Poema Premonitório Alberto Cohen Quando o tempo estiver a serviço de outras vidas, uma indagação...
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Poema Premonitório
Alberto Cohen
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Quando o tempo estiver a serviço de outras vidas, uma indagação emoldurada de certezas,
restará detrás da porta, no punho da rede, em olhos amedrontados no fundo do espelho:
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Onde findou o caminho de andar de mãos dadas?
As paredes não terão respostas nas cores desbotadas e as flores, emudecidas flores, estarão no passado, belas e eternas, símbolos da ausência nos vasos vazios.
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O sorriso esquecido, submerso num copo com água,
rirá para sempre dos sonhos, dos
planos, das gargalhadas,
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e nas gavetas a solidão das vestes de um só corpo aguardará,
inutilmente, a solidão de suas
metades.
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Um zelador de lembranças ajuntará meias-verdades, frases presumidas, dores pressentidas,
cartas amareladas, em poemas com
sabor de coisas muito antigas.
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E as andorinhas voltarão para a sacada?
E a canoinha do quadro torto na
parede, quando atravessará o rio?
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Poema PremonitórioAlberto Cohen
Quando o tempo estiver a serviço de outras vidas,
uma indagação emoldurada de certezasrestará detrás da porta, no punho da rede,em olhos amedrontados no fundo do espelho:Onde findou o caminho de andar de mãos dadas?As paredes não terão respostas nas cores
desbotadase as flores, emudecidas flores, estarão no
passado,belas e eternas, símbolos da ausência nos vasos
vazios.
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O sorriso esquecido, submerso num copo com água,rirá para sempre dos sonhos, dos planos, das
gargalhadas,e nas gavetas a solidão das vestes de um só corpoaguardará, inutilmente, a solidão de suas metades.um zelador de lembranças ajuntará meias-verdades,frases presumidas, dores pressentidas, cartas
amareladas,em poemas com sabor de coisas muito antigas.E as andorinhas voltarão para a sacada?E a canoinha do quadro torto na parede,quando atravessará o rio?
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Alberto Cohen
Formatação: Cláudia L. MoraesImagens: InternetMúsica: Para Elisa
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