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PLACERES DIAMANTÍFEROS DO RIO ITIQUIRA, MATO GROSSO, BRASIL.

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PLACERES DIAMANTÍFEROS DO RIO ITIQUIRA, MATO

GROSSO, BRASIL.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

Reitor

Maria Lúcia Cavalli Neder

Vice-Reitor

Francisco José Dutra Souto

Pró-Reitor de PPG

Leny Caselli Anzai

Diretor ICET

Edinaldo Souza Castro

Coordenador do Programa

Denis Lima Guerra

Vide Coordenador do Programa

Amarildo Salina Ruiz

Chefe do DRM

Paulo César Correa. da Costa

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v

CONTRIBUIÇÕES ÀS CIÊNCIAS DA TERRA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PLACERES DIAMANTÍFEROS DO RIO ITIQUIRA, MATO

GROSSO, BRASIL.

Elvio Figueiredo Santana

Orientador

Ricardo Kalikowski Weska

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geociências do

Departamento de Recursos Minerais da Faculdade de Geologia da Universidade Federal

de Mato Grosso como requisito parcial à obtenção do Título de Mestre em Geologia,

Área de concentração: Prospecção

CUIABÁ

2011

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INFORMAÇÕES CATALOGRÁFICAS

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Dedicatória

A Deus pelo dom da vida.

A minha família pelo apoio e dedicação.

As minhas sobrinhas Anielly e Heloiza.

Ando devagar por que já tive pressa

E levo esse sorriso por que já chorei demais

Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe,

Só levo a certeza de que muito pouco eu sei

Eu nada sei.

Conhecer as manhas e as manhãs,

O sabor das massas e das maçãs,

É preciso amor pra poder pulsar,

É preciso paz pra poder sorrir,

É preciso a chuva para florir..

Autoria: Almir Sater e Renato teixeira

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Agradecimentos

Ao longo do processo de elaboração e término deste trabalho, são inúmeras as pessoas

que tenho a agradecer. Primeiramente ao orientador pela paciência; compreensão, conhecimento

companheirismo e experiência, onde soube conduzir as etapas difíceis de forma simples. A minha

família pelo apoio.

Aos colegas de sala Maurício, Walter, Gislene, Janaina e Ana Lucia; pelo

companheirismo, sendo participativos nas aulas, nas brincadeiras, nas festas de confraternização e,

sobretudo, nos trabalhos de campo. Ao Geólogo Antonio Marco Maciel pelo suporte financeiro para

estudos em laboratorios. Agradeço também a família Portmann Borba pela hospedagem durante o

período de permanência em Brasília para a preparação de lâminas para microssonda eletrônica.

Aos trabalhadores de Itiquira Manoel, Jucelino, Paulo, Detinho e Dito, sempre solícitos e

empenhados nos trabalhos de campo, nos orientando e fornecendo informações importantes para a

construção dos dados. Ao escritor Manoel Marques pelo livro História de Itiquira. Ao comprador

Chico pelas fotos dos diamantes.

Ao laboratório de sedimentologia da UFMT e aos geólogos Daniel e Luis Perin. Ao

Laboratório de Microssonda da UNB, professor Nilson e sua equipe. Ao Laboratório da FATEC, em

especial a professora Sonia Tatumi, o estagiário Diego Renan e toda sua equipe pelo treinamento e

dados sobre datação de amostras do Quaternário. Ao Laboratório de Microssonda Eletrônica da URGS

representado pela professora Márcia Boscato e a laboratorista Jucelania Tramontina pelas análises de

química mineral.

x

Sumário

Agradecimentos ix

Sumário x

Lista de Figuras xii

Lista de Tabelas xiv

Resumo xv

Abstract xvi

1 - INTRODUÇÃO 1

1.1 - INTRODUÇÃO 1

1.2 - JUSTIFICATIVAS 2

1.3 - OBJETIVOS 2

1.4 - LOCALIZAÇÃO E VIAS DEACESSO 2

1.5 - CLIMA 3

1.6 - BACIA DE DRENAGEM DO RIO ITIQUIRA 4

1.7 - ENQUADRAMENTO GEOMORFOLÓGICO REGIONAL 5

2 - MATERIAIS E MÉTODOS 7

1.2 - INTRODUÇÃO 7

2.2 - MATERIAIS 7

3.2 - MÉTODOS DE PESQUISA 7

3.1.2 - Mapeamento Geológico 8

3.2.2 - Datações 9

3.3.2 - Minerais Pesados 12

3.4.2 - Montagem de Seções para Análise em Microssonda Eletrônica 13

3.5.2 - Revisão Bibliográfica 14

3 - UM BREVE HISTÓRICO SOBRE ITIQUIRA, OS GARIMPOS,

MÉTODOS EMPREGADOS, O DIAMANTE E TERMOS UTILIZADOS

POR GARIMPEIROS 15

1.3 - INTRODUÇÃO 15

2.3 - ITIQUIRA 15

3.3 - OS GARIMPOS E OS MÉTODOS EMPREGADOS 16

4.3 - O DIAMANTE 17

4.1.3 Características Físicas e Químicas do Diamante 18

xi

5.3 - TERMOS UTILIZADOS PELOS GARIMPEIROS 19

4 - GEOLOGIA REGIONAL 21

1.4 - INTRODUÇÃO 21

2.4 - GRUPO PARANÁ – FORMAÇÃO PONTA GROSSA 21

3.4 - GRUPO ITARARÉ - FORMAÇÃO AQUIDAUANA 22

4.4 - GRUPO GUATÁ - FORMAÇÃO PALERMO 23

5.4 - GRUPO PASSA DOIS – FORMAÇÕES IRATI/CORUMBATAÍ 24

6.4 - GRUPO SÃO BENTO - FORMAÇÃO BOTUCATU 24

7.4 - GRUPO BAURU - FORMAÇÃO MARÍLIA 25

8.4 - FORMAÇÃO CACHOEIRINHA 26

9.4 - FORMAÇÃO PANTANAL 27

5 - GEOLOGIA LOCAL 29

1.5 - INTRODUÇÃO 29

2.5 - A GEOLOGIA LOCAL 30

3.5 - PLACERES 34

4.5 - IDADES POR QUARTZO LUMINESCÊNCIA 34

5.5 - ELEMENTOS ESTRUTURAIS E ENQUADRAMENTO TECTÔNICO 36

6 - MINERAIS PESADOS 39

1.6 - INTRODUÇÃO 39

1.1.6 - Armadilhas 39

1.2.6 A Identificação dos Minerais Pesados 42

1.3.6 A Química Mineral 43

7 - CONCLUSÕES 47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 51

xii

Lista de Figuras.

1.1 - Mapa de localização e vias de acesso 3

2.1 - Mapa de drenagem da Alta Bacia do Rio Itiquira 5

1.2 - Layout da separação de minerais pesados com bromofórmio 8

2.2 - Mapa de Pontos, Garimpos levantados e perfis AA’ e BB’ 9

3.2 - Coleta, preparação e datação de amostras pelo método LOE. Em A, preparação

do terreno e amostragem a sombra; em B, poço finalizado; em C e D,

amostragem em terraço; e, em E e F, amostra de canal, notar diferentes cores de

sedimentos de terraço (vermelha) e canal (branca). Em G, preparação da amostra

para a datação; e, em F, laboratório mantido por iluminação com luz vermelha 11

4.2 - Coleta e pré-concentração de minerais pesados. Em A, coleta de cascalho

diamantífero em balde zincado de 18 litros para peneiramento e bateiamento,

visando coleta de minerais pesados indicadores. Em B, etapa de peneiramento

para apuração de pré-concentrados, em C minerais pesados indicadores pré-

concentrados por peneiramento e em D, fração bateia 12

5.2 - Montagem de seção para microssonda. Em A, a malha com a colocação dos

minerais; em B, secagem das seções; e, em C, a seção polida e preparada para a

metalização. Em D, uma seção com minerais > 3 mm 13

1.3 - Métodos de garimpagem. Em A, mergulhador utilizando escafandro em lavra no

canal do rio. Em B, draga de 6” 17

2.3 - Desmonte hidráulico e diamantes do Rio Itiquira. Em A e B utilização de dragas

na lavra. Em C, lote de diamante bruto. Em D, diamantes lapidados e em jóia 18

1.4 - Mapa geológico regional 22

1.5 - Características das Unidades da geologia local. Em A, arenitos silicificados da

FM. Palermo. Em B, arenito com silcrete da Fm. Marília. Em C, unidades T0 a

T2. Em D, Fm. Marília na base e T2 no topo. Em E e F, unidade T1, a esquerda

com gradação normal incipiente e a direita cascalho com arcabouço fechado.

Em G e H, cascalhos e areias T0, à esquerda no canal do Rio Itiquira e a direita

na planície de inundação. Notar o contato discordante erosivo entre a Fm.

Marília e T0 a T2, em B, D, E e H. 32

2.5 - Perfis AA’ e BB’

33

xiii

3.5 - Detalhe dos locais de amostragem para datação por LOE. Em A, duas no

Cavoqueiro e uma no Cambaúva. Em B, as duas amostras coletadas na Fazenda

Formosa 36

4.5 - Falhas normais NE condicionando a evolução do Rio Itiquira 37

5.5 - Elementos estruturais nas formações Palermo e Marília. Em A, B, C e D

truncamento entre falhas NE e NW. 37

6.5 - Mapa de localização do Horste de Rondonópolis e das bacias retáceas proposta

por Coimbra (1991) 38

1.6 - Armadilhas. Na coluna esquerda as armadilhas segundo Weska (1996) e na

direita fotos de traps encontrados no Rio Itiquira. Em A, Bolsão; em B, panela

circular; em C, veia; e, em D, ajogo. 41

2.6 - Diagrama Cr2O3 X CaO, de acordo com Grütter et al. (2004). Notar que são

empobrecidas em Cr2O3, bem como empobrecidas (G0) a enriquecida em CaO

(G3) 44

3.6 - Diagrama Fe2O3 X FeTiO3 X MgTiO3 (Mitchel, 1986) para discriminar ilmenitas

kimberlíticas, de rochas alcalinas, basaltos e outras. Observar que as ilmenitas

coletadas no Rio Itiquira plotam fora do campo de kimberlitos 45

xiv

Lista de Tabelas.

1.5 - Cronologia das glaciações e interglaciações do Quaternário 30

2.5 - Idades obtidas pelo método de LOE/Protocolo MAR 36

1.6 - Química mineral. Dados de microssonda em % em peso e o mineral identificado 44

xv

Resumo.

Itiquira situa-se a SE de Cuiabá, no Estado de Mato Grosso e está inserida no NW da Bacia do Paraná

que, do mais antigo para o mais jovem, comporta rochas permianas da Formação Palermo, coberturas

cretáceas da Formação Marília; terciárias da Formação Cachoeirinha; e, quaternárias da Formação

Pantanal. Os cascalhos inconsolidados desta última unidade são hospedeiros de diamantes explorados

às margens do Rio Itiquira nos garimpos conhecidos por Cambaúva, Cavoqueiro, Bode, fazendas

Formosa e Velha. Os primeiros registros sobre a extração de diamantes dos cascalhos diamantíferos

remontam ao século XX, ano de 1930 e ocorreram no garimpo do Cavoqueiro, situado na margem

direita do rio e a aproximadamente 1 km a jusante da cidade. A região experimentou alta atividade e

descoberta de novas frentes até o ano de 1940. De lá para cá os garimpos entraram em declínio e a

descoberta de novas frentes também. Foram realizados mapeamentos geológicos das frentes

abandonadas que permitiram o empilhamento estratigráfico, a idade absoluta e o estudo de minerais

pesados indicadores de diamantes dos placeres. Três eventos deposicionais quaternários aqui

denominados informalmente de T0 a T2 ocorrem desde o canal, planície de inundação e terraços. A

luminescência do quartzo é uma propriedade física de materiais cristalinos ou vítreos previamente

submetidos a radiações ionizantes capazes de emitir luz em resposta a algum estímulo. Idades de cinco

amostras, a partir do canal (T0) em direção ao terraço (T1) foram obtidas via Luminescência

Opticamente Estimulada (LOE). A idade mais jovem de 660±90 anos, na amostra EIT 13 e a mais

antiga de 8.400± 858 anos na amostra EIT 05, ambas no T1. A idade de 720 ± 120 anos na amostra

EIT 05, na unidade T0 marca os eventos deposicionais mais jovens rio. O conjunto de idades mostra

que os pacotes diamantíferos T0 e T1 do Rio Itiquira são holocênicos. Amostras para o estudo de

minerais pesados foram coletadas em poços e armadilhas identificadas nos garimpos e no rio, como

por exemplo, bolsão, panela, veia e ajogo. A combinação de identificações macro e microscópicas, luz

ultravioleta (LUSW) e química mineral, culminou com a identificação de safira, magnetita, ilmenita,

zircão, rutilo, granada e óxidos de ferro. A química mineral dos minerais pesados identificou dois

prováveis indicadores, a granada e a ilmenita. Os valores de Cr2O3 e CaO de granadas plotadas em

gráfico Cr2O3 X CaO identificaram granadas G0, G3 e G4. Estas granadas possuem baixo Cr2O3 e

baixo (G0) a alto (G3) CaO. Em kimberlitos férteis em diamantes a granada predominante é a G10. A

composição em % em peso da ilmenita é de baixos valores de MgO (0 - 1,44), TiO2 (49,41 - 53,41),

elevados valores de Fe2O3 (41,69 - 43,51) e baixo a elevado conteúdo de MnO (1,36 – 7,29). O plote

no diagrama hematita X geikelita X ilmenita mostrou que estas ilmenitas caem fora do campo de

ilmenita kimberlítica.

Palavras-chaves: placeres, diamante, idade, minerais indicadores.

xvi

Abstract.

Itiquira is located SE of Cuiabá, in Mato Grosso and is inserted in the NW of the Parana Basin which,

from oldest to youngest, includes rocks of permian Palermo Formation, covers of the cretaceous

Marilia Formation, tertiary Cachoeirinha Formation and quaternary Pantanal Formation. The latter

unit unconsolidated gravels are hosts of diamonds mined on the river known for artisanal mining in

Itiquira Cambaúva, Cavoqueiro, Bode, Formosa and Velha farms. The first records on the extraction

of diamonds from diamondiferous gravels dating to the twentieth century, 1930 and occurred in the

artisanal mining Cavoqueiro, located on the right bank of the river and about 1 km downstream of the

city. The region experienced high activity and discovery of new areas by the year 1940. Since then the

artisanal mining went into decline and the discovery of new fronts as well. Were carried out geological

mapping of abandoned fronts that allowed the stratigraphic, the absolute age and the study of heavy

mineral indicators of diamond placers. Three Quaternary depositional events here informally termed

T0 to T2 occurs from the channel, floodplain until terraces. The luminescence of quartz is a physical

property of glassy or crystalline materials previously submitted to ionizing radiation capable of

emitting light in response to some stimulus. Ages of five samples from the channel (T0) into the

terrace (T1) were obtained by optically stimulated luminescence (LOE). The younger age of 660 ± 90

years, in the sample 13 and the older with 8,400 ± 858 years in the sample EIT 2005, both samples at

T1 terrace. The age of 720 ± 120 years in the sample EIT 05, in T0 unit marks the younger river

depositional events. All ages shows that the diamond gravels of the itiquira River T0 and T1 are

Holocene. Samples for the study of heavy minerals were collected in wells and traps identified in

artisanal mining and in the river, for example, pocket, pot, vein and ajogo. The combination of macro

and microscopic identifications, ultraviolet (LUSW) and mineral chemistry, led to the identification of

sapphire, magnetite, ilmenite, zircon, rutile, garnet and iron oxides. The mineral chemistry of heavy

minerals identified two possible indicators, garnet and ilmenite. The values of Cr2O3 and CaO garnets

plotted on the graph Cr2O3 X CaO identified G0, G3 and G4 garnets. These garnets have low Cr2O3

and low (G0) to high (G3) CaO. Were kimberlites hosted diamonds generally the G10 garnet is the

predominant. The composition in weight % of the ilmenite is low MgO values (0 - 1.44), TiO2 (49.41

to 53.41), high values of Fe2O3 (41.69 to 43.51) and low to high MnO content (1.36 to 7.29). The plot

on the diagram hematite X geikelite X ilmenite showed that they fell outside the field of kimberlitic

ilmenite.

Keywords: placers, diamond, age, minerals indicators.

Recursos Minerais e Geoquímica, Vol. 1, 54p.

1

CAPITULO 1

1.1 - INTRODUÇÃO

O Brasil apresenta em sua história um período de colonização marcado por intensa

exploração, tanto no aspecto físico (recursos naturais), como humano (escravidão dos índios para

trabalho em lavouras). Depósitos de placeres são explorados desde os tempos coloniais,

principalmente ouro e diamante nas regiões de Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais, cujo ápice foi

atingido entre os anos de 1750 e 1770, deslocando o pólo econômico da Colônia até então baseado na

produção açucareira da Região Nordeste, para mineração, justamente no período em que a Inglaterra

se industrializava e se consolidava como uma potência hegemônica, exercendo uma influência

econômica cada vez maior sobre Portugal, Mousnier & Labrousse (1961).

O estudo de depósitos de placeres no Brasil foi intensificado nas últimas décadas por

apresentar grande importância econômica, como hospedeiros de recursos minerais com destaque para

o diamante. As fontes secundárias de diamantes no Brasil estão relacionadas de um modo geral a

rochas conglomeráticas ou cascalhosas; em eluviões, coluviões e aluviões. Em Mato Grosso,

potencialmente existem placeres diamantíferos extensos e espessos, decorrentes do condicionamento

climático favorável ao intemperísmo. Rios como o Paraguai, Cuiabá, das Mortes, das Garças e

Itiquira, entre outros, ao longo de ambas as margens, comportam placeres diamantíferos como parte da

evolução da Bacia do Pantanal. Nas últimas décadas Mato Grosso situa-se entre os principais estados

produtores de diamante. De acordo com dados do Anuário Mineral Brasileiro (2006), no cenário

estadual, Juína desponta como maior produtor de diamante industrial a partir de placeres (garimpos) e

depósito primário (kimberlitos). Nesta região existem dezenas de pipes kimberlíticos, com a lavra dos

corpos Collier IV e o Pandreas 2. O diamante também ocorre em depósitos secundários

(paleoplaceres). Itiquira não se enquadra como município produtor importante de diamante, sobretudo,

hoje em dia os garimpos são de subsistência e as atividades principais são a agricultura e a pecuária.

A história de Itiquira está intimamente relacionada à descoberta e garimpagem de

depósitos diamantíferos, por décadas, ao logo do rio de nome homônimo e em várias frentes. Dos

inúmeros vestígios de garimpos existentes, cinco foram estudados: Cambaúva, Cavoqueiro, Bode,

Fazenda Formosa e Fazenda Velha. Neste estudo foi possível realizar mapeamento dos pacotes

mineralizados, obtendo-se as características litológicas e empilhamento estratigráfico. Ademais, foram

obtidas cinco idades absolutas pelo método de quartzo luminescência em pacotes areno-cascalhosos

posicionados em cotas topográficas distintas e no vale, assim como estudo preliminar sobre minerais

pesados indicadores de prováveis fontes primárias diamantíferas kimberlítica ou outras.

Santana, E. F., Placeres Dimantíferos do Rio Itiquira, MT, Brasil.

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1.2 - JUSTIFICATIVAS.

Apesar da importância econômica que depósitos de placeres representaram e ainda podem

representar para alguns municípios matogrossenses, como exemplo Itiquira, tais depósitos são muito

pouco conhecidos geologicamente, assim como a(s) fonte(s) primária(s) dos placeres diamantíferos

são desconhecidas em grande parte do Estado. A elaboração desta dissertação com a utilização dos

métodos de microssonda eletrônica em estudos de química mineral de indicadores e datação de

quartzo luminescência de parte dos pacotes quaternários, suportados pela geologia destes placeres,

introduzem um empilhamento estratigráfico e discussões sobre prováveis área(s) fonte(s) e a

fertilidade desta(s). A continuação de levantamentos similares em outros depósitos diamantíferos no

Estado, certamente produzirá um melhor entendimento e aproveitamento econômico destes depósitos

1.3 - OBJETIVOS

A área de estudo é aqui considerada como “área teste” para a caracterização da

estratigrafia de depósitos quaternários diamantíferos do Rio Itiquira, assim como de fonte primária,

uma vez que os placeres ocorrem desde as cabeceiras do Rio Itiquira, até o desaguar deste no Pantanal.

Por outro lado, os afloramentos foram expostos por garimpos que lá ocorreram por muitos anos. Os

afloramentos são descontínuos e por vezes estão assoreados com rejeitos. Entre os objetivos

destacamos:

localizar afloramentos in situ e descrevê-los;

levantar preliminarmente o histórico da lavra do diamante em Itiquira;

selecionar afloramentos para coleta de amostras para o estudo de minerais indicadores e para

datação;

elaborar colunas e perfis geológicos para correlações;

desenvolver a química mineral dos indicadores;

datar os pacotes hospedeiros de diamantes com a aplicação do método LOE – Luminescência

Ópticamente Estimulada;

caracterizar a geologia e o empilhamento estratigráfico do Quaternário local; e,

propor prováveis fontes primárias dos placeres do Rio Itiquira.

1.4 - LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO.

A área pesquisada situa-se na porção extremo SE do Estado de Mato Grosso, no

Município de Itiquira, na fronteira entre os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (Figura 1.1),

a 362 km de Cuiabá e abrange cerca de 100 km2, incluindo as frentes de garimpos estudadas.

Itiquira é servida por dois eixos viários principais: as rodovias BRs - 364 e 163, que se

interligam Cuiabá a Rondonópolis. A BR – 364 é a rodovia de acesso entre Cuiabá e Goiânia, no

Estado de Goiás, passando dentre outras cidades, por Rondonópolis, Pedra Preta, Alto Garças e Alto

Recursos Minerais e Geoquímica, Vol. 1, 54p.

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Araguaia em Mato Grosso e Rio Verde em Goiás. A BR – 163, na direção norte, acessa a Cuiabá

Santarém, no Estado do Pará-PA. Quando para SE, interliga Cuiabá a Campo Grande, passando

também por Rondonópolis. Esta é a principal rodovia de ligação de Cuiabá aos estados de São Paulo,

Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A partir de Cuiabá, via as BRs 364/163 percorre-se

ambas as rodovias no trecho entre Cuiabá a Rondonópolis. Desta cidade, toma-se a BR 163 por 71 km

até o trevo para Itiquira. Em seguida, são percorridos 76 km pela MT – 370 até Itiquira, totalizando

362 km.

1.5 - CLIMA.

A região da bacia do alto Rio Itiquira apresenta clima do tipo tropical úmido, segundo a

classificação AW de Köppen (in: Del’Arco et al. 1982), com temperatura média de 23,96°C, com a

máxima em torno de 41°C nos meses de setembro a novembro e mínima em torno de 15°C nos meses

de junho a agosto. A temperatura do ar varia entre 20,1 ºC em julho a 27,8 °C em outubro e a média

anual é próxima de 25°C. A umidade relativa do ar é cíclica, apresentando oscilações entre a estação

mais seca e a mais chuvosa, respectivamente, de 50 a 90%, sendo a média anual de 79.%. Com relação

ao perfil do vento, os registros indicam que o norte é a direção predominante, com velocidades médias

entre 4,5 km/h e 6,4 km/h, segundo Vasconcelos (2007).

O período de chuva mais intenso verifica-se entre os meses de outubro a abril,

podendo estender até maio, período onde se registra 87,9% do índice pluviométrico, que foi

em média no período de 1990 a 2006 de 1640,99 mm anuais, segundo dados da estação

metereológica da empresa Plantações Michelin Ltda. Deve-se ressaltar que a chuva é um dos

Figura 1.1 – Mapa de localização e vias de acesso.

Santana, E. F., Placeres Dimantíferos do Rio Itiquira, MT, Brasil.

4

principais elementos que atua diretamente nos processos morfodinâmicos quaternários, ativando a

erosão e os movimentos de massa, Vasconcelos (2007).

No período de seca entre maio a setembro, o balanço hídrico pluviométrico, de acordo

com Vasconcelos (2007), mostrou que a precipitação é insuficiente para atender as necessidades

ambientais, correspondendo ao período de déficit hídrico em torno de 154,84 mm, em média mensal,

com elevadas temperaturas e taxas de evapotranspiração.

1.6 - BACIA DE DRENAGEM DO RIO ITIQUIRA.

O estudo do comportamento das drenagens no meio físico é de grande importância no

estudo de placeres, uma vez que realizam o trabalho intenso de desgaste das formas de relevo com a

erosão, o transporte e a deposição de sedimentos, originando deltas, planícies aluviais, terraços, etc.

Florenzano (2008).

A bacia de drenagem ou bacia de contribuição, de acordo com Jorge et al. (1998) de um

rio, é a área que contém o conjunto de cursos d’água que convergem para esse rio (canal principal)

sendo, portanto, limitado a montante pelos seus divisores que separam bacias adjacentes. Entretanto, a

quantidade de água que atinge os rios dependerá das características físicas (morfologia, declividade,

geologia, solos) de sua bacia hidrográfica, da precipitação total de seu regime, bem como as perdas

devidas à evapotranspiração e da infiltração. A ação antrópica interfere diretamente nas características

naturais de uma bacia, como exemplo, o desmatamento, cuja atividade intensifica o escoamento

superficial, alterando drasticamente o equilíbrio do balanço hídrico de uma região, com consequente

formação de erosões.

O Rio Itiquira tem as suas cabeceiras neste município próximo a Alto Garças, entre os

seus afluentes importantes na margem direita existem os ribeirões da Sobra e das Velhas, assim como

os córregos da Roça e Comprido. Na margem esquerda os ribeirões Arara e Boa Esperança, bem como

os córregos Jatobá e Bonito. Este rio deságua na Bacia do Pantanal onde desenvolve um extenso

depósito de leque aluvial (Figura 1.2).

Em análise preliminar e suportado pela classificação de ordem de canais, segundo

Christofoletti (1980), são evidentes canais de 1ª ordem próximas ao divisor de águas entre

esta bacia e a do ribeirão Contendas e córrego São Vicente a N, e ribeirão Claro e córrego do

Rancho a S. O ribeirão Contendas e o córrego São Vicente formam o Rio das Garças. As

cotas topográficas variam de 500 a mais de 800 metros, (Oka-Fiori et al.2003, 2004)

Na área do Rio Itiquira estudada os garimpos predominam em canais de 1ª ordem,

como é o caso do Garimpo do Bode e Fazenda Velha. O padrão de drenagem na Bacia do Rio

Itiquira é caracterizado pelo tipo dendrítico, com interferência do controle estrutural por

reativações de falhas NW, NE, E-W e N-S.

Recursos Minerais e Geoquímica, Vol. 1, 54p.

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O garimpo como atividade extrativista manual ou mecanizada, atua como agente

modificador de paisagem, uma vez que leitos dos córregos sofrem desvios; toneladas de

cascalhos são mobilizados e os materiais de menor granulometria (silte, argila) são

transportados em suspensão e o conjunto assoreia os vales e rios.

1.7 - ENQUADRAMENTO GEOMORFOLÓGICO REGIONAL.

A bacia do Rio Itiquira está inserida na unidade morfoestrutural Bacia Sedimentar do

Paraná, subunidade morfoescultural do Planalto do Taquari-Itiquira, conforme Franco & Pinheiro

(1982, in: Del’Arco et al. 1982), Folha Corumbá SE 21, limitado, ao norte, pelo Planalto dos

Alcantilados, a oeste e sudoeste pela Depressão do Alto Paraguai prolongando-se para leste até os

limites com os estados de Mato Grosso do Sul e Goiás.

O Planalto Taquari - Itiquira se apresenta sob a forma de um amplo planalto delimitado a

oeste, sudoeste e sul por bordas escarpadas, correspondente à frente de cuesta no limite entre as bacias

do Paraná e do Pantanal e localmente denominada como Serra São Jerônimo; a oeste, Serra da

Petrovina; e, a sul, a Serra Preta. Vasconcelos (2007).

No reverso dessa cuesta, o Planalto do Taquari-Itiquira apresenta os sistemas

geomorfológicos constituídos por processos denudacionais, estruturais e agradacionais, segundo

Mamede et. al. (1981). A área desta bacia esteve submetida a processos erosivos, que nivelaram

sedimentos de idades diversas, formando um conjunto posicionado em uma mesma faixa altimétrica,

Figura 2.1 - Mapa de drenagem da Alta Bacia do Rio Itiquira.

Santana, E. F., Placeres Dimantíferos do Rio Itiquira, MT, Brasil.

6

como é o caso dos arenitos Botucatu, os basaltos Serra Geral, os calcários da Formação Irati e os

siltitos e argilitos da Formação Corumbataí do Grupo Passa Dois.

Recursos Minerais e Geoquímica, Vol. 1, 54p.

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CAPÍTULO 2

MATERIAIS E MÉTODOS

1.2 - INTRODUÇÃO.

O estudo do diamante em depósitos de placeres compreende a existência de uma base

geológica adequada, amostragem para o estudo de minerais indicadores kimberlíticos ou de outras

fontes prováveis; assim como, neste caso, também foram obtidas amostras para datação. A base

geológica quaternária local é precária, por outro lado não foi realizado um mapeamento e sim a coleta

de pontos em garimpos abandonados. Os materiais utilizados e os métodos de pesquisa desenvolvidos

são descritos a seguir.

2.2 - MATERIAIS.

Para a coleta de amostras foram construídos poços ou as amostras foram concentradas a

partir de armadilhas (traps). Estes trabalhos foram realizados com pá, picareta, alavanca, enxada, lona,

trena, balde calibrado e um conjunto de peneiras. As amostras foram acondicionadas em sacos

plásticos quando para minerais indicadores e em tubos de PVC quando para a datação.

A preparação de amostras para o estudo de minerais indicadores foi realizada no

Laboratório de Sedimentologia do DRM/ICET/UFMT. As amostras foram submetidas à separação

em Bromofórmio (Figura 1.2) e em seguida os minerais magnéticos foram separados com o Frantz

Model LFC – 2, Magnetic Barrier Laboratory, Separator Model LB – 1 USA. Um Mineraligth para

LUSW e LULW foi utilizado para identificar zircões. O livro com fotos de minerais pesados de Addad

(2001) foi utilizado para comparações, o hábito, a cor e o brilho entre outras propriedades.

Na montagem das seções para a microssonda os materiais foram o Araldite 502 Fullam,

DMP-30 Fullam, Dodecenyl Sucoinic Anhydride Fullam e DMP-30. Estes compostos químicos

quando misturados em uma determinada proporção, formam a cola para fixar grãos de minerais.

Outros componentes utilizados foram lixa, pó de diamante, lubrificante DP Azul e pasta diamantada,

para o polimento das seções na politriz modelo DP 9ª Panambra.

Durante o mapeamento dos pontos foi utilizado o GPS ETREX Garmin e os pontos foram

descarregados pelo software Trackmaker em computador. Outros programas foram utilizados, como

por exemplo, o Adobe Photoshop, Microsoft Office, Corel Draw e Gis.

3.2 - MÉTODOS DE PESQUISA.

A pesquisa desta dissertação de mestrado conjugou trabalhos de campo e laboratório, em

duas etapas, com intervalo de 5 meses e nos anos de 2008 e 2009. Isso possibilitou a aquisição de

dados em campo e amostras que foram tratadas em laboratório. Estes trabalhos foram precedidos pelo

planejamento das etapas, por levantamento bibliográfico sobre o diamante e informações sobre o

substrato geológico de Itiquira. Em síntese os trabalhos resultaram num mapeamento geológico de

Santana, E. F., Placeres Dimantíferos do Rio Itiquira, MT, Brasil.

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pontos de rochas quaternárias e coleta de amostras que foram submetidas à datação e o estudo dos

minerais pesados.

Figura 1.2 – Layout da separação de minerais pesados com bromofórmio.

3.1.2 - Mapeamento Geológico.

O mapeamento geológico de pontos das frentes de garimpos de diamantes foi elaborado

entre as escalas de 1:100 a 1:1.000, com descrição das características litológicas e fácies,

empilhamento preliminar dos eventos quaternários desde o canal atual até os terraços laterais mais

elevados e, em princípio os mais antigos. O método de coleta de amostras para datação acompanhou as

normas conforme descrito por Tatumi et al. (2008). Estudos de fácies e de armadilhas traps Weska

(1984, 1996), suportaram a coleta de amostras de minerais pesados. A compilação dos variados pontos

permitiu a elaboração de dois perfis aproximadamente perpendiculares ao canal do Rio Itiquira, que

foram plotados sobre a base cartográfica Folha Itiquira, SE. 21-X-D-III, DSG, 1976, escala 1:

100.000. Os pontos amostrados receberam a nomenclatura EIT – Elvio Itiquira, seguido do respectivo

número iniciando a seqüência a partir do zero. As cartas geológicas consultadas foram a Folha

Corumbá, SE 22, escala de 1: 250.0000 e elaborada por Del’Arco et al. (1982), Geologia e Recursos

Minerais do Estado de Mato Grosso, escala de 1: 1.000.000, segundo Lacerda Filho et al. (2004) e

Vasconcelos (2007) na escala de 1: 100.000. Os pontos estudados foram plotados na base geológica do

último autor. Imagens de satélite CBERS_2B_CCD1XS_20080518_163_119 com 05 bandas e

Recursos Minerais e Geoquímica, Vol. 1, 54p.

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Google Earth disponíveis na Internet, suportaram o planejamento de etapas de campo e interpretação

geológica da área.

Figura 2.2 - Mapa de Pontos, Garimpos levantados e perfis AA’ e BB’.

3.2.2 - Datações.

O método utilizado para a datação dos pacotes quaternários foi LOE - Luminescência

Opticamente Estimulada Tatumi et al. (2008). As idades foram obtidas no Laboratório de Vidros e

Datação da FATEC, Faculdade de Tecnologia de São Paulo. As amostras (Figura 3.2 A a F) foram

coletadas em poços de 0,90 m de diâmetro e de profundidade, com ambiente livre de ações antrópicas,

bioturbados por animais (zoorturbações) ou plantas (fitoturbações). Outros cuidados são necessários

durante a amostragem, como por exemplo, o local de coleta deve ser protegido do sol (Figura 3.2 A)

para evitar que a amostra seja contaminada pela luz solar. De acordo com Sallun et al. (2007), as

coletas em sacos plásticos pretos podem facilitar a contaminação que aumentará o erro nas idades dos

sedimentos, por exposição à radiação solar ou pela perda de umidade. Assim sendo, o recomendado é

o tubo de PVC, Figuras 3.2. C, D e F. As amostras desta pesquisa foram acondicionadas em tubos de

PVC, com 0,40 cm e tampões com anel de borracha para vedar as suas extremidades, evitando assim a

perda da umidade.

As amostras para datação de rochas quaternárias em laboratório, Figuras 3.2 G e H, foram

submetidas a corte nas extremidades, por precaução, evitando amostras que podem ter sido expostas

aos raios solares. Em seguida foram submetidas à limpeza química com a utilização de H2O2 para

eliminar vestígios de matéria orgânica e HCl para eliminar carbonato. Para retirar minerais metálicos

magnéticos foi utilizado o ímã. As amostras foram imersas em líquido pesado o Sodium

Santana, E. F., Placeres Dimantíferos do Rio Itiquira, MT, Brasil.

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Polyntungstate (STP). O STP é um soluto que pode ter sua densidade ajustada de acordo com a

quantidade inserida de água destilada e aplicado para flotação. Os sedimentos são imersos em SPT,

que deve estar em uma densidade intermediária entre o quartzo e os minerais pesados e após um tempo

efetua-se a separação das amostras(quartzo) As amostras passam novamente por enxágüe com água

destilada e acetona (para secá-las mais rapidamente), selecionando os grãos através de peneiramento

com o diâmetro entre 0,088-0,180 mm. Depois os grãos são imersos em ácido fluorídrico (HF) por

uma hora, retirando assim a contribuição da ionização proveniente das partículas α que atuam somente

na superfície do grão, devolvendo ao mesmo o seu brilho natural. As amostras são analisadas numa

lupa binocular para comprovar que o processo de limpeza teve êxito. Dessa maneira a dose

relacionada às partículas α não irá influenciar no valor da dose acumulada. Em seguida os grãos são

enxaguados com água destilada e secos em estufa na temperatura de aproximadamente 60 ºC. Os grãos

são testados para verificar se há sinais de feldspato agregados aos cristais de quartzo, estes testes são

feitos com a LOE de uma pequena quantidade das amostras, utilizando o filtro U-340 e estimuladas

com radiação vermelha. Restam apenas grãos de quartzo que foram selecionados para as medidas de

espectroscopia de emissão e na LOE. Uma fração destes grãos foi submetida à radiação solar por um

período de aproximadamente 20 dias para decaimento Residual (TL /OSL) e irradiadas com fonte de

60 Co (455Ci) em várias doses pré-definidas (Gy) finalizando com a curva de calibração.

Por ultimo, as amostras são submetidas a determinações da Dose Acumulada Natural e da

Dose Anual:

o equipamento utilizado para a medida da Dose Acumulada Natural foi o TL/OSL Automated

Systems, Model 1100-series Daybreak Nuclear Instruments Inc. O método de regeneração total

é usado para determinar a dose acumulada da amostra, neste método são medidas as

intensidades de TLnat e as TLres + irradiação, num intervalo de temperatura de 30 a 475 ºC. O

ajuste dos pontos experimentais de intensidade de TL no valor de pico, quando comparados com

valores de doses conhecidas nos fornecem o valor da dose acumulada em Gy; e,

na determinação da Dose Anual foi feita no equipamento Canberra Inspector Portable

Spectroscopy Workstation (NaI – Tl). As amostras em recipiente plástico são colocadas em um

espectrômetro para a medida de dados durante 24 h. Este equipamento faz uma varredura de

energia e fornece uma relação de Contagem versus Energia. A partir desta relação, são

extraídos os valores de intensidade de contagem referentes à energia dos elementos U (Urânio),

Th (Tório), K (Potássio). Levando em conta também a radiação cósmica é então calculada a

dose anual usando a equação:

Idade (anos): Dose Acumulada Natural (Gy)

Dose Anual (Gy / ano)

Recursos Minerais e Geoquímica, Vol. 1, 54p.

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Figura 3.2 - Coleta, preparação e datação de amostras pelo método LOE. Em A, preparação do terreno e

amostragem a sombra; em B, poço finalizado; em C e D, amostragem em terraço; e, em E e F, amostra de

canal, notar diferentes cores de sedimentos de terraço (vermelha) e canal (branca). Em G, preparação da

amostra para a datação; e, em F, laboratório mantido por iluminação com luz vermelha.

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3.3.2 - Minerais Pesados.

A prospecção de minerais pesados indicadores foi realizada em pontos selecionados nos

cascalhos diamantíferos que ocorrem no canal, planície de inundação e terraços do rio e de alguns

afluentes do Itiquira e não em malha. O volume das amostras foi de 50 litros, que foram separadas

granulometricamente em peneiras utilizadas em garimpos de diamantes denominadas de refina (1,6

mm); fina (2,0 mm); média (3,6 mm); grossa (6,0 mm) e sururuca (20,0 mm). O resíduo final abaixo

de 1,6 mm foi concentrado em bateia, Figuras 4.2 A a D. Em laboratório foram separadas nas frações

granulométricas < 0,125 mm, entre 0,125 a 0,5 mm e > de 0,5 mm. Da primeira fração foram

confeccionadas lâminas de grãos para identificação em microscópio. A fração entre 0,125 a 0,5 mm

permitiu a identificação dos minerais em lupa binocular, assim como grãos foram separados para

estudo da química mineral (microssonda). As seções foram confeccionadas no Laboratório de

Microssonda da UNB e analisadas no Laboratório de Microssonda Eletrônica da UFRGS.

Figura 4.2 – Coleta e pré-concentração de minerais pesados. Em A, coleta de cascalho diamantífero em balde

zincado de 18 litros para peneiramento e bateiamento, visando coleta de minerais pesados indicadores. Em B,

etapa de peneiramento para apuração de pré-concentrados, em C minerais pesados indicadores pré-

concentrados por peneiramento e em D, fração bateia.

Recursos Minerais e Geoquímica, Vol. 1, 54p.

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3.4.2 - Montagem de Seções para Análise em Microssonda Eletrônica.

Os grãos foram montados em seções de 2,5cm de diâmetro em formato de pizza, de forma

a encaixar no equipamento CAMECA SX50. A seção deve conter em sua face não desgastada o

número de identificação grafado por uma caneta com ponta diamantada e a orientação segundo o

início da montagem. Na colocação dos grãos, utiliza-se uma malha quadriculada, cuja capacidade

comporta no máximo 100 grãos. A malha é fixada abaixo da lâmina e, em uma lupa, os grãos são

montados em linhas seqüenciadas de 10 unidades, Figura 5.2 A. Com a ponta de uma pinça

previamente umedecida em cola, os grãos são transportados até a lâmina preenchendo as unidades. Em

seguida é levada a uma chapa de aproximadamente 60 ºC por 48 horas para secagem, Figura 5.2 B.

Deve-se ter atenção quando da retirada das lâminas da chapa, pois o choque térmico provoca trinca no

vidro, resultando em perda. A forma correta é ir diminuindo a temperatura gradativamente e quando

atingir 40ºC, desligar a chapa e manter as lâminas em contato com a chapa.

Em sequência, o desbaste da cola e dos minerais de forma que fiquem com uma

superfície plana e sem riscos. O desbaste da seção é feito a úmido com uma lixa grossa passando para

média, fina e sempre em movimento circular. A cada passo é imprescindível a visualização em lupa

para monitorar o polimento. Com excesso de desbaste pode ocasionar a perda de grãos, riscos

Figura 5.2 – Montagem de seção para microssonda. Em A, a malha com a colocação dos minerais; em B,

secagem das seções; e, em C, a seção polida e preparada para a metalização. Em D, uma seção com

minerais > 3 mm.

Santana, E. F., Placeres Dimantíferos do Rio Itiquira, MT, Brasil.

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profundos e irregularidade na superfície. O acabamento final é feito através de polimento, Figuras 5.2

C e D, com pasta diamantada de 05, 03 e 01 microns e óleo lubrificante, aplicados também em

movimento circular em politriz. Por último, a seção está pronta para receber a metalização de carbono

e posteriormente ser analisada.

3.5.2 - Revisão Bibliográfica.

Em Mato Grosso, a exploração de placeres diamantíferos sob a forma de garimpo ocorre

há séculos, desde 1746 de acordo com Baxter (1988) e foi responsável pela nucleação de inúmeros

municípios no Estado. Vários garimpos existem nas regiões do médio norte (Arenápolis, Nortelândia),

no sudeste (Poxoréo, Itiquira), na região central (Paranatinga), no noroeste (Juína) e no leste o Rio

Araguaia e que abrange várias localidades.

Estudos referentes a placeres mineralizados a diamante vêm sendo elaborados nas últimas

décadas, entretanto em pequeno número, entre eles: Weska et al. (1984) sobre a Bacia do Alto

Paraguai; Weska (1987, 1991) com o tema Placeres Diamantíferos de Chapada dos Guimarães; e,

Weska (1996) que tratou dos depósitos secundários e fonte primária entre Dom Aquino a General

Carneiro. O município de Itiquira é carente de estudos geológicos de detalhe sobre este tema, apesar

de comportar este tipo de depósito.

Trabalhos sobre a geologia e o enquadramento no contexto geológico regional foram

elaborados por Del’Arco et al. (1982) do Projeto RadamBrasil, na escala de 1:250.000, Folhas SE 21 e

parte da 20. Lacerda Filho et al. (2004) no convênio entre a CPRM – Companhia de Pesquisa de

Recursos Minerais e o Governo do Estado de Mato Grosso, revisaram os trabalhos anteriores e

publicaram um novo mapa do Estado na escala de 1:1000.000. Vasconcelos (2007) elaborou um mapa

na escala de 1: 100.000, como parte de um estudo sobre Processos Erosivos na Sub-bacia do Alto Rio

Itiquira: bases técnicas para controle preventivo. Nesta dissertação a base geológica regional de

Lacerda Filho et al. (2004) foi utilizada, apesar da escala maior há maior detalhamento sobre a

estratigrafia, assim como maior abrangência.

O livro do escritor Manoel Marques (2004) que trata do histórico do município e o

processo de ocupação pelo qual passou, escreveu também sobre parte da história dos garimpos de

diamante, como exemplo: os garimpos do Cavoqueiro e do Goiabeiras, além de pioneiros, contaram

com a participação de trabalhadores estrangeiros.

Recursos Minerais e Geoquímica, Vol. 1, 54p.

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CAPÍTULO 3

UM BREVE HISTÓRICO SOBRE ITIQUIRA, OS GARIMPOS,

MÉTODOS EMPREGADOS, O DIAMANTE E TERMOS UTILIZADOS

POR GARIMPEIROS.

1.3 - INTRODUÇÃO

A história sobre a origem de Itiquira possui estreita relação com expedições de

bandeirantes oriundas da Capitania de São Paulo no século XIX. O Rio Itiquira que circunda a cidade

favoreceu as incursões bandeirantes através de embarcações. Os primeiros registros sobre o diamante

em Itiquira datam do século XX, Marques (2004). Os diamantes foram lavrados por garimpeiros, não

havendo anotações sobre extração por empresas de mineração. Os garimpos diamantíferos

experimentaram períodos virtuosos na produção e comercialização do diamante, atualmente esta

atividade está em franco declínio.

A literatura sobre o diamante que ocorre no Rio Itiquira é escassa, por esta razão muitas

das informações aqui apresentadas provém do livro História do Município de Itiquira, do escritor

Manoel Dourado Marques e publicado em 2004, outras informações foram colhidas com garimpeiros.

O livro trata sobre a história de Itiquira e poucas informações sobre os garimpos. Em contato com o

escritor ficou evidente o fascínio do mesmo pela cidade onde mora e trabalha como agente cultural e

produtor rural. Neste capítulo também são expostas propriedades físicas e químicas do diamante, Dana

(1984) e do contato com garimpeiros foi possível levantar os métodos rudimentares de lavra e o

linguajar.

2.3 - ITIQUIRA

Primitivamente a região era habitada por povos indígenas. Segundo Marques (2004),

couberam aos bandeirantes as primeiras identificações das tribos indígenas, como por exemplo,

caiapós, coroados, guató; contudo, precariamente. Provavelmente, a região era habitada por povo

bororo. Hoje em dia não restam aldeias indígenas. O nome ITIQUIRA, denominação dada pelos

bororos, é uma palavra de origem tupi Y-TYKYRA, que significa água vertente, água em abundância

ou minadouro.

Os primeiros registros existentes a respeito da região onde hoje se localiza o município de

Itiquira ocorreram em 1825, durante o governo de Dom Antônio Rolim de Moura, quando uma

monção de 03 barcos, cobertas com barracas vermelhas na popa, comandada pelo tenente Manuel

Dias, tinha a missão de descobrir a nascente do Rio Itiquira, Marques (2004). No mesmo livro o

escritor destaca outros eventos importantes da história do município, como exemplo, a nomeação pela

Santana, E. F., Placeres Dimantíferos do Rio Itiquira, MT, Brasil.

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Presidência da Província de Mato Grosso do Coronel João da Costa Pimentel em junho 1849, bem

como algumas incursões de bandeirantes em 1894.

A pecuária foi a primeira atividade econômica a impulsionar o povoamento, destacando-

se as famílias Ferreira e Carvalho. Nascido em Jataí, GO, em 1860, Antônio Cândido de Carvalho foi

o primeiro explorador desta região descobrindo que o potencial econômico do município era voltado

para as atividades agropecuárias e, paralelamente, a extração de borracha dos extensos mangabais, que

com os anos cedeu lugar a criação de gado. O diamante como fonte de renda dos munícipes de Itiquira

ocorreu muitos anos depois entre as décadas de 30 e 40 do século XX, Marques (2004).

3.3 – OS GARIMPOS E OS MÉTODOS EMPREGADOS.

A partir de 1932 a exploração do diamante despontou em Itiquira, trouxe migrantes do

nordeste, de municípios vizinhos como Guiratinga (então Lageado), Poxoréo e até estrangeiros como

russos, alemães, paraguaios e portugueses que se embrenhavam nas matas que margeavam o rio em

busca do sonho de riqueza. Mas a noticia de que Itiquira era rica em diamantes se espalhou e mais

garimpeiros, em sua maioria, procedentes do Rio das Garças, vieram para cá e se instalaram nas

margens do Rio Itiquira e foi formada uma pequena corrutela. (Marques 2004).

Com o tempo, segundo Marques (2004), outros garimpeiros se estabeleceram na região

tais como Oscar Silveira, Olimpio Lira, Alípio Diamantino, Silvestre Silvério e Vicente Silvério

Ribeiro. Os três primeiros no lugar que denominaram garimpo Goiabeira e os dois últimos, no

garimpo Cavoqueiro (Figura 2.2). Ricas jazidas de diamantes foram descobertas no Vale do Ribeirão

das Velhas, que atraíram mais garimpeiros, entretanto, tiveram que enfrentar entre as muitas

dificuldades que o sertão impunha um forte surto de malaria de caráter maligno e epidêmico, fazendo

numerosas vítimas dentro de um espaço de tempo relativamente curto.

Em 1938, de acordo com Marques (2004), cerca de 500 garimpeiros viviam da extração

de diamantes em Itiquira. Porém, na década de 40 o garimpo começou a perder a sua força.

Em contato com os garimpeiros remanescentes foi possível notar que o sistema de

trabalho nos dias de hoje ainda é realizado de forma rudimentar, de baixo custo e recuperação baixa.

Os materiais utilizados são: pás, alavanca, carrinho de mão, picareta e enxada para desmonte, além de

calhas muitas delas escavadas no bedrock e peneiras para apuração do concentrado. Sondagens com

barra de aço pontiaguda a fim de determinar a espessura do estéril e a profundidade do cascalho. Se o

resultado for positivo e a relação estéril/minério estimada for favorável, as escavações são iniciadas.

Para o desenvolvimento do garimpo outros fatores são observados, como a presença de

diamantes, a quantidade e tipo de minerais indicadores ou “forma” no linguajar do garimpo, matacões

ou “emburrados” no cascalho (meio seletivo) e a proximidade da água para facilitar a concentração.

Recursos Minerais e Geoquímica, Vol. 1, 54p.

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No canal do rio outras duas modalidades de extração acontecem, quais sejam; o mergulho

e a dragagem. A mais antiga utilizou mergulhadores, mais recentemente os garimpeiros substituíram o

escafandro pela dragagem. No primeiro tipo, mergulhadores usavam o escafandro e auxiliados por

uma bomba de sucção para lavra do cascalho (Figura 1.3 A). Essa forma de trabalho ceifou muitas

vidas por soterramento, através de desmoronamento de barrancos. O segundo tipo, por dragagem, é

constituído de uma bomba de sucção de 6” acoplada a um motor, montados em uma embarcação

(draga) para lavrar o canal do rio e sobre rodas, quando extrair em terreno firme (Figura 1.3 B).

A garimpagem a seco em terraços (monchões) inicia com a remoção ou decapeamento da

camada estéril, que em sua maioria é areia quartzosa, friável, por vezes silto-argilosa, com resquícios

de matéria orgânica e vegetação. Esse material é depositado ao lado da própria cata em construção. O

desmonte do cascalho, pré-seleção com as peneiras sururuca e grossa e o transporte do pré-

concentrado até o local de apuração do diamante.

Após a remoção do estéril a operação seguinte é o desmonte do cascalho (Figura 2.3 AB)

e o transporte do concentrado até o local de apuração do diamante. Durante o desmonte, uma

préseleção é feita na própria cata, separando os matacões, seixos e peneirando o cascalho com as

peneiras sururuca e grossa. Em seguida, o cascalho é lavado, concentrado e a fração mais fina é

bateada, Figuras 4.2 A a D. Em dragas o concentrado é retirado da bica canadense, através de

préconcentração nas calhas e transportado em “carumbés” para a concentração final. O peneiramento e

concentração são obtidos por uma combinação de movimentos em sentidos horário e anti-horário

oscilatórios, onde o material de maior densidade concentra no centro ou “peão da peneira”, Figura 4.2

C. A apuração do diamante ocorre de duas maneiras: escrevendo na água ou a seco no batedouro. Se

existente o diamante se destaca dos demais minerais através do brilho intenso e característico.

4.3 - O DIAMANTE.

O diamante gema é utilizado na joalheria e as variedades não gemológicas são utilizadas

em ferramentas industriais. As variedades negras e microcristalinas, não têm valor comercial e são

utilizadas na indústria como abrasivos, como ferramentas de talha ou como perfuradores para

Figura 1.3 – Métodos de garimpagem. Em A, mergulhador utilizando escafandro em lavra no canal do rio.

Em B, draga de 6”.

Santana, E. F., Placeres Dimantíferos do Rio Itiquira, MT, Brasil.

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materiais de dureza elevada. O diamante também é usado para cortar, tornear e furar alumina, quartzo,

vidro e artigos cerâmicos. O pó de diamante é usado para polir diamantes, pedras preciosas, aços e

outras ligas, (Dana 1984).

4.1.3 - Características Físicas e Químicas do Diamante.

GRUPO / FAMÍLIA: Elemento nativo.

FÓRMULA QUÍMICA: C

COMPOSIÇÃO: C (Carbono puro)

CRISTALOGRAFIA: Cúbico ou Isométrico - CLASSE: Hexoctahedral

PROPRIEDADES ÓPTICAS: Isotrópico

HÁBITO: Geralmente dodecaédrico, octaédrico, tetraédrico, granular, rombododecaédrico ou

outras

FORMAS: podendo mostrar faces e arestas curvas.

CLIVAGEM: {111} perfeita

DUREZA: 10

DENSIDADE: 3,47 a 3,55 g/cm3

BRILHO: Adamantino

COR: Transparente, branca, cinza, preta, amarela, castanha e raramente vermelha e azul.

Figura 2.3 – Desmonte hidráulico e diamantes do Rio Itiquira. Em A e B utilização de dragas na lavra.

Em C, lote de diamante bruto. Em D, diamantes lapidados e em jóia.

Recursos Minerais e Geoquímica, Vol. 1, 54p.

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TRAÇO: Incolor

VARIEDADES: Apresenta algumas variedades não gemológicas, como por exemplo: a) bort,

exibe formas arredondadas e exterior áspero, resultante de um agregado radiado, aplica-se

também aos diamantes mal coloridos ou com jaça, sem valor como gema preciosa; b)

carbonado ou carvão é um bort preto ou preto acinzentado, é opaco e menos frágil do que os

cristais; e, c) balas, diamante de forma semi-esférica, praticamente impossível lapidá-lo. A

lonsdaleíta é um polimorfo encontrado em meteoritos.

PROPRIEDADES DIAGNÓSTICAS: Alta condutibilidade térmica, dureza extrema, brilho

adamantino; dispersão muito forte, formas cristalográficas características, insolubilidade e alto

índice de refração. É importante ressaltar que raramente são encontrados em secções delgadas,

mesmo de rochas diamantíferas, por não poder ser polido por processos comuns. Dana (1984).

5.3 - TERMOS UTILIZADOS PELOS GARIMPEIROS.

Durante os trabalhos de campo e o contato com garimpeiros, entre eles, os senhores

Jucelino, Manoel, Paulo, Detinho e Dito, foi possível notar que usavam determinadas palavras quando

se referiam à identificação de minerais indicadores, procedimentos e equipamentos. Parte destas

palavras do cotidiano dos garimpeiros são listadas a seguir.

Azulinha: Safira

Cata: Local onde se realiza a atividade de extração. Lugar onde se concentram serviços de

desmonte do minério.

Cural: Nome dado a pessoas que visitam o garimpo e não entendem os termos utilizados pelos

garimpeiros.

Carumbé: Balde utilizado para transporte de pré-concentrados. Um carumbé corresponde a um

volume de 20 l.

Chibiu: Diamante de pequeno tamanho.

Engrunada: Garimpo subterrâneo.

Emburrado: matacões e blocos de rochas no cascalho.

Escafandro: Equipamento de mergulho rudimentar com a utilização de roupa, capacete e

bombeamento manual de ar a partir da superfície.

Forma: Nome dado aos minerais indicadores de diamante, tais como: pretinha (ilmenita),

ferragem vermelha (limonita), chicória (granada).

Palha de arroz, “microdiamante”: Zircão

Garimpo: Concentração de garimpeiros em uma determinada área, com várias frentes

gerenciadas individualmente ou em agrupamentos de garimpeiros. Em passado recente os

equipamentos eram rudimentares, atualmente os equipamentos são semi ou mecanizados e são

utilizados em todas as etapas, desde a extração até a concentração.

Santana, E. F., Placeres Dimantíferos do Rio Itiquira, MT, Brasil.

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Garimpeiro: Trabalhador que extrai substâncias minerais úteis, utilizando processos

rudimentares de mineração, garimpagem, faiscação ou cata.

Grupiara: Cascalho extraído a úmido, com interferência do lençol freático, geralmente em

canal, planície de inundação e paleocanais. A cor branca decorre da ausência de óxidos de ferro,

cascalho lavado.

Monchão: Cascalho extraído a seco, geralmente em terraços. A cor vermelha decorre do

cimento por óxidos de ferro.

Gruta: Garimpo em túnel natural da serra.

Pretinha: Turmalinito, ilmenita.

Pururuca: Cascalho pouco espesso e sem emburrados

Rego d’água: Desvios de canais construídos para desmontar e lavar o cascalho.

Ferragem: Magnetita, hematita, limonita.

Xupão: Proteção dos tubos de 6” ou mais a abrasão durante o desmonte hidráulico e grade na

ponta que permite realizar uma pré-seleção da fração granulométrica que será dragada.

Recursos Minerais e Geoquímica, Vol. 1, 54p.

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CAPÍTULO 4

GEOLOGIA REGIONAL

1.4 - INTRODUÇÃO.

O Município de Itiquira situa-se na porção NW da Bacia do Paraná e o contexto

geológico é caracterizado pela sobreposição de três bacias conhecidas como do Paraná, Bauru e do

Pantanal; e, depositadas entre o Paleozóico e o Quaternário, Figura 1.4. Este contexto geológico é

delimitado nos quadrantes norte por rochas do Grupo Cuiabá Luz et al. (1980) e da Faixa de

Dobramentos Paraguai – Araguaia Almeida (1964). Intrusões graníticas ocorrem a SW e S,

respectivamente, os granitos São Vicente Almeida (1964) e Coxim Schobbenhaus Filho & Oliva

(1979). Sedimentos inconsolidados da Formação Pantanal Oliveira & Leonardo (1943) delimitam a

borda da Bacia do Paraná nos quadrantes sul.

O empilhamento estratigráfico regional, segundo Lacerda Filho et al. (2004), é mostrado

na Figura 1.4, insere a área estudada e, dos eventos mais antigos para o mais jovem, ocorrem litotipos

dos grupos Paraná (Formação Ponta Grossa), Itararé (Formação Aquidauana), Guatá (Formação

Palermo), Passa Dois (Formações Irati e Corumbataí), São Bento (Formação Botucatu) e Bauru

(Formação Marília), assim como as Formações Cachoeirinha e Pantanal.

Em relação à área estudada, os posicionamentos geográficos das formações e de acordo

com a Figura 1.4, são: Ponta Grossa que constitui o substrato geológico mais antigo e posicionada a

NW; Aquidauana situada a SE e no quadrante N - W; Palermo ocorre entre o nordeste a oeste;

afloramentos Irati e Corumbataí ocorrem geograficamente relacionados ao Rio Itiquira e em direção as

cabeceiras deste rio; rochas tipo Botucatu posicionam-se predominantemente no quadrante N – E e

secundariamente SE; a unidade Marília é o substrato geológico (bedrock) de Itiquira e da área

estudada; a unidade Cachoeirinha ocupa parte dos quadrantes SW, W, N e parte da NE;e, a Pantanal

ao longo do canal e terraços em afluentes do Rio Itiquira.

2.4 - GRUPO PARANÁ - FORMAÇÃO PONTA GROSSA.

Definida por Oliveira (1912, in: Lacerda Filho et al. 2004 ) tendo como área tipo os

arredores de Ponta Grossa, Estado do Paraná. No Estado de Mato Grosso, Lacerda Filho et al. (2004),

esta unidade litoestratigráfica foi mapeada nas regiões centro-sul, leste e nordeste, Figura 1.4. .

Litologicamente, de acordo com Lacerda Filho et al. (2004), é caracterizada por uma

sequência de folhelhos e seletos, de cores variando de cinza a cinza-esverdeada na base e no topo

existem intercalações de arenitos finos a muito finos, micáceos, feldspáticos, finamente estratificados,

de cores branca, marrom ou esverdeada. São frequentes bioturbações e níveis finos de conglomerado

na base. Em geral são rochas com boa fissilidade e os fósseis são encontrados nos folhelhos.

Santana, E. F., Placeres Dimantíferos do Rio Itiquira, MT, Brasil.

22

Através do abundante conteúdo fossilífero, Barros et al. (1982) consideram estas rochas

de ambiente marinho e profundo, segundo Almeida (1954). Gonçalves & Schneider (1970) também

fizeram referências ao ambiente marinho embasados nos fósseis.

Quanto à posição estratigráfica, a Formação Ponta Grossa sobrepõe-se à Formação

Furnas em contato geralmente concordante e gradual e é recoberta, quase sempre, pela Formação

Aquidauana, em marcante discordância erosiva, Del’Arco et al. (1982).

Barros et al.(1982) relata que a idade devoniana da Formação Ponta Grossa é aceita pela

maioria dos autores, devido a abundante fauna de trilobitas, braquiópodes e quitinozoários encontrados

nestas rochas.

3.4 - GRUPO ITARARÉ - FORMAÇÃO AQUIDAUANA.

A primeira citação desta unidade estratigráfica coube a Lisboa (1909, in: Lacerda Filho et

al. 2004), que definiu a seção tipo desta formação no vale do Rio Aquidauana, no Estado de Mato

Grosso do Sul. Rochas da Formação Aquidauana constituem o substrato geológico mais antigo em

Itiquira Figura 1.4.

Trinta e nove testemunhos e afloramentos situados no SE de Mato Grosso permitiram a

Guirro (1991) reconhecer dois tipos de unidades faciológicas nesta formação. O primeiro tipo

apresenta siltitos, ritmitos, diamictitos maciços e estratificados, além de camadas arenosas

intercaladas. Estes ritmitos foram depositados por correntes de turbidez de baixa densidade, os

diamictitos por fluxos gravitacionais coesos e retrabalhamento por corrente. As camadas arenosas

maciças e estratificadas são produtos de fluxos de líquidos e correntes de turbidez. O segundo tipo

Figura 3.4 - Mapa geológico regional.

Fonte: Lacerda Filho et al. (2004)

Recursos Minerais e Geoquímica, Vol. 1, 54p.

23

é constituído por arenitos com estruturas trativas, com gradação normal, maciços e com estruturas

deformacionais. Esta associação litológica é interpretada como depósitos costeiros progradacionais.

O ambiente deposicional marinho continental foi proposto por Almeida (1945) e

Schneider et al. (1974) admitiram influência glacial na sedimentação desta unidade, resultando em

ambiente glaciogênico.

O contato basal da unidade Aquidauana é feito com a Formação Ponta Grossa, do Grupo

Paraná e por discordância erosiva. O contato superior com a Formação. Palermo na Folha Cuiabá, SD

21, é por discordância erosiva e por falhas Barros et al. (1982).

A idade do Carbonífero Superior da Formação Aquidauana foi obtida a partir de estudos

palinológicos por Daemon & Quadros (1969, in: Lacerda Filho et al. 2004).

4.4 - GRUPO GUATÁ - FORMAÇÃO PALERMO.

White (1906, in: Lacerda Filho et al. 2004) pela primeira vez empregou a denominação

em Palermo, no Município de Lauro Muller e em Santa Catarina. Em Mato Grosso estas rochas

ocorrem a leste e sudeste, segundo Gonçalves e Schneider (1970).

Schneider et al. (1974, in: Barros et al. 1982) descreveram esta unidade com ocorrência

generalizada em toda a Bacia do Paraná. Em Santa Catarina e Paraná, a espessura é da ordem de 90 m

e em São Paulo, Goiás e Mato Grosso, a mesma não excede a 50 m. Informaram ainda que, em

subsuperficie, a maior espessura constatada foi de 282 m, no poço 2-AL-1-RS, em Alegrete, no Rio

Grande do Sul.

Os tipos litológicos predominantes são siltitos e arenitos finos a muito finos, de cores

acinzentadas a amareladas. Os pacotes são tabulares ou lenticulares, em ciclos granocrescentes, com

pelitos maciços ou laminados na base e, em direção ao topo, passando para siltitos com

acamadamentos wavy e linsen, e eventualmente arenitos com estratificação cruzada hummocky,

acamadamentos flaser e drape, marcas de ondulação simétrica e assimétrica e laminações cruzadas

cavalgantes, segundo Lacerda Filho et al. (2004).

Gonçalves & Schneider (1968, 1970) atribuíram-lhe ambiente deposicional marinho

nerítico, de águas rasas movimentadas e em clima quente. Lacerda Filho et al. (2004) sugerem a

influência de ondas de tempestades.

Del’Arco et al. (1982) mapearam a Folha Corumbá, SE 21, que engloba Itiquira e

descreveram o contato inferior com a Formação Aquidauana como discordante erosivo.

Barros et al. (1982) descreveram que Mühlmann et al. (1974) e Schneider et al. (1974)

escreveram ser discordante o contato inferior desta unidade com a Formação Aquidauana em Mato

Grosso e Goiás, enquanto que o contato superior com a Formação Irati, do Grupo Passa Dois, é

concordante. Com a Formação Botucatu o contato é discordante erosivo.

Santana, E. F., Placeres Dimantíferos do Rio Itiquira, MT, Brasil.

24

Com relação à idade desta unidade Daemon & Quadros (1969, In: Barros et al. 1982 ),

através de estudos palinológicos (esporomorfos), dataram-na como sendo do Permiano Médio ao

Superior.

5.4 - GRUPO PASSA DOIS – FORMAÇÕES IRATI/CORUMBATAÍ.

O Grupo Passa Dois em Estado de Mato Grosso é composto pelas as formações Irati e

Corumbataí. Pacotes tipo Corumbataí são contemporâneos as formações Serra Alta, Teresina e Rio do

Rasto, na região centro e sul da Bacia do Paraná (Schneider et al. 1974; Gama Jr. et al. 1982; Milani et

al. 1994; in: Lacerda Filho et al. 2004).

A base do grupo é composta de folhelhos e calcários da Formação Irati e o topo por

camadas de folhelhos, siltitos e arenitos, com intercalações de camadas de calcário da Formação

Corumbataí. A primeira ocorre com cores acinzentadas e, a segunda, com cores avermelhadas a róseas

de acordo com Lacerda Filho et al. (2004).

As deposições de folhelhos e calcários da Formação Irati correspondem ao máximo da

transgressão marinha, enquanto que as dos tipos litológicos da Formação Corumbataí representaria a

fase transgressiva, de acordo com Zalán et al. (1990, in: Lacerda Filho et al. 2004)

A presença de fósseis de répteis mesosaurídeos na Formação Irati, e de fósseis de

lamelibrânqios, ostracodes e de peixes, além de palinomorfos na Formação Corumbataí, segundo

Schneider et al. (1974; in: Lacerda Filho et al. 2004) permitiram propor a idade Permiano Superior ao

Grupo Passa Dois.

6.4 - GRUPO SÃO BENTO - FORMAÇÃO BOTUCATU.

O nome de Série São Bento foi utilizado pela primeira vez por White (1908, in: Del’Arco

et al.1982), para englobar, a partir da base, camadas vermelhas do Rio do Rastro, o grês São Bento e

as rochas Serra Geral que ocorrem em Santa Catarina. Del’Arco et al. (1982) descreveram que na

Folha Corumbá esse grupo é composto pelas formações Pirambóia, Botucatu e Serra Geral.

Litologicamente a Formação Botucatu é constituída por arenitos quartzosos, finos a

médios, localmente grossos, pouco argilosos e, por vezes, conglomeráticos, com grãos

subarredondados a bem arredondados, esfericidade boa, maturos nas camadas e imaturos no conjunto

Del’Arco et al.(1982).

As estruturas primárias comuns nesta unidade estratigráfica, de acordo Del’Arco et al.

(1982), são estratificações cruzadas de grande porte e plano paralelas. As cores destas rochas são

rósea, amarela e, quando silicificadas, vermelha-tijolo. O ambiente deposicional é desértico e

dominantemente eólico.

Recursos Minerais e Geoquímica, Vol. 1, 54p.

25

O contato inferior foi observado e descrito por Del’Arco et al. (1982) com as formações

Ponta Grossa, Aquidauana e Palermo e é por discordância erosiva. O contato superior é discordante e

por vezes intertrapeado com o magmatismo Serra Geral.

A idade da Formação Botucatu, segundo Del’Arco et al. (1982), é indicada mais por

relação estratigráfica do que por conteúdo fóssilífero próprio. Recobre a Formação Pirambóia, que na

porção sul da bacia corresponde à Formação Rosário do Sul, de idade triássica. Esta formação está

interdigitada no topo com os derrames basálticos da Formação Serra Geral, com idades entre 112,3 a

125,7 Ma, método K-Ar Minioli et al. (1971, in: Lacerda Filho et al. 2004) e 130 Ma, método Rb-Sr

Teixeira (1980, in: Lacerda Filho et al. 2004). Consequentemente, a unidade Botucatu é mais antiga

do que a Formação Serra Geral do Cretáceo Inferior e, provavelmente, juro-cretácea.

7.4 - GRUPO BAURU - FORMAÇÃO MARÍLIA.

Nos arredores de Marília e Garça, no Estado de São Paulo Almeida & Barbosa (1953 in:

Barros et al. 1982) propuseram a área-tipo da Formação Marília, do Grupo Bauru e basicamente

constituída por depósitos imaturos. Esta formação englobou os membros Serra da Galga, Ponte Alta e

Echaporã, propostos por Setzer (1943, in: Lacerda Filho et al. 2004). A diferença entre os membros

Serra da Galga e Ponte Alta reside no maior grau de cimentação carbonática dos litotipos Ponte Alta

Fernandes & Coimbra (2000). Em Mato Grosso estes sedimentos são encontrados nas regiões sul e

sudeste e na área de estudo, Figura 1.4.

Os litotipos da Formação Marília, de acordo com Lacerda Filho et al. (2004) são

compostos de arenito fino a grosso, cor amarelada e avermelhada, imaturos, mal selecionados,

conglomeráticos, com clastos de quartzo, quartzito, calcedônia e calcário fino. O cimento é de sílica

amorfa. Ocorre também um pacote de arenito fino a médio, imaturo e com fração areia grossa a

grânulos. Apresenta também lentes de calcário fino e estratos de siltito e argilito subordinados.

Depósitos cretáceos similares foram descritos por Weska (2006) e equivalentes a Formação Utiariti do

Grupo Parecis.

Os depósitos comuns na Formação Marília são canais entrelaçados e de fluxos densos,

com a presença subordinada de dunas eólicas de pequeno porte. O Membro Echaporã possui também

depósitos sob a forma de fluxos em lençol. Estes eventos deposicionais foram interpretados como

relacionados às porções medianas e distais de leques aluviais. O ambiente deposicional sugere

condições subaquosas, fluvial e lacustre, com canais de deltas aluviais e planícies de inundação. Os

níveis de calcário sugerem fases de aridez, enquanto que os conglomeráticos estariam associados a

fluxos hidrodinâmicos de alta energia, segundo Lacerda Filho et al. (2004).

O contato inferior desta unidade foi descrito como por discordância erosiva e por falhas

com as formações Furnas, Ponta Grossa, Aquidauana, Palermo, Botucatu e Serra Geral, no âmbito da

Santana, E. F., Placeres Dimantíferos do Rio Itiquira, MT, Brasil.

26

Folha Corumbá Del’Arco et al. (1982). O contato de topo com a Formação Vale do Rio do Peixe é

gradual, indicado pela transição do sistema de leques aluviais para a planície eólica.

A idade da Formação Marília está alicerçada pelo conteúdo fossilífero, representado,

segundo Mendes & Petri (1971), por fauna reptiliana, peixes, moluscos e plantas do Cretáceo

Superior.

8.4 - FORMAÇÃO CACHOEIRINHA.

A seção tipo da Formação Cachoeirinha foi descrita por Gonçalves & Schneider (1970),

localiza-se a aproximadamente 30 km à N-NW da cidade de Poxoréu e em Mato Grosso. Em relação à

área estudada esta unidade ocorre com distribuição descontinua, em superfície plana, as mais elevadas

e denominadas de Superfície Sul-Americana, segundo King (1956). Esta superfície engloba a área

estudada, Chapada dos Guimarães e dos Parecis, como parte da superfície de peneplanização pós-

deposição do Cretáceo Superior em escala continental.

O conteúdo litológico é composto de sedimentos inconsolidados a consolidados,

caracterizados por areias argilosas, argilas e areias cascalhosas, parcialmente laterizadas (ferricretes).

A sua gênese estaria relacionada a processos gravitacionais, como fluxo de massa, retrabalhando

antigos depósitos aluviais, haja vista conterem seixos arredondados imersos em matriz lamítica, não

compatíveis com um único ciclo sedimentar.

Weska (1996) descreveu a Formação Cachoeirinha em Poxoréu, da base para o topo é

constituída de cascalhos, areias cascalhosas e crostas lateríticas (ferricretes). Os cascalhos são

compostos por clastos de lateritas, de tamanho entre 0,5 a 5 cm segundo o eixo maior, com

arredondamento ruim e esfericidade baixa. O arcabouço desses cascalhos é do tipo matriz suportando

clastos Walker (1975), sem gradação e imbricação. A matriz é arenosa, imatura, e o cimento quando

presente é de óxidos de ferro. Os cascalhos de topo caracterizam-se por seixos de quartzo (2 cm em

média) e raros matacões de quartzo arenitos de até 12 cm. A matriz é areno-argilosa e o cimento

quando ocorre é de óxidos de ferro. Esses cascalhos são denominados pelos garimpeiros no Estado de

Mato Grosso como do tipo “ovos de pombas”. Areias a argilas cascalhosas, com clastos de 1 a 8 cm

de quartzo, quartzo arenitos e fragmentos lateríticos interdigitam-se aos cascalhos da base ao topo da

coluna descrita na Formação Cachoeirinha. A matriz arenosa é imatura. As crostas lateríticas ocorrem

sob as mais variadas formas, individualizando-se desde camadas definidas e até fragmentos nodulares

ou formas em concreções bizarras.

Os ambientes deposicionais são o fluvial e lacustre, em clima topical úmido, com

estações secas e úmidas alternadas, Barros et al. (1982). Weska (1986) descreveu em Chapada dos

Guimarães ambiente fluvial da Formação Cachoeirinha, seguido de movimentos de massa da Fácies

Estiva. Lacerda Filho et al. (2004) consideraram que a gênese estaria relacionada a processos

Recursos Minerais e Geoquímica, Vol. 1, 54p.

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gravitacionais, como fluxo de massa, retrabalhando antigos depósitos aluviais, haja vista conterem

seixos arredondados imersos em matriz lamítica, não compatíveis com um único ciclo sedimentar.

Os contatos inferior e superior são por discordância erosiva. Na base com todos os tipos

litológicos anteriores descritos e no topo com a Formação Pantanal

A idade desta unidade não é conhecida seja por meio de fósseis ou outro método. Contudo,

a Formação Cachoeirinha ocupa as porções mais elevadas e de topografia plana (chapadões). Por outro

lado, cobre todos os tipos litológicos anteriormente descritos. Por esta razão, estas rochas são

correlacionadas aos eventos de peneplanização da Superfície Sul-Americana King (1956) e do

Terciário de acordo com Gonçalves & Schneider (1970).

9.4 - FORMAÇÃO PANTANAL.

A Formação Pantanal foi denominada pioneiramente por Oliveira & Leonardo (1943 in:

Lacerda Filho et al. 2004)), para englobar os depósitos aluvionares constituídos por vasas, arenitos e

argilas de deposição recente que ocorrem no Pantanal Mato-Grossense. Estes autores descreveram

diferentes depósitos quaternários e de forma indistinta na mesma formação, Del’Arco et al. (1982).

Depósito de leques aluviais de talude e lateritos ferruginosos, sedimentos de natureza arenosa e síltico-

argilosa, com pouco cascalho foram descritos nesta formação por Almeida (1964). Figueiredo et al.

(1974 in: Lacerda Filho et al. 2004) subdividiram-na em três unidades informais denominadas como

Qp1, Qp2 e Qp3.

A Fácies Coité foi informalmente denominada por Weska (1996) e corresponde aos

depósitos do canal atual dos rios Poxoréuzinho, Coité e Poxoréu, na cidade de mesmo nome, além de

seus afluentes, bem como as suas planícies de inundação. Da base para o topo, esta fácies é composta

por cascalhos, areias, areias cascalhosas, areias argilosas e argilas. Os seixos e matacões dos cascalhos

são de quartzo, arenitos, quartzo arenitos, silexitos, fragmentos lateríticos e raros seixos de basalto. A

esfericidade é média a alta para os primeiros e, média a baixa, para os últimos, respectivamente. A

matriz dos cascalhos varia desde areias grossas a finas, até o extremo argiloso. O cimento quando

ocorre é de óxido de ferro. O arcabouço varia entre os extremos aberto a fechado; quanto à gradação,

essa pode ser normal, inversa ou inexistente e com imbricação incipiente. A espessura desses pacotes

situa-se no intervalo entre 0,1 a 2 m. O capeamento destes cascalhos é feito por areias cascalhosas até

finas. Quando cascalhosas, a composição dos clastos predominantes coincide com aqueles descritos

para os cascalhos. O tamanho dos mesmos em média é menor (0,5 a 3 cm). Areias argilosas e argilas

ocorrem capeando os cascalhos em especial nas planícies de inundações. A espessura do capeamento

situa-se entre 0 a 5 m, sendo raras espessuras maiores.

O ambiente deposicional é tipicamente fluvial, o contato inferior é feito por discordância

erosiva com todas as unidades descritas anteriormente e um dos elementos indicativos sobre a idade

Santana, E. F., Placeres Dimantíferos do Rio Itiquira, MT, Brasil.

28

quaternária destes pacotes, além dos fósseis de mamíferos pleistocênicos, é proximidade destes

depósitos as porções internas da Depressão do Rio Paraguai, conforme Del’Arco et al. (1982).

Recursos Minerais e Geoquímica, Vol. 1, 54p.

29

CAPÍTULO 5

GEOLOGIA LOCAL

1.5 - INTRODUÇÃO

O termo quaternário foi introduzido por Desnoyers (1829, in: Souza et al. 2003) como o

período mais recente da história da Terra, referindo-se aos depósitos marinhos superpostos aos

sedimentos do Terciário da Bacia de Paris, na França. O Quaternário, de acordo com Souza et al.

(2003), é também conhecido como “Idade do Gelo”, pela forte influência sobre o meio ambiente das

diversas glaciações e interglaciações que teriam ocorrido nesse intervalo de tempo. Trata-se do

período em que se reconhece o aparecimento do homem moderno e o desenvolvimento das primeiras

civilizações. O uso do termo Quaternário, mesmo sem definição cronológica mais precisa, difundiu-se

muito rápido, principalmente no mapeamento de depósitos sedimentares que se distribuem sobre os

continentes e fundos oceânicos, com espessura, em geral, bastante delgada, porém contendo diversos

tipos de evidências cronológicas, Suguio et al. (2005).

O Holoceno é a época mais recente do período Quaternário e teve início ao final da

última grande glaciação (Würn) há cerca de 103 anos Neto & Nery (2003). As grandes alterações

climáticas ocorridas neste intervalo caracterizam-se pelo início de uma fase interglacial em nosso

planeta. O Pleistoceno é a segunda época do Quaternário e mais antiga, compreende o intervalo de 103

a 1.8003 anos Suguio (1999), divide-se em superior, médio e inferior, ver Tabela 1.5. Como o

Quaternário é um período relativamente curto em comparação com períodos mais antigos, as

evidências são suficientemente bem preservadas e mais numerosas, como é o caso do vale do Rio

Itiquira, quando confrontadas com rochas de idades mais antigas. Portanto, o seu estudo deve ser

realizado em caráter interdisciplinar de modo que a integração de todos os dados conduza à

melhor compreensão dos fenômenos.

As glaciações, segundo Souza et al. (2003) representam eventos de variações

climáticas extremas, que repercutiram sobre todos os ambientes do nosso planeta, com as

seguintes consequências:

modificações nas zonações climáticas da Terra diante das mudanças nas circulações

atmosféricas e oceânicas, com alterações nas precipitações e na redistribuição da cobertura

florística;

regressões (recuos) e transgressões (avanços) dos oceanos sobre os continentes, associadas

às subidas e descidas dos níveis dos mares, em função das alternâncias dos períodos glaciais

e interglaciais;

mudanças na velocidade de rotação ou na intensidade do campo gravitacional da Terra,

devido às distribuições de massas; e,

Santana, E. F., Placeres Dimantíferos do Rio Itiquira, MT, Brasil.

30

deformações dos substratos rochosos das regiões glaciais, que são deprimidas pela

sobrecarga de gelo durante as glaciações e soerguidas em épocas pós-glaciais pelo alívio do

peso.

Dos pontos descritos nos garimpos em Itiquira, foi possível propor um empilhamento

estratigráfico das rochas quaternárias mapeadas. Estas rochas fazem contato por discordância erosiva

com a Formação Marília, do Cretáceo Superior e a Formação Palermo, do Permiano. Os pacotes

areno-argilo-cascalhosos, do mais antigo para o mais jovem, informalmente, são aqui denominados de

T2, T1 e T0.

2.5 - A GEOLOGIA LOCAL.

As unidades T2, T1 e T0 informalmente denominadas neste estudo, excedem aos limites

da área mapeada, ocorrem desde a cabeceira do Rio Itiquira, em ambas as margens, até este desaguar

na Bacia do Pantanal. Nesta dissertação informalmente foram inseridas como uma subdivisão

informal da Formação Pantanal, de Oliveira e Leonardo (1943). Os bedrocks sobre os quais estes

placeres estão depositados constituem os tipos litológicos das formações Palermo e Marília. Da base

para o topo, o empilhamento estratigráfico, da área estudada é composto pelas formações Palerno,

Marília, T2; T1 e T0.

Afloramentos da Formação Palermo foram encontrados no Garimpo do Cavoqueiro. São

rochas intensamente silicificadas, de cores cinza a marrom avermelhada por impregnação de óxidos de

ferro, maciças, por vezes falhadas, como mostra a Figura 1. 5 A. O contato entre esta unidade e as

unidades T0 a T2 não foram observadas, bem como com a Formação Marília.

Tipos litológicos da Formação Marília foram mapeados no Garimpo do Cavoqueiro e da

Fazenda Velha e são caracterizados por arenitos finos a grossos, silicificados (silcretes), Figura 1.5 B e

por vezes conglomeráticos, Figuras 1.5 D. As cores predominantes destas camadas são vermelha e

branca, por vezes intensamente falhadas e normalmente bastante alteradas. Os clastos predominantes

Tabela 4.5 - Cronologia das glaciações e interglaciações do Quaternário.

Recursos Minerais e Geoquímica, Vol. 1, 54p.

31

nos arenitos conglomeráticos são grânulos a seixos de quartzo e quartzoarenito. O arredondamento é

bom a muito bom e a esfericidade é média a alta. O contato entre esta formação com as unidades T2 a

T0 é do tipo discordante erosivo, Figuras 1.5 B, D, E e H.

A unidade T2 aflora em superfícies residuais, os grãos finos foram carreados e

concentram os clastos grossos, é uma superfície de erosão. Como pode ser observado nos perfis das

Figuras 2.5 AA’ e BB’. Estas rochas estão depositadas em cota topográfica geralmente acima de 550

m, em relação ao nível do mar, constituindo o terraço mais distante do canal atual do Rio Itiquira e, da

área estudada, o mais elevado. Porém, no mínimo mais dois terraços ocorrem acima do T2, entretanto

fora dos limites da área deste trabalho. Os clastos são constituídos de seixos de quartzo, arenito,

silexito e de laterita. As cores predominantes destes pacotes são marrom a vermelhas em função da

impregnação de óxidos de ferro, Figura 1.5 D. O arredondamento é bom a muito bom e a esfericidade

é média a alta em clastos de quartzo e arenito. Nos dois últimos o arredondamento é ruim a muito ruim

e a esfericidade é média a baixa. A espessura varia de 0,10 a 0,5 m.. O contato basal do T2 é

discordante erosivo com a Formação Marília e o de topo com T1 ou T0 não foi descrito.

A unidade T1 é composta de cascalhos na base e areias-argilosas no topo. Nos perfis AA’

e BB’ da Figura 2.5 estas rochas inconsolidadas ocorrem em cotas topográficas normalmente situadas

entre 500 a 520 m em relação ao nível do mar e compõem um terraço intermediário entre o T0 e T2.

Os cascalhos são constituídos de seixos de quartzo, arenito, silexito e de laterita. Clastos de arenito e

silexito ocorrem também em matacões e até blocos. Nos dois primeiros tipos de clastos o

arredondamento é bom a muito bom e a esfericidade é média a alta. Nos dois últimos o

arredondamento é ruim a muito ruim e a esfericidade é média a baixa, Figuras 1.5 E e F. A matriz é

areno-argilosa imatura. As cores predominantes destes pacotes são vermelhas a amarelas por da

impregnação de óxidos de ferro. O arcabouço varia entre clastos suportados (Gms) até matriz

suportando clastos (Gmm) e a gradação é normal e, por vezes, inversa, segundo Walker (1975). A

espessura dos cascalhos varia de 0,50 a 2 m. Areia imatura e por vezes argilosa de cores amarela-

avermelhadas cobrem os cascalhos e a espessura está no intervalo entre 0,5 a 6 m. O contato basal é

discordante erosivo com a Formação Marília e não foi encontrado com a unidade T2. O contato de

topo com os pacotes T0 não foi mapeado.

Rochas inconsolidadas com cascalhos na base e areias-argilosas no topo, Figuras 1.5 G e

H, foram englobadas nas camadas informalmente denominadas de T0. Nos perfis AA’ e BB’ da Figura

2.5, a unidade T0 ocorre no canal e planícies de inundações do Rio Itiquira e afluentes, em cotas

topográficas quase sempre abaixo de 500 m em relação ao nível do mar e constituem os eventos

deposicionais recentes a subrecentes. Os cascalhos são constituídos de seixos de quartzo, arenito,

silexito e raros de laterita.

Santana, E. F., Placeres Dimantíferos do Rio Itiquira, MT, Brasil.

32

Figura 1.5 - Características das Unidades da geologia local. Em A, arenitos silicificados da FM. Palermo.

Em B, arenito com silcrete da Fm. Marília. Em C, unidades T0 a T2. Em D, Fm. Marília na base e T2 no

topo. Em E e F, unidade T1, a esquerda com gradação normal incipiente e a direita cascalho com

arcabouço fechado. Em G e H, cascalhos e areias T0, à esquerda no canal do Rio Itiquira e a direita na

planície de inundação. Notar o contato discordante erosivo entre a Fm. Marília e T0 a T2, em B, D, E e H.

Recursos Minerais e Geoquímica, Vol. 1, 54p.

33

Clastos de arenito e silexito ocorrem também em matacões e até blocos. Os clastos de

quartzo e arenito o arredondamento é bom a muito bom e a esfericidade é média a alta. Nos silexitos e

fragmentos de laterita o arredondamento é ruim a muito ruim e a esfericidade é média a baixa, Figuras

2.5 G e H. A matriz é areno-argilosa imatura. As cores branca a cinza predominam na unidade T0 e

com raras cores amarela-avermelhadas. O arcabouço dos cascalhos varia entre matriz suportando

clastos (Gmm) até clastos suportados (Gms) e a gradação é normal a inversa, segundo Walker (1975).

A espessura varia de 0,10 a 1,5 m. Areia imatura e de cores branca a cinza e, por vezes, amareladas

se sobrepõem aos cascalhos e a espessura varia de 0 a 3 m. O contato basal é discordante erosivo com

a Formação Marília, Figura 1.5 H.

Em comum, as unidades T2 a T0, são destituídas de estruturas primárias ou de imbricação.

Considerando-se as litologias descritas e apesar da ausência de estruturas diagnósticas evidentes, a

sedimentação é nitidamente fluvial e comum em vales de rios. Os cascalhos T2 em média são mais

finos, enquanto que os cascalhos tipo T0 são mais grossos. Isto decorre dos eventos erosivo-

deposicionais T0 (retrabalhamento) sobre as camadas mais antigas T1 e T2. Os cascalhos basais das

três unidades são hospedeiros de diamantes e a cobertura areno-argilosa é estéril em diamante.

Na área desta dissertação o maior número de garimpos desenvolveu-se nos pacotes T0 e,

secundariamente, T1 (garimpo Faz. Velha, Figura 2.5, perfil AA’). Os cascalhos T0 são os mais

enriquecidos em diamante, decorrente do retrabalhamento dos terraços T2 e T1 por eventos T0.

Figura 2.5 – Perfis AA’ e BB’.

Santana, E. F., Placeres Dimantíferos do Rio Itiquira, MT, Brasil.

34

3.5 – PLACERES.

Silva (2000) “interpreta placeres (placers) como acumulações sedimentares formadas

pela concentração mecânica de minerais detríticos de valor econômico, incluindo diversos bens

metálicos ou pedras preciosas, originados a partir da decomposição e erosão de rochas-fonte,

principalmente ígnea, mas também de rochas metamórfica e sedimentar”.

Els & Eriksson (2006) definem placeres como um depósito mineral formado por

concentração mecânica de minerais, sobretudo através do intemperismo da rocha fonte. O agente

mecânico mais comum é fluvial, mas também pode ser marinho, eólico, glacial e lacustre com

concentração de minerais pesados com o ouro e diamante, entre outros.

Placeres são depósitos formados por processos exógenos, isto é, destruição mecânica e

química da matriz primária ou rocha fonte, transporte e deposição. Os minerais, segundo Neto (1976)

sofrem um selecionamento e são concentrados em locais favoráveis, segundo os princípios de filiação,

sedimentação inversa, superposição e dissociação de fases. Distinguem-se três tipos principais de

placeres:

os eluviais que ocorrem diretamente no topo da rocha mineralizada;

os deluviais/coluviais que se formam nas encostas e sopés das elevações e,

os aluviais que, em geral, são formados em vales e canais e se encontram a maior distância da

rocha fonte.

A partir da descrição litológica dos pontos das unidades T2 a T0 e com base na

classificação de Neto (1976) os placeres estudados são predominantemente aluviais e,

secundariamente, deluviais/coluviais, como por exemplo, nos garimpos do Cavoqueiro e da Fazenda

Velha.

Nos placeres de Alto Paraguai, segundo Weska et al. (1984) há relação de cascalhos

clastos suportados, de ambiente seletivo com o enriquecimento do placer em diamante. Por outro lado,

nos placeres coluvionares, situados nos terraços ou próximos a escarpas, com pequeno transporte ou

talus por ação da gravidade (mass moviment), não há seleção dos clastos, o enriquecimento em

diamante é baixo e quando existente a distribuição é heterogênea.

4.5 - IDADES POR QUARTZO LUMINESCÊNCIA.

A datação por luminescência de cristais baseia-se na interação da radiação ionizante

(radiação-γ, -β e -α) com o cristal natural. Quando a radiação incide sobre o cristal, ocorre a ionização

do mesmo e a criação de pares de cargas positivas e negativas no seu interior. Estas cargas podem ser

aprisionadas em armadilhas, formadas por defeitos e impurezas da rede cristalina, constituindo, assim,

Recursos Minerais e Geoquímica, Vol. 1, 54p.

35

estados meta-estáveis, que podem ter um tempo de vida estimada em milhões de anos Tatumi et al.

(2008).

O método de datação por LOE baseia-se na interação das radiações com a matéria, e

fundamentam-se no fato de que as idades dos materiais a serem datados podem ser calculadas pelas

medidas das concentrações de defeitos induzidos nos materiais (Sallun et al.2007). Se o cristal for

estimulado opticamente, ele pode emitir luz em comprimento de onda diferente daquele usado na

estimulação, sendo a luz emitida desta forma denominada luminescência opticamente estimulada -

LOE. Quanto maior o tempo de submissão do cristal as radiações ionizantes emitidas pelos

radioisótopos naturais (238

U, 235

U, 232

Th e 40

K) que estão no solo, ou pela radiação cósmica, maior será

a concentração de estados de meia estáveis no cristal e, consequentemente, maior será a intensidade de

emissão TL ou LOE, Tatumi et al. (2008).

No Brasil os primeiros registros sobre a aplicação deste método de datação absoluta ocorreram

a partir do ano de 1950; entretanto, a aplicação mais intensa em sedimentos iniciou a partir de 1980.

Em Mato Grosso não há registro da utilização deste método de datação, Bizzi et al. (2001, in: Sallun et

al. 2007).

Os resultados das cinco datações realizadas são apresentados na Tabela 2.5. Destas, três

foram em areias que cobrem cascalhos da unidade T1 (EIT 05, 11 e 13) e duas na unidade T0. Estes

dados, associados as cotas topográficas em perfis geológicos Figura 2.5 perfis AA’ e BB’ ,

características geológicas dos pacotes e empilhamento estratigráfico do quaternário local permitem

diferenciar o evento mais jovem e o mais antigo. A idade de 720±120 anos é a mais jovem, da unidade

T0, amostra EIT 14, do Garimpo do Cambaúva, obtida em um pacote de areia e cascalho brancos e na

planície de inundação do rio, Figura 3.5 A; enquanto que, a idade de 8400 ± 858 anos é a mais antiga,

da unidade T1, amostra EIT 05, do Garimpo do Cavoqueiro, Figura 3.5 A. Outra idade da amostra EIT

07, Tabela 2.5, coletada planície de inundação do rio na Fazenda Formosa, Figura 3.5 B e que dista

cerca de 7 km a montante da amostra EIT 05, sugere refletir a idade de deposição de rochas da unidade

T0. A unidade T2 não foi datada por não dispor de afloramento arenoso para a coleta de amostra.

A idade 660 ± 90 anos da amostra EIT 13 (Tabela 2.5), da unidade T1, bem como o

posicionamento topográfico da mesma não justificam a idade. Em campo e em imagem (Figura 3.5 A),

nota-se nitidamente que a amostra EIT 13 foi coletada em ponto mais elevado do que a EIT 05, o que

pressuponha idade próxima ou mais antiga que 8400 ± 858 anos. No caso da amostra EIT 11, Tabela

2.5 e Figura 3.5 B, unidade T1, em terraço mais elevado do que a EIT 05 a expectativa era de idade

mais antiga do que 8400 ± 858 anos, pleistocênica?

Com exceção dos resultados das amostras EIT 05, 07 e 14, as idades das amostras EIT 11

e 13, não refletem a idade deposição destes pacotes inconsolidados, mas, provavelmente, sugerem

idades de retrabalhamentos de eventos mais jovens sobre a unidade T1 e provavelmente T2.

Santana, E. F., Placeres Dimantíferos do Rio Itiquira, MT, Brasil.

36

Com exceção dos resultados das amostras EIT 05 e 14, as demais idades não refletem a

deposição destes pacotes inconsolidados, mas retrabalhamentos de eventos mais jovens sobre as

unidades T2 e T1

O conjunto de idades mostra que parte dos placeres diamantíferos do Rio Itiquira são

holocênicos, no caso das unidades T0 e T1, onde a 1ª é mais jovem que a 2ª e posteriores a glaciação

Wurn. Em função do pequeno número de amostras e deste trabalho não ter amostrado todos os terraços

existentes no vale do Rio Itiquira, pressupõe-se que as idades de depósitos quaternários em terraços T2,

assim como outros mais elevados do Rio Itiquira sejam pleistocênicas.

. PONTOS UNIDADE LOCAL IDADE/ANOS

EIT 05 T1 GARIMPO DO CAVOQUEIRO

8400 ± 858

EIT 07 T0 FAZENDA FORMOSA 1750 ± 210

EIT 11 T1 FAZENDA FORMOSA 4100± 430

EIT 13 T1 GARIMPO DO CAVOQUEIRO

660 ± 90

EIT 14 T0 GARIMPO DO CAMBAUVA 720 ± 120

5.5 – ELEMENTOS ESTRUTURAIS E ENQUADRAMENTO TECTÔNICO.

O mapa geológico na escala de 1: 100.000 que engloba esta pesquisa foi elaborado por

Vasconcelos (2007), o autor destaca falhas normais de direção NE, que em princípio desenvolveram

controle estrutural sobre a evolução do Rio Itiquira, Figura 4.5. A observação deste rio na carta

topográfica Folha Itiquira, imagens CBERS, assim como Google Earth, também mostram falhamentos

NE, NW e, secundariamente, E-W e N-S que condicionam o traçado do rio em direção ao Pantanal.

Durante os trabalhos de campo tais fraturamentos e falhamentos foram encontrados nas

unidades Palermo e Marília e são mostrados nas Figuras 5.5 A a D. Além de controlar a evolução do

Figura 3.5 – Detalhe dos locais de amostragem para datação por LOE. Em A, duas no Cavoqueiro e uma no

Cambaúva. Em B, as duas amostras coletadas na Fazenda Formosa.

Tabela 2.5 – Idades obtidas pelo método de LOE/Protocolo MAR.

Recursos Minerais e Geoquímica, Vol. 1, 54p.

37

Figura 4.5 – Falhas normais NE condicionando a evolução do Rio Itiquira.

Figura 5. 5 – Elementos estruturais nas formações Palermo e Marília. Em A, B, C e D truncamento entre

falhas NE e NW.

Santana, E. F., Placeres Dimantíferos do Rio Itiquira, MT, Brasil.

38

Rio Itiquira, estes falhamentos são elementos importantes para armadilha tipo travessão, quando a

falha intercepta a drenagem e de acordo com Weska (1996). Entre as medidas tomadas em campo e

que são mostradas nas fotos das Figuras 5.5 A e B, há o predomínio de falhas N 45° a 62° W, seguidas

daquelas de direções N 10° a 25° W e N 10° E, que na verdade, aqui foram englobadas como parte do

sistema N – S. Por último, a N 10° E é do conjunto de falhamentos N – S e a N 60° E, regionalmente

é paralela a Falha de Poxoréo e borda do Rifte Rio das Mortes, conforme Weska (1996).

O mapa da Figura 6.5 individualiza bacias cretáceas em Mato Grosso, que foram

denominadas de Cambambe, Poxoréo e Itiquira por Coimbra (1991). Posiciona também estas bacias

em relação a Bacia Bauru do SE brasileiro, separadas pelo Horste de Rondonópolis. Em Mato Grosso

as bacias Cambambe e Poxoréo estão situadas no graben, enquanto que a Itiquira esta encravada em

calhas (pequenos grabens) de direção NE neste horste. O impacto da Pluma de Trindade sob o

centrooeste brasileiro Weska (1996) e Gibson et al. (1997) produziu tensores de direções NW-SE que

reativaram falhas normais de direções NE ( Falha de Poxoréo) e resultaram no Rifte Rio das Mortes.

A existência de pequenos grabens encravados no Horste Rondonópolis, controlados por falhas N 60° a

80° E são paralelos ao graben Rio das Mortes onde ocorreram os principais falhamentos e de maior

rejeito, bem como sugerem tratar-se do mesmo evento.

A Bacia do Pantanal está encravada sobre as bacias do Paraná e Bauru em eventos

predominantemente distensivos. Nas unidades T0 a T2 não foram observados elementos estruturais

relativos a evolução tectônica desta bacia. Contudo, o forte controle estrutural exercido sobre o

escoamento do Rio Itiquira em direção ao Pantanal e o terraceamento proeminente existente no vale,

podem ter resultado a partir da reativação das falhas do Rifte Rio das Mortes durante o Quaternário

Figura 6.5 – Mapa de localização do Horste de Rondonópolis e das bacias cretáceas proposta por

Coimbra (1991).

Recursos Minerais e Geoquímica, Vol. 1, 54p.

39

CAPÍTULO 6

MINERAIS PESADOS

1.6 - INTRODUÇÃO.

Minerais pesados são minerais definidos por apresentar densidade superior a 2,9 g/cm3,

Dias (2004). A quantidade de minerais pesados disseminados em sedimentos dependerá da sua

abundância na área fonte e do processo de transporte, Souza et al. (2005). A maioria dos minerais

pesados tem baixo grau de sobrevivência em condições de superfície devido a instabilidades químicas

e mecânicas. Segundo Addad (2001) de uma maneira geral, quanto mais alta a temperatura e a pressão

de formação do mineral, menos estável ele é sob condições de intemperismo, onde é destruído por

processos de dissolução. Entretanto, a alta resistência ao transporte e intemperismo, faz com que

minerais resistatos, como: zircão, ilmenita, granada, diamante, corindon; entre outros, sobrevivam às

condições químicas hostis que são submetidos desde a área fonte até a deposição.

O estudo de minerais pesados em depósitos secundários diamantíferos no mundo, de

acordo com Addad (2001), além de análise de bacias, constitui um método de prospecção de vital

importância para a prospecção de fontes primárias kimberlítica, lamproítica, ou outras. Através da

microssonda existem trabalhos sobre a química mineral de minerais pesados indicadores que norteiam

a prospecção de fontes primárias, bem como tratam sobre a provável gênese, como por exemplo: para

kimberlito são as granadas cálcica a G9 e a subcálcica a G10, detalhadas em Grutter et al. (2004); a

picroilmenita, conforme Kaminsky et al. (2010); e, o espinélio segundo a classificação de Haggerty

(1975). No caso de lamproíto, os minerais indicadores são: cromita, andradita, zircão, manganoforita,

Ba-Flogopita, priderita e wadeita Gold (1984).

Em Mato Grosso existem trabalhos que trataram sobre gênese e/ou fertilidade dos corpos

primários por meio da química mineral de minerais indicadores, como por exemplo: em Paranatinga

Greenwood et al. (1998) e Weska & Svisero (2001c); e, em Juína Gaspar (2007). Os estudo sobre os

minerais indicadores e acompanhantes em depósitos de paleoplaceres e placeres estão descritos em

Weska (1987, 1996), Bittencourt Rosa et al. (1991,1993) e Weska et al. (1984,1991, 1997).

As armadilhas (traps) encontradas neste trabalho, as identificações macro e microscópica

dos minerais pesados indicadores, bem como através da fluorescência LUSW e a química mineral em

caráter preliminar devido ao pequeno número de análises são descritos e interpretados a seguir.

1.1.6 - Armadilhas.

As armadilhas (traps) constituem-se locais favoráveis à deposição/concentração de

recursos minerais pesados a partir da perda de capacidade (velocidade) do meio transportador, de

acordo com Weska (1996) e resultam de condicionamentos hidrodinâmicos, litologias do bedrock,

Santana, E. F., Placeres Dimantíferos do Rio Itiquira, MT, Brasil.

40

evoluções geomorfológica e tectônica. Os traps ocorrem desde pequenos tamanhos e de caráter local

até de dimensões e de caráter regional. Este método é eficiente em avaliações preliminares sobre

minerais indicadores de uma determinada área, assim como para rastrear corpos primários. Dentre os

minerais de valor econômico encontrados nas armadilhas, destacam-se o diamante e o ouro.

Em garimpos diamantíferos, as armadilhas quando localizadas são dimensionadas e alvos

preferências dos garimpeiros experientes. Eles sabem da sua importância quanto ao aprisionamento do

diamante. Weska et al. (1984) descreveram armadilhas com denominações utilizadas por garimpeiros

na Bacia do Alto Paraguai, suas caracterizações geológicas correspondentes e foram identificados os

seguintes tipos: bolsão, panela, veia, travessão, canoão e ajogo, entre outros.

Na área pesquisada foram encontradas armadilhas, as quais foram adotadas a

terminologia dos diferentes tipos de acordo com Weska (1996), sendo: bolsão, panela, veia e ajogo. As

duas primeiras armadilhas são formas erosivas que predominam no bedrock dos garimpos do

Cavoqueiro e Fazenda Velha, todavia foram vistas também no leito do Rio Itiquira, próximo ao

garimpo do Bode. As panelas e os bolsões situados no leito do rio são explorados por garimpeiros

principalmente na época de estiagem, pois com o nível baixo das águas, as armadilhas muitas vezes

afloram.

Os bolsões são armadilhas originadas pelo trabalho erosivo de águas em queda livre nas

cachoeiras. Estes por sua vez são eficientes na concentração do diamante quando resultar da

combinação de fatores como: velocidade de fluxo das águas, altura da queda livre, tipo litológico

submetido a erosão e a profundidade da armadilha, de modo tal que o fluxo d’água não tenha

capacidade de limpar (assoprar) a armadilha, Figura 1.6 A.

Panelas são armadilhas mostradas na Figura 1.6 B, geradas quando o fluxo da águas no

canal assume movimento circular. Comumente ocorrem em remansos de rios. Para concentrar o

diamante estas armadilhas dependem da profundidade e da velocidade das águas. Existem dois tipos

de panelas, as circulares e quadráticas, segundo Weska (1996).

Veias são canais de corte e preenchimento (cut and fill), de pequeno porte e foram

observadas nos cascalhos ou no limite entre o bedrock e o cascalho, como por exemplo, no garimpo do

Cavoqueiro e em canais de córregos afluentes do Itiquira, (Figura 1.6 C).

Traps tipo ajogo, são depósitos de barra de pontal que ocorrem nos meandros dos rios. Na

área estudada este tipo de armadilha foi encontrado no garimpo Cambaúva, Figura 3.5 A e a jusante do

da Fazenda Formosa, Figuras 3.5 B e 1.6 D.

Recursos Minerais e Geoquímica, Vol. 1, 54p.

41

Figura 1.6 – Armadilhas. Na coluna esquerda as armadilhas segundo Weska (1996) e na direita fotos de

traps encontrados no Rio Itiquira. Em A, Bolsão; em B, panela circular; em C, veia; e, em D, ajogo.

Santana, E. F., Placeres Dimantíferos do Rio Itiquira, MT, Brasil.

42

1.2.6 - A Identificação dos Minerais Pesados.

Os concentrados obtidos após os primeiros procedimentos laboratoriais foram levados ao

separador Frantz que individualizou magnetita e ilmenita. Via lupa binocular foram identificadas (os)

safira, granada, zircão, rutilo, ouro e grãos de óxidos de ferro. Nos garimpos os minerais pesados

indicadores do diamante são denominados de “forma” e para cada um há denominação local. Em

Itiquira a safira é chamada de azulinha, a granada de chicória, a ilmentita de pretinha, o zircão pode ser

denominado de palha de arroz ou “microdiamante” e óxidos de ferro são denominados por feijão

preto, marrom ou amarelo. Nas amostras de cascalhos coletadas no canal e planície de inundação, em

grupiaras, há o predomínio de ilmenita; enquanto que, em cascalhos de terraços, observou-se o

domínio da magnetita. O diamante presente nos cascalhos das unidades T0 e T1 foi identificado a partir

dos concentrados em garimpos.

Os minerais pesados foram submetidos a identificação macroscópica, com auxílio de lupa

de mão de 10X e 20X ou lupa binocular. Nestas condições a safira foi de fácil reconhecimento nos

concentrados pela cor azul intensa. O zircão ocorre com hábito euédrico, tetragonais, prismáticos,

incolores, estirados como forma de um grão de arroz (palha de arroz), evoluindo para muito

bem arredondados a ovais. Das duas populações identificadas, a primeira sugere área fonte

próxima e a segunda de fonte distante. A granada ocorre em grãos com esfericidade alta, ou

em alguns casos, fragmentada em lascas e, provavelmente, devido ao impacto entre grãos

durante o transporte. As cores destas granadas são rosa a incolor. O rutilo ocorre em prismas

euédricos, com arestas por vezes arredondadas e em fragmentos. A cor do rutilo é vermelha a

vermelha escura. A ilmenita quando magnesiana (picroilmenita) é um dos minerais

característicos em vários kimberlitos (Weska, 1997). A ilmenita dos concentrados apresenta

brilho metálico em grãos arredondados a subarredondados e fratura subconchoidal. Não raro

em algumas amostras, constata-se a cobertura de alteração alaranjada (leucoxênio?). Um grão de

ouro foi encontrado em uma amostra, além da cor amarela, a dureza baixa foi a propriedade física

diagnóstica. Fragmentos de óxidos de ferro, arredondados a muito arredondados e esfericidade média a

lata, constuituem óxidos de ferro que nas cores escura estão no estado reduzido, quando vermelhos

oxidados e na cor amarela é a limonita.

As lâminas de grãos submetidas ao microscópio permitiram conferir algumas

características dos minerais pesados e suportado por Deer et al. (1966). A safira mostra-se com

pleocroísmo azul claro a escuro, relevo elevado e birrefringência fraca a média. O zircão é tetragonal,

incolor a castanho, extinção reta e os índices de refração e birrefringência altos. A granada é do

sistema cúbico e no microscópio ao cruzar os nicóis é isótropa. O rutilo em lâmina apresenta cor

castanha avermelhada, o relevo é muito elevado e a birrefringência extrema.

Recursos Minerais e Geoquímica, Vol. 1, 54p.

43

As amostras com concentrados de minerais pesados foram submetidas a luz ultravioleta

de onda curta e onda longa, respectivamente, LUSW e LULW. Quando os concentrados foram

excitados pelo equipamento denominado mineraligth os zircões se destacaram pela fluorescência

laranja diagnóstica em LUSW.

1.3.6 - A Química Mineral.

Quatrocentos e cinquenta grãos de minerais pesados os garimpos estudados em Itiquira

foram preparados em seções para a análise de elementos maiores pela microssonda eletrônica, deste

total somente 50 grãos foram analisados, correspondendo a 11.12% das amostras. Dos 50 grãos

analisados, somente em 13 deles a soma dos óxidos totalizou entre 98 a 101%, correspondendo a 26%,

as outras 37 análises foram descartadas. Em relação ao total de amostras, a Tabela 1.6 expõe dados de

2,9% dos grãos.

A partir da composição de óxidos, três minerais foram identificados, quais sejam: a

granada, a ilmenita e o rutilo (Tabela 1.6). Os dois primeiros podem constituir importantes indicadores

o que não é o caso do rutilo. Para a discriminação entre granadas G10 e G9, dados sobre óxidos de

cálcio e cromo foram plotados no gráfico CaO X Cr2O3, de acordo com Grutter et al. (2004).

Kimberlitos férteis em diamantes normalmente apresentam o predomínio de granada G10 (Mitchel,

1986). Para discriminar a ilmenita foi utilizado o diagrama ternário da solução sólida entre moléculas

de hematita (Fe2O3) X geikelita (MgTiO3) X ilmenita (FeTiO3) e conforme Mitchel (1986).

De modo geral, as granadas coletadas em Itiquira são empobrecidas em Cr2O3 (0 - 0,06

% em peso) e pobres a enriquecidas em CaO com valores entre 0,31 - 7,19 % em peso e em três

grãos com valores de Na2O > 0,07 em % em peso (Tabela 1.6). Estes dados plotados no gráfico

CaO X Cr2O3 (Figura 2.6) e comparados a classificação proposta para diferentes tipos de granadas por

Grutter et al. ( 2004), é possível caracterizar granadas G0, G3 e G4 A granada G0 é de fonte

desconhecida e não comum em kimberlito. As granadas G4 e G3 sugerem fontes piroxenítica e

eclogítica, respectivamente. Estes autores consideram haver uma associação entre as categorias G10,

G4, G5 e G3, com pressão e temperatura e o diamante. Contudo, nos kimberlitos férteis em diamantes

no mundo predomina granada G10.

Os dados sobre a ilmenita na Tabela 1.6. evidenciam baixos valores de MgO (0 - 1,44 %

em peso), de 49,41 - 53,41 % em peso de TiO2, elevados valores de Fe2O3 (41,69 - 43,51% em peso) e

baixo a elevado conteúdo de MnO (1,36 – 7,29 % em peso). Parte destes dados foram plotados no

diagrama da Figura 3.6 e caem fora do campo de ilmenitas kimberlíticas. Kaminsky et al. (2009)

descreveram valores elevados de óxido de manganês em ilmenita como inclusões em diamantes, de

kimberlitos e placeres em Juína. Os valores de MnO variam entre 0.63–2.49 .% em peso e com

elevada mistura de V2O3 (0.21–0.43 .% em peso). Por vezes, inclusões em diamantes ocorrem com

valores de MnO superiores a 11 % em peso.

Santana, E. F., Placeres Dimantíferos do Rio Itiquira, MT, Brasil.

44

As ilmenitas encontradas em aluvião no Rio Itiquira são de baixo MgO e os valores de

MnO elevados, variam entre 1,36 - 7,29 % em peso e também são elevados quando comparados ao

conteúdo de MnO em ilmenitas kimberlíticas típicas, que contém 0,2-0,3 .% em peso.

Tabela 1. 6 - Química mineral. Dados de microssonda em % em peso e o mineral identificado.

Amostra Na2O MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2 Cr2O3 MnO Fe2O3 NiO Total Mineral

EIT14 0,06 8,68 22,06 38,81 0,00 3,22 0,07 0,00 0,55 25,20 0,03 98,69 Granada

EIT14 0,07 6,89 21,08 36,51 0,01 5,18 0,02 0,06 1,48 27,24 0,02 98,57 Granada

EIT14 0,09 9,68 22,15 36,29 0,05 3,19 0,05 0,04 0,54 27,70 0,08 99,87 Granada

EIT14 0,15 0,19 19,95 35,88 0,06 1,56 0,15 0,02 26,05 16,24 0,00 100,23 Granada

EIT14 0,05 8,75 21,83 36,69 0,04 7,19 0,10 0,00 0,46 23,80 0,00 98,91 Granada

EIT14 0,00 0,16 20,52 33,72 0,02 0,67 0,08 0,00 20,60 23,04 0,02 98,83 Granada

EIT14 0,05 1,93 20,48 35,38 0,02 0,31 0,14 0,00 18,38 23,64 0,02 100,35 Granada

EIT14 0,03 1,44 0,05 0,21 0,02 0,03 53,41 0,07 1,36 43,12 0,01 99,76 Ilmenita

EIT14 0,00 0,07 0,00 0,11 0,04 0,00 50,91 0,00 2,96 43,51 0,00 97,61 Ilmenita

EIT14 0,02 0,00 0,04 0,21 0,02 0,01 49,41 0,00 7,29 41,69 0,00 98,69 Ilmenita

EIT14 0,05 0,00 0,06 0,09 0,00 0,01 98,98 0,20 0,00 0,57 0,06 100,02 Rutilo

EIT14 0,00 0,02 0,07 0,14 0,01 0,00 96,95 0,40 0,00 0,21 0,06 97,86 Rutilo

EIT14 0,05 0,00 0,09 0,15 0,01 0,00 97,11 0,25 0,00 0,83 0,00 98,47 Rutilo

Figura 2.6 – Diagrama Cr2O3 X CaO, de acordo com Grutter et al. (2004). Notar que são empobrecidas em

Cr2O3, bem como empobrecidas (G0) a enriquecida em CaO (G3).

Recursos Minerais e Geoquímica, Vol. 1, 54p.

45

Figura 3.6 – Diagrama Fe2O3 X FeTiO3 X MgTiO3 (Mitchel, 1986) para discriminar ilmenitas

kimberlíticas, de rochas alcalinas, basaltos e outras. Observar que as ilmenitas coletadas no Rio Itiquira

plotam fora do campo de kimberlitos.

Santana, E. F., Placeres Dimantíferos do Rio Itiquira, MT, Brasil.

46

Recursos Minerais e Geoquímica, Vol. 1, 54p.

47

CAPÍTULO 7

CONCLUSÕES

Os garimpos estudados em Itiquira representaram durante as décadas de 30 a 40, do

século XX importante atividade econômica local pela lavra de placeres diamantíferos por garimpeiros.

A bacia do Rio Itiquira está inserida na unidade morfoestrutural Bacia Sedimentar do Paraná,

subunidade morfoescultural do Planalto do Taquari-Itiquira, conforme Franco & Pinheiro (1982, in:

Del’Arco et al. 1982).

O mapeamento dos garimpos constituiu árdua tarefa pelo fato destas áreas em muitos

pontos não possuírem afloramentos in situ, sendo necessária a definição preliminar entre rejeito de

garimpo e afloramento in situ. Adicionalmente amostras foram com a aplicação do método por

quartzo luminescência e outras foram estudas com vistas aos minerais pesados e prováveis fontes

primárias.

O contexto geológico regional sobre a qual se insere esta área é da porção NW da Bacia

do Paraná e ocorrem os seguintes litotipos dos grupos Paraná (Formação Ponta Grossa), Itararé

(Formação Aquidauana), Guatá (Formação Palermo), Passa Dois (Formações Irati e Corumbataí), São

Bento (Formação Botucatu) e Bauru (Formação Marília), assim como as Formações Cachoeirinha e

Pantanal.

O contexto geológico local é caracterizado pelas formações Palermo e Marília, que na

área compõem o bedrock das unidades quaternárias aqui denominadas informalmente de T0 a T2.

Neste estudo não mapeamos todos os terraços existentes no Rio Itiquira. A relação de contato entre os

pacotes jovens com o bedrock normalmente é discordante erosivo

A unidade T2 é a mais antiga, ocorre em superfícies residuais, depositadas em cota

topográfica geralmente acima de 550 m, em relação ao nível do mar, é o terraço mais distante do rio e

mais elevado da área. Os cascalhos são compostos por clastos quartzo, arenito, silexito e de laterita. As

cores predominantes destes pacotes são marrom a vermelhas em função da impregnação de óxidos de

ferro, Figura 1.5 D. O arredondamento é bom a muito bom e a esfericidade é média a alta em clastos

de quartzo e arenito. Nos dois últimos o arredondamento é ruim a muito ruim e a esfericidade é média

a baixa. A espessura varia de 0,10 a 0,5 m.

A unidade T1 é composta de cascalhos na base a areias-argilosas no topo e ocorrem em

cotas topográficas entre 500 a 520 m em relação ao nível do mar e compõem um terraço intermediário

entre o T0 e T2. Nestes cascalhos os clastos são quartzo, arenito, silexito e de laterita. Os dois últimos

ocorrem também em matacões e até blocos. No quartzo e no arenito o arredondamento é bom a muito

bom e a esfericidade é média a alta. No silexito e nos fragmentos de lateritos o arredondamento é ruim

a muito ruim e a esfericidade é média a baixa, Figuras 1.5 E e F. A matriz é areno-argilosa imatura. As

Santana, E. F., Placeres Dimantíferos do Rio Itiquira, MT, Brasil.

48

cores predominantes destas rochas são vermelhas a amarelas por da impregnação de óxidos de ferro. O

arcabouço varia entre clastos suportados (Gms) até matriz suportando clastos (Gmm) e a gradação é

normal e, por vezes, inversa, segundo Walker (1975). A espessura dos cascalhos varia de 0,50 a 2 m.

Os cascalhos são cobertos por areia imatura e por vezes argilosa de cores amarela-avermelhadas e a

espessura está no intervalo entre 0,5 a 6 m.

A unidade T0 é a mais jovem com cascalhos na base e areias-argilosas no topo, Figuras

1.5 G e H, ocorre no canal e planícies de inundações do rio e afluentes, em cotas topográficas quase

sempre abaixo de 500 m em relação ao nível do mar. Os cascalhos são constituídos de seixos de

quartzo, arenito, silexito e raros de laterita. Os três últimos clastos ocorrem também em matacões até

blocos. A matriz é areno-argilosa imatura. As cores branca a cinza predominam na unidade T0 e com

raras cores amarela-avermelhadas. O arcabouço dos cascalhos varia entre matriz suportando clastos

(Gmm) até clastos suportados (Gms) e a gradação é normal a inversa, segundo Walker (1975). A

espessura varia de 0,10 a 1,5 m. Areia imatura e de cores branca a cinza e, por vezes, amareladas se

sobrepõem aos cascalhos e a espessura varia de 0 a 3 m.

Os resultados das cinco datações realizadas estão mostradas na Tabela 2.5. Esta

amostragem foi controlada por posicionamento topográfico (Figura 2.5 perfis AA’ e BB’) e diferentes

tipos litológicos. A idade de 720±120 anos é a mais jovem, da unidade T0, amostra EIT 14, do

Garimpo do Cambaúva. A idade de 8400 ± 858 anos é a mais antiga, da unidade T1, amostra EIT 05,

do Garimpo do Cavoqueiro. Das amostras restantes, com exceção da amostra EIT 07, da unidade T0

com idade de 1750 ± 210, sugere refletir a idade de deposição destas rochas, as demais EIT 11 e 13

sugerem retrabalhamentos pós-deposicionais nestes pacotes.

Os elementos estruturais observados foram falhas NW, NE e N – S, em truncamentos que

não permitiram definir a relação de idades. Contudo, principalmente as falhas NE constituem parte do

contexto estrutural regional evidenciado pelo alinhamento do horste Rondonópolis, assim como

bacias, a exemplo da Itiquira encravada neste alto estrutural. Por outro lado, falha de direção NE é

paralela a borda do Rifte Rio das Mortes, desenvolvido a partir do impacto da Pluma de Trindade. Os

eventos tectônicos da Bacia do Pantanal são principalmente distensivos, porém esta neotectônica não

foi observada nos pacotes quaternários estudados.

As amostras para o estudo de minerais pesados indicadores foram coletadas em pequenos

poços já descritos, bem como em armadihas. Das armadilhas descritas por Weska (1996) em Itiquira

localizamos e identificamos as dos tipos bolsão, panela, veia (canal de corte e preenchimento) e ajogo

(barra de pontal). Os métodos utilizados para a identificação foram macro e microscópicos, LUSW e a

química mineral através de microssonda. Os minerais pesados identificados foram magnetita,

ilmenita, safira, granada, zircão, rutilo, ouro e grãos de óxidos de ferro. Destes dois podem ser

indicadores do diamante, no caso a granada e a ilmenita.

Recursos Minerais e Geoquímica, Vol. 1, 54p.

49

As granadas do Rio Itiquira são empobrecidas em Cr2O3 (0 - 0,06 % em peso), pobres a

enriquecidas em CaO com valores entre 0,31 - 7,19 % em peso. A partir do plote destes dados no

gráfico CaO X Cr2O3 (Figura 2.6 - Grutter et al. 2004), é possível caracterizar granadas G0, G3 e G4

A granada G0 é de fonte desconhecida e não comum em kimberlito. As granadas G4 e G3 sugerem

fontes piroxenítica e eclogítica, respectivamente. Estes autores consideram haver uma associação entre

as categorias G10, G4, G5 e G3, com pressão e temperatura e o diamante. Contudo, nos kimberlitos

férteis em diamantes no mundo predomina granada G10.

Os dados sobre a ilmenita na Tabela 1.6. evidenciam baixos valores de MgO (0 - 1,44 %

em peso), de 49,41 - 53,41 % em peso de TiO2, elevados valores de Fe2O3 (41,69 - 43,51% em peso) e

baixo a elevado conteúdo de MnO (1,36 – 7,29 % em peso). Parte destes dados foram plotados no

diagrama da Figura 3.6 e caem fora do campo de ilmenitas kimberlíticas. O excesso de MnO em

ilmenitas foi observado Kaminsky et al. (2009) em inclusões de diamantes, ilmenitas de kimberlito e

de placeres em Juina. As ilmenitas do Rio Itiquira são de baixo MgO e os valores de MnO elevados,

variam entre 1,36 - 7,29 % em peso e também são elevados quando comparados ao conteúdo de MnO

em ilmenitas kimberlíticas típicas, que contém 0,2-0,3 % em peso.

O conjunto de amostras para datação, bem como para minerais pesados foram pequenos;

contudo, resultaram em informações que podem estar sugerindo tendências. Por esta razão, recomendo

que tais trabalhos sejam continuados, tanto para suportar o empilhamento estratigráfico do quaternário

matogrossense com datações absolutas, como para melhor caracterizar os minerais indicadores de

diamantes e assim melhor orientar a busca de eventuais corpos primários diamantíferos.

Santana, E. F., Placeres Dimantíferos do Rio Itiquira, MT, Brasil.

50

Recursos Minerais e Geoquímica, Vol. 1, 54p.

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