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1 UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM PROCESSOS QUÍMICOS ALINE FRANÇA MAIARA TANIGUCHI INDÚSTRIA AGROQUÍMICA: PESTICIDAS ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA

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historia, toxicidade, classificacao, impactos ambientais

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁCURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM PROCESSOS QUÍMICOS

ALINE FRANÇAMAIARA TANIGUCHI

INDÚSTRIA AGROQUÍMICA: PESTICIDAS

ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA

APUCARANA2015

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ALINE FRANÇAMAIARA TANIGUCHI

INDÚSTRIA AGROQUÍMICA: PESTICIDAS

Atividade Prática Supervisionada apresentado à disciplina de Tecnologia dos Processos Orgânicos, do curso superior de Tecnologia em Processos Químicos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, como requisito para obtenção de nota parcial.

Prof.ª Dr.ª Maria Carolina Sérgi Gomes

APUCARANA2015

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇAO..............................................................................................................4

2 HISTÓRICO...................................................................................................................5

3 INSETICIDAS...............................................................................................................6

3.1 INSETICIDAS INORGÂNICOS............................................................................6

3.1.1 Arsenato de Chumbo........................................................................................6

3.1.2 Compostos de Flúor..........................................................................................6

3.1.3 Enxofre e os Compostos de Enxofre................................................................7

3.1.4 Ácido Cianídrico..............................................................................................7

3.2 DERIVADOS VEGETAIS.....................................................................................8

3.2.1 Piretrinas...........................................................................................................8

3.2.2 Nicotina............................................................................................................8

3.2.3 Rotenona...........................................................................................................8

4 FUNGICIDAS................................................................................................................9

4.1 FUNGICIDAS INORGÂNICOS............................................................................9

4.2 FUNGICIDAS ORGÂNICOS...............................................................................10

5 CLASSIFICAÇAO DOS PESTICIDAS......................................................................10

5.1 QUANTO À ORIGEM..........................................................................................10

5.1.1 Inorgânicos.....................................................................................................10

5.1.2 Orgânicos Vegetais.........................................................................................10

5.1.3 Orgânicos Sintéticos.......................................................................................10

6 CLASSIFICAÇÃO TOXICOLOGICA........................................................................14

7 IMPACTOS AMBIENTAIS........................................................................................14

7.1 CONTAMINAÇÃO DO SOLO............................................................................15

7.2 CONTAMINAÇÃO DO AMBIENTE AQUÁTICO............................................15

7.3 RESÍDUOS EM ALIMENTOS............................................................................16

8 TÉCNICAS ATERNATIVAS DE DIMINUIÇÃO DO USO DE PESTICIDAS........16

8.1 AGRICULTURA ORGÂNICA............................................................................17

8.2 CONTROLE BIOLÓGICO...................................................................................17

8.3 BIOPESTICIDAS..................................................................................................18

REFERÊNCIAS..............................................................................................................19

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1 INTRODUÇAO

Durante 300 milhões de anos, os insetos têm sido os maiores oportunistas do

globo. Povoaram as terras e as águas doces com o maior conjunto de espécies entre

todos os grupos de organismos. Os insetos estão por toda a parte e parecem gozar de

uma espécie única de indestrutibilidade.

A Organização Mundial de Saúde estima que, cerca de um terço dos produtos

agrícolas cultivados pela humanidade seja devorado ou destruído pelos insetos. Mesmo

para controlar os insetos, é necessário usar inseticidas, e bastante poderosos, pois, em

virtude da evolução, as espécies de insetos, é necessário usar inseticidas, e bastante

poderosos, pois, em virtude da evolução, as espécies de insetos não têm esqueletos, são

relativamente fortes, em relação ao próprio peso, que os outros animais, e impermeáveis

a muitas substancias químicas graças a carapaça resistente externa. Os insetos vivem no

interior vivem no interior de armadura de quitina, resiste à maioria das substâncias

químicas, que deve ser penetrada para que haja a destruição do organismo. Porém, o uso

de certas substâncias químicas pode causar efeitos danosos, que são bastante poderosas

para serem inseticidas eficientes.

Os agricultores gastam cerca de 1.750 milhões de dólares por ano em materiais

para o controle de praga. Não se pode realçar com força suficiente que as perdas seriam

maiores se as pragas não fossem controladas com o uso de agentes químicos,

juntamente com outros meios, como o cultivo adequado do solo e a construção

apropriada e casas e celeiros. Todo cidadão deveria dar atenção à guerra química

dirigida contra os inimigos normais e constantes. Este é um passo importante na

conservação de nossos recursos e no aumento da produtividade do solo (SHEREVE,

1997).

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2 HISTÓRICO

Existem registros da utilização de pesticidas pelos povos da China, Grécia,

Roma e Suméria, antes da era de cristo. Naquela época, utilizava-se plantas e outros

produtos, como pó de enxofre para controlar insetos e cloreto de sódio para matar ervas

daninhas e ao longo dos anos uma grande variedade de materiais como extrato de

pimenta, água com sabão, cal, vinagre, etc. (MARASCHIN, 2003; INSTITUTO

CAMÕES, 2006).

Em meados do século XV, enxofre, o arsênio e o mercúrio começaram a ser

utilizados em larga escala como medida mitigatória para a proteção das plantações.

Mais tarde, no século XVII, utilizava-se o sulfato de nicotina, extraído das folhas do

tabaco no controle de insetos, embora sua ação fosse menos eficaz e duradoura

(PEIXOTO, 2007).

Nas décadas de 30 e 40, o pesticida de maior importância histórica foi

introduzido ao mercado, o DDT ou para-diclorodifeniltricloroetano (GUILHERME et

al., 2000).

As propriedades inseticidas do DDT foram por Paul Miller, o que lhe geou o

prêmio Nobel de medicina. Por conta da Segunda Guerra Mundial e, consequentemente

nas décadas seguintes, a variedade de substâncias cresceu, tendo como principal fator,

as indústrias químicas que passaram a produzir vários outros princípios ativos sendo

utilizados principalmente como inseticidas, a maioria destes, sendo organoclorados, e

surgindo também os carbamatos e organofosforados (GUILHERME, et al 2000;

MARASCHIN, 2003).

O uso dos pesticidas passou então, a ser uma necessidade dos seres

humanos, visto que sua principal importância e motivação de uso era o controle das

enfermidades de suas culturas e de si próprio, que neste caso era transmitida por insetos

e roedores contaminados (BAIRD, 2002).

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3 INSETICIDAS

Os inseticidas são agentes destinados a destruir insetos e normalmente, são

classificados de acordo com o método de ação. Os inseticidas estomacais são letais

apenas para os insetos que os ingerem, os inseticidas de contato matam depois de

contato externo com o corpo, os fumigantes, atuam sobre o inseto por intermédio do

sistema respiratório. Os inseticidas sistêmicos consistem um grupo e, ao contrário dos

inseticidas convencionais, são absorvidos pelas plantas e transportados no interior do

vegetal, tornando as plantas tóxicas. Procura-se com diligência conseguir o

desenvolvimento de inseticidas que sejam, graças a uma seletividade apropriada, letais

para os insetos daninhos, mas inofensivos para os insetos benéficos (SHEREVE, 1997).

3.1 INSETICIDAS INORGÂNICOS

Nos anos recentes, os compostos inorgânicos foram superados pelos orgânicos,

como inseticidas, em muitas aplicações. Os compostos de arsênio, de flúor e de fósforo

estão entre os inseticidas práticos suficientemente tóxicos. A principal desvantagem que

apresentam está na relativa toxidez para o homem e para os animais de sangue quente,

não só durante a manipulação, mas também nos resíduos de produtos alimentares

(SHEREVE, 1997).

3.1.1 Arsenato de Chumbo

O arsenato de chumbo é amplamente usado, sobretudo contra a broca-da-

batata (Leptinotarsa sp) e a broca-da-maça (Carpocapsa sp). O arsenato de cálcio é

mais barato que o arsenato de chumbo, mas não adere com a mesma eficácia das folhas

e, por isso é menos eficiente. Seu emprego foi drasticamente reduzido pelo uso de

inseticidas orgânicos como o metil paration, o Sevin e o Guthion. O produto inseticida

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comercial é, em geral uma mistura de arsenato tricálcico [Ca3(AsO4)2] e cal,

denominado arsenato básico de cálcio (SHEREVE, 1997).

3.1.2 Compostos de Flúor

Os compostos de flúor são importantes inseticidas estomacais, substitutos dos

arseniados. Como são extremamente venenosos para o home é aconselhável cautela no

seu manuseio e aplicação. Os fluoretos são muitos solúveis em agua para serem usados

nas plantas, mas o fluoreto de sódio é amplamente empregado para controlar baratas e

piolhos de aves (SHEREVE, 1997).

3.1.3 Enxofre e os Compostos de Enxofre

O enxofre e os compostos de enxofre são empregados em certa medida para

controlar ácaros, aranhas e vários insetos, mas o uso principal e como fungicida é usado

bastante para controlar o mofo nas árvores frutíferas. As formas apropriadas do

elemento quanto a granulometria, são obtidas pela moagem ate a malha 325 ou menos,

pela emulsificação do enxofre fundido, pelo aquecimento de misturas de enxofre e

bentonita ou pelo uso de enxofre flotado na recuperação da substancia do sulfeto de

hidrogênio do petróleo e dos gases de carvão. O uso da cal com o enxofre diminui

rapidamente em favor de fungicidas orgânicos, pois, é toxico para a folhagem vegetal e

provoca o mosqueamento dos frutos (SHEREVE, 1997).

3.1.4 Ácido Cianídrico

O ácido cianídrico é um fumigante eficiente conta muitas pragas,

especialmente contra insetos. Na indústria de frutas cítricas, usaram-se grandes

quantidades; em menor escala é usado em estufas e em fumigações domésticas. A

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aplicação em pequena escala se faz pela geração do gás, à medida que for necessário

pela adição de acido sulfúrico a “bolas” de cianeto de sódio; também existe no comercio

o produto liquido industrial com 98% de acido cianídrico e o restante em água. É

necessário cuidado ao manusear este ácido, pois, não só é um poderoso inseticida, mas

também um veneno mortal para homens e animais (SHEREVE, 1997).

3.2 DERIVADOS VEGETAIS

São usados como inseticidas certos derivados vegetais ou produtos orgânicos

naturais, cuja toxidez depende do alcaloide que contem. Conforme ocorreu com os

inseticidas na indústria inorgânica, os inseticidas derivados de vegetais estão sendo

superados pelos orgânicos sintéticos (SHEREVE, 1997).

3.2.1 Piretrinas

As flores do pireto (flor apresentada ao crisântemo) contem ésteres orgânicos

não nitrogenados, tóxicos (piretrinas). As flores comprimidas são cortadas moídas até

pó fino e extraída diversas vezes por querosene ou outros solventes orgânicos. As

piretrinas são importantes em virtude da ação rápida contra moscas e de serem atóxicas

para o home e animais de sangue quente. O para nitrometano é um solvente satisfatório

para esse mister. Os agentes sinérgicos ou ativadores são empregados com a piretrinas.

O mais importante é o piperonil (SHEREVE, 1997).

3.2.2 Nicotina

A nicotina é um alcalóide volátil obtido pelo tratamento de subprodutos da

indústria de processamento de tabaco, isto é, dos caules e folhas estragadas com uma

solução aquosa de álcali seguida pela destilação a vapor. As soluções de nicotina são

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empregadas contra afídeos, cicadelídeos e tripés (lacerdinha), e também usadas como

fumigantes (SHEREVE, 1997).

3.2.3 Rotenona

É um princípio ativo venenoso das raízes de diversas plantas tropicais e

subtropicais sendo a mais importante entre elas o timbó. A Rotenona é obtida pela

extração das raízes moídas do timbó pelo clorofórmio ou pelo tetracloreto de carbono.

Os compostos da retenona são venenos estomacais e de contato bem eficientes. Há

muito tempo são usados como veneno de peixes pelos nativos das Índias Ocidentais e

do Japão; nos Estados Unidos, sua principal aplicação é como inseticida (SHEREVE,

1997).

4 FUNGICIDAS

São ativos contra fungos, plantas, parasitas, compreendendo bolores, mofos,

ferrugens, carvões, cogumelos e outros organismos semelhantes, capazes de destruir

plantas superiores, tecidos e até mesmo o vidro, provocando a perda de alimentos e

materiais valiosos. Esses organismos atacam sementes, plantas em crescimento,

materiais vegetais e em condições apropriadas, produtos acabados como adesivos,

couros, pinturas e tecidos. Os fungicidas para planta atuam por contato direto e muitas

vezes injuriam o hospedeiro tanto quanto o próprio fungo (SHEREVE, 1997).

4.1 FUNGICIDAS INORGÂNICOS

Antigamente dominavam o setor o enxofre elementar e os compostos de metais

pesados, como o cobre e o mercúrio. Em virtude de efeitos sobre o ambiente, as

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autorizações dos produtos de metais pesados foram canceladas ou postas sob

observação pela Secretaria de Proteção ao Ambiente (SHEREVE, 1997).

4.2 FUNGICIDAS ORGÂNICOS

Tem composição variável, mas diversos dos novos incluem-se nas seguintes

classificações químicas: ditiocarbamatos, fenóis clorados e carboximidas. Embora a

cloração seja muito importante nos inseticidas, é muito menos nos fungicidas. Depois

do enxofre, o nitrogênio parece ser o elemento constitutivo mais eficiente de um

fungicida orgânico, além do carbono e hidrogênio. O primeiro fungicida orgânico que

teve êxito foi o formaldeído. Vendido em solução aquosa 40%, sob o nome de

Formalina. Em virtude da sua volatilidade, ainda é extensamente empregado como

fumigante de sementes, de solo e de estufas (SHEREVE, 1997).

5 CLASSIFICAÇAO DOS PESTICIDAS

Os pesticidas são classificados quanto a sua finalidade, ou seja, em qual praga

será utilizado, quanto a origem e de acordo com sua estrutura química.

5.1 QUANTO À ORIGEM

Nesse quesito, podem ser originados a partir de compostos orgânicos e

inorgânicos.

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5.1.1 Inorgânicos

Os pesticidas inorgânicos e organometálicos são em sua maioria extremamente

tóxicos para os seres humanos e mamíferos, no que diz respeito à dosagens necessárias

para torná-los pesticidas eficientes e são constituídos à base de arsênio, tálio, bário,

nitrogênio, fósforo, cádmio, ferro, selênio, chumbo, cobre, mercúrio e zinco (BAIRD,

2002; PEIXOTO, 2007).

5.1.2 Orgânicos Vegetais

À base de nicotina, piretrina, sabadina e rotenona.

5.1.3 Orgânicos Sintéticos

O crescimento fenomenal dos compostos orgânicos sintéticos usados como

inseticidas desde a II Guerra Mundial revolucionou esta indústria. Em 1940, a produção

de inseticidas orgânicos sintéticos era de apenas alguns milhões de quilogramas por ano,

em 1972, porém a produção anual de pesticidas era maior que 522 milhões de

quilogramas.

São produtos à base de carbamatos (nitrogenados), clorados, fosforados, e

clorofosforados e constituem a maior classe de pesticidas utilizados, com a maior

atividade fisiológica.

Organoclorados: Possuem baixa solubilidade em água e elevada solubilidade em

solventes orgânicos e em geral possuem baixa pressão de vapor e alta estabilidade

química, sendo o motivo para a lenta biodegradação. São poluentes orgânicos

recalcitrantes que permanecem por longos ciclos de vida no ambiente e por serem

transportados a longas distâncias (MARASCHIN, 2003).

Possuem efeitos bastante significativos no funcionamento do organismo animal,

em particular sobre os sistemas neurológico, imunológico e endócrino. Tais compostos

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são bioacumulativos, facilmente encontrados nos tecidos graxos dos seres vivos e

persistentes no ambiente (BAIRD, 2002).

São exemplos de oragnoclorados: hexaclorooctahidronaftalenos (aldrin, dieldrin

e endrin), canfenos clorados (endossulfan, clordano, heptaclor, toxafeno),

difeniletanoclorados (DDT, DDD, docofol e metoxiclor), cicldienos e

hexaclorociclohexano.

DDT ou diclorodifeniltricloetano: suas propriedades inseticidas foram

descoberta em 1937. Foi extensamente usado durante a Segunda Guerra Mundial, para

controlar piolhos e como larvicida. O DDT tem incovenienetes que aceleram o

desenvolvimento de outros inseticidas e levaram o governo dos Estados Unidos a

proibir o seu uso no princípio da década de 1970. Existem diversos métodos comerciais

do DDT. O método usual é a condensação exotérmica do cloral e do clorobenzeno em

presença de óleum. O processo de obtenção do DDT é apresentado na Figura 1.

Figura 1 - Fluxograma da fabricação do DDTFonte: SHEREVE (1997).

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O álcool é clorado a cloral-alcoolato, num clorado de 2.840 litros, revestido a

vidro, inicialmente a 30 oC, podendo chegar até 75 e 90 oC. A reação dura 60 a 70 horas,

sendo a temperatura controlada mediante água nas serpentinas ou na camisa.

O produto de topo (álcool em excesso e HCl) é conduzida para um

condensador parcial, que liquefaz o álcool do HCl, que é posteriormente absorvido, e da

pequena quantidade do cloreto de etila que é purgado.

O cloral-alcoolato é decomposto pelo H2SO4, em cloral e álcool e purificado

por destilação. O cloral e o clorobenzeno são condensados, usando H2SO4 concentrado

(100%) ou óleum, num reator de 3.790 litros, revestido a vidro. A reação leva de 5 a 6

horas e é controlada, entre 15 e 30 oC, pela salmoura ou por serpentinas a vapor.

O ácido usado é retirado e o DDT é lavado a água diversas vezes, sendo

depois neutralizado com barrilha. A mistura DDT e clorobenzendo é lançada num

secador de 1890 litros, onde o DDT é fundido a vapor e o clorobenzeno é destilado a

arraste. O DDT fundido é lançado em tabuleiros, para solidificar-se e ser moído

(SHEREVE, 1997).

Metoxicloro ou bis (metoxifenil) tricloroetano: Possui elevada eficiência

inseticida, baixa toxidez para os animais de sangue quente, e é seguro para usar nas

plantas. Possui também, maior poder de ação que o DDT. É usado sem inconvenientes

no gado, nas colheitas de legumes e cereais e no combate às pragas domésticas.

Toxafeno: Canfeno clorado que mata todas as pragas comuns de algodão, sendo

oficialmente recomendado pelas autoridades federais americanas para a destruição de 74

insetos daninhos. É feito pela cloração do canfeno, pelo cloro 67-69%. O canfeno é

produzido pela isomerização do α-pineno, um os constituintes principais da terebintina.

As condições da fabricação são corrosivas e toxicas. A fórmula empírica do toxafeno é

aproximadamente C10H6Cl8. É um sólido amarelo, ceroso, com leve cheio de pinho.

Outros hidrocarbonetos clorados eram amplamente vendidos antes de serem proibidos

pela Secretaria do Meio Ambiente.

Malation: é um insetiida popular, fosfoditionato, com um amplo espectro de

aplicações com quase todos os frutos, legumes e cereais, gado leiteiro e insetos

domésticos. Possui baixa toxidez para mamíferos.

Paration: são inseticidas poderosos, com amplo espectro, além de acaricidas,

matando carrapatos e piolhos, e amplamente usados nas plantações de algodão e

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laranjas. A produção destes e de outros materiais organofosforados atinge a mais de 40

milhoes kg/ano, e está em desenvolvimento crescente.

6 CLASSIFICAÇÃO TOXICOLOGICA

A classificação dos pesticidas foi realizada por meio do parâmetro DL50, ou seja, dose

letal suficiente para matar os 50% dos animais testados nos experimentos

(BRAIBANTE, 2012).

Nesse sentido, os pesticidas podem ser classificados em quatro classes distintas,

de acordo com as cores dos rótulos, todas definidas por lei:

● Classe I: Rótulo Vermelho – São os compostos químicos extremamente tóxicos, de

grande risco a saúde humana e ao meio ambiente. Como exemplos, tem-se o grupo dos

clorados, os clorofosforados.

● Classe II: Rótulo Amarelo – De toxicidade alta para os seres humanos. Possui os

Carbamatos como exemplos.

● Classe III: Rótulo Azul – são substâncias consideradas de toxicidade mediana para a

saúde humana. Como exemplo, os organofosforados.

● Classe IV: Rótulo Verde – são os produtos pouco tóxicos para os seres humanos. Os

piretróides são exemplos.

7 IMPACTOS AMBIENTAIS

Dissertando sobre o tema, Maraschin (2003) destaca que o uso de pesticidas

pela agricultura é a principal fonte de entrada destas substâncias no ambiente devido às

grandes quantidades utilizadas.

A contaminação pode ocorrer por outros meios, como propagação pelos ventos,

pela evaporação que ao atingir a atmosfera distribui esses agentes químicos para o solo

ou as águas superficiais e pela disposição inadequada das embalagens vazias contendo

resíduos de contaminantes, comprometendo a qualidade da flora e da fauna nativas, sem

falar na própria saúde de homem. (MARASCHIN, 2003; PEIXOTO, 2007)

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7.1 CONTAMINAÇÃO DO SOLO

O solo pode ser representado como um ciclo natural do qual participam

fragmentos de rochas, minerais, água, ar, seres vivos e seus detritos em decomposição.

Estes resultam de fatores climáticos no decorrer do tempo e da atividade combinada de

microrganismos, decompondo restos de animais/vegetação, respectivamente.

(PEIXOTO, 2007).

A produção agrícola e pecuária tende a se utilizar de pesticidas, para atender a

uma crescente demanda por alimentos, apesar das consequências à saúde humana. O

problema é que quando os pesticidas atingem o solo, seus efeitos afetam as suas

propriedades físico-químicas, tornando-o infértil e contaminando-o. Uma vez

contaminando, a substância pode permanecer por muito tempo, sendo absorvida pelas

raízes das plantas e matando, inclusive, microorganismos que interagem com as raízes e

colaboram com o crescimento das mesmas (MARASCHIN, 2003).

7.2 CONTAMINAÇÃO DO AMBIENTE AQUÁTICO

O compartimento mais atingido é o ambiente aquático, para onde grande parte

dos pesticidas é destinada. A preocupação com a contaminação de ambientes aquáticos

aumenta, principalmente, quando a água é usada para o consumo humano.

(MARASCHIN, 2003; PEIXOTO, 2007)

Os principais problemas causados pelos pesticidas no ambiente aquático estão

diretamente ligados ao escoamento superficial ou enxurrada, uma vez que a água causa

um movimento do produto químico pelo solo, a lixiviação, contaminando lençóis

freáticos, rios e lagos. Não esquecendo que ao atravessar o solo, a água dissolve e

transporta uma série de substância nele presente, incluindo os pesticidas.

(GUILHERME et al, 2000; MARASCHIN, 2003)

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7.3 RESÍDUOS EM ALIMENTOS

A aplicação de pesticidas, durante a produção agrícola e na agropecuária para

obtenção de melhores rendimentos tem como consequência a presença de resíduos

destes compostos em alimentos, o que leva o homem a uma exposição crônica de várias

substâncias químicas, já que em alguns casos, há uso de vários tipos de pesticidas em

uma mesma cultura (GUILHERME et al, 2000).

Guilherme et al. (2000) relatam ainda que a exposição a piretróides,

organofosforados e carbamatos, exemplos de inseticidas lipofílicos amplamente

utilizados no combate a pragas de animais e plantas, dá-se pelos alimentos na forma de

resíduos e ainda podem ser absorvidos pela pele e através da inalação. Suas

características de solubilidade facilitam a excreção da substância pelo leite e a passagem

pela barreira placentária, favorecendo a exposição ao pesticida no período perinatal.

Assim a exposição do neonato ao inseticida, em concentrações que não

revelam sinais clínicos de intoxicação sistêmica materna, pode causar danos no

indivíduo em desenvolvimento.

8 TÉCNICAS ATERNATIVAS DE DIMINUIÇÃO DO USO DE PESTICIDAS

Apesar de ser uma atividade quase indissociável na agricultura, a utilização

descontrolada, apesar das tentativas pelas agências reguladoras e pelas legislações, dos

agrotóxicos precisa ser reavaliada, principalmente se analisarmos os fatos que envolvem

suas consequências na saúde humana e seus impactos ambientais, que assim como

outras práticas que degradam o meio ambiente, em breve demandarão um alto custo

financeiro para uma remediação ambiental.

Algumas alternativas têm ganhado força ao longo dos anos, mas que ainda

enfrentam resistência por parte dos grandes produtores. Veremos a seguir algumas que

já possuem aplicabilidade reconhecida.

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8.1 AGRICULTURA ORGÂNICA

É o sistema de produção onde não há presença de agrotóxicos ou fertilizantes

na agricultura e aditivos para crescimento na agropecuária. Enfatiza o cuidado com o

meio ambiente e os processos biológicos, não ignorando o desenvolvimento econômico.

Esse tipo de produção tem como foco a preocupação com a saúde humana, dos animais,

do solo, da água e das plantas, utilizando-se de processos biológicos substituindo

insumos químicos. Um exemplo é a rotação e diversificação de culturas, que leva ao

desenvolvimento de inimigos naturais, ao invés da aplicação de agrotóxicos.

Santos et al. (2012) destacam que esse modelo de agricultura é uma alternativa

ao desenvolvimento sustentável e vem apresentando um grande desenvolvimento nas

últimas décadas, por ser vista como uma atividade de produção ecologicamente

sustentável e economicamente viável em todas as escalas da produção.

8.2 CONTROLE BIOLÓGICO

Na natureza existe um mecanismo natural de predação e parasitismo que regula

e consequentemente evita a superpopulação de plantas e animais. Através da observação

e do estudo, o homem percebeu que poderia se utilizar desse fenômeno para controlar

pragas, denominando-o de controle biológico, pelo qual os próprios inimigos naturais se

encarregam de conter determinadas espécies. Dessa forma, manipulando e inserindo

agentes biológicos, o homem consegue controlar o organismo que esteja causando

danos econômicos às plantações.

Um exemplo de sucesso de controle biológico segundo Moscardi (2007) é o

controle da lagarta da soja (Anticarsia gemmatallis) por meio do Baculovirus anticarsia,

inseticida natural que foi desenvolvido pela Embrapa na década de 80. Ele afirma

também que é inofensivo para vertebrados – inclusive o homem, e plantas. Mata apenas

o inseto que ele infecta, que é a lagarta da soja. Apesar de ser uma estratégia utilizada

principalmente em sistemas agroecológicos e na agricultura convencional, também pode

ter sua aplicação no controle de animais, especialmente as espécies exóticas,

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consideradas invasoras, pois causam perda de biodiversidade no local que se inserem,

uma vez que sendo de outro habitat, seus predadores naturais estarão ausentes.

Outro exemplo é o caracol africano Achatina fulica (Gastropoda Achatinidae),

originário da África que foi introduzido no Brasil com a proposta de desenvolver um

mercado alternativo ao dos “escargots”, mas que não conquistou o mercado brasileiro e

a criação foi abandonada. Entretanto, por essa espécie ser hermafrodita, reproduziu-se

descontroladamente e espalhou-se por todo o país. Santos (2011) utilizou o caranguejo

Ocypodequadrata (Decapoda, Ocypodidae) como agente de controle biológico natural

do molusco.

8.3 BIOPESTICIDAS

Uma alternativa para esse problema são os biopesticidas, que de acordo com a

US Environmental Protection Agency (EPA), são derivados a partir de materiais

naturais, tais como animais, plantas, bactérias e minerais. Um exemplo é o óleo de

canola e o bicarbonato de sódio, pois tem aplicações de pesticida e são consideradas

como biopesticidas.

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REFERÊNCIAS

BAIRD, Colin. Química Ambiental. Produtos Orgânicos Tóxicos. 2ª Ed. Porto Alegre: Bookman. 2002. 622p.

BRAIBANTE, Mara Elisa Fortes; ZAPPE, Janessa Aline. A Química dos Agrotóxicos. Química e Sociedade: Química Nova na Escola, Santa Maria, v. 34, n. 1, p.10-15, fev. 2012.

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INSTITUTO CAMÕES - Pesticidas e Herbicidas. 2006. Disponível em <https://www.instituto-camoes.pt/glossario/Textos/Agronomia/HTM/inorganico.html> Acesso em: 05 de outubro de 2015.

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