PLANO DE MANEJO...XII - favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a...
Transcript of PLANO DE MANEJO...XII - favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a...
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 1 de 148
PLANO DE MANEJO
RPPN FAZENDA SÃO BENEDITO Brasil - Rio de Janeiro - Rio Claro - 2009
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 2 de 148
PLANO DE MANEJO DA RPPN SÃO BENEDITO
Proprietário: Antônio Luís de Mello e Souza
Coordenação Geral: Associação Patrimônio Natural do Rio de Janeiro
Equipe técnica de elaboração do estudo
Coordenação Geral: Deise Moreira Paulo - APN-RJ
Coordenação Técnica:
Adriano Lopes de Melo - Eng. Florestal, MSc.
Estudos secundários
Coordenação: Monise Aguillar Faria Magalhães - Acadêmica de Engenharia Florestal
Estudos da Flora: Coordenação: Celso Fraga de Mattos Junior - Acadêmico de Engenharia Florestal
Alexandre de Medeiros - Acadêmico de Engenharia Florestal Daniel Leal Zumbrinsky - Acadêmico de Engenharia Florestal Eduardo de Paiva e Paula - Acadêmico de Engenharia Florestal
Daniel Flint - Acadêmico de Engenharia Florestal Vitor Cavalcanti de Mattos - Acadêmico de Engenharia Florestal
Luis Ireno - Acadêmico de Engenharia Florestal Monise Aguillar Faria Magalhães - Acadêmica de Engenharia Florestal
Renata Patrizia - Acadêmica de Engenharia Florestal
Estudos da Fauna: Coordenador: Leandro Travassos dos Santos - Biólogo
Israel Dias de Carvalho - Biólogo Jeiel Carvalhaes - Biólogo
Estudos Topográficos e geoprocessamento: Washington Ramalho - Técnico em Agrimensura
Gilberto Pereira – Biólogo e especialista em geoprocessamento
Equipe de Apoio: Sr. Zé Paulino – RPPN Fazenda São Benedito
Sra. Ana – RPPN Fazenda São Benedito
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 3 de 148
APRESENTAÇÃO
O presente documento materializa a reflexão de um conjunto de pessoas sobre o
futuro da RPPN Fazenda São Benedito (Portaria ICMBIO 70/01), localizada no município
de Rio Claro, Rio de Janeiro. Em seu conteúdo foram compilados e sistematizados
estudos primários e secundários de diversas áreas do conhecimento, naturalmente,
aqueles relacionados de alguma forma à RPPN. Cada estudo deste documento foi
realizado por uma equipe específica e capacitada, sob a coordenação geral de um técnico
da APN-RJ, e foi, a partir dos mesmos, que todas as diretrizes de proteção e manejo
foram delineadas. Ou seja, uma fase diagnóstico (leitura de atributos ambientais,
históricos, sócio-econômicos, etc.) como subsídio a uma fase de planejamento da
RPPN (zoneamento, programas e projetos específicos de proteção e manejo). Os estudos
primários foram aqueles realizados no campo, tais como flora, fauna e topografia. Os
estudos secundários foram aqueles realizados com foco em revisões de literatura (solo,
geologia, geomorfologia, sócio-economia, uso e ocupação do solo, etc.). Estes são
apresentados sempre abordando o contexto regional e depois os aspectos específicos da
propriedade, RPPN e seu entorno direto (como se fosse uma abordagem “funil”). Toda
esta concepção está baseada no Roteiro Metodológico para Elaboração de Planos de Manejo
de RPPN, publicado pelo ICMBIO. O conteúdo deste documento foi elaborado com a
preocupação de ser compreensível ao proprietário/gestor da RPPN e, melhor ainda,
exequível. Isso só foi possível diante das conversas estabelecidas com o mesmo, além
daquelas realizadas com seus funcionários, que são notórios saber da região. Portanto,
espera-se que este documento sirva para aprimorar a percepção do proprietário acerca
dos atributos ambientais dos domínios da propriedade e RPPN, bem como do seu
entorno e região que se insere, na busca do entendimento das potencialidades e
limitações existentes e as diretrizes que devem estar associadas a cada uma dessas.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 4 de 148
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO .................................................................................................................. 3
INTRODUÇÃO: .................................................................................................................... 5
I.1) Localização e acesso da propriedade e RPPN: ............................................................ 8
I.2) Histórico: .................................................................................................................... 11
1.3) Ficha Resumo ............................................................................................................ 12
1. DIAGNÓSTICO ............................................................................................................... 14
1.I Caracterização ............................................................................................................. 14
I.I.I) Clima ...................................................................................................................... 14
1.I.2) Relevo .................................................................................................................. 18
1.I.4) Hidrografia ........................................................................................................... 24
1.I.5) Vegetação ............................................................................................................ 33
1.I.6) Fauna .................................................................................................................... 46
1.2) Fogo e outros fatores de degradação ................................................................... 51
1.3) Atividades desenvolvidas na RPPN ....................................................................... 54
1.4) Pesquisa e Monitoramento .................................................................................... 54
1.5) Visitação ................................................................................................................ 55
1.6) Sistema de Gestão ................................................................................................. 55
1.7) Pessoal ................................................................................................................... 55
1.11) Formas de Cooperação ....................................................................................... 59
2) CARACTERIZAÇÃO DA PROPRIEDADE ..................................................................... 60
3) CARACTERIZAÇÃO DO ENTORNO .......................................................................... 62
3.1) Aspectos Sócio-econômicos ................................................................................. 63
4) POSSIBILIDADE DE CONECTIVIDADE ........................................................................ 65
5. DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA ............................................................................. 69
PLANEJAMENTO ................................................................................................................. 73
1. Objetivos específicos de manejo .................................................................................. 73
2. Zoneamento ................................................................................................................. 73
2.1. Zona Silvestre ............................................................................................................ 75
2.2. Zona de Proteção ...................................................................................................... 75
2.3. Zona de Transição ..................................................................................................... 76
2.4. Zona de Visitação ...................................................................................................... 76
2.5.Zona de Recuperação ................................................................................................. 77
3. Programas de Manejo ....................................................................................................... 77
3.1. PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO ...................................................................... 79
4.2 PROGRAMA DE PROTEÇÃO E FISCALIZAÇÃO ................................................... 86
4.3. PROGRAMA DE PESQUISA E MONITORAMENTO ............................................. 90
4.4. PROGRAMA DE VISITAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL .................................. 92
4.5. PROGRAMA DE SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA ....................................... 106
4.6. PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO E INTEGRAÇÃO ........................................ 109
5.0. ORIENTAÇÕES GERAIS PARA REINTRODUÇÃO DE FAUNA NATIVA ......... 124
6. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES E CUSTOS ....................................................... 126
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 132
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 5 de 148
INTRODUÇÃO:
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC, foi
instituido pela Lei Federal 9.985, de 18 de julho de 2000, na qual ficam estabelecidos os
critérios e normas para a criação, implantação e gestão das Unidades de Conservação. O
SNUC é constituído pelo conjunto das unidades de conservação federais, estaduais e
municipais, de acordo com o disposto na Lei citada acima, onde se lê no Art. 4º os seus
objetivos1:
I - contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos
genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais;
II - proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;
III - contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de
ecossistemas naturais;
IV - promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;
V - promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza
no processo de desenvolvimento;
VI - proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;
VII - proteger as características relevantes de natureza geológica,
geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural;
VIII - proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;
IX - recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;
X - proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica,
estudos e monitoramento ambiental;
XI - valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;
XII - favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a
recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico;
XIII - proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações
tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as
social e economicamente.
Pela Lei, foram definidos dois grandes grupos de Unidades de Conservação da
Natureza: o das Unidades de Proteção Integral e o das Unidades de Uso Sustentável. As
1 Transcrição na íntegra do Art. 4º da Lei do SNUC.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 6 de 148
Unidades de Proteção Integral objetivam a preservação da natureza, sendo nelas admitido
apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos na Lei.
As categorias definidas para composição deste grupo são: Estação Ecológica, Reserva
Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural e Refúgio de Vida Silvestre.
Já as Unidades de uso sustentável objetivam compatibilizar a conservação da
natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais. As categorias
definidas são as seguintes: Área de Proteção Ambiental, Área de Relevante Interesse
Ecológico, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva de Fauna, Reserva de
Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular do Patrimônio Natural.
Com base no descrito acima, a RPPN Fazenda São Benedito (Portaria ICMBIO
70/2001) é uma Unidade de Uso Sustentável.
A Lei descreve os objetivos e as características que definem a categoria RPPN no
seu Artigo 21 como “uma área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de
conservar a diversidade biológica”, sendo permitidos os seguintes usos confome o
parágrafo abaixo:
§ 2º Só poderá ser permitida, na Reserva Particular do Patrimônio Natural,
conforme se dispuser em regulamento:
I - a pesquisa científica;
II - a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais;
III - (VETADO)
Os objetivos pelos quais a RPPN Fazenda São Benedito foi criada são
predominantemente conservacionistas, sobretudo, através de pesquisa científica. No
entanto, atualmente a sua gestão tem iniciado também o viés de visitação com objetivos
turísticos, recreativos e educacionais.
Nesse contexto, este Plano de Manejo tem os seguintes objetivos (adaptados de
Galante et al., 2002):
• contribuir para que a UC cumpra com os objetivos estabelecidos na sua criação;
• definir objetivos específicos de manejo para cada UC, de maneira a orientar e
subsidiar a sua gestão;
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 7 de 148
• promover o manejo da UC, orientado pelo conhecimento disponível e/ou
gerado;
• dotar a UC de diretrizes para o seu desenvolvimento;
• definir ações específicas para o manejo da UC;
• estabelecer a diferenciação e a intensidade de uso mediante zoneamento, visando
à proteção de seus recursos naturais e culturais;
• destacar a representatividade da UC no SNUC diante dos atributos de
valorização dos seus recursos como biomas, convenções e certificações
internacionais;
• orientar a aplicação de recursos na UC;
• contribuir para a captação de recursos e a divulgação da UC;
• fortalecer a figura das RPPN no SNUC.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 8 de 148
1. INFORMAÇÕES GERAIS:
I.1) Localização e acesso da propriedade e RPPN:
A RPPN FSB está situada na cidade de Rio Claro, na mesoregião Sul Fluminense e
microregião do Vale do Paraíba do Estado do Rio de Janeiro, localizada a 122Km de sua
capital (Figua 1). Esta apresenta, em seus limites, os municípios de Barra Mansa (35km) e
Piraí (37km) ao norte, Mangaratiba ao sul (43 Km) e Angra dos Reis (60km) e Bananal-SP
(43Km) a oeste.
Figura 1. Localização do município de Rio Claro no Estado do Rio de Janeiro e na Região do
Médio Paraíba do Sul (08).
A Reserva (22°44’24,08’’S e 44°05’17,31’’W) está localizada aproximadamente no
Km 8 da rodovia RJ-149, que liga Rio Claro a cidade de Mangaratiba - esta, porém, em
leito natural. Esta rodovia pode ser acessada pela RJ-155, para quem vem de Angra dos
Reis e Barra Mansa e pela RJ-139 quando vindo de Piraí (figura 2).
Com relação aos meios de transporte, tem-se o Aeroporto Internacional Antônio
Carlos Jobim e o Aeroporto Santos Dumont, ambos localizados no Rio de Janeiro, a
aproximadamente 3h da RPPN. Dada a esta proximidade com o Rio de Janeiro, não
existem aeroportos operando nos municípios onde se insere a UC.
A proriedade onde se insere a RPPN tem área com condições adequadas para
pouso de helicóptero.
Existem ônibus circulando por toda a região, entre os municípios do entorno,
porém com poucos carros.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 9 de 148
Figura 2. Localização aproximada da RPPN Fzazenda São Bendito.
RPP�
FSB
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 10 de 148
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 11 de 148
I.2) Histórico:
A RPPN Fazenda São Benedito, criada no ano de 2001, é fruto da paixão de três
gerações de uma família, pela conservação da natureza. O avô do atual proprietário,
médico andarilho que atendia a população rural do município de Rio Claro e adjacências,
percorrendo a pé, suas diversas trilhas e caminhos, certa vez, descansando em uma bela
cachoeira, após uma de suas consultas, soube que o nome daquela propriedade era o
santo de sua devoção: São Benedito. Lembrou-se, então, de uma promessa não cumprida
e a adquiriu, construindo uma pequena capela em homenagem a São Benedito e iniciando
o plantio de árvores, sendo essa a origem do nome da propriedade.
Ainda que não haja relatos específicos sobre uso da terra antes de se tornar
Fazenda São Benedito, acredita-se que a mesma era mais uma fazenda produtiva nos
moldes da época próspera do Vale do Paraíba, que tinha o plantio do café e criação de
gado como suas principais atividades econômicas. Além disso, pode-se encontrar, ainda
hoje, exemplares de café no interior da floresta.
A mania de plantio foi seguida pelo pai do atual proprietário, que reflorestou
antigos pastos com centenas de árvores, formando algumas das matas que hoje
confundem-se com a floresta original.
O amor pela floresta e pelas trilhas alcançou o neto, e então, no ano de 2001,
surge a motivação para proteção legal dessas terras com a criação da RPPN FSB (Portaria
ICMBIO 70/2001). Atualmente, o reflorestamento com espécies nativas continua a ser
uma verdadeira obsessão pelo atual proprietário, que ano após ano vem executando tal
ação de manejo, inclusive com a construção de um viveiro de mudas na propriedade.
Todavia, com intuito de disseminar o histórico da região (ver item 1.1.8), o
conceito de conservação e de potencializar a sustentabilidade econômica da propriedade e
RPPN, o proprietário tem pensado em desenvolver ações de ecoturismo, educação
ambiental e pesquisa científica, através de parcerias.
Por fim, o proprietário tem adquirido terras vizinhas com intuito de ampliar a
RPPN.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 12 de 148
1.3) Ficha Resumo
FICHA RESUMO DA RPPN FAZENDA SÃO BENEDITO
Nome da RPPN: Fazenda São Benedito
Endereço da RPPN: Estrada Rio Claro-Mangaratiba Km 6 – Rio Claro - RJ
Município abrangido: Rio Claro (RJ).
Endereço de contato: Avenida das Américas, Shopping Cita América, Bl.6, Sl. 322, Barra da Tijuca-RJ.
Proprietário: Antônio Luís de Mello e Souza
Contato: o próprio (21) 2109-3700 - (21)9365-7651 - (21) 92641360
Municípios de acesso: Rio Claro (principal), Piraí, Barra Mansa e Angra dos Reis.
Coordenadas geográficas: 22°44’24,08’’S e 44°05’17,31’’W (sede)
Área da propriedade: 231 hectares Área da RPPN: 144 ha
Ato legal de criação: Portaria ICMBIO 70/2001
Biomas e Ecossistemas: Floresta Atlântica Ombrófila Densa Sub-Montana e Montana
Meio principal de chegada a RPPN: Rodoviário: RJ-139, RJ-145 e RJ-155
Atividades ocorrentes: reflorestamento, trilhas e recreação familiar
Confrontantes: Propriedades do entorno da RPPN: Alfredo Neivas; Humberto; Elias Carlos Leoni; sucessores de Berlino de Andrade.
Distância do centro urbano mais próximo: Rio Claro (6Km) Barra Mansa (35km) Piraí (37km) Mangaratiba e Bananal-SP (43 Km) Angra dos Reis (60km)
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 13 de 148
DIAGNÓSTICO
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 14 de 148
1. DIAGNÓSTICO
1.I Caracterização
I.I.I) Clima
O médio vale do rio Paraíba do Sul, onde está localizada a cidade de Rio Claro,
consiste numa extensa depressão interplanáltica, ladeada pelo reverso da Serra do Mar e
pela escarpa da Serra da Mantiqueira (DAVIS & NAGHETTINI, 2001). Muitas vezes,
enquanto no vale do Paraíba do Sul as chuvas são insignificantes, e até mesmo inexistentes,
em largos trechos dessas serras se verificam intensos aguaceiros. Essa diferença se dá por
um fenômeno denominado orografia, pelo qual as serras funcionam como uma barreira
geográfica que provoca a ascenção das massas de ar úmido provenientes do oceano,
sobretudo, aquelas de frente fria, descarregando toda a umidade na região (Figura 5).
Figura 5: esquema e foto sobre a interpretação vertical na Serra do Mar.
Os índices pluviométricos das microbacias mais elevadas da Serra do Mar variam
entre 2.000 e 4.500 mm/ano, sendo junto com a Mantiqueira, uma das serras que mais
exercem influência sobre o clima regional do Brasil (COELHO, 2001). Em violento
contraste, aparece o Vale do Paraíba. A subtração de umidade do ar realizada pelas serras
da Mantiqueira e do Mar e a dessecação adiabática tornam essa depressão topográfica
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 15 de 148
bem menos úmida e chuvosa. Dessa forma, a pluviometria anual varia de 750 a 1.000mm.
Porém, o fenômeno de períodos de estiagem na região do Médio Paraíba deve-se
exclusivamente à retirada da cobertura florestal original e de seus efeitos de regulação
térmica e de umidade, provenientes do sombreamento e da evapotranspiração (DAVIS &
NAGHETTINI, 2001).
À medida que se aproxima do reverso da serra do Mar e ou dos alinhamentos
serranos escalonados da serra da Mantiqueira, o clima torna-se mais úmido, com totais
anuais entre 1.200 e 1.800 mm/ano, como é o caso do município de Rio Claro, em que a
precipitação ocorre por volta de 1600 mm/ano de acordo com DAVIS & NAGHETTINI
(2001) (Figura 6).
O fato de a RPPN estar localizada imediatamente no contraforte da Serra do Mar,
faz com que esta receba freqüentemente as chuvas orográficas provenientes de massas de
ar frio vindas do oceano. Esse fenômeno oferece uma condição de vocação hidrológica
privilegiada para a RPPN, que por apresentar os morros cobertos de vegetação, contribui
com o melhor balanço hídrico da região, garantindo, assim, a regulação hidrológica de suas
microbacias, que permitem a perenidade de nascentes e cursos d’água presentes na
unidade de conservação.
Figura 6. Mapa das isoietas das precipitações médias anuais. Fonte: CPRM (2001).
Os tipos climáticos predominantes, segundo Thornthwaite & Mather, (1995) são:
superúmido, nas vertentes voltadas para o mar (sobretudo, as encostas voltadas para o sul
Área da RPPN
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 16 de 148
– ver mapa abaixo); mesotérmico, no reverso e sopé da Serra do Mar e vale do Paraíba,
sendo que as temperaturas são mais baixas, diferenciando-se no ponto de vista térmico. O
período de seca ocorre no inverno, nos meses de maio a setembro, e a temperatura
média anual varia entre 17° e 22°C.
O mapa abaixo mostra a orientação das encostas da Fazenda São Benedito como
um todo. As vertentes voltadas para o sul possuem mais vocação hidrológica que as
voltadas para o norte, pois recebem diretamente as massas de ar úmido oriundas de
frente fria, com influência notória na vegetação (p.ex. presença de plantas que não
ocorrem na vertente norte; sub-bosque rico em herbáceas etc.), características do solo
(mais úmido) e até mesmo na diversidade de animais e insetos.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 17 de 148
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 18 de 148
1.I.2) Relevo
O estado do Rio de Janeiro apresenta um relevo bastante acidentado. No sentido
sudoeste nordeste, de maneira aproximada, sucedem-se em faixas estreitas os três
componentes principais do quadro morfológico do estado: as baixadas, os maciços
litorâneos e o planalto. A RPPN Fazenda São Benedito está localizada na área de planalto
da Serra do Mar, com altitudes variando de 400 a 800m (Figura 7).
Figura 7. Caracterização do relevo do estado do Rio de Janeiro. Fonte: Fundação CIDE (2007).
O planalto ocupa a maior parte do território e seu rebordo oriental é formado
pela Serra do Mar, que atravessa o estado do Rio de Janeiro acompanhando o seu litoral,
inicia-se ao norte do Estado de Santa Catarina e se estende por mais de 1.000km, até o
norte do estado do Rio de Janeiro. O planalto decai suavemente para o interior até o vale
do rio Paraíba do Sul. Para além desse vale e seguindo aproximadamente a divisa com
Minas Gerais, encontra-se a Serra da Mantiqueira, que apresenta as maiores altitudes do
estado.
Rio Claro
Localização da RPPN
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 19 de 148
A unidade geomorfológica Depressão Interplanática do Médio Vale do Rio Paraíba
do Sul, assim classificado por DAVIS & NAGHETTINI (2001), foi gerada por influência de
rebaixamento tectônico, a partir da abertura do oceano Atlântico e do soerguimento das
cadeias montanhosas das serras do Mar e da Mantiqueira, durante o final do Cretáceo e o
Terciário (ALMEIDA, 1976; ASMUS & FERRARI, 1978). A atual morfologia de suave
ondulada a ondulada, composta por um monótono ambiente colinoso, é a que caracteriza
essa unidade.
Essa morfologia de colinas, morrotes e morros baixos com vertentes convexo-
côncavas de gradiente suave a médio e topos arredondados ou alongados e nivelados, foi
caracterizada por AB’SABER (1966) no médio vale do rio Paraíba do Sul como a área-tipo
do domínio morfoclimático dos mares de morros.
O relevo colinoso típico dessa unidade é gradualmente substituído em direção ao
alto curso do rio Piraí e dos formadores do reservatório de Ribeirão das Lajes, por
morrotes e morros baixos, justamente onde está localizada a RPPN. A proximidade do
reverso da Serra do Mar propicia a formação de solos mais profundos e lixiviados na área
onde está inserida a unidade de conservação (Figura 8).
A reserva é caracterizada por apresentar relevo com morros baixos de até 690m
de altitude, aproximadamente, com declividade predominante de 5 a 25º (ver mapa
abaixo) e solos do tipo Latossolo Vermelho-Amarelo álico (DAVIS & NAGHETTINI,
2001) – Figura 8. Esse tipo de solo é caracterizado pela sua profundidade e pela não
diferenciação abrupta entre seus horizontes, já que é um solo antigo e mantém grande
capacidade de lixiviação. Os latossolos Vermelho-Amarelo álicos são solos com horizonte
B latossólico, não hidromórficos, de coloração variando do amarelo e gamas
intermediárias, normalmente de matiz 5YR ou mais amarelo. Apresentam textura muito
argilosa a moderado e ocorrem em áreas originais de floresta tropical densa ou semi-
decidual, com relevo plano e suave ondulado, sendo adequados para os níveis de manejos
C ou pastagem plantada. Porém, são solos que apresentam baixa fertilidade, exigem
investimentos, adubagem e correção da acidez. São adequados para a citricultura,
pastagem e silvicultura.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 20 de 148
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 21 de 148
Legenda:
Figura 8. Mapa de solos da região do Rio Claro. Fonte: CPRM (2001).
A área onde se encontra a RPPN apresenta, em geral, um médio potencial de
vulnerabilidade a eventos de erosão e movimentos de massa, devido às amplitudes de
relevo, geralmente baixas, e aos gradientes suaves a médios do relevo colinoso dominante.
Porém, a cobertura florestal presente exerce um papel fundamental na proteção do solo,
não permitindo a erosão e outros efeitos degradadores do ambiente.
1.1.3. Papel da floresta x relevo
Além de proteger o solo de impactos diretos das gotas de chuva através das copas
e serrapilheira, a floresta também tem a função de promover a estruturação do solo
através de suas raízes, permitindo assim, uma melhor infiltração da água da chuva
(presença de macroporos) e retenção de água (presença de microporos). Dessa forma, a
cobertura florestal evita a compactação das camadas superficiais do solo, e
consequentemente, erosões e deslocamentos de massa.
Um outro papel importante da floresta está relacionado com o regime hídrico das
bacias hidrográficas, que são um conjunto de terras drenadas por um rio principal, seus
Localização da
RPP�
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 22 de 148
afluentes e subafluentes e são delimitadas por divisores topográficos (Figura 9a). Cada
afluente do curso de água principal da bacia hidrográfica forma uma microbacia, que
também é delimitada por divisores topográficos. Essas, assim como as bacias hidrográficas,
são divididas em três zonas com características hidrológicas diferentes, classificadas
especialmente pela declividade do terreno e topografia, quais sejam: zona de captação,
zona de transmissão e zona de afloramento (Figura 9b).
Figura 9. Bacia hidrográfica (esquerda) e suas Zonas hidrogenéticas (direita).
A zona de captação é caracterizada por pertencer às partes de maior altitude da
bacia, próximas aos divisores topográficos, e apresentar uma declividade de plana a suave
ondulada. Esta também é conhecida como zona de cabeceira da bacia hidrográfica, local
onde estão inseridas as microbacias com alta vocação hidrológica. Essa zona é a principal
responsável por garantir a regulação do regime hídrico da bacia hidrográfica, pois sua
função é promover a infiltração, retenção e percolação da água da chuva, para que esta
abasteça o lençol freático e permita assim a perenização das nascentes e cursos d’água
presentes em toda a bacia. Porém, a presença de cobertura florestal nas zonas de
cabeceira é essencial para que suas funções possam ser cumpridas.
O efeito da floresta sobre a precipitação pluviométrica determina a perenidade do
balanço hidrológico de uma microbacia (MOLCHANOV, 1971; SATTERLUND, 1972;
CESAR, 1994). As florestas presentes nas encostas contribuem de forma significativa para
a proteção dos solos, protegendo-os do impacto das gotas de chuva, diminuindo sua
erodibilidade (VALCARCEL, 1982).
Bacia hidrográfica:
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 23 de 148
Nesse contexto, a RPPN São Benedito, por apresentar a zona de cabeceira de suas
microbacias florestadas, garante a regulação hídrica das mesmas, bem como a perenização
de seus cursos d´água.
Além de promover a regulação hídrica da bacia, um outro papel fundamental da
floresta é permitir a ocorrência de interceptação, que é uma variável do balanço hídrico
de microbacias, que quantifica a parte da chuva retida na cobertura florestal que regressa a
atmosfera (LIMA, 1986), apresentando os seguintes significados hidrológicos: reduzir a
intensidade da chuva, favorecer a infiltração, recarga do lençol freático, além de funcionar
como um provedor adicional de umidade, quando localizada em regiões com forte
interceptação da bacia aérea (VALCARCEL, 1982), como é o caso da Serra do Mar.
Bacia aérea (Figura 10) é a área física disposta dentre de uma ou mais bacias
hidrográficas, que influenciam a dinâmica dos fluxos de ar em uma dada região,
condicionando os efeitos orográficos nas encostas e influenciando nos parâmetros
formadores de chuvas, notadamente as orográficas (PIRES, 2005).
Figura 10. Entrada de umidade na bacia aérea.
A região localizada no contraforte da Serra do Mar, onde se encontra a RPPN,
sofre os efeitos orográficos promovidos pelas bacias aéreas presentes na Serra do Mar, o
que explica o tipo de distribuição de chuvas na região e a alta umidade encontrada nas
áreas florestadas dentro unidade de conservação, sendo a presença de cobertura florestal
essencial para que os efeitos de interceptação possam contribuir para o regime hídrico da
reserva e seu entorno.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 24 de 148
A região de Rio Claro apresenta seu terreno dividido em duas macrorregiões
ambientais do Estado do Rio de Janeiro, a macrorregião 2 (MRA-2) e a macrorregião 6/1
(MRA-6/1) (SEMADS, 2001) (Figura 11).
Figura 11. Mapa das macrorregiões ambientais do estado do Rio de Janeiro. Fonte: SEMADS (2001). nascentes pertencentes à unidade de conservação e consequentemente a produção de água em quantidade e qualidade.
1.I.4) Hidrografia
De acordo com o descrito na Resolução/ CERHI-RJ nº18 de 8 de novembro de
2006, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos definiu dez regiões hidrográficas para o
Estado do Rio de Janeiro, nas quais o município de Rio Claro encontra-se inserido em
duas delas: na região hidrográfica II, denominada RH–II - Guandu e na região hidrográfica
III, denominada RH-III – Médio Paraíba do Sul. Porém, a RPPN está inteiramente localizada
na RH-II – Guandu. Cada região hidrográfica é composta por diversas bacias, e estas
últimas por diversas sub-bacias. A RPPN está localizada na sub-bacia do Ribeirão da
Várzea, pertencente a uma das principais bacias da RH-II-Guandu, a Bacia do Rio Piraí
(Figura 12).
Rio Claro
MRA - 2 MRA – 6
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 25 de 148
Figura 12. Bacias do Rio Piraí (amarelo) e do Ribeirão da Várzea (verde). Fonte: CPRM (2001) adaptado.
O Ribeirão da Várzea está situado na margem direita do Rio Piraí no sentido
montante para jusante.
1.1.43.1) Bacia do Rio Piraí
Caracterização
O Rio Piraí é o segundo mais importante contribuinte do Rio Paraíba do Sul (na
Região do Médio Paraíba), encontra-se na margem direita do mesmo, no sentido
montante para jusante, sendo sua foz no município de Barra do Piraí. Suas nascentes, se
localizam, na vertente interna da Serra do Mar e sua bacia se estende pelo território de 5
municípios: Rio Claro, Piraí, Barra do Piraí (mais importantes em termos de área) e
Mendes no Estado do Rio de Janeiro e Bananal no Estado de São Paulo. De acordo com
SEMADS (2001), seus principais afluentes são: Córrego das Tomazes, Rio Sacra Família,
Córrego Vigário, Rio Passa Três, Rio da Várzea, Rio Passa Quatro, Rio Parado, Rio das
Pedras, Rio Claro e Rio da Prata. A área total da bacia do Rio Piraí se aproxima dos 2.000
Km², e a população residente nesta região se aproxima dos 150.000 habitantes.
Localização RPP�
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 26 de 148
Situação hidrogeológica da bacia
A Bacia do Piraí é dividida em três sub-regiões de características homogêneas,
sendo estas:
• Região do Alto Piraí, que se concentra no Município de Rio Claro - RJ e Bananal - SP;
• Região do Médio Piraí, que se concentra no município de Piraí e Rio Claro abaixo de
Tócos - RJ e
• Região do Baixo Piraí no Município de Barra do Piraí – RJ.
As principais sub-bacias contribuintes da Bacia do Rio Piraí, são as seguintes:
Alto Piraí: (a maioria com nascentes no município de Rio Claro)
a) Rio das Pedras; b) Rio Parado; c) Ribeirão Passa Quatro; d) Rio do Braço (com nascentes em Bananal – SP); e) Rio das Canoas; f) Rio do Passa Dezoito; g) Ribeirão da Várzea - sub-bacia na qual a RPPN está inserida (Figura 13).
Médio Piraí:
h) Rio Claro; h) Rio Passa Três; i) Rio Arataca.
Baixo Piraí:
j) Rio Sacra Família (nascentes em Mendes – RJ).
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 27 de 148
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 28 de 148
1.3.1) Bacia do Rio Piraí
1.3.1.1) Caracterização
O Rio Piraí é o segundo mais importante contribuinte do Rio Paraíba do Sul (na
Região do Médio Paraíba), encontra-se na margem direita do mesmo no sentido montante
para jusante, sendo sua foz no município de Barra do Piraí. Suas nascentes, se localizam, na
vertente interna da Serra do Mar e sua bacia se estende pelo território de 5 municípios:
Rio Claro, Piraí, Barra do Piraí (mais importantes em termos de área) e Mendes no Estado
do Rio de Janeiro e Bananal no Estado de São Paulo. De acordo com SEMADS (2001),
seus principais afluentes são: Córrego das Tomazes, Rio Sacra Família, Córrego Vigário,
Rio Passa Três, Rio Claro, Rio da Várzea, Rio Passa Quatro, Rio Parado, Rio das Pedras,
Rio Claro e Rio da Prata. A área total da bacia do Rio Piraí se aproxima dos 2.000 Km², e
a população residente nesta região se aproxima dos 150.000 habitantes.
Situação hidrogeológica da bacia
A Bacia do Piraí é dividida em três sub-regiões de características homogêneas,
sendo estas:
• Região do Alto Piraí, que se concentra no Município de Rio Claro - RJ e Bananal - SP;
• Região do Médio Piraí, que se concentra no município de Piraí e Rio Claro abaixo de
Tócos - RJ e
• Região do Baixo Piraí no Município de Barra do Piraí – RJ.
As principais sub-bacias contribuintes da Bacia do Rio Piraí, são as seguintes:
Alto Piraí: (a maioria com nascentes no município de Rio Claro)
k) Rio das Pedras;
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 29 de 148
Figura 13. RPPN no contexto hidrográfico da região de Rio Claro. Fonte: Fundação CIDE (2007).
Importância hidrológica da bacia do Rio Piraí e região do Alto Vale do Rio Piraí
A situação hidrogeológica da bacia foi, ao longo dos últimos 50 anos, bastante
alterada, para se implantar as obras que viabilizaram o aproveitamento do potencial
energético e de captação de água para o consumo da Região Metropolitana do Rio de
Janeiro, através do Sistema Light-Cedae (SLC). Este último é responsável pelo
abastecimento de 80% em água (Cedae) e 20% em energia elétrica (Ligth) da metrópole
do RJ, atendendo a 10 milhões de habitantes. Os municípios abrangidos pelo SLC são: no
Rio de Janeiro – Rio Claro, Piraí, Paracambi, Eng. Paulo de Frontin, Itaguaí, Vassouras,
Nova Iguaçu e Miguel Pereira; em São Paulo – Bananal. Dessa forma, abrange uma
superfície de 2.293 Km², o que corresponde a 17% da Bacia do Rio Paraíba do Sul, e cerca
de 7% da superfície do Estado do Rio de Janeiro.
O SLC é composto por bacias hidrográficas que têm suas drenagens convergindo
para um conjunto de reservatórios artificiais (Ribeirão das Lajes, Tócos, Santana, Vigário e
Ponte Coberta) (Figura 14).
RPP�
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 30 de 148
Figura 14. RPPN no contexto do Sistema Light – Cedae. Em destaque, o túnel de 20 Km de extensão, que liga o Reservatório de Tócos ao de Ribeirão das Lajes, a montante da RPPN. Ver também figura mostrada anteriormente “Contexto Hidrológico-Local”. Imagem sem escala, somente para ilustração.
Barragem de Tócos, Reservatório de Lajes e Usinas F. Velha e F. Nova:
O barramento de Tócos, localizado próximo à cidade de Rio Claro, foi implantado
na década de 40 e desvia 100 % da vazão do Rio Piraí (uma média de 12,6 m³/s) e do Rio
da Várzea, que corta a RPPN Fazenda São Benedito. Neste caso, toda a água que passa
pela RPPN é oriunda de nascentes à jusante dessa transposição. O Reservatório de Lajes
também recebe aproximadamente 5,3 m³/s de outros contribuintes de menor
importância, de forma que acumula água para geração de energia nas Usinas de Fontes
Nova e Fontes Velha (atualmente desativada) da Light S/A. A jusante das usinas, parte da
água (5,5 m³/s) é desviada por uma adutora da CEDAE, que abastece a Região
Metropolitana do Rio de Janeiro (estes 5,5 m³/s representam 11% do consumo da região).
Reservatório
de Tócos
Reservatório
de Santana Reservatório
de Vigário Reservatório de
Ribeirão das Lajes
Rio Piraí Rio Paraíba do Sul
Reservatório
Ponte Coberta
ETA
Guandú
RPPN Fazenda São Benedito
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 31 de 148
O Sistema de Elevação Santa Cecília / Santana / Vigário e de Geração UHE Nilo Peçanha e Pereira Passos:
Próximo ao distrito de Santanésia, Município de Piraí, em 1953, foi construída a
Barragem de Santana, formando o Reservatório de Santana que recebe contribuições do
Rio Paraíba do Sul, por águas captadas pela Usina Elevatória de Santa Cecília, e do Rio
Piraí, que volta a acumular água de seus contribuintes a jusante de Tócos. Neste trecho há
uma inversão na direção em que corre o Rio Piraí. A água acumulada no Reservatório de
Santana é captada pela Usina Elevatória de Vigário, e elevada para o Reservatório de
Vigário, onde se acumula para geração de energia nas Usinas Nilo Peçanha I e de Pereira
Passos. As águas captadas do Rio Paraíba do Sul, que percorrem o leito do Piraí no
sentido inverso do natural, gerando energia nas UHE’s listadas acima, seguem em frente na
direção da ETA do Guandú abastecendo mais de 85% dos consumidores da Região
Metropolitana do Rio de Janeiro.
Pela Bacia do Rio Piraí, passam mais de 90% da água consumida na Região
Metropolitana do Rio de Janeiro (a segunda maior do País). No município de Rio Claro,
especialmente na região do Alto Vale do Rio Piraí, estão localizadas as nascentes dos
principais formadores deste rio, que produzem aproximadamente 11% da água que se
consome na Região Metropolitana do Rio. Sendo assim, é fundamental a definição e
implementação de estratégias de conservação dos mananciais pertencentes às bacias que
compõem a região do Alto Vale do Piraí, entre elas a sub-bacia do Rio da Várzea, na qual
está localizada a RPPN Fazenda São Benedito.
Contudo, o município de Rio Claro, nos últimos dez anos, vem batendo recordes
de desmatamento no Estado do Rio de Janeiro, um dos Estados que mais desmata em
todo o domínio da Mata Atlântica. A disponibilidade dos recursos hídricos do município
vem sendo afetada, em sua qualidade e quantidade, a olhos vistos por essa dinâmica
predatória, que tem origem no uso irracional do solo, pela retirada da cobertura vegetal
para dar lugar ao café, e posteriormente à pecuária leiteira. Hoje, grandes consequências
ambientais são visíveis pela presença de solos desprotegidos, como queimadas constantes,
presença de erosão laminar e em sulcos, dando origem a processos de voçorocamento
ativo e empobrecimento do solo.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 32 de 148
O balanço hídrico na região, que engloba o Sistema Light Cedae (SLC), foi afetado
e como conseqüência, os ecossistemas perderam os serviços ambientais remanescentes
das florestas nativas, prejudicando as nascentes e reduzindo a resiliência dos fragmentos.
Os demais locais foram se transformando em pastagens de baixa produtividade e terrenos
com evidencias de má utilização do solo (VALCARCEL, 1987).
Esses problemas ambientais encontrados nas bacias da região do Alto Vale do Rio
Piraí, têm influência direta nos reservatórios do SLC, podendo comprometer o
abastecimento da metrópole do RJ, já que os sedimentos produzidos pelos solos desnudos
dessas bacias podem ser transportados pelos cursos d’água, causando seu assoreamento e
consequentemente o assoreamento dos reservatórios, o que poderia causar o
entupimento das máquinas, aumentando o custo operacional e o seu repasse ao
consumidor.
Portanto, é flagrante a importância dessa área sob o ponto de vista hidrológico,
tendo papel substancial, tanto na qualidade física como química da água que, como dito
anteriormente, abastece a maior parte da população da metrópole do Rio de Janeiro. E
neste caso, ações de conservação que proporcionem a manutenção da cobertura vegetal
na região são extremamente necessárias para mitigação de impactos sobre os recursos
hídricos.
Nesse contexto, a Fazenda São Benedito entra como uma grande parceira
incentivadora da prática de conservação da natureza nessa região que apresenta extrema
importância hidrológica, já que possui uma área com 144 há de RPPN acrescida de 33ha
reflorestados no entorno, protegendo as microbacias hidrográficas, sobretudo, as de
cabeceira (primeira ordem) pertencentes à sub-bacia do Ribeirão da Várzea, uma das
principais contribuintes para as bacias da região do Alto Vale do Rio Piraí, região que é
altamente estratégica para a manutenção do provimento de água para os reservatórios do
Sistema Light Cedae.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 33 de 148
1.I.5) Vegetação
1.1.5.1) Contexto geral
A distribuição do núcleo das florestas nativas de Mata Atlântica encontra-se nas
vertentes da Serra do Mar, desde a divisa dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, até o
contato com a bacia da Baía de Guanabara. Há fragmentos de florestas distribuídos em
ambas as vertentes dos contrafortes das serras (SEMADS, 2001; WEBER, 2001).
A região do Vale do Paraíba, certamente fez parte no passado de uma das áreas
com maior diversidade florística do Brasil. Todavia e a exemplo do ocorrido em toda faixa
litorânea brasileira, a sua ocupação e utilização, desde os primórdios da colonização
portuguesa, fizeram com que parte dessa biodiversidade fosse sendo eliminada e
substituída pelas pastagens, o que foi, progressivamente, pressionando os fragmentos
remanescentes.
Durante o século XVIII até o final de século XIX, a região de Rio Claro teve sua
vegetação original substituída por cafezais, que foram posteriormente abandonados. No
início da década de 60 a maior parte da área foi ocupada por bananais, que mais tarde foi
substituída por pastagens (VALCARCEL, 1987).
A vegetação do entorno do rio Piraí é de florestas nativas de Mata Atlântica nas
vertentes e em formas de fragmentos (BARBOZA, 2007). A vegetação original que cobria
a área da RPPN é classificada como Floresta Ombrófila Densa Montana. Este tipo de
vegetação é caracterizado por vegetais de médio e grande porte, lianas lenhosas e epífitas
em abundância, apresentando três estratos definidos. A ocorrência de florestas
Ombrófilas Densas, está atrelada a altas temperaturas médias (maiores que 25°C) e
precipitações distribuídas por todo o ano, com poucos meses de déficit hídrico (VELOSO
et al., 1991).
De acordo com a FUNDAÇÃO CIDE (2007), a área onde está localizada a RPPN
Fazenda São Benedito é coberta por remanescentes de vegetação secundária (Figura 15).
Os ecossistemas encontrados na área da unidade de conservação podem ser
caracterizados como floresta de encosta e floresta ciliar. No primeiro ecossistema, pode-
se observar uma grande diversidade de espécies nativas da mata atlântica, provenientes de
regeneração natural, além de muitos indivíduos da espécie Coffea arabica L. (café), que
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 34 de 148
provavelmente são originários dos antigos cafezais que ocupavam a área ou dispersados
por jacus (...), ave muito abundante na região e apreciadora destes frutos. O segundo
ocupa as áreas no entorno de rios e nascentes e é caracterizado também pela presença de
espécies nativas de mata atlântica, porém adaptadas a ambientes inundáveis.
Figura 15. Mapa de uso do solo do Estado do Rio de Janeiro. Fonte: Fundação CIDE (2007).
Os resultados da leitura sobre a situação atual do uso e ocupação e cobertura
vegetal da RPPN e Fazenda São Benedito são apresentados no quadro abaixo.
RPPN
Tipo de Uso e Cobertura Vegetal
%
Mata intermediária e avançada 71,70
Vegetação inicial 20,69
Eucalipto 1,37
Reflorestamento 0,97
Pastagem 5,18
Uso antrópico 0,10
RPP�
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 35 de 148
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 36 de 148
1.1.5.2) Contexto florístico da RPPN
Para elaborar uma lista das espécies que ocorrem na RPPN, foram amostrados 41
transectos (Figura abaixo), distribuídos nos domínios da reserva, após incursões prévias
que possibilitavam a distinção de micro-ambientes, tal como diferenças de relevo e
condições ambientais impostas pelo mesmo, da que confere diferentes gradientes
microclimáticos ao longo da RPPN. Esses transectos foram feitos em sistema de 50m x 2m,
tendo sido amostrados todos os indivíduos encontrados nestas faixas. A coleta do material
botânico foi desenvolvida de acordo com os métodos usuais (ver SYLVESTRE L., 2002).
Incluíram-se no levantamento os componentes herbáceos (H), arbustivas (Ar), epífitas (E),
trepadeiras (L), arbóreas (A) e pteridófitas. Foram coletados os indivíduos cujas
identificações no campo não foram possíveis, tendo os mesmos sido levados para posterior
identificação no Herbário da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. As espécies
foram determinadas de acordo com as normas reconhecidas pelo APG II (2005).
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 37 de 148
Localização aproximada dos transectos amostrados.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 38 de 148
Os resultados apontaram para a existência de 181 espécies, distribuídas em 53
famílias botânicas e 129 gêneros. Apenas 7 espécies não foram identificados (Quadro
1em anexo).
As famílias que apresentaram maior riqueza de espécies foram, respectivamente,
Fabaceae (30), Rubiaceae (14), Bignoniaceae, Melastomataceae e Myrtaceae (8), e
Moraceae e Sapindaceae (7). Em conjunto, estas espécies foram responsáveis por 45,30%
do total de espécies (Gráfico 1).
Gráfico 1: Famílias com maior número de espécies
No que diz respeito a números de gêneros, as famílias que apresentaram maior
número de gêneros foram: Fabaceae (22), Rubiaceae (9), Bignoniaceae, Euphorbiaceae, e
Moraceae (5), e Meliaceae, Bromeliaceae, Melastomataceae e Myrtaceae (4).
8
30
8
7
8
14
7
0 5 10 15 20 25 30 35
Bignoniacaeae
Fabaceae
Melastomataceae
Moraceae
Myrtaceae
Rubiaceae
Sapindaceae
Número de espécies
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 39 de 148
Gráfico 2: Famílias com maior número de gêneros.
De uma maneira geral, a floresta apresentou características de uma mata em
transição, do secundário inicial para o secundário tardio, com pequenos fragmentos de
regenerações pioneiras no interior em algumas áreas especificas, e principalmente nas
divisas com outras propriedades, onde a floresta passa a se tornar um fragmento e se
evidencia o efeito de borda. Tal transição é evidente, frente ao número de espécies de
estágio sucessional secundário inicial, com uma tímida aparição de espécies típicas de
ambientes mais exigentes, ou seja, de desenvolvimento mais avançado, necessitando de
condições especificas para que ocorra a presença destas plantas, destacando-se as
espécies: Euterpe edulis (palmito), Dorstenia SP,., Virola sp. (bocuva), Eugenia
brasiliensis (grumixama) e Pseudobombax grandiflorum (Embiruçu) - Gráfico 3.
Outro fator que reforça o atual estádio sucessional da Floresta é a estrutura da
Mata, pois existe uma alta presença de espécies arbóreos, seguido de plantas herbáceas,
arbustos, lianas (trepadeiras) e por ultimo epífitas. O maior número de espécies de Liana
do que o de epífitas evidencia o perfil desta floresta, mostrando que este ambiente ainda
não está desenvolvido a ponto de abrigar uma grande diversidade de epífitas, dando uma
alta densidade de lianas. (Gráfico 4).
5
4
5
22
4
4
5
4
9
0 5 10 15 20 25
Bignoniacaeae
Bromeliaceae
Euphorbiaceae
Fabaceae
Melastomataceae
Meliaceae
Moraceae
Myrtaceae
Rubiaceae
Número de gêneros
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 40 de 148
Gráfico 3: Número de espécies por Grupo Ecológico. Gráfico 4: Distribuição de hábitos das espécies amostradas.
Do total de indivíduos amostrados, 43% correspondem a indivíduos de estágio
pioneiro, 50% secundária inicial, 5% secundária tardia e 0,54 % a espécies típicas de
ambiente Clímax. Ademais, correspondem a espécies exóticas que não entram nesta
composição, quais sejam: Coffea arabica (Café) e Hedychium coronarium, pois este
não é seu ambiente natural, embora ambas sejam espécies pioneiras. Frente a este fato,
deve se avaliar a necessidade de um possível manejo destas espécies.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Pioneiro Secundáriia
incial
Secundáriia
tardia
Climáx Exótica
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Arborea Arbusto Epfíta Herbaceas Lianas Total
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 41 de 148
A alta densidade da espécie Coffea arabica, aparentemente, não interferiu na
dinâmica natural da Floresta. Como o solo da propriedade foi anteriormente utilizado
para a cultura cafeeira, é provável, inclusive, que a mesma tenha possibilitado a
regeneração plena deste ambiente, pois o café, que é perene, comparado a outras culturas
anuais, demanda menos do solo em nutrientes e água. Além disso, é uma espécie
arbustiva, o que favorece o microclima no solo e a entrada de espécies secundarias
tardias, que precisam de sombreamento, bem como diminui a ação mecânica sobre o solo,
tanto por ação das gotas da chuva, quanto pelo uso de maquinário na terra.
Outro provável fator que possibilitou a regeneração do ecossistema florestal na
propriedade é a declividade da área, que possui vales e vertentes acentuados, o que
dificulta a utilização destas terras para fins de habitação, entre outros usos do solo.
Entretanto, é certo que, o crucial para a manutenção da floresta, foi a vontade do
proprietário em manter a floresta em pé. Sendo assim, a presença da floresta no local
representa, não só todo o conjunto de condições ambientais, mas também a
materialização de um ideal conservacionista dos atuais proprietários e de seus
antecessores.
A diversidade biológica é um dos maiores tesouros do Brasil, sendo os seus
componentes um dos elementos-chave no perfeito funcionamento dos sistemas
ambientais. Toda a biodiversidade conhecida hoje, representa apenas uma parcela da
diversidade existente no planeta. Face a este ponto, o conhecimento de um sistema
florestal é fundamental para a tomada de decisões, tratando-se do manejo de áreas
florestadas.
As espécies de porte arbóreo mais abundantes na RPPN foram, respectivamente, a
Pseudopiptadenia contorta (Angico Branco), Cupania omblongifolia (Camboatá) e
Piptadenia gonoacantha (Pau-Jacaré), Estas três espécies possivelmente foram as
maiores responsáveis pela aceleração da regeneração nestas áreas, pois são de rápido
crescimento e se adaptam a condições rústicas, tendo uma reprodução rápida, o que
confere um rápido crescimento populacional das mesmas.
No que diz respeito à diversidade de espécies, foram amostrados 115 espécies de
porte arbóreo, mostrando a grande diversidade e o avançado estágio de desenvolvimento
deste ambiente. As espécies arbóreas presentes na lista de extinção do Brasil são:
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 42 de 148
Euterpe edulis (jussara), classificado como vulnerável, devido à diminuição do ambiente
onde é encontrado e não com relação ao número de indivíduos existentes; e Dalbergia
Nigra (Jacarandá da Bahia), que também é classificada como vulnerável, mas somente nos
estados do Espírito Santo e Bahia.
As herbáceas representam um dos primeiros grupos a colonizar um ambiente,
demandando menos atributos ambientais que espécies arbustivas e arbóreas para sua
estabilização e, como outras formas de vegetal, também se distribuem em diferentes
estágios sucessionais. Devido à dificuldade de identificação do material estéril, o
levantamento destas espécies depende de coletas sazonais. Mesmo com as coletas
realizadas em um período de 6 semanas, houve um significante levantamento das espécies
de herbáceas presentes na RPPN São Benedito. São plantas típicas de ambientes
perturbados e mesmo espécies de estágio sucessional secundário tardio, destacando-se o
gênero Dorstenia sp., que ocorre amplamente na RPPN e está amplamente citado na lista
da flora ameaçada de extinção do Brasil.
As características ambientais da floresta, amostrada durante a fase de identificação,
sugerem estrutura vegetal desenvolvida em diversos pontos, destacando-se o terceiro e o
sexto transecto examinados no primeiro final de semana, além dos transectos um, dois,
oito, nove e dez, no segundo final de semana, que apresentaram dossel formado, sub-
bosque bem desenvolvido, porém com alta densidade da espécie Coffea arabica, bem
como presença de espécimes de incomuns e com predominância de espécies de estágio
sucessional secundário inicial e tardio.
Outra espécie que merece atenção é o gênero Andira sp. , que embora ainda não
tenha sido confirmada sua espécie botânica, é conhecida popularmente como Timbó,
pelos moradores da região. Esta espécie possui alta densidade em quase todos os
transectos amostrados.
Outro fator que merece atenção é o fato de que as espécies funcionam como
indicadores do ambiente. Os indicadores ambientais são como parâmetros, ou valores
derivados, que descrevem ou dão informação acerca de um determinado fenômeno.
A qualidade biológica deste ambiente pode ser classificado como satisfatória em
muitos pontos da unidade, isto é, existem espécies que apontam o estágio de sucessão
ecológica mais avançado da floresta, se comparado a outras áreas da RPPN, que possuem
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 43 de 148
nítida fisionomia de “capoeira”. Porém, existem outras áreas que devem ser manejadas,
seja através da retirada de espécies exóticas, seja através da não intervenção ou
intervenção mínima. Mas isso será transformado em diretrizes na fase subsequente do
Plano de Manejo.
O efeito de borda é um fator importante para a análise da vulnerabilidade da
floresta, pois quanto maior a distância entre as extremidades (bordas) e o centro do
fragmento (interior ou região nuclear), maior será a proteção das espécies do interior
dessas áreas em relação às ameaças externas. A área correspondente à borda do
fragmento recebe influência de fatores como vento, luminosidade, entrada de nutrientes
trazidos pelos ventos, agrotóxicos, fogo e seus efeitos sobre a umidade e o
estabelecimento das espécies, determinando composição de espécies diferenciadas em
relação ao interior e à borda do fragmento (PIRES, 1995). Em geral concorda-se que
unidades de conservação e demais áreas protegidas devem ser planejados e manejados de
forma a minimizar os efeitos de borda (RODRIGUES, 2001). A fragmentação interna,
motivada por estradas, cercas, cultivos, extração de madeira e outras atividades humanas,
também deveria ser evitada ao máximo possível.
Uma das características da propriedade é, como foi dito, ter muitas trilhas em seu
interior. Estas trilhas são oriundas das antigas ruas de escoamento de café ou outras
menores que serviam como ligação entre pontos importantes e são conservadas pelo
proprietário com o intuito de poder-se locomover por toda a extensão da propriedade,
seja para prevenir incêndios na mata, para levar mudas a serem plantadas em seu entorno,
ou para levar um visitante a conhecer a propriedade, para fins educativos, científicos ou
como atividade turística a ser explorada futuramente.
Para atenuar-se o efeito de borda observado, tem sido feito o plantio de espécies
nativas, de rápido crescimento, ao longo dos caminhos e espera-se que o problema seja
atenuado nos próximos anos.
Outro ponto que atenua o efeito de borda é o fato de que a RPPN encontrar-se
como fragmento em relação ao seu redor, diferenciando-se em aparência de sua
vizinhança. Sendo enquadrada como fragmento dentro dos termos de ecologia de
paisagem. Como todo o entorno se difere da unidade, este fato proporciona efeito de
borda no perímetro da RPPN, o que confere atenção e urgência na discussão com a
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 44 de 148
vizinhança para que este fato seja amenizado ou mesmo não se acentue, garantindo que
este ecossistema se mantenha preservado.
Analisando-se as amostras vegetais, bem como os indicadores ambientais da RPPN,
conclui-se que a RPPN São Benedito apresenta uma grande diversidade de espécies
vegetais, representando um importante remanescente de Floresta Atlântica.
A grande heterogeneidade entre os transectos amostrados revela que a floresta
existente nos domínios da RPPN apresenta diferentes estágios de sucessão ecológica, mas
com predomínio do estágio secundário inicial.
As informações geradas serão indispensáveis para a concepção do zoneamento da
RPPN e programas de proteção e manejo associados, onde serão definidas as ações que
deverão ser realizadas em relação à vegetação.
Ângulos da Floresta Atlântica protegida pela RPPN.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 45 de 148
Quanto as Áreas de Preservação Permanente (Lei 4.771/65 – Código Florestal) o mapa abaixo aponta a predominância de
Margens de Rios seguida de Topo de Morro.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 46 de 148
1.I.6) Fauna
Devido à grande riqueza de grupos taxonômicos na Mata Atlântica e o exíguo
período de tempo para amostragens de campo, foi priorizado o levantamento das espécies
de aves e mamíferos. Estes grupos taxonômicos são mais conspícuos e considerados,
geralmente, espécies bandeira para conservação do bioma.
Durante quatro dias e noites, foram realizadas incursões no remanescente florestal
da RPPN, com o objetivo de avistar e/ou detectar através de vocalizações, pegadas ou
rastros, a presença de aves e mamíferos. Para proceder ao levantamento da fauna também
foi realizado um levantamento de espécimes coletados e/ou avistados no município de Rio
Claro e em municípios vizinhos através de revisão bibliográfica (Ferreira et al., 1986; Tribe,
1987; Vaz, 2005). As trilhas que permeiam toda a propriedade mostraram-se
extremamente úteis e foram percorridas durante o dia a partir das 7 horas da manhã e à
noite.
Entrevistas informais não estruturadas foram realizadas com o proprietário da
fazenda e seus funcionários. A contribuição destas entrevistas, apesar de ser analisada com
cautela, foi de extrema relevância para a determinação de espécies conspícuas, mas que
são esquivas ou ocorrem em baixas densidades.
As aves não identificadas em campo tiveram, sempre que possível, seu canto gravado
com o auxílio de uma máquina fotográfica digital. Os cantos foram identificados com o
auxílio do professor Ildemar Ferreira, responsável pelo Laboratório de Ornitologia
Federal Rural do Rio de Janeiro.
Devido à proximidade com Estação Ecológica de Piraí, a listagem de aves da referida
Unidade (Ferreira et al., 1986) foi utilizada como base para o levantamento realizado na
RPPN (Quadro 2 em anexo). Com exceção das espécies aquáticas, sugerimos que a
assembléia de aves da Fazenda São Benedito deva ser similar à encontrada na Unidade de
Conservação (Quadro 3 em anexo). Através de levantamentos bibliográficos e de
levantamentos em áreas similares florestadas próximas (Vaz, 2005), também foi possível
inferir sobre a riqueza original da assembléia de mamíferos.
Através das entrevistas e levantamento de campo foram identificadas 45 espécies
de aves e 25 de mamíferos terrestres (Quadro 4 em anexo), que ocorrem ou
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 47 de 148
percorreram recentemente a área da Fazenda São Benedito. Entre as espécies
identificadas em campo, a cuíca (Gracilinanus microtarsus) é considerada presumivelmente
ameaçada no estado do Rio de Janeiro. A suçuarana (Puma concolor) e a paca (Agouti paca)
são consideradas ameaçadas de extinção e o status local de ambas as espécies foi
determinado como vulnerável (Bergallo et al. 2000). Em meados de 2006, houve 3 ataques
de Suçuarana a carneiros a apenas 50m da sede da fazenda ( Fig. 16) e em 14/10/2007 foi
registrado um ataque de onça parda a animais domésticos bem próximo à porteira.
O mosaico de paisagens da fazenda, formações florestais secundárias com sub-
bosque com predominância do café (Coffea arabica), pastos sujos, áreas de
reflorestamento, brejos com matas alagadas e pequenas várzeas sujeitas a inundação,
proporciona grande disponibilidade de habitats e contribui para a riqueza de espécies em
geral. Entretanto esta “riqueza” se deve à presença de espécies habitat-generalistas ou
que habitam preferencialmente áreas abertas ou bordas, cuja ecologia não está associada a
formações florestais preservadas. Geralmente, estas espécies são menos prejudicadas por
perturbações antrópicas e, portanto, não representam bons bioindicadores do estado de
conservação de fragmentos florestais. Estas espécies tendem a se beneficiar do
desmatamento e podem inclusive ampliar sua área de distribuição.
Provavelmente a perda da vegetação florestal fomentou a mudança da comunidade
animal, favorecendo espécies características de áreas abertas como canário da terra (Sicalis
flaveola), carcará (Polyborus plancus), lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), entre outras, vistas
com certa freqüência na propriedade. A descaracterização do ambiente florestal possibilita
a criação de uma comunidade “híbrida” entre floresta e campos abertos onde as espécies
mais sensíveis a perturbações em ambientes florestais são extintas. Entretanto, existe uma
compensação no número total de espécies da comunidade, devido à colonização por
espécies campestres ou habitantes de bordas.
Devido ao histórico de devastação da região, as espécies arborícolas, como primatas,
foram provavelmente extintas devido à perda do habitat original e sua reintrodução será
objeto de fases futuras do Plano de Manejo. Embora o resultado da entrevista tenha
revelado a existência de três espécies de ungulados, o cateto (Pecari tajacu), o queixada
(Tayassu pecari) e o veado (Mazama sp.), é possível que estas espécies estejam atualmente
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 48 de 148
extintas na área da fazenda, pois são espécies altamente valorizadas como espécies
cinegéticas (Cullen Jr. et al., 2000, 2001)
Apesar de não ser foco do estudo, algumas espécies de répteis e anfíbios foram
identificadas em encontros oportunísticos durante as amostragens diurnas (Quadro 5 em
anexo). Algumas espécies encontradas, como o sapo-de-chifres (Proceratophrys sp.) e o
cágado (Mauremys leprosa) dependem de ambientes florestais e podem ser vulneráveis às
conseqüências da perda de habitat e da criação de bordas.
1.1.7) Aspectos Históricos e Culturais
A história do município de Rio Claro remonta a meados do século XVIII e traz
consigo marcas de um tempo de notável prosperidade e desenvolvimento econômico
advindo do cultivo do “ouro negro”, como era chamado o café naquela época.
Construções de estilo colonial, grandes fazendas da época dos barões de café,
trilhas e caminhos de terra, são lembranças dos tempos de riqueza, grandeza e esperança,
assim como marcas dos danos oriundos da decadência econômica e das dificuldades que
foram impostas à região, tais como desmatamento, esgotamento do solo, êxodo para
novas áreas cafeicultoras e pobreza, passando, a região, a viver cada vez mais da pecuária
extensiva e horticultura.
A colonização do território de Rio Claro, no século XVIII, sempre atrelada aos
núcleos iniciais de colonização de Resende e de São João Marcos, está vinculada à
necessidade de abertura de novos caminhos para o escoamento da produção mineradora
nas Minas Gerais para os portos do Rio de Janeiro e à preferência pelos novos caminhos
terrestres, uma vez que as vias marítimas sofriam com a intensa pirataria.
A Coroa Portuguesa, preocupada em zelar por todas as riquezas encontradas em
sua colônia, passou a incentivar a construção de estradas por particulares, em troca da
concessão de sesmarias, títulos e outros privilégios. Com isso, frentes de ocupação e de
povoamento do interior passaram a se constituir e a região foi ocupada por um fluxo
originário da cidade do Rio de Janeiro e outro, através do refluxo da zona mineira.
Em fins do século XVIII, as produções de açúcar e algodão já estavam sofrendo
fortes concorrências externas e era preciso encontrar um produto de alto valor comercial
que aproveitasse as grandes extensões de terras ainda não cultivadas no Brasil. A solução
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 49 de 148
foi a produção de café, que se desenvolveu pelas áreas férteis do Vale do Paraíba, que já
possuía vantagem comparativa em função da existência de trilhas e caminhos que se
dirigiam a Minas Gerais e aos portos. Também contribuíram a abundância de mão-de-obra
e a proximidade com o Rio de Janeiro, o que favorecia a compra de mercadorias,
incluindo a mão de obra escrava dos negros africanos.
A província do Rio de Janeiro liderou a produção de café até 1880, graças à
produção do Vale do Paraíba e, junto ao poder econômico, veio o poder político exercido
pela aristocracia do café, influenciando a política do império com seus grandes
articuladores, como o Comendador Joaquim José de Souza Breves, grande cafeicultor da
região de Rio Claro e o maior escravagista do Brasil, conhecido como o “Rei do Café”,
por ter acumulado extraordinária fortuna em meados do século XIX.
O título de Comendador foi adquirido por Breves como recompensa por sua
fidelidade à D. Pedro I e a estreita amizade entre eles ficou evidente no episódio da
Independência, pois D. Pedro I pernoitou na propriedade de Breves e este, por sua vez,
juntou-se à comitiva imperial rumo a São Paulo, para o “Grito do Ipiranga”, em 1822.
Segundo o livro “Itinerário da Independência”, de Eduardo Canabrava Barreiros, a
comitiva Imperial cruzou o rio da Várzea, que corta a propriedade RPPN Fazenda São
Benedito. Especula-se que isto possa ter acontecido dentro dos limites da fazenda,
próximo à sua sede, pela existência de uma ruína de cabeceira de ponte em pedra com
características de caminho real.
Os primeiros núcleos de colonização do Vale do Paraíba foram Resende e São João
Marcos. São João Marcos do Príncipe, como fora batizada em homenagem ao santo e a
Dom João VI, chegou a ser uma das cidades mais prósperas do interior fluminense, o que
refletiu em suas construções de grande valor arquitetônico. A introdução da cultura do
café acelerou consideravelmente o progresso da região, em especial, o de Rio Claro.
A riqueza e exuberância de suas florestas, atraiu inúmeros pesquisadores e
cientistas, ao longo da história. O mais famoso deles, Johan Emanuel Pohl, eminente
naturalista que veio ao Brasil na missão científica austríaca, por ocasião do casamento de
Dom Pedro I e a arquiduquesa da Áustria, Princesa Leopoldina em 1817, atravessou Rio
Claro em viagem científica exploratória. Em seu memorável livro “Viagem no Interior do
Brasil”, Pohl narra sua passagem por Rio Claro, dizendo ser esta região “inesquecível para
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 50 de 148
mim, porque aqui encontrei pela primeira vez a planta que, em honra ao nosso
sereníssimo Imperador, dei o nome de Francisca”. Em outro trecho, descreve sua
experiência “ao atravessar o Rio da Várzea” por mais de dez vezes, até chegar a Capivari
(atual Rio Claro). Note-se que o Rio da Várzea atravessa a RPPN Fazenda São Benedito.
A abolição da escravatura e o deslocamento da cultura do café para as terras de
São Paulo, devido à erosão do solo e o consequente desastre ambiental, abalaram a
economia da zona cafeeira fluminense, sobretudo, daqueles que não puderam fazer uma
transição rápida para outras culturas. Em Rio Claro, as fazendas de café se transformaram
em pastagens para criação de gado leiteiro, mas São João Marcos, pouco a pouco foi
entrando em decadência, situação agravada pelos novos traçados dos sistemas rodoviário
e ferroviário, entre o Rio de Janeiro e o interior Fluminense.
Na década de 1940, a cidade de São João Marcos, que havia sido a primeira cidade
a ser tombada no Brasil, foi destombada e evacuada à força, para dar lugar à represa de
Ribeirão das Lages, pertencente à concessionária de energia elétrica Light S.A.. Este
acontecimento foi considerado por historiadores uma verdadeira tragédia humana, pelos
métodos brutais de intimidação aos que resistiam à saida da cidade. Casas, igrejas, um
teatro e vários outros prédios foram aniquilados, destruindo mais de 100 anos de história
colonial brasileira. Por incrível que pareça, a região onde se encontrava o centro de São
João Marcos jamais foi inundada pelas águas da represa e a tragédia poderia ter sido
evitada.
Patrimônio cultural
Situado na área de concessão da Light, o município de Rio Claro, na região
fluminense do estado do Rio de Janeiro, possui várias atrações naturais e culturais de
grande importância. Na cidade estão localizadas as ruínas de São João Marcos, que se
tornaram um atrativo turístico, depois da construção da Represa de Ribeirão das Lajes.
Ao longo dos seus 843 km2 de extensão, Rio Claro destaca-se pelo potencial
hídrico e pela diversidade natural, com trilhas pela Mata Atlântica, grande variedade de
fauna e flora, além da possibilidade da prática de esportes de aventura.
Seus monumentos, como a Fazenda São Joaquim da Grama, construída pelo
Comendador Breves, a Fazenda Santa Rita, onde nasceu o poeta Fagundes Varela e a
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 51 de 148
capela de São Joaquim da Grama, formam, juntamente com a Ponte Bela e as ruínas da
Fazenda Olaria, onde pernoitou D. Pedro I, um conjunto de inestimado valor.
A RPPN Fazenda São Benedito está localizada próxima a uma estrada histórica
considerada um patrimônio cultural muito importante para cidade de Rio Claro, que é a
RJ-149, conhecida culturalmente como Estrada Imperial. Esta liga Mangaratiba a Rio Claro,
através da Serra do Piloto, com cerca de 40 km de extensão. O trecho que liga São João
Marcos a Mangaratiba é considerado a primeira estrada de rodagem do Brasil, construída
por D. Pedro II em 1856, para atender ao escoamento da produção de café do Vale do
Paraíba para o Porto de Mangaratiba. Em seu percurso encontram-se marcos de
engenharia de época, como o Bebedouro da Barreira, pedras de milha, sistema de
escoamento de águas pluviais e o arco da Cachoeira dos Escravos. Belíssimas vistas da Baía
de Mangaratiba podem ser apreciadas de pontos de observação ao longo da estrada
(CITYBRAZIL, s/d).
1.2) Fogo e outros fatores de degradação
A degradação ambiental do médio vale do rio Paraíba remonta ao início do século
XIX quando praticamente toda a Mata Atlântica foi devastada para dar lugar a extensas
plantações de café. A economia agro-exportadora da aristocracia escravocrata do século
XIX exauriu as potencialidades naturais da região, devido ao dramático esgotamento dos
solos e à acelerada erosão das vertentes, atreladas ao desequilíbrio da dinâmica climática e
hidrológica regional (DAVIS & NAGHETTINI, 2001).
O desastre ambiental praticado no Médio Paraíba é de tal magnitude que, até os
dias atuais, boa parte da região encontra-se estagnada, marcada por um cenário de
pastagens sub-aproveitadas (Figura 17). Hoje, o que sobrou em sua vegetação primitiva
foram áreas de mata atlântica em meio aos campos sem vegetação e pastagens degradadas
(FUNBIO, 2007).
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 52 de 148
Figura 17. Aspecto do intenso voçorocamento verificado em algumas áreas colinosas do Médio Vale do rio Paraíba do Sul, sob nítido controle estrutural e promovendo elevadas taxas de erosão em solos espessos destinados á pecuária leiteira extensiva.
As principais atividades econômicas do município de Rio Claro (pecuária leiteira,
avicultura e agricultura) contribuem para o processo de desmatamento na região, que
possui uma cadeia de morros meia-laranja desnudos e quase sempre apresentando
processos erosivos e de voçorocamento, causando a perda de solo por movimentos de
massa, que carregam os sedimentos para as áreas de baixada e causam o entulhamento
das calhas de rios a jusante.
Um dos principais fatores de degradação é o fogo, que ocupa as encostas da
região, geralmente no período do inverno, época mais seca do ano, ou em períodos de
estiagem prolongada. Este é causado principalmente, por uma prática muito comum
realizada pelos agricultores e pecuaristas da região, a prática de “limpeza do terreno”. Essa
prática causa a perda de nutrientes do solo, diminuindo a sua fertilidade pelo seu
empobrecimento, mas é muito utilizada por pequenos agricultores por causa do baixo
custo.
O fogo diminui a resiliência dessas áreas, comprometendo a regeneração natural
de espécies vegetais depois que são abandonadas, deixando-as mais susceptíveis aos
processos degradadores do ambiente. Na área da RPPN, não existem relatos de
ocorrência de fogo, nos últimos anos.
Em contraste com este aspecto, na região do Alto Vale do rio Piraí, concentram-se
aproximadamente 40% dos remanescentes da cobertura original do município de Rio
Claro, o que representa aproximadamente 15.000 ha de fragmentos de floresta.
Justamente, é nesta região em que está localizada a RPPN Fazenda São Benedito, que
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 53 de 148
possui 144ha de cobertura florestal em áreas ciliares e de encosta, diminuindo a
susceptibilidade à erosão que existe nessas áreas (Figura 17).
Porém, é possível notar a diferença das iniciativas entre os proprietários de terra
da mesma região, onde alguns resolveram manter as florestas, como é o caso do
proprietário em questão, e outros decidiram desmatar para estabelecer atividades
pastoris.
O entorno da unidade de conservação é muito importante para que sua
integridade seja garantida. Neste caso, existe um problema que afeta diretamente a
qualidade da água do principal rio que corta a propriedade, o Ribeirão da Várzea, pois o
terço superior do rio, pertence a uma propriedade que apresenta sua área desmatada por
conta de atividades de pecuária. Pelo fato da cabeceira do rio ser desmatada e apresentar
sinais de pisoteamento por gado, os solos são compactados, impedindo a infiltração da
água da chuva e, consequentemente, promovendo o escoamento superficial dessa água,
que vai acarretar em processos de erosão e acúmulo de sedimentos na calha do rio.
Já no terço médio do rio, suas margens apresentam-se protegidas pela mata ciliar
pertencente à reserva. Porém, a qualidade da água é comprometida pela sua cabeceira que
sofre processos de degradação.
Figura 17. Floresta ciliar (a) e Floresta de encosta (b).
a
b
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 54 de 148
1.3) Atividades desenvolvidas na RPPN
Na RPPN em si são desenvolvidas atividades ligadas à sua proteção -
patrulhamento e alocação de cercas - e manejo, neste caso, sobretudo, de trilhas. Existe
um foco bastante claro, atualmente, em realizar a manutenção das trilhas já existentes
para possibilitar o acesso à maior parte da RPPN pela família do proprietário, que a
utilizada com expressiva freqüência.
Uma das Trilhas - históricas - da RPPN, com pequena infra-estrutura para visitantes familiares.
Mas também são realizados, de forma sistemática, reflorestamentos de áreas
perturbadas, por iniciativa do proprietário, que pretende substituir pastagens antigas e
áreas com eucaliptais. No âmbito deste Plano de Manejo, será alvo de um programa para
melhor dimensionar as ações e potencializar os resultados.
Um outro aspecto de gestão de absoluto interesse do proprietário é a soltura e
reintrodução de animais silvestres na reserva, o que tem sido estudado junto ao ICMBIO
e instituições parceiras com atuação no tema.
1.4) Pesquisa e Monitoramento
A RPPN Fazenda São Benedito nunca foi objeto de estudos técnico-científicos,
ainda que tenha potencial para isso, como sugere as informações apresentadas até o
presente tópico. Mas o proprietário possui uma clara aspiração de promover pesquisas
científicas na RPPN, viabilizando infra-estrutura básica para que, estudantes e
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 55 de 148
pesquisadores das mais diversas áreas do conhecimento, possam com segurança
estabelecer experimentos e buscar respostas para suas hipóteses científicas. Na
propriedade, já existem algumas benfeitorias que podem vir a se tornar alojamentos para
pesquisadores, bastando apenas que as mesmas passem por algumas reformas.
1.5) Visitação
O proprietário desenvolve, atualmente, apenas visitação com fins de lazer familiar e
de amigos, além de permitir que parentes de funcionários possam desfrutar dos atrativos
da propriedade e RPPN, tais como trilhas pela mata, duchas naturais, ciclovia, banho de
lago e rio, futebol de campo e contemplação da natureza. Contudo, já existe uma
sinalização do proprietário para a possibilidade de abrir a reserva para visitação, a partir
de um planejamento, a fim capitalizar a propriedade para que, pelo menos as despesas
básicas de proteção e manejo possam ser custeadas. Mas a pretensão é que essa opção
tenha caráter educativo e/ou científico através, por exemplo, do envolvimento de escolas
da região, universidades, pesquisadores, observadores de aves, dentre outras
possibilidades, além do interesse histórico apresentado nos tópicos anteriores. Trata-se
de uma possibilidade extremamente plausível, à luz da versatilidade que apresenta a
categoria RPPN na Lei 9.985/00 (educação ambiental, ecoturismo e pesquisa científica).
Alguns dos abrigos existentes na propriedade podem servir para este fim e outros podem
ser construídos para aumentar a interação com o meio ambiente.
1.6) Sistema de Gestão
A RPPN é administrada pelo próprio dono, que por sua vez tem como gerente
operacional um encarregado contratado (regime CLT). Não há parcerias para essa
finalidade e, tampouco, conselho consultivo.
1.7) Pessoal
Ainda que a RPPN em questão não possua funcionários trabalhando
especificamente para o seu manejo e proteção, os mesmos são contratados para
desenvolver ações na propriedade, com grande foco na reserva, por sua vez administrada
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 56 de 148
pelo proprietário e seu encarregado. A despeito de apenas agora o Plano de Manejo estar
sendo elaborado, o proprietário já se preocupava em dispor de um planejamento para as
ações, mas não de forma sistêmica, materializada em forma de um documento.
A propriedade possui 8 funcionários com carteira assinada, e por isso em caráter
permanente, e outros 5 contratados eventualmente, atendendo demandas esporádicas. As
funções são: administrador de fazenda; cozinheira/zeladora; cortador de grama;
manutenção de cercas; encarregado de reflorestamento; encarregado para cuidar do gado
e cavalos. Alguns deles possuem 15 anos de trabalho dedicados à propriedade. Esses
profissionais, 4 deles residentes na propriedade, são também deslocados para atividades
na RPPN, como manutenção de trilhas, limpeza de nascentes, vistorias contra caçadores e
reflorestamento, sobretudo. Esses funcionários fizeram cursos de produção de mudas,
combate à formigas e plantio, ministrado pelo SENAR na própria fazenda em 2008,
possuindo grande sensibilidade quanto à existência da RPPN e sua importância, como
apontaram as entrevistas.
1.8) Infraestrutura
A RRPN em si não possui infraestrutura e sim a propriedade. Na mesma há possui
uma casa central, onde fica a moradia dos proprietários (fotos abaixo), um casarão antigo
reformado e diversas outras benfeitorias, algumas de época, outras mais recentes, que
estão sendo utilizadas pelos funcionários. Algumas dessas, porém, deverão servir a
projetos futuros (base de pesquisa, centro de visitantes, etc.).
A fazenda possui ainda 10 cavalos para uso próprio, canil para 5 cães, áreas de
pasto arrendadas e uma ciclovia de 850 metros de comprimento, no entorno de uma
represa que existia e que o proprietário pretende reconstruir.
A propriedade possui acessos pavimentados desde a sua porteira (foto abaixo),
além de cercas em seus limites.
O sistema de tratamento de esgoto é do tipo fossa filtro e o recolihmento de
resíduos sólidos e feito pela Prefeitura de Rio Claro com razoável periodicidade.
A fonte de energia é elétrica e fornecida pela empresa Ligth.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 57 de 148
A sinalização da RPPN é precária, e, portanto, será dimensionada no âmbito deste
plano.
A propriedade tem ainda uma infraestrutura para produção de mudas de espécias
nativas da Mata Atlântica, com estufa (foto abaixo), casa de apoio e canteiro, onde são
realizadas todas as atividades preliminares ao viveiro. A produção média de produção de
está em torno de 40.000 mudas anuais, desde 2009.
Estufa e canteiro para produção de mudas da Mata Atlântica
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 58 de 148
Casarão sede da Fazenda São Benedito com lagos em sua volta e parte da RPPN ao fundo.
Acesso pavimentado da porteira da Fazenda até a sua sede (e) e área plana drenada pelo Rio da Várzea.
1.9) Equipamentos e serviços
Existem diversos equipamentos que servem o dia a dia da propriedade e que,
naturalmente, estão disponíveis para a RPPN. Todavia, alguns desses equipamentos podem
ser aqui mencionados como de uso comum entre as áreas, quais seja:
• Sistema de comunicação: telefonia rural;
• Veículo: somente do proprietário.
• Equipamentos e acessórios: roçadeira, facões, enxada, ancinho, lanterna, perneira,
máquina fotográfica, armadilha fotográfica (duas) e botas.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 59 de 148
A RPPN não oferece condições aquedas ainda para recepção de pesquisadores, mas é
um interesse prioritário de seu dono.
1.10) Recursos Financeiros
A RPPN não possui receitas externas para custear as suas atividade básicas de
proteção e manejo, de maneira que o desembolso é arcado pelo seu proprietário.
Portanto, o proprietário/gestor da RPPN buscou o edital da Aliança para a conservação da
Mata Atlântica, à luz de sua acessibilidade e desburocratização, além de outras parcerias
para implementar projetos de reflorestamento e reintrodução de animais nativos,
principais projetos da reserva.
Cabe destacar, ainda, que a Lei do ICMS Verde no Estado do Rio de Janeiro já foi
sancionada (Lei Estadual 5.100/07),bem como projetos de pagamento por serviços
ambientais, sendo que as RPPNs foram contempladas em sua concepção, o que sugere
um futuro próximo com novas perspectivas de sustentabilidade econômica.
1.11) Formas de Cooperação
A RPPN Fazenda São Benedito tem buscado apoio de pessoas/instituições para
fortalecer os objetivos para quais foi criada. Nesse sentido, a Associação Patrimônio
Natural (APN) é um grande parceira no engajamento da reserva em conjunturas que
ocorrem junto à comunidade conservacionista nacional, como é o caso do próprio
movimento RPPNista, e o desdobramento disso é a participação em editais, reuniões,
congressos, etc. Recentemente, o proprietário foi indicado pela APN como seu
representante no Conselho Municipal de Meio Ambiente de Rio Claro, onde situa-se a
RPPN, e na primeira eleição da instância, o mesmo foi eleito presidente do conselho. Com
isso, a esperança é fortalecer as RPPNs como melhor instrumento para fortalecer a
proteção da Mata Atlântica local, já que são escassas as terras públicas.
A RPPN FSB também tem buscado apoio de instituições que lhe ajudem na
empreitada de reflorestar, como meio de conectar fragmentos, como é o caso do Pacto
da Restauração da Mata Atlântica (Banco de Áreas), na região implementado pelo Instituto
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 60 de 148
Terra de Preservação Ambiental, que apóia proprietários rurais nesse sentido, cedendo
mudas e custeando mão-de-obra local para a manutenção.
2) CARACTERIZAÇÃO DA PROPRIEDADE
A área da propriedade, incluindo, naturalmente, a área da RPPN, está dividida nos
seguintes usos do solo: 24,6 ha de plantações de eucalipto; 38,2 ha de pastagem; 5,1 ha
com construção; e 182,10 ha de floresta, dentre os quais 144 ha são de área total da
RPPN, que representa 62% da área total da propriedade.
A produção de eucalipto é uma atividade que tem contribuído para a geração de
renda que ajuda a custear ações de manejo, como por exemplo, os reflorestamentos de
áreas perturbadas na propriedade. Essa atividade é realizada por iniciativa do proprietário,
de forma sistemática, a fim de incrementar a superfície florestal contígua à RPPN como
maneira de se conectar a outras fazendas que, assim por diante, poder-se-á chegar às
florestas das margens do Reservatório de Ribeirão das Lajes, onde há 14.000 ha de fonte
de propágulos.
O processo de produção de mudas é realizado na propriedade e conta com
funcionários destinados especificamente para esse fim, em boa parte do ano. Além disso,
existe uma parceria no âmbito do Pacto da Restauração da Mata Atlântica para plantios.
Essa é uma atividade de grande interesse do proprietário e, portanto, no âmbito deste
Plano de Manejo, será alvo de um programa para melhor dimensionar as ações e
potencializar os resultados.
Além de extensa área com floresta, a propriedade possui grandes atributos
hidrológicos, já que é cortada pelo rio da Várzea, como curso d’água principal, além de
outros tributários gerados por 11 (onze) nascentes situadas dentro da propriedade, em
que a sede situa-se entre esse mesmo rio e três pequenos lagos, formados por barragens
construídas na calha de um pequeno curso d’água. Esta situação confere à localidade
grande beleza cênica e a sensação de abundância de água, um dos marcantes atributos da
reserva.
Uma outra potencialidade é a infraestrutura oferecida pela propriedade (ver títulos
1.8 e 1.9).
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 61 de 148
As ameaças existentes estão por conta da existência de um eucaliptal no entorno
imediato da RPPN, e até mesmo pequena porção em seu interior, o que pode acarretar na
disseminação de propágulos dessa espécie exótica no interior da reserva.
Áreas que já estão sendo reflorestadas na RPPN, como mata ciliar (e) e topo do morro (d). O entorno de nascentes também é foco de ações desse tipo.
Ângulos do Rio da Várzea, que extravasa no período de chuvas.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 62 de 148
Eucaliptal na Fazenda São Benedito, contíguo aos limites da RPPN. Na foto à direita a diferença de textura entre o eucaliptal e a mata nativa é nítido.
3) CARACTERIZAÇÃO DO ENTORNO
A RPPN Fazenda São Benedito está localizada em uma região onde não há uma
matriz da paisagem bem definida, isto é, existem remanescentes florestais expressivos
junto a pastagens em morros meia laranja e planaltos. Imediatamente aos limites da RPPN,
existem fazendas onde predominam as pastagens, havendo, no entanto, pequenos
fragmentos florestais (foto e mapa abaixo), sobretudo, no terço superior dos morros e
colinas.
Vista do alto de um setor da RPPN da paisagem de seu entorno, com a Serra do Mar ao fundo e outra parte da RPPN, com a sua sede, à frente.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 63 de 148
3.1) Aspectos Sócio-econômicos
Os dados sócio-econômicos são apresentados no quadro abaixo: Município:
Rio Claro
Fundação: 19 de maio de 1849
Municípios limítrofes: Angra dos Reis, Bananal (SP), Barra Mansa, Itaguaí, Mangaratiba, Piraí e Volta Redonda.
Distância até a capital:
122Km.
Principais atividades econômicas:
pecuária leiteira, seguida pela avicultura e agricultura, principalmente o cultivo de: feijão, milho e banana.
Mesoregião:
Sul Fluminense
Microregião:
Vale do Paraíba Fluminense
Coordenadas da Sede:
Latitude 22° 43’ 26’’ S Longitude 44° 08’ 50’’W
Área: 843,4 Km²
Altitude da Sede: 446 m
Distritos: Rio Claro (distrito-sede) Lídice (2° distrito) São João Marcos (3° distrito) Passa Três (4° distrito) Getulândia (5° distrito)
População: 16.228 habitantes Clima:
Pluviosidade média anual: 1.600 mm Temperatura média: 19.9 °C
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 64 de 148
População do Município de Rio Claro
Índice de Desenvolvimento Humano de Rio Claro
Esperança de vida
ao nascer
Taxa de alfabe-
tização de adultos
Taxa bruta de
frequência escolar
Renda per capita
Índice de esperança de
vida (IDHM-L)
Índice de
Educação (IDHM-E)
Índice de PIB (IDHM-R)
Índice de Des.
Humano Municipal (IDH-M)
Ranking por UF
70,002 0,836 0,733 203,345 0,75 0,802 0,66 0,737
66
Fonte: Taxas e índices (ONU, 2007):
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 65 de 148
4) POSSIBILIDADE DE CONECTIVIDADE
Como mostrado no tópico acima, ainda que haja muitas pastagens no entorno da
RPPN, existem também muitos fragmentos florestais que possibilitam a conectividade da
RPPN com outras fontes de propágulos, isso numa visão mais pontual de análise. Mas sob
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 66 de 148
uma ótica maior de escala da paisagem, a RPPN compõe o Corredor de Biodiversidade
Tinguá-Bocaína, que por sua vez compõe o Corredor de Biodiversidade da Serra do Mar
(ver imagens do tópico abaixo).
A RPPN São Benedito está situada ainda no entorno do recém criado Parque
Estadual do Cunhambebe (38.000 hectaers), próxima a tamém recém criada Área de
Proteção Ambiental do Alto Vale do Rio Piraí e de outras RPPN.
O proprietário da RPPN FSB pretende instituir outras RPPNs em áreas florestadas
que já são suas ou em áreas que pretende adquirir. Além disso, e nesse contexto, existe a
pretensão clara de aumentar as ações de reflorestamento. A meta, conforme já
mencionado, é se aproximar ao máximo das matas do Reservatório de Ribeirão das Lajes.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 67 de 148
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 68 de 148
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 69 de 148
5. DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA
Sob a ótica global, a RPPN Fazenda São Benedito vem ao encontro das ações de
conservação da biodiversidade, e seus serviços ambientais associados, ao bioma Mata
Atlântica (que é considerada um hotspot, denominação dada as 25 áreas em todo mundo
que, embora sejam de megadiversidade, estão sob grande pressão de uso e ocupação –
Figura 18) - MITTERMEIER et al. (s/d).
Figura 18. áreas do mundo consideradas Hotspot. A Mata Atlântica, diante do balanço biodiversidade/grau de ameaça, ocupa a quinta colocação nas prioridades mundiais de conservação. MITTERMEIER, et al. (s/d).
Sob o ponto de vista nacional, a região da Mata Atlântica, onde se situa a reserva,
está contida na área prioritária para conservação da biodiversidade, uso sustentável e
repartição dos benefícios da biodiversidade MA-230 (MMA, 2002), recebendo a mais alta
classificação para priorização de esforços de conservação. Esse status se deve ao fato de a
mesma estar situada em um dos únicos blocos remanescente florestais da Mata Atlântica
como um todo, como é o caso do corredor da Serra do Mar, e mais especificamente do
Rio de Janeiro, como é caso do bloco florestal 4 (Figura 20).
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 70 de 148
Figura 20. Áreas prioritárias para conservação da biodiversidade no Rio de Janeiro. Em destaque o polígono MA-230, onde se localiza a RPPN. Fonte: MMA (2002).
Já sob o ponto de vista local a área da RPPN Fazenda São Benedito está contida
nos limites do denominado Corredor de Biodiversidade Tinguá-Bocaína, que se trata do
trecho da Serra do Mar contido entre o Parque Nacional da Bocaína e a Reserva Biológica
do Tinguá (Figura 21), local esse que outrora sofreu intenso e irracional uso e ocupação
do solo, mas que resguarda ainda relevantes áreas florestais, como é o caso da região do
Alto Vale do Rio Piraí.
Figura 21: Corredor de Biodiversidade Tinguá-Bocaína. O município de Rio Claro está inserido no Corredor.
RJ
Rio Claro
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 71 de 148
Com base em todo esse contexto, instrumentos de conservação têm sido
utilizados para efetivar a proteção de áreas naturais relevantes, como é o caso das
Unidades de Conservação, através do SNUC (Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza). A reserva privada, denominada no Brasil de RPPN (Reserva
Particular do Patrimônio Natural) está contida no referido sistema e vem sendo
considerada pela comunidade conservacionista como um grande complemento ao mesmo
(ALGER & LIMA, 2003) e um dos mais efetivos instrumentos para a proteção do
patrimônio natural, pois:
A RPPN Fazenda São Benedito está inserida em um contexto que apresenta
extrema relevância quando se trata de conservação da biodiversidade, tanto no aspecto
macro (está inserida nas áreas prioritárias para conservação de biodiversidade do mundo
e da Mata Atlântica), como no aspecto micro (sua área pertence a um bloco remanescente
da Mata Atlântica e está inserida no Corredor Tinguá-Bocaina de conservação da
natureza). Os resultados dos estudos primários de flora e fauna sugerem a relevância
desse fragmento florestal no contexto da paisagem que se insere. Os mesmos reforçam a
necessidade de planejar sistematicamente a proteção e o manejo desses atributos
ambientais. Por fim, os atributos históricos e culturais regionais e locais são características
notórias que chancelam a significância da reserva como patrimônio.
1. Possibilita aos proprietários privados a participação voluntária no processo de conservação do patrimônio natural, sem que o mesmo perca o domínio da propriedade;
2. Possibilita o incremento em número de unidades de conservação e superfície protegida, assim como a representatividade de ecossistemas protegidos;
3. Contribui para a promoção do ordenamento territorial;
4. Permite a continuidade do processo de proteção legal de áreas naturais relevantes, mesmo que os recursos orçamentários governamentais sejam escassos (80% das áreas de interesse para conservação estão sob domínio privado), uma vez que apresenta caráter privado.
5. Consolida um ato de cidadania, de responsabilidade sócio-ambiental para com o bem comum, validando o art. 225 da constituição.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 72 de 148
PLANEJAMENTO
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 73 de 148
PLANEJAMENTO
1. Objetivos específicos de manejo
• Proteger áreas naturais da Mata Atlântica;
• Recuperação de formações florestais;
• Proporcionar pesquisa científica e geração de conhecimento sobre o Bioma Mata Atlântica;
• Possibilitar a reintrodução de espécies da fauna nativa;
• Formação de corredor ecológico com as matas do Ribeirão das Lajes e do Parque Estadual do
Cunhambebe.
2. Zoneamento O zoneamento é uma técnica de ordenamento territorial, usada para atingir melhores
resultados no manejo da unidade de conservação, pois estabelece usos diferenciados para
cada espaço, segundo seus objetivos, potencialidades e características encontradas no
local.
Identificando e agrupando áreas com as qualificações citadas, elas vão constituir zonas
específicas, que terão normas próprias. Dessa forma, o zoneamento torna-se uma
ferramenta que vai contribuir para uma maior efetividade na gestão da unidade de
conservação (ICMBIO, 2004).
Conforme seus objetivos e usos permitidos, para a RPPN Fazenda São Benedito foram
determinadas as seguintes zonas de manejo:
Zona Sigla Área (ha)
Silvestre ZS1 27,96
Proteção ZP 90,58
Recuperação ZR 8,88
Visitaçao ZV 7,38
Transição ZT 13,33
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 74 de 148
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 75 de 148
2.1. Zona Silvestre
A Zona Silvestre é aquela que contém áreas inalteradas, e destinam-se à conservação da
biodiversidade. Podem ocorrer pesquisas, estudos, monitoramento, proteção e
fiscalização, além de infra-estrutura destinada à proteção e a fiscalização (ICMBIO, 2004).
A Zona Silvestre da RPPN Fazenda São Benedito (ZS1) está localizada na região nordeste
da propriedade, onde há “bolsões” de vegetação em estágio intermediário e avançado de
sucessão, sob condição de encostas íngremes e pequenas várzeas naturais com nenhuma
utilização. Ou seja, trata-se de um local que deve ser destinado exclusivamente a
manutenção natural dos processos ecológicos essenciais.
Zona Sigla Área (ha)
Silvestre ZS1 27,96
2.2. Zona de Proteção
A Zona de Proteção é aquela que contém áreas naturais ou que tenham recebido grau
mínimo de intervenção humana, onde podem ocorrer pesquisa, estudos, monitoramento,
proteção, fiscalização e formas de visitação de baixo impacto. Poderá conter infra-
estrutura estritamente voltada às atividades de proteção (ICMBIO, 2004).
A RPPN Fazenda São Benedito, por conta de seus atributos ambientais, possui duas Zonas
de Proteção. A Zona de Proteção 1 (ZP1) está localizada a sudoeste da propriedade, onde
a condição de relevo é de encostas com afloramentos rochosos e vegetação em estágio
secundário de sucessão. A Zona de Proteção 2 (ZP2) está contígua a ZS1 e ocupa quase
toda a face ao extremo leste da propriedade. Os atributos ambientais locais são florestas
em mosaico de estágio secundário inicial e tardio de sucessão.
Zona Sigla Área (ha)
Proteção ZP1 e ZP2 90,58
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 76 de 148
2.3. Zona de Transição
A Zona de Transição é uma faixa ao longo do perímetro da RPPN, no seu interior. Serve
como filtro ou faixa de proteção, absorvendo os impactos provenientes da área externa
(ICMBIO, 2004).
A Zona de Transição da RPPN Fazenda São Benedito possui 10 metros de largura para o
interior da RPPN e está delimitada em toda a faixa da divisa com as propriedades vizinhas.
Zona Sigla Área (ha)
Transição ZT 13,33
2.4. Zona de Visitação
É aquela constituída de áreas naturais, permitindo alguma forma de alteração humana.
Destina-se à conservação e às atividades de visitação. Deve conter potencialidades,
atrativos e outros atributos que justifiquem a visitação. As atividades abragem educação
ambiental, conscientização ambiental, turismo científico, ecoturismo, recreação,
interpretação, lazer e outros. Esta zona permite a instalação de infra-estrutura,
equipamentos e facilidades, como centro de visitantes, trilhas, painéis, mirantes, pousadas,
torres, trilhas suspensas, lanchonete, alojamentos e hotel, para os quais deve-se buscar
adotar alternativas e tecnologias de baixo impacto ambiental (Ferreira, 2004).
Nesse contexto, a Zona de Visitação (ZV) da RPPN Fazenda São Benedito localiza-se nas
áreas onde já há trilhas, sendo um buffer de 5 metros para cada lado das mesmas, e
estradas, neste caso 30 metros de buffer. Nessas áreas as intervenções a serem feitas
estarão relacionadas ao sistema de sinalização, mirantes, manejo de trilhas e alocação de
bancos. O Centro de Visitação, se de fato implementado, estará nos domínios da
propriedade, onde há local mais adequado para isso, isto é, acessível e com visibilidade.
Zona Sigla Área (ha)
Visitaçao ZV 7,38
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 77 de 148
2.5.Zona de Recuperação
Sua indicação justifica-se quando houver significativo grau de alteração, a critério da visão do
planejamento. Nesse caso, o plano de manejo definirá ações de recuperação. A recuperação
poderá ser espontânea (deixada ao acaso) ou induzida, feita a partir da indicação de pesquisas e
estudos orientadores. Esta zona permite visitação, desde que as atividades não comprometam a
sua recuperação. Ela é temporária, pois, uma vez recuperada, deve ser reclassificada como
permanente.
Na RPPN existem 5 Zonas de Recuperação (ZR), cujos limites foram identificados a partir da
leitura do nível de alteração ambiental desses locais.
Zona Sigla Área (ha)
Recuperação ZR1 a ZR5 8,88
3. Programas de Manejo
Os Programas de Manejo têm como objetivos gerar diretrizes e agrupar atividades para
uma adequada implementação da RPPN. A estrutura do Plano de Manejo em Programas
permite que as atividades sejam descritas em grupos temáticos, facilitando a gestão e
manejo da RPPN e, de certa forma, da propriedade.
Os programas descritos foram fundamentados no zoneamento da RPPN e, sobretudo, nas
aspirações do proprietário quanto ao futuro da RPPN. Portanto, foram desenhados
diversos programas para que o proprietário possa colocar em prática o que lhe achar
conveniente no momento, naturalmente, tão logo interprete a exeqüibilidade de cada um
ao longo dos próximos 5 anos. Os programas são:
• Administração;
• Proteção e Fiscalização;
• Recuperação de Áreas Perturbadas;
• Pesquisa e Monitoramento;
• Visitação e Educação Ambiental;
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 78 de 148
• Sustentabilidade Econômica;
• Comunicação e Integração com a Área de Influência;
• Reintrodução de fauna nativa.
Cada programa constará da seguinte estrutura:
• Objetivos e Resultados Esperados: são situações positivas desejadas;
• Atividades e Normas: são as ações a serem desenvolvidas e acompanhadas de normas específicas;
Normas Gerais da RPPN Fazenda São Benedito
� Os projetos específicos de pesquisa, monitoramento e visitação deverão ser elaborados e desenvolvidos, preferencialmente, sob orientação de profissionais especializados;
� São proibidas a caça e coleta de espécimes da fauna e da flora, ressalvadas aquelas
com finalidades científicas, desde que autorizadas pelos proprietários e pelo ICMBIO;
� Caso o desenvolvimento de alguma atividade apresente indícios de danos à RPPN,
deverá ser suspensa para avaliação, bem como para elaboração e adesão de procedimentos corretivos;
� São proibidos o ingresso e a permanência na RPPN e propriedade, de pessoas
portando armas, materiais ou instrumentos destinados ao corte, caça ou quaisquer outras atividades prejudiciais à fauna, flora ou recursos naturais;
� É proibida a entrada de animais domésticos.
Normas Gerais da Propriedade
� Sugere-se a captação de assistência em reflorestamento (curso de capacitação de funcionários), no caso de o proprietário e/ou funcionários não possuírem conhecimento suficiente para a execução das atividades desejadas;
� Deverá ser mantida a manutenção do paisagismo nos locais onde será implantada a
visitação, tornando o ambiente mais harmônico;
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 79 de 148
� Deverão ser, preferencialmente, utilizadas as plantas nativas e produzidas em viveiros da propriedade, do município, da Embrapa e/ou de outras instituições afins, baseado na lista floristica apresentada neste relatório;
� A reintrodução de espécies da fauna deverá atender não só os trâmites legais, mas
também a viabilidade ecológica apontada por profissional competente, a partir de estudo próprio para isso;
� A execução de ações na RPPN deverá, necessariamente, respeitar as diretrizes
(Programas e Projetos específicos) apontadas pelo Plano de Manejo, exceto para os casos de não haver previsão para um determinado assunto. Nesse caso, o Gestor da RPPN deverá ponderar tal necessidade com os princípios da conservação e legalidade;
� Sugere-se não abrir mais trilhas na área da RPPN e, se possível, propriedade;
3.1. PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO
Objetivo O programa de administração tem como objetivo gerar diretrizes que garantam o
funcionamento da RPPN. Suas atividades e normas relacionam-se aos procedimentos
administrativos, à organização, ao controle, à manutenção e, ainda, àquelas relacionadas à
sua monitoria. Portanto, as atividades envolvem recursos humanos, capacitação do gestor
e funcionários, bem como o estabelecimento de atividades de implantação, aquisição e
manutenção de infra-estrutura e equipamentos.
Resultados Esperados
� Pessoas que trabalham na RPPN devidamente capacitadas; � Rotinas de serviço estabelecidas; � Sistema de acompanhamento das atividades implantado; � Boas práticas disseminadas; � Manutenção regular da infra-estrutura e equipamentos; � Orçamentos anuais elaborados; � Paisagismo e sinalização implantados;
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 80 de 148
Atividades e Normas
3.1.1. Designar pessoa responsável pela gestão da RPPN
O proprietário poderá ser o gestor da RPPN ou delegar esta função a outra pessoa, desde
que capacitada e munida de conhecimentos suficientes sobre a área e os procedimentos
legais de gestão.
3.1.2. Designar responsável(is) pela execução das atividades relacionadas à proteção, fiscalização, ao manejo de recursos, à visitação, à pesquisa e à comunicação da RPPN
� Este(s) responsável(is) deverá(ão) desempenhar as atividades listadas nos respectivos Programas de Manejo, além de suprir de mão-de-obra todas as demandas cotidianas da RPPN;
� As atividades poderão ser executadas pelos proprietários ou, em caso de aumento
de demanda e disponibilidade de recursos, contratar funcionários para desempenhá-las;
� Não deve ser permitido o porte de arma pelas pessoas que trabalham na RPPN;
� Em caso de contratações, estas deverão ser realizadas conforme a legislação
trabalhista. 3.1.3. Capacitar as pessoas que trabalham na RPPN no desenvolvimento das atividades
� Todas as pessoas que trabalham na RPPN deverão estar familiarizadas com os procedimentos administrativos;
� A união com os demais proprietários de RPPN da região para a realização dos
cursos de forma conjunta poderá constituir uma boa estratégia, reduzindo os custos e compartilhando experiências.
3.1.4. Aderir às rotinas e escalas de serviço
� Proteção e fiscalização – deverão ser consideradas as demandas de serviço em diferentes épocas sujeitas a: a) riscos de incêndios, b) períodos mais propícios para apanha de animais e caça, c) picos de visitação, d) rondas e segurança intensificadas, e) acompanhamento de técnicos e pesquisadores no desenvolvimento de pesquisas, dentre outros;
� Uso público - quando for o caso de implementar esse objetivo – deverá considerar
a sazonalidade típica de atividades de visitação, tais como dias de semana, finais de
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 81 de 148
semana, férias escolares, feriados, festas tradicionais e datas especiais, além devisitas escolares, etc.;
� Para o funcionamento do sistema de proteção, fiscalização, manejo de recursos e
uso público deverão ser adquiridos equipamentos e materiais específicos. A relação de equipamentos é indicada no Subprograma de Infra-estrutura e Equipamentos.
3.1.5. Desenvolver e implantar um sistema de acompanhamento das atividades das pessoas que trabalham na RPPN, visando a evolução qualitativa no desempenho das atividades É recomendável que seja desenvolvido um programa de incentivo aos funcionários, tais
como folgas, cursos de capacitação, intercâmbio com outras RPPN, etc.
3.1.6. Disseminar lições de boas práticas às pessoas da RPPN e visitantes
� Deverão ser adotadas estratégias de redução de consumo de água e energia, evitando o desperdício;
� Sugere-se manter e incentivar os visitantes, quando for o caso, a separar o lixo,
disponibilizando lixeiras para lixo seco e orgânico, em cores diferentes;
� Todas as lixeiras deverão ser bem tampadas e o material orgânico não deverá pernoitar nos recipientes externos, para não atrair animais;
� Implantar um Plano Básico de Interpretação da Natureza, provocando-os a refletir
sobre determinados temas; SUBPROGRAMA DE INFRAESTRUTURA E EQUIPAMENTOS Objetivo O Subprograma de Infra-estrutura e Equipamentos visa garantir a instalação e/ou reforma
da infra-estrutura, bem como a aquisição de equipamentos para o atendimento das
atividades previstas nos demais programas. Com o objetivo de manter a integridade da
RPPN, a maior parte da infra-estrutura está instalada na propriedade.
Normas gerais para implantação de infra-estrutura
� Deverão ser consideradas as Áreas de Preservação Permanentes (APP), à luz do que dispõe o Código Florestal Brasileiro (Lei Federal 4.771/65) e a Resolução CONAMA 303;
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 82 de 148
� A infra-estrutura deverá ser implantada mediante projeto específico;
� Os projetos deverão prever todos os impactos possíveis, principalmente erosões e
contaminação das águas subterrâneas e superficiais;
� As infra-estruturas deverão ser instaladas privilegiando o sombreamento natural, as curvas de nível e, de preferência, utilizando materiais e a mão-de-obra local;
� Deverá ser priorizado, sempre que possível, o uso de tecnologias de baixo impacto
e a redução do custo na aquisição dos materiais, instalação, funcionamento e manutenção das estruturas;
� Todo o conjunto deverá seguir um padrão estético homogêneo e estar em
harmonia com o ambiente circundante, considerando as características histórico-culturais da região;
� Deverá ser prevista a disposição adequada de restos de construção, tubulações e
outros resíduos;
� Deverão ser priorizados, sempre que possível, a utilização de tecnologias alternativas e ambientalmente corretas, tais como energia solar, fossa ecológica, queda d`água, etc;
� Deverá ser promovida a manutenção regular de toda a infra-estrutura e
equipamentos. Normas gerais para aquisição, utilização e manutenção de equipamentos
e materiais permanentes
� Na ocasião de compra dos equipamentos deverá ser dada preferência aos produtos mais resistentes e, no caso de eletro-eletrônicos, que consumam menor quantidade de energia;
� Recomenda-se que os materiais de segurança, apoio à visitação e combate a
incêndios sejam de boa qualidade e armazenados em depósito específico na área da propriedade, ainda que sejam usados em atividades na RPPN;
� É necessário organizar e manter um inventário atualizado de todo o patrimônio,
bem como uma rotina de manutenção;
� Todos os produtos que vierem acompanhados de manual deverão ter suas indicações de uso adotados à risca pelos usuários, visando sua otimização e durabilidade.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 83 de 148
Normas gerais para implantação e/ou manutenção dos acessos
As normas abaixo se referem à implantação de novos acessos na propriedade, caso
haja interesse dos proprietários. Mas, tendo em vista que já existem bastantes trilhas
na RPPN e propriedade como um todo, recomenda-se não abrir mais nenhuma trilha.
De qualquer forma, as normas são apresentadas abaixo.
� Deverão ser consideradas as Áreas de Preservação Permanentes (APP),
respeitando os limites estabelecidos na legislação ambiental para a implementação de trilhas. Além disso, serão necessárias medidas mitigadoras de possíveis impactos futuros;
� A abertura de trilhas deverá ocorrer em locais estáveis. Quando alagados,
recomenda-se a construção de pontes rústicas, passarelas suspensas ou similares;
� É indicada a análise de aproveitamento dos percursos pré-existentes na implantação das trilhas e estradas;
� Recomenda-se a confecção de um mapa ou croqui de todo o percurso como
recurso para implementação;
� Sugere-se que sejam identificados pontos estratégicos de intervenção, visando minimizar os impactos, diminuir o esforço dos visitantes e garantir sua segurança, tais como: escadas, cordas de apoio, corrimões, pequenas pontos, calhas de drenagem;
� Recomenda-se o uso de curvas de nível e trilhas em zig-zag para áreas de maior
declividade, evitando a erosão e facilitando o processo de drenagem e de uso;
� Um bom nivelamento exige um maior trabalho, porém assegura uma trilha mais estável exigindo menor manutenção;
� Deverão ser adotadas ações de redução da velocidade de águas pluviais a fim de
diminuir sua capacidade de carrear o solo. O manejo de troncos e galhos caídos constitui ótima barreira tanto para diminuir a velocidade da água, como para fechar atalhos e caminhos paralelos;
� O material orgânico do solo não deve ser retirado totalmente, pois forma camada
natural de proteção ao impacto mecânico da chuva, prevenindo erosões;
� A drenagem da trilha deverá ser feita por meio de canais laterais, em sentido perpendicular ou diagonal a trilha (tanto em nível, quanto subterrâneo);
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 84 de 148
� Valas e barreiras oblíquas à superfície da trilha deverão ser adotadas facilitando o escoamento e diminuindo a velocidade da água;
� O corredor da trilha inclui as áreas acima e nas laterais do caminho. Este é o
espaço limite para fazer o desbaste da vegetação, sendo que a roçagem, a capina e a poda são corriqueiras formas de manejo;
� A largura das trilhas deve ser planejada conforme solo e declividade. Quanto
menor a largura, menor a área pisoteada, conseqüentemente, menor o impacto ambiental;
� Todas as trilhas deverão receber constante manutenção quanto às medidas de
contenção de erosões, invasão de plantas de rápido crescimento e presença de animais que possam causar acidentes, como abelhas e marimbondos.
4.1.7. Implantar um portal de entrada Este portal estabelecerá, a partir da entrada de acesso, o local de entrada dos visitantes
com acesso à propriedade e à RPPN, junto a este portal deverá haver uma placa (modelo
ICMBIO, Manual de Identidade Visual, ver anexo) indicando a entrada na propriedade,
com o nome, portaria de criação e a logomarca da RPPN (se houver, mas recomenda-se
ter) e dos seus parceiros;
4.1.8. Reformar uma das benfeitorias disponíveis para que seja utilizada como alojamento e Centro de Pesquisa para acadêmicos É interessante que o mesmo fique o mais próximo possível da sede da fazenda, de modo a
facilitar a interlocução com o gestor e funcionários.
A casa do pesquisador deverá ter pelo menos 2 quartos, um banheiro e uma cozinha. A
sugestão ideal é de 2 beliches por quarto com colchão, ademais (roupa de cama, etc.) fica
por conta do pesquisador. Na cozinha é preciso ter as louças básicas para preparo de
refeições, como café da manhã e jantar.
Os equipamentos são específicos de cada pesquisa, por isso cada pesquisador trará o seu.
Mas caso o proprietário se interesse é profícuo ter na RPPN alguns equipamentos, que
podem auxiliar os pesquisadores e a própria rotina da UC, tais como: podão (com vara de
6m), tesoura de poda, pequena estufa de madeira, 2 rádios comunicadores e 1 armadilha
fotográfica.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 85 de 148
4.1.9. Implementar o Centro de Visitantes e Referências da Mata Atlântica local Construir ou reformar um espaço na propriedade destinado exclusivamente para
recepção de visitantes, onde possam ser expostos aspectos ambientais e histórico-
culturais da propriedade, RPPN e seu entorno, bem como a região como um todo. Esse
Centro de Referência pode vir a ser um referencial para a região, já que não há algo
parecido.
Como sugestão para a concepção deste espaço tem-se: um salão de exposição (para fotos,
banners, mapas, maquete da região e RPPN, etc.), um escritório (onde o gestor pode ficar
sediado, inclusive), dois banheiros, um almoxarifado e, se possível, um pequeno auditório
para palestras e exibição de vídeos e uma pequena biblioteca. O critério básico para
escolha do local é a acessibilidade dentro da fazenda. Sugere-se aproveitar as áreas planas
da fazenda.
4.1.10. Implementar a sinalização na área de uso público e acessos
� A sinalização deverá ser de dois tipos: indicativa e informativa. A indicativa deverá direcionar o visitante, por meio de setas ou com o nome do atrativo. A informativa tem a função de ilustrar e informar/interpretar, por meio de painéis, por exemplo, com dados da RPPN e região, sobre a flora e fauna ou histórico/culturais;
� Para os dois casos, deverão ser priorizados materiais rústicos e harmônicos ao
meio ambiente, não devendo ocorrer poluição visual; � Ao longo das trilhas a sinalização deverá ser instalada preferencialmente em
trechos sombreados; � Para subsidiar a interpretação, as informações devem ter como base os relatórios
do Plano de Manejo;
� Em anexo segue um modelo de Placa padrão internacional (inglês/português) utilizado em Unidades de Conservação Públicas, sobretudo, parques;
� A sinalização deve ser feita para os acessos dos atrativos, os locais que se queira
apresentar informações interpretativas (mirantes, beira de rio, ponte, árvore caída, toca de animais, ruínas, etc.);
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 86 de 148
� Deve haver ainda placas informativas dos limites da RPPN, apontando as restrições pertinentes;
4.1.11. Adquirir equipamentos e materiais permanentes de apoio às atividades de visitação, salvamento, resgate, primeiros socorros, proteção e fiscalização, tais como:
� Se necessário, e apenas quando da abertura da RPPN o Uso Público, adquirir uniformes e materiais para os responsáveis pela proteção e fiscalização, com calças e jaquetas resistentes, camisas identificando as pessoas que trabalham na RPPN, botas, chapéus, luvas de couro, cantis, lanternas, canivetes, facões, salva-vidas, rádio-comunicadores e kit primeiros socorros;
� uniformes e materiais da equipe de uso público, com calças resistentes e camisas
identificando-os como pessoas que trabalham na RPPN, calçados apropriados para caminhadas, chapéus, cantis, lanternas, rádio comunicadores e kit primeiros socorros;
� uniformes da equipe responsável pela preparação dos alimentos, com camisas
identificando-os como pessoas que trabalham da propriedade, aventais, luvas, toucas, máscaras higiênicas;
� kit básico de combate a incêndios, equipamentos individuais (EPIs), abafadores,
enxadas, facões, bombas costais, dentre outros;
� equipamentos e materiais de apoio às atividades a serem desenvolvidas, binóculos, GPS, bússola, máquina fotográfica, dentre outros;
� Publicações temáticas sobre cultura e meio ambiente local, mapas e ilustrações que
agreguem valor ao caráter educativo da visitação na RPPN.
4.2 PROGRAMA DE PROTEÇÃO E FISCALIZAÇÃO
Objetivo O Programa visa garantir a dinâmica dos ecossistemas, a manutenção da biodiversidade e a
proteção do patrimônio histórico-cultural, além de garantir a segurança do patrimônio.
imobiliário e equipamentos existentes na propriedade e RPPN, quando possível, o seu
entorno.
Resultados Esperados
� Rotinas de rondas estabelecidas;
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 87 de 148
� Responsáveis equipados e capacitados;
� Placas em pontos limítrofes estratégicos da RPPN instaladas;
� Trilhas e acessos em constante manutenção;
� Cercas em constante manutenção.
Atividades e Normas 4.2.1. Realizar rondas de fiscalização
� As rondas deverão ser realizadas com ênfase nos limites da RPPN, nas margens do rio da Várzea e nas trilhas, sobretudo, aquelas que levam até os confrontantes da fazenda;
� Os responsáveis pela realização das rondas deverão ser capacitados para o
desempenho das atividades que se seguem, conforme citado no Programa de Administração;
� As escalas e periodicidade das rondas deverão ser estipuladas de acordo com o
nível de ocorrências de irregularidades nas áreas apontadas. 4.2.2. Equipar e preparar as pessoas para as atividades de proteção e fiscalização
� Os responsáveis deverão receber treinamento específico, conforme citado no Programa de Administração;
� É recomendável a adoção de uniformes e equipamentos de segurança para cada
atividade, conforme descrito no Subprograma de Infra-estrutura e Equipamentos. 4.2.3. Implementar um sistema básico de prevenção e combate a incêndios florestais 4.2.3.1. Abrir e manter aceiros nos limites da propriedade e da RPPN
� As estradas nos limites da propriedade podem servir como aceiros, facilitando as ações de fiscalização;
� Os aceiros deverão ter, no mímino, três metros, abertos preferencialmente com
roçadeira e ferramentas manuais, levando em conta os devidos cuidados para evitar erosões;
� Os aceiros deverão receber manutenção anual, antes do período de seca.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 88 de 148
4.2.3.2. Capacitar o gestor da RPPN e as pessoas para atuar na brigada de incêndios
� Todo o pessoal que for atuar no combate aos incêndios deverá receber treinamento específico;
� É importante também capacitar pessoal de apoio à brigada, para o transporte de
água, alimentos, ferramentas, entre outros; � Recomenda-se o estímulo à formação de uma brigada de incêndio composta pelos
moradores das fazendas vizinhas para o combate de incêndios não só da RPPN como na região.
4.2.3.4. Adquirir e manter em bom estado os equipamentos de combate a incêndios, bem como os equipamentos individuais dos brigadistas. Os equipamentos devem ser de boa qualidade e receber manutenção constante. 4.2.4. Registrar as ocorrências de incêndios em relatórios específicos, para o permanente aprimoramento das estratégias e acompanhamento dos impactos causados
As ocorrências de incêndios na RPPN e seu entorno deverão ser registradas em
relatórios, sobretudo, com dados georreferenciados (pelo menos ponto), que poderão ser
espacializados em mapa, de modo que em determinado período, 6 meses, por exemplo,
ter-se-á um cenário com os locais críticos.
Para isso, sugere-se o uso do programa Trackmaker, que pode ser baixado gratuitamente
pela internet e é de fácil manuseio. Basta apenas ter os limites da RPPN em arquivo
compatível ao programa e tirar o ponto de GPS, digitando-o logo em seguida no mesmo.
Uma sugestão que pode ser interessante é criar uma “sala de situação”, isto é, uma sala
(na própria sede ou centro de visitantes) onde haverá um mapa da RPPN e seu entorno
de 2x2 metros, ou algo similar, para que tudo que aconteça na UC ou entorno possa ser
plotado através de tachas ou imãs, neste caso se houver uma chapa por trás do mapa.
Trata-se de uma técnica relativamente barata e utilizada pelos Bombeiros.
É importante comunicar ao ICMBIO ou ao INEA-RJ as ocorrências de incêndios,
descrevendo de onde surgiram, as possíveis causas e as áreas atingidas.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 89 de 148
4.2.5. Buscar parcerias com instituições ambientais
� O INEA-RJ possui um Plano Estadual de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, de forma que poderá orientar a confecção dos aceiros, bem como apoiar na capacitação de brigadistas voluntários;
� As queimadas não autorizadas deverão ser denunciadas;
� Estratégias conjuntas com a Prefeitura Municipal, Associação de Guias, outros
proprietários e outros parceiros poderão otimizar as ações. 4.2.6 Utilizar os mirantes como locais estratégicos para observação de focos de Incêndios Os mirantes deverão ser usados pelos responsáveis pelas rondas, em alguns períodos do
dia, nas épocas de maior incidência de incêndios. A RPPN possui trilhas que levam até
mirantes naturais em seu local mais alto.
4.2.7. Implementar ações de prevenção e controle de erosões
� Realizar a drenagem das estradas de chão, através da construção de canaletas que devem cortar a estrada em tantos em tantos metros, jogando a água da chuva de referência para dentro da floresta, onde irá então infiltrar;
� Evitar cortes de talude, mas, quando necessário, respeitar a declividade ideal, nunca
em 90 graus;
� Manter a vegetação ciliar e as localizadas em declividades acentuadas;
� Manter a cobertura morta sobre o solo nas áreas de reflorestamento
� Realizar o reflorestamento das áreas suscetíveis, além daquelas onde não há mais intenção de realizar qualquer outro tipo de uso e ocupação solo (como é o caso das pastagens dentro da fazenda).
4.2.8. Encaminhar denúncias aos órgãos governamentais competentes As ocorrências registradas deverão ser encaminhadas ao ICMBIO, INEA-RJ e Secretaria
de Meio Ambiente de Rio Claro.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 90 de 148
4.2.9 Realizar a instalação e manutenção das cercas As áreas utilizadas como pastos na propriedade deverão ser cercadas, impedindo a
dispersão dos animais e evitando o pisoteio, a disseminação de espécies de capim exótico
e parasitas;
É proibida a permanência de gado e demais animais domésticos na área da RPPN.
4.2.10. Instalar placas de identificação da RPPN em pontos limítrofes e/ou estratégicos. É possível instalar pelo menos 5 placas na RPPN, sob as condições apontadas acima.
4.3. PROGRAMA DE PESQUISA E MONITORAMENTO
Objetivos
Incentivo a realização de pesquisas sobre a RPPN e seu entorno, com intuito de gerar
informações aplicáveis ao monitoramento ambiental da UC.
Resultados Esperados
� Pesquisas e estudos sobre fatores abióticos e bióticos apoiados;
� Reflorestamentos sendo monitorados;
� Vocação para reintrodução de espécies entendida;
� Viabilidade econômica para o ecoturismo e/ou turismo rural na RPPN entendida;
� Qualidade das águas e ambientes aquáticos monitorados;
� Indicadores ambientais de qualidade do ambiente identificados, de modo a servirem como referencial para o monitoramento da qualidade da proteção da RPPN.
Atividades e Normas Normas gerais para as atividades de Pesquisa e Monitoramento
� A realização de pesquisas de fauna e flora deverá ter autorização dos proprietários e doICMBIO;
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 91 de 148
� Deverão ser evitadas coletas de material biológico, mesmo para fins científicos;
� Os procedimentos deverão levar em conta o mínimo impacto ao ambiente e sua
dinâmica, respeitando sempre as restrições estabelecidas pelo zoneamento da RPPN;
� As pesquisas deverão ser coordenadas por profissionais especializados nas
respectivas áreas de abordagem;
� Devem ser sugeridas pesquisas para complementar as já realizadas;
� Sugere-se que todos os estudos sejam precedidos de um projeto de pesquisa e de um termo de compromisso, disciplinando a conduta, o uso das instalações e manuseio adequado dos equipamentos da propriedade e firmando a obrigatoriedade de entrega dos resultados finais através de relatórios e publicações;
� Cópias de todas as pesquisas realizadas na área deverão ser arquivadas,
incrementando seu acervo, e cadastradas num banco de dados;
� O proprietário poderá fornecer aos pesquisadores dados de pesquisas já disponíveis sobre a área, otimizando as oportunidades de aprofundamento das informações geradas anteriormente;
O proprietário da RPPN Fazenda São Benedito tem o objetivo claro de estimular a
pesquisa científica na área. Contudo, assim como no ato da criação da RPPN, é preciso ter
iniciativa voluntária de sua parte para que isso realmente aconteça. As universidades mais
próximas (UFRuralRJ, UBM, etc.) certamente ainda não conhecem a reserva e, tampouco,
o fato de que a mesma possuirá instalações propícias para receber pesquisadores. A
realização de pesquisas em uma determinada área depende ainda da existência de
atributos que interessem à academia. Portanto, criar condições para receber
pesquisadores não necessariamente quer dizer que eles irão dar preferência para a área, é
preciso estabelecer rotineiros contatos com as instituições de pesquisa. O Programa de
Comunicação abordará algumas estratégias para tentar viabilizar isso. A infra-estrutura
para pesquisas científicas foi abordada no Programa de Administração.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 92 de 148
4.3.1. Estimular o desenvolvimento de pesquisas prioritárias de acordo com os resultados do diagnóstico e com os objetivos de manejo da RPPN, como, por exemplo:
4.3.1.1. Efeito de borda por pastagens e trilhas;
4.3.1.2. Capacidade de suporte do ecossistema para reintrodução de fauna;
4.3.1.3. Fenologia (época de floração, frutificação e perda de folhas) de espécies
arbóreas potenciais para reflorestamento;
4.3.1.4. Aprofundamento dos estudos faunísticos realizados neste plano;
4.3.1.5. Análise de mercado para projetos ecoturísticos na RPPN;
4.3.1.6. Estudos hidrológicos quantitativos e qualitativos do rio da Várzea e afluentes;
4.3.1.7. Alocação de armadilhas fotográficas para monitoramento de fauna.
4.4. PROGRAMA DE VISITAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A RPPN Fazenda São Benedito ainda que, atualmente, não tenha atividades ligadas ao uso
público sendo realizadas, existe o interesse claro por parte do proprietário em disseminar
conhecimentos ambientais e, ao mesmo tempo, gerar rentabilidade econômica com isso.
Portanto, a partir da elaboração do presente documento, que prevê a infra-estrutura
necessária à recepção de visitantes com planejamento, é que provavelmente dar-se-á início
a abertura da RPPN para visitação, que de antemão não será por demanda espontânea e
sim selecionada, à luz da privacidade e tranqüilidade que o proprietário anseia manter.
Esse Programa tem uma interface grande com o Programa de Sustentabilidade Econômica.
Objetivos Estabelecer, orientar, direcionar e ordenar as atividades de uso público na RPPN e
propriedade, na forma de day use, em relação às atividades de educação ambiental e lazer,
enriquecendo as experiências de caráter ambiental e histórico/cultural dos visitantes, em
um processo aliado a geração de renda para a RPPN.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 93 de 148
Resultados Esperados
� Conhecimentos ambientais sobre a Mata Atlântica sendo disseminados;
� Estruturas de apoio aos visitantes implementadas;
� Atrativos com infra-estrutura básica para visitação;
� Atividades de educação ambiental apoiadas;
� Controle de visitação implantado;
� Preços de ingressos e serviços definidos;
� Escolas do entorno engajadas;
� Sustentabilidade econômica da RPPN iniciada.
Atividades e Normas
Normas Gerais para as atividades de Visitação
� A RPPN será aberta para visitação das 8h às 17h, exceto em casos especiais, como a prática de observação de fauna e observação astronômica;
� Não será haverá disponibilidade para pernoites no local;
� Os visitantes que realizarão atividades diferenciadas necessitando de horários
distintos de visitação deverão ser autorizados previamente pela administração;
� Todos os visitantes deverão necessariamente passar pelo Centro de Visitantes e receber instruções sobre os atrativos, custos e conduta;
� Passeios a cavalo e bicicleta devem ser incentivados na propriedade e seu entorno;
� Os visitantes deverão ser advertidos de que somente poderão desfrutar das áreas
destinadas ao uso público, evitando assim comprometer a integridade e recuperação das áreas naturais e sua própria segurança;
� A capacidade de suporte estipulada para as trilhas da RPPN é de até 15 pessoas
por vez e 150 pessoas por dia, além dos funcionários e condutores de visitantes, podendo cada grupo sair intercalado a cada 20 minutos;
� As trilhas deverão ser auto-guiadas o que não impede a entrada de grupos
organizados com seu próprio guia ou o serviço de condução oferecido pela RPPN;
� Os gestores deverão orientar os turistas na definição dos pontos de visitação, auxiliando a escolha dos roteiros, evitando aglomerações num único atrativo.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 94 de 148
4.4.1. Implantar o portal de entrada Este portal centralizará a entrada dos visitantes na propriedade e RPPN; 4.4.2. Implementar o Centro de Visitantes O Centro de Visitantes tem como objetivo principal atender e informar os visitantes. Poderá abrigar, ainda, atividades de educação ambiental, treinamento e capacitação; 4.4.3. Viabilizar a instalação de equipamentos para recepção dos visitantes O CV deverá ser equipado para facilitar a compreensão e conforto do visitante, conforme descrito no Subprograma de Infra-estrutura do Programa de Administração; Para as atividades de educação ambiental e capacitação, sugere-se utilizar equipamentos específicos, tais como computador, data show ou retroprojetor.
4.4.4. Instalar material ilustrativo Painéis (banners) com ilustrações deverão ser instalados com informações sobre a região,
atrativos, atividades desenvolvidas, além de, naturalmente, aspectos sobre a propriedade e
RPPN;
4.4.5. Implementar o Restaurante
� O Restaurante poderá ser o mesmo utilizado pela sede da fazenda, já que trata-se de uma cozinha com fogão centenário e, por isso, um grande atrativo;
� O cardápio deverá conter receitas que valorizem a culinária regional;
� Devem ser estipuladas regras e procedimentos para a manipulação, preparo,
acondicionamento, armazenamento, transporte e exposição à venda dos alimentos;
� É recomendável que se adote o uso de uniformes para os funcionários; 4.4.6. Implementar as trilhas O circuito de trilhas deverá ter como ponto de partida o Centro de Visitantes, na propriedade, passando pela sede da fazenda, seguindo pelas ruínas da ponte histórica, para então seguir pela trilha que beira o Rio da Várzea, onde há um ponto de parada sobre as pedras de seu leito, de forma que, feito isso, os visitantes poderão seguir pela trilha, já nos domínios da RPPN, através de duas opções:
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 95 de 148
(1) realizar o circuito completo, que é circular, tomando o acesso à esquerda, sendo então possível chegar ao ponto superior da RPPN e de lá ver grande parte da propriedade e RPPN, seu entorno e a Serra do Mar ao fundo, além de vivenciar os atrativos do interior da Mata Atlântica (trata-se de uma caminhada moderada, de 30 a 50 minutos e 2 Km de extensão aproximadamente, onde a ida é levemente acentuada e a volta idem, mas sob distintas condições de paisagem; existem pontos de parada, como mirante, “praças” com bancos, etc.); (2) ao parar sobre as pedras do leito do Rio da Várzea, seguir até algumas áreas de reflorestamento para entender esse processo e sua importância para a manutenção da Mata Atlântica, além de naturalmente ter a oportunidade de interpretar e contemplar as belezas e elementos desse bioma. Mas é possível ainda seguir por um terceiro roteiro (1 Km), também circular, só que sob condições planas, qual seja, o que leva até o fundo do vale da RPPN, inicialmente cruzando o Rio da Várzea, parando nas ruínas da ponte histórica, depois passando por brejos e um afluente do Rio da Várzea, onde é possível avistar a rica avifauna, árvores frondosas e variedades de ambientes naturais, até então, já na volta, cruzar novamente o Rio da Várzea. Nenhuma dessas trilhas estão implementadas, mas estão bem definidas e são manejadas periodicamente por conta do proprietário, sua família e amigos semanalmente a utilizarem. Portanto, quando da abertura para uso público, é preciso que essas trilhas recebam a infra-estrutura básica para a segurança do usuário e prevenção de impactos. As principais intervenções nessas trilhas são:
� Ponte rústica: sobre o afluente perene do Rio da Várzea (circuito 3);
Modelo de ponte feita com eucalipto tratado, bom custo-benefício.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 96 de 148
� Mirante: o que é possível avistar a sede da propriedade e a Serra do Mar ao fundo (circuito 1, ida). Pode se feito com madeira de eucalipto tratada, tanto o piso quanto os corrimões e cercamento.
Mirante do Parque Estadual de Ibitipoca.
Mirante no Parque Nacional do Itatiaia.
� Pontos de Descanso: para proporcionar mais conforto aos visitantes, é possível
instalar bancos rústicos ao longo da trilha em trechos sombreados (circuito 1, cume, mirante e bambuzal);
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 97 de 148
Modelo de banco, já utilizado na RPPN Fazenda São Benedito.
� Drenagem das trilhas: construir canaletas de drenagem (circuito 1, ida e volta),
através de sulcos diagonais a trilha, dispostos de tantos em tantos metros, escorados por madeiras para não fecharam, de modo que a água não permaneça na trilha e, assim, evite erosão e propensão a acidentes;
Modelos de drenagem passíveis a serem implementado em trilhas.
� Melhoria do piso da trilha: em certos locais, sobretudo, circuito 1 (volta), a
trilha apresenta sinais de erosão e precário dimensionamento da largura de seu piso, gerando condições pouco adequadas para visitação em maior escala. É preciso manter a borda crítica bem manejada.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 98 de 148
Exemplo de manejo de borda crítica mal manejada (d)
Manejo de piso sob condição íngreme (d).
Exemplos de manejo de trilhas em situações de inundação. É possível usar geotêxtil (para levantar o piso da trilha e drenar a mesma ou outros materiais rústicos disponíveis na propriedade.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 99 de 148
Uma opção para o caso de não haver a necessidade de construção de ponte. Obs: algumas RPPN possuem infra-estrutura do tipo mencionada acima (pontes, mirantes, etc.), como a RPPN Ecoparque de Una, RPPN Vagafogo, RPPN Reserva Natural Salto Morato, de forma que é possível, através da internet, acessar esses modelos. 4.4.7. Implementar a sinalização na área de uso público e acessos Ao longo de todas essas trilhas, bem como acesso as mesmas, e outros atrativos, é
preciso alocar placas ora informativas ora indicativas. As placas informativas podem
abordar aspectos variados da RPPN, propriedade, entorno e região como um todo,
gerando oportunidades de interpretação, educação e contemplação da natureza. Já as
indicativas, apontam o local dos atrativos, por onde seguir. Essas placas devem podem ser
confeccionadas em material rústico, sendo o layout gravado em madeira, silcado ou até
mesmo adesivado em placa galvanizada. É interessante adotar a identidade visual
internacional, conforme modelo abaixo (cor de fundo - tecnicamente chamada de pantone
- e letras e textos bilíngües), como usado no Parque Estadual da Ilha Grande, Rio de
Janeiro (modelos abaixo).
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 100 de 148
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 101 de 148
P.E. da Serra do Mar. SP P.E. de Ibitipoca. MG Placas feitas com uso de pirógrafo duram mais, são mais baratas, têm capacidade de reposição e podem ser confeccionadas na “fábrica de placas” da própria UC, a partir da capacitação de um funcionário. 4.4.8. Trabalhar a identidade visual da RPPN
• Elaborar logomarca para a RPPN, de acordo com os seus atributos (sobretudo, elementos símbolos e/ou paisagem “cartão postal”), de modo a expressar o carisma da atitude voluntária de existência da UC;
• Padronizar as placas – cores, abordagem, etc. (ver modelo acima);
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 102 de 148
• Uniformização padrão; • Elaborar site; • Folders, cartazes, jornais, calendários, imãs de geladeira, etc; devem ter a mesma
proposta de abordagem.
Exemplo de logomarca de Unidade de Conservação, em consonância com a sua paisagem “cartão postal”.
4.4.9. Apoiar e estimular a visitação de grupos de interesses específicos Trata-se de uma diretriz muito importante para atender as expectativas do proprietário
quanto a sustentabilidade econômica da RPPN, sem que a sua tranqüilidade na RPPN, isto
é, lazer próprio, seja afetado. Isso porque receber grupos agendados, para um Day Use
Exemplo de identidade visual de outras RPPN
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 103 de 148
apenas, torna a gerência da visitação mais prática do que aquela que requer pernoites e
atendimento de demandas espontâneas de visitação, que conferem incertezas ao processo
de planejamento.
É possível captar e agenciar visitantes, ou então fechar uma parceria com alguma empresa
para isso. A RPPN, a fazenda como um todo, o seu entorno e o município de Rio Claro
possuem atrativos naturais e histórico-culturais que favorecem essa captação de visitantes.
Naturalmente, é preciso empreendedorismo por parte do proprietário e/ou competênca
do parceiro para que esse tipo de visitação realmente chegue a RPPN e, de fato, tenha um
interessante custo/benefício. Uma agência na cidade do Rio de Janeiro pode ser o
receptivo para esse tipo de turismo, que poderia inclusive ser arte de um roteiro maior
rumo a Costa Verde (Mangaratiba, Angra dos Reis e Paraty).
Um outro grupo a ser focado, e que sugere ter resultados profícuos, é o de escolas
públicas e particulares, que poderiam também ser contempladas em um Day Use na RPPN.
Neste caso, também é preciso ter um agenciador, trabalhando com os professores e
diretores (p.ex. levando-os antes para um Day Use, sem custo) dessas escolas nessa
proposta, que mistura diversão e aprendizado.
Mas o fato é que, independente do grupo visitante, é preciso antes implementar a infra-
estrutura de visitação, já apontada anteriormente: Centro de Visitantes, Casa de Pesquisa,
mirantes, pontes, placas, restaurante, etc.
Como os atrativos estão muito espalhados pela fazenda, e esses grupos provavelmente
virão de ônibus, uma sugestão seria colocar uma “jardineira” a disposição para translado
no interior da propriedade, o que inclusive agrega valor ao empreendimento. O acesso
pavimentado possibilita viabiliza essa proposta.
Outros grupos podem ser também foco das ações de agenciamento tais como: terceira
idade, portadores de necessidades especiais, escoteiros, observadores de aves e
astrônomos. Esses Grupos específicos devem ser apoiados, pois têm organização própria
e poderão subsidiar novas atividades de visitação.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 104 de 148
Para receber e guiar os visitantes é interessante contratar mão de obra local, tais como
jovens que seriam capacitados para serem monitores ambientais, pois conhecem muito
bem a região. Deve haver um processo seletivo para isso.
4.4.10. Inclusão da RPPN no circuito de caminhadas do AndaBrasil O AndaBrasil é uma ONG nacional que promove circuitos de caminhadas Brasil afora, em
muitos casos com RPPN. A RPPN Fazenda São Benedito já faz parte desse circuito, e a
sugestão é que seja feita a manutenção do interesse em continuar ano a ano. Mas nada
impede de entrar também em outros circuitos de visitação.
4.4.11. Capacitar os gestores e as pessoas que trabalham com o uso público A capacitação deverá privilegiar temas ambientais, conforme sugestões no Programa de
Administração. Existem instituições que promovem cursos sobre Planejamento e Manejo
de Áreas Naturais Protegidas, como, por exemplo, a Fundação O Boticário de Proteção à
Natureza e o Instituto IBiosfera.
4.4.12. Implementar o controle de visitação
• Ao entrar na propriedade o visitante deverá ser direcionado ao Centro de Visitantes para ser informado sobre as opções, preços e conduta;
• Deve ser sugerido ao visitante, de forma voluntária, o preenchimento da pesquisa
de perfil, que é um questionário elaborado especificamente para isso. 4.4.13. Definir o valor da taxa de ingresso e dos serviços oferecidos
• Esta definição dependerá de vários fatores, tais como: a forma de realização das atividades, o conjunto de atividades, grupos organizados de visitantes, realização de circuitos, participação de crianças, grupos escolares, idosos, etc;
• Este valor deverá ser atualizado mediante sua necessidade detectada em análise do
fluxo de caixa;
• O valor do ingresso e dos serviços deverá ser compatível à realidade da região;
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 105 de 148
• Pacotes promocionais podem ser oferecidos, conforme o perfil e os objetivos do visitante;
• É importante que o visitante tome conhecimento que parte dos recursos serão
destinados à conservação da RPPN. 4.4.14. Estabelecer um programa de entrada gratuita e/ou descontos na RPPN em datas e situações especiais
• Em eventos especiais (cursos, datas comemorativas) poderão ser feitos pacotes com descontos ou ingresso único com direito a usufruir de todos atrativos e serviços;
• Entrada gratuita poderá ser oferecida aos alunos da rede de ensino público dos
municípios sede e vizinhos. 4.4.15. Organizar e apoiar atividades de educação ambiental
• A Educação Ambiental deverá estar presente em todas as atividades;
• As estruturas podem ser aproveitadas para a realização de oficinas e dinâmicas de sensibilização;
• O Centro de Visitantes e o restaurante podem ser utilizados para realização de
cursos específicos de educação ambiental para multiplicadores;
• Os gestores podem incentivar programas de educação ambiental, estabelecendo parcerias, a fim de atenuar os impactos ambientais, destacando temas como: caça, pesca, recursos hídricos e a importância da RPPN.
4.4.16. Apoiar visitas de escolas públicas municipais
• Sugere-se que seja feito um programa direcionado à visitação de professores e alunos das escolas de Rio Claro com temas relacionados à grade curricular. Se possível, isso pode ser extrapolado para Piraí, Barra Mansa, Mangaratiba e Angra dos Reis;
4.4.17. Criar infra-estrutura de arvorismo para fortalecer os atrativos da RPPN A Fazenda São Benedito possui uma área de eucaliptal (fora da RPPN) que pode vir a ser uma área em potencial para alocação de infra-estrutura de arvorismo. Esse tipo de atividade vem crescendo a cada dia, de modo que o turismo na RPPN poderia crescer a reboque de mais esse atrativo.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 106 de 148
Naturalmente, é necessário que haja uma precisa interpretação dessa viabilidade por um especialista no ramo, haja vista que é necessário critérios para que a atividade possa ser realizada com segurança pelos visitantes.
É interessante também pensar, se viável, em instalar uma ponte suspensa sobre o rio da várzea, em seu trecho a montante (150 metros) das ruínas da ponte, onde existe um remanso do rio que forma um “poço”, de modo que os visitantes poderão atravessar com segurança para o outro lado, onde há um circuito oval de trilhas, que leva a mirantes naturais da RPPN. Isso, inclusive, agregar valor ao empreendimento.
4.5. PROGRAMA DE SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA
Objetivos
Apresentar diretrizes gerais para a avaliação das atividades econômicas a serem
desenvolvidas para a aplicação de investimentos e redução dos riscos.
Resultados esperados:
• Viabilizar parcerias com empresas, ONG’s e universidades no que tange ao fortalecimento institucional da RPPN e diminuição dos custos de proteção e manejo da RPPN;
• Equiparar, pelo menos, as despesas e receitas da RPPN;
• Demonstrar que é possível aliar objetivos conservacionistas aos econômicos.
A RPPN Fazenda São Benedito, atualmente, não possui atividades econômicas sendo
realizadas, pelo contrário, o proprietário custeia todas as ações básicas para a sua
proteção e manejo. E foi exatamente nesse âmbito que o Programa de Visitação foi
elaborado e é no mesmo que serão apontadas ações para o Programa Sustentabilidade.
Então, a primeira maneira de gerar receitas para a RPPN é a partir das atividades
descritas no Programa de Visitação, isto é, a partir de ingressos (pacotes para grupos),
venda de camisetas e bonés, restaurante, etc.
A segunda maneira faz referência à captação de recursos no Brasil ou fora sem que
necessariamente passe por iniciativas comerciais. Existem instituições que fazem doações a
fundo perdido, ora governamentais, ora ONG`s, mas todas a partir de editais, que exigem
projetos bem delineados e justificados. Algumas RPPN no Brasil, como por exemplo, a
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 107 de 148
RPPN Serra do Teimoso (BA) e Vagafogo (GO), possuem parceiros nacionais e
internacionais que possibilitam a realização de uma série de atividades, como
oferecimento de cursos de capacitação pagos.
No Brasil, atualmente, o mais acessível é do edital da Aliança para a Conservação da Mata
Atlântica, que é formado por uma parceria entre a Fundação SOS Mata Atlântica, a
Conservação Internacional (CI) e, mais recentemente, a The Nature conservancy (TNC).
Nesse edital o proprietário pode escrever o projeto, que é simples, sem burocracia e
necessidade de intermediários agenciadores. Algumas RPPN de Rio Claro, inclusive, já
foram beneficiadas por esse edital.
Além do edital da Aliança, existem ainda: Fundo Nacional do Meio Ambiente (www.mma.gov.br) Criado pela Lei 7.797 de 10 de julho de 1989, o Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) tem por missão contribuir, como agente financiador e por meio da participação social, para a implementação da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA). Desde sua criação o FNMA apóia projetos ambientais em todo o país, tendo investido mais de cem milhões de reais distribuídos entre mais de mil projetos aprovados.
Fundação O Boticário de Conservação da Natureza (www.fbpn.org.br) O Programa de Incentivo à Conservação da Natureza tem por objetivo financiar projetos que contribuam efetivamente para a conservação da natureza no Brasil, através do apoio a ações de: manejo de unidades de conservação, conservação e manejo de espécies ameaçadas, fiscalização e proteção ambiental, valorização e manejo de áreas verdes urbanas, controle de espécies exóticas invasoras, restauração de ecossistemas, desenvolvimento e implementação de políticas públicas e legislação ambiental e pesquisa aplicada em ecologia e conservação da natureza. ONGs Internacionais The Nature Conservancy – TNC (www.tnc.org.br) Conservation International – CI (www.conservation.org.br) World Wildlife Fund – WWF (www.wwf.org.br)
Portanto, e possível captar recursos de diversas formas, a saber:
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 108 de 148
• Participação em editais através de projetos, ora tendo a RPPN como proponente, no caso dos editais que assim permitem, ora sendo uma ONG, universidade ou até empresa a proponente;
• Projetos com empresas do tipo “Adote um pedaço da Mata Atlântica” ou “Amigo
da Mata Atlântica”, e aí a contrapartida seria a veiculação da logomarca da empresa em iniciativas publicitárias, placas, folders, site, outdoores, calendários, etc;
• Parceria com universidades para buscarem ao apoio de instituições de pesquisa,
tais como CNPq, CAPES, FAPERJ, etc;
Mas a maior expectativa é a implementação do ICMS Verde (Lei Estadual 5.100/07), já
aprovada no Rio de Janeiro. A previsão é que as RPPN, que estão incluídas no escopo da
regulamentação, sejam de fato contempladas e recebam recursos por ajudarem,
voluntariamente, a proteger relevantes remanescentes da Mata Atlântica, com sua
biodiversidade e serviços ambientais associados. No Estado do Paraná, por exemplo,
alguns municípios já instituíram leis que possibilitam o repasse de recurso do ICMS
Ecológico as RPPN, haja vista que graças a elas as Prefeituras recebem mais recursos. O
município de Rio Claro já possui Conselho Municipal de Meio Ambiente funcionando, por
isso, é o local ideal para colocar essa questão no centro das discussões, pois, afinal, trata-
se da grande e estratégica chance de chegar a sustentabilidade econômica e, ainda,
incentivar outros proprietários a criarem uma RPPN em suas fazendas.
A captação de recursos pode ser justificada para diversos fins: construção ou reforma do
centro de visitantes, casa de pesquisa, viveiro de mudas, projetos de educação ambiental,
pesquisas científicas, participação em circuitos turísticos e atividades previstas no Plano de
Manejo (se já aprovado pelo órgão competente); e até mesmo atividades comerciais que
possam ter desdobramentos na sustentabilidade econômica da RPPN, como alambiques,
produção de mel, artesanatos, etc. Nesse último caso trata-se do edital da Aliança (tema:
sustentabilidade).
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 109 de 148
4.6. PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO E INTEGRAÇÃO
Objetivo O Programa de Comunicação e Integração com a Área de Influência visa abordar as
necessidades e formas de lidar com o público externo, institucional ou não, e comunidade
local. Inclui questões como a divulgação dos serviços e a interação da área com seu
ambiente de entorno direto, clientes e possíveis parceiros.
Resultados Esperados Logomarca aplicada em materiais;
Site implantado;
Materiais de apoio e divulgação elaborados e confeccionados;
Parcerias para o desenvolvimento de atividades da RPPN estabelecidas;
RPPN divulgada;
Atividades e Normas 4.6.1. Utilizar a logomarca da RPPN
• A logomarca da RPPN deverá ser utilizada em todo material produzido pela RPPN, incluído uniformes de funcionários, cardápio, etc;
• Sugere-se que sejam confeccionados materiais de divulgação utilizando a
logomarca, tais como camisetas, bonés, chaveiros, dentre outros; 4.6.2. Desenvolver um site de divulgação da RPPN e propriedade
• O uso da internet possibilitará uma ampla divulgação, tendo em vista a facilidade e custos de utilização;
• Deverá ser e registrado um domínio de preferência com o nome da RPPN
(www.rppnfazendasaobenedito.com.br) e aderir a um serviço de provedor para hospedagem do site;
• O site deverá ter informações sobre os aspectos geográficos, flora e a fauna,
histórico/culturais, produtos e serviços; • É imprescindível uma boa programação visual, com uma galeria de fotografias e os
contatos (email e telefones).
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 110 de 148
4.6.3. Confeccionar material de informação e divulgação 4.6.3.1. Confeccionar e distribuir material de divulgação dos atrativos e atividades
• Sugere-se que sejam elaborados folders, constando informações para visitação (atrativos e serviços), localização e contatos;
• Deve haver um planejamento para distribuição dos folders, escolhendo o público
que se deseja atingir. Cartilhas não são mais recomendadas, pelo alto custo-benefício.
4.6.3.2. Confeccionar materiais para educação ambiental
• E importante elaborar materiais em papel reciclável específicos para educação ambiental. Para se ter bons resultados e economia de recursos sugere-se o estabelecimento de parcerias;
4.6.4. Manter o público informado sobre as atividades da RPPN
• Recomenda-se que seja feito um sistema de mala direta ou envio de mensagens eletrônicas aos visitantes divulgando os serviços, novidades, eventos, dentre outros;
4.6.5. Estabelecer parcerias para o desenvolvimento das atividades da RPPN
• O estabelecimento de parcerias é importante porque fortalece a RPPN, divide as responsabilidades, além do apoio técnico e da troca de experiências, também poderá reduzir os custos. Podem ser feitos acordos com diferentes parceiros: (a) vizinhos; (b) RPPNs da região; (c) sociedade civil; (d) instituições de pesquisa; (e) prefeitura municipal; (f) instituições governamentais ambientalistas, dentre outros.
4.6.6. Estabelecer parceria com os vizinhos da RPPN e propriedade
• O envolvimento da vizinhança poderá se dar de várias maneiras: (a) formação de brigadas de incêndios florestais; (b) mutirões de limpeza e recuperação de áreas degradadas, (c) participação em eventos educativos para as escolas locais; (d) proteção de fauna e flora através de boa conduta e denúncias; (e) adesão de melhores práticas ambientais, entre outros.
4.6.7. Integrar a RPPN a Fazenda São Benedito às Redes de Reservas Particulares
• A RPPN Fazenda São Benedito poderá abreviar relações com os demais proprietários de RPPN de Rio Claro, bem como a Associação de Proprietários de RPPN do Rio de Janeiro (www.apnrj.org.br) e Confederação Nacional de RPPN
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 111 de 148
(www.rppnbrasil.org.br), através do associativismo, participação no grupo de discussões ([email protected]) e até meso reuniões periódicas. Neste Trata-se de uma iniciativa muito importante para fortalecer as RPPN no município, sobretudo, à luz do ICMS Verde.
4.6.8. Estabelecer parceria com a Prefeitura Municipal de Rio Claro
• As Secretarias de Educação e de Turismo e Meio Ambiente poderão colaborar na realização de atividades lúdicas de sensibilização e conscientização quanto à questão ambiental e no envolvimento das escolas;
• Sugere-se que o gestor da RPPN articule-se para participar de conselhos e outros
coletivos; 4.6.9. Estabelecer parceria com o ICMBio e INEA-RJ (INEA, no futuro)
• O ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e o INEA deverão ser informados sobre todas as ameaças à RPPN e deverá ser solicitado sempre que necessário a fim de promover ações de fiscalização;
• A RPPN poderá integrar-se aos programas de governo desenvolvidos na região.
4.6.10. Estabelecer parceria com instituições de pesquisa
• Alunos de graduação e pós-graduação poderão realizar suas pesquisas na RPPN. As universidades podem ser parceiras, colaborando com informações científicas. Algumas das universidades mais próximas: UFRuralRJ (Seropédica); UFF (Pinheral); UBM (Barra Mansa); Severino Sombra (Vassouras). 4.6.11. Estabelecer parceria com a Associação de Guias local e regional
• Caso exista, a RPPN pode ser incluída no roteiro ecoturístico da região, já que são ótimos agenciadores para a visitação.
4.6.12. Estabelecer contato com o Centro de Atendimento ao Turista da cidade
• A RPPN deverá ser incluída no roteiro turístico da região; • É importante que os funcionários dos Centros de Atendimento de Rio Claro e
municípios próximos, estejam bem informados sobre as atividades da RPPN. Materiais impressos expostos nesses locais contribuem a promoção da RPPN;
4.6.13. Implementação de Programas de Estágio Voluntário e de Primeiro Emprego.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 112 de 148
Programa de Estágio Voluntário Considera-se serviço voluntário a atividade não remunerada, prestada por pessoa física. O serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem obrigação de natureza trabalhista, previdenciária ou afim e é regido pela Lei n° 9.608/1998.
• O Programa de Estágio Voluntário, além de suprir a carga horária de disciplinas de estágio obrigatório de diversos cursos de graduação, mediante instruções e parcerias com as instituições de ensino, poderá também proporcionar a familiarização e aquisição de experiência em atividades específicas aos jovens locais que pretendam futuramente se inserir em mercados de trabalho similares;
• Este programa poderá suprir de mão-de-obra as atividades da RPPN e propriedade
em épocas de pico de visitação, que coincidem com períodos de férias escolares;
• Os gestores devem, preferencialmente, apoiar nas despesas de alimentação, transporte e hospedagem, se for o caso, referentes às horas de trabalho e deslocamentos realizados pelos jovens em função do estágio;
• Para o desempenho de atividades mais técnicas, deverão ser envolvidos estudantes
de ensino superior, orientados, ainda que à distância, por supervisores de estágio das respectivas instituições de ensino;
• O serviço prestado deverá ser avaliado e certificado pelo gestor da RPPN em
documento constando a carga horária e as atividades desenvolvidas. Programa Primeiro Emprego O Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego (PNPE), lançado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, tem como objetivo a inserção de jovens no mercado de trabalho. Em parceria com diversas instituições promove cursos com carga horária de 400 horas/aula - 200 horas para lições de cidadania, informática, legislação trabalhista, elevação de escolaridade, entre outros, e 200 horas para habilidades técnicas específicas. Cada aluno recebe uma bolsa, durante quatro meses, financiada pelo governo federal. O PNPE é regido pela Lei 10.940/2004.
• O Programa de Primeiro Emprego, além de amenizar os gastos da RPPN e propriedade durante o período de treinamento, poderá incrementar a formação profissional e curricular da juventude local, tornando-os aptos à competição mais justa com a mão-de-obra especializada vinda de fora;
• O PNPE tem como exigência a apresentação de certidões negativas do INSS, FGTS
e da Receita Federal pelos empregadores, bem como um protocolo de intenções, comprometendo-se com uma meta, para posterior elaboração de um plano de trabalho e celebração de um convênio.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 113 de 148
4.6.14. Organizar eventos em datas comemorativas
• Sugere-se para estas ocasiões, a divulgação e celebração de datas especiais ligadas ao meio ambiente e cultura, aproveitando as que já são comemoradas na região ou sugerindo novas (ver tabela abaixo);
• A capela poderá ser aberta à visitação e ser utilizada principalmente em datas
religiosas.
Calendário ambiental
janeiro agosto
1° - dia mundial da paz 05- dia nacional da saúde
11- dia do controle mundial por agrotóxicos 06- dia de Hiroshima
fevereiro 09- dia internacional dos povos indígenas
22- dia de criação do ICMBIO 14- dia do combate a poluição
março setembro
1° - dia do turismo ecológico 03- dia do biólogo
20- início do outono 09- dia do veterinário
21- dia florestal mundial 21- dia da árvore
20- dia mundial da água 22- dia de defesa da fauna
abril 20- dia de limpeza do litoral
07- dia mundial da saúde 23- início da primavera
15- dia nacional da conservação do solo outubro
19- dia do índio 04- dia mundial de proteção aos animais
22- dia mundial da Terra 04- dia da natureza
maio 05- dia mundial do habitat
22- dia do apicultor 15- dia do professor
27- dia da Mata Atlântica 15- dia do educador ambiental
junho novembro
05- dia mundial do meio ambiente 05- dia da cultura
21- início do inverno 30- dia do Estatuto da Terra
23- dia do lavrador dezembro
29-dia do pescador 07- dia do pau-brasil
julho 15- dia do jardineiro
12- dia do engenheiro florestal 21- início do verão
16- dia de proteção as florestas 29- dia internacional da biodiversidade
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 114 de 148
4.7. PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO FLORESTAL
Objetivos
Recuperar os ecossistemas da Mata Atlântica protegidos pela RPPN, sobretudo, aqueles
interpretados como Zonas de Recuperação, de modo a potencializar sua biodiversidade e
serviços ambientais prestados a sociedade;
Resultados esperados:
• Áreas perturbadas da RPPN e propriedade recuperadas; • Matrizes florestais monitoradas para coleta de sementes; • Viveiro de mudas estruturado e operando • Planejamento sistêmico de produção de mudas funcionando; • Equipe capacitada; • Corredores Ecológicos entre fragmentos florestais estabelecidos;
Atividades e normas
4.7.1. Levantamento florístico da Mata Atlântica da RPPN
Esta etapa já foi realizada no âmbito da elaboração deste documento.
4.7.2. Acompanhamento da fenologia de espécies florestais
Trata-se de acompanhar a floração, frutificação e dispersão de sementes de pelo menos 5
indivíduos por espécie, por pelo menos 2 anos, através de visitas quinzenais, ou uma vez
por mês (sempre na última semana, por exemplo), de modo a ser ter um padrão
dispersão de sementes que permita a preparação para a sua coleta e continuidade da
produção.
4.7.3. Marcação de matrizes florestais para coleta de sementes
Identificar as árvores portas-semente com alguma sinalização.
4.7.4. Implantação de viveiro para produção de mudas nativas da Mata Atlântica local
O viveiro florestal a ser implantado apresenta as condições básicas para o seu sucesso,
quais sejam:
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 115 de 148
• Fácil acesso (contíguo a sede do parque);
• Terreno plano;
• Boa disponibilidade de água;
• Boa disponibilidade de insolação;
• Abastecimento de energia elétrica;
• Uma área de no mínimo 1.500m².
Para o processo de produção de mudas serão realizadas as seguintes atividades:
A. Preparo do terreno : capina para eliminação do mato, retirada de entulho e nivelamento de área caso necessário.
B. Construção de cerca: O objetivo do cercamento é isolar o local, permitindo o
desenvolvimento normal dos trabalhos de produção sem interferência de estranhos ao serviço e animais. Em médio prazo, essas divisas receberão plantas que funcionarão como cerca-viva.
C. Construção de Laboratório de Semente: Esta construção é necessária para o
armazenamento, quebra de dormência, teste de germinação, cadastro e beneficiamento das sementes coletadas ou recebidas pelo viveiro. A área proposta é de 25m² .
D. Construção de Sementeiras: São necessárias dez sementeiras com 5m² cada
(1m x 5m) de alvenaria (tijolo, areia e cimento);
E. Depósito de Materiais: É necessário que o viveiro disponha de um local onde possam ser guardados, ferramentas, insumos e outros materiais utilizados no processo de produção, que também servirá como escritório para anotações primárias. A área proposta é de 7,3m².
F. Construção da Casa de Vegetação: É um local sombreado com luminosidade
de 50%, onde as espécies mais sensíveis são germinadas e aguardam até o momento de irem para os canteiros de mudas. A área é de 150m².
G. Escritório: Para o desenvolvimento das atividades de administração do viveiro. Já
existe.
H. Canteiros de Mudas: Os canteiros de crescimento de mudas serão feitos com a utilização de bambu gigante nas laterais, é o local onde as mudas esperarão até o dia do plantio.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 116 de 148
I. Sistema de Irrigação: É fundamental para o sucesso da produção de mudas. O sistema proposto é o de irrigação por aspersão. A água utilizada será a mesma que abastece a sede do parque.
J. Equipe de Coleta de Sementes e Material Vegetativo: É deste item que
depende o sucesso do processo produtivo. A equipe será formada por funcionários da propriedade e, se possível, um técnico para coordenar as ações de reflorestamento.
K. Alocação de placas em cada área reflorestada
4.7.5. Definição das áreas a serem recuperadas
No caso da Fazenda São Benedito, recomenda-se o reflorestamento de todas as áreas de
encostas sob condições de pastagens abandonadas e sob vegetação em estágio inicial. A
prioridade deve ser dada as áreas que possuam remanescentes florestais contíguos, pois
com essa fonte de propágulos próxima é possível catalisar o processo de recuperação.
Nesse sentido, sugere-se a recuperação das seguintes Zonas de Recuperação, por ordem
de prioridade: ZR1 (da área a montante da nascente até a beira do rio); ZR2; ZR3
(próxima ao viveiro); ZR4 (entrada da fazenda, o que pode gerar efeito demonstrativo). A
partir disso, é possível pensar em avançar para a formação de corredores ecológicos com
remanescentes florestais de propriedades vizinhas.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 117 de 148
Zonas de Recuperação da RPPN (em cor bege)
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 118 de 148
Seta azul: reflorestamento em andamento; Seta vermelha: área prioritária para reflorestamento (cabeceira de microbacia hidrográfica), estratégica para o provimento de água para o Rio da Várzea, logo abaixo. É possível perceber que a regeneração também ocorre espontaneamente, por conta da alta vocação hidrológica da região e pela ausência de vetores de pressão como outrora, no que configura como ação de manejo. Foi a partir dessa leitura de regeneração natural que foram propostas algumas espécies para reflorestamento em áreas com maior adversidade.
Trecho de mata ciliar (e) e encostas (d) a serem recuperadas. É possível ainda deixar áreas de baixada para usos produtivos futuros.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 119 de 148
Condição de solo raso que dificultará e até mesmo impedirá o reflorestamento em algumas áreas (e) e área já sendo reflorestada em um ponto alto da propriedade.
O Eucaliptal dentro da propriedade e no entorno direto da RPPN pode ser explorado para gerar receita para a implementação do Plano de Manejo. Para ser cortado deverá ter a anuência do INEA-RJ. Recomenda-se a recomposição com espécies nativas.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 120 de 148
4.7.7. Plantio
Recomenda-se o plantio em espaçamento 2x2m (2500 mudas ha) ou 2,5x2,5m (1600
mudas ha), pois tais densidades potencializarão o estabelecimento do reflorestamento. É
necessário intercalar as espécies pioneiras, que devem predominar, com as secundárias e
clímax, que se diferenciam basicamente pela tolerância a insolação (ver modelos abaixo).
Recomenda-se o plantio de leguminosas fixadoras de nitrogênio pelo seu rápido
crescimento e, conseqüente, favorecimento para outras espécies. Abaixo segue uma lista
de espécies identificadas em três transectos alocados na ZR1, sob condições de encosta
com exposição noroeste e vegetação em transição de pastagem abandonada para estágio
inicial de sucessão. A partir dessa lista de espécies, interpretadas como tolerantes as
condições adversas das encostas desflorestadas, é possível escolher algumas para serem
reproduzidas. A lista completa de espécies ocorrentes na RPPN encontra-se em anexo.
modelo de plantio, segundo Kageyama (2002)
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 121 de 148
Tabela – Lista de flora amostradas nos cinco Transectos, quanto ao habito: (L) Liana, (A) Arbórea, (Ar) Arbusto, (H) Herbácea e (E) Epífita; Quanto ao estágio sucessional: (P) Pioneira. (Si) Secundária inicial , (ST) secundária tardia, (C) Clímax e (E) Exótica.
Família Espécie / Gênero Nome popular Habito Estágio Acanthaceae Thunbergia alata Bojer ex Sims Maria sem vergonha L P
Schinus terenbinthifolia Raddi. Aroeira Pimenteira A P
Annonaceae Xylopia brasiliensis Sprengel. Pindaiba Vermelha A SI
Xylopia sericea A.St. Hil. Pindaiba A SI
Apocynaceae Tabernaemontana laeta Mart. Leiteira A SI
Boraginaceae Cordia ecalyculata Vell. Claraíba A SI
Bromeliaceae Neoregelia sp.1 Bromelia E SI
Tillandsia sp.1 Bromelia pequena E SI
Commelinaceae Commelina erecta L. Santa-Luzia H P
Compositae Vernonia polyanthes Less. Vassourão Ar P
Erythroxylaceae Erythroxilum pulchrum A. St. -Hil. Arco de pipa A P
Euphorbiaceae Croton floribundus Spreng. Capinxiguí H P
Croton lundians (Diedr.) Müll.Arg. Caixeta A SI
Pera glabrata (Schott) Baill. Tabocuva A P
Fabaceae Acacia plumosa Lowe Arranha gato L P
Andira sp.1 Timbó A P
Desmodium sp.1 H P
Erythrina Verna Vell. Mulungu A SI
Inga vera Willd.affinis (DC.) T.D. Penn. Inga A P
Machaerium acutifolium Vogel Jacarandá-do-Campo A P
Machaerium hirtum ( Vell.) Stellfeld Barreiro A P
Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F Pau Jacaré A P
Platypodium elegans Vogel Amendoim-do-Campo A SI
Pseudopiptadenia contorta (DC.) G.P. Angico-Rajado A P
Heliconiaceae Heliconia velloziana L.Emygd. Bananeira e Jardim H SI
Moraceae Maclura tinctoria (L.) D.Don ex Steud Moreira A P
Musaceae Musa sp.1 Bananeira H P
Myrtaceae Psidium cattleianum Sabine. Araçá A P
Myrcia splendeins (SW.) DC. A SI
Pipperaceae Pipper aduncum L. H P
Ottonia leptostachya Kunth H SI
Poaceae Brachiaria decumbens Stapf. Capim Braquiaria H P
Brachiaria ruziziensis R.Germ.& Evrard Capim Braquiaria H P
Melinis minutiflora P.Beauv. Capim-Gordura H P
Rubiaceae Amaioua intermedia Mart. Carvoeiro A SI
Borreria verticilata H P
Coffea arabica L. Café Ar E
Randia armata AR P
Salicaceae Casearia sylvestris Sw. Pau de espeto A P
Sapindaceae Cupania oblongifolia Mart. Camboatá A P
Paullinia sp.1 Cipó-Quina A P
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 122 de 148
Paullinia sp.2 L SI
Solanaceae Solanum capsicoides All. Arrebenta-Cavalo H P
Solanum palinacanthum Dunal Arrebenta-Cavalo H P
Ulmaceae Trema micrantha (L.) Blume Curindiuva A P
Urticaceae Cecropia hololeuca Miq. Embaúba-Branca A P
Cecropia Pachystachya Trécul Embaúba A P
Urera baccifera (L.) Guadich. Ex Wedd Urtiga H P
Verbenaceae Aegiphila selowiana Cham. Papagaio A P
Aloysia virgata (Ruiz & Pav.) Juss. Lixa A P
Lantana Camara L. Cambará H P
Luehea grandiflora Mart. & Zucc. Açoita Cavalo A P
Zingiberaceae Hedychium coronarium Koen. Lirío do brejo H E
4.7.8. Monitoramento e manutenção do reflorestamento
Trata-se da etapa baluarte de qualquer reflorestamento, pois é a que garante o êxito do
mesmo. Portanto, diversas técnicas silviculturais serão utilizadas, quais sejam: adubação de
cobertura; poda de condução; combate de formigas; abertura de aceiros; irrigação; capina;
coroamento; replantio de mudas; isolamento da área; dentre outras atividades eventuais.
É possível monitorar o crescimento das espécies plantadas através de medições periódicas
(anuais), de modo a se ter o desempenho do reflorestamento ao longo do tempo. Além
disso, é possível entender quais as espécies estão entrando no “sistema” (a área
reflorestada), a partir da identificação de plantas que não foram plantadas, mas que estão
estabelecidas no local. É interessante também observar e registrar se está havendo maior
ocorrência de espécies da fauna.
4.7.9. Catalisação do processo de sucessão ecológica
Algumas técnicas podem ser colocadas em prática para catalisar o processo de sucessão
ecológica, de modo que o reflorestamento possa ser potencializado. É o caso do uso de
poleiros artificiais e abrigos para a fauna, que permitem o pouso de aves e o trânsito de
animais de pequeno porte dentro do reflorestamento, que por sua vez dispersam
sementes através de suas fezes, etc. Abaixo são apresentadas algumas técnicas que devem
ser alocados dentro dos domínios do reflorestamento.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 123 de 148
Técnicas para construção de poleiros artificiais e abrigos de fauna. Fonte: Laboratório de Manejo de Bacias Hidrográficas da UFRuralRJ.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 124 de 148
4.7.10. Busca por parcerias: “carbono neutro” e “adote uma floresta”
Buscar parcerias com o setor privado, sobretudo, para que os mesmos adotem 1(um)
hectare de reflorestamento, o que significa todo os custos associados ao plantio e
manutenção. As empresas estão a cada dia entrando neste profícuo mercado verde, que
por sua vez proporciona um marketing estratégico no âmbito da responsabilidade sócio-
ambiental. Este processo pode ser agenciado pela própria RPPN (pessoa física) ou então
pela APN ou outra ONG, bastando a RPPN FSB gerenciar o projeto. É possível, ainda,
estabelecer uma parceria com o Projeto Florestas do Futuro, da Fundação SOS Mata
Atlântica, que possui um viveiro em Rezende, RJ.
4.7.11. Capacitação da equipe
Para todas as etapas apontadas acima é muito estratégico que a equipe seja capacitada
para desempenhar com êxito todas as etapas de processo de recuperação florestal e,
sempre que possível, ter a frente um profissional habilitado para tal orientando as equipes.
5.0. ORIENTAÇÕES GERAIS PARA REINTRODUÇÃO DE FAUNA NATIVA
Tentativas de reintrodução de espécies local ou globalmente extintas têm ganhado
atenção entre esforços conservacionistas nas últimas décadas em todo mundo. No Rio de
Janeiro, por exemplo, iniciativas deste tipo recuperaram populações de tucano-de-bico-
preto (Ramphastos vitellinus) e psitacídeos no Parque Nacional da Tijuca (Coimbra-Filho,
2000). Recentes iniciativas de recuperar populações de cracídeos (extintos devido à caça e
ao desmatamento) também têm sido realizadas na Serra do Mar fluminense, com a soltura
de indivíduos nascidos em cativeiro e devidamente re-asselvajados e monitorados (Dr.
Fernando Fernandez, com. pessoal).
De acordo com as vistorias prévias realizadas na área da Fazenda São Benedito, seguem as
principais diretrizes para futuras ações de reintrodução.
-A características ambientais da área da Fazenda São Benedito sugere ter, através de uma
primeira análise, superficial, potencial para abrigar populações de certas espécies de
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 125 de 148
passeriformes (comumente apreendidas pelo ICMBio, Batalhão Florestal e INEA).
Entretanto, ainda assim, é imprescindível, segundo informações dadas pela Divisão de
Fauna (SUPES-RJ, em 02/07/2008, às 14hs, Contato – (21)3077-4302), superar duas etapas
para ser ter a real idéia de que é possível estabelecer um Centro de Reabilitação de
Animais Silvestres na RPPN, são elas:
1. Projeto Técnico baseado em estudos ecológicos sobre os animais a serem
reintroduzidos e o habitat em questão (por exemplo, levantamento populacional
específico, estimativa da capacidade de suporte da área para as espécies alvo,
disponibilidade de recursos naturais para a espécie, etc.), no caso a RPPN, destacando a
necessidade para tal, isso assinado por profissional habilitado, que deve ser um
pesquisador ligado a alguma instituição de cunho científico;
2. Projeto mencionando como será feita a manutenção dos animais no local
(infra-estrutura, tratos, etc.);
Esses procedimentos devem estar em consonância com o SISBIO (Sistema de Pesquisa
de Biodiversidade do ICMBio – ver www.icmbio.gov.br), no caso das pesquisas de
viabilidade ecológica, e SISFAUNA, que cadastra os Centros de Reabilitação de Fauna
no país, neste caso apenas para a ocasião da instalação de tal infra-estrutura.
Informações gerais
-Passeriformes apreendidos por órgãos ambientais e encaminhados à propriedade, quando
não forem indivíduos recém capturados, devem, antes de serem libertados na natureza,
ter passado por quarentena e ter sua condição de saúde devidamente atestada por
profissional competente, com o objetivo de reduzir chances de contaminar populações
silvestres. Deve-se, também, priorizar a soltura de espécimes capturados na região.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 126 de 148
-Realizar um intenso levantamento de fauna, através do maior número de técnicas
possíveis. Visando cobrir os hábitos e horários de espécies com potencial para
reindrodução, para que não haja desperdício de recursos.
-Realizar um levantamento quali-quantitativo da disponibilidade de recursos utilizados,
para espécies com potencial para reintrodução. Com o objetivo de definir quais possuem
mais chance de se restabelecerem área da fazenda.
-Definidas as espécies a terem suas populações restabelecidas, produzir um Plano de Ação
para as mesmas. Cada Plano de Ação deve ser específico e conter informações sobre a
distribuição histórica da espécie, necessidades ecológicas (tamanho de área,
disponibilidade de alimentos, interação com outras espécies, etc.), acompanhamento
veterinário, etc. Embora ainda sejam necessários estudos específicos, talvez haja a
possibilidade de reintrodução da preguiça (Bradypus variegatus), do bugio (Allouata guariba)
e do cateto (Pecari tajacu). Entretanto, estes Planos devem ser elaborados após um
intenso esforço amostral e com a devida autorização do ICMBio.
6. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES E CUSTOS
O Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito está previsto para ser executado em
cinco anos. Abaixo, estão organizados em um cronograma: as atividades, indicando em
que ano serão implementadas, os recursos a serem aplicados e as prioridades (A - alta, M
- média e B – baixa). Os custos aproximados foram indicados apenas para as atividades
relacionadas à RPPN.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 127 de 148
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES E CUSTOS
Cor amarela: atividade já realizada Cor vermelha: atividade já realizada ou em andamento que deve ser adaptada ao proposto Cor cinza: a ser realizada
Os valores apresentados são uma estimativa. A realização das atividades, naturalmente, depende de diversos fatores, como, por exemplo, viabilidade econômica
e desejo do proprietário.
Atividades
Ano 1 Ano Ano Ano Ano
Recurso (R$) observação
(trimestre) 2 3 4 5
1 2 3 4
4.1 PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO
4.1.1 Designar pessoa responsável pela gestão da RPPN ---
4.1.2 Designar responsável(is) pela execução das atividades relacionadas à proteção, fiscalização, manejo de recursos, visitação, pesquisa e comunicação da RPPN
---
4.1.3 Capacitar as pessoas que trabalham na RPPN no desenvolvimento das atividades (proteção, fiscalização, ao manejo de recursos, à visitação, à pesquisa e à comunicação)
1000
4.1.4 Aderir às rotinas e escalas de serviço ---
4.1.5 Desenvolver e implantar um sistema de acompanhamento das atividades das pessoas que trabalham na RPPN
---
SubPrograma de Infra-estrutura e Equipamentos
4.1.7 Implantar um portal de entrada ---
4.1.8 Reformar uma das benfeitorias disponíveis para que seja utilizada como alojamento e Centro de Pesquisa para acadêmicos
3000
4.1.9 Implementar o Centro de Visitantes e Referências da Mata Atlântica local
4000
4.1.10 Implementar a sinalização na área de uso público e acessos 5000
4.1.11 Adquirir equipamentos e materiais permanentes de apoio às atividades, como:
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 128 de 148
uniforme para equipe 2500
kit básico de combate a incêndios, equipamentos individuais (EPIs), abafadores, enxadas, facões, bombas costais, dentre outros
3000
equipamentos e materiais de apoio às atividades a serem desenvolvidas, binóculos, GPS, bússola, máquina fotográfica, dentre outros
5000
Publicações temáticas sobre cultura e meio ambiente local, mapas e ilustrações que agreguem valor ao caráter educativo da visitação na RPPN
2000
4.2 PROGRAMA DE PROTEÇÃO E FISCALIZAÇÃO
4.2.1 Realizar rondas de fiscalização ---
4.2.2 Preparar as pessoas para as atividades de proteção e fiscalização ---
4.2.3 Implementar um sistema básico de prevenção e combate a incêndios florestais, como:
4.2.3.1 abrir e manter aceiros nos limites da propriedade e da RPPN ---
4.2.3.2 capacitar o gestor da RPPN e as pessoas para atuar na brigada de incêndios
1000
4.2.3.3 manter em bom estado os equipamentos de combate a incêndios, bem como os equipamentos individuais dos brigadistas
---
4.2.3.4 registrar as ocorrências de incêndios em relatórios específicos, para o permanente aprimoramento das estratégias e acompanhamento dos impactos causados
---
4.2.5 Utilizar os mirantes como locais estratégicos para observação de focos de Incêndios
---
4.2.7 Encaminhar denúncias aos órgãos governamentais competentes ---
4.2.8 Realizar a instalação e manutenção das cercas ---
4.2.9 Instalar placas de identificação da RPPN em pontos limítrofes e/ou estratégicos
1000
4.3 PROGRAMA DE PESQUISA E MONITORAMENTO
4.3.1 Estimular o desenvolvimento de pesquisas prioritárias, como:
4.3.1.1 efeito de borda por pastagens e trilhas ---
4.3.1.2 capacidade de suporte do ecossistema para reintrodução de fauna ---
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 129 de 148
4.3.1.3 fenologia (época de floração, frutificação e perda de folhas) de espécies arbóreas potenciais para reflorestamento
---
4.3.1.4 aprofundamento dos estudos faunísticos realizados neste plano ---
4.3.1.5 análise de mercado para projetos ecoturísticos na RPPN ---
4.3.1.6 estudos hidrológicos quantitativos e qualitativos do Rio da Várzea e afluentes
---
4.3.2 Alocação de armadilhas fotográficas para monitoramento de fauna. ---
4.4 PROGRAMA DE VISITAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
4.4.3 Viabilizar a instalação de equipamentos para recepção dos visitantes ---
4.4.4 Instalar material ilustrativo 500
4.4.5 Implementar o restaurante ---
4.4.6 Implementar as trilhas: instalação de ponte rústica, mirante e pontos de descanso; implantação de drenagens e melhoria dos pisos
5000
4.4.8 Trabalhar a identidade visual da RPPN 1000
4.4.9 Apoiar e estimular a visitação de grupos de interesses específicos ---
4.4.10 Inclusão da RPPN no circuito de caminhadas do AndaBrasil ---
4.4.11 Organizar eventos em datas comemorativas ---
4.4.13 Implementar o controle de visitação ---
4.4.14 Definir o valor da taxa de ingresso e dos serviços oferecidos ---
4.4.15 Estabelecer um programa de entrada gratuita e/ou descontos na RPPN em datas e situações especiais
---
4.4.16 Organizar e apoiar atividades de educação ambiental ---
4.4.17 Apoiar visitas de escolas públicas municipais ---
4.4.18 Criar infra-estrutura de arvorismo para fortalecer os atrativos da RPPN
---
4.5 PROGRAMA DE SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA
4.5.1 Viabilizar parcerias com empresas, ongs e universidades no que tange ao fortalecimento institucional da RPPN e diminuição dos custos de sua proteção e manejo
---
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 130 de 148
4.6 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO E INTEGRAÇÃO
4.6.1 Utilizar a logomarca da RPPN ---
4.6.2 Desenvolver um site de divulgação da RPPN e propriedade 3000
4.6.3 Confeccionar e distribuir material de informação e divulgação 1500
4.6.4 Manter o público informado sobre as atividades da RPPN ---
4.6.5 Estabelecer parcerias para o desenvolvimento das atividades da RPPN
---
4.6.6 Estabelecer parceria com os vizinhos da RPPN e propriedade ---
4.6.7 Integrar a RPPN a Fazenda São Benedito às Redes de Reservas Particulares
---
4.6.8 Estabelecer parceria com a Prefeitura Municipal de Rio Claro ---
4.6.9 Estabelecer parceria com o ICMBio e INEA ---
4.6.10 Estabelecer parceria com instituições de pesquisa ---
4.6.11 Estabelecer parceria com a Associação de Guias local e regional ---
4.6.12 Estabelecer contato com o Centro de Atendimento ao Turista da cidade
---
4.6.13 Implementar Programas de Estágio Voluntário e de Primeiro Emprego
---
4.7 PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO FLORESTAL
4.7.1 Levantamento florístico da Mata Atlântica da RPPN ---
4.7.2 Acompanhamento da fenologia de espécies florestais ---
4.7.3 Marcação de matrizes florestais para coleta de sementes ---
4.7.4 Implantação de viveiro para produção de mudas nativas da Mata Atlântica local
---
4.7.5 Planejamento da produção de mudas no viveiro ---
4.7.6 Definição das áreas a serem recuperadas ---
4.7.7 Realização de plantios ---
4.7.8 Monitoramento e manutenção do reflorestamento ---
4.7.9 Catalisação do processo de sucessão ecológica ---
4.7.10 Busca por parcerias: “carbono neutro” e “adote uma floresta” ---
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 131 de 148
4.8 PROGRAMA DE REINTRODUÇÃO DE FAUNA NATIVA
4.8.1 Parcerias com ONG com expertise no tema ---
4.8.2 Elaboração de Projeto Técnico baseado em estudos ecológicos sobre os animais a serem reintroduzidos e o habitat em questão
---
4.8.2 Cadastro junto ao IBAMA como Área de Soltura ---
4.8.3 Soltura de fauna nativa propriamente dita ---
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 132 de 148
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AB’SABER, A.N. 1966. O domínio dos mares de morros no Brasil. São Paulo: USP. Geomofologia, 2. 9p. AGUIAR, A.P.; CHIARELLO, A.G.; MENDES, S.L. & MATOS, E.N. 2005. Os Corredores Central e da Serra do Mar na Mata Atlântica. Pp 119-132. In: C. Galindo-Leal & I. G. Câmara, (eds.), Mata Atlântica: biodiversidade, ameaças e perspectivas. Fundação SOS Mata Atlântica & Conservação Internacional, Belo Horizonte. ALGER, K.; LIMA, A.. 2003. Políticas Públicas e a Fragmentação de Ecossistemas. In: Fragmentação de Ecossistemas: Causas e Efeitos sobre a Biodiversidade e Recomendações de Políticas Públicas/Denise Marçal Rambaldi, Daniela América Suarez de Oliveira (Orgs). Brasília: MMA/SBF, 510p. ALMEIDA, F.F.M. 1976. The system of continental rifts bordering the Santos basin, Brazil. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 48 (suplemento). p.15-26. ALONSO, M.. Vegetação. In: IBGE (Rio de Janeiro, RJ). Geografia do Brasil: Região Leste. Rio de Janeiro. 1977 APG (Angiosperm Phylogeny Group) II. 2003. an update of the Angiosperm Phylogeny Group classification fir the orders and families of flowering plants: APG II. Bot. J. Linneam Soc. 141: 399-436. ASMUS, H.E. & FERRARI, A.L. 1978. Hipótese sobre a causa do tectonismo cenozóico na região Sudeste do Brasil. In: PETROBRAS. Aspectos Estruturais da Margem Continental Leste e Sudeste do Brasil (Série Projeto REMAC, 4), Rio de Janeiro, p. 75-88. BARBOZA, R.S. Avaliação da influência das bacias aéreas na formação de chuva oculta na Serra do Mar. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. 2007. 50f. BARBOZA, R. S. Interceptação Vertical na serra do Mar do Rio de Janeiro, Nova Friburgo-RJ. Seropédica: UFRRJ, 2004. 47p. (Monografia de término de graduação). CESAR, S. F. Ciclo hidrológico. In: 5º Curso internacional sobre manejo de bacias hidrográficas na área florestal,IF/SP. 1994. p. 203-212. BDT, 2003 Banco de dados tropicais, www.bdt.org.br, acessado em 2007. BERGALLO, H.G.; ROCHA, C.F.D.; ALVES, M.A.S. & VAN SLUYS. M. 2000. A fauna ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro. Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. BROOKS, T. & RYLANDS, A.B. 2005. Espécies no limiar da extinção: vertebrados terrestres criticamente em perigo. 2005. Pp 358-369. In: C. Galindo-Leal & I. G. Câmara, (eds.), Mata Atlântica: biodiversidade, ameaças e perspectivas. Fundação SOS Mata Atlântica & Conservação Internacional, Belo Horizonte. CHIARELLO, A.G. 2000. Influência da caça ilegal sobre mamíferos e aves das matas de tabuleiro do norte do estado Espírito Santo. Boletim do Museu de Biologia Mello Leitão. 11/12: 379-396. CITYBRAZIL. Disponível em http://www.citybrazil.com.br/rj/mangaratiba/turismo.htm. Acesso em 15/10/2007. CITYBRAZIL, 2007. Disponível em http://www.citybrazil.com.br. Acesso em 15/10/2007. COSTA, L.P.; LEITE, Y.L.R.; FONSECA, G.A.B.; FONSECA, M.T. 2000. Biogeography of South American Forest Mammals: Endemism and Diversity in the Atlantic Forest. Biotropica, 32 (4b): 872-881.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 133 de 148
COELHO, G. Considerações Sobre o Manejo Hidrológico da Mata Atlântica. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. 2001. 65f. CULLEN Jr., L.; BODMER, R.E. & VALLADARES-PÁDUA, C. 2000. Effects of hunting in habitat fragments of the atlantic forests, Brazil. Biological Conservation, 95:49-56. CULLEN Jr., L.; BODMER, R.E. & VALLADARES-PÁDUA, C. 2001. Ecological consequences of hunting in Atlantic forests patches, São Paulo, Brazil. Oryx, 35: 137-144. CUNHA, A.A. 2003. Conservação de mamíferos na Serra dos Órgãos: passado, presente e futuro. Pp 213-224. In: Fundação O Boticário de proteção à Natureza & Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação, Anais do IV Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação vol. 1, Curitiba. DAVIS, E. G. & NAGHETTINI, M. C. Estudo de chuvas intensas no Estado do Rio de Janeiro. In: Estudo geoambiental de Estado do rio de Janeiro. Brasília: MME-CPRM . 135 P. 2001. DEAN, W. 1996. A ferro e fogo – a história da devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, Editora Schwartz. FERREIRA, I.; GOUVEIA, M.T.J. & RUELA, M.M.M. 1986. Levantamento Preliminar da Avifauna da Estação Ecológica de Piraí, Estado do Rio de Janeiro. Arq. Univ. Fed. Rur. Rio de Janeiro, jan/dez, 45-53. FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA & INPE. 2001. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica e ecossistemas associados no período 1995-2000. São Paulo: Fundação SOS Mata Atlântica/INPE. FUNDAÇÃO CIDE. Disponível em: http://www.cide.rj.gov.br/Cidinho/pages/mapas.asp. Acesso em: 10/11/2007. FUNBIO. Disponível em: http://www.funbio.org.br/publique/web/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=17&sid=32. Acesso em 25/11/2007. GALINDO-LEAL,C. & CÂMARA, I.G. 2005. Status do hotspot Mata Atlântica: uma síntese. Pp 3-11. In: C. Galindo-Leal & I. G. Câmara, (eds.), Mata Atlântica: biodiversidade, ameaças e perspectivas. Fundação SOS Mata Atlântica & Conservação Internacional, Belo Horizonte. IBGE (2001). Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/riodejaneiro/rioclaro.pdf. Acesso em: 15/10/2007. IUCN, 2006. União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), 2006. Disponível em www.iucn.org LIMA W. De P. Princípios de hidrologia florestal para o manejo de bacias Hidrográficas. Piracicaba: Departamento de Silvicultura da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, 1986. 242p. LORENZI, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil – Terrestres, Aquáticas, Parasitas e Tóxicas. 3 ed. Instituto Plantarum, Nova Odessa–SP. . Árvores Brasileiras; Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas do Brasil, vol 1, 4 ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. 368 p. . Árvores Brasileiras; Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas do Brasil, vol 2, 4 ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. 368 p.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 134 de 148
LORENZI, H. & MATOS, F.J.L. 2002. Plantas Medicinais no Brasil – Nativas e Exóticas. Instituto Plantarum, Nova Odessa–SP. LORENZI, H. & Souza V.. 2004. Botânica e sistemática- Guia ilustrado para identificação das famílias de Angiosperma da flora brasileira, baseado em APG II. Instituto Plantarum, Nova Odessa–SP.639 p. MMA – Roteiro metodológico para elaboração de planos de manejo de Reservas Particulares do Patrimônio Natural. ICMBIO, 2004 MITTERMEIER, R.A; et al. s/d. Hotspots Revisited. Earth’s Biologically Richest and Most Endangered Terrestrial Ecorregions. CEMEX. Ed Agrupación Sierra Madre. MMA, 2002. Áreas prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade nos biomas brasileiros. Secretaria de Biodiversidade e Floresta, MMA. Brasil. 404p. MOLCHANOV, A. A. Hidrologia Florestal. Lisboa. Fundação Calouste Gulbenkian, 419p. 1971. MYERS, N.; MITTERMEIER, R.A.; MITTERMEIER, C.G.; FONSECA, G.A.B. & KENT, J. 2000. Biodiversity Hotspots for Conservation Priorities. Nature, 403 (24): 853-858. NIMER, E. Climatologia do Brasil. Rio de Janeiro: SUPREN: IBGE, 421p. 1979. ONU. Disponível em: http://www.frigoletto.com.br/GeoEcon/idhrj.htm. Acesso em 15/11/2007. PALMIERI, F. Levantamento semidetalhado e aptidão agrícola dos solos no Município do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: EMBRAPA/SLNCS, 1980. PIRES, D. O. Inventário de Emissões Atmosféricas de Fontes Estacionárias e sua Contribuição para a Poluição do Ar na Região Metropolitana do Rio de Janeiro (Tese de Doutorado) Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ, M. Sc., Planejamento Energético, 2005) - UFRRJ, COPPE VI, 188 p. 2005. RESOLUÇÃO/CERHI-RJ nº 18 de 08 de novembro de 2006. Aprova a definição das regiões hidrográficas do estado do Rio de Janeiro. REASER, J.K.; GALINDO-LEAL,C. & ZILLER, S.R. 2005. Visitas indesejadas: a invasão de espécies exóticas. Pp 390-403. In: C. Galindo-Leal & I. G. Câmara, (eds.), Mata Atlântica: biodiversidade, ameaças e perspectivas. Fundação SOS Mata Atlântica & Conservação Internacional, Belo Horizonte. REDFORD, K.H. 1992. The empty forest. BioScience, 42: 412-422. ROCHA, C. F. D.; BERGALLO, H.G.; ALVES, M.A.S.; SLUYS.M.V.; 2003. A Biodiversidade nos Grandes Remanescentes Florestais do Estado do Rio de Janeiro e nas Restingas da Mata Atlântica. São Carlos: Ed. RIMA. 160p. SATTERLUND, D. R. Wild land watershed management, McGranhill 355p.,1972. SEMADS. Bacias Hidrográficas e Rios Fluminenses: Síntese Informativa por Macrorregião Ambiental. SEMADS: Rio de Janeiro: 2001. 73p. SILVA, J.M.C. & CASTELETI, C.H.M. 2005. Estado da biodiversidade da mata atlântica brasileira. Pp 43-59. In: C. Galindo-Leal & I. G. Câmara, (eds.), Mata Atlântica: biodiversidade, ameaças e perspectivas. Fundação SOS Mata Atlântica & Conservação Internacional, Belo Horizonte.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 135 de 148
SYLVESTRE, L.S. & ROSA, M.M.T. 2002. Metodológico para Estudos Botânicos na Mata Alântica. EDUR, Seropédica – RJ. 123p. TCE. Tribunal de contas do Estado do Rio de Janeiro. Estudo sócio econômico 2004 – Rio Claro. TERRAGENTE. Disponível em: http://www.valedoparaiba.com/terragente/estudos/est0042001.html. Acesso em: 16/10/2007. THORNTHWAITE,C.W. & MATHER,J.R. The water duded and it's use in irrigation .USDA Yearbook of Agriculture, USDA, Washington. 1995. p.308-346. TRIBE, C.J. 1987. A mastofauna do Estado do Rio de Janeiro, com especial referência à ordem Polyprotodontia. Dissertação mestrado (zoologia), Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. VALCARCEL, R. Seminário: Balance hídrico em la Selva Nublada. Cuadernos da Universidad de Los Andes/Venezuela, 19p. 1982. VALCARCEL, R. (coord.). Diagnóstico Conservacionista do Sistema Light-Cedae. UFRRJ - Seropédica, RJ. 1987. 264p. VAZ, S.M. 2005. Mamíferos coletados em Pedra Branca, Município de Paraty, Rio de Janeiro, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 22 (4): 1164-1169. VELOSO, H. P., RANGEL FILHO, A. L. R. & LIMA, J. C. A.. Classificação da vegetação brasileira adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: IBGE, DRNEA, 124 p., 1991. WEBER, W.(coord.). Ambiente das águas do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: SEMADS, 2001.
230p.
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 136 de 148
A�EXOS
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 137 de 148
Quadro 1 . Listagem das espécies inventariadas; caracterização quanto habito da espécie: A – Arbórea, Ar – Arbustiva,
H – Herbácea, L – Liana; e quanto ao estágio sucessional: P - pioneira, SI - secundária inicial, ST - secundária tardia, CL –
clímax.
Família Espécie / Gênero Nome popular Habito Estágio
Acanthaceae Thunbergia alata Bojer ex Sims L P
Anarcadiaceae Schinus terenbinthifolia Raddi. Aroeira Pimenteira A P
Annonaceae Xylopia brasiliensis Sprengel. Pindaíba A SI
Xylopia sericea A.St. Hil. Pindaíba Vermelha A SI
Apocynaceae Aspidosperma sp.1 Peroba A ST
Não identificada A
Tabernaemontana laeta Mart. Leiteira A SI
Araceae Anthurium loefgrenii Engl. H SI
Anthurium sp.1 H SI
Monstera sp.1 Costela de Adã H SI
Philodendron Martianum H SI
Philodendron sp.1 H SI
Arecaceae Astrocaryum aculeatissimum (Schott) Uirí A P
Begoniaceae Begonia sp.2 H SI
Bignoniacaeae Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart. Ipê-Verde A P
Jacaranda brasiliana (Cham.) Seem. Bico-de-Pato A SI
Jacaranda puberula Cham. Jacarandá-Branco A SI
Sparattosperma leucanthum (Vell.) K. Caroba-Branca A SI
Tabebuia alba (Chan.) Sandwith Ipê-da-Serra A P
Tabebuia chrysotricha (Mart. Ex A.DC.) Ipê-Amarelo-Cascudo A SI
Tabebuia impetiginosa (Mart. Ex DC.) Ipê-Roxo A ST
Zeyheria tuberculosa (Vell.) Bureau Ipê-Tabaco A P
Blechnaceae Blechnum brasiliensis H P
Boraginaceae Cordia ecalyculata Vell. Claraíba A SI
Bromeliaceae Aechmea nudicaulis (L.) Griseb. E SI
Ananas sp.1 Abacaxi do Mato E P
Neoregelia sp.1 E SI
Tillandsia sp.1 E SI
Burseraceae Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand Breu A SI
Commelinaceae Commelina erecta L. Santa-Luzia H P
Compositae Vernonia discolor (Spreng.) Less. Vassourão-Preto A P
Vernonia polyanthes Less. Vassourão Ar P
Costaceae Costus spiralis H P
Cyatheaceae Trichipteris corcovandensis Ar SI
Erythroxylaceae Erythroxylum pulchrum A. St. -Hil. Arco-de-Pipa Ar P
Erythroxylum sp.1 Arco-de-Pipa A
Euphorbiaceae Croton floribundus Spreng. Capinxiguí A SI
Croton lundians (Diedr.) Müll.Arg. Caixeta H P
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 138 de 148
Família Espécie / Gênero Nome popular Habito Estágio
...continuação
Mandioca Ar P
Não identificada A
Pera glabrata (Schott) Baill. Tabocuva A SI
Algermonia brasiliensis Baill Leiteira-Brava A SI
Fabaceae Acacia plumosa Lowe Arranha-Gato L P
Acacia polyphilla DC. Monjoleiro A P
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Angico-Branco A SI
Anadenanthera macrocarpa (Vell.) Brenan Angico-Vermelho A P
Andira anthelmia (Vell.) J.F. Macbr. Angelim-Amargoso A SI
Andira flaxinifolia Benth. Angelim-Doce A SI
Andira sp.1 Timbo A P
Apuleia leiocarpa (Vogel) J. F. Macbr. Garapa A ST
Bauhinia forficata Link Pata-de-Vaca A SI
Caesalpinia peltophoroides Benth. Sibipiruna A P
Dalbergia nigra (Vell.) Allemao ex Benth Jacarandá-da-Bahia A SI
Desmodium sp.1 L P
Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Timburi A P
Erythrina sp.1 Mulungu A P
Erythrina Verna Vell. Suinã A SI
Hymenaea courbaril (Hayne.) Jatobá A SI
Inga edulis Mart. Ingá A P
Inga vera Willd.affinis (DC.) T.D. Penn. Ingá-do-Brejo A P
Machaerium aculeatum Raddi. Jacarandá-de-
Espinho A P
Machaerium acutifolium Vogel Jacarandá-do-
Campo A P
Machaerium hirtum (Vell.) Stellfeld Barreiro A P
Machaerium nyctitans (Vell.) Benth Guaximbé A SI
Mimosa sp.1 A SI
Não identificada A SI
Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. Farinha-Seca A P
Piptadenia gonoacantha (Mart.) Macbr. Pau-Jacaré A P
Plathymenia foliolosa Benth. Vinhático A SI
Platypodium elegans Vogel Amendoim-do-
Campo A SI
Pseudopiptadenia contorta (DC.) G.P. Angico-Rajado A P
Senna macranthera (DC. ex. Collad.) H.S. Manduirana A P
Gramineae Taquara A P
Heliconiaceae Heliconia sp.1 Bananeira-de-
Jardim H SI
Continua...
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 139 de 148
Família Espécie / Gênero Nome popular Habito Estágio
...continuação
Heliconia velloziana L.Emygd. Bananeira-de-
Jardim H SI
Hymenophyllaceae Trichomanes sp.1 H SI
Trichomanes sp.1 H SI
Lauraceae Nectandra membranacea (Swartz) Griseb. Canela A SI
Nectranda oppositifolia Canela-Santa A SI
Nectranda sp.1 Canela A SI
Ocotea notata (Nees) Mez Canelinha A SI
Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer Canela-Sassafrás A ST
Ocotea sp.1 Canela A SI
Malpighiaceae Não identificada A
Malvaceae Guazuma crinita Mart. Mutamba A SI
Guazuma sp.1 A SI
Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A. Embiruçu A ST
Não identificada A
Melastomataceae Clidemia urceolata DC H P
Leandra melastomoides Raddi. H P
Miconia calvescens DC. H P
Miconia discolor H P
Miconia prasina H P
Miconia sp.1 H P
Tibouchina grandiflora A P
Tibouchina granulosa (Desr.) Cong. Guaresmeira A P
Meliaceae Cabralea Canjerana (Vell.) Mart. Canjerana A SI
Cedrela odorata L. Cedro A SI
Guarea guidonea (L.) Sleumer Marinheiro A SI
Trichilia Hirta L. Carrapeta A SI
Trichilia sp.1 A SI
Monimiaceae Siparuna guianensis Aubl. Nega-Mina A P
Moraceae Brosimum guianense (Aubl.) Huber Muirapimina A SI
Dorstenia sp.1 H ST
Ficus insipida Willd. Figueira-do-Brejo A SI
Ficus sp.1 A SI
Maclura tinctoria (L.) D.Don ex Steud Taiúva A P
Sorocea Bomplandii (Baill.) Cincho A SI
Musaceae Musa sp.1 Bananeira H P
Myrirsticaceae Virola sp.1 Bocuva A ST
Myrsinaceae Rapanea Ferruginea (Ruiz & Pav.) Mez Capororoca A SI
Myrtaceae Campomanesia xanthocarpa O.Berg Guabiroba A SI
Eugenia brasiliensis Lam. Grumixama A ST
Eugenia sp.1 A SI
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 140 de 148
Família Espécie / Gênero Nome popular Habito Estágio
...continuação
Eugenia sp.2 A SI
Eugenia uniflora L. Pitanga A SI
Myrcia sp.1 A SI
Myrcia splendeins (SW.) DC. A SI
Psidium cattleianum Sabine. Araçá A SI
Nyctaginaceae Guapira opposita (Vell.) Reitz. Maria-Mole A SI
Orchidaceae Gomidesia sp.1 Orquídea E SI
Oeceoclades maculata (Lindl) Orquídea de chão E SI
Sauroglosum sp.1 E ST
Palmae Euterpe edulis Mart. Juçara A C
Palmae Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman Jerivá A P
Passifloraceae Passiflora cincinnata Mast. Maracuja do Mato L P
Pipperaceae Ottonia leptostachya Kunth H SI
Pothomorphe umceolata (L.) Miq. H P
Pipper aduncum L. H P
Poaceae Brachiaria decumbens Stapf. Capim-Braquiária H P
Brachiaria ruziziensis R.Germ.& Evrard Braquiária H P
Melinis minutiflora P.Beauv. Capim-Gordura H P
Polypodiaceae Polydium percussa H SI
Pterobryaceae Orthostichopsis tenuis H SI
Rhamnaceae Zizyphus joazeiro Mart. Joazeiro A SI
Rubiaceae Alseis floribunda Schott. Quina-de-São-
Paulo A SI
Amoaioua intermedia Mart. Carvoeiro A SI
Batthysia stpulata Quina-do-Mato A SI
Borreria verticilata H P
Coffea arabica L. Café Ar E
Não identificada A
Psychotria carthagenensis Jacquin Erva-de-Rato Ar SI
Psychotria nuda (Cham. & Schlecht. ) Cafezinho do Mato Ar SI
Psychotria sp.1 Cafezinho do Mato Ar SI
Psychotria sp.2 Cafezinho do Mato Ar SI
Psychotria sp.3 Cafezinho do Mato Ar SI
Randia armata Espinho-de-Agulha Ar P
Rudgea sp.1 Ar SI
Rudgea virbunoides (Cham.) Benth. A SI
Rutaceae Zanthoxylum rhoifolium Lam. Mamica-de-Porca A P
Sapindaceae Cupania oblongifolia Mart. Camboatá A P
Cupania ermaginata Cambuatá-do-
Campo A P
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 141 de 148
Família Espécie / Gênero Nome popular Habito Estágio
...continuação
Cupania racemosa (Vell.) Radlk. Cambuatá-de-
Folha A SI
Matayba eleagnoides Radalk Camboatã A SI
Paulinia micanthara Cipó-Quina L SI
Paullinia sp.1 L P
Paullinia sp.2 L P
Smiliaceae Smilax brasiliensis Spreng. L P
Solanaceae Solanum argentum Erva-Prata AR P
Solanum capsicoides All. Arrebenta-Cavalo H P
Solanum palinacanthum Dunal Arrebenta-Cavalo H P
Solanum sp.1 H P
Salicaceae Casearia commersoniana Cf. A SI
Casearia sp.1 A
Casearia sylvestris Sw. Pau-Lagarto A P
Tiliaceae Luehea divaricata Mart. A P
Luehea grandiflora Mart. & Zucc. Açoita-Cavalo A P
Thyphaceae Thypha dominguensis Pers.
Ulmaceae Celtis sp.1 A SI
Trema micrantha (L.) Blume Curindiuva A P
Urticaceae Cecropia hololeuca Miq. Embaúba-Branca A P
Cecropia Pachystachya Trécul Embaúba A P
Cecropia sp.1 Embaúba A P
Urera baccifera (L.) Guadich. Ex Wedd Urtiga H P
Verbenaceae Aegiphila selowiana Cham. Papagaio A P
Aloysia virgata (Ruiz & Pav.) Juss. Lixa A P
Lantana Camara L. Cambará H P
Não identificada A SI
Vitex sp.1 A SI
Zingiberaceae Hedychium coronarium Koen. Lirio do Brejo H E
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 142 de 148
Quadro 2. Aves registradas na região da Estação Ecológica de Piraí segundo Ferreira e colaboradores (1986).
Espécie Nome popular
Tinamiformes Crypturellus parvirostris inhambu chororó Podicipediformes Podiceps dominicus mergulhão pequeno Podilymbus podiceps Pelecaniformes Anhinga anhinga Ciconiformes Ardea cocoi
Casmerodius albus Egretta thula
Butorides striatus Tigrissoma lineatum Anseriformes
Amazoneta brasiliensis
Cathartiformes Coragyps atratus urubu comum Cathartes aura urubu de cabeça vermelha Falconiformes Ictinea plumbea gavião Buteo albicaudatus gavião de rabo branco Buteo magnirostris gavião carijó
Buteogallus urubutinga gavião preto Milvago chimachima gavião carrapateiro Falco sparverius quiriquiri Polyborus plancus carcará, gavião carcará Gruiformes
Aramus guarauna Rallus nigricans
Charadriiformes Jacana jacana jaçanã
Columbiformes Columbina talpacoti rolinha comum Leptotila verreauxi juriti Leptotila rufaxilla juriti gemedeira Psitaciformes Pyrrhura frontalis tiriba de testa vermelha
Forpus xanthopterygius tuim Brotogeris tirica periquito rico Touit melanonota apuim de cauda vermelha Pionus menstrus maitaca bronzeada Pionus maximiliani maitaca bronzeada Amazona amazonica papagaio do mangue Cuculiformes Piaya cayana alma de gato Crotophaga ani anu preto Guira guira anu branco
Tapera naevia saci
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 143 de 148
Stringiformes Speotyto cunicularia buraqueira, coruja-buraqueira Caprimulgiformes Nyctiphrynus ocellatus bacurau Apodiformes Chaetura andrei andorinhão temporal Apodiformes Glaucis hirsuta balança-rabo-de-bico torto
Phaethornis pretrei Beija-flor Eupetomena macroura Beija-flor-tesourão Melanotrochilus fuscus Beija-flor-preto-e -branco Colibri serrirostris Beija-flor-de-orelha violeta
Anthracothorax nigricollis Beija-flor-preto Lophornis magnifica topetinho vermelho
Chlorostilbom aureoventris besourinho de bico vermelho Thalurania glaucopis tesoura de fronte vermelha Amazilia versicolor beija-flor-de-banda-branca Heliothryx aurita Beija-flor Trogoniformes Trogon surrucura surucuá de peito azul Coraciformes Ceryle torquata martin pescador grande Piciformes
Galbula ruficauda bico de agulha de rabo vermelho Nystalus chacuru joão bobo
Selenidera maculirostris araçari do bico pintalgado, araçari poca Picumnus cirratus pica-pau-anão-barrado Colaptes campestris pica-pau-do-campo Piculus chrysoclorus pica-pau
Chrysoptilus melanochloros pica-pau Celeus flavescens pica-pau-de-cabeça-amarela Dryocopus lineatus pica-pau
Veniliornis maculifrons pica-pauzinho- de- testa-pintada Passeriformes
Sittasomus griseicapillus arapaçu verde Lepidocolaptes squamatus arapaçu escamado
Campylorhamphus falcularius arapaçu de bico torto Furnarius rufus joão de barro Synallaxis spixi joão teneném
Synallaxis ruficapilla pichoré Phacellodomus erythrophthalmus joão botinha
Anabazeonops fuscus trepador coleira Philydor atricapillus limpa-folha-coroada
Automolus leucophthalmus barranqueiro olho branco Sclerurus scansor vira-folhas
Mackenziaena severa borralhara Thamnophilus caurulescens choca Thamnophilus ruficapillus choca Dysithamus stictothorax choquinha
Herpsilochmus rufimarginatus _ Drymophila ferruginea trovoada Drymophila ocrophyga choquinha de dorso vermelho Drymophila squamata choquinha pintadinha
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 144 de 148
Pyriglena leucoptera papa taoca Myrmeciza loricata papa formigas de grota Formicarius colma galinha do mato
Conopophaga melanops Cuspidor de máscara preta Pachyramphus viridis caneleirinho
Pachyramphus polychopterus caneleirinho preto Platypsaris rufus caneleiro de chapéu negro Tityra cayana Anambé branco de rabo preto
Chiroxiphia caudata Tangará, tangará dançarino Manacus manacus Rendeira Schiffornis virescens Flautim Colonia colonus viuvinha Knipolegus maria preta
Fluvicola negenta lavadeira mascarada Satrapa icterophrys suiriri pequeno Machetornis rixosus bem-te-vi-do-gado Tyranus melancholicus suiriri Myodinastes maculatus bem-te-vi-rajado Myozetetes similis bem-te-vizinho-de-penacho-vermelho
Pintangus sulphuratus bem-te-vi Megarhyncus pitangua Nei-nei, bem-te-vi-do-bico-chato
Myarchus ferox maria cavaleira Empidonax euleri enferrujado Myiobius barbatus assanhadinho
Myiophobus fasciatus filipe Hirundinea ferruginea gibão de couro Platyrinchus mystaceus patinho
Tolmomyias sulphurescens bico-chato-de orelha preta Todirostrum poliocephalum teque-teque, ferreirinho Todirostrum plumbeiceps relógio Phylloscartes flaveola marianinha amarela Elaenia flavogaster guaravaca de barriga amarela
Camptostoma obsoletum risadinha Mionectes rufiventris - Corythopis delalandi estalador Tachycineta albiventer andorinha Tachycineta leucorrhoa andorinha de sobre branco Phaeoprogne tapera andorinha do campo Progne chalybea Andorinha doméstica grande
Notiochelidon cyanoleuca andorinha pequena de casa Stelgidopteryx ruficollis andorinha serrador Thryothorus longirostris garrinchão de bico grande Troglodytes aedon cambaxirra Mimus saturninus sabiá do campo
Donacobius atricapillus _ Platycichla flaviceps sabiá-uma Turdus rufiventris sabiá laranjeira
Turdus amaurochalinus sabiá poca Turdus albicollis sabiá coleira
Cyclarhis gujanensis pititguari Vireo chivi juruviara
Hylophilus poicilotis vite-vite Cacicus haemorrhous guaxe
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 145 de 148
Molothrus bonariensis gaudério, maria preta Gnorimopsar chopi melro
Geothlypis aequinoctialis pia cobra Basikeuterus culicivorus pula-pula
Coereba flaveola cambacica Dacnis cayana saí azul Tersina viridis saí andorinha
Pipraeidea melanonota _ Tangara cyanoventris saíra Tangara cyanocephala saíra lenço
Tangara cayana saíra amarela Thraupis sayaca sanhaço cinzento
Thraupis palmarum sanhaço de coqueiro Ramphocelus bresilius tiê sangue
Habia rubica tiê do mato grosso Tachyphonus coronatus tiê preto Tachyphonus cristatus tiê galo Trichothraupis melanops tié de topete Hemithraupis ruficapilla saíra da mata Thlypopsis sordida -
Schistochlamys ruficapillus bico de veludo Saltator similis trinca ferro verdadeiro Volatinia jacarina tziu
Sporophila caerulescens coleiro, coleirinho Arremon taciturnus -
Ammodramus humeralis tico-tico-do-campo-verdadeiro Spinus megellanicus - Zonotrichia capensis tico-tico Passer domesticus pardal Estrilda astrild bico de lacre
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 146 de 148
Quadro 3. Aves registradas na Fazenda São Benedicto durante as campanhas de 18 e 19 de outubro e de 15 a 18 de novembro de 2007.
Espécie Nome popular Tipo de registro
Cathartiformes Coragyps atratus urubu comum observação Cathartes aura urubu de cabeça
vermelha observação
Falconiformes Ictinea plumbea gavião observação Buteo magnirostris gavião carijó observação Milvago chimachima gavião carrapateiro observação Polyborus plancus carcará, gavião carcará observação Galiformes
Penelope superciliaris jacupemba observação Gruiformes
Aramides saracura saracura-três-potes observação Charadriiformes Vanelus chilensis quero-quero observação Columbiformes
Columba sp. trocal entrevista Columbina talpacoti rolinha comum observação Psitaciformes
Aratinga leucophtalmus periquitão-maracanã observação Pionus maximiliani maitaca bronzeada observação Cuculiformes Piaya cayana alma de gato observação Guira guira anu branco observação
Tapera naevia saci observação Stringiformes Otus choliba caburé observação Apodiformes Phaethornis pretrei Beija-flor observação Thalurania glaucopis tesoura de fronte
vermelha observação
Coraciformes Ceryle torquata martin pescador
grande observação
Piciformes Piculus sp. pica-pau observação
Passeriformes Furnarius rufus joão de barro observação Synallaxis sp. joão teneném observação
Chiroxiphia caudata tangará, tangará dançarino
observação
Fluvicola negenta lavadeira mascarada observação Tyranus melancholicus suiriri observação Machetornis rixosus bem-te-vi-do-gado observação
Myodinastes maculatus bem-te-vi-rajado observação Myozetetes sp. bem-te-vizinho observação
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 147 de 148
Pintangus sulphuratus bem-te-vi observação Todirostrum sp. teque-teque,
ferreirinho observação
Elaenia flavogaster guaravaca de barriga amarela
observação
Vireo olivaceus juruviara observação Gnorimopsar chopi melro observação
Psarocolius decumanus joão-congo observação Basileuterus culicivorus pula-pula observação Mimus saturninus sabiá do campo observação Dacnis cayana saí azul observação
Tangara cyanoventris douradinha observação Thraupis sayaca sanhaço cinzento observação Saltator similis trinca ferro
verdadeiro observação
Volatinia jacarina tziu observação Sporophila caerulescens coleiro, coleirinho observação Zonotrichia capensis tico-tico observação
Sicalis flaveola canário da terra observação
Quadro 4. Lista dos mamíferos não voadores registrados no município de Rio Claro a na fazenda São Benedicto, Rio Claro, Rio de Janeiro.
Espécies
Levantamento de
Campo
Entrevistas
Espécies coletadas no município de Rio Claro segundo Tribe (1987)
Didelphimorphia Didelphis aurita (gambá) X X Philander frenatus (cuíca) X Marmosops incanus (cuíca) X Gracilinanus microtarsus (cuíca) X Cingulata Dasypus novemcicntus (tatu galinha)
X
Cabassous tatouay (tatu-de-rabo mole)
X
Euphractus sexcinctus (tatu-peludo)
Pilosa Tamandua tetradactyla (Tamanduá mirim)
X
Primates Callithrix jacchus (mico-estrela-de –de tufo-branco)
X X
Carnivora Nasua nasua (quati) X Procyon cancrivorus (mão pelada ou guaxinim)
X
Lutra longicaudis (lontra) Eira barbara (irara) X X Chrysocyon brachyurus (lobo- X
Plano de Manejo da RPPN Fazenda São Benedito
Associação Patrimônio Natural Página 148 de 148
guará) Cerdocyon thous (cachorro do mato)
X
Leopardus sp. (gato-do-mato) X Leopardus pardalis (jaguatirica) X Puma concolor (onça- parda, suçuarana, lombo preto)
X
Rodentia Agouti paca (paca) X Hydrochoerus hydrochaeris (capivara)
X
Sphiggurus sp. (ouriço) X Sciurus ingrami (esquilo, caxixe ou caxinguelê)
X X
Nectomys squamipes (rato-d´água)
X
Akdon cursor (rato do mato) X Lagomorpha Sylvilagus brasiliensis (coelho-do-mato)
X
Quadro 5. Répteis e anfíbios registrados na Fazenda São Benedicto durante as campanhas de 18 e 19
de outubro e de 15 a 18 de novembro de 2007.
Répteis (ordem squamata) Nome popular Nome científico
jararaca Bothrops jararaca cobra de vidro Ophiodes fragilis lagarto Anolis sp. camaleão Tropidurus torquatus teiú Tupinambis merianae Anfíbios (ordem anura) sapo Rheinela ictericus sapo-de-chifres Procetophrys sp. rãzinha Eletherodactylus sp.