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DEMOCRACIA PLEITO | ESCOLHA CONSCIENTE É FUNDAMENTAL PARA EXERCÍCIO DA CIDADANIA Eleições 2012: seu voto constrói a sua cidade Leonardo Meira [email protected] Sabe aquele buraco que já fez aniversário na rua de sua casa? Ou a merenda escolar que não chega até a boca das crianças de sua cidade na quantidade que deveria? Saiba que a solução para todos esses problemas está na palma de sua mão. Ou melhor, na ponta de seus dedos. No dia 7 de outubro, acontecerá mais uma eleição municipal. É nesse momento que o eleitor teclará na urna eletrônica os números dos candidatos a prefeito e vereador que conduzirão os rumos do município pelos próximos quatro anos. Mas o desempenho desses representantes costuma ter consequên- cias que duram bem mais do que isso. As eleições municipais têm a carac- terística de trazerem os temas para mais perto do dia a dia da população. Exatamente por isso é tão importante saber usar bem o voto. Vale a pena ficar ligado na propaganda eleitoral, que está liberada desde o último dia 6, e também consultar subsídios, como o que uma série de entidades vincu- ladas à CNBB organizou: a cartilha Eleições municipais 2012: cidadania para a democracia. “O município é onde a gente mora, trabalha, estuda, educa os filhos, diver- te-se, busca atendimento de saúde e outros serviços necessários à vida cotidiana. É na política municipal que começa a participação cidadã: a escolha de quem vai aplicar as políticas públi- cas”, esclarece o doutor em Sociologia pela Université Catholique de Louvain, na Bélgica, e professor do mestrado em Ciências da Religião da PUC-Minas Pedro Ribeiro de Oliveira. Já não é novidade que a atual estru- tura do Estado e da própria democracia encontra-se em crise, ou seja, já não consegue responder aos questiona- mentos, demandas e ânsias da popu- lação. É aí que a Doutrina Social da Igreja pode iluminar o agir cristão para que aconteça um reencantamento com a política. “Há algo que distingue o cristão: a esperança. É compreensível que o círculo vicioso de corrupção e desman- do no trato com a coisa pública gere desencanto, desalento nas pessoas, especialmente nos jovens, em relação à política. Como vencer isso? Reno- vando estruturas e pessoas. De que forma? Participando e militando poli- ticamente. O ensino social da Igreja é para nós, cristãos, iluminador, porque nos permite enxergar o agir de Cristo como uma condenação às estruturas de morte e indicação de caminhos de vida”, afirma o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, Justiça e Paz da CNBB, dom Guilherme Werlang. Já o presidente do Conselho Nacio- nal do Laicato do Brasil (CNLB), Laude- lino Augusto dos Santos Azevedo, admite que, “neste campo, é preciso reconhecer que os cristãos estão devendo e muito à nação brasileira. O campo político está apodrecido devido à ausência do ‘sal, luz e fermento’ que nós cristãos deve- ríamos ser. A Doutrina Social da Igreja nos ensina, prepara e incentiva para, em comunidade, atuarmos concretamente”. A participação política acontece desde os círculos de conversas com os amigos sobre temas diversos até atividades mais engajadas, como associar-se em grupos e movimentos para reivindicar direitos e demandas populares. “As reuniões das pastorais, das comunidades eclesiais de base, dos movimentos cristãos, também podem ser entendidas como uma forma de participação política, pois são espaços nos quais a fé e a política entrelaçam-se”, explica o coordenador do grupo gestor do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da Arquidiocese de Belo Horizonte e da PUC-Minas, Robson Sávio Reis Souza. Cristãos Participar do processo político reveste-se de ação missionária para os cristãos. “O Reino de Deus constrói- -se também pela mediação política, entendida como a construção do bem comum e a prática da solidariedade e da fraternidade”, acredita dom Werlang. Já o Concílio Vaticano II, no decre- to Apostolicam Actuositatem – sobre o apostolado dos leigos –, afirmava que “o cristão na política abre caminho para o Evangelho” (n. 14). “Este é o signi- ficado do cristão participar do proces- so político: abrir caminho para que a Boa-Nova da vida em abundância, a educação, a saúde, a moradia digna, o trabalho e o salário justo, o lazer, a segurança, a cidadania sejam assegu- rados para todos”, explica Azevedo. O cristianismo não pode ser reduzido a um conjunto de rituais ou de normas éticas que regulam a vida. “Ele é também uma proposta de sociedade conforme o projeto divino, uma sociedade justa e pacífica que Jesus chamou de Reino de Deus. A pessoa que limita sua vida cristã à esfera privada reduz o cristianismo a uma forma de autoajuda, porque descarta sua dimensão profética e transformadora do mundo”, destaca o sociólogo Oliveira. Confira as entrevistas na íntegra e saiba mais sobre o assunto. Acesse http://bit.ly/js_eleicoes2012 O Poder Executivo diz respeito às instân- cias de poder que tomam decisões, mas também executam e apli- cam as decisões do parlamento. São elas: presidente da República, governador de Estado, prefeito. O prefeito é o chefe do governo municipal. A ele compete, dentre outras funções: • Exercer a direção da adminis- tração municipal com as secretarias municipais e outros órgãos auxiliares. • Sancionar e vetar projetos de lei municipal. • Expandir decretos e regulamen- tos municipais. • Nomear e exonerar secretários. • Encaminhar ao Tribunal de Contas sua prestação de contas. • Apresentar relatório sobre o anda- mento das obras. O Poder Legislativo é a instância de representação do povo, traba- lhando na fisca- lização do Poder Executivo e na apresentação e votação de leis e projetos. É formado pelos senadores, deputados federais e esta- duais e vereadores. O vereador é o membro da Câma- ra Municipal. Ele elabora e vota as leis municipais. Compete também ao vereador: • Legislar sobre assuntos de inte- resse local. • Suplementar a legislação federal e estadual. • Legislar sobre tributos munici- pais. • Apresentar projetos de lei, decre- tos legislativos, resoluções e emendas. • Formular requerimentos, moções, indicações; • Emitir pareceres. • Participar de debates e vota- ções. • Eleger a mesa diretora da Câmara de Vereadores e das comis- sões. • Elaborar o Regimento Interno da Câmara Municipal. • Comparecer às sessões plená- rias. • Comparecer às reuniões das comissões. • Votar as proposições submeti- das à deliberação da Câmara Muni- cipal. FUNÇÕES De cima para baixo em sentido horário: Dom Guilherme Werlang, Pedro Ribeiro de Oliveira, Laudelino Augusto dos Santos Azevedo e Robson Sávio Reis Souza Arquivo Pessoal Arquivo Pessoal Leonardo Meira / JS Raquel Ribeiro / Arquivo Pessoal JORNAL SANTUÁRIO DE APARECIDA • 8 DE JULHO DE 2012 8

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DEMOCRACIA

PLEITO | ESCOLHA CONSCIENTE É FUNDAMENTAL PARA EXERCÍCIO DA CIDADANIA

Eleições 2012: seu voto constrói a sua cidade

Leonardo [email protected]

Sabe aquele buraco que já fez aniversário na rua de sua casa? Ou a merenda escolar que não chega até a boca das crianças de sua cidade na quantidade que deveria? Saiba que a solução para todos esses problemas está na palma de sua mão. Ou melhor, na ponta de seus dedos.

No dia 7 de outubro, acontecerá mais uma eleição municipal. É nesse momento que o eleitor teclará na urna eletrônica os números dos candidatos a prefeito e vereador que conduzirão os rumos do município pelos próximos quatro anos. Mas o desempenho desses representantes costuma ter consequên-cias que duram bem mais do que isso.

As eleições municipais têm a carac-terística de trazerem os temas para mais perto do dia a dia da população. Exatamente por isso é tão importante saber usar bem o voto. Vale a pena ficar ligado na propaganda eleitoral, que está liberada desde o último dia 6, e também consultar subsídios, como o que uma série de entidades vincu-ladas à CNBB organizou: a cartilha Eleições municipais 2012: cidadania para a democracia.

“O município é onde a gente mora, trabalha, estuda, educa os filhos, diver-te-se, busca atendimento de saúde e outros serviços necessários à vida cotidiana. É na política municipal que começa a participação cidadã: a escolha de quem vai aplicar as políticas públi-cas”, esclarece o doutor em Sociologia pela Université Catholique de Louvain, na Bélgica, e professor do mestrado em Ciências da Religião da PUC-Minas Pedro Ribeiro de Oliveira.

Já não é novidade que a atual estru-tura do Estado e da própria democracia encontra-se em crise, ou seja, já não consegue responder aos questiona-mentos, demandas e ânsias da popu-

ESCOLHA CONSCIENTE É FUNDAMENTAL PARA EXERCÍCIO DA CIDADANIA

lação. É aí que a Doutrina Social da Igreja pode iluminar o agir cristão para que aconteça um reencantamento com a política.

“Há algo que distingue o cristão: a esperança. É compreensível que o círculo vicioso de corrupção e desman-do no trato com a coisa pública gere desencanto, desalento nas pessoas, especialmente nos jovens, em relação à política. Como vencer isso? Reno-vando estruturas e pessoas. De que forma? Participando e militando poli-ticamente. O ensino social da Igreja é para nós, cristãos, iluminador, porque nos permite enxergar o agir de Cristo como uma condenação às estruturas de morte e indicação de caminhos de vida”, afirma o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, Justiça e Paz da CNBB, dom Guilherme Werlang.

Já o presidente do Conselho Nacio-nal do Laicato do Brasil (CNLB), Laude-lino Augusto dos Santos Azevedo, admite que, “neste campo, é preciso reconhecer que os cristãos estão devendo e muito à nação brasileira. O campo político está apodrecido devido à ausência do ‘sal, luz e fermento’ que nós cristãos deve-ríamos ser. A Doutrina Social da Igreja nos ensina, prepara e incentiva para, em comunidade, atuarmos concretamente”.

A participação política acontece desde os círculos de conversas com os amigos sobre temas diversos até

atividades mais engajadas, como associar-se em grupos e movimentos para reivindicar direitos e demandas populares. “As reuniões das pastorais, das comunidades eclesiais de base, dos movimentos cristãos, também podem ser entendidas como uma forma de participação política, pois são espaços nos quais a fé e a política entrelaçam-se”, explica o coordenador do grupo gestor do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da Arquidiocese de Belo Horizonte e da PUC-Minas, Robson Sávio Reis Souza.

CristãosParticipar do processo político

reveste-se de ação missionária para os cristãos. “O Reino de Deus constrói--se também pela mediação política, entendida como a construção do bem comum e a prática da solidariedade e da fraternidade”, acredita dom Werlang.

Já o Concílio Vaticano II, no decre-to Apostolicam Actuositatem – sobre o apostolado dos leigos –, afirmava que “o cristão na política abre caminho para o Evangelho” (n. 14). “Este é o signi-ficado do cristão participar do proces-so político: abrir caminho para que a Boa-Nova da vida em abundância, a educação, a saúde, a moradia digna, o trabalho e o salário justo, o lazer, a segurança, a cidadania sejam assegu-rados para todos”, explica Azevedo.

O cristianismo não pode ser reduzido a um conjunto de rituais ou de normas éticas que regulam a vida. “Ele é também uma proposta de sociedade conforme o projeto divino, uma sociedade justa e pacífica que Jesus chamou de Reino de Deus. A pessoa que limita sua vida cristã à esfera privada reduz o cristianismo a uma forma de autoajuda, porque descarta sua dimensão profética e transformadora do mundo”, destaca o sociólogo Oliveira.

Confira as entrevistas na íntegra e saiba mais sobre o assunto.

Acesse http://bit.ly/js_eleicoes2012

O Poder Executivo diz respeito às instân-cias de poder que tomam decisões, mas também executam e apli-cam as decisões do parlamento. São elas: presidente da República, governador de Estado, prefeito.

O prefeito é o chefe do governo municipal. A ele compete, dentre outras funções:

• Exercer a direção da adminis-tração municipal com as secretarias municipais e outros órgãos auxiliares.

• Sancionar e vetar projetos de lei municipal.

• Expandir decretos e regulamen-tos municipais.

• Nomear e exonerar secretários.• Encaminhar ao Tribunal de

Contas sua prestação de contas.• Apresentar relatório sobre o anda-

mento das obras.

O Poder Legislativo é a instância de representação do povo, traba-lhando na fisca-lização do Poder

Executivo e na apresentação e votação de leis e projetos. É formado pelos senadores, deputados federais e esta-duais e vereadores.

O vereador é o membro da Câma-ra Municipal. Ele elabora e vota as leis municipais. Compete também ao vereador:

• Legislar sobre assuntos de inte-resse local.

• Suplementar a legislação federal e estadual.

• Legislar sobre tributos munici-pais.

• Apresentar projetos de lei, decre-tos legislativos, resoluções e emendas.

• Formular requerimentos, moções, indicações;

• Emitir pareceres.• Participar de debates e vota-

ções.• Eleger a mesa diretora da

Câmara de Vereadores e das comis-sões.

• Elaborar o Regimento Interno da Câmara Municipal.

• Comparecer às sessões plená-rias.

• Comparecer às reuniões das comissões.

• Votar as proposições submeti-das à deliberação da Câmara Muni-cipal.

FUNÇÕES

O Poder Executivo diz respeito às instân-cias de poder que

executam e apli-cam as decisões do parlamento. São

FUNÇÕES

De cima para baixo em sentido

horário: Dom Guilherme

Werlang, Pedro

Ribeiro de Oliveira,

Laudelino Augusto

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Robson Sávio Reis Souza

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JORNAL SANTUÁRIO DE APARECIDA • 8 DE JULHO DE 20128

VOTAR BEM

DEMOCRACIA E REFORMA

IGREJA NO BRASIL

DEMOCRACIA E REFORMA

O envolvimento consciente no pleito pode auxiliar na construção de uma democracia que não seja apenas representativa, mas também participativa. Nas regras atuais do jogo democrático, as eleições servem para que o cidadão escolha candidatos comprometidos com os interesses públicos para serem seus representantes. Ou seja, os políticos devem exercer o poder em nome do povo – e não como um poder próprio, como o do rei em regimes monárquicos.

“Isso é bom quando favorece a escolha de verdadeiros representan-tes do povo, mas frequentemente erra ao dar o poder a pessoas que enganam o eleitorado com palavras falsas ou compram votos. A educa-ção política deve levar a escolher

quem seja realmente representativo da vontade geral”, ensina o sociólogo Oliveira.

Já a democracia participativa foi respaldada pela Constituição de 1988, que estabeleceu instrumentos de participação da sociedade nas polí-ticas do governo e sua fiscalização, como os Conselhos de Cidadania, que tratam de diversos assuntos de interesse público. Assim, a sociedade pode fiscalizar e apresentar demandas e diretrizes de ação para o governo. “Na democracia participativa, o exercício do poder político é pautado no debate público entre os cidadãos, com condi-ções iguais de participação. Portanto, a legitimidade das decisões políticas advém de processos de discussão e deliberação direta, sem a mediação de representantes eleitos”, explica o coordenador do Nesp, Robson Souza.

ReformaO documento 91 da CNBB – Por

uma reforma do Estado com participação

democrática – aprofunda o questiona-mento Estado, para que e para quem, que também oferece a linha-mestra de reflexão da 5ª Semana Social Brasi-leira, já em andamento. No fundo, questiona-se a pesada estrutura que se tornou o Estado brasileiro.

Nesse contexto, a reforma política é fundamental, embora isoladamente não possa resolver todos os proble-mas da nação. Mas já seria um grande passo nesse sentido. “A começar da concepção de ‘poder’, das estrutu-ras tão onerosas e pouco eficientes da ‘máquina’ pública, dos chamados Três Poderes, e da representatividade, incluindo o processo eleitoral”, cita o presidente do CNLB, Laudelino Azevedo.

“A reforma política de que o país necessita com urgência não pode se limitar a regras eleitorais, e dentro delas ao funcionamento dos partidos. Ela precisa atingir o âmago da estrutura do poder e a forma de exercê-lo, tendo como critério básico inspirador a parti-

cipação popular. Trata-se de reapro-ximar o poder e colocá-lo ao alcance da influência viável e eficaz da cida-dania” (Documento 91, n. 101).

A Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político trabalha cinco eixos que dão a dimensão da reforma política que se deseja: fortalecimento da democracia direta, fortalecimento da democracia participativa/delibe-rativa, aperfeiçoamento da demo-cracia representativa, democratiza-ção da informação e da comunicação, democratização e transparência do Poder Judiciario.

O financiamento público de campanha como caminho para a transparência e o estancamento da corrupção é outro ponto importante. Também fala-se na votação em lista preordenada, e não mais num candi-dato específico. “Isso reforçaria os partidos, uma necessidade em nosso país acostumado às legendas de aluguel”, acredita o bispo Werlang.

IGREJA NO BRASIL

A CNBB escreveu uma mensa-gem sobre as eleições municipais. O texto foi aprovado durante a 50ª Assembleia Geral da entidade, em abril deste ano, em Aparecida. Para os bispos, o voto livre e consciente é “um dos mais expressivos deveres de cidadão”.

“Para o cristão, participar do processo político-eleitoral, impul-sionado pela fé, é tornar presente a ação do Espírito, que aponta o cami-nho a partir dos sinais dos tempos e inspira os que se comprometem com a construção da justiça e da paz, continua a nota.

O eleitor deve ter presente que o seu voto, embora seja gesto pesso-al e intransferível, “tem consequências para a vida do povo e para o futu-

ro do país. As eleições são momento propício para que se invista, coleti-vamente, na construção da cidadania, solidificando a cultura da participação e os valores que definem o perfil ideal dos candidatos”.

A CNBB adverte também que os candidatos devem ter um histórico de coerência de vida e discurso polí-tico referendados pela honestidade, competência, transparência e vonta-de de servir ao bem comum. “O exer-cício da cidadania, no entanto, não se esgota no voto. A educação para a cidadania é processo permanente”, explicita.

Já no dia 22 de junho, a entidade divulgou uma nota sobre a ética públi-ca. A CNBB aponta que os fatos políti-cos e administrativos que contrariam a

ética pública e o bem comum chegam a “colocar em xeque a credibilidade das instituições, que têm o dever cons-titucional de combater a corrupção e estancar a impunidade, que alimenta tal prática”.

Os bispos denunciam que o senso de justiça presente na consciência da nação brasileira “é incompatível com as afrontas ao bem comum que logram escapar às penas previstas, contribuin-do para a generalizada sensação de que a justiça não é a mesma para todos. A sociedade brasileira espera e exige a investigação de toda suspeita de corrupção bem como a consequente punição dos culpados e o ressarcimento dos danos”.

“O agente político se recorde de que é seu dever ultrapassar as frontei-

ras político-partidárias, as condicio-nantes de oposição-situação, para colocar-se a serviço do Estado e da sociedade, sem confundir jamais o público com o privado, o que cons-tituiria grave ofensa à legislação e desrespeito à sociedade”, conclui a nota.

Para garantir a qualidade do voto, é preciso conhecer a histó-ria dos candidatos, o programa que apresentam, a maneira como fazem a propaganda eleitoral, se gastam muito dinheiro, quem os financia, votar com liberdade, sem pressões. “Toda essa análise deve ser feita em comunidade, nunca isoladamente”, ressalta Azevedo.

Não se pode perder de vista o verdadeiro sentido da política: a

busca do bem comum. “A partir desse horizonte, é preciso considerar o parti-do e também o perfil do candidato. Se não tiverem o bem comum como meta de sua ação, devem ser descarta-dos”, recorda dom Werlang. Para isso, é preciso avaliar a história e a prática tanto do partido quanto do candidato, que precisa ser ficha limpa.

Além disso, é preciso conhecer a função para a qual se elege o candidato, avaliando se ele tem competência para o cargo. Também é importante domi-nar o processo eleitoral, sabendo como funcionam as alianças, coligações e o coeficiente eleitoral, que explica por que um candidato com menos votos foi eleito e um com mais votos não, por exemplo.

“Votar bem é votar em quem vai destinar os recursos públicos em favor do povo, especialmente dos setores mais necessitados”, complementa o sociólogo Oliveira.

Dicas– votar sempre, pois não votar é

omissão, e, quando não votamos, um candidato ruim ocupa o lugar de um bom candidato;

– votar com liberdade, pois na democracia somos livres para decidir;

– o voto é um direito e um dever do cidadão;

– não vender o voto;– conhecer o candidato, sua histó-

ria, as alianças políticas;

– conhecer os programas dos candidatos e estar atento às falsas promessas;

– votar com consciência, exigindo dos candidatos projetos consistentes e que visem ao presente e ao futuro da cidade;

– examinar quanto o candidato está gastando na campanha e não se deixar enganar pelas propagan-das;

– acompanhar os eleitos. As elei-ções são o começo de um processo, e não o fim. Portanto, é dever dos cidadãos monitorar as ações políticas daqueles que foram eleitos.

Fonte: Nesp

9 JORNAL SANTUÁRIO DE APARECIDA • 8 DE JULHO DE 2012