Planej Estet Dentes Anter Final

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Cristian Higashi João Carlos Gomes Sidney Kina Oswaldo Scopin de Andrade Ronaldo Hirata Planejamento estético em dentes anteriores A odontologia estética encontra-se em contínuo avanço e tem sido cada vez mais pra- ticada nos últimos anos em virtude dos procedimentos adesivos e do desenvolvimento de materiais restauradores que buscam a reprodução das características naturais das estruturas dentais. A estética para o ser humano é um conceito altamente subjetivo, pois se encontra relacionada a fatores sociais, culturais e psicológicos que se alteram em função do tempo, dos valores de vida e da idade do indivíduo. Devido a isto, a avaliação das expectativas do paciente e o entendimento das possíveis soluções terapêuticas são essenciais antes de iniciar qualquer planejamento. Atualmente o cirurgião-dentista possui diversas opções restauradoras para os dentes anteriores. Procedimentos diretos ou indiretos, com resinas compostas ou ce- râmicas, variáveis que muitas vezes dificultam o correto diagnóstico de qual técnica e qual material são mais adequados para cada situação clínica. O conceito da Odontologia Restauradora atual preconiza que, para qualquer tipo de procedimento, o profissional deve sempre optar pelo tratamento mais conser- vador, isto é, com maior preservação de estrutura dental sadia. O plano de tratamento deve ser realizado de modo que permita formular um bom prognóstico a médio e longo prazo, não apenas em termos de estética, como também considerando os aspectos biológicos e funcionais. Nenhum tipo de tratamento poderá ter êxito sem o estabelecimento de um corre- to diagnóstico e adequado planejamento. Esta etapa é, provavelmente, uma das mais 7

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  • Cristian Higashi

    Joo Carlos Gomes

    Sidney Kina

    Oswaldo Scopin de Andrade

    Ronaldo Hirata

    Planejamento esttico em dentes anteriores

    A odontologia esttica encontra-se em contnuo avano e tem sido cada vez mais pra-ticada nos ltimos anos em virtude dos procedimentos adesivos e do desenvolvimento de materiais restauradores que buscam a reproduo das caractersticas naturais das estruturas dentais.

    A esttica para o ser humano um conceito altamente subjetivo, pois se encontra relacionada a fatores sociais, culturais e psicolgicos que se alteram em funo do tempo, dos valores de vida e da idade do indivduo. Devido a isto, a avaliao das expectativas do paciente e o entendimento das possveis solues teraputicas so essenciais antes de iniciar qualquer planejamento.

    Atualmente o cirurgio-dentista possui diversas opes restauradoras para os dentes anteriores. Procedimentos diretos ou indiretos, com resinas compostas ou ce-rmicas, variveis que muitas vezes dicultam o correto diagnstico de qual tcnica e qual material so mais adequados para cada situao clnica.

    O conceito da Odontologia Restauradora atual preconiza que, para qualquer tipo de procedimento, o prossional deve sempre optar pelo tratamento mais conser-vador, isto , com maior preservao de estrutura dental sadia.

    O plano de tratamento deve ser realizado de modo que permita formular um bom prognstico a mdio e longo prazo, no apenas em termos de esttica, como tambm considerando os aspectos biolgicos e funcionais.

    Nenhum tipo de tratamento poder ter xito sem o estabelecimento de um corre-to diagnstico e adequado planejamento. Esta etapa , provavelmente, uma das mais

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    importantes e imprescindveis para a obteno de excelncia (Baratieri, 2002).

    Este captulo objetiva apresentar algumas estratgias clnicas que visam facilitar o planeja-mento e execuo das restauraes estticas em dentes anteriores, possibilitando trabalhar com uma maior previsibilidade de resultados e mxima preservao da estrutura dental.

    ABORDAGEM INICIAL

    O primeiro contato com o paciente que procura um tratamento odontolgico esttico tem por nalidade compreender as necessidades primordiais deste paciente, isto , entender qual o principal problema que o incomoda. Assim, o prossional deve ouvir atentamente as explicaes do mesmo, buscando denir a personalidade do paciente, o nvel de expectativa e o grau de exi-gncia com relao ao tratamento a ser realizado (Fradeani, 2006).

    Uma seqncia de procedimentos pode ser feita para obter informaes essenciais para a elaborao de um planejamento esttico indi-vidualizado, a comear por um exame clnico detalhado, que deve ser complementado com a requisio de radiograas, fotograas e modelos de estudo.

    Radiograa e fotograa digital

    A requisio de um levantamento radiogr-co periapical uma documentao extremamente importante, pois dentre as suas vrias funes, possibilita a vericao de possveis leses cariosas, acompanhamento de restauraes ou prteses den-trias antigas, alm de possibilitar a observao da situao endodntica e periodontal do paciente.

    Em uma anlise esttica de dentes anteriores existem muitas informaes a serem observadas,

    que dicilmente podem ser anotadas durante a primeira consulta clnica. A obteno de fotograas em diferentes ngulos pode auxiliar o prossional a analisar com tranqilidade detalhes estticos na ausncia do paciente (Grel, 2003). Alm do au-xlio na montagem do plano de tratamento inicial, as fotograas podem ser teis para diversas outras situaes. uma forma muito interessante de trans-mitir para o paciente, informaes sobre os pro-blemas clnicos encontrados, podendo ampliar as imagens para uma melhor visualizao. Diante de um momento crtico de deciso, como previamente cimentao de laminados cermicos, estas foto-graas podem auxiliar na deciso de escolhas quan-to cor e forma das peas protticas. Observando as imagens o paciente consegue opinar com maior clareza sobre quais alteraes sero necessrias. Pode ser um excelente meio de comunicao com o laboratrio de prtese (Magne, Belser, 2003), em que permite ao ceramista ter a visualizao da face, do sorriso e do contorno de lbios do paciente, favorecendo a confeco de restauraes perso-nalizadas e algumas fotograas especcas podem ser importantes nas correes cermicas a serem feitas. Atualmente, com a evoluo das cmeras digitais, esta etapa est bastante facilitada, pois permite a visualizao e veiculao quase imediata das imagens registradas, no entanto necessrio objetividade e padronizao do nmero e ngulos das fotograas, a m de realizar somente o registro das imagens que realmente sero aproveitadas, pois ao contrrio, esta etapa pode se um passo descon-fortvel e irritante para o paciente.

    Algumas fotograas podem ser padronizadas para a anlise esttica inicial dos dentes anterio-res. Desta forma, oito fotos devero ser realizadas (Figuras 7.1 a 7.8).

    As imagens registradas, juntamente com os modelos de estudo conferem uma condio mais favorvel para uma anlise esttica minuciosa a ser conduzida sem a presena do paciente.

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    Figura 7.1Lbio em repouso e a boca entreaberta, para avaliar a ex-posio dos incisivos superiores.

    Figura 7.2Lbio em repouso e boca entreaberta (foto de perl), para a visualizao do posicionamento dos dentes e do volume dos lbios.

    Figura 7.3Sorriso frontal, de pr-molar a pr-molar, utilizada para observar a altura e largura do sorriso; inter-relao das bor-das incisais dos dentes superiores com o lbio inferior.

    Figura 7.4Dentes em MIH (mxima intercuspidao habitual), de canino a canino com o auxlio de um afastador de lbios, para avaliar o posicionamento e simetria entre os dentes anteriores.

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    Figuras 7.5 a 7.7Com o auxlio de um afastador de lbios e um fundo escuro, permitem avaliar as formas e os contornos dentais e vericar as propores entre os dentes anteriores.

    7.5 7.6

    7.7

    Figura 7.8Fotograa em close-up dos incisivos superiores para reg-istro de pequenos detalhes, como a textura, denio dos mamelos, cristas marginais e reas de translucidez, presen-tes principalmente nos dentes de pacientes jovens.

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    Modelos de estudo e enceramento diagnstico

    A obteno de modelos de estudo da arcada superior e inferior permitem uma visualizao tridimensional dos dentes e tecidos adjacentes, impossvel de se obter clinicamente. Atravs dos modelos pode-se observar detalhes gengivais, posi-cionamento, inclinaes, formas dentais e relaes dos dentes em conjunto e com os seus antagonis-tas (Conceio, 2005).

    Quando mltiplas alteraes estiverem indi-cadas, um enceramento diagnstico deve ser rea-lizado sobre os modelos de estudo para facilitar a visualizao da forma, posio e proporo das futuras restauraes, que devem ser realizadas de acordo com o melhor arranjo funcional e esttico possvel. Este enceramento muito interessante para os pacientes com diculdade de imaginar todas as possveis modicaes que podem ser realizadas em seu sorriso aps o tratamento res-taurador. Alm de facilitar a comunicao entre prossional e paciente, o enceramento diagnsti-co pode ser muito til durante os procedimentos diretos e indiretos. Sua aplicabilidade clnica ser melhor comentada posteriormente.

    Ensaios diagnsticos intra-orais ou mock-up

    A previso do resultado nal de um tratamen-to essencial quando do planejamento de uma reabilitao esttica substancial (Magne, 1999).

    Um planejamento restaurador em modelos de estudo e um ensaio restaurador intra-oral permite ao prossional trabalhar com maior previsibilidade de resultados e conseqentemente com uma menor margem de erros em casos mais difceis, quando mltiplas alteraes devero ser realizadas. Even-tualmente, pode no ser necessrio para problemas isolados envolvendo apenas um ou dois dentes.

    Inicialmente extremamente importante re-denir a morfologia dental desejada atravs do enceramento diagnstico. Quando h a necessidade de alterao da forma, comprimento ou posio do dente no arco, o ensaio pode ter grande valia para a visualizao prvia do resultado nal desejado (Figuras 7.9 a 7.14). Dependendo da situao cl-nica encontrada e dos conhecimentos e habilidades do prossional, esta simulao pode ser realizada diretamente sobre os dentes, inserindo resinas compostas em reas especcas para obteno do melhor resultado esttico e funcional possvel.

    Figuras 7.9 e 7.10Enceramento diagnstico para redenio da morfologia dos dentes a serem restaurados.

    7.9 7.10

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    Figuras 7.11 a 7.14Enceramento diagnstico para redenio da morfologia dos dentes a serem restaurados.

    7.11 7.12

    7.13 7.14

    importante salientar que estes ensaios intra-orais ou restauraes de diagnsticos devem ser realizados sem o condicionamento dos tecidos dentais, para depois de cumprida a sua nalidade poder ser facilmente removido.

    Uma outra forma de se realizar este ensaio a utilizao de uma resina composta para res-tauraes provisrias, genericamente denominada bis-acryl, que se polimeriza quimicamente ao ser automisturada em pistolas com pontas semelhan-tes s utilizadas nos sistemas de silicone de adio. Algumas marcas comerciais com o Structur 2 SC (Voco), Ultra-Trim (Bosworth) e Systemp C&B (Ivoclar Vivadent) podem ser encontradas no mer-cado odontolgico, disponveis em diversas cores. Primeiramente faz-se uma moldagem do encera-

    mento diagnstico com silicone por condensao de uso laboratorial, posteriormente, a matriz obti-da desta moldagem (Figura 7.15) preenchida com uma resina bis-acryl (Figura 7.16), levada aos dentes no preparados, e mantida em posio at a completa polimerizao. Ao nal do tempo de polimerizao, remove-se a matriz e pode-se ava-liar o ensaio diagnstico em posio (Figuras 7.17 e 7.18). Neste caso, se algum desgaste dental for necessrio, ser realizado somente aps a aprova-o da forma, tamanho e comprimento dental por parte do prossional e do paciente. muito vlido principalmente para os casos em que apenas um aumento do volume dental necessrio, muito freqente em pacientes adultos ou idosos com incisivos desgastados ou envelhecidos.

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    Figura 7.15Matriz obtida pela moldagem do enceramento diagnstico, utilizada para a confeco do ensaio intra-oral.

    Figura 7.16A matriz de silicone preenchida com uma resina bis-acryl, que deve ser levada aos dentes e mantida em posio por um tempo de aproximadamente 5 minutos.

    Figura 7.17Situao inicial.

    Figura 7.18Situao logo aps a confeco do ensaio diagnstico, pre-viamente aos procedimentos de acabamento e polimento. Observe que este ensaio permite uma correta visualizao do resultado nal esperado, sem a necessidade de des-gastes dentais prvios.

    Aps a concluso do ensaio restaurador ne-cessrio que o paciente e o prossional avaliem o resultado obtido e havendo a necessidade, ajustes

    e modicaes intra-orais podero ser realizados de acordo com as caractersticas e anseios de cada paciente.

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    INDICAES CLNICAS PARA RESTAURAO EM DENTES ANTERIORES

    A reproduo das caractersticas dos dentes naturais sempre foi um dos grandes objetivos das tcnicas e materiais restauradores.

    Aps a preconizao do condicionamento do esmalte dental com cido fosfrico por Buonoco-re, em 1955, e o advento das resinas compostas com Bowen, em 1963, solues restauradoras extremamente conservadoras e reversveis torna-ram-se possveis.

    A busca constante da esttica natural, jun-tamente com a evoluo continuada de tcnicas adesivas avanadas e formulaes polimricas e cermicas garantiu ao clnico e ao paciente a oportunidade para alcanar resultados funcionais e estticos em longo prazo (Christensen, 1991; Meijering, 1997; Rucker, 1990; Welbury, 1991).

    Vrias so as alternativas de abordagem cl-nica dos problemas relacionados com a forma, posio e alinhamento, simetria e proporo, textura supercial e cor dos dentes anteriores (Heymann, 1987).

    As indicaes atuais dos procedimentos ade-sivos so relativas, no existe mais a possibilidade que ocorria com as tcnicas e materiais mais anti-gos de indicaes e contra-indicaes autoritrias e seguras. Hoje quem dene a indicao o pr-prio prossional, em vista de cada situao clnica (que extremamente particular) e com base em conhecimentos cientcos (Hirata, 1999).

    Dentro desta abordagem, o limite entre as indicaes para facetas diretas e indiretas ser tnue, variando de acordo com o caso clnico em questo.

    Tratamento restaurador direto

    O recontorno cosmtico com resinas compos-tas a tcnica mais simples de restaurao direta, no requer qualquer espcie de preparo, exige simplesmente o condicionamento cido total do dente. A resistncia e reteno so providas pela adeso ao esmalte. Representa a alternativa de escolha em casos em que no existem alteraes de cor profundas, ou dentes cujo posicionamento no exige correo por meio de desgastes. Essa tcnica representa a base do recontorno cosmtico por aposio de resinas compostas, cujo objetivo

    principal o reposicionamento do dente no arco, podendo tambm esta tcnica ser empregada para o fechamento de diastemas e restauraes de dentes conides. Desde que respeitadas as suas limitaes, principalmente com relao seleo do caso e a sensibilidade da tcnica, os recon-tornos cosmticos so restauraes que podem proporcionar ou devolver a harmonia do sorriso de forma excepcional.

    As resinas compostas oferecem resultados de tratamentos adequados para pacientes jovens. Em adultos so apropriadas quando o volume, a extenso ou o nmero de restauraes limitado (Magne, Belser, 2003).

    Aqueles casos em que j existe um comprome-timento razovel da cor, com escurecimento mdio ou elevado, a alternativa restauradora invariavel-mente exigir um preparo do remanescente dental, visando uma espessura e campo de trabalho para a execuo de uma faceta. Outros casos que exi-giro preparo so dentes com extrema vestibulari-zao, onde para o correto alinhamento no arco, exige-se um desgaste da superfcie vestibular.

    Para os dentes escurecidos, o clareamento dental prvio sempre deve ser proposto como tra-tamento inicial.

    Em situaes isoladas, com a presena de pro-blemas localizados, referentes a apenas um dente conide ou fraturado ou escurecido, com muita estrutura dental remanescente, talvez a tcnica direta seja mais recomendada pela versatilidade e possibilidade de reproduo mais el dos dentes vizinhos.

    As restauraes diretas possuem a grande vantagem de ser unicamente dependente do pros-sional, um procedimento centralizado; o resultado ser, portanto, diretamente proporcional tcnica e ao conhecimento daquele que estiver executan-do, sendo tambm uma faca de dois gumes.

    Outra vantagem do processo direto o custo do procedimento, que relativamente mais baixo do que aqueles que envolvem parte laboratorial. O nmero de sesses para execuo (sesso nica) tambm mostra ser uma vantagem importante, apesar de esta ser relativamente longa.

    A resistncia e a estabilidade de cor das resi-nas compostas, apesar de inferiores em relao s cermicas, so satisfatrias e dependero do caso em que as restauraes foram indicadas e como foram executadas e ajustadas. O tempo estimado de vida infelizmente no pode ser calculado devi-do ao carter multifatorial envolvido.

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    Tratamento restaurador indireto

    Quando vrios dentes anteriores apresentam perda signicativa da estrutura coronal, as res-tauraes cermicas so indicadas (Magne, Belser, 2003).

    Casos clnicos em que problemas generaliza-dos so observados, bem como grande nmero de restauraes extensas, com manchamentos, alteraes de forma observados em vrios dentes, estes so srios candidatos ao facetamento indi-reto. Descoloraes por tetraciclina, resistentes ao clareamento, podem tambm ser efetivamente tratadas com laminados cermicos, podendo apresentar elevada satisfao com relao cor aps 2,5 anos de acompanhamento clnico (Chen, 2005).

    Na necessidade de reposio de guia anterior, provavelmente as facetas indiretas sejam mais in-dicadas, pela maior resistncia mecnica oferecida. Lembre-se que um correto ajuste dos movimentos excursivos inuencia diretamente a longevidade e preservao da rea incisal.

    Pacientes com expectativas altas, com senti-dos apurados para esttica, que apresentam face-tas de resinas compostas insatisfatrias realizadas anteriormente, solicitando resultados com outros materiais mais estveis, com menos manchamen-tos e melhor esttica so casos para facetamento indireto.

    A grande vantagem da natureza da tcnica indireta a fabricao das peas de forma extra-oral, otimizando os resultados estticos e os pro-cedimentos de acabamento e polimento.

    Os laminados cermicos apresentam diversas vantagens, pois renem algumas das qualidades dos compsitos, como a capacidade de ser cola-do ao substrato dental; e das cermicas, como a estabilidade de cor, alta resistncia e durabilidade, expanso trmica e rigidez semelhante ao esmalte dental.

    Estudos in vivo demonstram um elevado po-tencial para o estabelecimento de uma excelente adaptao marginal, manuteno da integridade periodontal e alto grau de satisfao pelos pacien-tes (Peumans et al., 2000).

    UTILIZAO DO PLANEJAMENTO INICIAL PARA O TRATAMENTO RESTAURADOR

    O planejamento inicial fundamental na bus-ca pelos melhores resultados estticos e funcionais dos procedimentos restauradores. A utilizao de algumas tcnicas aliadas a este planejamento per-mite a execuo do trabalho com maior previsi-bilidade de resultados e com mxima preservao da estrutura dental.

    Uso do enceramento diagnstico e matriz palatina para confeco de restauraes diretas

    Um bom tipo de matriz para dentes anteriores fraturados, restauraes classe IV extensas, redu-o e/ou fechamento de diastemas e recontornos cosmticos pode ser obtido a partir de um ensaio restaurador diagnstico (Figura 7.19), por meio de uma moldagem com a parte densa de um silico-ne por adio ou condensao. Essa matriz na verdade um guia de silicone, que pode ser feita diretamente na boca ou a partir de um modelo de gesso (Baratieri et al., 2002). Para ambos os casos devem-se primeiramente realizar um ensaio diagnstico, como citado anteriormente. Aps a reconstruo dos dentes a serem restaurados, na boca ou no modelo de gesso (enceramento diagns-tico), uma moldagem, sem moldeira, com a parte densa de um silicone por adio ou condensao dever ser feita, envolvendo todo o dente (Figura 7.20). Pode-se tambm utilizar silicones polimeri-zados por condensao, de uso laboratorial, como o Zetalabor (Zhermack), Silon IP (Dentsply) ou Perl Lab (Vigodent), sendo estes muito rgidos e excelentes para este m. Aps a presa do material de moldagem, o molde dever ser retirado e, com auxlio de uma lmina de bisturi n 12 ou 15 (fea-ther), recortado no sentido mesio-distal, removendo apenas a poro vestibular, de modo que o rebordo incisal permanea na matriz de silicone (Behle, 2000) (Figura 7.21). Aps o recorte do molde, este deve ser levado em posio para vericar e testar o assentamento correto (Figura 7.25).

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    Figura 7.19Planejamento inicial com enceramento diagnstico sobre os modelos de estudo do paciente.

    Figura 7.20Moldagem do enceramento diagnstico com um silicone de uso laboratorial Zetalabor (Zhermack). Observe o completo envolvimento de todo o dente.

    Figura 7.21Recorte da matriz no sentido mesio-distal, preservando so-mente a regio palatina e incisal.

    Figura 7.22Posicionamento da matriz palatina no modelo de gesso encerado.

    Figuras 7.23 e 7.24Caso inicial antes e aps a remoo das restauraes antigas, respectivamente. Foi utilizada uma tcnica de isolamento abso-luto modicado.

    7.23 7.24

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    Uma das grandes vantagens de se trabalhar com este tipo de matriz a segurana do correto posicionamento dos bordos incisais e proximais,

    onde a partir da regio palatina outras camadas de resinas so inseridas pela tcnica incremental policromtica (Figuras 7.26 a 7.28).

    Figura 7.25Vericao intra-oral do correto assentamento da matriz palatina.

    Figuras 7.26 a 7.28Restaurao pela tcnica incremental policromtica com insero das resinas a partir da regio palatina. Note que a utilizao matriz permite a visualizao prvia do cor-reto posicionamento e comprimento da restaurao nal planejada.

    7.26 7.27

    7.28

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    7.29 7.30

    7.31 7.32

    Figuras 7.29 a 7.32Resultado nal obtido.

    Uso do enceramento diagnstico em preparos dentais para laminados cermicos

    Para o desgaste da superfcie do esmalte essencial restabelecer o volume original do dente. Para isto, o uso de um enceramento diagnstico e uma correspondente matriz de silicone imperati-vo a esta considerao (Magne, 1999).

    Para os procedimentos indiretos, a forma e a espessura do preparo dental so variveis possveis para o sucesso das restauraes cer-micas e diferentes geometrias de preparos podem ser encontradas na literatura. Dentre as vrias tcnicas de preparo descritas, independente do autor e tipo de tratamento proposto, um dos objetivos principais a mxima preservao das estruturas dentais sadias, desta forma, pode-se utilizar uma matriz para nortear a espessura de desgaste. Esta matriz obtida pela moldagem do enceramento diagnstico e deve ser recortada no sentido horizontal, de forma a utilizar somente a

    face vestibular da mesma. Posiciona-se a matriz nos dentes antes de iniciar o procedimento de preparo para vericar sua estabilidade e correto assentamento, porm quando o posicionamento dos dentes no permitir que isto ocorra, alguns desgastes prvios sero necessrios (Figuras 7.33 a 7.35). Durante o preparo dental esta mesma matriz deve ser novamente posicionada para avaliar os locais especcos a serem desgastados, permitindo assim preparos mais conservadores. O espao necessrio na regio incisal pode ser controlado com uma matriz palatal (Figura 7.36) e aps a nalizao de todo preparo necessrio o posicionamento da matriz para vericar se h uma espessura adequada para a confeco da res-taurao (Figura 7.37). Portanto, a quantidade de desgaste da estrutura dental calculada tendo em vista o resultado nal da restaurao cermica e no em relao ao que est presente no paciente, como era realizado na tcnica convencional da silhueta. Resulta-se assim em preparos minima-mente invasivos e com mxima preservao da estrutura dental sadia (Figura 7.38).

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    Figuras 7.33 a 7.35 *Desgastes dentais necessrios para o correto assentamento da matriz (setas).

    7.33 7.34

    7.35

    Figura 7.36*Espao de aproximadamente 2 mm necessrios para a regio incisal dos laminados cermicos.

    Figura 7.37 *Vericao da espessura necessria para a confeco da restaurao.

    * (Mesmo paciente das Figuras 7.9 a 7.18).

    Figura 7.38 *Preparos dentais nalizados.

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    Figuras 7.40 e 7.41 *Viso nal dos provisrios para laminados cermicos, aps a remoo dos excessos e glazeamento.

    Uso do enceramento diagnstico para confeco de provisrios diretos

    Uma restaurao provisria adequada ne-cessria para proteo dental contra as injrias trmicas e inltraes bacterianas. Para os casos de laminados cermicos, o objetivo dos provis-rios, alm dos j citados acima, prover a funo e esttica planejada no incio do tratamento, pos-sibilitando uma comunicao direta com o pa-ciente e o laboratrio a m de melhorar pequenos detalhes que podem inuenciar no resultado nal da restaurao.

    Os provisrios diretos podem ser confeccio-nados da mesma forma que os ensaios restaura-dores de diagnstico (Figuras 7.15 a 7.18), isto , utilizando as resinas denominadas bis-acryl, com a mesma matriz obtida do enceramento diagns-tico. Ela levada aos preparos e mantida em

    posio at a completa polimerizao da resina. Ao nal do tempo de polimerizao, remove-se a matriz (Figura 7.39) e se realiza os acabamentos e polimentos necessrios nas restauraes provis-rias, que esto unidas entre si e sero cimentadas provisoriamente com cimentos translcidos como o Temp Bond Clear (SDS Kerr) ou Provitemp (Biodinmica), proporcionando assim uma maior previsibilidade dos resultados nais relacionados forma dos laminados cermicos a serem con-feccionados. Um glazeamento nal (polimento atravs da aplicao de uma resina lquida) des-tes provisrios pode ser feito com uma resina fotopolimerizvel prpria para este procedimento, como o Biscover (Bisco) utilizado para aumentar o brilho, a estabilidade de cor e o polimento destas restauraes (Figuras 7.40 a 7.42). importante salientar que este produto no se polimeriza com-pletamente com ativao por algumas luzes de aparelhos LED, sendo necessrio a fotoativao com luz halgena.

    Figura 7.39 *Aps aproximadamente 5 minutos, tempo necessrio para a polimerizao da resina bis-acryl, remove-se a matriz e se realiza os acabamentos e correes necessrias.

    7.40 7.41

    * (Mesmo paciente das Figuras 7.9 a 7.18).

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    Aps a cimentao dos provisrios, normal o paciente queixar-se do excessivo volume dental. Para isto, ele deve ser informado que o objetivo da avaliao esttica dos provisrios requer uma anlise clnica de vrios dias e conseqentemente deve-se provar as restauraes provisrias por 1 a 2 semanas, para em uma outra consulta discutir alteraes possveis a serem feitas.

    Se alteraes forem posteriormente realizadas, uma melhor forma de transferir estas alteraes para o laboratrio por meio de uma moldagem nal dos provisrios com alginato ou silicone por condensao. Este o melhor meio de transferir a correta posio incisal, forma e posicionamento dos dentes para o laboratrio e deve ser enviado juntamente com as fotograas intra e extra-orais do paciente.

    LTIMAS CONSIDERAES

    Um correto conhecimento das tcnicas e materiais restauradores essencial para o plane-jamento e execuo de restauraes estticas em dentes anteriores.

    O protocolo de tratamento descrito neste captulo possibilita uma melhor interao entre o prossional, o paciente e o laboratrio, atravs das fotograas e dos modelos de estudo encera-dos. Demonstrou que a utilizao do enceramento diagnstico com o auxlio das matrizes de silicone facilita a confeco de restauraes diretas, auxilia no planejamento de laminados cermicos e permi-te a realizao de preparos dentais tendo em vista o resultado nal esttico desejado.

    Figura 7.42 *Caso nalizado.

    * (Mesmo paciente das Figuras 7.9 a 7.18).

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    Referncias 1. Baratieri LN et al. Caderno de Dentstica: restau-

    raes adhesivas diretas com resinas compostas em dentes ateriores. So Paulo, Livraria Editora Santos, 2002.

    2. Behle C. Placement of direct composite veneers utili-zing a silicone buildup guide and intraoral mock-up. Pract Periodontics Aesthet Dent v. 12, n. 3, p. 259-66, apr. 2000.

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