PESSOAL- -COLECTIVO PARTICIPAÇÃO: O PAPEL POLÍTICO€¦ · benignos, que começa a fixar o...

7
Heidulf Gerngross Untitled (John Cage) from the series Post-Suprematist Data Sheets Universidade de Lisboa : Faculdade de Belas-Artes Mestrado em Design de Comunicação e Novos Media 2011’12 : 1º semestre território comum — projecto 1 + laboratório 1 docentes: Victor M Almeida . Miguel Cardoso PESSOAL- -COLECTIVO PARTICIPAÇÃO: O PAPEL POLÍTICO E/OU IDEOLÓGICO DOS NOVOS MEDIA

Transcript of PESSOAL- -COLECTIVO PARTICIPAÇÃO: O PAPEL POLÍTICO€¦ · benignos, que começa a fixar o...

Page 1: PESSOAL- -COLECTIVO PARTICIPAÇÃO: O PAPEL POLÍTICO€¦ · benignos, que começa a fixar o interesse do designer nas questões que a democracia tem resolvido com enormes debilidades,

Heid

ulf G

erng

ross

Unt

itled

(Joh

n Ca

ge) f

rom

the

serie

s Po

st-S

upre

mat

ist D

ata

Shee

ts

Universidade de Lisboa : Faculdade de Belas-ArtesMestrado em Design de Comunicação e Novos Media2011’12 : 1º semestreterritório comum — projecto 1 + laboratório 1docentes: Victor M Almeida . Miguel Cardoso

PESSOAL--COLECTIVOPARTICIPAÇÃO:O PAPELPOLÍTICOE/OUIDEOLÓGICODOS NOVOS MEDIA

Page 2: PESSOAL- -COLECTIVO PARTICIPAÇÃO: O PAPEL POLÍTICO€¦ · benignos, que começa a fixar o interesse do designer nas questões que a democracia tem resolvido com enormes debilidades,

A caracterização de um território ideológico/político como interferência fundamentalnas dinâmicas projectuais contemporâneas do design de comunicação e dos novosmedia, alimenta o programa semestral das disciplinas de Projecto 1 e de Laboratório 1do Mestrado de Design de Comunicação e Novos Media.Profissionais consagrados como Milton Glaser, Jessica Helfland ou Wolfgang Weingart,alertam para a necessidade de se contextualizar a prática e a teoria do design no âmbitode um quadro de referências históricas essenciais. No entanto, apesar da assertividadeda ideia, constata-se que a utilização das referências aludidas se desenvolve num quadroretórico inconsequente, não raras vezes inibidor de práticas revolucionárias motrizesda criatividade. Tal acontece quando a História, na vertente cultural dominante, tende aser considerada como um factor de agregação identitário comum e pouco questionávele, por outro lado, na vertente contra-cultural, quando esta decorre de uma revisitaçãosubsidiada por um permanente estado de revolta ideológico/político. Esta dicotomiaideológico/cultural pode ser entendida à luz do que Bonsiepe (2006) designa porhumanismo operacional e por humanismo crítico, ou seja, o discurso contemporâneodo design ora se situa entre a democratização tecnológica proporcionada pelo adventoda industrialização e a ambivalência estética dos pressupostos de liberdade e demanipulação associados ao consumismo.Bonsiepe, nesse texto — Design and Democracy (2006) — aborda alguns aspectos darelação do design com a democracia e acaba por perguntar How can we recover the truemeaning of democracy?, How can democracy regain credibility? e, sobretudo, como se podecontrariar a atitude arrogante e condescendente dos centros de poder que considerama democracia como nada mais que um calmante para a opinião pública, a fim depermanecer intacta a ideia de ‘negócio’? 1

Contudo, o humanismo utópico de Bonsiepe, onde o design serviu objectivos sociais deterministas em alguns países da América Latina na emergência dos seus processos de industrialização, cedeu lugar na actualidade à incerteza, ou seja, à exposição sem manipulação dos seus problemas e das suas contradições (pelo menos no plano das intenções).Tudo isto conduz a uma oncologia do design contemporâneo, onde síntomas comomanipulação ou persuasão se destacam face a um conjunto de outros mais ou menosbenignos, que começa a fixar o interesse do designer nas questões que a democracia temresolvido com enormes debilidades, tais como, a educação, a saúde, a sustentatibilidade,as leis do trabalho, a justiça, etc., ou seja, de fenómenos propulsores de desigualdadesentre indivíduos. O impasse do design, porventura o colapso da sua relação como ocapitalismo, assemelha-se ao que está a acontecer no cinema, onde se verifica umacrescente valorização do documentário face à ficção. As razões, tal como poderálegitimamente vir a suceder no design, prendem-se com a exposição/exibição da‘verdade’ tangível. A ilusão (cinema é ilusão) do documentário não se confunde commanipulação ou com outros artificialismos pueris, porque o que se pretende é fixar aatenção do espectador perante uma (entre muitas) interpretação da realidade.Como o determinismo dos procedimentos de design suscitaram, desde sempre,um interesse pela manipulação, terá chegado o momento de confronto com as suasambiguidades, ou seja, com as fragilidades de uma actividade em mutação._Servimo-nos, mais uma vez, da História. Vaneigem (1967), em plena euforiarevolucionária que antecipa o Maio de 68, em Paris, fala da necessidade deestabelecimento de uma tríade unitária composta pela realização, comunicação e participação: L’unité répressive du pouvoir dans sa triple fonction de contrainte, de séduction et de médiation n’est que la forme, inversée et pervertie par les techniques de dissociation, d’un triple projet unitaire. La société nouvelle, telle qu’elle s’élabore confusément dans la clandestinité, tend à se défi nir pratiquement comme une transparence de rapports humains favorisant la participation réelle de tous à la réalisation de chacun. - La passion de la création, la passion de l’amour, et la passion du jeu sont à la vie ce que le besoin de se nourrir et le besoin de se protéger sont à la survie. - La passion de créer fonde le projet de réalisation, la passion d’aimer fonde le projet de communication, la passion de jouer fonde le projet de participation. - Dissociés, ces trois projets renforcent l’unité répressive du pouvoir. - La subjectivité radicale est la présence - actuellement repérable chez la plupart des hommes - d’une même volonté de se construire une vie passionnante. L’érotique est la cohérence spontanée qui donne son unité pratique à l’enrichissement du vécu.

Vaneigem (com Debord) foi o pensador mais destacado da Internacional Socialista que,como sabemos, esteve na vanguarda das movimentações anti-sociedade de consumoiniciadas em Paris na segunda metade da década de 1960. Ambos mantiveram umadisputa ideológica em torno de determinados valores matriciais. Enquanto o primeirose distancia das teses de Marx no que respeita aos seus efeitos, o segundo, desde aLa Société du Spectacle (1967), confere-lhes actualidade: Toda a vida das sociedades nasquais reinam as condições modernas de produção se anuncia como uma imensa acumulação de espectáculos. Para Marx era a ‘acumulação de mercadorias’ que estava no cerne

01. INTRODUÇÃO/

PARISER, Eli, The Filter Bubble: What the Internet Is Hiding From You, Penguin Books, 2011

Page 3: PESSOAL- -COLECTIVO PARTICIPAÇÃO: O PAPEL POLÍTICO€¦ · benignos, que começa a fixar o interesse do designer nas questões que a democracia tem resolvido com enormes debilidades,

da questão, e daí toda a ‘teoria da objectualização’ que alimenta o livros de Debord.Vaneigem, por sua vez, escreveu Traité de Savoir-Vivre à l’Usage de Jeunes Générationsonde refere que a economia é sinónimo de pilhagem (plunder/plundering).

Antes de nos concentrarmos nas questões relativas aos exercícios a propor nas duasunidades, urge apresentar a pergunta essencial que se coloca a Projecto e a Laboratórioe que obedece a um carácter ontológico: como se define o espaço do design de

comunicação e novos media na cultura digital? Considerando que se trata de umespaço em revolução, ou seja, em mutação e em deslocação constantes, na actualidadecomeça a ganhar relevância considerá-lo como um território desassossegado deimpressões e de expressões do indivíduo face à sua incapacidade de reagir às agruras doquotidiano. São os regressos aos modos de produção do self, que se evidenciam entre opotencial heteronímico e a digestão das formas de desassossego. Tal como no livro (quenunca chegou a ser) de Fernando Pessoa (e que o autor nunca chegou a ler), do espaçodo design de comunicação e novos media na cultura digital existem somente folhassoltas à espera de um sentido epistemológico que a ausência de uma pré-configuraçãoideológica e política não tem permitido organizar em conclusões relevantes para umpensamento do digital. Abordam-se as questões da ubiquação dos novos media2 (Bolter;Grusin, 2000) como matriciais, mas ignoram-se as implicações sociais e ideológicasdessa massificação. Enquanto conceitos como mediação, remediação, immediacy,hypermediacy, transmediacy, etc., são profusamente desenvolvidos em abstracto, quandoassociados às formas de participação do indivíduo e do colectivo na sociedade nãoresultam na construção e na análise da tão apregoada revolução do digital. A culturadigital demora em separar-se da cultura de consumo digital, sublimando a emergênciade um corpo cultural identificado pelo seu discurso ideológico alternativo.

O novo milénio fica marcado com a disseminação de dispositivos media portáteis e a criação de redes sociais, mapeamentos digitais das relações sociais à escala global. Grandes corporações como a Google, Yahoo! ou Facebook registam os aspectos mais mundanos da vida quotidiana guardados como “segredos corporativos”: padrões do comportamento humano a uma escala massiva4 (Barabasi 2010). As ferramentas que criam são os novos guardiões do conhecimento (Pariser 2011). Não é ao acaso que estas corporações têm investido em agências de publicidade colocando esta informação ao serviço do consumo.Quando Hank Heskin colocou online “where’s george”, uma ferramenta para registar o movimento de notas de um dolar, não podia imaginar as suas implicações. Rapidamente virólogos apropriaram-se desta ferramenta para melhor compreender os fluxos das populações e, consequentemente, a propagação de vírus.

“Estamos. porventura, perante um dos mais intensos lugares em que a arte pode tocar a ciência. Muito antes da ciência, nas entranhas da criação, a arte engendra, fabrica, inventa (ou será que descobre?), experimenta, desenha imagens que magnetizam o nosso olhar, que determinam os contornos da visibilidade futura, que configuram o que seremos capazes de ver daí em diante. Não terá sido Giotto quem primeiro enxergou a eclipse de Kepler? Não será a arte essa exploração precoce, prematura, antecipada de novas formas ainda não dadas à visão dos comuns mortais, mas que, por ela, justamente, se constituem como novas conformações do olhar de todos nós? Não será por isso que, como dizia Panofsky5, a arte tem feito ‘contribuições fundamentais para o progresso das ciências’?” 6 (Pombo 2010)

É relevante questionar o lugar do design, no confluir com as ciências e a tecnologia, não apenas na apropriação do seu vocabulário e dispositivos mas como agente criador de novos modelos de conhecimento, e transformador, intérprete, crítico e unificador da nossa cultura.

(1) BONSIEPE, Guy, “Design and Democracy”, em Design Issues 22, no. 2, 2006, 27-34. Reeditado em CLARK, Hazel; BRODY, David (eds.), Design Studies: a Reader, Berg, UK, 2009, 211-216.(2) … the popular defi nition of new media identifi es it with the use of a computer for distribution and exhibition, rather than with production. Therefore, textsdistributed on a computer (Web sites and electronic books) are considered to be new media; texts distributed on paper are not. Similarly, photographs which are put on a CD-ROM and require a computer to view them are considered new media; the same photographs printed as a book are not.(3) SHIRKY, Clay, Here Comes Everybody: The Power of Organizing Without Organizations, Penguin Press HC, 2008.(4) BARABÁSI, Albert-Lázló, Burts, The Hidden Pattern Behind Everything We Do, Penguin Press, 2010(5) PANOVSKY, Erwin, The Renaissance. Six Essays, Harber and Row, 1962(6) POMBO, Olga, As imagens com que a Ciência se faz, Fim de Século, 2010

“Dan’s proposal for making news useful to us, as citizens and consumers, is the most ambitious one going. He wants us to become mediactive—active users of media—to help us live up to the ideal of literacy. Literacy, in any medium, means not just knowing how to read that medium, but also how to create in it, and to understand the difference between good and bad uses.”

Excerto do prefácio de Clay Shirky em GILLMOR, Dan, Mediactive, Lulu.com, 2010.

“We are creating a blueprint together – a design for our collective future. The possibilities for social, economic, practical, artistic, and even spiritual progress are tremendous. Just as words gave people the ability to pass on knowledge for what we now call civilization, networked activity could soon offer us access to shared thinking—an extension of consciousness still inconceivable to most of us today. The operating principles of commerce and culture – from supply and demand to command and control – could conceivably give way to an entirely more engaged, connected, and collaborative mode of participation.”

RUSHKOF, Douglas, Program or be Programmed: Ten Commands for a Digital Age, O/R Books, 2010

Page 4: PESSOAL- -COLECTIVO PARTICIPAÇÃO: O PAPEL POLÍTICO€¦ · benignos, que começa a fixar o interesse do designer nas questões que a democracia tem resolvido com enormes debilidades,

Deste modo, propõe-se um conjunto de momentos, de complexidade crescente, para aexploração e investigação das características, princípios e vocabulário do design na suarelação com os valores ideológicos dos novos media. Características e processos muitasvezes submersos pela voracidade do consumo e do consumismo e que interessam trazerà tona na forma de folhas soltas ou inacabadas.

(Texto publicado no brief Plunder—Low das unidades de Projecto I + Laboratório I (1º ano do mestrado de 2010’11) e escrito em co-autoria por Victor M Almeida e Sofia Gonçalves)

Os acontecimentos deste último ano, onde temos assistido ao colapso das instituições independentemente da sua característica, continuam a conferir pertinência ao conteúdo expresso no ponto anterior, de modo que planeámos mantê-lo e reforçá-lo na sua vertente activista/participativa. O ecosistema cultural encontra-se em profunda mutação, sendo a mais significativa para nós aquela que resulta da alteração dos modos de produzir os artefactos contemporâneos que configuram o território cultural. A islandesa Björk, em entrevista para promover o último disco—Biophilia (2011)—afirmava que haveria que mudar alguma coisa em relação à concepção do seu último registo musical, sobretudo, o modo como o público podia intervir na própria obra. Já não se trata de interagir com a obra, mas de a alterar radicalmente a partir da recepção, operacionalizando o conceito wagneriano de obra de arte total. Para o efeito, contou com a existência dos touchscreens em geral e do iPad em especial, para além de uma parafernália inusitada. À parte do inevitável sucesso deste projecto, a questão essencial coloca-se na deslocação dos modos de produção conservadores para novas estruturas processuais radicadas na relação do indivíduo ou do colectivo com a sua base criativa sob a forma de intuição, ou seja, à natureza. Os autores ao reivindicarem este sistema colaborativo como um processo criativo imprescindível legitimam a necessidade de uma reconfiguração histórica para a ideologia e para a política assente na convicção de que o público é informado e exigente e, em processo de afirmação colectiva através das expectativas geradas em redor dos media—mediactivity (Shirky, 2009)3.PAGES, WINDOWS AND SILENCE (FOR ACTIVITY) divide-se em duas fases complementares: REFERENCIALIDADE e ACÇÃO. Enquanta a primeiraincide sobre a necessidade de se proceder a um levantamento exaustivo de conceitos natentativa de limitar um campo teórico e lexical útil à área disciplinar consubstanciado emSTATEMENTS#, a segunda pressupõe um nível de aplicação da matéria estudada soba forma de ACTIONS#. Tanto a primeira como a segunda desenvolver-se-ão através dedinâmicas pessoais e colectivas na possibilidade destas corresponderem à aplicação de ummodelo de investigação mutualista, ou seja, a evolução e resultados do trabalho de cada um depende da capacidade do colectivo reagir às propostas enunciadas num sistema de feedbacks sucessivos. Neste pressuposto, a 1ª fase começará por uma pesquisa individual da matéria teórica essencial (POSTS# e STATEMENTS#), na 2ª fase, por uma avaliação e reacção do colectivo ao trabalho encetado, resultando desta fase a articulação de statements (MAPAS).Na 3ª fase, há lugar à compilação de resultados num objecto editoral (PUBLICAÇÃO).A metodologia proposta caminha da exploração pessoal à colectiva (02.01.01 a 02.01.02), da colectiva à pessoal-colectiva (02.01.03. a 02.02):Mark Lombardi, 1999

02. PAGES, WINDOWS AND SILENCE (FOR ACTIVITY) —

REFERENCIALIDADE

Page 5: PESSOAL- -COLECTIVO PARTICIPAÇÃO: O PAPEL POLÍTICO€¦ · benignos, que começa a fixar o interesse do designer nas questões que a democracia tem resolvido com enormes debilidades,

02.01.01. Recolha e classificação das unidades de informação (exploração individual)–Na tentativa de estabelecer primeiros pontos de ancoragem nos entre-espaços do design decomunicação e novos media, o aluno deverá começar por explorar o território, deixando sobre este, algumas marcas ou anotações. A metodologia genérica para esta fase passa pela recolecção, organização e classificação de dados, como processos fundamentais para a estruturação e sistematização do conhecimento.As unidades podem ser compostas por texto e/ou imagem (estática, em movimento) e/ou registos sonoros. Neles devem constar a identificação da referência (título, autor, fonte) e uma breve síntese ou excerto da mesma (que justifique a sua pertinência ou adequabilidade à temática proposta).Ainda como unidades de exploração, impõem sobre o aluno uma atitude consciente e activa. A aproximação à figura do data-dandy7, afigura-se, neste contexto, como metáfora para a acção/resposta do aluno. Proveniente da linha geneológica do flanneur de Baudelaire e do dandy de Oscar Wilde, como personagem que promove a derivé e a aproximação ao território por via dos mapas psicogeográficos, o data-dandy assume-se como o agente crítico da era da informação.Imerso nesta paisagem informe, o sujeito, convertido em data-dandy, reconhece-se na experiência do “Pintor da Vida Moderna”. Isolado da multidão que outrora estimulava o princípio da deslocação, converte a horde humana, na imensidão de dados. O l’ennui do data-dandy é estimulado hoje, pela luminosidade do ecrã que esclarece ao mesmo tempo que enebria (Richard Wurman chama-lhe a “Ansiedade de Informação”; o data-dandy converte este mal-estar em fonte de prazer).

REMEDIAÇÃO (TRANSPARÊNCIA, HIPERMEDIAÇÃO), MEDIAÇÃO, TRANSMEDIAÇÃO, ACÇÃO, INTERACÇÃO, REPRESENTAÇÃO, MEDIACTIVITY, SILENCE, ALGORITMO, PROCESSO, CÓDIGO, COMPLEXIDADE, RUIDO, EMERGÊNCIA

— inserção no blog de 10 posts + devolução de 10 fichas: 31 de Outubro

02.01.02. Definição do sistema de partilha de dados — articulação de campos de exploração afins (entre alunos)–É expectável que as unidades de informação recolhidas possam começar a desenhar uma rede de associações úteis tanto para o desenvolvimento do perfil de investigação do aluno como para o campo de discussão intrínseco às disciplinas. Em rede, não só nos observamos uns aos outros, como também co-criamos as nossas realidades com o outro. Nesta estrutura organizacional, a mente humana manifesta-se como um fenómeno de distribuição em circulação, social por natureza. As memórias não se encontram no cérebro, mas articulam-se em textos, interagem com outras memórias e reconstróem-se através do acesso a múltiplos canais de comunicação. Na rede, o entendimento humano é incompleto, dialógico e sempre aberto à participação. O estabelecimento das redes favorece a construção dos processos culturais e do conhecimento partilhado e este é um dos objectivos declarados deste exercício.

— desenho do sistema/mapa relacional entre as unidades de informação nos elementos do grupo (composto no máximo por 3 alunos): 14 de Novembro

02.01.03. Publicação dos resultados–As unidades de informação e o cruzamento ou associação de referências devem mais tarde sercompilados/comunicados num objecto editorial que tenha em consideração princípios estruturais esclarecedores da natureza do processo do exercício; i.e. reconheça a multiplicidade de registos individuais (pessoal) na construção de um espaço comum (colectivo). Desta forma, estrutura, forma e conteúdo do objecto final oferecem-se como um contributo possível ao conceito pessoal-colectivo. Como objecto editorial, obriga à orientação deliberada do conjunto de informação recolhido, numa problemática própria, através da coesão/unidade de um objecto gráfico.

— publicação das unidades de informação e do sistema de relações entre unidades: 5 de Dezembro

George Yudice states in his study The Expediency of Culture that we have moved from the attitude of suspicion towards culture, and with the danger of its ‘inherent fall’, towards the so-called ‘productive view’. Yudice proposes to The analyse culture as a resource rather than a commodity. Culture is an active and, potentially, innovative sector with the capacity to mobilize forces. This in particular counts for Internet culture. The failed dotcom models of the late nineties have shown how hideous – and wrong – commercial attempts were that tried to validate online communication as ‘value’, measured in ‘page views’. The translation of social activities into financial figures proved to be a bumpy ride. This is where Yudice’s culture-as-resource as the new epistemic framework comes into play. Against the Darwinian model of the winnertakes- it-all, advocated by libertarian ‘first movers’, culture-as-resource trades on the currency of diversity. Culture cannot thrive in a monopoly situation. Net culture does not fall out of the sky, and like other resources needs to be cared for in a sustainable manner. It needs slight distances, autonomous spaces in which clusters of groups and individuals can develop their own practices. Infrastructure plus access will not do the job. Culture does not equal leisure that locals and tourists ‘consume’ but is a strategic asset. In that sense Richard Florida with his ‘creative class’ theory is right. The question is just how much of ‘creative industries’ policies is a hype in order to cover up structural problems within the Western labour market. Culture Inc. is not working. It produces, at best, McJobs and mainly runs on voluntary labour.The rise of creative industries cannot be discussed outside of the broader issues of ‘precarious’ work (no contracts, ‘flexible’ hours, low payments, nohealth insurance, etc.). If ‘creative industries’ as a concept wants to be meaningful, and avoid being a policy version of the nineties’ ‘new economy’ craze (only without the venture capital), it will have to seriously address the issue of sustainability. Otherwise there is no need to speak of new conditions caused by digital technologies. Instead we could better speak of rearrangements within existing institutions and drop the claim of the emergence of a new sector.

Geert Lovink em “The Principle of NotworkingConcepts in Critical Internet Culture”, Hogeschool van Amsterdam, 2005 < http://www.hva.nl/onderzoek/documenten/ol09-050224-lovink.pdf>

02.01. DAS ESTÉTICAS DO SELF (FOUCAULT) AO DANDÍSMO (BAUDELAIRE)

(7) Data-dandy foi um termo introduzido por Geert Lovink/Adilkno em 1994

Page 6: PESSOAL- -COLECTIVO PARTICIPAÇÃO: O PAPEL POLÍTICO€¦ · benignos, que começa a fixar o interesse do designer nas questões que a democracia tem resolvido com enormes debilidades,

Como marginalia ao objecto editorial (2.1.3) ou como arquivo vivo, esta fase/comentário corresponde à apropriação do aluno das referências citadas e do correspondente sistema associativo entre estas. Propõe uma reformulação na representação das referências, da relação que estas estabelecem entre si, através da remistura, distorção, apropriação, colagem, etc.. A base de dados de que parte pode ser pessoal ou extraída do colectivo de referências gerado pela turma.Implica a utilização das competências adquiridas nas sessões técnicas de Laboratório para a reconstrução do campo referencial através das potencialidades efectivas do hyperlink. Esta passagem, do analógico ao digital deve ser utilizada de modo consciente, como operatividade estrutural e conceptual, tirando partido das inevitáveis transformações que o próprio sistema de conversão algorítmico coloca.Neste sentido, o sistema de transformação ou interferência deve ser actor essencial no plano de reconfiguração da informação. Essa transformação pode ser provocada pela simples associação das unidades de informação, em reconfiguração permanente (nível de ruído mínimo) ou impôr uma transformação estrutural na informação (nível de ruído máximo).

— apresentação dos princípios de acção do sistema: 13 de Dezembro

— conclusão do sistema hipermedia: 19 de Janeiro (apresentação no âmbito da exposição de trabalhos de alunos de estudos pós-graduados em design integrada nos “Encontros de Design de Lisboa 2012 / Lisbon Design Meetings 2012”, com inauguração a 19.01.2012 na FBAUL)

03.01. BIBLIOGRAFIA–Berry, D. (2011), The Philosophy of Software: Code and Mediation in the Digital Age, Palgrave Macmillan, New York.Castells, M. (1996), The Information Age, Volume I: The Rise of the Network Society, Blackwell Publishers Inc., Oxford.Debray, R. (1996), Media Manifestos: on the Technological Transmission of Cultural Forms,Verso, London and New York.Fishwick, P. (2006), Aesthetic Computing, MIT Press, Cambridge (Mass.).Florida, R. (2002), The Rise of Creative Class, Basic Books, New York.Hardt, M. & Negri, A. (2000), Empire, Harvard University Press, Cambridge (Mass.).Hardt, M. & Negri, A. (2004), Multitude: War and Democracy in the Age of Empire, The Penguin Press, New York.Hoffer, E. (1951), The True Believer, Harper and Row, New York.Hoffstadter, D. (1979), Gödel, Escher, Bach: The Eternal Golden Braid, Basic Books, New York.Klanten, R. (2011), A Touch of Code: Interactive Installations and Experiences, Die Gestalten Verlag, Germany.Lovink, G. (2002), Dark Fiber, MIT Press, Cambridge (Mass.).Lovink, G. (2003), My First Recession: Critical Internet Culture in Transition, V2/NAi, Rotterdam.Reas, C., McWilliams C., Lust (2010), Form+Code in Design, Art, and Architecture, Princeton Press, Princeton.Shaviro, S. (2003), Connected, or what it means to live in a networked society, University of Minnesota Press, Minnesota.Terranova, T. (2004), Network Cultures, Pluto Press, London/Ann Arbor.Virno, P. (2004), A Grammar of the Multitude, Semiotexte, Cambridge (Mass.).Yudice, G. (2003), The Experience of Culture, Duke University Press, Durham and London.

03.02 RECURSOS ONLINE–http://amsterdam.nettime.org/Lists-Archives/nettime-l-0212/msg00057.htmlhttp://thing.desk.nl/bilwetwww.aoir.org.www.fibreculture.org, go to: list archive.www.freecooperation.orgwww.internetworldstats.com/stats.htm.www.nettime.orgwww.networkcultures.orgwww.netzwissenschaft.de/sem/pool.htm

03. RECURSOS —

ACÇÃO (2)

02.02. CONFIGURAÇÃO DO SISTEMA HIPERMEDIA —

Page 7: PESSOAL- -COLECTIVO PARTICIPAÇÃO: O PAPEL POLÍTICO€¦ · benignos, que começa a fixar o interesse do designer nas questões que a democracia tem resolvido com enormes debilidades,

John Cage, Manifesto de 1952 em SILENCE: Lectures and writings, WesleyanUniversity Press, 1961.Em baixo, Douglas Hoffstadter, Rede semântica de Gödel, Escher, Bach: The Eternal Golden Braid, Basic Books, 1979