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    Estratgia de Sade da Famlia: Cultura e sade na construo de um novomodelo de ateno bsica no bairro Morrinhos em Montes Claros Minas Gerais/

    Brasil.( Eixo temtico: Poblacin, Movilidad e Identidad cultural)

    (Autora) Yara Maria Soares Costa da Silveira [email protected] (co-autor) Jlio Csar Lima Ramires

    [email protected](co-autora) Thaisa Pereira da Silva

    [email protected]

    Objetivo: Verificar se o novo modelo da ateno primria sade tem proporcionadomudanas de mentalidade e cultura da populao adstrita na micro-rea 01 e as

    contribuies percebidas pela prpria comunidade na melhoria da sade atravs dosservios prestados pela Estratgia Sade da Famlia ESF, como porta de entrada parao Sistema nico de Sade - SUS. A metodologia utilizada foi de carter quanti-qualitativa e constou de pesquisa bibliogrfica, aplicao de questionrio semi-estruturado a 25% da populao adstrita no territrio, alm de entrevistas no dirigidas.Utilizou-se observaes nas visitas a campo, anlise documental, elaborao de mapas,grficos e tabelas. O estudo poder contribuir na verificao dos avanos e aplicativos

    do novo modelo de ateno bsica, sob a ptica dos entrevistados, nas questesrelacionadas cultura e sade. O bairro Morrinhos antigo, sem planejamento. Suaurbanizao iniciou-se a partir de 1980 e possui diversidades culturais sociais prprias.A ESF foi implantada em 2006 com a criao de trs equipes multiprofissionais paraatender a demanda local, concernentes ateno primria, baseando-se nos princpiosda Universalidade, Equidade, Descentralizao, Integridade, Hierarquizao,Regionalizao, Controle Social e Participao Complementar do setor privado.

    Palavras-chave: cultura, sade, Estratgia Sade da Famlia, ateno primria.

    INTRODUO

    A sade nas sociedades da Antigidade obedecia a contextos culturaissingulares, baseados no holismo. Depois da Idade Mdia, renasce o interesse pelomundo material e o homem passa a ser visto como centro do universo, em contraposioao divino e sobrenatural. D-se a revoluo intelectual, poca de importantesconquistas no campo filosfico e da cincia. Os sculos XVI e XVII foram marcados

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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    pelo surgimento de novo paradigma, a Revoluo Cientfica. Nela a produo dacincia fica restrita a fenmenos matemticos e quantificveis, repercutindo nainstalao do modelo de sade que substituiu a concepo holstica do Universo pelanoo de mundo mquina. BURKE (1989) afirma que, com a consolidao do positivismo nos fins do sculo XIX e incio do sculo XX, ocorreu ruptura doconhecimento metafsico e nfase no desenvolvimento da pesquisa experimental. Oscientistas passam a priorizar o corpo humano e a assistncia sade passa a seguir aorientao cartesiana e mecanicista,que permanece na Contemporaneidade. Osurgimento da medicina cientfica ficou marcado por prticas assistenciaisindividualistas, centradas na figura do mdico, dependncia de recursos tecnolgicos econsultas clnicas especializadas. O conceito de sade foi considerado sob a ptica biolgica como ausncia de doenas. Com o advindo da globalizao, no terceiromilnio, o neoliberalismo e posteriormente o capitalismo produz uma sociedade cadavez mais competitiva e produtiva (CORREA, 2000). Tal fato, somado aos avanos datecnologia, deixa o homem mais vulnervel aos riscos adicionais relacionados aotrabalho, sade , ambiente e ainda gera desigualdade, excluso e restrio aos acessos de bens e servios indispensveis. Ficando evidente a multicausalidade das doenas, estemodelo tecnicista no foi capaz de responder s necessidades de sade do mundo

    moderno, devido s paliatividades das solues, deixando as anlises causais de lado,surgindo a necessidade de reestruturar nova maneira de enfrentar os problemasrelacionados sade. (Santos, 2008)

    As concepes modernas de sade implicam consider-las em sua positividade, muito alm, portanto, de suas conseqncias imediatas,indicadas negativamente, como doena, seqela ou morte. Sade , ento,resultado de um processo de produo social que expressa a qualidade devida de uma populao, entendendo-se qualidade de vida como uma condiode existncia dos homens no seu viver cotidiano, um viver desimpedido,um modo de andar a vida prazeroso, seja individual, seja coletivamente.

    (MENDES, 1999, p. 237)

    O modelo assistencial da ateno primria, materializada na Estratgia Sade daFamlia, do Sistema nico de Sade (SUS), aps a Constituio Federal do Brasil de1988, vem tentar quebrar o paradigma hegemnico centralizador com o objetivo dereorganizar os sistemas de sade no Brasil.

    ESTRATGIA SADE DA FAMLIA

    Roncolleta (2003) apud Besen (2007) ressalta que a Estratgia da Sade daFamlia (ESF) teve incio em meados de 1993, sendo regulamentado de fato em 1994,

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    como uma estratgia do Ministrio da Sade (MS) para mudar a forma de prestao deassistncia, e que visava estimular a implantao de um novo modelo de ateno primria que resolvesse a maior parte (cerca de 85%) dos problemas de sade. Este programa tem como objetivo priorizar aes de preveno, promoo e recuperao dasade das pessoas de modo contnuo, agindo tambm na preveno das doenas. Dentroda Estratgia da Sade da Famlia (ESF), o acompanhamento dos pacientes feitoatravs das Unidades Sade da Famlia (USF) e tambm nos domiclios, onde osagentes, juntamente com outros profissionais da sade, fazem visitas mensais paraacompanhamento dos casos de doenas crnicas como hipertenso, diabetes, doenascardacas, entre outras. Assim, esses profissionais e a populao acabam por criaremvnculos de co-responsabilidade, o que acaba por facilitar a identificao e oatendimento dos problemas de sade da comunidade. Roncolleta (2003) ressalta que necessria a vinculao dos profissionais com a comunidade, alm da perspectiva de promoo de aes intersetoriais. A cidade de Montes Claros possui, atualmente, 73equipes completas da Estratgia de Sade da Famlia, segundo Caldeira (2007). Estesnmeros representam 58,3 % de cobertura da ESF no municpio de Montes Claros.

    CARACTERIZAO DA REA DE ESTUDO

    Mapa 01: Localizao do bairro Morrinhos na cidade de Montes Claros - MG.

    Fonte; SIST COORDENADAS URM; ZONA 23 DATUM SAD-69; SEPLA, 2005. Organizao: Silveira, 2010.

    Como demonstrado no mapa 01, o bairro Morrinhos, onde est inserida a Microrea I, objeto desta pesquisa, localiza-se na rea central da cidade de Montes Claros,

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    MG/Brasil. H na macro-rea do bairro 9.751 pessoas cadastradas na base de dados daUSF, sendo subdivididas em trs meso-reas de abrangncia. Cada meso-rea composta por seis micro-reas sob a responsabilidade de uma equipe multiprofissional.(Borges, 2007). Os critrios de classificao das micro-reas seguem o perfilsocioeconmico e sanitrio do bairro.Os mapas 02 e 03 a seguir mostram as micro-reasde atuao da ESF no Bairro Morrinhos e a localizao da micro rea I:Mapa 02: rea de atuao da ESF Morrinhos dividida em Micro-rea

    Fonte; SIST COORDENADAS URM; ZONA 23 DATUM SAD-69; SEPLA, 2005. Organizao: Silveira, 2010.

    Mapa 03: Localizao da Micro- rea 01 do ESF no Morrinhos

    Na micro-rea I esto cadastradas 145 famlias, de acordo com os dadosfornecidos pela Secretaria Municipal de Sade da Prefeitura de Montes Claros/2010,distribudos em 43% do sexo feminino e 57% do sexo masculino, em que a faixa etriacom maior quantidade de indivduos a dos adultos, totalizando 59%.

    A partir dos dados coletados verificou-se que as famlias vivem em boascondies sanitrias. Sobre a infra-estrutura, observou-se que 100% dos pesquisadosso abastecidos com gua tratada e rede de esgoto; 94% das famlias utilizam dafiltrao como a nica forma de tratamento de gua em seus domiclios e 6% destasconsomem a gua sem nenhum tratamento. Ainda sobre a micro-rea verificou-se que100% dos domiclios se servem da coleta de lixo pblica como destino final dos seusresduos. No que se refere s residncias, observou-se que 100% delas so de alvenariae usam energia eltrica.

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    Fonte; SIST COORDENADAS URM; ZONA 23 DATUM SAD-69; SEPLA, 2005. Organizao: Silveira, 2010.

    METODOLOGIAA metodologia utilizada na elaborao deste artigo teve como suporte a

    pesquisa a campo de carter quali-quantitativo. A pesquisa quantitativa utiliza tcnicasestatsticas e normalmente consiste na aplicao de questionrios. Neves (1996) afirmaque os estudos quantitativos geralmente procuram seguir um plano previamente

    estabelecido, dizendo ainda que a pesquisa quantitativa enumera e mede eventos,utilizando instrumentos estatsticos no momento de anlise dos dados.

    Este trabalho tem como objetivo geral verificar se o novo modelo daateno primria sade tem proporcionado mudanas de mentalidade e cultura da populao adstrita na micro-rea 02 e as contribuies percebidas pela prpriacomunidade na melhoria da sade, atravs dos servios prestados pela Estratgia Sadeda Famlia -ESF , como porta de entrada para o Sistema nico de Sade SUS.

    Para tentar alcanar os objetivos deste trabalho, foi feita reviso bibliogrfica e a seguir realizou-se pesquisa de campo com 15 famlias da micro-rea01/ Equipe 02, que representam 25% das que mais utilizam os servios oferecidos pelaESF. A pesquisa de campo foi efetuada com entrevistas dirigidas por questionriossemi-estruturados, que foram as principais fontes de informao.

    Foram, ainda, levados em considerao os depoimentos obtidos atravs decomentrios dos moradores pesquisados entre uma pergunta e outra. Os dados

    secundrios coletados pela Secretaria Municipal de Sade de Montes Claros mostraram-se imprescindveis para se caracterizar a rea de estudo. Utilizaram-se ainda tcnicas de

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    geoprocessamento para a elaborao de mapas e outros softwares para processamentodos dados da pesquisa e construo dos grficos.

    ANLISE E DISCUSSO DOS RESULTADOS

    1.PERFIL SOCIOECONMICO E UTILIZAO DOS SERVIOS DE SADEA pesquisa consistiu em fazer levantamento do perfil socioeconmico dos

    entrevistados e quais servios oferecidos pela ESF que mais utilizam com a finalidadede traar o perfil da clientela. Posteriormente foi identificado o nvel de satisfao dosusurios concernente a infra-estrutura, relao usurio-equipe sade da famlia eresolutividade dos servios oferecidos. Esse processo consistiu em conhecer asseguintes variveis: sexo, idade, escolaridade, se possui ou no plano de sade e quais

    os servios oferecidos pela ESF que eles mais utilizam , alm de conhecer qual o ponto de vista dos clientes em relao assistncia a sade antes e depois daimplantao da ESF.

    Grfico 01: Nvel de escolaridade dos usuarios Grfico 02: Distribuio percentual dos usurios participantes da pesquisa. Org.: Silva, 2011. que possuem ou no plano de sade.Org.: Silva, 2011

    possivel destacar nos grficos 01 e 02 que o grau de escolaridade predominante de nivel mdio completo e ensino fundamental incompleto, bem comoque mais da metade dos entrevistados no possui nenhum plano de sade , fator que estdiretamente ligado ao nvel de escolaridadeque gerar menor percentual socio-econmico, e at mesmo a excluso social naquesto relacionada a sade, donde se concluique a ESF de suma importncia para a suauniversalizao, o que vem reforar tambmos dados mostrados no grfico 04, todosusufruindo os servios pblicos da ESF. Figura 1: Atividades de educao em sade

    na USF. Autor: Silva, 2011.

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    Grfico 03:Distribuio de faixa etria e sexo. Grfico 04: Entrevistados que utilizamOrg.:Silva,2011. os servios da USF.Org.:Silva,2011.

    Em relao faixa etria dos entrevistados, na sua maioria so adultos e do sexofeminino, embora todos utilizam os servios oferecidos pela ESF. Como demonstra ogrfico 05, os principais servios utilizados pelos usurios da USF so consultasmdicas agendadas e de urgncia, visitas domiciliares e outros procedimentos comoaferio de Presso Arterial (P.A) e glicose, vacinas, curativos, etc.

    Grfico 05: Distribuio percentual dos usurios participantes da pesquisa segundo servios utilizados naUnidade Sade da Famlia, na micro-rea 01/ Equipe 02 no bairro Morrinhos em Montes Claros/MG.Org.:Silva, 2011.

    2. INFRA-ESTRUTURA

    Quanto infra-estrutura, na percepo dos usurios, os grficos de 06 e 07demonstram que a maioria dos entrevistados esto satisfeitos com a aparncia eestrutura fsica da USF, no que concerne a percepo visual, sonora, olfativa nos itens:limpeza, conforto, nmero de salas, distribuio e tamanho das mesmas. E quanto aoestado e conservao da Unidade de Sade confirmam tambm o nvel positivo desatisfao nos seguintes itens: moblia, organizao do espao fsico, escadas, rampas, banheiros, equipamentos.

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    Grfico 06: Distribuio percentual dos usurios da Grfico 07: Distribuio percentual dos usurios pesquisa segundoaparncia fsica da USF. da pesquisa segundo o estado e conservao da USF.Org.:Silva,2011. Org.: Silva,2011.

    Os grficos 07 e 08 permitiram identificar que 66% dos clientes da ESFconsideram boa a disponibilidade para realizao dos procedimentos, como por

    exemplo, aferio de presso e glicose, curativos, aplicao de medicamentos e vacinas, principalmente em campanhas. Em contrapartida, os mesmos avaliaram que emborahaja disponibilidade de estrutura na realizao dos procedimentos, h um dficit demateriais, principalmente para curativos, e tambm recursos humanos para atender ademanda. Alguns usurios chegam a comprar materiais como soro, gaze ou esparadrapo para procedimentos realizados na USF.

    Grfico 08: Disponibilidade de recursos humanos Grfico 09: Disponibilidade para procedimentos.e materiais para precedimentos. Org.: Silva.2011. Org.: Silva,2011.

    A quantidade e qualidade de equipamentos disponiveis na USF, soconsideradas satisfatrias segundo os entrevistados, com bom nmero de aparelhosdisponiveis para aferir P.A, ou glicose, balanas, macas, cadeiras, bebedouros, etc.Quanto privacidade no atendimento, percebe-se um elevado nvel de satisfao por parte dos clientes.

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    Grfico 10 :Qualidade e quantidade de Grfico 11: Privacidade no atendimento.equipamentos na USF. Org.: Silva, 2011. Org.: Silva,2011.

    3. RELAAO USURIO-EQUIPE DE SADE DA FAMLIA

    A qualidade da assistncia relacionada aos profissionais da enfermagem foi avaliadacomo positiva (bom) tanto para as tcnicas em enfermagem quanto para a enfermeira. O

    que demonstrou competncia e qualidade tcnica da equipe.

    Grfico 12:Atendimento por parte dos Grfico 13: Atendimento por parte daTcnicos de enfermagem. Org.: Silva,2011. Enfermeira. Org.: Silva, 2011.

    Nos grficos 13 e 14 ,os resultados da avaliao se assemelham com os grficosanteriores, mas apesar do esforo dos profissionais, o nmero de mdicos, dentistas,enfermeiros e tcnicos, segundo os entrevistados, ainda insuficiente para atender ademanda com agilidade necessria sade. Apesar deste quadro, as consultas eatendimentos acontecem obedecendo os critrios de prioridade.

    Grfico 14: Atendimento por parte do Grfico 15: Atendimento por parte dosMdicos. Org. Silva, 2011. dentistas. Org. Silva , 2011.

    A qualidade de assistncia otimizada na Unidade de Sade est relacionada aoferta dos servios de sade disponibilizados. Neste prisma , a competncia dos

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    profissionais est intrinscicamente ligada qualidade dessa assistncia. Observa-se queem todo o trabalho desenvolvido pela equipe da ESF, os clientes preferem , no caso do bairro Morrinhos, Montes Claros MG/Brasil, os servios pblicos, preterindo os privados, no apenas pela falta de condies socioeconmicas, tambm pela boaqualidade que usufruem dos mesmos, no sentido de terem satisfao , liberdade, praticidade, segurana e confiabilidade nos atendimentos. Para Merly (1994), bemsimblico para o usurio e algo considerado indispensvel e singular na vida dosmesmos. Starfield (2002) confirma os escritos de Merly , reforando que o senso deconfiana no profissional produz nos usurios mais conforto nos relatos importantes por eles prestados e resposta positiva s orientaes do profissional. Diante das questesaqui relatadas pelos pesquisadores sobre a relao usurio e a equipe de Sade daFamlia, preciso levar em considerao os resultados no satisfatorios das avaliaesdos profissionais em geral, confirmadas atravs dos resultados demonstrados nosgrficos, pois nota-se que ainda h muito para melhorar em diversos requisitos daassistncia primria.

    Grfico 16: Competncia e qualidade tecnica Grfico 17: Esclarecimentos oferecidos poelosda equipe de Saude da Familia. Org.: Silva, 2011. profissionais da USF. Org.: Silva, 2011

    A pesquisa ainda possibilitou conhecer que as famlias estao satisfeitas com otrabalho da Agente Comunitria de Sade (ACS) que visita suas casas. Osentrevistados relataram que no trabalho da ACS h uma relao de responsabilidade, devnculo afetivo, amizade, eficincia , conduta ilibada, alm de conhecimento do modeloassistencial vigente. Vide grficos 18 e 19.

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    Grafico 18: O trabalho realizado pela agente Grfico 19: Relacionamento entre a equipe sadecomunitria de Sade. Org.: Silva, 2011. da famlia e usurio.

    4. RESOLUTIVIDADE

    O Ministrio da Sade (2001) esclarece que a resolutividade relaciona-se competncia dos diversos nveis de ateno, dentro do limite de capacidade de enfrentar e solucionar os problemas ligados sade, apresentados pela populao. Merly (1994)infere que a resolutividade nas aes no apenas uma conduta, mas a capacidade que o profissional dispe de utilizar tecnologias adequadas disponveis no diagnstico etratamento de cada usurio, o que resultar em satisfao do mesmo. Apesar de 34 %dos entrevistados no estarem satisfeitos com a resoluo das suas queixas quando procuram a Unidade de Sade, em contraposio, 66 % sentem-se satisfeitos nestequesito. Quanto capacidade de comunicao com a equipe, verifica-se que a USF temcumprido seu papel, visto que 87 % dos usurios reconhecem que boa ou excelente acomunicao entre eles e a equipe, o que vem confirmar o feed-back entre ambos.Apenas 13 % responderam ser regular, fato relevante quanto s crticas citadas por eles.

    Grfico 20: Problema de sade resolvido quando Grfico 21: Capacidade de comunicao com os procura a USF. Org.: Silva,2011. membros da equipe. Org.: Silva, 2011.

    Fez parte da pesquisa conhecer qual era a concepo dos entrevistados quanto aoconceito de promoo sade, pois esta a mxima da ESF e suas atividades so, emsua maioria, voltadas para promover a sade das famlias que a USF atende. Neste

    contexto, 54% respondeu saber o que promoo de sade. Para eles, promover sadesignifica:

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    na estar doente(usurio 1- idosa) ausncia de doenas (usurio 2 - adulto) cuidar da sade (usurio 3 idosa)fazer atividades fsicas e ter uma alimentao saudvel(usurio 4 - idoso)

    promover campanhas, divulgar e prevenir. (usurio 5- adulta apresentar formas saudvel de viver.(usurio 6 adulta) o equilibrio fisico, mental, social e espiritual. ter qualidade de vida.(usurio 7- adulta) estar disposta, trabalhar ,ter lazer e ter relacionamentos. (usurio 8-adulta)

    Grfico 22: O que promover sade? Grfico 23: Participa de atividades de promoo a sadeOrg.:Silva, 2011. oferecidas pela ESF? Org.: Silva, 2011.

    A noo de promoo de sade dos entrevistados que responderam saber oseu significado, demonstrou que este conceito vem sendo reformulado de acordo com as possibilidades de ampliarem e aprimorarem seus conhecimentos, que aos poucos vosendo adquiridos no convvio e freqncia das atividades educativas promovidas pelaequipe de sade da famlia. Embora saibam que as atividades de promoo sadefazem parte da rotina da USF, somente 40% participam de pelo menos alguma delas. Nota-se que grande (60%) o nmero de pessoas que no aderiram a nenhum grupo deeducao continuada. Mas os pesquisadores perceberam que j existe umasensibilizao por parte dos mesmos. Os depoimentos relatados esto diretamenteligados ao estilo de vida que as famlias possuem, demonstrando a sua identidadecultural. J o conceito utilizado pela Conferncia Internacional sobre Promoo deSade em Ottawa (1986), traz a idia de que sade sinnimo de qualidade de vidacomo resultado de um complexo processo ligado a diversos fatores, tais como aalimentao, a justia social, o ecossistema, renda e educao.

    Promoo da sade o nome dado ao processo de capacitao da

    comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e sade,incluindo uma maior participao no controle deste processo. Para atingir um estado de completo bem-estar fsico, mental e social os indivduos e

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    grupos devem saber identificar aspiraes, satisfazer necessidades emodificar favoravelmente o meio ambiente. A sade deve ser vista como umrecurso para a vida, e no como objetivo de viver. Nesse sentido, a sade um conceito positivo, que enfatiza os recursos sociais e pessoais, bem comoas capacidades fsicas. Assim, a promoo da sade no responsabilidadeexclusiva do setor sade, e vai para alm de um estilo de vida saudvel, na

    direo de um bem-estar global. (OTTAWA, 1986)

    No Brasil este conceito serviu de base ideolgica para se desenvolver aEstratgia Sade da Famlia como um modelo de reorganizao dos servios daAteno Primria. Cabe aqui inferir que compreender esse conceito possibilita maior esclarecimento da finalidade das aes e atuao na ESF.

    Figura 01: Frente da USF Morrinhos (superior-esquerda), recepo (superior-centro), atendimento mdico(inferior-esquerda), acompanhamento de crescimento e desenvolvimento da criana (inferior-centro) eatendimento odontolgico (direita).Autor: SILVA, T., 2011.

    CONSIDERAES FINAISA proposta do ESF busca compreender a famlia em seu prprio espao

    social, atravs de ferramentas do campo da promoo de sade, para a construo deambientes familiares mais saudveis, compreendendo seus contextos socioeconmicos,culturais e psicolgicos. A Unidade Bsica de Sade da Famlia (UBS) considerada a porta de entrada para o acesso da ateno primria, devendo ela estar integrada a outrosservios de diferentes nveis de complexidade, formando, assim, um conjunto

    complementar que garanta resolutividade e permita que os pacientes sejamacompanhados continuamente (BRASIL, 2001).

    Entende-se que verificar quais as contribuies percebidas pela comunidadena melhoria da sade atravs dos servios prestados pela ESF, como porta de entrada doSistema nico de Sade (SUS), atravs de um novo modelo de ateno primria decisrio na melhoria das aes desenvolvidas pelos gestores municipais responsveis pelos servios.

    Dentre os aspectos avaliados possvel inferir que nas questes relativas infra-estrutura e aparncia fsica da USF, os entrevistados as avaliaram positivamente.

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    Tambm nas relaes desenvolvidas entre equipe e usurios, os resultados foramsatisfatrios pois enquadram nos princpios de humanizao do SUS.

    Quanto resolutividade dos aspectos avaliados, existe comprometimento por parte da equipe profissional em resolver as situaes que lhes so peculiares, pormh dficits que precisam ser revistos e aperfeioados, em especial no que concerne asrelaes de comunicao usurios e equipe.

    Pode-se inferir ainda que famlias ainda no valorizam o esforodesenvolvido na USF para a promoo da sade, fato que foi possvel constatar nosgrficos de freqncia e adeso das atividades de aes em sade. preciso maior dinamizao na divulgao por parte da USF sobre a importncia das atividadeseducativas como uma das garantias de efetivao e materializao da promoo dasade das famlias.

    Estudos que visam avaliar a assistncia a sade pelos usurios devem ser reconhecidos no dia-a-dia dos seus profissionais, bem como no mbito acadmico, pois poder auxiliar o cotidiano das aes e gesto dos servios de sade. Neste sentido,cumprir-se- o exerccio da cidadania e assegurar um direito constante na Lei Orgnicada Sade, LEI 8.142/90 ( Brasil ,1990).

    REFERNCIAS

    BURKE, P. A cultura popular na idade moderna. S. Paulo, Cia. das Letras, 1989.

    BESEN, B.C. A Estratgia Sade da Famlia como Objeto de Educao em Sade.Revista Sade e Sociedade v.16, n.1, p.57-68, jan-abr 2007.

    RONCOLLETA, A.F.T. et al. Princpios da medicina de famlia. So Paulo:Sombramfa, 2003.

    BORGES, M. D. Processo de re-territorializao do Programa Sade da famlia do bairroMorrinhos Equipe I. Relatrio de Estgio Curricular do Curso de Enfermagem.Universidade Estadual de Montes Claros, Centro de Cincias Biolgicas e da Sade,Departamento de Enfermagem, 2007.

    NEVES, J. L. Pesquisa qualitativa: caractersticas, espectativa e possibilidade. Cadernode Pesquisas em Administrao, So Paulo, v. 1, n. 3, p.1-5, 1996.

    CALDEIRA, A.P. et al. Conhecimentos e prticas de promoo do aleitamento maternoem Equipes de Sade da Famlia em Montes Claros, Minas Gerais, Brasil. Cad. SadePblica, Rio de Janeiro, 23(8):1965-1970, ago, 2007.

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    BRASIL. Ministrio da Sade. Departamento de Ateno Bsica. Guia Prtico doPrograma de Sade da Famlia. Braslia, 2001. 128 p.

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    CORREA, V. Globalizao e Neoliberalismo: o que isso tem a ver com voc professor?Rio de Janeiro: Quartet, 2000.

    ______. Uma Agenda para a Sade. 2 ed. So Paulo: Hucitec, 1999a. 300 p.

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