pH=7, NEUTRO É A MÃE!

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OPERÁRIOS DE TARSILA DO AMARAL, ÓLEO SOBRE TELA - 150X 205 CM, 1933. +POLÍTICA O Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (PROVAB)- lançado pelo ministério da saúde em 2011- (...) Foi implantado de forma autoritária e sem a conclusão de análises sobre futuros impactos na graduação e na residência médica. Um dos aspectos mais polêmicos era a vinculação da participação a um bônus de até 20% nos concursos de residência médica, uma afronta à meritocracia e àqueles que se preparam durante anos para tais processos seletivos (com muito estudo, monitorias, iniciações científicas, cursos, etc).” p. 4 +SAÚDE PÚBLICA O HOSPITAL DAS CLÍNICAS AINDA É NOSSO? Veja números deste gigante cada vez mais distante da graduação. p. 6 “acreditamos que o Internato Rural de Medicina da UFMG deve tornar pública essa situação e exigir mudanças (...). Nada no SUS é gratuito.” Veja o artigo de opinião do aluno Marcelo de Almeida p. 7 FM EM FOCO EU QUERO A VINHADA NO DAAB... Entenda um pouco mais sobre a proibição de festas na UFMG e veja o que pode ser feito para que os estudantes continuem promovendo confraternizações no ambiente da Universidade. p.19 Veja também uma Carta de docente preocupado com o ensino da medicina de urgência e das emergências clínicas no curso médico da FM- UFMG p.18 M.O.D.A Um pouco sobre os novos HD’s externos dos médicos. p. 17 +CIÊNCIA Inflamação e transtornos neuropsiquiátricos e um pouco da carreira de pesquisador do Profº Antônio Lúcio Teixeira. p. 8 MURAL DAS LIGAS Conheça mais sobre a Liga do Trauma. p. 9 RDOCS COMUNICAM Sobre as atividades complementares geradoras de créditos. p. 10 DArtes CENTENÁRIO DA FM-UFMG Relato de quem esteve nos bastidores do Festival Medicina e reflexões sobre a superficialidade das comemorações. pp. 22 e 23 O exercício da greve é um direito fundamental protegido pela Constituição Federal... Será mesmo? Por que os últimos meses foram marcados por tantos movimentos grevistas? p. 22 SUPLEMENTO COM ENTREVISTAS E CONTEÚDOS DO CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA pp. 12, 13, 14, 15 e 16.

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EDIÇÃO #3, 1º SEMESTRE DE 2012

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OperáriOs de Tarsila dO amaral, óleO sObre Tela - 150x 205 cm, 1933.

+POLÍTICAO Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (PROVAB)- lançado pelo ministério da saúde em 2011- (...) Foi implantado de forma autoritária e sem a conclusão de análises sobre futuros impactos na graduação e na residência médica. Um dos aspectos mais polêmicos era a vinculação da participação a um bônus de até 20% nos concursos de residência médica, uma afronta à meritocracia e àqueles que se preparam durante anos para tais processos seletivos (com muito estudo, monitorias, iniciações científicas, cursos, etc).”

p. 4

+SAÚDE PÚBLICAO HOSPITAL DAS CLÍNICAS AINDA É NOSSO?Veja números deste gigante cada vez mais distante da graduação.

p. 6

“acreditamos que o Internato Rural de Medicina da UFMG deve tornar pública essa situação e exigir mudanças (...). Nada no SUS é gratuito.”Veja o artigo de opinião do aluno Marcelo de Almeida

p. 7

FM EM FOCO EU QUERO A VINHADA NO DAAB...Entenda um pouco mais sobre a proibição de festas na UFMG e veja o que pode ser feito para que os estudantes continuem promovendo confraternizações no ambiente da Universidade. p.19

Veja também uma Carta de docente preocupado com o ensino da medicina de urgência e das emergências clínicas no curso médico da FM- UFMG p.18

M.O.D.AUm pouco sobre os novos HD’s externos dos médicos.

p. 17

+CIÊNCIAInflamação e transtornos neuropsiquiátricos e um pouco da carreira de pesquisador do Profº Antônio Lúcio Teixeira.

p. 8

MURAL DAS LIGASConheça mais sobre a Liga do Trauma.

p. 9

RDOCS COMUNICAMSobre as atividades complementares geradoras de créditos.

p. 10

DArtesCENTENÁRIO DA FM-UFMG Relato de quem esteve nos bastidores do Festival Medicina e reflexões sobre a superficialidade das comemorações.

pp. 22 e 23

O exercício da greve é um direito fundamental protegido pela Constituição Federal... Será mesmo? Por que os últimos meses foram marcados por tantos movimentos grevistas?

p. 22

SUPLEMENTO COM ENTREVISTAS E CONTEÚDOS DO CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA pp. 12, 13, 14, 15 e 16.

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2EDITORIAL

PALAVRA DO ESTUDANTE

EXPEDIENTE

O Jornal pH=7 é uma publicação semestral, com tiragem de 3.000 exemplares. Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores não refletindo, necessariamente, a opinião do jornal. Serviços e produtos anunciados são de responsabilidade dos anunciantes. Para reproduzir conteúdos deste jornal, é necessário obter autorização da Gestão Centenário II- DAAB 2011/2012.

Contato: [email protected]

GESTÃO CENTENÁRIO II, UM RECOMEÇOd.a.a.b. 2011/2012

Coordenador Geral: Guilherme Messias Mendes Lima Secretários Gerais: Alander Cristiano Silveira, Marcel Assis QuintãoCoordenadora de Finanças: Clarice Semião Coimbra Coordenadores Científico: Daniel Trindade Araújo do Espírito Santo, Lucas Pontes Parente Travassos, Marcel Assis Quintão, Márcia Brito Brasil, Rafael Gusmão Rocha, Coordenadores de Comunicação:Clarice Semião Coimbra, Erickson Ferreira Gontijo, Ian Cunha Ribeiro Christoff, Otto Müller Silva Lopes, Patrícia Andrade Freitas de Menezes Coordenadores Culturais: Alexandre Nascimento de Carvalho, Bruna Fernanda Gomes de Morais, Danilo Messias Mendes Lima, Francisco Maurício Ramalho Júnior, Henrique da Silva Pereira CarvalhoLeonardo Antunes Mesquita, Teruã Borges de Oliveira Coordenadores de Ensino Médico: Clarice Semião Coimbra, Rafael Queiroz Araújo, Maria Cysne Barbosa Coordenadores de Assistência Esportiva:Brenda Freitas Costa, Danilo Messias Mendes Lima, Tais Soares Carvalho Coordenadores de Infraestrutura: Alander Cristiano Silveira, Erickson Ferreira Gontijo, Guilherme Messias Mendes Lima, Luiz Jacob da Costa Coordenadores de Movimento Estudantil: Deborah Rodrigues Six, Frederico Guimarães Mendes Filho, Guilherme Messias Mendes Lima, Teruã Borges de OliveiraCoordenadoras de Relações Internacionais: Brenda Corrêa Godoi, Brenda Freitas Costa, Deborah Rodrigues Six, Isabela Rodrigues Tavares, Raissa Lemos Ferreira da Silva Coordenadores de Representação Discente em Órgãos Colegiados: Márcia Brito Brasil, Ricardo Augusto Ramos Moura, Tais Soares Carvalho Coordenadores de Saúde Pública: Letícia Brandão Azevedo, Marcel Assis Quintão, Rafael Gusmão Rocha

JORNAL PH7 – 2º SEMESTRE DE 2010Captação de Matérias: Brenda Corrêa Godoi, Brenda Freitas Costa, Bruna Fernanda Gomes de Moraes, Leonardo Antunes Mesquita, Tais Soares Carvalho Captação de Recursos: Guilherme Messias Mendes Lima, Clarice Semião Coimbra Designer e Diagramação: Bia Braz Editora: Clarice Semião Coimbra

“Muitos de nós, calouros, não sabemos ao certo o que esperar quando ingressamos na Faculdade, milhões de perguntas nos vêm à cabeça: ‘Como vou me encontrar lá? Como será essa nova fase da minha vida? Será que fiz a escolha certa? Na Recepção de Calouros, a sensação que tivemos é de que muitas perguntas foram respondidas, porém novas indagações surgiram. A Recepção nos fez ver que a Faculdade vai muito além do que um ambiente de estudo e formação acadêmica, é um lugar onde há espaço para construção de idéias e ideologias, de novas formas de pensar e ver o mundo. Além disso, essa semana foi importante para um contato inicial com os 160 novos colegas e na construção de laços que durarão por toda a jornada acadêmica e, até mesmo, depois dela. Depois da semana de Recepção - com as palestras, documentários, ‘tour’

Democracia: “s. f. Forma de governo na qual o poder emana do povo e em nome dele é constituído; soberania popular; igualdade”. Bem, pela plena compreensão conceitual, brindemos, de imediato, à reitoria, à prefeitura, ao Ministério da Educação e ao Ministério da Saúde. Mas, para evitar que sejamos acusados de instigar a realização de festas, sugerimos que esse brinde ocorra ulterior aos limites de nossa Universidade.

Precisamos de conceitos bem definidos para que escapemos incólumes às falácias. E é disso, de conceitos e subversões, que trata essa edição do nosso pH=7. A obnubilação do limiar entre público e privado estará presente ao discutirmos a EBSERH e a

Camões atual; Nelson Rodriguês antigo.Sou um namorador de ônibusAcabo de despir Clessi dos seus óculos aos poucos durante curta viagemNão tão apelativamente como pensastesEla gostou!Me despiu tambémCom mais pudor, é verdade.Seus olhares para mim eram súplicas para que eu a despisse maisNa parada o silêncio do motor me fez pensar:Ela deseja outra poesiaDiferente.A banalização erótica não a encanta mais,Nem o sorriso simultâneo dos castradinhos.

Acadêmico: Daniel Trindade | Turma 136

EROS DOIS E QUARENTA E CINCO

RELATO SOBRE A RECEPÇÃO DE CALOUROS DO 2º SEMESTRE DE 2011Acadêmica: Maíra Viana | Turma 142

pelo campus e visita ao Inhotim – passamos a ter uma visão mais ampla da Faculdade, pudemos enxergar pelas diversas ‘janelas laterais’ da nossa vida que estavam antes fechadas. Com certeza, a Recepção nos fez entrar na Faculdade mais preparados e mais críticos nessa nova fase da nossa vida.”

alunOs da Turma 142 em visiTa aO inhOTim

Acadêmico Marcel Assis Quintão | Secretário Geral da Gestão Centenário II

Portaria 01/2012 da Secretaria de Saúde de Belo Horizonte; a formação médica é repensada em matérias acerca da PROVAB e nas entrevistas realizadas durante o COBEM; autoridade e autoritarismo se (con)fundem na perspectiva da Reitoria (portaria 034) e dos Ministérios; Greves e DCE se revelam como resquícios de soberania.

Não intentamos uma edição de mau agouro, tão pouco almejamos esgotar em poucas páginas debates tão vastos. Essas páginas são um convite a repensarmos nossa apatia e suas implicações. É preciso rever nossos contratos sociais, sobremaneira a cláusula que nos torna meros expectadores no “nosso” governo e da “nossa” Universidade.

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3+POLÍTICA

A greve surge da insatisfação de um grupo ou pessoa e, geralmente, tem como artifício o seqüestro da força de trabalho de um setor. Outra modalidade é a greve de fome. Mais altruístas, e um tanto menos prejudiciais ao mercado e à sociedade, grandes pacificadores deixam de comer até que cessem as mortes e a injustiça. Ainda existe o estilo de greve egoísta, em que os filhos arrastam psicologicamente as mães a lhes realizarem todos os mimos, à simples ameaça de não esvaziar o prato no almoço. Mas a onda de movimentos grevistas no Brasil tem em seu corpo nobres pacificadores ou crianças chorosas e com fome?

Estamos em greve. A frase taxativa foi ostentada muitas vezes nos últimos meses. Os motivos foram os mesmos históricos que, desde a França do século XVIII, assombram a classe operária. Melhorias nas condições de trabalho, aumento dos salários, obtenção de benefícios, dentre outras reivindicações. A greve, entretanto, é um meio de conseguir acordos com os patrões, e não o fim. Se assim fosse, seria matemático, seria só cruzar os braços e logo as coisas se resolveriam. Os paralisados têm de se envolver no processo, se informar e aderir ao movimento grevista de fato. No mesmo sentido, os sindicatos devem se preparar para as negociações, antes do início da manifestação. Contudo, o que vimos no país foi um grande número de paralisações esvaziadas, sindicatos despreparados e panfletários. Os brasileiros devem achar que estar em greve é sair de férias. “Fico aqui fazendo meu churrasco, quando eles resolverem a minha vida, eu volto a trabalhar. Tomara que não demore muito, porque cumprir hora extra vai ser difícil...”. Aqueles que participam dos atos, na maioria das vezes, fecham as ruas, entoam gritos e usam seus apitos, mas não vão além do barulho.

Os professores de Minas Gerais ficaram em greve por mais de cem dias. Queriam que o piso salarial federal fosse respeitado no estado. A paralisação, entretanto, exemplificou a ineficiência de acordo entre governo e grevistas. Uma trama arrastada que, de tão novelesca, criou dúvida nos expectadores sobre quem são os mocinhos e bandidos. Os reféns, de certo, são os estudantes e pais que se deparam com professores mal pagos, mas que não conseguem se fazer ouvir pelo estado. Já os correios, deixaram as cartas e contas dos contribuintes se acumularem por semanas. Com um pouco mais de comprometimento, houve um acordo de aumento salarial condizente com a inflação mais um adicional linear. Curioso é que tudo se resolveu após determinação do fim da greve pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho), e os sindicatos ainda deixaram passar o desconto de seis dias da folha de pagamento dos funcionários e horas extras aos domingos

Artigo de opinião do Acadêmico Danilo Messias | Turma 136 (Enviado ao Jornal pH7, em Fevereiro de 2012)

GREVES, PRA QUE TE QUERO?

“O exercício da greve é um direito fundamental protegido pela Constituição Federal conforme previsto pelo artigo 9º: ‘Art. 9º. É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender’. A Lei Federal nº 7.783 (de 28/06/89), que dispõe sobre o exercício do direito de greve, proíbe o empregador de adotar meios para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento (artigo 6º, § 2º). Já pela Lei Complementar 116/2011, "considera-se assédio moral a conduta de agente público que tenha por objetivo ou efeito degradar as condições de trabalho de outro agente público, atentar contra seus direitos ou sua dignidade, comprometer sua saúde física ou mental ou seu desenvolvimento profissional."

UM POUCO SOBRE O DIREITO DE GREVE...

para repor as correspondências pendentes. Com negociações atropeladas, mais uma vez, os trabalhadores tiveram sua ferida remendada sem pontos.

Os técnico-administrativos da UFMG também entraram na onda de greves. No segundo semestre do ano passado, decidiram compor o movimento grevista nacional do SINDIFES (Sindicato dos Trabalhadores nas Instituições Federais de Ensino). Entre os pontos questionados destacou-se a preocupação em proteger a carreira dos funcionários técnico- administrativos em universidades e a revisão do piso salarial da categoria que, segundo o comando de greve, era o mais defasado entre os servidores públicos federais. Na Faculdade de Medicina, a volta aos ambulatórios foi arrastada nas primeiras semanas. A marcação de consultas foi prejudicada, os prontuários não chegavam para o atendimento, muitos pacientes perderam consultas e os alunos tiveram acesso limitado à biblioteca. É inerente ao intuito grevista causar prejuízo, como forma de pressionar um acordo favorável. Todavia, a educação e a saúde não são como fábricas, em que se desligam as máquinas até que as negociações se resolvam. Os danos causados por paralisações extensas nesses setores são imensuráveis e, sob perspectiva ética, devem ser divididos entre sindicalistas e o governo.

No Brasil, contudo, existem movimentos

Enquanto Aécio Neves escreve em sua coluna na Folha: “Um Steve Jobs não brota por geração espontânea. Ele floresce num caldo de cultura em que a educação é valorizada e o talento, reconhecido. (...) O mundo se dividirá cada vez mais entre os países que investem com seriedade em educação, pesquisa e tecnologia e os que não o fazem” (em 05/09/2011, artigo denominado Inovação). Dias depois, a mesma Folha informa que: Em Minas, Estado governado por Aécio por quase oito anos (2003-2010), o piso salarial dos professores da rede estadual equivale a vergonhosos R$ 616, praticamente a metade do que manda a lei (R$ 1.187 por 40 horas semanais). O piso salarial de Minas é o mais baixo do país. (Fonte: Blog do jornalista Lucas Figueiredo).

sindicalistas fortes, a exemplo dos bancários, uma das mais organizadas categorias trabalhistas do país. Os funcionários ficaram longe de agências e centros administrativos durante 21 dias, e conseguiram resultados que assustaram até a Presidente Dilma Rousseff. Ajuste acima da inflação e aumento na participação dos lucros das instituições financeiras. Tudo isso sem contestação da greve na justiça, sem represálias aos trabalhadores, enfrentando banqueiros - que dão valor ao seu dinheiro - e o aumento salarial preguiçoso das estatais. Antes de parar, contudo, o Comando Nacional dos Bancários tentou rodadas de negociação com a Federação Nacional dos Bancos, que não se mostraram suficientes às reivindicações da classe. Neste momento, é hora de o proletário invadir o Place de Grève, com toda a beleza desse direito trabalhista. Mas neste cais das greves, os comandantes têm que cuidar pra que sua tripulação não fique a ver navios.

issO nÃO Te incOmOda?

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4 +POLÍTICA

O Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (PROVAB)- lançado pelo Ministério da Saúde em 2011- incitou discussões em meio aos acadêmicos de medicina de todo o país e nas entidades de representação profissional. Divulgado como uma forma de incentivar o médico recém-formado a prestar assistência à população de municípios longínquos e com baixo desenvolvimento socioeconômico, o Programa foi implantado de forma autoritária e sem a conclusão de análises sobre futuros impactos na graduação e na residência médica. Um dos aspectos mais polêmicos era a vinculação da participação a um bônus de até 20% nos concursos de Residência Médica, uma afronta à meritocracia e àqueles que se preparam durante anos para tais processos seletivos (com muito estudo, monitorias, iniciações científicas, cursos, etc).

Em propagandas televisivas, cidadãos agradeciam ao “Doutor” por levar a saúde ao interior. Marketing de um governo populista que delega ao médico o dever de solucionar os problemas de saúde da população, isentando-se de construir um sistema de saúde único, verdadeiramente, universal e equânime. A população das cidades mais carentes de nosso país que se contente com um profissional (acompanhado por preceptoria à distância e telemedicina), sem uma equipe multidisciplinar e infraestrutura necessárias à promoção da saúde. Destaca-se, ainda, a ausência de um plano de carreira que fixe com dignidade e estabilidade o profissional no interior do país.

Entre os discentes da Faculdade de Medicina da UFMG, as reflexões sobre o PROVAB iniciaram-se em reuniões convocadas pela Associação dos Médicos Residentes do Hospital das Clínicas (AMEREHC) da UFMG. Membros do Diretório Acadêmico Alfredo Balena (DAAB) participaram desses encontros, com o posicionamento favorável ao incentivo à Atenção Básica, mas contrários à bonificação exagerada nos concursos de residência. A partir daí, o DAAB propôs assembleias e ações, organizando juntamente com os alunos Paula Januzzi e Gustavo Bretas um abaixo-assinado dos estudantes da FM-UFMG e protestos durante o 49º Congresso Brasileiro de Educação Médica (COBEM).

Na abertura do 49º COBEM, Alexandre Padilha, nosso excelentíssimo ministro da saúde, foi recebido com o abaixo-assinado e mensagens contrárias ao bônus de 20%. Em seu discurso, o ministro abandonou o tema proposto pela organização do evento e centralizou esforços em defesa do Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica. Padilha afirmou que os estudantes deveriam se alegrar com um governo democrático que opta pelo bônus, quando poderia apenas vincular a experiência no interior como obrigatória à formação médica. Desafiou, ainda, os estudantes a permanecerem em protesto, afirmando que falaria por mais de trinta minutos. Com uma escala multiplicadora do tônus muscular, os braços continuaram erguidos em protesto por toda a cerimônia.

Ainda durante o Congresso, estudantes de

OPERÁRIOS DE UM PROJETO DE GOVERNO

minisTrO da saúde na aberTura dO 49º cObem

medicina de todo o Brasil lotaram o fórum da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) e participaram de inúmeras discussões relacionadas ao tema. Tais ações culminaram na afirmação da Profª Maria do Patrocínio Tenório Nunes (Secretária- Executiva da CNRM) de que o bônus não seria mais de 20% e que novos valores seriam estabelecidos, com base em estudos estatísticos, em reuniões futuras na Comissão. Veja também nesta página, fragmentos das atas dessas reuniões deliberativas sobre o PROVAB e cópia da mensagem, enviada pelo DAAB, aos membros da CNRM.

A despeito de todas as polêmicas, o Programa foi colocado em prática pelo governo, no início de 2012, com vínculo de trabalho de doze meses e associado a bônus de 10% nas provas de residência. A Comissão Nacional de Residência Médica criou um grupo que avaliará o desempenho dos médicos selecionados e demais aspectos do PROVAB, para apresentar resultados e propor modificações, após um ano de seguimento. Muitas questões permanecem sem respostas, entre elas: “Como tem sido a atuação e o suporte fornecido aos médicos selecionados pelo Programa?” ou “Estão previstas alterações no PROVAB após a baixa adesão deste ano e a permanência de vagas ociosas?”. O Jornal pH=7 apresentou essas e outras perguntas a Comissão Regional de Residência Médica (CEREM) de Minas Gerais e solicitou, inúmeras vezes, que algum representante estadual as respondesse, sem obter retorno até o fechamento desta edição.

ACOMPANHE UM POUCO DO QUE FOI DELIBERADO NA CNRM...

“Dra. Maria do Patrocínio lê documento encaminhado pelo Diretório Acadêmico Alfredo Balena– UFMG, o qual solicita maior reflexão dos membros da CNRM” (Plenária de Dez/2011).

“Dr. Mauro Britto (MS) acredita não ser possível fixar o médico nas regiões carentes, sem uma carreira de estado. Afirma que as entidades médicas têm uma proposta tramitando no Congresso com relação a isso” (Plenária de Dez/2011).

“Jose Carlos Nicolau (AMB) considera que o bônus altera a meritocracia” (Plenária de Dez/2012).

“Dra. Beatriz afirma que há várias omissões na resolução. O programa deveria estimular e não induzir a adesão. 10% de bonificação deixam de ser estimulante e passa a ser ditatorial” (Plenária de Jan/2012).

“Dra. Beatriz afirma que há várias omissões na resolução. O programa deveria estimular e não induzir a adesão. 10% de bonificação deixam de ser estimulante e passa a ser ditatorial” (Plenária de Jan/2012).

“Dr. Bonamigo informa que a Diretoria plena da AMB e as sociedades de especialidades discutiram o assunto e se posicionaram contrários a qualquer bonificação” (Plenária de Jan/2012).

mensaGem enviada pela direTOria dO daab aOs membrOs da cnrm.

“Prezada Dra. Maria do Patrocínio Tenório Nunes,

C/c para membros da CNRM e da CEREM- MG; Diretoria da FM-UFMG e do HC-UFMG.

Nós, que representamos os 2.000 alunos da Faculdade de Medicina da UFMG, gostaríamos muito de solicitar aos membros da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) que refletissem sobre o impacto de uma bonificação exagerada na vida acadêmica e profissional dos milhares de estudantes que sonham e se preparam para cursar uma residência médica de qualidade. 

Participamos ativamente da organização do 49º Congresso Brasileiro de Educação Médica (COBEM) e ficamos muito felizes com o pronunciamento da senhora na plenária final do Congresso, afirmando que a CNRM iria rever - nos dias 14 e 15 de dezembro de 2011- a porcentagem da bonificação nos Concursos de Residência Médica para os médicos que participarem do “Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica”. Tentamos nos deslocar à Brasília para participarmos das plenárias, mas não conseguimos os recursos necessários.

Entendemos que o Programa é muito importante pelo estímulo que poderá fornecer aos médicos que trabalharem na Estratégia de Saúde da Família e, especialmente, por beneficiar populações de maior vulnerabilidade. Entretanto, o que mais preocupa os estudantes é a aparente bonificação exagerada. Considerando que nossa formação deve englobar muitas competências e diferentes atividades extra-curriculares, não faz sentido dar a esta experiência na Atenção Primária um peso tão grande.

Gostaríamos, ainda, de contar com os membros da CNRM no maior esclarecimento- junto ao governo- das propostas do Programa para garantir uma assistência de qualidade à população e dignas condições de trabalho aos profissionais da saúde. Diferente do que o governo tem veiculado em propagandas na rede de televisão, acreditamos que a presença do médico não é garantia de saúde e que a população ficará grata não pela simples “chegada do doutor”, mas pela extensão e fortalecimento de todo o Sistema Único de Saúde (SUS).”

prOTesTO cOnTra O bônus de 20%

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5+POLÍTICA

Os dias 23 e 24 de Novembro ficaram marcados na história das eleições do Diretório Central dos Estudantes da UFMG: após 35 anos de partidos ditando as regras e usufruindo da entidade, uma nova chapa conquistou a vitória. Nomeada ONDA, sigla para O Nosso Diretório Apartidário, e embasado no apartidarismo como principal bandeira, o grupo teve início em uma parceria entre alunos da Engenharia e Medicina, agregando componentes de diversos outros cursos. O elo da formação foi a insatisfação com a má coordenação do Diretório nos últimos anos, nos quais o interesse partidário falava mais alto. Com uma campanha financiada pelos próprios membros, a ONDA apostou em estratégias inovadoras e que atraíssem a atenção dos demais estudantes, contando com intervenções culturais e criatividade na montagem do material, o que destoou das estratégias adversárias, cuja preocupação maior foi entregar panfletos maçantes e abordar os vários estudantes em seus horários livres para tentar convencê-los ao voto. Nos dias das eleições esse diferencial ficou evidente: enquanto militantes das demais chapas vindos de todo o Brasil interrompiam todos que passassem pelo caminho, entregando uma grande quantidade de papéis, pessoas perguntavam mais sobre as propostas e pediam avisos de porta da Chapa 5- ONDA.

Uma boa surpresa nas urnas foi a maior participação dos alunos de Medicina, se comparado com anos anteriores. Os votos que não chegavam nem a 10% dos matriculados no curso ultrapassaram 30% esse ano (veja os gráficos 1 e 2). Dentre as motivações para esse aumento expressivo, destaca-se a credibilidade das Gestões Centenário I e II do Diretorio Academico Alfredo Balena (DAAB), que declarou apoio como entidade.

Há quem almeje um DCE-UFMG diferente: que amplie e dê mais credibilidade à representação estudantil!

A ONDA - O Nosso Diretório Apartidário - chapa eleita para a gestão 2012 do DCE- UFMG agradece aos estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais e esclarece: 1. Refutamos todas as apropriações indevidas de nossa vitória, com atribuição de rótulos ou classificações de nosso grupo;2. Negamos qualquer auxílio de representantes de juventudes partidárias na consolidação de nosso grupo ou na formulação de nossas propostas de campanha;3. Explicitamos nosso desejo de modificar o processo eleitoral do DCE-UFMG, reduzindo o assédio ao qual o estudante é submetido e ampliando a organização do processo;4. Discordamos de uma representação estudantil que se mantém distante das salas de aula (durante todo o ano) e depois, as invade na campanha eleitoral. Diante disso, adotamos medidas criativas e agradáveis (como a distribuição de algodão-doce e a realização de shows musicais) para convidar os estudantes para o processo eleitoral e iniciar nossa apresentação;5. Reiteramos o compromisso de realizar uma Gestão do DCE-UFMG sem vinculação a nenhum partido político ou congênere.

A ONDA não é de direita, nem de esquerda. A ONDA não é conservadora, nem liberal. A ONDA será o que suas ações e realizações demonstrarem, no próximo ano. No momento, é apenas um grupo ideologicamente diversificado de estudantes da UFMG, interessados na melhoria da nossa Universidade e da nossa sociedade.

Nossas experiências individuais- construídas ao longo da vida, nos CAs e DAs e nas salas de aula- confluíram para formação do grupo. Entretanto, diante de problemas cada um de nós terá propostas diferentes que serão debatidas e/ou unificadas. Defendemos este caminho, em detrimento da doutrinação que aliena e impede o estudante de aceitar a pluralidade de idéias inerente à sociedade.

Viu? Nossa Onda surgiu da insatisfação aliada à vontade de fazer diferente. Se você também se sente assim, independente de sua orientação política, ajude-nos a construir um DCE renovado e crítico. Aponte problemas, questione estruturas, formule soluções, avalie impactos e dialogue!

Belo Horizonte, 28 de novembro de 2011. Estudantes da UFMG que compõem a Chapa Eleita, ONDA.

ORGULHO DE FAzER PARTEDA MEDICINA UFMGArtigo de opinião dos Acadêmicos Bruna Morais e Leonardo Mesquita (Turma 139)

Além disso, quatro membros da Diretoria do DAAB participaram da Chapa eleita para o DCE. Muitos alunos afirmaram que votaram na Chapa 5 por confiar no trabalho que vem sendo realizado no DAAB e desejam que esse padrão de comprometimento e eficácia se estenda a toda UFMG.

No Instituto de Ciências Biológicas, que abriga os quatro primeiros períodos do nosso curso, a ONDA obteve cerca de 80 votos a mais que a segunda chapa, apesar das tentativas de atrapalhar a votação e tentativas de alvoroço realizadas pelas demais concorrentes. Vale ressaltar que três dos quatro períodos foram recepcionados pelas gestões Centenário I e II, podendo acompanhar o progresso dos grupos.

Na Medicina, os opositores conseguiram atrasar a abertura da urna em mais de cinco horas, somando-se os dois dias, o que impediu que muitos alunos votassem. Além disso, no segundo dia de votação, a urna da Medicina ch Mensagem enviada pela Diretoria do DAAB aos membros da CNRM. egou com um rasgo que misteriosamente ocorreu a caminho do Campus Saúde.

Num processo eleitoral desorganizado e escuso, lista e urna de votação sumiram e nem mesmo a junta eleitoral sabia ao certo o que fazer; na falta de mesários, valeu o esforço dos funcionários da FM-UFMG (liderados pela pró-atividade do gerente administrativo Maurílio) e até mesmo do nosso Diretor de contribuírem para que as eleições fossem realizadas; ao fim, uma apuração com o clima hostil de encontro de torcidas organizadas e roubo de dinheiro do DCE. Depois de tanta desilusão, revigora-se o orgulho de fazer parte da Medicina da UFMG e o desejo de que uma ONDA de mudanças se espalhe pela nossa Universidade.

CARTA ABERTA À COMUNIDADE ACADÊMICA DA UFMG

GrupO Onda

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6 +SAÚDE PÚBLICA

Entre todas as virtudes de nossa Faculdade, certamente o Complexo de atendimento do Hospital das Clínicas (HC/UFMG) é um dos principais responsáveis pela altivez com que se proclama o curso de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Entretanto, até que ponto essa ostentação se justifica e até onde ela se constitui como nostalgia? Aos desavisados, atenção: o HC/UFMG é sim um Colosso e não é isso que se pode por cheque. O “nosso gigante” constitui-se, não obstante as notórias dificuldades financeiras, como um hospital universitário, historicamente vanguardista, público, referência municipal e estadual de saúde no atendimento aos pacientes do SUS portadores de patologias de média e alta complexidade. Além dos seus números e da grande diversidade e qualidade dos serviços prestados (Tabelas 1, 2 e 3), o HC/UFMG destaca-se ainda como o maior centro transplantador do Estado e é o único hospital que realiza, pelo SUS, de maneira contínua, ttransplantes de coração, pulmão, fígado, pâncreas-rim, medula óssea, rins e córneas.

Diante tantos enaltecimentos, estamos, então, incólumes? Bem, não é exatamente assim, pois vivenciamos muito pouco dessa grandiosidade. O nosso curso, à medida que incorporou progressivamente ao seu currículo atividades na atenção primária a fim de aproximar a formação médica do Sistema Único de Saúde; fato essencial, destacado inclusive no parágrafo único do Art. 6º das Diretrizes Curriculares das atividades de graduação nas atividades de alta complexidade do hospital. O erro aqui incorre em pressupor que a formação do médico generalista pode ser ampla e adequada, mesmo na complexidade. Ora, a formação em uma escola que vislumbre a excelência não pode ser parcial e voltada para o mercado de trabalho, deve, ao contrário, ser ampla e dinâmica, possibilitando ao acadêmico a maior variedade de experiência possível. Sim, antes que se alegue injustiça, temos várias atividades e disciplinas no HC/UFMG, mas é muito pouco diante de todo o potencial.

Nessa perspectiva, é preciso que o colegiado, a Diretoria do Hospital e os estudantes atuem juntos, com seriedade e crítica, na construção de um novo currículo que abarque não apenas as demandas governamentais, ou que não seja uma reforma de fachada, mas sim uma nova perspectiva curricular que possibilite uma graduação realmente digna da história, do respaldo e dos sonhos que consolidaram o estandarte de nossa Casa.

O HOSPITAL DAS CLÍNICAS AINDA É NOSSO?Marcel Quintão | Turma 136

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espera nO sus

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7+SAÚDE PÚBLICA

Quando falamos em SAÚDE o que nos vem em mente? Para grande parte da população brasileira a imagem que segue essa pergunta é a de grandes filas, de corredores lotados com pessoas debilitadas, de insegurança e medo. Porém essa visão triste e desalentadora não é de saúde e sim do processo de doença. Saúde é uma definição muito mais complexa que segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) se caracteriza pelo estado de completo bem estar físico, mental e social e não meramente a ausência de doenças. Um indivíduo saudável é aquele que além de não estar mórbido, faz parte de um grupo social saudável, vive uma interação saudável com o meio onde está inserido, sendo parte de um ecossistema sustentável onde as condições mínimas de vida sejam respeitadas como emprego, segurança, moradia, educação, lazer, etc. A saúde devemos abordá-la de forma ecossistêmica, onde as diversas áreas da sociedade organizada atuariam no processo de preservação e promoção da saúde. Neste contexto, sociedade civil, empresas e instâncias governamentais precisariam trabalhar, com sinergia de esforços e convergência conceitual, por uma sociedade saudável. A prática médica poderia ser de grande importância na recuperação e desenvolvimento de estratégias para melhoria da Saúde Coletiva. A visão de saúde como um direito a ser garantido por intervenções complexas, de cunho principalmente social e ambiental, é o único caminho eticamente viável para um sistema com o tamanho e as pretensões do Sistema Único de Saúde (SUS).

Entretanto, a abordagem ecossistêmica esbarra em jogos políticos que marcam a história de nossa nação como sistema perverso de clientelismo. O povo recebe “favores” dos políticos que apóiam, sendo as medidas de recuperação da saúde moeda corrente nesse meio, criando uma fachada de trabalho que acoberta investimentos vultosos, que não se destinam seriamente à promoção ou preservação de saúde, mas sim a um mecanismo assistencialista de baixa resolutividade, com muito marketing, grandemente atrelado a empresas produtoras de insumos para uma “prática médica”. Esse tipo de sistema está substituindo a relação médico-paciente e enterrando o princípio de que “a clínica é soberana”. A dominação ideológica da indústria da doença conseguiu influenciar os pilares da formação da mentalidade do médico e diminuir o papel que deveria ser dado à promoção e prevenção de agravos, ficando a assistência médica como símbolo de garantia da saúde. As equipes do Programa de Saúde da Família,

SUS NO MUNICÍPIO DE OURO PRETO: SERIA UM RETRATO DO SUS NO BRASIL?Artigo de opinião enviado em abril de 2012, pelo Acadêmico Marcelo Gomes de Almeida da Turma 132, após experiências vivenciadas em seu Internato Rural sob orientação do Prof. Apolo Heringer Lisboa

criadas com o discurso de que ocorreria uma deselitização da medicina num sistema de equidade, com atendimento acessível a todos perto de seu domicilio, via de regra, salvo honrosas exceções, tem servido pra iludir a população, que se vê a mercê de uma “medicina inferior”, desqualificada e desrespeitosa, para pobres.

Seguem alguns exemplos da atuação da equipe de Atenção Básica:

• O atendimento de pré-natal, consultas ginecológicas e coleta de exames colpocitológico são realizadas apenas por enfermeiras e não pela equipe com participação de médicos. Chama-se isso Atenção Primária, em nome da qual pode ser abolida a clínica médica de qualidade;

• Em três unidades do PSFs onde atuamos havia, em todas as salas, fichas, receituários e pedidos de exames carimbados em branco pelo médico da unidade;

• Nas unidades, os pacientes com diabetes, hipertensão e distúrbios neurológicos têm as receitas deliberadamente renovadas sem consulta médica, durante vários trimestres e até anos, sendo que tanto médicos como enfermeiras refazem as receitas;

• Relato da enfermeira: “Gente, se tiver alguma pessoa com convulsão, avise a gente para encaminharmos ao neurologista.” Epilepsia é a doença neurológica mais comum. O médico da Unidade de Atenção Primária não deveria ser o responsável pela condução dos casos comuns ou é somente para triagem?

• Na pré-consulta, as técnicas de enfermagem realizam medida da pressão arterial. Os aparelhos de pressão não passam por revisão periódica e aferição. Geralmente, o médico decide sobre a medida feita pela técnica; não realiza conferência com seu aparelho, em cada consulta, sendo assim negligente com o exame clínico do paciente.

Pelas inúmeras irregularidades e pelo trabalho fantasioso das equipes de saúde propomos o resgate da clínica médica, como orientadora de todo o processo de cuidado com os doentes ou na prevenção de agravos, a gestão efetiva, eficaz e eficiente, com metas (objetivos e prazos) e a reavaliação da função de profissionais sem qualificação na Unidade de Saúde.

Diante de uma conjuntura política e organizacional descompromissada com o indivíduo e a sociedade, sem iniciativa em prol de mudanças objetivas, acreditamos que o Internato Rural de Medicina da UFMG deve tornar pública essa situação e exigir mudanças na forma de utilizar o dinheiro público, com respeito à população que paga pelo SUS. Nada no SUS é gratuito.

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8 +CIÊNCIA

Inflamação é tradicionalmente conceituada como uma resposta tecidual desencadeada por estímulos nocivos, como infecções e lesões traumáticas. É um processo complexo que envolve o reconhecimento da lesão tecidual e a liberação de mediadores e leucócitos para o sítio atingido, sendo altamente regulado. Isso porque o controle da inflamação é fundamental para evitar danos decorrentes de uma resposta excessiva, como acontece, por exemplo, na sepse e em doenças autoimunes.

Recentemente, grande atenção vem sendo dispensada à inflamação que acompanha condições patológicas que não envolvem diretamente infecção ou lesão tecidual, como a obesidade, o diabetes mellitus e os transtornos neuropsiquiátricos. Nosso grupo de pesquisa vem dedicando-se justamente a descrever e a compreender as alterações inflamatórias associadas a transtornos do humor (depressão e transtorno bipolar), esquizofrenia e doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer e a doença de Parkinson.

Demonstramos, por exemplo, que os episódios de oscilação do humor (mania ou depressão) no transtorno bipolar estão associados ao aumento dos níveis circulantes de citocinas pró-inflamatórias, como a interleucina (IL)-6 e o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α). Na fase de eutimia, há a redução dessas citocinas, retornando a níveis comparáveis a sujeitos controles. Na esquizofrenia, no entanto, há ativação persistente de processos inflamatórios.

CARREIRA DE PESQUISADOREm conversa com estudantes, o Profº Antônio Lúcio Teixeira- pesquisador pela Faculdade de Medicina da UFMG e neurologista no HC- problematizou sobre sua vivência de pesquisador, associada às suas atividades no hospital. Ao contrário do que povoa os pensamentos de maior parte dos professores e alunos, não é contraditório atuar na pesquisa e na clínica em paralelo. Pelo contrário, há um efeito sinérgico entre ambas, ou seja, ser pesquisador contribui para as atividades clínicas e vice e versa. E mais, um aluno que passa por uma iniciação científica, ou alguma vivência em laboratórios e pesquisas, normalmente encontra-se mais amadurecido para concluir seu curso e se inserir na vida profissional. Distinguir alguma preferência entre as duas atividades é possivelmente inviável, pois trazem níveis de satisfação distintos: tratar um paciente traz retornos mais imediatos, enquanto obter algum resultado relevante é fundamental para a continuidade dos projetos e financiamentos. Grande parte do conhecimento adquirido como médico normalmente advém de uma pesquisa clínica realizada sobre o assunto, como a inserção de um determinado aparato técnico ou utilização de um novo acesso cirúrgico, por exemplo. A pesquisa básica, por outro lado, não é necessariamente traduzida para a clínica de imediato, pois evidenciam resultados mais amplos, que necessitam ser processados e analisados para se inserirem na prática médica ou traduzidos para uma pesquisa clínica. O ICB, reverência nacional em pesquisas, aliado à Faculdade de Medicina, onde a pesquisa encontra- se em nova ascensão, trazem inúmeras possibilidades aos acadêmicos. Fica o recado: Iniciações Científicas valem muito mais que apenas créditos curriculares!

INFLAMAÇÃO E TRANSTORNOS NEUROPSIQUIÁTRICOSProfessor Antônio Lúcio Teixeira (FM-UFMG)

O significado e os mecanismos responsáveis pelas alterações inflamatórias sistêmicas associadas aos transtornos neuropsiquiátricos permanecem indefinidos. No entanto, o estudo da inflamação nesse contexto abre perspectivas interessantes de investigação das bases fisiopatológicas dos transtornos mentais, assim como de novas intervenções terapêuticas. Por exemplo, vem sendo proposto que a elevação de marcadores inflamatórios na depressão, no transtorno bipolar e na esquizofrenia estaria relacionada à menor sobrevida desses pacientes relatada em estudos epidemiológicos. Ensaios clínicos envolvendo fármacos antiinflamatórios não-esteróides em adição a estratégias terapêuticas convencionais na depressão, no transtorno bipolar e na esquizofrenia vêm apresentando resultados promissores.

PARA SABER MAIS:

Barbosa IG, Fábregas BC, Teixeira AL. Inflamação, cognição e comportamento. In: Teixeira AL, Caramelli P (Editores). Neurologia cognitiva e do comportamento. Rio de Janeiro: Revinter, 2012.

Bauer ME, Teixeira AL. Psiconeuroimunologia. In: Kapczinksi F, Quevedo J, Izquierdo I (Editores). Bases biológicas dos transtornos psiquiátricos: uma abordagem translacional. 3ª. Edição. Porto Alegre: Artmed, 2011.

prOfs. anTôniO lúciO Teixeira e paulO caramelli nO lançamenTO dO livrO sObre neurOlOGia cOGniTiva.

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9MURAL DAS LIGAS

A doença do Trauma representa hoje no Brasil a principal causa de óbito entre a população com até com 40 anos de idade. Além do alto índice de mortalidade, o Trauma é responsável por várias sequelas definitivas, como a amputação e a paraplegia.

Apesar de ser uma doença de fácil prevenção – através da conscientização em relação a não dirigir em alta velocidade e embriagado, usar capacete e cinto de segurança - o Trauma representa um grande problema de saúde pública, com custos sociais altíssimos aos cofres públicos.

É neste cenário preocupante, que a Liga Acadêmica do Trauma (LAT) se faz importante. A LAT é uma organização reconhecida pela Liga Mineira do Trauma (LMT), fundada e gerenciada por discentes e docentes da Faculdade de Medicina da UFMG e da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG).

O principal objetivo da Liga é desenvolver atividades científicas relacionadas à prevenção e atendimento no Trauma. Para isso, organiza palestras ministradas quinzenalmente por cirurgiões especialistas da área. Além de promover aulas práticas de simulação ao atendimento pré-hospitalar e hospitalar, utilizando materiais disponibilizados pela Cruz Vermelha Brasileira, filial Minas Gerais (CVB-MG), pela Reanimação-Educação em Emergências e atualmente, também pelo SAMU-BH.

A LAT também promove o TraumatizAÇÃO, projeto de extensão em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde(SMS-BH),

que consiste em ações de prevenção que provoquem impacto na incidência do Trauma. Estas ações se dão através de workshops educativos em escolas, “blitz” em bares e restaurantes abordando o tema álcool e direção, e campanhas de conscientização no período de festividades e feriados. BH TRM.

O aluno que participa da LAT, além de aprofundar o conhecimento sobre o Trauma, tem a chance de compor a comissão organizadora de Jornadas e Congressos que ocorrem anualmente em Belo Horizonte, como por exemplo, o TraumaMG.

MAIS ATENÇÃO AO TRAUMAAcadêmica: Isabela Tavares | Turma 136

[retranca]metas e dificuldadesA Liga Acadêmica do Trauma não é

somente um grupo de estudos. Apesar de tentar cumprir com o papel de atividade extracurricular, proporcionando ao aluno experiência e conhecimento, ainda está em fase de expansão e solidificação das suas atividades.

As propostas da diretoria da LAT para 2012, em parceria com a SMS-BH e o SAMU-BH, são de ações semanais junto a comunidade, aplicando os conhecimentos adquiridos em sala de aula a um público cada vez maior. Ao mesmo tempo, permanece

a busca pela expansão do aprendizado para o ambiente intra-hospitalar, o que possibilitaria ao aluno um contato maior, sob orientação, com a realidade de um Centro de Atendimento ao Politraumatizado, por meio de estágios ou visitas assistidas.

Além disso, percebe-se que grande parte das Ligas Acadêmicas, dentre elas a LAT, têm sido encaradas pelos alunos como

uma tentativa de preencher lacunas de conteúdo que não são contempladas pelo currículo instituído pela Universidade, ou simplesmente são vistas apenas como uma atividade geradora de crédito.

Diante desta realidade, buscamos estruturar uma Liga que seja, também, capaz de desenvolver o senso crítico dos alunos e promover uma prática mais ampla do exercício da Medicina. Para isto, é fundamental o apoio da Universidade e de instituições relacionadas ao trauma.

DIRETORIA LAT 2012:

cOOrdenaçÃO: Dra. Paula Martins – Professora do Departamento de Cirurgia da UFMG

presidenTe: Isabela Rodrigues Tavares – 8° período UFMG | Vice-Presidente: Mário Carneiro – 4° ano FCMMG

adminisTraTivO: Andréia Motta – 9° período UFMG

secreTaria: Andrea Laender - 7° período UFMG

cOmissÃO cienTÍfica: Daniel Pirfo (4° ano FCMMG), Gustavo Vinicius(6° período UFMG), Júlio Carvalho (4° ano FCMMG), Lucas Branco (6° período UFMG), Luiza Siqueira (4° ano FCMMG), Matheus Inácio Bispo (6° período UFMG), Péricles Ulisses Fraga (6° período UFMG).

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10 R-DOCS COMUNICAM

É rotina entre os alunos da medicina o questionamento acima frente a qualquer evento ou atividade que seja divulgado pelos murais físicos ou virtuais da Faculdade. O slogan “VALE CRÉDITO” virou grande diferencial de marketing dos eventos, tanto garantindo seu sucesso quanto determinando seu fracasso de público.

O objetivo da flexibilização curricular era dar maior liberdade ao aluno para que ele pudesse ser o autor do seu currículo, enriquecendo-o de acordo com seu interesse e perfil. Entretanto, não é o que se observa entre os alunos que entraram na Faculdade de Medicina desde 2009. Atualmente, esses alunos vivem uma verdadeira “caça ao crédito”, em que se busca incessantemente o acúmulo de créditos, levando muito pouco em conta o real interesse na atividade realizada. Isso ocorre porque os alunos têm medo de não alcançar o número necessário de créditos até o final do curso e correm atrás de toda e qualquer atividade que lhes proporcione créditos.

Até 2008, os alunos ingressos à Faculdade de Medicina deveriam fazer 20 créditos de optativas para formar, além dos 422 obrigatórios. Os alunos que passaram no vestibular a partir de 2009 teriam que cursar ainda 08 créditos de eletivas – matérias de outras unidades da UFMG – e 30 créditos de ACGC – Atividades Complementares Geradoras de Créditos, como projetos de extensão, pesquisa, estágios, monitorias etc, segundo a Resolução n. 02/2011 (disponível no site do CEGRAD). Dessa forma, esses alunos somam 480 créditos, o que corresponde a 7.200 horas. Se considerarmos que temos doze semestres, cada um com no mínimo quinze semanas,

E ISSO VALE CRÉDITO?Acadêmicas Brenda Godoi, Márcia Brasil e Fernanda Padilha(Turmas 137, 141 e 142)

cada semana com cinco dias de aulas, teremos 900 dias letivos. Isso contabiliza uma média de 8 horas por dia na Faculdade.

Na busca por trabalhar juntamente com o Colegiado do curso de Medicina na elaboração de uma Resolução mais atenuada e atualizada, o Diretório Acadêmico aplicou um questionário aos alunos e colheu informações e opiniões dos estudantes de medicina da UFMG a respeito das ACGC’s (entre 16/04 e 06/05/2012). Tal Pesquisa foi organizada pelos discentes Erickson Gontijo e Brenda Godoi e teve como público alvo as Turmas 137, 138, 139.

Essa consulta observou que em muitas atividades, entre elas as Jornadas Acadêmicas, mais de 30% dos estudantes justifica sua participação apenas pela oferta de créditos (Gráfico 1). Quando questionados se alcançarão os 30 créditos em atividades complementares até a data prevista para o término de sua graduação, 50% dos entrevistados temem não conseguir e apenas 15% afirma, de forma categórica, que completará a “marca” estabelecida (Gráfico 2). Mais resultados da Pesquisa podem ser encontrados na sede social do DAAB ou pelo Facebook.

Uma nova Resolução foi elaborada no 1º semestre, por representantes do Colegiado e do Diretório. Com sua aprovação, estão previstas mudanças nos números de créditos e em atividades que poderão ser creditadas. Apesar dessa aparente flexibilização curricular, os estudantes ainda necessitam de outros esclarecimentos e mais apoio na construção de seu próprio currículo e de sua formação como um todo. Confira as principais mudanças no quadro abaixo:

COMO FUNCIONA O RECONHECIMENTO DE CRÉDITOS? Para reconhecimento pelo colegiado, o pedido deverá ser feito entre o 1º e 5º dia letivo do 10º período do curso médico, em formulário próprio acompanhado pelos comprovantes das atividades efetuadas.

fOnTe: hTTp://medicinaunp.blOGspOT.cOm/2011/05/charGe-dO-dia_26.hTml

*Teto máximo para participação como ouvinte – 4 créditos / **Teto máximo para apresentação ativa e organização de eventos – 8 créditos / ***Coordenador poderá integralizar mais 2 créditos

ATIVIDADE Nº DE CRÉDITOS

Monitoria, Iniciação Científica e Extensão 1 semestre – 6 créditos2 semestres – 12 créditos

Participação em eventosOrganização – 2 créditosApresentação de trabalho – 2 créditosOuvinte – 1 crédito *

Ligas e Grupos de Estudo 60 horas (mínimo) - 4 créditos120 horas – 8 créditos

Disciplinas cursadas em outras instituições e EAD

30h (mínimo) – 2 créditos 45h ou mais – 3 créditos

Proficiência em língua estrangeira 3 créditos para cada língua estrangeira

Monografia e trabalho científico publicado 3 créditos

Representação discente (RDOC) 2 créditos

Participação na Gestão do DAAB 4 créditos

Estágios não obrigatórios

1 crédito para cada mês completo de estágio Mínimo de 4h/semana Duração mínima de 1 mês

Atividade Esportiva 2 semestres – 2 créditosMáximo de 2 créditos ***

VOCÊ PARTICIPA DAS JORNADAS ACADÊMICAS? POR QUÊ?

VOCÊ CONSEGUIRÁ CONCLUIR 30 CRÉDITOS EM ACGC’S ATÉ SUA FORMATURA?

“VOCÊ É A VICE-REITORA DA UFMG, NÃO É DE QUALQUER LUGAR (...). O QUE NÓS QUEREMOS É QUE VOCÊS SE JUNTEM NUMA LUTA NOSSA E DIGAM QUE A GENTE QUER CONTINUAR GERINDO O NOSSO HOSPITAL.”

ESTUDANTE QUESTIONANDO A PROFª ROCKSANE NORTON, EM DEBATE PROMOVIDO PELO DCE-UFMG

“A ESCOLHA É MUITO DIRETA: OU TUDO OU NADA. OU ENTREGAMOS A CHAVE DO HOSPITAL PARA A EMPRESA ADMINISTRÁ-LO NA TOTALIDADE E ELA FICA RESPONSÁVEL PELO PESSOAL, EQUIPAMENTOS, ESTRUTURA E GESTÃO, OU NEGAMOS A ENTRADA E FICAMOS SEM NADA. NESSE CENÁRIO, A RESPOSTA É CLARA: NÃO VAMOS ABRIR MÃO DO NOSSO HOSPITAL”. PROFº ZAKI AKEL SOBRINHO, REITOR DA UFPR, JUSTIFICANDO O VETO DA INSTITUIÇÃO À EBSERH, EM ENTREVISTA AO JORNAL GAZETA DO POVO

O GOVERNO QUER TRANSFERIR A ADMINISTRAÇÃO DOS HU’S PARA A EMPRESA BRASILEIRADE SERVIÇOS HOSPITALARES.

O QUE ESTÁ EM RISCO?ESPAÇOS PARA GRADUAÇÃO NOS AMBULATÓRIOS DO HC-UFMG; ADMINISTRAÇÃO DEMOCRÁTICADO HOSPITAL; FUNCIONÁRIOS COMPROMISSADOSCOM O ENSINO; PESQUISAS IDÔNEAS; ETC.

DIGA NÃOÀ EBSERH:

DCE-UFMG 2012

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“VOCÊ É A VICE-REITORA DA UFMG, NÃO É DE QUALQUER LUGAR (...). O QUE NÓS QUEREMOS É QUE VOCÊS SE JUNTEM NUMA LUTA NOSSA E DIGAM QUE A GENTE QUER CONTINUAR GERINDO O NOSSO HOSPITAL.”

ESTUDANTE QUESTIONANDO A PROFª ROCKSANE NORTON, EM DEBATE PROMOVIDO PELO DCE-UFMG

“A ESCOLHA É MUITO DIRETA: OU TUDO OU NADA. OU ENTREGAMOS A CHAVE DO HOSPITAL PARA A EMPRESA ADMINISTRÁ-LO NA TOTALIDADE E ELA FICA RESPONSÁVEL PELO PESSOAL, EQUIPAMENTOS, ESTRUTURA E GESTÃO, OU NEGAMOS A ENTRADA E FICAMOS SEM NADA. NESSE CENÁRIO, A RESPOSTA É CLARA: NÃO VAMOS ABRIR MÃO DO NOSSO HOSPITAL”. PROFº ZAKI AKEL SOBRINHO, REITOR DA UFPR, JUSTIFICANDO O VETO DA INSTITUIÇÃO À EBSERH, EM ENTREVISTA AO JORNAL GAZETA DO POVO

O GOVERNO QUER TRANSFERIR A ADMINISTRAÇÃO DOS HU’S PARA A EMPRESA BRASILEIRADE SERVIÇOS HOSPITALARES.

O QUE ESTÁ EM RISCO?ESPAÇOS PARA GRADUAÇÃO NOS AMBULATÓRIOS DO HC-UFMG; ADMINISTRAÇÃO DEMOCRÁTICADO HOSPITAL; FUNCIONÁRIOS COMPROMISSADOSCOM O ENSINO; PESQUISAS IDÔNEAS; ETC.

DIGA NÃOÀ EBSERH:

DCE-UFMG 2012

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12 EM FORMAÇÃOESPECIAL COM REGISTROS DO 49º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA (COBEM)

No ano de seu Centenário, a FM- UFMG recebeu pela primeira vez o maior fórum de discussão sobre educação médica do país e reuniu, aproximadamente, 3.000 pessoas no Campus Pampulha entre 12 e 15 de novembro de 2011.

O Jornal pH=7, convidou a Presidente Discente do Congresso, a Acadêmica Clarice Coimbra a sintetizar acertos, inovações e insucessos do 49º COBEM. Além disso, Clarice expõe alguns motivos para uma dedicação de quinze meses ao evento, que culminou na coordenação de uma comissão organizadora com mais de 160 estudantes envolvidos. Em tal processo, o Diretório Acadêmico Alfredo Balena tornou-se cerne e referência, na tentativa de minimizar o parco apoio institucional dado pela Faculdade de Medicina.

Nosso especial sobre o COBEM 2011, também reúne conteúdos debatidos (página 14), entrevistas realizadas com palestrantes e representantes de entidades (páginas 15 e 16) e registros fotográficos. Tudo isso, por um folhetim que há tempos sonha com a melhoria da Formação Médica e tem a pretensão de guiar (em futuros ciclos e vícios) outros estudantes que por “a-ventura” organizarão eventos como este.

ALGUNS ACERTOS E INOVAÇÕES:Programação dividida, pela temática, em quatro eixos- Formação Médica, Desenvolvimento Docente, Estratégias Pedagógicas e Avaliação;

Criação do eixo transversal de Humanidades e Cultura, com discussões de filmes, livros e exposições artísticas (Fotos 1 e 2);

Inserção de pelo menos um estudante, como convidado, em todas as mesas do evento (Foto 3);

Maior diversidade de palestrantes acadêmicos, com alunos mais preparados para os espaços;

Criação dos Grandes Debates, com reflexões diárias relacionadas aos eixos da programação;

Apresentação dos trabalhos orais em espaços chamados Colóquios, com compartilhamento de experiências (Foto 4);

Cursos pré-congressos gratuitos para estudantes da FM-UFMG, com cessão de créditos, independente da inscrição no 49º COBEM;

Inserção de Fóruns de entidades e projetos (como ABRAHUE, Pró-Saúde, CNRM, Coordenadores de cursos de medicina, etc) na grade de programação, com abertura a todos os participantes do evento e relatoria (Foto 5);

Substituição do alojamento estudantil em escolas ou galpões, com oferta de 650 leitos no Hotel Formule 1 e nos albergues Sorriso do Lagarto e Pousadinha Mineira;

Transporte gratuito entre o Campus Pampulha e hotéis e centro de BH;

Divulgação de informações e programação, no site do evento, com muita antecedência;

Diversificação de temas e aceite de sugestões por mais de um ano;

Concurso de vídeos com o tema “Um olhar sobre a escola médica”;

Melhoria da Relatoria do Congresso;

Brunch e confraternização na abertura (Foto 6);

Shows musicais nos intervalos de almoço (Foto 7);

Organização de uma festa para integração estudantil- a especial “Vinhada Brasil” (Foto 8).

FALHAS E INSUCESSOS:Pequeno apoio institucional da Faculdade de Medicina, que adiou para as vésperas do COBEM o Congresso de Políticas de Saúde, centralizando no último seus maiores esforços;

Baixa participação de docentes da FM-UFMG;

Empresa de eventos mal preparada para a organização de grandes eventos e falsa oferta de serviços substitutivos pela ABEM;

Organização dos pôsteres: má sinalização e deficiências no processo de avaliação;

Dificuldade de deslocamento dos participantes pelo Campus Pampulha;

Difícil negociação com a FUMP/Bandejão e indisponibilidade de alternativas com refeições econômicas;

“Politicagem” da ABEM;

Baixa aplicabilidade, nas escolas médicas, dos conteúdos discutidos e produzidos no Congresso.

fOTO 3: parTicipaçÃO de esTudanTescOmO palesTranTes

fOTO 7: shOws nOs inTervalOsde almOçO

fOTO 8: divulGaçÃO da fesTa de inTeGraçÃO esTudanTil

fOTO 5: esTudanTes pediram vOz nO fórum da cnrm

fOTO 6: brunch de aberTura

fOTO 4: TrOcas de experiênciasnOs cOlóquiOs

fOTO 2: expOsiçÃO de charGes dO lOrfOTO 1: eixO de culTura e humanidades - reflexÃO sObre filmes

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13EM FORMAÇÃOA DIFÍCIL TAREFA DE SINTETIzAR O DESAFIO INFINDO DE “INTEGRAR, HUMANIzAR E AVALIAR”.

Era quase irresistível. Organizar pela primeira vez em nossa escola o maior fórum sobre educação médica do país. Quando? No inigualável ano do Centenário. Com quem? Junto de docentes admirados, entre eles o emérito Benedictus Philadelpho da Siqueira, quem outrora fundou em nossa “casa” a Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM), em defesa da formação de qualidade e da saúde pública. Como? Num Congresso democrático, historicamente realizado em parceria entre os Centros e Diretórios Acadêmicos, Faculdades sedes e ABEM.

Esse foi o convite, que como coordenadora de educação médica do Diretório Acadêmico Alfredo Balena (DAAB), recebi em agosto de 2010. Seduzida, comecei a desempenhar a primeira de muitas tarefas: selar o compromisso do Diretório e fazer crescer o número de estudantes que acreditariam no 49º Congresso Brasileiro de Educação Médica (COBEM) como espaço de diálogo e oportunidade para iniciar um novo período de ensino na Faculdade de Medicina da UFMG. Seria possível, em quatro dias, auxiliar médicos a tornarem-se educadores; trocar a comida e o sono para mostrar a todo o Brasil o valor da nossa Faculdade ou contribuir para reduzir o atraso decenal de nosso currículo? Era um novo século que se iniciava e isso justificou o nosso motim!

Em outubro de 2010, fomos espiar em Goiânia um pouco do que nos aguardava. Nessa ocasião, anunciava-se o escasso apoio institucional que receberíamos da Faculdade de Medicina (FM). Mas os sonhadores fingiam não enxergar. Lá foram eles para Goiás, dividindo entre 13 pessoas a verba que a Faculdade disponibilizou para enviar dois delegados discentes (como é dever de toda instituição filiada a ABEM). Também foram 13 as horas compartilhadas, na finada van para transporte de portadores de hemoglobinopatias. Já a USP, nossa sucessora, custeou um ônibus executivo, inscrições com alojamento e alimentação para mais de oitenta dos seus estudantes.

Talvez a compreensão demasiada, com o descaso institucional e com os descabidos desejos de alguns professores, tenha nos custado madrugadas e excesso de trabalho futuros. Daí surge nossa primeira lição: num evento dessa magnitude, escolhas e posturas adotadas no início da organização podem ser irremediáveis. Para tornar mais didática a lição, exemplifico-a com a escolha da empresa de eventos que nos auxiliaria na organização do COBEM 2011. Mesmo após realizarmos uma listagem das empresas preparadas para realização de grandes eventos; aceitamos a indicação docente de uma pequena empresa, com o pré-requisito mais valorizado na tradicional Minas Gerais: “a proprietária é nossa amiga”. Não satisfeitos, aceitamos o corte de atividades a serem desenvolvidas pela empresa, com a oferta de substitutivos pela ABEM. Meses depois, coube a alguns estudantes a formação instantânea de promotores de eventos e a execução de tarefas como envio de e-mails e convites a palestrantes, montagem de 3.000 pastas, obtenção de orçamentos, captação de recursos, etc.

O desafio da promoção da paridade e do respeito ao estudante, que pronunciei na abertura do Congresso, foram comprovados durante toda a organização do evento e sacramentados por professores de todo o Brasil, nos quatro dias de sua execução. Foi com muita mágoa e decepção que escutei diversos colegas queixarem-se do tratamento desrespeitoso que recebiam de nossos “pseudo-mestres”. Onde estava o espaço para a troca de experiências e para o exercício da cumplicidade?

Os educadores Geraldo Brasileiro Filho e Flávio Shimomura nos fizeram crer que tal respeito não fora extinto. O primeiro, com seu incondicional amor pela Faculdade de Medicina da UFMG, manteve-se na chuva ao lado de seus pupilos, na organização dos ônibus que conduziam congressistas. O Profº Flávio transformou a convivência dos integrantes da Comissão de Humanidades e Cultura em amizade, ofertou suas noites para adequar o horário de reuniões à disponibilidade dos alunos e solidificou a única comissão auto-suficiente do Congresso. Cabe destacar ainda, o zelo de poucos docentes com a qualidade científica do evento e a solidariedade daqueles, que em momentos turbulentos de nossa execução se inseriram pontualmente.

Entre acertos e erros, nossa consciência serena de que fizemos o melhor que pudemos se ratifica com cada lembrança e em inúmeros comentários. Se o primeiro dia de exposição de pôsteres estava caótico, pela má organização prévia e por estratégias de sinalização inadequadas, não faltaram estudantes para virar a noite mudando a numeração e criando marcas funcionais. Se ainda faltam ao COBEM aplicabilidade e repercussão social de suas discussões, estamos certos de que ampliamos debates, fornecemos maior voz aos estudantes e registramos nossos protestos.

Por fim, registro o meu agradecimento e o orgulho de ter dividido inúmeros momentos com colegas que permutaram créditos por dedicação. Sou grata a aqueles que em muitas noites me escutaram com paciência ou que durante os dias seguiram as minhas mais diversas propostas de escalas. Obrigada Alander Silveira, Felipe Marciano, François Deligne, Guilherme Lima, João Vitor Godinho, Marcel Quintão e Patrícia Menezes; membros da Gestão Centenário II e todos os mais de 160 estudantes da comissão organizadora! Obrigada FM- UFMG por transformar omissão em vontade de construir um novo século!

Acadêmica Clarice Coimbra.

fOTO 09: discussões inOvadOras

fOTO 10: expOsiçÃO suricaTO- valOrizaçÃO da saúde menTal em bh!

fOTO 11: expOsiçÃO de pôsTeres reOrGanizada pOr alunOs na madruGada

fOTO 12: daab marcandO presença cOm qualidade e dedicaçÃO!

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14 EM FORMAÇÃO

O 49º Congresso Brasileiro de Educação Médica (COBEM) promoveu quase setenta simpósios e debates, englobando diversos temas relacionados aos principais eixos do evento: Formação Médica, Estratégias Educacionais, Desenvolvimento Docente e Avaliação. Esses momentos de troca de experiências e produção de conhecimento foram registrados por discentes, que integraram a comissão científica e de relatoria do evento, e o Jornal pH 7 exibe fragmentos do que foi sumarizado pelos estudantes.

DEBATE: DESAFIOS NA FORMAÇÃO EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

FRAGMENTOS: “A Profª Jadete ponderou sobre a importância da iniciação de alunos de cursos da área da Saúde em Ciências Sociais e Humanas, devido à possível mudança na visão de alguns desses alunos. Há empecilhos para que isso aconteça por uma dificuldade em integrar tais temas a Medicina, devido à falta de interdisciplinaridade muitas vezes apresentada. Contudo, são importantes para que o novo médico seja capaz de estabelecer relações e contatos mais humanizados.” “(...) os docentes também devem estar dispostos a mudar, humanizando-se, entrando em contato com Antropologia e Filosofia, independente da área médica (Palavras da Profª Madalena).”

PERGUNTA ESSENCIAL: Qual a participação estudantil na construção de projetos curriculares?CONVIDADOS: Acad. Hugo Crasso (UFPA); Dr. Hêider Aurélio Pinto (MS); Acad. Guilherme Lima (UFMG); Profª Silvana Araujo Silva (UFOP).AUTORES DO RELATÓRIO: Acad. Sarah Fidelis (UFMG) e Acad. Natália de Assis (UFOP). FRAGMENTOS: “O moderador discente a ressalva de que, embora os representantes estudantis sejam escolhidos legitimamente pelo seu corpo discente, constituem grupo diferenciado. Foi lembrado, como exemplo de importância da participação estudantil em reformas curriculares, a construção do Internato Rural na UFMG. Iniciado de forma informal por alunos apoiados pelo DAAB, o projeto alcançou visibilidade nacional.” “O segundo debatedor discutiu o papel da DENEM ao longo da história. Criada há 25 anos em um contexto de redemocratização, inclusive da saúde, a organização viveu dificuldade de mobilização devido a disputas de juventudes partidárias. A partir dos anos 90, a prática tornou-se objetiva e hoje o movimento estudantil deve lutar pela mudança das relações de poder professor-aluno e profissional-usuário da saúde.”

DEBATE: A CONTRIBUIÇÃO DA REPRESENTAÇÃO ESTUDANTIL PARA A FORMAÇÃO MÉDICA E CONSTRUÇÃO DE PROJETOS CURRICULARES

AUTORES DO RELATÓRIO: Acad. Gabriel Guandalini (UFOP) e Acad. Vinícius Coelho Machado Silva (UFMG).

CONVIDADOS: Profª Madalena Patrício (Universidade de Lisboa); Profª Jadete Lampert (UFSM/ABEM); Acad. Daniel Trindade (UFMG); Acad. Maria Aparecida Basile (USP).

PERGUNTA ESSENCIAL: Medicina: uma ciência humana?

DEBATE: CIÊNCIAS HUMANAS NA FORMAÇÃO MÉDICA: VENCENDO RESISTÊNCIAS

FRAGMENTOS: “O debatedor Edgar Moraes questiona se a clínica médica consegue realizar a assistência necessária e se o idoso tem sido bem assistido no serviço de saúde, afirmando que apesar dos idosos atualmente representarem apenas 11% da população, eles correspondem a 30-40% da demanda nos serviços de saúde e tal número tende a crescer, uma vez que a população brasileira vem envelhecendo rapidamente.” “A debatedora Vanessa Santana cita dados que demonstram que a defasagem curricular na área de geriatria é nacional”. “A platéia critica a defasagem curricular quanto à geriatria, e relata experiências pessoais comparando a atuação do médico clínico com o geriatra, no cuidado do idoso”.

AUTORES DO RELATÓRIO: Acad. André do Amaral (UFMG) e Acad. Laissa Paixão (UFOP).

CONVIDADOS: Acad. Vanessa Santana (FCMSCSP); Profº Edgar Nunes Moraes (UFMG); Acad. Raquel Carvalho (UEL/ FDABEM); Profº José Ivany dos Santos (FCMMG).

PERGUNTA ESSENCIAL: A formação médica contempla o envelhecimento na contemporaneidade?

DEBATE: O ENVELHECIMENTO NA CONTEMPORANEIDADE E FORMAÇÃO MÉDICA

FRAGMENTOS: “Os debatedores questionaram a grande preocupação da escola médica em preparar os alunos para tratar doenças crônicas, e propuseram que o ensino em U/E deve ser associado ao aprendizado de semiologia, visando o desenvolvimento da capacidade de lidar com quadros emergenciais além de adquirir segurança e autonomia na área.” “Como demanda estudantil, surgiu a dúvida sobre quando seria melhor iniciar a experiência em urgências, sendo questionada a falta de professores qualificados e atualizados. A subutilização de manequins para a prática simulada também foi posta em debate, assim como a função das ligas acadêmicas, ao ser discutido se estas não estariam apenas suprindo um currículo deficitário.”

AUTORES DO RELATÓRIO: Acad. Talitha de Moura (UFOP) e Acad. Thaís Araújo Salles (UFMG).

CONVIDADOS: Profº Sigisfredo Brenelli (UNICAMP/DEGES); Profº Antônio Pazin Filho (USP-RP); Drª Paula Martins (SMSA-BH); Acad. Maria Cysne Barbosa (UFMG).

PERGUNTA ESSENCIAL: Como a formação em urgência e emergência pode ser inserida nas UPAS, Pronto-atendimentos e SAMU e em diferentes momentos da formação?

O QUE ESTAVA EM DEBATE NO COBEM?

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15EM FORMAÇÃO

Entrevista concedida pelo Profº Carlos Alberto Justo da Silva, docente da Faculdade de Medicina da UFSC e ex- Presidente da ABRAHUE.

Jornal ph7: como o senhor vê a atual situação dos hospitais universitários no brasil? e quais os desafios e perspectivas para esses hospitais? CJ: Eu vejo que ainda continuam em crise, mas menores hoje e com muitas possibilidades. A atual política dos hospitais de ensino, que foi estabelecida em 2003, permitiu uma melhoria de hospitais além de incluir novos hospitais que puderam se qualificar como hospital de ensino.

Jornal ph7: O que o senhor acha da criação da empresa brasileira de serviços hospitalares (ebserh)? cJ: Essa foi uma decisão do Ministério da Educação. Na verdade precisa haver um modelo de gestão. É uma decisão para poder alocar algo que pelo sistema atual é muito difícil, mas sendo uma tentativa de solucionar problemas muito antigos, não sei se vai dar certo ou não. Esse projeto talvez tenha sido baseado no modelo, que deu certo, do HC-UFRGS. Lá é temos uma empresa estatal e todos os profissionais são CLT, exceto os docentes. E o hospital trabalha com planejamento estratégico e metas há muito tempo, com orçamento pré-definido. Não é a situação dos hospitais tradicionais, como o HC da UFMG. Precisamos de um modelo de gestão, não sei se esse é o mais adequado.

Jornal ph7: levando em consideração a dependência financeira que o hospital tem do governo, pode-se falar numa real autonomia?cJ: Acho que sim, autonomia não é soberania. Autonomia é você conquistar um orçamento, trabalhar com indicadores e metas. Cumprir metas dos quatro pilares. Sou um defensor dessa política atual para os hospitais de ensino, não estou dizendo qual o melhor modelo de gestão. Por isso que o ministério do planejamento, orçamento e gestão participa desse processo. Os hospitais são organizações extremamente complexas.

ENTREVISTASO Jornal pH=7 aproveitou a presença de pesquisadores e lideranças

de entidades, como a Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) e Associação Brasileira de Hospitais Universitários e de Ensino (ABRAHUE), para questioná-los sobre políticas dos Ministérios da Saúde e da Educação ou para conhecer suas linhas de pesquisa e opiniões. Foram selecionados os seguintes temas: Programas de Residência Médica; Situação atual e perspectivas dos Hospitais Universitários; e

PROGRAMAS DE RESIDÊNCIA MÉDICAE SEUS MÉTODOS DE SELEÇÃO

Entrevista concedida pela Profª Maria do Patrocínio Tenório Nunes, docente da Faculdade de Medicina da UNIFESP e Secretária Executiva da CNRM.

Jornal ph7: qual sua opinião em relação à metodologia do processo seletivo de residência? quais os principais problemas encontrados nesse processo?mp: O maior problema do processo seletivo é que, dependendo do método usado para selecionar o médico (e é o que acontece no Brasil), ele se torna um determinante dos currículos médicos, impedindo que as diretrizes curriculares nacionais sejam implantadas. Então se nós não conseguirmos modificar o método de seleção, fazendo que ele seja não um obstáculo, mas um motor para que as diretrizes curriculares sejam praticadas, nos vamos trabalhar contra aquilo que defendemos e construímos.

Jornal ph7: qual sua opinião sobre o projeto do governo para valorizar a assistência primária, concedendo bônus para os médicos que realizarem o psf em áreas de risco?mp: Não é um projeto de valorização da atenção básica, como o ministro disse hoje (referindo-se ao discurso do ministro da saúde, Dr. Alexandre Padilha, na abertura do 49ª COBEM). Depois de muito refletir sobre o assunto eu entendo este projeto como um grande espaço de vivência para o medico recém-formado. Ele não pode ser obrigatório, mas se for algo voluntário como esta sendo proposto eu penso que vai significar muito em termos de reconhecimento do médico naquelas comunidades. Agora nós temos um ano pela frente com uma comissão de implantação e acompanhamento para aprimorar esse projeto (...). Eu sei que a grande questão que os alunos têm trazido é em relação ao bônus. Eu penso que até esse grande questionamento já é um impacto positivo em relação à discussão dos processos de ingresso na residência médica e do ensino da atenção básica na formação médica.

A SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS DOS HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS

Incorporação de tecnologias ao ensino médico. O folhetim dos estudantes de medicina da UFMG agradece aos

entrevistados pela disponibilidade e aos alunos pela eficiente atuação como jornalistas. Entretanto, como defensor da neutralidade crítica e dinâmica, tece breves comentários sobre as respostas dadas pelos entrevistados, principalmente, considerando as funções que exercem e as instituições que representam.

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16 EM FORMAÇÃO

aberTura e encerramenTO dO 49º cObem (ufmG).

INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIASAO ENSINO MÉDICO

Entrevista concedida pelo Profº Chao Wen Lung, docente da Faculdade de Medicina da USP, Presidente do Conselho Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde (2006-2012) e Membro da Comissão Permanente de Telessaúde do Ministério da Saúde.

Jornal ph7: como o senhor avalia a utilização de materiais didáticos digitais, como imagens tridimensionais do corpo humano, no ensino médico? É possível suprir a carência que algumas instituições brasileiras apresentam de livros e peças para estudo?cwl: Pessoalmente, acho que nós estamos num momento em que o livro didático vai ser questionado. E não estou dizendo que o livro não vá permanecer por um bom tempo, mas ele é uma forma de transmissão muito linear e fragmentada. Acho que todos os meios digitais vão repensar como transmitir esse conhecimento. Por exemplo, mapas mentais não são um fluxograma, são uma coisa chamada área de concentração baseada em problema. Pode ser que no futuro o próprio aluno vá desenvolver um aprendizado baseado em mapas mentais e vá aprofundando o conhecimento. O sistema eletrônico permite esse processo, porque permite a navegação e o livro não, então eu diria que nos próximos dez anos o livro vai continuar a ter o seu grande componente, mas os meios digitais vão agregar uma nova forma de transmitir um conhecimento mais concreto. Homem virtual, computação gráfica, mapas mentais e vídeos educacionais passarão a ocupar um espaço cada vez maior. O que nós temos que tomar cuidado é não fazer as pessoas se acomodarem, ou seja, fornecer o homem virtual para uma faculdade que não tem um laboratório de anatomia não quer dizer que ela tem o direito de dizer que não precisa mais do laboratório de anatomia, o estudante deve continuar a batalhar pelo laboratório. O que nós estamos fornecendo é um degrauzinho a mais para que ele possa aprender anatomia e, a partir de então, ir estudando o contexto.

Jornal ph7: Tendo em vista que o programa de valorização do profissional da atenção básica (lançado pelo ms) faz evidente referência a telessaúde, o quão factível é a proposta, considerando-se o custo de sua aplicação?cwl: A telessaúde hoje, com a rede que está estabelecida, possui baixo custo, se partirmos do princípio que hoje pra construirmos um repositório de materiais interativos, não é caro (o repositório é o digital); o que é caro é o conteúdo, mas o conteúdo você não precisa classificar como telessaúde (...). Muitas das coisas que nós ainda achamos que é caro vão cair de preço nos próximos dois anos, por causa da política de banda larga popular que vai se difundir e reduzir bastante os custos para o usuário, devido ao aprimoramento da telefonia celular por causa do 4G até a Copa, ou eventualmente as Olimpíadas. Acho totalmente factível começar a utilizar a telessaúde como uma das formas de aprimoramento do aluno e o ideal é que isso começasse a entrar na grade curricular, por exemplo, no segundo ano ou no quarto ano para que o aluno comece a se acostumar com esse processo. O que não pode ocorrer é, durante os seis anos, o aluno não ter nenhuma noção de telemedicina/telessaúde e somente após o sexto ano é estabelecido um processo de valorização à atenção primária, no qual será feito o uso da telessaúde, sendo que o estudante nunca teve essa vivência. Jornal ph7: falando um pouco a respeito de seus projetos... como a democratização do conhecimento (como no projeto Jovem doutor) pode interferir na relação médico-paciente? cwl: Só pra explicar duas coisas sobre o Projeto Jovem Doutor. A primeira é que o “doutor” vem de docere que significa educador e a segunda é que você só usa a palavra doutor para alguém que você respeita, portanto, é um jovem educador que

é respeitado pela comunidade. Outra coisa muito importante é que a melhor forma de aprender é ensinar. Desenvolver o valor em nossos estudantes em que eles param de ser “esponjinha” e transformem-se em ativos. Então, vou resumir o Projeto Jovem Doutor em uma única palavra: atitude. O aluno desenvolve os mecanismos com seus professores e aplica, essa aplicação é uma atitude. Se o aluno, desde o primeiro ano até o sexto ano tiver essa ação ele se habituará a solucionar problemas da comunidade (...).

pH=1: se a seleção da residência determina a formação médica, o que ocorrerá quando passar dois anos no interior for mais valorizado que seis anos de dedicação aos estudos, monitorias, línguas, iniciação científica e tudo mais?pH=2: a ebserh é apenas um modelo de gestão? representa um modelo de estado, que terceiriza a educação e saúde. informe-se!pH=3: a maioria dos diretores de hu’s afirma que as universidades que não aderirem à ebserh terão brusca redução de financiamento e setores/serviços. isso é autonomia?pH=4: ms na contra-mão da educação? nada de telessaúde durante a graduação, nada de plano de carreira para o médico do interior... continuamos com a pedagogia do autoritarismo! quer fazer uma boa residência? invista na beleza do interior!

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17

acesso

O número de usuários de tablets em todo o mundo está crescendo. Devido da redução de imposto sobre a produção de tablets produzidos no Brasil, esse número deve aumentar, inclusive entre os estudantes de medicina. Além disso, tem crescido também: o número de usuários que utilizam sistemas operacionais portáteis em seus HDs externos que possibilitam que, quando acoplados a qualquer computador, tornem esta máquina o seu pc móvel; o de smartphones e os de os já tradicionais netbooks. As possibilidades desses meios eletrônicos são fascinantes, mas que conteúdo podemos acessar nesses dispositivos para torná-los úteis também no dia a dia acadêmico?

Está na moda já há algum tempo em vários locais do mundo, e agora se popularizando no Brasil, a utilização de sites de conteúdo médico que disponibilizam informações de qualidade e auxiliam a constante atualização exigida pela profissão.

Um já conhecido por alguns dos estudantes é o Uptodate, site com conteúdo atualizado a todo o momento e disponível a todos os alunos de medicina da UFMG. São 8.500 tópicos trabalhados de forma simples e didática e seu acesso irrestrito ocorre quando o usuário acessa o site da intranet da medicina via a rede da faculdade ou via um computador já configurado para acessá-la. Para não alunos da Faculdade de Medicina da UFMG, é possível comprar uma assinatura de acesso anual por U$195,00.

Outro site, um pouco menos conhecido, é o MDcunsult, que custa U$395,00 por anos, e que além de ter uma das suas ferramentas, o firstconsult, que se assemelha ao Uptodate, disponibiliza ao usuário:

• 50 livros de referência, em suas últimas edições, de diversas especialidades, entre eles o Cecil, o Nelson (de pediatria) e o Sabiston (de cirurgia); todos em pdf e com download irrestrito de seus capítulos;

• Resumos dos principais jornais de medicina do mundo;• Artigos de revisão de revisão dos mais diversos temas médicos

também em pdf;• Materiais para auxiliar no aprendizado dos pacientes, como o

Uptodate;• Um consultor de medicações com informações relevantes para

cada uma delas, dividido em busca direta pelo nome do medicamento, por indicações, por contra-indicações e por efeitos adversos;

• Guidelines de todo o mundo divididos por tópico;• Um banco com 50.000 imagens de alta qualidade para auxiliar

nos mais diversos diagnósticos; • Uma seção de notícias relevantes.Para quem realmente quer estudar, essas são fontes bastante

interessantes, que além de serem facilmente transportas nos dispositivos móveis, são uma biblioteca  leve e constantemente atualizada sempre ao alcance.(de cirurgia); todos em pdf e com download irrestrito de seus capítulos;

• Resumos dos principais jornais de medicina do mundo;• Artigos de revisão de revisão dos mais diversos temas médicos

também em pdf;• Materiais para auxiliar no aprendizado dos pacientes, como o

Uptodate;• Um consultor de medicações com informações relevantes para

cada uma delas, dividido em busca direta pelo nome do medicamento, por indicações, por contra-indicações e por efeitos adversos;

• Guidelines de todo o mundo divididos por tópico;• Um banco com 50.000 imagens de alta qualidade para auxiliar

nos mais diversos diagnósticos; e• Uma seção de notícias relevantes.Para quem realmente quer estudar, essas são fontes bastante

interessantes, que além de serem facilmente transportas nos dispositivos móveis, são uma biblioteca leve e constantemente atualizada sempre ao alcance.

NOVOS HD’S EXTERNOS DOS MÉDICOSAcadêmica: Maria Cysne | Turma 135

MODA

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18 FM EM FOCO

“Prezado Sr. Diretor,

Gostaria de dividir com o senhor, a congregação e a comunidade acadêmica minha preocupação e angústia com relacão ao ensino da medicina de urgência e das emergências clínicas no curso médico da Faculdade de Medicina da UFMG. Avaliei os alunos de medicina nas últimas três avaliações do OSCE, sendo a última realizada no dia 6/12/11. Como pode ser observado no gráfico abaixo os resultados do desempenho dos 30 alunos que avaliei são extremamente preocupantes (uma amostra representativa de um total de 90 alunos).

73% dos alunos obtiveram nota inferior a 6,5 pontos no total de 10 pontos, sendo que 23% obtiveram nota inferior a 3,5. A maior pontuação foi 8 em 10 (3 alunos em 30). Nesta avaliação os alunos teriam que atender um paciente com um quadro típico de Ataque Vascular Encefálico (AVE), pedir os exames necessários para a confirmação diagnóstica, realizar uma prescrição simples e ter em mente a necessidade e importância de um diagnóstico rápido para a indicação de trombolíticos. Ou seja, habilidades que deveriam ter adquirido durante as INSUFICIENTES três semanas do módulo Emergências Clínicas do Internato de Urgência e Traumatologia do 10o período do curso médico. Surge então a seguinte pergunta: “Três semanas para adquirir habilidades em atendimento de Emergências Clínicas?

Para mim e acredito para todos os outros professores do Internato de Urgência, o ensino de urgência na Faculdade de Medicina (FM) da UFMG tem se mostrado insuficiente para a aquisição das habilidades necessárias aos graduandos. O que nos preocupa ainda mais é o fato que muitos recém-formados trabalham nas UPAs e Pronto Socorros, pois devido ao número insuficiente de vagas de residência médica encontram nestas unidades seu mercado de trabalho. Esta realidade resulta em um grande número de atendimentos inadequados aos pacientes críticos levando

CARTA DE DOCENTE PREOCUPADO COM O ENSINO DA MEDICINA DE URGÊNCIA E DAS EMERGÊNCIAS CLÍNICAS NO CURSO MÉDICO DA FM-UFMG

O D.A.A.B recebeu cópia da carta enviada à Diretoria da FM-UFMG, no dia 06 de dezembro de 2011, pelo Professor Marcus Vinicius M. Andrade (Departamento de Clínica Médica), na qual o docente analisa o desempenho dos alunos no Internato de Urgência e das Emergências Clínicas e conclui que a maioria demonstra não ter adquirido as competências básicas na área.

O Jornal pH7 divulga, em seguida, o documento por compreender que seu conteúdo deve ser do interesse de todos os discentes da FM-UFMG e parabeniza o Profº Marcus pela pró-atividade e interesse em melhorar o ensino na Faculdade.

a erros diagnósticos, terapêuticos e encaminhamentos impróprios ou tardios. Esta realidade e angústia tem sido vivida diariamente por todos nós na situação caótica e criminosa do atendimento de urgência e emergência dos Prontos Socorros do nosso país.

Recentemente participamos do II Forum de Urgência e Emergência no Conselho Federal de Medicina (CFM) em Brasília e, para a nossa satisfação, o CFM e a AMB recomendaram o reconhecimento imediato da medicina de emergência como especialidade médica. Estamos aguardando uma definição final em 2012. No entanto, temos que começar a agir agora e fazer o nosso dever de casa e missão, que é proporcionar aos nossos alunos um ensino de qualidade em medicina de emergência, e que efetivamente permita a eles adquirir as habilidades necessárias para o reconhecimento e tratamento inicial de pacientes criticamente enfermos. Participei de inúmeras discussões na reforma curricular e, insistentemente, afirmamos a necessidade preemente de aumentar o tempo do internato de urgência. Infelizmente, a minha voz assim como a voz dos nossos outros colegas do internato não foi ouvida. Continuamos com as ínfimas três semanas para ensinar emergências clínicas. Temos várias sugestões que podemos apresentá-las em uma outra oportunidade, mas o que mais importa é a extensão do tempo de internato para 6 meses. Por isso, conclamo o senhor, toda a comunidade acadêmica e alunos para juntos tentarmos modificar esta realidade.

Cordialmente,Marcus V. Andrade

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19FM EM FOCO

Em sua última edição, o Jornal pH 7 questionou o caráter autoritário de medidas tomadas pela Reitoria da UFMG, como a proposta do código de convivência discente e a Portaria 034, que proibiu a realização de festas na Universidade. A proposta de criação de regras disciplinares para os alunos possivelmente será reformulada, já a proibição de festas foi sorrateiramente corroborada pelos Diretores das unidades.

Após a publicação da Portaria 034, em 28 de abril de 2011, foi formada uma comissão para elaborar um novo regulamento para a realização de festas nos campi da UFMG. Tal grupo contava com representantes da Universidade e do Diretório Central de Estudantes (DCE), que afirmaram na época a pretensão de discutir propostas com Diretórios Acadêmicos e de realizar um seminário sobre segurança com toda a comunidade acadêmica. Já a Profª Rocksane (vice-reitora da Universidade) argumentou que a Portaria foi editada rapidamente porque a Universidade precisava tomar uma providência urgente para garantir a tranqüilidade das atividades noturnas no campus. Dessa forma, a 034 ficaria em vigor até que a comissão apresentasse ao Conselho de Diretores um novo texto, o que foi previsto para o final do mês de maio.

EU QUERO A VINHADA NO DAAB

Entretanto, caso o grupo tenha formulado o novo regulamento, nada oficial foi publicado pela Reitoria ou divulgado pelos veículos de comunicação da UFMG. Diversos boatos sobre o tema se espalharam, ora a proibição deixaria de existir, ora bastaria uma autorização da diretoria da unidade para a realização de eventos. A situação permaneceu incerta até o final do ano, quando os Diretores das diferentes escolas da Universidade decidiram tornar o veto às festas uma constante.

ALÉM DISSO...

Os Centros e Diretórios Acadêmicos utilizam os recursos arrecadados com as suas calouradas para financiar projetos e ações de interesse estudantil. O DAAB, por exemplo, custeou com a Vinhada (do 2º semestre de 2011) parte das despesas com a excursão que levou os calouros ao Instituto Inhotim, a nova pintura da sede social e atividades do Festival Medicina - evento cultural em comemoração ao Centenário da FM-UFMG.

reuniÃO acOmpanhada de bebidas. fesTa?

reuniÃO acOmpanhada de bebidas. fesTa?

aGrupamenTO de pessOas cOm fins recreaTivOs. fesTa?

Infelizmente, a comunidade estudantil, que mais uma vez foi excluída das decisões, poderia contribuir para a regulamentação de eventos seguros e agradáveis na Universidade. O DAAB, no assunto, deveria até prestar consultoria. Ah! Quantas páginas deste Jornal já retrataram as lendárias festas realizadas em sua sede social. O fechamento da Recepção dos Calouros com confraternizações está no calendário dos estudantes de Medicina da UFMG, desde 1958. Baile dançante, Calourada, Fim de tarde ou Vinhada, não importa. Relevante, para quem passa mais de 8 horas por dia no Campus Saúde, é um encontro com os colegas no Diretório Acadêmico Alfredo Balena. Quem se despede da Faculdade, ganha camarote e quem ingressa nutre curiosidade pelo encontro com a prática da liberdade.

A Gestão Centenário autorizava festas após a assinatura, pelo responsável do evento, de um termo de compromisso com: descrição pormenorizada da confraternização; autorização prévia da Diretoria da FM-UFMG ou da administração do Campus Saúde; contratação de 01 funcionário da equipe de segurança do Campus Saúde para cada 100 pessoas; controle de portaria; compromisso em zelar pelo patrimônio da sede social; respeito às leis que determinam os limites da emissão de ruídos do município de Belo Horizonte; e contratação de serviço de limpeza, para o pós-evento. Após quase dois anos de Gestão, o único incidente ocorreu em novembro passado e culminou na quebra de vidros da guarita de segurança do Campus. O DAAB assumiu a responsabilidade e os custos do acontecido, além de se desculpar com os funcionários envolvidos.

Dessa forma, exigências de planos de eventos cada vez mais detalhados- com consulta ao corpo de bombeiros e outros profissionais especializados- poderão garantir a realização de festas nos campi da UFMG, sem ameaçar a segurança da comunidade acadêmica ou seu patrimônio. Um Jornal que retrata a Universidade há mais de sessenta anos, não pode deixar de enfatizar a importância dos eventos estudantis no florescimento de novas idéias e de cidadãos mais sociáveis.

calOurada, 1949

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20 FM EM FOCO

O Departamento de Clínica Médica da FM-UFMG vem tornar a público seu repúdio à maneira como a Prefeitura de Belo Horizonte vem se relacionando com a UFMG. A relação da Faculdade de Medicina da UFMG para com a Secretaria de Saúde da prefeitura de Belo Horizonte (SMSPBH) deixou de ser coisa pública, tornando-se privada.

Há mais de 30 anos iniciamos nossas atividades de assistência e ensino nos Centros de Saúde (CS) do município. No início deste semestre, sem qualquer consulta prévia fomos afastados do Centro de Saúde Santa Inês, com a ocupação de nossos consultórios por outros profissionais. Alguns professores estão lá há cerca de 15 anos em contato constante com essa comunidade. Vários vínculos de confiança entre paciente e médico foram criados e estendidos aos familiares desses indivíduos. (...)

Até então esta atitude poderia ser entendida como desprestígio em relação

DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA SE MANIFESTA CONTRA A PROPOSTA DA PREFEITURA DE “VENDER” OS CS àS ESCOLAS MÉDICASCARTA ABERTA À COMUNIDADE ACADÊMICA DA FM-UFMGBelo Horizonte, 24 de fevereiro de 2012.

à UFMG, ou desrespeito em relação às pessoas que estão lá há tantos anos. Mas um fato grave, anterior a este, contextualiza esta atitude unilateral. Em Portaria de Nº 01/2012 da Secretaria de Saúde datada de 06 de janeiro de 2012, o poder municipal trata todas as Instituições de Ensino (IE) privadas da mesma forma que as públicas, destacando que estas deverão apresentar “contrapartidas” para atuarem nos CS. Por se ater apenas a “contrapartidas” relacionadas à presença no CS, esta portaria não considera a história de uma contrapartida iniciada há mais de 30 anos, na qual a UFMG

participa com alunos, professores, além de toda a sua estrutura de assistência, como os Ambulatórios e o Hospital das Clínicas; uma estrutura, convenhamos, de porte inigualável com outras instituições públicas e, incomparável com qualquer instituição privada que presta serviços ao SUS.

No entanto, mais grave ainda, é que em anexo à referida portaria, a SMSPBH enumera os itens da “contrapartida” e faz a seguinte ressalva: “A IE poderá optar por repassar o valor da contrapartida em dinheiro, cujo valor deverá ser depositado conforme cronograma definido em conta bancária a ser informada no convênio.”

O precedente em se pagar tal contrapartida em dinheiro, aliado ao desrespeito para com a UFMG e seus pacientes de longa relação – que para nós não são “usuários” – aponta para a privatização de um bem público e escancara a oportunidade de se tratar quem dispõe de dinheiro em espécie – as instituições privadas

Departamento de Clínica Médica da FM da UFMG.Profª Anelise Impelizieri NogueiraChefe do Departamento de Clínica Médica

– com notável prioridade, já que a UFMG jamais poderá - nem deverá – ter este tipo de relação para com qualquer instituição. (...)

Esperamos que a UFMG, a diretoria da Faculdade de Medicina e do Hospital da Clínicas saibam colocar toda a sua importância junto à PBH para a solução deste impasse.

exisTe parceria enTre ufmG e pbh?

O que ele assina ninGuÉm vê!

nOssO casTelO de areia (fOnTe: JOrnal dO crm mG- dez/2011)

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21FM EM FOCO

Dois e zero e um e um. O ano do Centenário de nossa Faculdade foi o preparativo para um sensacional período em nossa trajetória como indivíduos e como cidadãos de um Brasil Potência Mundial: cem anos para a FM-UFMG e 6º PIB do mundo para o “País do Samba”.

No aprendizado eterno da medicina, talvez, um dos mais preciosos saberes semiológicos é o de que as aparências enganam e é preciso enxergar com todos os olhos possíveis... Não houve um ano do Centenário e sim uma diversidade de perspectivas e posicionamentos em relação ao aniversário simbólico. O Diretório foi um “ponto de fuga” do qual emanaram as celebrações mais sinceras em homenagem à nossa Escola: o Reencontro dos DAABístas, o Festival Medicina, o 49º Congresso Brasileiro de Educação Médica, as Recepções da 141ª e 142ª turmas e as diplomaturas das 129ª e 130ª turmas, o aniversário de 50 anos da COOPMED, os lançamentos de livros de DAABístas honorários, Dr. Ely Bonini, Dr. Edward Tonelli e Dr. Eugênio Goulart, a dedicação sobre-humana de alguns estudantes que abdicaram de suas pessoalidades em nome do respeito e amor a essa casa de Hipócrates; Trabalhamos de maneira voluntariosa e altruísta: era preciso registrar que havia vida inteligente e pró-ativa na FM-UFMG.

De modo geral, os professores sequer sabiam do prestimoso ano, assim como não sabiam da reforma-curricular e de nada mais sobre a Faculdade: como a maioria de nossos colegas Estudantes, somente utilizava essa ilustre Faculdade Pública para engrandecimento de si próprios, sem refletir sobre a doação pessoal necessária ao desenvolvimento e aprimoramento de nossa Escola. Atos inconscientes, imaginamos.

A diretoria que, além dos eventos de módico alcance, executou parcialmente a sua reforma de fachada, enquanto o colegiado tentava a outra reforma também de fachada: por parte da primeira recebemos apoio forma irrestrito e parco apoio prático às nossas atividades; Por parte do segundo, do qual somos membros, fomos contemplados com o valioso aprendizado de o quanto uma reestruturação política em nosso país se fazia necessária para inibir e coibir o abuso de poder, a manipulação conveniente de normas, o conluio e utilização do aparato público para fins pessoais ou de grupos “seletos”: nossa Faculdade ainda era um tipo de reduto da boa e velha “oligarquia mineira” em uma Minas Gerais governada por abastados coronéis. Em meio a isso, há resquícios de dignidade que devem ser registrados: o lançamento da 8ª edição do Bogliolo, com a organização dedicada do Professor Geraldo Brasileiro; a organização do livro do Centenário pelo Professor

CENTENÁRIO: REALIDADE E ILUSÃOArtigo de opinião do Acadêmico Guilherme Lima (Turma 135)

Enio Pietra; Professoras Leonor Bezerra e Dulciene Queiroz, que nos honraram com maravilhosas demonstrações de amor à entidade e à profissão como médicos (as) e educadores (ras); Professor Apolo Heringer com sua inquietude política contagiante. Quando escolheram os “Carmina Burana”, os ditosos usurpadores do fugaz poder, talvez não tenham compreendido bem os versos profanos.

Nossos colegas Estudantes, reproduzindo os atos de seus mestres em “fila brasileira” que era nossa educação, baseada em protocolos, tentativa-erro-acerto e quase nenhuma reflexão sobre as ações, também, de maneira geral, ignoraram o tal “Centenário”: os futuros médicos do início do milênio viveram o ápice do ensino profissionalizante, voltado para o mercado que, em saúde, era basicamente determinado pelo governo e seus “planos” populistas: nossa Primeira Dama bateu o record de aprovação populacional para chefes do executivo nacional na conclusão do 1º ano de mandato. Possivelmente, seria muito exigir que o Estudante interagisse mais com a construção de uma Universidade quando ele não tinha tempo para pensar tranquilamente em seu futuro como indivíduo. O Diretório buscou envolver a todos e, nesse ponto, nos entendemos

parcialmente exitosos: nosso maior desafio permanecia o de cativar os futuros médicos e torná-los menos individualistas, mais autônomos e reflexivos.

Além dos dois “corpos”, docente e discente, os funcionários “técnicos-administrativos” e os “terceirizados”, em sua maioria trabalhadores dignos que na opressão que significava ser trabalhador, não foram laureados e somente foram incluídos naquilo que lhes competia: mão na massa, de pão, de cimento, do que for, nos bastidores da fachada da vida. A nós, do Diretório, cabe a singea homenagem pela inscrição de alguns nomes de Trabalhadores nesta página: Maurílio Silva Elias, Juscimar Marques, Cida Miranda, Carlão Silva, Adílio Anunciação, Marcos Guedes, Sérgio Corrêia, Cláudio, Elma Fernandes, Nazaré Soares, Carlos Capanema, Gilberto Boaventura e Corina Maria Lima.

Realidade e ilusão... Talvez somente “realidades”. A do DAAB inebriada pela paixão entre jovens e uma jovem Centenária; a da quase totalidade dos demais, turva pela descrença na coletividade e pela banalização de tudo: [sααj], talvez muito, talvez nada. Depende de como se escreve, depende de como se sente.

4 e 2 e 0, mais uma madrugada dedicada ao Centenário.

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22 DARTES

Ao ponderar sobre o Festival Medicina, ocorrido em Setembro passado e questionar se tínhamos sido fiéis a idéia original, voltei ao objetivo proposto: “divulgar aspectos e momentos relevantes da história centenária da Faculdade de Medicina da UFMG e refletir...”. Através das apresentações dos vídeos com os alunos e suas visões sobre a medicina, da nossa Psicose Bicampeã, do Show Medicina e seu quadro sensacional para o evento, da delicadeza das meninas no balé, dos jovens da Cruz Vermelha com a dança de rua, do Encantarte e a sua palhaçoterapia, das bandas Hocus Pocus e da final do Concurso MedStock, com a vitória da (excelente) Banda Absinto Muito, vejo que nos utilizamos dos mais variadas aspectos inerentes ou não à nossa Faculdade afim de atingir o público e o objetivo.

Mais do que um evento cultural, o Festival significou a realização de uma idéia grandiosa. Uma idéia que partiu de alunos dessa Instituição que comemorava o seu evento grandioso, o seu CENTENÁRIO! Uma idéia que saiu do papel com muito trabalho e digo que de maneira brilhante, mesmo que isso não signifique sem erros ou problemas. Confesso minha satisfação em ver a versatilidade das pessoas com as quais convivo, membros do D.A.A.B. que de alunos passaram a carregadores, contadores, marceneiros, produtores, cabeleireiros; enfim, mostrando o quanto podemos ir além das nossas expectativas e limitações. Além disso, vejo o Festival do Centenário com um carinho especial por mais dois motivos: tive a oportunidade de sair do backstage, subir ao palco e interagir com as pessoas, de ver o show por outro ângulo; também por fazer parte da turma que mais comprou ingressos para o Festival, minha Turma (querida) 139.

Minha conclusão é que SIM, fomos fiéis ao nosso ideal e até digo que conseguimos atingir nosso objetivo principal: contrapor o que passou para refletirmos e sermos autores do que virá. Afinal, acho que é sobre isso que se tratou o Festival, não de um encerramento de uma etapa, mas sim da consciência da construção dos nossos “centenários em seis anos”, que somados formarão tantos outros centenários da nossa Faculdade, uma Bicentenária em construção!

“EM OBRAS”Artigo de opinião da Acadêmica Deborah Six (Turma 139)

24 DE SETEMBRODE 17H47MIN ÀS 24h01MINCHEVROLET HALL*

“Uma pitada de poesia é suficiente para perfumar um século inteiro.”

JOSÉ SARAMAGO

DAAB apresenta:

PATROCÍNIO

APOIO REALIZAÇÃO

“Cemitério dos vivos e Diário do Hospício” (Autor: Lima Barreto): Trata-se de um relato autobiográfico sobre a vivência do autor no Hospício Nacional dos Alienados no Rio de Janeiro. Há em “Diário do Hospício” reflexões sobre a atitude dos médicos, da sociedade, dos doentes, da instituição hospital, diante da loucura e dos vícios. Lima

Barreto era  alcoólatra  e a leitura do livro pode conduzir alguns leitores a diversos diagnósticos psiquiátricos para o poeta. Afinal de contas há muita coisa em comum entre poetas e loucos... 

INDICAÇõESDE LIVROS

O Viés Médico na Literatura de Guimarães Rosa (Autor: Eugênio Marcos Andrade Goulart): Como bem disse o nosso doutor-escritor João Guimarães Rosa: “Sim, fui medico, rebelde, soldado. [...] Como médico conheci o valor místico do sofrimento; como rebelde, o valor da consciência; como soldado, o valor da proximidade da morte...” Em seu livro, o Professor Eugênio Goulart destrincha a Medicina presente nas obras de Guimarães Rosa, desde o vocabulário médico empregado até alegorias que tomam como base a fisiologia humana. Dessa forma, o leitor acaba por conhecer também o interior de Guimarães Rosa com seus conflitos e crenças, medos e experiências. A obra pode ser acessada pela página da FM - UFMG: http://www.medicina.ufmg.br/cememor/biblioVirtual.php

A Pele que Habito (Diretor: Pedro Almodóvar):La Piel Que Habito narra a história de uma vingança extrema, segundo o diretor, Pedro Almodóvar. Com mais um roteiro surpreendente, Almodóvar questiona a dualidade da essência humana e a ciência, por meio dos experimentos do médico Robert Ledgard.

INDICAÇõESDE FILMES

Uma Noite Em 67(Diretores: Renato Terra e Renato Calil): Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Edu Lobo e Roberto Carlos reunidos. É preciso mais?

Saímos do Ensino Médio nostálgico, com um coordenador de série preocupado com o que atrapalharia nosso desempenho escolar. Caímos no cursinho, frio de relações pessoais, selva de disputas por uma vaga na FEDERAL. Passamos no vestibular. Fomos recebidos pelo calor da Recepção de Calouros, por veteranos que nos introduziram no mundo Universitário. Agora não mais nostálgico, não frio, mas Burocrático!

Entendemos as tensões que permeiam a relação entre docentes e a Universidade, e encaramos a guerra. Aí vem uma questão de referencial: se somos as vítimas, somos os mocinhos, e o outro lado tem de ser vilão!

Então, no eixo do mal: as secretárias, que estão no fronte de batalha. A principal arma usada por elas são requerimentos em duas vias com pagamento em conta única do Tesouro no prazo de cinco dias úteis. Ganham a batalha indeferindo pedidos. Não conhecemos o rosto do alto escalão, composto por Coordenadores, Diretores,

Artigo de opinião da Acadêmica Brenda Costa (Turma 138).

É GUERRA

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23DARTES

REGISTROS DA GESTÃO CENTENÁRIO

Reitores, Burocratas. Na segunda linha da guerra Aqueles professores picaretas que dão aula por obrigação. Outros sequer vão à aula, chegam atrasados, protegidos pelo ensino self-service em que cada um cursa a Universidade à sua escolha. Aliados a este sistema estão os Funcionários, que apesar de nos conhecerem - até pelo nome, insistem em se contaminar por essa burocracia. Exigem-nos crachá, identificação, documentação, até de um transeunte na calçada da Avenida Alfredo Balena.

Sem escolha os estudantes cedem às pressões, ameaçados por jubilamentos, por uma lista negra (para os descuidados com as optativas) e obrigados a pagar 52 créditos extras no Currículo, a partir de 2008. Transformam-se para sobreviver e se formar. Abrem mão do espaço para ensaiar a charanga, perdem o direito de realizar festas no próprio DA, tornam-se individualistas, preocupados em cumprir toda a carga horária, esquecem que tem voz ativa por meio dos representantes que elegem para o DAAB e podem combater injustiças no Colegiado, através dos R-DOCs. Ficam com preguiça da política. Sem escolha fazemos parte de uma Universidade agora Nostálgica, Fria e Burocrática.

É nesse cenário que comemoramos o Centenário da nossa Faculdade, e assopramos as velinhas nessa bomba!

Quem foi ao Teatro Sesiminas, entre os dias 03 a 06 de Novembro de 2011, viu

esta guerra representada no palco pelo Show Medicina no quadro “Enquanto isso no Oriente Médico...”. Nossa realidade é esta, vivemos nesta encenação. E atenção já tocou o terceiro sinal, agora o jeito é entrar nessa... MERDA!

um pouquinho do que rolou entre agosto e dezembro de 2011...

Recepção da 142ª turma da fm e vinhada com cover dos Rolling Stones; Pintura da Sede Social; Reencontro de membros honorários do DAAB (em comemoração ao centenário da FM-UFMG); Festa de 50 anos da COOPMED; Organização, financiamento e execução do Festival Medicina no Chevrolet Hall; Participação no movimento contra o bônus de 20% nas provas de residência (PROVAB); Organização e execução do 16º Encontro Regional dos Estudantes de Medicina (EREM); Organização do abaixo-assinado contra o bônus de 20% e entrega ao Ministro da Saúde; Organização e execução do 49º COBEM; Vinhada Brasil: integração de estudantes do brasil inteiro no DAAB, durante o COBEM! Segundo Seminário da Gestão Centenário II.

e entre janeiro e junho de 2012... Envio de ofícios e contatos com a Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM); Pós- COBEM 2011: criação e impressão de mais de 650 certificados para alunos da FM- UFMG; Tentativas de negociação com a diretoria da FM para a realização de festas no DAAB; Criação do grupo de estudos sobre currículo médico e desenvolvimento de atividades relacionadas; Recepção da 143ª Turma da FM- UFMG: Inhotim, trechos de filmes diversos, debate entre entidades; Vinhada externa à UFMG: Diretucada e Cash! (único DA sem prejuízo no Music Hall e ingressos esgotados); Organização e execução do Seminário Realidades no SUS: ensino e assistência; Participação ativa no Colegiado para reformulação da resolução sobre ACGC’s; Ofícios e atividades em defesa da criação do departamento de Anatomia e Imagem da FM.

pequenas nOTas

ebserh: No 1º semestre de 2012, a adesão do HC-UFMG à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) foi tema de discussões e deliberações no Conselho Diretor do Hospital e no Conselho Universitário. Membros do DAAB participaram de todas as reuniões colegiadas sobre o tema, inserindo proposições e críticas a interferência na autonomia universitária e aos riscos que a proposta representa ao ensino em saúde. O Diretório participou de seminários promovidos pelo DCE-UFMG e pela Diretoria do HC, e ainda, tentou informar o corpo discente da FM no evento Realidades no SUS. Para o próximo semestre, planejam-se mais ações e participação ativa nos fóruns da Universidade. O compromisso de zelar pelo HC e pela saúde e educação pública de qualidade será mantido.

espaço de sucos e lanches naturais no daab: Por quase dois anos, as Gestões Centenário, tentaram a melhoria dos serviços prestados pela lanchonete da Dona Marta, com inclusão de demandas dos permanentes alunos, entre elas: oferta de sucos e lanches naturais e melhoria do cardápio do almoço. Conseguimos um cardápio de almoço mais variado por alguns meses, mas depois as inovações foram sendo abandonadas... Quanto aos lanches e sucos naturais, como não era do interesse da D. Marta comercializá-los, nós inauguramos (de forma experimental) o “D.A.OTE”. Esse funcionou durante 02 meses, na antiga sala da secretária do DAAB, sob a administração de membros da Gestão. Contratamos duas funcionárias temporárias e coordenamos a logística de compras e fornecimento de insumos. Após esta experiência, comprovamos a demanda dos alunos por uma alimentação mais saudável, porém concluímos que a administração do espaço onera muito um ou dois estudantes; logo, deverá ser executada de forma mais profissional. O espaço será terceirizado a uma empresa com experiência no ramo e reaberto, em breve, com cardápio ainda mais variado, saudável e estável!

eleições do daab: Em junho, membros da executiva da Gestão Centenário II formaram uma nova chapa que concorreu como chapa única, às eleições do DAAB. Formou-se um grupo extenso, com mais de 50 interessados, incluído antigos membros e muitos alunos que foram recebidos pelo DAAB nos dois últimos anos. A Chapa Nova Roupa Colorida, já eleita, comprometeu-se: em continuar projetos em andamento; resgatar propostas que não foram executadas pelos compromissos adquiridos no ano do Centenário da FM; melhorar a comunicação do DA com os estudantes; e promover novos eventos culturais e científicos.

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