PLANO DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO …r1.ufrrj.br/lmbh/pdf/ensino/MAS/2017-I/MAS Dinamica...

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Lucas Silva Carvalho 1 ;Raíza Salomão Precinoto¹; Ricardo Valcarcel 2 ¹ DISCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL/UFRRJ; 2 ORIENTADOR E PROFESSOR DO DCA/IF-UFRRJ PLANO DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO INTRODUÇÃO MATERIAL E MÉTODOS Foram levantadas 250 UCs no estado do Rio de Janeiro. Quanto às de Uso Sustentável, há 70 (37%) sob responsabilidade administrativa do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio esfera federal), 83 (44%) sob responsabilidade administrativa do Instituto Estadual do Ambiente (INEA esfera estadual) e 35 (19%) sob responsabilidade administrativa das diversas Secretarias Municipais de Meio Ambiente. Para as UCs de Uso Sustentável 95,2% não possuem Plano de Manejo (Tabela 1), evidenciando uma grande lacuna de gestão que precisa ser atendida pela academia, de modo a colaborar neste equacionamento de demanda, visto que esta categoria contempla alternativas de uso sustentável, pilar da economia limpa de países que adotam a sustentabilidade como força motriz de seu desenvolvimento. A situação das UC de Proteção Integral no estado reflete dados curiosos, onde a federação tem 82% das suas UC com Plano de Manejo, e o Estado e Municípios bem menos, justamente os mais interessados. REFERÊNCIAS As informações sobre Plano de Manejo foram obtidas a partir do Cadastro Nacional de Unidades de Conservação, do Ministério do Meio Ambiente (CNUC, 2014) nas esferas de administração Federal, Estadual e Municipal incluindo áreas terrestres e marinhas. Foram considerados os grupos de Proteção Integral (Estação Ecológica; Reserva Biológica; Parque; Monumento Natural; Refúgio de Vida Silvestre) e de Uso Sustentável (Área de Proteção Ambiental; Área de Relevante Interesse Ecológico; Floresta Nacional; Reserva Extrativista; Reserva de Fauna; Reserva de Desenvolvimento Sustentável; e Reserva Particular do Patrimônio Natural). A situação do planejamento das Unidades de Conservação no Estado do Rio de Janeiro não é compatível a um estado que sediou conferências ambientais relevantes a nível mundial, tal como RIO 1992, RIO + 20 (2012), e que no presente é palco de megaeventos, principalmente nas suas questões funcionais cruciais: desenvolver tecnologias sustentáveis dos ecossistemas frágeis da Mata Atlântica. O Rio de Janeiro é um território estratégico para conservação da Mata Atlântica, pois abriga a maior área de remanescentes do bioma no País, tendo alto endemismo (BERGALLO, 2009). Isso se dá em função dos encraves ambientais específicos, originados a partir da combinação de variáveis macro e microambientais. As áreas naturais protegidas (Unidades de Conservação - UC) têm funções que se coadunam com estas demandas, e se constituem como um dos pilares da conservação da natureza (MILANO, 2001), assim como uma importante estratégia de conservação na atualidade (LOVEJOY, 2006). As UCs recebem proteção do Estado, através de regimes especiais de administração e manejo, para garantir integridade dos seus ecossistemas e adequado atendimento aos seus objetivos (GONDOLLES, 1992; MEDEIROS, 2006). O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC, 2000) divide as UC em: Proteção Integral e Uso Sustentável, a serem geridas por entes federais, estaduais, municipais e particulares. Os benefícios ecológicos, científicos e sociais produzidos pelas UCs dependem de um planejamento estratégico a ser avaliado sistematicamente, atividade esta contemplada no Plano de Manejo, ferramenta de gestão das UCs. O objetivo deste trabalho é avaliar existência de Plano de Manejo nas UC do Estado do Rio de Janeiro. Os dados referentes à presença e ausência de Plano de Manejo são simplesmente indicativos, pois não tomam em consideração as questões de efetividade, muito mais importante (TERBORGH & SCHIK, 2002; MEDEIROS, 2011). CONCLUSÃO RESULTADOS E DISCUSSÃO Como o Estado tem componentes de geração de riqueza que dependem do campo e do meio urbano, não se consegue identificar uma postura estratégica definida de geração de riqueza e nem de serviços ambientais para suportar metrópoles oriundas da conurbação de cidades, como está acontecendo no eixo Rio-São Paulo, Rio - Juiz de Fora e Eixo Litorâneo. Tabela 1. Plano de Manejo das Unidades de Conservação no Estado do Rio de Janeiro nas esferas administrativas de Município, Estado e Federação. BERGALLO, H. G. et al. Conservação da biodiversidade da Mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro: uma nova abordagem. In: Estratégias e ações para a conservação da biodiversidade no Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Instituto Biomas, 2009. cap. 1, p.23-32. BRASIL. 2000. Lei 9985/00 que Institui o Sistema Nacional de Unidade de Conservação da Natureza. CNUC Cadastro Nacional de Unidades de Conservação, Ministério do Meio ambiente. Disponível em: < http://www.mma.gov.br/areas-protegidas/cadastro-nacional-de-ucs >. GONDELLES, R. Significado de las áreas bajo régimen de administración especial y situacíon em Venezuella. In: Taller Internacional Sobre Áreas Naturales Protegidas. Mérida: CIDIT/OEA, 1991. p. 30-45. LOVEJOY, T. E. Protected areas: a prism for a changing world. Trends in Ecology and Evolution, v.21, n.3, p.329-333, 2006. MEDEIROS, R. Evolução das Tipologias e Categorias de Áreas Protegidas no Brasil. Ambiente e Sociedade, V. IX, n. 1, p. 41-64, 2006. MEDEIROS, R.; Pereira, G. Evolução e Implementação dos Planos de Manejo em Parques Nacionais No Estado Do Rio De Janeiro. Árvore, v.35, n.2, p.279-288, 2011. MILANO, M. Por que Existem as Unidades de Conservação. In MILANO, M. S (Org). Unidades de Conservação: Atualidades e Tendências. Curitiba: Ed. Fundação O Boticário de Proteção à Natureza. 224 p. TERBORGH J.; SHAIK, C.V. Por que o mundo necessita de parques. In: TERBORGH et al. (org). Tornando os parques eficientes: estratégias para a conservação da natureza nos trópicos. Curitiba: Ed. UFPR/Fundação O Boticário, 2002. II Reunião Anual de Iniciação Científica da UFRRJ - II RAIC II Semana de Pesquisa, Tecnologia e Inovação “Ciência e Democracia no Brasil Atual” Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Instituto de Florestas Rodovia BR 465, Km 07 CEP: 23890-000 Seropédica - RJ www.if.ufrrj.br 13,6% 5,7% 6% 81,8% 46,7% 25,0% 86,4% 94,3% 94% 100% 18,2% 53,3% 75% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Federal Estadual Municipal Federal Estadual Municipal Total Uso Sustentável Proteção Integral Presente Ausente

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Lucas Silva Carvalho1;Raíza Salomão Precinoto¹; Ricardo Valcarcel2

¹ DISCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL/UFRRJ;

2ORIENTADOR E PROFESSOR DO DCA/IF-UFRRJ

PLANO DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

INTRODUÇÃO

MATERIAL E MÉTODOS

Foram levantadas 250 UCs no estado do Rio de Janeiro. Quanto às de Uso

Sustentável, há 70 (37%) sob responsabilidade administrativa do Instituto

Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio – esfera federal),

83 (44%) sob responsabilidade administrativa do Instituto Estadual do

Ambiente (INEA – esfera estadual) e 35 (19%) sob responsabilidade

administrativa das diversas Secretarias Municipais de Meio Ambiente. Para as

UCs de Uso Sustentável 95,2% não possuem Plano de Manejo (Tabela 1),

evidenciando uma grande lacuna de gestão que precisa ser atendida pela

academia, de modo a colaborar neste equacionamento de demanda, visto que

esta categoria contempla alternativas de uso sustentável, pilar da economia

limpa de países que adotam a sustentabilidade como força motriz de seu

desenvolvimento. A situação das UC de Proteção Integral no estado reflete

dados curiosos, onde a federação tem 82% das suas UC com Plano de Manejo,

e o Estado e Municípios bem menos, justamente os mais interessados.

REFERÊNCIAS

As informações sobre Plano de Manejo foram obtidas a partir do Cadastro

Nacional de Unidades de Conservação, do Ministério do Meio Ambiente

(CNUC, 2014) nas esferas de administração Federal, Estadual e Municipal

incluindo áreas terrestres e marinhas. Foram considerados os grupos de

Proteção Integral (Estação Ecológica; Reserva Biológica; Parque;

Monumento Natural; Refúgio de Vida Silvestre) e de Uso Sustentável (Área

de Proteção Ambiental; Área de Relevante Interesse Ecológico; Floresta

Nacional; Reserva Extrativista; Reserva de Fauna; Reserva de

Desenvolvimento Sustentável; e Reserva Particular do Patrimônio Natural).

A situação do planejamento das Unidades de Conservação no Estado do Rio

de Janeiro não é compatível a um estado que sediou conferências ambientais

relevantes a nível mundial, tal como RIO 1992, RIO + 20 (2012), e que no

presente é palco de megaeventos, principalmente nas suas questões funcionais

cruciais: desenvolver tecnologias sustentáveis dos ecossistemas frágeis da

Mata Atlântica.

O Rio de Janeiro é um território estratégico para conservação da Mata

Atlântica, pois abriga a maior área de remanescentes do bioma no País,

tendo alto endemismo (BERGALLO, 2009). Isso se dá em função dos

encraves ambientais específicos, originados a partir da combinação de

variáveis macro e microambientais. As áreas naturais protegidas (Unidades

de Conservação - UC) têm funções que se coadunam com estas demandas, e

se constituem como um dos pilares da conservação da natureza (MILANO,

2001), assim como uma importante estratégia de conservação na atualidade

(LOVEJOY, 2006). As UCs recebem proteção do Estado, através de regimes

especiais de administração e manejo, para garantir integridade dos seus

ecossistemas e adequado atendimento aos seus objetivos (GONDOLLES,

1992; MEDEIROS, 2006). O Sistema Nacional de Unidades de

Conservação (SNUC, 2000) divide as UC em: Proteção Integral e Uso

Sustentável, a serem geridas por entes federais, estaduais, municipais e

particulares. Os benefícios ecológicos, científicos e sociais produzidos pelas

UCs dependem de um planejamento estratégico a ser avaliado

sistematicamente, atividade esta contemplada no Plano de Manejo,

ferramenta de gestão das UCs. O objetivo deste trabalho é avaliar existência

de Plano de Manejo nas UC do Estado do Rio de Janeiro.Os dados referentes à presença e ausência de Plano de Manejo são

simplesmente indicativos, pois não tomam em consideração as questões de

efetividade, muito mais importante (TERBORGH & SCHIK, 2002;

MEDEIROS, 2011).

CONCLUSÃO

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como o Estado tem componentes de geração de riqueza que dependem do

campo e do meio urbano, não se consegue identificar uma postura estratégica

definida de geração de riqueza e nem de serviços ambientais para suportar

metrópoles oriundas da conurbação de cidades, como está acontecendo no

eixo Rio-São Paulo, Rio - Juiz de Fora e Eixo Litorâneo.

Tabela 1. Plano de Manejo das Unidades de Conservação no Estado do Rio de Janeiro nas esferas

administrativas de Município, Estado e Federação.

BERGALLO, H. G. et al. Conservação da biodiversidade da Mata Atlântica do Estado do Rio de

Janeiro: uma nova abordagem. In: Estratégias e ações para a conservação da biodiversidade

no Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Instituto Biomas, 2009. cap. 1, p.23-32.

BRASIL. 2000. Lei 9985/00 que Institui o Sistema Nacional de Unidade de Conservação da

Natureza.

CNUC – Cadastro Nacional de Unidades de Conservação, Ministério do Meio ambiente.

Disponível em: < http://www.mma.gov.br/areas-protegidas/cadastro-nacional-de-ucs >.

GONDELLES, R. Significado de las áreas bajo régimen de administración especial y situacíon

em Venezuella. In: Taller Internacional Sobre Áreas Naturales Protegidas. Mérida:

CIDIT/OEA, 1991. p. 30-45.

LOVEJOY, T. E. Protected areas: a prism for a changing world. Trends in Ecology and

Evolution, v.21, n.3, p.329-333, 2006.

MEDEIROS, R. Evolução das Tipologias e Categorias de Áreas Protegidas no Brasil. Ambiente e

Sociedade, V. IX, n. 1, p. 41-64, 2006.

MEDEIROS, R.; Pereira, G. Evolução e Implementação dos Planos de Manejo em Parques

Nacionais No Estado Do Rio De Janeiro. Árvore, v.35, n.2, p.279-288, 2011.

MILANO, M. Por que Existem as Unidades de Conservação. In MILANO, M. S (Org). Unidades

de Conservação: Atualidades e Tendências. Curitiba: Ed. Fundação O Boticário de Proteção à

Natureza. 224 p.

TERBORGH J.; SHAIK, C.V. Por que o mundo necessita de parques. In: TERBORGH et al.

(org). Tornando os parques eficientes: estratégias para a conservação da natureza nos trópicos.

Curitiba: Ed. UFPR/Fundação O Boticário, 2002.

II Reunião Anual de Iniciação Científica da UFRRJ - II RAICII Semana de Pesquisa, Tecnologia e Inovação

“Ciência e Democracia no Brasil Atual”

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Instituto de FlorestasRodovia BR 465, Km 07

CEP: 23890-000 Seropédica - RJ

www.if.ufrrj.br

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