Pintores especiais- diários de...

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Pintores especiais- diários de trabalho Lillian Salgado 2010 Choveu na noite anterior. Após deslizar um pouco na lama, a Kombi Escolar de propriedade de Marcelo, que presta toda quinta-feira serviço a Associação, chegou. Desceram todos felizes com o reencontro na Lavrinha.Presentes: Deni, Martinha, Margarete, Lillian, Vicente, Alessandro, Maria, Rita, Terezinha, Glória, Cida, Josi, Catica, Luciano, Arilson, Ivanir, Celimar e João Batista. Liquinho não veio, está doente. Fomos ver fotos e filmes das duas aulas passadas. Muitas brincadeiras e risos ao se verem nas fotos. Os filmes fizeram muito sucesso. Antes do início dos trabalhos uma surpresa: Nietta chegou. Viva, todos estão alegres. João e Arilson seguem Vicente, Alessandro e Martinha para o viveiro. Tempo de “encher saquinhos” para mudas. Muitas candeias vão receber seus bercinhos. Na pintura estão Ivanir, Celimar, Luciano, Catica, Josi, Cida e Glória. Ivanir pinta “copos de leite”.Catica continua sua pintura do Nu (um pouco envergonhado diz que tem que pintar o “mamá” dela). Estão concentrados e ativos. Josi diz que acabou. Glória pergunta-lhe se não vai pintar a casa. Ao que ela responde que “não, pois não vai morar lá mesmo...” Ao mesmo tempo, Josi diz que gosta de acabar tudo que começa fazer. Hora do lanche. Bolos, pães, leite, café, suco de laranja e vitamina de abacate com leite. Delícia. Brincam entre eles. Celimar está mais agitada hoje. Falou tanto que Glória se aborreceu. Martinha, para controlar a situação, levou-a para o viveiro. Lá chegando para documentar o trabalho da horta, encontro Glória se recuperando. Está melhor agora. As candeias já estão nos saquinhos. Muitas delas. Arilson e João enchem mais saquinhos. Alessandro coloca as mudas. Volto do viveiro, Glória volta comigo. Diz não saber se volta à Lavrinha, pois Celimar é muito “atentada”. É hora de parar. Relutantes vão lavar os pincéis. Entram na Kombi e até 5 a . _________________________________________________ Dia de festa, muitas visitas. Dila, Niltinho e Nilo, além da turma da casa: Maria, Rita, Terezinha, Luciana, Gabriel, Alessandro, Valdeci e Vicente. A aula de hoje foi uma explosão. De alegria. De risos. De afetividade. De amor e criatividade.Dulce, supervisora e orientadora de arte da nossa equipe, veio pela primeira vez participar de uma aula. Já chegou toda faceira, com uma caixa de “mimos” para os alunos e “adjacentes”. Saquinhos com ovinhos, bombons e balas. Recebemos os presentes felizes. Após efusivos cumprimentos, ela foi logo pedindo espaço, pois quer pintar também. Empurrou Celimar daqui, Catica dali e fez um lugar para si, onde se sentou alegremente, como uma colegial, a desenhar (“com a mão esquerda, para que o desenho não saia tão bom assim...” cochichou-me). Dulce Maia é artista plástica e restauradora renomada. É uma honra poder contar com sua orientação e, acima de tudo, com sua jovial e carinhosa companhia. Nietta, que está exultante com os resultados do projeto, organizou um almoço caprichado para receber toda a equipe envolvida nas atividades Apae/Lavrinha. Como chove fininho, os alunos do viveiro/horta estão na pintura também. Cada aluno com seu papel, começam alegremente as atividades do dia. Quem não acabou, vai terminar o trabalho da aula passada. Os outros dão início a coisas novas. Desta vez, sendo estimulados a fazer seus próprios desenhos. É quase impossível descrever a energia reinante nesse ambiente, puro amor. Todos sorriem e expressam seus sentimentos calorosamente através de abraços e carinhos. Niltinho, aproveitando a motivação do momento, senta-se num canto e começa a desenhar também.

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Pintores especiais- diários de trabalho Lillian Salgado

2010

Choveu na noite anterior. Após deslizar um pouco na lama, a Kombi Escolar de propriedade de Marcelo, que presta toda quinta-feira serviço a Associação, chegou. Desceram todos felizes com o reencontro na Lavrinha.Presentes: Deni, Martinha, Margarete, Lillian, Vicente, Alessandro, Maria, Rita, Terezinha, Glória, Cida, Josi, Catica, Luciano, Arilson, Ivanir, Celimar e João Batista. Liquinho não veio, está doente. Fomos ver fotos e filmes das duas aulas passadas. Muitas brincadeiras e risos ao se verem nas fotos. Os filmes fizeram muito sucesso. Antes do início dos trabalhos uma surpresa: Nietta chegou. Viva, todos estão alegres. João e Arilson seguem Vicente, Alessandro e Martinha para o viveiro. Tempo de “encher saquinhos” para mudas. Muitas candeias vão receber seus bercinhos. Na pintura estão Ivanir, Celimar, Luciano, Catica, Josi, Cida e Glória. Ivanir pinta “copos de leite”.Catica continua sua pintura do Nu (um pouco envergonhado diz que tem que pintar o “mamá” dela). Estão concentrados e ativos. Josi diz que acabou. Glória pergunta-lhe se não vai pintar a casa. Ao que ela responde que “não, pois não vai morar lá mesmo...” Ao mesmo tempo, Josi diz que gosta de acabar tudo que começa fazer. Hora do lanche. Bolos, pães, leite, café, suco de laranja e vitamina de abacate com leite. Delícia. Brincam entre eles. Celimar está mais agitada hoje. Falou tanto que Glória se aborreceu. Martinha, para controlar a situação, levou-a para o viveiro. Lá chegando para documentar o trabalho da horta, encontro Glória se recuperando. Está melhor agora. As candeias já estão nos saquinhos. Muitas delas. Arilson e João enchem mais saquinhos. Alessandro coloca as mudas. Volto do viveiro, Glória volta comigo. Diz não saber se volta à Lavrinha, pois Celimar é muito “atentada”. É hora de parar. Relutantes vão lavar os pincéis. Entram na Kombi e até 5a. _________________________________________________ Dia de festa, muitas visitas. Dila, Niltinho e Nilo, além da turma da casa: Maria, Rita, Terezinha, Luciana, Gabriel, Alessandro, Valdeci e Vicente. A aula de hoje foi uma explosão. De alegria. De risos. De afetividade. De amor e criatividade.Dulce, supervisora e orientadora de arte da nossa equipe, veio pela primeira vez participar de uma aula. Já chegou toda faceira, com uma caixa de “mimos” para os alunos e “adjacentes”. Saquinhos com ovinhos, bombons e balas. Recebemos os presentes felizes. Após efusivos cumprimentos, ela foi logo pedindo espaço, pois quer pintar também. Empurrou Celimar daqui, Catica dali e fez um lugar para si, onde se sentou alegremente, como uma colegial, a desenhar (“com a mão esquerda, para que o desenho não saia tão bom assim...” cochichou-me). Dulce Maia é artista plástica e restauradora renomada. É uma honra poder contar com sua orientação e, acima de tudo, com sua jovial e carinhosa companhia. Nietta, que está exultante com os resultados do projeto, organizou um almoço caprichado para receber toda a equipe envolvida nas atividades Apae/Lavrinha. Como chove fininho, os alunos do viveiro/horta estão na pintura também. Cada aluno com seu papel, começam alegremente as atividades do dia. Quem não acabou, vai terminar o trabalho da aula passada. Os outros dão início a coisas novas. Desta vez, sendo estimulados a fazer seus próprios desenhos. É quase impossível descrever a energia reinante nesse ambiente, puro amor. Todos sorriem e expressam seus sentimentos calorosamente através de abraços e carinhos. Niltinho, aproveitando a motivação do momento, senta-se num canto e começa a desenhar também.

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Hora do intervalo, subimos e nos deparamos com uma fumegante panela de canjica, no fogão à lenha, pronta, a nos esperar. _ “Tá gostosa!” _ “Põe mais pra mim.” _ “Mais açúcar.” _ “Pra que tanto?” _ “Quero café...” vão animadamente falando. Retornando à aula, continuam com o rendimento renovado, após a pausa. Éderson conclui seu “Auto- retrato” de Picasso, ficou bonito. Vai começar outro trabalho, desenhando sozinho, mas assistido pelo Deni. Está inseguro de início, porém logo começa a soltar-se. Escolheu um modelo nos livros da estante e fez o desenho só olhando. Elisângela, muito animada, pinta flores e Glória, tendo seu próprio brinco como modelo, desenha sob orientação do Deni. Ivanir, que é muito risonho e alegre, pinta o “Auto- retrato” de Picasso também. Celimar tem ímpetos de muito carinho com a “companheira” de pintura e a todo instante diz: “ela é minha”, envolvendo Dulce em apertados abraços. Porém, quando Dulce pede sua pintura do Gato, ela responde: “não, é meu!” Dulce pinta um gato também. Pra tentar trocar. Não deu certo. Ela não quer. Nietta, após saber que Celimar não gosta de música desanimada, coloca um samba de Bezerra da Silva. Celimar, imediatamente começa a sambar feliz. Nietta a acompanha e ficam sambando por um bom tempo. Glória resolve pintar uma araucária, Cida também. A inspiração vem de um quadro (na parede em frente a elas) do Elias Fajardo, que é baseado numa foto da Lavrinha. Glória não gosta de Cida querer imitá-la, mas Deni habilmente contorna a situação, dizendo-lhe que cada um vê o pinheiro de uma forma e cor. Portanto, a araucária de uma não é a mesma araucária da outra. Um pouco mais tarde, Cida decide-se por pintar um telefone que Nietta trouxe para o ateliê. É um telefone vintage, todo pintado em arte naif, muito belo. Luciano ao seu lado (de Cida) quer pintá-lo também. Dulce orienta-os a tocar o aparelho e desenhá-lo com o dedo, para em seguida fazer os traços no papel. Criando assim seu próprio desenho. Depois é só pintar. Resultado? Dois telefones completamente diferentes entre si e também diferentes do modelo. Luciano, que tocou bastante o modelo com as mãos, consegue fazer o desenho até com perspectiva. É o máximo. Agora, Luciano e Cida estão pintando retratos da Dulce. Luciano a vê loura e com uma antena na cabeça. Muito legal! Cida faz a esfinge da Dulce. Corpo de cachorro e cara de Dulce ( só que na verdade,a cara da esfinge é a dela, Cida, mesmo). Simplesmente lindo! Forma espontanea de demonstrar afeto e admiração pela “companheira” de pintura. Que nesse momento já é a melhor amiga de infância da Celimar, e também a “colega” de classe, desde sempre, dos outros, tamanho entrosamento. Catica inicia a reprodução de um Van Gogh. “Retrato do Doutor Paul Gachet”. Deni tem uma forma de comunicação com ele que é um barato. Faz mímica, veste o casaco, imita a pose do quadro. Para chamar atenção aos detalhes da pintura, o professor usa a mesma linguagem do aluno. Perfeito. E assim, Catica faz um lindo trabalho. Fomos chamados para o almoço. E que almoço: truta, feijoada, arroz, farofa e salada. Delícia. O clima é alegre e festivo. Nietta resolve fazer a leitura de um dos relatórios de classe. Ouvem com atenção e riem felizes ao escutar seus próprios nomes. Demonstram compreender bastante bem o que está sendo lido. Uma pausa para descanso, logo após o almoço,e seguir para casa, pois a aula terminou. Como o Deni foi fazer um curso de construção/artesanato em bambu, a professora hoje foi a Nietta. Aula diferente. Poucos alunos. Sem ajuda nos desenhos, houve um surpreendente

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resultado. Nietta, como mestra experiente, antes do início da aula, colocou sobre as mesas de trabalho, diversas peças de artesanato representando pássaros, gatos, cavalos, noivas,etc com o objetivo de servirem de modelos para os pintores. Foi um sucesso. Cada aluno escolhendo qual peça desenhar. Glória, que fez uma releitura do ninho com pássaros, em tons marrom/terra, obteve um resultado muito bom. Luciano escolheu um animal mexicano (seria um burrinho?) com longas orelhas espetadas para cima. Completou a folha com o desenho de sua própria mão e uma árvore. Ficou legal. Catica optou por um burrinho cargueiro com um homenzinho montado. Iniciou o desenho e não aprovou. Pediu-me para jogar fora. Começou outro. Dessa vez ficou muito bem desenhado. Ele gosta de ser fiel às cores dos modelos. Mas desta vez, pintou seu burrinho de cinza e preto, para jogar um fundo em vermelho vibrante. Ótimo resultado. Cida usou como modelo uma ave de cauda longa feita de pinha do Pinus eliottis. Seu trabalho ficou colorido e leve sobre fundo preto. Elisângela escolheu um pássaro colorido. Fez o desenho que foi pintado com cores vibrantes. Num segundo trabalho, Glória escolheu um carneiro de lã branca e fofinha. Cida fez também galinhas e um sol todo bonito com feições sorridentes, sobre fundo turquesa. Luciano, usando o gato mexicano como modelo, fez um desenho colorido e listrado. Antes do lanche,houve a distribuição dos folders da Ave Lavrinha, preparados pela Associação, guardados com carinho pelos alunos. Café compartilhado com a turma da horta e com moradores da Lavrinha envolvidos no projeto. Ambiente alegre e feliz. Após o lanche, como sempre, foram todos para o jardim “quentar sol”.É lindo ver o carinho, a amizade e o companheirismo entre os alunos. Estão sempre abraçados uns aos outros, numa espontânea manifestação de carinho. Catica, muito prosa, conta longas histórias a Vicente, que tenta compreender sua linguagem gestual. No fim da tarde, antes de partirem, Nietta diz que cada um pode levar seu bonequinho-modelo de presente. Os da horta também puderam escolher um bichinho. Partiram muito felizes. Levaram muitas verduras, abóboras e pinhões para a APAE. Resultado positivo do trabalho na horta. Glória e Celimar, por incompatibilidade de gênios, vão alternar as vindas. Portanto sobrou uma vaga na Kombi, preenchida pelo Davi. Davi é um rapaz de aproximadamente 35 anos, suave e muito bonito. Elisângela contou-me que a professora Geisa recomendou-o a ela, que cumpre sua missão com desvelo. “Davi, não siga Celimar, pois ela não tem juízo e pode levá-lo a lugares perigosos!” E Davi obedece. Catica pinta a mesma ave feita de pinha, que Cida já reproduziu. Ele diz que é um peru e a todo instante faz o som característico dessa ave. Colocando detalhes das penas em preto sobre um tom de marrom terra, cria um lindo trabalho. Cida inspira-se em outro quadro do Elias e segue em seu mundo silencioso, expressando muita beleza. Luciano e Ivanir tomam como modelo o quadro do Deni, que retrata o paiol da casa da Nietta. Cada um coloca sua própria interpretação, resultando trabalhos diferentes. Celimar inicia uma pintura com frutas muito coloridas. Após o lanche, sessão de fotos à beira da piscina. Imagina! Surpreendo Catica fazendo “chifrinho” num colega. Vê se pode?!!! Os meninos da horta, após terminarem seu serviço de capina, vieram para a pintura. A atividade de pintura é sempre uma complementação e oportunidade de expressão emocional após o trabalho com a terra. Catica partiu um pouco triste, pois queria levar um caminhão de madeira para dar a uma criança de seu relacionamento. Dia de novidade. Dia de união. Integração. Expansão. Curiosidade. Amor. Acaba de ser iniciada nova fase do projeto. Os alunos da APAE Bocaina chegaram para participar das aulas também. São seis ao todo. À beira da piscina, foi dada a escolha a cada aluno para que decidissemo, individualmente, que tipo de atividade irão realizar. Pintura ou horta? Como

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Lourdinha e Dair são deficientes auditivos, a professora Ana Lúcia, com segurança e desenvoltura, explica e pergunta, em linguagem gestual, quais suas preferências. Cinco irão para a pintura e somente a Maria irá para a horta. Embora sempre haja oportunidade de trabalhar com tintas e pincéis. Após um passeio de reconhecimento, fomos receber a turma de Liberdade. Chegada alegre. Apresentações. Cada qual em seu lugar e mãos à obra. Trabalham concentrados até a hora do lanche. Uma refeição compartilhada é sempre bom momento de travar conhecimento. Após o intervalo a “coisa” aquece. Produzem obras ótimas. Os alunos de Bocaina chegaram, deram uma volta na piscina para curtir o lugar, entraram, beberam a delícia de limonada e logo deram início às atividades. A preferência pelas tintas é visível. Poucos, em algum momento, fazem uso dos lápis de cor e canetinhas. Mas sempre pedem tinta. Não param de trabalhar nem um minuto. Terminam um, logo querem outra folha para fazer mais. Logo a Kombi de Liberdade chega, trazendo nossos alunos, o Deni e a Regina. Nova, bem vinda, sessão de limonada e início das atividades. Catica está pintando novamente o Cristo de Andrelândia,num papel menor, pois quer dá-lo a alguém. Celimar e Luciano continuam trabalho anterior. Ivanir também. Cida faz desenhos de umas vacas, para depois pintar. Davi pinta um “ônibus no céu”. Elisângela começa a dar cores ao desenho feito na aula passada. Éderson quer socorro do Deni no desenho. Lourdinha, Toninho e Larissa iniciam trabalho novo. Dair faz suas pinturas abstratas de cores bem misturadas.

Chegar. Beijar. Fazer xixi.

Beber limonada. Respirar o lugar. Colocar aventais.

Sentar. Pintar. Criar. Sentir.

Viver... ___________________________________________________________________________

_ Quando os alunos de Liberdade chegaram, os de Bocaina já estavam a produzir intensamente. A organização, espontânea, entre eles é muito interessante. À esquerda das mesas, todos os alunos de Liberdade e à direita, os de Bocaina. Papéis, tintas e pincéis distribuídos, tem início mais uma aula na Lavrinha. São muito intensos esses alunos. Concentração total. Expressão criativa. Entre risos e conversas, aos poucos, vão surgindo trabalhos muito bons. Deni, como sempre demonstrando muita sensibilidade, já põe em prática alguns conceitos colocados por Margarete, na reunião de ontem, como o desenho de formas. Desenvolveu também uma pedagogia própria para explicar as técnicas à Lourdinha muito legal. Vai para o quadro branco e, fazendo um desenho, vai chamando a atenção da aluna para cada detalhe que é reproduzido por ela, no papel. Varais cheios. Pincéis lavados. Hora de partir. Mais beijos. Até...

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Pintores especiais- outros diários de campo

Deni Claudio Carvalho

Hoje fizemos um tour pela Lavrinha. Colocamos em prática a idéia de mostrar os trabalhos de pintura de Nietta, feitos nos muros da sauna/casa. Achei que seria importante eles vivenciarem o que foi feito e o que poderão fazer. Propus ao Catica que fizesse outro trabalho da onça, para levar para casa. Ele logo desenhou e pediu quefizesse a onça dando um tapa e urrando. Gostei do seu trabalho de criação. Hoje foram novos alunos de Bocaina de Minas. Rosana (nova aluna) tem um bom poder de observação e representação. Saímos um pouco mais cedo, pois a Kombi quando chegou apresentou problema no cambio. Ficou combinado que na próxima aula sairemos um pouco mais tarde. Propus a idéia de expor os trabalhos no Banco do Brasil e o gerente topou. Esta semana vou acabar de combinar os detalhes. Hoje tivemos um dia produtivo. Cida terminou seu quadro - aqueles socadores de pilão. Logo depois iniciou a pintura de um retrato de Van Gogh. Não tive tempo de dar assistência na visão do modelo.Celimar sentiu um pouco de falta de Nietta e Dulce. Hoje o Catica terminou o quadro do Dr. Paul Gachet, de Van Gogh. Ficou muito bom! Preciso trabalhar com ele e Cida mais em cima de pintura de retratos. Parece ser o potencial deles. Dei um pouco mais de liberdade a todos, provocando-lhes a riscarem seus próprios modelos. Seria de muita serventia se possuirmos na Lavrinha um termômetro e um aparelho de pressão (se puder ser digital nos facilitaria muito, pois nem eu e nem Líllian sabemos mexer com aquele aparelho. normal) Hoje fomos eu, Regina, Marta e alunos, com exceção de Ivanir e Elisângela. Ela encontrava-se um pouco alterada. Martinha achou melhor que ela ficasse na APAE. Está se tornando um pouco mais fácil dar aulas porque alunos de liberdade já estão tendo mais autonomia. Glória, em algumas aulas atrás, firmou comigo um compromisso de realizarmos uma série de vasos. Percebi que ela tem uma facilidade de representar elementos inanimados com muita vida. Sua aula, hoje, foi muito proveitosa, pois terminou um quadro que inicialmente era a representação do relógio pendurado na parede e acabou se tornando apenas uma máscara com dois olhos e boca. Após isso é que realizou sua primeira obra. Participei, somente, abrindo sua mente, demonstrando aquilo que ela precisava enxergar para representar no papel. Cida está começando a representar pessoas acompanhadas de adultos e crianças fazendo ela parte desta pintura com um sorriso. Estou evitando um pouco de influenciar em suas pinturas deixando ela livre para criação, mas acho que às vezes apresento alguns modelos que possam ser encaixados em suas pinturas. Catica esta fixado na representação de rostos. Luciano, devido ao calor da copa, representou a bandeira do Brasil, fato que influenciou também Juliana e Henrique. Depois disso, Luciano fez um trabalho puxado para a arte japonesa através da representação dos olhos, e com a forma de um besouro.

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Davi começou a representar as formas, mas com uma pequena ajuda para que ele não possa se dispersar (esta palavra me é bastante familiar). Fez um carro no asfalto Regina está se responsabilizando por Juliana e Celimar (quando ela vem). Henrique também precisa deste acompanhamento mais cuidadoso. Com Juliana: comecei a lançar alguns modelos para que ela não se perca, e tenha uma visão do que quer representar. Penso que ela precisa passar por este processo. Lourdinha fez um portal com folhagens penduradas no muro, olhando um modelo. Na próxima aula retornaremos ao mesmo. Toninho hoje desenhou somente a cara de um cavalo. Refaremos mais vezes aproveitando o seu interesse por cavalos. Tenho percebido que tanto as aulas, como nosso grupo de estudo, irão levar-me ao caminho que procuro: de aprendizagem e minimização das formas e sem a procura de tanta perfeição na representação do objeto. Ontem tivemos a falta de Cida e Ivanir, sendo que, este, chegou na APAE já eram 13h30minh. Não me preocupei em esperar, porque tenho que fazê-los ter compromisso com horário. Comprei 5 telas, só que não iniciamos os trabalhos. Propus que fizessem primeiro um estudo no papel, para só depois transferirmos para a tela.Estou na dúvida, se continuamos trabalhando com acrílico ou iniciamos com óleo, devido ao forte odor. Vou apresentar tanto a tinta a óleo como a aguarrás para efetuar limpeza dos pincéis. Catica estava muito enrolado, queria somente ficar contando histórias relacionadas com trem. O que ele estava pintando. Estava até divertido. Glória quebrou uma cadeira devido ao peso, e, principalmente, por vacilo nosso, porque deveríamos tê-la colocado em uma cadeira de madeira. Líllian, com toda a sua percepção, convidou para dar um passeio até a horta e tudo ficou por isso mesmo. Estou percebendo que eles gostam de pintar visões relacionadas à cidade. Luciano iniciou um trabalho pintando uma visão da igreja. Para iniciar trabalho com os bambus, precisaríamos de um maçarico de boca pequena, próprio para bambus. Tem um sapecador que é da boca grande. É muito usado para sapecar porco, mas este não serve. Poderia ensinar Vicente a trabalhar com o mesmo e fazer as molduras para os quadros, para não termos só molduras de jornal. Hoje começou com alegria nossa ida para Lavrinha. Ivanir veio em sentido ao carro fazendo uma dancinha para adentrar junto a Kombi, e todos se deliciaram com este momento. Às vezes preciso me doar mais. Vou começar a influenciá-los a me desenhar conforme sua visão. Assim terei o domínio de todos sobre um só modelo. Regina tem se saído bem na participação junto aos alunos. Começaram a confiar mais nela. Preciso ensiná-los a serem mais gentis com os pincéis, sei que faz parte do seu ímpeto, mas podem ser mais suaves.Luciano já se diz um artista plástico.Éderson está fazendo parte do pessoal que está utilizando cavalete, mas propus que ele adquira as telas. Percebo que eles se sentem mais a vontade quando estão trabalhando com as tintas para tecido, não sei se é a dificuldade de preencher a malha do pano com uma quantidade maior de tinta para depois o trabalho aparecer.

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Hoje tem inicio uma nova etapa, pois perderei, durante algumas aulas, alunos em muito boas condições de desenvolvimento, Glória, Cida, Catica e Elisângela. Eles foram para outra casa da Lavrinha realizar trabalhos com a professora Margarete, na argila. Principalmente Glória e Catica estavam deslumbrados com a descoberta da modelagem e com o retomo aos tempos de crianças. Penso que isso será muito bom para eles. ficou louquinha para também participar. Ficou louca de curiosidade. Hoje ela terminou de trabalhar seu cachorro preto fazendo um fundo rosa, lembrando o barranco. Este trabalho de contenção nas formasestá lhe levando a uma maior concentração. Liquinho e Arilson ficaram felizes de estar produzindo verduras e ajudando o asilo e o hospital. Davi e Juliana estão muito próximos. Não sei se isto será bom. Juliana pediu para Davi pinta-lá e propus a ela que fizesse o mesmo em relação à Davi.O que mais me constrange é ver como Catica fica com inveja de todo esse relacionamento. Estou precisando dedicar atenção maior aos alunos de Bocaina, acho que durante este período da argila poderei me preparar melhor. Ivanir viu um quadro que pintei de anjos, ficou maravilhada e resolveu pintá-lo. Vai dar trabalho, mas será um bom desafio. Só que com esse trabalho de modelos acabarei não obtendo imagens do seu inconsciente, mas posso ver quais modelos escolhidos, e por que. Luciano terminou sua casa. Agora pediu para desenhar alguns cavalos (influência de Toninho). O coloquei a trabalhar com tons amarelos,misturando entre si. Lourdes pegou uma revista com modelos de casa, mas acho que seu forte são flores. Henrique continua com trabalho de cores, preenchimento sem deixar espaços vazios, trabalharei neste sentido para ver se na colocação dessas cores, com o tempo, pudéssemos formar imagens. Toninho como sempre com seus cavalos, só que comecei a aprimorar o trabalho junto à canetinhas, preenchendo os espaços, por menores que sejam com tonalidades diferentes, dando no final uma visão agradável. Vou procurar fazer pequenas entrevistas para descobrir o porque dos gostos pelos modelos. Hoje foi um daqueles típicos dias que planejamos uma coisa e realizamos outra completamente diferente. Planejei realizar trabalhos com Catica: serrar em madeira e fazer placas. Liquinho não quis fazer. Não gosta de desenhar; foi o único que não foi à aula de desenho. O que teve de positivo é que aproveitei madeiras e a serra para tornar um motivo para trabalho seguindo a meta de pintarmos o que temos e formarmos um trabalho de composição (só que fui eu quem dei a idéia e os materiais). Arilson seguia concentrado na construção de suas coisas, um pouco mais incrementada, com escada para chegar ao 2º andar. Resolve seu problema de coordenação com uso de régua para iniciar. Cida, Glória, Ivanir e Elisângela aproveitaram motivo da madeira e cada um fez conforme sua visão. Glória ficou um pouco frustrada com seu trabalho pois o de Ivanir estava perfeito. Mostrei-lhe que cada um tem seu estilo, sua visão. Recorri a outro motivo para Glória, dei "copo com borboletas". Ela se sentiu mais à vontade, pois demonstra a forma sem preocupação da ordem (minúcia). Sinto que Luciano se encaixa perfeitamente em nosso estudo da criação, mesmo tendo o motivo, acrescenta outras formas. Fiquei surpreso com Celimar, foi a 1ª vez que lembrou o que tinha realizado na aula passada (uma galinha). Fez outras com meu incentivo, só que conforme realizava, dava mais argumentos para incrementar o quadro; o próximo foi uma borboleta preta com flor que irá terminar na próxima aula. Cida aproveitou o modelo para fazer "serrinha"; ela conseguiu perceber o momento; Logo após dei um incentivo de desenhar a sala de aula, rapidamente prontificou-se a fazer "mesa" vista de cima para baixo, por final desenhou suas mãos com esmalte rosa.

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Elisângela com seu estilo próprio representou "serrinha com madeiras” e “menina tomando injeção". Davi fez o seu 1º arquétipo sozinho; quando olhei estava fazendo "cabeça de pessoas". Estamos no caminho certo!

RELATÓRIO ATIVIDADE MODELAGEM COM ARGILA

PARTICIPANTES: CIDA, CATICA, GLORIA E ELISANGELA INICIO DAS ATIVIDADES: 21 DE OUTUBRO OBJETIVOS: Propiciar aos participantes a vivência e criação de formas concavas e convexas, para que através da vivência externa da forma possa se criar os mesmos espaços no âmbito animico. Desenvolver a expressão artistica e a capacidade de dar forma a argila, através de observação. 21/10 – 1ª aula . Demos inicio as atividades com um pequeno verso acompanhado de pequenos gestos, isso para dar um ritmo comum a todos os participantes. Para minha surpresa, todos conseguiram repetir o verso como também os gestos, inclusive Cida. Todos pareciam bastante ansiosos e alegres por estarem participando da atividade. . Em um segundo momento foi apresentado a todos uma pequena coleção de peças de ceramica, louça, plastico e madeira. Cada peça tinha em comum o fato de ser concava e de ter uma utilidade pratica de poder abarcar algo, tudo foi observado pelo grupo, fiz várias perguntas sobre, materiais, utilidades, beleza, e cada um respondeu as pergundas de forma satisfatória, fazendo observações sobre qual peça achava mais interessante. . Após esse periodo de observação, foi oferecido a cada participante um bocado de argila e mostrado de como deveriam proceder para que cada um pudesse executar sua peça. No decorrer dessa aula fui dando orientações a cada um para que tivessem o minimo de técnica para executar o que almejava. Observei uma grande concentração por parte de todos e muita facilidade por parte de Gloria e Cida na execução de seus trabalhos. Catica também pode desempenhar bem tendo apenas alguma dificuldade por umidecer muito o seu trabalho, tendo assim alguma dificuldade para que a peça se mantivesse firme. Elisangela teva bastante dificuldade em dar alguma forma a argila, parecia não conseguir entender o proposito da atividade e permanecia a maior parte do tempo somente “alisando” a argila. Com tranquilidade, no entanto, foi entrando no proposito e conseguiu realisar a tarefa, apesar de seu trabalho adquirir formato mais fragil e irregular. Todos acabaram por nominar suas peças de “panelinhas”, Elisangela, no entanto disse que sua peça parecia uma fruteira. 28/10 – 2ª aula . A segunda aula também foi iniciada pelo verso, o qual repetiram com bastante desenvoltura. Estavam menos ansiosos do que na primeira aula e o trabalho transcorreu com tranquilidade.

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. Nesta aula observaram seus primeiros trabalhos e tomaram algumas decisões do que gostariam de fazer, mais argila, alisar mais em cima ou em baixo. Fortalecer as partes mais frageis e assim seguiu a aula sem nenhum problema. . Após o intervalo cada um dos alunos iniciou uma nova peça, desta vez eu orientei que o trabalho fosse feito com mais técnica, para isso demostrei qual seria uma das técnicas usadas para se fazer gamelas e cumbucas em argila. Todos entenderem e cada um fiz uma segunda peça com bastante desenvoltura. Catica teve apenas dificuldade com a umidade excessiva, Gloria e Cida fizeram lindas peças com bastante rapides e alegria, Elisangela ganhou confiança e entendendo mais o processo, pode fazer sua peça com mais desenvoltura. . Nenhuma anormalidade durante a aula, a ansiedade desta vez aconteceu em alguns alunos da outra turma, eles queriam ver os trabalhos e saber o que cada um estava fazendo. 04/11 – 3ª aula . Na terceira aula, não iniciei as atividades pelo verso, nada falei a respeito, no final da atividade perguntei o que tinha sido diferente, como tinha sido a aula e Gloria lembrou que não haviamos feito o verso no inicio, finalizei então as atividades com o verso, só que desta vez recitamos uma vez para lebrar das palavras e posteriormente cantamos o verso. Não foi tão facil para eles a questão musical.. . Quanto as atividades propriamente, os alunos finalizaram seus trabalhos, tentando observar cada peça e dar um melhor acabamento e estrutura em cada uma delas. . Terminado o trabalho eu coloquei sobre a mesa diversos objetos, um pêssego, um ovo, duas beterrabas e uma cenoura e várias flores, sugeri que eles observassem cada um dos objetos e escolhessem um para reproduzir e colocar dentro das “panelinhas” que haviam feito. O trabalho foi feito com concentração e bastante alegria, atuaram com bastante confiança. Catica umidece suas peças um pouco além do necessario, Elisangela ganhou em concentração e também em forma. Cida e Gloria agem com bastante concentração e desenvoltura. 11/11 – 4ª aula . Atividade cancelada devido a chuva excessiva e também a presença de Barbará que faria uma atividade extra com os alunos. 18/11 – 4ª aula . Iniciamos e terminamos as atividades com o verso, declamamos, cantamos e também fizemos os gestos que acompanham o verso, o objetivo é no inicio trazer uma harmonização para o grupo um uma atividade corporal e ludica, para que possam apreciar a beleza e o ritmo das palavras, bem como seu conteúdo. “Piso firmemente sobre o chão, com segurança caminho pelo mundo trago muito amor no coração, com esperança canto esta canção, na cabeça trago muita luz, é o amor que me conduz.” R.Steiner . A atividade com argila exige que se modele uma materia umida, foi observado durante as atividade que Catica fazia uso de muita água e Elisangela usava muito pouca água, portanto resolvi propor uma atividade com cera de abelha onde cada aluno teria que trazer calor para as mãos para poder conseguir modelar a cera. . Primeiramente foi lhes mostrado o material, cheiraram, tatearam e apesar de acharem o material agradável não conseguiram saber do que se tratava, ficaram bastante surpresos ao saber que se tratava de cera de abelha, não sei até onde conseguiram compreender do que exatamente se tratava, porém conseguiram aquecer as mãos e modelar a cera. Inicialmente

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fizeram a atividade que eu havia proposto, que era aquecer as mãos, esfregando-as uma a outra e tranferir esse calor para a cera, desta forma a cera se tornava mais maleável e assim fizeram uma vela cada um, após a primeira experiência quiseram fazer uma segunda vela o que fizeram com bastante desenvoltura. . Voltamos a trabalhar com a argila, sempre tentando observar o que se fazia e qual a consequência, desta vez foi proposto que fizessemos algo para colocar a vela, um castiçal, ou pires ou simplesmente um pequeno suporte onde a vela pudesse queimar com segurança. Fizeram o castiçal com bastante rapidez utilizando a técnica de amassar e enrolar a argila, o castiçal ficou pronto com qualidade em minutos. 11/11 – 5ª aula Como esta seria a ultima aula, organizei para que quando os alunos chegassem pudessem apreciar todo o trabalho executado em todas as aulas. Após o inicio da aula com nosso verso, onde todos repitiram as palavras do verso e também puderam lembrar dos movimentos. Após esse momento cada um observou todos os trabalhos e deu sua opinião sobre qual foi mais fácil, mais dificil, mais bonito, o que mais gostou de fazer, enfim deram várias opiniões sobre cada peça. Eu fiz a opção de pintar as peças, para que elas ficassem um pouco impermiaveis, pois as primeiras peças não tinham qualidade técnica para serem queimadas. O objetivo inicial do projeto não era a queima, e sim uma atividade terapeutica que pudesse trazer mais forma para esses paciêntes, no entanto durante o processo pensou-se em queimar as peças até para se ter um testemunho do trabalho. Sugeri que cada aluno pintasse seu trabalho da maneira como quisesse, só pedi a Gloria e a Cida que não pintassem duas peças que tinham uma qualidade superior, para que se no futuro decidissemos queima-las a tinta não atrapalhasse esse processo. Após a pintura organizamos as peças sobre a mesa para uma avaliação geral. Glória disse que gostou muito da atividade, que se sentia calma e gostava da tranaquilidade do ambiente, Catica, disse que tinha gostado, que queria fazer mais. Cida expressou ter gostado e disse que queria fazer mais objetos. Elisangela, disse também ter gostado e ter ficado muito tranquila com a atividade. Minha avaliação é muito positiva, cumprimos o objetivo do projeto, todos realizaram uma peça concava, que pudesse abarcar algum objeto, e confeccionaram um outro objeto para por dentro deste primeiro objeto. O trabalho foi muito bem sucedido, tanto que fizeram mais de uma peça ganhando em qualidade técnica. Esse processo deve causar um efeito animico em cada aluno criando esse mesmo espaço dentro de cada um. Facilitadora Margarete Nogalis

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Diarios de campo de Regina Cunha Quinta feira fomos muito bem. Catica pintou nova onça, para poder levar a outra para lhe “proteger contra os ladrões”. Cida fez um boi zebu tão lindo! Apreciei sua arte, pois fez a cor clara dele primeiro, dando a forma geral, depois os outros detalhes em marrom. Ficou maravilhoso. Ivanir está pintando a casa azul, e pintou o Vicente e o Arilson plantando. Tá ficando bárbaro. As "crianças" de Bocaina não foram. Parece que foi feriado na Cidade. Observei que o Luciano trabalha melhor sozinho. Ele e Ivanir ficaram dentro do porão, pois chovia. Quanto mais a gente elogiava Ivanir, menos o Luciano pintava. Tentei animá-lo, mas acho que quase não deu resultado. Celimar fez uma orquídea muito linda, com cores mais suaves. Elisângela usou várias imagens para compor, mas não terminou. Davi continuou com seus carros. Arilson também foi. Trabalhou com Vicente na horta. A merenda estava ótima.Trouxemos uma sacola de verduras para o asilo, e outra para o hospital. Todos agradeceram muito. Gosto da idéia de escrever sobre cada aula, pois adoro estar com eles. Ontem montamos a exposição no BB daqui. Colocamos seis quadros e um informativo sobre a Lavrinha e o projeto. Deni emprestou seus cavaletes, e fui dar uma melhorada neles. Olhe que custou muito, pois são de qualidade ruim e a tinta não pegava de jeito nenhum. Mas, consegui que ficassem apresentáveis. Usei tinta "spray" e os pintei de várias cores: branco, vermelho, amarelo e verde. Ficaram bons. Rômulo ficou resmungando que precisavam ser melhores, mas mesmo assim os levou para mim e me ajudou a montar. Não tirei fotos, apenas porque não tive realmente tempo, mas amanhã farei isto sem falta. Queria ouvir comentários de pessoas de fora, mas até agora não tive nenhum retorno. Vamos aguardar. > Pintando a Natureza Aula intimista essa de hoje. Só a turma de Liberdade. Só os alunos dos primeiros tempos... É claro que sentimos muita falta dos alunos ausentes, porém é um bom momento para avaliar tanta diferença. São dois anos e meio de assíduo trabalho. É muito gratificante perceber como evoluíram em todos os sentidos. Suas pinturas cada dia mais elaboradas, livres, profundas... A integração é total. Estão mais criativos, independentes e rápidos na escolha do tema a ser pintado. Têm absoluta desenvoltura no uso dos diversos materiais e segurança na execução das obras. A alegria é sempre a mesma. Catica, após terminar de pintar seu auto retrato em uma cabaça, faz máscara usando outra cuia, desta vez cópia de um rosto de pintor famoso. Ficaram muito boas suas pinturas. Luciano dá continuidade a um trabalho no qual representa um relógio sobre uma mesa. Com talento e diligência conclui sua obra: usando mistura de cores, cria tons bem pessoais. Davi, após também pintar em uma cuia, vai para o papel: usando uma margarida como molde, faz uma tela cheia de flores. Muito diferente dos antigos e eternos ônibus. Elisângela continua seus desenhos com formas circulares, porém consegue respeitar os limites do próprio desenho ao mudar as cores. Dá mais riqueza ao trabalho. Ela está mais tranquila e menos triste.

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Glória está bem. Trouxe como modelo o desenho de um berço e fez sua pintura. Mais tarde, ao ver-me folhear uma revista de arte, logo encontra um lindo vaso antigo e quer reproduzi-lo em uma cuia. Está alegre e brincalhona, não se estressa com Celimar. Ivanir termina de pintar sua cuia. Ficou realmente linda. Hoje ele também quer caminhar. É bom andar na Lavrinha! Lillian Salgado, 29/03/2012

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PERFIS: Catica Cada vez que o vejo Aumenta ainda mais Tudo o que penso: Inocência, Carinho, Amizade.

Imponência altiva doce sorriso, suavidade, forte religiosidade e imensa doçura completam a tela do Grande Pintor.

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Cida Cada traço traduz Inimagináveis mundos Diante dos quais convive Absolutamente: só (?)

No sorriso Mona Lisa, um mundo de quase silêncio... Total independência na escolha de cores e formas. Tranquilidade, meiguice, absoluta harmonia.

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Glória Gloriosa! Lança no papel O sentimento puro. Recordando, Imagina feliz A dádiva recebida.

Sonoras gargalhadas, ou grossas lágrimas fazem sua marca. Farta de talentos, cores vibrantes, habilidades... Carência e doçura compõem a imagem da artesã e pintora.

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Juliana Jovem e bela Une a si amigos. Lança pela vida Imagens coloridas e fortes. Anseia sonhos próprios Na busca de amizade e Amor.

“Olha que bonito é meu cabelo!” gosta de dizer... pinta muitos corações, vermelhos, rosas...

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Lourdinha Louvada seja Uma alma inquieta ! Realiza seus afazeres, Disposta a guardar Irmãos e toda a casa. Na luta por seu lugar Houve nova descoberta: A arte do desenho!

Seu mundo de silêncio é invadido por todas as responsabilidades: o cuidado de dois irmãos com muitas dificuldades. Artista talentosa, amorosa, expressa seu mundo interior em aves e flores.

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Luciano Lembra sempre Uma certa urgência, Como um rio Impaciente Após uma chuva forte Navega em turbilhão, Oferecendo sua beleza.

Tão carinhoso e doce esse “menino”: pintor detalhista, firmes pinceladas, cores harmônicas. Libera seu talento com independência, calma e muita concentração.

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David Difícil de lhe compreender Antes de com ele conviver. Vive sua vida serena, Invadida por carros e sonhos... Demonstra felicidade em imagens.

“Moço Bonito”! Assim é chamado. Gosta de desenhar ônibus, kombis ou caminhões, Influência do mundo urbano de onde é originário. Porém, é na Lavrinha que dá forma às suas lembranças...

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Celimar Carinhosa, Engraçada e alegre, Liberta o que há de melhor, Inclusive quando magoada. Magistralmente, Amplia horizontes Realizando jardins em rosas.

Solidária, amorosa, expressa seu carinho em fortíssimos e gostosos abraços. Sempre chamando pelo professor, abusa dos tons de rosa. Gosta de servir suco aos amigos ou descascar uma fruta...

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Ivanir Imperador! Vive sua vida A procura de algo. Nunca recua. Impossibilidade: palavra Riscada de sua existência.

Detalhista e paciente em seu trabalho, demonstra grande habilidade no difícil aprendizado do uso da mão esquerda.

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Elisângela Elegantemente, Luta por Impor Sua visão de mundo. Almeja Nada mais que ser Gente igual E mulher Liberta e lutadora. Apenas isso!

Sempre com um verso na ponta da língua, dá forte aperto de mão, ou abraço carinhoso nas chegadas e partidas... Gosta de fazer composição sobre os modelos escolhidos, para logo depois pintá-los com cores vibrantes.

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Ederson Ele é o mais menino dos alunos, Disposto a tudo aprender. Encontrou lugar entre diferentes, Respondendo aos desafios da duvida. Sozinho e sem fugir da pergunta, O que busca é a resposta da estrada, Não da casa onde deitar e dormir.

Veio ao Atelier animado pela madrinha, Ficou, sem ser da APAE, por que na Ave sentiu-se voar. E entre cachoeiras e flores, movimentou sua arte, de quem mora na sabedoria e muito longe ainda quer chegar!

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Toninho Tão pequeno como simpático O homem que tem escondido Não nega escolhas em imagens. Inconformado nos limites do corpo, Na arte da pintura em papel, Habilitou-se a constantes cavalgadas, Onde se movimenta livre e viaja longe.

Pintor de um só motivo: Cavalos, cavalos... Cavalos comendo pinhão, pastando ou selados. Mas .... sempre cavalos.

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Rique Rindo e brincando, Inventa o jogo de cores Que transmite no papel. Um ser gentil, Elegantemente vestido.

Muito politizado, Rique é pintor suave, inteligente e perspicaz. Sentindo-se feliz, produz abstratos harmoniosos, bons de apreciar...

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Larissa Leve e solta, Aprendeu a ser Rara pessoa. Inspirando Sentimentos: Sabedoria, Alegria!

Linda morena cor de jambo, com imaginação apurada, inspirada na paisagem, faz com carinho e criatividade, pinturas e colagens tão belas quanto caprichadas...

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Arilson Antes de tudo começar, Rezava para tudo melhorar. Imaginava um lugar: Lindo! Soberbo! O sonho sonhado Na Lavrinha foi realizado.

De tanto rogar por um lugar assim, foi atendido em sua inabalável fé. Ganhou em suas próprias palavras, “mais... muito mais”: Toda uma Ave Lavrinha para seu deleite e bem estar.

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Liquinho Lindo sorriso! Introspectivo, Quieto, Une-se à terra, Impondo suas mãos. Na sementeira da vida, Hora planta, hora colhe O que tem de melhor.

Um delicado fio de pérolas é seu sorriso branco... Com as mãos na massa, as colheitas fartas, dão-lhe ainda mais doçura...

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Maria Magistralmente, Arranja a terra: Rigor e sapiência. Irrigando as plantas, Alimenta toda beleza.

O olhar apertado e um “pitinho” sempre na boca completam seu ar misterioso... Sábia, essa Maria!

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Nilda Nilda traz seu lapis e canetinhas Independente, pinta novos motivos Libertando no Atelier escondido talento Disposta a abrir flores em botão A desafiar o perdido tempo.

Dair Deletando A sua expressão zangada, Imprime nos desenhos Rios de ternura.

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Deni Dele brotou a liderança e a força, Envolvendo diferentes aprendizes Nos pincéis e na criação inconsciente, Ilimitando a arte do presente.

Artista original, professor intuitivo, puro coração! Paciência, carinho, competência... O comprometimento e a alegria criaram precioso Ave lugar onde multiplicou jovens e velhos na “liberarte” das Minas Gerais.

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Outras fotos...

Luciano Catica e Deni

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O Atelier Ave Lavrinha

Obras do Atelier e do Telar Ave Lavrinha