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Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro| Superintendência de Artes | Coordenação de Música PLANO DE RESGATE DA MÚSICA NO ESTADO NO RIO DE JANEIRO PROPOSTAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA AO VIVO ATA DO ENCONTRO REALIZADO EM DE DEZEMBRO DE 2016 SUMÁRIO Introdução Abertura Objetivos Público-alvo Eixos temáticos Setor da Música Políticas para a música em outras cidades Relatos dos participantes Problemas estruturais do setor Soluções propostas Calendário Equipe e Contatos

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Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro| Superintendência de Artes | Coordenação de Música

PLANO DE RESGATE DA

MÚSICA NO ESTADO NO

RIO DE JANEIRO PROPOSTAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA AO VIVO

ATA DO ENCONTRO REALIZADO EM DE DEZEMBRO DE 2016

SUMÁRIO

Introdução

Abertura

Objetivos

Público-alvo

Eixos temáticos Setor da Música

Políticas para a música em outras cidades

Relatos dos participantes

Problemas estruturais do setor

Soluções propostas

Calendário

Equipe e Contatos

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INTRODUÇÃO

Há uma crise global em um ambiente essencial para o ecossistema da música:

as casas de shows de médio e pequeno porte – celeiros de novos artistas e também

residência de músicos tradicionais - estão desaparecendo das metrópoles.

O setor da música é estratégico para a Cidade e o Estado do Rio de Janeiro e

enfrenta, há alguns anos, desafios imensos. Quando o tema é música ao vivo e a

manutenção de palcos para a inovação musical, a realidade é crítica. Inspirados por

ações realizadas pelo governo de Londres, que lançou um plano de recuperação - por

lá 35% dos palcos fecharam desde 2007 - estamos lançando, para a participação de

instituições e artistas, o Plano de Resgate da Música no RJ.

A proposta é reunir gestores, artistas, produtores, sindicatos, associações e

instituições de fomento para pensar em modelos de apoio. Estudar experiências de

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outras cidades e países e pensar em inovações possíveis para mudar o quadro do

setor.

O primeiro encontro do Plano de Resgate da Música ao vivo no Rio de Janeiro

foi realizado no dia 07 de dezembro de 2016, quarta-feira, entre 17h e 20h15, no

Espaço Guiomar Novaes, na Sala Cecília Meireles. Estiveram presentes 46 pessoas. O

encontro foi conduzido pelo coordenador de música da Secretaria de Estado de Cultura, Leo

Feijó, Tânia Amorim e Luiza Baratz, ambas da SEC, além de Julia Zardo, do Instituto Gênesis da

PUC-Rio.

Confira abaixo o resumo do encontro, com trechos de intervenções dos

participantes e uma lista de problemas e soluções elaborada pelos grupos formados na

parte final do encontro.

ABERTURA

Leo Feijó

Estamos aqui porque a música é a nossa causa. É uma forte vocação da cidade e do

Estado do Rio de Janeiro, elemento essencial da nossa identidade cultural. Diversos ritmos

tiveram origem no Rio de Janeiro, como o choro, o samba, a bossa nova, o funk carioca, entre

outros. A música brasileira ganhou o mundo. Precisamos pensar em novos modelos no

momento em que o impacto do universo digital nas formas de produção e consumo de música

mudaram as engrenagens dessa indústria cultural. É um setor que promove transformação

social, gera empregos e desenvolvimento local. Os palcos de pequeno e médio porte talvez

sejam a ferramenta mais importante na formação de músicos, técnicos e produtores, além de

essenciais na formação de plateia para shows e espaço social relevante nas mais diversas

geografias.

Ao observar o comportamento do setor da música ao vivo nos últimos anos no Rio,

percebemos a valorização de grandes eventos e arenas financiadas por marcas e a redução de

oferta de palcos. Para citar apenas alguns palcos que fecharam as portas nos últimos anos,

podemos mencionar Ballroom, Mistura Fina, Estrela da Lapa, Centro Cultural Carioca,

Cinematheque, Studio RJ e Miranda, entre tantos outros.

Reconhecemos esse quadro como um fenômeno global. Em Londres, o governo local

criou em 2015 uma força-tarefa para estudar o problema e elaborar propostas para mudar

essa realidade – 35% dos palcos tradicionais para música autoral e novos artistas fecharam na

cidade em menos de dez anos. Em Paris, há registros de redução da permanência do turista

jovem nos últimos anos, por conta da pequena oferta de espaços de música e entretenimento,

fechados por conta da burocracia. Em Barcelona, a Prefeitura atual publicou normas

facilitando a legalização de estabelecimentos com música. Em São Paulo há coletivos atuando

junto à Câmara de Vereadores, pressionando por um orçamento digno para o fomento à

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música em 2017, de pelo menos R$ 15 milhões no município. Há notícias de que cinco casas

paulistas fecharam em poucos meses.

Estamos vivendo um momento especialmente difícil para a música ao vivo no Rio de

Janeiro. Apesar da vocação musical, a pressão dos custos e da burocracia é imensa. Há uma

regra internacional que indica ser saudável o gasto de até 10% com aluguel e IPTU.

No Rio, esses custos chegam a até 30%, em muitos casos, deixando poucos recursos

para investimento em infraestrutura, equipamentos, programação e divulgação.

A partir da visão de que a existência de palcos nesse cenário é essencial para novos

artistas e mesmo do desenvolvimento local de cidades em todas as regiões, queremos

elaborar esse plano. A meta é arrojada: em quatro meses, após o debate e elaboração de

propostas, o plano será enviado a instituições, empresas, governos, universidades, associações

e sindicatos. Acreditamos na música, em todos os estilos, formatos e plataformas. Mais palcos,

mais oportunidades, mais música: esse é o nosso lema.

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OBJETIVOS

Mapear e apoiar o circuito de casas de shows, teatros e espaços de pequeno e médio

porte no Estado do Rio de Janeiro;

Articular uma rede de gestores, produtores, curadores, artistas e instituições para

viabilizar a elaboração de um plano e suas ações;

Transformar o Estado do Rio no maio polo de produção musical da América Latina,

referência como destino musical e de inovação artística no mundo;

Identificação e estímulo aos circuitos musicais no Estado do Rio de Janeiro, em

parceria com órgãos de turismo e empresas do setor;

Apoiar novas plataformas de comunicação, marketing e captação de recursos para

apoiar os pequenos e médios palcos;

Estimular a organização de uma rede de casas de shows, teatros espaços de música ao

vivo, para atuação de forma associativa na busca por mais público, marketing

institucional, redução de custos, geração de uma fidelização de clientes e parceiros;

Organização de dados que indiquem a relevância da música para a cidade e o Estado

do Rio de Janeiro, inserindo a capital e outras cidades no conceito das “Music Cities”

ao redor do mundo;

Elaboração de propostas de novos editais públicos e de empresas privadas utilizando

os recursos das leis de incentivo à cultura, com o objetivo de viabilizar a manutenção

dos espaços, incluindo infraestrutura de som e luz, refrigeração, adequações físicas,

isolamento acústico, treinamento, programação artística e comunicação;

Criação de um plano integrado de financiamento coletivo às atividades musicais no

Estado do Rio de Janeiro, um Fundo Música RJ, para suporte a palcos, festivais e outras

ações que promovam a geração de oportunidades para músicos e produtores. Possível

parceria com plataforma de crowdfunding já existente;

Elaboração de Projetos e Lei (PL) para apresentação na Câmara de Vereadores e na

Assembleia Legislativa do Estado do Rio (ALERJ) no intuito de reduzir os custos para

estabelecimentos legalizados que promovam atividades musicais com frequência, seja

na redução de alíquotas sobre itens como fornecimento de água e energia elétrica,

IPTU e ISS ou outras fontes de custos que possam ser reduzidas;

Como resultados esperados: melhores condições para os palcos existentes, criação de

mais palcos, criando novas oportunidades para músicos, técnicos e produtores,

ampliando a formação de público para a música.

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PÚBLICO-ALVO

Gestores de espaços musicais, produtores, artistas, associações e instituições de fomento,

entidades arrecadadoras, gravadoras e distribuidoras, emissoras, plataformas digitais,

universidades e Poder Público.

TIPOS DE ESTABELECIMENTO

Palcos de médio e pequeno porte (até 600 lugares)

Casas de show

Teatros com programação musical

Espaços culturais diversos com música

Bares com música ao vivo

EIXOS TEMÁTICOS | SETOR DA MÚSICA

Fomento a empreendimentos (palcos, festivais, estúdios, distribuidoras)

Legislação e tributação

Incentivo à inovação tecnológica

Premiações (valorização e profissionais e empresas)

Qualificação do mercado e criação de redes

Ensino e pesquisa (cursos, orientação de carreira, direção artística, índices anuais)

Plataformas de comunicação

Intercâmbios internacionais

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POLÍTICAS PARA A MÚSICA EM OUTRAS CIDADES

Londres, Inglaterra

A Prefeitura identificou que cerca de 35% dos estabelecimentos de música que

tradicionalmente apoiam novos artistas e mesmo a música tradicional inglesa fecharam nos

últimos anos. Por isso foi criada uma força tarefa para identificar as razões para esse declínio e

pensar em soluções para reverter essa curva.

https://www.london.gov.uk/sites/default/files/londons_grassroots_music_venues_-

_rescue_plan_-_october_2015.pdf

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Music Cities

Uma rede de cidades que elegeu a música como fator de transformação social e

desenvolvimento econômico, apoiando festivais, feiras, casas de shows, escolas e outras

iniciativas.

www.musiccitiesconvention.com

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Barcelona, Espanha

A Prefeitura de Barcelona instituiu recentemente uma medida para simplificar a autorização

para música ao vivo. Antes, era preciso aguardar uma decisão da administração municipal para

começar a oferecer música ao vivo. Agora todos os bares e espaços culturais podem oferecer

atrações musicais, desde que respeitem o limite de decibéis emitidos. Além disso, a Prefeitura

criou linhas de financiamento para investimento em isolamento acústico e compra de

equipamentos de som e luz de boa qualidade.

http://www.elperiodico.com/es/noticias/barcelona/bares-barcelona-actuaciones-musica-

directo-normativa-4974425

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Sidney, Australia

Reportagem do jornal The Guardian aponta que o excesso de regulação acabou com o brilho

da vida noturna na outrora agitada cidade australiana.

https://www.theguardian.com/australia-news/2016/feb/05/sydneys-fun-police-have-put-out-

the-light-of-the-nightlife-the-citys-a-global-laughing-stock

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Congresso Música & Turismo

Objetivo: reforçar o potencial de transformação social e impacto econômico da música e

indicar a importância do investimento e apoio de empresas e do setor público. A próxima

edição será realizada em Liverpool, na Inglaterra. O Estado do Rio de Janeiro tem o turismo

como forte vocação, é hora de associar essa identidade mais diretamente à música.

Por isso estamos planejando o nosso I Congresso Música & Turismo para 2017. Objetivos:

O impacto da música: criação de destinos turísticos

A economia da música nas regiões dos eventos: gastronomia, hotelaria e aventura

Festivais de Música no Estado do Rio: da ideia à realização (workshop)

Casos no Estado do Rio: Cidades Musicais

Casos internacionais Cidades e Territórios Musicais

Música e Memória: ações de preservação a partir da Cultura e do Turismo

Bandas Tradicionais, Seresta e Cancioneiro Popular

Plataformas digitais e estratégias de atração turística a partir da música

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Feiras de Negócios e Festivais

Womex, Midem e SWSW estão entre os maiores eventos de negócios da música no mundo.

Reúnem mais de 10 mil pessoas por edição, fomentando negócios e oferecendo showcases e

gerando contratos para circulação de artistas pelo mundo. Em paralelo à feira, um festival com

atrações de todo o mundo completa o ambiente.

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SP: “São Paulo Cidade da Música”

Projeto apresentado a vereadores por coletivos de produtores, artistas e gestores da música.

Audiência na Câmara: 30/11/2016

Luta pelo orçamento de 15 milhões para a lei em 2017

Há mais de um ano, diversos grupos, coletivos, produtores, artistas e gestores da área da

música e da cultura vem realizando encontros, reuniões e audiências públicas para discutir a

cadeia produtiva da música da cidade de SP e como fomentá-la. Destes encontros surgiu o

projeto de lei escrito por diversas mãos, com relatoria de Pena Schmidt e recentemente

inscrito pelo vereador Nabil Bonduki na Câmara Municipal de SP.

O PL visa instituir "o Programa Municipal SP Cidade Da Música, vinculado à Secretaria

Municipal de Cultura, com o objetivo geral de fomentar e apoiar a criação, difusão e acesso à

música no município de São Paulo". Dividido em 7 eixos, o PL busca contemplar a música da

cidade não apenas em termos de diversidade de estilos musicais, mas também na diversidade

de formas apoios, contemplando toda a produção musical.

Os eixos são: criação, música ao vivo, música de rua, circulação, instrumental, ocupações e

encontros.

“Neste momento é de extrema importância que os fazedores da música na cidade se articulem

coletivamente pois teremos uma batalha a encarar para sua aprovação na câmara nos

próximos meses. Nossa luta é também pelo orçamento de 15 milhões para a lei em 2017!

SP já tem leis de fomento ao teatro, à dança, ao circo e à cultura de periferia, e agora está na

luta por uma lei da música. Será a primeira lei de fomento à música do país, mas para que isso

aconteça teremos que nos unir e batalhar juntos por sua aprovação!”

P10 – CASAS DE MUSICA AUTORAL (SÃO PAULO)

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São Paulo é uma das capitais mundiais da música.

A cidade acolhe uma incrível diversidade de gêneros e gerações e já se situa como um polo de

preservação e da ruptura estética.

São Paulo, que por um longo período foi considerado um centro de consumo de cultura, nas

últimas décadas inverteu este panorama para se tornar protagonista na produção das novas

linguagens.

O surgimento e a profissionalização do novo “fazer musical” passa obrigatoriamente por um

circuito dito “alternativo” que viabiliza a ousadia e a experimentação.

Este circuito que gesta a maior parte da evolução e produção, e que ao mesmo tempo

movimenta um grande contingente de profissionais que inclui músicos, técnicos e toda uma

cadeia produtiva que gera empregos e movimenta a economia.

Historicamente, estes espaços musicais culturais, esforçam-se individualmente para subsistir e

cumprir sua função de plataforma.

Em 2014, as diversas pequenas casas de palco permanente que priorizam criações autorais em

música, decidiram reunir-se para trocar experiências e trabalhar de forma colaborativa.

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Os mais recentes estudos da economia criativa apontam que, para o século XXI, a cooperação

tende à substituir a competição como a alternativa mais viável de implementação de uma

modelo de negócios.

De maneira pioneira, as casas: CENTRAL DAS ARTES, RIO VERDE, CASA DO NÚCLEO, CASA DO

MANCHA, PUXADINHO, SERRALHERIA, ZÉ PRESIDENTE, MUNDO PENSANTE, EPICENTRO

CULTURAL, JONGO REVERENDO,JAZZB E JAZZ NOS FUNDOS, uniram-se num coletivo batizado

de P10- Casas de Música Autoral SP, para discutir estratégias para esse núcleo inicial, com a

ideia de expandir-se e acolher todas as iniciativas semelhantes existentes, e que venham à se

criar, na cidade e no estado de São Paulo. (Guga Stroeter)

LISTA DE PARTICIPANTES (07/12/2016)

PLANO MÚSICA LISTA DE PRESENÇA

07/12/2016

Nome Ocupação (artista, produtor,

gestor, empresário, acadêmico, pensador e etc)

Empresa/Instituição E-mail

Téo Lima Músico, representante CNPC Presidente Casa do Músico [email protected]

Adonay Pereira Músico/ Compositor [email protected]

Ana (Ninha) Alvarenga Estudante/Autônoma UFF/Nós de Rede [email protected]

Bia Stutz Músico [email protected]

Deborah Sztajnberg Advogada Debs Consultoria [email protected]

Fabio Neves Artista/Produtor Pinho Brasil Projetos Culturais [email protected]

Graziele Saraiva Gestora Cultural Opus Promoções [email protected]

Keila Chimite Produtora Keila Chimite [email protected]

Lucia Sá Produtora Movimento Produções [email protected]

Luis Carlos Arcos Produtor/Músico Poliphonia [email protected]

Manoel Luiz Rodrigues Produtor [email protected]

Mariana Matos Produtora Algazarra [email protected]

Maxmiliano A. Rodrigues Pereira Músico [email protected]

Mila Schiavo Artista/Produtora Foundation Brazilian Music [email protected]

Natalia Aiello Programadora Cultural Teatro Bradesco/Opus [email protected]

Natalia Corintho [email protected]

Pedro Cardoso Audio Rabel Empresário Audio Rebel [email protected]

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Rafael Marino Empresário Estufa Urbana [email protected]

Renata Puntel Musico/Designer [email protected]

Ruy Pinto Pereira Produtor/Professor Servidor Público [email protected]

Sofia Ceccato Flautista TheatroMunicpal/Trio Capitu [email protected]

Thiago Kropf Tecnico de som [email protected]

Paulo Miranda Produtor Cultural/Dirigente Oroboro Cult [email protected]

Pedro Cardoso Produtor Estufa Urbana [email protected]

Djalma Marques Produtor Musical Scorpion Show [email protected]

Thiago Pellegrino Produtor Musical Pellegrino Live Music [email protected]

Amanda Bravo Produtora/Cantora/Empresária Beco das Garrafas [email protected]

Geraldo Picanço Arquiteto [email protected]

Jorge Pescara Musico [email protected]

Julia Zardo Universidade Instituto Genesis-PUC [email protected]

Larissa Frigotto Universidade Instituto Genesis-PUC [email protected]

Henrique Lissovsky Artista/Músico/Produtor Escola de Música Villa-Lobos [email protected]

Aline Brufato Produtora Musical Bar Semente [email protected]

Alessandra Debs Produtora/Assessora de Imprensa [email protected]

Bernado Pauleira Empresário Embolacha [email protected]

Jessé Nunes Duarte Mendonça Artista Difração Musical [email protected]

Claudio Lyra Musico/Produtor [email protected]

Caio Branco Empresário Algazarra Produtiva [email protected]

Branco Feno [email protected]

Nair Cândia Cantora [email protected]

Jaime Alen Musico [email protected]

Eduardo Grau Músico/Produtor [email protected]

Laura Nascimento Brito Estudante PUC-Rio [email protected]

Sassá Samico SEC/RJ Superintendência de Artes SEC/RJ [email protected]

Tânia Amorim SEC/RJ Superintendência de Artes SEC/RJ [email protected]

Luiza Baratz SEC/RJ Superintendência de Artes SEC/RJ [email protected]

Leo Feijó SEC/RJ Superintendência de Artes SEC/RJ [email protected]

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RELATOS DOS PARTICIPANTES

Alessandra Debs |assessora de imprensa, curadora musical

Qual foi o resultado da iniciativa realizada em Londres? Temos que nos conectar com essas

iniciativas. Seria interessante estimular essa ação coletiva, e saber se em algum outro lugar do

mundo algum tipo de ação nessa linha já apresentou resultados.

Leo Feijó | coordenador de música na SEC

Precisamos sim estudar esses outros casos e manter contato com as lideranças em outras

cidades. Essa iniciativa em São Paulo, próxima de nós, portanto, já resultou na aprovação em

primeira instância de um projeto de lei que prevê R$ 15 milhões no edital de Fomento à

música somente na cidade de São Paulo em 2017.

Alessandra Debs

Algo bem objetivo, com resultados práticos. Isso é importante.

Dra. Debora Sztajnberg | advogada especializada em direitos autorais e contratos

Essa coisa de São Paulo me impressionou porque recebi de algumas pessoas a informação de

que 5 casas fecharam em São Paulo. Então essa notícia do projeto de lei é espetacular. É uma

reação.

Leo Feijó

Mostra organização por parte deles. A SIM SP (Semana Internacional da Música) é outro

exemplo, porque o Rio tem alguns ótimos eventos, mas não temos uma Feira de Negócios ou

uma Semana Internacional da Música no Rio de Janeiro, que misture a visão da música como

negócio com a possibilidade de um festival para apresentação de talentos locais para agentes

de todo o mundo, gerando mais oportunidades, nos moldes de uma Womex (Feira

internacional de música que acontece há 20 anos na Europa).

Debora Sztajnberg

Estava na Polônia e eles não têm essa questão do espaço para a música ou espaço residencial.

Trabalhei em dois festivais lá, em Cracóvia e Varsóvia. Em Varsóvia você pode fazer o que você

quiser, lá não há tanta restrição, talvez como uma reação cultural depois de muitos anos sem

poder fazer isso. É um caso a se estudar também. Um dos festivais era em Cracóvia, na cidade

velha, e não havia essa restrição sonora nem fiscalização. Não é preciso atravessar a cidade

para ter acesso a palcos e música.

Leo Feijó

Percepção equivocada de separação das áreas residenciais e de entretenimento. Como se o

espaço de entretenimento tivesse que ser distante. Tudo pode conviver, com inteligência e

linhas corretas de apoio. A Lapa é um cluster cultural e não enfrenta esse problema tão

diretamente em relação a alvará, mas também tem moradores. Nas zonas Norte e Sul há uma

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tendência de “expulsão” dos palcos por serem áreas mais residenciais. Por que não podemos

ter outras “Lapas” no Rio?

Amanda Bravo | cantora e sócia do Beco das Garrafas

Sou empresária, produtora e cantora. E acho que essa iniciativa é ideal. Acredito muito nesse

esforço e vou participar. Unir todos para encontrar soluções é a iniciativa ideal, não há outro

jeito. Estou nas três frentes. Muitas vezes não há público para pagar os cachês.

Geraldo Picanço | arquiteto

Como estão os hotéis nessa história? Oferecem música ao vivo?

Leo Feijó

Hoje poucos hotéis que oferecem música ao vivo. É um mercado que pode ser importante para

o músico. Muitas vezes o hotel oferece toda a estrutura, paga o cachê e não depende muito de

pagamento de couvert artístico ou ingresso. De que maneira aproximar os hotéis dos palcos

próximos é algo importante nesse processo também. Ou convidar as casas de shows para

realizar a curadoria de projetos de música nos hotéis, é outra possibilidade. Vamos abrir esse

canal por meio do sindicato e associações que representam os hotéis.

Amanda Bravo

O Rio é conhecido lá fora pelos seus ritmos. A música aqui tem que pulsar o tempo todo, nos

hotéis, nas ruas, nos bares, nos teatros, e em todos os horários. Eu recebo muitos turistas no

Rio, e eles comentam: todo mundo sabe que é muito difícil ouvir bossa nova no Rio.

Alessandra Debs

Esse abismo que há entre as casas de shows e o turismo no Rio, a que se deve isso? O que se

pode fazer para estreitar essa relação?

Jader Almeida | produtor

Tenho atuação há alguns anos com eventos e o setor de turismo. O Sambódromo é uma

grande referência no Carnaval, e há um fluxo turístico por conta do Carnaval nas escolas de

samba, mas há dificuldade de casar a produção cultural com o turismo mesmo nessa época.

Mais ainda no restante do ano. Os hotéis têm algumas iniciativas, mas são poucas. E o hotel

consegue financiar com recursos próprios. Intervenções artísticas diversas.

Leo

Poderíamos oferecer desconto no IPTU, redução no ISS para hotéis que ofereçam música ao

vivo, bem como para espaços culturais em geral. Nesse momento de crise, não sei se será bem

recebida a ideia. Mas é um estímulo que gera novos impostos.

Geraldo Picanço | arquiteto

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Sobre a cobrança do ECAD nos hotéis, há uma questão em relação a isso. Cobram pelo número

de quartos. É preciso analisar isso.

Ruy Pereira | músico, produtor e professor

Sou produtor e músico. E tenho a alegria de ter compartilhado vários momento da carreira

com o Téo Lima, aqui presente. O Rio de Janeiro é a identidade da música no Brasil. Não quer

dizer que outras cidades não possam ser também, como Recife, por exemplo, mas na prática é

São Paulo. Se tiver que fazer uma comparação, São Paulo deixa a gente mal. Mas foi o que eu

queria dizer: acima de tudo é o seguinte: essa parte administrativa, politica, tem que ser feita

com muita seriedade. Mas há um descuido por um aspecto que pode orientar tudo isso. A

identidade carioca está intrinsicamente ligada à musica. E não se trabalha isso. É essa

identidade que vai gerar a vocação da cidade para a música,. Uma cidade que tem Tom Jobim,

como seu maior compositor, que tem Cartola, uma cidade onde tanto os músicos como

compositores, com um elenco desse, não pode deixar à deriva, na minha opinião de um

caráter meramente comercial, de resultados. Um projeto como desse deve ser oriento por

essa identidade e dar relevância aos nossos interpretes, cantoras, então temos que mostrar ao

Brasil e ao mundo que a nossa vocação é a cultura, é o imaginário e a canção.

Teo Lima | músico, representante no Conselho Nacional de Políticas Culturais (CNPC) e

presidente da Casa do Músico

Na realidade eu fico muito feliz com essa iniciativa. Eu já vi movimentos que começaram assim

e cresceram. Quem acompanhou as câmaras setoriais, que começaram em 2003 e tiveram o

ápice em 2005, quando foram criadas diversas leis, sabe disso. E esse movimento começou ali

no Mistura Fina, com apenas 10 pessoas. No segundo encontro já eram 20 pessoas, na terceira

fomos obrigados a mudar para um ginásio, com tanta gente participando. Criar esses GTs

(grupos de trabalho) a partir do encontro de hoje já é uma grande iniciativa, saindo de hoje

aqui talvez com grupo de pessoas interessadas em trabalhar isso. Estou chegando de Brasília,

onde participo do Conselho Nacional de Políticas Culturais – também integro o Conselho

Municipal de Cultura e sou presidente da Casa do Músico – e a realidade é que vivemos uma

grande crise institucional brasileira. Estamos com um problema seríssimo. O artigo 68 da Lei

9610 de 1998 está entrando na pauta para ser julgado. Infelizmente. E uma lei que foi criada

por um deputado e outros grupos, para que a música tocada no rádio, nos hotéis e motéis, que

não se cobre o direito autoral. Se essa lei passa, imagina a abertura que isso dará para donos

de rádio e outros segmentos que peçam para não pagar direito. E tem compositor que vive de

uma única música, da execução dessa música. Já conseguimos barrar em outro momento, mas

ontem foi movimentada de novo. Está em fase de entrar em pauta. Aqui como um exemplo

essas ideias de que o Estado e a Prefeituras ofereçam incentivos pata as casas fazerem

isolamento acústico é muito importante. Isso é maravilhoso. Pode ser via ICMS, ou via ISS,

como for possível. A Lapa mesmo, que já foi um bairro reconhecidamente boêmio, hoje tem

condomínios residenciais. É uma região mista. E muitos bares estão fechando porque não

podem fazer o isolamento acústico, o que é ruim para o músico. As pessoas se incomodam. Eu

sou músico, defendo o lado do músico, mas não posso fechar os olhos para isso. O morador

chega cansado em casa, ou está na madrugada dormindo. E aí chega uma batucada com o

pandeiro na janela dele. É preciso respeitar. Então esse tipo de apoio para que tudo funcione

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como deve é importante. Já tratamos disso muito tempo atrás (citando o Bangalô na Barra,

por exemplo, que ficou cinco anos sem música), e de qualquer maneira precisamos avançar

nisso. Essa legislação que menciona que é ‘vedada a percussão’, aqui no Rio de Janeiro (Lei dos

4 instrumentos sem percussão), é outra coisa que não concordamos, porque não tem nada a

ver. A questão não é a bateria ou a percussão, porque a música mecânica com DJ, por

exemplo, faz muito mais barulho. É uma decisão que a gente não entende, é uma pirraça com

o músico mesmo. Sobre a questão de fechamento de casas em São Paulo é uma pena, porque

isso está acontecendo no Rio também, e precisamos reverter isso.

Eu trabalhei na noite. Com Djavan outros artistas. Comprei meu primeiro apartamento

trabalhando na noite. Vamos incentivar essa inciativa, estou disposto a trabalhar, na época das

câmaras setoriais fui um dos primeiros e participar. Vamos organizar uma agenda de

encontros. Temos uma discussão no Conselho Municipal de Cultura, e temos algumas ideias

sobre apoio com incentivo. Na Bahia abrirão um programa de trocar notas fiscais por

ingressos. Isso há existe faz tempo. Ideias existem. Precisamos pensar em novas soluções,

porque com recursos do governo sei que será difícil. A Lei Rouanet não é democrática. Por isso

eu já propus que 20% dos projetos aprovados sejam destinados para projetos sociais ou de

artistas que não têm chance de conseguir patrocinadores. Esse dinheiro iria ara o Fundo de

Cultura. Era o que eu tinha pra dizer, vi em cima da hora esse convite.

Mila Schiavo | músico, produtora e vice-presidente da Brazil Music Foundation

Já comecei a pesquisar os editais e modelos de incentivo nos Estados Unidos, em especial os

de Nova York. Nenhum deles é 100% de renúncia fiscal, por exemplo. Sempre há uma

contrapartida de 25% ou até 50%. Outra coisa que eu queria fazer é desenvolver parcerias da

Fundação com os editais americanos e a embaixada brasileira, de que maneira nós podemos

desenvolver esses intercâmbios, levando músicos brasileiros pra lá e trazendo músicos pra cá

também.

Pedro Cardoso | Fundador do estúdio e palco Áudio Rebel

O apoio recebido com o edital da FUNARTE esse ano foi fundamental. Estávamos há 10 anos

trabalhando de forma totalmente independente. Com despesas altíssimas. E já tínhamos

acumulado uma serie de dificuldades com manutenção, e de estresse de pessoal de equipe

com burocracia, esse prêmio deu sobrevida à casa. Já tínhamos pensado em reformular a parte

de shows e de serviços que prestamos de estúdio e tratamento de áudio. Graças ao edital eu

pude pela primeira vez receber pelo meu trabalho de produtor, e pagar decentemente a

equipe, podendo oferecer muito mais aos os músicos, com estrutura, assessoria, e é

fundamental que esse edital seja mantido, que nos próximos governos, seja na secretaria de

estado ou no município, porque realmente com todas as despesas e dificuldades que temos no

Rio de Janeiro é impossível manter um espaço de pequeno porte com um mínimo de

condições para os músicos e funcionários, too mundo sobreviver com um mínimo de

tranquilidade. São tantos problemas desde o trânsito a vizinhos, burocracia, e vivemos quase

sem nenhum tipo de incentivo. É impossível. Há um caso apresentado pelo pesquisador Daniel

Domingues, que indica que também em Barcelona menos de 30% são de arrecadação de

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bilheteria. Há incentivo fiscal, redução na conta de luz e outras despesas, com bonificação, e

aqui no Rio é impossível as despesas são muito altas.

Bernardo Pauleira – Embolacha

Eu estou aqui representando como sócio a Embolacha, site de crowdfunding dedicado à

música, artes plásticas, ao teatro e outros projetos culturais. Para complementar sobre a fala

do Pedro, quero dizer que já levantamos mais de R$ 3 milhões para viabilizar projetos que são

predominantemente de artistas, que foram elaborados e colocados lá por artistas na

plataforma. Na música, a maioria para viabilizar o lançamento de novos álbuns. A Embolacha

está do meio do ano pra cá estimulando produtores e embaixadores (produtores de cultura)

ficando com 15% do foi captado, deixando 85% pra jogo. Estamos incentivando artistas,

produtores e empresários que trabalham com grupos de artistas a entender como funciona o

crowdfunding e como é essa conta, que é diferente dos editais. Temos que olhar para editais

mas se em Barcelona 30% apenas da receita dos palcos de pequeno porte vem do público, o

público deve ter voz nessa decisão. Em paralelo ao valor que a FUNARTE (Fundação Nacional

das Artes, órgão ligado ao Ministério da Cultura) repassou ao Áudio Rebel, a Embolacha

repassou ao Áudio Rebel outros R$ 30 mil que foram levantados via financiamento coletivo.

Reduzimos a campanha e o público chegou junto. Vim aqui hoje me apresentar e para dizer

que estamos disponíveis para elaborar com vocês novos projetos. Cada caso é um caso. Vamos

analisar cada banda, cada casa de shows, porque cada um tem uma particularidade. O

Facebook é uma das redes sociais, não é a única. Cada um tem a sua própria rede. No caso da

Rebel, o público entendeu que o valor era para pagar aluguel do espaço. Que se ele comprasse

“x” ingressos ajudaria a Áudio Rebel a sobreviver. Por isso a campanha foi bem sucedida.

Porque complementa os eventuais recursos públicos com a iniciativa pública, ou mesmo atua

de forma essencial pata a manutenção de um palco ou viabilização de um projeto.

Leo Feijó

Conhecendo esse mercado, eu sei que um apoio de R$ 20 mil mensais para uma casa de

pequeno ou médio porte faz toda a diferença. São 240 mil por ano, o que não é tão difícil para

uma empresa ou marca patrocinar toda uma programação, uma estrutura, e uma plataforma

de comunicação. E ainda há a possibilidade de incentivo fiscal em muitos casos.

Amanda Bravo

Sou uma das sócias do Beco das Garrafas, sou cantora e produtora. Não comecei a produzir

agora no Beco, sou filha de um produtor que já passou pra mim, talvez por osmose, todas as

dificuldades que sempre existiram nessa carreira e nesse ambiente dos palcos. Está no sangue.

O Beco das Garrafas hoje é formado por duas casas, Bottles e Little Club. É uma dificuldade

dupla. Temos que encher todos os dias. São palcos pequenos. Com a receita de no máximo 100

pessoas não pagamos as despesas. Estamos em Copacabana, os custos são altos, assim como

em toda a cidade. Então claro que precisamos dos editais, mas precisamos muito também da

iniciativa privada e do marketing institucional. E eu acho que todos nós, os artistas também -

eu também vou fazer meu disco pela Embolacha, quem sabe? - precisamos do apoio do

governo, do público e das empresas. Mostrar para as marcas a importância os pequenos

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palcos tem para a cultura, para a música, esse canal de comunicação. E muito importante

trazer para essa rede de captadores, que tenham abertura com essas empresas. Temos um

contrato com a Heineken, que apoiou a abertura dos espaços. Foi um apoio importante, mas

pontual. Assim como outras casas, contudo, que também têm algum tipo de associação com

marcas, isso não resulta em aporte mensal ou anual de recursos, ao contrário do que acontece

nas arenas de shows ou casas de grande porte. O que realmente faz o Beco estar aberto há

três anos, mesmo fechando as contas no vermelho, é o publico e a rede de artistas que se

apresentam lá por bilheteria, e alguns projetos. Consegui um patrocínio da Secretaria

Municipal de Cultura do Rio para um projeto super bacana, que é o Troféu Beco das Garrafas -

que está chegando ao fim. Mas não temos estrutura para que isso aconteça de forma

continuada. Não temos verba para pagar uma equipe de captação, uma equipe de divulgação,

equipe de assessoria de imprensa. Eu adoraria. A verdade é que a conta não fecha. O que nos

faz continuar nisso? É o amor. É acreditar que o Rio vai solucionar essa questão e transformar

essa cadeia da música em algo realmente produtivo e sustentável. Tanto para os artistas como

para o público. E mudar a cultura atual, em que não se gosta de pagar para ficar em silêncio

assistindo a um show. É difícil ter público menos conhecido ou de outro Estado porque as

pessoas não querem pagar para ver o novo. Temos que mexer com a cultura do consumo de

música, da cidade, e envolver todos esses parceiros. Como hotéis, os órgãos de turismo.

Porque isso não acontece naturalmente, houve diversos contatos com a rede hoteleira, os

concierges, mas isso teve resultado pequeno até agora. Ainda não conseguimos esse

engajamento. E não foi por falta de trabalho, de contato, de envio de material.

Alessandra Debs

É óbvio que música é cartão-postal do Rio. O que acontece quando vocês procuram os hotéis?

Qual é a resposta?

Amanda Bravo

Eles indicam os shows. Mas é quando o hóspede pergunta, em especial sobre bossa nova. Em

geral eles indicam o lugar mais antigo que paga em cima do que o grupo consome (ou uma

comissão sobre o ingresso ou couvert). Mas quem vai num show no Beco consome pouco, e

não há margem para pagar essa comissão.

Jader de Almeida

Há uma associação de concierges no Brasil inteiro e eles sempre fazem uma divulgação super

legal dos eventos que eu faço. É um caminho.

Amanda Bravo

O que temos de legal é que são dois shows todos os dias. Sextas e sábados são três ou até

quatro. Como divulgar isso? Estamos movimentando muito, é uma enorme quantidade de

artistas, mas ao mesmo tempo fico sem canal de comunicação. Eu mesma que divulgo no

Facebook. Acho que devemos chamar a ROTUR (Empresa de turismo da Prefeitura do Rio), com

uma pessoa responsável dedicada à música, porque não tem destaque nas programações

deles, a música é tratada como um bar ou um restaurante, não tem o devido destaque.

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Ruy Pereira

É aí que entra a questão da identidade.

Amanda Bravo

A questão da identidade: tem o baile do Viaduto de Madureira, que é um tipo de música, A

Lapa é choro e samba e outros ritmos, o Beco, que é na Zona Sul, é bossa nova.

Leo Feijó

É preciso construir circuitos mais bem organizados para facilitar a divulgação.

Amanda Bravo

Sim, tem que ser bem mapeado, porque é um problema muito grave. Às vezes em Copacabana

mesmo acontecem outras iniciativas, eventos, espaços, aí chega o ECAD, e o organizador ou

paga fixo ou é obrigado a parar com o show. E aí o espaço para com o show, e usa só música

ambiente, porque é um custo menor. Acho que o ECAD é um problema, porque eu nunca

recebi um centavo por qualquer execução no Beco das Garrafas, com o repertorio do meu pai

(Durval Ferreira).

Leo Feijó

A bossa nova e a música instrumental brasileira não teriam se desenvolvido não fosse o Beco

das Garrafas a aquela série de bares, palcos e pequenos clubes naquele labirinto de ruas em

Copacabana. Ou seja, mais uma vez aparece a relevância dos pequenos palcos para a nossa

música.

Mila Schiavo

Como se dava a sobrevivência financeira dessas casas? Todo mundo fala sobre tudo isso. Meus

pais falavam sobre essas casas, moravam na Montenegro (Ipanema), todo mundo fala disso

tudo, já li vários livros. Mas quando eu penso financeira, como era na época?

Amanda Bravo

Na época era um lugar onde se podia experimentar. Dizia o Miéle (Luis Carlos Miéle, produtor,

ator, diretor) que só podia tocar quem comprasse um drinque (risos). Acho que não se cobrava

entrada, eram clubes privê, as pessoas bebiam muito mais, podia fumar, hoje em dia não

existe mais isso (e é um dos meus principais problemas, porque a área externa onde as

pessoas ficam para fumar, e levamos multas por conta disso). Na época também tinha esse

problema (jogavam garrafas), mas era uma matemática que funcionou durante muitos anos.

Téo Lima

Só um minuto, gente: eu trabalhei na noite com carteira assinada. Durante muitos anos eu tive

essa regularidade. E se pagava bem.

Amanda

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E também o músico quando ganhava era o equivalente a 50 reais,. Mas ali era oura onda, era

experimentação, para lançar coisas novas, o Rio de Janeiro queria ouvir um som novo, então

era um palco muito mais para aparecer do que para ganhar.

Geraldo

No Beco das Garrafas havia couvert artístico para os músicos, e consumação mínima para o

bar. Os lugares tinham música todo dia, em geral instrumental. Tenho o prazer de dizer que fiz

o cartaz para a Leni Andrade. E eu recebi foi um uísque e dois convites para ir ao show, pelos

cartazes. Tinha um amadorismo. Os músicos davam canja a beça. E os músicos que não fossem

tocar tinham que pagar um drinque lá.

Leo Feijó

Nunca se produziu tanta música no mundo. Mas a questão é o desafio de desenvolver uma

carreira em torno disso, como participar desse mercado. E acredito que os palcos sejam

essenciais. Os palcos não existem sem o músico, assim como o músico também precisa do

palco.

Há toda uma dinâmica de ocupação do espaço público hoje, o que é muito saudável. Há editais

públicos para a cultura que evoluíram nos últimos anos. Há muitos festivais de grande porte

que ocorrem no Brasil todos os anos. Mas está faltando algo nessa sequência, e na minha visão

é o circuito de pequenos e médios palcos.

Sobre os temas abordados nesse fórum do Plano de Resgate da Música ao vivo: eu peço que

não seja discutida nesse fórum a questão de direitos autorais em relação ao ECAD, por

exemplo. É preciso restringir os temas, porque não daremos conta de toda a temática

envolvendo a indústria da música. Para isso há outros fóruns e associações.

A Secretaria de Estado de Cultura trabalha a questão a identidade de diversas maneiras, seja

com o programa de apoio às Bandas Centenárias, em parceria com o INEPAC, seja pela

valorização dos ritmos tradicionais fluminenses, do circuito da seresta em Conservatória.

Acredito que quando falamos sobre valorizar esse circuito de palcos estamos falando

naturalmente de música autoral, sendo assim, estamos valorizando a identidade, a produção

atual. Mas também temos que abrir espaço para palcos que façam parte de uma rede

comercial. Seja para o funk carioca, para a música e câmara, a MPB, seja para o rock ou a

música eletrônica, você está trabalhando identidade. Se vamos valorizar em especial os

grandes nomes da nossa música (foram citados Villa-Lobos, Tom Jobim, Pixinguinha), podemos

fazer isso sim.

Aline Brufato | administradora de empresas e sócia do Bar Semente

Estou há 13 anos no Semente. A questão financeira é grave. A conta não fecha. Estamos num

lugar maior, há 3 anos. Já tentei fazer de tudo. Com todos os impostos e carteiras assinadas,

todos os custos, estruturas. E como fazer essa conta fechar quando o couvert ou do que

arrecadamos a grande percentual vai para o músico, além disso em nota fiscal com mais um

custo. Então como pagar as contas? É preciso buscar outras fontes de receita. Por exemplo,

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bar, cozinha. Acho que os editais, fundamentais, são uma saída interessante é a inciativa

privada. Sobre contato com associações de concierges: sou até procurada por eles, mas não

consigo dar atenção. É um lugar pequeno de música você tem que cuidar desde o gelo ate o

Chico Buarque quando chega lá você precisa receber (e não pode estar com uma cara de

acabada, depois de 12 horas lá trabalhando o dia todo). Então temos que pensar num modelo

de negócios, com outras receitas, que são modelos parecidos, por exemplo a Junta Local. É um

pessoal que faz comida, se terceirizar operação de alimentos, isso facilita. Tenho espaço de

estrutura lá dentro. Por que não chamar a associação de concierges, a RIOTUR, as agências,

como chegar nas agências de turismo? Muitas vezes elas fazem programações, roteiros, e

querem lugar es para levar a oito grupos como para fazer eventos fechados. Essa uma outra

questão também das casas: você normalmente utiliza a casa à noite e durante o dia mantem

um escritório, no máximo. E você tem ar condicionado, cozinha, estrutura de som, e poderia

estar fazendo outras coisas nesses horários ociosos. Feijoada para grupos turísticos, não sei. O

que posso dizer é que nesses 13 anos só com amor para continuar. Não vamos fechar mês que

vem, claro. Mas já tentamos de tudo, é complicado. Tentei patrocínio de várias marcas de

cerveja. Todo mundo sabe como é difícil. Você tenta vender algo pra agencias, pra hotéis., e

você tem que ter um veiculo de comunicação, um material apresentável, um site. Agora eu

trabalhei 13 anos para ganhar dois editais, e que fizeram toda a diferença: o Fomento da

Prefeitura, que é um edital super interessante, e fiz o Festival Semente. Só estou vida por

conta desses editais. E ganhei em 2015 o edital da Funarte, que saiu o recurso esse ano. É um

edital diferenciado, foi pouco divulgado, mas muito inovador. Foi lançado pela Funarte,

quando o (Francisco) Bosco era o presidente, com parte de uma série de iniciativas para a

Música, que foram interrompidas, e o objetivo é permitir que você tenha capital para melhorar

a estrutura e investir em programação. Estimular o mercado da música mesmo. Você vê hoje

empreendedores de casas de 30 a 100 lugares com dividas de 100 mil reais, de 150 mil e de

300 mil reais o tempo inteiro. São inúmeras cobranças. Por isso o edital, que na verdade é um

prêmio. E ele premiou espaços que trabalham com música autoral. Todos os lugares que

ganharam tem pelo menos 10 anos de frente. Mas qual é a grande diferença que percebi esse

ano sobre os editais: o da Prefeitura você tem basicamente cachê. Mais alguns recursos para

gráfica É ótimo. Mas é pontual, ele se encerra. O da Funarte não, vai na linha que é a seguinte:

olhar realmente onde estão os problemas. Como conseguir recursos para trazer os artistas,

atrair o público, e além disso, de investir no que você quiser no artístico, pode comprar ar

condicionado, pode fazer um CD ou DVD, pode fazer um camarim, pagar passagens aéreas,

enfim, você gasta naquilo que você considera importante. No edital da Prefeitura eu trouxe o

Yamandú Costa. Mas estou num casarão de 1912 com 9 metros de altura. E consegui

refrigerar. Fiz os shows da Prefeitura, mas a estrutura de som é nova por conta do edital da

Funarte. Quais equipamentos os clubes de jazz usam em NY? Eu quero estrutura semelhante a

essa. Depois tem que prestar contas de tudo, claro. Mas foi um primeiro edital, esse da

Funarte, em que você está realmente equipando os lugares que já esta na cena., que não é só

o novo artista que vai, o consagrado também vai, porque precisa estar perto do novo. Ney

Matogrosso se apresentou no Semente. É toda uma cadeia. Uma pessoa interessante que

podemos trazer para esse fórum é o Franscisco Bosco, e por ser um cara que não é político,

por conhecer as cenas do Rio e SP, ele entende melhor quais as necessidades de palcos, de

acústica, de estrutura, de pintura, de tudo. Só o cachê não vai resolver de forma estruturada.

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Leo Feijó

Mais um encaminhamento: levar para a SMC o modelo de edital da FUNARTE para

estruturação de espaços, e para o Governo do Estado, na medida do possível.

Aline Brufato

Estamos elaborando um documento de cada palco que ganhou, mostrando com esse recurso

foi importante para a sobrevivência a atuação dessas casas, que foram selecionadas também

por uma questão territorial, em todo o Brasil. O Puxadinho de SP, por exemplo, fechou e

depois reabriu por conta do prêmio.

Amanda Bravo

Sobre a Prefeitura: quando estive com a secretaria, expliquei que precisava reabrir o Beco,

fazer reforma, e a resposta foi que a Prefeitura não poderia oferecer recursos para esses fins.

Aline Brufato

Por isso o edital da Funarte tem esse diferencial. Quando você olha um tipo de

desenvolvimento social, político e territorial, quando olha em NY, se não tiver três coisas

básicas: limpeza, iluminação e segurança não da pra começar nada. Tem que envolver as

pessoas que moram e trabalham naquela região. Williamsburg em NY é um exemplo recente, a

nova Lapa de NY.

Mila Schiavo

Sobre isso do Brookllin, NY: nos EUA há uma outra postura do público. Lá as pessoas pagam,

valorizam a música. Eu sou carioca, nascida no Catete, minha mãe é de Cascadura, meu pai é

de Ipanema, então conheço o Rio muito bem. E o carioca é metido mesmo: não quer pagar

ingresso, meu nome esta na lista. Nem 20 reais. Às vezes o valor de duas cervejas. Sou música

e tenho mestrado em administração, isso me deixa enfurecida. Uma vez fui a um show no fim

a banda passou o chapéu e todo mundo contribuiu, foi no Brooklin. Na Barra, aqui no Rio, tem

o Kult Kolector. E tem uma banda que toca toda quinta-feira, é muito legal, e aí o que

acontece: no final eles sugerem uma contribuição e ninguém dá. A cerveja custa 9 reais, mas

ninguém paga o músico. É uma questão que teremos que enfrentar, e mudar essa cultura

carioca.

Leo Feijó

A pessoa talvez não queira pagar na hora, mas estamos em um momento de economia

colaborativa, talvez buscar essas formas de engajamento.

Aline Brufato

A Lapa enfrenta várias questões de organização do espaço urbano.

Leo Feijó

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Sugiro que entremos na discussão específica sobre a Lapa, porque esse é um plano para todo o

Estado do Rio. Quando falamos em procurar as Prefeituras, estamos falando de todos os

municípios, de buscar interlocução. Vamos aproveitar que novos prefeitos assumirão agora

para levar a eles a importância estratégica de investir na música e na criação de circuitos.

Aline Brufato

Sobre a questão da ação do Poder Público. Não é o Estado que tem que produzir o show. Tem

que dar condições para as pessoas produzirem, não é o Estado. Eu acredito inclusive que essa

arte fique inviável economicamente muito em breve.

Importante discutir como oferecer ais espaço para a música nos equipamentos culturais do

Estado e do Município, além do que já é oferecido em artes cênicas.

Amanda Bravo

Poderíamos sugerir para a RIOTUR: alguém que tivesse contato conosco, uma pessoa

coordenada por nós que tenha uma visão real do que é o setor da música.

Leo Feijó

Eu acho que vocês tem que trabalhar menos na lógica da concorrência e mais na logica da

cooperativa.

Julia Zardo | Instituto Gênesis da PUC-Rio

É importante estabelecer uma dinâmica. Pelo que vi até agora teremos com facilidade

problemas e soluções uma divisão em grupos. Vocês já estão cortando um dobrado para

sobreviver. Eu sei que o empreendedor que está aqui não está lá atendendo o telefone.

Eu falo da universidade. Que não é necessariamente o lugar mais objetivo no mundo. Temos

críticas, por exemplo, do papel da atuação da universidade na economia criativa. Porque na

tecnologia, na engenharia, a inovação esta na universidade. Na Economia Criativa estamos

sempre atrás. Estar aqui é uma oportunidade de colaborar, não só com informação – e sempre

há essa necessidade de buscar números – e a FIRJAN divulgou ontem a novo mapeamento

sobre a EC – e não tínhamos séries históricas há até poucos anos sobre Economia Criativa,

sobre os setores do audiovisual e outros. Então quando que a federação das indústrias se

interessa, num estado que era muito ligado nos setores de petróleo e gás, em Economia

Criativa, é importante. A FIRJAN com isso está reconhecendo que audiovisual, turismo, música

e economia criativa têm relevância. Agora que estamos em crise do petróleo, vemos que há

cada vez mais importância para a economia criativa.

Eu quero pensar em propostas. Na relação com o turismo, no marketing, no calendário. Quero

pedir essa colaboração, antes de todo mundo ir embora, trabalhar em grupo um pouco para

chegar a esses problemas e soluções.

Ana “Ninha” Alvarenga

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Sou estudante da UFF. Existe um outro público surgindo. Eu conheço bem esse público que

não quer pagar ara ver os shows. Acho que o desafio maior dentro desses grupos de trabalho é

identificar esse público. As pessoas estão indo a festivais, existe uma lógica. Está tendo um

boom dessas iniciativas colaborativas, e o difícil é manter esses encontros, com a falta de

tempo que todos enfrentam. Mas acho que é possível reunir todas as coisas: as casas de

shows, os artistas e o público. Participo do Nós de rede e já participamos de uma série de

iniciativas colaborativas.

Eddu Grau | músico e produtor

Sou músico e estou ouvindo aqui as discussões. Sou lá do Complexo do Alemão. Sempre toquei

violão. Tenho um amigo de infância, o MC Sapão, hoje bem conhecido, e ele me chamou pra

tocar uma música com ele no show. Depois a empresária dele me chamou pra produzir uma

música. Eu me enfiei nesse mercado durante 3 anos, porque precisava de dinheiro, apesar de

conhecer muito bem no início. E vi como é incrível o mercado do funk. Porque eles são a

verdadeira indústria criativa. Eu fiquei pensando: por que? Porque eles, primeiro, os grupos

empresariais vendem pacotes. Na nossa firma eles contratavam cinco ou seis MCs de uma vez

só. ViaShow, Westshow, eles compravam um pacotão com a gente. E a estrutura de rádio, de

comunicação, de marketing de rede, toda essa estrutura é impressionante. Por mais que seja

muito orgânico e primitivo, gera ótimos resultados. É muito funcional e eficiente. Um artista

divulga o outro, porque eles fazem shows juntos. Quando eu apresentava o meu trabalho solo

aqui na Zona Sul, descobri uma realidade muito estranha. É difícil botar público nessas salas da

Zona Sul. Então acho que precisamos com humildade estudar essa cena do funk e aprender

com eles. Essa galera é demais. Se eu puder colaborar de alguma forma, estou aqui pra ajudar.

Temos que nos apoiar, criar grupos. Imagina 8 casas de shows divulgando a mesma galera.

Parece panela, mas na verdade é um circuito, um instrumento de divulgação e assim você

fortalece esse grupo e forma público.

Jessé Mendonça | músico

Como vocês estão considerando a questão dos eventos de rua, dos foodtrucks? Como

podemos utilizar essa modalidade de serviço em benefício da música?

Leo Feijó

Eu acho particularmente muito saudável esse movimento de levar a música para os espaços

públicos, ruas, praças. A cidade pertence ao cidadão. A questão que vem é como tornar essas

ações sustentáveis do ponto de vista do músico. Como eles podem desenvolver uma carreira a

partir dessas apresentações ao ar livre? Como podem ser remunerados? Eles tocam por meio

de editais? Há um ótimo exemplo no Méier, o Leão Etíope. Mas além da função social da arte,

que é muito importante, como aqueles artistas são remunerados? Além disso, quero ressaltar

mais uma vez que os espaços privados em geral são os palcos da inovação e da vanguarda.

Mesmo os teatros e centros culturais públicos, por mais interessantes que sejam, guardam

uma relação com a gestão pública, muitas vezes precisam fechar cedo, o que dificulta atrair

público, ou mesmo há dificuldades na comunicação e na estrutura. Se fosse possível ampliar a

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rede privada de palcos e também a rede pública, com uma gestão que abra mais oportunidade

para a música, seria ótimo.

Amanda:

A cultura do público: como alterar essa cultura de não sair para assistir a um show?

Ruy - Geração que se formou nas escolas e universidades públicas. Comecei a levar amigos

para cantar nas escolas públicas. A FAETEC tem um teatro maravilhoso. Está fechado. As

escolas onde dou aula, a maioria tem teatros. Todos fechados. Passo em Marechal Hermes e

quase nada acontece lá; E eu acho que temos que nos preocupar com a formação de plateia.

Criamos novo público e despertamos talentos, porque muita gente que esta na musica surgiu

porque viu em sua escola um músico tocando. Um exemplo: no Silas da Fonseca na Tijuca,

metade da Tijuca estudou lá; Meu irmão Fernando, baterista, Darci de Paula, Osias, que passou

20 anos na França, era uma escola que por causa da atuação e música tinha um resultado

excepcional. As crianças adoram musica. Sou professor de música, desde o CA, 4ª série. Acho

que música tem que ser dada, e depois do cara volta.

Julia Zardo, PUC-Rio

Sobre o estudo de caso de Conservatória, interessante como exemplo. É conhecida como a

cidade da seresta. Foi realizado um projeto para que Conservatória ficasse conhecida como a

Cidade da Música. Ela está entre o Rio de Janeiro, Minas e São Paulo. Mas a cidade estava

envelhecendo. As pessoas mais jovens saem de lá. Essa identidade relativa à música é muito

presente. Em 2003 fizemos um estudo e publicação chamado Cadeia Produtiva da Música. E

vimos que Conservatória tinha esse diferencial de identidade de música ara gerar fluxo para a

as industrias turismo e gastronomia e hotelaria. Mas a pesquisa de campo indicou que os

donos dos bares reclamavam muito que as pessoas iam pra lá mas o dinheiro não ficava na

cidade. Entendemos que ao turismo é classe A/B, e passava duas noites, três dias. E gastava

menos de 400 reais na cidade. É um tíquete-médio muito baixo. Por que isso? Em parte porque

não tinha caixa eletrônico na cidade. O artesanato, por exemplo, não conseguia vender. Além

disso, era preciso desenvolver esse artesanato, porque não tinha valor agregado, eram panos

de prato com o desenho do violão. Tem muita gente que vai pra lá tocar, mas não gravar um

CD ou divulgar seu trabalho. Conseguimos montar um CODECOM, um Conselho de

Desenvolvimento da cidade, unindo lideranças de vários setores. É importante trazer essas

outras industrias da gastronomia, turismo e do artesanato. O resultado disso, depois de 10

anos, é que hoje em dia é preciso agendar com antecedência a viagem a Conservatória com

meses de antecedência, porque a ocupação é muito grande. É resultado de uma rede de

colaboração de trabalho. Como foi colocado aqui, não vamos necessariamente tratar de

questões como ECAD ou Festivais. Mas podemos analisar como a ausência de ações ou de

direitos autorais podem ser impeditivos para o mercado. Provável que outras questões

apareçam. Já vimos aqui várias propostas. Então nossa sugestão é realizar agora, em grupos,

listar problemas e soluções. E categorizar essas questões, se é de marketing, se é de legislação,

se é de fomento etc. E ao final cada um pode se engajar em um dos temas ou grupo, para

desenvolver a longo prazo.

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PROBLEMAS E SOLUÇÕES: RESUMO DOS GRUPOS

GRUPO 1

Relatoria: Amanda Bravo

Os problemas e soluções levantados pelo grupo:

Couvert artístico, entrada e consumação. A cantora e empresária Amanda Bravo defendeu

que os estabelecimentos sejam autorizados a realizar a cobrança separadamente, em uma

negociação direta com o cliente. A legislação em vigor exige que 100% do couvert artístico

sejam repassados aos músicos. Outra legislação proíbe a cobrança de consumação mínima,

para “proteger” o consumidor. “Permitir que cada casa de shows ou casa noturna ou bar faça

como entender melhor é sempre mais vantajoso para todos. O músico, o cliente e o

proprietário da casa”, diz Amanda.

Novas receitas. O grupo também pensou em soluções para a geração de receitas alternativas.

Financiamento coletivo, por exemplo, criação de programas de “sócio afetivo”, ou

membership, foram citados. No campo do turismo, foi sugerido que os estabelecimentos

trabalhem na estratégia de venda de pacotes antecipados, produtos, que ofereçam descontos

em parceria.

Uso de horários alternativos. O uso do tempo ocioso no período em que as casas estão sem

operação, durante o dia e em algumas noites durante a semana, foi outra questão levantada.

“Eu precisaria de uma autorização para cursos, por exemplo. Poderia oferecer workshops,

aulas para vários públicos e para crianças”, diz Amanda.

Orientação jurídica e contábil. Para isso seria necessária orientação contábil e jurídica, até do

pagamento de taxas para alterações contratuais e de legalização dos empreendimentos para

novas atividades, algo que muitas vezes as casas de pequeno porte não podem custear.

Grandes eventos x pequenos palcos. Foi apontada a desconexão dos grandes eventos com os

pequenos palcos. O Poder Público pode exigir contrapartidas quando houver uso de leis de

incentivo em grandes eventos, por exemplo. Outra coisa: entendemos que o Poder Público não

deve se comportar como “produtor” de eventos. Por que oferecer shows de grande porte com

dinheiro público em horários que prejudicam os palcos de menor porte que sobrevivem dos

ingressos? É preciso, sim, incentivar os produtores.

Plataformas de comunicação. Os espaços de médio e pequeno porte enfrentam dificuldades

para manter uma equipe de comunicação e um esforço comercial (para atrair clientes,

parceiros comerciais e divulgar as atrações). Poderíamos ter uma equipe única para 10 ou mais

casas, por exemplo, se houver algum apoio. Isso poderia incluir teatros e palcos administrados

pelo Poder Público, porque sabemos que muitas vezes esses os governos não conseguem

comunicar muito bem a sua própria programação.

Novas mídias. Podemos desenvolver mapas, uma revista, um anuário, um jornal. Podemos

tentar patrocínio para esses meios de comunicação da música ao vivo na cidade. Um serviço

para os cariocas e os turistas. “Acho que deveríamos também ter espaço nos equipamentos

culturais do município. Como uma ‘ocupação’ provisória, uma temporada do Beco das Garrafas

na Sala Baden Powell, por exemplo. Mostrando ao público e parceiros que temos afinidades,

que há um circuito”, diz Amanda.

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Turismo. É inexplicável que o setor do turismo converse pouco com o segmento da música ao

vivo. Já tentamos contato com os concierges. Mas é muito difícil ter um fluxo de público

baseado nessa relação. Como mudar isso? Talvez a RIOTUR, da Prefeitura do Rio, possa

distribuir o material impresso elaborado por essa futura rede de casas e divulgar nossos links.

É preciso também conversar com as agências para incluir nos pacotes, após os passeios, no

roteiro turístico – o circuito de shows da cidade. Outra questão é que os hotéis, que já

ofereceram música ao vivo em ampla escala, hoje quase não contratam mais músicos. Poderia

ser um circuito interessante, com participação das casas na curadoria. O músico ou a banda

tocariam nas casas e nos hotéis na mesma semana, viabilizando inclusive turnês e

intercâmbios com outros estados e até de artistas internacionais, o que hoje é quase

impossível.

Verba de apoio. Qualquer verba de patrocínio mensal é importante. Se for possível ter

também uma redução de impostos e taxas para quem oferece música ao vivo será ótimo. É

uma medida que algumas cidades já tomaram, porque investir na música é estratégico.

Financiamento coletivo.

As plataformas de crowdfunding podem ser usadas, isso é mágico porque chama o público a

participar. Se compararmos com outros momentos da cidade, os palcos perderam importância

como hábito, mas as pessoas querem se olhar no olho, e a música é um ótimo canal para isso.

Núcleo de captação. É preciso estabelecer um núcleo para captar em bloco para as casas com

esse perfil. Porque não temos estrutura, não tempos tempo, não temos como investir. E um

processo como esse é demorado. Precisamos sim de uma atuação conjunta nesse sentido.

Uma assessoria.

GRUPO 2

Relatoria: Mila Schiavo

O mercado é um só para o músico e o proprietário das casas. É preciso chegar a consensos. A

lei do couvert por exemplo, dificulta a existência das casas, porque assim não fecha a conta.

Uma vez que a casa tem diversos custos, como som, luz, segurança, limpeza, ECAD, aluguel e

outros, como repassar 100% para o músico? É importante que todos consigam ganhar.

Em vez de parar nessa discussão, deveríamos estar trabalhando para trazer mais público. E não

polarizar a questão do músico e os proprietários das casas. Como trabalhar a questão da

colaboração espontânea para o público, para que a casa permaneça funcionando? É preciso

pensar em novos modelos de negócios.

GRUPO 3

Relatoria: Fabio Neves

PROBLEMAS

Formação de público

Há um hiato na formação de público para a música autoral. Por parte dos músicos e

produtores, há uma demanda de soluções para promover essas apresentações.

Isolamento acústico

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Falta de tratamento acústico das casas de shows de maneira geral e como manter esses

espaços em funcionamento, porque acabam em um ciclo curto.

Remuneração para os músicos: cachês mínimos garantidos

Ausência de cache para os músicos, que na maioria das vezes recebem apenas participação de

bilheteria.

Valorização do músico

Promover a consciência sobre a valorização do músico. Valorizar a importância grande na

atração para uma casa. O músico move uma cadeia econômica extensa de produtos e serviços.

Abertura do mercado de trabalho com novas formas de remuneração para o músico

Abertura do mercado de trabalho para o músico, pensar outros serviços e produtos que

possam fomentar a atividade do músico.

Circuito de casas

Falta um circuito de casas para a circulação de artistas. Há poucas casas, fomentar esse circuito

para formar público e desenvolver a carreiras é fundamental.

SOLUÇÕES

Startups.

Identificar, provocar e apoiar a criação de startups culturais. De que maneira elas podem se

portar junto às casas e artistas? Criando novos produtos ou utilizando o que já existe.

Cartão da Cultura

Poderíamos desenvolver uma espécie de “Riocard Cultural”, por exemplo, com crédito e

validade como outros cartões de transporte. Dessa maneira levaríamos mais recursos para o

setor da música ao vivo. (Nota: analisar a experiência com o Vale Cultura, lançado pelo MinC).

Crédito

Buscar linhas de crédito para incentivar o circuito. Linhas de incentivo a crédito para

desenvolver o cultural, isso poderia ajudar o cenário - casas e artistas.

Integração

Rede entre as casas para fortalecer os eventos e projetos de todos. Maior integração das casas

para divulgação da agenda dos shows. De uma maneira mais privada do que pública.

Rede de Casas

Desenvolver uma rede de palcos que permita um trabalho conjunto.

Questão do couvert artístico

Discussão sobre regras claras de divisão de bilheteria, seja por couvert artístico ou ingressos.

LISTA GERAL DE SOLUÇÕES PROPOSTAS

Propostas consolidadas a partir de levantamento prévio e da escuta dos participantes

durante o primeiro encontro.

Propostas de soluções e encaminhamentos

Diálogo com a Prefeitura do Rio e outros municípios para estimular o planejamento de

ações de música, com orçamento e equipe, com apoio do Comitê do Plano de Resgate

da Música ao vivo no Estado do Rio de Janeiro.

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Sugestão de criação de uma área especializada em música na RIOTUR (Prefeitura do

Rio)

Orçamento de 2017 dos municípios: destinar pelo menos 1% do orçamento para a

pasta da Cultura, incluindo pelo menos 20% do total para o setor da música, com

especial atenção para a música autoral e a identidade musical da região.

Maior presença de programação de shows nas redes de teatros e centros culturais do

Estado e dos Municípios.

Criação de uma cooperativa de casas e shows e espaços culturais de pequeno e médio

porte, com objetivo de obter apoio de R$ 20 mil mensais para 10 casas inicialmente,

selecionadas por sua contribuição à cena musical, com pelo menos 3 anos de

funcionamento. Estudar modelos de premiação (Edital da Funarte) que tenha

prestação de contas simplificada e permita o investimento em estrutura de som, luz,

refrigeração, comunicação, programação, etc

Mapear e apoiar o circuito de casas de shows, teatros e espaços de pequeno e médio

porte no Estado do Rio de Janeiro;

Articular uma rede de gestores, produtores, curadores, artistas e instituições para

viabilizar a elaboração de um plano e suas ações;

Transformar o Estado do Rio no maio polo de produção musical da América Latina,

referência como destino musical e de inovação artística no mundo;

Identificação e estímulo aos circuitos musicais no Estado do Rio de Janeiro, em

parceria com órgãos de turismo e empresas do setor;

Apoiar novas plataformas de comunicação, marketing e captação de recursos para

apoiar os pequenos e médios palcos;

Estimular a organização de uma rede de casas de shows, teatros espaços de música ao

vivo, para atuação de forma associativa na busca por mais público, marketing

institucional, redução de custos, geração de uma fidelização de clientes e parceiros;

Organização de dados que indiquem a relevância da música para a cidade e o Estado

do Rio de Janeiro, inserindo a capital e outras cidades no conceito das “Music Cities”

ao redor do mundo;

Elaboração de propostas de novos editais públicos e de empresas privadas utilizando

os recursos das leis de incentivo à cultura, com o objetivo de viabilizar a manutenção

dos espaços, incluindo infraestrutura de som e luz, refrigeração, adequações físicas,

isolamento acústico, treinamento, programação artística e comunicação;

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Criação de um plano integrado de financiamento coletivo às atividades musicais no

Estado do Rio de Janeiro, um Fundo Música RJ, para suporte a palcos, festivais e outras

ações que promovam a geração de oportunidades para músicos e produtores. Possível

parceria com plataforma de crowdfunding já existente;

Elaboração de Projetos e Lei (PL) para apresentação na Câmara de Vereadores e na

Assembleia Legislativa do Estado do Rio (ALERJ) no intuito de reduzir os custos para

estabelecimentos legalizados que promovam atividades musicais com frequência, seja

na redução de alíquotas sobre itens como fornecimento de água e energia elétrica,

IPTU e ISS ou outras fontes de custos que possam ser reduzidas;

Como resultados esperados: melhores condições para os palcos existentes, criação de

mais palcos, criando novas oportunidades para músicos, técnicos e produtores,

ampliando a formação de público para a música.

Proposta de contrapartida da indústria de bebidas, que tem presença comercial muito

forte e lucrativa no território da Lapa, Centro do Rio de Janeiro, e em outras praças

culturais do Estado do Rio como Madureira, Méier, Bangu, Baixada Fluminense e

outras regiões do estado: indicar projetos e ações permanentes relativas ao apoio a

músicos, casas de shows, meio ambiente (reciclagem e limpeza), campanhas de

conscientização, apoio à valorização do patrimônio histórico e pesquisas, roteiros

turísticos e outros;

Retorno da publicidade: em relação à Lapa, definição de valores básicos que sejam

revertidos para o bairro quando agências de publicidade utilizem a imagem dos Arcos,

do bairro ou das manifestações populares, criando assim o “Fundo Lapa” para ações

em benefício do território, moradores, artistas e empreendedores.

Grandes empresas do entorno das Praças Culturais: De que maneira essas empresas

podem colaborar? Qual a responsabilidade sobre o território? Seus colaboradores não

são frequentadores?

Reforçar a importância do ensino de música nas escolas, além de incentivar a criação e

a manutenção das escolas técnicas e escolas e cursos voltados para planejamento de

carreiras na música, com uma visão global de toda a cadeia produtiva do music

business.

MODELOS DE EDITAIS PARA A MÚSICA

Como é possível incluir de forma mais clara uma linha para manutenção de Palcos de pequeno

e médio porte?

Reproduzimos aqui um resumo do edital publicado pela Fundação Nacional das Artes

(FUNARTE), do Ministério da Cultura (MinC).

http://www.funarte.gov.br/wp-content/uploads/2015/07/Edital-Premio-Funarte-de-

Programacao-Continuada-para-a-Musica-Popular-2015.pdf

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Prêmio Funarte de Programação Continuada para a Música Popular 2015

PRÊMIO FUNARTE DE PROGRAMAÇÃO CONTINUADA PARA A MÚSICA POPULAR 2015 O

Presidente da Fundação Nacional de Artes - Funarte, no uso das atribuições que lhe confere o

inciso V, artigo 14 do Estatuto aprovado pelo Decreto n° 5.037 de 7 de abril de 2004, publicado

no DOU de 8 de abril de 2004, torna público o presente o edital do PRÊMIO FUNARTE DE

PROGRAMAÇÃO CONTINUADA PARA A MÚSICA POPULAR 2015, válido em todo o território

nacional, em conformidade com o disposto na Portaria nº 29/2009 – MinC e, supletivamente,

na Lei nº 8.666 de 21/06/1993 e suas eventuais modificações no que lhe for aplicável. 1. DO

OBJETO 1.1. O presente concurso segue as diretrizes do Plano Nacional de Cultura (Lei 12.343

de 2010), especialmente no que se refere à qualificação de ambientes e equipamentos

culturais para a formação e fruição do público e à facilitação do acesso dos criadores às

condições e meios de produção cultural. 1.2. O objetivo do concurso é promover a seleção de

projetos cujas características e objetivos se ajustem a um dos seguintes módulos: 1.2.1.

Módulo A: projetos que visem ao desenvolvimento da programação artística e / ou à melhoria

da infraestrutura de palcos musicais que venham apresentando ao público espetáculos de

música popular brasileira de forma continuada. 1.2.2. Módulo B: projetos de realização de

festivais e mostras de música popular, nacionais ou internacionais, no território brasileiro. 1.3.

Na presente edição do PRÊMIO FUNARTE DE PROGRAMAÇÃO CONTINUADA PARA A MÚSICA

POPULAR, o Módulo A tem foco – não exclusivo – em espaços voltados para a produção

musical popular brasileira contemporânea. 1.4. Para fins deste edital, entende-se por: 1.4.1.

Palcos musicais: espaços culturais situados no território nacional, constituídos como pessoa

jurídica de natureza privada, com ou sem fins lucrativos, que se configurem como teatros,

arenas, galpões, lonas, salas, casas, dentre outros equipamentos que possuam infraestrutura

logística e técnica necessária à realização de espetáculos musicais de forma permanente. 2

1.4.2. Música popular brasileira contemporânea: música instrumental e canção, produzidas no

Brasil nas três últimas décadas. 1.4.3. Festivais e mostras de música popular: eventos cuja

programação englobe espetáculos e atividades de qualificação e produção de conhecimento

na área da música popular (como oficinas, debates e palestras), podendo abranger também

meios e atividades de comercialização de obras, produtos, projetos, espetáculos e serviços

musicais (estandes, rodadas de negócios etc.). 1.4.4. Proposta: conjunto de documentos

enviados no ato da inscrição (ficha de inscrição preenchida e assinada, projeto formatado em

formulário específico e materiais comprobatórios, conforme estabelece o item 6.3). 1.5. O

resultado esperado desta seleção pública é o reconhecimento e o fortalecimento de palcos,

festivais e mostras que vêm contribuindo para a difusão da música popular brasileira,

garantindo a sua presença nos espaços cotidianos de experiência cultural de diferentes grupos

da população, conforme estabelece o Plano Nacional de Cultura (Lei 12.343 de 2010). 2. DOS

RECURSOS ORÇAMENTÁRIOS 2.1. Os recursos para realização deste Edital correrão pela conta

Funcional Programática: 13.392.2027.20ZF.001 – Promoção e Fomento a Cultura Brasileira,

com aporte financeiro de R$ 5.925.000,00 (cinco milhões, novecentos e vinte e cinco mil reais).

2.1.1. Do total do montante de recursos destinados ao concurso, serão empregados R$

5.800.000,00 (cinco milhões e oitocentos mil reais) em premiação e R$ 125.000,00 (cento e

vinte e cinco mil reais) em custos administrativos. 3. DO PRAZO DE VIGÊNCIA 3.1. Este edital

entra em vigor na data de sua publicação e terá validade até 31 de dezembro de 2015

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podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período, em ato devidamente motivado. 4.

DAS CONDIÇÕES PARA PARTICIPAÇÃO 4.1. Estão habilitadas a participar do concurso pessoas

jurídicas de natureza cultural, com ou sem fins lucrativos, doravante identificadas como

proponentes. 4.1.1. A inscrição deverá ser encaminhada pelo sócio majoritário na sociedade

de cotas e/ou o sócio que responda pela pessoa jurídica em cargo máximo contido em

estatuto ou contrato. 4.1.2. Não serão aceitas inscrições realizadas por microempreendedor

individual (MEI), que é a pessoa que trabalha por conta própria e se legaliza como pequeno

empresário, podendo faturar no máximo R$ 60.000,00 por ano. 3 4.2 Não poderão inscrever-

se na seleção pública proponentes que possuam entre os seus dirigentes: I. Membro do Poder

Executivo, Legislativo, Judiciário, do Ministério Público ou do Tribunal de Contas da União ou

respectivo cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade até o 2º

grau; II. Servidor público vinculados à Funarte ou ao Ministério da Cultura ou respectivo

cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade até o 2° grau. 4.2.1.

A participação das proponentes que infringirem este item poderá ser impugnada em qualquer

fase do concurso. 4.3. Da submissão de projetos ao Módulo A: 4.3.1. Poderão ser submetidos

ao Módulo A deste concurso projetos para o desenvolvimento artístico e estrutural de palcos

musicais que atendam às especificações descritas no item 1.4.1 e possam comprovar, ao

menos, 1 (um) ano de atividade permanente. 4.3.2. Os projetos concorrentes deverão ser

submetidos pelos próprios palcos musicais nos quais ocorrerão as atividades propostas, visto

que estes devem estar constituídos como pessoas jurídicas conforme estabelece o item 1.4.1.

4.3.3. A capacidade de público dos palcos musicais proponentes não poderá exceder 600

(seiscentas) pessoas. 4.3.4. Os projetos concorrentes deverão se destinar exclusivamente a: a)

Realização de programação musical (pagamento de cachês artísticos; remuneração de equipe

técnica; pagamento de serviços de curadoria, criação, produção, veiculação de material de

divulgação, transporte, hospedagem e alimentação). e/ou b) Promoção de melhorias de

infraestrutura (aquisição e manutenção de equipamentos de som e luz; construção, ampliação

ou reforma de palcos, camarins e áreas destinadas ao público). 4.4. Da submissão de projetos

ao Módulo B: 4.4.1. Poderão ser submetidos ao Módulo B deste concurso projetos de

realização de festivais ou mostras de música que atendam às especificações descritas no item

1.4.3 e já tenham sido realizados anteriormente, conforme o que estabelece o item 5.1.1. 4.5.

Cada proponente poderá submeter apenas 1 (uma) proposta ao PRÊMIO FUNARTE DE

PROGRAMAÇÃO CONTINUADA PARA A MÚSICA POPULAR 2015. 4 4.6. É permitida a submissão

de projeto que já tenha recebido apoios e/ou recursos financeiros captados por meio de leis

de incentivo fiscal federais, estaduais ou municipais. 5. DA QUANTIDADE E DO VALOR DOS

PRÊMIOS 5.1. Serão concedidos 44 (quarenta e quatro) prêmios, assim distribuídos: Módulo N°

de Prêmios Valor do Prêmio A 7 R$ 200.000,00 15 R$ 100.000,00 Módulo N° de Prêmios Valor

do Prêmio B 7 R$ 200.000,00 15 R$ 100.000,00 5.1.1. No Módulo B, os prêmios de

R$200.000,00 (duzentos mil reais) destinam-se a festivais ou mostras que já tenham sido

realizados ao menos 3 (três) vezes e os prêmios de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a festivais ou

mostras que já tenham sido realizados ao menos 2 (duas) vezes (as edições anteriores deverão

ser comprovadas). 5.2 Os prêmios pagos a pessoas jurídicas não estão isentos de tributação,

embora não sofram retenção na fonte, ficando o recolhimento do mesmo sob a

responsabilidade da proponente. (...)

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CALENDÁRIO

A Coordenação e Musica da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro sugere o

seguinte calendário de encontros do grupo de trabalho, com encontros às terças-feiras, das

18h às 21h:

14/02 – segundo encontro

14/03 - terceiro encontro

11/04 – apresentação das propostas às instituições

EQUIPE E CONTATOS

Leo Feijó Sassá Samico Maria Gabriela Pereira Beatriz Lucchetti Tânia Amorim Luiza Baratz Ana Clara Cobra Sabrina Camodego Realização: Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro Apoio: Instituto Gênesis da PUC-Rio Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro Superintendência de Artes | Coordenação de Música Rua da Quitanda, 86, 8 ° Andar - Centro, Rio de Janeiro. CEP 20091-005 21 2216.8500 ramal 241

www.cultura.rj.gov.br

Mais palcos. Mais oportunidades. Mais música.