Píramo e Tisbe

• Píramo era um jovem assírio, de beleza encantadora apaixonado por Tisbe. Tisbe, por sua vez, era uma linda jovem grega, mas o amor de ambos foi proibido pelos pais, que levantaram um muro em volta de ambas as casas impedindo os jovens de se verem, excepto por um buraco pequeno por onde se falavam.

• Assim passavam-se os dias, desanimadores para ambos.

Até que um dia resolveram fugir, marcando um encontro no vale, onde se encontrava o túmulo de Nino que era protegido por uma imensa amoreira.

• Aquele que chegasse primeiro esperaria pelo outro. Assim fizeram e Tisbe chegou primeiro. Mas logo a seguir, ela ouviu o uivo de uma leoa, que vinha na sua direcção para beber água no rio. Tinha acabado de comer uma presa e sentia sede.

• Tisbe escondeu-se subindo a uma árvore, mas ao correr deixou

cair o manto que a agasalhava. A leoa saciou-se da sede e seguiu o seu caminho, mas ao passar pelo manto quis brincar com ele, arranhando e mordendo, despedaçando e sujando-o de sangue.

• Tempos depois Píramo chegou ao local. Estava atrasado, pois era perseguido por cães e precisava de despistá-los. Chamava por Tisbe, olhava para todos os lados e acabou por avistar o manto de Tisbe todo rasgado e sujo de sangue. Apavorado, pegou nele e reconheceu-o e, chorando, começou a lamentar-se. Gritou, berrou, injuriou os deuses e sacou de um punhal atingindo o seu coração.

A alguns metros dali, Tisbe ouviu uma voz que parecia chamá-la e foi ver quem era.Chegou ao local e viu o corpo de Píramo caído. Chorando, pegou na lâmina de Píramo e enterrou-a também no seu coração.

• Píramo abriu os olhos, sorriu vagamente e suspirou pela última vez. Logo depois os pais de ambos chegaram e, desesperados, viram os corpos dos seus filhos caídos e abraçados um ao outro.

• O ódio deu lugar ao pranto e ao choro. Enterraram-nos ali

próximo e a amoreira, onde estavam, que antes era branca, sem vida e amarga, passou a ser vermelha e de uma doçura inigualável.

Flávia Nunes, CEF3 - Nº7