PLANILHA ELETRÔNICA PARA QUANTIFICAÇÃO DE · 2018. 5. 29. · Biblioteca CCBS/CCECA PIZA Setor...

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Londrina - Paraná 2017 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM EXERCÍCIO FÍSICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE KAMILA GRANDOLFI PLANILHA ELETRÔNICA PARA QUANTIFICAÇÃO DE CARGA DIÁRIA DE TREINAMENTO AERÓBIO GUIADA PELA VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA.

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  • Londrina - Paraná 2017

    PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM EXERCÍCIO FÍSICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE

    KAMILA GRANDOLFI

    PLANILHA ELETRÔNICA PARA QUANTIFICAÇÃO DE CARGA DIÁRIA DE TREINAMENTO AERÓBIO GUIADA

    PELA VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA.

  • KAMILA GRANDOLFI

    Cidade ano

    AUTOR

    Londrina - Paraná

    2017

    PLANILHA ELETRÔNICA PARA QUANTIFICAÇÃO DE CARGA DIÁRIA DE TREINAMENTO AERÓBIO GUIADA PELA VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA.

    Relatório Técnico apresentado à UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Orientador: Prof. Dr. Juliano Casonatto

  • KAMILA GRANDOLFI

    PLANILHA ELETRÔNICA PARA QUANTIFICAÇÃO DE CARGA DIÁRIA DE TREINAMENTO AERÓBIO GUIADA PELA VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA

    CARDÍACA.

    Relatório Técnico apresentado à UNOPAR, referente ao Curso de Mestrado

    Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde, Área e Concentração em

    Prescrição de Exercício Físico em idades jovens como requisito parcial para a

    obtenção do título de Mestre Profissional conferido pela Banca Examinadora:

    _________________________________________ Prof. Dr. Juliano Casonatto

    Universidade Norte do Paraná (Orientador)

    _________________________________________ Prof. Dr. Cosme Franklin Buzzachera

    Universidade Norte do Paraná (Membro Interno)

    _________________________________________ Prof. Dr. Marcos Deoderlein Polito

    (Membro Externo)

    _________________________________________ Prof. Dr. Dartagnan Pinto Guedes

    (Coordenador do Curso)

    Londrina, 26 de janeiro de 2017.

  • AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

    Dados Internacionais de catalogação na publicação (CIP) Universidade Norte do Paraná - UNOPAR

    Biblioteca CCBS/CCECA PIZA Setor de Tratamento da Informação

    Grandolfi, Kamila G754p Planilha eletrônica para quantificação de carga diária de treinamento

    aeróbio guiada pela variabilidade da frequência cardíaca. / Kamila Grandolfi. Londrina: [s.n], 2017.

    61f. Relatório técnico (Mestrado Profissional em Exercício Físico na

    Promoção da Saúde). Universidade Norte do Paraná.

    Orientador: Prof. Dr. Juliano Casonatto. 1- Treinamento aeróbico - relatório técnico de mestrado- UNOPAR

    2- Quantificação de carga 3- Variabilidade Frequência Cardíaca 4- Sistema Nervoso Autonômico 5- Planilha eletrônica I- Casonatto, Juliano; orient. II- Universidade Norte do Paraná.

    CDD 613.71

  • “Nada lhe pertence mais que os

    seus sonhos”. Friedrich Nietzsche

  • AGRADECIMENTO

    A Deus por ter me dado força perante todos os desafios;

    A esta universidade, seu corpo docente, direção e administração que me

    oportunizaram a visão de novos horizontes, fortalecida e afinada pela ciência e

    mérito destes;

    Ao meu orientador Juliano Casonatto, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube,

    pelo conhecimento repassado, pelas suas correções e incentivos... Quando

    “crescer” eu quero ser como você!!!

    Aos meus pais Ademar e Soeli, por me terem dado educação e ensinado os valores

    da vida. Agradeço por todas as vezes que abriram mão dos seus sonhos para que

    eu pudesse realizar o meu;

    A minha irmã Karine, pelo apoio incondicional, por toda ajuda oferecida diante das

    mais diversas situações. A minha maior incentivadora sem dúvidas foi você!

    A minha irmã Erica, meus cunhados, sobrinhos e toda a família que apoiaram

    sempre as minhas escolhas;

    Aos meus amigos do judô que ampararam minha decisão de voltar a estudar e

    aprimorar conhecimentos, principalmente ao Marcelo Missaka, amigo, professor e

    sensei. Seu apoio, motivação e confiança me fizeram sempre mais forte do que

    realmente eu era me dando energias pra continuar;

    Aos meus amigos e alunos da Academia Body Brasil que entenderam meus

    momentos de ausência e distanciamento, porém sempre me incentivando na

    caminhada;

    Aos meus amigos da “turma de mestrado 2015”, não poderia existir turma ou lugar

    melhor para estar que não fosse ao lado de vocês…. Uma turma de conhecimentos

    variados porém de coração pronto para estudar, ajudar, discutir, apoiar ou

    churrasquear;

    A minha amiga Renata Goes... amiga do coração e irmã de orientador, você é muito

    especial.... Obrigada por ser sempre você!!!

    Aos meus amigos do grupo de estudo GEPEFAF, com a ajuda de vocês a

    caminhada se tornou muito mais fácil;

    Os meus sinceros agradecimentos (e espero não pecar por esquecimento) àqueles

    que estiveram ao meu lado continuamente.

  • GRANDOLFI, Kamila. Planilha eletrônica para quantificação de carga diária de treinamento aeróbio guiada pela variabilidade da frequência cardíaca. 61. Relatório Técnico. Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde. Universidade Norte do Paraná, Londrina. 2017.

    RESUMO A literatura tem demonstrado que a efetividade de um programa de treinamento depende de uma integração de fatores relacionados às adequação das características pessoais do praticante com as variáveis inerentes ao treinamento, como duração, volume, frequência e intensidade, além da variação desses elementos, de acordo com os próprios princípios do treinamento. Nesse sentido, os esforços da pesquisa cientifica da área tem se voltado também ao estabelecimento da melhor forma de quantificação do treinamento, de modo que o mesmo se torne mais efetivo. Por exemplo, temos a quantificação de cargas baseadas em indicadores fisiológicos tem ganhado destaque. Em particular, a quantificação baseada nas respostas autonômicas tem demonstrado grande efetividade quando comparada à modelos tradicionais. Por outro lado, a aplicação do modelo de quantificação de carga de treinamento guiada pelo comportamento autonômico envolve aplicação de funções matemáticas diversas que dificultam a utilização na pratica profissional. Dessa forma, a presente ação teve como objetivo desenvolver um software capaz de gerenciar e realizar todas essas funções matemáticas, se configurando num facilitador para aplicação de programas de treinamento com quantificação de cargas guiada pelo comportamento autonômico. Para tanto, o protocolo desenvolvido por Kiviniemi et al (2007) foi tomado como base, o qual pressupõe a utilização do componente de “alta frequência” (HF) da variabilidade da frequência cardíaca como orientação para definição da carga diária de treinamento. Assim, todos os algoritmos e os pressupostos sistemáticos preconizados pelos autores foram imputados em um software do tipo “xlsx” permitindo o funcionamento em todos computadores que possuírem o programa “Excel”. Para tanto, um programador foi contratado para inserção dos códigos de programação e diagramação do mesmo. Após a finalização do trabalho de programação, o software foi submetido a provas para testar seu funcionamento. Por fim, espera-se que esse programa computacional possa servir como ferramenta que facilite o emprego do formato de quantificação de carga de treinamento aeróbio guiada por indicadores do comportamento autonômico na prática profissional no campo do exercício físico.

    Palavras-chave: Variabilidade Frequência Cardíaca, Quantificação, Treinamento, Sistema Nervoso Autonômico, Planilha.

  • GRANDOLFI, Kamila. Electronic spread sheet for quantification of daily load of aerobic training guided by heart rate variability. 61. Technical report. Professional Master´s in Exercise in Health Promotion. Research Center on Health Sciences. Northern Parana University, Londrina.2017.

    ABSTRACT

    The success in a training program is related with an integration personal characteristic with factors associated training, such as duration, volume, frequency and intensity, as well as the variation of these elements, according to training principles. Efforts of scientific research in the area have also been focused on establishing the best way of quantifying training. In this sense, the quantification of loads based on physiological indicators has gained prominence. In particular, the quantification based on the autonomic responses has demonstrated great effectiveness when compared with traditional models. However, the training load quantification model guided by the autonomic behavior involves several mathematical functions that hinder the use in the professional practice. Thus, the present technical report aimed to develop software capable of managing and performing all these mathematical functions, becoming a facilitator to prescribe training programs with load quantification guided by autonomic behavior. The protocol developed by Kiviniemi et al (2007) was taken as a basis, which presupposes the use of the "high frequency" (HF) component as a guide to define the daily training load. Thus, all the algorithms and the systematic assumptions recommended by the authors were imputed in software of the type "xlsx" allowing the operation in all computers that have the "Excel" software. A programmer was hired to insert programming codes and diagramming it. After completing the programming work, the software was submitted to operation tests. Finally, it is expected that this computational program can serve as a professional tool that facilitates the use for training prescription based on autonomic patterns.

    Keywords: Heart Rate Variability, Quantification, Training, Autonomic Nervous

    System, Spreadsheet.

  • Sumário

    1.INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10

    2. OBJETIVO ............................................................................................................. 11

    3. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 11

    3.1 Fisiologia cardiovascular…...………………………………………………………11

    3.1.1 Variabilidade da frequência cardíaca ........................................................... 14

    3.1.2 Instrumentos de avaliação da variabilidade da frequência cardíaca ............ 21

    3.1.3 Carga de treinamento ................................................................................... 22

    4. DESENVOLVIMENTO ........................................................................................... 23

    4.1 Elaboração da produção tecnica..................................................................... 23

    4.2 O software para quantificação de carga diária guiada pela VFC.................... 25

    4.3 Instrumentos para coleta de dados ................................................................ 28

    5. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 30

    REFERENCIAS .......................................................................................................... 31

    Apêndice A - Artigo original....................................................................................... 39

    Apêndice B apresentação em congresso – evento cientifico.................................... 57

    Apêndice C livro - fisiologia do exercício................................................................... 59

    Anexo a – certificados referente a participação em congresso................................. 60

  • 10

    1) INTRODUÇÃO

    A prática de exercícios físico tem se configurado como uma atividade

    extremamente recomendada, uma vez que se relaciona a diferentes desfechos

    positivos voltados à melhoria da saúde e qualidade de vida. A importância do estilo

    de vida ativo ganha ainda mais relevância quando consideramos que o avanço

    tecnológico contribuiu significativamente para a redução no gasto energético diário,

    criando um favorecimento importante para o aumento linear na prevalência de

    doenças crônicas degenerativas, sendo estas as maiores responsáveis pela

    ocorrência de desfechos de morbidade e mortalidade1,2,3.

    Contudo, o planejamento adequado de um programa de exercícios físico é

    imprescindível para que a intervenção possa promover resultados efetivos sobre os

    desfechos de saúde. Deste modo, a área do treinamento físico utiliza-se de

    diferentes estratégias para definição/prescrição de exercícios físico, que vão desde

    triagens prévias, no intuito de identificação da capacidade física, até condições

    clínicas que possam limitar a prática, como doenças, limitações fisiológicas e

    problemas ósteo-mio-articulares4,5,6.

    A utilização de protocolos de treinamento com variação diária de intensidade

    baseada em índices de variabilidade da frequência cardíaca (VFC) são de difícil

    aplicação prática, uma vez que dependem não só da informação da avaliação do

    componente neuro-autonômico diário, como também é interdependente de

    organogramas específicos que levam em consideração o histórico dos valores

    anteriores, dificultando e por vezes inviabilizando a sua aplicação no campo

    profissional.

    Nesse sentido, a existência de uma ferramenta eletrônica com tal finalidade

    pode proporcionar uma condição mais favorável para a aplicação dos protocolos

    mencionados, uma vez que facilitaria consideravelmente o trabalho do profissional,

    permitindo o desenvolvimento de uma ação mais efetiva no que se refere às

    adaptações fisiológicas decorrentes de um programa de exercícios físico.

  • 11

    2) OBJETIVO

    Desenvolvimento de um software que sirva de ferramenta facilitadora para a

    aplicação de treinamento aeróbio guiado pela variabilidade da frequência cardíaca.

    Para tanto, o programa deve permitir o armazenamento e análise das respostas

    fisiológicas, possibilitando direcionamento para a carga de treinamento ideal em

    cada sessão de treinamento. Adicionalmente, a base de desenvolvimento da

    planilha eletrônica deve ter seu funcionamento facilitado, utilizando estrutura

    disponível na grande maioria dos computadores, evitando instalação de aplicativos

    adicionais.

    3) REVISÃO DE LITERATURA

    3.1 Fisiologia Cardiovascular

    O coração é uma bomba dupla, em que o lado esquerdo e direito bombeiam

    sangue separadamente, mas simultaneamente, nos circuitos sistêmico e pulmonar.

    O eficiente bombeamento de sangue exige que a contração seja primeiramente atrial

    e, em seguida, quase imediatamente, a contração ventricular7.

    A contração do músculo cardíaco, assim como a do músculo esquelético, é

    iniciada a partir da despolarização da membrana plasmática. As junções

    comunicantes que atrelam as células miocárdicas permitem que os potenciais de

    ação se propaguem de uma célula para outra. Contudo, a excitação primária de uma

    célula cardíaca, frequentemente, resulta na excitação de todas as demais células.

    Essa despolarização inicial usualmente surge em uma pequena união de células,

    denominada nodo sinoatrial, o qual está localizado no átrio direito, próximo da

    entrada da veia cava superior. Em seguida, o potencial de ação alastra-se para todo

    o átrio, e também ao longo dos ventrículos8.

    Convém destacar também que a musculatura do coração possui uma grande

    rede de fibras nervosas simpáticas e parassimpáticas (nervo vago), além de

    receptores de norepinefrina.

  • 12

    Em outros termos, o nodo sinoatrial é o “marcapasso” natural do coração.

    Sua despolarização normalmente gera o potencial de ação que leva à

    despolarização de todas as outras células do músculo cardíaco, e, assim, a sua

    frequência de disparo determina a frequência cardíaca, ou seja, o número de vezes

    que o coração se contrai por minuto7.

    O potencial de ação, gerado no nodo sinoatrial, se propaga para o miocárdio,

    por meio da passagem de célula para célula, a qual acontece por meio das junções

    comunicantes. A propagação do átrio direito para o átrio esquerdo não depende das

    fibras do sistema de condução. A condução através das células musculares atriais é

    rápida o suficiente para que os dois átrios sejam despolarizados quase que

    instantaneamente. A propagação do potencial de ação para os ventrículos é mais

    complicada e envolve o sistema condutor, ou seja, a conexão entre a despolarização

    atrial e a despolarização ventricular ocorre numa região do sistema de condução

    chamada de nodo atrioventricular, a qual se encontra localizada na base do átrio

    direito. O nodo atrioventricular tem uma particularidade importante: a propagação

    dos potenciais de ação é relativamente lenta (aproximadamente 0,1 segundo). Esta

    resposta provoca um atraso, que permite que a contração atrial seja concluída antes

    da contração ventricular9.

    Depois de deixar o nodo atrioventricular, o impulso entra na parede do septo

    interventricular, localizado entre os dois ventrículos. Esta via tem fibras do sistema

    de condução, o chamado feixe de His ou feixe atrioventricular. É importante destacar

    ainda que o nodo atrioventricular e o feixe de His possuem a única ligação elétrica

    que ocorre entre os átrios e os ventrículos. Exceto por esta via, os átrios são

    completamente separados dos ventrículos por uma camada de tecido conjuntivo não

    condutor. Dentro do septo interventricular do feixe de His, estão localizados os

    ramos direito e esquerdo, que ocasionalmente deixam o septo para entrar nas

    paredes de ambos os ventrículos. Estas fibras fazem ligação com as fibras de

    Purkinje, grandes células condutoras que distribuem rapidamente o impulso durante

    a maior parte dos ventrículos. Por fim, as fibras de Purkinje fazem contato com

    células ventriculares do miocárdio. O rápido processo de condução que acontece ao

    longo das fibras de Purkinje e a distribuição difusa destas fibras são os responsáveis

    pela despolarização celular dos ventrículos direito e esquerdo, processo que ocorre

    de forma praticamente simultânea, garantindo uma contração coordenada. Conclui-

    se então que a despolarização e a contração se iniciam um pouco mais cedo na

  • 13

    parte inferior dos ventrículos e se espalham para cima. O resultado é uma contração

    mais eficiente, fato similar ao de apertar um tubo de pasta de dente de baixo para

    cima9.

    Em suma, o estímulo cardíaco tem seu início gerado no nódulo sinusal, que,

    por sua vez, possui como função distribuir este estímulo para os átrios, resultando

    na despolarização atrial, a qual pode ser identificada no exame da atividade elétrica

    do coração pela onda P. O impulso é conduzido aos ventrículos por meio do nodo

    atrioventricular e consequentemente distribuído pelas fibras de Punkinje, sistema

    que resulta na despolarização dos ventrículos, representada no eletrocardiograma

    (ECG) pelas ondas Q, R, e S, formando o complexo QRS, de fácil identificação no

    traçado eletrocardiográfico. A repolarização dos ventrículos, por sua vez, é

    representada pela onda T10. A frequência cardíaca autônoma do coração tem seu

    ciclo em torno de aproximadamente 100 batimentos/min, fato que ocorre na

    ausência completa de quaisquer influências hormonais ou nervosas sobre o nodo

    sinoatrial. No entanto, o ritmo cardíaco pode ser consideravelmente menor ou maior,

    uma vez que o nodo sinoatrial está sob a influência constante do sistema nervoso

    autonômico e endócrino. É oportuno frisar que um grande número de fibras pós-

    ganglionares parassimpáticas e simpáticas se ligam ao nodo sinoatrial. Nestas

    condições, a atividade no nervo vago (parassimpático) faz com que o coração

    reduza a frequência, ao passo que a elevação da atividade simpática contribui para

    o aumento da frequência cardíaca. No estado de repouso, a atividade

    parassimpática é consideravelmente maior sobre o coração, de modo que a

    frequência cardíaca se estabelece em torno de 70 batimentos/min, valor bem abaixo

    do ritmo sinusal (100 batimentos/min). Por outro lado, a estimulação simpática eleva

    a frequência de disparos de potencial de ação pelo nodo sinoatrial, aumentando

    consequentemente o ritmo cardíaco7.

    Existem fatores não diretamente neurais que influenciam a frequência

    cardíaca. O primeiro aspecto a considerar diz respeito à adrenalina, principal

    hormônio liberado a partir das glândulas suprarrenais, cuja função consiste em

    acelerar a frequência cardíaca pela ação sobre os mesmos receptores beta-

    adrenérgicos no nodo sinoatrial. A frequência cardíaca também é sensível a outras

    variáveis, como a temperatura corporal, concentração plasmática de eletrólitos,

    ambiente hormonal e presença de adenosina (metabólito produzido pelas células do

    miocárdio).

  • 14

    Independente da frequência cardíaca, o coração não é um metrônomo e não

    há regularidade dos intervalos de tempo entre os batimentos como em um relógio,

    por isso, a variação na frequência cardíaca, definida como variabilidade da

    frequência cardíaca, pode indicar a capacidade do coração em responder aos

    estímulos fisiológicos e ambientais, tais como respiração, exercícios físico, estresse

    mental, alterações hemodinâmicas, metabólicas, sono, bem como uma possível

    desordem induzida por alguma doença11,12,13,14.

    Assim, podemos considerar que a variabilidade da frequência cardíaca

    (variação de tempo entre os intervalos R-R no traçado eletrocardiográfico) é uma

    medida não invasiva da atividade neural autonômica.

    3.1.1 Variabilidade da frequência cardíaca

    Atualmente, diferentes técnicas de análise da VFC têm sido utilizadas para a

    compreensão de variadas condições relacionadas às doenças arteriais

    coronarianas,15,16,17 como a miocardiopatia18,19 e a hipertensão arterial20,21,22, entre

    outras. A redução no índice da variabilidade é um forte indicador de risco aumentado

    tanto em indivíduos saudáveis quanto em pacientes com outras doenças, indicando

    que a atuação do SNA tem papel fundamental no funcionamento orgânico23.

    Os estudos de Godoy et al.24, utilizando os índices da VFC, demonstram sua

    relevância quando utilizados para prever morbidade e mortalidade em pacientes

    submetidos a cirurgias de vascularização. A VFC apresenta papel eficiente na

    colaboração da saúde com o intuito de diagnosticar desordens tanto na parte

    fisiológica quanto na psicológica25. Na medicina esportiva, utiliza-se o método da

    VFC para adaptações e ajustes quando aplicado o treino de resistência aeróbia26 e

    resistido20,27,28,29.

    Os índices de VFC são adquiridos a partir das análises entre os intervalos das

    ondas R. As ondas podem ser obtidas através de equipamentos como

    eletrocardiógrafos, conversores analógicos digitais e cardiofrequencímetros, onde os

    sensores são colocados em pontos específicos do corpo para aferição11,12.

    O método mais utilizado devido à praticidade são os cardiofrequencímetros,

    devido à sua fácil acessibilidade e baixo custo27. Uns dos modelos com essa

    característica é o Polar S810 que, conforme relatos de Kingsley et al.30, tem boa

    aceitação nos seus registros quando utilizado em exercícios de baixa intensidade e

  • 15

    confrontado com o exame eletrocardiograma ambulatorial, fato que também foi

    comprovado em estudos feitos por Gamerlin et al.31, que obtiveram dados positivos

    tanto em circunstâncias de exercícios físico quanto de repouso.

    Para utilização do Polar, é colocada, no tórax do indivíduo, uma cinta com

    eletrodos que capta os sinais elétricos do coração e transmite os dados

    eletromagnéticos ao monitor. Os dados captados são transferidos por uma interface

    ao software Polar Precision Performance para um computador e assim podem ser

    analisados. As unidades deste equipamento são apresentadas em 1ms e as

    amostras dos intervalos de RR são coletadas a uma frequência de 1000Hz11,32,33.

    Para obter os índices e análises da VFC, podem ser utilizados os métodos

    lineares (domínio do tempo e da frequência) e os métodos não-lineares baseados na

    teoria do caos (fenômenos altamente irregulares, porém não ao acaso) e/ou

    métodos geométricos, por meio dos quais são calculados os índices tradutores de

    flutuações na duração dos ciclos cardíacos34,35.

    Quando mensurada a VFC no domínio do tempo (expressa em

    milissegundos), a medida é feita a cada intervalo de R-R normal (batimentos

    sinusais), analisado a partir de ferramentas e métodos estatísticos.

    Para análise dos métodos lineares, existem dois tipos. No primeiro deles, é

    realizada a análise do domínio do tempo, na qual são utilizados índices estatísticos e

    geométricos de domínio da frequência15. Quando analisados os índices baseados na

    medida dos intervalos de R-R individualmente, os termos são denominados como:

    SDNN: desvio padrão da média de todos os intervalos de RR normais expressos

    em milissegundos, apresentada na figura 1;

    SDANN: desvio padrão das médias dos intervalos de RR normais a cada 5

    minutos expressa em milissegundos, conforme figura 2;

    SDNN index: média dos desvios padrão dos intervalos de RR normais a cada 5

    minutos, expressa em milissegundos exibida na figura 3;

  • 16

    Figura 1

    Figura 1 – SDNN desvio padrão da média de todos os intervalos de RR normais expressos em milissegundos. Fonte: Rassi et al

    35.

    Figura 2

    Figura 2- SDANN desvio padrão das médias dos intervalos de RR normais a cada 5 minutos expressa em milissegundos. Fonte: Rassi et al

    35 .

    Figura 3

    Figura 3- SDNN index média dos desvios padrão dos intervalos de RR normais a cada 5 minutos, expressa em milissegundos. Fonte: Rassi et al

    35 .

  • 17

    Os índices descritos anteriormente são obtidos a partir da análise de

    apontamentos de longa duração, na qual predominam atividades simpáticas e

    parassimpáticas, porém o método não permite distinguir quando as alterações na

    VFC acontecem devido ao tônus simpático ou à ausência ou retirada do tônus

    vagal20,36.

    O segundo tipo de método linear ocorre quando os índices são baseados na

    comparação entre dois intervalos de RR adjacentes; nestas condições, os métodos

    representam atividade parassimpática11,18,23,35,37. São representados por:

    pNN50 percentagem de intervalos RR adjacentes com diferenças de duração

    superior a 50 milissegundos, expressa na figura 4;

    RMSSD raiz quadrada da média do quadrado das diferenças entre intervalos de

    RR normais adjacentes expressa em segundos ou seja o desvio padrão das

    diferenças entre intervalos R-R normais adjacentes, apresentada na figura 5.

    Figura 4

    Figura 4- pNN50 percentagem de intervalos RR adjacentes com diferenças de duração superior a 50 milissegundos. Fonte: Rassi et al

    35 .

  • 18

    Figura 5

    Figura 5- RMSSD raiz quadrada da média do quadrado das diferenças entre intervalos de RR normais adjacentes expressa em segundos, ou seja, o desvio padrão das diferenças entre intervalos R-R normais adjacentes. Fonte: Rassi et al

    35 .

    Por meio do método geométrico, também é possível processar os intervalos

    de R-R no domínio do tempo, sendo que os mais conhecidos são os índices

    triangular e a plotagem de Lorenz (ou Plot de Poincaré). Por intermédio dos métodos

    geométricos, é possível apresentar os intervalos de R-R em padrões geométricos e

    várias aproximações são utilizadas para resultar nas medidas de VFC a partir

    desses dados11,12.

    Na figura 6 pode-se observar a plotagem de Lorenz (plotagem de Poincaré ou

    mapa de retorno), mapa de pontos em coordenadas cartesianas, onde cada ponto é

    representado, no eixo horizontal X (abcissa), pelo intervalo RR normal precedente e,

    no eixo vertical Y (ordenada), pelo intervalo RR seguinte conforme apresentado

    abaixo35.

    Figura 6

    Figura 6- Plotagem de Lorenz/ mapa de pontos em coordenadas cartesianas. Fonte: Rassi et al 35

    .

  • 19

    Para calcular o índice triangular, é necessário calcular a partir da construção

    de um histograma de densidade dos intervalos R-R normais, por meio do qual é

    possível visualizar o eixo horizontal (eixo x), o comprimento dos intervalos R-R e, no

    eixo vertical (eixo y), a frequência com que cada um deles ocorreu. A figura

    resultante tem semelhança a um triangulo que se forma pela união dos pontos das

    colunas do histograma e a sua base é expressa a partir da variabilidade dos

    intervalos de R-R. Para formar o índice triangular (correspondente à base do

    triângulo) divide-se a área (número total de intervalos R-R utilizados na construção

    da figura) pela altura (corresponde ao número total de intervalos R-R com frequência

    modal) do triângulo12,15,35,38, conforme figura 7.

    Figura 7

    Figura 7- Variações fisiológicas do intervalo R-R produzem uma plotagem de Lorenz ampla

    (largura e comprimento). Fonte: Rassi et al 35.

    Para a análise dos índices, existe uma correlação estreita com o desvio

    padrão de todos os intervalos R-R e estes não sofrem influência dos batimentos

    ectópicos e artefatos, fato que ocorre devido ao fato de os mesmos não serem

    considerados no triângulo12,38.

    A análise dinâmica da VFC é um método geométrico (plot de Poincaré) que

    representa uma série temporal, inserida em um plano cartesiano no qual os

    intervalos R-R são correlacionados com o intervalo antecedente, que resultam o

    ponto no plot15,27,39,40.

    Existem duas formas para análise da dinâmica da VFC: a forma qualitativa

    (visual), cuja principal função é apresentar o grau de complexidade dos intervalos

  • 20

    RR15,41 e a forma quantitativa, na qual o ajuste é realizado através da elipse da

    figura formada pelo atrator. Os três índices obtidos são SD1, SD2 e a razão de

    SD1/SD215,27 dos pontos.

    O índice SD1 é a representação da dispersão dos pontos perpendiculares à

    linha de identidade e parece ser um índice de registro instantâneo da variabilidade

    que acontece batimento a batimento; o SD2, por sua vez, representa a dispersão

    dos pontos ao longo da linha de identidade e representa a VFC em registros de

    longa duração; quando relacionados SD1 e SD2, é possível identificar a razão entre

    as variações curta e longa dos intervalos R-R12,31.

    Outro método linear muito utilizado é o domínio de frequência, representado

    na figura 8, que tem a densidade de potência espectral, dentre outras, como a mais

    empregada atualmente, sendo preferencialmente utilizada em estudos realizados

    com indivíduos em condições de repouso26.

    Para análise deste tipo de método, a VFC se decompõe em componentes

    oscilatórios fundamentais. Dentre os principais, temos12,15,20,24,42:

    Componente de alta frequência (High Frequency- HF): as variações

    acontecem entre 0,15 a 0,4Hz, e sua modulação respiratória indica a

    atuação de nervo vago sobre o coração;

    Componente de baixa frequência (Low Frequency- LF): as variações

    acontecem entre 0,04 a 0,15Hz, que é resultado da ação unida do

    componente vagal atuando sobre o coração; o componente simpático é

    predominante;

    Componentes de frequência muito baixa (Very Low Frequency –VLF) e

    ultrabaixa frequência (Ultra Low frequency - ULF): Índice pouco utilizado,

    visto que seus esclarecimentos fisiológicos ainda precisam ser mais

    estudados e podem estar incluídos ao sistema renina-angiotensina-

    aldosterona, à termorregulação.

  • 21

    Figura 8

    Figura 8 - Componentes espectrais do tacograma (bandas de frequências). Fonte: Rassi et al 35.

    3.1.2. Instrumentos de avaliação da variabilidade da frequência cardíaca

    O dispositivo mais utilizado para avaliação da despolarização atrial e

    repolarização dos ventrículos é o eletrocardiograma (ECG), instrumento clínico e

    inviável quando relacionado ao treinamento físico. Para a avaliação diária dos

    intervalos R-R, temos os eletrocardiográficos, conversores analógicos digitais e

    cardiofrequencímetros, sensores que, se utilizados em pontos específicos do corpo,

    conseguem realizar as mesmas análises11,12.

    Uma opção de conversor analógico digital disponível é o Powerlab, utilizado

    para monitorização multimodal de biosinais, considerado padrão ouro para

    mensuração de ECG com alta fidelidade. Após seu uso, a captação dos sinais é

    transferida a um computador e assim pode ter seus dados salvos e analisados43.

    Contudo, o ECG e o conversor analógico digital apresentam alto custo, têm uma

    aplicabilidade difícil em determinadas situações externas quando comparadas ao

    laboratorial, e complicada em condições de treinamento físico31,44.

    Os cardiofrequencímetros conseguem viabilizar e solucionar tais dificuldades,

    por se tratar de uma ferramenta mais acessível, de fácil utilização e baixo custo27.

    Um dos modelos com as mesmas características de análise é o Polar S810 que,

    ainda conforme Kingsley et al.30, apresentou uma boa precisão nos registros de

    exercícios com baixa intensidade quando comparado a exames de

    eletrocardiogramas ambulatoriais. Gamelin et al31 corroboram esta posição, em

    situações de exercício físico ou em repouso.

  • 22

    3.1.3 Carga de treinamento

    A prescrição de exercícios físico deve considerar o monitoramento preciso da

    carga interna de treinamento45, uma vez que o conhecimento desta variável é

    relevante para a eficiência do programa de treinamento, bem como para a

    prevenção do overreaching e overtraining46,47.

    A monitorização do estresse fisiológico ou da carga interna de treinamento

    pode ser realizada por métodos baseados em impulsos de treinamento (TRIMP), que

    unificam o volume e intensidade de exercícios físico a partir de respostas da

    frequência cardíaca (FC)48,49,50,51,52,53, da concentração sanguínea de lactato (La)54 e

    da percepção subjetiva de esforço (PSE)54. No entanto, algumas limitações já foram

    analisadas em relação aos métodos baseados nas respostas da FC e La55,56,57,

    principalmente em relação à quantificação de esforço em modalidades intermitentes

    de alta intensidade58.

    Por outro lado, o método baseado na resposta da PSE tem destaque na

    literatura, pois é de fácil aplicação e apresenta baixo custo operacional55,56,57.

    Consiste na multiplicação da intensidade da sessão de exercício, alcançada a partir

    da escala de percepção de esforço pela duração.

    Devido à grande variação nas respostas internas ao treinamento58,59,60,

    programas individualizados são necessários para obter retornos positivos de

    formação em indivíduos com pouca sensibilidade ao treinamento padronizado.

    Conforme estudo realizado por Kiviniemi 2007, o programa de treinamento

    aeróbico com protocolo de 4 semanas, guiado pela VFC, resultou em uma

    significante melhora na aptidão cardiorrespiratória, de maneira especial no seu

    desempenho máximo (6% vs 3%), quando comparado a um programa com a mesma

    carga de treinamento por outro método61.

    Quando a prescrição de treinamento individualizado é baseada nas medidas

    da VFC, é possível obter uma melhor resposta e adequação cardiorrespiratórias, o

    que reforça o conceito de que a alta atividade vagal cardíaca está diretamente

    relacionada a uma condição fisiológica favorável para o treinamento físico42,58,60. A

    VFC pode ser um recurso importante na condição de fornecedor de importantes

    informações sobre a periodização do treinamento físico62,63,64, condição que pode

    ser adquirida a partir de uma única sessão de exercício65,66,67,68.

  • 23

    4 DESENVOLVIMENTO

    No processo de elaboração e confecção do produto proposto - software, foi

    utilizado uma descrição metodológica a fim de dar total embasamento ao conteúdo e

    praticidade ao mesmo. Os autores zelam e assumem a qualidade final do

    documento para dar subsidio aos profissionais de saúde que trabalham com

    prescrição de exercício.

    Em um primeiro momento, na idealização do produto foi realizado um

    levantamento em artigos científicos, livros e materiais bibliográficos sobre a proposta

    apresentada, para que pudesse ter um aporte teórico em relação aos aspectos

    necessários para a construção da produção técnica. O artigo de Kiviniemi 2007 foi a

    referência principal para a elaboração do produto.

    4.1 Elaboração da produção técnica

    No projeto de elaboração ficou definido como título “Planilha eletrônica para

    quantificação de carga diária de treinamento aeróbio guiada pela variabilidade da

    frequência cardíaca”, o processo de desenvolvimento do aplicativo respeitou o

    modelo DELPHI, sistema operacional Windows, arquivo desenvolvido por um técnico

    especialista.

    Para divulgação do material o mesmo estará disponível em arquivo nos

    programas de divulgação do grupo de estudo Grupo de estudo e pesquisa em

    fisiologia e atividade física (GEPEFAF) ou pen drive. O funcionamento da planilha e

    seu armazenamento de dados ficará no dispositivo, não sendo necessária conexão

    com internet para utilização do mesmo.

    O desenvolvimento do aplicativo foi seguindo os passos abaixo:

    a) Definição do protocolo

    Na primeira etapa onde foi realizada a definição do produto o estudo de

    Kiviniemi 2007 foi deliberado como referência principal, sendo que todas as regras

    para estruturação da planilha foram idealizadas a partir do artigo.

  • 24

    b) Anamnese

    Para início da programação e cadastro do indivíduo foi discorrido questões

    para a realização de anamnese inicial, objetivando assim noções básicas e

    apresentação do referido praticante que utilizará o produto; informações básicas

    sobre condição de saúde, treinamento e estilo de vida, condição importante para

    definir o método de treinamento físico ideal para o indivíduo. As perguntas anexadas

    no aplicativo foram:

    Nome:

    Data de nascimento

    Peso corporal (kg)

    Altura (cm)

    Circunferência de cintura (cm)

    Circunferência abdominal (cm)

    Circunferência de quadril (cm)

    Apresenta alguma patologia

    Faz uso de medicamentos

    Já realizou alguma cirurgia

    Faz uso de complemento, suplementos ou vitaminas

    Pratica alguma exercício físico (qual a frequência)

    Observações

    c) Contratação do técnico especialista

    Foi realizada a contratação do técnico especialista para a construção do

    aplicativo, este foi responsável pela implementação dos dados necessários para o

    cadastro assim como para os cálculos a serem efetuados. O mesmo teve como

    objetivo inserir algoritmos e fórmulas sendo estas base para a planilha eletrônica.

    Também foi responsável pela implementação de caixas de textos na qual servirá de

    suporte para o usuário quando o apresentar alguma dúvida na implementação dos

    dados, este apoio é necessário para que o maior número de pessoas possíveis

    possa utilizar o produto técnico.

  • 25

    d) Teste do software

    Nesta etapa foi realizado o teste sobre o método de avaliação, assim como

    dos valores de referência HF, as médias dos dez dias foram inseridos na planilha

    simulando uma análise diária e assim foram obtidos resultados e relatórios. O teste

    do software foi realizado em diversos computadores, os testes aconteceram a partir

    de arquivos pen drive e apresentaram resultados satisfatório, não exibindo

    problemas técnicos.

    4.2 O software para quantificação de carga diária guiada pela VFC

    Para utilização da planilha eletrônica foi elaborado um manual, e esse será

    inserido em forma texto através de um botão de acesso, definido pela figura ,

    este tem o objetivo de facilitar a sua execução, oferecendo suporte no caso de

    dúvidas na inserção dos dados. O manual será apresentado nas laudas do aplicativo

    e terá caráter instrutivo. Para melhor visualização e entendimento o mesmo será

    dividido da seguinte forma:

    a) 1ª lauda – Cadastro: Preenchimento dos dados pessoais do sujeito,

    assim como características relacionadas a patologias e prática de

    atividade física, estas perguntas são descritas como anamnese.

  • 26

    b) 2ª lauda – Registro da variabilidade de frequência cardíaca:

    Preenchimento com os registros adquiridos através das medidas do

    cardiofrequencimentro e analisadas pelo software estabelecido, o valor a ser

    preenchido será o de HF, componente alcançado a cada nova medida.

    Após selecionado o nome do sujeito aparecerá a data automaticamente

    (do dia) e será necessário somente a inclusão do componente HF. Posteriormente,

    após selecionar o botão “Avaliação da VFC” aparecerá o resultado com a indicação

    do treinamento ideal para o dia, sendo que esse poderá ser: “alta intensidade” “baixa

    intensidade” ou “descanso”.

    c) 3ª lauda – Relatório das informações obtidas no decorrer dos dias:

    Quando solicitado o relatório será possível observar o histórico do sujeito inclusive

    com as observações relatadas no dia do treino. As informações anexadas terão

    como objetivo a longo prazo recordar como foi realizado o treinamento, sendo que,

    se por alguma razão o treinado ou treinador descumprir a recomendação este estará

    registrado havendo assim a possibilidade de uma avaliação futura, armazenada e

    mencionada no relatório.

  • 27

    d) 4ª lauda – Informações sobre o sistema e o fundamentação teórica: A

    partir da seleção deste item será possível visualizar o organograma do qual parte as

    indicações de treinamento. As indicações serão apresentadas baseadas todas no

    artigo de Kiviniemi 2007, este nosso artigo de referência para a criação deste

    sistema.

    e) 5ª lauda – Teste de lógica: Para desenvolver o sistema foi necessário a

    criação de alguns códigos para que no desenvolvimento do programa fosse claro e

    entendido as regras e possibilidades provindas da mesma regra. Para que o

    software entendesse qual a lógica do organograma assim como as suas regras o

    técnico especialista dividiu as indicações em:

    Alta intensidade – treinamento realizado a 85% da FCmáx

    Alta intensidade 2 - treinamento realizado a 85% da FCmáx

  • 28

    Baixa intensidade - treinamento realizado a 65% da FCmáx

    Baixa intensidade 2 - treinamento realizado a 65% da FCmáx

    Descanso 1 – não realizar treinamento

    Descanso 2 – não realizar treinamento

    Para o entendimento dos resultados e medidas dos componentes HF estes

    foram divididos em:

    Resultado alto – quando o valor da média do dia apresentasse valor

    maior que a última medida;

    Resultado baixo - quando o valor da média do dia apresentasse valor

    menor que a última medida;

    Qualquer resultado - quando exibisse prontamente regra estabelecida

    não importando o valor da média diária, EX: 1º dia de treino sempre

    será baixa intensidade.

    4.3 Instruções para coleta de dados

    Para realização da coleta faz-se necessário o uso de

    cardiofrequencimentros. Equipamento que capta a variabilidade da frequência

    cardíaca. Para resultados fidedignos é recomendado a utilização de equipamentos

    validados ex: Relógio Polar modelo RS800CX (Polar Electro, Finlândia)31,69. Para

    análise dos dados de VFC /HF é recomendado o software Kubios ou similar.

  • 29

    a) Passo a passo para coleta:

    Instalação do monitor cardiofrequencimetro no sujeito;

    O indivíduo deverá permanecer 5 min sentado e posteriormente

    5 min em pé;

    O mesmo deverá estar com a bexiga vazia para fazer a coleta

    de dados;

    Após descarregar os dados será analisado somente os últimos 5

    min, estes serão os minutos que darão o valor do componente

    necessário para a alimentar o sistema;

    O valor de HF deverá ser inserido na planilha;

    O próprio sistema analisará e apontará a indicação de treino

    para o sujeito no determinado dia.

    b) 1ª analise do sujeito

    Quando for a primeira inscrição do sujeito no sistema o mesmo

    precisará de 10 medidas, ou seja, dez dias para assim poder

    determinar o valor de referência;

    1º ao 6º dia = realiza-se as medidas, será permitido ao sujeito

    somente as atividades diárias e não a realização de exercícios físico;

    7º dia = realização dos testes para determinar a frequência

    cardíaca máxima, esta necessária para determinar a intensidade no

    dia do treinamento físico.

    8º dia = descanso – permitido somente as atividades diárias.

    9º dia = Exercícios de baixa intensidade - 65% da frequência

    cardíaca máxima.

    10º dia = Exercícios de alta intensidade - 85% da frequência

    cardíaca máxima.

  • 30

    5. CONCLUSÃO

    Este trabalho teve como objetivo elaborar um planilha que auxiliasse os

    profissionais da saúde na prescrição de exercícios e controle de carga diária

    baseada na VFC.

    Apesar de encontrarmos diversos artigos científicos sobre o assunto,

    constatando a importância e de um treinamento guiado pela VFC não foram

    encontradas estudos que demonstrassem uma maneira pratica, ou até mesmo uma

    formula simples para o implementação do método. Até o momento não existe um

    material na forma de software que trate de forma simples e rápida as análises de

    VFC.

    Durante todo o processo de elaboração da produção técnica, na busca por

    aprimoramento evidenciamos a importância de um material como esse, que através

    de equipamentos de fácil acesso e custo reduzido traz informações de forma

    simples, clara e completa assessorando o profissional e qualificando cada vez mais

    seu trabalho, visto que é de extrema importância para a melhor prescrição do

    treinamento físico e compreensão do estado fisiológico real do sujeito.

    Vale ressaltar que a VFC é um dos indicadores mais importantes na

    identificação do estado fisiológico e pode auxiliar na construção de estratégias de

    treinamento mais eficazes. Nesse sentido, espera-se que este material auxilie

    profissionais da área da promoção da saúde nas rotinas de prescrição de exercício.

  • 31

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  • 39

    APÊNDICE A – Artigo Original

    COMPORTAMENTO DA PRESSÃO ARTERIAL PÓS-EXERCÍCIO ENTRE

    NORMOTENSOS E HIPERTENSOS APÓS SUPLEMENTAÇÃO DE L-CITRULINA

    MALATO

    CONDUCT OF BLOOD PRESSURE POST-EXERCISE IN HYPOTENSIVE AND

    NORMOTENSIVE PATIENTS AFTER SUPPLEMENTATION ON L-CITRULLINE

    MALATE

    Titulo Resumido: L-Citrulina malato e hipotensão pós-exercício.

    Kamila Grandolfi1, Juliano Casonatto1.

    1. Universidade Norte do Paraná. Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS – UNOPAR)

    Declaração de acordo com o conteúdo e conflito de interesse: Os autores e co-autores

    declaram que estão de acordo com o conteúdo expresso no manuscrito e que o mesmo não

    possui nenhum potencial conflito de interesse.

    ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA

    Juliano Casonatto Rua: Vereador Manoel de Oliveira Branco, 91 – Vila Rica –CEP: 86025-170 Londrina, PR - Brasil e-mail: [email protected]

    mailto:[email protected]

  • 40

    RESUMO

    A suplementação de L-citrulina com malato produz aumento na concentração

    plasmática de metabólitos do óxido nítrico, importante mediador da dilatação

    periférica. Dessa forma, é possível que a suplementação de L-citrulina maximize a

    duração e a magnitude dos efeitos hipotensores pós-exercício. No entanto, diversos

    estudos tem mostrado que a magnitude e duração da hipotensão pós-exercício

    tende a ser maior em hipertensos. Assim o objetivo do presente estudo foi verificar o

    comportamento da pressão arterial pós exercício em normotensos e hipertensos

    após a realização de uma única sessão de exercício aeróbio com suplementação de

    L-citrulina malato. Para tanto, participaram do estudo 20 voluntários de ambos os

    sexos, adultos, não praticantes de atividade física, com (hipertensos) e sem

    (normotensos) diagnóstico prévio de hipertensão arterial. Os sujeitos foram

    submetidos a realização de uma sessão de exercício aeróbio em esteira ergométrica

    (40 min de caminhada/corrida [60-70% FC reserva]) após a suplementação de L-

    citrulina malato (6 gramas – sachê dissolvido em agua 120 min antes da realização

    da sessão experimental). A pressão arterial foi aferida utilizando um monitor

    automático (Omron MX3 Plus, Bannockburn, EUA) a cada 10 minutos durante 60

    minutos após o término da sessão experimental (fase laboratorial) e a cada 20

    minutos (vigília) e 30 minutos (sono) durante 24 horas (fase ambulatorial). Os dados

    foram submetidos à análise de variância para medidas repetidas (ANOVA) e seus

    respectivos pressupostos. Indivíduos hipertensos apresentaram significativa queda

    subaguda (fase laboratorial) mais pronunciada da pressão arterial pós-exercício

    (todos os momentos) e também na fase ambulatorial de 24h, tanto para pressão

    arterial sistólica (125±4,6 vs 142,6,4mmHg), quanto para diastólica (71±2,7 vs

    86±3,2). Nesse sentido é possível concluir que indivíduos hipertensos tendem a

    apresentar maior duração e magnitude do efeito hipotensor pós-exercício mesmo

    com a suplementação aguda de L-citrulina malato em relação aos seus pares

    normotensos.

  • 41

    INTRODUÇÃO

    A L-citrulina se caracteriza como um aminoácido não essencial. Foi isolada

    pela primeira vez em 1930 e seu nome é derivado da fruta “melancia”, sendo essa a

    principal fonte dietética para esse aminoácido. A L-citrulina também é produzida

    endogenamente por duas diferentes vias, de modo que uma delas se caracteriza

    pela via de conversão da L-arginina para óxido nítrico, numa reação catalisada por

    enzimas da síntese de óxido nítrico1. Metabolicamente, ao contrário do que ocorre

    com a L-arginina, o metabolismo da L-citrulina não depende do metabolismo

    hepático e das enzimas arginase. Por essa razão, tem sido sugerida que a

    administração de L-citrulina pode ser o caminho mais eficiente para aumentar o nível

    extracelular de L-arginina, precursor da síntese de óxido nítrico2. Alguns estudos têm

    demonstrado que a suplementação de L-citrulina com malato produz aumento na

    concentração plasmática de metabólitos do óxido nítrico3, 4, importante mediador da

    dilatação periférica.

    Dessa forma, é possível que a suplementação de L-citrulina maximize a

    duração e a magnitude dos efeitos hipotensores pós-exercício, já amplamente

    documentados na literatura. Nesse sentido, sabe-se que a magnitude e duração dos

    efeitos hipotensores pós-exercício tendem a ser maiores em indivíduos hipertensos5.

    Além disso, em hipertensos o mecanismo de ação da hipotensão parece estar

    atrelado à redução do débito cardíaco, enquanto que em normotensos a redução da

    resistência vascular periférica parece ser o principal causador do fenômeno6.

    Considerando essas possíveis diferenças em relação aos mecanismos

    desencadeadores da hipotensão pós-exercício entre normotensos e hipertensos, a

    suplementação de L-citrulina malato, que é notadamente um agente importante da

  • 42

    vasodilatação mediada pelo óxido nitrico3, 4, pode promover alterações nos

    comportamentos hipotensivos pós-exercício já conhecidos.

    Nesse sentido, o objetivo do presente estudo foi verificar o comportamento da

    pressão arterial pós exercício em normotensos e hipertensos após a realização de

    uma única sessão de exercício aeróbio com suplementação de L-citrulina malato.

    MÉTODOS

    Amostra

    A amostra foi composta por 20 indivíduos adultos (10 normotensos e 10

    hipertensos) sem comprometimento ósteo-mio-articulares e liberados pelo médico

    cardiologista para a prática de exercícios físico. Os voluntários hipertensos eram

    integrantes de um projeto extensão vinculado à uma Universidade que oferecia

    sessões de alongamento e exercícios funcionais à comunidade externa, enquanto

    que os normotensos faziam parte da população geral. Todos os sujeitos foram

    informados previamente em relação aos objetivos do estudo e procedimentos aos

    quais seriam submetidos e assinaram Termo de Consentimento Esclarecido. O

    presente projeto foi aprovado por comitê de ética em pesquisa envolvendo seres

    humanos.

    Antropometria

    Foram determinadas as medidas de massa corporal por meio de uma balança

    antropométrica digital (Urano, OS 180A, Canoas, Brasil), graduada de 0 a 150 kg,

    com precisão de 0,1 kg; e estatura com a utilização de um estadiômetro de madeira,

    com escala de precisão de 0,1 cm, de acordo com os procedimentos descritos por

  • 43

    Gordon et al7. O índice de massa corporal (IMC) da amostra foi calculado pelo

    quociente massa corporal÷estatura2, sendo a massa corporal expressa em

    quilogramas (kg) e a estatura em metros (m).

    Medida da pressão arterial

    A pressão arterial de repouso foi mensurada utilizando um monitor automático

    (Omron MX3 Plus, Bannockburn, EUA) previamente validado para medida clínica da

    pressão arterial em adultos. Inicialmente, os sujeitos permaneceram 20min

    confortavelmente sentados em ambiente calmo, ameno e livre de ruídos. Após os

    primeiros 10 min, a pressão arterial foi mensurada três vezes em intervalos de 5 min,

    ou seja, as medidas foram realizadas aos 10min, 15min e 20min. A média das três

    aferições foi considerada como a pressão arterial de repouso. As aferições foram

    realizadas de acordo com as recomendações da Associação Americana do

    Coração8.

    Medidas da pressão arterial ambulatorial

    A monitorização ambulatorial da pressão arterial foi realizada por meio de um

    equipamento oscilométrico automático (Dyna-MAPA) acoplado no braço não

    dominante, seguindo os procedimentos descritos pela Associação Americana do

    Coração8. Os sujeitos foram orientados a manterem o braço imóvel durante as

    medidas. O monitor foi calibrado por comparação direta, realizada por um

    observador previamente treinado por meio de um esfigmomanômetro de mercúrio,

    seguindo as recomendações da Associação Americana do Coração8. O monitor foi

    programado para registrar a pressão arterial sistólica, diastólica e a frequência

    cardíaca a cada 20 minutos, com exceção do período compreendido entre às

  • 44

    23h00min e as 08h00min, o qual foi registrado a cada 30 minutos, afim de minimizar

    distúrbios no sono. O painel do equipamento foi ocultado para impedir feedback dos

    indivíduos. Foi solicitado ainda que os sujeitos registrassem o horário de vigília e

    sono, os quais foram repassados no dia seguinte, durante o procedimento de

    retirada do equipamento. O registro médio de medidas válidas ficou acima de 90%.

    Desenho Experimental

    Os sujeitos foram submetidos a uma sessão de exercício aeróbio (40 min de

    caminhada/corrida em esteira, com intensidade entre 60% e 70% da FC de reserva,

    sendo a FC máxima estimada pela equação [FCmax = 220 – idade]). O início foi

    realizado 120 minutos antes da sessão experimental de exercício/controle onde os

    sujeitos fizeram a ingestão de um sachê, contendo L-citrulina com malato (6

    gramas), o qual foi dissolvido em água. Os sujeitos foram submetidos às avaliações

    antropométricas e a instalação do monitor cardíaco antes do início da monitorização

    das variáveis cardiovasculares em repouso.

    Inicialmente os sujeitos permaneceram por 20 min sentados em ambiente

    calmo. Após os primeiros 10 min, a pressão arterial foi mensurada três vezes em

    intervalos de 5 min, sendo as medidas ocorrendo em 10 min, 15 min e 20 min. A

    média das três aferições foi considerada a pressão arterial de repouso.

    Antes das sessões de exercícios os sujeitos realizaram um período de

    aquecimento (5 min), em intensidade correspondente a 50% daquela determinada

    para a realização da sessão experimental. Após o término do esforço, a velocidade

    foi progressivamente reduzida até a parada total do sujeito, com duração também de

    5 min. Dessa forma, a sessão de exercício teve duração total de aproximadamente

    50 min.

  • 45

    Após a realização das sessões de exercício, os sujeitos foram submetidos à

    fase de análise laboratorial pós-exercício (60 min). Para tanto, os sujeitos

    permaneceram sentados em ambiente calmo, ameno e livre de ruídos. Após esse

    período foi dado intervalo (~15 min) para o sujeito tomar banho e trocar de roupa,

    antes de ser instalado o equipamento para verificação ambulatorial da pressão

    arterial por 24 h. No dia seguinte às sessões experimentais o equipamento foi

    retirado.

    Tratamento estatístico

    Os valores de pressão arterial foram plotados em três situações: média do

    período de vigília, média do período de sono e média das 24 h. O teste de

    esfericidade de Mauchly’s foi aplicado para identificar a esfericidade dos dados. Em

    caso de violação do pressuposto de esfericidade foi aplicada a correção de

    Greenhouse-Geisser. Em seguida os dados foram submetidos à análise de variância

    para medidas repetidas, afim de estabelecer a comparação entre os diferentes

    grupos experimentais nos diferentes momentos de análise. O teste post-hoc LSD foi

    empregado para comparações múltiplas. Em todos os casos, foi considerado como

    nível de significância estatística o valor de P

  • 46

    Tabela 1. Características gerais.

    Normotensos Hipertensos

    Média EP Média EP

    Idade (anos) 29,9 2,4 58,6 2,7

    Massa Corporal (kg) 76,4 4,5 72,5 4,1

    Estatura (m) 1,71 0,03 1,58 0,03

    IMC 25,9 1,05 29,1 1,84

    CC 84,3 3,53 99,1 3,52

    PAS (repouso) 119,8 3,64 142,0 6,45

    PAD (repouso) 73,9 2,51 85,7 3,22

    A tabela 2 apresenta os dados relativos a pressão arterial sistólica e diastólica

    de normotensos e hipertensos a cada 10 minutos durante a fase laboratorial, bem

    como a média dessa fase e também a média de 24 horas. Na fase laboratorial os

    normotensos apresentaram redução significativa da pressão arterial sistólica nos

    momentos 40, 50 e 60 minutos pós exercício. Também houve redução significativa

    na média do período pós-exercício (-4±2mmHg). Para hipertensos identificou-se

    durante todo o período laboratorial, ou seja, a partir de 10 minutos até 60 minutos

    pós-exercício, bem como na média do período pós-exercício (-15±3,9mmHg). Em

    hipertensos também houve redução da pressão arterial sistólica e diastólica na

    média ambulatorial de 24 horas.

    Tabela 2: Comparação dos valores absolutos em relação ao momento pré-exercício.

    Pré 10min 20min 30min 40min 50min 60min Média

    60min Média 24h

    Normotensos

    PAS 120±3,6 123±3,2 116±3,6 115±3,4 113±3,6* 112±2,7* 113±4,49* 116±2,9* 113±3,3

    PAD 74±2,5 82±4,3 76±3,4 75±2,9 74±2,4 75±3,2 77±2,4 77±2,6 69±2,8

    Hipertensos

    PAS 142±6,4 127±3,4* 125±3,9* 127±6,4* 129±6,1* 126±5,6* 128±5,6* 127±4,6* 125±3,9*

    PAD 86±3,2 86±3,3 83±3,6 88±4,4 88±5,4 84±3,1 85±2,7 85±3,2 71±2,7*

    *=P

  • 47

    hipotensivo pós-exercício mais rapidamente do que normotensos, uma vez que em

    hipertensos a pressão arterial sistólica reduziu-se já nos primeiros 30 minutos após a

    realização da sessão de exercício. Vale destacar também que a magnitude de

    redução da pressão arterial sistólica, durante a fase laboratorial, foi maior em

    hipertensos.

    0

    -30

    -20

    -10

    0

    10

    Rep10' 20' 30' 40' 50' 60'

    Pós-Exercício

    Média

    Normotensos

    Hipertensos

    *

    *

    Pre

    ssão

    art

    eri

    al sis

    tólica (

    mm

    Hg

    )

    Figura 1: Comparação da magnitude de variação da pressão arterial sistólica entre normotensos e hipertensos. Fase laboratorial. *P

  • 48

    0

    -10

    -5

    0

    5

    10

    15

    Rep10' 20' 30' 40' 50' 60'

    Pós-Exercício

    Média

    Normotensos

    Hipertensos

    Pre

    ssão

    art

    eri

    al d

    iastó

    lica (

    mm

    Hg

    )

    Figura 2: Comparação da magnitude de variação da pressão arterial diastólica entre normotensos e hipertensos. Fase laboratorial. *P

  • 49

    Vigilia Sono 24h

    -20

    -15

    -10

    -5

    0

    * *

    Normotensos

    Hipertensos

    MA

    PA

    _P

    A d

    iastó

    lica (

    mm

    Hg

    )

    Figura 4: Magnitude de variação da pressão arterial diastólica na fase ambulatorial em normotensos e hipertensos. Valores médios para vigília, sono e 24 horas. *P

  • 50

    isso, a vasodilatação oriunda da maior liberação de óxido-nítrico poderia

    potencializar a resposta hipotensiva pós-exercício.

    É sabido que indivíduos hipertensos, quando submetidos à uma única sessão

    de exercício, tendem a apresentar maior duração e magnitude5 do efeito

    denominado “hipotensão pós-exercício”. Nesse sentido, considerando os eventuais

    efeitos potencializadores da L-citrulina malato sobre os mecanismos de

    vasodilatação, seria possível que a suplementação dessa substância poderia

    atenuar as diferenças entre normotensos e hipertensos no que tange à magnitude e

    duração dos efeitos hipotensores pós-exercício.

    Nesse sentido, a presente investigação demonstrou que a diferença em

    relação a magnitude e duração da hipotensão pós-exercício entre hipertensos e

    normotensos permanece, mesmo sob a suplementação de suplemento nutricional de

    efeito vasodilatador3,4.

    A literatura ainda é bem divergente quanto a duração do efeito hipotensor

    pós-exercício. Estudos anteriores5,10, com a administração exclusiva de exercício

    aeróbio, têm demonstrado que a hipotensão pós-exercício parece não perdurar por

    períodos de 24 horas, mesmo em indivíduos hipertensos, que parecem estar sujeitos

    à maiores magnitudes de queda da pressão quando comparado a seus pares

    normotensos5,11. Por outro lado, na presente investigação a magnitude de queda da

    pressão arterial sistólica e diastólica foi significativa durante o período de vigília e na

    média de 24 horas no grupo de hipertensos.

    Em relação à outros estudos que não identificaram alterações na pressão

    arterial ambulatorial em normotensos10, 12-14, também é possível inferir que mesmo

    com suplementação de L-citrulina malato, parece não haver efeito hipotensivo pós-

    exercício em normotensos, tanto na vigília, quanto no sono, bem como na média de

  • 51

    24 horas. Assim, de acordo com os resultados do presente estudo, pode-se sugerir

    que a hipotensão pós-exercício em normotensos restringe-se à fase subaguda (até 1

    hora após a sessão de exercício). No entanto, vale destacar que outros estudos5,11,

    com população semelhante, identificou efeito hipotensivo na fase aguda (24 horas)

    em normotensos.

    Hipoteticamente essa variação entre os estudos pode estar relaciona à

    diversidade dos protocolos de exercício adotados, especialmente no que tange a

    intensidade, uma vez que existem estudos que utilizaram protocolos de alta

    intensidade (igual ou superior a 0 do V O2máx)15,21 e também com baixa

    intensidade (igual ou inferior a 50 do V O2máx)22,23. Além disso, é comum a duração

    das sessões de exercício também variar, uma vez que são identificados estudos que

    utilizaram sessões de exercício com duração de 15 min24, enquanto outras

    investigações utilizaram sessões com até 60 min de duração22,25,27.

    Especificamente em hipertensos, a magnitude da hipotensão pós-exercício

    tem apresentado grande variabilidade (5 mmHg28 a 20 mmHg29,30 para pressão

    arterial sistólica e 4 mmHg29,31 a 10 mmHg30 para pressão arterial diastólica). De

    modo geral, as reduções médias giram em torno de 10 mmHg para pressão arterial

    sistólica e 5 mmHg para pressão arterial diastólica. No presente estudo, as variações

    foram da ordem aproximada de 20mmHg para sistólica e 15mmHg para diastólica,

    tanto na fase subaguda (laboratorial 1 hora), quanto na fase ambulatorial (sono e

    média de 24 horas). Dessa forma, considerando os estudos anteriores, a

    suplementação de L-citrulina malato pode ter colaborado para essa queda

    expressiva da pressão arterial em hipertensos.

    Recomenda-se que estudos futuros adicionem nos protocolos experimentais

    medidas de marcadores da disponibilidade de óxido-nítrico, como nitrito e nitrato.

  • 52

    Além disso, a avaliação de outros mecanismos importantes, como a resistência

    vascular periférica e o débito cardíaco podem ajudar no entendimento da ação da L-

    citrulina malato no organismo.

    Nesse sentido é possível concluir que o comportamento da pressão arterial

    após a suplementação de L-citrulina malato em pacientes hipertensos em relação à

    normotensos apresenta maior magnitude do efeito hipotensor na pressão arterial

    sistólica, fase laboratorial nos momentos 10,20 e 30 min, assim como maior redução

    na fase subaguda (1 hora após a sessão de exercício), e na fase aguda (24 horas).

  • 53

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