PLANTAS TÓXICAS DE INTERESSE NA PECUÁRIA

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    37Plantas tóxicas de interesse na pecuária.

    Biológico, São Paulo, v.65, n.1/2, p.37-39, jan./dez., 2003

    PALESTRA

    PLANTAS TÓXICAS DE INTERESSE NA PECUÁRIA

    Mitsue HaraguchiInstituto Biológico

    Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade AnimalSão Paulo/SP

    E-mail: [email protected]

    Definição

    Denominam-se plantas tóxicas todo o vegetalque, introduzindo no organismo dos homens ou deanimais domésticos, em condições naturais, é ca-paz de causar danos que se refletem na saúde evitalidade desses seres. Elas ocasionam umdesequilíbrio que se traduz no paciente como sin-tomas de intoxicação.

    Princípio tóxico

    O princípio tóxico de uma planta consiste em umasubstância ou um conjunto de substâncias quimica-mente bem definidas, de mesma natureza ou de natu-reza diferente, capazes de quando em contato com oorganismo causar intoxicação.

    A intoxicação depende da quantidade de subs-tância tóxica absorvida, da natureza dessa substânciae da via de introdução.

    Tipos de intoxicação

    De acordo com o tempo de exposição do princípio

    tóxico, a intoxicação pode ser manifestada de doistipos:1. Intoxicação aguda, quase sempre por ingestãoacidental de uma planta ou de algumas de suas par-tes que é tóxica, surgindo sintomas de intoxicação emtempo relativamente curto. Por ex. Baccharis coridifolia(0,25 a 0,50 g/kg de peso vivo no outono em bovinos);2. Intoxicação crônica, conseqüentemente à ingestãocontinuada, acidental ou propositada de certas espé-cies vegetais, responsável por distúrbios clínicosmuitas vezes complexos e graves. Ex.: lesões hepáticasem bovinos que se alimentam de Senecio.

    Importância econômica causada pelas intoxicaçõespor plantas tóxicas na pecuária

    No Brasil, devido a carência de dados sobre afreqüência das causas de mortalidade em diversosEstados, é difícil estimar as perdas por morte dosanimais ocasionadas pelas plantas tóxicas. SegundoRIET-CORREA & MEDEIROS (2002) em Rio Grande do Sule Santa Catarina observou-se a mortalidade anual debovinos de 5% causada por plantas tóxicas, então para

    um rebanho de 160 milhões de cabeças, podem serestimadas entre 800.000 e 1.120.000 de bovinos(US$ 160.000.000 a 224.000.000, com preço médio deUS$ 200/cabeça). Relativo a ovinos, no Rio Grandedo Sul, a mortalidade por plantas tóxicas representa7,2%, assim, para um rebanho de cinco milhões decabeças podem ser estimadas em 54.000 a 72.000 ani-mais (US$ 1.1080.000 e 1.440.000, com preço médiode US$ 20/cabeça).

    Existem três fatores principais que desencadeiamperdas econômicas por intoxicação de plantas tóxicas

    na pecuária:1. Perdas diretas. São aquelas causadas pelas mortesde animais, diminuição dos índices reprodutivos(abortos, infertilidade, malformações), redução daprodutividade nos animais sobreviventes e outrasalterações devidas a doenças transitórias, enfermida-des subclínicas com diminuição da produção de lei-te, carne ou lã, e aumento à susceptibilidade a outrasdoenças devido a depressão imunológica.2. Perdas indiretas. Os custos de controlar as plan-tas tóxicas nas pastagens, as medidas de manejopara evitar as intoxicações como a utilização de cer-cas e o pastoreio alternativo, a redução do valor da

    forragem devido ao atraso na sua utilização, a redu-ção do valor da terra, a compra de gado para substi-tuir os animais mortos, e os gastos associados aodiagnóstico das intoxicações e ao tratamento dosanimais afetados.

    Epidemiologia da intoxicação

    A ocorrência, freqüência e distribuição geográficadas plantas tóxicas podem ser determinadas por di-versos fatores, por exemplo:1. Palatabilidade. As intoxicações ocorrem tanto por plan-tas não palatáveis como palatáveis. Dentro desta inclue-se, principalmente, as forrageiras, como os sorgos, quepodem causar intoxicação por ácido cianídrico e asleguminosas. Outras plantas pouco palatáveis sãoingeridas somente em condições especiais.2. Fome. Este fator é importante uma vez que os ani-mais consomem as plantas tóxicas em conseqüênciade carência de forragem ou por período de privaçãode alimento. Muitas vezes, quando as pastagens têmpouca disponibilidade de forragem, principalmente,no inverno ou em épocas de estiagem, algumas plantas

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    Diagnostico das intoxicações por plantas

    O diagnóstico das intoxicações por plantas é rea-lizado pelo conhecimento da ocorrência de plantastóxicas na região, das doenças causadas por elas, aconstatação dos sinais clínicos e a sua evolução. Osdados epidemiológicos são de grande importância taiscomo a presença da planta, toxicidade, freqüência da

    doença, época de ocorrência e condições em que ocorrea ingestão. Em alguns casos, intoxicações com plantashepatotóxicas e nefrotóxicas, o estudo bioquímicosanguíneo pode apresentar informações importantespara o diagnóstico diferencial. Ou em outros casos,realização de necropsia e exame histopatológico sãonecessários.

    Os estudos toxicológicos são importantes para odiagnóstico quando se suspeita de uma planta taiscomo cianogênicas e a intoxicação por nitritos, quandopode ser confirmada pela presença e/ou quantificaçãodo princípio ativo.

    Controle e profilaxia das intoxicações por plantastóxicas

    Na maioria das intoxicações por plantas não seconhecem tratamentos específicos (antídotos), devendoser realizados tratamentos sintomáticos. Para algu-mas existem tratamentos que permitem uma rápidarecuperação do animal, caso das intoxicações porácido cianídrico e nitritos.

    Como medida de controle após a suspeita de intoxi-cação por planta é retirar os animais do local onde estáocorrendo a doença. Uma vez diagnosticada qual a plan-

    ta que causa a intoxicação, os animais poderão coloca-dos novamente na área se forem modificadas as condi-

    ções epidemiológicas que determinaram a intoxicação,ou se forem tomadas medidas profiláticas eficientes.

    Profilaxia

    1. Medidas agronômicas da formação de pastos.Empregar espécies de plantas e aplicação corretade técnicas agronômicas (formas e época de

    lavração, fertilizações, rotação de cultivos) nãopermitam que outra espécie potencialmente tóxicavenha a ser dominante. Usar sementes de quali-dade comprovada evita casos de doenças prove-nientes por infecção por microrganismos por ex.na festuca infectado por Acremonium coenophialum.2. Técnicas de manejo de pastagens. No pastoreio,utilizar diferentes espécies animais, levando emconsideração a diferença de susceptibilidade e/ou grau de ingestão da planta. Ex. Pastoreio comovinos para evitar a proliferação do Senecio  spp.

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    OLIVEIRA , F. & AKISUE, G. Fundamentos de farmacobotânica.2.ed. São Paulo: Editora Atheneu, 1997. p.147.

    RI E T -C O R R E A, F. & M E D E I R O S, R.M.T. Intoxicações porplantas em ruminantes no Brasil e no Uruguai:importância econômica, controle e riscos para asaúde pública. Pesq. Vet. Bras. , v.21, n.1, p.38-42,2001.

    RIE T-CORREA, F.; MÉNDEZ, M.C.; SCHILD, A.L.Intoxicação por  plantas e micotoxicoses em animais domésticos. Pelotas:Editorial Hemisfério Sul do Brasil, 1993.

    TOKARNIA, C.H.; DOBEREINER, J.; PEIXOTO, P.V. Plantas tóxi-

    cas do Brasil. Rio de Janeiro: Editora Helianthus,2000.