PLANEJAMENTO: o olhar arquetípico do discente de Biblioteconomia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO CURSO DE BIBLIOTECONOMIA PLANEJAMENTO EM UNIDADES DE INFORMAÇÃO PLANEJAR É PRECISO: o olhar arquetípico do discente de Biblioteconomia ANA PAULA RIBEIRO FERNANDES CRISTIANE FRANÇA BEZERRA DE MELO EDILEIDE DA SILVA FERNANDES KATE COUTINHO DE JESUS LUANA DE ARAÚJO BEZERRA RITA DE CÁSSIA ALMEIDA

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Artigo apresentado à Disciplina de Planejamento em Unidades de Informação, graduação de Biblioteconomia da UFRN.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTECENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃOCURSO DE BIBLIOTECONOMIA

PLANEJAMENTO EM UNIDADES DE INFORMAÇÃO

PLANEJAR É PRECISO: o olhar arquetípico do discente de Biblioteconomia

ANA PAULA RIBEIRO FERNANDESCRISTIANE FRANÇA BEZERRA DE MELO

EDILEIDE DA SILVA FERNANDES KATE COUTINHO DE JESUS

LUANA DE ARAÚJO BEZERRARITA DE CÁSSIA ALMEIDA

NATAL-RN2014

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ANA PAULA RIBEIRO FERNANDESCRISTIANE FRANÇA BEZERRA DE MELO

EDILEIDE DA SILVA FERNANDESKATE COUTINHO DE JESUS

LUANA DE ARAÚJO BEZERRARITA DE CÁSSIA ALMEIDA

Trabalho apresentado a Disciplina Planejamento em Unidades de Informação, ministrada pela Professora Mestre Antônia de Freitas Neta, do Curso de Biblioteconomia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para fins de composição da primeira unidade/2014.2.

NATAL-RN2014

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RESUMO

Aborda-se o cenário de formação acadêmica do bibliotecário e a premência de conhecimento de processos cognitivos, políticas de informação, critérios de acessibilidade, análise e síntese de problemas através do gerenciamento e planejamento estratégico e financeiro, além da sensibilidade medular das relações interpessoais requerida tanto ao graduando em formação quanto ao profissional bibliotecário em atividade. Objetiva-se, através deste estudo, reconhecer a importância do planejamento pessoal do bibliotecário inserido na reorganização de seu ofício, sintetizar como o planejamento encontra-se imbricado no processo de formação da graduação de Biblioteconomia e refletir sobre as transformações na sociedade hodierna influem no fazer biblioteconômico. Trata-se de revisão de literatura através dos textos sugeridos na disciplina de Planejamento em Unidades de Informação, ministrada pela Professora Mestre Antônia de Freitas Neta, que motivaram a tessitura deste trabalho, bem como pesquisa bibliográfica complementar em livros e webibliografia. Pretende-se que este breve estudo provoque discussões entre os discentes de Biblioteconomia, futuros profissionais de informação, ensejando pesquisas subsequentes sobre a temática.

Palavras-chave: Planejamento; Biblioteconomia; Informação.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................4

2 O NÓ AXIOMÁTICO DA BIBLIOTECONOMIA ....................................................5

3 OS ARQUÉTIPOS POSSÍVEIS: NOVOS CONCEITOS........................................9

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES...........................................................................14

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................15

REFERÊNCIAS

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1 INTRODUÇÃO

Desde os primórdios da evolução humana e das sociedades, o ato de planejar

define desde as ações mais elementares como alimentar, reunir em tribos ou

deslocar-se de um continente a outro (nas civilizações primitivas) até as mais

complexas envolvendo estrategicamente toda a estrutura anterior vigente, como as

guerras mundiais.

Assevera-se, portanto:

[...] O planejamento, embora inerente ao ser humano para encaminhar as questões do dia-a-dia, torna-se uma ferramenta com conceitos, modelos, técnicas e instrumentos bem definidos a partir do começo do século passado, com a revolução comunista que constrói a União Soviética. No mundo capitalista, o planejamento, para as questões mais complexas, passa a ser usual, nos governos, depois da segunda guerra mundial. A partir desta adoção pelos governos, o planejamento passa a ser uma das preocupações de instituições, grupos, movimentos, organizações não governamentais: podemos dizer que ele se universaliza. (GANDIN, 2008,p.8).

A tentativa de transformar, impulsionar ou estabelecer mudanças em suas

próprias vidas ou das pessoas em seu entorno através de planejamento atinge

vários setores da vida social.

De acordo com Longhin (2011), sendo o ato de planejar essencial à condição

humana, qual seria a causa da resiliência em aceitar este fato, principalmente no

contexto acadêmico?

Sabe-se que as Instituições de Ensino Superior (IES) usualmente englobam

cenários em que a produção do conhecimento sincroniza com as transformações

culturais, sociais e tecnológicas da sociedade.

Neste contexto, planejar bem é preciso e, segundo Vieira (2007,p.186) “o

processo de planejamento define e refina os objetivos e as escolhas das melhores

alternativas de ação para atingir os objetivos propostos inicialmente”.

Para o autor, a realidade organizacional e dos sujeitos é a constante busca de

conhecimento para aprimoramento e reinvenção de práticas, em que o planejamento

de ações necessita de decisões embasadas que adversam à improvisação.

Embora seja considerado um processo, o planejamento labora com pessoas,

amplificando o desafio da atividade.

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Ao considerar o planejamento como “um poderoso instrumento de intervenção

na realidade e que, se bem utilizado, constitui ferramenta fundamental para o

desenvolvimento das organizações”, Lacombe (2009, p. 70) reafirma que a

imaterialidade do planejamento estratégico geralmente se perde na ineficácia da

prática ineficácia.

Consoante o autor, a variável “pessoas”1 tem que ser considerada

assegurando a irrefutabilidade do processo. Entretanto, a prática mostra que esta é

justamente a variável não considerada.

Objetiva-se, através deste estudo, reconhecer a importância do planejamento

pessoal do bibliotecário inserido na reorganização de seu ofício, sintetizar como o

planejamento encontra-se imbricado no processo de formação do curso de

Biblioteconomia e refletir sobre as transformações na sociedade hodierna influem no

fazer biblioteconômico.

Trata-se de revisão de leitura através dos textos sugeridos na disciplina de

Planejamento em Unidades de Informação, ministrada pela Professora Mestre

Antônia de Freitas Neta, motivou a tessitura deste trabalho, respectivamente o

excerto denominado “Biblioteca como organizações”, escrita por Maciel e Mendonça

(2006, pp.7-12) e os textos “A pergunta mais importante do mundo”, “Resolva o

problema antes que ele se torne um problema” (MAGALHÃES, 2005) e

“Planejamento Pessoal” (ULAF, 2005), bem como pesquisa bibliográfica

complementar em livros e webibliografia.

Pretende-se que este breve estudo provoque discussões entre os discentes

de Biblioteconomia, futuros profissionais de informação, ensejando pesquisas

subsequentes sobre a temática.

2 O NÓ AXIOMÁTICO DA BIBLIOTECONOMIA

A estrutura curricular da graduação em Biblioteconomia, inserida no escopo

da Ciência da Informação, pretende fomentar a capacitação de profissionais para

atuar na organização e gestão da informação, a partir da apreensão crítica do valor

social, econômico, tecnológico, político e cultural do conhecimento.

1 Grifo das autoras.

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O profissional bibliotecário pode atuar em vários segmentos onde a

informação seja absolutamente necessária, tais como: escritórios de advocacia,

agências de publicidade, bibliotecas públicas, universitárias, escolares, órgãos

públicos, indústrias, hospitais, empresas de comunicação, Organizações não

governamentais, empresas de auditoria, consultoria, etc. (BSF, 2010, não paginado).

Esta abrangência, segundo Campello (2009), defende como base teórica a

Ciência da Informação, com conteúdos de fundamentação geral, aliados aos

conteúdos específicos possibilitando a formação de um perfil comum e um perfil

específico do profissional em questão.

Para a autora, o Perfil Comum2 define o profissional com espírito crítico,

domínio das práticas essenciais de produção e difusão do conhecimento, que

atenda demandas concernentes ao seu campo de atuação, trabalhando em

unidades de informação delimitados em que se perpetrem a reflexão, a pesquisa e a

produção do conhecimento.

Por outro lado, o Perfil Específico3 estabelece o bibliotecário como o

profissional qualificado para interagir com o processo de transferência da

informação, da geração ao uso, e dos registros do conhecimento, participando da

interpretação crítica da realidade social.

[...] O fato é que, no seu discurso, o bibliotecário reconhece e apresenta fundamentos para o exercício de seu papel educativo. Este é visualizado por alguns praticantes no contexto do papel social mais amplo, com foco na responsabilidade da biblioteca como formadora de cidadãos. Analisando a prática bibliotecária e propondo para o profissional de biblioteconomia uma ação transformadora, um compromisso social que se efetive na prática e não apenas no discurso. (CAMPELLO,2009,p.19)

Torna-se pertinente, a partir da realidade que se impõe ao futuro profissional

de informação, a aquisição de novas habilidades, competências e o reconhecimento

da importância da capacitação para lidar com o usuário de informação do século

XXI.

Estas habilidades não abarcam somente o aprendizado quanto às inovações

tecnológicas cada vez mais celeremente difundidas, mas, antes, saber trabalhar com

2 Grifo das autoras.3 Idem.

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indivíduos e grupos multidisciplinares, granjeando incessantemente a desenvoltura

de bens intelectuais e culturais.

A este bibliotecário competente do futuro, aponta-se a premência de

conhecimento de processos cognitivos, políticas de informação, critérios de

acessibilidade, análise e síntese de problemas através do gerenciamento e

planejamento estratégico e financeiro, além da sensibilidade medular para o

trabalho.

Considerando as exigências diferenciadas quanto à informação na sociedade

atual, o refinamento de disposições pessoais do bibliotecário deve observar

igualmente ponderações, disposição para enfrentar riscos e a educação continuada.

Sob a égide de tais transformações, há que se refletir sobre a formação do

bibliotecário, a partir de revisão curricular concreta e ampla, contribuindo para a

medrança bibliotecária em um ambiente de contínuas mudanças.

Ainda partícipe da vida acadêmica, o futuro bibliotecário deveria ser

preparado não somente para trabalhar na Biblioteca como uma Instituição, mas para

ser um especialista em informação e coadjuvar a comunicação, como elemento

integral de grupos de pesquisa, agente autônomo e real das transformações.

Tais imutações descrevem, em parte, o moto-contínuo da revolução eletrônica

existente, ou seja, as mídias de massa, redes de computadores que atingem

milhões de usuários, a disseminação seletiva de informação, incluindo,

naturalmente, estudos de sondagens e uso dos recursos de informação, focalizando

as tecnologias existentes de aos serviços de informação, mas sob fundamentos

teóricos.

As IES deveriam propiciar e estimular o ensino e pesquisa, visando produzir

arquitetos para bibliotecas digitais, assim como incentivar profissionais com

comprovado talento em relações interpessoais para liderar equipes multidisciplinares

que planeiem tais ambientes.

A variedade e diversidade de suportes impressos e digitais disponíveis

também concita a formação do futuro profissional de informação para gerar,

recuperar, utilizar e preservar a informação contida neles contida, dentro de suas

capacidades e alternativas de atuação.

A construção de tais assertivas e o vislumbre de um novo bibliotecário

permitiu o entrecruzamento de uma das teorias junguianas e o fazer

biblioteconômico.

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3 OS ARQUÉTIPOS POSSÍVEIS E NOVOS CONCEITOS

O diferencial basilar do Bibliotecário encontra-se na aquisição de

conhecimentos teóricos somados a realização de atividades práticas, propondo

inovações, trabalhando com várias dimensões do processo de apreensão do

conhecimento: a cognitiva, que diz respeito aos saberes específicos de sua área de

atuação; a reflexiva, que envolve a capacidade de pesquisar sobre sua própria

prática apoiada por referenciais teóricos; e a política, que se refere à formação da

identidade profissional. (TARGINO, 2010).

Entender as necessidades e demandas por informação é uma das

diversas atribuições de um bibliotecário, que corroboram a afirmativa da autora.

Entretanto, para Campello (2009), um dos desafios persistentes deste

profissional é desvincular sua atividade do axioma anacrônico que insiste em afirmar

que o curso de Biblioteconomia forma profissionais somente para as bibliotecas.

Para a autora, esta concepção foi superada há muito tempo, embora muitos

setores da sociedade persistam em considerar a formação biblioteconômica de

forma limitada.

Assim, a discussão sobre arquétipos torna-se instrumento de assertividade na

mudança atitudinal do profissional de informação, compreendendo a origem das

concepções que cristalizaram a atuação na gênese da Biblioteconomia.

Segundo Samuels e colaboradores (2008), o conceito de arquétipos, descritos

na atualidade, surgiu em 1919 com o psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl Gustav

Jung, que definiu os arquétipos como conjuntos de imagens primordiais originadas

de repetição progressiva de uma mesma experiência durante muitas gerações,

armazenadas no inconsciente coletivo.

O arquétipo é um conceito psicossomático, unindo corpo e psique, instinto e

imagem e, para Jung, extremamente importante, pois não considerava a psicologia e

imagens como correlatos ou reflexos de impulsos biológicos, mas percebidos em

comportamentos externos, especialmente aqueles que se agrupam a partir de

experiências básicas e universais da vida, tais como nascimento, casamento,

maternidade, morte e separação. 

Os princípios básicos do inconsciente (archetypoi) são indescritíveis em razão

de sua riqueza referencial.

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O intelecto discriminador naturalmente prossegue, tentando estabelecer-lhes

significados únicos e, assim, perde o ponto essencial; pois aquilo que, antes de tudo,

estabelece-se como compatível com sua própria natureza é seu significado

múltiplo4, que torna impossível qualquer formulação unilateral ou unívoca.

Os arquétipos da Morte, do Herói e do Fora da Lei  são exemplos de

algumas imagens conservadas no imaginário de uma criança e, indistintamente de

qual país tenha nascido, das religiões, crenças familiares ou valores morais que

tenha apreendido, tais imagens são muito semelhantes para todas as crianças.

Os arquétipos são encontrados nos mitos, lendas e contos de fadas e

transmitem os significados para as estórias oralmente contadas de geração para

geração.

Externando o que existe no inconsciente, estas estórias tipificam os

arquétipos, encontrados nos filmes, na publicidade e em quase tudo que está

relacionado ao ser social.

Para Mark e Pearson (2012), os arquétipos auxiliam na satisfação das

principais necessidades: a realização, pertença, independência e estabilidade.

Há inúmeras descrições de arquétipos, porém neste breve estudo serão

mencionados os doze arquétipos definidos pelas autoras supracitadas, divididos em

quatro grupos consonantes com os quatro principais impulsos humanos, dispostos

no quadro abaixo:

Fonte: Mark;Pearson,2012

IMPULSOS TIPOLOGIA ARQUÉTIPO

Mestria/RiscoRealizar algo notável, ser

lembrado para sempre, quando se luta pelo próprio sonho.

Herói/Fora da Lei/Mago

Independência/autorrealização Desejo de ficar só, refletir, decidir e conhecer o verdadeiro Eu.

Inocente/Explorador/ Sábio

Pertença/Grupo Profunda necessidade de pertencer a um grupo.

Bobo/Cara Comum/Amante

Estabilidade/Controle Controle das coisas, poder nas mãos.

Criador/ Prestativo/ Governante

4 Grifo das autoras.

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A seguir, descreve-se cada um dos arquétipos brevemente e o lema que

poderia ser aplicado ao mesmo:

Quando o arquétipo do herói está ativo em uma pessoa, ela se fortalece com o desafio, se sente ultrajada pela injustiça e responde rápida e decisivamente à crise ou à oportunidade. O Herói deseja provar, sempre, que pode superar os seus limites, além de constantemente tentar melhorar o mundo em diversos aspectos, fazendo dele um lugar melhor, mais encantador e agradável. Lema do Herói: “Onde há vontade, há um caminho”. (MARK;PEARSON,2012,p113)

O Fora-da-lei é conhecido também como Revolucionário. Ele tem a sedução do fruto proibido e contém em si as qualidades sombrias da cultura, ou seja, as qualidades que a sociedade desdenha. Este arquétipo libera as paixões reprimidas da sociedade. Quando a consciência do Fora-da-lei está presente, as pessoas têm uma percepção mais aguda dos limites que a civilização impõe à expressão humana. Percebe-se, de acordo com a definição deste arquétipo, que o Fora-da-lei ou o Revolucionário está fora de seu tempo. Tem valores discordantes que prometem a revolução, ou que acabam fazendo ameaças por intermédio dela. O arquétipo do Fora-da-lei fornece, ainda, uma maneira de dar continuidade às antigas qualidades, características e propriedades eventualmente existentes na cultura e fazê-las emergir novamente. Lema do Fora-da-Lei: “As regras foram feitas para serem quebradas”. (MARK;PEARSON,2012,id.)

O Mago representa o arquétipo daqueles que desejam buscar os princípios essenciais que regem o funcionamento das coisas e empregá-los para que estas aconteçam. Os empresários podem ser percebidos comumente como Magos, assim como os atletas. As pessoas “mágicas” geralmente possuem sonhos, ilusões e aspirações que muitos avaliam como impossíveis ou impraticáveis, mas o cerne da magia é ter uma visão na direção da qual se deva caminhar. Quando algo dá errado, os Magos analisam a si mesmos, a fim de perpetrar uma mudança interior. Lema do Mago: “Pode acontecer!” (MARK;PEARSON,2012,Ibid.)

Quando o Inocente está ativo em uma pessoa, ela é atraída para a certeza, para ideias positivas e esperançosas, para imagens simples e nostálgicas, para promessa de resgate e redenção. O Inocente é uma pessoa otimista que está sempre visando ao “paraíso”. Este arquétipo prefere coisas previsíveis e não gosta de mudanças. Mas se for preciso, estará disposto a abandonar os valores predominantes naquele momento e experimentar algo que acredita ter valor maior.  O Inocente luta pelo bem e busca encontrar o produto adequado, que compartilhe de valores como a bondade e os comportamentos morais, em vez da ganância, da cobiça e dos comportamentos imorais. Por exemplo, as pessoas que abandonam uma cultura de alta pressão, focada no sucesso, para perseguir a alegria de uma vida simples, têm o arquétipo do Inocente presente

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em si. Lema do Inocente: “Somos livres para ser você e eu”. (MARK;PEARSON,2012,p.63)

Quando o arquétipo do Explorador está ativo na pessoa, seu chamado é para explorar o mundo e, nesse processo, encontrar a si mesmo para poder saber quem ele é. Quando o sentimento de explorador é forte em uma pessoa, ela possivelmente faz, de modo consciente, algo que a diferencie dos outros indivíduos, como por exemplo, os jovens que pintam os cabelos com cores chamativas, ou que colocam piercings em partes do corpo para conquistar ou afirmar sua individualidade. É como se mostrassem sua diferença como forma de resistência à resignação ou à conformidade. Lema do Explorador: “Não levante cercas à minha volta”. (MARK;PEARSON,2012,p.79)

Quando o Sábio está ativo na vida de uma pessoa, ela sente um agudo interesse em aprender por aprender. A parte do Sábio que existe dentro de uma pessoa concorda com a frase: Penso, logo existo. A partir desta definição, é possível concluir que, quando o arquétipo do Sábio predomina no caráter do indivíduo, há grande e constante motivação e interesse pelo aprendizado. Para o Sábio, o principal receio que pode ocorrer é o de ser enganado por informações irreais ou falsas, o que acarretaria uma má interpretação de informações, dados ou situações. Lema do Sábio: “A verdade libertará você”. (MARK;PEARSON,2012,p.95)

Quando o arquétipo do Bobo da Corte está ativo em uma pessoa, ela quer apenas se divertir. O desejo básico, aqui, é ser espontâneo e recuperar aquele espírito brincalhão que todos nós tínhamos quando éramos pequenos. O arquétipo do Bobo da Corte nos ajuda a viver a vida no presente e nos permite ser impulsivos e espontâneos.Enquanto o Cara Comum e o Amante fazem uso da autocensura para se adaptarem ou se acomodarem no grupo, ou para atrair os outros, o Bobo da Corte se solta completamente, demonstrando que a pessoa pode agir de forma espontânea e natural e ainda assim ser acolhida e admirada pelos demais. Lema do Bobo da Corte: “Se eu não puder dançar, não quero tomar parte da sua Revolução”. (MARK;PEARSON,2012,p.203)

Quando o arquétipo do Cara Comum está ativo em uma pessoa, ela usará roupas simples ou outros trajes comuns (mesmo que tenha bastante dinheiro), falará de um modo coloquial e detestará todo o tipo de elitismo. O objetivo dele é fazer parte do grupo e ser igual a todos. Este arquétipo não aprecia artificialismos, tendendo a valorizar o nivelamento entre as pessoas, independente de classe social, religião ou cultura. Por exemplo, em uma festa, pedir uma cerveja nacional em vez de um whisky importado; convidar o cliente para nadar ou jogar boliche em vez de lhe oferecer um jantar sofisticado; todas essas escolhas podem fornecer a indicação de que o arquétipo do Cara Comum é valorizado, apreciado e estimado.Lema do Cara Comum: “Todos os homens e mulheres são criados iguais”. (MARK;PEARSON,2012,p.171)

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O Amante quer um tipo mais profundo de conexão: que seja íntima, genuína e pessoal. Tais formas de conexão – seja com namorados, amigos ou membros da família – exigem muito mais conhecimento, honestidade, vulnerabilidade e paixão do que a ligação mais fria do Cara Comum. Pode-se dizer que ao passo que o Cara Comum deseja bens e serviços que o auxiliem em termos de fazer parte do grupo (por serem muito similares aos que os outros consomem), os Amantes preferem produtos que sejam exclusivos, raros ou customizados. Para que uma empresa seja capaz de alcançar este arquétipo, precisará oferecer um excelente produto, de alta qualidade e, preferencialmente, personalizado. O Amante deseja qualidade da marca que consome, não por uma questão de prestígio ou de status, como o Governante, mas para potencializar seu prazer de viver. Este arquétipo é comum nas indústrias de cosméticos, joias, moda e turismo. Pode-se ainda observar o arquétipo do Amante em certas categorias de alimentos ligadas à sensualidade e ao prazer, como vinhos e iguarias finas, em que tais atributos muitas vezes fazem parte da experiência de consumo. Lema do Amante: “Só tenho olhos para você” (MARK;PEARSON,2012,p.185)

Quando o arquétipo do Criador está ativo nos indivíduos, estes se sentem compelidos a criar ou inovar, caso contrário, sufocam. Nos dias de hoje, em muitas ocasiões, as situações cotidianas fogem do controle dos indivíduos, que canalizam na criatividade seus problemas e dificuldades, usando-a como uma válvula de escape. Por exemplo, uma mulher que tenha tido um dia estressante no trabalho ou em alguma outra situação vai para casa e pinta uma tela ou desenha uma paisagem para relaxar e sentir-se melhor. Qualquer atividade de cunho artístico é útil na satisfação do desejo de harmonia e de estabilidade, além de elevar a autoestima do indivíduo. [...] praticamente todas as pessoas possuem uma forma de expressão por meio da criatividade, sendo esta exposta por meio de atividades como pintura, artes plásticas, escultura, decoração e outras mais. [...] Os produtos do Criador tendem a prestar alguma assistência às pessoas em tais afazeres. A associação com este arquétipo fornece, ainda, uma evocação de status a seus produtos. Muitos produtos caros, como móveis, esculturas e tapetes, são negociados recorrendo-se ao arquétipo do Criador. Lema do Criador: “Se puder ser imaginado, poderá ser criado” (MARK;PEARSON,2012,p.235)

O Prestativo é um altruísta, movido pela compaixão, pela generosidade e pelo desejo de ajudar os outros. Ele teme a instabilidade e a dificuldade, não tanto por si mesmo, mas pelo impacto sobre as pessoas menos afortunadas ou menos resistentes aos choques. Percebido em praticamente quaisquer atividades relacionadas à prestação de serviços, tanto para indivíduos quanto para organizações, corporações e firmas, como por exemplo, conserto de vestidos e outros trajes, limpeza de moradias, avenidas, oficinas etc.; restauração de objetos avariados ou quebrados; cuidados para com a saúde e o bem estar de pessoas enfermas ou idosas; serviços de condutor de automóveis, entre outros. Para o Prestativo, considera-se eficaz o marketing que leva em consideração as inquietações do consumidor direcionadas aos outros. O cliente, neste caso, deve ser exposto como tendo

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preocupações com os demais, e o produto deve auxiliá-lo no sentido de demonstrar maior empenho e fornecer grande facilidade de ação. Lema do Prestativo: “Ama teu próximo como a ti mesmo” (MARK;PEARSON,2012,p.217)

O Governante está no comando e no controle sempre. É típico ser mostrado como indivíduo extremamente responsável, que joga com muitas responsabilidades importantes. Esse arquétipo quer liderança e poder! Ele pode ser resumido em termos de responsabilidade, competência e soberania e, sendo um tanto mais ambicioso, este seria um arquétipo preocupado com o bem-estar da sociedade e do planeta. Os produtos e serviços relacionados ao arquétipo do Governante resguardam e encorajam a administração desses encargos de modo adequado, reafirmando o poder, o prestígio e o status do cliente ou do consumidor. Cartões de crédito, instituições financeiras, computadores e produtos destinados ao público-alvo classe “A” são alguns exemplos. Lema do Governante: “O poder não é tudo… é só o que importa” (MARK;PEARSON,2012,p.251)

Observou-se que cada uma das características arquetípicas descritas pelas

autoras entrecruzam com as asserções referenciadas em relação às habilidades e

competências humanas exigidas na sociedade atual, de acordo com o perfil do

profissional de informação que terá que se adequar às mudanças e,

simultaneamente, romper o ciclo paradigmático inviável do ofício biblioteconômico,

perenizado pelo desconhecimento da atuação multifacetada em potencial.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A conscientização que nenhuma tecnologia poderá substituir habilidades

altamente desenvolvidas pelo bibliotecário, que, entre outras atividades, avalia

cognitivamente um pedido de informação, identifica a citação incorreta e negocia

com o usuário até atingir à resposta certa permite afirmar que nenhum recurso

tecnológico poderá competir com um profissional criativo, flexível e que oportuniza

interação interpessoal, analisa a resposta, interage e faz julgamento.

O maior desafio do profissional é, basicamente, auxiliar o usuário ancorado

em fundamentos biblioteconômicos, formular a pergunta certa e obter a resposta

desejada.

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Se a inteligência artificial pode cotejar-se à inteligência humana, o seu papel

em questões de planejamento, gerenciamento e comunicação terá sempre, como

linde central, o bibliotecário.

Nota-se que a personalização da informação é um dos novos papeis do

profissional, oportunizando o encontro e obtenção da informação pelo usuário.

Partir da perspectiva de intelectualização de funções requer muito mais

habilidade na seleção, análise e síntese da informação, o que resulta em

atendimento de excelência e compensador para os envolvidos.

Quando o usuário se declarar “perdido no caos da informação" ou

“procurando aquele livro azul do escritor que mora no Canadá”5, a orientação do

bibliotecário será vital e preciosa para auxilia-lo na busca informacional.

A era dos repositórios digitais facultará ao profissional capacitar-se, planejar e

idealizar publicações eletrônicas e igualmente implementar novos tipos de serviços

de informação, como a Disseminação Coletiva de Informação (DSI), o clipping, os

broadcasts, hangouts,etc.

Promover a Unidade de Informação sob sua responsabilidade nas redes

sociais, blogs e microblogs, planeando conexões entre autores da Ciência da

Informação e áreas correlatas para divulgação e permuta de saberes.

A criação e o gerenciamento destes novos serviços e a manutenção de outros

que já existem ou ainda serão criados diligenciarão múltiplas responsabilidades e

atitudes mais dinâmicas, no enfrentamento destas contingências.

5 CONCLUSÕES

Ao reconhecer a importância do planejamento pessoal do bibliotecário

inserido em aspectos variados, tanto em relação à capacitação e reorganização

profissional quanto os benefícios reais no atendimento aos usuários, concluiu-se que

o planejamento perpetra todo o processo de gerenciamento, de forma alguma

restrito ao eu bibliotecário mas, antes, ao entorno deste profissional e sua atuação.

Assim, pretende-se que este relato de experiência, ao invés de apresentar

elucubrações e discursos vazios, propicie as reflexões necessárias primeiramente

aos discentes que porventura o lerem, os profissionais do futuro.

5 Fato verídico presenciado por uma das autoras, mantido o anonimato.

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A interação com a comunidade interna ou externa, explorando contiguamente

ambiências, idiossincrasias e necessidades, aliada às metodologias e estratégias

empregadas no dia-a-dia de atuação junto aos usuários, advirá à inovadora e

dinâmica postura a ser adotada por esse tipo de profissional da informação.

Urge, ainda, refletir sobre valores, atitudes e axiomas identificadores da

profissão, porém agindo em conformidade com o cenário das transformações,

buscando a interdisciplinaridade a fim de engendrar o aprendizado de mecanismos,

produtos e serviços especiais para os segmentos das Unidades de Informação ou

outros ambientes de trabalho em potencial.

A completude humana, a superação de limites impostos pela sociedade ou

pelo próprio individuo são construtos de uma mente aberta ao infinito escopo do

conhecimento.

Em contrapartida, o senso de alteridade possibilitada pelo compartilhamento

de seus saberes o integra e expande os bens intelectuais e morais adquiridos pela

pesquisa ou experiência.

O desassossego das autoras é que, no futuro que se avizinha, os usuários

tenham pleno e total acesso às informações sem, entretanto, saber utiliza-la

adequada e significativamente.

Aos futuros profissionais de informação e aos profissionais em exercício, que

o comodismo intelectual não destrua a capacidade de vislumbrar a vertente do

comprometimento e da valorização pessoal.

Novas perspectivas biblioteconômicas, contemporâneas incitações.

A importância da informação e seus enleios perduram, inevitáveis.

REFERÊNCIAS

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