PINTURA, IMAGEM, RETRATOotrolunes.com/28/files/2013/07/1-camila-moreira-sobre-carmen-nolor… ·...

23
I SIMPÓSIO INTERNACIONAL DO NÚCLEO DE PESQUISA EM PINTURA E ENSINO – NUPPE Instituto de Arte / Universidade Federal de Uberlândia – IARTE/UFU MOVÊNCIAS DA PINTURA ISSN 2316 – 2279 10 a 13 de setembro de 2012, Uberlândia – MG – Brasil PINTURA, IMAGEM, RETRATO Camila Moreira e Carmen Nolorve 1 Resumo: Esse artigo deseja apresentar o trabalho da artista plástica Carmen Nolorve, sua trajetória, seu processo de criação assim como as influências, contaminações e migrações em sua obra. Carmen Nolorve aborda o retrato, em particular o rosto. Ela parte da observação de pessoas do quotidiano, visto como um sistema complexo e anônimo, de onde emerge formas desconexas. “Pra mim, os rostos são uma parte independente do corpo. É como olhar uma carta cheia de traços. Rica em mestiçagens, identidades e cheia de lembranças. Resumen : En este artículo se quiere dar a conocer la obra de la artista Carmen Herrera Nolorve, su trayectoria, su proceso creativo, así como las influencias, la contaminación y la migración en su obra. Carmen 1 Camila Moreira é artista plástica, Mestre em Artes Plásticas pela Université Paris 1 Panthéon Sorbonne e doutoranda em Artes Plásticas pela mesma Université Paris 1 Panthéon Sorbonne- França. (membro: NUPPE/UFU, CRAV-Paris1). Bolsista da CAPES - Proc. 01312/12-6. Carmen Nolorve Carmen Nolorve é uma artista plástica peruana, graduada em pintura pela Faculdade de Artes Plásticas da Universidade Católica do Peru. Ela é mestre em artes plásticas pela Université Michel de Montaigne - Bordeaux 3, e doutoranda pela mesma Université Michel de Montaigne - Bordeaux 3, França.

Transcript of PINTURA, IMAGEM, RETRATOotrolunes.com/28/files/2013/07/1-camila-moreira-sobre-carmen-nolor… ·...

Page 1: PINTURA, IMAGEM, RETRATOotrolunes.com/28/files/2013/07/1-camila-moreira-sobre-carmen-nolor… · PINTURA, IMAGEM, RETRATO Camila Moreira e Carmen Nolorve1 Resumo: Esse artigo deseja

I SIMPÓSIO INTERNACIONAL DO NÚCLEO DE PESQUISA EM PINTURA E ENSINO – NUPPE Instituto de Arte / Universidade Federal de Uberlândia – IARTE/UFU

MOVÊNCIAS DA PINTURA ISSN 2316 – 2279 10 a 13 de setembro de 2012, Uberlândia – MG – Brasil

PINTURA, IMAGEM, RETRATO

Camila Moreira e Carmen Nolorve1

Resumo:

Esse artigo deseja apresentar o trabalho da artista plástica

Carmen Nolorve, sua trajetória, seu processo de criação assim como

as influências, contaminações e migrações em sua obra. Carmen

Nolorve aborda o retrato, em particular o rosto. Ela parte da

observação de pessoas do quotidiano, visto como um sistema

complexo e anônimo, de onde emerge formas desconexas. “Pra mim,

os rostos são uma parte independente do corpo. É como olhar uma

carta cheia de traços. Rica em mestiçagens, identidades e cheia de

lembranças.

Resumen :

En este artículo se quiere dar a conocer la obra de la artista

Carmen Herrera Nolorve, su trayectoria, su proceso creativo, así como

las influencias, la contaminación y la migración en su obra. Carmen

1 Camila Moreira é artista plástica, Mestre em Artes Plásticas pela Université Paris

1 Panthéon Sorbonne e doutoranda em Artes Plásticas pela mesma Université Paris

1 Panthéon Sorbonne- França. (membro: NUPPE/UFU, CRAV-Paris1). Bolsista da

CAPES - Proc. 01312/12-6. Carmen Nolorve Carmen Nolorve é uma artista

plástica peruana, graduada em pintura pela Faculdade de Artes Plásticas da

Universidade Católica do Peru. Ela é mestre em artes plásticas pela Université

Michel de Montaigne - Bordeaux 3, e doutoranda pela mesma Université Michel de

Montaigne - Bordeaux 3, França.

Page 2: PINTURA, IMAGEM, RETRATOotrolunes.com/28/files/2013/07/1-camila-moreira-sobre-carmen-nolor… · PINTURA, IMAGEM, RETRATO Camila Moreira e Carmen Nolorve1 Resumo: Esse artigo deseja

MOVÊNCIAS DA PINTURA ISSN 2316 – 2279 Uberlândia – MG – Brasil

Herrera Nolorve discute sobre la imagen, particularmente el rostro.

Ella parte de la observación de la gente común, vista como un sistema

complejo y anónimo de donde emergen formas inquietantes. "Para

mí, los rostros son una parte independiente del cuerpo. Es como

mirar una mapa lleno de características. Rico en el mestizaje, la

identidad y lleno de recuerdos. "

Trazos y movimientos para construir un rostro.

Carmen Herrera Nolorve

Yo camino por la ciudad siempre buscando y observando

aquellos rostros anónimos, aquéllos que son únicos, ésos que me

motivan a llevar mi lápiz hacia el cuaderno. Intento los trazos que

plasmen de inmediato ese gesto tan particular, que me sorprende.

Mientras dibujo, trato de esquivar a la gente y de solo concentrarme

en esas líneas que me llevan a ese rostro cuya imagen se va

distorsionando entre lo que veo y lo que retendo en la memoria. Si me

muevo, cambia la luz y la perspectiva en la que estoy. Es entonces que

me apresuro en captar en dos segundos todo lo que me interesa. Una

composición rápida, un espacio, unas líneas que son el inicio de un

nuevo rostro.

Lo comienzo con líneas finas que me delimitan un espacio y

que me permiten construir otro ser. Primero el cráneo, luego la

ubicación de la glavela, para de este modo darle la dirección que

deseo. Después los pómulos, siguiendo la frente y el mentón, trazados

por finas líneas que luego se vuelven gruesas y que me permiten

superposiciones de éstas, dándome tonos intermedios. Las líneas de

construcción serán sus fronteras. Suavemente se difuminará con los

múltiples trazos que dan forma a ese nuevo ser. Quedando un rostro

Page 3: PINTURA, IMAGEM, RETRATOotrolunes.com/28/files/2013/07/1-camila-moreira-sobre-carmen-nolor… · PINTURA, IMAGEM, RETRATO Camila Moreira e Carmen Nolorve1 Resumo: Esse artigo deseja

MOVÊNCIAS DA PINTURA ISSN 2316 – 2279 Uberlândia – MG – Brasil

difuminado, una imagen que supone una presencia, pero también

supone una ausencia. Algo que podría llamar “un sujeto en

transición”. Un rostro que se construye, pero que a su vez ofrece la

ilusión de estar descomponiéndose.

Al estar frente al lienzo, miro primero esos esbozos que me

ayudarán a fijar mi personaje. Las personas que observé, en su

mayoría mujeres, ahora son recuerdos y dibujos. Comienzo por los

ejes, luego con el carboncillo trazos de derecha a izquierda, o

viceversa, la composición. El chifón me ayuda a limpiar el excedente

de carboncillo y no dejo casi nada en la tela; luego comenzaré con una

base uniforme para continuar con las transparencias, que a veces son

intensas y otras son suaves.

Entonces recuerdo un detalle de lo que había observado en la

calle, y éste me ayuda a dar vida a mi creación. Es como un zoom que

me permite detectar la zona en la que tengo que dar el toque final a la

composiciôn.

El resultado es una imagen que huye, casi en el

desvanecimiento, como el recuerdo que está a punto a desaparecer.

Así, termino mi nueva creación, es hora de dejar los pinceles.2

2 Traços e movimentos para construir um rosto.

Eu caminho pela cidade sempre buscando e observando rostos anônimos,

aqueles que são únicos, esses que me motivam a levar meu lápis sobre o caderno.

Tento os traços que traduzem imediatamente esse gesto tão particular que me

surpreende. Enquanto desenho, eu tento evitar as pessoas e eu me concentro apenas

naquelas linhas que me levam para o rosto, cuja imagem será distorcida do que vejo

e que retenho na memória. Se eu mudo, muda a luz e a perspectiva em que estou. É

então que me apresso em captar dentro de dois segundos tudo que me interessa.

Uma composição rápida, um espaço, linhas que são o inicio de um novo rosto.

Começo com linhas finas que me delimitam um espaço e me permitem

construir um outro ser. Primeiro, o crânio, em seguida, a localização da coluna, para

Page 4: PINTURA, IMAGEM, RETRATOotrolunes.com/28/files/2013/07/1-camila-moreira-sobre-carmen-nolor… · PINTURA, IMAGEM, RETRATO Camila Moreira e Carmen Nolorve1 Resumo: Esse artigo deseja

MOVÊNCIAS DA PINTURA ISSN 2316 – 2279 Uberlândia – MG – Brasil

Entrevista a Carmen Herrera Nolorve

Camila Moreira

¿Por qué has elegido el retrato?

Porque es un género artístico que a pesar del paso de los siglos

ha tenido una mayor presencia en todas las épocas. Momentos claves

como el Egipto faraónico con el retrato del Fayum hasta el siglo XXI

en pintura, grabado, escultura, fotografía, cine, video. Todas las

culturas y todas las artes han conocido en mayor o menor medida este

género. Y los artistas en algún momento de su vida lo han trabajado.

Personalmente, me interesa mucho trabajar con el retrato

dar assim a direção do desenho. Depois as maçãs do rosto, seguido da testa e do

queixo, traçados por linhas finas que tornam-se espessas permitindo sobreposições

sobre elas, dando-me meios-tons. As linhas de construção serão suas fronteiras.

Suavemente borro com múltiplos traços o molde desse novo ser. Deixando um rosto

borrado, uma imagem que supõe uma presença, mas também implica uma ausência.

Algo que poderia ser chamado de "um sujeito em transição." Um rosto que é

construído, mas que por sua vez dá a ilusão de estar decompondo.

Frente da tela, olho primeiro esses esboços que me ajudarão a corrigir o

meu personagem. As pessoas que eu observei, na sua maioria mulheres, agora são

memórias e imagens. Começo pelos eixos e, em seguida faço os traços de carvão, da

direita para a esquerda ou vice-versa, a composição. O chiffon me ajuda a limpar

mais o excesso de carvão e não deixo quase nada na tela, em seguida, começo com

uma base uniforme para continuar com as transparências, que são por vezes tão

intensas e outras são suaves. Então eu me lembro de um detalhe que vi na rua, e isso

me ajuda a dar vida à minha criação. É como um zoom que me permite detectar a

área onde eu tenho que dar o toque final para a composição. O resultado é uma

imagem que foge, quase desaparecendo, desbotando, como a memória que está

prestes a desaparecer. Então, eu termino a minha nova criação, é hora de deixar os

pincéis. Trad. Camila Moreira.

Page 5: PINTURA, IMAGEM, RETRATOotrolunes.com/28/files/2013/07/1-camila-moreira-sobre-carmen-nolor… · PINTURA, IMAGEM, RETRATO Camila Moreira e Carmen Nolorve1 Resumo: Esse artigo deseja

MOVÊNCIAS DA PINTURA ISSN 2316 – 2279 Uberlândia – MG – Brasil

porque cuando observo a las personas, veo los diversos cambios de

expresión en segundos y esto me fascina. Casi siempre el ser humano

trata de dar una cara que no necesariamente es la suya. Y tiene unos

segundos, en los cuales podemos ver su verdadero rostro, algo que ni

él mismo puede controlar. Por esa razón siempre estoy buscando el

parecido físico que tienen entre sí los miembros de una familia. Me

parece muy interesante como podemos reconocernos en el otro y

sorprendernos de los rasgos compartidos, pero también el

extrañamiento por las diferencias.

No olvidemos que el retrato es un medio de comunicación, un

testimonio de vida, y también de un acto de vanidad. Y en él

encontramos las diversas construcciones de identidades físicas e

ideológicas. El ser humano siempre tiene la necesidad de saber quién

es, quiere verse de alguna manera. El ser humano siempre tendrá la

insatisfacción de no poder verse así mismo de manera directa y esto lo

motiva a saber cómo lo ven los demás. Un paso más adelante de esta

insatisfacción es que el hombre mismo busqué su autorepresentación.

Y así llegamos al autorretrato. Si nos aproximamos un poco a la

terminología académica, podemos encontrar que el término de retrato

designa «la representación de un modelo real, de un ser (sobre todo de

un ser ánimado) y particularmente su rostro y su cuerpo, realizado por

un artista que reproduce o desea interpretar los trazos y las

expresiones características». 3 En efecto, el arte del retrato es aquel

que captura el parecido físico y sicológico del modelo.

En las artes plásticas, el tema del «retrato» no es utilizado en

escultura, pero si para designar una «cabeza», un «busto» una

«estatua». En pintura y en dibujo, el término retrato se usa para una

3 http://atilf.atilf.fr/tlf.htm

http://scd.u-bordeaux3.fr/Resultats/Bddicoency.php

http://www.universalis.fr/encyclopedie/portrait/

Page 6: PINTURA, IMAGEM, RETRATOotrolunes.com/28/files/2013/07/1-camila-moreira-sobre-carmen-nolor… · PINTURA, IMAGEM, RETRATO Camila Moreira e Carmen Nolorve1 Resumo: Esse artigo deseja

MOVÊNCIAS DA PINTURA ISSN 2316 – 2279 Uberlândia – MG – Brasil

obra en dos dimensiones.

El retrato es considerado como una interpretación y una

transcripción, es decir, una elección para dar una apariencia exterior

de una persona no importando el grado de realismo. En efecto, la

realización de un retrato corresponde a una voluntad individual de

representar a alguien, sea de manera moral, religiosa o de simbolizar

su poder o su vanidad. De hecho, la imagen de la persona es para toda

la vida. Aunque unicamente visual, se puede dar una sensibilidad a la

personalidad interior del modelo, por los diferentes indicios como la

pose, la expresion de la fisionomía, etc.

El hecho que el modelo sea una persona real o alguien ficticio

no tiene ninguna importancia por los procedimientos empleados en el

arte. El artista debe ser observador para lograr penetrar en la

personalidad del modelo. Para realizar un retrato es necesario una

imaginación precisa y compleja.

Este momento de creación para el artista se vuelve un

momento de intercambio y de observación que le permite conocer a la

persona de manera física, y de conocer un poco más sobre su

personalidad.

¿Es una necesidad o un deseo hacer un retrato?

Es a la vez una necesidad y un deseo. Sin embargo, en mi caso,

primero es una necesidad, porque es a través de ella que se puede

mezclar tanto el conocimiento técnico, como el fisiológico. Luego está

el contacto con nuestro modelo. Es decir, cómo lo observamos y cómo

este nos ve. Es importante este momento porque nos permitirá crear

algo diferente y que, además, tenga realmente una atmósfera y vaya de

acorde con la personalidad del representado. Es de este modo que la

Page 7: PINTURA, IMAGEM, RETRATOotrolunes.com/28/files/2013/07/1-camila-moreira-sobre-carmen-nolor… · PINTURA, IMAGEM, RETRATO Camila Moreira e Carmen Nolorve1 Resumo: Esse artigo deseja

MOVÊNCIAS DA PINTURA ISSN 2316 – 2279 Uberlândia – MG – Brasil

necesidad se intensifica por hacerlo, se convierte en un reto que nos

incentiva a solucionar un problema planteado. Una necesidad de ver

nuestra creación terminada.

Segundo, es un deseo. Porque en todos los tiempos los

hombres y mujeres han querido que su imagen quede inmortalizada,

recreada de una manera artística. Es una especie de prolongación de la

vida. Desde la antigüedad, el retrato ha sido considerado como una

representación de poder. Ya que en su mayoría los retratados eran

personas con dinero que deseaban mostrar su esplendor y sus bienes a

los otros.

« Por razones obvias la mayoría de los retratos realizados por

lo menos hasta el siglo XIX es representante de las elites dirigentes,

ya sean políticas, religiosas, intelectuales o económicas… y demás

personajes vinculados al poder contribuyen a construir y difundir

imágenes propagandísticas y persuasivas al servicio de la estabilidad y

consolidación de ese poder ».4

Pero, también podría decirse que es la representación de la

vida de un individuo en un momento determinado. Cuando el modelo

se siente preparado y quiere dar su imagen que el mismo se ha

construido, de una manera clara y con la intención de que la gente vea

sus logros realizados. Siendo quizás una manera de preservar su

imagen y no quedar en el olvido.

Por lo tanto, para mí es una necesidad de expresión y un deseo de

creación.

4

Rodríguez Moya, Inmaculada, El retrato en México : 1781-1867. Héroes,

ciudadanos y emperadores para una nuva nación, Consejo superior de

investigaciones científicas, Escuela de estudios Hispano-Americanos, Universidad

de Sevilla, 2006, pp. 16.

Page 8: PINTURA, IMAGEM, RETRATOotrolunes.com/28/files/2013/07/1-camila-moreira-sobre-carmen-nolor… · PINTURA, IMAGEM, RETRATO Camila Moreira e Carmen Nolorve1 Resumo: Esse artigo deseja

MOVÊNCIAS DA PINTURA ISSN 2316 – 2279 Uberlândia – MG – Brasil

¿Por qué tus personajes no tienen rasgos definidos?

Creo que unas de las razones para no mostrar rasgos definidos

en los rostros de mis personajes es porque considero que las personas

mismas no tienen una única gama de representaciones. Hay gestos

impostados y otros naturales. A veces es como si llevaran una máscara

que solo se la quitan cuando están solos. Esto me lleva a pensar que

quizás es porque la naturaleza del ser humano es tan vulnerable y

frágil que siempre está en constante cambio y que los obliga a tener

diferentes representaciones de sí mismos.

Por otro lado, realizar retratos idénticos a fotos me parece una

forma poco estimulante. Así que un día, mientras trabajaba con

acuarelas, decidí pasar a los óleos de la misma forma, con la misma

estrategia. Así comencé mi técnica de superposición en

transparencias.

En esa primera etapa, la de las acuarelas, vi que me gustaban

mucho más los rostros sin detalles marcados y sin rastros definidos.

Las imágenes se ampliaban y se difuminaban, pero partían de un

rostro en concreto. Me atraía esta ondulación en las líneas. Era como

observando en aguas que se mueven. Fue entonces que mis personajes

adquirieron un nuevo carácter y me dediqué a seguir explorando en

estas formas diluídas. Personajes con carácter pero al mismo tiempo

con mucha sutileza que cuestionaran al espectador. ¿Que éste se

pregunte qué pasa ? Que los perturbe. Que provoque un diálogo o un

rechazo entre mi cuadro y el público.

Si bien es cierto que mis personajes no tienen rostros

definidos, esto no significa que no tengan una identidad propia. Estos

retratos siguen al público con su presencia. Mis personajes cuestionan

¿por qué los grupos humanos tienen la necesidad de reconocerse en

las imágenes que tienen frente a ellos ? ¿Es por qué es una razón de

Page 9: PINTURA, IMAGEM, RETRATOotrolunes.com/28/files/2013/07/1-camila-moreira-sobre-carmen-nolor… · PINTURA, IMAGEM, RETRATO Camila Moreira e Carmen Nolorve1 Resumo: Esse artigo deseja

MOVÊNCIAS DA PINTURA ISSN 2316 – 2279 Uberlândia – MG – Brasil

testimonio o una respuesta a nuestro tiempo?

Pienso que mis personajes van más allá de lo corporal. Pienso

que no hay representación final, que siempre nos estamos haciendo

mientras observamos y estamos siendo observados.

El tema del retrato ha evolucionado enormemente en estilos y

técnicas. Actualmente hay muchos materiales con los cuales uno

puede expresarse. Entonces, creo que la forma de plasmar un rostro

puede hacerse con diversos soportes y materiales. Personalmente, he

trabajado con diferentes técnicas. Pero, prefiero el óleo por ser uno de

los materiales más maleables que existe.

¿Consideras que el retrato cumple un rol social ?

El retrato es evidentemente un estado de la sociedad que nos es

imposible de no tomar en cuenta lo que esto implica. Para los

individuos como para los grupos, el hecho de representar a un ser

humano no es una cuestión banal, por el contrario, este es muy fuerte

en expectativas y deseos. Estas representaciones van a conducirlo a

ser reconocido en tanto que persona dentro de un entorno social.

A través de la representación, se constata que cada persona es

una continuidad de su generación. Esta pertenece a un grupo de

personas llamadas familia. Donde cada miembro tendrá y compartirá

una historia. Solin sostendrá que « La figuración toma en cuenta los

usos sociales» 5 Entonces, pertenecer a una familia, es aprender los

comportamientos de una sociedad. Ella va a formarlos, criticarlos, sin

embargo, las imágenes están llenas de historia y de experiencias que

reproducirán inconscientemente algunas actitudes, el lenguaje las

ideas del medio social, personal o de algún otro.

5 Op. cit. p, 11

Page 10: PINTURA, IMAGEM, RETRATOotrolunes.com/28/files/2013/07/1-camila-moreira-sobre-carmen-nolor… · PINTURA, IMAGEM, RETRATO Camila Moreira e Carmen Nolorve1 Resumo: Esse artigo deseja

MOVÊNCIAS DA PINTURA ISSN 2316 – 2279 Uberlândia – MG – Brasil

¿Existe tradición del retrato en Perú ?

Si existe una fuerte tradición del retrato en mi país. Sin

embargo, en su mayoría han sido realizados por hombres. Entre el I y

el VI siglo a.c. se desarrolló en la zona norte del Perú en los

departamentos de Lambayeque, Ancash y la Libertad una cultura

precolombina llamada « Mochica ». Ellos se distinguieron por sus

famosos Huacos retratos (Vases Portraits) hechos en arcilla y cuyas

dimensiones estuvieron alrededor de 30 a 38 cm de altura. Estas

representaciones del peruano costeño de aquella época fueron

entontrados dentro de tumbas. Las representaciones encontradas son

de guerreros, sacerdotes y los de la nobles de la cultura.

La presencia de la mujer solo estaba dada por las cerámicas

con caracter iconográfico y colectivo. Ellas siempre aparecen como

sacerdotisas o curanderas o como ofrendas para los rituales o en su

función de vida cotidiana, es decir dentro de los campos, la cocina o

dando teniendo hijos. Posteriormente, a medidados del siglo XVII y

principios del siglo XVIII, aparecerán los primeros personajes

Mestizos. Por lo general hijos de españoles con mujeres del Incanato.

Con razgos fisícos más parecidos a los españoles. El rostro de la mujer

india se aproxima a la de la española. Solo es diferenciada por el color

de piel. Es lógico entender que esa época los modelos seguían siendo

los occidentales.

Y la aparición de la mujer será casi siempre de temas

religiosos. Sin embargo la predominancia masculina continuó por

mucho tiempo. En muchos casos los retratos donde aparecen solo

mujeres son representaciones de religiosas muertas.

« Caso curioso es el de los retratos de difuntos muy

practicados en los conventos femeninos. Conocidos es el

Page 11: PINTURA, IMAGEM, RETRATOotrolunes.com/28/files/2013/07/1-camila-moreira-sobre-carmen-nolor… · PINTURA, IMAGEM, RETRATO Camila Moreira e Carmen Nolorve1 Resumo: Esse artigo deseja

MOVÊNCIAS DA PINTURA ISSN 2316 – 2279 Uberlândia – MG – Brasil

antiretratismo de las monjas, que son verdadera o falsa humildad

estiman que con el retrato es premio a la virtud en grado heroico y po

rende solo se retrata a las monjas difuntas en el momento que se

considera están en camino a la salvación final »6

Los pintores de la Escuela del Cuzco hicieron numerosos

retratos de familias Indias, donantes de la Iglesia católica durante la

colonia. Los donantes eran personas nobles que ofrecían sumas fijas a

la Iglesia. Esta donación le daba derecho a ser pintado, y de esta

manera podía confirmar su nobleza. Generalmente, estos donantes

eran representados por parejas de caciques. (chef guerriers). Según el

investigador Gisbert, esto significa que la mujer acompañaba a su

esposo en la vida oficial.

« Las mujeres, casi sin excepción, conservan en su integridad

el traje indígena, aunque sus mantas no sielen tener tocapos, todos

ostentas topos, esos hermosos alfileres de plata, u oro que sirve para

sujetar la manta »7

Posteriormente, a mitad del siglo XVIII aparecieron los

cuadros propuestos por el Virret Amat que fueron enviados a Madrid,

España en 1770. a la Museo de Historia Natural del Principe de

Asturias, futuro rey de España, Carlos III (1759-1788) a fin de mostrar

la diversidad étnica del Perú. Estos cuadros son una verdadera

tipología del mestisaje en curso de la Colonia y fueron una prática

común y se hizo también en México y otros países.

« Hay muchas teorías al respecto de la existencia de esas telas.

La más importante nos dice que las telas servían para establecer

códigos sociales entre los habitantes de la Colonia y rendía cuenta de

6 José de Mesa y Teresa Gisbert, Historia de la Pintura Cuzqueña, Lima, Banco

Wiese Ltdo., 1982, p. 281

7 Ibid. p.286

Page 12: PINTURA, IMAGEM, RETRATOotrolunes.com/28/files/2013/07/1-camila-moreira-sobre-carmen-nolor… · PINTURA, IMAGEM, RETRATO Camila Moreira e Carmen Nolorve1 Resumo: Esse artigo deseja

MOVÊNCIAS DA PINTURA ISSN 2316 – 2279 Uberlândia – MG – Brasil

sus orígenes y de los niveles de mestisaje. »8

En la república los retratos que más se desarrollaron fueron los

de presidentes, de oficiales marinos, del ejército y los de la burguesía

de la capital. La mujer casi siempre será retratada con sus mejores

vestidos. De esta época se encuentra algunas fotos en los archivos de

la Biblioteca Nacional. En particular, una llamada « Flores

Peruanas », es muy contemporánea para la época.

Luego aparece el Indigenismo, movimiento politico y literario

de América Latina que tiene una preocupación particular por la

condición de los Indios de América del Sur. Este movimiento nace en

México luego de la revolución en 1910, luego es difundido por los

diferentes países de América latina.

El indigenismo responde al problema de la integración de

poblaciones indígenas en el seno de la comunidad nacional, concebido

sobre el modelo de Estado-nación. Se caracteriza por la exclusición de

poblaciones autoctonas de la parte urbana.

En el plan literario, el indigenismo esta designado como un

movimiento que se desarrolla en el siglo XX. Este movimiento

denuncia las condiciones de vida del indio y sus luchas para salir

adelante frente al poder.

Dentro de las artes plásticas, el indigenismo retoma diferentes

imagenes y paisajes de un país a la búsqueda de su identidad. Uno de

los principales representantes en retrato andino será José Sabogal.

Director de la Escuela de Bella Artes en Lima y quien conoció a

8 Il faut regarder Efraín Castro Morales, « Los cuadros de la Nueva España »,

Jahrbuch für Geschichte vonStaat, Wirtschaft und Gellschaft Lateinamerikas, n°20,

1983, p.676. Citons Pilar Romero de Tejada, Los cuadros del mestizaje del Virrey

Amat, Lima, Museo de Arte de Lima, 2000, p.17

Page 13: PINTURA, IMAGEM, RETRATOotrolunes.com/28/files/2013/07/1-camila-moreira-sobre-carmen-nolor… · PINTURA, IMAGEM, RETRATO Camila Moreira e Carmen Nolorve1 Resumo: Esse artigo deseja

MOVÊNCIAS DA PINTURA ISSN 2316 – 2279 Uberlândia – MG – Brasil

Diego Rivera, Clemente Orozco y David Alfaro Siqueiros,

representantes mexicanos del indigenismo.

Sabogal fue el profesor de dos grandes pintoras: Julia Codesido y

Carlota Carvallo. Con ellas se abre el trabajo de una manera mucha

más reconocida y comprometidas en el arte. Ellas trabajaron los

retratos índigenas y costeños.

A mediados de los años 50 con la migración del campo a la

ciudad. Los hábitos andinos continuan a desarrollarse dentro de la

capital de la misma manera que en los Andes. Lima es testigo del

nuevo sincretismo cultural entre los indios y los méstizos de la capital.

Este sincretismo sera llamado « Cultura chicha ».

Con él, el retrato sufrirá cambios importantes tanto en el color

como en el tema. El color se convertirá en mucho más fosforescente,

intenso y aparecerán gamas nuevas muy contrastantes que enriquecen

el retrato contemporáneo peruano. La serigrafía tendrá mucho más

fuerza y difusión en las galerías.

El tema del retrato tendrá como uno de sus constantes el tema

social. Critica al estado y a misma sociedad. Buscando de alguna

manera demostrar que el peruano presenta una identidad en crisis y

que hay una necesidad de explorar en este tema. Claro,

particularmente me interesa el retrato femenino y sus posibilidades

expresivas. De ese modo trato de buscar una identidad tanto personal

como colectiva.9

9 Por que você escolheu o retrato?

Porque é um gênero artístico que, apesar da passagem dos séculos tem tido

uma presença importante em todas as épocas. Momentos-chave como Egito

faraônico com o retrato dos Faraós, no século XXI na pintura, gravura, escultura,

fotografia, filme, vídeo. Todas as culturas e todas as artes têm sido conhecidas por

uma maior ou menor extensão deste gênero. E os artistas, em algum momento de

suas vidas o trabalharam. Pessoalmente, me interessa muito trabalhar com o retrato,

porque quando vejo as pessoas, vejo as várias mudanças de expressão em segundos

Page 14: PINTURA, IMAGEM, RETRATOotrolunes.com/28/files/2013/07/1-camila-moreira-sobre-carmen-nolor… · PINTURA, IMAGEM, RETRATO Camila Moreira e Carmen Nolorve1 Resumo: Esse artigo deseja

MOVÊNCIAS DA PINTURA ISSN 2316 – 2279 Uberlândia – MG – Brasil

e isto me fascina. Quase sempre o ser humano porta um rosto que não é

necessariamente o seu. E tem alguns segundos, no qual podemos ver a sua

verdadeira face, algo que nem mesmo ele não pode controlar. É por isso que eu

estou sempre procurando a semelhança física entre os membros da família. Acho

interessante como podemos reconhecer uns nos outros e saber do comum, mas

também o estranhamento pelas diferenças. Não esqueçamos que o retrato é um meio

de comunicação, um testemunho de vida, e também um ato de vaidade. E nele

encontramos as várias construções de identidades físicas e ideológicas. O ser

humano sempre têm a necessidade de saber quem ele é, de alguma forma. O ser

humano sempre terá a insatisfação de não poder ver-se a si mesmo diretamente e

isso o motiva a saber como os outros o veem. Um passo à frente dessa insatisfação é

que o próprio homem mesmo procurou a sua auto-representação. E assim chegamos

ao autoretrato. Se nos aproximamos um pouco da terminologia acadêmica, podemos

descobrir que o termo retrato designa “a representação ", baseado em um modelo

real, de um ser (um ser vivo) e, especialmente, seu rosto e corpo, feita por um

artista que se esforça para reproduzir ou interpretar os traços e expressões

característicos. "Na verdade, a arte do retrato é captar a semelhança física e

psicológica do modelo.”

Em arte plásticas, o termo "retrato" não é usado na escultura, mas sim para

rotular uma "cabeça", um "busto" ou uma "estátua". Na pintura e desenho, o retrato

é usado para um trabalho em duas dimensões. O retrato é considerado como uma

interpretação e uma transcrição, quer dizer uma escolha para fazer a aparência

exterior de uma pessoa, independentemente do grau de realismo. Na verdade, a

realização de um retrato corresponde a uma vontade individual de representar

alguém, seja pela maneira moral, religiosa ou simbolizar seu poder ou a sua vaidade.

Portanto, a imagem da pessoa estará marcada para a vida. Embora apenas visual, ele

pode tornar muito sensível a personalidade interior do modelo, por muitas

indicações, tais como a pose, a expressão facial ... O fato de que o modelo seja uma

pessoa real ou fictícia é irrelevante para os processos empregados pela arte. O artista

deve ser observador e mesmo psicólogo para penetrar a personalidade do retratado.

Realizar um retrato exige uma imaginação muito precisa e completa. Este momento

de criação para o artista torna-se um momento de partilha e observação que o

permite conhecer a pessoa fisicamente, e de captar a sua personalidade.

É uma necessidade ou desejo fazer um retrato?

Page 15: PINTURA, IMAGEM, RETRATOotrolunes.com/28/files/2013/07/1-camila-moreira-sobre-carmen-nolor… · PINTURA, IMAGEM, RETRATO Camila Moreira e Carmen Nolorve1 Resumo: Esse artigo deseja

MOVÊNCIAS DA PINTURA ISSN 2316 – 2279 Uberlândia – MG – Brasil

Ele é uma necessidade e desejo. No entanto, no meu caso, primeiro é uma

necessidade, porque é através dele que você pode misturar tanto o conhecimento

técnico, como fisiológico. Depois, há o contato com o nosso modelo. Ou seja, como

o olhamos e como ele nos vê. É importante esse momento, porque nos permitirá

criar algo diferente e, além disso, tem realmente uma atmosfera e acordo com a

personalidade do representado. É desse modo que , intensifica a necessidade, torna-

se um desafio que nos encoraja a resolver um problema. A necessidade de ver a

nossa criação concluída.

Segundo, é um desejo. Porque em todos os tempos os homens e mulheres

têm querido que sua imagem seja imortalizada, recriada em uma forma artística. É

uma espécie de prolongação da vida. Desde os tempos antigos, o retrato tem sido

considerado como uma representação de poder. Como a maioria dos retratados eram

pessoas com dinheiro que queriam mostrar seu esplendor e sua propriedade para os

outros.

"Por razões óbvias, a maioria dos retratos realizados pelo menos até o

século XIX era representantes das elites dominantes, pessoas políticas, religiosas,

intelectuais ou econômicas ... e os outros personagens vinculadas ao poder

contribuem a construir e difundir imagens propagandísticas persuasivas à serviço da

estabilidade e consolidação desse poder. "

Mas, também poderia dizer que é a representação da vida de um indivíduo

num determinado momento. Quando o modelo se sentir pronto e quiser dar a sua

imagem o mesmo foi construído, de forma clara e com a intenção que agente veja

suas realizações. Como talvez uma maneira de preservar sua imagem e não ser

esquecido. Então, para mim é uma necessidade de expressão e um desejo de criação.

Por que seus personagens não têm características definidas?

Eu acho que uma das razões para não mostrar características definidas no

rosto dos meus personagens é porque eu acho que as próprias pessoas não têm uma

gama única de representações. Há gestos impostos e naturais. Às vezes é como se

tivessem uma máscara que só a tiram quando estão sozinhos. Isso me leva a pensar

que talvez seja porque a natureza humana é tão vulnerável e frágil que está sempre

mudando e obrigando-os a ter representações diferentes de si mesmos. Por outro

lado, realizar retratos idênticos a fotos me parece una forma pouco estimulante.

Assim um dia, enquanto trabalhava com aquarelas, eu decidi mudar para os óleos da

Page 16: PINTURA, IMAGEM, RETRATOotrolunes.com/28/files/2013/07/1-camila-moreira-sobre-carmen-nolor… · PINTURA, IMAGEM, RETRATO Camila Moreira e Carmen Nolorve1 Resumo: Esse artigo deseja

MOVÊNCIAS DA PINTURA ISSN 2316 – 2279 Uberlândia – MG – Brasil

mesma maneira, com a mesma estratégia. Começaram minha tecnica de

sobreposição de transparências.

Nesta primeira etapa, das aquarelas, eu vi que eu gostava muito mais dos

rostos marcantes sem detalhes definidos. As imagens se ampliam e desfocam, mas

partem de um rosto em particular. Me atrai a ondulação das linhas. Era como olhar

as águas que se movem. Foi então que meus personagens adquiriram um novo

caráter e me dediquei a explorar mais estas formas diluídas. Personagens com

caráter, mas também com muita sutileza para questionar o espectador. O que ele vai

perguntar do que acontece? Isso os perturba. Causando um diálogo ou uma rejeição

da meu quadro e o público. Embora seja verdade que meus personagens não têm

rostos definidos, isso não significa que eles não tem sua própria identidade. Esses

retratos seguem o público com sua presença. Meus personagens questionam por que

os grupos humanos têm a necessidade de reconhecer as imagens na frente deles?

Não é porque é uma razão que testemunha ou responde nosso tempo?

Acho que meus personagens vão além do corpóreo. Eu acho que a

representação final, que sempre estamos fazendo mostra como observamos e somos

observados. O tema do retrato evoluiu muito em estilos e técnicas. Atualmente,

existem muitos materiais com que se pode expressar. Então eu acho que a maneira

de capturar um rosto pode ser feita com vários suportes e materiais. Pessoalmente,

tenho trabalhado com técnicas diferentes. Mas, prefiro o óleo por ser um dos

materiais mais maleáveis que existe.

Você considera que o retrato cumpri um papel social?

O retrato é largamente um estado de sociedade que nos é impossível de não

considerar tudo o que isso implica. Para os indivíduos como para grupos, o facto de

representar um ser humano não está longe de ser banal, ao contrario, são fortes as

expectativas e desejos. Estas representações levará ao reconhecimento de uma

pessoa em seu círculo social. Através da representação, constatamos que cada

pessoa é uma continuidade de sua geração. Ela pertence a um grupo de pessoas

chamado família. Onde cada membro terá ou dividira uma historia. Sorlin sustenta

que “a figuração leva em conta o uso social”. Logo, pertencer à uma família, é

aprender comportamentos de uma sociedade. Ela vai os formar, os criticar, contudo,

as imagens são plenas de historias e de experiências que reproduzem

inconscientemente certas atitudes, a linguagem, as ideias do meio social, pessoais ou

alguma outra.

Page 17: PINTURA, IMAGEM, RETRATOotrolunes.com/28/files/2013/07/1-camila-moreira-sobre-carmen-nolor… · PINTURA, IMAGEM, RETRATO Camila Moreira e Carmen Nolorve1 Resumo: Esse artigo deseja

MOVÊNCIAS DA PINTURA ISSN 2316 – 2279 Uberlândia – MG – Brasil

Existe a tradição do retrato no Peru?

Sim existe uma forte tradição do retrato em meu país. No entanto a maioria

foi feita por homens. Entre o século I e o século VI desenvolveu-se na zona norte do

Peru nos departamentos de Lambayeque, Ancash e Libertad uma cultura pré-

colombiana chamada "Mochica". Eles foram distinguidos pelos seus famosos

retratos Huacos (vasos Retratos) feitos em argila e cujas dimensões eram de cerca de

30 a 38 cm de altura. Estas representações da costa peruana naquela época eram

encontrados em tumbas. Representações encontradas de guerreiros, sacerdotes e

nobres da cultura. A presença das mulheres só foi dada pelas cerâmicas com

iconografia e caráter coletivo. Elas aparecem sempre como sacerdotisas e

curandeiras ou como oferendas rituais para o seu papel ou a vida diária, ou seja, nos

campos, cuidando da cozinha ou criando seus filhos.

Posteriormente, em meados do século XVII e início do século XVIII,

aparecem os primeiros personagens mestiços. Normalmente as crianças espanholas

com as mulheres dos Incas. Com características físicas mais semelhantes ao

espanhol. O rosto da mulher indiana se aproxima da espanhola. Só é diferenciada

pela cor da pele. É lógico entender que neste momento os modelos ainda estavam no

Ocidente. E a aparência da mulher terá quase sempre temas religiosos. No entanto, a

predominância do sexo masculino continuou durante muito tempo. Em muitos casos

onde as imagens são apenas representações de mulheres religiosas mortas.

“Um caso curioso é esse dos retratos de defuntos, muito praticados dentro

dos conventos de mulheres. Conhecemos a oposição aos retratos de religiosas que

com uma verdadeira ou falsa humilhação estimam que o retrato tenha um preço

glorioso, a um nível heroico. É por isso que não permitimos pintar os defuntos, é por

isso que agente não faz as freiras mortas, quando elas estão no caminho para a

redenção final "

Os pintores da Escola de Cuzco fez muitos retratos de famílias indígenas,

os doadores da Igreja Católica nos tempos coloniais. Os doadores eram pessoas

nobres que ofereciam quantias fixas para a Igreja. Esta concessão lhe confere o

direito a ser pintado, e, portanto, poderia confirmar a sua nobreza. Geralmente estes

doadores foram representados por pares de caciques. (chefes guerreiros). Segundo o

pesquisador Gisbert, isto significa que a mulher acompanhava o marido na vida

oficial.

Page 18: PINTURA, IMAGEM, RETRATOotrolunes.com/28/files/2013/07/1-camila-moreira-sobre-carmen-nolor… · PINTURA, IMAGEM, RETRATO Camila Moreira e Carmen Nolorve1 Resumo: Esse artigo deseja

MOVÊNCIAS DA PINTURA ISSN 2316 – 2279 Uberlândia – MG – Brasil

“As mulheres quase sem exceção, guardavam integralmente suas roupas

indianas, assim como suas mantas não tiveram tocapos( um ornamento que

colocamos na cabeça) . Todos em forma de topos, essas agulhas finas de ouro ou de

prata utilizadas para prender a manta "

Posteriormente, a metade do século XVIII surgiram as tabelas propostas

pela Virret Amat que foram enviados para Madrid, Espanha em 1770. o Museu de

História Natural do Príncipe das Astúrias, o futuro rei de Espanha, Carlos III (1759-

1788), a fim de mostrar a diversidade étnica do Peru. Estas imagens são uma

tipologia verdadeira da mestiçagem cultural no decorrer da Colônia e era uma

Prática comum também que foi feita no México e outros países. "Há muitas teorias

sobre a existência de tais telas. O mais importante nos diz que os telas foram

utilizadas para estabelecer códigos sociais entre os habitantes da colônia e se

rendeu as suas origens e níveis de mestiçagem.”

Na República os retratos que mais foram desenvolvidos foram de

presidentes, oficiais da marinha, do exército e da burguesia da capital. A mulher

quase sempre será retratada em seus melhores vestidos. A partir deste período se

encontra algumas fotos nos arquivos da Biblioteca Nacional. Em particular, uma

chamada "Flores do Peru" que é muito contemporâneo da época. Em seguida, vem

o Indianismo, movimento político e literário na América Latina que tem uma

preocupação especial para a situação dos índios da América do Sul. Este movimento

nasceu no México, após a revolução em 1910, então é difundido pelos vários países

da América Latina. Indianismo aborda o problema da integração dos povos

indígenas dentro da comunidade nacional, concebido no modelo de Estado-nação. É

caracterizada pela exclusão de populações autônomas da parte urbana. No plano

literário, o indianismo é concebido como um movimento que se desenvolveu no

século XX. Este movimento denunciou as condições de vida dos índios e sua luta

para conseguir o poder.

Dentro das artes visuais, o indianismo tem diferentes imagens e paisagens de

um país em busca de sua identidade. Um dos principais representantes no retrato

Andino será José Sabogal. Diretor da Escola de Belas Artes de Lima e que conheceu

Diego Rivera, Clemente Orozco e David Alfaro Siqueiros, os representantes

mexicanos do indianismo. Sabogal era o professor de duas grandes pintoras: Julie

Carvallo Codesido e Charlotte. Com elas ele se abre ao trabalho de uma maneira

mais reconhecida e se envolve mais com a arte. Elas trabalharam retratos Indígenas

e imagens costeiras.

Page 19: PINTURA, IMAGEM, RETRATOotrolunes.com/28/files/2013/07/1-camila-moreira-sobre-carmen-nolor… · PINTURA, IMAGEM, RETRATO Camila Moreira e Carmen Nolorve1 Resumo: Esse artigo deseja

MOVÊNCIAS DA PINTURA ISSN 2316 – 2279 Uberlândia – MG – Brasil

A Imagem, o retrato.

Camila Moreira

Quando tocamos com o olhar o rosto, a expressão de alguém,

tocamos também um pouco de sua interioridade, que é visível apenas

aos olhos do outro. O que sinto e percebo da minha imagem faz parte

de uma intimidade revelada a cada sorriso, a cada expressão, a cada

olhar que exponho fora do meu eu. Logo, o que eu olho e percebo, o

que conheço ou imagino apreender da minha subjetividade pode estar

em constante mutação. Como se a casa do meu exterior fosse a

composição que eu não vejo e não toco, que não conheço.

A pintura de um retrato ou uma imagem de um rosto, assume

ainda mais essa autoria e disponibilidade, esse poder de apreensão do

exterior do retratado, de algo que possivelmente ele não retenha. “ Et

voilà que surgit l’obsédante question: quand nous voyons ce qui est devant

Em meados dos anos 50 com a migração do rural para o urbano, os hábitos

andinos continuam a desenvolver-se na capital da mesma maneira como no Andes.

Lima é um testemunho do novo sincretismo cultural entre os índios e mestiços da

capital. Este sincretismo será chamado "Cultura chicha". Com ele, o retrato sofre

alterações significativas, tanto na cor como no tema. A cor se tornará muito mais

fosforescente, intensa e aparecera contrastes novos que irá enriquecer o retrato

peruano contemporâneo. A serigrafia terá muito mais força e distribuição nas

galerias. O tema do retrato terá uma constante social. Critica ao estado e a

sociedade. Buscando de alguma maneira demonstrar que o peruano apresenta uma

identidade em crise e que tem a necessidade de explorar esse tema. Claro,

particularmente me interessa o retrato feminino e suas possibilidades expressivas.

Desse modo, busco uma identidade pessoal e coletiva. Trad. Camila Moreira.

Page 20: PINTURA, IMAGEM, RETRATOotrolunes.com/28/files/2013/07/1-camila-moreira-sobre-carmen-nolor… · PINTURA, IMAGEM, RETRATO Camila Moreira e Carmen Nolorve1 Resumo: Esse artigo deseja

MOVÊNCIAS DA PINTURA ISSN 2316 – 2279 Uberlândia – MG – Brasil

nous, pourquoi quelque chose d’autre toujours nous regarde, à imposer un

dans, un dedans?” 10

Compartilhando da narrativa do processo de criação ou, do

modo de fazer de Carmen Nolorve, adentramos também esse

cruzamento continuo desde à observação e “seleção” da imagem que

será retratada, até a pintura enquanto processo final. As relações são

subjetivas. Como o rosto retratado não conhece sua real situação em

uma passagem quotidiana, a artista busca essa anulação da forma

“real”, migrando da imagem às sombras, manchas, reflexos, desejos,

estranhamentos. Como se essas pessoas fossem para ela não-pessoas,

assim como os não-lugares de Marc Augé.11

Mas será que na verdade

esses rostos e retratos, imagens e pinturas de pessoas são

verdadeiramente elas mesmas? Não seriam todas narrativas de não-

pessoas, uma vez que apreender as mesmas não é possível mesmo em

sua subjetividade? “C’est aussi parce que toute représentation de

l’individu est nécessairement une représentation du lien social qui lui est

consubstantiel.”12

Em constante mutação, migrando do que a artista vê e sente ao

que ela retrata e expressa há, um sujeito, alguns sujeitos, reflexos,

dúvidas e lacunas. Uma imagem, um retrato, uma pintura.

10

D.H., Georges. Ce que nous voyons, ce qui nous regarde. Paris: Éditions de

Minuit, 1992, p. 10. E eis que surge a obcecante questão: quando vemos o que está

diante de nós, porque alguma coisa do outro sempre nos observa, para impor um em,

um dentro?

11 M, Augé. Non-lieux Introduction à une anthropologie de la surmodernité. Paris:

Seuil, 1992, p. 140. “Le non-lieu est le contraire de l’utopie: il existe et il n’abrite

aucune société organique.”

12 Idem, p. 30.

Page 21: PINTURA, IMAGEM, RETRATOotrolunes.com/28/files/2013/07/1-camila-moreira-sobre-carmen-nolor… · PINTURA, IMAGEM, RETRATO Camila Moreira e Carmen Nolorve1 Resumo: Esse artigo deseja

MOVÊNCIAS DA PINTURA ISSN 2316 – 2279 Uberlândia – MG – Brasil

© Carmen Herrera Nolorve, Detalhe da Señorita, 2009.

© Carmen Herrera Nolorve, Sin título, Díptico, 2010.

© Carmen Herrera Nolorve, Ella la transparencia, 2011.

Page 22: PINTURA, IMAGEM, RETRATOotrolunes.com/28/files/2013/07/1-camila-moreira-sobre-carmen-nolor… · PINTURA, IMAGEM, RETRATO Camila Moreira e Carmen Nolorve1 Resumo: Esse artigo deseja

MOVÊNCIAS DA PINTURA ISSN 2316 – 2279 Uberlândia – MG – Brasil

© Carmen Herrera Nolorve, Mujeres en studio, 2010.

© Carmen Herrera Nolorve, Todo en rojo, 2012.

Bibliografia

GEORGES, Didi-Huberman. Ce que nous voyons, ce qui nous regarde.

Paris: Éditions de Minuit, 1992.

José de Mesa y Teresa Gisbert, Historia de la Pintura Cuzqueña, Lima,

Banco Wiese Ltda, 1982.

MARC, Augé. Non-lieux Introduction à une anthropologie de la

surmodernité. Paris: Seuil, 1992.

MORALES, Efraín Castro. Los cuadros de la Nueva España . Jahrbuch für

Geschichte vonStaat, Wirtschaft und Gellschaft Lateinamerikas, n°20, 1983,

p.676. Citons Pilar Romero de Tejada, Los cuadros del mestizaje del Virrey

Amat, Lima, Museo de Arte de Lima, 2000.

Page 23: PINTURA, IMAGEM, RETRATOotrolunes.com/28/files/2013/07/1-camila-moreira-sobre-carmen-nolor… · PINTURA, IMAGEM, RETRATO Camila Moreira e Carmen Nolorve1 Resumo: Esse artigo deseja

MOVÊNCIAS DA PINTURA ISSN 2316 – 2279 Uberlândia – MG – Brasil

Rodríguez Moya, Inmaculada. El retrato en México : 1781-1867. Héroes,

ciudadanos y emperadores para una nuva nación. Consejo superior de

investigaciones científicas. Escuela de estudios Hispano-Americanos,

Universidad de Sevilla, 2006.

http://atilf.atilf.fr/tlf.htm

http://scd.u-bordeaux3.fr/Resultats/Bddicoency.php

http://www.universalis.fr/encyclopedie/portrait/