no revia desde o tempoEm que te lia e te reliaA ti, A Verlaine, a Rimbaud

Como passou depressa o tempoComo mudou a poesiaComo teu rosto no mudou!

spitaki

Poeta, um pouco tua maneiraE para distrair o spleenQue estou sentindo vir a mimEm sua ronda costumeira

Folheando-te, reencontro a raraDelcia de me depararCom tua sordidez preclaraNa velha foto de Carjat

Que no revia desde o tempoEm que te lia e te reliaA ti, A Verlaine, a Rimbaud

Como passou depressa o tempoComo mudou a poesiaComo teu rosto no mudou!

Editora Nova Aguilar 1995

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Voltaire (1694 -1778)A Poesia a msica da alma e, sobretudo, de almas grandes e sentimentais."

Castro Alves (1847-1871)Poesia uma luz. E a alma, uma ave"

Victor Hugo (1802 - 1885)A Poesia tudo o que h de ntimo em tudo."

Edgar Allan Poe (1809-1849)Poesia a criao rtmica da beleza em palavras.

-Pablo Neruda (1904 - 1973)A Poesia um ato de paz. A paz entra na composio de um poeta, tal como a farinha entra na composio do po."

Poesia

Gastei uma hora pensando um versoque a pena no quer escrever.No entanto ele est c dentroinquieto, vivo.Esle est c dentro e no quer sair.Mas a poesia deste momentoinunda minha vida inteira.Carlos Drummond de Andrade - (1902 - 1987)

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- Paulo Leminski (1944-1989)poesia um inutenslio

A poesia um inutenslio. A nica razo da poesia que ela faz parte daquelas coisas inteis da vida que no precisam de justificativa porque elas so a prpria razo de ser da vida. Querer que a poesia tenha um porqu, querer que a poesia esteja a servio de alguma coisa a mesma coisa, por exemplo, que voc querer que um gol do Zico tenha uma razo de ser, tenha um porqu, alm da alegria da multido. a mesma coisa que querer, por exemplo, que um orgasmo tenha um porqu. a mesma coisa que querer, por exemplo, que a alegria da amizade, do afeto, tenha um porqu. A poesia faz parte daquelas coisas que no precisam ter um porqu. Pra que porqu?

A poesia um inutenslio. A nica razo da poesia que ela faz parte daquelas coisas inteis da vida que no precisam de justificativa porque elas so a prpria razo de ser da vida. Querer que a poesia tenha um porqu, querer que a poesia esteja a servio de alguma coisa a mesma coisa, por exemplo, que voc querer que um gol do Zico tenha uma razo de ser, tenha um porqu, alm da alegria da multido. a mesma coisa que querer, por exemplo, que um orgasmo tenha um porqu. a mesma coisa que querer, por exemplo, que a alegria da amizade, do afeto, tenha um porqu. A poesia faz parte daquelas coisas que no precisam ter um porqu. Pra que porqu?

A Poesia como a rvore,bela por suas razes,troncos e galhos,folhas e frutos!Srgio Pitaki (1956 - )

Arte a atividade humana ligada a manifestaes de ordem esttica, feita por artistas a partir de percepo, emoes e ideias, com o objetivo de estimular esse interesse de conscincia em um ou mais espectadores, e cada obra de arte possui um significado nico e diferente.

Arte

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A arte no meramente uma manifestao esttica a servio do deleite do observador, ela tem o poder de inspirar ideias, estimular a sensibilidade e o raciocnio, alargar o universo pessoal, promover trocas de percepes e pontos de vista, despertar a inteligncia, colaborar com o desenvolvimento psquico e construir uma rede neurolgica ampla.

Ruy Sant'Anna

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ARS S e n t i do criao artificial habilidade especial valor e importncia novidade e ineditismo senso de prazer ou beleza ordem, padro ou harmonia Resposta a um dado problema excitao da imaginao e a fantasia expresso da realidade interior do criador induo ou comunicao de uma experincia-pico comunicao sob a forma de uma linguagem especial

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ARTE = ARS

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Orfeu foi poeta e mdico.Filho da musa Calope e de Apolo. Foi o poeta mais talentoso que j viveu. Quando tocava sua lira, que seu pai lhe deu, os pssaros paravam de voar para escutar e os animais selvagens perdiam o medo. As rvores se curvavam para pegar os sons ao vento.

aedos" Grciavates" em Roma.Eurdice no Reino de Hades

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Na mitologia grega, Orfeu era poeta e mdico, filho da musa Calope e de Apolo ou Eagro, rei da Trcia[1] . Era o poeta mais talentoso que j viveu. Quando tocava sua lira que seu pai lhe deu, os pssaros paravam de voar para escutar e os animais selvagens perdiam o medo. As rvores se curvavam para pegar os sons no vento.

Foi um dos cinquenta homens - os argonautas - que atenderam ao chamado de Jaso para buscar o Toso de ouro. Acalmava as brigas que aconteciam no navio com sua lira. Durante a viagem de volta, Orfeu salvou os outros tripulantes quando seu canto silenciou as sereias, responsveis pelos naufrgios de inmeras embarcaes.

Orfeu apaixonou-se por Eurdice e casou-se com ela. Mas Eurdice era to bonita que, pouco tempo depois do casamento, atraiu um apicultor chamado Aristeu. Quando ela recusou suas atenes, ele a perseguiu. Tentando escapar, ela tropeou em uma serpente que a mordeu e a matou. Por causa disso, as ninfas, companheiras de Eurdice, fizeram todas as suas abelhas morrerem.

Orfeu ficou transtornado de tristeza. Levando sua lira, foi at o mundo inferior, para tentar traz-la de volta. A cano pungente e emocionada de sua lira convenceu o barqueiro Caronte a lev-lo vivo pelo rio Estige. Em seguida, a cano da lira adormeceu Crbero, o co de trs cabeas que vigiava os portes. Seu tom carinhoso aliviou os tormentos dos condenados. Encontrou muitos monstros durante sua jornada, e os encantou com seu canto.

Finalmente Orfeu chegou ao trono de Hades. O rei dos mortos ficou irritado ao ver que um vivo tinha entrado em seu domnio, mas a agonia na msica de Orfeu o comoveu, e ele chorou lgrimas de ferro. Sua esposa, a deusa Persfone, implorou-lhe que atendesse o pedido de Orfeu. Assim, Hades atendeu seu desejo[1] . Eurdice poderia voltar com Orfeu ao mundo dos vivos[1] . Mas com uma nica condio: que ele no olhasse para ela at que ela, outra vez, estivesse luz do sol[1] .

Orfeu partiu pela trilha ngreme que levava para fora do escuro reino da morte, tocando msicas de alegria e celebrao enquanto caminhava, para guiar a sombra de Eurdice de volta vida. Ele ento quase no final do tenebroso tnel olhou para se certificar de que Eurdice o acompanhava e no a viu. Hades e Persfone os seguiram e como ficou estabelecido que ele no poderia olhar para Eurdice at chegar ao fim do tnel, Hades a tomou novamente.Milles Orfeus 2008e.jpg

Por um momento ele a viu, perto da sada do tnel escuro, perto da vida outra vez. Mas enquanto ele olhava, ela se tornou de novo um fino fantasma, seu grito final de amor e pena no mais do que um suspiro na brisa que saa do Mundo dos Mortos. Ele a havia perdido para sempre. Em desespero total, Orfeu se tornou amargo. Recusava-se a olhar para qualquer outra mulher, no querendo lembrar-se da perda de sua amada. Posteriormente deu origem ao Orfismo, uma espcie de servio de aconselhamento; ele ajudava muito os outros com seus conselhos, mas no conseguia resolver seus prprios problemas, at que um dia, furiosas por terem sido desprezadas, um grupo de mulheres selvagens chamadas Mnades caram sobre ele, frenticas, atirando dardos. Os dardos de nada valiam contra a msica do lirista, mas elas, abafando sua msica com gritos, conseguiram atingi-lo e o mataram. Depois despedaaram seu corpo e jogaram sua cabea cortada no rio Hebro, e ela flutuou, ainda cantando, "Eurdice! Eurdice!"

Chorando, as nove musas reuniram seus pedaos e os enterraram no monte Olimpo. Dizem que, desde ento, os rouxinis das proximidades cantaram mais docemente que os outros. Pois Orfeu, na morte, se uniu sua amada Eurdice.

Quanto s Mnades, que to cruelmente mataram Orfeu, os deuses no lhes concederam a misericrdia da morte. Quando elas bateram os ps na terra, em triunfo, sentiram seus dedos se espicharem e entrarem no solo. Quanto mais tentavam tir-los, mais profundamente eles se enraizavam. Suas pernas se tornaram madeira pesada, e tambm seus corpos, at que elas se transformaram em carvalhos silenciosos. E assim permaneceram pelos anos, batidas pelos ventos furiosos que antes se emocionavam ao som da lira de Orfeu, at que por fim seus troncos mortos e vazios caram.Pela beleza de Eurdice - Aristeu apicultor a atraiu e ela fugiu. Na queda foi picada por uma cobra e morreu.Barqueiro Caronte o levou pelo Rio Estinge ao reino de Hades cujo guarda Crbero co de trs cabeas adormeceu com a sua lira . O rei do reino dos mortos, Hades ficou contrariado de ver um vivo mas ficou comovido com sua lira e sua esposa Persfone, o convenceu a levar Eurdice - contudo sem olhar para ela at pisar na terra. Na sada para ver se ela estava atrs ainda olhou-a e ela voltou para o reino dos mortos. Tornou-se amargo e criou-se o ORFISMO ajudar os outros sem ajudar a si prprio - Mulheres selvagens MNADES furiosas o mataram despedaaram-no cortaram sua cabea e a jogaram no rio Hebro e ela ainda cantou Eurdice Eurdice.

Monlogo de Orfeu - Vinicius de Moraes por Maria Betniavhttps://www.youtube.com/watch?v=KUTiKPPDld4

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A poesia pertence fico, pois trata-se de um processo criativo e de algo inventado.

Os gregos chamavam de poisis ao ato de criar algo

O texto potico se caracteriza por privilegiar o prazer esttico da leitura.

Poesia algo imaterial e poema um gnero textual com caractersticas de estrutura prprias.

https://www.youtube.com/watch?v=sO6TySzyygEUma pedra no meio do caminho em vrias linguas

O historiador polons de esttica Wladyslaw Tatarkiewicz num trabalho acadmico sobre "O Conceito de Poesia, traa a evoluo do que so na verdade dois conceitos de poesia.Assinala que o termo aplicado a duas coisas distintas

Paul Valry observou, em um certo ponto encontram unio

Mas a poesia tambm tem um significado mais geral, que difcil de definir, porque menos determinado: A poesia uma arte baseada na linguagem.

A poesia expressa um certo estado da mente.

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Hoje eu acordei poesia respiro poesias quero poesiafazer poesiapensar poesia

At a voz do ventorecita poesia.

noite adormecerei poesiae amanh acordarei poesia

Talvez consiga morrer poesia

Janske Schlenker, Deixa que eu fale"

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O POETA:"No sei se os povos amam os seus cientistas,mas todos os povos amam seus poetas.No Brasil os poetas so amados por milhes.Por que que os povos amam seus poetas?Porque os povos precisam disso, porque os poetas dizem uma coisa que as pessoas precisam que seja dita,o poeta no um ser de luxoele no uma excrescncia ornamental da sociedade,ele uma necessidade orgnica de uma sociedade,a sociedade precisa daquela loucura para respirar, atravs da loucura dos poetas,atravs da ruptura que ele representa que a sociedade respira"

Paulo Leminski

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"O poeta, alm de incorrigvel sonhador, cinzela frases, esculpe versos, d colorido s expresses, vida s estrofes e celestial musicalidade s rimas! Seus versos podem trazer o sorriso ou conduzir s lgrimas; podem soar com suave e dulcssima serenata ou como melanclico rquiem!"Professor Mamed Zauth"O que poesia?" 2013

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The poet makes himself a seer by a long, prodigious, and rational disordering of all the senses. Every form of love, of suffering, of madness; he searches himself, he consumes all the poisons in him, and keeps only their quintessences." O poeta se faz um vidente por uma longa, prodigiosa, e racional desorganizao de todos os sentidos . Toda forma de amor, de sofrimento, de loucura ; ele procura em si mesmo, ele consome todos os venenos nele , e mantm apenas a sua quintessncia . "Arthur Rimbaud

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Ler poesia ato de inaugurao pessoal, pisar novo no cho, uma outra aterrissagem, possibilidade de transmigrar de planeta mental, emocional. Fenmeno que acontece mesmo quando estamos relendo pela ensima vez um poema que j conhecemos at de cor.

Ler novamente um poema que amamos como lavar o rosto pela manh"

talo Moriconi

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Ezra Poundmais do que nunca, o leitor e a leitora de poesia so antenas da raa.

ESTUDOPESQUISAMALHAOTREINAMENTOSUOR"

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MTRICA "apenas distingue o estilo do artista"

AUTONOMIA

VERSOS LIVRES (POESIA MODERNA) PROSA POTICA 'harmonia, ritmo e emoo' inspirados pela poesiaPOESIA um gnero literrio caracterizado pela composio em versos, estruturados de forma harmoniosa. uma manifestao de beleza e esttica retratada pelo poeta em forma de palavras.

No SENTIDO FIGURADO,

poesia tudo aquilo que comove, sensibiliza e desperta sentimentos, que inspira e encanta, que sublime e bela.

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A POESIA como forma de arte pode ser anterior escrita.

Obras dos vedas indianos (1700-1200aC) os Gathas de Zoroastro (1200-900aC) at a Odissia (800-675 aC)

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Parecem ter sido compostas em forma potica para ajudar a memorizao e a transmisso oral nas sociedades pr-histricas e antigas.

A POESIA aparece entre os primeiros registros da maioria das culturas letradas, com fragmentos poticos encontrados em antigos monolitos, pedras rnicas e estelas.

O POEMA pico mais antigo sobrevivente a Epopia de Gilgamesh, originado no terceiro milnio, mais de 4.000 a.C. na Sumria (Mesopotmia) escrito em letras cuneiformes em tabletes de argila e depois em papiro, esto preservados em biblioteca em Istambul.

O POEMA MAIS ANTIGO: POEMA AO REI SHU

Noivo, caro ao meu corao,Agradvel a tua beleza, doce mel,

Leo, caro ao meu corao,Agradvel a tua beleza, doce mel.

Noivo, eu deixaria que me levasses para o quarto,Tu cativaste-me, deixa-me permanecer tremente perante ti,

Noivo, deixa que te acaricie,A minha preciosa carcia mais saborosa do que o mel,

Tu, porque me amas,D-me o favor das tuas carcias,

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Meu querido alvo, de pele rosada, o mais insgne dentre dez mil. Sua cabea um lingote de ouro fino,Seus cachos, cachos de palmeira,pretos como um corvo.

Seus olhos so como pombas junto aos espelhos dgua,lavando-se no leite,ou posando nas bacias.

Suas faces so como um canteirode blsamo produzindo perfumes.

Seus lbios so lrios quedestilam a mais pura mirra. Suas mos so braceletes de ourorepletos de topzios.

Seu ventre, uma chapa de marfim coberta de safiras.

Suas pernas so colunas de alabastro,erguidas sobre socos de ouro fino.

Seu rosto como o Lbano: a elite, tal qual os cedros.

Seu paladar a prpria doura;tudo nele desejvel.

Tal meu querido, tal meu companheiro,filhas de Jerusalm.Cntico dos Cnticos - 5, 10-16

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possvel

que no encontremos poesia

em determinados poemas

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DICHTEN = CONDENSAREVERBODICHTUNG= POESIASUBSTANTIVO

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DICHTEN O VERBO ALEMO CORRESPONDENTE AO SUBSTANTIVO DICHTUNG, QUE SIGNIFICA POESIA E O LEXICGRAFO TRADUZIU-O PELO VERBO ITALIANO QUE SIGNIFICA CONDENSAR

Por cima do abismoestende-se minhalmatensa como um caboonde me equilibro,malabarista de palavras.Vladimir Maiacovski (1893 1930)

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O professor inexperiente, temendo sua prpria ignorncia, tem medo de admiti-la. Talvez essa coragem somente venha quando a gente sabe at que ponto a ignorncia quase universal. Tentativas de camuflagem so simplesmente, a longo prazo uma perda de tempo."Pessoas perfeitamente sinceras dizem: literatura no se ensina. E o que querem significar com tal afirmao provavelmente verdade. O que se pode nitidamente fazer ensinar algum a distinguir entre uma e outra espcie de livros."

Ezra Poundabc da Literatura

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TRADUO E ORGANIZAO AUGUSTO DE CAMPOS IRMO DO HAROLDO DE CAMPOS QUE JUNTO COM DCIO PIGNATARIFUNDARAM O MOVIMENTO DA POESIA CONCRETA NA DCADA DE 1950 JUNTO COM O MOVIMENTO INICIADO NA SUIATAMBM PELO BRASILEIRO SUECO YVIND FAHLSTRMManifest for konkret poesie

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LICENA POTICAA POESIA pode fazer uso da chamada licena potica, que a permisso para extrapolar o uso da norma culta da lngua, tomando a liberdade para recorrer a recursos como o uso de palavras de baixo-calo, desvios da norma ortogrfica que se aproximam mais da linguagem falada ou a utilizao de figuras de estilo como a hiprbole ou outras que assumem o carter fingidor da poesia, de acordo com a conhecida frmula de Fernando Pessoa - O poeta um fingidor.

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A POESIA pode fazer uso da chamada licena potica, que a permisso para extrapolar o uso da norma culta da lngua, tomando a liberdade para recorrer a recursos como o uso de palavras de baixo-calo, desvios da norma ortogrfica que se aproximam mais da linguagem falada ou a utilizao de figuras de estilo como a hiprbole ou outras que assumem o carter fingidor da poesia, de acordo com a conhecida frmula de Fernando Pessoa (O poeta um fingidor).

ARTHUR RIMBAUD 1854-1891

Vnus Anadimene (27 de julho de 1870)

Como de um verde tmulo em lato o vultoDe uma mulher, cabelos brunos empastados,De uma velha banheira emerge, lento e estulto,Com dficits bastante mal dissimulados;

Do colo graxo e gris saltam as omoplatasAmplas, o dorso curto que entra e sai no ar;Sob a pele a gordura cai em folhas chatas,E o redondo dos rins como a querer voar

O dorso avermelhado e em tudo h um saborEstranhamente horrvel; notam-se a rigor,particularidades que demandam lupa

Nos rins dois nomes s gravados: CLARA VNUS;E todo o corpo move e estende a ampla garupaBela horrorosamente, uma lcera no nus.

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POESIA FISIOLGICA

Como bom tudo o que sai da gente!A palavra, o espirro, flatus ou fezes eo mijo quente.No esquecer do bom e gostosoGozo fervente!

Srgio Pitaki (2011)

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CLASSIFICADOR DE POESIAPaulo Arajo e Nuno J. MamedeInstitudo Superior de Engenharia de LisboaConceitos de Estrofe, Verso, Slaba e Rima (2002)

Definidos no dicionrio de termos literrios e no dicionrio de literatura.

The Gardner Kit - jogo para construo de poemas.

Magnetic Poetryde Dave Kapell.

Ray Kurzweils Cybernetic Poet - automtico

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pronominais

Oswald de Andrade

D-me um cigarroDiz a gramticaDo professor e do aluno E do mulato sabidoMas o bom negro e o bom brancoDa Nao BrasileiraDizem todos os diasDeixa disso camaradaMe d um cigarro

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D-me um cigarroDiz a gramticaDo professor e do aluno E do mulato sabidoMas o bom negro e o bom brancoDa Nao BrasileiraDizem todos os diasDeixa disso camaradaMe d um cigarro

MODALIDADES DE POESIA

MELOPIA - musicalidade

FANOPIA imagens/visual

LOGOPIA dana do intelectoEzra Pound (1885-1992)

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Melopia palavras impregnadas de uma propriedade musical (som ritmo) que orienta o significadoHomero, Arnaut Daniel e os provenaisFanopia um lance de imagens sobre a imaginao visual os chineses chegaram ao mximo de fanopia natureza dos ideogramasLogopia dana do intelecto entre as palavras, que trabalha no domnio especfico das manifestaes verbais e no se pode conter em msica ou em plstica (Proprcio, Laforgue)

GNEROS DA POESIA

De como deveriam ser representadas as fbulas, respondeu Scrates a Adimanto na Repblica, de Plato:

Tal como Deus realmente, assim que se deve sem dvida representar, quer se trate de poesia pica, lrica ou trgica.

Dicionrio Aurlio

nas obras de um artista, de uma escola, cada uma das categorias que, por tradio, se definem e classificam segundo o estilo, a natureza ou a tcnica.

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GNERO DE POESIA

SATRICO - pessoal / impessoal

DIDTICO - fbula / poema / epstola

Elegaco -endecha / epitfio/ epicdioErtico - Ode / Lira / Cantata / Cano /LRICO Madrigal / Trova / Ditirambo /Epitalmio / Hino / Balada / PoemetoBuclico - idlio / cloga

PICO - epopia / lenda / mito

LIGEIRO - acrstico / triol / glosa / soneto

Versos livres / Metros Brbaros / Pardia

POESIA CONCRETA - visual

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mar azul

mar azul marco azul

mar azul marco azul barco azul

mar azul marco azul barco azul arco azul

mar azul marco azul barco azul arco azul ar azulFerreira Gullar

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Lirismo

Elegaco = trata de assuntos tristes.Nnia = homenagem a uma pessoa morta. Era declamada junto fogueira de incinerao.Endecha = revela as dores do corao.Epitfio = pequeno verso gravado em pedras tumulares.Epicdio = o poeta relata a vida de uma pessoa morta.Ditirambo = louvor ao deus Dionsio (Baco), alegria, musaBuclico = versa sobre assuntos campestres

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ACRSTICO as letras iniciais formam versos com um nome

BALADA quatro estrofes: trs oitavas ou trs dcimas e uma quadra ou quintilha

HAICAI origem japonesa, composto de uma estrofe com trs versos: o primeiro com cinco slabas (redondilha menor) e o segundo com sete slabas (redondilha maior);

SONETO catorze versos (dois quartetos e dois tercetos ou, ainda, por uma estrofe com doze versos e outra com dois versos);

TROVA uma estrofe de quatro versos com sete slabas poticas (redondilha maior).

LIVRES (desde que tenham poesia..!!!!!!!)

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Quinhentismo (1500 -1600)Barroco (1601 1768)Arcadismo (1769 1789)Romantismo (1836 - 1900)Paranasianismo (1870 - 1922)Simbolismo (1870 - 1915)Modernismo (1922 - 1945)Poesia concreta (1950 - 1980)Ps-Modernismo (1960 - )"Grafitismo" - ??? - (1970 - )BRASIL

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" Hoje, em que chegamos ao fim do que se chamou de arte moderna, os critrios de juzo para apreciao j no so os mesmos fundados na experincia do cubismo.

Estamos agora em outro ciclo, que no mais puramente artstico, mas cultural, radicalmente diferente do anterior e iniciado, digamos, pela pop art.

A esse novo ciclo de vocao anti-arte, chamaria de arte ps-moderna."Mario Pedrosa sobre a arte de Hlio Oiticica (1966)

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A MTRICA ou medida representada pelo nmero de slabas de um verso. Essa estrutura em slabas permite ao leitor identificar o ritmo do poema:

Representao da mtrica de um verso

As slabas poticas ou mtricas no so contadas como as slabas gramaticais.

A contagem de slabas poticas respeita o ritmo do poema, feita auditivamente e vai apenas at a ltima slaba tnica do verso.

AL/ MA/ MI/ NHA/ GEN/TIL/ QUE/ TE/ PAR/ TIS/ TE1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

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Dividir um verso em slabas poticas chamado de

A ESCANSO deve seguir determinadas regras, tais como:

Os ditongos crescentes formam apenas uma slaba.

Duas vogais podem formar apenas uma slaba quando uma delas se encontra no final de uma palavra, e a outra, no incio da palavra seguinte.

A/ MOR/ / FO/ GO / QUE AR/ DE/ SEM / SE / VER1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 escandir.

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VERSOS MAIS EMPREGADOS NOS POEMAS

PENTASSLABOS ou redondilha menor: compostos de cinco slabas.

HEPTASSLABOS ou redondilha maior: compostos de sete slabas.

DECASSLABOS ou hericos: compostos de dez slabas.

DODECASSLABOS ou alexandrinos: compostos de doze slabas.

Alexandrino Clssico, Francs ou Arcaico

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O RITMO, responsvel pela estrutura meldica do texto potico, marcado pela sucesso de slabas tonas e tnicas dentro do verso ou do poema:

Samba, suor e cerveja, Caetano Veloso.

Morte a cavalo, Carlos Drummond de Andrade.A cavalo de galope a cavalo de galope a cavalo de galope l vem a morte chegando.

Acho que a chuva ajuda a gente a se ver

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por falar em trempor que partiu? por que partiu?ou.a.o..ba..ru..lhodaro..dano..tri..lho..do..tremou..a..o..ba..ru..lho..da..ro..da..no..tri..lho..do..tremou.a.o.ba.ru.lho.da.ro.da.no.tri.lho.do.tremouaobarulhodarodanotrilhodotrem

Srgio Pitaki - 13/10/2015

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Rima

A rima o resultado de sons iguais ou semelhantes entre as palavras, no meio ou no final de versos diferentes. H vrios tipos de rima:

RIMA

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QUANTO A POSIO NA ESTROFE

CRUZADA OU ALTERNADA (ABAB) O primeiro verso rima com o terceiro, e o segundo com o quarto:

INTERPOLADA (ABBA) O primeiro verso rima com o quarto, e o segundo com o terceiro:

EMPARELHADA (AABB) O primeiro verso rima com o segundo, e o terceiro com o quarto:

INTERNAS Quando rimam palavras que esto no fim do verso e no interior do verso seguinte

MISTURADAS No tem esquema fixo.

VERSOS BRANCOS OU SOLTOS So os que no tem rima.

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ltima flor do Lcio, inculta e bela,s, a um tempo, esplendor e sepultura:ouro nativo, que na ganga impuraa bruta mina entre os cascalhos velaLngua Portuguesa

Olavo Bilac

QUANTO TONICIDADE

AGUDAS Quando rimam palavras oxtonas ou monossilbicas: a/mor e com/por; a/mm e Be/lm.

GRAVES Quando rimam palavras paroxtonas:

an/ta e man/ta; qui/os/que e bos/que.

ESDRXULAS Quando rimam palavras proparoxtonas:

m/gi/co e tr/gi/co; l/ri/co e o/n/ri/co.

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No ar lento fumam gomas aromticas,

Brilham as navetas, brilham as dalmticas.

Eugnio de Castro

Navetas = peas metlicas para carregar o incenso nas liturgiasDalmtica = trajes litrgicos dos diconos da igreja catlica

QUANTO SONORIDADE

PERFEITAS H uma perfeita identidade dos sons finais: festa e manifesta; cedo e medo.

IMPERFEITAS Quando no h uma perfeita identidade dos sons finais:

cu e breu; sais e paz.

CONSOANTES Quando h os mesmos sons a partir da ltima tnica:

perto e incerto; dezenas e apenas.

TOANTES Quando s h identidade com a vogal tnica do verso:

terra e pedra; vela e terra.

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Z Maria era um rude camponsAssinar o seu nome no sabia.Mas contudo encerrava polidezA moral natural de Z Maria.

O Trabalho foi sempre o seu estudoPara ele esta lida era um brinquedo,Era o nome de Deus o seu escudoE por isto de nada tinha medo.

Patativa do Assar

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QUANTO AO VALOR

POBRES Quando rimam palavras da mesma classe gramatical: Ex: amor e flor; meu e teu.

RICAS Quando rimam palavras de classes gramaticais diferentes:

ex: festa e manifesta; cedo e medo.

RARAS Quando rimam palavras de difcil combinao meldica:

ex: cisne e tisne; leque e Utreque.

PRECIOSAS So rimas artificiais, decorrentes da combinao de um nome com a forma verbo-pronome:

ex: tranqilo e ouvi-lo; estrela e v-la.

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DISTRIBUIO DAS ESTROFES

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Quanto ao nmero de versos agrupados, as estrofes recebem diferentes denominaes:

Disposio das estrofes em um poema

A estrofe de oito versos, quando possuir o esquema rtmico (ABABABCC) ser denominada oitava-rima ou oitava herica.

Quanto ao metro dos versos, as estrofes podem ser:

SIMPLES agrupam versos de um mesmo metro. COMPOSTAS - agrupam versos de metros diferentes. POLIMTRICAS (livres) agrupam versos de diferentes medidas sem obedincia a qualquer regra.

* exprimo-me sem metro porque no sou poeta."Scrates - em A Repblica - Plato 393aC

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exprimo-me Scrates contando sobre como Homero diria seus poema se fossem apenas narrados.

AntonioAleixoIdadeEscolarLusadas

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Em certo dia, hora, horaDa meia-noite que apavora,Eu, caindo de sono e exausto de fadiga,Ao p de muita lauda antiga,De uma velha doutrina, agora morta,Ia pensando, quando ouvi portaDo meu quarto um soar devagarinho,E disse estas palavras tais:" algum que me bate porta de mansinho;H de ser isso e nada mais."Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,Vagos, curiosos tomos de cincias ancestrais,E j quase adormecia, ouvi o que pareciaO som de algum que batia levemente a meus umbrais."Uma visita", eu me disse, "est batendo a meus umbrais. s isto, e nada mais."Machado de AssisFernando PessoaThe Raven - Edgar Allan Poe - 1845

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Muito Obrigado

SRGIO AUGUSTO DE MUNHO PITAKI CADEIRA No. 27