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Administrador José Rocha Diniz • Director Sérgio Terra • Nº 5012 • Quinta-feira, 02 de Junho de 2016 10 PATACAS 28 0 C/32 0 C • HOJE Fonte SMG MACAU É A NONA CIDADE CHINESA MAIS COMPETITIVA Despesa “per capita” na educação é baixa Pág. 4 600 MILHÕES “PAGAM” A PAZ Pág. 7 Pág. 3 Vários advogados acreditam que não seria possível fazer maior fiscalização a situações de depósitos ilegais, como o recente caso de uma agência imobiliária que estaria alegada- mente a funcionar como uma espécie de banco. Rui Cunha sustenta que, para controlar este género de ocorrências, seria preciso cada pessoa ter consigo “um ou dois fiscais” e, aí, “te- ríamos um estado policial com fiscalização para tudo”. Leonel Alves defende que se deve apostar na prevenção alertando a população para os perigos destas actividades Os depósitos ilegais que dão mais lucros Chapas Sínicas de Macau na memória da UNESCO Última Pág. 18 Anita trocou design de moda pelos animais Coreia do Norte descreve Trump como “político sábio” A Coreia do Norte apoiou o prová- vel candidato republicano à Presi- dência dos Estados Unidos, Donald Trump, que foi descrito por um site do governo norte-coreano como “um candidato presidencial pres- ciente” que pode libertar norte- -americanos que vivem diariamen- te com medo de um ataque nuclear. Um coluna divulgada pelo DPRK Today, um dos veículos do reclu- so e dinástico Estado, descreveu Trump como um “político sábio” e a escolha certa para eleitores norte- -americanos na eleição presidencial dos EUA, em 8 de novembro. Pelo contrário, a sua mais provável opo- nente, a democrata Hillary Clinton, foi descrita como “cabeça-dura” pela proposta de aplicar o mode- lo de sanções, como no Irão, para resolver a questão de proliferação de armas nucleares na península coreana. Trump, ao contrário, disse à Reuters que está preparado para conversar com o líder norte-corea- no, Kim Jong Un, para tentar parar o programa nuclear de Pyongyang, e que a China também deve ajudar a solucionar o problema. Low-cost recusa legislação sobre atrasos de voos Pág. 2 Politécnico vai abrir curso para terapeutas Pág. 5 Carlos Marreiros critica prestação do Executivo Pág. 8 IC deve melhorar inspecção ao património Pág. 9 Desenvolvimento cultural e identidade vistos por Eric Roy Xavier Centrais

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Administrador José Rocha Diniz • Director Sérgio Terra • Nº 5012 • Quinta-feira, 02 de Junho de 2016 10 PATACAS

280C/320C• • • HOJE

Fonte SMG

MACAU É A NONA CIDADE CHINESA MAIS COMPETITIVA

Despesa “per capita”na educação é baixa

Pág. 4

600 MILHÕES “PAGAM” A PAZ Pág. 7

Pág. 3

Vários advogados acreditam que não seria possível fazer maior fiscalização a situações de depósitos ilegais, como o recente caso de uma agência imobiliária que estaria alegada-mente a funcionar como uma espécie de banco. Rui Cunha sustenta que, para controlar este género de ocorrências, seria

preciso cada pessoa ter consigo “um ou dois fiscais” e, aí, “te-ríamos um estado policial com fiscalização para tudo”. Leonel Alves defende que se deve apostar na prevenção alertando a população para os perigos destas actividades

Os depósitos ilegais que dão mais lucros

Chapas Sínicas de Macauna memória da UNESCO

ÚltimaPág. 18

Anita trocou designde moda pelos animais

Coreia do Norte descreve Trump como “político sábio” A Coreia do Norte apoiou o prová-vel candidato republicano à Presi-dência dos Estados Unidos, Donald Trump, que foi descrito por um site do governo norte-coreano como “um candidato presidencial pres-ciente” que pode libertar norte--americanos que vivem diariamen-te com medo de um ataque nuclear. Um coluna divulgada pelo DPRK Today, um dos veículos do reclu-so e dinástico Estado, descreveu Trump como um “político sábio” e a escolha certa para eleitores norte--americanos na eleição presidencial dos EUA, em 8 de novembro. Pelo contrário, a sua mais provável opo-nente, a democrata Hillary Clinton, foi descrita como “cabeça-dura” pela proposta de aplicar o mode-lo de sanções, como no Irão, para resolver a questão de proliferação de armas nucleares na península coreana. Trump, ao contrário, disse à Reuters que está preparado para conversar com o líder norte-corea-no, Kim Jong Un, para tentar parar o programa nuclear de Pyongyang, e que a China também deve ajudar a solucionar o problema.

Low-cost recusalegislação sobreatrasos de voos Pág. 2

Politécnico vai abrir curso para terapeutas Pág. 5

Carlos Marreiroscritica prestaçãodo Executivo Pág. 8

IC deve melhorarinspecção ao património Pág. 9

Desenvolvimentocultural e

identidadevistos por

Eric Roy Xavier

Centrais

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02 JTM | LOCAL Quinta-feira, 02 de Junho de 2016

JORNAL TRIBUNA DE MACAU

Propriedade: Tribuna de Macau, Empresa Jor na lística e Editorial, S.A.R.L. • Administrador: José Rocha Diniz • Director: Sérgio Terra • Redacção: Catarina Almeida, Inês Almeida, Liane Ferreira e Viviana Chan • Correspondentes: Helder Almeida (Portugal) e Rogério P. D. Luz (Brasil) Colaboradores: Fátima Almeida, Helder Fernando, Raquel Carvalho, Pedro André Santos e Vitor Rebelo • Colunistas: Albano Martins, Carlos Frota, Daniel Carlier, Francisco José Leandro, João Botas, João Figueira, Jorge Rangel e Luíz de Oliveira Dias • Grafismo: Suzana Tôrres e Tiago Alcântara • Secretário da Redacção : Alexsandro Sampaio • Serviços Administrativos e Publicidade: Joana Chói ([email protected]) • Agências: Serviços Noticiosos da Lusa, Xinhua e Rádio ONU • Impressão: Tipografia Welfare, Ltd • Administração, Direcção e Redacção: Calçada do Tronco Velho, Edifício Dr. Caetano Soares, Nos4, 4A, 4B - Macau • Caixa Postal (P.O. Box): 3003 • Telefone: (853) 28378057 • Fax: (853) 28337305 • Email: [email protected] (serviço geral)

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UIVOO Governo ponderou legislar os atrasos aéreos, porém, a ideia

embateu no “muro” das companhias aéreas, que se mostraram contra, especialmente as de baixo custo, revelou o presidente da Autoridade de Aviação Civil. Representantes do organismo explicaram a situação dos constantes atrasos no aeroporto e asseguraram ter apresentado às transportadoras algumas exigências sobre o tratamento dos passageiros nessas situações

Os atrasos nos voos estiveram ontem em destaque no pro-grama matutino da “Ou Mun

Tin Toi”, que contou com a presença de representantes da Autoridade de Avia-ção Civil de Macau (AACM). Simon Chan, presidente do organismo, adian-tou que as autoridades planearam le-gislar a questão dos atrasos aéreos, com o intuito de definir um período de tempo para as companhias tratarem dos procedimentos subsequentes, no-meadamente na assistência aos passa-geiros.

No entanto, essa intenção motivou uma grande reacção das transportado-ras em sentido contrário, especialmente das companhias de baixo custo, porque os produtos que oferecem não englo-bam essa vertente, sobretudo no que respeita a potenciais indemnizações.

Considerando que um diploma des-te género teria algum impacto no de-senvolvimento do sector, Simon Chan frisou que o assunto também tem sido debatido a nível internacional, pelo que o território vai estar atento às tendên-cias globais.

Por sua vez, o director do departa-mento de licenças da AACM explicou aos ouvintes que os atrasos nos voos têm motivos complexos, podendo va-riar entre condições climatéricas ou de-moras nos controlos alfandegários dos passageiros. Noutros casos também são os próprios viajantes que se atrasam

Liane Ferreira

COMPANHIAS TRAVAM INTENÇÃO DA AUTORIDADE DE AVIAÇÃO CIVIL

Lei sobre atrasos aéreos com “asas cortadas”

Aeroporto soma quatro anos de maré lucrativaA CAM registou lucros de 153 milhões de patacas em 2015. Para este ano, a sociedade espera avançar com a expansão para norte do aeroporto, no sentido de aumentar a capacidade para os seis milhões de passageiros

A Sociedade do Aeropor-to Internacional de Ma-cau (CAM) chegou ao

final de 2015 numa maré lucra-tiva, já que pelo quarto ano con-secutivo registou bons resulta-dos financeiros. De acordo com os dados publicados ontem em Boletim Oficial, no exercício de 2015, a CAM registou receitas de 1,22 mil milhões de patacas – mais 16,6% do que no ano an-terior –, e lucros líquidos de 153 milhões de patacas.

A empresa indica que o novo objectivo definido para

2016 irá aproximar o aeroporto ainda mais da capacidade pla-neada do terminal – de apro-ximadamente seis milhões de passageiros – pelo que “a CAM procura activamente métodos para que a extensão do aero-porto para norte se possa de-senvolver, dando-se continui-dade ao plano de aumento da capacidade primeiro para norte e depois para sul”.

O Aeroporto Internacional de Macau registou, no ano pas-sado, um número recorde de 5,83 milhões de passageiros –

mais 6,4% face a 2014.O volume de carga trans-

portada foi na ordem das 30 mil toneladas, reflectindo uma subida de 4,5%, enquanto o movimento de aeronaves ul-trapassou os 55 mil, mais 6% face ao ano anterior. Para além disso, contaram-se ainda 2.986 movimentos de aeronaves exe-cutivas, registando-se um cres-cimento de 7% neste sector.

Actualmente, operam 30 companhias no Aeroporto, sen-do que, segundo a informação publicada no Boletim Oficial,

a “introdução de aviação low--cost reflecte a importância da infra-estrutura de se “adaptar à mudança” de forma activa”. Isso resultou “num importante marco na história do aeropor-to que passou do seu posicio-namento original” de serviço de transporte aéreo no Estreito de Taiwan “para o desenvolvi-mento de mercado na econo-mia livre”.

Em termos de serviços para os passageiros, a CAM salien-tou a abertura de concursos públicos para diversificar a

oferta nas áreas da “restau-ração, retalho e conexões de transporte”, apostando tam-bém na “construção de um centro digital”. Assim, foi pro-movido o “comércio online do aeroporto, lado a lado com marcas turísticas reconhecidas internacionalmente” que são integradas na rede de paga-mentos para que se possam fazer reservas e consultas on-line (bilhetes de avião, hotéis, aluguer de veículos, seguros de viagem e excursões).

JTM/Lusa

quando estão às compras ou a almoçar, referiu.

No caso dos voos para Xangai e Xia-men, frequentemente alvo de atrasos, Pun Wa Kin sublinhou que tal se deve ao congestionamento das pistas. Para além disso, caso um passageiro perca o avião, este não pode levantar voo, por-que ainda será necessário retirar a ba-gagem da pessoa em causa.

Referindo-se ao plano de reacção para atrasos e cancelamentos de voos, Simon Chan afirmou que a Autoridade exige às transportadoras o destacamen-to de pessoal para tratar da situação, providenciar estadia ou organizar a transferência de passageiros para ou-tras companhias.

Lembrando o caso da Mega Maldi-vas, o presidente da AACM confirmou que o organismo recebeu o relatório da companhia de charters, no qual é refe-rido que o atraso se deveu a problemas no avião, tendo sido necessário algum tempo para encontrar as peças e o apoio técnico adequado, pelo que não foi pos-sível anunciar o horário de partida do voo. No entanto, a empresa frisou ter fornecido apoio, estadia cinco estrelas e compensação aos passageiros.

Relativamente à expiração dos direi-tos exclusivos da Air Macau dentro de quatro anos, Simon Chan indicou que ainda é cedo para dizer se o mercado será ou não aberto, porém, assumiu que para já não existe essa intenção. Para tal acontecer, destacou ser necessário in-vestimento de risco, qualidade de ser-viço e concorrência no mercado.

Reordenamento do aeroportoMuitos ouvintes queixaram-se da

pequena dimensão do aeroporto, de-fendendo o aumento da capacidade para aeronaves de grande porte. Em resposta, Simon Chan disse que, de fac-to, as pistas e lugares de parqueamen-to não têm dimensão suficiente para aviões de grande porte, como o A380. Para que isso fosse possível, seria ne-cessária uma grande reforma na infra--estrutura, explicou.

O líder da AACM disse ainda que está a ser implementado um plano para aumentar os lugares de estacionamento dos aviões, que na sua grande maioria são de fuselagem estreita. Além disso, indicou que o aeroporto tem 24 lugares

para aeronaves de fuselagem larga. Segundo Simon Chan, desde 2011

o número de voos tem vindo a crescer, passando de 29 para 45, dos quais 25 en-volvem ligações entre o Estreito de Tai-wan e outros 20 para cidades na Ásia e Sudoeste Asiático, totalizando mais de 1.200 voos semanais de 30 companhias.

Salientando que a cooperação regio-nal é fundamental para o desenvolvi-mento aeronáutico de Macau, o presi-dente da AACM frisou que a abertura por 24 horas de um dos postos frontei-riços aumentou a fonte de turistas das regiões vizinhas, importando por isso melhorar os transportes e tráfego local para poder acomodar os passageiros em trânsito.

Simon Chan garante estar atento às tendências globaissobre a resposta a situações de atrasos nos voos

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Quinta-feira, 02 de Junho de 2016 JTM | LOCAL 03

Inês Almeida

Vários advogados acreditam que não seria possível fazer maior fiscalização a situações de depósitos ilegais, como o recente caso de uma agência imobiliária que estaria alegadamente a funcionar como uma espécie de banco. Rui Cunha sustenta que, para controlar este género de ocorrências, seria preciso cada pessoa ter consigo “um ou dois fiscais” e, aí, “teríamos um estado policial com fiscalização para tudo”. Leonel Alves defende que se deve apostar na prevenção alertando a população para os perigos destas actividades

A ocorrência de casos como os que já envol-veram salas VIP de ca-

sinos, casas de penhores e mais recentemente uma agência imobiliária que, alegadamente, estaria a funcionar como uma espécie de banco, ao receber depósitos e pagar juros desde 2014, não revela lacunas na le-gislação, visto essa prática ser expressamente proibida no Regime Jurídico do Sistema Financeiro de Macau, conside-ram vários advogados locais ouvidos pelo JORNAL TRIBU-NA DE MACAU.

Porém, para Leonel Alves, é “óbvio” que há uma falta de

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fiscalização a estas entidades, caso contrário, o crime não ti-nha acontecido. Já Rui Cunha acredita que não é possível fiscalizar este género de práti-ca. “É difícil exigir que seja o Governo a fazer a fiscalização. Provavelmente nenhum destes empréstimos está registado na contabilidade da imobiliária. Ao reclamar uma fiscalização, estaríamos num sistema em que tínhamos que ter, cada um de nós, um ou dois fiscais ao nosso lado para ver cada passo que damos. Isso é impossível”, defendeu o advogado.

“Teríamos um Estado poli-cial com fiscalização para tudo. Até nas bancas dos mercados tinha de haver alguém a fisca-lizar. Não me parece que seja viável. Se tudo passasse a ser fiscalizado ao cêntimo seria até prejudicial ao desenvolvimen-to económico”, referiu ainda.

Por outro lado, Jorge Me-nezes entende que “a vida de Macau tem sido, ao longo dos anos, caracterizada por falta de fiscalização e regulação prá-tica”. “Macau não construiu uma cultura de fiscalização sé-ria, particularmente, mas não só, na área do jogo. Essa cultu-ra de falta de controlo efectivo poderá ter trazido benefícios económicos de curto prazo, mas, além de outros problemas graves, gerou prejuízos sérios a médio prazo”.

O causídico defendeu tam-bém que “havia uma espécie de acordo silencioso em várias instituições de Macau de que se tapava um dos olhos com a mão e o outro olhava para o lado, enquanto o agente asso-biava para mostrar que exis-tia”. No entanto, ressalva, não lhe é possível saber se esta é a situação no caso da imobiliá-ria.

Os efeitos da crise do jogoOs motivos que precedem a

ocorrência de um maior núme-ro de casos de depósitos ilegais parecem gerar consenso entre os advogados.

“Vão aparecer maiscasos, e não é por

causa de uma agência imobiliária, podem ser até indivíduos e

pessoas, ‘Donas Bran-cas’ que aparecem em

todo o lado”Rui Cunha

“A situação económica que Macau está a atravessar não é grave, pelo menos por enquanto, mas tem significa-do um abrandamento. Dei-xou de haver aquele cresci-mento exponencial e isso veio provavelmente proporcionar que muitas destas actividades eram lícitas mas deixaram de ter o rendimento que tinham e isso leva necessariamente ao rebentamento do esque-ma. Mas este abrandamento económico fez também com que se descobrissem estas situações”, defendeu Nuno

“Entre a comunida-de que fala chinês é

recorrente ouvir dizer que depositar dinhei-

ro em determinado sítio dá certos lucros. Era voz corrente em

Macau e isto devia ser visto como suspeito pelas autoridades”Nuno Sardinha Mata

Sardinha da Mata. “Nas alturas de euforia

económica há sempre uns es-quemas paralelos que come-çam a funcionar e, às vezes, sem resultados danosos para ninguém”, frisou Rui Cunha, destacando que eles estão a vir a público agora, porque “aquilo que eram fontes de rendimento fácil e rápido co-meçam a minguar e surgem as dificuldades para remediar” a situação.

Nesse sentido, alertou o advogado, “vão aparecer mais casos, e não é por causa de uma agência imobiliária, podem ser até indivíduos e pessoas, ‘Do-nas Brancas’ que aparecem em todo o lado”.

Já Leonel Alves, referiu especificamente as condições oferecidas pelas instituições bancárias. “Os bancos dão ta-xas fraquíssimas de maneira que os investidores procuram outros caminhos, uns mais le-gais, outros menos”, indicou.

Nuno Sardinha da Mata avisa ainda que este género de esquemas não é desconhe-cido. “Talvez à comunidade portuguesa não chegasse com tanta facilidade, mas entre a comunidade que fala chinês é recorrente ouvir dizer que depositar dinheiro em deter-minado sítio dá certos lucros. Era voz corrente em Macau e isto devia ser visto como sus-peito pelas autoridades. Se há gente que está a pagar tanto, devemos ver o que estão a fa-zer ao dinheiro que permite que depois paguem juros des-se calibre”, frisou.

Na perspectiva do mesmo advogado, “talvez devesse ter havido um bocadinho mais de proactividade da parte das au-toridades que têm responsabi-lidades nesta área”.

No entanto, ressalvam al-guns dos causídicos, as pró-prias vítimas têm alguma cul-pa em tudo o que se passou. “Podemos dizer que aqueles que prometiam devolver o di-nheiro são os grandes culpa-dos e, obviamente, eles são o principal motor, mas quem se dispõe a meter milhões num esquema desse género tam-bém tem alguma culpa porque quando investe o seu dinheiro tem de ter alguma noção da-quilo que é sustentável e ex-pectável e do que é acima do natural”, afirmou Sardinha da Mata.

A título de exemplo refe-riu: “Se me viessem dizer que se investisse em determinado sítio recebia 70% de juros por ano, a primeira coisa que fa-ria seria olhar desconfiado”.

“Havia uma espécie de acordo silencioso em várias instituições de

Macau de que se tapava um dos olhos com a

mão e o outro olhava para o lado, enquanto o agente assobiava para

mostrar que existia”Jorge Menezes

“Seria conveniente uma melhor actividade pre-ventiva ou pedagógica junto do público, nem que seja pôr anúncios

nos autocarros”Leonel Alves

Regras mais “rigorosas” para “junkets”

Nuno Sardinha da Mata acredita que deviam ter sido definidas regras “mais rigorosas” para a actividade dos promotores de jogo, tendo em conta as quantias elevadas que movimentam. “Eles lidam com quantidades fabulosas de dinheiro e parece-me que isso deveria ter levado quem legisla a ter uma atitude mais célere no sentido de dizer que se temos empresas que lidam com centenas de milhões de patacas, temos de exigir que elas tenham um capital maior”. E, além disso, que “tenham que prestar uma caução que seja, de certa forma, um seguro para garantir que as pessoas não desaparecem, caso alguma coisa corra mal”, defendeu o advogado, sugerindo ainda que as pessoas envolvidas neste sector deviam ter uma “preparação especial”.

ADVOGADOS ANALISAM FENÓMENO DOS DEPÓSITOS ILEGAIS

“Não se pode exigirfiscalização impossível”

Assim, sublinhou, “as pes-soas têm de ter alguma res-ponsabilidade na forma como aplicam o seu dinheiro. Não vamos agora dizer que a cul-pa é toda dos outros”.

Rui Cunha concorda. “Quando essas pessoas fize-ram os investimentos, não per-guntaram a ninguém se o siste-ma era fiável. Quem quer jogar pelo seguro, recorre aos bancos ou às agências próprias para investimento que não usam ca-nais paralelos. Quem joga por caminhos paralelos, sem pro-tecção, depois quando se quei-xa também se deve perguntar se alguma vez ponderou se era seguro”.

Como forma de evitar que situações como esta se repi-tam, as entidades competentes devem informar mais a po-pulação sobre estas questões, referiu Leonel Alves. “Seria conveniente uma melhor acti-vidade preventiva ou pedagó-gica junto do público, nem que seja pôr anúncios nos autocar-ros”, defendeu o advogado.

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Quinta-feira, 02 de Junho de 201604 JTM | LOCAL

Liane Ferreira

MACAU CONSIDERADA A 9ª CIDADE CHINESA MAIS COMPETITIVA

Despesa “per capita” na educação é baixa

Macau ficou situado no nono lugar no Índice Global de Competiti-

vidade das Cidades Chinesas, ontem revelado pela Universi-dade de Ciência e Tecnologia de Macau (UCTM) e o Instituto da China para a Competitividade das Cidades.

De acordo com o relatório oficial, a RAEM mantém-se no top 10 desde 2014, com 0,447 pontos de 0 a 1, em termos de competitividade económica.

Um dos indicadores mais su-blinhados pelos autores do estu-do é o da “sustentabilidade” no qual o território ficou em quinto lugar com 0,801 pontos, atrás de Hong Kong, Xangai, Pequim e Shenzhen, caindo um lugar na tabela.

Segundo as informações divulgadas, este indicador é composto por seis categorias e em quatro delas Macau é “cla-ramente” superior, como são os casos da harmonia, ambiente e cultura.

No entanto, quando se anali-sa a questão do “conhecimento” e “informação”, os indicadores estão muito longe da linha da frente. Tal deve-se a uma dimi-nuição dos gastos em ciência e tecnologia e significa que o

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Apesar do território se manter no top 10 das cidades chinesas mais competitivas, foi detectado um recuo na proporção do investimento público canalizado para as áreas da educação e investigação, facto que os autores do índice defendem dever ser corrigido para dar mais força ao território. Macau é a melhor cidade em termos de eficiência da competitividade, porém, registou uma queda de quatro lugares no que diz respeito à competitividade comercial

Chan Meng Kam quer datas para habitação pública em Toi SanO deputado Chan Meng Kam instou o Gover-no a divulgar uma data concreta para o reiní-cio do projecto da habitação pública na Rua Central de Toi San, cuja construção foi suspen-sa em 2012, devido ao eventual impacto nos edifícios vizinhos mais antigos. Numa interpe-lação escrita, o deputado contestou a paralisa-ção das obras, lembrando que as autoridades rescindiram há um ano o contrato com a em-presa responsável pela empreitada, mas desde então ainda não avançaram com a promessa de realização de um novo concurso público, encontrando-se o processo em suspenso. O de-putado apontou o dedo ao Executivo por defi-ciências no trabalho de inspecção e análise do local, no momento prévio ao início das obras, já que mais tarde as escavações no subsolo tiveram de ser suspensas devido ao apareci-mentos de fendas nos edifícios vizinhos. Chan Meng Kam recordou que o Governo pretende construir 200 fracções da habitação pública na Rua Oito do Bairro Iao Hon e um parque de estacionamento subterrâneo, no entanto, a situação preocupa os residentes, pois existem prédios nos arredores com idades superiores a 40 anos. Para o Governo não cometer o mes-mo erro, o deputado pediu um esclarecimento sobre a pré-avaliação do projecto e uma comu-nicação efectiva entre organismos encarregues de planeamento e construção.

R.C.

População fumadora caiu para 15%Um estudo dos Serviços de Saúde concluiu que a população fumadora de Macau representa apenas 15% do total, o que traduz uma quebra de 1,9 pontos percentuais em relação à entrada em vigor da legislação que restringe o fumo em determinados locais

Os fumadores representavam 15% da população de Ma-cau com 15 ou mais anos em

2015, menos 1,9 pontos percentuais do que no final de 2011, véspera de entrada em vigor da legislação anti--tabaco.

Segundo os dados de um estudo dos Serviços de Saúde (SSM) divulga-dos ontem, a taxa de fumadores entre a população com pelo menos 15 anos era de 16,9% em 2011 e foi decrescen-do progressivamente até se situar nos 15% no final de 2015.

A grande discrepância entre géne-ros mantém-se; 6,8% dos homens são fumadores, enquanto a taxa é de ape-nas 3,7% entre as mulheres. No en-tanto, o número de homens que fuma diminuiu de 31,4% em 2011 para 26,8% no ano passado, enquanto nas mulheres a diferença é quase nula, de 3,8 para 3,7 por cento.

É na faixa etária entre os 45 e os 54 anos que há mais homens fumadores

27,7% dos fumadores com mais de 15 anos já tentaram deixar o tabaco

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(37,2%). Já entre as mulheres, há mais fumadores no grupo entre os 15 e os 24 anos de idade (6,5%).

Os SSM revelaram que 27,7% dos fumadores com mais de 15 anos já tentaram deixar o tabaco. A taxa de cessação tabágica pelos fumadores ocasionais é mais alta do que os fu-madores diários e representam 40% e 26,2% respectivamente”, lê-se no comunicado.

As autoridades atribuem a di-minuição da população fumadora à aplicação da legislação que, desde 1 de Janeiro de 2012, proíbe o fumo em espaços públicos fechados.

Actualmente encontra-se em aná-lise uma alteração ao Regime de Pre-venção e Controlo do Tabagismo no sentido de proibir totalmente o fumo nos casinos.

JTM/Lusa

investimento “per capita” em educação é baixo.

“A educação e investigação são a fonte da inovação e para aumentar a competitividade da cidade é necessário fornecer a quem lá cresce a força do de-senvolvimento”, diz o relatório, acrescentando que nas cidades com maiores níveis de competi-tividade global existe uma apos-ta nestes dois elementos.

Também pela negativa, foi registada uma queda de quatro lugares no índice de competiti-vidade comercial para o 32º lu-gar com 0,398 pontos.

As instituições consideram

que a “capacidade da cidade está sob alta pressão” devido ao aumento populacional e de flu-xos turísticos em anos recentes. Para além disso, é frisado que, apesar dos preços da habitação terem descido, continuam a re-presentar um gasto substancial nas despesas dos residentes. Por isso, não estranha que as peque-nas e médias empresas “avan-cem com grandes dificuldades, causando uma ligeira diminui-ção” neste indicador.

Para os autores da pesqui-sa, a maior disparidade nos re-sultados refere-se ao índice de eficiência, no qual Macau fica

em primeiro lugar (1 ponto), enquanto que em termos de progresso do PIB o território re-gista apenas 0,041 pontos, sendo relegado para 220º lugar. Este resultado apesar de negativo, pois coloca o território quase no fim da tabela é melhor do que o registado em 2014, quando ocu-pou o 232º lugar.

Neste ponto é destacado que a estrutura industrial de Macau está concentrada no jogo, sector muito afectado recentemente com a queda das receitas. As-sim, neste “período profundo de ajustamento a progressão do PIB tem sido baixa” e as oscila-

ções económicas muitas.Também em termos de ha-

bitabilidade, os resultados não foram muito sorridentes, já que a RAEM caiu 16 lugares para o 36º neste campo.

Apoio vigoroso de Pequim Um dos autores, o profes-

sor Liu Cheng Kun da UCTM, mostrou-se optimista quanto à melhoria da competitividade de Macau, frisando que Governo Central apoia de forma vigoro-sa o território. Porém, lembrou as recomendações do relatório, sugerindo um aumento do in-vestimento na educação e in-vestigação, criação do fundo de desenvolvimento industrial, promoção da inovação nas PME, bem como o encorajamento dos jovens para o empreendedoris-mo.

Para as instituições, Macau deve “concentrar-se na promo-ção da diversificação doméstica, reforço da cooperação regio-nal, aumento a oferta não jogo, apoio ao sector das conferências e exposições, indústrias cultu-rais e criativas”, bem como no desenvolvimento das suas ca-racterísticas financeiras.

Por outro lado, deve aumen-tar o seu espaço económico atra-vés do uso adequado das águas marítimas e desenvolvimento da economia marítima.

Estudo exorta Macau a investir mais em indicadores como o “conhecimento” e “informação”

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Quinta-feira, 02 de Junho de 2016 JTM | LOCAL 05

IAS PRECISA DE PELO MENOS MAIS 40 PROFISSIONAIS ATÉ 2018

Curso para terapeutas abre no próximo ano

Por haver “grande pro-cura” e pouca oferta de terapeutas da fala, ocu-

pacionais e fisioterapeutas em Macau, o Secretário para os As-suntos Sociais e Cultura revelou ontem que no próximo ano o Instituto Politécnico de Macau (IPM) vai abrir um curso dedi-cado à formação nesta área.

“Já estamos praticamente na fase final. Vamos formar estes profissionais de modo a respon-der às necessidades tanto das crianças como da restante socie-dade”, disse ontem à margem da cerimónia de inauguração do Centro de Avaliação Conjun-ta Pediátrica do Centro Hospi-talar Conde de São Januário.

Por haver “falta de profes-sores e formadores nesta área”, o Governo vai ainda contratar docentes “fora da RAEM para leccionarem no IPM” para “for-mar profissionais locais e ter uma equipa com qualidade”, indicou Alexis Tam. Além dis-so, o Secretário garantiu que há “instituições de ensino superior estrangeiras que mostraram in-

Alexis Tam anunciou a abertura, no próximo ano, de um curso superior para formar terapeutas da fala, ocupacionais e fisioterapeutas. O Secretário indicou ainda que há instituições fora da RAEM que “estão interessadas em colaborar” com o Governo, sendo que a formação terá lugar no Instituto Politécnico. Ao JORNAL TRIBUNA DE MACAU, o Instituto de Acção Social adiantou que “até 2018, serão precisos mais 40 terapeutas das três áreas”

Catarina Almeida *

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Inaugurado ontem, o Centro de Avaliação Conjunta Pediátrica do Centro Hospitalar Conde de São Januário vai funcionar na lógica de “one stop”, em que as crianças serão avaliadas, diagnosticadas e tratadas numa acção conjunta entre vários serviços. Segundo Alexis Tam, o tempo de espera será reduzido para “pelo menos metade”

Vai passar a funcionar nas antigas instalações do Serviço de Urgên-cia Pediátrica do Centro Hospi-

talar Conde de São Januário (CHCSJ), o novo Centro de Avaliação Conjunta Pediátrica que se pauta pela prestação de um serviço para crianças baseado na lógica “one stop”. Destina-se a crianças com idade igual ou superior a seis anos, e com suspeitas de serem portadoras de transtornos em desenvolvimento.

O Centro irá funcionar através da optimização “eficaz” dos recursos pres-tados pelos Serviços de Saúde de Ma-cau, Instituto de Acção Social e Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), que irão avaliar, diagnosticar e

tratar os doentes.Segundo o Secretário para os Assun-

tos Sociais e Cultura, os utentes deste centro vão sujeitar-se a períodos de espe-ra inferiores aos 14 meses, com o atendi-mento a ser reduzido “pelo menos para metade”. Já fonte ligada aos Serviços de Saúde indicou que o Centro terá capaci-dade para atender, diariamente, entre 12 a 14 crianças.

O novo mecanismo permitirá “pro-porcionar aos doentes, em particular às crianças, a obtenção de cuidados médicos e informações mais adequadas, atempa-das e com qualidade”, frisou Alexis Tam.

Ainda assim, fez questão de ressal-var que o Centro não é “apenas para as

crianças chinesas. É também para os por-tugueses e para as outras comunidades”. “É o primeiro Centro na história de Ma-cau com este tipo de serviço “one stop””, afirmou.

Entre os vários serviços disponibili-zados, a instalação pediátrica dispõe de uma sala de avaliação para a colocação educacional. Gerido por um grupo espe-cializado de docentes e psicólogos, o ser-viço tem uma “disposição educativa dos alunos com necessidade especiais”.

Mas, essas crianças só terão acesso ao Centro depois de terem sido, primei-ramente, indicadas ao Centro de Saúde pela DSEJ, ou da escola à DSEJ. “Durante todo o processo vamos juntar observa-

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JTM

SERVIÇO TEM CAPACIDADE PARA ATENDER PELO MENOS 10 CRIANÇAS POR DIA

Centro Pediátrico com espera reduzidações clínicas, ver a evolução e o cresci-mento destes pacientes. Numa fase pos-terior, vamos ajudar os pais a encontrar a escola adequada para o filho”.

A par disso, o Centro alberga ainda consultórios médicos, salas de avaliação de função mental, terapia ocupacional, terapia da fala, sala para a realização de exames auditivos, sala de serviços relati-vos a assistência social, sala de amamen-tação, entre outros.

Sobre este último serviço, Alexis Tam sublinhou que vão ser aumentadas as ac-ções promocionais esperando que “haja mais generalização [da amamentação] porque o leite materno é um alimento muito saudável para os bebés”.

“Vamos implementar um plano pilo-to de amamentação criando mais salas para esse efeito dentro dos serviços su-bordinados à minha tutela”, referiu o Se-cretário durante uma visita às instalações do Centro.

Reiterando que as “crianças são o pi-lar da sociedade” e que, por isso, são um dos “conteúdos com maior importância das linhas de acção governativa do Go-verno da RAEM”, Alexis Tam evidenciou a mais-valia do Centro dado o actual ce-nário “decorrente da procura emergente de serviços de avaliação e tratamento de crianças com transtornos de desenvolvi-mento”.

C.A.

Mais 40 terapeutasem dois anos

Numa resposta enviado ao JORNAL TRIBUNA DE MA-CAU, o IAS avançou que até Abril do presente ano as “ins-talações de serviços sociais su-pervisionadas pelo Instituto de Acção Social observaram um défice de 23 terapeutas profis-sionais”.

Por outro lado, o Instituto prevê que a abertura de novas instalações sociais aumenta-rá a necessidade de reforçar a

mão-de-obra dos terapeutas da fala, ocupacionais e fisiotera-peutas. “Até 2018, será preciso contratar mais 40 profissionais desta área, tanto terapeutas da fala, ocupacionais como fisio-terapeutas”, garante o IAS.

A par disso, informou ain-da que está a ser aplicado jun-to das instalações de serviço social um “novo sistema de remuneração” para ajudar na captação de novo pessoal. Por sua vez, essa contratação po-derá estender-se a profissio-

nais não-residentes. Porém, deixa a ressalva que

essa contratação só será feita caso “haja dificuldade em em-pregar profissionais locais”.

“Porque é difícil recrutar este tipo de pessoal, o IAS su-geriu importar terapeutas não--residentes para compensar este défice no mercado, mas os profissionais locais não se-rão afectados com a vinda de pessoal estrangeiro”, concluiu o Instituto.

* com R.C.

teresse em colaborar connosco nesta área”.

Considerando que o curso terá “sucesso”, o Secretário acrescentou que esta nova for-mação será divulgada junto dos finalistas do ensino secun-dário. “Há de facto grande fal-ta de terapeutas da fala e quem frequentar este curso irá, com certeza, encontrar emprego em Macau”, apontou.

Embora o défice destes profissionais seja “menor” nos Serviços de Saúde, Alexis Tam referiu ainda que há “falta no mercado”. “Temos um núme-ro razoável de fisioterapeutas, mas para termos mais profis-sionais temos que acelerar os nossos trabalhos sobretudo nas acções de formação ou lançar cursos locais”, rematou.

Porém, o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura recordou que desde que assu-miu o actual cargo começou--se a “trabalhar nesta área”.

A nova medida é articulada com o Instituto de Acção So-cial (IAS), Gabinete de Apoio ao Ensino Superior e Direcção dos Serviços de Educação e Ju-ventude.

Alexis Tam disse que o Governo vai contratar docentes “fora da RAEM para leccionarem no IPM”

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Quinta-feira, 02 de Junho de 201606 JTM | LOCAL

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Kwan Tsui Hang critica atrasos na Ilha Artificial A deputada Kwan Tsui Hang alertou para o facto do projecto de constru-ção do posto alfandegário de Macau na Ilha Fronteiriça Artificial da Pon-te Hong Kong-Macau-Zhuhai estar muito mais atrasado do que o pos-to de Zhuhai, uma vez que ainda se encontra na fase de colocação de pi-lares. Assim, apelou às autoridades para acelerar as obras, anteriormente concessionadas a uma empresa de Zhuhai. Temendo que a empreitada não seja entregue antes da entrada em funcionamento da Ponte do Delta, a deputada instou o Governo a revelar se o projecto será ou não concluído no final de Agosto deste ano.

Chan Un Tong empossadocomo subdirector da DSALChan Un Tong tomou ontem posse como subdirector dos Serviços para os Assuntos Laborais, onde irá diri-gir o Departamento de Emprego e o Departamento de Contratação de Tra-balhadores Não Residentes. Licencia-do em Direito Económico, Chan Un Tong ocupava anteriormente o cargo de coordenador-adjunto do Gabinete para os Recursos Humanos.

Lei do comércio externopronta para ser votadaO diploma que revê a lei do comércio externo está pronto para ser votado na especialidade, disse ontem o pre-sidente da 3ª comissão permanente da Assembleia Legislativa. Segundo a Rádio Macau, os deputados já assina-ram o parecer da proposta. Com este diploma, e nomeadamente a regula-mentação dos livretes A.T.A, o Gover-no pretende facilitar a entrada de bens que estão em Macau por um curto período de tempo para impulsionar o sector das exposições e convenções.

• • • BREVES NOVO MACAU EXIGE PLANOS DE CONTINGÊNCIA

“Ignorância” à volta da central

O apelo da Novo Macau surgiu na sequência de informações que têm sido publicadas, sobretudo

por “media” de Hong Kong, de que a central nuclear de Taishan, na província vizinha de Guangdong, que se encontra na fase final de construção, apresenta problemas que podem levar à ocorrência de incidentes.

O Governo mantém que “Macau está segura por estar a uma certa distância” da central, o que revela a sua “ignorân-cia” devido à falta de consciência”, afir-mou a Novo Macau, que recorda que actualmente “Macau e Hong Kong se encontram flanqueadas por três centrais nucleares em ambos os lados da costa”.

O presidente da Novo Macau, Scott Chiang, advertiu que, em caso de inci-dente, Macau será “directamente afe-tada”, estando a associação “profunda-mente preocupada”, atendendo a que o risco não é apenas o de “exposição”, mas também ao nível do abastecimento de água e de comida, assegurado em gran-de parte pela província vizinha.

“Não há qualquer plano feito pelo Governo de Macau para reagir face a tal cenário”, argumentou.

Do ponto de vista dos interesses e da segurança de Macau, a localização da central é “inaceitável”, pelo que a Novo Macau se opõe ao início das operações sem uma garantia de que a central cum-pre as normas de segurança internacio-nais.

A Associação Novo Macau acusou ontem o Governo de não ter noção do risco de um eventual problema numa central nuclear em construção a 67 quilómetros, e exige que anuncie planos de contingência

“O Governo de Macau deve anun-ciar planos de emergência para inciden-tes nucleares, incluindo descontamina-ção, segurança alimentar, entre outros”, defende a associação, que também aler-tou para o “duro golpe” na confiança que uma eventualidade na vizinhança pode ter na cidade que vive do turismo.

Na segunda-feira à noite, o Gover-no de Macau publicou um comunica-do em que diz ter solicitado à provín-cia de Guangdong informações sobre a central e que tem vindo a seguir com “a maior atenção” o assunto. Refere que Macau dispõe de um plano de contingência para responder a catás-trofes nucleares nas regiões vizinhas, elaborado em 1995, entretanto revis-to e optimizado, cujos detalhes sobre o mesmo e outras medidas poderiam ser consultadas no portal do Gabinete Coordenador de Segurança.

Na versão portuguesa do portal não há qualquer referência a incidentes nu-cleares. “Fique calmo”, “ouça a rádio” e “aguarde instruções” são as indicações para um caso de emergência que sur-gem, segundo os dirigentes da Novo Macau, na versão chinesa do “site”.

A central de Taishan, um projecto fruto de uma parceria sino-francesa – en-tre a China Guangdong Nuclear Power

(CGN) e a Électricité de France (EDF) –, pretende iniciar operações dos dois rea-tores no próximo ano, mantendo o calen-dário apesar das notícias.

Segundo o portal FactWire, em Abril, a Autoridade de Segurança Nuclear de França detectou excesso de carbono num vaso de pressão de uma central francesa com reatores nucleares de terceira gera-ção (EPR) – a mesma tecnologia da de Taishan - indicando que estava demasia-do frágil, o que pode causar uma poten-cial fuga radioactiva.

Engenheiros franceses disseram ao FactWire que a unidade 1 da central foi submetida a um grande número de tes-tes e que, na melhor das hipóteses, só poderia entrar em funcionamento em 2018. Alertaram ainda que as autori-dades chinesas têm vindo a pressionar para acelerar a construção, de modo a cumprir-se o calendário inicial.

Gao Ligang, CEO da CGN Power, negou-o, em declarações reproduzidas esta semana pelo South China Mor-ning Post, afirmando que o recipiente de pressão dos reactores vai ao encon-tro de todos os padrões de tecnologia e segurança e que o progresso da cons-trução tem estado sob apertado escru-tínio por parte da China.

JTM com Lusa

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“JTM” - 2 de Junho de 2016

Cunmpriemnto de Obrigações Pecuniárias nº PC1-16-0057-COP Juízo de Pequenas Causas Cíveis

TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE JUÍZO DE PEQUENAS CAUSAS CÍVEIS

ANÚNCIO

A Juiz,Lou Silva, Lap Hong

O Escrivão Judicial Adjunto,Ng Kuai On

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Quinta-feira, 02 de Junho de 2016 JTM | LOCAL 07

Contrato com Macau Slotrenovado até 2012O Governo prorrogou até 5 de Junho de 2021 o contrato de concessão para a organiza-ção e exploração de lotarias instantâneas e lotarias desportivas - apostas de futebol e basquetebol, actividade exercida em exclusivo pela Macau Slot. A decisão foi anunciada através de uma Ordem Executiva que delega poderes no Secretário para a Economia e Finanças, como outorgante, na respectiva escritura pública.

ACORDO ENCERRA LITÍGIO COM EX-CEO DA SANDS CHINA

Mais de 600 milhões “pagam” paz com Jacobs

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ARQ

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O grupo Las Vegas San-ds e Steven Jacobs estabeleceram um

“acordo abrangente e confi-dencial” para encerrar a dis-puta que mantinham há quase seis anos em várias instâncias judiciais. A revelação foi feita pela Sands China, que, numa curta nota enviada à Bolsa de Valores de Hong Kong, es-clarece que o entendimento foi consumado na terça-feira, tendo Jacobs concordado em “retirar todas as queixas” constantes de processos inter-postos em tribunais dos Es-tados Unidos, tanto a nível federal como do Estado do Nevada, contra a Las Vegas Sands, as suas subsidiárias em Macau – Sands China e Vene-tian - e o líder do grupo norte--americano, Sheldon Adelson.

O comunicado não men-ciona os valores envolvidos no acordo, no entanto, segundo avançou o “Wall Street Jour-nal”, citado fonte conhecedo-ra do processo, a Las Vegas Sands deverá pagar ao antigo director-executivo da Sands China entre 75 e 100 milhões de dólares americanos. Tendo em conta o câmbio actual, este “cachimbo da paz” custará as-sim entre 600 e 800 milhões de patacas à operadora de jogo.

Em Julho de 2010, Jacobs foi abruptamente demitido das funções de CEO da Sands China, cargo que desempe-nhava desde Março de 2019, mas não demorou muito a ripostar. A 20 de Outubro do mesmo ano, o gestor america-no moveu uma acção judicial no Tribunal Distrital do Con-dado de Clark, no Nevada, contra a Las Vegas Sands e a

A Las Vegas Sands selou um acordo extra-judicial para terminar o longo litígio com Steven Jacobs. Segundo o “Wall Street Journal”, o grupo liderado por Sheldon Adelson deverá pagar mais de 600 milhões de patacas ao ex-CEO da Sands China

Sérgio Terra

Receitas do jogo desceram 9,6% em Maio

As receitas brutas dos jogos de fortuna ou azar totalizaram 18.389 milhões de patacas em

Maio, montante que representa um decréscimo de 9,6% comparativamen-te ao mesmo mês do ano passado,

revelam dados ontem publicados no site da Direcção de Inspecção e Coor-denação de Jogos (DICJ).

Comparativamente a Março, regis-tou-se um aumento de 6%, já espera-do devido ao factor da sazonalidade,

A desaceleração na última semana de Maio impediu os casinos de Macau de superarem a barreira dos 19 mil milhões de patacas. As contas finais assinalaram uma quebra homóloga de 9,6% e uma subida mensal de 6%

Sands China por despedimen-to sem justa causa, acusando mesmo a entidade patronal de retaliação pelo facto de ter denunciado supostas práticas “ultrajantes” e “ilegais”.

Entre inúmeras alegações, Jacobs garantiu ter sido afas-tado por recusar cumprir al-gumas exigências de Adelson, incluindo a recolha de infor-mações sobre funcionários do Executivo da RAEM que pode-riam ser usadas para “exercer influência” no sentido de in-viabilizar medidas contrárias aos interesses da Sands China. Todavia, em audiências e do-cumentos relacionados com o processo, Sheldon Adelson classificou as denúncias como “mentiras” e “delírios”, negou a existência de investigações a membros do Governo e acu-sou Jacobs de promover ini-ciativas por “conta própria” e violar a política da empresa,

por via do envolvimento em negócios não autorizados.

Assegurando ter encontra-do “35 motivos” para o despe-dimento “com justa causa”, o magnata não hesitou, inclu-sive, em atacar a idoneidade e capacidade profissional de Jacobs, descrevendo-o como um “homem muito estranho” que quase arruinou a empresa por “muitas vezes”. “Foi um dos executivos potencialmen-te destrutivos e menos com-petentes que tive em mais de 50 empresas na minha carreira de 69 anos”, disse.

Com o recurso à Justiça, Jacobs pretendia obter uma avultada indemnização, bem como recuperar direitos sobre 2,5 milhões de acções da San-ds China.

A “arrumar a casa”A paz com Steven Jacobs

ficou selada a poucos dias do

início do julgamento do caso no Nevada, tendo em conta que já tinha sido agendada uma sessão para o próximo dia 27, mas este passo da empresa parece enquadrado numa estratégia global, no sentido de resolver vários pro-cessos polémicos.

Em Abril deste ano, a Las Vegas Sands aceitou pagar nove milhões de dólares para encerrar uma investigação da Comissão de Valores Mobiliá-rios dos EUA (SEC, na sigla inglesa), que se prolongou por cerca de cinco anos por alega-das violações da Lei sobre Prá-ticas de Corrupção no Exterior (FCPA). Ao abrigo do acordo, a Las Vegas Sands terá ainda de contratar um “consultor in-dependente” pelo período de dois anos, para rever os meca-nismos de controlo interno.

Segundo a SEC, os investi-gadores apuraram que a em-

presa manteve registos finan-ceiros “imprecisos”, ou sem a documentação e aprovações necessárias, relativamente a pagamentos superiores a 62 milhões de dólares efectuados a “um consultor na Ásia”.

Entre outras conclusões, os investigadores consideraram ainda que, “nos seus casinos em Macau, os funcionários da Las Vegas Sands não con-trolaram quais os clientes que receberam compensações, por forma a garantir que não esta-vam a providenciar presentes impróprios a funcionários do governo”.

Ao anunciar o acordo, a operadora ressalvou, contu-do, que “não admitiu nem ne-gou” qualquer conclusão dos investigadores. Além disso, sublinhou, que a “SEC não fez qualquer declaração de inten-ção de corrupção ou suborno por parte da Las Vegas San-ds”.

Em Maio, o grupo america-no também aceitou pagar uma multa de dois milhões de dó-lares à Comissão de Controlo do Jogo do Nevada devido às falhas identificadas pelo regu-lador do mercado de capitais.

Apesar de estar a “arrumar a casa”, a Las Vegas Sands ain-da enfrenta pelo menos mais dois processos relacionados com o concurso para a libe-ralização do jogo em Macau. Um dos casos envolve Richard Suen, empresário de Hong Kong que pretende ser com-pensado pelo papel que diz ter desempenhado na atribuição de uma licença à companhia. Por sua vez, a Asian American, empresa liderada pelo empre-sário de Taiwan Marshall Hao, assevera ter sido vítima de apropriação indevida de segre-dos comerciais.

uma vez que, em Maio, as operações dos casinos são normalmente impul-sionadas pelos feriados comemorati-vos do Dia do Trabalhador.

De acordo com os dados da DICJ, os resultados de Maio assinalam o 24º mês consecutivo de quebras homólo-gas no sector do jogo e elevam o mon-tante acumulado este ano para 91.906 milhões de patacas, menos 11,9% do que o valor apurado nos primeiros cinco meses de 2015.

Apesar do prolongado declínio nas receitas, os casinos de Macau con-tinuam a atenuar a dimensão das que-bras na facturação, mantendo-a mais uma vez afastada dos dois dígitos,

a exemplo do que sucedeu em Abril (-9,5%) e Fevereiro (-0,1%) deste ano.

Na semana passada, a consultora Sanford C. Bernstein apontou para a possibilidade das receitas voltarem à fasquia dos 19 mil milhões de patacas em Maio, mas esse cenário acabou por não se concretizar. Numa nova nota aos clientes, os analistas explicaram ontem que o resultado final foi in-fluenciado por receitas “relativamen-te fracas” nos últimos nove dias do mês, período em que a média diária quedou-se pelos 488 milhões de pata-cas, contra 600 milhões nas semanas anteriores.

S.T.

Adelson e Jacobs mantinham disputa nos tribunais há quase seis anos

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Quinta-feira, 02 de Junho de 201608 JTM | LOCAL

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Agente policial suspeito de consumir drogaO Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) deteve um membro das Forças de Se-gurança, por suspeitas de consumo de droga. Segundo o CPSP, o agente foi encaminhado para o hospital público no sábado por em-briaguez, tendo os exames médicos detec-tado droga no organismo. O suspeito, de 28 anos, refutou as suspeitas, alegando que per-deu a consciência após ter bebido um cocktail oferecido por uma amiga num karaoke.

Detido por furto de 850 mil a um amigoA Polícia Judiciária interceptou um indiví-duo de 28 anos, suspeito de ter organizado um furto na fracção de um amigo, que terá sofrido prejuízos superiores a 850 mil dóla-res de Hong Kong. Segundo as autoridades policiais, o caso envolve mais cinco indiví-duos que encontram-se em fuga. A Polícia Judiciária adiantou que o suspeito princi-pal terá contratado os restantes para efec-tuar o furto. De acordo com a gravação do sistema de videovigilância do prédio, dois entraram na casa, enquanto os restantes vi-giavam no exterior.

Funcionários e saláriossobem nas creches e laresO número de trabalhadores a tempo com-pleto nas creches (1.197) e “serviços de idosos” (661) aumentaram 9,6% e 3,1%, res-pectivamente, no final do primeiro trimes-tre deste ano, face a igual período de 2015, indicam dados oficiais. As remunerações médias também subiram 8,4% e 13,9% para 13.400 e 13.750 patacas, respectivamente.

Danificados dois veículos devido a queda de pedrasUm automóvel e um motociclo foram atin-gidos por pedras que caíram de uma pa-rede de um prédio na Rua da Concórdia. Segundo o Corpo de Polícia de Segurança Pública, o incidente não causou feridos, mas obrigou ao corte temporário do trân-sito. Para tentar evitar novos incidentes, o Corpo de Bombeiros retirou outras pedras do edifício que estavam em risco de queda.

Reforçada rede de serviços de apoio “in loco” às PME’sA Direcção dos Serviços de Economia assi-nou um acordo com a Associação Comer-cial Federal Geral das Pequenas e Médias Empresas de Macau para alargar o número de locais de prestação de serviços “in-loco” destinados às PME’s. Três espaços sob a égi-de da associação irão colaborar na recepção dos pedidos relacionados com os planos de apoio a jovens empreendedores, pequenas e médias empresas, bonificação de juros de créditos para financiamento empresarial e dos incentivos fiscais no âmbito da políti-ca industrial. No total, já foram criados 10 centros deste género, em cooperação com associações.

Estrela “pop” coreanano palco da Cotai Arena“Rain”, nome artístico de Jung Ji-hoon, uma das maiores estrelas da música “pop” da Coreia do Sul, vai actuar na Cotai Arena do Venetian Macau no próximo sábado, 4 de Junho. O espectáculo integra-se na di-gressão mundial “The Squall”, que inclui concertos na China, Coreia do Sul, Japão, Europa e América do Norte.

• • • BREVES CARLOS MARREIROS CRITICA PRESTAÇÃO DO EXECUTIVO

“Há um divórcio profundo”entre sociedade e Governo

Entendendo que a governa-ção tem sido “lenta, indeci-sa e pouco corajosa”, Carlos

Marreiros comparou a relação entre o Governo da RAEM e a sociedade à de um “casal em atitude de pré--divórcio”. “O marido diz a coisa mais sensata deste mundo, a mu-lher já não está para o aturar, grita com ele e vice-versa. Ninguém tem razão, todos ralham porque não há pão afectivo e confiança. Há um di-vórcio profundo e ninguém parece estar há altura de resolver”, frisou o arquitecto em entrevista ao Canal Macau.

“Governar é dar política, ale-gria, pão e harmonia ao povo”, dis-se Carlos Marreiros, que avaliou o desempenho do actual Executivo como “globalmente negativo”.

“Diria que a governação nos últimos anos tem sido a passo de tartaruga, mas uma tartaruga cega, muda e coxa das quatro patas”, la-mentou, dando como exemplos, sem especificar, “escândalos” que envolvem “dignitários que, por de-finição, deviam ser exemplares”.

Por outro lado, lamentou que al-guns processos se arrastem no tem-po, embora os cofres públicos es-tejam bem recheados. “Macau tem uma Administração Pública cuja gestão dá lucro, isto é fantástico, mas ainda se perde tempo a fazer tantos concursos”, notou.

A relação entre o Governo e a sociedade de Macau é comparável a um “casal em atitude de pré-divórcio”, considera Carlos Marreiros. Para o arquitecto, é necessária uma governação que assuma “riscos”, por forma a contrariar uma prestação que diz ser “globalmente negativa”, apesar de contar com “gente capaz”. Contudo, “os burocratas, as carpideiras e os talibãs empatam e estragam tudo”, lamentou em entrevista à TDM

“Governar é atrever, quem não tem tectos de vidro não receia a dar o peito. [O Governo] Tem que assu-mir e correr riscos. Os burocratas, as carpideiras e os talibãs é que em-patam e estragam tudo”, disse.

Ainda assim, Carlos Marreiros reconheceu que o Governo integra “gente capaz e com provas dadas”. “Por exemplo, o Secretário Raimun-do do Rosário mudou várias coisas. Antigamente as Obras Públicas tra-balhavam só para os casineiros, até parece que existe uma Macau dos casineiros e mais ninguém. Não te-nho nada contra os americanos e os casineiros, as coisas estão a mudar, mas ainda demora tempo”, disse.

“Escola de Lau Sio Io” criou “práticas de nada fazer”

Na mesma entrevista, Carlos Marreiros voltou a defender, como já tinha afirmado em Abril ao JOR-NAL TRIBUNA DE MACAU, que o anterior Secretário para os Trans-portes e Obras Públicas deveria

ser “julgado pelo que fez e pelo que não fez”. Apesar da simpatia e seriedade, Lau Sio Io “não serve” para ser dirigente, considerou, ao sublinhar que o “inferno está cheio de bem intencionados”.

“Prefiro um dirigente capaz mas pouco educado, que nem seja meu amigo”, mas “que me saiba dirigir. Não quero tipos porreiros porque o inferno está cheio de cupidos de sorrisinho e de setinha cor-de-ro-sa”, rematou.

O arquitecto denunciou tam-bém o impacto negativo daquilo que classificou como a “escola de Lau Sio Io”, como a introdução de “práticas de nada fazer e de recear a sua própria sombra”. Embora al-guns dos seus “colaboradores mais directos” já tenham sido “afasta-dos”, Lau Sio Io “criou esta moleza, onde a iniciativa, a criatividade e a competência não eram premiadas, antes pelo contrário, eram secun-darizadas e premiava-se a inépcia e a inoperância”, rematou.

Serviços 4G tinham 274.500 assinantes no final de AbrilOs serviços móveis de telecomunicações associados à técnica de evolução a longo prazo (LTE), usada pelos operadores da rede 4G em Macau, contavam com 274.509 assinantes no final de Abril, incluindo 161.654 com cartões pós-pagos e 112.855 pré-pagos. Dados publicados no site da Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações (DSRT) apontam para um total de 1.887.683 assinantes de serviços móveis, contra 1.883.544 no mês anterior, com a rede 3G a absorver 1.613.170 utentes, incluindo cartões pré e pós pagos. Curiosamente, apenas existiam dois utilizadores do 2G pré pago. A RAEM tinha ainda 57.133 utentes do serviço “um cartão, dois números”. Segundo a DSRT, as assinaturas de serviços fixos de telefone desceram de 143.813 em Março para 141.640 em Abril - incluindo 85.894 linhas telefónicas residenciais e 55.746 comerciais - mas o número de utilizadores de internet subiu de 171.776 para 172.260. Em Abril, foram utilizadas 96,86 milhões de horas no serviço de internet, contra 99,28 milhões no mês anterior. Já os números dos pontos de acesso Wi-Fi comerciais (1.271) e Wi-Fi GO (183) não sofreram variações.

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Quinta-feira, 02 de Junho de 2016 JTM | LOCAL 09

ALEXIS TAM RESSALVA QUE CONTINUA A “CONFIAR” NO ORGANISMO

IC deve “melhorar” inspecção ao Património

O Secretário para os Assuntos So-ciais e Cultura instou o Institu-to Cultural (IC) a “melhorar o

seu trabalho”, nomeadamente as acções de inspecção, conservação e restauro do Património Cultural de Macau. O repa-ro surge na sequência do incidente que provocou no domingo a queda de parte do telhado da Igreja de Santo Agosti-nho.

Questionado pelos jornalistas, à margem da inauguração do Centro de Avaliação Conjunta Pediátrica, Alexis Tam indicou ainda que solicitou ao Ins-tituto Cultural o envio de profissionais para visitar o Centro Histórico “in loco” e inspeccionar a sua situação com “re-gularidade”.

Ainda assim, o Secretário sublinhou ter confiança “no trabalho feito pelos colegas do IC”, embora haja “sempre espaço para melhorar”. “Sei que o Ins-tituto Cultural dá grande valor à salva-guarda do Património Cultural. Houve um grande desenvolvimento turístico, em parte, devido ao nosso Centro His-tórico. Quero deixar claro que não há nenhum conflito entre o desenvolvi-mento urbanístico e a salvaguarda do Património de Macau”, assegurou o governante.

Relativamente aos motivos do in-cidente, Alexis Tam considerou que é algo “sempre difícil controlar”, quando os acidentes são provocados por forças maiores. “Há muitos países e regiões que também enfrentam os mesmos ca-sos no Património e Centro Histórico. Como não foi por motivos humanos, é difícil controlar”, concluiu.

Grupo especializado faz avaliação antes dos tufões

Por sua vez, o Instituto Cultural as-segurou já ter avançado com um plano

Depois do incidente na Igreja de Santo Agostinho, o Secretário Alexis Tam garantiu ter dado indicações ao Instituto Cultural para “melhorar” as acções de inspecção, conservação e restauro do Património. Porém, o Secretário ressalvou que continua a “confiar” nos trabalhos do organismo. O Instituto Cultural anunciou entretanto a criação de um grupo especializado para combater ameaças ao património na época dos tufões

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IC

a ser aplicado em época de chuvas e tufões. “Em resposta ao recente colap-so do telhado da Igreja de Santo Agos-tinho, criou um grupo especializado que irá levar a cabo uma avaliação das condições de segurança do património arquitectónico já classificado”, indica uma nota do IC.

Além disso, os imóveis que com-põem o primeiro grupo proposto para classificação serão igualmente abran-gidos pela medida anunciada. “Em particular os imóveis que apresentam uma estrutura semelhante à da Igreja de Santo Agostinho, ou seja que apre-sentem um telhado de telhas, vigas de madeira e tectos falsos”.

Conforme noticiou ontem o JOR-NAL TRIBUNA DE MACAU, há cinco locais que estão em “risco” de sofrer danos, nomeadamente o Seminário de

São José, a Igreja de Santo António, a Capela de Nossa Senhora da Penha, a Igreja de Santo Agostinho e o Armazém do Boi. Por isso, serão realizados “tra-balhos rigorosos de inspecção e protec-ção” nesses locais.

Relativamente ao incidente na Igreja de Santo Agostinho, o IC reiterou que procedeu de “imediato” à limpeza da estrutura de madeira e telhas caídas, e à instalação de andaimes para protecção provisória, “de modo a prevenir a en-trada de água no interior do edifício”, e “assegurar a segurança do local”.

“Actualmente, o IC planeia dar início ao projecto de recuperação do telhado, com base no princípio de “devolver o antigo à sua forma antiga”, acrescentou.

O presidente do IC, Ung Vai Meng, salientou que o organismo assumiu “desde sempre” a responsabilidade

Ung Vai Meng reuniu-se com o Padre João Evangelista Laupara discutir a recuperação da Igreja de Santo Agostinho

da salvaguarda do património. “ [IC] irá aprender com este acontecimento e rever os actuais procedimentos de ins-pecção, de avaliação, de manutenção e de preservação”, disse durante uma reunião com entidades que gerem os cinco locais.

Já o Padre João Evangelista Lau re-feriu que a salvaguarda do património cultural é uma responsabilidade “con-junta” do Governo, dos proprietários dos imóveis e da população.

As entidades gestoras que participa-ram nas reuniões com o IC incluíram o os directores artísticos do Armazém do Boi, Frank Lei Ioi Fan e Bianca Lei, que “apoiaram” o plano do IC. Além dis-so, segundo a mesma nota, mostraram concordância em cooperar com o pro-jecto de protecção do Instituto.

C.A.

Revista analisapotencial dos documentários As tendências do cinema documental estão em destaque na 15ª edição da revista C2, publicada pelo Instituto Cultural e produ-zida pela Companhia do Desenvolvimen-to Cultural e Criativo 100 Plus Limitada. A edição agora lançada inclui entrevistas a cinco produtores de documentários de Hong Kong e Macau: Lam Kin Kuan, Al-bert Chu, Cheong Kin Man, James Jacinto e Cheung King Wai. Na secção “Opinião”, José Tang Kuan Meng, decano da indús-tria do vestuário em Macau, defende que os talentos locais estão preparados para o sucesso, e no espaço dedicado aos even-tos, o destaque vai para a Art Basel Hong Kong, que registou um elevado número de transacções de obras de arte e também pro-moveu as tendências das artes visuais. Na secção “Mundo”, o foco centra-se no Pavi-lhão instalado por Macau no Mercado In-ternacional de Filmes e TV de Hong Kong (FILMART). A C2 é uma revista online trilingue (chinês, português e inglês) que pode ser descarregada em http://www.c2magazine.mo.

O cartão postal ilustrado constitui uma fonte informati-va com duplo significado, onde a imagem fotográfica “retrata o sentimento intuitivo dos ambientes socio-

culturais do fotógrafo”. É desta forma que Macau vai assinalar o Dia do Patrimó-

nio Cultural da China, bem como o Dia Internacional dos Ar-quivos, através da exposição “Memórias do Tempo - Macau e a Lusofonia Afro-Asiática em Postais Fotográficos”, cuja inauguração está agendada para quarta-feira, no Arquivo de Macau.

“O verso [postais] é complementado com mensagens pri-vadas subjectivas dos remetentes, através de texto, que regis-tam as experiências, anedotas de todo o mundo, acrescentan-do valor documental ao cartão postal”, indica o IC.

A mostra vai reunir mais de 270 postais do acerco do Ar-quivo e que demonstrarão aspectos históricos e culturais, urbano-arquitectónicos, etnográficos, económico-sociais e naturais de Macau, Angola, Cabo Verde, ex-Estado da Índia Portuguesa, Guiné-Bissau, Moçambique, S. Tomé e Príncipe e Timor Leste.

A exposição ficará patente até 4 de Dezembro deste ano,

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IC

MOSTRA PATENTE NO ARQUIVO DE MACAU ATÉ DEZEMBRO

“Memórias do Tempo” em 270 postaisMacau junta-se às celebrações do Dia do Património Cultural da China com o lançamento de uma mostra dedicada às “Memórias do Tempo” em que estarão exibidos 270 postais fotográficos. A mostra enquadra-se também nas comemorações do Dia Internacional dos Arquivos

sendo que a inauguração vai abrir com uma palestra orientada pelo investigador Luís Sá Cunha. O tema “o Postal Ilustrado - fonte auxiliar da história: Macau e a Lusofonia Afro-Asiática na Era do Chichê”, vai permitir apresentar uma “evolução histórica da lusofonia afro-asiática e de Macau, através de postais fotográficos de diferentes períodos”, referiu o IC.

A palestra, está agendada para 15 de Junho, a partir das 18:30, no Auditório do IC.

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10 JTM | ESPECIAL Quinta-feira, 02 de Junho de 2016

O Legado: Desenvolvimento Cultural e Identidade em Macau

Nos últimos três artigos analisámos o de-senvolvimento de Macau como centro de comércio entre a Europa, a China

e Sudeste da Ásia a partir de meados do sécu-lo 16. Como consequência, a colónia tornou-se mais cosmopolita e culturalmente diversificada, e a sua importância como elo entre o Oriente e o Ocidente aumentou de forma mais pronunciada devido a uma aliança militar e comercial com a Inglaterra.

Neste artigo, vamos olhar mais de perto para a vida cultural de Macau, respondendo a três perguntas: Quais foram as origens da cultura? Como é que a cultura de Macau se desenvolveu em resultado das mudanças sintetizadas ante-riormente? Em que situações sociais surgiu pela primeira vez a identidade cultural macaense e como foi sustentada?

Há muitas formas de compreender e anali-sar as actividades culturais, de modo que estas questões não visam produzir quaisquer con-clusões definitivas. Além disso, em virtude dos vários factores políticos e económicos ao longo de quase 300 anos, poderá ser difícil atribuir o grau em que os eventos históricos influencia-ram a cultura de Macau. Podemos, no entanto, identificar os elementos culturais que desempe-nharam papéis importantes, bem como sugerir como e porque é que a cultura de Macau foi afectada por condições que moldaram o seu fu-turo. O meu objectivo principal será o de sugerir o modo como elementos específicos evoluíram para as suas formas actuais, e explicar como a cultura foi transferida para outros locais à me-dida que a Diáspora Macaense se desenvolveu após a década de 1840. Começamos com os ele-mentos da cultura de Macau.

LínguaEntre os luso-descendentes no século 17 em

Macau, duas características eram mais eviden-tes: o uso de um patuá Luso-Asiático que facili-tou a sua capacidade de comunicar com os dife-rentes grupos culturais, bem como a adopção do catolicismo romano misturado com os costumes locais. Cada um fazia parte de uma “cultura ma-rítima” criada pelo comércio marítimo de Ma-cau e as migrações de pessoas dentro e fora da cidade durante todo o período.

Alguns historiadores, incluindo Dijanirah Couto, sugerem que o principal dialecto crioulo ou patuá desenvolveu-se entre antigos renega-dos, escravos, padres expulsos, aventureiros e condenados, bem como judeus e cristãos-novos, que trabalharam como intérpretes (línguas) para os militares Portugueses e a classe comer-ciante. Outros escreveram que novas línguas provavelmente desenvolvidas a partir de uma variedade crioula do Português e trazidas do Sri Lanka (Ceilão) espalharam-se através dos por-tos na África, Índia e Sudeste Asiático, e mais tarde a territórios Holandeses e Ingleses. Como primeiros pontos de contacto, estas formas de linguagem eram misturas híbridas de Portu-guês, Malaio e Chinês que evoluíram para um patuá que reuniu diferentes culturas e sistemas linguísticos, e se tornou no meio de comunica-ção dos primeiros comerciantes de terras estran-geiras.

C. R. Bawden, linguista cultural, escreveu que algumas destas novas línguas apareceram tão cedo quanto 1545, e uma em particular era uma forma de “Indo Português”, que eventual-

mente se tornou a língua franca entre europeus e asiáticos para a diplomacia, comércio e traba-lho missionário. Com o primeiro relato docu-mentado por funcionários chineses do século 17 em Macau, Bawden concluiu que esse dialecto Indo-Português teve tempo para adquirir o seu próprio sistema gramatical, juntamente com um grande número de novas palavras emprestadas de línguas e dialectos regionais, e uma pronún-cia modificada. Foi essa forma modificada de Português, que encontrou o seu caminho para Macau. Hoje conhecemo-la como “Maquista”.

ReligiãoOutro elemento importante na cultura de

Macau é a religião e sua ligação inicial à edu-cação. O colonialismo Português na Índia foi orientado por dois objectivos principais: o co-mércio de especiarias e outras mercadorias, bem como a conversão religiosa das populações indígenas, duas políticas intimamente ligadas à monarquia Portuguesa e a Igreja Católica Ro-mana. A primeira foi representada pelo Estado da Índia, o aparelho colonial do Rei, e a última pelo Bispo de Goa, que em 1560 foi sucedido pela transferência da Inquisição Portuguesa para a Índia.

A conexão entre esses poderosos aliados foi descrita pelo cronista do século 17 Diogo do Couto, que escreveu que “Os Reis de Portugal tiveram sempre como objectivo nesta conquista do Oriente unificar as duas potências: espiri-tuais e temporais, que uma nunca deveria ser exercida sem a outra”. Na realidade, o império de Portugal na Ásia foi, como escreveu C.R. Bo-xer, “um empreendimento militar e marítimo fundido num molde eclesiástico”. Foi só depois da chegada dos jesuítas a Goa em 1542 que a conversão religiosa dos hindus, muçulmanos e budistas se tornou uma prioridade da Igre-ja, usando métodos subtis de persuasão e uma percentagem dos lucros comerciais que estavam protegidos por navios e soldados Portugueses.

O desenvolvimento de Macau surgiu como consequência do desejo dos jesuítas de se in-corporarem na China. Durante a colonização, a Companhia de Jesus e outras ordens religiosas construíram numerosas igrejas, escolas, hospi-tais, orfanatos e conventos para servir a comu-nidade Macaense enquanto aguardavam auto-rização para estabelecer missões no Império do Meio. Os jesuítas também preservaram diligen-temente os diários de exploradores portugueses nas primeiras bibliotecas e arquivos, enquanto narravam o crescimento de Macau como a “Ci-dade do Nome de Deus na China”. Os alunos de escolas religiosas aprenderam clássicas, ma-temática, línguas, e mais tarde, técnicas comer-ciais, incluindo estenografia, impressão e horti-cultura, antecipando as exigências do comércio nos anos seguintes. Como resultado, o fluxo de imigrantes começou a concentrar-se em Macau devido à sua estabilidade e reputação como centro de comércio e cultura.

Entre dois pólosAlguns historiadores e antropólogos tam-

bém apontam para uma condição subjacente aos macaenses como estando suspensos “entre dois pólos”, uma metáfora que descreve a sua condição histórica entre a Europa conservado-ra e a Macau multicultural. Estas tensões estão enraizadas nos cânones puritanos da Igreja Por-tuguesa, que impuseram o dogma do Vaticano, a pureza racial e castidade, e as necessidades pragmáticas do Estado da Índia, o que encora-jou os casamentos inter-raciais e ligações com mulheres nativas em prol da preservação do império. O antropólogo João de Pina-Cabral sugere que a reconciliação desses potenciais

ROY ERICXAVIER

UMA VISÃO INTERNACIONAL

EDITAL

Processo n.º: 16/DC/2015/F

Local : Beco da Cana n.os 8-10, Macau. (demarcado a tracejado na planta em anexo)

Planta em anexo:

Edital n.º : 5/E-DC/2016Processo n.º : 16/DC/2015/FAssunto : Ordem de desocupação do terreno e demolição da construção ilegalLocal : Beco da Cana n.os 8-10, Macau. (demarcado a tracejado na planta em

anexo) Li Canfeng, Director da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), faz saber que ficam notificados os ocupantes ilegais do terreno indicado em epígrafe, cujas identidades e moradas se desconhecem, do seguinte:

A DSSOPT, no exercício dos poderes de fiscalização conferidos pela alínea b) do n.º 3 do artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 29/97/M, de 7 de Julho, verificou que no terreno acima indicado foi construído um pavimento e depositados alguns objectos sem que tenha sido emitida pela DSSOPT a respectiva licença de obra e sido atribuída ao(s) ocupantes a respectiva licença de ocupação temporária nos termos dos artigos 76.º a 81.º da Lei n.º 10/2013 (Lei de terras). Deste modo, foi instaurado o procedimento administrativo n.º 16/DC/2015/F a fim de se proceder à desocupação e restituição do terreno ao Estado.De acordo com a certidão da Conservatória do Registo Predial (CRP), de 23 de Novembro de 2015, o terreno indicado em epígrafe com a área de 46 m2 consta da planta cadastral provisória n.º 5013003, emitida em 29 de Outubro de 2015 pela DSCC, não se encontra registado a favor de particular (pessoa singular ou pessoa colectiva), com direito de propriedade ou qualquer outro direito real, nomeadamente concessão, por aforamento ou por arrendamento, pelo que o mesmo, nos termos do artigo 7.º da Lei Básica da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), considera-se propriedade do Estado.Com efeito, nos termos do artigo 7.º da Lei Básica da RAEM, a ocupação de propriedade do Estado por ocupantes que não disponham de contrato de concessão ou licença de ocupação temporária prevista na Lei de terras que autorize a sua posse, determina que o mesmo (terreno) seja entregue, livre e desocu-pado, ao Governo da RAEM, órgão responsável pela gestão, uso e desenvolvimento dos solos e recursos naturais, competindo ao Chefe do Executivo determinar a respectiva ordem de desocupação e fixar um prazo para o efeito, ao abrigo do disposto no n.º 1 do artigo 208.º da Lei de terras.Nos termos dos artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo (CPA), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, foi realizada, no seguimento de notificação por edital publicado nos jornais em língua chinesa e em língua portuguesa de 17 de Dezembro de 2015, a audiên-cia escrita dos interessados, no entanto, não foram carreados para o procedimento elementos ou argumentos de facto e de direito que pudessem conduzir à alteração do sentido da decisão de ordenar a desocupação do aludido terreno.Assim, por despacho do Secretário para os Transportes e Obras Públicas, de 10 de Maio de 2016, exarado sobre a informação n.º 01942/DURDEP/2016, de 21 de Março, constante do processo n.º 16/DC/2015/F, ordena-se aos ocupantes ilegais, que se desconhecem, que procedam, no prazo de 30 (trinta) dias a contar a partir da data da publicação do presente edital, à desocupação do terreno, ao seu despejo, à demolição da referida construção ilegal, à remoção dos materiais e equipamentos nele depositados e à entrega do terreno ao Governo da RAEM, sem direito a qualquer indemnização.Antes da execução da obra de demolição referida no ponto anterior, os ocupantes deverão apresentar previamente nestes Serviços a declaração de responsabilidade do construtor incumbido da obra de demolição e a apólice de seguro contra acidentes de trabalho e doenças profissionais. A conclusão dos trabalhos deverá ser comunicada por escrito à DSSOPT para efeitos de vistoria. Nos termos do n.º 1 do artigo 208.º da Lei de terras e do artigo 139.º do CPA, notifica-se ainda que se findo o prazo referido no ponto 5 (30 dias) não tiverem dado cumprimento à ordem de desocupação, a DSSOPT, em conjunto com outros serviços públicos e com a colaboração do Corpo de Polícia de Segurança Pública, procederá à execução dos trabalhos de desocupação e de demolição, e as despesas realizadas com a desocupação e com a guarda de documentos de identificação e bens móveis de valor encontrados no local constituem encargos dos infractores, ao abrigo do disposto no artigo 211.º da Lei de terras, sem prejuízo da aplicação da multa prevista no artigo 196.º da Lei de terras.De acordo com o artigo 193.º da Lei de terras, quem não obedecer à ordem de desocupação determinada pelo Chefe do Executivo, é punido pelo crime de desobediência previsto no n.º 1 do artigo 312.º do Código Penal.Atento o princípio da boa-fé previsto no artigo 8.º do CPA e o princípio da colaboração entre a Adminis-tração e os particulares previsto no artigo 9.º do CPA, notifica-se ainda que de acordo com casos similares, tratados no passado, caso seja executada a desocupação coerciva do referido terreno pela Administração, a despesa de execução dos trabalhos de desocupação poderá atingir o montante de $ 8,500,000.00 (oito milhões e quinhentas mil patacas), contudo, este valor varia em função da área ocupada, da complexidade da obra, da quantidade dos materiais depositados na área de ocupação e da inflação, pelo que o referido montante é apenas para referência.Os objectos, materiais e equipamentos eventualmente deixados no terreno indicado serão tratados ao abrigo do disposto no artigo 210.º da Lei de terras.Nos termos dos artigos 145.º e 149.º do Código do Procedimento Administrativo, os interessados podem apresentar reclamação ao Secretário para os Transportes e Obras Públicas no prazo de 15 (quinze) dias contados a partir da data da publicação do presente edital.Nos termos da alínea a) do n.º 2 do artigo 25.º do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 110/99/M, de 13 de Dezembro, e da subalínea (1) da alínea 8) do artigo 36.º da Lei n.º 9/1999 (Lei de Bases da Organização Judiciária), da decisão proferida no despacho do Secretário para os Transportes e Obras Públicas, de 10 de Maio de 2016, referido no ponto 5, cabe recurso contencioso a interpor no prazo de 30 (trinta) dias a contar a partir da data da publicação do presente edital, para o Tribunal de Segunda Instância da RAEM.

RAEM, 10 de Maio de 2016.

O Director dos Serviços Li Canfeng

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Quinta-feira, 02 de Junho de 2016 JTM | ESPECIAL 11

O Legado: Desenvolvimento Cultural e Identidade em Macau

mente se tornou a língua franca entre europeus e asiáticos para a diplomacia, comércio e traba-lho missionário. Com o primeiro relato docu-mentado por funcionários chineses do século 17 em Macau, Bawden concluiu que esse dialecto Indo-Português teve tempo para adquirir o seu próprio sistema gramatical, juntamente com um grande número de novas palavras emprestadas de línguas e dialectos regionais, e uma pronún-cia modificada. Foi essa forma modificada de Português, que encontrou o seu caminho para Macau. Hoje conhecemo-la como “Maquista”.

ReligiãoOutro elemento importante na cultura de

Macau é a religião e sua ligação inicial à edu-cação. O colonialismo Português na Índia foi orientado por dois objectivos principais: o co-mércio de especiarias e outras mercadorias, bem como a conversão religiosa das populações indígenas, duas políticas intimamente ligadas à monarquia Portuguesa e a Igreja Católica Ro-mana. A primeira foi representada pelo Estado da Índia, o aparelho colonial do Rei, e a última pelo Bispo de Goa, que em 1560 foi sucedido pela transferência da Inquisição Portuguesa para a Índia.

A conexão entre esses poderosos aliados foi descrita pelo cronista do século 17 Diogo do Couto, que escreveu que “Os Reis de Portugal tiveram sempre como objectivo nesta conquista do Oriente unificar as duas potências: espiri-tuais e temporais, que uma nunca deveria ser exercida sem a outra”. Na realidade, o império de Portugal na Ásia foi, como escreveu C.R. Bo-xer, “um empreendimento militar e marítimo fundido num molde eclesiástico”. Foi só depois da chegada dos jesuítas a Goa em 1542 que a conversão religiosa dos hindus, muçulmanos e budistas se tornou uma prioridade da Igre-ja, usando métodos subtis de persuasão e uma percentagem dos lucros comerciais que estavam protegidos por navios e soldados Portugueses.

O desenvolvimento de Macau surgiu como consequência do desejo dos jesuítas de se in-corporarem na China. Durante a colonização, a Companhia de Jesus e outras ordens religiosas construíram numerosas igrejas, escolas, hospi-tais, orfanatos e conventos para servir a comu-nidade Macaense enquanto aguardavam auto-rização para estabelecer missões no Império do Meio. Os jesuítas também preservaram diligen-temente os diários de exploradores portugueses nas primeiras bibliotecas e arquivos, enquanto narravam o crescimento de Macau como a “Ci-dade do Nome de Deus na China”. Os alunos de escolas religiosas aprenderam clássicas, ma-temática, línguas, e mais tarde, técnicas comer-ciais, incluindo estenografia, impressão e horti-cultura, antecipando as exigências do comércio nos anos seguintes. Como resultado, o fluxo de imigrantes começou a concentrar-se em Macau devido à sua estabilidade e reputação como centro de comércio e cultura.

Entre dois pólosAlguns historiadores e antropólogos tam-

bém apontam para uma condição subjacente aos macaenses como estando suspensos “entre dois pólos”, uma metáfora que descreve a sua condição histórica entre a Europa conservado-ra e a Macau multicultural. Estas tensões estão enraizadas nos cânones puritanos da Igreja Por-tuguesa, que impuseram o dogma do Vaticano, a pureza racial e castidade, e as necessidades pragmáticas do Estado da Índia, o que encora-jou os casamentos inter-raciais e ligações com mulheres nativas em prol da preservação do império. O antropólogo João de Pina-Cabral sugere que a reconciliação desses potenciais

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opostos conduziram a uma cultura única, mas contraditória em Macau. Jorge Morbey, historia-dor cultural, vê essa mistura como tendo leva-do a tensões que aparecem frequentemente nas famílias inter-raciais, e conflitos latentes entre residentes mais velhos e os que chegaram pos-teriormente.

As tensões culturais no seio da sociedade de Macau podem ser vistas em vários níveis, in-cluindo a mistura única de estilos culinários e no temperamento dos Luso-Asiáticos que con-tinuam a migrar para a cidade. Por exemplo, Mukta Das, historiadora de comida na Universi-dade de Londres, refere que está bem documen-tado o uso histórico de peixes no transporte de especiarias molhadas de Madras, bem como uma fonte partilhada de proteína na Índia e na China. Ela também sugere que os alimentos de Bengali têm identificáveis influências Portuguesas e de Goa, especialmente no uso de batatas no caril, em pratos como vindaloo, e principalmente com sobremesas que incorporam técnicas Portugue-sas para coagular o leite e pudins parcialmente engrossados.

Temperamento socialOs aspectos psicológicos da cultura macaen-

se também são evidentes. A perspectiva social, como Morbey aponta, pode ser vista em vários temperamentos e atitudes para com os outros, especialmente nos primeiros anos de Macau en-tre aqueles que permaneceram perto dos Por-tugueses da Europa e os mais alinhados com a Ásia. Durante os períodos de crise económica e social, também foi notório um grau de orgulho nacionalista e talvez inveja, entre as famílias que permaneceram em Macau e as que foram acusa-das de “abandoná-la” para outros portos. Uma influência moderadora, como sublinha Sheyla Zandonai, antropóloga Francesa, foi sempre a integração de diferentes culturas através de su-cessivas vagas de imigrantes. Isso exigiu um alto grau de tolerância entre os Macaenses e, como escreve Morbey, a necessidade de dissimular

conflitos reais ou latentes sob o pretexto da coe-xistência pacífica.

Tendo em conta estes elementos, podemos interrogar-nos onde são finalmente soluciona-dos os potenciais conflitos sobre língua, religião, e temperamento social, e como a cultura de Ma-cau sobreviveu relativamente intacta durante as migrações subsequentes. Como veremos, essas configurações incluem as famílias, as comuni-dades e as instituições sociais, que se tornaram incubadoras de práticas culturais e posturas ao longo de três séculos em Macau. O desenvolvi-mento subsequente destes espaços sociais tam-bém permitiu a transferência da cultura para novos locais, quando a Diáspora Macaense se expandiu.

FamíliasAs famílias macaenses emergiram como re-

sultado das primeiras uniões Luso-Asiáticas. Depois da conquista de Goa em 1510, Afonso Albuquerque iniciou uma política de casamento inter-racial para manter a sua força de combate e a burocracia colonial em todas as possessões asiáticas distantes de Portugal. Após a morte de Albuquerque em 1515, essas uniões continuaram a ser permitidas pelo Estado da Índia devido às necessidades das forças armadas e da expansão do comércio. Tais uniões foram parcialmente o resultado de políticas de Lisboa proibindo mu-lheres Europeias de viajarem para a Ásia, mas também a prevalência da escravidão feminina. A historiadora Isabel Leonor da Silva de Seabra escreve que muitas dessas mulheres eram traba-lhadoras escravas, meninas sequestradas, e de mães de aluguer destinadas aos “Mercados de Casamento” das colónias Portuguesas. Quase todas vieram de portos comerciais no sudeste da Ásia, incluindo Goa, Malaca, Filipinas, Japão e Timor.

As famílias Portuguesas de Goa e Macau in-cluíram muitas mulheres em variados papéis, como esposas, concubinas e criadas, vivendo to-das com os respectivos filhos. Grandes grupos CONTINUA NA PÁGINA 12 >

familiares mestiços compostos por filhos legíti-mos e ilegítimos foram uma das características do período. Uma prática comum era a aceitação de filhos ilegítimos e múltiplas relações sexuais de homens com criadas e escravas em casa. Isto foi bem estabelecido na maioria das colónias portuguesas, e teve importantes consequências no futuro da comunidade Macaense.

A aceitação das crianças multi-raciais des-sas uniões criou essencialmente laços entre as comunidades Portuguesas e indígenas, redu-zindo o impacto da colonização em muitos as-sentamentos iniciais. Tais alianças baseadas em laços familiares na Índia, Malaca, Macau, Brasil e África ajudaram a diminuir a influência dos Holandeses e Ingleses durante quase dois sécu-los. Apesar da discórdia sobre a pureza racial e legitimidade que por vezes dividiu gerações, as prioridades económicas em Goa e Macau tende-ram a quebrar conflitos no seio das famílias, e ao longo do tempo permitiram que ocorresse uma aparência de unidade.

Redes familiaresAs ligações entre as famílias Macaenses tam-

bém sugerem o papel desempenhado pelas re-des geracionais durante este período. Para dar um exemplo, de acordo com o genealogista Jorge Forjaz, os descendentes de Rui Lopes, um sol-dado Português do século 12 na fronteira norte de Chaves (então parte da Espanha), podem ser associados treze gerações mais tarde a António Rafael Álvares, capitão-mor no século 17 de Diu, importante porto comercial Português ao norte de Goa. Apesar de ter nascido em Lisboa por volta de 1650, Álvares passou a sua carreira mi-litar em Diu, na Índia, onde se casou com uma mulher local e criou quatro filhos e vários netos, que eram proeminentes nos sistemas militar e religioso de Goa.

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Quinta-feira, 02 de Junho de 201612 JTM | ESPECIAL

A contínua existência hoje de muitas associações Macaenses, representando milhares e extensas famílias em diferentes países, sugere que este processo único de preservação

cultural, que começou há quase cinco séculos, se mantém viável no século 21

A transição da grande família Álvares entre 1700 e 1899 em Goa e Macau também ilustra essas mu-danças. A investigação mostra que 40% dos homens Álvares permaneceram no Exército Português du-rante o século 18, enquanto que 40% eram sacer-dotes e 20% médicos. Por volta do século 19, 59% tinham feito a transição para se tornarem médicos em Macau, enquanto apenas 3% permaneceram no serviço militar e 6% entraram no sacerdócio, alguns desencantados com as condições em Goa. Outras profissões também começaram a aparecer. No início do século 19 mais de 18% dos Álvares exerceram advocacia em Macau, enquanto 12% leccionaram em escolas e universidades, alguns em Portugal.

ComunidadesApesar do sucesso de algumas famílias, a maio-

ria dos Macaenses fora de Macau poderia esperar longos anos de trabalho e isolamento social, espe-cialmente em sociedades altamente estruturadas, como a Britânica Hong Kong. As suas numerosas famílias eram um dos poucos abrigos desta ordem imposta. Com poucas excepções, as mulheres Ma-caenses deixaram a monotonia do local de trabalho para os pais, tios, irmãos e maridos. Muitas aceita-ram papéis como esposas, mães e gestoras de gran-des famílias. O padrão era um extravasamento de tradições iniciadas em Goa e Macau. Algumas famí-lias iniciais, especialmente em comunidades de ex-patriados em todo o Sudeste Asiático, suportaram agregados com mais de dez crianças, e outras, como as dos Macaenses em Hong Kong e Xangai, após o fim das Guerras do Ópio, tinham em média, cerca de vinte membros, não incluindo os empregados e suas famílias.

A maioria das famílias também fez parte de uma comunidade maior que permaneceu ligada à Igreja em cada localidade, mas era culturalmente distin-ta de outros grupos. Um observador nos anos 1920,

por exemplo, afirmou que havia uma grande comu-nidade Portuguesa a viver perto da Catedral em Hong Kong, e formava a maior parte da comunida-de católica na paróquia. A descrição do bairro de Ho Man Tin de Kowloon sugere um padrão semelhante ao longo dos anos 1930.

InstituiçõesO legado de famílias e comunidades Macaenses

atingiu a sua forma mais tangível através da criação de instituições locais. Como Macau ganhou autono-mia de Goa e Lisboa no final do século 16, surgiram várias instituições com base em laços familiares e comerciais. Estes incluíram o Conselho Municipal de Macau (fundado por comerciantes em 1582 e re-baptizado de Leal Senado em 1644), a Santa Casa da Misericórdia, que foi fundada em 1569 pela mesma classe para cuidar dos indigentes e órfãos, e o Al-matace da Câmara, câmara de comércio de Macau fundada em 1583.

À medida que mais famílias se aventuraram fora de Macau para tirar proveito do comércio em ex-pansão, especialmente após a década de 1840, as co-munidades que se formaram em cada local produ-ziram instituições similares nas quais os Macaense poderiam reunir, socializar e realizar negócios. Es-tas incluíram o Lusitano Club (1886) e o Clube Re-creio (1903), em Hong Kong, e duas secções associa-das do Lusitano em Xangai e Banguecoque, ambas fundadas na década de 1890. Outra foi o Corpo de Voluntários de Xangai, uma milícia e organização social fundada em 1906.

Em cada nova configuração, as tensões culturais entre os Macaenses foram muitas vezes reproduzi-das em gerações posteriores fora de Macau, através de actividades de clubes. Isto incluiu o uso do pa-tuá falado, que era apenas utilizado nas famílias e entre os membros do clube, nunca fora da comu-nidade; a prática de cerimónias religiosas associa-das com paróquias de expatriados Católicos; e mais comummente, na preparação e consumo de cozinha tradicional, uma mistura de muitos gostos culturais diferentes. À medida que cresceram os negócios de

Macaenses expatriados, outra actividade valorizada foi a capacidade de realizar negócios num ambiente descontraído, da mesma forma que os empresários e mulheres modernas interagem num campo de gol-fe ou em clubes de ténis. A importância acrescida de identificar os cônjuges adequados para crianças através de actividades dos clubes, e uma garantia de igualdade social baseada na filiação no clube, acrescentaram outras funções a muitos clubes lo-cais. Cada um reforçou a validade da cultura de Ma-cau para os residentes em ambientes externos.

ConclusãoAssim, a preservação de certos elementos cul-

turais, incluindo língua, religião, gastronomia, e temperamento social, todos emblemáticos da iden-tidade Macaense, foi mantida primeiro no seio das famílias e, em seguida, ao longo de gerações atra-vés de redes familiares. Estes elementos, por sua vez, foram transferidos até outros locais para onde migraram Macaenses através da criação de clubes sociais. Estes clubes asseguraram efectivamente a sobrevivência da cultura fora de Macau, mesmo quando as condições internas colocaram vários ele-mentos em risco. A contínua existência hoje de mui-tas associações Macaenses, representando milhares de extensas famílias em diferentes países, sugere que este processo único de preservação cultural, que começou há quase cinco séculos, se mantém viável no século 21.

Da próxima vez, vamos olhar para o significado da cultura de Macau e a sua revitalização na Diás-pora desde a transferência de soberania para a Chi-na em 1999. Por favor, fique atento.

*Director do Projecto de Estudos Portugueses-Macaenses e professor visitante no “Institute

for the Study of Societal Issues” na U.C. Berkeley.

Artigo traduzido do Inglês na sua totalidade.Para mais informações, ou a versão em Inglêsdeste artigo, visite FarEastCurrents.com.

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Quinta-feira, 02 de Junho de 2016 JTM | DESPORTO 13

Costa Santos Sr*Em Portugal

• • •PORTUGAL RUMO AO EURO 2016

UM OLHAR SOBRE AS OUTRAS SELECÇÕES

Schneiderlin substitui Diarra na selecção de FrançaMorgan Schneiderlin,

médio do Manches-ter United, foi cha-

mado para representar França no UEFA EURO 2016 depois de Lassana Diarra ser obriga-do a renunciar devido a uma lesão num joelho. O seleccio-nador Didier Deschamps já tinha tido algumas baixas im-portantes devido a lesões des-de que anunciou a primeira convocatória – com Raphael Varane e Jérémy Mathieu a serem obrigados a falhar o EURO – e agora foi confirma-do que Diarra também não vai poder dar o seu contributo aos anfitriões devido a uma lesão num joelho.

A lista final dos convoca-dos de França é:

Guarda-redes: Benoit Cos-til (Rennes), Hugo Lloris (Tot-tenham Hotspur), Steve Man-danda (Marseille);

Defesas: Lucas Digne (Roma), Patrice Évra (Juven-tus), Christophe Jallet (Lyon), Laurent Koscielny (Arsenal), Eliaquim Mangala (Man-chester City), Samuel Umtiti (Lyon), Bacary Sagna (Man-chester City), Adil Rami (Se-villa);

Médios: Yohan Cabaye (Crystal Palace), Morgan Sch-neiderlin (Manchester Uni-ted), N’Golo Kanté (Leicester

City), Blaise Matuidi (Paris Saint-Germain), Paul Pogba (Juventus), Moussa Sissoko (Newcastle United).

Avançados: Kingsley Co-man (Bayern München), An-dré-Pierre Gignac (Tigres), Olivier Giroud (Arsenal), Antoine Griezmann (Atléti-co Madrid), Anthony Martial (Manchester United), Dimitri Payet (West Ham United).

Jogando no Grupo A, a se-lecção anfitriã defronta a Al-bânia, Roménia e Suiça.

Isco e Saúl fora dos convocados de EspanhaPublicado: Terça-feira, 31

de Maio de 2016, 19.35CETOs médios Isco e Saúl Ñí-

guez são as ausências mais notadas no lote final de con-vocados de Vicente del Bos-que para a defesa do título de Espanha. Na lista final de 23 convocados de Vicente del Bosque estão dez jogadores que ajudaram Espanha a con-quistar o título há quatro anos.

Dani Carvajal, que estava no lote de 25 pré-convocados, ficou de fora devido à lesão sofrida no sábado na final da UEFA Champions League. O seu lugar foi ocupado por Hector Bellerín, defesa-direito do Arsenal, que somou a pri-meira internacionalização no

domingo. Isco e Saúl Ñíguez também saíram da lista, mas o avançado Aritz Aduriz e Iker Casillas, ambos com 35 anos, estão entre os eleitos. “Tentá-

mos equilibrar a equipa e acho que estamos bem servidos com estes 23 jogadores”, ex-plicou Del Bosque. “Há outros jogadores que poderiam ter

sido chamados, mas todos os que estão na lista justificaram a convocatória.”

Lista final de Espanha:Guarda-redes: Iker Casillas

(Porto), David de Gea (Man-chester United), Sergio Rico (Sevilla);

Defesas: Sergio Ramos (Real Madrid), Gerard Piqué (Barcelona), Jordi Alba (Bar-celona), Marc Bartra (Barcelo-na), Cesar Azpilicueta (Chel-sea), Mikel San José (Athletic Club), Juanfran (Atlético Ma-drid), Héctor Bellerín (Arsenal FC).

Médios: Bruno Soriano (Villarreal), Sergio Busquets (Barcelona), Koke (Atlético Madrid), Thiago Alcântara (Bayern), Andrés Iniesta (Bar-celona), David Silva (Man-chester City), Cesc Fábregas (Chelsea).

Avançados: Aritz Aduriz (Athletic Club), Nolito (Celta Vigo), Álvaro Morata (Juven-tus), Pedro Rodríguez (Chel-sea FC), Lucas Vázquez (Real Madrid).

Jogando no Grupo D, a Es-panha joga com a República Checa, em Toulouse no dia 13, seguindo-se a 17, a Turquia, em Nice e a 21, Croácia em Bordéus.

JTM com agências

O centro campista Pogba é um dos maisdestacados jogadores da equipa francesa

RITMO E CONCENTRAÇÃONO NÍVEL MÁXIMO…

Pronto: agora só faltam mesmo Ro-naldo e Pepe. Todos os outros convoca-dos por Fernando Santos, estão aptos e em condições de darem resposta condig-na às exigências do seleccionador nacio-nal. E, convenhamos, que não há tréguas para ninguém, não há “tempos mortos” quando se trata de fazer os ensaios ne-cessários para que tudo saia na perfeição a 14 de Junho. Entretanto…alternativas estratégicas estão a ser ensaiadas. Melhor dizendo: o sistema de 4x4x2 tão do agra-do de Fernando Santos, já tem um plano “B”: o 4x3x3. É isso que tem sido ensaia-do, repetido e voltado a repetir. Há auto-matismos que urge criar, que urge pôr a funcionar “de olhos fechados”. E, embo-ra a avaliação jornalística não possa ser feita – tudo acontece no período vedado à comunicação social – não custa admitir que a habituação esteja a agradar a todos, pelo clima de satisfação com que come-çam e terminam os treinos. É muito pos-sível que no jogo de logo à noite, frente à Inglaterra, o ensaio seja mais “a sério” e Fernando Santos coloque em campo esse sistema. Ao fim e ao cabo é nestes jogos que tudo deve ser analisado até ao ínfimo pormenor…

“ENQUANTO O CORPO DEIXAR…”!Trinta e oito anos…e parece claro que

será um dos que têm lugar marcado no onze! Nas declarações que fez à comuni-cação social, Ricardo Carvalho não escon-deu que o “treino oculto” – aquele que é da exclusiva responsabilidade do jogador e entra no seu comportamento e hábitos de vida – tem sido muito importante. A forma como cuida da sua preparação. “A cabeça diz-me para continuar a jogar e o corpo tem correspondido. Sei que mais tarde, ou mais cedo, vai dizer “não”, que “não vai dar para mais”, mas enquanto isso não acontecer, contem comigo! Des-canso muito. Talvez por isso esteja aqui, agora”. Ricardo Carvalho tem boas re-cordações da selecção mas…há uma “es-pinha” cravada na sua garganta: “Pois há… É verdade que já vivi momentos muito marcantes na selecção, mas… essa espinha é a final do Europeu de 2004. Foi muito doloroso perder essa final!”

CRIANÇAS AO ESTÁDIONão foi a primeira vez e, seguramen-

te, não será a última: a Federação Portu-guesa de Futebol convidou Instituições de Solidariedade Social, com crianças a cargo, a estarem presentes no Dragão e… no dia 8, na Luz. Uma iniciativa que se louva, quer pela possibilidade que dá a crianças com carências de muita coisa, a assistir a um jogo de futebol de nível mais alto, quer pela alegria que elas transmi-tem ao próprio jogo. Se, no Dragão, esti-veram 600 crianças em representação de 11 Instituições de Solidariedade Social, espera-se que, no Estádio da Luz possam estar muitas mais!

VOLUNTÁRIOS, PRECISAM-SE...A Federação Portuguesa de Futebol

abriu inscrições no seu sitio na Internet, para candidatos voluntários para o jogo com a Estónia, no dia 8. Aos setenta e nove voluntários que forem selecciona-dos – entre os 16 e os 30 anos – está re-servada a execução das inúmeras tarefas que a organização de um jogo exige. Não será difícil perceber que as inscrições su-perarão – e muito – o número necessário!

MENSAGENS MUDAM CORESDA TORRE EIFFEL

Não custa nada ter ideias que…tra-

gam bom dinheiro para os cofres das em-presas. É necessário, isso sim, motivar o público. Vem a propósito a iniciativa da Orange – uma operadora móvel francesa – de, face às mensagens que foram envia-das com o Hashtag #Por, “pintar a Tor-re Eiffel com as cores do país com mais votos. Claro que cada mensagem tem um custo, mas face ao grande número de emigrantes portugueses radicados em França, não nos espantaria que durante o Euro, a Torre Eiffel se “vestisse” de ver-melho e verde!

*Jornalista profissionalespecializado em desporto

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Quinta-feira, 02 de Junho de 201614 JTM | ACTUAL

Banco ICBC nomeia novo presidente

O banco estatal chinês ICBC, o maior do mundo em capitalização em bolsa e por depósitos, nomeou Yi Huiman, de 51 anos, como novo presidente, segundo um comunicado enviado à bolsa de Xangai. A entidade, que está também cotada na bolsa de Hong Kong, confirmou assim a retirada de Jiang Jianqing da direcção, ao fim de 11 anos. O ICBC tem registado crescente crédito mal parado e queda dos lucros, à medida que a economia chinesa, a segunda maior do mundo, abranda. No primeiro trimestre do ano, os lucros do banco subiram 0,59%, face ao mesmo período do ano passado, enquanto a percentagem de crédito mal parado subiu 1,50% para 1,66%.

CHINA

Banco internacional com o dobro de membrosO Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (BAII), a primeira instituição financeira internacional proposta pela China, vai alargar o número de países membros de 57 para cerca de 100, anunciou ontem o presidente Jin Liqun

ANGOLA

País precisa de petróleoa 80 dólares O director do Centro de Estudos e Inves-tigação Científica angolano defendeu on-tem que o país necessita do barril de petró-leo nos 80 dólares para repor o equilíbrio macroeconómico e que a recente subida não influenciará o pedido ao FMI. O eco-nomista angolano Alves da Rocha falava à agência Lusa, antecipando a chegada de uma missão do FMI que ontem iniciou reuniões para negociar o Programa de Financiamento Ampliado solicitado pelo Governo para apoiar a diversificação da economia nacional, devido à quebra nas receitas do petróleo. Com o barril de cru-de a rondar nos últimos dias os 50 dóla-res, acima dos 45 dólares previstos no Or-çamento Geral do Estado angolano para 2016 e já distante dos 30 dólares que che-gou a valer no mercado internacional este ano, o director do CEIC não admite um retrocesso de Angola neste pedido, já que não pode ser feito “ao sabor da conjuntu-ra”. “Quando um Governo o solicita, tem de ter uma base sólida para fundamentar o pedido. Depois, porque até pelo menos 2020 o preço do petróleo não deverá ultra-passar uma média anual de 55 dólares por barril. Uma situação melhor, mas nunca de molde a eliminar os diferentes défices da economia nacional”, afirmou o dire-tor daquela instituição da Universidade Católica de Angola. Em terceiro lugar, “o preço mínimo do barril para o país repor os equilíbrios macroeconómicos de 2012-2013 é de 80 dólares, valor que não tem condições de ser verificado segundo as agências e instituições internacionais es-pecialistas nestes domínios”, acrescentou.

JTM/Lusa

Em declarações ao jornal oficial China Daily, Jin disse que 30 paí-ses aguardam a adesão ao BAII e

mais 20 indicaram já uma “intenção fir-me» de fazer parte da instituição. Caso se concretize, o BAII ultrapassa assim o Banco Asiático de Desenvolvimento, criado pelo Japão em 1966, e que conta com 67 membros, 19 dos quais exterio-res à região da Ásia-Pacífico.

Com uma participação de cerca de 13 milhões de dólares, Portugal é um dos 57 países fundadores do BAII, que no conjunto integra 14 países da União Europeia.

O Brasil é o nono maior accionista, com uma quota de 3.181 milhões de dó-lares e o único membro em todo conti-nente americano.

Proposto pelo Presidente chinês, Xi Jinping, em 2013, aquela entidade é vis-ta como uma reacção do Governo chinês

ao que considera o domínio norte-ame-ricano e europeu em instituições globais como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial.

Entre as grandes economias do pla-neta, apenas Estados Unidos da Amé-rica e Japão não fazem parte, mas Jin frisou que “a porta continua aberta”, acrescentando que as empresas daque-les países serão tratadas de forma “igual e justa”, destaca o China Daily.

Segundo o antigo vice-ministro das Finanças da China, o banco irá anun-ciar a primeira rodada de projectos de infraestruturas este mês, e a segunda e terceira no final deste ano.

O BAII vai também estender o finan-ciamento a países exteriores à Ásia com “fortes relações económicas” com o con-tinente e, para além de infraestruturas, irá também financiar projectos nos sec-tores educação, saúde e planeamento e

gestão urbana.Com sede em Pequim, o BAII tem

um capital inicial de 100.000 milhões de dólares (30,34% pertence à China) e é assumido como o principal instrumento de financiamento da iniciativa chinesa “Uma Faixa e Uma Rota”, um gigante plano de infraestruturas, que pretende reactivar a antiga Rota da Seda entre a China e a Europa através da Ásia Cen-tral, África e Sudeste Asiático.

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Quinta-feira, 02 de Junho de 2016 JTM | ACTUAL 15

MOÇAMBIQUE

Trabalha-se para acordo entre o governo e a RenamoO governo moçambicano e a Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), principal partido de oposição, chegaram a consenso em relação à proposta de agenda do diálogo sobre o fim da instabilidade política e militar no país

GUINÉ-COMACRIO surto de Ebola na Guiné-Conacri acabou, anunciou ontem a Organiza-ção Mundial da Saúde, destacando que o país entra agora numa fase de “vigilância reforçada” de 90 dias. Em comunicado, a OMS declara o “fim da transmissão do vírus Ebola” na Guiné, depois que o país superou 42 dias - o dobro do período máximo de incuba-ção - sem nenhum caso novo desde o segundo exame com resultado negati-vo do último paciente.

PERÚMilhares de pessoas protestaram na terça-feira, em Lima, contra a can-didata de direita Keiko Fujimori, fa-vorita na segunda volta da eleição presidencial do próximo domingo contra o candidato de centro direita Pedro Pablo Kuczynski. Aos gritos de “Keiko não» e «Não ao narcoestado”, os manifestantes percorreram o cen-tro de Lima, tendo à frente Verónika Mendoza, candidata de esquerda e terceira colocada no primeiro turno, que agora apoia o economista liberal Kuczynski.

JAPÃOO primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, anunciou ontem numa reunião do seu partido, o adiamento até Ou-tubro de 2019 da subida do IVA que estava prevista para Abril de 2017, para não prejudicar o consumo. Abe decidiu adiar a medida para evitar efeitos negativos no consumo, prin-cipal motor da terceira economia mundial, num momento marcado pelo arrefecimento da procura glo-bal, segundo fontes citadas pela agência espanhola Efe.

COREIA DO SULQuatro pessoas morreram e outras dez ficaram feridas ontem na Coreia do Sul num acidente nas obras do Metro na cidade de Namyangju, a leste de Seul, informou a imprensa sul-coreana. Um responsável dos bombeiros no local disse que houve um colapso, por ra-zões não identificadas, por volta das 7:27 locais foi noticiado.

BIRMÂNIAA dirigente birmanesa e Nobel da Paz Aung San Suu Kyi vai presidir a um novo comité para promover a paz e o desenvolvimento no estado de Rakhi-ne, onde vive a perseguida minoria muçulmana rohingya, informou on-tem a imprensa local. O novo organis-mo, que inclui os restantes membros do governo, vai encarregar-se, entre outros assuntos, de coordenar a acção das agências da ONU e ONG’s interna-cionais na zona, segundo o diário Glo-bal New Light of Myanmar.

TIMOROs níveis “inaceitavelmente eleva-dos” de violência doméstica e sexual e a mortalidade materno-infantil são dos maiores desafios das políticas de género em Timor-Leste, requerendo políticas reforçadas do Executivo, disse ontem a embaixadora da União Europeia no país. “O nível de violên-cia doméstica e sexual ainda é inacei-tavelmente elevado e muitos destes crimes não são levados a tribunal ou não são tratados de forma adequada” disse Sylvie Tabesse num seminário em Díli.

VOLTA AOMUND

A auditoria da NATO pretende apurar as falhas e violações de procedimentos, que permitiram

a Frederico Carvalhão Gil aceder e levar para fora do SIS documentos secretos da Aliança Atlântica sujeitos a fortes medi-das de proteção. O gabinete de imprensa da NATO não quis comentar.

A identificação de possíveis “cúm-plices” é outro dos objectivos, tendo em conta a suspeita de que Frederico Car-valhão Gil pode ter tido alguma “ajuda” interna, mesmo que involuntária, para os seus desígnios: vender informação à Rússia.

Segundo o DN apurou, o Nato Secu-rity Office (NSO), uma das maiores es-truturas do quartel-general da NATO em Le Mons, Bélgica, tem estado em contac-to com o Gabinete Nacional de Seguran-ça (GNS), responsável em Portugal pela salvaguarda da matéria classificada das organizações internacionais e a visita ao Forte da Ameixoeira, a sede das secretas, deverá realizar-se nos próximos dias.

“De uma enorme gravidade” é como fontes próximas deste caso caracteri-zam as fugas de documentos sensíveis da NATO que terão ido parar às mãos das secretas de Vladimir Putin. Entre os relatórios apreendidos estarão alguns classificados como “secretos” e “muito secretos”. Segundo é explicado no diplo-ma que define as regras de segurança da organização, a “divulgação não autori-zada” de matérias desta natureza “pode resultar em dados excepcionalmente gra-ves para a NATO”.

O problema para Portugal agrava-se,

Durante este período em que estivemos reunidos, conse-guimos consensualizar a proposta de agenda que va-mos remeter às nossas lideranças e, depois deste envio,

teremos a proposta definitiva”, disse ontem José Manteigas, da Renamo.

Citado pelo jornal O País, o deputado afirmou que as de-legações do governo e da Renamo chegaram também a en-tendimento sobre as linhas gerais dos termos de referência do diálogo ao mais alto nível para o fim dos confrontos entre as forças de defesa e segurança e o braço armado do principal partido de oposição. A reunião de segunda-feira, realizada na Assembleia da República de Moçambique, foi a segunda da ronda negocial que marcou o reatamento, há uma semana, do diálogo entre as duas partes, interrompido há vários meses.

As delegações têm a missão de preparar as condições para um encontro entre o Presidente Filipe Nyusi e o líder da Rena-mo, Afonso Dhlakama, visando acabar com a instabilidade no país. Alguns pontos do centro de Moçambique têm sido palco de confrontos entre as forças de defesa e segurança e o braço armado da Renamo e vários troços da principal estrada do país são alvo de ataques atribuídos ao movimento. A Renamo exige governar as seis províncias do centro e norte do país onde rei-vindica vitória nas eleições gerais de 2014, como condição para

PORTUGAL

NATO prepara inspecção às secretas portuguesas Uma equipa do departamento de segurança da NATO está a preparar uma inspecção ao Serviço de Informações de Segurança (SIS), na sequência da Operação Top Secret, que levou à detenção, em Roma, de um espião português e de um alegado agente do SVR, as secretas externas russas

o fim do conflito armado.“O actual clima de tensão que se vive em alguns pontos do

centro do país agrava a pobreza, cria dor e luto nas famílias, para além de destruir a esperança dos moçambicanos”, disse Nyusi na Conferência Nacional de Validação da Política de Em-prego. O governo, prosseguiu o Presidente, vai continuar firme na busca incessante da paz que o povo e país legitimamente anseiam. O Movimento Democrático de Moçambique, terceiro maior partido do país liderado por Daviz Simango, considerou entretanto um contrassenso alegações de inexistência de valas comuns no centro do país, condenando a falta de autópsias aos cadáveres descobertos. JTM com agências

tendo em conta o actual contexto inter-nacional, a lembrar os tempos da Guerra Fria. Na segunda-feira a assembleia par-lamentar da Aliança declarou a Rússia, precisamente o país a quem Carvalhão vendeu os seus segredos, como inimi-go número um. “Estamos perante uma nova situação em que a Rússia declarou a NATO como adversário e devemos ver como responder”, disse o presidente Mi-chael Turner. Os representantes dos 28 Estados membros defenderam o reforço da “defesa coletiva” para responder à “ameaça russa”.

O grupo de auditores incluirá peritos do GNS mas a fiscalização será coorde-nada pelos responsáveis do NSO. A au-ditoria terá exclusivamente como alvo a base de dados, através da qual o SIS rece-be as informações da Aliança. Esta base de dados tem ligação directa ao centro de difusão da NATO e só pode aceder aos seus conteúdos pessoal certificado pelo GNS. Os acessos físicos a este equipa-mento, guardado numa sala própria com

entradas codificadas, deveria ter perma-nente controlo e os responsáveis dos ser-viços de informações portugueses vão ter de explicar a estes peritos como foi pos-sível a Carvalhão Gil, um quadro do SIS há cerca de 30 anos, quebrar a proibição de levar para fora do serviço documentos desta base de dados. Nas buscas que a PJ efectuou na sua casa foram encontrados documentos em papel e outros em pen drives, um equipamento interdito.

Este género de inspecções da NATO está previsto nas normas de segurança da organização e são realizadas quando há suspeita de fugas e comprometimento de informação. Não estão previstas sanções aos Estados membros onde a quebra de segurança acontece. “O principal objecti-vo será avaliar, em conjunto com as en-tidades destinatárias, no caso os serviços de informações portugueses, as vulnera-bilidades que conduziram à fuga e en-contrar soluções para evitar que torne a acontecer”, explicou ao DN um perito em informações classificadas. JTM/DN

Valentina Marcelino

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Quinta-feira, 02 de Junho de 201616 JTM | OPINIÃO

SINDICATOSPRESSIONAM GOVERNO

Primeiro era uma proposta firme: chegado ao Governo o PS ia repor as 35 horas na Função Públi-ca. Costa dizia (sem se rir) que ‘palavra dada era pa-lavra honrada’. Agora parece que as restrições orça-mentais não o deixam honrar a palavra. Quem não se fica é a Federação Sindical da Administração Pú-blica e a Frente Comum que defendem a reposição do horário das 35 horas, sem distinção, para todos os trabalhadores, depois de o PS alterar a proposta sobre esta matéria. É que o PS começou a semana a substituir o diploma das 35 horas na função pública a 1 de Julho por outro, que prevê negociação com sindicatos das excepções para os funcionários que continuarão a trabalhar 40 horas por semana. Lá se foi a palavra dada...

FUNDO DE REABILITAÇÃOO governo PS insiste em colocar parte do dinhei-

ro do Fundo da Segurança Social na roleta. O mi-nistro do Ambiente, João Matos Fernandes, afirmou que o Fundo Nacional de Reabilitação do Edificado (FNRE) “estará em pleno funcionamento ao longo deste ano” para reabilitar “um milhão de metros quadrados” de edifícios. O FNRE, apresentado pelo Governo em Abril passado, é financiado pelo Fun-do de Estabilidade Financeira da Segurança Social e visa “desenvolver projectos de reabilitação de edi-fícios e de regeneração urbana, combater o despo-voamento dos centros urbanos e promover o acesso à habitação, em especial a classe média, e dinamizar o sector do arrendamento habitacional e também apoiar o comércio local”.

PRAIAS POLUÍDASNA MADEIRA

A diretora regional de Ordenamento do Territó-rio e Ambiente da Madeira disse que “estão iden-tificados” os “possíveis focos de poluição” que de-terminaram má qualidade da água em duas praias

De Lisboa ainda se vê o Mundoda região num relatório da Agência Europeia do Ambiente. “Já estão identificados alguns possíveis focos de poluição”, afirmou Susana Fontinha, aler-tando para a necessidade de “ter maior atenção a aspectos relacionados com o saneamento básico” nos casos das zonas balneares da Praia do Gorgu-lho e Poças do Gomes, ambas no Funchal. Tendo tudo identificado só não se percebe a razão do Go-verno Regional da Madeira não resolver a situação. É como se o turismo não fosse o principal ativo da Região.

ALTO RISCO NO ZIKASão más notícias: Portugal continental é um ter-

ritório de alto risco para a introdução de duas es-pécies de mosquitos que transmitem doenças como dengue, febre-amarela ou Zika, uma das quais está a 300 quilómetros da fronteira, alertou uma investi-gadora. Carla Sousa, entomologista e investigadora no Instituto de Higiene e Medicina Tropical referiu que a Organização Mundial de Saúde (OMS) elevar de baixo para moderado o risco de propagação do vírus Zika na Europa este verão, em particular na Madeira e na costa do Mar Negro. Tradicionalmen-te, a migração destes mosquitos faz-se no transpor-te de cargas, nomeadamente de pneus usados ou de bambus da sorte, plantas que foram moda há alguns anos.

MARCELO DE CERA EM MADRIDParece ser a única forma de se ter um Marcelo

Rebelo de Sousa sossegado. Elementos do Museu de Cera de Madrid procederam, em Lisboa, a uma sessão fotográfica e tiraram as medidas ao Presiden-te português, para fazer a escultura de Marcelo Re-belo de Sousa, que deve estar concluída em Setem-bro. Segundo a agência Efe, que assistiu à sessão, o próprio Marcelo Rebelo de Sousa escolheu ficar de pé, com as mãos um pouco levantadas, “como se estivesse a gesticular”. É uma posição “quase de papa”, gracejou Marcelo Rebelo de Sousa, enquan-to decorria a sessão fotográfica, segundo o repórter espanhol.

CARLOS COSTAQUER BANCO MAU

A situação da banca portuguesa está longe de ser fácil. O Governador do Banco de Portugal, Carlos

Costa, defende o conceito de “banco mau” como solução para solucionar o peso do crédito malpara-do dos bancos portugueses, num artigo publicado no Jornal de Negócios. “Não será um banco, uma vez que não receberá depósitos nem concederá cré-dito”, especifica Carlos Costa . Para o Governador “uma das medidas essenciais para repor a rentabi-lidade é extrair do balanço da banca os activos não produtivos através da venda a terceiros ou da trans-ferência para um veículo que assuma a gestão e a recuperação do respetivo valor”, insistindo na tese do “banco mau”.

GRÉCIA DÁO DITO POR NÃO DITO

Os gregos vivem em clima de instabilidade e cri-se económica há anos e já vão no terceiro resgate. Agora o governo grego está a avisar os credores europeus e o FMI de que não tem condições para implementar algumas das medidas acordadas em Bruxelas. Segundo a Reuters, Atenas entrou em contacto com as instituições da troika para alertar para as dificuldades. O jornal grego “To Vima” re-fere, por seu turno, que o primeiro-ministro Alexis Tsipras não disporá de base política para aprovar reduções nos complementos de pensão nem para avançar com a privatização da estatal eléctrica. A bancada parlamentar do Syriza/Anel também não está de acordo com a proposta do governo para li-dar com o crédito mal-parado na banca.

MULTINACIONAIS TEMEMSAÍDA DO REINO UNIDO

Cinquenta grupos empresariais europeus, mem-bros do European Round Table of Industrialists, como a portuguesa Sonae, alertam sobre as graves consequências de uma eventual saída do Reino Uni-do da União Europeia e apelam à união. O docu-mento divulgado pela ERT (European Round Table of Industrialists), organização que representa 50 grandes empresas, refere que “longe de estimular [a economia], o desmembramento do mercado úni-co e das regras aplicáveis aos 28 países vai diminuir o desenvolvimento económico”.

* Jornalista. Ex-assessora de Passos Coelhonos XIX e XX governos constitucionais.

EVACABRAL*

UM ARTIGO

2ª Vez “JTM” - 2 de Junho de 2016

Execução por alimentos nº FM1-13-0395-CPE-BJuízo de Família e de Menores

Exequente: CHAN WAI U, de sexo fiminino, titular do BIRM, residente em Macau, Estrada Marginal da Ilha Verde, nº 1030, Edf. Mei Lok Garden, 4º andar L. Executado: LAM PENG KIN, de sexo masculino, titular do BIRM, residente em Macau, Rua do Padre Eugénio Taverna, Edf. Fat Tat Sun Chuen (兆發樓) 2º ander AG.

Faz-se saber que nos autos acima indicados são citados os credores desconhecidos para, no prazo de quinze dias, que começa a correr depois de finda a dilação de vinte dias, contada da data da segunda e última publicação do anúncio, reclamar o pagamento dos seus créditos pelo produto dos bens penhorados sobre que tenham garantia real e que é o seguinte:

Bens penhoradosVerba 1

Depósitos bancários titulados pelo executado, no BANCO OF CHINA, saldo: MOP$83.69 (Oitenta e Três Patacas e Sessenta e Nove Avos).

Verba 2Depósitos bancários titulados pelo executado, no BANCO TAI FUNG,

saldo: MOP$41,253.03 (Ouarenta e Uma Mil, Duzentas e Cinquenta e Três Patacas e Três Avos).

RAEM, 14 de Abril de 2016.

A Juiz de Direito Leong Mei Ian

O Escrivão Judicial Adjunto, Lam Chi Wai

TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE JUÍZO DE FAMÍLIA E DE MENORES

ANÚNCIO

1ª Vez “JTM” - 2 de Junho de 2016

Autos de Interdição nº CV3-16-0026-CPE 3° Juízo Cível

Requerente: MINISTÉRIO PÚBLICO. Requerida: LAO KIN WA, de sexo masculino, residente na Istmo Ferreira do Amaral, nº 70, Edifício Kong Nam, 3º andar S, Macau.

FAZ-SE SABER que, foi distribuída neste Tribunal, em 09 de Maio de 2016, uma Acção de interdição, com o número acima indicado, em que é Requerida, LAO KIN WA, de sexo masculino, acima referido, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

Macau, aos 20 de Maio de 2016.

O Juiz,Carlos Armando da Cunha Rodrigues de Carvalho

O Escrivão Judicial Auxiliar,Choi Hong Ieong

TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE JUÍZO CÍVEL

ANÚNCIO

1ª Vez “JTM” - 2 de Junho de 2016

Acção Ordinária nº CV1-15-0113-CAO 1° Juízo Cível

TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE JUÍZO CÍVEL

ANÚNCIO

O JuizChan Io Chao

O Escrivão Judicial AdjuntoLam Lok Kei Roque

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Quinta-feira, 02 de Junho de 2016 JTM | OPINIÃO 17

Dito

“Ou seja, Raimundo do Rosário vestiu a roupa de trazer por casa e atirou-se às teias de aranha do sótão. Ou seja, gerir uma proto candidata a destino mundial com mentalidade de terra pequena é um espartilho incomportável”

• • • HÁ 20 ANOSIn “Jornal de Macau” e “Tribuna de Macau”

02/06/1996

DIA DA CIDADE VAI TEREXCEPCIONAL ANIMAÇÃOO Dia da Cidade deste ano vai ser marcado por iniciativas que lhe con-ferem uma excepcional animação. Num diligente e inteligente trabalho comum, o Leal Senado, a Rádio Ma-cau, o “Macau Music Workshope”, o Clube de Canoagem “Baía do Mar” e a Associação de Cicloturismo, vão pôr brasa no caldeiro no dia 23 de Junho. São numerosas as iniciativas programadas. A chave da festa é uma maratona musical desde as dez da manhã até às seis da tarde, a qual está aberta à generalidade da popu-lação independentemente da idade ou nacionalidade. Quem quiser par-ticipar só tem que dirigir-se aos locais de inscrição, como o Leal Senado, até ao dia 19 de Junho. Já pela noi-te dentro, realiza-se um espectáculo musical que incluirá, a convite do Leal Senado, agrupamentos de HK. Entretanto, no Largo do Leal Senado, os cidadãos poderão beneficiar da presença de vinte tendas que serão animadas por artistas plásticos, os quais patentearão “in loco” as suas virtualidades, em obras do “pron-to a vender” que o público poderá adquirir. Simultaneamente, assistir--se-á a interpretações de dança, tea-tro e declamação. Às oito da manhã inicia-se um passeio de cicloturismo que percorrerá vários dos pontos mais característicos da cidade. Entre-tanto, no Parque Municipal, levar-se--á a cabo um interessante concurso de perguntas e respostas versando a história de Macau. Por fim, e para os mais dextros ou em plena forma, as actividades desportivas: natação na piscina municipal, equilibrismo em bicicleta, canoagem e regata de vela.

LEI BÁSICA TAMBÉMPRESENTE NA INTERNETA Lei Básica de Macau, que vigora-rá na RAEM após a transferência da Administração, está disponível na In-ternet e pode ser consultada em três línguas. O texto da Lei Básica está disponível nas línguas portuguesa, chinesa e inglesa e pode ser acedido através do endereço http// basiclaw.macau.ctm.net. A introdução da Lei Básica na Internet foi possível atra-vés da assinatura de um protocolo de cooperação entre a Companhia de Telecomunicações de Macau e a Associação Promotora da Lei Básica. Os utilizadores da “auto-estrada da informação” podem também con-sultar o texto da lei Básica de Macau através de uma das “homepages” da Universidade local, no endereço electrónico http:// www.sftw.umac.mo/tour/basic-law/mais.html.

A epidemia das selfies

Fernando Eloy in “Hoje Macau”

Então no José Cid já se pode bater à vontade?

Os homens armados voltaram às ruas de Paris. Seja pelo campeo-nato da Europa que se aproxima,

seja por razões ligadas aos mais recentes atentados e ameaças, a capital francesa vive dias de alguma necessidade de se mostrar vigilante e atenta.

As preocupações securitárias que an-tes estavam confinadas, sobretudo, aos aeroportos e afins, estendem-se agora à cidade, com homens e mulheres bem ar-mados que se passeiam por entre turistas ou simples cidadãos parisienses também preocupados com a saída de Ibrahimovic do Paris St. Germain.

Alheios a este clima geral de vigilân-cia e aos problemas do futebol os muitos visitantes do Museu D´Orsay entretêm-se com o desporto da moda: selfies. É um suplício visitar um Museu e desejar ver com atenção os quadros que se ambicio-na olhar. O espaço destinado a Van Gogh, então, é uma tortura. As pessoas aglome-ram-se diante dos quadros a tirar selfies, indiferentes a quem apenas foi ali com o intuito de ver as pinturas!...

Tirar uma selfie com o autorretrato de Van Gogh em fundo é quase uma redun-dância. Diria, aliás, que esta mania das selfies é tão antiga quanto o homem. Des-de o tempo das cavernas que ele se auto--representa. E mesmo na escrita, quan-tos poemas a literatura pode apresentar como prova de auto-retratos?

Um dos mais conhecidos e populares, claro, é o de Bocage: “Magro, de olhos azuis, carão moreno/ bem servido de pés, meão na al-tura/ triste de facha, o mesmo de figura, /nariz alto no meio, e não pequeno”. Mas muitos outros existem, como aquele de Manuel Bandeira — “poeta provinciano que nunca soube escolher uma gravata/ Pernambucano a quem repugna a faca de pernambucano (...)” — ou de Ruy Belo: “Estado civil Casado/ nacionalidade portuguesa/ triste se alegre e sorridente quando triste (...)”.

Os poetas vanguardistas de finais do século XIX reivindicavam, no entanto, algo que, já então, ia muito para além do simples auto-retrato, embora pudes-se começar pela sua narratividade: a ambição ao auto-conhecimento. Havia neles algo que tinha começado com Ha-mlet, quando colocado diante do dilema do ser ou não ser e essa nova visão que, doravante, o Ocidente ganhava sobre a consciência do indivíduo. Na linha de Harold Blooom, que tão bem estudou Shakespeare, podemos dizer que hoje a dimensão do ser está intimamente liga-

da à noção do ter. Ou seja, eu sou ou serei em função do que tenho ou tiver, na medida em que vivemos um tempo onde a liberdade está ligada à possibi-lidade de escolha. Logo, quanto mais tenho mais escolhas posso ter.

Neste sentido, a exibição de felicida-de, através da representação da fotogra-fia que se faz para se exibir, fará do foto-grafado uma pessoa mais feliz. Por isso se ensaiam sorrisos e poses diante de Van Gogh, porém indiferentes às pinturas ou, sequer, à sua observação e admiração atentas, assim como ao privilégio de po-der desfrutar delas.

Dir-se-á que ir a um museu para ver as obras de artistas de referência é hoje um mero pretexto para tirar mais umas selfies. A ideia é, sobretudo, mostrar que se foi e esteve a um palmo do Retrato do Dr. Gachet, dos Lirios, da Noite estrelada sobre o Ródano ou do famoso auto-retra-to e não tanto ter ficado a saber um pouco mais sobre o pintor. Não meu caro leitor ou leitora, não é uma moda, como foi a das tranças pretas no fado de Vicente da Câmara, falecido há dias; isto das selfies por dá aquela palha é pior — é uma epi-demia.

Ai se os tipos armados que andam lá fora desatam também a fazer selfies...

* Professor de Jornalismo da Universida-de de Coimbra e ex-residente em Macau

PEDROTADEU*

Em 2010 indignava-se contra a música “populosa” vinda de Trás-os-Montes o homem que escreveu e cantou o filosó-fico refrão “como o macaco gosta de banana, eu gosto de

ti”, uma reflexão estilizada sobre a misteriosa complexidade das relações sentimentais, sublinhada pelo coro feminino com uma protossensual e, no entanto, extasiada e aguda resposta meló-dica: “de banaaa-na!...” José Cid, o autointitulado “Elton John português”, veio ontem, seis anos depois, pedir desculpas por caracterizar essas pessoas “do Portugal profundo” como “me-donhas, feias, desdentadas”, que “nunca viram o mar” e vêm “de excursões” ao Pavilhão Atlântico assistir a concertos maus, prejudicando assim a “verdadeira” e “fantástica” música po-pular portuguesa. Como na sociedade do Facebook crime não prescreve, alguém desencantou 43 segundos de vídeo dessa en-trevista a Nuno Markl e foi um arraso: entrevistado e entrevista-dor estão a levar pancada insana. Há ameaças, abaixo-assinado, manifestações agendadas e, parece, um concerto cancelado. O sedutor, belo e dentuço José Cid ficou mesmo sem registo de ci-dadania no estado virtual do senhor Zuckerberg, não sei se por

deportação imposta pelas denúncias ululantes na rede social, se por emigração voluntária. Quando Henrique Raposo desancou em livro o que imaginava ser o estereótipo alentejano houve um movimento semelhante. O volume foi lançado a 8 de Mar-ço com, anunciou-se, polícia a guardar a cerimónia para evitar desacatos. Na vida real, no entanto, ninguém foi dar a Raposo as bofetadas prometidas na vida digital e, dois meses e meio depois, o assunto está morto... Morto? Não! Daqui a dez anos alguém, aposto, ressuscitará na internet uma frase mais pican-te do Alentejo Prometido e excitará, de novo, indignações sem limites. Insisto: no Facebook, crime não prescreve. Há, porém, uma diferença entre a situação de Raposo e a de Cid: a batalha política em curso. No imaginário simplório dos que lutam pelo poder em Portugal, rico em generalizações estúpidas, alenteja-no é sinónimo de comunista. Como Henrique Raposo é de direi-ta, o seu texto estrambólico foi interpretado, à esquerda, como uma maldosa caricatura ideológica. Por outro lado, a violência verbal contra o cronista foi interpretada, à direita, como um ata-que “estalinista” à liberdade de expressão. Pequenas e médias vedetas da política e do jornalismo envolveram-se na polémica. Ridículo: o direito de Raposo de escrever o que lhe vai na tola é igual ao direito das multidões de o criticarem - a liberdade de expressão não é só de alguns. Como José Cid, nos dias de hoje, é politicamente inerte e os transmontanos, pela lógica anterior, votam todos PSD, se calhar já se pode bater nele e, apenas, rir do assunto... ou não? *JTM/DN

JOÃOFIGUEIRA*

CHOVER NO MOLHADO

• • • CARTOON • • •

JTM/DN

JOSÉ BANDEIRA

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Quinta-feira, 02 de Junho de 201618 JTM | LAZER

• • • SOB OS HOLOFOTES

Inês Almeida

Trocar a moda pelos animaisAnita Lai estudou design de moda e sempre quis trabalhar nessa área mas a ânsia de ter o seu próprio negocio falou mais alto e acabou por começar a gerir a loja de animais da sua família através da qual pretende mostrar que não só cães ou gatos são bons animais de estimação. Apesar disso, a paixão pela moda está sempre presente, pelo que nos seus tempos livres aproveita para desenhar

Anita Lai sempre seguiu os pas-sos da família. Quando estavam envolvidos no sector têxtil, de-

cidiu estudar design de moda no Reino Unido e ao voltar ao território tentou trabalhar na área. No entanto, a família tinha já abandonado esse sector e tinha aberto uma loja de animais.

A vontade de começar o seu próprio negócio falou mais alto que o sonho da moda e acabou por tomar conta do negócio que era da mãe e expandi-lo. “Agora temos uma loja grande e outra mais pequenina e temos um armazém onde criamos os nossos próprios ani-mais, gatos e cobras principalmente, mas também outros mais pequenos como coelhos ou porquinhos-da-ín-dia”, contou ao JORNAL TRIBUNA DE MACAU.

A decisão de criar os próprios ani-mais prende-se com o facto de não ser fácil importar para o território, além de permitir “controlar a qualidade, saber quem são os pais, as raças” e conter os custos.

Questionada sobre a decisão de criar e vender cobras, um animal “domésti-co” pouco comum, Anita Lai explicou que quando o negócio começou a sua família queria mostrar à população um leque variado de animais. “Normal-mente as pessoas só têm como animais de estimação cães ou gatos. Queremos mostrar-lhes que podem ter também coelhos, hamsters, tartarugas ou até co-bras”.

“As pessoas têm medo de cobras. Não é que o animal em si seja perigoso mas antes porque temos uma imagem de que as cobras são más e assustado-ras, talvez por causa de filmes ou do que os nossos pais nos diziam, mas não há nada de assustador nas cobras ou nos lagartos, por exemplo. Eles po-

dem parecer assustadores mas até são muito calmos”, defendeu. Assim, Anita Lai diz ter como um dos seus objectivos profissionais mostrar que alguns ani-mais não são tão assustadores quanto parecem.

O negócio já teve alguns altos e bai-xos, sobretudo porque no início a equi-pa era composta apenas por membros da família em que “alguns eram bons com os gatos, outros com os répteis”, por isso, as funções eram repartidas. “Depois um dia decidiram afastar-se do negócio e foi difícil para mim porque todos tínhamos uma certa função e pas-sei a ter de ser eu a tratar de tudo e a ter de arranjar novas pessoas e treiná-las. Isso é muito trabalhoso”, descreveu.

Ainda assim, abandonar a loja nun-ca foi opção. “É difícil, mas depois também sei que não posso abandonar os animais e deixar desamparadas as pessoas que vêm até aqui perguntar como devem tratar dos seus animais”. De qualquer modo, referiu, “agora as coisas já estão a correr melhor”.

Para tomar conta do negócio deixou de lado o sonho do design de moda que estudou no Reino Unido onde viveu cerca de 10 anos. Ao descrever a expe-riência destacou que “no início foi difí-cil especialmente porque fui para uma escola onde era quase a única chinesa e algumas das pessoas não gostavam muito dos chineses. No primeiro ano não fui muito feliz mas depois mudei de escola e lá a minha vida foi muito melhor. Fiz amigos e comecei a divertir--me”.

Nunca trabalhou na área mas garan-te que um dia gostava de o fazer. “Con-tinua a ser uma coisa que quero fazer. A paixão está sempre lá, mas talvez esta não seja a altura ideal, sobretudo porque estamos a expandir a loja mais pequena”. Ainda assim, nos seus tem-pos livres, desenha alguns esboços e vê “muitas revistas de moda”.

• • • ROTEIRO

CANAL MACAU13:00 TDM News (Repetição) 13:30 Telejornal RTPi (Diferido) 15:00 RTPi Directo 18:30 Em Família (La Sombra de Helena) - Repetição 19:20 Montra do Lilau (Repetição) 19:50 Água de Mar 20:30 Telejornal 21:00 TDM Talk Show 21:40 O Toque 12 Sr.1 22:10 Em Família (La Sombra de Helena) 23:00 TDM News 23:30 Conversa da Treta 23:55 Telejornal (Repetição) 00:25 RTPi Directo

30 FOX SPORTS13:00 Bundesliga 2015-16 Special Shows Best of May 13:30 Bundesliga 2015-16 Special Shows Season Review 14:30 NASCAR Sprint Cup Series 2016 15:30 NASCAR Xfinity Series 2016: Highlights 16:30 Roland Garros 2016: Highlights Day 11 17:30 (LIVE) FOX SPORTS Central 18:00 (LIVE) Roland Garros 2016

31 FOX SPORTS 213:00 Asian Tour 2016 Highlights 14:00 Gillette World Sport 14:30 MLB Express Pittsburgh Pirates vs Miami Marlins 15:00 Senior PGA Championships 2016 Day 3 17:00 HSBC World Rugby Seven Series 2015-16 18:00 PGA Tour Highlights 2016 Dean & Deluca Invitational

Número de Socorro 999Bombeiros 28 572 222PJ (Linha aberta) 993PJ (Piquete) 28 557 775PSP 28 573 333Serviços de Alfândega 28 559 944Hospital Conde S. Januário 28 313 731Hospital Kiang Wu 28 371 333CCAC 28 326 300IACM 28 387 333DST 28 882 184Aeroporto 88 982 873/74Táxi 28 283 283Táxi 28 939 939Água - Avarias 28 990 992Telecomunicações - Avarias 28 220 088Electricidade - Avarias 28 339 922Directel 28 517 520Rádio Macau 28 568 333Macau Cable 28 822 866Clube Militar de Macau 28 714 000ANIMA 28 715 732

• • • CÂMBIOS - Info BNUPATACA COMPRA VENDAUS DÓLAR 7.94 8.04EURO 8.99 9.11YUAN (RPC) 1.211 1.236A programação é da responsabilidade das estações emissoras

19:00 MLB’s Best 19:30 2016 AFC Champions League Jeonbuk Hyundai vs Melbourne Victory 20:30 MLB Express NY Yankees vs Toronto Blue Jays 21:00 World Archery World Cup 21:30 LPGA 2016 LPGA Volvik Championship Day 1 & 2 23:30 MLB Express Pittsburgh Pirates vs Miami Marlins 00:00 HSBC World Rugby Seven Series 2015-16

40 FOX MOVIES12:05 The Transporter 13:40 The Longest Yard 15:40 Ant-Man 17:40 Paul Blart: Mall Cop 19:20 Ice Age 3: Dawn Of The Dinosaurs 21:00 Pirates Of The Caribbean 23:20 Hollow Man

41 HBO12:00 Dracula Untold 13:35 My Sister’S Keeper 15:20 Space Jam 16:45 The Judge 19:05 The Bourne Ultima-tum 21:00 The Equalizer 23:10 Silicon Valley 23:40 Veep 00:10 Think Like A Man Too

50 DISCOVERY12:30 Aircrash Confidential 13:25 Mythbusters 14:20 Gadget Man 15:15 How Do They Do It? 16:10 Abalone Wars 17:05 How Do They Do It? 19:00 Abalone Wars 20:00 Curiosity: Nefertiti 21:00 Fast N’ Loud 22:00 Kindig Customs 23:00 Killing Fields 00:00 Curiosity: Nefertiti 00:55 Fast N’ Loud

54 HISTORY13:00 Forged In Fire 14:00 How 2 Win 15:00 10 Things

You Don’t Know About 16:00 History Drama: Roots 18:00 In Search Of Aliens 19:00 Forged In Fire 20:00 History Drama: Roots

62 AXN12:45 Totally Insane Guinness World Records 13:45 Hawaii Five-0 14:35 American Ninja Warrior 15:25 Alias 16:20 Robot Combat League 17:10 Criminal Minds: Beyond Borders 19:00 Cyril: Rio Magic 20:00 Terminator 3: Rise Of The Machines 22:00 Blue Bloods 22:55 American Ninja Warrior 23:50 Blue Bloods 00:45 Dig

82 RTPI13:00 Jornal da Tarde 14:17 Filhos da Nação 14:57 Futsal: Campeonato Nacional Futsal 2015/2016 16:48 Sociedade Recreativa 17:47 FFF - Fashion Film Factory 18:12 Nelo & Idália 18:42 Decisão Nacional 19:14 Hora dos Portuguese (Fim de Semana) 20:00 Telejornal 20:37 Futebol: Selecção Nacional (AA) - Int. 22:39 Trio d’Ataque 00:00 24 Horas 01:00 Manchetes 3 01:31 Portugal 3.0 02:30 Notícias do Atlântico 03:32 A Essência 03:49 FFF - Fashion Film Factory 04:14 Arq 3 04:27 Hora dos Portugueses (Fim de Semana) 05:12 Trio d’Ataque

• • • TELEFONES ÚTEIS

CINETEATROS1 X-Men: Apocalypse14:00, 16:40, 19:15, 21:50

S2 The Jungle Book14:30 • 16:30 • 19:30 • 21:30

TORRE DE MACAUTeenage Mutant Ninja Turtles: Out of the Shadows (3D)14:30 • 16:30 • 19:30 • 21:30

GALAXYX-Men: Apocalypse 12:45 • 17:10 • 19:05 • 21:50 • 22:40

The Angry Birds Movie12:00 • 18:40

Teenage Mutant Ninja Turtles : Out of the Shadows14:20 • 16:30 • 19:00 • 20:35 • 22:45

The Jungle Book13:00 • 17:30 • 19:50 • 21:00 • 23:00

Criminal13:00 • 16:15 • 19:00 • 20:30 • 23:00

21:00HBO

The Equalizer

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Quinta-feira, 02 de Junho de 2016 JTM | LAZER 19

• • • UMA HISTÓRIA DE DETERMINAÇÃO

Havaiana, Campeã mundial de surfperdeu o braço em ataque de tubarão

Bethany Hamilton, surfista que tem o braço es-querdo amputado, atingiu as meias-finais da Fiji Women’s Pro, prova do circuito mundial,

terminando na terceira posição. A havaiana, de 26 anos, que chegou à prova através de um wildcard eliminou na segunda ronda a australiana Tyler Wri-ght, número um mundial até aqui, e bateu na tercei-ra a também australiana Stephanie Gilmore, deten-tora de seis títulos mundiais.

Hamilton, que tinha como melhor registo em provas do circuito mundial um nono lugar, alcança-do em 2010 em Peniche, foi apenas derrotada pela francesa Johanne Defay, que viria a vencer a quinta etapa do circuito.

A história de vida de Bethany Hamilton serviu de inspiração ao filme Soul Surger, protagonizado por Dennis Quaid e Helen Hunt. Antes, lançou uma autobiografia (Soul Surfer: A True Story of Faith, Fa-mily, and Fighting to Get Back on the Board, “uma his-tória verdadeira de fé, família e luta para voltar à prancha”) a relatar o episódio dramático que que não a derrubou e a forma como superou o trauma de ficar sem um braço ainda jovem.

A surfista perdeu o braço esquerdo em Outubro de 2003, com apenas 13 anos, numa praia do HaWai quando treinava para uma prova, na companhia de uma amiga, e foi atacada por um tubarão-tigre de quatro metros. Bethany teve de passar por várias cirurgias, caiu numa depressão e chegou a pensar em mudar-se para as montanhas, para poder trocar o surf pelo snowboard.

No entanto, a paixão pelo mar fê-la superar o trauma em apenas dez semanas. E voltou a sur-

• • • E AINDA

far, tornando-se profissional em 2007, chegando a vice-campeã do mundo na categoria de juniores em 2009.

Pelo caminho, Bethany Hamilton, que também trabalha como modelo, criou a sua própria associa-ção, a Friends of Bethany e tornou-se uma inspiração para jovens com limitações físicas. É presença fre-quente em programas televisivos nos EUA e até já teve curtas aparições no cinema. No entanto, a fama não a fez tirar o foco do surf. Só uma gravidez – foi mãe de Tobias, em 2015 – a afastou temporariamen-te do mar. E, ao fim de uma mão-cheia de aparições no circuito mundial, sempre por convite, conseguiu

nas ilhas Fiji o melhor resultado da carreira, en-quanto sénior.

De resto, as Fiji foram igualmente marcantes para Johanne Defay, que conseguiu a primeira vitó-ria do ano (e segunda da carreira, no circuito mun-dial). Contra todas as expectativas, a surfista fran-cesa, de 22 anos, bateu a hawaiana Carissa Moore, na final. Ao mesmo tempo, a norte-americana Cour-tney Conlogue (5.ª classificada) aproveitou a ajuda de Bethany Hamilton – ao afastar a líder mundial Tyler Wright – para regressar ao topo do circuito mundial.

JTM/DN

Havaiana perdeu braço esquerdo num ataque de um tubarão mas continuou a surfar. Aos 26 anos, fez história no circuito mundial

Eva Longoria apresentaboa forma na lua-de-melA actriz Eva Longoria partilhou no Instagram duas fotografias da sua lua-de-mel, em que não ficam escondidos os seus atributos físicos - e a boa forma está comprovada. A actriz está neste momento em lugar incerto, depois de ter casado, dia 21 de Maio, com Jose Antonio Bastón, após terem namorado durante quase três e terem ficado noivos no Dubai, em Dezembro passado. Anteriormente, Eva, que ficou conhecida pelo seu papel na série “Desperate House Wifes”, fora casada com o actor Tyler Christopher e com o jogador de basquetebol Tony Parker.

Papa condecora Richard Gere,George Clooney e Salma HayekO Papa Francisco entregou medalhas aos actores norte-americanos Richard Gere e George Clooney e à actriz mexicana Salma Hayek num evento no Vaticano, no domingo, para motivar o trabalho da Scholas Ocurrentes, uma organização promovida pelo pontífice. A organização, cujo nome significa “escolas para o encontro” relaciona a tecnologia com as artes, levando a uma integração social e a uma cultura de paz. “Valores importantes podem ser transmitidos pelas celebridades”, disse uma das organizadoras, Lorena Bianchetti, que acrescentou que os actores aceitaram ser embaixadores de um dos projectos artísticos da fundação.

Megan Foxexibe gravidezem Los AngelesA actriz Megan Fox, com um vestido preto muito justo, exibiu a barriguinha da terceira gravidez na terça-feira, em Los Angeles, mop decurso de um programa de televisão apresentado por Jimmy Kimmel para divulgar o seu novo filme, “As Tartarugas Ninja”. Antes de entrar no estúdio, Megan distribuiu autógrafos e tirou fotos com fãs. Megan Fox e Brian Austin que já são pais de Noah e Bodhi parecem ter ultrapassado um fase má do seu relacionamento de 11 anos e de acordo com a revista “People”, moram juntos novamente.

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20 JTM | ÚLTIMA Quinta-feira, 02 de Junho de 2016 • Fecho da Edição • 22:00 horas

FOTO

ARQ

UIVO

“Chapas Sínicas” classificadas pela UNESCO

Segundo a informação ontem di-vulgada pela Organização das Nações Unidas para a Educação,

Ciência e Cultura (UNESCO), os mais de 3.600 documentos que integram a colecção “Chapas Sínicas”, do acer-vo do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, passaram a integrar a lista do Programa da Memória do Mundo da região Ásia-Pacífico.

A decisão foi tomada por unani-midade pelo Comité do Programa da Memória do Mundo da Unesco para a Ásia-Pacífico na sua sétima reunião ge-ral, na semana passada, no Vietname, revelou, por sua vez, o Instituto Cultu-ral de Macau, num comunicado.

No total, o comité adicionou mais 14 itens ao registo regional do Programa Memória do Mundo, segundo a infor-mação disponibilizada pela UNESCO. Entre eles estão também os “arquivos e manuscritos do templo Kong Tac Lam de Macau (1645-1980)”.

Portugal e Macau decidiram apre-sentar em Outubro passado a candida-tura conjunta ao registo da Memória do Mundo da UNESCO. Em causa estão os mais de 3.600 documentos que inte-gram a coleção “Chapas Sínicas”, que faz parte do acervo do Arquivo Nacio-

Mais de 3.600 documentos oriundos de Macau passaram a integrar o Programa Memória do Mundo da UNESCO na sequência de uma candidatura apresentada em conjunto pela região e por Portugal

nal da Torre do Tombo, em Lisboa.“Documentam e ilustram as rela-

ções luso-chinesas desenvolvidas entre o procurador do Leal Senado de Ma-cau e as diversas autoridades chinesas, abrangendo cronologicamente um pe-

ríodo entre 1693 e 1886”, explicou, na altura, o Instituto Cultural de Macau.

A candidatura resultou de um proto-colo assinado entre o Instituto Cultural de Macau e a Direcção-Geral do Livro e Arquivo e das Bibliotecas de Portugal.

O programa Memória do Mundo, iniciado em 1992, tem como objectivo preservar a herança documental da Hu-manidade, e inclui actualmente perto de 350 arquivos de países de todo o mundo.

JTM com Lusa

Casais chineses compram espermano mercado negroCasais chineses estão a recorrer cada vez mais ao circuito de venda ilegal de esperma, que é injecta-do directamente na mulher, através do uso de uma seringa ou via relações sexuais, relata a imprensa local. Segundo o jornal oficial Global Times, os ban-cos de esperma do país não conseguem responder à crescente procura, devido à falta de doadores e pouca qualidade do sémen disponível. um banco na província de Shaanxi, região oeste, por exem-plo, apenas 100 em cada mil candidatos a doado-res passam nas análises preliminares, indicam da-dos recolhidos pela revista China Business View. Como resultado, os casais inférteis têm de esperar entre um e dois anos para obter esperma doado, escreve a publicação. apesar dos incentivos finan-ceiros - alguns hospitais oferecem até 5.000 yuan, por 40 mililitros de sémen - muitos doadores op-tam pelo mercado ‘negro’, onde não são sujeitos a análises clínicas e podem ter sexo grátis, explica o diário The Beijing News. O portal www.juanjing.net é um dos vários que promove o encontro en-tre casais e doadores. Através daquela plataforma, homens - a maioria na casa dos 20 - exibem os seus atributos, como grau académico, profissão e até a longevidade dos avôs, visando provar a qualida-de dos seus genes. ‘Jerry Lee’, 41 anos, por exem-plo, “tem um coração puro”, é doutorado numa universidade britânica, não fuma, bebe um copo de vinho “de vez em quando” e gosta de natação e correr ao ar livre. Um inquérito citado pela im-prensa oficial revela, no entanto, que a percenta-gem de chineses inférteis aumentou de três por cento, em 1980, para 12,5% actualmente.

JTM/Lusa

Cheong U aposentou-se após 36 anos de serviçoCheong U, antigo Comissário Contra a Corrupção e ex- Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, passou à situação de aposentação voluntária, após ter cumprido 36 anos de serviço na Administração Pública de Ma-cau. Depois de ter sido substituído por Alexis Tam no cargo de Secretário, Cheong U exerceu funções de vice-presidente do Conselho de Administra-ção da Fundação Macau e, no início deste ano, acabou por ser nomeado as-sessor do Gabinete da Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan.

Proprietários do Pearl Horizon negoceiam empréstimos com Banco da ChinaDezenas de proprietários do Pearl Horizon reuniram-se com responsáveis do Banco da China com o intuito de ne-gociar uma diminuição dos juros dos empréstimos contraídos ou mesmo a suspensão do respectivo pagamento. Kou Ming Bo, presidente da Associação dos Proprietários do “Pearl Horizon”, afirmou que o banco assegurou que irá tratar os casos individualmente. Segundo o jornal “Ou Mun”, o banco planeia criar um grupo especializado para tratar das queixas e das necessidades dos proprietários do Pearl Horizon, já que estão em causa cerca de 282 compra-dores de fracções com capacidade financeira distinta, para além de sujeitos a taxas de juros variáveis. Kou Ming Bo espera que a instituição possa aliviar a pressão sentida pelos compradores que se sentem injustiçados, por não terem recebido as fracções que compraram.

Divorciadas japonesas poderão voltar a casar após 100 diasAs divorciadas japonesas poderão voltar a casar após o prazo de 100 dias, depois de uma revisão do Código Civil aprovada pelos deputados. Até ao momento, as mulheres tinham que esperar seis meses para poder casar nova-mente. A decisão do Parlamento contempla ainda que se a mulher apresentar um certificado de que não está grávida, não precisará respeitar nenhum pra-zo. O Código Civil estabelecia um prazo de seis meses para evitar conflitos de paternidade no momento do divórcio. Em Dezembro do ano passado, o Tribunal Superior do Japão considerou inconstitucional este dispositivo do Código Civil instaurado no século XIX e decidiu que o prazo não pode exce-der 100 dias, um período ainda muito longo na opinião das feministas.