Pilhas e a Comp Dos Solos

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36 QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Experimentos de Pilhas N° 8, NOVEMBRO 1998 EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA O tópico ‘pilhas’ faz parte do conteúdo programático das disciplinas de química minis- trado nas escolas do ensino médio. Como exemplo maior, comumente cita- se a pilha de Cu o |Cu 2+ ||Zn 2+ |Zn o , conhecida como ‘pilha de Daniell’. Esse dispositivo é constituído basica- mente por semicélulas de Cu o |CuSO 4 1,0 mol/L e Zn o |ZnSO 4 1,0 mol/L, em compartimentos isolados, e unidas por meio de ponte salina; esta última é feita com um tubo de vidro, em forma de U invertido, contendo solução de ágar- ágar saturada com um eletrólito forte ou apenas solução aquosa saturada de eletrólito, tapada nas extremidades por chumaços de algodão. Devido à relativa facilidade para montar essa pilha, alguns professores chegam a demonstrar, com o auxílio de um voltímetro, a transformação espontânea de energia química em energia elétrica. Alguns livros adotados no ciclo básico sugerem a possibili- dade de o sistema permitir acender lâmpadas pequenas — de voltagem ao redor de 1,5 V (Fonseca, 1993; Nehmi, 1993; Dorin e col., 1988). Va- mos então tecer comentários sobre es- se caso. Ao se conectar os dois eletrodos metálicos com um fio externo contendo uma lâmpada, tem-se uma pilha fun- cionando como fonte de corrente, isto é, realizando um trabalho: acendendo uma lâmpada. O fio externo e a ponte salina permitem que o circuito elétrico entre os dois eletrodos seja fechado. No caso, a reação em cada uma das semicélulas é: Cu 2+ + 2e - Cu 0 (ganho de massa na placa de Cu) E o = 0,34 V Zn 0 Zn 2+ + 2e - (perda de massa da placa de Zn) E o = - 0,76 V E o = 1,10 V Conforme ilustrado nas equações acima, o zinco metálico sofre oxidação enquanto o cobre sofre redução, per- mitindo vislumbrar que o fluxo de elé- trons no fio externo vai do eletrodo de zinco para o de cobre. Conseqüente- mente, na solução íons negativos mi- gram para o compartimento de zinco (neutralizando o excesso de íons Zn 2+ formados) e, ao mesmo tempo, íons positivos migram para o de cobre (su- prindo o consumo de íons Cu 2+ ). Neste caso mantém-se a eletroneutralidade do sistema e o fechamento do circuito. Tanto o fio como a ponte salina são condutores (um eletrônico e o outro iônico) que permitem a passagem de corrente elétrica entre os eletrodos me- tálicos; dos dois condutores, o que ti- ver maior resistência elétrica (usual- mente a ponte salina) praticamente determinará o valor da corrente que poderá circular pela pilha. Daí a impor- tância de que a resistência elétrica da ponte salina (conhecida como resis- tência ôhmica) seja a menor possível. Porém a questão é: a lâmpada real- mente acende? Resposta: geralmente não. Isso ocorre porque a ponte salina, em geral montada inadequadamente (com alta resistência ôhmica), pode apresentar dificuldades para que flua a corrente necessária, limitando a corrente resul- tante. Somente pontes salinas com altas concentrações de eletrólitos e A seção “Experimentação no ensino de química” descreve experimentos cuja implementação e interpretação contribuem para a construção de conceitos científicos por parte dos alunos. Os materiais e reagentes usados são facilmente encontráveis, permitindo a realização dos experimentos em qualquer escola. Esta edição traz experimentos que têm como tema a construção de pilhas e a análise da composição do solo. Pilhas modificadas empregadas no acendimento de lâmpadas Noboru Hioka Florângela Maionchi Danil Agar Rocha Rubio Patrícia Akemi Goto Odair Pastor Ferreira pilhas, corrente, voltagem, lâmpadas Neste trabalho sugerimos a construção de duas pilhas eletroquímicas a partir de materiais de fácil acesso e que permitem acender lâmpadas de pequeno consumo por intervalo de tempo razoável. A primeira delas é uma adaptação da ‘pilha de Daniell’ e a segunda uma modificação da ‘pilha seca’ ou de ‘empilhamento’, que envolve o mesmo conjunto de reações da primeira. Pilhas e a Composição dos Solos Experimentos sobre

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QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Experimentos de Pilhas N° 8, NOVEMBRO 1998

EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA

O tópico ‘pilhas’ faz parte doconteúdo programático dasdisciplinas de química minis-

trado nas escolas do ensino médio.Como exemplo maior, comumente cita-se a pilha de Cuo|Cu2+||Zn2+|Zno,conhecida como ‘pilha de Daniell’.Esse dispositivo é constituído basica-mente por semicélulas de Cuo|CuSO41,0 mol/L e Zno|ZnSO4 1,0 mol/L, emcompartimentos isolados, e unidas pormeio de ponte salina; esta última é feitacom um tubo de vidro, em forma de Uinvertido, contendo solução de ágar-ágar saturada com um eletrólito forteou apenas solução aquosa saturadade eletrólito, tapada nas extremidadespor chumaços de algodão.

Devido à relativa facilidade paramontar essa pilha, alguns professores

chegam a demonstrar, com o auxíliode um voltímetro, a transformaçãoespontânea de energia química emenergia elétrica. Alguns livros adotadosno ciclo básico sugerem a possibili-dade de o sistema permitir acenderlâmpadas pequenas — de voltagemao redor de 1,5 V (Fonseca, 1993;Nehmi, 1993; Dorin e col., 1988). Va-mos então tecer comentários sobre es-se caso.

Ao se conectar os dois eletrodosmetálicos com um fio externo contendouma lâmpada, tem-se uma pilha fun-cionando como fonte de corrente, istoé, realizando um trabalho: acendendouma lâmpada. O fio externo e a pontesalina permitem que o circuito elétricoentre os dois eletrodos seja fechado.No caso, a reação em cada uma das

semicélulas é:

Cu2+ + 2e- Cu0

(ganho de massa na placa de Cu)Eo = 0,34 V

Zn0 Zn2+ + 2e-

(perda de massa da placa de Zn)Eo = - 0,76 V∆Eo = 1,10 V

Conforme ilustrado nas equaçõesacima, o zinco metálico sofre oxidaçãoenquanto o cobre sofre redução, per-mitindo vislumbrar que o fluxo de elé-trons no fio externo vai do eletrodo dezinco para o de cobre. Conseqüente-mente, na solução íons negativos mi-gram para o compartimento de zinco(neutralizando o excesso de íons Zn2+

formados) e, ao mesmo tempo, íonspositivos migram para o de cobre (su-prindo o consumo de íons Cu2+). Nestecaso mantém-se a eletroneutralidadedo sistema e o fechamento do circuito.Tanto o fio como a ponte salina sãocondutores (um eletrônico e o outroiônico) que permitem a passagem decorrente elétrica entre os eletrodos me-tálicos; dos dois condutores, o que ti-ver maior resistência elétrica (usual-mente a ponte salina) praticamentedeterminará o valor da corrente quepoderá circular pela pilha. Daí a impor-tância de que a resistência elétrica daponte salina (conhecida como resis-tência ôhmica) seja a menor possível.Porém a questão é: a lâmpada real-mente acende?

Resposta: geralmente não. Issoocorre porque a ponte salina, em geralmontada inadequadamente (com altaresistência ôhmica), pode apresentardificuldades para que flua a correntenecessária, limitando a corrente resul-tante. Somente pontes salinas comaltas concentrações de eletrólitos e

A seção “Experimentação no ensino de química” descreveexperimentos cuja implementação e interpretação contribuem para aconstrução de conceitos científicos por parte dos alunos. Osmateriais e reagentes usados são facilmente encontráveis,permitindo a realização dos experimentos em qualquer escola. Estaedição traz experimentos que têm como tema a construção de pilhase a análise da composição do solo.

Pilhas modificadas empregadas noacendimentode lâmpadas

Noboru HiokaFlorângela Maionchi

Danil Agar Rocha RubioPatrícia Akemi Goto

Odair Pastor Ferreira

pilhas, corrente, voltagem, lâmpadas

Neste trabalho sugerimos a construção de duas pilhaseletroquímicas a partir de materiais de fácil acesso e que permitemacender lâmpadas de pequeno consumo por intervalo de temporazoável. A primeira delas é uma adaptação da ‘pilha de Daniell’ e asegunda uma modificação da ‘pilha seca’ ou de ‘empilhamento’, queenvolve o mesmo conjunto de reações da primeira.

Pilhas e a Composição dos SolosExperimentos sobre

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com altas áreas de contato com as so-luções dos dois eletrodos (por exem-plo, tubo em U com diâmetro maiorque 2 cm) têm resistências ôhmicassuficientemente baixas para reduzir es-ta limitação. Alguns autores (Fel-tre,1988) citam, corretamente, o uso devela de filtro d’água (parede porosa)na semicélula de cobre, pois essematerial permite a rápida passagem deíons, levando a correntes maiores, sufi-cientes para acender a lâmpada. Essesistema, de acesso um pouco maisdifícil, desestimula o professor a efe-tuar a demonstração prática do fenô-meno.

Outro exemplo de pilha é a que usaduas lâminas de zinco, duas de cobree quatro tiras de papel-filtro, sendo du-as embebidas em solução de sulfatode cobre e duas em solução de sulfa-to de zinco (Boff e Frison, 1996). Amontagem da pilha é feita por empilha-mento, seguindo a seqüência: placade cobre, papel com sulfato de cobre,papel com sulfato de zinco, placa dezinco; a seguir, repete-se a mesma se-qüência. Conectando-se uma lâmpa-da às placas de zinco e cobre, a mes-ma acende, porém mantém-se acesapor pouco tempo. Quando em funcio-namento, o fechamento do circuitoocorre de maneira similar à da outrapilha, isto é, íons Zn2+ e íons Cu2+ mi-gram na direção dos eletrodos decobre, enquanto íons sulfato migramna direção dos eletrodos de zinco.

Este trabalho propõe a construçãode duas pilhas com as quais é possívelmanter uma lâmpada acesa por tempoprolongado: pilha de Daniell modifica-da (pilha 1) e pilha de empilhamento(pilha 2).

Materiais empregados

Pilha 1• 1 membrana de casca de salsi-

cha (de celulose regenerada) oucasca de lingüiça (tripa seca bo-vina), ambas existentes em casasfrigoríficas, de 13 cm de compri-mento

• Fio de náilon (linha de pesca)• 1 placa de cobre e 1 de zinco (li-

xadas), de aproximadamente 10cm x 2 cm x 0,1 cm

• 1 L de solução saturada de NaCl

em água (sal de cozinha)• Sulfato de cobre (CuSO4. 5H2O),

1 mol/L (12,5 g em 50 mL deágua), encontrado em lojas de ar-tigos de jardinagem e casasagropecuárias

• Lâmpada de 1,5 V (farolete pe-queno) com os pólos ligados afios

• 1 garrafa plástica descartável derefrigerante 2 L

• 1 placa de madeira ou isopor,com dois orifícios (3,5 cm de diâ-metro) separados por 1,5 cm (es-sa peça serve somente para su-porte)

• Fita adesiva• Elástico• Multímetro (opcional)

Pilha 2• 2 placas de cobre e 2 de zinco

(lixadas)• 4 tiras de feltro (tecido)• 2 tiras de papelão (usado em

confeitarias na embalagem debolos), todas as tiras medindo 10cm x 2 cm

• Sulfato de cobre (CuSO4.5H2O),1 mol/L (aproximadamente 6,2 gem 25 mL de água)

• Aproximadamente 100 mL desolução saturada de NaCl emágua (sal de cozinha)

• Fita adesiva• Lâmpada de 1,5 V com os pólos

ligados a fios

Detalhes experimentais

Pilha 1A compartimentalização da semi-

célula de cobre é feita na casca, que éuma membrana porosa e permite ofluxo de íons. Lave muito bem a mem-brana com águae detergente; cor-te a garrafa plás-tica a uma alturade 15 cm da base(formando um re-cipiente) e corte obocal, conectan-do uma das extre-midades da cas-ca a este, confor-me mostra a Fi-gura 1.

Apóie o bocal de garrafa (com amembrana) no suporte de madeira/iso-por. Adicione, pelo bocal, a solução deCuSO4. Introduza o conjunto no recipi-ente plástico contendo a solução deNaCl saturado. A seguir coloque a pla-ca de cobre na solução de sulfato decobre e a placa de zinco diretamentena solução de NaCl (use o outro orifíciodo suporte); conecte os fios da lâm-pada às placas metálicas com fita ade-siva, conforme mostrado na Figura 2.Observe o efeito.

Pilha 2Monte a pilha com a seguinte se-

qüência de empilhamento: placa decobre, feltro encharcado com a solu-ção de sulfato de cobre; papelão en-charcado com a solução de NaCl; fel-tro encharcado com a solução deNaCl; placa de zinco (Figura 3); conti-nua-se o empilhamento repetindo-sea mesma seqüência. Conecte os fiosda lâmpada às placas laterais (de co-bre e de zinco). Observe.

Membrana

Bocal dagarrafa

Transpassara membranapela boca

Elástico

Amarrar comfio de nailon

Inverter

Figura 1: Ilustração da seqüência de adaptação da casca (membra-na) ao bocal de garrafa.

CuSO

Suporte

Membranaporosa

Lâmpada

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Zn0 Cu0

Sol. NaCl(sat)

Figura 2: Ilustração da pilha de Daniell mo-dificada

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Resultados e discussões

Pilha 1A tensão elétrica da pilha sem a

lâmpada, medida com voltímetro, re-sultou em aproximadamente 0,9 V.Apesar da baixa voltagem, a lâmpadaacende e mantêm-se acesa por maisde duas horas.

A corrente medida foi de aproxima-damente 190 mA, suficiente para acen-der a lâmpada, e é conseguida pelaalta concentração de eletrólito e a gran-de área de contato da membrana comas soluções. Fechado o circuito elé-trico, a principal migração iônica é ados íons Na+ em direção ao com-partimento do eletrodo de cobre (su-prindo a redução de íons Cu2+). Apresença dos íons Cl- do lado de forada casca de salsicha ajuda a contraba-lancear a formação de íons Zn2+. Alémdos íons Na+ que migram para dentro,íons sulfato migram para fora da mem-brana na direção do eletrodo de zincoe, dependendo do tempo de funciona-mento, os íons Zn2+ formados acabamatravessando a membrana na direçãodo eletrodo de cobre. Essas migraçõesfazem com que a eletroneutralidadeseja mantida nos compartimentos dosdois eletrodos. Por outro lado, nessapilha não podem ser evitados os pro-cessos de difusão de íons (provocadospelas diferenças de concentração), co-mo por exemplo a lenta saída de íonsCu2+ da casca ou a entrada de íons Cl-

.Em pilhas de Daniell montadas com

pontes salinas inadequadas (por

exemplo, com tubos em U de peque-no diâmetro), a eletroneutralidade noscompartimentos não consegue sermantida por muito tempo, o que leva auma polarização da pilha (excesso decargas negativas no compartimento doeletrodo de cobre e de cargas posi-tivas no lado do eletrodo de zinco) e,conseqüentemente, à redução da cor-rente para valores insuficientes paraacender a lâmpada.

Pilha 2A lâmpada acende com uma inten-

sidade razoavelmente grande e man-tém-se por aproximadamente 40 minu-tos. A corrente medida foi de 204 mAe a voltagem, 2,0 V. Dois problemasinterligados podem surgir nessa pilha:o primeiro ocorre quando os feltros nãoestão suficientemente carregados deíons Cu2+, caso em que a lâmpadaapagará em pouco tempo devido aodecréscimo de corrente, ocasionadopela diminuição de concentração des-ses íons. O segundo problema ocorrequando os feltros estão demasiada-mente encharcados, caso em que osíons Cu2+ podem difundir-se na direçãoda placa de zinco, levando à formaçãode cobre metálico nesta, modificandosua superfície e conseqüentementearruinando a pilha.

ConclusãoAs modificações sugeridas para as

duas pilhas permitem um fluxo razoá-vel de elétrons, suficiente para garantiro funcionamento de uma lâmpada debaixo consumo por tempo relativa-mente grande, e utilizam-se materiaisfacilmente encontrados no comércio.

A pilha 2 é mais fácil de manuseare a intensidade luminosa é maior quea da pilha 1, entretanto esta última per-mite um tempo de iluminação superior.

Os sistemas propostos permitemainda ao professor demonstrar a con-versão de energia química em energiaelétrica, mostrar a importância do prin-cípio da eletroneutralidade e aplicarconceitos teóricos no cotidiano dosalunos.

Questões propostas1. A tensão da pilha depende da

superfície de contato entre placa esolução? Sugere-se alterar a área de

Feltro com solução de NaCl

Feltro com solução de CuSO

Placa de Zinco

Papelão com solução de NaCl

Placa de Cobre

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Figura 3: Ilustração de parte da pilha deempilhamento.

contato fazendo emergir/imergir par-cialmente as placas metálicas da pilha1 e medindo-se, durante esse proce-dimento, a tensão (lembre-se de medirsem a lâmpada).

2. Nas pilhas apresentadas, real-mente é a corrente o fator limitante pa-ra o acendimento da lâmpada? Suge-re-se emergir/imergir as placas metáli-cas da pilha 1 e observar a intensidadeluminosa.

3. Nas pilhas propostas, em vez desoluções contendo íons Zn2+ utiliza-ram-se soluções de NaCl. Tal fato geratensões ligeiramente diferentes de 1,1V. Por que os resultados qualitativossão os mesmos?

4. Na pilha 1, após uma hora de fun-cionamento e conhecendo-se a cor-rente gerada pela mesma, calcule: i) aquantidade de elétrons que circuloupela lâmpada e ii) a massa de cobredepositada no eletrodo de cobre. Com-pare com o valor experimental, deter-minando a massa da placa de cobreantes e depois do experimento.

SugestãoPara introduzir o conceito de pilha,

o professor pode efetuar um experi-mento simples, isto é, colocar uma pla-ca de zinco em contato com uma so-lução de íons cobre (será visível a redu-ção para cobre metálico na placa), ou

Referências bibliográficasBOFF, E.T.O, FRISON, M.D. Quí-

mica Nova na Escola. n. 3, p. 11-14,maio 1996.

DORIN, H, GABEL, D, DEMMIN,P. Chemistry: the study of matter. En-glewood Cliffs: Prentice Hall, 1988.p. 642-644.

FELTRE, R. Química (2o Grau).São Paulo: Moderna, 1988. v. 2, p.331-336.

FONSECA, M.R.M. Química inte-gral, 2o Grau. São Paulo: FTD, 1993.p. 535-537.

NEHMI, V.A. Química. São Paulo:Ática, 1993. v. 2, p. 208.

Para saber maisMAHAN, B.M., MYERS, R.J. Quí-

mica: um curso universitário. Tradu-ção da 4a. edição. São Paulo:Edgard Blucher, 1993.

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ainda, colocar um metal como o ferroem meio ácido (ocorrência de evolu-ção de hidrogênio). Os dois sistemasevidenciam um fluxo de elétrons es-pontâneo sem que a energia químicaseja aproveitada. Diante desse fato, umsistema, quando montado adequada-mente, pode ser utilizado para dispo-nibilizar energia química na produção

Experiências sobre solos

de trabalho elétrico.

AgradecimentosÀ Capes/PADCT, Subprograma

SPEC, pela construção do Laboratóriode Ensino de Química (LABENQ) daUEM. Ao Programa PET/Capes.Agradecimento especial ao prof. JulioCezar Foschini Lisbôa pelo apoio na

elaboração deste artigo.

Noboru Hioka, doutor em físico-química, é docentedo departamento de química da Universidade Estadualde Maringá (UEM). Florângela Maionchi, doutoraem físico-química, é docente do Departamento de Quí-mica da UEM. Danil Agar Rocha Rubio, doutoraem química orgânica, é docente do Departamento deQuímica da UEM. Patrícia Akemi Goto e OdairPastor Ferreira, acadêmicos do curso de químicada UEM, são bolsistas do grupo PET/Capes.

“Laboratório Aberto” - GEPEQ - IQ - USP

Este artigo propõe experimentos simples paraestudar a composição dos solos

Aformação do solo pela nature-za leva milhares de anos. Asrochas, expostas à ação do

sol, dos ventos, das chuvas, com opassar do tempo vão se fragmentandoe se transformando em outros materi-ais, como pedra, argila e areia. Damesma forma e ainda por ação de mi-croorganismos, restos de animais e ve-getais vão sofrendo decomposição,formando o húmus, ou seja, a matériaorgânica presente no solo.

Os solos são formados por quatrocomponentes principais: os minerais,a matéria orgânica, a água e o ar. Estãopresentes ainda muitos microrganis-mos importantes na preservação e nafertilidade do solo. O solo destinado àagricultura corresponde a uma cama-da de 20 a 40 cm de espessura. A pro-dutividade agrícola depende dascaracterística dessa camada, afetadapor fatores como temperatura, acidezou alcalinidade, facilidade de infiltraçãode água, estrutura e presença de mi-croorganismos.

Verificação da condutibilidadeelétrica dos solos

A água existente no solo dissolve osminerais solúveis e dessa maneira tor-na-os disponíveis para as plantas. Po-demos evidenciar a presença de mine-rais solúveis em água no solo mediantemedidas de condutibilidade elétrica.

Material• Água destilada• Amostra de solo (colete o solo em

um recipiente limpo e seco, evi-tando solo recém-fertilizado)

• 1 colher (de chá) de plástico• Sistema para aquecimento (lam-

parina ou bico de gás, tripé comtela refratária)

• 1 béquer de 100 mL• 1 sistema elétrico para medir a

condutibilidade (vide Figura 1)com lâmpadas de diferentes po-tências (lâmpada de neon, de 5e 25 W, por exemplo)

ProcedimentoColoque água no béquer até meta-

de de sua capacidade (cerca de 50mL) e, utilizando o sistema, meça acondutibilidade elétrica, introduzindoos fios desencapados do aparelho naágua. Meça novamente, desrosquean-do as lâmpadas uma a uma. Aqueçaa água até próximo à ebulição e meçaa condutibilidade da água aquecida.A seguir, adicione quatro colheres daamostra do solo e misture bem. Aque-ça por mais um ou dois minutos. Re-tire do fogo e teste a condutibilidadeda solução resultante. Casonenhuma das lâmpadas acenda,desrosqueie a de maior potênciae observe.

A solução resultante da mis-tura do solo com água apresentacondutibilidade elétrica maior quea da água destilada, como ficaevidenciado pelo acendimentodas lâmpadas. No caso da águadestilada, apenas a lâmpada deneônio se acende, enquanto no

caso do solo acende também, emborafracamente, uma lâmpada de 5 watts.A água destilada conduz fracamentea corrente elétrica porque, sendo ele-trólito fraco, a quantidade de íons émuito pequena.

Íons Fe3+ no soloPodemos também verificar a pre-

sença de compostos solúveis de ferrono solo. O elemento ferro é um micro-nutriente dos vegetais, estando relacio-nado à formação de clorofila.

Material

• Solução de ácido clorídrico 3 mol/L (cerca de 22 mL)

• Solução de tiocianato de potássioou de amônio 0,02 mol/L (pode-se usar ‘aspirina’ – veja as notas)

• Amostra de solo• 1 béquer de 100 mL• 1 erlenmeyer de 50 mL• 2 tubos de ensaio• 1 funil com suporte• 1 proveta de 25 mL (ou algum

utensílio doméstico como mama-deira, jarra graduada etc.)

• Papel-filtro (ou coador de papel)• 1 colher (de chá) de plástico• 1 bastão de vidro (ou outro mate-

rial que sirva para provocar agita-ção, como palito de madeira)

• 1 conta-gotas

Figura 1: Aparelho de condutibilidade.

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fios desencapados

interruptor