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    O PIB do agronegcio no estado de Minas Gerais: umaanlise insumo-produto

    Aline Cristina da Cruz1

    Erly Cardoso Teixeira2

    Marlia Fernandes Maciel Gomes3

    Resumo: Neste trabalho, foram avaliadas as transformaes na estruturaprodutiva do agronegcio de Minas Gerais, segundo as definies de agregado I(fornecedor de bens e insumos para a agropecuria), agregado II (agropecuria),agregado III (processamento e industrializao agrcolas) e agregado IV(distribuio agrcola). Para isso, foi utilizada a matriz de insumo-produto deMinas Gerais, de 1999. O agronegcio gerou rendas equivalentes a 29,76% do PIBde Minas Gerais e 9,6% do PIB do agronegcio nacional. Do PIB do agronegcio

    mineiro, os setores fornecedores de insumos para a agropecuria participaramcom 20,73%; a agropecuria, com 27,53; e as atividades de processamento,industrializao e distribuio, com 51,75%. A economia mineira apresentoucaractersticas de economia alimentar industrializada, considerando aparticipao da produo agropecuria prxima de um tero do valor total doagronegcio. Tais resultados so significativos e evidenciam o grau deimportncia do agronegcio ao desenvolvimento da economia mineira.

    Palavras-chaves:agronegcio, Minas Gerais, insumo-produto.

    Abstract:Agribusiness productive structures and its changes in Minas Gerais state wereanalyzed in this study, according to following aggregate definitions: aggregate one (suppliersof input and goods for agricultural sector); aggregate two (agricultural production); aggregatethree (processing and industrialization agricultural); and aggregate four (agriculturaldistribution). For this purpose, the 1999s input-output table of Minas Gerais state was used.

    1 Professora Assistente, Departamento de Cincias Econmicas, Universidade Federal deSo Joo Del Rei. E-mail: [email protected]

    2 Ph.D. Economia Rural, Professor Titular da Universidade Federal de Viosa,Departamento de Economia Rural. E-mail: [email protected]

    3 Doutora em Economia Rural, Professora Adjunta da Universidade Federal de Viosa,Departamento de Economia Rural. E-mail: [email protected]

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    Incomes generated by agribusiness represented 29.76 percent from the GDP (Gross DomesticProduct) in Minas Gerais state and 9.6 percent from the GDP in the national agribusiness. As

    for GDP from Minhas Gerais state, agricultural input supplier sectors reached 20.73 percent;agricultutural sector (27.53 percent); processing, industrialization and distribution activities(51.75 percent). The Minas Gerais state economy was characterized as an industrial foodeconomy due to its agricultural production near of one-third of the total agribusiness value.The results are relevant and emphasize how important is the agricultural sector for thedevelopment of the economy in Minas Gerais state.

    Key-words: agribusiness, Minas Gerais, input-output.

    Classificao JEL:R15, R11, R58.

    1. Introduo

    A globalizao da produo e de capital, na dcada de 90 trouxe, comoconseqncia, a intensificao da concorrncia, o que provocou dissoluo desegmentos do agronegcio com pouca vantagem competitiva e com menorcapacidade de adaptao e acesso aos novos mecanismos de insero nomercado. A abertura dos mercados exigiu do agronegcio e dos demais setores

    maior otimizao de suas unidades produtivas, visando elevao dacompetitividade. O Plano Real de Estabilizao Econmica em meados dos anos90 teve vrios efeitos sobre o setor agropecurio e sobre as atividades ligadas aeste. Foi observada elevao dos preos de insumos, de forma generalizada, o quefavoreceu as atividades dos setores a montante do agronegcio, ou seja, dossetores que ofertam insumos e implementos agropecuria. No entanto, ospreos dos alimentos permaneceram relativamente estveis no perodo, apesardo aumento da demanda interna, reduzindo a rentabilidade e a eficincia deatividades com baixa competitividade.

    Fica evidente que o novo padro de competio revela maior segmentao eespecializao do mercado de commodities, com o objetivo de melhorar a qualidadee aperfeioar outras caractersticas dos produtos. Alm disso, o padro de consumo

    brasileiro vem revelando maiores exigncias com a qualidade e procedncia doproduto, o que exige, portanto, avanos no processo de reestruturao produtivado agronegcio. A tendncia de concentrao das agroindstrias, maiorverticalizao da produo e formao de grandes conglomerados, nos quais seevidenciam novas formas de organizao dos processos produtivos e do trabalho.Em suma, todas essas transformaes tendem a promover impactos na estrutura e

    no desenvolvimento do agronegcio de Minas Gerais.Outros questionamentos sobre o agronegcio de Minas Gerais so igualmenterelevantes, tais como sua dimenso econmica e sua contribuio para a economia

    RESR, Piracicaba, SP, vol. 47, n 04, p. 805-830, out/dez 2009 Impressa em dezembro 2009

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    do estado, alm da avaliao de sua participao na formao do agronegcio doPas. importante, ainda, determinar o agregado do agronegcio que concentra

    maior volume de produo e, portanto, detm maior representatividade. Pararesponder a essas questes, o clculo do PIB (Produto Interno Bruto) do complexoagroindustrial essencial, visto que trata-se de um agregado econmico de grandeimportncia para a identificao das transformaes da estrutura produtiva, j queoferece suporte formulao e ao direcionamento de polticas. Seguindo essa linhade pesquisa, existem diversos estudos, com diferentes objetivos, que avaliam oagronegcio em nveis regional e nacional. As anlises so feitas sob a tica de quatrograndes setores interligados, que so: agregado I (indstrias fornecedoras de bens decapital e insumos para a agropecuria), agregado II (agropecuria), agregado III(processamento e industrializao de bens agrcolas) e agregado IV (distribuio de

    bens agrcolas). Entre os trabalhos que calcularam a participao e a evoluo doagronegcio no Brasil, podem-se citar os de Santana (1994), Furtuoso et al. (1998),Guilhoto et al. (2000), Montoya e Guilhoto (2000) e Nunes e Contini (2001).

    Em anlise regional, Parr (2000) analisou a evoluo do agronegcio dascinco macrorregies do Brasil, de 1985 a 1995, e afirmou que houve reduo naparticipao do PIB agronegcio no PIB nacional no perodo. Parr e Guilhoto(2001), em estudo sobre a importncia do agronegcio para o Sul, revelaram que aregio participou com parcela de 30% do agribusinessbrasileiro. Porsse (2003)realizou este estudo para o Rio Grande do Sul em 1998 e concluiu que oagronegcio representou 29,5% do PIB do estado.

    Figueiredo et al. (2005) mostraram a importncia dos setores ligados atividade primria para a economia de Mato Grosso e definiram alguns setoresagrcolas e outros diretamente relacionados com estes como setores-chave ouplos de desenvolvimento econmico. O trabalho de Neto e Costa (2005) mostrao dimensionamento do PIB do complexo agroindustrial em Pernambuco e seusresultados ressaltam a importncia do setor para esse estado. A participao doagronegcio pernambucano no PIB estadual trs vezes maior que a do PIB dosetor agropecurio.

    No caso de Minas Gerais, so escassos os levantamentos sobre ocomportamento do agronegcio. As pesquisas disponveis, geralmente,apresentam problemas de abrangncia e periodicidade. Fernandes (1997) usou asvises sistmicas presentes nas matrizes de insumo-produto de 1980 e 1996,disponibilizadas pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Oestudo ressalta a forte especializao mineira na produo de bens intermedirios,alm da maior dependncia do mercado externo, os quais ocupam o segundo lugarno rankingdos estados com maiores volumes de exportao.

    Diawara (2002) analisou o agronegcio mineiro, no mesmo perodo de

    Fernandes (1997), isto , nos anos de 1980 e 1996, e utilizou tambm as matrizesdisponibilizadas pelo BDMG, com o intuito de analisar a evoluo da composio doagronegcio. Os resultados mostram aumento na parcela dos setores que ofertam

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    insumos agrcolas (agregado I) e reduo na contribuio dos setores deprocessamento e industrializao (agregado III) e distribuio de bens agrcolas

    (agregado IV) quando comparado 1996 com 1980. O estudo mostrou, tambm,diminuio da contribuio do agronegcio no PIB estadual entre 1980 e 1996. Noentanto, o autor identificou, como limitao de pesquisa, a impossibilidade de aanlise ser feita com base nos preos a custo de fatores. O autor realizou odimensionamento com base nos preos de mercado, ou seja, no foram excludos osimpostos indiretos lquidos que incorrem sobre a produo. Mais especificamente,esse estudo fez o clculo do PIB a preos finais pagos pelo consumidor, que inclui osimpostos indiretos que incidem sobre os produtores. Quando feita a excluso dototal correspondente aos impostos lquidos, encontra-se o PIB a custo de fatores.Ademais, a metodologia usada no trabalho apresenta alguns problemas desuperestimativas, alm da dificuldade de estimar a renda do agregado I com base novalor adicionado, o que ser discutido na seo metodolgica deste artigo.

    O presente estudo visou caracterizao da estrutura produtiva doagronegcio mineiro no ano de 1999, a partir da definio de sua dimensoeconmica e suas contribuies para a economia do estado e para o agronegcionacional. Ademais, objetivaram-se sobrepor alguns obstculos presentes notrabalho de Diawara (2002). Em primeiro lugar, usa-se uma metodologia queapresenta alguns avanos em relao aos mtodos anteriores. Em segundo, operodo de anlise deste trabalho o ano de 1999, visto que so as informaesdisponveis mais atualizadas. Em terceiro, a mensurao do PIB do agronegcio,feita neste trabalho, condiz com os preos a custo de fatores, o que corretoquando calculado o PIB sob a tica da renda.

    No que se refere estrutura do trabalho constam, alm desta introduo e dasconsideraes finais, mais trs sees. Na seo 2, discute-se o modelo terico deinsumo-produto e, na terceira, o mtodo de dimensionamento do agronegcioem Minas Gerais. Na quarta seo so apresentados os resultados obtidos.

    2. Teorias da anlise de insumo-produtoO referencial terico deste estudo est relacionado com as teorias de matriz

    insumo-produto, cujas origens esto nos estudos de Leontief, datados de 1930.Leontief (1983) aplicou a teoria econmica do equilbrio geral (interdependnciageral) em anlise emprica das inter-relaes das atividades econmicas de umanao, concentrando-se na idia de fluxo circular. A teoria de insumo-produto

    baseia-se em alguns pressupostos que correspondem simplificao do modelowalrasiano, que so equilbrio geral na economia em dado patamar de preos,

    ausncia de iluso monetria, retornos constantes escala e preos constantes.A matriz de insumo-produto (MIP) de Leontief foi criada para descrever osfluxos de bens e servios entre os setores da economia do pas, em valores

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    monetrios, durante certo perodo. Embora criada inicialmente para estudo daseconomias das naes, a matriz de insumo-produto vem sendo adaptada para

    identificar as relaes intersetoriais presentes nas economias de regies e, ou, deestados. O modelo bsico empregado em ambas as dimenses semelhante eocorre no sistema articulado por grupo de setores. Se por um lado os setoresofertam bens e servios aos demais setores, por outro, tambm demandam bens eservios dos outros setores. Segundo Langoni (1983), de acordo com Leontief, asvendas igualam-se s compras, as sadas so tambm entradas, ou os outputssogenuinamente inputs. A comercializao entre os setores econmicos demercadorias e servios definida, conforme a teoria, em unidades fsicas. Noentanto, considerando os obstculos de mensurao dos fluxos de compra evenda, como nos casos em que mais de um produto vendido, a MIP apresentada em termos monetrios.

    A anlise da MIP permite construir o fluxo para processamento da produoe considera a desagregao dos seguintes elementos:

    a) Demanda final: de acordo com as categorias de transaes em cada umdos setores de atividade econmicas;

    b) Valor agregado: obtido pelos setores nos seus respectivos processosprodutivos; e

    c) Demanda intermediria: definida pelos fornecimentos e aquisies de

    cada setor em relao a si prprio e aos demais.As estimativas da demanda intermediria permitem a construo da matriz de

    coeficientes tcnicos que informa, em termos relativos, a requisio de insumosnecessrios a cada setor para realizar a produo. A partir da matriz deinsumo-produto possvel definir a matriz de requisitos diretos e indiretos, cujoselementos indicam os efeitos totais sobre a produo do setor, advindos de variaoem qualquer componente da demanda final. Assim, um choque na demanda finaldo setor exigir que este altere seu volume de insumos nas propores indicadas namatriz de coeficientes tcnicos para responder demanda. Dado que os insumos sofornecidos por outros setores, estes tambm sofrero alteraes em suas vendas, e osefeitos da variao inicial na demanda final se propagaro por todo o aparelhoprodutivo. A Figura 1 permite visualizar as relaes intersetoriais apresentadas namatriz de insumo-produto. Para simplificao consideram-se trs setoreseconmicos. Os vetores-linha indicam os fluxos de vendas da produo do setor, nosquais se observam a distribuio do setor e suas relaes com os demais, ou seja, aslinhas apresentam as demandas intermediria e final pela produo do setor. Osvetores-coluna apontam as compras do setor necessrias para produo,considerando que a produo do setor requer insumos (nacionais e importados)

    provindos de outros setores, alm do pagamento de impostos e remunerao dosinsumos primrios (valor adicionado).

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    Setores

    Compras (j) ValorBruto

    Produo

    Xi

    Demanda intermediria Demanda final

    Setor 1 Setor 2 Setor 3 Subtotal C G I E

    )i(sadneV

    Setor 1 x11 x12 x13 X ji j

    11

    3

    , C1 G1 I1 E1 Y1 X1

    Setor 2 x21 x22 x23 X ji j

    21

    3

    , C2 G2 I2 E2 Y2 X2

    Setor 3 x31 x32 x33 X ji j

    31

    3

    , C3 G3 I3 E3 Y3 X3

    Subtotal Xiji1

    3

    Xii 21

    3

    Xi 131

    3

    Xiji j, 1

    3

    C ii1

    3

    G ii1

    3

    Iii1

    3

    Eii1

    3

    Yii1

    3

    Xii1

    3

    Importao M1 M2 M3 M ij

    1

    3

    Tributosindiretoslquidos

    T1 T2 T3 Tij

    1

    3

    ValorAdicionado

    VA1 VA2 VA3 VA ij

    1

    3

    Valor brutoda produoXj

    X1 X2 X3 Xji

    1

    3

    Fonte: PARR (2000). Adaptao de Miller & Blair (1985).

    Figura 1.Matriz de insumo produto, do tipo Leontief, para trs setores

    Sob o conceito de vendas do setor (linhas), define-se a produo total do setor(Xi) como a soma das demandas final e intermediria. Assim, considerando umaeconomia dividida em nsetores, definem-se as seguintes expresses:

    X X C I G Ei ijj

    n

    i i i i

    1

    ( ) ,j= 1, 2,..., n. (1)

    X X Yi ijj

    n

    i

    1

    , (1.1)

    em queXi a produo domstica total do setor i;Xij, produo do setor iusada como insumo intermedirio pelo setorj; Ci, produo do setor i consumidapelas famlias; Gi, produo do setor i consumida pelo governo; Ii, produo do

    setor i destinada ao investimento; Ei, produo do setorique exportada ;e Yi,demanda final do produto i.

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    As colunas, por sua vez, definem as compras de insumos intermedirios dosetor j e de todas as outras indstrias e correspondem a:

    X X M T VAj ij j j ji

    n

    1

    ,j= 1, 2 ,...,n, (2)

    no qualXj a produo domstica total do setor j;Mj, total de importaorealizado pelo setorj; Tj, total de impostos indiretos4lquidos pagos pelo setorj;eVAj, valor adicionado bruto gerado pelo setorj (a preos de mercado).

    Pode-se, assim, definir a seguinte igualdade bsica:

    X X C G I E X X M T VA1 2 1 2 (3)

    C G I E M T VA (3.1)

    Rearranjando 3.1, tem-se:

    C I G E V T VA ( ) , (3.2)

    em que (T+ VA) a renda nacional e [C+ I+ G+ (E T)]], produto nacionalbruto.

    Definindo a parcela de insumo-produto do setor i como diretamenteproporcional produo do setorj, tem-se que:

    Xij= aijXj, (4)

    em que aij o coeficiente tcnico direto de produo ou de insumo-produto.Esse coeficiente indica a quantidade necessria de insumo do setor i para aproduo de uma unidade de produto final do setorj.

    Com base na equao 4, pode-se definir o sistema aberto, de Leontief, comosegue:

    a X Y X ij j ij

    n

    i 1 ,i= 1,2,...,n. (5)

    Em termos matriciais, a equao 5 consiste em:

    AX+ Y=X, (5.1)

    em queA a matriz de coeficientes diretos de insumo de ordem (nx n);X,vetor coluna de ordem (nx 1) de valor bruto da produo; e, Y, vetor coluna deordem (nx 1) de demanda final total.

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    4 Constituem a parcela que diferencia os preos dos bens e servios pagos pelas empresasdos preos recebidos pelos produtores. O nus desses impostos transfere-se aoconsumidor final, embora sua arrecadao seja feita por meio das empresas.

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    Os coeficientes que compem a matriz de coeficientes tcnicos de produoencontrados na matriz A so definidos por:

    ax

    Xijij

    j

    , (5.2)

    em que aijdefine o quanto de cada unidade de produo total do setor jestedemanda do setor i. Os coeficientes tcnicos seguem a condio de aij< 1 e (1 aij) > 0.Cada coluna da matriz A representa a estrutura tecnolgica do setorcorrespondente, de acordo com os pressupostos de retornos constantes de escalae utilizao dos insumos em propores fixas.

    Partindo do pressuposto de que a demanda final (Y) exgena, para obter aproduo total (X), resolve-se a equao (5.1):

    X= (IA)1Y, (5.3)

    em que (IA)1 a matriz de coeficientes tcnicos diretos e indiretos, ou amatriz de efeitos globais, conhecida tambm comomatriz inversa de Leontief.

    A matriz (IA)1, definida como matriz B, mostra todos os efeitos sobre todo oaparelho produtivo da economia, decorrentes de alterao quantitativa emqualquer um dos componentes da demanda final.

    Segundo Haddad (1989), os elementos que compem a matriz inversa deLeontief possuem certas caracterstica, a saber:

    a) b aij ij , isto , cada elemento da matriz inversa superior ou equivalenteao correspondente na matriz tecnolgica, pois bijdefine efeitos diretos eindiretos sobre a produo do setor i, para responder demanda final deuma unidade monetria do setor j, enquanto o elemento aijrepresentaapenas os efeitos diretos;

    b) bij> 0, ou seja, os coeficientes da matriz inversa de Leontief so positivos,o que implica que os insumos so substitutos entre si, visto que os

    coeficientes tcnicos de produo so fixos;c) bij1se i=j, isto , os elementos da diagonal principal da matriz inversatm valores superiores ou iguais unidade. Desse modo, a variao deuma unidade monetria na demanda final de dado setor promover oacrscimo na produo de ao menos uma unidade monetria deste setor.

    3. Metodologia de dimensionamento do PIB do agronegcio

    O primeiro trabalho que aborda a expresso agribusiness data de 1957,segundo Arajo et al. (1990), e foi desenvolvido na Universidade de Harvard,tendo como resultado o livro Concept of Agribusiness, escrito por John Davis e

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    Goldberg. A definio de agribusiness, feita por esses autores, era a de umcomplexo formado por todas as operaes ligadas produo e distribuio de

    insumos agrcolas, bem como s operaes de produo nas unidades agrcolas es atividades relacionadas com armazenamento, processamento e distribuiodos produtos agrcolas e seus derivados. Essa definio confere ao setor daagropecuria a posio de ncleo do complexo agroindustrial. Os setores quefornecem insumos, implementos e mquinas para a agropecuria so chamadosde setores a montante, enquanto os que processam, transformam e distribuem osprodutos agropecurios constituem os setores ajusante. A utilizao do conceitode agronegcio deve-se ao processo de evoluo natural da agropecuria e desuas relaes com as demais atividades, como as agroindstrias, os serviosfinanceiros, as atividades de pesquisa e desenvolvimento, alm dos setoresligados comercializao, armazenagem e ao transporte de produtos rurais eagroindustriais.

    A literatura aponta diversos estudos destinados mensurao daimportncia do complexo agroindustrial ou agronegcio na economia brasileira.Dentre estes, constam Arajo et al. (1990), Santana (1994), Montoya e Guilhoto(2000), alm de Parr e Guilhoto (2001), Montoya e Finamore (2001) e Neto eCosta (2005), que focaram a relevncia do setor em nveis regionais. Esses estudosconsideram a base terica presente em Davis e Goldberg (1957), que sefundamentam em conceitos de relao insumo-produto, criados por Leontief,mas possuem algumas singularidades no que se refere definio das atividadesque compem os setores a jusante e a montante no agronegcio.

    Arajo et al. (1990), ao avaliarem o agronegcio brasileiro em 1980,concluram que esse setor representava 46% dos gastos com consumo dasfamlias e era equivalente a 32% do PIB brasileiro.Furtuoso (1998) e Parr (2000),que no dispunham de estatsticas que permitissem identificar a parcela do valoradicionado (VA) das indstrias ofertantes de insumos que absorvida pelo setorrural, estimaram indiretamente o PIB do setor a montante do agronegcio

    brasileiro com base na composio do consumo intermedirio da agropecuria.

    Essa sistemtica considera, implicitamente, que os setores industriaisfornecedores de insumos para a agropecuria apresentam um consumo nulo deprodutos agrcolas. Nos modelos analticos desses trabalhos so contabilizadas asimportaes da agropecuria de origem em outras regies do Pas, alm dasimportaes do exterior. A justificativa que tais compras de produtosimportados so importantes devido ao fato de elas indicarem possveisdependncias da regio com relao aos insumos necessrios para o setor deproduo rural. No clculo do agregado II (produo agropecuria) considera-seo valor adicionado gerado pelos setores agropecurio e extrativo vegetal.

    No estudo de Furtuoso (1998) realizado o clculo, separadamente, daindstria de base agrcola (agroindstria), ento considerado como agregado III,e da distribuio final (agregado IV). No entanto, essa autora considera que os

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    agregados III e IV compem o setor a jusante do agronegcio. Na mensurao doagregado III, adota-se o valor adicionado do setor agroindustrial, que inclui os

    seguintes setores: fabricao de elementos qumicos; indstria do caf;beneficiamento de produtos vegetais; abate de animais; laticnios; indstria doacar; fabricao de leos vegetais; madeira e mobilirio; e indstria txtil. Nocaso do agregado IV, o dimensionamento feito com base no valor adicionadodos setores de transporte; comrcio e servios. Considerando que o valoradicionado desses setores engloba todos os produtos do sistema econmico doPas, ou da regio, h necessidade de fazer uma ponderao (rateio), visandocanalizar para o agronegcio somente o total referente participao dosprodutos agropecurios e produtos agroindustriais na demanda final deprodutos do pas (regio).

    Parr (2000) seguiu o modelo analtico de Furtuoso (1998), com algumasparticularidades. A primeira refere-se aos setores que compem a agroindstria.O autor adotou os critrios da Classificao Internacional Uniforme (CIIU -verso 2). Neste caso, setor agroindustrial formado pelos setores definidos notrabalho de Furtuoso (1998), com exceo do setor fabricao de elementosqumicos, e inclui, tambm, os setores de artigos de vesturio e de produtos decouro e de calados. A segunda particularidade que distingue tais pesquisas ofato de Parr (2000) ter considerado como agregado III o setor a jusante doagronegcio, fazendo, assim, a juno dos agregados III e IV, definidos notrabalho de Furtuoso (1998).

    Como instrumental analtico desta pesquisa, fez-se uso da metodologia demensurao do agronegcio, proposta por Montoya e Finamore (2001), acrescidade algumas consideraes prprias, com o objetivo de maior preciso erepresentatividade nas estimativas.

    No que se refere estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais,foram seguidos os conceitos e procedimentos usuais de contabilidade nacionalpraticados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE). O PIB umagregado macroeconmico que serve como medida sntese do resultado da

    atividade do conjunto da economia. o agregado mais importante e corresponde produo de todos os servios e mercadorias finais dentro das fronteiras doPas, em determinado perodo. O PIB do agronegcio equivale, portanto, produo de todas as unidades produtivas de mercadorias e servios ligadas aosetor da agropecuria, ou seja, as unidades a montante e ajusante.

    O clculo do produto interno segue a sistemtica praticada pelo IBGE e podeser quantificado a preos de mercado ou a custos de fatores de produo. Adiferena entre esses conceitos que o PIB a custo de fatores elimina o totalreferente aos impostos indiretos lquidos que incorrem sobre a produo. Nesta

    pesquisa, a mensurao do PIB do agronegcio feita a custo de fatores.Considera-se o fato de que a gerao da renda ocorre paralelamente ao processode produo e exige, portanto, emprego de recursos de produo, como trabalho,

    RESR, Piracicaba, SP, vol. 47, n 04, p. 805-830, out/dez 2009 Impressa em dezembro 2009

    O PIB do agronegcio no estado de Minas Gerais: uma anlise insumo-produto814

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    capital, tecnologia e capacidade empresarial. Logo, as empresas mobilizamfatores e os remuneram sob forma de salrios, juros, aluguis e lucros, que

    representam os custos dos fatores.Outra justificativa da estimativa do PIB a custo de fatores em vez do PIB apreos de mercado est ligada, segundo Rosseti (1980), ao papel do governo, que considerado entidade que utiliza fatores de produo, e no propriamente fatorde produo. No PIB a preos de mercado so includos os impostos indiretospagos por produtores, que so transferidos aos compradores (inclusive governo)no ato da venda. Desse modo, o governo distorce os preos, visto que parte dopoder de compra gerado na atividade produtiva transferida ao agente pblico,sob forma de impostos indiretos (lquidos de subsdios). Sendo assim, o objetivoprimordial quantificar o PIB, evitando a situao em que nem todos ospagamentos feitos ao longo do processo de produo se destinem aos fatoresprodutivos. Logo, considerando o intuito de mensurar a remunerao dosfatores produtivos gerada em 1999 no agronegcio, a estimativa da renda ou daproduo deve ser feita conforme a tica dos custos de fatores. Especificamente, oProduto Interno Bruto a custos de fatores (PIBcf) o valor adicionado a preos demercado, subtrado dos impostos indiretos lquidos sobre produtos.

    O clculo do PIB pode ser efetuado segundo trs diferentes ticas:

    tica da produo: PIB = valor da produo consumo intermedirio

    impostos indiretos lquidos = valor adicionado impostos indiretos lquidos; tica da despesa: PIB = consumo das famlias + gastos do governo +

    formao bruta de capital fixo + variao de estoques + (exportaes importaes) impostos indiretos lquidos; e

    tica da renda: PIB = remunerao dos assalariados + excedente operacionalbruto impostos indiretos lquidos.

    Neste estudo, optou-se pela estimativa do PIB de Minas Gerais, segundo atica da produo. A justificativa a necessidade de menor volume de informaesestatsticas, alm de esta tica ser frequentemente usada na maioria dos trabalhos. importante ressaltar ainda que, nesta pesquisa, considera-se o setor ajusante doagronegcio de Minas Gerais, conforme feito por Furtuoso (1998). Assim, acaracterizao da estrutura de produo do agronegcio a seguinte:

    Agregado I: indstria para a agricultura - engloba os fornecedores deinsumos e fatores de produo para as propriedades rurais.

    Agregado II: representa a produo agropecuria. Agregado III: setores que recebem a produo agropecuria e agregam

    valor por meio do armazenamento e processamento aos bens agrcolas. Agregado IV: setores ligados distribuio para o consumidor final dos

    produtos agroindustriais.

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    Uma anlise complementar a possibilidade de comparar o grau dedesenvolvimento das economias mediante avaliao da estrutura do

    agronegcio, tal como apontada em Malassis (1969), que sugeriu que fosse feita acaracterizao de acordo com as participaes de cada componente (agregado)na renda total do agronegcio. Segundo a pesquisa, o perfil de economiaalimentar pr-industrial ou agrcola seria o caso em que o setor a montante(agregado I) concentraria, no mximo, 5% do valor da renda total doagronegcio. Quanto ao agregado II, este atingiria 75% da renda do agronegcio,seguido da importncia relativa de 20% para os setores a jusante (agregados III eIV). No caso de economia alimentar industrializada, segundo o autor, osagregados I e II concentrariam em torno de 17% e 32%, respectivamente,enquanto os agregados III e IV, ou setor a jusante, conjuntamente, participariamcom 51% do valor total do agronegcio. medida que o agregado II ou aproduo rural iniciasse um processo de reduo na concentrao do valor totaldo agronegcio para renda de at um tero do valor total do agronegcio, a regioestaria evoluindo do nvel de economia pr-industrial para economiaindustrializada. No caso do agronegcio do Brasil em 2005, os setores queforneciam bens e servios para a agropecuria (agregado I) concentraram 10% doproduto do agronegcio, enquanto a agropecuria e os setores a jusante,contribuem com 30 e 60%, respectivamente (Informativo Indicadores Rurais,2006). Essas so caractersticas que definem o Pas como economiaindustrializada.

    3.1. Dimensionamento do Agregado I

    Nesta seo, importante mencionar as diferenas entre as metodologiaspropostas em estudos anteriores, com vistas a justificar a escolha pelo mtodousado nesta pesquisa. Uma possibilidade para a quantificao do PIB doagregado I foi feita por Parr (2000) e Furtuoso (1998). Como no haviadisponibilidade de estatsticas sobre a parcela do valor adicionado das indstrias

    fornecedoras de insumos para a agropecuria, o PIB do agregado I foi estimadocom base na estrutura do consumo intermedirio da agropecuria. Asimportaes de insumos vindos do exterior e do resto do Pas, feitas pelaproduo rural do estado, so contabilizadas tambm, de modo que o PIB doagregado I :

    PIB do agregado I = C m miP R

    i

    1 11

    , (6)

    na qual Ci o consumo intermedirio da agropecuria; mP1 , importaes de

    outros estados; e mR1 , importaes do resto do mundo.

    Vale ressaltar que a estimativa de PIB, sob a tica da renda, deve ser feita pelovalor adicionado, e no com base no consumo intermedirio, tal como foi feito noestudo de Parr (2000). Desse modo, neste estudo, optou-se pelo mtodo

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    proposto por Montoya e Finamore (2001), que estimaram a parcela do valoradicionado associada aos setores que fornecem insumos para a agropecuria

    (agregado I). Para superar a impossibilidade de se obterem, diretamente,estatsticas acerca da contribuio sobre o valor adicionado do setoragropecurio, dado pelo setor a montante do estudo de Parr, o mtodo deMontoya e Finamore (2001) segue a hiptese de relao insumo-produtoconstante, a qual definida pela relao entre consumo intermedirio (CI) e valorda produo (VP), ou seja, CIVP . De posse dos coeficientes, doravantedenominados de coeficientes de valor adicionado, pode-se estimar a parcela dovalor adicionado (VA) de cada setor, a qual deve ser quantificada no agregado I.Mais claramente, mensura-se a parcela do valor de produo e da demanda

    intermediria de cada atividade do setor a montante do agronegcio mineiro,que equivale a

    PIB do agregado I =x

    XVAi

    ii

    i

    n1

    1

    , (7)

    em que n o nmero de setores fornecedores de insumos e bens de capitalpara a agropecuria; xi1, parcela do valor da produo do setor i, usada comoconsumo intermedirio pela agropecuria;Xi, total do valor da produo do setor

    i; e VAi , total do valor adicionado a custo de fatores do setor i, ou seja, estexcludo o valor dos outros impostos lquidos sobre a produo, isto , os outrosimpostos sobre a produo menos os outros subsdios produo que recaemsobre o setor i.

    Dado que o valor adicionado (VA) resulta da diferena entre o total do valorde produo e o total do consumo intermedirio (C), pode-se reescrever aequao 7 da seguinte forma:

    PIB do Agregado I =x

    XX

    x

    XCi

    ii

    i

    ii

    i

    n1 1

    1

    , (8)

    em que Ci o total do consumo intermedirio do setor i;x

    Xi

    i

    1 , parcelas do valor

    de produo e de consumo intermedirio de cada setor que fornece insumos paraa agropecuria, o qual deve ser incluso no PIB do agregado I.

    Outra questo relevante a importncia das compras feitas por MinasGerais de insumos agropecurios de origem nos demais estados brasileiros, almdas provindas do resto do mundo. A incluso das importaes inter-regionais eestrangeiras no PIB do agregado I discutvel devido ao conceito de produtointerno. Vale lembrar que o PIB equivale produo de todos os servios emercadorias finais dentro das fronteiras do pas ou da regio. Entretanto, ao

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    desconsiderar essas trocas interestaduais e as relaes externas do estado,pode-se incorrer em subestimativa de um setor importante do agronegcio, tal

    como o setor amontante. Com base na relevncia dos insumos de origem foradas fronteiras de Minas Gerais, neste trabalho, optou-se por incluir asimportaes do resto do Brasil e tambm as do exterior, tal como feito no estudode Furtuoso (1998) e Parr (2000). Desse modo, a equao 8 alterada para:

    PIB do agregado I =x

    XX

    x

    XC m mi

    ii

    i

    ii

    i

    nR P1 1

    11 1

    . (9)

    A opo de quantificao do agregado I, usada nessa pesquisa, segue a versomodificada do mtodo de Montoya e Finamore (2001), conforme equao 9.Todavia, mostrada, em seo posterior, a anlise comparativa dos resultadossegundo metodologia de Montoya e Finamore (2001), incluindo e excluindo ascompras inter-regionais e as importaes do exterior.

    3.2. Dimensionamento do Agregado II

    Para dimensionamento do agregado II (agropecuria), Montoya e Finamore(2001) utilizaram o valor adicionado a custo de fatores gerado pelo setor daagropecuria e extraram desse o valor adicionado a custo de fatores gerado sobre

    os insumos adquiridos no prprio setor agropecurio, pois este j est incluso namensurao do agregado I, conforme equao 9. Assim, o mtodo evita duplacontagem. Mais explicitamente, isso equivale a

    PIB do agregado II =( ) ( )VA T VA T x

    Xi

    i1 1 1 1

    1

    , (10)

    em que VA1 o valor adicionado a preo de mercado, gerado pelo setoragropecurio; T1, valor dos impostos lquidos (exclui subsdios) sobre a produo do

    setor agropecurio; e ( )VA T xX

    i

    i1 1

    1

    , proporo do valor adicionado (VA) a custo

    de fatores do setor da agropecuria, gerada sobre os insumos do prprio setor.Parr (2000) diferenciou-se de Montoya e Finamore (2001), visto que no

    extraiu o valor adicionado a custo de fatores, gerado sobre os insumos originadosdo setor da agropecuria no clculo da renda da produo rural, o que podeincorrer em superestimativa do PIB do agregado II. Mais especificamente, nomtodo de Parr (2000) no consta o segundo termo da equao 10, isto ,segue-se a seguinte equao:

    PIB do agregado II = (VA1 T1). (11)

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    3.3. Dimensionamento do Agregado III

    Na definio do agregado III ou produo agroindustrial (PAI), Montoya e

    Finamore (2001) utilizaram a Classificao Internacional Uniforme das atividadeseconmicas. H algumas diferenas nos mtodos de dimensionamentopropostos por Montoya e Guilhoto (2000) e por Parr (2000). No entanto, ambosconsideraram a questo acerca do fato de que h setores em que a atividade totalmente associada ao agronegcio e setores em que a atividade pode englobarprodutos que no pertenam ao agronegcio.

    No clculo do valor da produo agroindustrial considera-se o valoradicionado gerado pelas indstrias de base agrcola que compem o setoragroindustrial. No entanto, na delimitao do setor agroindustrial, h

    controvrsias a respeito do mtodo correto. Geralmente, o objetivo do estudo oque define a metodologia. Na definio dos setores que compem aagroindstria, h estudos que consideram a participao percentual do produtorural no valor total dos insumos usados na transformao; h os que do maiorrelevncia natureza do processamento; e h, ainda, os que tomam como base onvel tecnolgico ou a concentrao de mercados, entre outros fatores. Nessecontexto, Moretto et al. (2002) sugeriram a adoo de critrios da ClassificaoIndustrial Uniforme (CIIU - verso 2) de todas as atividades econmicas. Deacordo com essa classificao, o setor agroindustrial, conforme a agregao aqui

    usada, formado pelas seguintes atividades: Madeira e mobilirio; Indstriatxtil; Artigos de vesturio; Produtos de couro e calado; Produtos do caf;Beneficiamento de produtos vegetais; Abate de animais; Indstria de laticnios;Fabricao de acar; Fabricao de leos vegetais, tortas e farelos; e Fabricaode produtos alimentares e bebidas

    Feito isso, nesta pesquisa, segue-se Montoya e Finamore (2001) e estima-se ovalor da produo agroindustrial ou agregado III, da seguinte forma:

    PIB do agregado III = PAI VA T VA T x

    XAI AI AI AIAIA

    AI

    ( ) ( ) , (12)

    em que VAAI o valor adicionado a preo de mercado gerado pelo setor daagroindstria; e TAI, o valor dos outros impostos lquidos sobre a produo, pagopela agroindstria.

    O segundo termo da equao 12 a proporo do valor adicionado a custo defatores da agroindstria sobre o insumo agroindustrial utilizado no setoragropecurio. Esse montante extrado novamente, j que est incluso namensurao do PIB do agregado I; portanto, a sua excluso diminui problemasde superestimativas. Entretanto, Parr (2000) no fez essa excluso e estimou o

    PIB da agroindstria de acordo com a seguinte equao:PIB do agregado III = PAI VA T AI AI ( ). (13)

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    3.4. Dimensionamento do Agregado IV

    Montoya e Finamore (2001) e Parr (2000), no clculo da distribuio final

    (DIF) ou do agregado IV, tomaram como base o valor agregado dos setores detransporte e comrcio e do setor de servios. Considerando que todos os setoresda economia esto presentes nesses setores, coerente o uso de uma ponderao(ou rateio), com vistas em direcionar ao agronegcio apenas a parcela referenteaos produtos agropecurios e produtos da agroindstria na demanda final doestado de Minas Gerais. A base de clculos nesta etapa a produo interna (PI).Parte-se do conceito de produo nacional ou demanda final global de produtosnacionais e importados (DFGP). A DFGPinclui os impostos lquidos consumidospelos investimentos, pelas exportaes para o exterior e para o resto do Brasil,

    pela variao de estoque, pelo governo e pelas famlias. Desse montante,excluem-se as importaes do exterior e do resto do pas (IER) e os impostosindiretos lquidos ligados demanda final (IIL). Matematicamente, a produointerna (PI) :

    PI = DFGP IIL IER. (14)

    Para estimar a parcela do valor adicionado associada ao comrcio etransporte de produtos agropecurios e agroindustriais, os valores da margem decomercializao (MC), respectivos a esses setores, so considerados como parcela

    do valor da produo do setor de transporte e comrcio e do setor de servios quedevem ser associados ao agronegcio. A frmula de clculo da margem decomercializao (MC) :

    MC VA T VA Tx

    XVA T VAt t t t

    t

    ts s s

    ( ) (1 T

    x

    Xss

    s

    ) 1

    (15)

    em que

    VAte VAsso o montante de VAa preo de mercado, gerado pelos setorestransporte e comrcio, e servios, respectivamente;

    Tte Ts, outros impostos lquidos sobre a produo desses setores;

    ( )VA Tx

    Xt tt

    t

    18 , proporo do valor adicionado a custo de fatores do

    setor transporte e comrcio obtida sobre os insumos transporte e comrcioutilizados no setor agropecuria; e

    ( )VA T

    x

    Xs ss

    s

    15

    , proporo do valor adicionado a custo de fatores do setorservios, gerada sobre o insumo servio utilizado no setor da agropecuria.

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    Mais uma vez, Parr (2000) distinguiu-se de Montoya e Finamore (2001), poisincluiu o valor adicionado a custo de fatores do setor de transporte e comrcio e

    tambm do setor de servios gerada sobre o insumo servio utilizado no setor daagropecuria, que faz parte do PIB do agregado I. No entanto, fica claro que essaincluso no PIB do agregado IV constitui-se um problema de dupla contagem.

    No clculo do agregado IV, ou de distribuio final (DIF), ambos os trabalhosseguem a equao apresentada a seguir:

    PIB do agregado IV = DIF=Y Y

    PIMC

    ikk

    kk

    8

    . (16)

    Na equao 16, Y1k o somatrio da demanda final de produtos daagropecuria e Y8k , o somatrio da demanda final de produtos do setor daagroindstria. As expresses PI e MC correspondem produo interna e margem de comercializao, respectivamente. Matematicamente, a estimao darenda do agronegcio de Minas Gerais, sob a tica da produo, segue ossomatrios dos resultados obtidos das equaes definidas no Quadro 1, o quecorresponde a dizer que o PIB do agronegcio representa a soma do PIB dosagregados I, II, III e IV.

    Quadro 1.Mtodo de dimensionamento da renda do agronegcio usado no estudoAgregados do agronegcio Frmulas

    Agregado I Fornecimento deinsumos agropecuria

    x

    XX

    x

    XC m mi

    ii

    i

    ii

    i

    nR P1 1

    11 1

    Agregado II Produo agropecuria ( ) ( )VA T VA T x

    Xi

    i1 1 1 1

    1

    Agregado III Produo agroindustrial ( ) ( )VA T VA T

    x

    XAI AI AI AIAIA

    AI

    Agregado IV Distribuio FinalY Y

    PIMC

    ikk

    kk

    8

    Nota: Verso adaptada do mtodo proposto em Montoya e Finamore (2001).

    3.5. Fonte e tratamento dos dados

    Neste trabalho, foram utilizadas as informaes provenientes da matriz de

    insumo-produto Minas Gerais-Resto do Brasil, de 1999, sendo estas as ltimasinformaes disponveis sobre a estrutura intersetorial da economia mineira. A

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    Ao analisar a estrutura do agronegcio, conforme a metodologia A, por meioda composio do valor adicionado, observa-se que, da renda total deste setor,

    20,73% referem-se ao agregado I ou ao setor a montante. So atividades quesuprem a produo rural com insumos e implementos agrcolas em Minas Gerais.Nota-se que a produo agropecuria mineira (agregado II) detm parcela de27,53% do PIB do agronegcio. O agregado III, que composto pelos setores deproduo agroindustrial (processamento e armazenagem), possui parcela de14,33% do PIB do agronegcio de Minas Gerais, enquanto as atividades ligadas distribuio final dos bens agrcolas (agregado IV) tm a maior parcela (51,74%)da renda do agronegcio mineiro. Conclui-se que o agregado IV o setor demaior representatividade no agronegcio estadual.

    A maior representatividade dos setores de distribuio final dos produtos deorigem agrcola est ligada, sobretudo, grande contribuio do setor de serviospara a economia mineira. As atividades de servios contribuem com 46% da rendatotal de Minas Gerais, e o do comrcio, principalmente varejista, contribuifortemente para a maior participao do setor de servios no PIB do estado. Lado alado com a alta contribuio do setor de comrcio varejista est o setor de transportesde Minas Gerais, com percentuais muito baixos no total da renda do estado.

    Segundo dados do Informativo Indicadores Rurais (CNA, 2006), em 2005, aagroindstria nacional (agregado III) contribuiu com 30% para o PIB do agronegciodo Pas, cenrio distinto da economia de Minas Gerais, considerando-se a baixarepresentatividade da agroindstria mineira (14,33%) no PIB do agronegcioestadual. Percebe-se, pois, que a identificao de gargalos para o desenvolvimentoda agroindstria mineira importante. Segundo Lemos (2001), uma das razesligadas aos problemas para tornar a agroindstria atividade promotora dedesenvolvimento tem origem no processo de industrializao induzido do estado.Acreditava-se que a ampliao e a diversificao do complexo metal-mecnicomineiro induziriam, automaticamente, ao desenvolvimento agroindustrial,

    juntamente ao crescimento da base produtiva agropecuria. No entanto, somente aregio do Tringulo Mineiro experimentou, efetivamente, o dinamismo da

    agroindstria, sem que seus avanos se reproduzissem para outras regies doestado. A regio norte de Minas um exemplo, marcada pela ausncia de atividadesde processamento que impedia, portanto, a expressividade da base agroindustrial.

    Nesse contexto, pode-se afirmar que a idia de crescimento natural daagroindstria de Minas Gerais culminou no fortalecimento do setoragropecurio orientado para o mercado. A estrutura agroindustrial mineira ineficaz para absorver e desfrutar do desenvolvimento da agropecuria, j que marcada, sobretudo, por poucas unidades de processamento e por poucadiversificao. Ademais, conforme dito, a base empresarial agroindustrial

    mineira pouco dinmica. De acordo com dados da FGV7, apenas 7 das 44

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    Aline Cristina da Cruz, Erly Cardoso Teixeira e Marlia Fernandes Maciel Gomes 823

    7 Fundao Getlio Vargas. https:/ www.fgv.br.

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    maiores empresas agroindustriais do Brasil esto sediadas em Minas Gerais. Oresultado a presena de um setor agroindustrial muito aqum de sua base

    agropecuria. As importncias relativas dos agregados II e III na produo doagronegcio mineiro respaldam tal avaliao.Prosseguindo a anlise dos resultados, identifica-se que a renda do

    agronegcio de Minas Gerais foi, em 1999, de R$ 26.036.671 mil, que , cerca de 3,6vezes superior da agropecuria, mais precisamente, R$ 7.168.052 mil (Tabela 1).No mesmo ano, o valor do PIB mineiro foi de R$ 87.490.933 mil, segundo dados doIBGE, o que indica que o agronegcio contribui com 29,76% deste total.Paralelamente, a participao de Minas Gerais no agronegcio do Brasil, em 1999,foi de 9,66%, considerando o valor do PIB do agronegcio brasileiro de R$269.467.7008mil. Esta uma contribuio relativamente alta, visto que se iguala representatividade da economia mineira no valor total do PIB do Pas, no mesmoperodo. Segundo Guilhoto et al. (2000), a participao do agronegcio no PIB

    brasileiro foi, em 1999, em torno de 28,81%. Comparada com a participao doPIB do agronegcio mineiro na renda estadual (29,76%), constata-se que aestrutura produtiva, identificada para o agronegcio mineiro em 1999, indicamaior aproximao do perfil do agronegcio do estado s tendncias daeconomia nacional, no que se refere importncia desse setor para a economia.

    Os resultados obtidos quando aplicada a metodologia B, que desconsidera astransaes relativas s importaes nacionais e internacionais de Minas Gerais noagregado I, indicam que o valor do PIB do setor a montante, obviamente, sofreureduo. O setor a montante apresentou, nessa situao, renda equivalente a R$1.916.075 mil, o que implica reduo de 20,73% na participao do agregado I noagronegcio mineiro, na metodologia A, para 8,49%, na metodologia B (Tabela12). Esse resultado importante, pois aponta forte relao de dependncia daproduo rural de Minas Gerais com relao aos demais estados do Brasil e domercado internacional, no que se refere demanda de insumos e implementosagrcolas.

    A modificao na metodologia da mensurao do agregado I implica,

    certamente, em diminuio no valor da renda do agronegcio mineiro. Asimportaes interestaduais e do exterior, originrias da agropecuria, totalizaramR$ 3.481.123 mil. A excluso desse volume fez a renda do agronegcio mineiroreduzir de R$ 26.036.671 mil para R$ 22.555.548 mil. Desse modo, a importncia doagronegcio na renda da economia de Minas Gerais, embora aindaconsideravelmente substancial, passou, em 1999, a representar 25,78% da rendaestadual, em comparao aos 29,76%, caso tais transaes fossem computadas.

    De acordo com Guilhoto et al. (2000), a estimativa da participao doagronegcio no PIB do Pas foi, em 1999, em torno de 28,81%. Ao comparar essa

    informao com a participao do PIB do agronegcio mineiro na renda estadual,

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    8 Este valor est contabilizado conforme a tica do PIB a preo de mercado.

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    constata-se que a estrutura produtiva do agronegcio mineiro, em 1999, revelaperfil prximo das tendncias da economia nacional, no que se refere

    importncia do agronegcio para a economia.De acordo com Malassis (1969), a estrutura do agronegcio pode refletir ograu de desenvolvimento de uma regio. Segundo os parmetros do autor, aeconomia mineira apresentou, em 1999, o nvel de economia alimentarindustrializada, dada a participao inferior a um tero do valor total doagronegcio da agropecuria, junto maior representatividade do segmento a

    jusante. Um estudo feito para o estado do Paran, por Moretto et al. (2002),aponta o mesmo nvel de desenvolvimento para a economia paranaense, emboranesse estado, assim como em Minas Gerais, a agropecuria desempenhe papel degrande importncia na economia.

    Um estudo realizado para a Bahia, por Guilhoto e Ichihara (2006), indica que, em1999, a economia baiana se enquadrava no perfil de economia pr-industrial, dada aparticipao de 42% da produo rural no PIB do agribusinessbaiano. O resultadorepetiu na anlise da estrutura do agronegcio de Pernambuco, feita por Neto eCosta (2005). Em Pernambuco, as atividades de dentro da porteira contriburam,em 1999, com 40,9% da renda total do agronegcio, o que remete economiapernambucana como em vias de industrializao, ou pr-industrializao.

    Em sntese, verificou-se que os setores ligados a processamento,armazenamento e distribuio de produtos agrcolas (setor a jusante) oferecerammaior contribuio relativa (51,74%) na formao da renda do agronegcio deMinas Gerais. A agropecuria (agregado II), embora com peso relativo menor,tambm representou parcela importante (27,5%) na renda do agronegcioestadual. relevante tambm citar que a metodologia usada nesta pesquisaapresentou contribuies, visto que mostrou avanos em relao aos mtodosanteriores, contornando alguns problemas de estimativa e dupla contagem, bemcomo a dificuldade de estimativa da renda dos setores fornecedores de insumos agropecuria (agregado I), cuja contribuio para a renda do agribusinessmineiroesteve prxima a 21%.

    5. Concluses

    A pesquisa utilizou a matriz de insumo-produto de Minas Gerais de 1999para aplicao de uma verso modificada do mtodo de dimensionamento doagronegcio proposta por Finamore e Montoya (2001), os quais apresentaramavanos em relao a estudos anteriores, tal como a dificuldade de estimativa darenda do agregado I. A partir de informaes sobre a participao do agronegcio

    de Minas Gerais na economia do estado e da composio do agronegcio,obtiveram-se importantes concluses.

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    Primeiramente, observou-se que o agronegcio mineiro desempenhou papelfundamental na economia estadual, considerando a gerao de renda equivalente

    a 29,76% da renda total de Minas Gerais, em 1999, e a contribuio de 9,66% para arenda do agronegcio do Pas. No que refere a sua capacidade de gerao de renda,o montante foi da ordem de R$ 26.036.670 mil, que equivalente a 3,6 vezes a rendado setor agropecurio R$ 7.168.052 mil em 1999. Na anlise das contribuiesindividuais de cada agregado componente do agribusinessmineiro, identificou-se acontribuio da ordem de 20,73% na formao do PIB do agronegcio de MinasGerais por parte dos setores a montante (agregado I). Alm disso, as importaesde insumos representam parcela importante na produo dos setoresfornecedores de insumos para a agropecuria, o que revela grande dependnciadessas atividades para com a proviso de matrias-primas originrias de outrosestados do Brasil e do mercado externo.

    Quando analisada a contribuio da atividade agropecuria para a formaodo PIB do agronegcio mineiro, o montante corresponde a 27,53% da renda doagribusiness estadual. No entanto, na avaliao da produo agroindustrialmineira observou-se parcela relativamente baixa, o que definiu este agregadocomo o de menor peso relativo (14,33%) na produo do agronegcio estadual eevidencia a necessidade de um processo de dinamizao, visando a suaestruturao, para que haja condies de absorver o desenvolvimento de sua baseagrcola. As atividades de distribuio final (agregado IV) contriburam com37,41% do PIB do agronegcio mineiro, mostrando, portanto, que os setores a

    jusante tiveram maior representatividade no agronegcio de Minas Gerais e que oestado seguiu a tendncia de descentralizao da estrutura produtiva doagronegcio no Pas. A maior representatividade do setor de distribuio se deveuao setor de servios, que domina a estrutura setorial do estado de Minas Gerais.

    Na caracterizao do grau de desenvolvimento ligado estrutura doagronegcio, a economia mineira apresentou, em 1999, caractersticas deeconomia alimentar industrializada, considerando a participao da produoagropecuria prxima de um tero do valor total do agronegcio. Em suma, os

    resultados da pesquisa explicitam que as atividades do agronegcio em MinasGerais detm participao importante na renda do PIB estadual e do agribusinessnacional. Tais resultados so significativos porque evidenciam a magnitude dosetor e, portanto, o grau de importncia para a dinmica da economia mineira.

    Faz-se importante destacar os problemas relativos indisponibilidade dematrizes de insumo-produto oficiais atualizadas, os quais constituem obstculos realizao de maiores estudos relacionados com investigao de relaes econtribuies das atividades econmicas para a economia como um todo. Porfim, em que pese as questes aqui levantadas, buscou-se, principalmente,

    oferecer contribuies para aprofundar o conhecimento das caractersticasestruturais do agronegcio mineiro, que devem ser complementadas por outrasinvestigaes, dentre as quais, possveis avanos ligados etapa metodolgica de

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    quantificao da renda do agregado IV, em especial. O intuito seria aperfeioar aponderao usada para direcionamento renda do agronegcio apenas a parcela

    dos produtos agropecurios e agroindustriais que integram o PIB dos setores detransporte, comrcio e servios. Outra linha de estudo contundente a avaliaodos obstculos inerentes ao maior desenvolvimento da agroindstria mineira,passando pela identificao dos problemas ligados a esta atividade, o que poderiaauxiliar na formulao de polticas pblicas que visem ao desenvolvimento ecrescimento desse setor econmico e, conseqentemente, ao dinamismo detodos os setores ligados ao agronegcio de Minas Gerais.

    6. Referncias Bibliogrficas

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    Apndice

    Quadro 1.Classificao setorial do agronegcio mineiro

    Montante JusanteAgregado I Agregado II Agregado III

    1-Agropecuria 1-Agropecuria 8-Agroindstria2-Extrativa mineral Madeira e mobilirio3-Minerais no metlicos Indstria txtil4-Metalrgica e mecnica Artigos do vesturio

    Metalrgica Fabricao de calados Mecnica Indstria de alimentos5-Material eltrico e eletrnico6-Material de transporte Agregado IV Automveis, caminhes e nibus 15-Servios Peas e outros veculos Comunicaes7-Comunicaes Servios prestados s famlias8-Agroindstria Servios prestados s empresas Madeira e mobilirio Aluguel de imveis Indstria txtil Administrao pblica Artigos do vesturio Servios privados no mercantis Fabricao de calados 18-Transporte e comrcio Indstria de alimentos Transportes9-Celulose, papel e grfica. Comrcio10-Indstria da borracha11-Qumica Elementos qumicos Refino do petrleo

    Qumicos diversos12-Farmcia e veterinria13-Artigos plsticos

    14-Indstrias diversas15-Servios Instituies financeiras Servios prestados s famlias Servios prestados s empresas Aluguel de imveis Administrao pblica Servios privados no mercantis16-Construo civil17- Servios Ind. Utilidade Pblica18-Transporte e comrcio Transporte ComrcioFonte: Matriz insumo-produto de Minas Gerais - Resto do Brasil de 1999.

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