Poemas CDA

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POEMAS 20 poemas de Carlos Drummond de Andrade 31/10/2011 Confira 20 obras do poeta Carlos Drummond de Andrade selecionadas pela Universia (Crédito: Reprodução) O poeta Carlos Drummond de Andrade completaria nesta segunda- feira (31) 109 anos de idade. Drummond foi um poeta, contista e cronista brasileiro. Ele trabalhou durante um bom tempo como funcionário público, apesar de ser formado em farmácia. Diversas obras de Drummond foram traduzidas para outras línguas, como o francês, inglês, espanhol, sueco, tcheco, entre outras. O poeta morreu no dia 17 de agosto de 1987 na cidade do Rio de Janeiro/RJ. Confira a seguir alguns poemas que marcaram a carreira de Carlos Drummond de Andrade: Copyright © 2011 Universia Brasil. Todos os direitos reservados. Página 1 de 26

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  • POEMAS

    20 poemas de Carlos Drummond de Andrade31/10/2011

    Confira 20 obras do poeta Carlos Drummond de Andrade selecionadas pela Universia

    (Crdito: Reproduo)

    O poeta Carlos Drummond deAndrade completaria nesta segunda-feira (31) 109 anos de idade.Drummond foi um poeta, contista ecronista brasileiro. Ele trabalhoudurante um bom tempo comofuncionrio pblico, apesar de serformado em farmcia. Diversas obrasde Drummond foram traduzidas paraoutras lnguas, como o francs, ingls,espanhol, sueco, tcheco, entre outras.O poeta morreu no dia 17 de agosto de1987 na cidade do Rio de Janeiro/RJ.

    Confira a seguir alguns poemas que marcaram a carreira de Carlos Drummond de Andrade:

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  • deste especial:

    I. Poemas de Carlos Drummond de Andrade - Receita de ano novoII. Poemas de Carlos Drummond de Andrade - No passouIII. Poemas de Carlos Drummond de Andrade - Acordar, viverIV. Poemas de Carlos Drummond de Andrade - A um ausenteV. Poemas de Carlos Drummond de Andrade - Poema que aconteceu

    VI. Poemas de Carlos Drummond de Andrade - Poema de sete facesVII. Poemas de Carlos Drummond de Andrade - Itabira

    VIII. Poemas de Carlos Drummond de Andrade - No meio do caminhoIX. Poemas de Carlos Drummond de Andrade - Poema do jornalX. Poemas de Carlos Drummond de Andrade - Quadrilha

    XI. Poemas de Carlos Drummond de Andrade - Poema da purificaoXII. Poemas de Carlos Drummond de Andrade - Jos

    XIII. Poemas de Carlos Drummond de Andrade - O mundo grandeXIV. Poemas de Carlos Drummond de Andrade - Mos DadasXV. Poemas de Carlos Drummond de Andrade - O que Alcio v

    XVI. Poemas de Carlos Drummond de Andrade - A bombaXVII. Poemas de Carlos Drummond de Andrade - As sem-razes do amorXVIII. Poemas de Carlos Drummond de Andrade - PoesiaXIX. Poemas de Carlos Drummond de Andrade - Os Ombros Suportam o MundoXX. Poemas de Carlos Drummond de Andrade - Verbo Ser

    Fonte: Universia Brasil

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  • 20 POEMAS DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Poemas de Carlos Drummond de Andrade -Receita de ano novo31/10/2011

    Carlos Drummond de Andrade foi poeta, contista e cronista

    Receita de ano novoCarlos Drummond de Andrade Para voc ganhar belssimo Ano Novocor do arco-ris, ou da cor da sua paz,Ano Novo sem comparao com todo o tempo j vivido(mal vivido talvez ou sem sentido)para voc ganhar um anono apenas pintado de novo, remendado s carreiras,mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;novoat no corao das coisas menos percebidas(a comear pelo seu interior)novo, espontneo, que de to perfeito nem se nota,mas com ele se come, se passeia,se ama, se compreende, se trabalha,voc no precisa beber champanha ou qualquer outra birita,no precisa expedir nem receber mensagens(planta recebe mensagens?passa telegramas?) No precisafazer lista de boas intenespara arquiv-las na gaveta.No precisa chorar arrependidopelas besteiras consumidasnem parvamente acreditarque por decreto de esperanaa partir de janeiro as coisas mudeme seja tudo claridade, recompensa,justia entre os homens e as naes,liberdade com cheiro e gosto de po matinal,direitos respeitados, comeandopelo direito augusto de viver. Para ganhar um Ano Novoque merea este nome,voc, meu caro, tem de merec-lo,tem de faz-lo novo, eu sei que no fcil,mas tente, experimente, consciente. dentro de voc que o Ano Novo

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    Poemas de Carlos Drummond de Andrade - Nopassou31/10/2011

    Carlos Drummond de Andrade foi poeta, contista e cronista brasileiro

    No passouCarlos Drummond de Andrade Passou?Minsculas eternidadesdeglutidas por mnimos relgiosressoam na mente cavernosa. No, ningum morreu, ningum foi infeliz.A mo- a tua mo, nossas mos-rugosas, tm o antigo calorde quando ramos vivos. ramos? Hoje somos mais vivos do que nunca.Mentira, estarmos ss.Nada, que eu sinta, passa realmente. tudo iluso de ter passado. Outras notcias sobre literatura 50 livros clssicos emportugus para download grtis 120 livros acadmicos para download gratuito 30 livros de Comunicao para download grtis

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    Poemas de Carlos Drummond de Andrade -Acordar, viver31/10/2011

    Carlos Drummond de Andrade foi poeta, contista e cronista brasileiro

    Acordar, viverCarlos Drummond de Andrade Como acordar sem sofrimento?Recomear sem horror?O sono transportou-mequele reino onde no existe vidae eu quedo inerte sem paixo. Como repetir, dia seguinte aps dia seguinte,a fbula inconclusa,suportar a semelhana das coisas sperasde amanh com as coisas speras de hoje? Como proteger-me das feridasque rasga em mim o acontecimento,qualquer acontecimentoque lembra a Terra e sua prpurademente?E mais aquela ferida que me inflijoa cada hora, algozdo inocente que no sou? Ningum responde, a vida ptrea. Outras notcias sobre literatura50 livros clssicos em portugus para download grtis 120 livros acadmicos para download gratuito 30 livros de Comunicao para download grtis

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    Poemas de Carlos Drummond de Andrade - Aum ausente31/10/2011

    Carlos Drummond de Andrade foi poeta, contista e cronista brasileiro

    A um ausenteCarlos Drummond de Andrade Tenho razo de sentir saudade,tenho razo de te acusar.Houve um pacto implcito que rompestee sem te despedires foste embora.Detonaste o pacto.Detonaste a vida geral, a comum aquiescnciade viver e explorar os rumos de obscuridadesem prazo sem consulta sem provocaoat o limite das folhas cadas na hora de cair. Antecipaste a hora.Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.Que poderias ter feito de mais gravedo que o ato sem continuao, o ato em si,o ato que no ousamos nem sabemos ousarporque depois dele no h nada? Tenho razo para sentir saudade de ti,de nossa convivncia em falas camaradas,simples apertar de mos, nem isso, vozmodulando slabas conhecidas e banaisque eram sempre certeza e segurana. Sim, tenho saudades.Sim, acuso-te porque fizesteo no previsto nas leis da amizade e da naturezanem nos deixaste sequer o direito de indagarporque o fizeste, porque te foste. Outras notcias sobre literatura 50 livros clssicos emportugus para download grtis 120 livros acadmicos para download gratuito 30 livros de Comunicao para download grtis

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    Poemas de Carlos Drummond de Andrade -Poema que aconteceu31/10/2011

    Carlos Drummond de Andrade foi poeta, contista e cronista brasileiro

    Poema que aconteceuCarlos Drummond de Andrade Nenhum desejo neste domingonenhum problema nesta vidao mundo parou de repenteos homens ficaram caladosdomingo sem fim nem comeo. A mo que escreve este poemano sabe o que est escrevendomas possvel que se soubessenem ligasse. Outras notcias sobre literatura 50 livros clssicos em portugus paradownload grtis 120 livros acadmicos para download gratuito 30 livros de Comunicao para download grtis

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    Poemas de Carlos Drummond de Andrade -Poema de sete faces31/10/2011

    Carlos Drummond de Andrade foi poeta, contista e cronista brasileiro

    Poema de sete facesCarlos Drummond de Andrade Quando nasci, um anjo tortodesses que vivem na sombradisse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. As casas espiam os homensque correm atrs de mulheres.A tarde talvez fosse azul,no houvesse tantos desejos. O bonde passa cheio de pernas:pernas brancas pretas amarelas.Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu corao.Porm meus olhosno perguntam nada. O homem atrs do bigode srio, simples e forte.Quase no conversa.Tem poucos , raros amigoso homem atrs dos culos e do bigode. Meu Deus, por que me abandonastese sabias que eu no era Deusse sabias que eu era fraco. Mundo mundo vasto mundose eu me chamasse Raimundo,seria uma rima, no seria uma soluo.Mundo mundo vasto mundo,mais vasto meu corao. Eu no devia te dizermas essa luamas esse conhaquebotam a gente comovido como o diabo. Outras notcias sobre literatura 50 livros clssicos emportugus para download grtis 120 livros acadmicos para download gratuito 30 livros de Comunicao para download grtis

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    Poemas de Carlos Drummond de Andrade -Itabira31/10/2011

    Carlos Drummond de Andrade foi poeta, contista e cronista brasileiro

    ItabiraCarlos Drummond de Andrade Cada um de ns tem seu pedao no pico do CauNa cidade toda de ferroas ferraduras batem como sinos.Os meninos seguem para a escola.Os homens olham para o cho.Os ingleses compram a mina. S, na porta da venda, Tutu caramujo cisma naderrota incomparvel. Outras notcias sobre literatura 50 livros clssicos em portugus paradownload grtis 120 livros acadmicos para download gratuito 30 livros de Comunicao para download grtis

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    Poemas de Carlos Drummond de Andrade - Nomeio do caminho31/10/2011

    Carlos Drummond de Andrade foi poeta, contista e cronista brasileiro

    No meio do caminhoCarlos Drummond de Andrade No meio do caminho tinha uma pedratinha uma pedra no meio do caminhotinha uma pedrano meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimentona vida de minhas retinas to fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminhotinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminhono meio do caminho tinha uma pedra. Outras notcias sobre literatura 50 livros clssicos emportugus para download grtis 120 livros acadmicos para download gratuito 30 livros de Comunicao para download grtis

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    Poemas de Carlos Drummond de Andrade -Poema do jornal31/10/2011

    Carlos Drummond de Andrade foi poeta, contista e cronista brasileiro

    Poema do jornalCarlos Drummond de Andrade O fato ainda no acabou de acontecere j a mo nervosa do reprtero transforma em notcia.O marido est matando a mulher.A mulher ensangentada grita.Ladres arrombam o cofre.A polcia dissolve o meeting.A pena escreve. Vem da sala de linotipos a doce msica mecnica. Outras notcias sobreliteratura 50 livros clssicos em portugus para download grtis 120 livros acadmicos para download gratuito 30 livros de Comunicao para download grtis

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    Poemas de Carlos Drummond de Andrade -Quadrilha31/10/2011

    Carlos Drummond de Andrade foi poeta, contista e cronista brasileiro

    QuadrilhaCarlos Drummond de Andrade Joo amava Teresa que amava Raimundoque amava Maria que amava Joaquim que amava Lilique no amava ningum.Joo foi para o Estados Unidos, Teresa para oconvento,Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. PintoFernandesque no tinha entrado na histria. Outras notcias sobre literatura 50 livros clssicos emportugus para download grtis 120 livros acadmicos para download gratuito 30 livros de Comunicao para download grtis

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    Poemas de Carlos Drummond de Andrade -Poema da purificao31/10/2011

    Carlos Drummond de Andrade foi poeta, contista e cronista brasileiro

    Poema da purificaoCarlos Drummond de Andrade Depois de tantos combateso anjo bom matou o anjo maue jogou seu corpo no rio. As gua ficaram tintasde um sangue que no descoravae os peixes todos morreram. Mas uma luz que ningum soubedizer de onde tinha vindoapareceu para clarear o mundo,e outro anjo pensou a feridado anjo batalhador. Outras notcias sobre literatura 50 livros clssicos em portugus paradownload grtis 120 livros acadmicos para download gratuito 30 livros de Comunicao para download grtis

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    Poemas de Carlos Drummond de Andrade -Jos31/10/2011

    Carlos Drummond de Andrade foi poeta, contista e cronista brasileiro

    JosCarlos Drummond de Andrade E agora, Jos?A festa acabou,a luz apagou,o povo sumiu,a noite esfriou,e agora, Jos?e agora, Voc?Voc que sem nome,que zomba dos outros,Voc que faz versos,que ama, proptesta?e agora, Jos? Est sem mulher,est sem discurso,est sem carinho,j no pode beber,j no pode fumar,cuspir j no pode,a noite esfriou,o dia no veio,o bonde no veio,o riso no veio,no veio a utopiae tudo acaboue tudo fugiue tudo mofou,e agora, Jos? E agora, Jos?sua doce palavra,seu instante de febre,sua gula e jejum,sua biblioteca,sua lavra de ouro,seu terno de vidro,sua incoerncia,seu dio, - e agora? Com a chave na mo

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  • quer abrir a porta,no existe porta;quer morrer no mar,mas o mar secou;quer ir para Minas,Minas no h mais.Jos, e agora? Se voc gritasse,se voc gemesse,se voc tocasse,a valsa vienense,se voc dormisse,se voc consasse,se voc morresse....Mas voc no morre,voc duro, Jos! Sozinho no escuroqual bicho-do-mato,sem teogonia,sem parede nuapara se encostar,sem cavalo pretoque fuja do galope,voc marcha, Jos!Jos, para onde? Outras notcias sobre literatura 50 livros clssicos em portugus paradownload grtis 120 livros acadmicos para download gratuito 30 livros de Comunicao para download grtis

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    Poemas de Carlos Drummond de Andrade - Omundo grande31/10/2011

    Carlos Drummond de Andrade foi poeta, contista e cronista brasileiro

    O mundo grandeCarlos Drummond de Andrade O mundo grande e cabenesta janela sobre o mar.O mar grande e cabena cama e no colcho de amar.O amor grande e cabeno breve espao de beijar. Outras notcias sobre literatura 50 livros clssicos em portuguspara download grtis 120 livros acadmicos para download gratuito 30 livros de Comunicao para download grtis

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    Poemas de Carlos Drummond de Andrade -Mos Dadas31/10/2011

    Carlos Drummond de Andrade foi poeta, contista e cronista brasileiro

    Mos DadasCarlos Drummond de Andrade No serei o poeta de um mundo caduco.Tambm no cantarei o mundo futuro.Estou preso vida e olho meus companheirosEsto taciturnos mas nutrem grandes esperanas.Entre eles, considere a enorme realidade.O presente to grande, no nos afastemos.No nos afastemos muito, vamos de mos dadas.No serei o cantor de uma mulher, de uma histria.No direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.No distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.No fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.O tempo a minha matria, o tempo presente, os homens presentes,a vida presente. Outras notcias sobre literatura 50 livros clssicos em portugus paradownload grtis 120 livros acadmicos para download gratuito 30 livros de Comunicao para download grtis

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    Poemas de Carlos Drummond de Andrade - Oque Alcio v31/10/2011

    Carlos Drummond de Andrade foi poeta, contista e cronista brasileiro

    O que Alcio vCarlos Drummond de Andrade A voz lhe disse ( uma secreta voz):- Vai, Alcio, ver.V e reflete o visto, e todos captempor seu olhar o sentimento das formasque o sentimento primeiro - e ltimo - da vida. E Alcio vai e vo natural das coisas e das gentes,o dia, em sua novidade no sabida,a inaugurar-se todas as manhs,o co, o parque, o trao da passagemdas pessoas na rua, o idliojamais extinto sob as ideologias,a graa umbilical do nu feminino,conversas de caf, imagensde que a vida flui como o Sena ou o So Franciscopara depositar-se numa folhasobre a pedra do caisou para sorrir nas telas clssicas de museuque se sabem contempladaspela tmida (ou arrogante) desinformao das visitas,ou aindapara dispersar-se e concentrar-seno jogo eterno das crianas. Ai, as crianas... Para elas,h um mirante iluminado no olhar de Alcioe sua objetiva.(Mas a melhor objetiva no sero os olhos lricos de Alcio?)Tudo se resume numa fontee nas trs menininhas peladas que a contemplam,soberba, risonha, purssima foto-escultura de Alcio de Andrade,hino matinal criaoe a continuao do mundo em esperana. Outras notcias sobre literatura 50 livros clssicosem portugus para download grtis 120 livros acadmicos para download gratuito 30 livros de Comunicao para download grtis

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    Poemas de Carlos Drummond de Andrade - Abomba31/10/2011

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    A bombaCarlos Drummond de Andrade A bomba uma flor de pnico apavorando os floricultoresA bomba o produto quintessente de um laboratrio falidoA bomba estpida ferotriste cheia de rocambolesA bomba grotesca de to metuenda e coa a pernaA bombadorme no domingo at que os morcegos esvoacemA bombano tem preo no tem lugar no tem domiclioA bombaamanh promete ser melhorzinha mas esqueceA bombano est no fundo do cofre, est principalmente onde no estA bombamente e sorri sem denteA bombavai a todas as conferncias e senta-se de todos os ladosA bomba redonda que nem mesa redonda, e quadradaA bombatem horas que sente falta de outra para cruzarA bombamultiplica-se em aes ao portador e portadores sem aoA bombachora nas noites de chuva, enrodilha-se nas chaminsA bombafaz week-end na Semana SantaA bombatem 50 megatons de algidez por 85 de ignomniaA bombaindustrializou as trmites convertendo-as em balsticos

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  • interplanetriosA bombasofre de hrnia estranguladora, de amnsia, de mononucleose,de verborriaA bombano sria, conspicuamente tediosaA bombaenvenena as crianas antes que comece a nascerA bombacontinua a envenen-las no curso da vidaA bombarespeita os poderes espirituais, os temporais e os taisA bombapula de um lado para outro gritando: eu sou a bombaA bomba um cisco no olho da vida, e no saiA bomba uma inflamao no ventre da primavera

    A bombatem a seu servio msica estereofnica e mil valetes de ouro,cobalto e ferro alm da comparsariaA bombatem supermercado circo biblioteca esquadrilha de msseis, etc.A bombano admite que ningum acorde sem motivo graveA bombaquer manter acordados nervosos e sos, atletas e paralticosA bombamata s de pensarem que vem a para matarA bombadobra todas as lnguas sua turva sintaxeA bombasaboreia a morte com marshmallowA bombaarrota impostura e prosopia polticaA bombacria leopardos no quintal, eventualmente no livingA bomba podreA bombagostaria de ter remorso para justificar-se mas isso lhe vedadoA bombapediu ao Diabo que a batizasse e a Deus que lhe validasse o batismo

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  • A bombadeclare-se balana de justia arca de amor arcanjo de fraternidadeA bombatem um clube fechadssimoA bombapondera com olho neocrtico o Prmio NobelA bomba russamenricanenglish mas agradam-lhe eflvios de ParisA bombaoferece de bandeja de urnio puro, a ttulo de bonificao, tomosde pazA bombano ter trabalho com as artes visuais, concretas ou tachistasA bombadesenha sinais de trnsito ultreletrnicos para protegervelhos e criancinhasA bombano admite que ningum se d ao luxo de morrer de cncerA bomba cncerA bombavai Lua, assovia e voltaA bombareduz neutros e neutrinos, e abana-se com o leque da reaoem cadeiaA bombaest abusando da glria de ser bombaA bombano sabe quando, onde e porque vai explodir, mas prelibao instante inefvelA bombafedeA bomba vigiada por sentinelas pvidas em torrees de cartolinaA bombacom ser uma besta confusa d tempo ao homem para que se salveA bombano destruir a vidaO homem(tenho esperana) liquidar a bomba. Outras notcias sobre literatura 50 livros clssicos emportugus para download grtis 120 livros acadmicos para download gratuito 30 livros de Comunicao para download grtis

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    Poemas de Carlos Drummond de Andrade - Assem-razes do amor31/10/2011

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    As sem-razes do amorCarlos Drummond de Andrade Eu te amo porque te amo,No precisas ser amante,e nem sempre sabes s-lo.Eu te amo porque te amo.Amor estado de graae com amor no se paga. Amor dado de graa, semeado no vento,na cachoeira, no eclipse.Amor foge a dicionriose a regulamentos vrios. Eu te amo porque no amobastante ou demais a mim.Porque amor no se troca,no se conjuga nem se ama.Porque amor amor a nada,feliz e forte em si mesmo. Amor primo da morte,e da morte vencedor,por mais que o matem (e matam)a cada instante de amor. Outras notcias sobre literatura 50 livros clssicos em portuguspara download grtis 120 livros acadmicos para download gratuito 30 livros de Comunicao para download grtis

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    Poemas de Carlos Drummond de Andrade -Poesia31/10/2011

    Carlos Drummond de Andrade foi poeta, contista e cronista brasileiro

    PoesiaCarlos Drummond de Andrade Gastei uma hora pensando em um versoque a pena no quer escrever.No entanto ele est c dentroinquieto, vivo.Ele est c dentroe no quer sair.Mas a poesia deste momentoinunda minha vida inteira. Outras notcias sobre literatura 50 livros clssicos em portuguspara download grtis 120 livros acadmicos para download gratuito 30 livros de Comunicao para download grtis

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    Poemas de Carlos Drummond de Andrade - OsOmbros Suportam o Mundo31/10/2011

    Carlos Drummond de Andrade foi poeta, contista e cronista brasileiro

    Os Ombros Suportam o MundoCarlos Drummond de Andrade Chega um tempo em queno se diz mais: meu Deus.Tempo de absoluta depurao.Tempo em que no se diz mais: meu amor.Porque o amor resultou intil.E os olhos no choram.E as mos tecem apenas o rude trabalho.E o corao est seco.Em vo mulheres batem porta, no abrirs.Ficaste sozinho, a luz apagou-se,mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.s todo certeza, j no sabes sofrer.E nada esperas de teus amigos.Pouco importa venha a velhice, que a velhice?Teus ombros suportam o mundoe ele no pesa mais que a mo de uma criana.As guerras, as fomes, as discusses dentro dos edifciosprovam apenas que a vida prosseguee nem todos se libertaram ainda.Alguns, achando brbaro o espetculoprefeririam (os delicados) morrer.Chegou um tempo em que no adianta morrer.Chegou um tempo em que a vida uma ordem.A vida apenas, sem mistificao. Outras notcias sobre literatura 50 livros clssicos emportugus para download grtis 120 livros acadmicos para download gratuito 30 livros de Comunicao para download grtis

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    Poemas de Carlos Drummond de Andrade -Verbo Ser31/10/2011

    Carlos Drummond de Andrade foi poeta, contista e cronista brasileiro

    Verbo SerCarlos Drummond de Andrade Que vai ser quando crescer?Vivem perguntando em redor. Que ser? ter um corpo, um jeito, um nome?Tenho os trs. E sou?Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito?Ou a gente s principia a ser quando cresce? terrvel, ser? Di? bom? triste?Ser; pronunciado to depressa, e cabe tantas coisas?Repito: Ser, Ser, Ser. Er. R.Que vou ser quando crescer?Sou obrigado a? Posso escolher?No d para entender. No vou ser.Vou crescer assim mesmo.Sem ser Esquecer. Outras notcias sobre literatura 50 livros clssicos em portugus paradownload grtis 120 livros acadmicos para download gratuito 30 livros de Comunicao para download grtis

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