Pharmacevtica nº60

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Edição nº 60 da Revista Pharmacevtica

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Não vos posso assegurar, exactamente, quantas foram as horas que demorei a escrever esta primeira frase. Talvez dias. Hoje, mais do que nunca, trago uma história diferente. Nem que seja por ser a últi ma que vos escrevo neste editorial. Hoje, mais do que nunca, venho agradecer a todos. E a ninguém em parti cular. Não vou citar mestres, não vou transcrever versos originais nem frases senti das. Vou confessar-vos, a todos e a ninguém em parti cular, o que hoje sinto. Sinto-me realizada. Por ter impulsionado esta pequena revista a ser mais. Mais rica, mais verdadeira. Mais vossa. Sinto-me maravilhada. Por ter ti do este imenso privilégio nas minhas mãos. Com um propósito nobre de lhe atribuir um valor real, uma individualidade necessária. Sinto-me livre. Por vê-la nas vossas mãos. Por ver os vossos olhos percorrerem, página a página, todas as fotografi as e vibrarem com uma emoção tão própria quando nelas se encontram. Não vos posso expressar

o quanto me fascina. Admirar-vos, a todos e a ninguém em parti cular, a perscrutar com um interesse extasiado todos os detalhes. Sinto-me crescida. Porque cresci com este projecto, com uma moti vação própria e consciente da minha responsabilidade. Nunca esti ve apenas por estar. Fiquei enquanto houve tempo para fazer mais. Para vos dar mais. Fiquei enquanto vivi para alcançar todos os objecti vos que idealizei. Hoje, mais do que nunca, faz senti do entregá-la. Com um especial cuidado. Mas com o mesmo carinho que, para sempre, lhe vou atribuir como inquanti fi cável. Hoje, por não ser a mesma, e ela também não, devemos seguir caminhos diferentes. Devemos encontrar novos propósitos de realização. Hoje, mais do que nunca, por sermos diferentes queremos ser únicas. Na nossa identi dade. Na nossa tranquilidade em nos separarmos. Foi um prazer acompanhar-te, querida Pharmacevti ca.

Por | Catarina Silva

Associação dos Estudantes da Faculdade de Farmácia da

Universidade de LisboaAvenida Prof. Gama Pinto

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“Hoje, mais do que nunca, trago uma história diferente. Nem que seja por ser a últi ma que vos escrevo neste editorial. Hoje, mais do que nunca, venho agradecer a todos. E a ninguém em parti cular. “

EDITORIAL

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Caros colegas,Esti mados leitores,

É com enorme honra e orgulho que, em nome da Direcção da AEFFUL, vos escrevo as minhas primeiras palavras na Revista Pharmacevti ca, que, desta feita, conta com a sua 60ª edição.Permitam-me que, em primeiro lugar, dirija um agradecimento especial a todos os associados da AEFFUL que depositaram a sua confi ança nesta Direcção. Apresentamo-nos como uma equipa jovem, dinâmica, moti vada e inovadora, encarando este projecto com imensa dignidade, honesti dade, prazer, respeito e um enorme senti do de responsabilidade. Queria, também, dar os parabéns e desejar um excelente mandato, certo da cooperação e sinergia, aos restantes Órgãos Sociais da AEFFUL, a MAG e o CF. Não poderia deixar de fazer um alerta. Envolvidos na conjuntura actual do país, que se refl ecte directamente no Sector Farmacêuti co, consideramos que é tempo de mudar, de nos moldarmos à realidade e prepararmos o nosso futuro. Ao longo dos últi mos anos, várias medidas, não sustentadas em estudos credíveis, foram impostas, externa e internamente, à classe Farmacêuti ca e, tais medidas, culminaram numa grave crise que incidiu sobre a maioria das Farmácias em Portugal. O conceito de desemprego tornou-se, inevitavelmente, autênti co, numa profi ssão onde nunca o ti nha sido. O paradigma do farmacêuti co actual já não se adequa. Elucidados desta nova situação, é imprescindível uma forte aposta na formação dos nossos estudantes, tanto a nível cientí fi co como socioprofi ssional, privilegiando a aquisição de competências que permitam uma complementaridade ao plano curricular no MICF, a qual, certamente, fará a diferença no momento de ingresso no sector profi ssional, que, pelas razões supracitadas, e outras tantas, perspecti vamos ser cada vez mais exigente. Afi nal, a diferença entre um oportunista e um pessimista é que um pessimista encontra problemas em todas as oportunidades e um oportunista vê oportunidades em todos os problemas. Sendo nós, estudantes de multi disciplinariedade reconhecida, detentores de tantas capacidades, não poderemos ser também oportunistas de excelência? O primeiro semestre deste mandato já conta com a realização de algumas acti vidades, tais como, o XIV Curso de Farmácia Práti ca e o XVI

Seminário AEFFUL, encontrando-se a decorrer o I Curso de Gestão para Farmacêuti cos e o V Ciclo de Scienceshops, entre outras. No entanto, ainda estão reservadas imensas acti vidades para poderes usufruir, como por exemplo, o XVII Sarau Académico, que celebra o 98º aniversário da AEFFUL e o IX Ciclo de Workshops. Fica igualmente atento à reestruturação do site da Associação e à nova equipa de futsal feminino! De salientar ainda a discussão pública sobre a Fusão da UL com a UTL, que se encontra em processo. É indispensável que todos se informem sobre este assunto tão decisivo para o futuro da Universidade.Por últi mo, queria deixar um reconhecimento especial a todos os fi nalistas. Obrigado por tudo o que fi zeram por esta casa, tudo o que ensinaram e aprenderam. Aos caloiros, bem-vindos. Aproveitem tudo o que esta Faculdade tem para vos proporcionar. A todos os alunos, envolvam-se nas nossas acti vidades e desfrutem de tudo o que vos é facultado. A Associação tem sempre a porta aberta para vos receber. Despeço-me congratulando o Núcleo Redactorial da Pharmacevti ca pelo seu notável trabalho e felicitando o mesmo pela recente reestruturação que, certamente, será um novo impulso para engrandecer o seu nível de excelência. Porque a Associação é dos e para os Estudantes!

Nuno Cardoso | Presidente da DAEFFUL

“Afi nal, a diferença entre um oportunista e um pessimista é que um pessimista encontra problemas em todas as oportunidades e um oportunista vê oportunidades em todos os problemas.“

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4 Maio 2012 | pharmacevtica 60

Por | Rafaela Proença

Com o objecti vo de munir os parti cipantes com as ferramentas necessárias por forma a melhorar as suas capacidades comunicati vas, vários foram os oradores provenientes de diferentes áreas profi ssionais que procuraram expor a sua perspecti va e parti lhar conhecimentos na matéria. O facto de as suas especialidades serem tão disti ntas refl ecte o quanto a comunicação está patente em todos os quadrantes do sector, devendo ser realizada de forma efi ciente. Os módulos abordados durante esta Acção de Formação passaram pela parti lha de conselhos

iii aCção de FoRMação eM CoMUniCação na PRÁtiCa FaRMaCÊUtiCa

vii JoRnadas das saÍdas PRoFissionais

Por | Rafaela Proença

A incursão no mercado de trabalho é, para a maioria, uma preocupação de primeira linha especialmente face ao aumento da competi ti vidade no sector farmacêuti co resultante do panorama económico actual. Assim, a escolha de uma opção em detrimento de outra por entre o vasto leque de possibilidades que o MICF oferece, reveste-se cada vez mais de importância já que pode ser determinante na selecção do emprego que mais se adeque às preferências individuais. No entanto, seleccionar a opção mais acertada revela-se uma tarefa complexa e exausti va. Na base da indecisão pode estar a falta de acesso a informação actual que abranja todos os possíveis caminhos para os quais o curso em que estamos inseridos nos pode catapultar. De forma a impedir que tal aconteça, o programa abordou diferentes sectores como o das Análises Clínicas, Farmácia Hospitalar e Comunitária, Ensino, Investi gação,

Indústria, Marketi ng e Distribuição. Cada um dos profi ssionais fez uma descrição da sua ocupação procurando desmisti fi car possíveis cenários difusos ou mesmo ilusórios que os ouvintes pudessem ter. Com o objecti vo de materializar algumas das saídas profi ssionais abordadas, seguiram-se visitas ao Laboratório de Análises Clínicas Joaquim Chaves e às instalações da AtralCipan. Tomar decisões informadas é imprescindível, especialmente quando se trata de algo de tão grande dimensão como a escolha da área a que gostaríamos de nos dedicar.

GESP | 10 de Novembro

sobre como dirigir-se a grandes grupos como é o caso de campanhas e conferências, destacando o papel do marketi ng neste âmbito. A maneira ideal de lidar com a imprensa e de encarar a políti ca foram igualmente mencionadas. Sublinhou-se ainda que uma colaboração e comunicação acti va entre o farmacêuti co hospitalar, o médico e o farmacêuti co comunitário é fulcral para aumentar a qualidade de qualquer sistema de saúde. Por últi mo, mas nem por isso menos importante, discuti u-se a relação com o doente, a melhor forma de chegar até ele e de o informar de forma simples e clara.

GEF | 19 de Outubro

“Na base da indecisão pode estar a falta de acesso a informação actual que abranja todos os possíveis caminhos para os quais o curso em que estamos inseridos nos pode catapultar.”

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i CURso de FoRMação de MediadoRes PaRa a Cessação taBÁgiCa

Por | Rafaela Proença

Conscientes de que o tabagismo se apresenta como um grave problema de Saúde Pública, tendo sido inclusivamente considerado pela OMS como a maior causa de morte evitável em todo o mundo, esta iniciati va nasceu não só da perti nência em fazer chegar informação detalhada e actual sobre esta problemáti ca aos alunos, na qualidade de futuros profi ssionais de saúde, mas também pela urgência da necessidade de transmiti r um alerta à população em geral. Tendo em vista esse propósito, o curso formati vo compreendeu duas componentes: uma teórica, de exposição do tema, e uma campanha de rua subordinada ao lema: “Eu conto com uma vida sem fumo. E tu?”. Relati vamente à primeira parte, esta englobou uma descrição e caracterização das principais patologias associadas ao consumo de tabaco, parti cularmente ao nível cardiovascular e respiratório e, no módulo seguinte, a perspecti va do ex-fumador referenciando benefí cios imediatos e a longo prazo da cessação. A terapêuti ca capaz de auxiliar o fumador a ultrapassar a dependência, quer esta seja de índole farmacológica ou não, também teve um lugar de destaque assim como a caracterização do papel do farmacêuti co no senti do de correctamente prestar um aconselhamento apropriado e individualizado ao utente que a ele recorre. Durante a campanha de rua foram abordados diversos transeuntes e, àqueles que reconheciam ser fumadores, era estendido o convite para que

parti cipassem na iniciati va. Foi-lhes pedido que preenchessem um questi onário anónimo em que mencionariam dados como a frequência com que fumavam, se já ti nham efectuado alguma tentati va no senti do de desisti r e se ambicionavam ou não que tal acontecesse. Posteriormente era-lhes pedido que entregassem um cigarro e o quebrassem, colocando-o num recipiente apropriado, recebendo em troca uma peça de fruta. Este gesto simbólico deveria ser encarado como o estabelecimento de um compromisso no senti do da cessação e simultaneamente serviria como promoção de hábitos saudáveis. Foram também distribuídos fl yers com informação complementar em que estavam enumerados os diversos produtos de suporte disponíveis tais como gomas, adesivos e comprimidos. Este curso foi considerado “uma mais-valia para o meu futuro enquanto farmacêuti ca” pela parti cipante Vanessa Carreira que referiu ainda que “para além de nos relembrar de todos os malefí cios do tabaco, deu-nos a conhecer várias técnicas com as quais podemos cati var os fumadores para a iniciação da cessação tabágica. Só o facto de um fumador ter ao seu dispor, numa farmácia local, uma pessoa formada que o pode informar das várias opções que existem no mercado é um grande ganho! (...) O mais trabalhoso foi mesmo a campanha de rua já que as pessoas eram abordadas e não chegavam a nós por iniciati va própria.”

GIPES | 26 de Outubro e 2 de Novembro

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6 Maio 2012 | pharmacevtica 60

Por | João Roma

Com a colaboração preciosa da Dr.ª Luísa António, esta tratou-se de uma acti vidade de moldes interacti vos, onde se discuti u a preparação e ati tude adaptadas à audiência no decorrer de uma apresentação. Os Ciclos de Formações Educati vas, organizados pela AEFFUL, têm como intuito permiti r aos alunos adquirir um leque de competências não-formais, as ditas soft skills, cujo peso na formação dos futuros profi ssionais é cada vez mais discuti do dentro e fora do âmbito académico. Dadas as difi culdades que o país atravessa

e mais especifi camente a situação actual do Sector Farmacêuti co, assisti mos a um acréscimo exacerbado da competi ti vidade no mercado de trabalho, que exige aos Farmacêuti cos algo que os diferencie enquanto classe profi ssional e a cada indivíduo que se disti nga através da valorização pessoal. Como profi ssional de saúde qualifi cado e com conhecimentos únicos, a capacidade de se afi rmar prende-se com uma postura confi ante, adaptada e comunicati va.

Departamento Educati vo | 8 de Março

FoRMação edUCativa tÉCniCas de aPResentação de tRaBaLHos

Xiv CURso de FaRMÁCia PRÁtiCa

Por | Liliana Marques

Terminados os 9 semestres de imensa teoria, eis que surge no horizonte uma mudança de paradigma: o estágio! Com o aproximar desta nova etapa, ocorrem-nos perguntas diversas: Será que toda a teoria não fi cou apenas nos exames? Será que vamos saber fazer um bom aconselhamento na farmácia? Como é que vamos associar os nomes comerciais aos das substâncias acti vas? O que são efecti vamente, na práti ca diária, o aconselhamento farmacoterapêuti co e os cuidados farmacêuti cos? Findo este percurso, deparamo-nos com a existência de uma lacuna, que se prende com a aplicação da teoria à práti ca. É certo que o estágio serve para isso mesmo, mas como conseguir uma melhor preparação para o mesmo e, posteriormente, para o mercado de trabalho? O curso englobou dois dias de apresentações no auditório, sendo que os restantes dias foram dedicados a workshops. Os temas abordados nos dias de auditório foram direccionados para questões

extremamente relevantes e úteis, com as quais temos pouco ou nenhum contacto durante o nosso percurso académico. Os workshops contaram com a colaboração de farmacêuti cos comunitários que, através da resolução conjunta de casos práti cos, relati vos a matérias comuns no dia-a-dia da farmácia, nos inteiraram acerca do aconselhamento ao doente recorrendo a medicamentos não sujeitos a receita médica. Foram dias muito intensos, muito proveitosos e nos quais a informação e o conhecimento transmiti dos foram, na grande maioria, automati camente absorvidos, por serem novos e necessários ao que se avizinha. Este curso proporcionou a supressão da tal lacuna, dando-nos bases das quais não éramos detentores, reforçando outras já adquiridas, complementando-as, e acalmando um pouco o espírito dos mais ansiosos!

GESP | 13 a 20 de Fevereiro

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Por | Carlos Neto

O que são Terapias Avançadas? Foi este o mote do III Congresso Cientí fi co AEEFUL, cuja coordenação cientí fi ca coube à Dra. Margarida Menezes Ferreira e ao Doutor João Gonçalves. A Dra. Margarida Menezes Ferreira, enquanto representante do INFARMED, iniciou a plateia nesta temáti ca. As Terapias Avançadas englobam medicamentos biológicos, técnicas, procedimentos e estratégias médico-farmacêuti cas inovadoras com vista à reposição de certas funções alteradas aquando de uma determinada patologia. A terapia génica, a terapia com células somáti cas e a engenharia de tecidos são os pilares principais desta área. Os desafi os são imensos, mas as possibilidades são maiores: centros de investi gação de todo o mundo, ligados a áreas como a bioquímica celular, virologia, farmacologia e fi siologia, fervilham todos os dias com novas ideias e ensaios que prometem acrescentar contributo a esta área. O Painel I com o tema “Terapia Celular” premiou pela apresentação entusiasmante do Dr. Nuno Neves, pertencente ao grupo 3 B’s da Universidade do Minho. Todos puderam constatar a vantagem no uso de estruturas porosas tridimensionais que permitam o crescimento mais efi caz de condrócitos (células do tecido carti laginoso) para a medicina regenerati va da carti lagem humana, podendo ter aplicação práti ca por exemplo em determinadas lesões verifi cadas nos jogadores de Futebol. Curiosamente, Portugal é actualmente uma potência mundialmente reconhecida na área

da Medicina regenerati va de tecidos, sendo que o Insti tuto Europeu de Excelência em Engenharia de Tecidos e Medicina Regenerati va se situa no norte do País. É um exemplo claro da qualidade de certos trabalhos de investi gação desenvolvidos em Portugal e que muitos jovens farmacêuti cos desconhecem. Ainda neste tema foi feita a importante disti nção entre células estaminais, multi potentes, pluripotentes e iPS (células pluripotentes estaminais induzidas), mais uma vez com exemplos de aplicação práti ca: a injecção localizada de células estaminais no coração após um enfarte do miocárdio poderia levar a um processo de diferenciação destas mesmas células e, desta forma, à regeneração do tecido muscular. O painel II focou as terapias celulares em contexto hospitalar. Foram focadas noutras apresentações as boas práti cas de fabrico de medicamentos hospitalares, nomeadamente para garanti r as condições de esterilidade e inexistência de contaminações. O painel foi concluído com a apresentação de diferentes empresas farmacêuti cas, onde pudemos conhecer, entre outras, a empresa Cythothera, que tem como serviços o processamento, criopreservação e armazenamento de células do cordão umbilical. Auto-inti tula-se uma empresa de starti ng material, ou seja, um banco privado de células e desti tuído de capacidade de produção de medicamentos biológicos de terapia avançada, defi nição que se aplica em parte para permiti r um enquadramento na Lei Portuguesa e perante as

III Congresso Científico de SaúdeTERAPIAS AVANÇADAS: UMA REALIDADE FARMACÊUTICA?

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8 Maio 2012 | pharmacevtica 60

diversas enti dades e agências reguladoras deste ti po de produtos, nomeadamente o Infarmed, EMA (Agência Europeia do Medicamento) e ASST (Autoridade para os Serviços de Sangue e da Transplantação). No painel “Problemas Biológicos: Riscos e Segurança”, foi focada a segurança viral dos produtos e medicamentos de terapia avançada, nomeadamente os métodos que detectam uma possível contaminação viral indesejada. Foram ainda discuti dos três medicamentos de terapia génica que uti lizam vectores virais, com o objecti vo de fazer chegar determinada macromolécula como um DNA ou uma proteína à célula. Se bem que já tenham sido submeti dos à EMA, nenhum obteve ainda autorização de introdução no mercado. Cabe às agências reguladoras verifi car as vantagens do uso deste ti po de abordagens face às existentes, e verifi car o respeito de alguns parâmetros como a toxicidade e estudar outros, como a farmacocinéti ca e a farmacodinâmica. Visto que o uso de vírus, ainda que inacti vados, seja muitas vezes fonte de receio e desconfi ança, foram apresentados vectores alternati vos como os lipossomas Por fi m, o painel de encerramento permiti u uma discussão sobre o futuro das terapias avançadas, onde o Professor Doutor Carolino Monteiro focou a bioéti ca, lembrando-nos da importância de existi rem comissões de éti ca e agências capazes de acompanharem os avanços cientí fi cos em questões difí ceis como as células estaminais poderem ou não ser patenteadas. A Dra. Laura Suter-Dick, em representação da Roche, mostrou-nos qual a abordagem de uma indústria farmacêuti ca de renome face ao uso de células estaminais. O facto da discussão se ter prolongado para lá da hora de fi nalização prevista é sinal que este é um tema actual, com inúmeras possibilidades de aplicação e muito promissor enquanto aposta para o futuro médico-farmacêuti co. Arrisco-me a dizer que certas patologias como o cancro, as doenças neurodegenerati vas e sequelas resultantes de acidentes isquémicos, nomeadamente os AVC’s e enfartes, serão largamente benefi ciadas pelas inúmeras abordagens inovadoras desta área e, quem sabe, encontrarão neste campo uma solução terapêuti ca que conduza à recuperação da totalidade ou quase totalidade das funções tecidulares fi siológicas normais.

GEF | 24 e 25 de Novembro

Por | Margarida Menezes Ferreira | Conselheira Cientí fi ca

Interessante desafi o este do Professor João Gonçalves e do GEF-DAEFFUL de colaborar na coordenação cientí fi ca do III Congresso Cientí fi co AEFFUL sobre medicamentos de terapia avançada. Interessante por

se tratar de um tema que me é caro mas sobretudo pela surpresa de senti r o entusiasmo parti lhado com jovens alunos em torno de uma área tão complexa e sobretudo diversa do contexto “tradicional” farmacêuti co. O programa foi concebido para perspecti var as oportunidades de desenvolvimento em Portugal de terapias de base celular incluindo terapia celular somáti ca e com tecidos de engenharia ou de terapia génica. Contou por isso com a apresentação por diferentes oradores não só nacionais como de outros países europeus, envolvendo reguladores mas sobretudo representantes dos sectores relevantes de investi gação e de empresas dedicadas ao desenvolvimento deste novo ti po de medicamentos. As diversas apresentações cobriram as áreas candentes das células estaminais, da imunomodulação como arma terapêuti ca, da engenharia de polímeros para a construção de tecidos humanos bem como questões mais regulamentares. Em mesa redonda debateram-se difi culdades e desafi os para a indústria emergente bem como as fontes de fi nanciamento necessárias e existentes. A reunião foi objecti vamente difí cil dado que apresentou temas em fase inicial de desenvolvimento com uma intensidade cientí fi ca muito grande e para os quais ainda não existem grandes certezas ou padrões de comparação. É ainda de realçar – sobretudo louvar - o enorme empenho e profi ssionalismo com que foi conduzido o laborioso processo de assegurar a concreti zação de um programa com a parti cipação de oradores provenientes de diferentes locais de Portugal, Alemanha, Suíça e Espanha, de diferentes insti tuições e de todos os alunos inscritos.

Agradecimentos | Professor João Gonçalves, GEF-DAEFFUL, Parti cipantes

INTERESSANTE DESAFIO

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sobre como manusear os aparelhos que iriamos posteriormente usar. Chegado o dia 14, era hora de colocar os conhecimentos teóricos em práti ca! Ao longo do dia esti vemos distribuídos por três postos nos quais avaliamos os hábitos, o estado da pele e do cabelo e aconselhamos, de acordo com cada pessoa.GIPES | 13 de Março

iii CURso de FoRMação de MediadoRes PaRa a saÚde deRMatoLÓgiCa e CaPiLaR

Por | Marília Fernandes

Não há melhor expressão que descreva o curso do que um dos próprios temas: “Na Pele do Farmacêuti co”.Este contou com a presença da Professora Doutora Helena Ribeiro como conselheira cientí fi ca, e também de outros profi ssionais de saúde convidados. Na teoria foram discuti dos os mais variados temas, começando por uma abordagem geral sobre a pele, a sua consti tuição e importância enquanto órgão, e das alterações pelas quais passa ao longo da nossa vida, remetendo-nos para a importância dos cuidados que devemos ter com ela. Foi ainda salientado o papel do farmacêuti co no aconselhamento ao doente, tanto numa perspecti va cosmetológica como em afecções dermatológicas, não esquecendo o esclarecimento sobre o ciclo capilar e os problemas com ele relacionado. Para complementar ti vemos uma breve explicação

Xvi CURso de FoRMação de MediadoRes PaRa a edUCação na saÚde eM sida, dsts e toXiCodePendÊnCia

Por | Rafaela Proença

À semelhança de anos anteriores, os parti cipantes foram numerosos, mostrando curiosidade em aprender mais sobre o tema e tendo também em mente o objecti vo de, posteriormente, conseguirem transmiti r a informação adquirida. Organizado pelo GIPES e orientado pela Profª Doutora Odett e Ferreira, nome de referência no que ao VIH diz respeito, o curso mostrou-se a oportunidade ideal para aprofundar conteúdos leccionados ao longo do MICF e transpô-los para a realidade. Ao longo da semana foram sendo esclarecidos diversos conceitos relati vos ao VIH começando por aspectos básicos de virologia, formas de transmissão, prevenção e epidemiologia. A abordagem terapêuti ca, monitorização laboratorial do vírus e infecções associadas foram igualmente objecto de exposição. Num painel posterior falou-se de DST’s, a sua transmissão e formas de prevenção. Foi esclarecido o papel do farmacêuti co comunitário

na monitorização de programas de prevenção e de promoção da saúde do toxicodependente e o do farmacêuti co hospitalar na dispensa de medicamentos anti retrovirais. A componente sociológica não foi negligenciada tendo-se discuti do a importância do acompanhamento humano e psicológico do indivíduo infectado e a necessidade da sua inclusão social. A campanha de rua que decorreu no dia 1 de Dezembro e posteriores visitas a residências foram consideradas pela maioria como o ponto alto do curso. Houve algum choque por entre os mediadores com a falta de informação e preconceito que existe ainda por parte do público em geral em relação ao tema. Devido a esta constatação, de que falta ainda um longo caminho a percorrer, demonstra-se essencial manter este ti po de campanhas de sensibilização e dar conti nuidade à realização deste curso.

GIPES | 14 a 18 de Novembro

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10 Maio 2012 | pharmacevtica 60

Xvi seMinÁRio aeFFUL QUando as aMeaças se tRansFoRMaM eM oPoRtUnidades

Por | Tiago Vieira

Numa altura em que o sector farmacêuti co atravessa grandes difi culdades a AEFFUL organizou mais um Seminário com o intuito de actualizar os alunos sobre tudo o que se passa na nossa profi ssão. O início da acti vidade teve por objecti vo dar-nos a conhecer o valor de um farmacêuti co no seu local de trabalho, elucidando-nos sobre o que podemos fazer e da responsabilidade que temos nestas áreas. Tivemos ainda a perspecti va de um médico que deixou a ideia de que, cada vez mais, há a necessidade de aumentar a comunicação entre médicos e farmacêuti cos para melhorar os cuidados de saúde e o atendimento aos doentes. Para terminar ouvimos a declaração do Prof. Doutor Carlos Maurício Barbosa, Bastonário da OF, sobre o estado da nossa profi ssão e das difi culdades que se avizinham. A visão dos números que marcam a crise do sector e da verdadeira situação incomportável em que este se encontra foi incontornável. Seja devido às políti cas prati cadas até agora mas também a um adormecimento do sector que deixou escapar

várias oportunidades de expandir a sua área de acção muito por causa dos “Bons anos da Farmácia”. Ficámos ainda a conhecer as alterações legislati vas e regulamentares que estão a decorrer. Igualmente objecto de discussão foram as alterações necessárias ao ensino de Ciências Farmacêuti cas, um processo que se advinha lento. Seguidamente ti vemos a possibilidade de ouvir falar de grandes exemplos de sucesso e ao mesmo tempo foi-nos pedido para pensarmos “fora da caixa” e procurarmos reinventar o sector farmacêuti co com ideias e projectos inovadores que serão o futuro do sector. O encerramento dos trabalhos contou com uma Mesa Redonda onde fi cou presente que urge o fecho de cursos de Ciências Farmacêuti cas e também que se advinha um futuro pouco animador. Não obstante, estaremos cá para ultrapassar as difi culdades, sendo que juntos conseguiremos uma dignifi cação e expansão do sector.

Departamento Educati vo | 29 de Março

Agradecimentos | Dra. Ema Paulino, Dra. Filipa Duarte Ramos e Dr.

Hipólito de Aguiar

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pharmacevtica 60 | Maio 2012 11

Xvi seMinÁRio aeFFUL QUando as aMeaças se tRansFoRMaM eM oPoRtUnidades JANTAR DE NATAL

Por | Inês Marti ns

Há poucas Faculdades assim, onde a existência de apenas um curso e o facto de o número de alunos não ser tão elevado quanto isso, contribuem para a existência daquela a que muitos carinhosamente apelidam de Família FFULiana. Família que se preze, cumpre a tradição e todos os anos se reúne à volta do Pinheiro para a celebração desta época de união e parti lha. É de sorrisos, gargalhadas, sonhos e rabanadas que se recheiam os corações nesta noite já característi ca da nossa casa. Há troca de presentes, brinda-se ao futuro, entoam-se canções tí picas e dança-se com alegria, sempre na companhia daqueles que nos são mais queridos. Porque afi nal, os amigos são a família que podemos escolher.

Departamento Cultural e Académico | 15 de Dezembro

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12 Maio 2012 | pharmacevtica 60

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pharmacevtica 60 | Maio 2012 13

Por | Inês Marti ns

Tirem-me a vista.

Tirem-me para sempre a luz do Algarve, ti rem-me as fotografi as, recheadas de momentos,

ti rem-me a praia ali tão perto e a piscina ao fi m da tarde.

Tirem-me o ouvido.

Tirem-me para sempre a música das noites sem fi m,

Tirem-me os gritos e gargalhadas das tardes desporti vas e o som dos despiques e desafi os,

Tirem-me o ti lintar das caricas e a entoação do brindar.

Tirem-me o gosto.

Tirem-me para sempre o sabor do atum a sair da lata, ti rem-me o esparguete e a carne picada,

Tirem-me as bolachas e as tostas de madrugada.

Tirem-me tudo isto, mas não me ti rem o tacto.

Porque se eu ainda for capaz de senti r o calor do Sol da manhã ao fi m da noite,

O som dos risos despreocupados ou o abraço dos meus amigos, serei capaz de dizer,

Se não me ti rarem a fala, que estou na Farmo.

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14 Maio 2012 | pharmacevtica 60

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Viagem de Finalistas

Brasil 201224 de Fevereiro a 3 de Março

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pharmacevtica 60 | Maio 2012 15

Por | Inês Marti ns

Digam-me que não acreditam no Céu, e eu digo-vos para pensarem melhor. Desafi o-vos a pegar nos vossos amigos e ir. Ir para onde vos apetecer, para um síti o despido de preconceitos e preocupações, deveres e obrigações. Vivam dez dias de praia em Fevereiro, dancem horas sem parar, mergulhem sob a Lua do hemisfério sul, viagem quilómetros com o vento e o sol a bater na cara, desçam dunas, façam skybunda, aerobunda e provem cocada com doce de leite. Falem o delicioso Português com açúcar, impossível de pronunciar sem um sorriso e apercebam-se de que o Paraíso é real, existe mesmo! E se recordar é viver, então todos seremos imortais. Uma viagem assim não se esquece e há imagens que valem mais do que mil palavras… Aí meus quiridos, a gentxi tá mandando bem!Ba

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Brasil 201224 de Fevereiro a 3 de Março

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16 Maio 2012 | pharmacevtica 60

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pharmacevtica 60 | Maio 2012 17

aeFFUL

Por | Nuno Cardoso, Bruna Tavares, Diogo Raimundo Presidência da DAEFFUL 2012

Segundo os Estatutos da AEFFUL, aprovados no já longínquo ano de 2008, compete à Direcção dirigir, administrar e representar a AEFFUL, sendo directamente responsável pela prossecução dos seus objecti vos. São estas e outras competências, simples à primeira vista, que tornam a Direcção da AEFFUL cada vez mais imprescindível na vida académica dos seus associados. Conscientes da importância intrínseca que uma Direcção acti va, objecti va e práti ca pressupõe, a DAEFFUL 2012 apresenta-se como uma equipa dinâmica, moti vada e inovadora, sempre ciente do seu Plano de Acti vidades. A exigência, rigor, responsabilidade e capacidade de inovação são as característi cas privilegiadas na consti tuição desta equipa, com o profi ssionalismo necessário para enfrentar e abordar os novos desafi os que surgem. Envolvidos na conjuntura actual, consideramos crucial a aposta na formação dos nossos estudantes e um estreitamento de relações com as várias enti dades do Sector Farmacêuti co, bem como com os Órgãos de Gestão da Faculdade. Assim sendo, é com enorme honra, orgulho, respeito e senti do de responsabilidade que cada um dos vinte e três elementos da Direcção encara este projecto e trabalha para representar cada associado da AEFFUL, ou seja, cada estudante da FFUL. Mesa da Assembleia Geral | João Bernardo, José Honório, Irma Gomes. Conselho Fiscal | Pedro Borga, Catarina Morgado, Rute Henriques.

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aeFFUL

Por | Nuno Cardoso, Bruna Tavares, Diogo Raimundo Presidência da DAEFFUL 2012

Segundo os Estatutos da AEFFUL, aprovados no já longínquo ano de 2008, compete à Direcção dirigir, administrar e representar a AEFFUL, sendo directamente responsável pela prossecução dos seus objecti vos. São estas e outras competências, simples à primeira vista, que tornam a Direcção da AEFFUL cada vez mais imprescindível na vida académica dos seus associados. Conscientes da importância intrínseca que uma Direcção acti va, objecti va e práti ca pressupõe, a DAEFFUL 2012 apresenta-se como uma equipa dinâmica, moti vada e inovadora, sempre ciente do seu Plano de Acti vidades. A exigência, rigor, responsabilidade e capacidade de inovação são as característi cas privilegiadas na consti tuição desta equipa, com o profi ssionalismo necessário para enfrentar e abordar os novos desafi os que surgem. Envolvidos na conjuntura actual, consideramos crucial a aposta na formação dos nossos estudantes e um estreitamento de relações com as várias enti dades do Sector Farmacêuti co, bem como com os Órgãos de Gestão da Faculdade. Assim sendo, é com enorme honra, orgulho, respeito e senti do de responsabilidade que cada um dos vinte e três elementos da Direcção encara este projecto e trabalha para representar cada associado da AEFFUL, ou seja, cada estudante da FFUL.

Mesa da Assembleia Geral | João Bernardo, José Honório, Irma Gomes.

Conselho Fiscal | Pedro Borga, Catarina Morgado, Rute Henriques.

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18 Maio 2012 | pharmacevtica 60

aaUL

Por | João Marecos | Presidente da Direcção de 2012

Enquanto Presidente da Direcção-Geral, devo confessar-me orgulhoso dos membros que comigo aceitaram este desafi o: vejo-os empenhados e comprometi dos com um projecto de crescimento e de sedimentação do papel da AAUL na vida da nossa Universidade. Foi patente nos últi mos anos o claro pendor dos nosso esforços no senti do de assegurar uma representação externa coesa e fi rme na defesa dos interesses dos nossos alunos. É sem dúvida um plano destacado da nossa acti vidade e não pretendemos de todo descurá-lo. Ainda assim, temos como missão fundamental, neste mandato, aumentar a parti cipação da AAUL no plano interno, através da realização de acti vidades que envolvam todos os alunos da Universidade de Lisboa e de medidas que a todos aproveitem.Julgamos ser este o caminho de afi rmação de uma Associação crucial na criação de um senti mento de

aPeFPor | Teresa Torres | Presidente da Direcção de 2012

A Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia (APEF) tem desde o passado dia 11 de Novembro de 2011, uma nova Direcção. A APEF, com apenas 14 anos de existência, há muito que conseguiu um lugar presti giado no seio do sector das Ciências Farmacêuti cas em Portugal. Sendo o nosso principal objecti vo defender os interesses dos estudantes do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuti cos a nível nacional, a APEF renova-se todos os anos, com vista a melhorar e a tornar a forma como representa os seus estudantes, cada dia mais forte. Mais do que uma associação de estudantes, a APEF é uma associação de futuros profi ssionais e por isso, para além das acti vidades que promove para os estudantes, como o Encontro Nacional de Estudantes de Farmácia ou o Concurso de Aconselhamento ao Doente, a APEF assume uma postura críti ca e de

pertença a algo maior que a Escola em que temos aulas. A Universidade tem potencialidades únicas de enriquecimento humano e é nossa meta explorá-los em benefí cio dos nossos representados.Pretendemos que os nossos esforços nesse senti do sejam discerníveis desde logo, para que possam dar frutos a tempo de tornar a Universidade de Lisboa numa Universidade não só de nome, mas também de facto. Reitero o voto que deixei no discurso que então proferi: Ser estudante universitário não se esgota no estudo. Nem nas festas. Ser estudante universitário é mais, é querer fazer, querer acrescentar, querer criar. É ser aluno mas é também não ser só aluno. Os desafi os existem e são para todos. Ser estudante é ultrapassá-los. Caros colegas, deixo-vos mais um: venham ser estudantes connosco.

22 de Fevereiro 2012

intervenção perante os problemas que, hoje mais do que nunca, afectam a nossa profi ssão e o nosso percurso académico. O Fórum Educacional e o Observatório de Empregabilidade em parceria com a Ordem dos Farmacêuti cos e a Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuti cos (iniciado já no mandato anterior) são bons exemplos da nossa capacidade, enquanto associação representati va de cerca de 6000 estudantes, de intervir e de mudar. Para este mandato, a Direcção da APEF, juntamente com todos os seus 8 membros (AEFFUL, AEFFUP, NEF/AAC, AECFUL, NCFISCSEM, NCFISCSN, NECifarm e UBIPHARMA), pretende conti nuar a fazer crescer esta associação, com trabalho, esforço e companheirismo. Porque juntos, faremos, com toda a certeza, a tão importante diferença!

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próximas semanas, e ajudá-los a alcançar a subida de divisão. Este ano, a equipa de Voleibol feminino fez história. Disputou, pela primeira vez, a fi nal do Campeonato Universitário de Lisboa da 1ª divisão, tendo fi cado em 2º lugar nesta competi ção. A equipa, que está de parabéns, viu ainda ser entregue à atleta Sofi a Costa o prémio de melhor Atleta do Ano, no jantar de entrega de prémios. As voleibolistas seguem para os Campeonatos Nacionais Universitários, que se realizam em Braga de 17 a 20 de Abril. Nas modalidades da UL destaque para um colega nosso, que se sagrou campeão universitário de Karaté no passado dia 10 de Março, em Aveiro. Parabéns, André Simão! Ainda este semestre arrancam os treinos da equipa de Futsal feminino, todas as interessadas em integrar a nova equipa deverão enviar um e-mail para desporti vo@aeff ul.pt.

desPoRto na FFUL

Por | André Reis

O desporto na FFUL está vivo, e recomenda-se! Para além da equipa de Futsal masculino, e da equipa de Voleibol feminino, que é conjunta com Medicina, temos vários estudantes/atletas a parti ciparem nas modalidades que a Universidade de Lisboa oferece, nomeadamente nas equipas de basquetebol, masculino e feminino, na equipa de atleti smo, e no karaté. A equipa de Futsal masculino, que compete na 2ª divisão do Campeonato Universitário de Lisboa,

tem conseguido ópti mos resultados, tendo-se apurado para a fi nal desta c o m p e t i ç ã o . Temos, portanto, o p o r t u n i d a d e de ir apoiar os nossos rapazes nas

Por | Carolina Caldeira, Melanie Reis, Pedro Coelho, Sara Chin-Tack

O Núcleo de Acção Social (NAS) da AEFFUL é responsável pela informação e divulgação da acção social escolar e promoção da solidariedade e desenvolvimento social. Quanto à divulgação da acção social, o NAS encarrega-se de te informar relati vamente às bolsas de estudo no Ensino Superior, às ementas semanais das canti nas universitárias e ainda afi xa os anúncios dos alojamentos para quem procura casa – podes encontrar tudo isto no painel de informações que se encontra junto à entrada da AEFFUL. No que respeita à promoção da solidariedade e desenvolvimento social, o NAS desenvolve campanhas de divulgação e de recolha de materiais que tenham como objecti vo ajudar insti tuições ou projectos de cariz social, desperta para iniciati vas como acções de voluntariado, e ainda acompanha os interessados em acti vidades que se desenvolvam

fora faculdade, sempre no senti do de aprofundar o lado mais solidário dos alunos da FFUL. Como meios de divulgação das ati vidades do NAS, receberás mensalmente pelo e-group do ano a newslett er mensal, e se ainda não és nosso amigo no facebook, junta-te a nós! Consulta a nossa página de rede social que está em constante dinâmica e mostra as nossas acti vidades. O NAS renovou os seus elementos no passado dia 20 de Fevereiro de 2012. Mudaram as caras, mas mantém-se um grupo de pessoas que está sempre disponível para ti , para as tuas sugestões, para as tuas dúvidas! Não hesites em contactar-nos caso necessites de alguma informação, quer directamente com os elementos consti tuintes, quer através do nosso correio electrónico: nas@aeff ul.pt.

Envolve-te no mundo à tua volta!

nÚCLeo de aCção soCiaL

Envolve-te no mundo à tua volta!

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20 Maio 2012 | pharmacevtica 60

A TAFUL, aos 16 anos, volta a virar uma importante página repleta de festivais, actuações e prémios…quando António Valério passa o seu cargo de magister para João Eira (Ferrão).

Por | André Reis

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NRP: O que é que fi cou por fazer como magister?

António Valério (AV): Normalmente quando chega o passar da pasta não há um plano defi nido, mas é claro que temos os nossos objecti vos pessoais como o de fazer o nosso festi val, e assim o fi zemos. Mesmo assim, fi cam sempre coisas por alcançar com a vontade de querer fazer mais e melhor. O desejo de evoluir musicalmente está presente e de que o pessoal mais novo se desenvolva rapidamente e se torne autónomo. Mesmo assim, uma das coisas que deixei para trás é aquela utopia de gravarmos um CD, mas isso acabou por ser impossível.

NRP: Mas não estão perto de fazer uma gravação?

João Eira (JE): Sim, mas isso não é mérito meu nem do Mário Santos, foi uma proposta dos Corvos que até foi apresentada no fi m do mandato do Valério. Será obviamente um marco importante de, pela primeira vez, a tuna conseguir ter uma gravação de qualidade de algumas das nossas músicas essenciais.

NRP: Como é que foi a tua primeira actuação como magister?

JE: Foi no dia 11 de fevereiro e fomos tocar a um evento que se inti tulava “enamorar”, com o objecti vo de tocarmos algumas serenatas no âmbito do dia dos namorados. Pessoalmente, e vou ser sincero, de inicío não estava a senti r-me de forma diferente, até quando me deu um click, na altura de fazer o grito, e… Não sabia o que fazer. Apercebi-me que ti nha de ser eu a fazê-lo, falar com as pessoas e tudo mais, comecei portanto a fi car um pouco nervoso. Mas depois ao meu lado estava o Valério e ajudou-me e deu-me, digamos, um “empurrãozinho”.

AV: A malta mais nova é muito dependente e apercebe-se do que se passa com o pessoal mais velho. Tens a fi gura central, o Magister, mas na práti ca tens toda uma tuna à tua volta. Os veteranos têm um papel principal de passar o que é a TAFUL e o que ela traz. O Magister é um dos exemplos maiores a seguir. Mas, para além daqueles segundos iniciais, até se safou bem e com o tempo tornar-se-á mais natural.

NRP: Recordas alguma atuação em especial?

AV: Não é bem actuação, nós estávamos a andar na rua, eramos três ou quatro, tí nhamos uma guitarra e um bandolim e lá fomos nós. Lembro-me que houve uma bela senhora, que estava sozinha, à janela, a fumar o seu cigarrinho até que lhe perguntámos pelo esposo -“Já não está cá, sou viúva.” - então cantámos uma serenata e ela emocionou-se. É algo muito marcante para um tuno conseguir despertar este ti po de reacções nas outras pessoas, que nos faz crescer e que tanto orgulho nos dá.

JE: No mesmo âmbito, lembro-me que a minha primeira serenata foi a uma Japonesa que não percebia nada de Português, e qual foi a serenata que cantámos?! A Abelha Maia. Mas fi zemos aquilo de uma forma estupidamente emocionante e ela fi cou comovida (para quem não sabe não é propriamente uma historia de amor).

NRP: Qual foi o teu primeiro desafi o nos primeiros dias como magister?

JE: A quanti dade de pessoas novas na tuna, que é o contrário do que acontecia há uns tempos atrás, onde apenas entravam duas ou três pessoas no máximo. Actualmente ao termos mais pessoas, temos de arranjar formas de conseguir moldar a tuna para que mantenhamos o espírito que é tão característi co da TAFUL e aquilo que ela nos traz.

NRP: Conselhos a dar ao Ferrão?

AV: Pessoalmente, não tenho nenhum ensinamento para dar ao Ferrão porque, acima de tudo, ele deve ser ele mesmo e reger-se por aquilo que acha uma mais-valia para o desenvolvimento da TAFUL. A tuna vai sofrendo pequenas alterações aos poucos e poucos devido a diferentes ti pos de pessoas que estavam a comandá-la, puxando, obviamente, cada um para seu lado, e é assim mesmo que a tuna evolui e se torna maior e alcança novos horizontes. Por isso só peço ao Ferrão que conti nue a ser quem ele é. (Após terminar a “místi ca” acabámos a nossa conversa com o já tradicional: Oh amigo é a conta e um Bagaço!)

O Núcleo Redatorial da Pharmacevti ca (NRP) foi ao encontro destes dois líderes no Palmense, local que já albergou vários jantares de tuna: “É uma grelhada mista e três imperiais sff !”.

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Por | Catarina Silva e tiago vieira

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24 Maio 2012 | pharmacevtica 60

Núcleo Redactorial da Pharmacevtica (NRP): Hoje em dia pareceria surreal mas, na década de 60, pertencer à Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico (IST) envolvia uma forte componente política. Como foi viver essa época?

José Morais (JM): Não me envolvi directamente com a Associação de Estudantes, só a partir de 1961. Foi um ano muito importante politicamente porque houve o assalto ao Santa Maria, o assalto ao Quartel de Beja, a perda de Goa e do estado da Índia e eleições para a Assembleia da República que foram, como sempre, falsificadas. Na altura formou-se uma coisa que eram as Comissões Cívicas da Juventude, a que eu pertenci, em que o objectivo era promover a inscrição nos cadernos eleitorais. 1962 é o ano da grande crise académica. Há uma exposição que aconselho a ir ver na Reitoria da UL que tem muitos detalhes do clima político que se vivia na altura, um clima muito hipócrita. 1961 foi também o ano da inauguração da Reitoria e das Faculdades de Direito e de Letras. Na altura, os estudantes que haviam sido convocados, aquando da passagem do Presidente da República, o Almirante Américo Tomás, viraram as costas. Só parámos no largo do Campo Grande com a polícia atrás. Em 63, sim, participei muito activamente na Associação de Estudantes do IST, no qual frequentava Engenharia Química. Estava no segundo ano, porque com estas coisas tinha perdido um ano. Em 64 fui eleito para a Direcção como Vice-Presidente para as Relações Externas. Em Setembro de 65 houve várias rusgas policiais nas quais prenderam muito estudantes e eu fui naquela leva. Ao todo estiveram presos mais de 400 estudantes! Estive na prisão até 1965.

NRP: Porquê Farmácia se não seria à partida uma profissão para a qual teria vocação?

JM: Não era fácil voltar ao IST para quem tinha um passado político, eles dificultavam as inscrições. Como tinha farmácias na família e a minha irmã mais velha era farmacêutica resolvi fazer Farmácia. Fiz o curso de 3 anos, ao fim dos quais arranjei um emprego naquele que se chamava o Instituto Nacional de Investigação Industrial, num laboratório de Bioquímica Alimentar. Fazíamos investigação no queijo da Serra – havia um projecto de industrialização do mesmo. Em 69 foi a reabertura das Faculdades de

Farmácia de Lisboa e de Coimbra e então fui para a faculdade. Em 73 acabei o curso e entretanto há um facto importante que é a construção e a inauguração do novo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, que funcionava no Campo dos Mártires da Pátria, em que existia uma espécie de Campus da Saúde. Na altura, o Instituto Dr. Ricardo Jorge avocou a si duas funções: Comissão Técnica dos Medicamentos e Laboratório Comprovação de Medicamentos. Quem foi convidado para formar o Laboratório foi o nosso Professor Carlos Silveira. Eu era finalista na altura e o professor convidou os melhores alunos para fazerem parte do mesmo.

NRP: Qual a pessoa que mais o marcou no seu Percurso Académico?

JM: No ano de 72 ou 73 houve um acontecimento importante que foi a International Pharmaceutical Federation(FIP). Decorreu em Lisboa e o Professor Silveira foi o organizador. Por coincidência, nesse ano foi atribuído um Prémio de Cientistas e quem foi homenageado foi o Professor John G. Wagner, que era um dos pioneiros da Farmacocinética, e o professor Silveira, muito inteligentemente, durante esse congresso, fez uma série de contactos com organizações internacionais que estavam ali representadas e angariou estágios para todos os novos colaboradores do laboratório. Tendo estado no Técnico, o Professor Silveira supôs que saberia um bocadinho mais de matemática e arranjou-me um estágio na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, com o Professor Wagner. Ele aceitou-me. Estive lá 4 meses e fiz o curso que ele dava.Quando regressei formou-se o laboratório em 73, e já la estávamos há 1 ano quando foi o 25 de Abril, mas em grande convulsão. Entretanto, eu nessa altura andei a procurar bolsa para ir fazer o doutoramento

“Temos cento e tal doutores a trabalhar, uma produção científica muito razoável. É essa a minha satisfação. Em termos da Faculdade, temos que enfrentar um problema muito grave que é a redução do orçamento das Universidades, da nossa Universidade e da nossa Faculdade.”

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e consegui uma Bolsa Fullbright para 3 Universidades Americanas mas a que eu queria, Michigan, não estava incluída e também concorri ao Instituto de Alta Cultura que, hoje em dia, é a FCT. Eu concorri e fui para os Estados Unidos. Estive lá a fazer o doutoramento nesta área que vocês não gostam nada e esse é o início disto tudo. Completei o doutoramento em 1980 e fui convidado para Professor Auxiliar. A primeira cadeira que dei foi Química Farmacêutica, que quem dava era o Professor Nascimento.

NRP: Quais os maiores desafios que teve de enfrentar enquanto Presidente do Conselho Directivo da FFUL?

JM: Eu gostei mais da experiência como Presidente do Conselho Directivo (CD) do que como Director. Eu acho que o conceito de CD, embora com as suas desvantagens, nomeadamente a sobre-representação dos estudantes era muito agradável, porque havia pelouros, era mais participado, os membros eram mais empenhados porque tinham direito a voto. As decisões eram do CD, não eram do seu Presidente. O Presidente do CD tomava decisões entre as reuniões mas tinha que ouvir sempre o Conselho. O Director é único, tem os seus sub-directores mas a responsabilidade assenta totalmente em si. Eu, pessoalmente, não gosto muito deste isolamento, da total responsabilidade numa só pessoa. Tem as suas vantagens, que é o que os Americanos chamam de Liability, em que a responsabilidade é de um único indivíduo - tem que ter toda a estratégia da Faculdade na cabeça. Os Directores são eleitos pela Assembleia. Em Setembro, quando faço 70 anos, tenho que deixar o cargo de Director, embora o meu mandato ainda não tenha acabado. Agora as dificuldades têm sido crescentes. E ultimamente são péssimas. Nós, como faculdade, melhorámos imensamente. Nós tínhamos 5 unidades de investigação e há 4 anos formámos então uma grande unidade que é o iMED.UL. A unidade da Professora Odette e do Professor

Moniz manteve-se independente. Temos cento e tal doutores a trabalhar, uma produção científica muito razoável. É essa a minha satisfação. Em termos da Faculdade, temos que enfrentar um problema muito grave que é a redução do orçamento das Universidades, da nossa Universidade e da nossa Faculdade (nos últimos 5 anos sofreu um decréscimo de 20 a 30%). Eu não sou nada optimista. Aliás, basta olhar para o país, para o que os políticos nos dizem. E sofremos na pele.

NRP: O que é que o professor diria, aos vários alunos que sabem, neste momento, com bastante certeza, que a probabilidade de encontrarem emprego é cada vez mais diminuta?

JM: Não foi por falta de alertar contra os perigos das políticas que foram prosseguidas desde os últimos anos, que passaram por: o aumento do número de faculdades de Farmácia – nós temos 9 cursos de Farmácia, os Espanhóis têm 16. Eles têm 40 milhões de habitantes, nós temos 10 milhões. E, portanto, proporcionalmente se eles tivessem o mesmo número de faculdades, teriam 36. De facto, é absolutamente disparatado. Neste momento estamos a lançar para o mercado 900 novos

“ O aumento do número de faculdades de Farmácia – nós temos 9 cursos de farmácia, os Espanhóis têm 16. Eles têm 40 milhões de habitantes, nós temos 10 milhões. E, portanto, proporcionalmente se eles tivessem o mesmo número de faculdades, teriam 36. ”

“O mercado vai tornar-se mais exíguo, e portanto isto vai ter consequências nos próximos anos. Não vaticino nada de esperançoso. Não posso e não tenho meios. Os meus meios são qualidade, qualidade e qualidade.”

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farmacêuti cos por ano. Entretanto não só o mercado cada vez fi cou mais saturado, como a vida económica das farmácias, neste momento, está muito difi cultada com a diminuição dos preços. A situação não pode ser pior. Aqui na nossa Faculdade a políti ca tem sido não aumentar o número de ingressos. No outro dia disse claramente que não é esta Faculdade que vai diminuir o número de vagas. O mercado vai tornar-se mais exíguo, e portanto isto vai ter consequências nos próximos anos. Não vati cino nada de esperançoso. Não posso e não tenho meios. Os meus meios são qualidade, qualidade e qualidade. Aliás, o feedback que nós temos da profi ssão é que os alunos de Lisboa são bons. Mas há sempre campo para melhorar, não há dúvida.

NRP: Um currículo tão rico quanto aquele que construiu exige muitos sacrifí cios. Há alguma coisa que gostaria de ter feito que não fez em detrimento de uma agenda preenchida?

JM: É uma pergunta difí cil. Eu sempre fui muito dedicado à cultura e, em parti cular, à música. O meu grande desgosto é não ter aprendido música quando se deve aprender, que é quando se é muito novo. Mas ainda toco fl auta de bisel de vez em quando mas obviamente que é impossível aprender agora, não dá. Cantei no coro da Academia de Amadores de Música, com o Maestro Fernado Lopes Graça que era um coro que ele formou nos anos 40. Na altura existi a o MUD Juvenil, Movimento de União Democráti ca. Nas primeiras manifestações de oposição ao regime o Maestro achava que cantávamos mal. Mas o que eu talvez mais do que tudo tenha algum desgosto de não ter feito mais foi precisamente quando regressei dos Estados Unidos, até 85-86, não consegui fazer qualquer ti po de investi gação porque o Laboratório de Comprovação de Medicamentos ti nha uma missão e não podia fazer grandes investi gações. Só depois em 88, quando concorri a Professor Associado e ingressei na carreira académica é que consegui fazer mais investi gação.

NRP: Falou que gosta de música. Que arti stas ou compositores gosta mais?

PM: Eu sou muito eclécti co, gosto muito de música anti ga e clássica. Desde Josquin Des Prés (compositor francês do século 15), Monteverdi, Bach, Vivaldi, todo o Barroco… Os Clássicos Haydn, Mozart, Beethoven; Românti cos: Schumann, Schubert. Mahler que já é pós-românti co. E alguns modernos. Mas eu parei em Stravinsky, Prokofi ev, todos esses da primeira metade do século. Eu acho que a música moderna a parti r dos anos 50 sofreu de um fenómeno chamado Stockhausen que na minha opinião prosseguiu de uma foram exagerada a segunda escola de Viena: Alban Berg, Schoenberg e Anton Webern que era dos anos 20-30. Mas hoje em dia a música moderna é muito diversifi cada. Abandonou-se bastante a escola atonal do dodecafonismo e agora há uma diversidade enorme, a musica moderna não tem uma escola: são varias escolas e está a regressar-se muito à música tonal. Gosto de acompanhar tudo isto mas ainda conti nuo a preferir os anti gos.

“ O feedback que nós temos da profi ssão é que os alunos de Lisboa são bons. Mas há sempre campo para melhorar, não há dúvida. ”

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José Guimarães Morais (14 de Setembro de 1942) é Professor Catedráti co de Farmacologia da Faculdade de Farmácia da

Universidade de Lisboa (FFUL). Obteve o grau de Doutor em Farmácia pela Universidade de Lisboa em 1981, por equiparação ao grau de Ph.D. pela Universidade de Michigan, Ann Arbor, MI (College of Pharmacy).Antes de frequentar a Licenciatura em

Farmácia, passou pela Licenciatura em Engenharia Química no Insti tuto Superior Técnico.No seu percurso profi ssional passou pelo Insti tuto Nacional de Saúde Dr. Ricardo

Jorge, de onde se transferiu mais tarde para a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.

Tem como funções docentes a regência e aulasteóricas das disciplinas de pré-graduação de Farmacocinéti ca e Biogalénica e Farmacocinéti ca Clínica (opção).Apesar da sua signifi cati va acti vidade académica, não deixou de colaborar com vários organismos nacionais e internacionais, tendo sido Presidente da Comissão Técnica de Medicamentos do INFARMED, integrou o

Comité de Especialidades Farmacêuti cas (CPMP/CHMP) da EU Bruxelas em 1986. Actualmente,

é membro da Comissão de Avaliação de Medicamentos do INFARMED.

Ajudou a criar, em 1996, a Sociedade Portuguesa de Ciências

Farmacêuti cas (SPCF).

PERFIL PROFESSOR DOUTOR JOSÉ GUIMARÃES MORAIS

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28 Maio 2012 | pharmacevtica 60

iMed.UL Um Olhar sobre o Futuro da Investigação

Por | João Neves

O iMed.UL, ou Research Insti tute for Medicines and Pharmaceuti cal Sciences, é um centro de investi gação, criado em Junho de 2007, com o propósito de fundir quatro grupos de investi gação já existentes na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa e assim poder dar maior projecção à investi gação aí realizada. Tem como objecti vo a promoção de pesquisa fundamental em química e biologia, de forma a compreender a base genéti ca e molecular das doenças humanas. Actualmente trabalham no iMed cerca de duzentos investi gadores, entre Doutorados, estudantes de Doutoramento e de Mestrado de 2º ciclo. A maior parte do orçamento vem da Fundação para a Ciência e Tecnologia que numa escala de 1 a 5 avalia a investi gação realizada no iMed.UL com 4, o correspondente a “Muito Bom”, sinal de que o trabalho desenvolvido é de excelência e que há razões para justi fi car o rápido crescimento que sofreu desde a sua formação. Tendo o Insti tuto de Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e o Insti tuto Superior Técnico como principais parceiros a nível de investi gação, o iMed.UL tem ainda parcerias no resto da Europa, EUA e Brasil. O trabalho tem sido recompensado e o iMed.UL tem recebido o apoio de empresas do sector farmacêuti co, nomeadamente através de parcerias em ensaios clínicos (Axcan Pharma) e atribuição de prémios e bolsas (Astra Zeneca, Pfi zer, Roche, Falk Pharma e L’Oréal Portugal).

Na sequência do Protocolo celebrado entre a Fundação para a Ciência e a Tecnologia, a L’Oréal Portugal e a Comissão Nacional da UNESCO, em Novembro de 2003, foi aberto concurso para a atribuição de três Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência, tendo sido este ano uma delas atribuída, à investi gadora Adelaide Fernandes do grupo de Biologia Neuronal e Glial na Saúde e Doença do iMed.UL.

Relembramos que as Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência desti nam-se à realização de estudos avançados de investi gação cientí fi ca, a nível de pós-doutoramento, em universidades ou outras insti tuições portuguesas de reconhecido mérito, no domínio das Ciências da Saúde e das Ciências do Ambiente.

NOTÍCIA

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Molecular and Cell Biology of Eukaryotic SystemsEste grupo tem como último objectivo controlar a expressão génica e desenvolver novas estratégias terapêuticas a um nível pré-clínico.

Professora Cecília Rodrigues

Medicinal ChemistryActualmente, a equipa está envolvida no desenvolvimento de novas moléculas para o tratamento de doenças degenerativas, oncológica e infecciosas.

Professor Rui Moreira

Metabolism and GeneticsO grande alvo da investigação desta equipa são os erros metabólicos hereditários (IEM). Compreender a fisiopatologia destas desordens e os factores genéticos de risco em doenças comuns é a prioridade da investigação.

Professora Isabel Almeida

Chemical Biology and ToxicologyEste grupo pretende desenvolver novos compostos bioactivos e identificar os eventos induzidos por xenobióticos de forma a poder avaliá-los a nível de segurança/risco em diferentes áreas da toxicologia.

Professora Matilde Castro

Pharmacoepidemiology & Social Pharmacy Group

A equipa procura avaliar o impacto do uso de medicamentos em populações específicas, avaliar o papel do medicamento na sociedade e ainda encontrar soluções para a melhoria das condições de saúde pública.

Professor José Cabrita

Pharmacological SciencesSão três os grandes temas da investigação feita por esta equipa: Inflamação (papel das cascatas de moduladores), Contratilidade (função moduladora de vários receptores) e Farmacocinética.

Professora Beatriz Lima

Neuron Glia Biology in Health and DiseaseAtravés do estudo dos fenómenos neurobiológicos envolvidos no desenvolvimento cerebral e das condições que levam a disfunções do sistema nervoso, este grupo pretende desenvolver novas terapêuticas paras as desordens do SNC.

Professora Dora Brites

Nanomedicine and Drug Delivery SystemsPromovendo a integração entre design e caracterização dos sistemas de entrega, a sua capacidade de ultrapassar barreiras biológicas e a melhoria farmacocinética e de biodistribuição, pretende-se optimizar estratégias de entrega de fármacos em doenças oncológicas, infecciosas e inflamatórias.

Professor Rogério Gaspar

Agradecimentos: Professores Coordenadores e Comissão de Alunos do iMed.UL que se mostraram sempre disponíveis para auxiliar na elaboração deste artigo.

Unidades de investigação iMed.UL

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30 Maio 2012 | pharmacevtica 60

Como devem estar lembrados, a AA é o segundo mais importante evento da EPSA que se realiza anualmente, permiti ndo aos seus parti cipantes usufruir de 6 dias em duas vertentes que, à parti da, não poderiam co-existi r: aprendizagem e diversão.Durante esses 6 dias, ti vemos oportunidade de debater um abrangente mas polémico assunto: saúde sexual. À primeira vista, a temáti ca parece-nos um pouco exóti ca, e talvez já demasiado explorada, para abordar durante uma semana inteira. Pois, digo-vos, que foi precisamente o contrário. Na práti ca, estas temáti cas, consideradas tabu ainda numa grande diversidade de países, deixam bem notório o multi culturalismo enraizado nestes eventos. Especialmente nos debates mais polémicos, como foi, por exemplo, o caso do aborto, fi cou clara a posição políti co-social de cada país, que transpareceu

através da parti cipação dos vários elementos de cada país lá representado. Polémicas à parte, passemos ao programa cultural: 5 noites temáti cas repletas de animação, folia e parti lha de culturas. Quanto aos temas, vejamos: Opening Ceremony, festa EPSA Voyage, a famosa noite internacional com os apreciados vinho do Porto e Moscatel, noite de máscaras e, por fi m, a gala de encerramento. A delegação Portuguesa, neste evento a segunda maior, contou com a habitual cordialidade que tão bem nos caracteriza, animando

Em terras de Sua Majestade

os dias e noites à boa maneira lusitana, desde o primeiro workshop do dia, ao últi mo minuto da noite. O que é facto é que, na últi ma noite, haviam já inúmeras histórias para registar no caderno de memórias desta grande aventura.Amizades além-fronteiras e promessas de visitas fi cam no ar, à espera que o inesperado desti no as cumpra.

Por | Ana Duarte

8th EPSA Autumn Assembly | Birmingham, Reino Unido 26 de Outubro a 8 de Novembro

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pharmacevtica 60 | Maio 2012 31

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32 Maio 2012 | pharmacevtica 60

Miguel Relvas | Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares“Quem entende que tem condições para encontrar [oportunidades] fora do seu país, num prazo mais ou menos curto, sempre com a perspectiva de poder voltar, mas que pode fortalecer a sua formação, pode conhecer outras realidades culturais, [isso] é extraordinariamente positivo”

in DNEconomia

Direcção Geral da Associação Académica de Coimbra“O curso universitário não deve e não poderá ser transformado numa mera máquina de formar profissionais especializados, mas sim um espaço plural de construção da cidadania e do pensamento crítico, fundamentais para a construção de qualquer sociedade democrática e evoluída”

in Público

Nuno Crato | Ministro da Educação e da Ciência“As universidades têm autonomia para aumentar as propinas, acrescentando que o podem fazer sem necessidade de qualquer alteração à lei”

in Público

Associação Nacional das Farmácias (ANF)“As farmácias foram justamente consideradas ao longo das últimas décadas um sector credível, transparente, gerido por profissionais responsáveis, em que a população depositava grande confiança. Este sentido de responsabilidade e este clima de confiança foram determinantes para a unidade do sector, que tornou possível o progresso contínuo das farmácias ao longo dos últimos 30 anos.”

in www.anf.pt

Ordem dos Farmacêuticos“A Ordem defende a consagração do princípio da liberdade de opção do doente quanto ao seu medicamento (num leque de bioequivalência), para o que contará, naturalmente, com o apoio e aconselhamento do seu farmacêutico. Estes profissionais de saúde têm competência técnico-científica e proximidade da população e cumprem deveres deontológicos, o que lhes concede e impõe uma função muito própria e única de apresentar ao doente as diferentes possibilidades para concretizar a decisão farmacoterapêutica do médico.“

in www.ordemfarmaceuticos.pt

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pharmacevtica 60 | Maio 2012 33

Prof. Carlos Gouveia Pinto “Fazer do medicamento uma espécie de “mau da fita” e centrar [a redução da despesa pública em Saúde] no medicamento é uma visão ultrapassada. Uma das consequências de uma visão não integrada da Saúde é o risco de redução do acesso aos fármacos inovadores.”

in www.apifarma.pt

Ordem dos Farmacêuticos“Não é possível para os operadores, muito especialmente para os do sector da distribuição (distribuidores grossistas e farmácias), continuar a operar num clima de permanente instabilidade de preços. Os operadores não conseguem planear devidamente a sua actividade, o que, com frequência, conduz a inevitáveis rupturas de stock e, por conseguinte, a uma diminuição da acessibilidade da população ao medicamento.”

in www.ordemfarmaceuticos.pt

Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos (APOGEN)“Por outro lado, as despesas do Estado com medicamentos não genéricos representam 80 por cento dos custos totais neste sector. Naturalmente, a indústria dos genéricos considera que é da mais elementar justiça e interesse público exigir o mesmo nível de esforço e de reduções de preços aos laboratórios de medicamentos não genéricos.”

in www.apogen.pt

Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma)“No contexto Europeu, Portugal aparenta ser um dos países com pior acessibilidade (decisão mais demorada e menos provável) aos medicamentos com novas substâncias activas ou novas indicações terapêuticas.”

in www.apifarma.pt

Paulo Macedo | Ministro da Saúde“O sector da saúde beneficia assim no último instrumento orçamental de um esforço de discriminação positiva, permitindo libertar ónus sobre a gestão no sentido da sustentabilidade do serviço público que consiste num pilar fundamental da política de saúde em curso. Trata-se de um processo de ajustamento contínuo aos constrangimentos, mas o SNS mantém-se e torna-se mais sustentável.”

in Comissão Parlamentar de Saúde | 4 Abril de 2012

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Núcleo Redactorial da Pharmacevti ca (NRP): Quem está envolvido na organização desta nova Universidade?António Nóvoa (AN): Toda a gente. A discussão pública durou dois meses, teve mais de quarenta debates públicos, nos quais parti ciparam mais de três mil pessoas das duas Universidades. Contou com dezenas de contributos que foram para o site, dezenas de depoimentos de enti dades externas. Está a haver uma larguíssima discussão dentro das Universidades e até fora das mesmas. Quem promove esta discussão são os Conselhos Gerais das duas Universidades em conjunto com os Reitores. Tudo indica que, até ao fi nal do mês de Abril, os Conselhos Gerais tomarão uma deliberação que, nós acreditamos, ser por um grande consenso a favor da fusão das duas Universidades. Até agora, no que diz respeito às 18 Faculdades das duas Universidades (11 na UL e 7 na UTL), 17 pronunciaram-se favoravelmente e uma não se pronunciou. Quer dizer que há, dentro das Universidades, um largo consenso sobre esta matéria.

NRP: Até que ponto é que é possível construir uma nova Universidade quando há um histórico tão vasto subjacente a ambas?AN: É um processo difi cílimo, não é um processo simples. Estamos a falar de um processo que nunca aconteceu na sociedade portuguesa, de uma enorme complexidade do ponto de vista académico, cientí fi co, das identi dades das escolas, das marcas, dos nomes, da maneira como as pessoas se identi fi cam. Mas é um processo que as pessoas foram senti ndo ao longo deste debate como um processo natural. E porquê? Entre outras razões, porque a história dividiu estas duas Universidades. Quando a República, em 1911, decide restabelecer uma Universidade em Lisboa a ideia era que fosse uma Universidade única. Quando em 1930 se cria a Universidade Técnica de Lisboa (UTL), desde logo se percebe que as universidades vão fi car divididas. Não há hoje qualquer grande Universidade na Europa, ou no mundo, que não tenha a área da Saúde. E a UTL não tem. Mas também não há qualquer grande Universidade que não tenha as Engenharias. E a UL não tem. Isto não acontece em mais nenhuma universidade do país. Como as duas Universidades são muito complementares – não há duplicação de Escolas – o processo tornou-se natural. É talvez o resultado principal do debate: entre o documento que esteve em discussão pública e aquele que se encontra agora sob apreciação nos Conselhos Gerais, a grande mudança é que sublinha de modo mais claro a necessidade de parti cipação e de diálogo. Temos a consciência clara de que o êxito da fusão depende não só da qualidade das ideias mas também do método de as concreti zar.

NRP: No documento de trabalho elaborado acerca da fusão da UL e da UTL está explícito que não há uma ligação causal com a actual situação de crise económica ou com eventuais orientações governamentais. Ainda assim, não há uma urgência

“Quem promove esta discussão são os Conselhos Gerais das duas Universidades em conjunto com os Reitores. “

“Estamos a falar de um processo que nunca aconteceu na sociedade portuguesa, de uma enorme complexidade do ponto de vista académico, cientí fi co, das identi dades das escolas, das marcas, dos nomes, da maneira como as pessoas se identi fi cam. “

Por | Catarina Silva

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36 Maio 2012 | pharmacevtica 60

em ultimar a fusão para que se criem condições de competitividade nacional e internacional que precipitem uma visão mais ambiciosa ao País?AN: As duas afirmações são verdadeiras. Nós dizemos que não tem nada a ver com a crise, mas “tem” e “não tem”. Não tem a ver com a crise na perspectiva em que esta ideia já existe há muitos anos. Desde o início de 1911 que se fala nisto. Há debates que têm muitas décadas, com posições de personalidades como Orlando Ribeiro, Vitorino Nemésio ou Vitorino Magalhães Godinho, ainda que o processo tenha adquirido uma nova dinâmica com a minha eleição como Reitor da UL e com a eleição do António Cruz Serra como Reitor da UTL. Também não tem a ver com a crise no sentido em que nós não aceitamos que desta fusão resulte qualquer diminuição do financiamento público ou dos recursos humanos. Antes pelo contrário: esperamos que aumente. Mas tem a ver com a crise num outro sentido, no sentido em que, na actual situação do país, se não forem as elites universitárias a dar um sinal de mudança, a dizer que podemos formar melhor os estudantes, que podemos fazer melhor ciência e ter uma maior projecção no mundo, e que para isso temos de nos organizar de uma outra maneira, se não forem as elites a ter essa ousadia e essa coragem, quem é que estará em condições de responder à crise? As universidades têm um dever perante o país e perante os Portugueses.

“Não há hoje qualquer grande Universidade na Europa, ou no mundo, que não tenha a área da Saúde. E a UTL não tem. Mas também não há qualquer grande Universidade que não tenha as Engenharias. E a UL não tem.”

Calendarização

Julho 2011Nomeação do Grupo de Trabalho conjunto.

Agosto-Dezembro 2011Realização dos estudos prévios, informação aos Senados e aprovação preliminar pelos Conselhos Gerais.

Janeiro 2012Elaboração do documento Uma nova Universidade de Lisboa.

Fevereiro 2012Apresentação pelos Reitores aos Conselhos Gerais de um documento para aprovação da discussão pública.

Fevereiro-Abril 2012Discussão pública do documento e aprovação da versão final pelos Conselhos Gerais.

Maio-Julho 2012Trabalho dos Grupos de Estudo necessário à elaboração da visão estratégica, do modelo organizativo e do enquadramento estatutário da nova Universidade.

Setembro-Outubro 2012Balanço sobre o processo de negociação e aprovação do modelo final de referência para elaboração do diploma legal e estatutos, no seio das duas Universidades e dos Conselhos Gerais.

Outubro-Novembro 2012Aprovação do decreto-lei com a criação da nova Universidade, incluindo a forma de constituição da assembleia estatutária.

Novembro-Janeiro 2013 Redacção, aprovação e homologação dos Estatutos da nova Universidade.

Fevereiro-Março 2013 Eleição do novo Conselho Geral.

Abril-Maio 2013 Eleição e tomada de posse do novo Reitor.

A documentação principal sobre a discussão pública e o processo de fusão encontra-se disponível em www.ul-utl.edu.pt.

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NRP: Também poderá ser uma lição para os estudantes em geral, que cada vez mais se acomodam ao invés de haver um incentivo ao espírito crítico?AN: Eu espero. Eu espero que os estudantes neste processo se entusiasmem mais do que se têm entusiasmado. Acho que os estudantes têm tido uma atitude muito defensiva neste processo: gostava de os ver mais envolvidos e mais entusiasmados. NRP: De que forma é que eles poderão participar mais activamente neste projecto?AN: Houve dezenas de debates. Fui a várias Faculdades, convidado pelos estudantes, mas devo dizer-lhe que na maior parte dos casos estava pouca gente. É um pouco surpreendente. Por exemplo, nós fizemos uma reunião com os funcionários, que são infinitamente menos do que os estudantes, e o salão nobre estava cheio com 350 pessoas! Estou genuinamente convencido de que a fusão é muito positiva para os estudantes. Poderem identificar-se com uma grande Universidade de Lisboa, com uma grande Universidade na capital, com uma UniverCidade. É evidente que tem de haver racionalidade e prudência. Mas é como tudo na vida: há um momento em que é preciso assumir riscos. As decisões que tomamos na vida não são apenas racionais: são intuitivas, são de sensibilidade, de

Este ano celebra-se o centenário do nascimento do Professor Miller Guerra, um grande Professor de Medicina. No final da Ditadura ele escreveu a célebre frase: «As Universidades não se auto-reformam». Muita gente gosta de nos atirar isso à cara para dizer que as Universidades são conservadoras e imobilistas! E eu dizia, no outro dia, que, com a enorme admiração que eu tenho pelo Professor Miller Guerra, se há coisa que caracteriza o meu mandato como Reitor é que eu, todos os dias, tento mostrar que ele não tinha razão! Considero que nós estamos a dar um sinal de que há uma mudança que vem de dentro das Universidades. E essa mudança é importante nesta altura de crise para o País. NRP: Surge então como uma resposta: a Universidade poderia adoptar uma posição passiva e em vez disso há uma clara aposta numa resposta mais concreta…AN: Exactamente. É esse o ponto: em vez de ficarmos «entrincheirados», a tentar sobreviver, cada vez com menos dinheiro, cada vez com menos recursos, estamos a tentar dar um sinal de mudança.

“O processo tem sido conduzido com grande confiança e transparência. ”

“Se não forem as elites a ter essa ousadia e essa coragem, quem é que estará em condições de responder à crise? As universidades têm um dever perante o país e perante os portugueses”

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ENDA ÉvoraPelos Jovens de Hoje, Para os Jovens de AmanhãPor | Diogo Raimundo Organização | Associação Académica da Universidade de Évora | 16 a 18 de Março

É em sede de Encontro Nacional de Direcções Associati vas (ENDA) que se apresentam, discutem e aprovam tomadas de posição do movimento associati vo universitário, sempre com o intuito de defender os interesses dos estudantes do Ensino Superior Português. Neste, que é o expoente máximo da representação estudanti l a nível nacional, não é descorada a componente formati va, auxiliando os presentes a estarem mais informados e preparados para o exercício das suas funções.Os principais alvos de debate recaíram sobre a “Qualidade e Avaliação”, a “Acção Social” e ainda a “Emancipação Jovem”. Foram ainda abordadas outras temáti cas como a proposta do aumento das propinas pelo Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas; a abertura das canti nas universitárias aos fi ns-de-semana, os cortes no passe Sub-23, entre outros.A AEFFUL não se poupará a esforços para conti nuar a marcar presença e a representar os estudantes da FFUL.

um senti do de oportunidade, de uma avaliação que fazemos das situações. Na minha opinião, são os estudantes e os funcionários que vão poder ganhar mais com a fusão das universidades.NRP: Por fi m, ressalva-se a palavra confi ança como sendo um ponto-chave para o sucesso. Como é que se conquista esse patamar quando temos perante nós um cenário constante de descredibilização das insti tuições de ensino e governamentais?AN: Este projecto tem três ou quatro matrizes que são muito fortes. A matriz da ciência e da investi gação interdisciplinar, que é muito forte. A matriz da internacionalização a parti r da Língua Portuguesa. A matriz de uma formação mais aberta dos estudantes. O processo tem sido conduzido com grande confi ança e transparência. No início deste projecto havia muita desconfi ança: «A UL quer absorver a UTL», «A UTL quer tomar conta da UL», etc. Estas notí cias foram desaparecendo porque tanto eu como o Reitor da UTL falávamos abertamente das coisas e essa dimensão de confi ança foi-se estabelecendo e reforçando. Hoje, há uma ligação muito forte, de confi ança, entre os Reitores, entre os Presidentes dos

Conselhos Gerais, no interior do grupo de trabalho. O Professor João Lobo Antunes, da UL, e o Professor José Maria Brandão de Brito, da UTL, deram um contributo fundamental para criar promover esta confi ança mútua. São duas pessoas excepcionais! A parti r desta confi ança «interna», esperamos que haja um grande reforço da confi ança «externa». Depois da decisão tomada no seio das universidades, vai ser necessário conversar com o Governo. Se me perguntar se o Governo tem interesse num projecto destes, julgo que sim, pois é uma mudança muito ambiciosa. Mas será que o Governo tem capacidade e coragem para dar a esta Universidade as condições que nós achamos essenciais no plano da autonomia e do património? Não sei. Vamos ver. Há uma coisa que eu tenho a certeza absoluta: se isto se fi zer, é uma coisa fantásti ca para as Universidades e é excelente para o País. Coloca o País no mapa-mundo das Universidades, coisa que neste momento não está. Sei que, mais tarde ou mais cedo, este projecto se irá concreti zar. Pode demorar mais ou menos tempo. Esperemos que ele se concreti ze pelas mãos da nossa geração, pelas mãos de todos aqueles que, hoje, fazem parte das duas comunidades universitárias.

“Há uma coisa que eu tenho a certeza absoluta: se isto se fi zer, é uma coisa fantásti ca para as Universidades e é excelente para o País. Coloca o País no mapa-mundo das Universidades, coisa que neste momento não está. ”

“A matriz da ciência e da investi gação interdisciplinar, que é muito forte. A matriz da internacionalização a parti r da Língua Portuguesa. A matriz de uma formação mais aberta dos estudantes. “

A AEFFUL não se poupará a esforços para conti nuar a marcar presença e a representar os estudantes da FFUL.

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Por |António Cruz Serra, Reitor da Universidade Técnica de Lisboa

Os momentos em que as sociedades atravessam situações de crise, como a actualmente vivida pela União Europeia e em parti cular por Portugal, consti tuem sempre ocasiões para a adopção de novos modelos de organização das estruturas políti cas, sociais, económicas, empresariais e académicas. Estes processos para serem bem-sucedidos têm que ter como foco uma Visão clara, basearem-se numa Estratégia coerente conseguindo Mobilizar os seus intervenientes e simultaneamente serem compreendidos pela Sociedade envolvente. A fusão das universidades Técnica (UTL) e Clássica (UL) de Lisboa consti tuiu certamente um dos projectos que, neste momento de crise nacional, poderá ser capaz de relançar a iniciati va ao nível das insti tuições que agrega e contagiar positi vamente a sociedade portuguesa. Na realidade, este projecto contém todos os ingredientes necessários para que seja bem-sucedido. A Visão para esta nova universidade é a de uma insti tuição abrangente, que agregue as grandes áreas do saber, e que consiga, através da acti vidade de uma comunidade académica dinâmica e das sinergias que a fusão criará, a sua afi rmação como uma Universidade de Investi gação, Ensino e Colaboração com a Sociedade e grande capacidade de intervenção internacional, designadamente no espaço de Língua Portuguesa. Representando cerca de 20% do sistema Universitário Português, esta Universidade deverá adoptar uma estratégia baseada nos princípios fundamentais que norteiam uma comunidade académica moderna, isto é, a liberdade académica, o reconhecimento da autonomia cientí fi ca e pedagógica das suas comunidades de saber, a transmissão do conhecimento baseada numa muito forte acti vidade de investi gação e criação de conhecimento e um forte senti do da sua responsabilidade social. Desta forma as facetas ligadas ao ensino pós-graduado, à inovação, ao empreendedorismo, à internacionalização, à cooperação interna e externa e à dinamização da cultura e do desporto deverão ser vectores de grande importância no seu desenvolvimento estratégico.

A criação desta Universidade baseia-se num acto voluntário das suas comunidades académicas, devendo consti tuir-se como a criação de uma nova enti dade universitária que vá muito para além da simples junção das culturas, histórias e práti cas das duas universidades pré-existentes. A mobilização da nova comunidade académica é essencial para que se consti tua uma verdadeira universidade e não apenas uma soma de realidades pré-existentes. Torna-se assim essencial envolver toda a comunidade académica neste momento fundador com vista à criação de novas realidades que, mobilizando também a sociedade em que se insere, seja um factor fundamental na recuperação económica, tecnológica, social e cultural que Portugal tanto necessita. Nos tempos actuais faltam exemplos de iniciati vas generosas que, parti ndo do abandono de modelos paroquiais de organização, procurem rentabilizar os recursos humanos, materiais e culturais já existentes, e sem pedir um maior esforço aos cidadãos, multi pliquem a sua capacidade de intervenção contribuindo para a valorização dos recursos nacionais e, de uma forma consistente e sustentada, valorizem o papel do saber e do saber fazer dos portugueses junto dos seus parceiros internacionais, não só no espaço europeu mas fundamentalmente nos novos espaços de desenvolvimento que actualmente se afi rmam ao nível da África, América Lati na e Ásia.

Fusão da UL-UTLUma Nova Entidade Universitária

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40 Maio 2012 | pharmacevtica 60

Actualmente, as palavras “desemprego” e “austeridade” dominam as notí cias. De tal forma que a Porto Editora elegeu esta últi ma como a palavra do ano de 2011. É também impossível não pensar nas elevadas taxas de desemprego que assolam o nosso País, especialmente no que aos jovens diz respeito.Portugal apresenta a terceira maior taxa de desemprego da zona Euro e este afecta 35,4% dos jovens portugueses. O aumento deste indicador (de 12,3% em 2011 para os actuais 14,8%) está relacionado com diversos factores mas o mais importante é, sem dúvida, o pedido de ajuda fi nanceira e as consequentes medidas impostas pela Troika. O Ministro da Economia apresentou, em Bruxelas, no início do mês de Março um programa denominado “Impulso Jovem” que pretende oferecer estágios profi ssionais a jovens que estejam inscritos há pelo menos 4 meses nos Centros de Emprego. Os estágios são a principal arma do Governo para combater o desemprego jovem e este projecto abrangerá entre 77 mil e 165 mil jovens, representando um investi mento entre os 352 e os

Por | Mário Santos

DESEMPREGO na PoPULação JoveM

651 milhões de euros. Antes desta medida e dada a já referida escalada dos índices de desemprego, muitos jovens optaram pela emigração, procurando assim uma oportunidade fora de portas. E a verdade é que Portugal se tornou um verdadeiro exportador de mão-de-obra qualifi cada, nas mais diversas áreas do saber. Desti nos como a Alemanha, Inglaterra, Brasil, Angola e China estão entre os mais procurados, visto aliarem elevados salários a boas perspecti vas de carreira. Estamos perante uma geração algo bloqueada que tem como opções, resignar-se ou reinventar-se. A segunda hipótese afi gura-se como a melhor pois, procurando evoluir no senti do de nos tornarmos melhores profi ssionais (e até mesmo melhores seres humanos), aumentamos o nosso valor e contribuição para solucionar os problemas do nosso país.

“Estamos perante uma geração algo bloqueada que tem como opções, resignar-se ou reinventar-se.”

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Por | Mário Santos

DESEMPREGO na PoPULação JoveM

Por | Flávio Monteiro

No passado dia 24 de Março a Comissão Organizadora das Comemorações da Crise Académica de 1962, assinalou os 50 Anos da “Crise Académica de 62”, na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa. Comemorou-se ainda o Dia do Estudante, escolhido pela Assembleia da República, em 1987, como um marco na história da luta estudanti l pela Autonomia. A entrada da Aula Magna estava preenchida com vários quadros alusivos ao sucedido há 50 anos, retratando em parte o vivido na altura. Esta comemoração foi preenchida com vários momentos. destacando-se a inauguração da exposição “100 dias que abalaram o regime”, o lançamento do livro/

catálogo “a Crise Académica de 1962” e ainda o Sarau Académico, no qual se presenciaram vários momentos preparados pelos alunos de Medicina, Letras, Direito e Ciências. De salientar ainda o discurso de abertura do Sarau Académico proferido pelo Presidente da Direcção da AAUL, João Marecos, do qual saliento: “Hoje, diz-se, não clamamos liberdade. Mas Descartes dizia que a “indiferença é o grau mais baixo de liberdade”. Deixo pois o apelo aos meus colegas estudantes: não fi quem indiferentes! A voz do Estudante só se ouve quando gritada em uníssono. A liberdade que outros conquistaram para nós não se basta em ser vivida, precisa de ser prati cada.”

“Hoje, diz-se, não clamamos liberdade. Mas Descartes dizia que a “indiferença é o grau mais baixo de liberdade”.

Presidente da Direcção da AAUL | Discurso de Abertura do Sarau Académico

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42 Maio 2012 | pharmacevtica 60

Por | João Neves

Portugal está em crise. A Farmácia Comunitária também. Todos os dias somos confrontados com cortes no sector público. Menos subsídios, mais horas de trabalho, maior facilidade no despedimento. E a verdade é que, apesar de representarmos um sector que apresenta uma saudável estabilidade, a ANF acaba de apresentar um novo contrato colecti vo de trabalho com uma redução signifi cati va do salário base dos farmacêuti cos. Além do mais, não nos podemos esquecer que é este mesmo estado-providência que sempre foi o maior cliente das farmácias e, neste momento, poderá facilmente não resisti r à crescente pressão demográfi ca resultante do envelhecimento populacional e ao baixo crescimento económico verifi cado na últi ma década. Apesar da sua enorme missão social, esti ma-se que o valor do mercado farmacêuti co seja de aproximadamente 5 mil milhões de euros, o correspondente a cerca de 6% do PIB, sendo um dos sectores da economia que mais emprego cria.Contudo, a margem de lucro na venda do medicamento é de apenas 19,05% para as farmácias, o mais baixo da Europa, e juntando a isto o crescimento do mercado dos genéricos (que provocam em média uma perda de 50.000€ anuais por farmácia), torna-se clara a necessidade de encontrar o melhor caminho para um crescimento sustentável. A liberalização do mercado e a abertura de parafarmácias com medicamentos não sujeitos a receita médica, produtos de higiene e cosméti ca, anteriormente exclusivos das farmácias, obriga os responsáveis do sector a procurar alternati vas e soluções para lidar com uma concorrência até agora inédita. É neste contexto que é preciso obter ferramentas suplementares à nossa formação técnica e cientí fi ca. Ao longo do nosso ensino superior, estudamos para ser os especialistas do medicamento e é, muitas vezes, esta mentalidade que nos impede de ver a importância de uma boa gestão e liderança quando se lida com um negócio, ainda que relacionado com a saúde.

Um bom gestor faz o planeamento das necessidades, organiza os seus meios, administra e controla-os de forma a obter os melhores resultados. Necessita porém de algumas apti dões técnicas (conhecimentos de gestão, marketi ng, entre outros) e também apti dão em relações humanas de forma a compreender, moti var e obter adesão por parte dos seus colaboradores. Ele é, assim, capaz de dinamizar o seu negócio e, com um pouco de talento e perspicácia, pode porventura revolucionar o mercado, encontrando novas oportunidades nesta conjuntura de difi culdades sociais e económicas. É portanto óbvia a urgência em alargar os serviços prestados nas farmácias de forma a aproximar estas das necessidades dos utentes: porque não prestar assistência ao domicílio a doentes polimedicados, acamados, entre outros? Porque não adoptar o conceito de “drive-in” em bairros dormitórios em que as pessoas, ao invés de adquirirem certos produtos nas “áreas de saúde” de grandes superfí cies comerciais, preferem fazê-lo com comodidade enquanto regressam a casa, aproveitando ainda para comprar os medicamentos sujeitos a receita médica que optaram por não adquirir na farmácia junto ao emprego por não terem tempo? Cabe ao farmacêuti co enquanto gestor avaliar se a redução da margem de lucro compensa e naturalmente, gerir a políti ca de atracção e fi delização dos utentes de forma a não fragilizar a imagem de credibilidade da farmácia, uti lizando técnicas de marketi ng apropriadas. Acima de tudo, há que fazer passar ao utente a mensagem de que o serviço da farmácia justi fi ca alguns preços, podendo-se inclusivamente ajustar a margem nos produtos e serviços que não são exclusivos, de forma a desmisti fi car a ideia de que “tudo o que é adquirido na farmácia é mais caro”. Afi nal de contas, podemos dormir descansados sabendo que os custos e os problemas associados a erros na medicação levam a que o papel do Farmacêuti co nunca será substi tuído por um interveniente sem formação superior.

oPoRtUnidades eM teMPo de CRise

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UM NOVO DIAPor | André Reis

Fecho os olhos. Há na imensidão algo alheio a mim.Invadido por uma extravagância de cor, luz e formas;Submeto-me à simples felicidade que foge das normas,Aqui salto, corro até vôo. Não quero que chegue o fi m.

As cores agora translúcidas, luzes que começam a exti nguir,Uma últi ma imagem abate, e devagar desfi la e permanece,Com ela a inicial euforia vacilante, como o fumo, desvanece.Mente traiçoeira que cegas e trazes o preto de novo a existi r.

Desarmo debilmente as minhas delicadas pestanasCom Receio! Receio de enfrentar algo que me espera,Onde todos os dias se mantém cada vez mais forte que era.Oh Futuro, desde há muito que não me chamas e abanas.

O corpo frágil cansado estala da sua preguiça, empinoNa tentati va de adoptar uma nova posição neste Mundo,Combatendo a inércia instaurada pelo desespero profundo.Os meus pés gélidos no chão, tentam caminhar sem desti no.

Olho a minha pele gasta ao espelho. É isto que sou?Um pequeno fl uxo de água inunda-me as mãos e o olharNum total desespero, molho a cara na tentati va de mudarEsta pessoa. Olho o espelho, medroso…mas…nada mudou.

Sento-me diante do habitual condenado, esfomeado,Devoro-o na esperança de extrair alguma nova sensaçãoPara além de, o também habitual, sabor a cinza que me dão.Apenas o mau sabor na boca me acompanha, aqui, isolado.

À deriva neste mar de asfalto e calçada, quero regressar!Criaturas alegres, desiguais espalhadas à minha volta,Só, passeio-me no sol que não acalora, encadeia e revoltaO olhar, o qual, há muito não ousam coragem de lhe pousar.

Compareço; Desapareço; A demora esgotante em tão poucasHoras. Sou restringido ao meu minúsculo e débil cubículoQue a minha pessoa aprisiona, e me torna num ser ridículoPor encarar uma fúti l felicidade ao terminar as horas loucas.

De volta ao caminho incessável, gasto com tanta dor,Com a pequena esperança de reencontrar aquele lugarOnde sonhara alegre, no jardim da Mente, a dormitar.Olho impaciente o fi m da subida, contemplo o sol a pôr.

O últi mo raio de sol embate na minha face. A doceEstrela, delicada e explosiva, que agora desvanece.O calor da minha cara parte, mas a ideia permanece.

Deslizo a chave gasta na fechadura, e abro para o futuroDe um novo Mundo, ainda característi co ao atual obscuro,Que agora se destaca com o pequeno rebento de uma frágilFlor. Nasce miraculosamente de entre um vaso seco e inférti l.

Aproxima-se o habitual momento ansiado loucamenteOutrora. Agora olho o de lado, é-me quase indiferente,Apenas o desejo com a fi nalidade de recuperar a energiaPrecisa para me erguer, combater e desfrutar o novo dia.

Há um calor dentro de mim, deixado pela vivacidadeDo pequeno e frágil rebento, mesmo novo de idade,Assim como eu, terá tempo para poder livremente crescer.Por enquanto, a teu lado, não o podemos deixar desvanecer.

Amanha será um novo dia. Já não preciso de mais sonhar,Faço-o apenas por saber tudo o que esta vida me pode dar.

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44 Maio 2012 | pharmacevtica 60

Hoje não quero estar aqui. Hoje quero perder-me em ruas pintadas de azul ou em bairros de caminhos escuros e sinuosos. Hoje apetece-me experimentar novas sensações, provar novas culturas, abraçar novas pessoas. Colher o que de novo se mostra em Paris, em Bali, no Rio, em Nova Iorque… Ver caras marcadas por vidas diferentes, mais ricas, melhor pensadas e/ou mais vividas. Quero acordar de manhã e pensar que tenho uma vida inteira de rotas e descobertas pela frente. Ver-me ao espelho e não me ver. Sonhar com cheiros inebriantes e cores exóti cas. Hoje quero sair de casa e não ver a mesma rua. Quero ouvir vozes que me prendam, com ideias que me moti vem a

Por | Teresa Dominguez

acções que me interessem. Ouvir algo que nunca tenha ouvido, um som mais metálico ou forte ou suave, que me envolva numa melodia única e me faça dançar só porque sim, sem razão, desprendida de preconceitos. Hoje quero ir a uma praia deserta e senti r a água morna debaixo dos meus pés ou passear numa avenida e ser empurrada pelo vento e pela chuva. Dormir num campo aberto e ansiar pela noite, só para reconhecer todas as estrelas que vi outrora, com outras pessoas, noutros lugares. Mas hoje quero deixar o passado para trás. Imaginar-me livre de memórias que me comprimem e não me deixam ver mais além. Formar um carácter que não me permita olhar por cima do ombro, seja para pessoas ou para situações. Hoje quero levantar o queixo e baixar os olhos ao mesmo tempo, alcançar um estado de espírito que me ajude a senti r tudo sem senti r nada, mostrando ao mundo ainda menos. Festejar uma juventude com tantos anos pela frente e chorar, pela velocidade a que tudo passa. E, por isso, hoje quero viver o dia inteiro, a tarde e a noite. Sorrir com naturalidade. Andar com certeza. Abrir muito os olhos com atenção e fechá-los para saborear tudo o que não é visto. Porque hoje quero ser efémera e profunda, sair para o mundo e sair de mim, ser inegavelmente livre. E, se calhar, ser relati vamente feliz.

E, SE CALHAR...Fotografi as | Eduardo Gomes Madeira

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pharmacevtica 60 | Maio 2012 45

Por | Teresa Dominguez

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46 Maio 2012 | pharmacevtica 60

Audaz. Revolucionário. Brilhante. Um bestseller a não perder para quem quer obviar o erro do ser humano num mundo cada vez mais dependente de tecnologia. A checklist

que vai revolucionar, de forma simples, a vida de todos os leitores com as mais variadas profi ssões!

O Efeito Checklist Como Aumentar a Efi cáciaAtul Gawande

O Segundo Fôlego Philippe Pozzo di Borgo

Autobiografi a do aristocrata francês Philippe Borgo que, na sequência de um acidente de parapente, fi cou tetraplégico. Adaptado ao cinema em ‘Amigos Improváveis’,

é um relato deliciosamente diverti do e surpreendentemente humano que relata os anos de convivência de Philippe com Abdel, um jovem auxiliar que é contratado para providenciar os seus cuidados.

Autobiografi a do aristocrata francês

Fest iva is de Verão

Com o aproximar da época balnear vão sendo desvendados os cartazes dos Festivais de Verão que, de Norte a Sul, vão satisfazer as necessidades dos melómanos portugueses.

Por | Mário Santos

Por | Catarina Silva

Por | Mário Santos

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pharmacevtica 60 | Maio 2012 47

Trilogia Millennium| Os Homens que Odeiam as Mulheres (Vol. 1)| A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo (Vol. 2)| A Rapariga no Palácio das Correntes de Ar (Vol. 3)

Sti eg Larsson (15 de Agosto de 1954 a 9 de Novembro de 2004), conhecido jornalista e escritor sueco, destacou-se internacionalmente com a trilogia Millennium, lançada a tí tulo póstumo. O primeiro volume já se encontra adaptado ao grande ecrã.

C inema para 2012Um terço do ano já lá vai mas 2012 reserva-nos algumas prazerosas idas ao Cinema. No próximo mês estreia “Vergonha”, o segundo fi lme de Steve McQueen, que conta a história de um sexaholic e da relação que mantém com a sua irmã. No Verão, a últi ma parte da trilogia Batman de Christopher Nolan chega ao grande ecrã. Depois dos geniais dois primeiros capítulos, as expectati vas estão bastante elevadas para o últi mo capítulo das aventuras do Cavaleiro Negro. A grande estreia do Outono é a 23ª aventura do agente secreto mais famoso do Mundo. “007 Skyfall” conta, mais uma vez, com a presença de Daniel Craig no papel de James Bond e desta vez é posta em causa a lealdade de James a M, a sua superior no MI-6. No fi nal do ano, o imaginário de J.R.R. Tolkien também regressa às salas de cinema com “The Hobbit”, que temporalmente ocorre antes da odisseia de Frodo até às fornalhas de Mordor. Para os fãs d’ “O Senhor dos Anéis” é um fi lme a não perder!

Por | Catarina Silva

Por |Mário Santos

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48 Maio 2012 | pharmacevtica 60

Por | Catarina Silva

A III edição do Café Concerto proporcionou, no passado dia 12 de Abril, uma agradável noite marcada pelo convívio de várias gerações que dão corpo e alma à FFUL. 3 Litt le Birds, Elektra Zagreb e 9 Live Cats marcaram o compasso e fi zeram as delícias de todos os presentes.

O Departamento Cultural e Académico, David Candeias e Rita Sobral da Silva, apresentaram os nomeados nas diversas categorias a concurso aos tão ambicionados Farmoawards. Os grandes vencedores serão premiados no XVII Sarau Académico da AEFFUL (24 de Maio, Aula Magna).

3 Litt le Birds Elektra Zagreb 9 Live Cats

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