Pingue Pongue com Conrado Almada
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Conrado que desde a infância desenhava, ganhou uma câmera de presente de seu pai. Almada
passou a se interessar pela imagem em movimento e de um jeito meio inocente fazendo
brincadeiras, fez dessa paixão, a certeza de escolha do curso Publicidade e Propaganda. Depois de
pesquisar as faculdades que tinham os melhores laboratórios, principalmente o de vídeo, Conrado
Almada optou pela PUC. E segundo ele:
“... hoje o laboratório é uma coisa enorme e naquela época eram só duas salas e já era incrível.
Enfim, na PUC, o meu caminho desde o primeiro dia até o último dia lá, sempre foi no laboratório
de vídeo, cem por cento, não teve um dia que eu tenha ido lá, que eu não tenha ido ao laboratório,
e, até hoje, quando eu vou lá é um cacoete, vou lá e tenho que ir ao laboratório, eu sinto o cheiro
e vou embora (rs).” Hoje, com 32 anos, diretor exclusivo da Produtora Brokolis do Brasil, Conrado
fala sobre seus principais trabalhos, inclusive um de seus mais importantes de 2011, que foi a
abertura e créditos do filme do Selton Melo, “O Palhaço” e conta sobre a sua vontade de não só
fazer vídeos publicitários e clipes de bandas, mas sim, um longa-metragem.
Você disse que você sempre ia ao laboratório de vídeo. E como aluno, como você se considerava?
O laboratório era ótimo (rs). Agora a sala de aula... (rs) Assim, como eu desde cedo eu já tinha um
foco muito certo, eu sabia exatamente o que eu queria fazer, eu canalizei tudo para isso, e
obviamente as matérias, as disciplinas que não tinha uma ligação tão direta com o áudio visual, eu
fazia, tinha que fazer, procurava aprender o que tinha de mais interessante, mas eventualmente, eu
faltava umas aulas. Até porque eu já tava muito envolvido mesmo, eu virava noite trabalhando. E às
vezes eu me compliquei academicamente em algumas disciplinas, mas foi ótimo, porque eu até
fiquei mais tempo do que o estipulado era para ficar quatro anos e eu fiquei seis, mas fazendo
matéria as vezes a conta contas, mas foi ótimo e eu não me arrependendo nenhum pouco.”
Você tinha a necessidade de formar para trabalhar?
“Eu já estava trabalhando, esse que foi o negócio. Na verdade, eu só fiquei mais tempo porque eu já
tava trabalhando desde o 3°, 4° período. Eu trabalhava muito e para eu sair ou não, na verdade,
complicava até, mas eu gostava tanto de lá, gosto tanto que eu ia levando, mas justamente pelo
trabalho, por já estar trabalhando bastante isso me dificultava um pouco, ainda mais o primeiro
horário (rs) e eu sempre estudei de manhã. Mas foi ótimo.”
Você já recebeu algum convite da PUC para trabalhar na faculdade?
“Depende do que chama trabalhar. Já dei inúmeras palestras, nem sei dizer quantas, aula inaugural
para uma turma, duas, dez, para todas as turmas. Mini-curso, que tem um caráter um pouco mais
acadêmico, mais formal. Já fizeram convite também, para eu efetivamente dar uma disciplina, só que
impossível, o meu estilo de vida não dá, mini curso já foi ótimo, foi uma delícia conhecer todo
mundo, foi super legal, mas era muito difícil eu ter uma rotina acadêmica pelo meu esquema de
trabalho, eu viajo muito, os trabalhos são sempre inesperados, as datas. Fica impossível.”
Mas você gostaria de estar no meio acadêmico?
“De certa forma, eu me considero meio acadêmico. Pelo menos uma vez por semestre, eu vou não só
na PUC, mas em outras universidades também, e acaba que eu tenho muito contato, mas eu até
gostaria de ter mais tempo para estar mais presente, mas também tem uma realidade de vida, de
trabalho que hoje já é impossível. E do jeito que está, tá legal.”
Você tem uma ligação muito forte com a PUC, você sempre participa de seminários, já teve até um
clipe que você gravou lá. Você dá liberdade para os alunos de comunicação chegar até você,
conhecer os seus trabalhos, etc. E isso chega até ser uma forma de você dar dicas para os
estudantes que querem seguir o mesmo ramo que você. Como você avalia os trabalhos dos jovens
de hoje em dia?
“Eu acho que esse tipo de espaço que eu dou de certa forma, é um espaço que quando eu era
estudante eu buscava muito, e hoje numa situação diferente, por eu já ser formado, ter uma carreira
profissional quase estabelecida, eu procuro hoje, de certa forma, facilitar aquilo que quando eu era
estudante, aquilo que eu tinha vontade, eu queria conhecer os profissionais, poder acompanhar
filmagens, e hoje, do outro lado do balcão eu me sinto um pouco na obrigação, de quando sempre
que possível, eu trazer a turma para ver e acompanhar, e isso aconteceu de uma forma muito
natural. E, obviamente, é uma forma de acompanhar a produção da turma, e eventualmente recrutar
jovens profissionais para diferentes trabalhos, eu acho legal isso, eu gosto de conhecer a turma, ver o
que o pessoal está produzindo, dar força, hoje já tem algumas pessoas que eu já indiquei para
lugares ou já vieram trabalhar comigo, enfim, isso é uma coisa que eu adoro, que quando eu era
estudante eu queria muito isso e hoje podendo, eu sempre ajudo. Isso é justo.”
E a Brokolis, como surgiu?
“A Brokolis é uma produtora que um dia já foi uma finalizadora. Tem dois sócios, o Paulo Emílio
Fernandes e o Eduardo Neves, que são diretores e eu sou um associado, um diretor exclusivo, na
verdade, eu sou um amigo deles, amigo há anos, sempre trabalhamos juntos, e eu já trabalhava aqui
como diretor freelancer e há dois anos eles me convidaram para ser diretor exclusivo da produtora,
ou seja, não trabalhar para nenhum outro lugar que não fosse aqui. Pelo nosso relacionamento, pelo
nosso acordo, isso foi um convite que eu adorei. Isso foi uma coisa inédita aqui em BH, pois todos os
diretores são freelancers. Foi uma parceria incrível tanto para mim quanto para a produtora também,
pelas coisas que eles trouxeram para mim e as que eu trouxe para eles. É uma produtora audiovisual
variada, tem o foco principal que é a publicidade e propaganda, mas também videoclipes, geração de
conteúdo, documentário, DVD, séries de TV.”
A produtora é contratada por agências de publicidade? Vocês também fazem produções “a parte”?
(a produtora recebe o roteiro pronto ou existem vezes que vocês têm que criar?)
“Sim. Vou falar que o que você imaginar já aconteceu aqui. Muitas vezes chega uma agência e fala
que não tem idéia do que fazer, pedindo ajuda. Mas o formato tradicional é: a agência tem um
roteiro, procura a produtora, procura o diretor e, a partir do ponto de vista do diretor, a gente
apresenta a nossa visão do que vai ser feito, e produzimos efetivamente. Normalmente é assim, mas
já aconteceu de tudo como eu já disse.”
São quantos diretores? Colaboradores? Tem a participação de freelancers?
“Sim. Diretores na casa têm o Paulo Emílio Fernandes e o Eduardo Neves, que eventualmente dirige,
e eu que sou só diretor. Seriam nós três fixos, mas pela demanda de trabalhos da produtora, eu acho
que é a maior produtora do estado, tem sempre muitos outros diretores também na casa, e outros
profissionais variados na hierarquia de produção, então são inúmeros, não sei te dizer o número,
mas circula muita gente. Normalmente as equipes variam de 30 a 60 pessoas, dependendo do tipo
de trabalho. Então é um lugar que sempre circula muita gente.”
E dessas produções que você já vez, qual deu mais “trabalho”?
“É difícil falar, porque já fizemos muitas coisas, muitos trabalhos e uma das características do meu
trabalho e do trabalho da Brokolis é o cuidado, quer dizer, o cuidado na finalização, no detalhe, e
cada trabalho a gente trata de uma forma muito particular, que dizer, cada projeto dá muito
trabalho, criamos o trabalho. Já foram muitos, mas acho que tem como falar de um que deu muito
trabalho. Foi um videoclipe que eu dirigi do Skank, da música chamada “Sutilmente”, que foi muito
trabalhoso, mas valeu a pena, foi premiado como o melhor clipe do ano, gerou várias coisas. Foi
inesquecível.”
Durou quanto tempo?
“Ao todo foram mais ou menos 40 dias, desde o momento em que a banda me procurou até o
momento em que eu entreguei o disco, suando já.(rs)”
Nos outros videoclipes de outras bandas, elas também já procuram diretamente a produtora ou
vão por intermédio de outros?
“No caso de videoclipe a figura do diretor é muito determinante, porque o roteiro, a idéia, parte do
diretor, eventualmente eles procuram a produtora e a produtora encaminha o grupo para o diretor.
Às vezes tem gravadora no meio, mas muita das vezes, a procura parte das bandas, dos artistas, mas
eventualmente, o contato parte das gravadoras também e a procura é diretamente pelo diretor.
Nesse caso na existe agência de publicidade.”
E como você concilia família X trabalho?
“Com muita compreensão! Eu sou casado, não tenho filhos ainda, pretendo, mas não é fácil,
especialmente pelo fato da minha esposa, a Fernanda Costa (psicanalista), ser de outra área. No
início, até entender os horários. Planeja um final de semana em um sítio e tal, chega sexta, a noite cai
aquele monte de trabalho em cima de você, enfim. Depois de um tempo, você vai se planejando, as
coisas vão se ajustando. Mas hoje, já é bem mais tranqüilo do que já foi um dia.”
Com relação ao seu trabalho no exterior, como ele é visto? Por que você já trabalhou na Itália, né?
“Sim. Por dois anos eu morei na Itália, trabalhei em lugar chamado Fábrica, que é o centro de
comunicação do grupo Benneton, que é um grupo empresarial imenso, tem a parte de roupa que é a
mais conhecida, e uma das empresas do grupo é a chamada fabrica, que [é centro imenso de
comunicação como se fosse uma grande agência, um pólo de criação, uma produtora, que fica na
Itália. Eles têm um processo seletivo, você manda seu portfólio, têm diversos departamentos e você
se direciona para qual você quer ir, no meu caso, eu fui para o de Cinema e Vídeo. Eu fui selecionado
para fazer um teste, eu fui para a Itália e fiquei duas semanas produzindo e eles me efetivaram e me
convidaram para passar um ano lá. Eu fui, fiquei um ano, depois eles renovaram o meu contrato,
fiquei mais um ano, eles queriam renovar para mais um ano, mas eu não quis, já estava doido para
voltar (rs), mas foi uma experiência incrível, produzi muita coisa, conheci muita gente, trabalhei com
pessoas de outros países. E querendo ou não, quando você volta, só o fato de você ter ido, parece
que você mudou, a forma como as pessoas te vêem. E era engraçado, porque eu fui com um amigo
meu, o Leandro, e eu lembro que, às vezes, a gente voltava a noite, de baixo de chuva, no frio, e a
gente ria e falava “mas quem tá no Brasil não sabe nada disso, o pessoal acha que a gente tá na vida
boa, mas não preocupa que isso vai se reverter um dia” (rsrs).
Com quem você mais gostou de trabalhar nesse tempo e manteve relacionamento após o
lançamento de um videoclipe?
“Eu tenho trabalhos em publicidade, mas talvez, os mais reconhecidos sejam os trabalhos em
videoclipes, mas de uma forma em geral, de todas as bandas que eu trabalhei, que eu fiz videoclipe,
eu criei um vinculo bacana, e fiz novos videoclipes. É difícil uma banda que eu tenha trabalhado uma
vez só. Normalmente, eu faço o trabalho e depois me chamam para outros. Com o Jota Quest, por
exemplo, eu já fiz quatro videoclipes, capas de disco, series de documentários. Com o Skank, três
videoclipes, viagem para Portugal, Patu Fu, 200 videoclipes. Porque é exatamente pela forma como
eu me relaciono com o trabalho, que é muito pessoal. E no videoclipe, as bandas procuram isso, pelo
menos as que me procuram, elas querem uma visão mais particular e não tem jeito de eu fazer um
trabalho, se eu não me envolver pessoalmente nele. Claro, comigo é sempre muito profissional, mas
eu me coloco muito ali, e é muito importante eu sintonizar com a pessoa também, com o cara que
inventou a música, e acaba que a gente se aproxima, e eu acho que todas essas bandas, eu tenho
uma relação ótima, já vou fazer novos trabalhos pela frente e eu posso dizer eu sou feliz nesse ponto,
que eu nunca tive um grande estresse com nenhum cliente.”
Quais são as suas maiores influências? Tem alguém que você admira muito e se baseia na hora de
fazer o seu trabalho?
“Acho que todo mundo tem os seus heróis, ídolos, e de verdade, o meu maior herói é o meu pai,
Flávio Almada. Ele é arquiteto, ele tem uma produção bem diferente da minha, mas a forma como
ele lida com o trabalho... é um cara que eu espelho demais, mas falando de referências, o meu maior
ídolo é o Steven Spielberg (diretor de cinema), que me fez chorar com dois anos de idade no cinema
vendo “ET” (rs), e o cara já fez tudo. A reposta mais fácil então é o Spielberg.”
Como você considera o mercado atual para o tipo de trabalho que executa? É promissor, tem
dificuldades?
“É muito promissor e tem muitas dificuldades (rs) como todo trabalho, mas a área de comunicação é
uma área que sempre tem espaço, porque ela sempre procura alguma coisa muito pessoal, e por
mais que, a comunicação seja uma coisa global, ela é muito pessoal também, pois a forma que cada
um se comunica é própria, e eu acho que a natureza da comunicação, ela em si, está sempre aberta
para pessoas novas, idéias novas e pontos de vista novos, e obviamente, tem a realidade de
mercado, muita concorrência, que sempre tem, mas eu sou sempre positivo, talvez seja a minha
maior característica, a de quere acreditar que sempre vai dar certo, às vezes não dá, mas ai eu
acredito que na próxima vai dar. (rsrs)”
E com relação ao mercado mineiro?
“Aqui tem esse grande mito de que você esta fora do eixo Rio de Janeiro e São Paulo, mas isso, pelo
menos nos últimos tempos, nunca foi problema, pelo contrário, hoje é legal saber que as pessoas
vêm filmar aqui, a Sandy veio aqui, porque eu estou aqui, eu falei que preferia filmar ela aqui a ir
para lá. Capital Inicial, Erasmo Carlos, propagandas de agência de publicidade de São Paulo, do Rio de
Janeiro, tudo isso porque hoje está tudo muito on-line. As pessoas vêem seu trabalho e te
procuram.”
Existe um conflito muito grande da indústria fonográfica com a internet, como que você analisa
esse conflito?
“Acho que há alguns anos as pessoas não sabiam direito o que fazer, porque realmente, e
principalmente no Brasil, ainda mais pelas características sócio-culturais, a pirataria veio e ficou
mesmo, se a gente tem a chance de entrar numa loja virtual e comprar, pagar um real por uma
música, eu acho justo, já paguei um real por coisas tão piores, mas de uma forma em geral, no Brasil,
as pessoas infelizmente não pensam assim, elas já baixam o disco todo e já passam para o outro,
tudo bem, mas isso refletiu demais na indústria fonográfica e eu, que e trabalho também para a
indústria fonográfica com videoclipes, obviamente, senti esse reflexo também. Os orçamentos
reduziram muito, uma banda que faria cinco clipes em um disco, vão fazer dois, três no máximo,
porque as verbas diminuíram. Mas hoje passado esse primeiro momento, as pessoas, as gravadoras
passaram a encontrar outras saídas. Ainda está se reconfigurando, mas hoje já está mais tranqüilo,
pode se dizer que deu uma certa estabilizada. Eu ouvi a notícia, que apesar de ser um gênero que eu
não goste que é a Paula Fernandes vendeu em 2011, 1.250mil cópias, eu acho isso ótimo, apesar de
não ser uma música que eu ouço, mas hoje você conseguir vender mais de um milhão de discos é um
feito. Por isso eu acho que as pessoas têm uma visão muito apocalíptica, mas não precisa ser assim,
hoje as coisas melhoram bastante.”
Além de você fazer videoclipes para grandes artistas, você também desenha. Como você se
considera? Um artista, um produtor, um diretor?
“Eu acho que essa pergunta já me vem quando eu vou num hotel, quando eu tenho que preencher
profissão (rs), eu já fiquei muito em crise com isso, mas eu me formei em quê? Não foi em
publicidade? Então eu coloco publicitário, mas é uma pergunta que eu me faço quase diariamente
:“O que eu sou?, super existencial, mas eu acho que é até uma característica, contemporaneidade,
porque hoje nos somos várias coisas, mas o mais importante é você ser você mesmo, ter suas
próprias convicções e profissionalmente cada hora você tem um rótulo, mas talvez o mais razoável,
eu diria diretor audiovisual, mas diretor pode ser diretor de um monte de coisa, mas enfim, não sei
me definir exatamente, na dúvida vai publicitário. (rs)”
Você usa muitos de seus desenhos nos videoclipes, você já foi procurado por causa deles? Alguém
que trabalha com isso, teve a curiosidade de saber quem havia desenhado e etc?
“Sim. Acho que na verdade todos os trabalhos que eu fiz até agora, na verdade sempre no trabalho
seguinte alguém já viu o que eu fiz. Isso é uma constante, dá para dar exemplo mais direto, até
inclusive esse filme do Selton Melo que vai estrear efetivamente agora, que já começou a ser exibido
em pré-estréias, amostras e tal. Ele em si, já esta gerando várias coisas, vários diretores já estão
falando: “Cara, vi a abertura do Selton, queria que você fizesse a minha abertura também.” Mas eu já
estou preocupado com outros trabalhos, e eu fiz porque eu queria fazer e tal, e já está até meio
problemático, porque eu quero fazer o filme e não só a abertura, mas abertura de vez enquanto eu
faço.”
Quais são os seus projetos futuros? E essa idéia de fazer um longa-metragem? Como surgiu?
“Claro. Não, sempre veio. A publicidade é uma bela escola de cinema na verdade. A produção de
filmes publicitários é interessante, você esta lidando com roteiros, com situações de filmes, contar
historias as vezes curtas, mais longas, engraçadas, dramáticas, enfim, é um intensivão de cinema,
mas claro, tem diferenças grandes e não tenho duvida que em breve se tudo der certo, quero. (rs) ”
E você já tem algum roteiro?
“Tenho umas três idéias que eu estou olhando para elas, elas olhando pra mim e vendo para qual
delas eu vou. Mas pretendo em algum tempo começar.”
Qual artista você gostaria de chamar para participar?
“É, por enquanto, primeiro eu acho que tem de fechar uma idéia, embora tenha sempre um artista
que a gente curte, mas eu acho que primeiro vem à idéia e depois vai encaixando as peças. Primeiro
tem de escolher e aí bater o martelo.”
Você disse que um dos trabalhos mais prazerosos que você fez esse ano foi a abertura e os créditos
do filme “O palhaço”, do Selton Melo. Por quê? Isto tem uma ligação com a idéia de você querer
produzir um longa?
“Acho que é uma ligação de várias coisas. Isso sem duvida tem uma ligação direta com cinema, com o
Selton Melo um cara que eu admiro, cara vem te procurar porque ele gosta do seu trabalho, mas
muito pela liberdade que ele me deu, me procurou pelos trabalhos que eu já tinha feito e pediu que
eu pensasse livremente em algo que acharia que poderia ser mais legal para abertura e aí eu de
repente ter descoberto que o que eu acreditei fosse o melhor caminho foi justamente o que mais
gosto de fazer que é desenhar e pelas características do filme, eu vi que o desenho tem, a coisa tem
uma pegada mais manual, a letra escrita a mão, a tipografia toda manual. Isso encaixa muito no filme
que conta a história de uma trupe de circo, tudo muito artesanal. Quer dizer, a abertura ser artesanal
também funcionou bastante. Foi um trabalho que deu muito certo do inicio ao fim . Eu gostei desde
o inicio, adorei o filme, o Selton adorou as idéias que eu dei e foi um trabalho que só foi crescendo
com muitas sugestões ótimas. Pagaram em dia ( rs ). Deu tudo certo, foi ótimo! E esta ai gerando
frutos, gerando trabalhos e principalmente, gerando em mim a vontade de me envolver mais com
cinema, propriamente dito.”
Você está trabalhando em alguma produção atualmente? Como está sendo o projeto?
“Sim, um projeto do FIQ (Festival Internacional de Quadrinhos). Esta é uma propaganda que eu estou
fazendo exatamente agora, foi um trabalho bacana também de um universo que eu adoro que são
quadrinhos, que eu tenho muito e acompanho. É um trabalho que nós estamos fazendo aqui na
produtora com um cuidado imenso, o trabalho vai sair em breve, começa a veicular em breve.
Trabalho de propaganda e tem outros orçamentos mais publicitários que a gente deve fazer em
breve, videoclipe também. Tem um videoclipe mais certo agora de uma cantora chamada Tiê, super
legal, acabou de tocar no Rock in Rio e tal, e eu provavelmente vou dirigir o clipe dela agora. Temos
uma superstição, enquanto não fecha o trabalho e fala: - FECHOU!, você não fala para não gerar
expectativa, e as vezes tem um monte de coisa na fila.”
Tem alguma sendo finalizado?
“Finalizando é o do festival de quadrinhos. Acabei de entregar vários, logo antes. E tem um que eu
acabei de receber o e-mail aqui, uma campanha para APAE que é uma campanha filantrópica e todo
nosso cachê é doado. Estamos em processo de produção que são dois comerciais para APAE e uma
publicidade, mas que ainda tem de bater o martelo.”
Você considera que a época de final de ano seja um bom momento para a realização de vários e
diferentes trabalhos?
“Esse final de ano é um começo de tudo ,em trabalho, compromisso, bebida, comida (rs), final do
ano é “brah”, mas que bom que é assim.Tem outro negócio bem legal que eu vou fazer agora, fui
convidado para fazer uma exposição de artes plásticas (quadros) no final do ano. Este é um trabalho
super pessoal que eu estou muito afim de fazer e recebi convite de um lugar bacana. Tem de
produzir, arrumar tempo ai e tem de fazer. Sem duvida eu vou fazer. Final de ano é isso,tudo ao
mesmo tempo.”
Qual é a sua maior ambição como diretor?
“Como
diretor? É tem sempre coisas, obviamente, filme (quem não quer né?), videoclipe que já ta rolando, e
tem artistas que a gente gosta.
- Filme, eu acho que seria isso!”
Você tem alguma dica para quem esta começando agora?
“Bom, pra
área audiovisual tem um leque grande de possibilidades, mas eu acho que a dica comum para todos
tem que produzir e não ficar só no mundo das idéias. Efetivamente você tem de produzir,
independentemente do que quer que você faça: roteiro? Você tem que escrever um roteiro. Dirigir?
Você tem de dirigir alguma coisa. Claro, no inicio existe muita dificuldade em tudo, grana, pessoas
não te conhecem e não te dão credito, por isso, eu acho que não esperar as oportunidades, e sim
criá-las. Eu fiz exatamente 30 videoclipes. O primeiro que eu fiz não foi para o Sanuela Rosa. Acho
que a dica é: não perca tempo, energia e fique se lamentando da vida, se você converter isso em
tempo fosfato útil já é um inicio. E sejam autênticos. Você tem de começar! ”