poemas

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Minha saison londrina, que encerra-se hoje, durou exatos três anos. Eis o meu hino de exilado: folhas estrelares I qua- se ria límp'da- mente em sua hímensidão not- urna meus horizontes se abriam às carícias, imprevisto o silêncio da noite que logo caía desolado: seu sorriso vermelho de repente negrejou o que era primavera? ou foi sincero espelho que logo à luz lacrimejou

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Minha saison londrina, que encerra-se hoje, durou exatos três anos. Eis o meuhino de exilado:

folhas estrelares

I

qua-

se

ria

límp'da-

mente

em sua

hímensidão

not-

urna

meus horizontes se abriam às carícias,

imprevisto o silêncio da noite

que logo caía

desolado:

seu sorriso vermelho

de repente negrejou

o que era primavera?

ou foi sincero espelho

que logo à luz lacrimejou

em nós a geada severa?

ooutonochega

c'osalvossilvares

folhasestrelares

abismoerefrega

flechasnoscalcanhares

sonhospelosares

adeus

amiga

noite

lua

rua

cômodo

escola

cansaço

& fúria

adeus, labirintos

(que nos ocupam)

adeus, asas

(que nos ocultam)

pandora e prometeu, adeus

dédalo e ícaro, hércules, adeus

ó musas, hera, diana, adeus

afrodite, safo, cecília, adeus!

II

da cor do trigo são teus olhos, teus campos

da tua boca sopra a aurora entre os grãos

até ao crepúsculo alimenta-te com tuas mãos

& à noite

teus pés pisam sendas e sais

moinhos não movem do teu sono os ais

a música das estações nos campônios festivais

cortam e colhem e amam-se sem aprumos gramaticais

amores infantis se desmancham nos brilhos do sol perto do cais

e esta nova manhã, não voltará nunca mais; como nunca antes, serenais

III

Abrir os olhos. Ver.Olhos são diamantes.

Cristais. Prismas

Polidos, à luz do sol, refletem.

IV

seduziste a onda

entrando no mar

confundiste a tua voz

com a música das ondas do mar

conchas brancas e rosadas

espalham-se na areia

estrelas-do-mar

colhemos pela manhã

II

Aniversário da Jasmim

de ar

úmidas

transparentes

essas bolhas

tão puras

vitrais

em movimento

sem cacos, partidas

somem num

momento

fugazes

caem no esque-

cimento deslizam

pelos ares

ágeis

seus brilhos

lilazes

a graça eterna

que num segundo

desperta

da infância

balões coloridos

pupilas de gato

doces de

algo-

dão

raios de sol

nesta lua cintilante

pequeno mundo

de

fantasia

errante

leve

e ágil bolha de

sabão

oito haikais

1

folhas estrelares

bolhas de sabão

encontram-se pelos ares

2

dente-de-leão,

jasmim assopra:

mil fadinhas pelo ar.

3

sapatinho florido

confetes e bexigas

suquinho de maçã

4

flutuam teus cabelos

quando caminhas

enrodilhadas gavinhas

eu, uma joaninha.

5

geada de manhã

na folha de hortelã

chá no outono

6

o vestidinho florido

com renda e babado

gira alegre ciranda

7

morrão de terra vermelha

jasmim, descalça e vestidinho

descemos escorregando

brilham os olhos do pai

8

olhar tímido.

atrás do palco,

a bailarina.

III

um professor que coleciona fotos de suas alunas

uma solteirona frígida e reclamona

o casal contente e tranquilo em sua propriedade

a eficiente gerente da loja de doces

travestis, transexuais e intersexuais flanam

o comerciante bonachão, a madre vigilante

&c

IV

Essa agressividade que não é minha,

Por que a tenho se não é minha?