PLANO DE AÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRADO … · o uso de plantadoras traquinadas por...

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Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba Governo do Estado do Piauí Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural PLANO DE AÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRADO DO VALE DO PARNAÍBA PLANAP CODEVASF / GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ APOIO NO GERENCIAMENTO DA EXECUÇÃO DO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO FLORESTAL DO VALE DO PARNAÍBA (PDFLOR-PI) APOSTILA DO CURSO TÉCNICAS DE PLANTIO DE FLORESTAS CURITIBA, PR FEVEREIRO 2010

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Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba

Governo do Estado do Piauí Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural

PLANO DE AÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRADO DO VALE DO PARNAÍBA – PLANAP

CODEVASF / GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ

APOIO NO GERENCIAMENTO DA EXECUÇÃO DO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO FLORESTAL DO VALE DO PARNAÍBA

(PDFLOR-PI)

APOSTILA DO CURSOTÉCNICAS DE PLANTIO DE FLORESTAS

CURITIBA, PR FEVEREIRO 2010

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PLANO DE AÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRADO DO VALE DO PARNAÍBA – PLANAP

CODEVASF/GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ/FUPEF

Produto 9Apostila do Curso Técnicas de Plantio de Florestas

APOIO NO GERENCIAMENTO DA EXECUÇÃO DO PLANO DE AÇÃO DO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO FLORESTAL DO VALE DO PARNAÍBA (PDFLOR-PI)

Coordenação do Projeto

SDRRubem Nunes Martins

CODEVASFGuilherme Almeida Gonçalves de Oliveira

GOVERNO DO PIAUÍJorge Antônio Pereira Lopes de Araújo

STCPJoésio SiqueiraIvan Tomaselli

Bernard DelespinasseRodrigo Rodrigues Dartagnan Gorniski

Curitiba, PRFevereiro de 2010

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APOIO NO GERENCIAMENTO DA EXECUÇÃO DO PLANO DE AÇÃO DO PROGRAMA DE

DESENVOLVIMENTO FLORESTAL DO VALE DO PARNAÍBA (PDFLOR-PI)

APOSTILA DO CURSOTÉCNICAS DE PLANTIO DE FLORESTAS

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................1

2. IMPLANTAÇÃO FLORESTAL..........................................................................................................12.1. Preparo da Área.................................................................................................................................12.1.1. Construção de Estradas e Aceiros......................................................................................................22.1.2. Limpeza do Terreno ..........................................................................................................................42.1.3. Combate à Formiga ...........................................................................................................................52.1.4. Preparo do Solo para o Plantio..........................................................................................................62.2. Sistema de Plantio..............................................................................................................................82.2.1. Espaçamento......................................................................................................................................82.2.2. Adubação...........................................................................................................................................92.2.3. Coveamento e Sulcamento...............................................................................................................102.2.4. Prevenção a Cupins.........................................................................................................................102.2.5. Plantio.............................................................................................................................................112.2.6. Irrigação...........................................................................................................................................122.2.7. Replantio.........................................................................................................................................132.3. Tratos Culturais...............................................................................................................................132.3.1. Coroamento.....................................................................................................................................132.3.2. Capina..............................................................................................................................................142.3.3. Roçada.............................................................................................................................................142.3.4. Aplicação de Herbicida...................................................................................................................142.4. Tratos Silviculturais.........................................................................................................................162.4.1. Poda ou Desrama.............................................................................................................................162.4.2. Desbaste..........................................................................................................................................17

3. COLHEITA FLORESTAL.................................................................................................................183.1. Planejamento da Colheita................................................................................................................183.2. Sistemas de Colheita.........................................................................................................................193.2.1. Sistema de Toras Longas.................................................................................................................193.2.2. Sistema de Toras Curtas..................................................................................................................193.2.3. Sistema de Árvores Inteiras.............................................................................................................193.2.4. Sistema de Árvores Completas........................................................................................................193.3. Corte..................................................................................................................................................193.4. Extração............................................................................................................................................203.5. Desgalhamento e Traçamento.........................................................................................................213.6. Descascamento..................................................................................................................................213.7. Carregamento...................................................................................................................................21

4. SISTEMAS AGROFLORESTAIS.....................................................................................................224.1. Definição de SAF’s...........................................................................................................................224.2. Classificação dos SAF’s....................................................................................................................224.2.1. Sistema Agrossilvicultural...............................................................................................................224.2.2. Sistema Silvipastoril........................................................................................................................224.2.3. Sistema Agrossilvipastoril...............................................................................................................234.3. Distribuição das Espécies que Compõem o SAF............................................................................24

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4.3.1. Distribuição Espacial Misturada......................................................................................................244.3.2. Distribuição Espacial Uniforme......................................................................................................244.3.3. Distribuição Espacial Mista.............................................................................................................244.3.4. Distribuição Espacial em Faixas......................................................................................................244.3.5. Distribuição Espacial em Mosaico..................................................................................................254.4. Arquitetura e Estrutura do SAF.....................................................................................................254.5. Práticas Agroflorestais.....................................................................................................................254.5.1. Cercas Vivas....................................................................................................................................264.5.2. Mourões Vivos................................................................................................................................264.5.3. Tutores Vivos..................................................................................................................................264.5.4. Quebra Vento..................................................................................................................................264.5.5. Aceiros Arborizados........................................................................................................................274.5.6. Limites Arborizados........................................................................................................................27

5. PRAGAS FLORESTAIS.....................................................................................................................275.1. Formigas Cortadeiras......................................................................................................................275.1.1. Formigas Saúvas..............................................................................................................................285.1.2. Formigas Quenquéns.......................................................................................................................285.2. Cupins................................................................................................................................................285.3. Lagartas.............................................................................................................................................305.4. Besouros............................................................................................................................................305.5. Insetos sugadores..............................................................................................................................315.5.1. Psilideos..........................................................................................................................................31

6. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO............................................................................................................32

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................................32

LISTA DE FIGURAS

Figura 01. Construção de Estradas e Aceiros .............................................................................................3Figura 02. Esquema Básico de uma Rede de Estradas Florestais................................................................3Figura 03. Esquema de Derrubada com Correntão .....................................................................................4Figura 04. Trator de Esteira Equipado com Lâmina KG.............................................................................5Figura 05. Trator de Esteira Equipado com Lâmina “Bulldozer” ...............................................................5Figura 06. Ancinho Usado na Operação de Enleiramento ..........................................................................5Figura 07. Formiga (Acromyrmex spp.).......................................................................................................6Figura 08. Formiga do Gênero (Atta spp.)...................................................................................................6Figura 09. Dosagem da Isca Granulada.......................................................................................................6Figura 10. Subsolagem no Preparo do Solo.................................................................................................7Figura 11. Grade Bedding Usada no Preparo do Solo.................................................................................7Figura 12. Implemento Usado em Áreas de Cultivo Mínimo......................................................................8Figura 13. Espaçamento Usado no Plantio de Eucalipto.............................................................................8Figura 14. Demarcação de Espaçamento.....................................................................................................9Figura 15. Calagem Durante o Preparo do Solo..........................................................................................9Figura 16. Adubação em Covetas Laterais................................................................................................10Figura 17. Adubação de Cobertura............................................................................................................10Figura 18. Ferramentas Utilizadas no Coveamento...................................................................................10Figura 19. Tratamento das Mudas com Cupinicida...................................................................................11Figura 20. Utilização da Plantadeira Manual.............................................................................................11Figura 21. Utilização da Plantadeira Manual.............................................................................................12Figura 22. Plantadeira Mecanizada............................................................................................................12Figura 23. Primeira Irrigação do Plantio...................................................................................................12Figura 24. Funcionamento do Hidrogel.....................................................................................................13Figura 25. Coroamento Manual.................................................................................................................13Figura 26. Capina Química........................................................................................................................14Figura 27. Capina Manual.........................................................................................................................14

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Figura 28. Capina Mecânica......................................................................................................................14Figura 29. Barras de Asperção..................................................................................................................15Figura 30. Aplicação de Herbicida Pré-emergente em Pós-plantio............................................................15Figura 31. Efeitos da Aplicação de Herbicida Pré-emergente ..................................................................15Figura 32. Efeitos da Aplicação de Herbicida em Pós-plantio..................................................................16Figura 33. Principais Tipos de Poda em Ambientes Urbanos....................................................................16Figura 34. Procedimento de Poda .............................................................................................................17Figura 35. Desbaste Sistemático................................................................................................................18Figura 36. Desbaste Seletivo.....................................................................................................................18Figura 37. Corte de Árvore com Motosserra.............................................................................................20Figura 38. Corte e acúmulo de árvores com o Feller-buncher...................................................................20Figura 39. Corte de Árvores com o Harvester...........................................................................................20Figura 40. Extração de Árvores abatidas da Área de Plantio com o Forwarder.........................................20Figura 41. Árvore cortada arrastada da Área de Plantio através de Guincho acoplado a Trator................21Figura 42. Arraste das Toras com o Mini-skidder.....................................................................................21Figura 43. Skidder utilizado para o Arraste de Toras................................................................................21Figura 44. Descascador de Anel................................................................................................................21Figura 45. Descascador de Tambor...........................................................................................................21Figura 46. Consórcio Café-Inga-Louro Pardo...........................................................................................22Figura 47. Sistema Silvipastoril.................................................................................................................23Figura 48. Quintal Florestal com Criação de Galinhas..............................................................................23Figura 49. SAF Sequencial (Roça – Capoeira)..........................................................................................23Figura 50. Distribuição Espacial Misturada..............................................................................................24Figura 51. Distribuição Espacial Uniforme...............................................................................................24Figura 52. Distribuição Espacial Mista.....................................................................................................24Figura 53. Distribuição Espacial em Faixas..............................................................................................25Figura 54. Distribuição Espacial em Mosaico...........................................................................................25Figura 55. Modelo de Cerca Viva..............................................................................................................26Figura 56. Modelo de Mourão Vivo..........................................................................................................26Figura 57. Modelo de Tutores Vivos.........................................................................................................26Figura 58. Modelo de Quebra Vento Permeável........................................................................................27Figura 59. Modelo de Limite Arborizado..................................................................................................27Figura 60. Vista Externa do Formigueiro de Saúva...................................................................................28Figura 61. Vista Externa do Formigueiro de Quenquém...........................................................................28Figura 62. Cupins da Família Kalotermitidae............................................................................................29Figura 63. Cupins da Família Rhinotermitidae..........................................................................................29Figura 64. Cupins da Família Termitidae..................................................................................................29Figura 65. Cupins do Gênero Heterotermes..............................................................................................29Figura 66. Cupins do Gênero Syntermes...................................................................................................30Figura 67. Cupim do Gênero Cornitermes.................................................................................................30Figura 68. Cupim do Gênero Coptoterme..................................................................................................30Figura 69. Lagartas Desfolhadoras de Eucalipto.......................................................................................30Figura 70. Besouros Desfolhadores de Eucalipto......................................................................................31Figura 71. Psilídeo.....................................................................................................................................31Figura 72. Plantio de Eucalipto danificado pela Ação de Psilídeos ao Lado Esquerdo.............................31Figura 73. Ataque de Psilídeos em uma Planta de Eucalipto.....................................................................32Figura 74. Infestação do Psilídeo de Conchas ..........................................................................................32

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1. INTRODUÇÃO O plantio é uma das operações mais

importantes para o sucesso da implantação de florestas. A adoção do sistema adequado requer uma definição clara de objetivos e usos potenciais dos produtos e subprodutos que se espera da floresta.

O sucesso de um plantio e a obtenção de povoamentos produtivos e com madeira de qualidade deve ser pautado por práticas silviculturais como a escolha e limpeza da área, controle de pragas e doenças, definição do método de plantio e tratos culturais.

O plantio se caracteriza como sendo a colocação da muda no campo. Pode ser mecanizado, manual ou semi mecanizado, dependendo da topografia, recursos financeiros e disponibilidade de mão de obra e/ou equipamentos (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

O plantio mecanizado ou semi mecanizado aplica-se onde a topografia é plana, possibilitando o uso de plantadoras traquinadas por tratores. As plantadoras, normalmente, fazem o sulavento, distribuem o adubo e efetivam o plantio. No sistema semi-mecanizado, as operações de preparo de solo e tratos culturais são mecanizados, e o plantio propriamente dito é manual. O plantio manual é recomendado para áreas com alta declividade ou em situações onde não é viável o uso de máquinas agrícolas (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

Em sua maioria, os plantios de Eucaliptos realizados no sul do Brasil adotam o sistema manual em função da rusticidade da espécie, da disponibilidade de mão-de-obra e, em muitas situações, pelas condições topográficas.

Alguns fatores importantes devem ser definidos previamente antes do plantio propriamente dito, com destaque para o espaçamento de plantio, as operações de manejo, os tratos culturais e a adubação das mudas. Estas são operações básicas para a implantação de um maciço florestal ( EMBRAPA FLORESTA, 2003).

Neste contexto, esta apostila foi elaborada com o objetivo de prover mão-de-obra capacitada na área de silvicultura de espécies exóticas, com ênfase para o Eucalipto, e que possam se constituir em monitores para a replicação no campo, prestando assistência técnica a pequenos e médios produtores rurais.

São abordados especialmente as etapas da implantação florestal (preparo da área, sistema de plantio, tratos culturais e silviculturais), os procedimentos da colheita florestal e aspectos fitossanitários dos plantios.

2. IMPLANTAÇÃO FLORESTALEntende-se por "implantação", o conjunto de

operações que vai do preparo do solo até o momento no qual o povoamento possa se desenvolver sozinho, ficando o restante da rotação por conta das operações de manejo e proteção florestal.

Embora a implantação seja uma fase de alta importância para o bom desenvolvimento da cultura, ainda não se tem equipamentos adequados para todas as suas fases, sendo utilizados equipamentos agrícolas adaptados (DANIEL, 2006).

As operações de implantação consistem no preparo da área, no plantio, propriamente dito e nos tratos culturais. Durante o plantio é necessária a adoção de um conjunto de medidas silviculturais, como, por exemplo, a época do plantio (primavera ou início do verão, conforme a espécie), preparo do solo, adubação (fertilização mineral em doses apropriadas) e tratos culturais destinados a favorecer o crescimento inicial das plantas em campo (Ambiente Brasil, 2009).

Tomando-se como exemplo o preparo para fins de cultivo de eucalipto, este tem apresentado uma ampla evolução nos últimos anos, passando desde o preparo mais esmerado até o cultivo mínimo, muito difundido e utilizado atualmente no setor florestal.

Logicamente que, quando se generaliza o uso do equipamento ou o grau de mecanização sem se levar em conta todas as variáveis e peculiaridades de cada solo, clima e topografia, a probabilidade de dispêndio de dinheiro sem necessidade e a degradação do solo são praticamente inevitáveis.

2.1. PREPARO DA ÁREANo preparo da área definem-se as vias de

acesso e o dimensionamento/posicionamento dos talhões, ações que facilitarão as operações de plantio, tratos culturais, operações de proteção, principalmente controle de fogo e as operações de retirada da madeira (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

Observa-se que o dimensionamento/ posicionamento dos talhões assume importância estratégica, pois as operações de exploração (derrubada e retirada da madeira) são responsáveis por mais de 30% do custo da madeira produzida e colocada no pátio da fábrica (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

O preparo do terreno está relacionado com as características da área onde será realizado o plantio. O preparo do solo para o plantio deve ser feito de maneira a propiciar maior disponibilidade de água para a cultura, visto que o regime hídrico do solo é um fator essencial para o crescimento da maioria das espécies de eucalipto.

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Geralmente as operações são realizadas na seguinte ordem:− Construção de estradas e aceiros;− Desmatamento e aproveitamento da madeira;− Enleiramento ou encoivaramento;− Queima das leiras;− Desenleiramento;− Combate à formiga;− Revolvimento do solo; e− Sulcamento e/ou coveamento.

O preparo do solo para plantio do eucalipto varia basicamente de acordo com o relevo e a vegetação predominante na área a ser plantada. Em outras palavras, os principais tipos de preparo do solo são realizados para terrenos planos ou inclinados e para áreas “sujas” ou “limpas” no que diz respeito à vegetação existente.

Em áreas de relevo plano e com mata fechada ou abundância de árvores e arbustos, deve-se primeiramente realizar a retirada dessas plantas (trator, correntão etc.), seguida pela destoca e pela grade aradora. Em alguns casos, as plantas podem ser facilmente derrubadas e incorporadas ao solo simplesmente por meio de grade aradora. Após esse processo, cava-se os sulcos na área com o auxílio de um subsolador, de acordo com o espaçamento pré-estabelecido. É importante salientar que não se deve fazer os sulcos simplesmente por meio de sulcador, visto que o mesmo não é capaz de atingir uma profundidade satisfatória para o bom desenvolvimento das mudas de eucalipto. Quando o relevo é plano, mas não existe uma grande concentração de árvores e arbustos, a gradagem pode ser feita somente em faixas de aproximadamente dois metros de largura acompanhando os sulcos (R&S, 2003).

Nos locais onde não existem plantas de grande porte (pastagens, terras para cultivo de grãos etc.), a passagem da grade aradora pode ser dispensada. Entretanto deve ser feito o controle químico das plantas daninhas por meio de herbicidas (a dosagem varia para cada caso). Após o controle químico, a área deve ser subsolada (R&S, 2003).

Quando o terreno for muito inclinado, deve-se evitar ao máximo a retirada da cobertura vegetal existente para prevenir o surgimento de erosões. Desta forma, a alternativa viável para o reflorestamento de eucalipto é o plantio em covas. Quando a área ainda permitir o trabalho de máquinas agrícolas, as covas podem ser feitas por meio de broca perfuratriz acoplada à tomada de força do trator. Esta cova não deve ter dimensões

inferiores a 30 x 30 x 30 cm. Caso não seja possível a abertura mecânica das covas, estas podem ser feitas manualmente, com o auxílio de cavadores (R&S, 2003).

2.1.1. Construção de Estradas e AceirosA construção das vias de acesso deve

considerar a distância máxima do arraste ou transporte da madeira no interior da floresta, que por razões técnicas e econômicas não devem ultrapassar os 150 m. Assim, os talhões devem ser dimensionados com no máximo 300 m de largura, com comprimento variando de 500 a l.000 m (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

A definição do tamanho do talhão é importante também para a proteção da floresta em caso de incêndio. Por exemplo, em áreas com alta declividade, a distância de arraste não deve exceder a 50 m (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

Os aceiros separam os talhões e servem de ligação às estradas principais, para o escoamento da produção da floresta. Estes podem ser internos (com largura de quatro a cinco metros) ou de divisa (com largura de 15 m). Além disso, recomenda-se que a cada quatro ou cinco talhões estabeleçam-se aceiros internos de 10 m de largura (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

É desejável que os aceiros possuam leitos transitáveis equivalente a aproximadamente 60% de sua largura. De modo geral, a área total ocupada por aceiros deve ser de 5% da área útil, quando consideradas áreas com topografia plana ou suavemente ondulada (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

O maior comprimento dos talhões deve estar no sentido N-S, sempre ligados a uma estrada de escoamento L-O de 15 m com leito carroçável cascalhado de pelo menos seis metros. A ilustração a respeito da construção de estradas e aceiros encontra-se na Figura 1.

Nas áreas planas ou levemente onduladas a porcentagem de vias de acesso não deve exceder 5% do total, ou seja, um quilômetro para cada 15 a 20 ha. Já nas áreas inclinadas, esta porcentagem será maior, devido à extração manual e com animais, onde a distância de arraste não deve ultrapassar 40 a 50 m.

Antes de se iniciar a construção de uma estrada florestal, o padrão desta deverá ser previamente estabelecido. Dentre os fatores que influenciam na determinação do padrão de uma estrada florestal, pode-se citar o custo de manutenção, o custo do transporte, o volume de madeira a ser transportado, a densidade de tráfego, entre outros.

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Figura 01. Construção de Estradas e Aceiros

Fonte: Daniel (2006).

A classificação da rede viária é importante para que possa ser realizada a análise econômica das mesmas. Esta classificação varia muito de acordo com a empresa. No Brasil, as empresas classificam as estradas em: principal ou primária, secundária, terciária e caminhos de máquinas, trilhas ou ramais de extração, conforme apresentado na Figura 2 (CECHIN, 2009).

Figura 02. Esquema Básico de uma Rede de Estradas Florestais

Fonte: Cechin (2009).

Onde: A = estrada de acesso; EP = estrada principal; EP’ = estrada principal + ramificação da estrada principal; ES = estrada secundária; b = distância entre estradas secundárias e; → sentido do arraste.

Estrada Principal ou PrimáriaA estrada principal é a estrada que serve

como corredor de transporte, por meio do qual irá passar a maior parte da madeira extraída da área em referência. A estrada principal é utilizada como estrada mestra, ou seja, estrada que tem por

objetivo dar acesso a todos os talhões do povoamento. Este tipo de estrada deve possuir um bom padrão de construção, a fim de permitir o tráfego de veículos durante o ano todo. Possui boa capacidade de sustentação, revestimento do leito carroçável e bom sistema de drenagem (CECHIN, 2009).

Segundo MACHADO (1989), a estrada principal deve ter um greide máximo de 8% no sentido favorável ou adverso, aceitando-se até 10% a uma distância máxima de 150 metros e sua largura deve ser superior a seis metros. Geralmente possui uma única pista, os raios de curvatura e as inclinações não são muito acentuados e com faixas de insolação em ambos os lados da estrada.

Estrada SecundáriaÉ a estrada responsável pela divisão da

floresta em áreas de colheita e pela conexão dos pátios de estocagem na floresta com as estradas florestais. Esta é considerada uma ramificação da estrada principal e é por onde passará uma quantidade menor de madeira. Por isso, tem padrão de construção compatível com seu uso, por ser uma estrada de menor custo (CECHIN, 2009). Quase sempre não possuem revestimento do leito carroçável. Porém, possuem boa capacidade de sustentação e drenagem e faixa de insolação nos pontos necessários. As inclinações e os raios de curvatura não são muito acentuados.

As estradas secundárias são planejadas com o objetivo de proporcionar acesso aos talhões e devem possuir um padrão de construção mais simples e somente são usadas em condições climáticas favoráveis e em determinadas épocas do ano (uso sazonal). Segundo MACHADO (1989), o greide máximo permitido é de 12% no sentido favorável ou adverso, aceitando-se até 15% no

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sentido favorável a uma distância máxima de 150 metros. Geralmente possui alargamentos e largura variando entre 3,5 e 4,8 metros.

Estrada TerciáriaA estrada terciária é encontrada somente nas

áreas de produção. Não possui nenhum revestimento e por apresentarem uma qualidade inferior, normalmente este tipo de estrada é de uso sazonal. Muitas vezes é confundida com caminhos de máquinas. A diferença básica é que na estrada terciária existe movimentação de terra (retirada de solo), enquanto nos caminhos de máquinas não há (CECHIN, 2009).

Caminhos, Trilhas ou Ramais de ExtraçãoSão vias de acesso, responsáveis pela

ligação da área de corte e os pátios de estocagem da madeira. No local, somente são retiradas as árvores e realizado o rebaixamento dos tocos para que as máquinas possam realizar as manobras necessárias nas atividades de corte e extração da madeira, dentro do povoamento florestal (CECHIN, 2009).

Estas vias servem de acesso para as máquinas ao interior do talhão e servem somente para a retirada da madeira de um determinado ponto. Normalmente os caminhos de máquinas são utilizados para a colheita de madeira em florestas nativas, enquanto que as trilhas ou ramais são utilizados na colheita em florestas plantadas. A pista de rolamento é a própria superfície do terreno, a drenagem é deficiente, não há revestimento da pista e não possuem faixa de insolação.

MACHADO (1989) afirma que o greide máximo favorável é de 18% e o adverso 12%.

Estas estradas não possuem nenhum preparo de solo e praticamente não tem rede de drenagem. A largura da estrada varia de três a quatro metros, de acordo com a largura da máquina.

2.1.2. Limpeza do Terreno A limpeza do terreno para plantio

corresponde às operações de derrubada da vegetação, remoção e enleiramento dos resíduos da exploração. Na limpeza do terreno recomenda-se retirar apenas o material aproveitável, como por exemplo, a lenha, utilizada para energia ou carvão, madeira para serraria, mourões, sendo que o restante do material, considerado como resíduo da exploração, deve permanecer no campo como uma importante reserva de nutrientes (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

Dependendo da densidade da vegetação a ser retirada e da topografia do local (deve-se observar os aspectos legais), pode-se utilizar equipamentos e/ou máquinas pesadas. Dentre eles podemos citar o correntão, a lâmina KG e a lâmina “bulldozer” (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

Correntão É utilizado em áreas com vegetação mais

fraca (diâmetro inferior a 45 cm), sem pedras ou depressões, de declividade suave e densidade inferior a 2.500 árvores por hectare. Com uma corrente pesada, puxada por dois tratores de esteiras, passa-se sobre a área, cortando o declive em faixas de 25 a 50 m, e novamente em arrepio, para facilitar o trabalho de enleiramento (Figura 3). Em áreas leves de cerrado, dois tratores de pneus com proteções nas rodas e pesos, podem realizar um bom trabalho com correntes não muito longas (DANIEL, 2006).

Figura 03. Esquema de Derrubada com Correntão

Fonte: (Daniel) 2006.

A corrente deve ter um comprimento total de 90 a 150 m, levando-se em conta que o seu tamanho deve ser de duas a três vezes a distância

entre as máquinas. O seu peso deve variar de 50 a 120 kg m-1. Deve ter de 30 em 30 m e no engate das máquinas, destorcedores para evitar rupturas.

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Devido à necessidade de grandes distâncias para que esse trabalho torne-se econômico, recomenda-se que seja feito em áreas com pelo menos 400 ha, onde seu rendimento atinge dois a quatro ha.h-1 (DANIEL, 2006).

Lâmina KGPara a vegetação mais pesada, a lâmina KG

faz o corte das árvores a baixa altura (DANIEL, 2006). Depois faz-se o arrancamento dos tocos com o "stumper" e o enleiramento, que consiste em amontoar ou empilhar as árvores derrubadas em leiras, camadas contínuas (Figura 4).

Figura 04. Trator de Esteira Equipado com Lâmina KG

Fonte: (Daniel) 2006.

Lâmina “Bulldozer”Empresas florestais e agrícolas com menos

recursos, utilizam esse tipo de lâmina para desmatamento, acoplada ao trator de esteiras (Figura 5) ou de pneus. No entanto ela é preparada para terraplanagem, o que ocasiona o acúmulo de material orgânico e parte do solo para as leiras (DANIEL, 2006).

Figura 05. Trator de Esteira Equipado com Lâmina “Bulldozer”

Fonte: Daniel (2006).

Se houver na área a ser desmatada madeira

para serraria, esta deve ser retirada antes da derrubada. O restante da madeira deve ser aproveitada para lenha, de modo a diminuir os custos de preparo de área, e para não desperdiçar material (DANIEL, 2006).

Após a derrubada e secagem do material, faz-se o enleiramento a distâncias de 40 a 120 m dependendo da quantidade de resíduos a ser empurrada. Procede-se à queima das leiras, ajuntamento e encoivara até eliminação completa dos restos. A encoivara consiste no empilhamento dos troncos, galhos e ramagens não queimados durnate a primeira queima, para submetê-los a uma segunda queima a fim de limpar completamente o terreno.

Algumas empresas fazem a queima antes do enleiramento, mas não é aconselhável, devido ao desperdício de matéria orgânica, que se não for queimada, pode ser incorporada na gradagem (DANIEL, 2006).

Para a operação de enleiramento deve-se dar preferência ao uso do ancinho enleirador (Figura 6) que não leva a camada superficial do solo para as leiras. A terra nas leiras pode facilitar o aparecimento de formigas e dificultar a queima.

Figura 06. Ancinho Usado na Operação de Enleiramento

Fonte: Daniel (2006).

2.1.3. Combate à Formiga A formiga é a praga que causa os maiores

prejuízos ao empreendimento florestal, podendo destruir plantios inteiros. O eucalipto, por exemplo, morre após o terceiro desfolhamento (DANIEL, 2006).

O primeiro combate deve ser feito antes do revolvimento do solo, para facilitar a localização dos olheiros. Existem dois gêneros de importância, a Acromyrmex e a Atta.

Acromyrmex spp.O formigueiro da chamada "quenquém"

(Figura 7), pode ser de difícil ou fácil localização, dependendo da espécie. Em algumas, o formigueiro tem uma construção de pequenos

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ramos secos. O controle químico é feito com isca ou qualquer inseticida ou formicida em pó. Para o caso das formigas com ninhos superficiais, estes devem ser revolvidos e o veneno aplicado sobre as panelas. O controle cultural consiste de aração e/ou gradagem do solo. Trezentos formigueiros por ha podem levar à perda de 60% de cepas de eucalipto em brotação (PACHECO, 1991).

Figura 07. Formiga (Acromyrmex spp.)

Fonte: Peirano (2009).

Atta spp.Chamadas "saúvas" (Figura 8). Para o

controle químico com iscas deve-se observar a espécie, cálculo da área do formigueiro, produto e época de aplicação.

Figura 08. Formiga do Gênero (Atta spp.)

Fonte: Peirano (2009).

FormicidasOs formicidas disponíveis no mercado são

sob a forma de pó seco, de iscas granuladas e de líquidos termonebuláveis.

As iscas granuladas são as mais utilizadas na área florestal devido a fácil aplicação, baixo custo, alto rendimento em áreas limpas e menor perigo aos aplicadores. Os dois princípios ativos usados para a produção de iscas encontrados no comércio são sulfluramida e fipronil. Estes princípios ativos participam com 0,3 a 0,5% da isca, sendo que o restante é composto de material que funciona como atrativo para as formigas (SIXEL e GOMEZ, 2008).

A dosagem da isca granulada depende do tamanho do formigueiro. Uma regra prática é aplicar aproximadamente seis gramas de isca por metro quadrado da superfície de terra solta (maior largura x maior comprimento). A isca é aplicada com dosadores próximo aos olheiros ou dos caminhos formados (10 a 15 cm de distância, ao lado do carreiro). Exemplo: 10 metros de comprimento x cinco metros de largura = 50m² de área de formigueiro x seis gramas de isca = 300 g para cada oito olheiros = 38 g por olheiro (Figura 9) (CAF, 2008).

Figura 09. Dosagem da Isca Granulada

Fonte: CAF (2009).

2.1.4. Preparo do Solo para o PlantioO solo das áreas destinadas ao plantio de

florestas deve receber cuidados especiais, visto que dele dependerá, em grande parte, o resultado econômico da atividade. O principal objetivo do preparo do solo é oferecer condições adequadas ao plantio e estabelecimento das mudas no campo (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

Como condições adequadas podem-se considerar a redução da competição por ervas daninhas, melhoria das condições físicas do solo (ausência de compactação) e a presença de resíduos da exploração (folhas e galhos devidamente trabalhados para não prejudicarem as operações que demandam uso de máquinas). Os resíduos são importantes na manutenção da matéria orgânica no solo e, conseqüentemente, para a ciclagem e disponibilização de nutrientes às plantas (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

O preparo do solo florestal é feito uma vez em cada rotação. Portanto, deve reduzir ao máximo a competição com ervas daninhas e melhorar a capacidade de retenção de umidade e propriedades físicas. Algumas culturas são mais exigentes no preparo do solo, como é o caso dos eucaliptos, justificando-se do ponto de vista técnico e econômico.

No preparo do solo recomenda-se a realização da subsolagem, uma aração profunda, com profundidade variando de 30 a 60 cm, dependendo do tipo de solo, em solos argilosos, a profundidade deverá ser maior (Figura 10).

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Figura 10. Subsolagem no Preparo do Solo

Fonte: Forest Brazil (2009).

Para subsolagem utiliza-se o espaçamento de três metros entre as linhas de plantio e essa distância é recomendada para possibilitar o trânsito de tratores na floresta plantada. Na linha de plantio o espaçamento entre as plantas pode variar de um a três metros (Forest Brazil, 2009).

A pesquisa e mapeamento dos solos da área deve ser feito, para que se faça um bom preparo de solo, visto que em alguns casos a camada de solo fértil é muito pequena, e uma gradagem profunda pode trazer subsolo infértil para a superfície (DANIEL, 2006).

Nos terrenos de inclinação média, ao invés do revolvimento total, usa-se passar enxada rotativa numa faixa de 70 cm de largura por 15 cm de profundidade onde serão as linhas de plantio. Para fortes inclinações, usa-se a abertura manual de covas com dimensões de 30 x 30 cm (DANIEL, 2006).

Um equipamento que vem sendo difundido é a grade "bedding". Possui seis discos de 32" por 1,27 cm de espessura, pesando até 3.047 kg com lastro, proporcionando uma largura de corte de 2,13 m, própria para atividades florestais (DANIEL, 2006). Na sua passagem, forma um camaleão, pois seus discos são voltados para dentro (figura 11). É tracionada por tratores de 140 HP, de esteiras ou pneus tração 4 x 4.

Figura 11. Grade Bedding Usada no Preparo do Solo

Fonte: Daniel (2006).

A grade "bedding" faz de uma só passada, o revolvimento, o camaleão, o alinhamento do plantio, e dependendo da adaptação, faz também a adubação. Vem sendo utilizada freqüentemente na reforma de povoamentos, onde o centro da grade passa sobre os tocos, sufocando-os com o camaleão, evitando o rebrotamento (DANIEL, 2006).

Cultivo Mínimo do SoloO cultivo mínimo do solo consiste em

revolvê-lo o mínimo necessário, mantendo os resíduos vegetais (da cultura e de plantas invasoras) sobre o solo como cobertura morta. Para plantações florestais, prevê a realização de um preparo localizado apenas na linha ou na cova de plantio. Devido ao amplo espaçamento de plantio, geralmente, de três metros entre as linhas de plantio, o volume de solo revolvido é bem menor do que aquele realizado para culturas anuais (SIXEL & GOMEZ, 2008).

Os implementos mais usados em áreas manejadas no sistema de cultivo mínimo são o subsolador (profundidade de trabalho superior a 30 cm), o escarificador (profundidade de trabalho até 30 cm), o coveador mecânico e implementos manuais que são utilizados em áreas muito declivosas (forte ondulada e montanhosa) (Figura 12) (GONÇALVES et al., 2002).

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Figura 12. Implemento Usado em Áreas de Cultivo Mínimo

Fonte: Sixel e Gomes (2008).

2.2. SISTEMA DE PLANTIO

2.2.1. EspaçamentoO espaçamento adotado para o plantio

influencia o crescimento da floresta, a qualidade da madeira produzida, a idade de corte, os desbastes, as práticas de manejo e, conseqüentemente, os custos de produção. O espaçamento, ou densidade de plantio, é provavelmente uma das principais técnicas de manejo que visa à qualidade e a produtividade da matéria-prima (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

Este deve ser definido em função dos objetivos do plantio, considerando-se que a influência do espaçamento é mais expressiva no crescimento em diâmetro do que em altura. O planejamento da densidade de plantio também deve visar à obtenção do máximo de retorno por área (DANIEL, 2006).

Se, por um lado, a densidade for muito baixa, as árvores não aproveitarão todos os recursos, tais como água, nutrientes e luz disponíveis e, por conseqüência, haverá menor produção por unidade de área. Por outro lado, se a densidade de plantio for muito elevada, tais recursos não serão suficientes para atender a demanda do povoamento, o que também repercutirá no decréscimo de volume e na própria qualidade das árvores (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

O espaçamento menor faz com que a competição ocorra mais cedo, acelerando o ciclo de corte e os desbastes. O passar da idade aumenta o número de árvores dominadas, o que é intensificado nos espaçamentos mais apertados, prejudicando o volume final (DANIEL, 2006).

Normalmente os plantios são executados com espaçamentos variando entre 3 x 2 m (6 m² por árvore) e 3 x 3 m (9 m² por árvore), os quais favorecem os tratos culturais mecânicos (Figura 13). Visando a produção de madeira para

laminação, serraria e fina para papel e celulose, geralmente são utilizados os espaçamentos de 3,0 x 2,5 (1.333 árvores/ha) ou 3,0 x 2,0 (1.666 árvores/ha). Em locais com déficit hídrico os espaçamentos tendem a ser maiores (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

Porém, uma floresta pode ser manejada com adensamento inicial maior, acompanhada pela realização de desbastes no decorrer do crescimento, proporcionando um volume maior de madeira por área.

Figura 13. Espaçamento Usado no Plantio de Eucalipto

Fonte: Embrapa Floresta (2003).

Empresas integradas destinam a madeira dos primeiros desbastes para energia ou celulose, e as árvores remanescentes do povoamento, com porte mais expressivo, são utilizadas para a fabricação de serrados ou para a laminação (EMBRAPA FLORESTA, 2003).− Espaçamentos maiores, com baixa

densidade, visam a produção em volume individual, possuem menor custo de implantação, porém exigem maior número de tratos culturais, geram maior conicidade de fuste, e demandam desbastes tardios (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

− Espaçamentos menores, com alta densidade, visam maior produção em volume por hectare, acarretam um rápido fechamento do dossel, demandam um menor número de tratos culturais, geram uma menor conicidade do fuste, e exigem desbastes precoces (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

Quanto à forma dos espaçamentos, os quadrados ou retangulares são os mais indicados e praticados, podendo ser bastante apertados para produção de madeira para fins energéticos, ou mais amplos, quando se deseja matéria-prima para fins de fabricação de papel e celulose ou madeira serrada e lâminas de madeira (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

Para demarcar o espaçamento, o primeiro 8

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passo é fazer a demarcação de uma linha mestra no sentido da declividade do terreno, fixando balizas de três metros de comprimento, devidamente alinhadas. Em seguida, a partir da linha mestra, faz-se a demarcação das demais linhas, respeitando uma distância de três metros entre elas. Use um enxadão com cabo de 2,5 metros para demarcar o espaçamento entre covas (Figura 14) (CAF, 2008).

Figura 14. Demarcação de Espaçamento

Fonte: CAF (2009).

2.2.2. AdubaçãoA adubação é uma prática que visa suprir as

demandas nutricionais das plantas, na busca por maior produção. No Brasil, as maiores limitações nutricionais têm sido observadas quanto ao elemento P (fósforo). Contudo, o aumento do número de rotações, leva à demanda por outros nutrientes (BARROS et al., 2000). No caso do eucalipto, entre 70-80% da exigência nutricional das árvores, ocorrem na fase inicial de desenvolvimento da cultura (SANTANA et al., 1999), sendo, portanto, a fase inicial, o período indicado para a aplicação dos fertilizantes.

Para o plantio de áreas florestais, a adubação é realizada em momentos distintos durante a produção da floresta, dividida em três ou quatro aplicações – até os 24 meses de plantio (GONÇALVES, 2006). Após este período, ocorre o fechamento das copas, iniciando a ciclagem de nutrientes. Porém, as dosagens mudam de acordo com seu desenvolvimento.

Na fase inicial são comumente aplicadas maiores dosagens de P. Somente a partir da segunda aplicação, aumenta-se a dosagem de N (nitrogênio) e K (potássio). No programa de fertilização aqui estabelecido, todo o processo é compreendido pelas seguintes etapas:− Calagem: fornecimento de Ca (cálcio) e Mg

(magnésio);− Adubação de base: fornecimento de P, N, K, B

(boro); e− Adubação de cobertura: fornecimento de N, K,

B e Zn (zinco).Antes de qualquer tomada de decisão é

recomendado que se faça uma análise do solo para

avaliar a necessidade de calagem e a adubação mais adequada.

CalagemCalagem é uma etapa do preparo do solo

para cultivo florestal na qual se aplica calcário com o objetivo de elevar os teores de cálcio e magnésio (GONÇALVES, 2005). Para sua aplicação é indicado que seja feita com antecedência ao plantio (aproximadamente dois meses) e realizada a lanço na superfície do solo (Figura 15).

Figura 15. Calagem Durante o Preparo do Solo

Fonte: Gonçalves (2005).

Efeitos da calagem:− Físicos: a granulação das parículas promove

melhoria da estrutura do solo, bem como de sua porosidade, permeabilidade e capacidade de aeração;

− Químicos: correção da acidez do solo e aumento da disponibilidade de alguns nutrientes principalmente o Ca e o Mg; e

− Biológicos: estímulo ao desenvolvimento da vida microbiana.

Adubação de BaseA regra é colocar o adubo o mais perto

possível da muda. O adubo pode ser aplicado na cova ou no sulco de plantio. No primeiro caso o adubo deve ser colocado no fundo da cova antes do plantio, bem misturado com a terra para evitar danos à raiz das mudas No segundo caso o adubo é distribuído no fundo do sulco de plantio, aberto pelo sulcador, ou outro implemento agrícola (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

Portanto, pode ser realizada junto com a subsolagem sendo o adubo aplicado em filetes, ou em covetas laterais no plantio (Figura 16). Tais covetas devem ficar de cinco a 10 cm de distância da muda, sendo o adubo colocado em uma ou duas covetas por planta.

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Figura 16. Adubação em Covetas Laterais

Fonte: Sixel e Gomes (2008).

Adubação de CoberturaEmbora não seja uma prática comum, a

adubação de cobertura é indicada, pois ela complementa a adubação de plantio. No caso de não se fazer a adubação de cobertura, a quantidade recomendada para plantio e cobertura devem ser aplicadas no ato do plantio (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

A adubação de cobertura pode ser parcelada entre duas a quatro aplicações e realizada de maneira manual com aplicação do adubo na projeção da copa, no período de três a 24 meses após o plantio (Figura 17). Realiza-se ainda de maneira mecanizada em um filete contínuo. Nos dois tipos de aplicações, deve-se iniciar a partir de um diâmetro de copa superior a 40 cm (GONÇALVES, 2007)

Figura 17. Adubação de Cobertura

Fonte: Griff Florestal (2009).

2.2.3. Coveamento e SulcamentoO sulcamento é utilizado em solos livres de

tocos, raízes e pedras, e de topografia pouco acidentada. Após o revolvimento do solo, abrem-se

sulcos de 20 a 25 cm de profundidade, acompanhando o nível do terreno (DANIEL, 2006).

O coveamento é utilizado em solos de topografia acidentada, com pedras ou tocos, que possam dificultar o trabalho de máquinas. É operação comum em áreas de reforma e onde se usa a grade "bedding" (DANIEL, 2006). As covas têm as dimensões suficientes para o tamanho das mudas (Figura 18).

Em terrenos inclinados, deve-se fazer o sulcamento em nível, para facilitar o coveamento. Os sulcos devem ser feitos com as linhas afastadas, de acordo com o espaçamento escolhido. As covas devem ser abertas sobre os sulcos, a cada dois metros. As covas devem ser abertas, de preferência, no mesmo dia do plantio, tendo aproximadamente 20 cm de diâmetro e 20 a 30 cm de profundidade (EBOLI, 1999).

Figura 18. Ferramentas Utilizadas no Coveamento

Fonte: Icoferme (2009).

2.2.4. Prevenção a CupinsOs cupins atacam o colo das plantas,

iniciando sua atividade logo após o plantio. Portanto, antes de serem levadas ao local de plantio as mudas devem ser selecionadas, quanto a tamanho e qualidade, visando um plantio mais uniforme, devendo ser “banhadas” em uma solução com cupinicida (Figura 19) e se necessário com fertilizantes de monoamônio-fosfato – MAP (0,5 a 1%) (HIDROPLAN, 2009).

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Figura 19. Tratamento das Mudas com Cupinicida

Fonte: Hidroplan (2009).

O cupim do gênero Coptotermis spp., tem atacado em áreas de cerrado nos Estados de Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. É conhecido como cupim do cerne, e instala-se na planta quando jovem ou adulta, corroendo o cerne muitas vezes até oito metros de altura. Raramente mata as árvores. Entretanto, causa perda de volume e qualidade de madeira, e normalmente é detectado na época da exploração, quando as estimativas de quantidade de material não mais condizem à realidade (DANIEL, 2006).

2.2.5. PlantioO plantio pode ser feito de três formas:

Manual, semi-mecanizado ou mecanizado. A escolha do método depende de uma série de fatores, que estão relacionados principalmente com a disponibilidade de mão-de-obra, declividade do terreno e tipo de preparo de solo utilizado.

O plantio mecanizado é ainda pouco usado, porém está sendo adotado em grandes propriedades com bons resultados dentro do critério técnico de cada propriedade.

O semi mecanizado é o mais usado hoje pelo setor florestal, por ser de baixo custo, fácil manutenção, bom rendimento e fácil manuseio e permite o planejamento do plantio o ano todo (HIDROPLAN, 2009).

Plantio ManualProvidencia-se a marcação, e em seguida

abrem-se as covas, que serão adubadas sobre os montículos da terra retirada. A muda é colocada no buraco, livre da embalagem e recoberta com o solo misturado com o adubo (DANIEL, 2006).

Uma alternativa à abertura de covas para o plantio das mudas é o uso do “pottiputki”, uma plantadeira manual (Figura 20). Faz-se a penetração do instrumento no solo, coloca-se a muda no tubo, e com o pé pressiona-se a extremidade inferior que se abre, permitindo a

decida da muda. Uma dificuldade deste sistema é a adubação. Em função disto este instrumento é mais recomendado para situações onde não há necessidade de incorporação de fertilizantes. Em caso de necessidade, o produto podes ser depositado ao redor da cova, providenciando uma leve incorporação (DANIEL, 2006).

Figura 20. Utilização da Plantadeira Manual

Fonte: Sixel e Gomes (2008).

Plantio Semi-mecanizadoÉ realizado onde a topografia permite. As

linhas de plantio podem ser delimitadas concomitantemente ao se passar o sulcador, que deve ter as linhas de orientação demarcadas previamente. A marcação das covas pode ser feita manualmente, ou em alguns casos, através da máquina distribuidora de mudas, que possui marcas nas rodas que identificam o local (DANIEL, 2006).

A distribuidora de mudas consta de uma carreta pequena e baixa, com rodas de ferro e lugares para duas pessoas sentarem. Conforme o deslocamento, os operários soltam as mudas a cada marca das rodas (DANIEL, 2006).

Quando se usa outro tipo de marcação de covas, é comum o uso de carreta convencional, transportando as mudas com as tampas laterais abertas, e operários vão andando e colocando as mudas nos locais demarcados (DANIEL, 2006).

Há equipamentos um pouco mais sofisticados, que sulcam o terreno, aplicam fertilizante e inseticida anti-cupim, e distribuem as mudas em espaços determinados. Operários vêm atrás efetuando o plantio (Figura 21).

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Figura 21. Utilização da Plantadeira Manual

Fonte: Hidroplan (2009).

Plantio MecanizadoOs equipamentos para este tipo de plantio

raramente são utilizados no Brasil. A Figura 22 ilustra-se uma plantadeira simples que pode ser tracionada até mesmo por animais, e uma mais sofisticada, tracionada por trator. Estes implementos realizam concomitantemente as operações de abertura de cova, adubação, aplicação de inseticida e plantio (DANIEL, 2006).

Figura 22. Plantadeira Mecanizada

Fonte: Daniel (2009).

2.2.6. IrrigaçãoA aplicação de água no solo tem finalidade

de fornecer às mudas a umidade necessária ao seu desenvolvimento. A irrigação no campo pode ser realizada quando o plantio se dá em épocas secas, sendo recomendado acima de três litros de água por planta (MAGALHÃES et al., 1978). A irrigação é feita com carreta pipa tracionada por trator, munida de mangueiras, e repetida de uma a três vezes, conforme o período, para garantir a sobrevivência e bom pegamento (Figura 23).

Figura 23. Primeira Irrigação do Plantio

Fonte: Sixel e Gomes (2008).

Como a irrigação é uma prática silvicultural cara, surgiram algumas alternativas como o hidrogel, que retém a água de irrigação por maior período de tempo, disponibilizando-a de maneira gradativa para as plantas, o que resulta na diminuição da mortalidade das mudas. A aplicação mais prática do hidrogel é na cova de plantio e hidratado (SIXEL & GOMEZ, 2008).

A técnica pode ser empregada em qualquer tipo de solo, mas os resultados em terrenos arenosos aparecem mais principalmente nos período mais secos, ou em regiões com problemas com o abastecimento de água. O uso do gel se faz essencial, sobretudo diante da possibilidade de cobrança pelo uso da água, pois a economia desse bem chega até 60% (PEREIRA, 2009).

Com o gel, a muda de eucalipto fica úmida no período mais crítico do desenvolvimento da planta, eliminando a exigência de irrigação imediata. Dependendo da condição do solo, a planta pode ficar de oito a 15 dias sem irrigação. Na média, o consumo de água cai de 6,5 litros por muda para 2,6 litros. Reduzindo o nível de mortalidade das plantas, reduzindo o replantio (5-10%). Pelo método anterior, a muda plantada manualmente era irrigada com freqüência maior (PEREIRA, 2009).

A adição de hidrogéis no solo otimiza a disponibilidade de água, reduz as perdas por percolação e melhora a aeração e drenagem do solo, acelerando o desenvolvimento do sistema radicular e da parte aérea das plantas (Figura 24) (GONÇALVES, 2003).

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Figura 24. Funcionamento do Hidrogel

Fonte: Pereira (2009).

Sem irrigação, o plantio só pode ser feito durante a estação chuvosa. No entanto, algumas empresas estão plantando o ano todo, utilizando três litros de água por cova, o que possibilita a continuidade da contratação de mão-de-obra e aumento da área plantada anualmente (DANIEL, 2006).

2.2.7. ReplantioO replantio é feito de 15 a 30 dias após o

plantio, se a sobrevivência for inferior a 90%. Em eucalipto, a experiência tem demonstrado que o replantio após 15 dias é improdutivo, visto que estas plantas não conseguem mais acompanhar as do plantio, tornando-se na maioria, dominadas (DANIEL, 2006).

Se a causa da mortalidade for praga, deve-se procurar controlá-la antes do replantio. Se for doença, deve-se fazer o replantio um pouco mais distante da cova afetada.

Os mesmos tratos culturais para o plantio, devem ser seguidos também para o replantio. O período estipulado para o replantio não deve ser ultrapassado, pois caso ocorra, as mudas transplantadas possivelmente serão sombreadas, prejudicando seu desenvolvimento.

2.3. TRATOS CULTURAISAlgumas espécies, como os eucaliptos, são

sensíveis em sua fase inicial, às plantas daninhas, necessitando de tratos culturais até o estabelecimento da cultura que varia com a espécie, região, condições de solo, espaçamento e tratos oferecidos às plantas. Os tratos culturais são essenciais para se evitar o atraso no crescimento inicial por competição, já que deve-se aproveitar o rápido crescimento em altura nessa fase. A união de um bom preparo do solo, fertilização, seleção e padronização de mudas, uso de espécies e

procedências adequadas, concorrerão para a diminuição dos tratos culturais, em face à rápida formação do povoamento (DANIEL, 2006).

A mato-competição, ocasionada por ervas daninhas, é um dos fatores limitantes ao estabelecimento de plantios no Brasil, afetando o desenvolvimento das culturas florestais através da competição por água, luz e nutrientes. A escolha do melhor sistema de controle às plantas invasoras dependerá do tamanho da área, da cultura, época de plantio, orçamento disponível, rendimentos operacionais e taxa de colonização, entre outros (SIXEL & GOMEZ, 2008).

Geralmente, no primeiro ano de plantio, são necessárias três capinas. No segundo, duas roçadas, e no terceiro ano, uma roçada. Para eucaliptos, devem ser efetuadas até que a árvore atinja três metros de altura; que pode ser alcançada em 12 meses. Quando as árvores atingirem altura média de quatro metros, pode-se substituir os tratos culturais por pastoreio (bezerros, cabras e ovelhas) e, a partir do terceiro ano, animais adultos, como bois, podem ser utilizados.

Segundo Toledo (2003), o período de maior incidência de mato-competição em plantações de eucalipto ocorre até o sétimo mês após o plantio. É nesse período, portanto, que se deve ter mais cuidados no controle das plantas invasoras.

2.3.1. CoroamentoO coroamento, normalmente acontece

quando a muda está com aproximadamente 45-60 dias de plantada (Figura 25). Este é um método manual, que utiliza apenas a enxada como equipamento. É feito logo após o plantio, ao redor da muda, um coroamento com uma área com raio de aproximadamente 50 cm. Esta operação consiste em retirar todo e qualquer mato-competição que estiver próximo a muda (AMBIENTE BRASIL, 2009).

Figura 25. Coroamento Manual

Fonte: Araucária Consultoria (2009).

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2.3.2. CapinaDurante a capina raspa-se a parte superficial

do solo (plantas rasteiras são eliminadas). O número de capinas varia de acordo com a taxa de crescimento das árvores, do nível de infestação de ervas, do espaçamento e do sistema de preparo de solo. Para o pinus, em geral usa-se duas capinas no primeiro e segundo anos, e uma capina no terceiro e quarto anos, enquanto no eucalipto, que fecha rapidamente as copas, faz-se duas a três capinas apenas (DANIEL, 2006). A capina pode ser química, manual ou mecânica.

Capina QuímicaA capina química é efetuada através de

produtos químicos chamados herbicidas. Este método de controle é muito utilizado em plantações de eucalipto, em razão de seus resultados serem rápidos, eficientes e prolongados (SITIO VR, 2009). A capina química permite o controle das plantas daninhas antes da sua emergência ou depois da sua emergência com menor possibilidade de reinfestação, com conseqüente redução de tratos culturais. No entanto, esse método apresenta a desvantagem da necessidade de mão de obra especializada e responsável, além de adequada orientação técnica. (Figura 26).

Figura 26. Capina Química

Fonte: Papai (2009).

Capina ManualA capina manual é realizada através da

enxada e normalmente é realizada apenas na linha de plantio devido ao baixo rendimento da operação (SITIO VR, 2009) (Figura 27).

Figura 27. Capina Manual

Fonte: Papai (2009).

Capina MecânicaA capina mecânica é realizada através da

roçadora acoplada ao trator ou através de motoroçadora (Figura 28), apresentando uma maior produtividade em relação a capina manual. Entretanto, apesar deste método ser mais prático e apresentar um alto rendimento, o mesmo apresenta certos inconvenientes, como, um curto período de controle, obrigando a repetir a operação diversas vezes, pois é eliminada apenas a parte aérea da planta competidora. Ainda no caso da roçadora acoplada ao trator, a capina é realizada apenas na entrelinha, necessitando de uma nova operação para o controle na linha de plantio (SITIO VR, 2009).

Figura 28. Capina Mecânica

Fonte: Localix (2010).

2.3.3. RoçadaRoçadas: corta-se a vegetação mais alta. Gradeação: faz-se entre as linhas de plantio;

é uma limpeza superficial.

2.3.4. Aplicação de HerbicidaO controle das ervas daninhas é

normalmente executado com utilização de herbicidas, podendo ser de pré ou pós-emergência. Os de pós-emergência mais usados são à base de gliphosate e os de pré são os conhecidos como oxifluorfen.

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Para este tipo de controle recomenda-se a aplicação em três fases:1. Aplicação de herbicida pós-emergente em área

total antes do plantio;2. aplicação de herbicida pré-emergente nas

linhas de plantio; e3. aplicação de herbicida pós-emergente após o

plantio;

Aplicação de Herbicida Pós-emergente em Área Total antes do Plantio

A aplicação de herbicida antes do plantio para o preparo da área pode ser feito aproximadamente 15 - 25 dias antes do plantio. Para esta aplicação, o herbicida glyphosate é o mais usado em plantios comerciais, pois este possui um efetivo controle sobre grande número de espécies invasoras (SANTOS et al., 2006).

Na aplicação em área total são utilizadas barras de aspersão que cobrem grande superfície (Figura 29).

Figura 29. Barras de Asperção

Fonte: Sixel e Gomes (2008).

Aplicação de Herbicida Pré-emergente nas Linhas de Plantio

Os herbicidas pré-emergentes são produtos usados para controlar o banco de sementes das plantas daninhas depositadas sobre o solo. Sua aplicação é realizada logo após o plantio das mudas, numa faixa de aproximadamente um metro na linha de plantio, pois este não possui ação sobre as mudas (Figuras 30 e 31).

Os herbicidas pré-emergentes mais utilizados no meio florestal são o isoxaflutole e o oxyfluorfen (HIDROPLAN, 2009).

Figura 30. Aplicação de Herbicida Pré-emergente em Pós-plantio

Fonte: Hidroplan (2009).

Figura 31. Efeitos da Aplicação de Herbicida Pré-emergente

Fonte: Hidroplan (2009).

Aplicação de Herbicida Pós-emergente após o Plantio

A aplicação de pós-emergente após o plantio deverá ser efetuado até o período de ocorrência da mato competição. Nesta fase o herbicida pós-emergente pode ser aplicado nas entrelinhas de plantio (aplicação mecânica), ou nas linhas de plantio (manual) (Figura 32). Tomando-se cuidados para não ocorrer deriva às mudas. O número de aplicações depende da intensidade de infestação, sendo normalmente realizado uma ou duas aplicações (SIXEL & GOMEZ, 2008).

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Figura 32. Efeitos da Aplicação de Herbicida em Pós-plantio

Fonte: Hidroplan (2009).

2.4. TRATOS SILVICULTURAISVisam uma melhoria das condições de

crescimento de indivíduos isolados ou alterações das condições ambientais em povoamentos para melhorar a estabilidade biológica.

Segundo o Ambiente Brasil (2009), são funções dos tratos silviculturais: − Proteção: evitar o ataque de insetos e danos

físicos e proteção a temperaturas extremas;− Seleção: eliminar fenótipos desfavoráveis;

selecionam-se as melhores árvores em crescimento e desenvolvimento;

− Educação: controla o ambiente com intervenções rigorosas e criteriosas: retirada de galhos, controle de densidade; e

− Acessórias: melhoria visual do povoamento, melhoria do sítio.

Figura 33. Principais Tipos de Poda em Ambientes Urbanos

Elaborado por STCP

2.4.1. Poda ou DesramaA poda é uma questão muito importante,

que da forma como é realizada, proporcionará um maior ou menor desenvolvimento da planta. Dependendo do local onde a árvore a ser podada se insere, os objetivos da poda podem variar. Em um ambiente urbano, as árvores presentes nas calçadas oferecem diversas vantagens. Elas fornecem proteção a ventos, reduzem os índices de poluição sonora, absorvem os raios solares proporcionando ambientes mais frescos e sombreados, além de formar habitat para determinados pássaros e outros micro-organismos.

Observa-se, no entanto, que em muitas cidades a poda da arborização urbana vem sendo realizada de forma incorreta. Diversas podas levam a uma "descaracterização" das árvores, devido a retirada excessiva de biomassa das suas copas. A Figura 33 exemplifica as principais modalidades de podas presentes nas cidades. A presente Figura revela que, quanto mais intensa a poda, maior a retirada de biomassa, provocando o excessivo aquecimento do ambiente, desestabilizando a árvore contra fortes ventos, além de diminuir os níveis de biodiversidade, entre outros fatores.

Em um plantio florestal de ordem comercial, a poda visa melhorar a qualidade da madeira pela obtenção de toras desprovidas de nós.

O controle do crescimento dos galhos, bem como sua eliminação, é uma prática aplicada às principais espécies de madeira. Os nós de galhos vivos causam menores prejuízos que os deixados por galhos mortos. Estes constituem sérios defeitos na madeira serrada (AMBIENTE BRASIL, 2009).

Ocasionalmente, as árvores também são podadas para prevenir a ocorrência de incêndios florestais e para favorecer acesso aos

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povoamentos, durante as operações de desbastes, inventário e combate à formiga.

A primeira desrama deve ser realizada aos três ou quatro anos, não retirando mais que 40% dos ramos, até uma altura de três metros. Aos sete ou oito anos, efetua-se a segunda desrama até uma altura de seis metros (SITIO VR, 2009).

A desrama é feita manualmente, com auxílio de serras de poda curvas fixadas em cabos de madeira de 1,5 m, 4,5 m de comprimento para as desramas de três e seis metros, respectivamente (SITIO VR, 2009).

Convém ajustar a operação de desrama com a de desbaste, desramando apenas as árvores que ficaram remanescentes e propiciar um amplo espaço de crescimento para as árvores em que tenha sido realizada a desrama (SITIO VR, 2009).

São dois os tipos de desrama:− Desrama natural: é bastante eficiente em

floresta de eucalipto, sendo que nenhuma medida especial deve ser tomada a fim de promovê-la. O processo mais simples consiste em desenvolver e manter um estoque inicial denso, o que, além de manter os galhos inferiores pequenos, causa-lhes também a morte (AMBIENTE BRASIL, 2009).

− Desrama artificial: o objetivo mais tradicional desta prática é a produção de madeira limpa ou isenta de nós em rotação mais curta que a exigida com desrama natural (Figura 34). A desrama artificial pode ser feita também para prevenir os nós soltos, produzindo desta forma madeira com nós firmes. Este esforço pode não oferecer recompensas muito valiosas, porém envolve um período de espera menor (AMBIENTE BRASIL, 2009).

Figura 34. Procedimento de Poda

Fonte: Souza (2009).

2.4.2. DesbasteOs desbastes são cortes parciais realizados

em povoamentos imaturos, com o objetivo de estimular o crescimento das árvores remanescentes e aumentar a produção da madeira utilizável. Nesta operação, removem-se as árvores excedentes, para que se possa concentrar o potencial produtivo do povoamento num número limitado de árvores selecionadas (AMBIENTE BRASIL, 2009).

Para determinar a intervenção, é preciso conhecer-se o incremento médio anual e corrente da floresta. Quando o incremento do ano passar a

ser menor que o médio até a idade correspondente a ultima medição, tendendo, portanto a baixar a média geral da produção da floresta, este seria o ano para a sua intervenção. Esta análise é possível mediante a realização de inventários contínuos (AMBIENTE BRASIL, 2009).

Nos desbastes, as vantagens em conseqüência da competição devem ser, pelo menos em parte, preservadas. Assim, num programa de desbaste, para rotações relativamente longas, o número de árvores deve ser reduzido gradativamente, porém a uma taxa

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substancialmente mais rápida do que seria em condições naturais (AMBIENTE BRASIL, 2009).

A seleção das árvores a serem desbastadas é caracterizada da seguinte forma:− Posição relativa e condições de copa

(dominantes)− Estado de sanidade e vigor das árvores− Características de forma e qualidade do tronco

O principal efeito favorável do desbaste é estimular o crescimento em diâmetro das árvores remanescentes. A variação no diâmetro das árvores induzidas pelos desbastes é muito ampla. Desbastes leves podem não causar efeito algum sobre o crescimento, embora seja possível, em razão dos desbastes pesados, conseguirem uma produção constituída de árvores com o dobro do diâmetro que, durante o mesmo tempo, elas teriam sem desbastes (AMBIENTE BRASIL, 2009).

Os desbastes também tendem a desacelerar a desrama natural e a estimular o crescimento dos galhos. A única vantagem disso é que os galhos permanecem vivos por mais tempo e, desse modo, reduz-se o número de nós soltos na madeira.

Desbaste sistemáticoO desbaste sistemático é aplicado em

povoamentos altamente uniformes, onde as árvores ainda não se diferenciaram em classes de copas. Aplicam-se em povoamentos jovens não desbastados anteriormente. É mais simples e mais barato. Permite mecanizar a retirada das árvores (Figura 35) (AMBIENTE BRASIL, 2009).

Figura 35. Desbaste Sistemático

Fonte: Sitio VR (2009).

Desbaste seletivoO desbaste seletivo implica na escolha de

indivíduos segundo algumas características,

previamente estabelecidas, variadas de acordo com o propósito a que se destina a produção. As árvores removidas são sempre as inferiores, dominadas ou defeituosas. Este método é mais complicado, porém permite melhor resultado na produção e na qualidade da madeira grossa (Figura 36) (AMBIENTE BRASIL, 2009).

Figura 36. Desbaste Seletivo

Fonte: Sitio VR (2009).

3. COLHEITA FLORESTALA condução dos talhões de eucalipto

geralmente é realizada para corte aos sete, 14, e 21 anos. São três ciclos de corte para uma mesma muda original. De acordo com a região e o tipo de solo, o ciclo de corte poderá ser menor (a cada cinco ou seis anos). Tudo está ligado ao objetivo da plantação de eucalipto (lenha, carvão, celulose, mourões, poste, madeira de construção ou serraria).

Quando o povoamento de eucalipto de um talhão atinge a idade para o primeiro corte, deve-se efetuar a limpeza do local. A eliminação do mato ralo e da capoeira existentes na área do eucalipto facilita os trabalhos de corte e retirada de madeira. Depois da limpeza da área, mas antes de se efetuar o corte das árvores, deve-se proceder uma vistoria para controle das formigas, pois estas são muito danosas e impedem a rebrota das cepas de eucalipto (AMBIENTE BRASIL, 2009).

3.1. PLANEJAMENTO DA COLHEITAUm dos principais objetivos do

planejamento da colheita florestal é a otimização de recursos financeiros, humanos e de tempo, o que implica diretamente na viabilidade econômica do manejo floresta.

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A colheita florestal é uma das atividades do manejo que causa grande impacto à floresta. Com o criterioso planejamento da extração impacto causado nela tende a diminuir, contribuindo assim para a conservação e manutenção do ecossistema (BIAZATTI, 2007).

O planejamento envolve atividades tais como: transporte da madeira, construção de alojamentos, construção de pátios de estocagem, seleção de árvores para a colheita, aplicação de técnicas para derrubada de árvores, definição de equipes de trabalho, uso de equipamentos de proteção individual – EPI, entre outras (BIAZATTI, 2007).

Deve-se, portanto, planejar o período mais apropriado, o dimensionamento da equipe, os equipamentos e insumos necessários e a logística de transporte (BIAZATTI, 2007).− É importante planejar o período mais

apropriado para executar a atividade de colheita florestal e de transporte. A estação chuvosa e de seca influência e, muita das vezes, imita a período do ano para estas atividades.

− A escolha e a definição da equipe que fará parte da atividade de colheita florestal influência diretamente no processo de produção, rendimento, tempo de permanência em campo, alimentação, custos para produção, logística de transporte, gerenciamento das atividades, entre outros.

− Também deve-se prever quais os equipamentos serão necessários para a atividade, assim como sua quantidade e forma que serão adquiridos (comprado ou alugado), que tipo de manutenção devem receber, avaliar a depreciação pelo uso, entre outros.

− Os insumos são todos os materiais ou produtos que serão consumidos durante a atividade como, por exemplo: gasolina, óleo diesel, alimentação, etc. Estes insumos, assim como sua quantidade, devem estar previstos antes do início da colheita.

− Para o transporte da madeira, devem ser considerados os tipos de veículos, capacidade de carga, trajeto e duração da viagem, insumos, pessoas envolvidas, entre outros. Deve sempre planejar o transporte de acordo com o produto a ser transportado e o período do ano em que ocorrerá principalmente se for ocorrer por via fluvial, devido ao período de enchente e da baixa dos rios.

3.2. SISTEMAS DE COLHEITANa colheita de madeira, o sistema é definido

como toda a cadeia de produção, todas as atividades parciais desde a derrubada até o

transporte para o pátio da indústria consumidora.Desta forma, existem basicamente quatro

sistemas de colheita no que se refere à matéria prima.

3.2.1. Sistema de Toras LongasNo local do corte faz-se o desgalhamento e

o destopo da árvore. É um sistema desenvolvido para terrenos acidentados. Este sistema pode ser considerado um dos mais baratos quando mecanizado, com alta eficiência mecânica dos equipamentos quando comparado ao sistema de toras curtas e com o menor custo por tonelada de madeira posta no pátio. Atualmente, este sistema é utilizado pelas maiores empresas do sul do Brasil (AMBIENTE BRASIL, 2009).

3.2.2. Sistema de Toras CurtasNeste sistema todos os trabalhos

complementares ao corte (desgalhamento, destopo, toragem e descascamento quando necessários) são realizados no próprio local onde a árvore foi derrubada. As toras produzidas são de um a seis metros dependendo do uso do índice de mecanização empregado. Entre as vantagens deste sistema, estão a facilidade do deslocamento a pequenas distâncias e a baixa agressão ao meio ambiente principalmente em relação aos solos (AMBIENTE BRASIL, 2009).

3.2.3. Sistema de Árvores InteirasA utilização deste sistema implica na

remoção da árvore inteira para fora do talhão, como operação subseqüente ao corte. No caso de uma futura utilização da biomassa para energia ou processo, o sistema poderá ser muito utilizado, devido à concentração dos restos das árvores em um determinado local (AMBIENTE BRASIL, 2009).

3.2.4. Sistema de Árvores CompletasRetira-se a árvore completa inclusive com as

raízes. Somente nos casos em que as raízes sejam de valor comercial interessante, como exemplo: tocos e raízes com alta concentração de resina ou consideradas medicinais (AMBIENTE BRASI,, 2009).

3.3. CORTEIncluem-se na fase de corte as operações de

derrubada, desgalhamento, traçamento e preparo da madeira para arraste e empilhamento. Os principais equipamentos utilizados são:− Motosserra (Fig. 37): pode realizar as

atividades de abate, destopa, desgalhamento e traçamento, possui desvantagens ergonômicas, de segurança e possui baixa produtividade individual;

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Figura 37. Corte de Árvore com Motosserra

Fonte: LETCF (2010).

− Trator derrubador-empilhador (Fig. 38): “feller- buncher”. Corta e empilha as árvores em forma de feixes no talhão, através da utilização de um braço acumulador, sem realizar qualquer outro processo, tendo por isso, um maior rendimento em termos de árvores/hora comparado ao “harvester”.

Figura 38. Corte e acúmulo de árvores com o Feller-buncher

Fonte: Papai (2009).

− Tratores derrubadores com cabeçotes processadores “harvesters” (Fig. 39): além do abate ele desgalha, destopa e faz o traçamento da madeira, podendo em alguns casos também descascar a árvore (PAPAI, 2009).

Figura 39. Corte de Árvores com o Harvester

Fonte: Papai (2009).

3.4. EXTRAÇÃOAs operações de extração podem ser feitas

por arraste, baldeação ou de forma suspensa. Deve haver condições topográficas favoráveis e a utilização do transporte direto, em que o próprio caminhão do transporte principal entra floresta adentro.

Em terrenos pouco acidentados, um caminhão 4 x 4 do tipo “forwader” (Figura 40), ou até tratores agrícolas com carretas, atendem bem esta etapa da extração.

Figura 40. Extração de Árvores abatidas da Área de Plantio com o Forwarder

Fonte: Reparoservice (2010).

A extração pode ser dividida em extração mecanizada (com a utilização de tratores) e não-mecanizada (com a utilização de animais como bois, da própria gravidade, ou ainda utilizando-se rios).

Os meios de extração mais utilizados no Brasil são: manual, animal, guincho (Figura 41), teleférico, trator agrícola modificado “mini-skidder” (Figura 42), trator florestal arrastador “skidder” (Figura 43), trator agrícola com carreta e auto-carregável convencional “forwarder”.

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Figura 41. Árvore cortada arrastada da Área de Plantio através de Guincho acoplado a Trator

Fonte: Manejo Florestal (2010).

Figura 42. Arraste das Toras com o Mini-skidder

Fonte: : LETCF (2010).

Figura 43. Skidder utilizado para o Arraste de Toras

Fonte: Beaver (2010).

3.5. DESGALHAMENTO E TRAÇAMENTOOcorre o desgalhameto e a retirada dos

galhos remanescentes ao corte da árvore, o traçamento e a redução da fuste em toras menores. As maneiras mais comuns de desgalhamento são: manual com machado e motosserra, grade desgalhadora e motosserra, cabeçote de harvester, e desgalhador e traçador mecânico.

3.6. DESCASCAMENTOTem-se por descascamento o ato da retirada

da casca da árvore. Para se obter energia da casca, foram intensificados os descascamentos nas fábricas. O trabalho manual de descascamento tende a desaparecer, pois o trabalho é pesado e de baixo rendimento; além disso, o mercado oferece bons descascadores mecânicos. Sendo:

•Descascador mecânico portátil do tipo anelar, para descascamento no local do corte (Figura 44).

Figura 44. Descascador de Anel.

Fonte: Apostila de celulose (2010).

•Descascador mecânico de tambor rotativo (Figura 45), que é um equipamento de instalação mais onerosa, porém de manutenção mais simples, destinado a operar principalmente no interior das indústrias.

Figura 45. Descascador de Tambor.

Fonte: Apostila de celulose (2010).

3.7. CARREGAMENTOO carregamento está ligado ao transporte

primário ou principal. O transporte primário é feito no local do corte no interior do talhão até à beira

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da estrada e o transporte principal é aquele que ocorre da beira da estrada até o pátio da indústria

Podemos citar os seguintes sistemas de carregamento:

•Carregamento manual;•gruas hidráulicas adaptadas a tratores

agrícolas;•carregadores frontais com máquinas a base

de rodas;•escavadeiras com garras ;•carregamento do veículo na área pré-

determinada ou em pátios, para transporte em longa distância; e

•carregamento direto na área de corte para veículo que faz o transporte a longa distância.

4. SISTEMAS AGROFLORESTAISO sistemas agroflorestal é uma forma de

ocupação do solo no qual se combinam árvores e ou arbustos com cultivos agrícolas e/ou criação de animais, de forma simultânea ou em seqüência temporal em uma mesma área. Tais sistemas apresentam como principais vantagens as seguintes:− Melhor aproveitamento do solo.− Incorporação natural de nutrientes ao sistema.− Proporciona benefícios econômicos e

ecológicos ao produtor e à sua área.− O componente arbóreo possibilita alternativas

de renda a longo prazo através da utilização da madeira, lenha ou produtos não-madeireiros como frutos, resinas, óleos, entre outros.

− O consórcio entre dois ou mais componentes em uma mesma área, promove um efetivo controle das ervas daninhas e pragas na área, devido à maior diversidade presente no local. Isso reduz o nível de insumos químicos aplicados ao sistema.

A principal desvantagem de sistemas agroflorestais (SAFs) consiste em uma maior dificuldade de manejo das espécies, por se tratar de mais de um componente. Em determinados casos, a maior diversidade em espécies pode acarretar um aumento dos custos.

4.1. DEFINIÇÃO DE SAF’SO conceito de sistemas agroflorestais não é

novo. Novo é o termo para designar um conjunto de práticas e sistemas de uso da terra já tradicionais em regiões tropicais e subtropicais (PENEREIRO et al., 2006).

Os sistemas agroflorestais são modalidades de utilização da terra que combinam árvores, arbustos e palmeiras nos cultivos agrícolas e nas pastagens. Um determinado consórcio pode ser assim chamado de “agroflorestal” na condição de

ter, entre as espécies componentes do consórcio, pelo menos uma espécie perene e lenhosa.

Nair (1993) define sistemas agroflorestais como sistemas de plantio onde várias espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas, tanto nativas como introduzidas, são combinadas gerando estruturas multi-estratificadas. Entretanto, é importante entender as particularidades de manejo que diferenciam verdadeiros “sistemas” de práticas ou consórcios de espécies, além de diferenciar sistemas estáticos de sistemas regenerativos que utilizam estratégias de estrutura e sucessão análogas às da vegetação nativa.

Em síntese, se a perspectiva é agroecológica, os sistemas agroflorestais preferenciais são os que produzem arranjos seqüenciais de espécies ou de consórcios de espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas, através dos quais se busca, ao longo do tempo, reproduzir a dinâmica sucessional da vegetação original, sua estrutura e funcionalidade, visando atender demandas humanas de modo sustentável ao longo do tempo (MICHON, 1998).

4.2. CLASSIFICAÇÃO DOS SAF’SNuma classificação de amplo uso

internacional, os sistemas agroflorestais são classificados de forma bastante genérica, em: sistema agrossilvicultural, silvipastoril e agrossilvipastoril (DUBOIS, 2008).

4.2.1. Sistema AgrossilviculturalOs sistemas agrossilviculturais são

caracterizados pela combinação de árvores, arbustos ou palmeiras e cultivos agrícolas. Como exemplo pode ser citado o cultivo do café associado ao ingá e ao louro-pardo (Figura 46). (DUBOIS, 2008).

Figura 46. Consórcio Café-Inga-Louro Pardo

Fonte: Dubois (2008).

4.2.2. Sistema SilvipastorilSistema silvipastoril é a combinação de

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árvores, arbustos ou palmeiras com plantas forrageiras herbáceas e animais (Figura 47) (DUBOIS, 2008).

Figura 47. Sistema Silvipastoril

Fonte: INCAPER (2010).

4.2.3. Sistema AgrossilvipastorilSistemas agrossilvipastoris são

caracterizados pela associação de culturas agrícolas, animais e espécies perenes lenhosas. Um outro exemplo nesta categoria são os quintais agroflorestais que envolvem a combinação de árvores, arbustos ou palmeiras à espécies ornamentais, medicinais, agrícolas, entre outras, a animais Figura 48) (DUBOIS, 2008).

Figura 48. Quintal Florestal com Criação de Galinhas

Fonte: Dubois (2008).

No Brasil, muitos profissionais e usuários de SAFs utilizam o termo “sistema agrossilvipastoril” para designar os SAFs no seu conjunto. Isso é errado. A palavra utilizada para designar as diversas alternativas de uso agroflorestal da terra, no seu conjunto, são “sistemas agroflorestais”. “Agrossilvicultura” designa técnicas empregadas na formação e manejo do SAFs, da mesma forma que “silvicultura” documenta os métodos naturais ou artificiais de formar, manejar e regenerar florestas nativas ou florestas plantadas (DUBOIS, 2008).

Quanto à distribuição dos componentes de SAFs na escala do tempo, distinguem-se duas

categorias principais:− SAFs concomitantes: todos os componentes

encontram-se consorciados o tempo todo (por exemplo: o consórcio “café – ingá – louro-pardo”); e

− SAFs seqüenciais como é o caso da seqüência “lavoura branca, capoeira e lavoura branca” (Figura 49).

Figura 49. SAF Sequencial (Roça – Capoeira)

Fonte: Dubois (2008).

Existem outras classificações. Uma delas distingue três categorias de base: − Sistemas agroflorestais tradicionais (por

exemplo: o sistema cabruca – cultivo do cacau sob a sobra da floresta nativa; o sistema faxinal – sistema tradicional do Centro-Sul que tem como traço marcante o uso coletivo da terra para produção animal e a conservação ambiental.; os bananais sombreados dos caiçaras, etc.), estes produtos são destinados para consumo próprio e para comercialização;

− sistemas agroflorestais comerciais (cafezais comerciais sombreados, cultivo comercial sombreado da erva-mate; etc.); e

− sistemas agroflorestais intermediários satisfazem tanto objetivos comerciais quanto de subsistência.

No Brasil, em publicações de cunho mais científico, encontramos outras categorias propostas. Entre elas, convém mencionar as duas categorias seguintes (VIVAN, 2006), devido ao seu valor quanto a modelos de manejo e níveis de biodiversidade interna dos consórcios agroflorestais:− Consórcios agroflorestais estáticos: são

aqueles onde o manejo e outras intervenções realizadas pelo agricultor praticamente não modifica a composição nem a estrutura do consórcio agroflorestal. O cultivo de cacau no sistema cabruca é um exemplo típico. O consórcio “café/ ingá/ louro-pardo” quando mantido sem modificações dinâmicas e sem podas periódicas dos ingazeiros, é outro exemplo de SAF estático: as únicas intervenções são a colheita do café e as capinas (DUBOIS, 2008).

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− Consórcios agroflorestais dinâmicos: consórcios manejados com podas periódicas planejadas afetando os estratos dominante e co-dominante de consórcios multi-estratificados, manutenção e modificações da composição das plantas de cobertura e das espécies perenes comerciais ou adubadoras. Um exemplo poderia ser um cafezal sombreado onde os ingás e outras espécies adubadoras são submetidas a podas drásticas ou “rebaixamentos”. Quando um SAF dinâmico apresenta um alto nível de biodiversidade envolvendo espécies florestais nativas ele se aproxima do conceito de “sistema agroflorestal regenerativo” ou “SAF regenerativo análogo” (DUBOIS, 2008).

4.3. DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES QUE COMPÕEM O SAFA distribuição espacial das espécies que

compõem o SAF são classificadas em: espacial misturada, espacial uniforme, espacial mista, espacial em faixas e espacial em mosaico (DUBOIS, 2008).

4.3.1. Distribuição Espacial MisturadaAs espécies são distribuídas mais ou menos

ao acaso (por exemplo: espécies arbóreas oriundas de regeneração natural) ou adaptadas a variações ecológicas (condições físicas e orgânicas do solo, graus de sombreamento, etc.): algumas espécies requerem terra mais rica em matéria orgânica; outras são menos exigentes; algumas produzem mais em solos profundos com boa drenagem natural; outras se desenvolvem bem mesmo em solos de pouca profundidade (Figura 50) (DUBOIS, 2008).

Figura 50. Distribuição Espacial Misturada

Fonte: Dubois (2008).

4.3.2. Distribuição Espacial UniformeNa distribuição espacial uniforme, a

distribuição de todas as espécies obedece a um padrão predeterminado com espaçamentos “constantes” predefinidos para cada espécie (exceto a cobertura viva espontânea ou

introduzida) (Figura 51) (DUBOIS, 2008).

Figura 51. Distribuição Espacial Uniforme

Fonte: Dubois (2008).

4.3.3. Distribuição Espacial MistaA distribuição espacial mista combina a

distribuição mista com a uniforme; seria o caso de um SAF de café no qual os cafeeiros são distribuídos de forma uniforme enquanto que espécies florestais nativas de regeneração natural apresentam uma distribuição espacial irregular (Figura 52).

Figura 52. Distribuição Espacial Mista

Fonte: Dubois (2008).

4.3.4. Distribuição Espacial em FaixasNa distribuição espacial em faixas a área

ocupada pelo SAF está ocupada por faixas com cultivos de ciclo curto ou cultivos de baixo porte separadas por faixas de espécies de porte mais alto (espécies florestais altas; fruteiras perenes de porte bastante alto) (Figura 53) (DUBOIS, 2008).

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Figura 53. Distribuição Espacial em Faixas

Fonte: Dubois (2008).

4.3.5. Distribuição Espacial em MosaicoNa distribuição espacial em “mosaico” a

área ocupada pelo SAF fica subdividida em unidades de forma e extensão variáveis. Algumas unidades são menos sombreadas que outras. As unidades levemente sombreadas são reservadas para cultivos comerciais que requerem bastante luz (café, mamoeiro, pimenta do reino, cítricos, etc.) enquanto que, nas em outras "unidades" do mosaico, nitidamente mais sombreadas, haveria maior densidade de espécies perenes comerciais de ciclo mais longo (madeiras com forte demanda no mercado; fruteiras longevas, espécies perenes melíferas, etc.). Esta distribuição espacial conduziria à formação de "florestas-pomar" biodiversificadas, gerando uma grande variedade de produtos comerciais e uma maior segurança econômica para o agricultor, face às flutuações de preços no mercado (Figura 54) (DUBOIS, 2008).

Figura 54. Distribuição Espacial em Mosaico

Fonte: Dubois (2008).

4.4. ARQUITETURA E ESTRUTURA DO SAFA estrutura vertical do SAF corresponde à

existência de um ou vários estratos também chamados de “camadas” ou “andares” e a densidade das espécies principais que compõe o

consórcio agroflorestal (DUBOIS, 2008).Um sistema agrossilvicultural simples

apresenta em geral três estratos: o estrato dominante formado, por exemplo, pelo louro-pardo, o estrato intermediário formado pelos cafeeiros e o estrato de cobertura; neste caso se entrar mais uma espécie, ou seja, um ingá de pequeno porte teremos quatro estratos: o superior (dossel) formado pelo louro-pardo, o intermediário superior de ingás, o intermediário dominado dos cafeeiros e o estrato de cobertura viva. O estrato de cobertura viva pode ser de diversas espécies herbáceas ou espécies introduzidas para formar uma cobertura viva “eficiente” (por ex. feijão-de-porco; amendoim forrageiro; etc.). Em quintais agroflorestais e ainda mais no caso de florestas-pomar podem co-existir até cinco estratos ou mais (DUBOIS, 2008).

Na conformação do SAF, principalmente durante os primeiros anos de sua implantação e manejo, é importante considerar a “densidade” dos plantios iniciais. Um SAF “muito aberto” pode ser invadido por plantas herbáceas e arbustivas nocivas. Dali, a importância de empregar “espécies de serviço” (= espécies adubadoras; espécies de cobertura) para impedir a entrada de plantas invasoras não desejadas. Na medida em que o SAF se desenvolver, as espécies adubadoras serão submetidas a podas e/ou rebaixamento visando diminuir seus efeitos de competição e, por outro lado, acumular matéria orgânica em cobertura morta (DUBOIS, 2008).

4.5. PRÁTICAS AGROFLORESTAISAs práticas agroflorestais devem ser

diferenciadas dos sistemas agroflorestais. As práticas agroflorestais são intervenções que podem ser executadas em vários SAFs ou ainda, serem adotadas para melhorar a produtividade em sistemas agropecuários de produção (DUBOIS, 2008). Seguem alguns exemplos:− Implantação de cercas vivas e/ou mourões

vivos;− implantação de quebra-vento e/ou aceiros

arborizados;− plantio em linha de árvores de crescimento

rápido para indicar os limites de uma propriedade rural ou os limites entre suas unidades de produção;

− faixas arborizadas de proteção (modelo “box”); e

− uso de tutor vivo (substituindo a estaca ou vara enterrada no solo para amparar uma planta que requer um “apoio”);

Convém não confundir “práticas agroflorestais” e “tratos culturais”. “Práticas agroflorestais” correspondem à definição dada

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aqui acima. Os tratos culturais são intervenções realizadas no contexto do manejo de um sistema de produção, tais como: podas, desbastes, aporte de adubo, intervenções fitossanitárias, etc.

4.5.1. Cercas VivasAs cercas vivas, além de sua finalidade

imediata (materializar limites; embelezar limites), podem atuar eventualmente como abrigos para aves e lugar onde fazer seus ninhos, com efeitos benéficos sobre o controle de insetos danosos (DUBOIS, 2008). Cercas vivas adensadas podem diminuir os efeitos nocivos do vento. Espessas cercas vivas formadas com sansão-do-campo (sabiá, variedade espinhosa) impedem a passagem de animais e de pessoas (Figura 55).

Figura 55. Modelo de Cerca Viva

Fonte: Dubois (2008).

4.5.2. Mourões VivosMourões vivos são estacas grossas, bem

enraizadas no solo, que apresentam crescimento e produção de folhagem. Aos mourões pode ser acoplado um arame farpado transformando-os em uma cerca. Eles atuam ainda como provedores de sombra, matéria orgânica, nitrogênio, entre outros (AMBIENTE BRASIL, 2009). No Rio, a Embrapa Agrobiologia iniciou uma experimentação referente a mourões vivos (mourões vivos + arame farpado), empregando a gliricidia (Gliricidia sepium) e uma espécie do gênero Erythrina (DUBOIS, 2008) (Figura 56).

Figura 56. Modelo de Mourão Vivo

Fonte: Dubois (2008).

4.5.3. Tutores VivosA gliricidia é utilizada como tutor vivo,

sobre o qual outras espécies trepadeiras podem se estabelecer. Eles possuem a vantagem de reduzir os custos de implantação, fixar nitrogênio no solo e propiciar níveis de sombreamento desejado,, ocasionando melhoria na condição do solo principalmente através da redução da erosão,, menor despesa na incorporação de adubos orgânicos, diminuição no manejo das plantas não desejáveis e maior eficiência no controle biológico de pragas e doença das espécies econômicas (DUBOIS, 2008). Outra espécie que já deu bons resultados como tutor vivo é o nim (Azadirachta indica). De modo geral, os tutores vivos devem ser periodicamente podados, para controlar o sombreamento por eles gerados (Figura 57).

Figura 57. Modelo de Tutores Vivos

Fonte: Dubois (2008).

4.5.4. Quebra VentoO vento é uma importante variável

envolvida na produtividade das culturas em geral, seja pelo fato de aumentar as perdas de água por evaporação e transpiração dos cultivos comerciais, ou pelo fato de disseminar vetores de doenças (DUBOIS, 2008).

Os quebra-ventos são alinhados perpendicularmente aos ventos dominantes da região e não podem formar uma barreira muito fechada ou muito densa. Um bom quebra-vento deve ser “permeável”, ou seja, parte do vento deve poder passar entre as árvores (Figura 58).

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Figura 58. Modelo de Quebra Vento Permeável

Fonte: Dubois (2008).

O quebra-vento é formado por algumas fileiras de árvores. Do lado que recebe o vento dominante, uma primeira linha é plantada com arbustos ou árvores de porte médio. A segunda e terceira linha será ocupada com árvores mais altas. A última linha, do lado da área cultivada, é desejável o plantio de arbustos ou árvores de porte médio para haver interferência nas culturas, principalmente quando estas são de ciclo curto e de porte baixo.

As espécies utilizadas devem ser espécies perenifólias (com folhagem persistente o ano todo), eventualmente misturas com umas poucas árvores semidecíduas. Para manter um grau adequado de “permeabilidade” do quebra-vento, é necessário podar periodicamente as árvores das segundas e terceiras linhas, eliminando os ramos na parte inferior dos fustes (DUBOIS, 2008).

4.5.5. Aceiros ArborizadosOs aceiros arborizados (aceiros verdes)

servem para proteger as culturas ou pastagens contra os riscos de destruição pelo fogo. Devemos plantar exclusivamente árvores ou arbustos sempre verdes (espécies perenifólias), utilizando espaçamentos iniciais densos possibilitando um rápido fechamento da cobertura formada pelas copas das árvores plantadas. Infelizmente, no Brasil, formar aceiros arborizados é prática muito raramente utilizada. O uso de aceiros “limpos” (faixas de chão limpo) é praticado com maior freqüência (DUBOIS, 2008).

4.5.6. Limites ArborizadosEste tipo de plantio é raramente encontrado

nas propriedades rurais. Deveria ser promovido, principalmente em propriedades pequenas, sem espaço suficiente para SAFs. Quando se trata de sensibilizar os agricultores, convém promover o plantio de espécies de grande utilidade em curto prazo e adaptadas às condições locais de clima e solo. Os agricultores e pecuaristas dão preferência a espécies de crescimento rápido com boa capacidade de rebrota (eucaliptos; grevilea) (DUBOIS, 2008).

Plantios com essas características contribuem para a renda familiar ou para a diversificação da alimentação. No caso de árvores madeireiras comerciais com capacidade de rebrota, a madeira obtida no corte serve na propriedade ou é vendida. Por outro lado, esses plantios valorizam as paisagens rurais, atraem aves nativas e podem funcionar como fonte de mel (Figura 59).

Figura 59. Modelo de Limite Arborizado

Fonte: Dubois (2008).

5. PRAGAS FLORESTAISApós sua introdução, o eucalipto foi se

adaptando as diferentes regiões do Brasil. Porém, sua proximidade taxonômica com diversas espécies brasileiras favoreceu a adaptação de muitos insetos. Os extensos plantios homogêneos e contínuos distribuídos por todo o Brasil forneceram grande quantidade de alimentos a estes insetos. A disponibilidade de alimento e a baixa diversidade interferiram no equilíbrio ecológico destes insetos, possibilitando seu aumento populacional descontrolado, tornando-os pragas (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

A ocorrência de pragas em eucalipto no Brasil foi registrada logo depois de sua introdução. Já em 1949 foi observada a ocorrência de Sarcina violascens atacando Eucalyptus tereticornis no Rio de Janeiro. Nas décadas de 1970 e 1980, vários autores observaram lagartas desfolhadoras em eucalipto em São Paulo (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

5.1. FORMIGAS CORTADEIRASAs formigas cortadeiras, conhecidas desde o

século XVI e, já relatadas pelo Jesuíta José de Anchieta em 1560, são consideradas até hoje como o principal problema relacionado ao ataque de insetos aos plantios florestais brasileiros. No Brasil estes insetos são chamados de saúvas ou quenquéns. A primeira pertence ao gênero Atta com 10 espécies e três subespécies, e a segunda ao gênero Acromyrmex, com 20 espécies e nove

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subespécies, e, menos importantes, os gêneros Sericomyrmex (nove espécies), Trachymyrmex (12 espécies) e Mycocepurus (três espécies) (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

Há estudos indicando que cerca de 75% dos custos e tempo gastos no manejo integrado de pragas em florestas plantadas, ou 30% dos gastos totais até o terceiro ciclo eram destinados ao manejo integrado de formigas. O desfolhamento causado por formigas pode reduzir a produção de madeira no ano seguinte em um terço e, se isto ocorrer no primeiro ano de plantio, a perda total do ciclo pode chegar a 13% da colheita. Em ecossistemas tropicais as formigas consomem em média 15% da produção florestal (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

Para o controle de formigas são utilizados principalmente produtos químicos na forma de iscas. No entanto o manejo adequado dos plantios juntamente com o monitoramento é fundamental para o sucesso deste controle (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

5.1.1. Formigas SaúvasSaúvas são formigas cortadeiras do gênero

Atta. Diferem-se das quenquéns por serem maiores e possuírem apenas três pares de espinhos no dorso do tórax. Ocorrem somente nas Américas, sendo sua dispersão do sul dos EUA até a Argentina. Seus ninhos são denominados sauveiros e são facilmente reconhecidos pelo monte de terra solta na superfície (Figura 60) (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

Figura 60. Vista Externa do Formigueiro de Saúva

Fonte: Rural Net (2006).

5.1.2. Formigas QuenquénsSão formigas cortadeiras, principalmente do

gênero Acromyrmex. Os formigueiros deste gênero são pequenos e geralmente de poucos compartimentos (Figura 61). As operárias variam muito de tamanho, mas geralmente são bem menores que as saúvas (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

A ocorrência destas formigas vai desde a Califórnia (EUA) até a Patagônia (Argentina), encontrando-se espécies deste gênero na América Central, Cuba, Trinidad e América do Sul, exceto no Chile As únicas espécies que não são da Região Neotropical são Acromyrmex versicolor versicolor e a Acromyrmex versicolor chisosensis (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

Comumente encontram-se variações individuais na proporção dos espinhos do tronco e da cabeça em espécimes pertencentes à mesma colônia. A caracterização taxonômica realizada com base na proporção forma dos espinhos do tronco, o tipo de esculturação tegumentar e disposição dos tubérculos no gáster são sinais facilmente visualizados nas operárias máximas (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

O gênero conta atualmente com 63 espécies nominais. Dessas, 20 espécies e nove subespécies foram constatadas no Brasil. No Estado de São Paulo, dados sobre a atualização da distribuição geográfica do gênero apontam 11 espécies e seis subespécies (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

Figura 61. Vista Externa do Formigueiro de Quenquém

Fonte: Rural Net (2006).

5.2. CUPINSOs cupins ou térmitas são insetos

mastigadores da ordem Isoptera, que contêm cerca de 2.750 espécies descritas no mundo. São de importância econômica por serem pragas e têm atraído a atenção de cientistas devido ao seu curioso sistema social dividido em castas. Além dos danos econômicos que provocam nos meios urbanos e rurais possuem um importante papel no solo de regiões tropicais, atuando na decomposição e ciclagem de nutrientes (ZANETTI, 2010).

No Brasil, de acordo com Zanetti (2010), os cupins são representados pelas seguintes quatro famílias:− Kalotermitidae: são cupins primitivos,

alimentam-se de madeira seca e não constroem 28

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ninhos (Fig. 62).− Rhinotermitidae: alimentam-se de madeira

morta e plantas vivas, construindo seus ninhos em ambientes subterrâneos (Fig. 63).

− Termitidae: forma a principal família de cupins. Constroem diversos tipos de ninhos e apresentam hábitos alimentares variados, alimentando-se de húmus, madeira, folhas, entre outros (Fig. 64).

− Serritermitidae: icluía até pouco tempo apenas uma espécie, encontrada no cerrado brasileiro. Mas ultimamente uma nova espécie encontrada na região amazônica também passou a fazer parte da família em questão.

Figura 62. Cupins da Família Kalotermitidae

Fonte: Anic (2010).

Figura 63. Cupins da Família Rhinotermitidae

Fonte: Myrmecos (2010).

Figura 64. Cupins da Família Termitidae

Fonte: Myrmecos (2010).

Os cupins de importância na área florestal são de acordo com Zanetti (2010), os seguintes:− Cupins subterrâneos: constroem ninhos subterrâneos e difusos, provocando danos às raízes, colo e caule. A planta perde poder germinativo, influenciando negativamente seu desenvolvimento. Podem ainda atacar o cerne da planta, ocasionando perda do material lenhoso. As principais espécies são: Heterotermes tenuis e Heterotermes longiceps. Os cupins do gênero Heterotermes estão representados na Fig. 65.Dentro deste mesmo grupo, encontram-se ainda os cupins da espécie Syntermes spp. (Fig. 66), responsáveis pelo forrageamento das folhas e roletamento do caule na altura do coleto, prejudicando o crescimento da planta. − Cupins de montículo (Fig. 67): constroem ninhos em montículos de 50 a 100 cm de altura. A presença de tais cupins nos plantios florestais dificulta os tratos culturais e o manejo. Tais cupins constituem um risco maior na fase de implantação do pla ntio, quando as mudas ainda são jovens. Após o estabelecimento da cultura, estes cupins não causam mais danos às plantas. As principais espécies deste grupo são: Cornitermes cumulans e Cornitermes bequaerti.− Cupins de cerne: formam ninhos subterrâneos que estão interligados com a madeira. Atacam árvores vivas, instalando suas colônias no interior do cerne da planta cultivada. A instalação destes cupins na árvore provoca perda direta de material lenhoso influindo ainda, na perda da resistência da árvore a fortes ventos. A principal espécie que forma este grupo é Coptoterme testaceus (Fig. 68).

Figura 65. Cupins do Gênero Heterotermes

Fonte: ABS (2010).

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Figura 66. Cupins do Gênero Syntermes

Fonte: UNEP (2010).

Figura 67. Cupim do Gênero Cornitermes

Fonte: Sacarose online (2010).

Figura 68. Cupim do Gênero Coptoterme

Fonte: Wikipedia (2010).

Toda as colônias de cupins possuem uma raínha responsável pela perpetuação da colônia. Ela vive em média de seis a 10 anos e ovoposita em média 50 mil ovos durante este período. Os jovens possuem vários estágios de desenolvimento e em relação aos adultos, estão sempre presentes duas categorias, formadas por castas bem distintas. A primeira compreende os machos e fêmeas alados responsáveis pela propagação da espécie. A segunda é composta por indivíduos ápteros compostos por machoe e fêmeas férteis ou estéreis.

Esta categoria divide-se em duas castas a dos operários e dos soldados. Tanto os soldados quanto os operários realizam todas as funções dentro da colônia com exceção da de reprodução. Os operários buscam o alimento, enquanto que os soldados são responsáveis pela defesa da colônia (ZANETTI, 2010).

5.3. LAGARTASNa linguagem vulgar, chama-se lagarta ao

primeiro estado larvar dos insetos com metamorfoses completas, quando terrestres. Têm o aspecto de vermes, por vezes segmentados e com os rudimentos dos três pares de patas característicos dos adultos. O estado seguinte chama-se “pupa” e geralmente forma-se dentro dum casulo (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

Geralmente as lagartas alimentam-se vorazmente e podem atingir tamanhos de mais de 10 cm, embora o inseto adulto raramente chegue a essas dimensões. Algumas alimentam-se de folhas de plantas e podem constituir uma praga nas culturas e jardins. Outras desenvolvem-se dentro de frutos em maturação a mãe coloca os ovos dentro do ovário da flor e a larva alimenta-se do pericarpo ou mesmo da semente (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

As lagartas consideradas pragas do eucalipto no Brasil podem ser classificadas em desfolhadoras (Figura 69) e broqueadoras (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

Figura 69. Lagartas Desfolhadoras de Eucalipto

Fonte: Pires (2009).

5.4. BESOUROSOs besouros constituem um grupo de insetos

muito importantes para a silvicultura brasileira. Existem como pragas do eucalipto besouros desfolhadores (Fig. 70), besouros coleobrocas e besouros de raízes (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

Os besouros desfolhadores constituem um grupo de insetos muito importante para a

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silvicultura brasileira. Estes estão incluídos em diversas famílias, principalmente as Chrysomelidae, Curculionidade, Scarabaeidae e Buprestidae. Dentro deste grupo a principal espécie que apresenta importância para o setor florestal brasileiro é a Costalimaita ferruginea. (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

Ele foi introduzido na Argentina em 1926 e, 30 anos depois, foi encontrado em plantios de eucalipto no Rio Grande do Sul. Mais cerca de 30 anos e já era encontrado em São Paulo. Logo esta praga chegará aos maciços florestais de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

Figura 70. Besouros Desfolhadores de Eucalipto

Fonte: Pires (2009).

Outros insetos nativos do Brasil, como os Naupactus, também atacam plantios florestais. A família Buprestidae apresenta várias espécies de besouros que atacam as folhas novas, mas principalmente roem os ponteiros e galhos tenros de Eucalipto jovens. Suas espécias são ainda mal conhecidas pela entomologia florestal brasileira (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

A família Scarabaeidade apresenta espécies desfolhadoras vorazes em muitos tipos de essências florestais no Brasil, como o Bolax flavolineatus, por exemplo. Tanto as larvas quantos os besouros adultos são pragas de plantios de eucalipto e de várias culturas agrícolas (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

5.5. INSETOS SUGADORESDentre os insetos que sugam a seiva e

provocam danos no eucalipto, podem ser citados os psilideos, cigarrinhas, trips e pulgões. Os primeiros são compostos por insetos de origem australiana com introdução recente no Brasil (EMBRAPA FLORESTA, 2003).

5.5.1. PsilideosOs psilídeos são insetos saltadores e

sugadores, semelhantes às cigarrinhas pertencentes à ordem Homoptera e superfamília Psylloidea (Fig. 71). São conhecidas cerca de 2.500 espécies mundialmente. Apesar de seu tamanho diminuto (1-10 mm), eles são agentes bastante danosos, principalmente nos plantios comerciais de eucalipto (EMBRAPA FLORESTAS, 2004).

Os principais danos causados por estes insetos são redução e deformação de folhas novas, queda prematura de folhas maduras e secamento de ponteiros, além de surgimento de fumagina, devido à secreção açucarada produzida pelos insetos que permite a prolioferação de fungos. (IPEF, 2003). Eles costumam atacar plantios jovens de até dois anos de idade, durante períodos secos e frios (SANTANA, 2005). A Figura 72 revela um plantio comercial de eucalipto atacado e a Figura 73 mostra psilídeos se alimentando da seiva de uma planta.

Figura 71. Psilídeo

Fonte: Santana (2005).

Figura 72. Plantio de Eucalipto danificado pela Ação de Psilídeos ao Lado Direito

Fonte: Santana (2005).

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Figura 73. Ataque de Psilídeos em uma Planta de Eucalipto

Fonte: Emprapa Florestas (2004).

No Brasil, os primeiros psilídeos foram observados em 1993, em plantios no Estado de São Paulo. Desde então, eles vêm se disseminando pelo país provocando sérios danos nos plantios florestais. Em 2003, o psilídeo de concha (Glycaspis sp.) foi registrado em plantios comerciais de eucalipto. Ele possui esse nome, pelo fato de a ninfa construir uma concha na qual ela permanece durante o seu período embrionário até tornar-se adulta (Fig. 74) (IPEF, 2003).

Figura 74. Infestação do Psilídeo de Conchas

Fonte: Santana (2005).

O controle de psilídeos é atualmente feito com o auxílio de parasitóides e predadores, sendo o controle químico não idicado pelo fato de seus altos custos. Entre os principais parasitóides estão joaninhas, uma pequena vespa, além de aranhas e moscas. Recomenda-se a manutenção de faixas de floresta nativa entre os talhoes, para que os inimigos naturais possam se desenvolver e predar pragas como os psilídeos (SANTANA, 2005).

6. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃOA. Quais são os aspectos a serem considerados

durante o preparo de uma área destinada à

implantação de um plantio florestal? Explique brevemente.

B. Você foi nomeado responsável pela implantação de um plantio para o fornecimento de madeira de eucalipto para a produção de celulose. Descreva as etapas que envolvem o estabelecimento do sistema de plantio em questão.

C. Qual é a diferença entre tratos culturais e silviculturais? Exemplifique-os.

D. Quais são os sistemas de colheita existentes?E. Descreva a extração da madeira de um plantio

de forma manual e mecanizada. Exemplifique os equipamentos utilizados desde o corte até o carregamento.

F. Quais são as vantagens que os sistemas agroflorestais podem proporcionar? Como esses sistemas se classificam?

G. Quais são os gêneros de formiga de maior importância para plantios florestais de eucalipto? Em caso de infestação, como você procederia com o controle?

H. Quais são as outras pragas de plantios florestais?

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