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Plantas medicinais: uma alternativa de saúde por meio do resgate da sabedoria popular Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 8 • nº1927 Dezembro/2014 Rio do Antônio Há milhares de anos, homens e mulheres, aprenderam a buscar a cura de doenças na própria natureza. Diversas plantas sempre foram utilizadas para produzir remédios caseiros. Essa é uma prática que vem passando de geração em geração e tem ajudado muitas famílias no tratamento de diversos problemas de saúde. Prova disso é o que acontece na comunidade Boa Sorte, no município de Rio do Antônio, no sertão da Bahia. Lá reside a família de dona Valdivina Pereira Bonfim e José Clemente e o filho do casal, André Bispo da Silva. Dona Valdivina conta que o trabalho com as plantas medicinais teve início em 2004, quando trabalhava na Pastoral da Criança, além do incentivo de Pe. Toninho, que na época, trabalhava no município de Presidente Jânio Quadros, na Bahia, que motivou a participar das primeiras capacitações sobre a homeopatia, que aconteceram na região. Os homeopatas acreditam que diluir e bater os medicamentos fazem com que eles se tornem mais potentes e mais apropriados para o uso em seres humanos. Todo o processo de fabricação deve seguir alguns cuidados, como: as vasilhas e embalagens para guardar devem ser de vidro e escura. Não reutilizar os frascos. Sempre que for lavar os equipamentos, fazer apenas com água. Não usar sabão. Esterilizar com álcool 70% (70% de álcool e 30% de água). Deixar sempre em locais escuros. Quando não encontra o material (matriz) na propriedade, ela compra nas farmácias homeopáticas da região, mas o preparo da tintura mãe é feito por ela. A eficiência dos medicamentos da homeopatia está na forma de diluir e bater. Em um vidro com conta-gotas, ela coloca álcool 70% e oito gotinhas da tintura mãe. Bater 100 vezes no mesmo ritmo(sucussão). Etiquetar como CH1 e a data. Só depois de 15 dias, ela coloca oito gotas da diluição CH1 com álcool 70%. Bater 100 vezes no mesmo ritmo. Etiquetar: CH2 e a data. E, assim, sucessivamente até CH5, que é a diluição que vai ser oferecida para as pessoas. As diluições CH1, CH2, CH3, CH4 são descartadas. Plantação e colheita das plantas medicinais e hortaliças. Processo de diluir e bater, 100 vezes no mesmo ritmo.

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Agricultores e agricultoras aprenderam a buscar a cura de doenças por meio das plantas medicinais e do resgate da sabedoria popular. Muitos ainda vêm experimentando o uso da homeopatia e estão tendo bons resultados. Dona Valdivina é uma homeopata rural e está procurando não poluir o meio ambiente e garantir a saúde.

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Plantas medicinais: uma alternativa de saúde

por meio do resgate da sabedoria popular

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 • nº1927

Dezembro/2014

Rio do Antônio

Há milhares de anos, homens e mulheres, aprenderam a buscar a cura de doenças na própria natureza. Diversas plantas sempre foram utilizadas para produzir remédios caseiros. Essa é uma prática que vem passando de geração em geração e tem ajudado muitas famílias no tratamento de diversos problemas de saúde. Prova disso é o que acontece na comunidade Boa Sorte, no município de Rio do Antônio, no sertão da Bahia. Lá reside a família de dona Valdivina Pereira Bonfim e José Clemente e o filho do casal, André Bispo da Silva.Dona Valdivina conta que o trabalho com as plantas medicinais teve início em 2004, quando trabalhava na Pastoral da Criança, além do incentivo de Pe. Toninho, que na época,

trabalhava no município de Presidente Jânio Quadros, na Bahia, que motivou a participar das primeiras capacitações sobre a homeopatia, que aconteceram na região.Os homeopatas acreditam que diluir e bater os medicamentos fazem com que eles se tornem mais potentes e mais apropriados para o uso em seres humanos. Todo o processo de fabricação deve seguir alguns cuidados, como: as vasilhas e embalagens para guardar devem ser de vidro e escura. Não reutilizar os frascos. Sempre que for lavar os equipamentos, fazer apenas com água. Não usar sabão. Esterilizar com álcool 70% (70% de álcool e 30% de água). Deixar sempre em locais escuros.Quando não encontra o material (matriz) na propriedade, ela compra nas farmácias homeopáticas da região, mas o preparo da tintura mãe é feito por ela. A eficiência dos medicamentos da homeopatia está na forma de diluir e bater. Em um vidro com conta-gotas, ela coloca álcool 70% e oito gotinhas da tintura mãe. Bater 100 vezes no mesmo ritmo(sucussão). Etiquetar como CH1 e a data. Só depois de 15 dias, ela coloca oito gotas da diluição CH1 com álcool 70%. Bater 100 vezes no mesmo ritmo. Et iquetar : CH2 e a data . E , ass im, sucessivamente até CH5, que é a diluição que vai ser oferecida para as pessoas. As diluições CH1, CH2, CH3, CH4 são descartadas.

Plantação e colheita das plantas medicinais e hortaliças.

Processo de diluir e bater, 100 vezes no mesmo ritmo.

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Bahia

Além das medicações homeopáticas, dona Valdivina ressalta que os chás e os xaropes também são bastantes eficazes na cura de diversos problemas de saúde. Para isso, a agricultora cultiva diversas espécies de plantas medicinais, como: hortelã grosso e miúdo, poejo, tansagem, arnica, cravo amarelo, salvia, losna, terramicina, novalgina, melissa, bananeira, mandacaru, cacto, carrapicho, alecrim, mastruz, manto de viúva, uva ursi, imbé, dentre outras.Dona Valdivina estudou até o 2º ano (1ª série) do ensino fundamental, mas isso não foi obstáculo para que ela dedicasse nos estudos pela ampliação de conhecimentos sobre a diversidade local e promoção da saúde a partir de espécies nativas da caatinga. Ela dedica várias hora por dia no estudo da medicação correta, de acordo as

características e sintomas de cada pessoa. As pessoas que chegam em sua residência, solicitando uma medicação, ela faz uma entrevista, anotando todos os sintomas e tudo que a pessoa diz, com o objetivo de descobrir com eficiência, a medicação correta. “É uma alegria em poder colaborar com a melhoria da saúde das pessoas, mas não é brincadeira, pois a responsabilidade é muito grande”, afirma a agricultora.A agricultora enfrenta algumas dificuldades como encontrar os vidros conta-gotas em nossa região, então conta com a ajuda de uma sobrinha que mora em São Paulo e sempre que possível, ela compra os vidros para dona Valdivina. Outra dificuldade é que a venda das medicações nem sempre é suficiente para manter a farmácia. Além disso, ela precisa de mais materiais didáticos para estudar sobre o tratamento adequado para cada problema de saúde. Seu sonho é poder comprar alguns livros que necessita e já está fazendo suas economias para consegui-los. Ela já participou de duas etapas do curso para homeopata e no mês de abril de 2015 ela irá concluir a 3ª etapa, podendo assim, registrar sua farmácia de medicações homeopáticas.

Ela aproveita o momento e deixa uma receita muito eficiente no combate a gripe, tosse e principalmente bronquite: “Pega um coração de banana, corta como se tivesse cortando um repolho, numa vasilha coloca um quilo de açúcar cristal, ou metade de açúcar, metade mel e deixa em banho-maria, retire o caldo e já pode ser usado. Para adulto, duas colheres de sopa pela manhã e à noite e para crianças a metade da dose. Essa é uma receita que tem dado muito resultado em nossa comunidade”, finaliza.Recentemente, a família de dona Valdivina conquistou uma cisterna-enxurrada de 52 mil litros de água do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA). Ela afirma que a partir de agora terá possibilidade de ampliar sua plantação de hortaliças e medicinais, proporcionando melhor qualidade de vida para sua família e comunidade.

Realização Apoio

Quintal produtivo da família.

Cravo amarelo, seu chá auxilia na cura da dengue.

“Muitas vezes é o mais diluído que produz efeitos mais desejados”.